Jornal Unesp - Número 337 - Outubro 2017

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Projeto com apoio Pós-graduação da Sabesp viabiliza 2 da Unesp obtém 5 uso de lodo de esgoto melhor desempenho como fertilizante

entre grandes universidades

Universidade e Santander 12 renovam parceria que envolve recursos de 16 milhões

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA • ANO XXXIII • NÚMERO 337 • OUTUBRO 2017

UNIVERSIDADE GLOBAL A Capes lançará no dia 16 de novembro, em Brasília, um novo programa de promoção da internacionalização das universidades do país. A Unesp já prepara o seu projeto, que reúne propostas como o aprofundamento das colaborações em pesquisa e pós-graduação com parceiros estratégicos, além do fortalecimento da oferta de cursos de idiomas para sua comunidade acadêmica. páginas 8 e 9.

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Grupo sequencia e monta genoma mitocondrial de planta carnívora brasileira

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Equipe promove levantamento de lixo marinho em praias de Ilha Comprida

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Guia do Estudante concede 5 estrelas a 79 cursos de graduação da Unesp

A favor do convívio

Intolerância e violência ameaçam o país. Edição disponível apenas on line em <http://www.unesp.br/jornal>.


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Artigo

Avaliação da Pós-graduação – Os resultados da Unesp Universidade obteve o melhor desempenho entre as centenas de instituições avaliadas no Sistema Nacional de Pós-graduação, considerando as grandes universidades brasileiras João Lima Sant’Anna Neto

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ais um ciclo de avaliação da Capes se encerra. O quadriênio 2013/2017 demonstrou que a Unesp foi a universidade que obteve o melhor desempenho entre as centenas de instituições avaliadas no Sistema Nacional de Pós-graduação, considerando as grandes universidades brasileiras. Dos 122 programas acadêmicos avaliados, 39 subiram de nota e apenas 13 desceram. O resultado mais significativo foi o aumento de 50% no número de programas de excelência (notas 6 e 7), que passaram de 18 para 27. Além dos programas de Geografia (FCT/PP), Química (IQ/Ar) e Física (IFT/SP), juntaram-se ao seleto grupo de programas nota 7 o de Biologia Animal (Ibilce/SJRP), o de Zootecnia (FCAV/Jab) e o de Biociências e Biotecnologia aplicadas à Farmácia (FCF/Ar). A área de avaliação que mais se destacou foi a de Letras e Linguística, em que, dos cinco programas (FCL/Ar, FCL/As e Ibilce/SJRP), quatro subiram de nota, dois dos quais passaram de 5 para 6. As Ciências Agrárias somam o maior número de programas de excelência (7 de 26), enquanto a grande área de Ciências Humanas passou a ter a maior proporção de programas dessa categoria (28%). Com relação aos programas de mestrado profissional, passamos de 6 para 22 programas. Cerca de 60% destes (14) obtiveram notas 4 e 5, que, no caso dessa modalidade, são muito boas. A FM/Bo destaca-se nesse conjunto, com quatro programas, dois dos quais nota 5. O número de estudantes matriculados no mestrado e no doutorado aumentou de 11.800 para 14.000 (quase 30%) e o número de títulos obtidos subiu de 2.600 para 3.300. Com isso, a Unesp configura-se como a segunda maior instituição brasileira na formação de mestres e doutores. Todos os indicadores da pósgraduação, sejam quantitativos ou qualitativos, melhoraram significativamente. Esse fato assume ainda maior importância quando comparamos nossos

Evolução da proporção de programas de pós-graduação da Unesp por nota de avaliação nos últimos 5 períodos de avaliação.

do envolvimento de toda a comunidade acadêmica. Muitos desafios ainda se colocam para o futuro da pós-graduação em nossa universidade. A necessidade de reorganização dos programas, áreas de concentração e linhas de pesquisa se faz imperiosa para acompanharmos as mudanças paradigmáticas da ciência na pós-modernidade, para nos prepararmos para a pesquisa na fronteira do conhecimento e para lidarmos com os temas transversais de interesse da sociedade. O incentivo à criação de redes de colaboração, tanto interunidades quanto nacionais e internacionais, é fundamental para alcançarmos maior diversidade, aumentando a massa crítica para o enfrentamento dos desafios contemporâneos, numa época de grandes dilemas sociais, considerando o meio técnico-científico e informacional de nossa sociedade global. Oferecer aos nossos alunos maior diversidade de processos de aprendizagem e treinamento, incentivando a criatividade e o empreendedorismo, superando a educação tradicional e incorporando tecnologias de informação e do mundo digital, será condição necessária para formarmos mais adequadamente nossos pós-graduandos, para que possam exercer suas competências num mundo do trabalho cada vez mais volátil e com mudanças e transformações cada vez mais velozes. Os desafios são grandes e as dificuldades são preocupantes. Mas a força de vontade, a capacidade intelectual, o senso de responsabilidade, a realização profissional e o compromisso social de nossa comunidade acadêmica, com sabedoria e dedicação, certamente serão capazes de superá-los.

Variação do número de programas de Excelência (notas 6 e 7) das maiores universidades brasileiras resultados com os das demais universidades paulistas (estaduais e federais). Se considerarmos que toda essa qualidade e excelência

que a Unesp conquistou ocorreu num período de forte crise política, econômica e de dificuldades para a manutenção do financiamento

e do corpo docente e técnico-administrativo, não resta dúvida de que foi uma enorme conquista da capacidade criativa, da dedicação e

João Lima Sant’Anna Neto, é pró-reitor de Pós-graduação da Unesp


Entrevista

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Crescimento responsável Diretora de Avaliação da Capes, Rita de Cassia Barradas Barata fala do novo processo avaliativo e da necessidade de o sistema de pós-graduação se expandir sem perder a qualidade Oscar D’Ambrosio Shutterstock

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iretora de Avaliação da Capes desde agosto de 2016, Rita de Cassia Barradas Barata possui graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), mestrado e doutorado em Medicina (Medicina Preventiva) pela USP. Atualmente é professora adjunta da FCMSCSP, bolsista ID do CNPq e associada da Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) e da International Epidemiological Association. Na Capes, foi coordenadora da Área de Saúde Coletiva, representante na Grande Área da Saúde no Conselho Técnico Científico da Educação Superior (CTC-ES) e representante do CTC-ES no Conselho Superior (2011-2014). Foi também representante da comunidade acadêmica no Conselho Superior da Capes para o mandato 2014-2017, atualmente afastada em função de haver assumido a Diretoria de Avaliação da entidade. É também editora científica da Revista de Saúde Pública, hoje afastada em virtude do cargo na Capes. Foi ainda membro do CA Saúde Coletiva e Nutrição do CNPq (2014-2016). Jornal Unesp: Qual é a análise comparativa que a Capes faz entre a atual avaliação e a anterior? Rita de Cassia Barradas Barata: Na avaliação atual, tivemos vários aspectos que se distinguem das avaliações anteriores, dentre os quais se destacam três com maior relevância. O primeiro é a mudança de periodicidade de três para quatro anos, o que implica imediatamente maior volume de dados a serem analisados pelas comissões e indiretamente em maior expectativa dos programas por mudança na nota, visto que o interstício entre avaliações passa a ser maior. O segundo aspecto diz respeito ao número de programas a serem avaliados, que é cerca de 30% maior do que aquele da última avaliação, acarretando a necessidade de maior número

Rita de Cássia destaca interação internacional de pesquisadores

Melhorias dependem de boa gestão universitária e de política científica clara e bem financiada de consultores envolvidos no processo avaliativo. O terceiro aspecto bastante importante refere-se à introdução da Plataforma Sucupira como plataforma de coleta e registro de dados, fonte para o processamento e também como plataforma para o sistema Ficha de Avaliação. JU: Quais os pontos favoráveis e desfavoráveis? Rita: A nosso ver, a avaliação desempenha papel fundamental no desenvolvimento e na melhoria de qualidade de todo o Sistema Nacional de PósGraduação (SNPG). Além disso, os resultados mostram uma estabilidade que dá validade e confiabilidade ao processo. Ao longo das últimas avaliações, o movimento tanto de aumento ou manutenção quanto de redução das notas dos programas mostra tendência semelhante, atestando a estabilidade do sistema. Creio que os pontos mais críticos têm a ver com o número grande de programas a serem avaliados e o tempo curto disponível para realizar todas as etapas preliminares, a avaliação em si e depois o julgamento pelo CTC-ES (Conselho Técnico Científico da Educação Superior). Envolver cerca de 1.550 consultores em seis semanas de trabalho

intenso representa um desafio logístico importante. Muitas das dificuldades enfrentadas pelas comissões de avaliadores, na última avaliação, tiveram a ver com a qualidade dos dados prestados pelos programas. Naquilo em que a avaliação dependeu dos recursos colocados à disposição dos avaliadores pela Capes não tivemos problemas relevantes. JU: Quais as iniciativas que podem ser tomadas pelo Estado e pelas universidades para obter cada vez melhores resultados? Rita: O processo de desenvolvimento e consolidação dos programas de pós-graduação é relativamente lento e depende de um conjunto grande de circunstâncias. Simplificando bastante, diria que as condições necessárias para que existam programas de qualidade dependem da gestão universitária no sentido da garantia das condições adequadas de infraestrutura e da capacidade de atrair e reter pesquisadores com liderança científica para nuclear a formação de novos pesquisadores, no caso dos programas acadêmicos. Pensando nos programas profissionais, é necessário que as universidades

compreendam a importância crucial de investir na formação de profissionais altamente qualificados, sem os quais não haverá desenvolvimento nacional. Pelo lado do Estado, é importante ter uma política educacional que garanta a melhoria de qualidade em todos os níveis de ensino, para que alunos melhor preparados cheguem aos programas de pós-graduação, e uma política científica clara, permanente e adequadamente financiada para apoiar o desenvolvimento da ciência nacional. JU: Qual é o maior desafio para o ensino de pós-graduação no Brasil? Rita: O maior desafio para o SNPG no Brasil é continuar crescendo sem perder a qualidade. No Brasil, dado o tamanho do nosso território e de nossa população aliado às grandes desigualdades sociais ainda presentes, é sempre um desafio conciliar a necessidade de estender a oferta de formação pós-graduada sem, entretanto, comprometer a qualidade. Infelizmente como nação temos muitas vezes a tendência a considerar mais importante o volume de titulados do que a qualidade da formação a que esses títulos deveriam corresponder.

JU: Como o fator internacionalização contribui, na avaliação da Capes, para a melhoria da avaliação? Rita: A internacionalização em si não contribui para a melhoria da avaliação. Os diferentes processos e graus de internacionalização dos programas podem refletir em nota mais alta para os mesmos, na medida em que tais processos permitam maior circulação internacional dos alunos, professores e também da produção intelectual desses programas. A internacionalização não é um fim em si mesma, mas um instrumento de oxigenação e reflexão sobre nossas características vis-à-vis formas e modos de operar de outras instituições. O conhecimento científico muito se beneficia de processos de compartilhamento entre pesquisadores de diferentes instituições, diferentes tradições teóricas e metodológicas, diferentes contextos acadêmicos. Assim, quanto maiores as possibilidades de interação entre pesquisadores de vários países, e maior a exposição dos discentes a diferentes realidades e condições de pesquisa, maiores serão as chances de formação qualificada.

Veja também: Resultado da Avaliação Quadrienal (2013-16) Unesp obtém significativa melhora nos indicadores Texto de João Lima Sant´Anna Neto, pró-reitor de Pós-graduação da Unesp: <https://goo.gl/nUh7zv>


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Ciências Biológicas

Conheça o mel de tiúba Trabalho que determina características do produto maranhense pode ampliar sua produção Maristela Garmes

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o Maranhão, o mel da abelha nativa tiúba é um alimento muito apreciado, embora não seja produzido em grande escala. “A produção sofre entraves à comercialização por falta de uma legislação que regulamente esses méis”, diz a pesquisadora Rachel Torquato Fernandes. Rachel defendeu tese de doutorado que determinou as características de qualidade do mel de tiúba (Melipona fasciculata) produzido em duas bacias hidrográficas maranhenses (Munim e Pericumã), tendo como referência as características do mel de Apis Mellifera L. O estudo foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos da Unesp de São José do Rio Preto. “Por ser o mais comercializado, são os padrões físico-químicos do mel da Apis que estão presentes na normativa internacional e brasileira”, diz a engenheira agrônoma.

abelhas; baixo teor de açúcar (o que pode ser vantagem para a saúde do consumidor); mediano teor de umidade; moderada acidez; de médio a alto teor de minerais; baixa viscosidade (que o torna mais fluido); e cor variável, tendendo para tons mais escuros. O sabor também é variável: “Esse fator depende das fontes florais visitadas pela abelha na coleta de néctar”, diz Rachel, enfatizando que o produto pode oferecer sensações bucais de leve ardência e gosto levemente ácido.

Estudo pode incentivar cadeia produtiva no Maranhão

PERFIL DA TIÚBA Para determinar as características do mel de tiúba, Rachel avaliou: a qualidade microbiológica (condição sanitária do produto); a variação físico-química (umidade, açúcares, acidez, pH, sólidos, cinzas, entre outras); sensoriais

(cor, viscosidade, aroma, sabor); e as interações com o ambiente (temperatura, umidade, luz). No quesito integridade microbiológica, o mel pode apresentar na origem: zero contaminação microbiológica, confirmando o hábito higiênico de coleta das

OBSTÁCULOS NA LEGISLAÇÃO De acordo com a engenheira, vários estudos confirmam as diferenças físicas e químicas entre o mel da abelha Apis mellifera com o mel de outras abelhas nativas. O mel da Apis tem viscosidade e teores de açúcares bem maiores e a umidade menor, sendo menos fluido e menos aquoso.

“Não há como enquadrar as características do mel de abelhas nativas em um padrão que não seja próprio delas. Cabe a nós conhecermos, buscarmos identificá-lo de modo a permitir basear uma normativa para o mel de meliponíneos (abelhas nativas)”, ressalta. A professora Ana Carolina Conti e Silva, orientadora do estudo, complementa que o trabalho de Rachel oferece suporte às futuras ações de desenvolvimento da cadeia produtiva do mel no Maranhão, garantindo a qualidade do produto e expandindo sua comercialização para fora do Estado. A pesquisa faz parte de um projeto interinstitucional coordenado por Unesp, Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Instituto Federal do Maranhão (IFMA), e financiado parcialmente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão (Fapema).

Embalagem biodegradável Filme produzido a partir de amido de mandioca mostra potencial como produto sustentável Divulgação

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rande parte das embalagens usadas pela indústria de alimentos é feita de plástico. Além de ser um derivado do petróleo, uma fonte de energia não renovável, o plástico gera problemas ambientais devido ao longo tempo que leva para se degradar na natureza. Como alternativa a esse produto, Luzilene Sousa Rosas, professora do Instituto Federal do Maranhão, pesquisou em seu doutorado a obtenção de um filme biodegradável, a partir de amido de mandioca. A pesquisa foi desenvolvida por meio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Unesp de São José do Rio Preto. O amido é um polissacarídeo, ou seja, uma macromolécula presente na

Material também utiliza nanocelulose de cana e óleo de buriti

mandioca, um item alimentar abundante no Maranhão, o Estado natal de Luzilene. A pesquisadora ressalta que após um processo de aquecimento e secagem, o amido torna-se gelatinizado, transformando-se num filme. No entanto, esse material isoladamente

apresenta problemas para seu uso como embalagem: “O amido é quebradiço, não tem a resistência mecânica e nem a flexibilidade necessárias”, comenta. Para resolver esse problema, Luzilene recorreu a dois outros itens de origem natural: a

nanocelulose extraída da cana-de-açúcar e o óleo de buriti. “A nanocelulose reforça a resistência e o óleo de buriti melhora a flexibilidade do filme”, explica . O biofilme resultante da associação desses três elementos foi submetido a testes para avaliar suas características físicas (espessura, opacidade, solubilidade), mecânicas (resistência à tração) e de barreira (capacidade de fazer trocas de umidade com o ambiente), além de verificar sua capacidade antimicrobiana. Os testes mostraram que, com essa mistura, o biofilme ganhou resistência, flexibilildade, espessura, opacidade e menor solubilidade, ou seja, maior resistência em contato com a umidade. As análises antimicrobianas não foram conclusivas.

O doutorado de Luzilene, que teve a orientação do professor José Francisco Lopes Filho e co-orientação da professora Crislene Barbosa de Almeida, ambos do Ibilce, foi realizado a partir de uma parceria da Unesp com o IFMA. Agora, as pesquisas continuarão no Instituto para avaliar o processo de degradação do filme no ambiente, além da sua atividade antioxidante. “O objetivo é produzir uma embalagem biodegradável que mantenha as propriedades sensoriais do alimento, além de aumentar o tempo de prateleira”, afirma a pesquisadora. Luzilene pretende obter o patenteamento do biofilme que criou e também conseguir financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Científico do Maranhão (Fapema) para as próximas etapas dos trabalhos.


Ciências Agrárias

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A compostagem resolve Projeto viabiliza uso de lodo de esgoto como fertilizante, evitando desperdício de material Divulgação

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destino do lodo produzido pelas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) representa um grande desafio. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por exemplo, administra mais de 300 ETEs, cujo lodo precisa ser levado para aterros sanitários, com um alto custo. Por ser rico em matéria orgânica e nutrientes, esse produto já foi usado na atividade agrícola, mas em 2011 entraram em vigor resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que restringiram sua utilização, em função dos riscos sanitários dos microrganimos patogênicos que ele contém, como salmonelas, coliformes fecais e ovos de helmintos. Uma solução para esse problema está sendo desenvolvida desde o final de 2015 na Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Câmpus de Botucatu, por meio de um projeto coordenado pelo professor Roberto Lyra Villas Boas. A iniciativa busca viabilizar o uso do lodo de esgoto como fertilizante em áreas agrícolas e florestais,

Mistura de materiais na compostagem: apoio da Sabesp e da Fapesp

por meio de um processo de compostagem de baixo custo e ambientalmente sustentável. O processo envolve uma fase termofílica, em que a temperatura do material chega a 70 oC, eliminando os microrganismos perigosos para a saúde. “Para isso, é preciso misturar o lodo, que é rico em nitrogênio, a materiais ricos em carbono, como, por exemplo, bagaço de cana e resíduo de poda de árvores”, explica Villas Boas.

O projeto divide-se em cinco subprojetos. O primeiro deles abrange o estudo de matérias-primas que podem ser adicionadas ao lodo, como bagaço de cana, palha de milho e casca de eucalipto. A análise do aspecto microbiológico do experimento representa o segundo subprojeto: “Nesse caso, retiramos amostras da pilha de material e verificamos que, a partir de certa temperatura, os microrganismos patogênicos

foram eliminados”, afirma Villas Boas. No terceiro subprojeto, é avaliado o uso do composto como substrato, ou seja, como meio onde mudas são plantadas. “Comparamos o nosso produto com os oferecidos no mercado e os resultados foram muito semelhantes no cultivo de árvores nativas”, assinala o pesquisador. O quarto abrange o enriquecimento do material com fósforo, o que aumenta seu potencial como fertilizante. “Isso agrega valor ao produto”, comenta. A avaliação econômica desse processo constitui o quinto subprojeto. “Em relação à deposição do lodo em aterros, constatamos que o nosso processo é mais barato, o que viabiliza economicamente o nosso projeto”, enfatiza. Villas Boas acentua que os resultados dessa pesquisa também serão importantes para a mudança da legislação, permitindo o uso do lodo compostado na agricultura. O projeto da equipe de Botucatu está ligado ao Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação

Tecnológica (Pite), da Fapesp, sendo que metade dos recursos é fornecida pela agência e a outra metade, pela Sabesp. O estudo é desenvolvido no pátio de compostagem da ETE Lageado da Sabesp, localizada na Fazenda Experimental Lageado, onde fica a sede da FCA. Nesse espaço foi instalada uma estufa de compostagem de 1.024 m 2, além de equipamentos como uma máquina que mistura o lodo com os demais materiais. A proposta envolve ainda uma colaboração com a prefeitura de Botucatu, que envia o material resultante da poda de árvores da cidade. “Em contrapartida, nós fornecemos o lodo compostado que a prefeitura coloca em parques e jardins”, esclarece. Além do professor Villas Boas, a equipe envolve sete professores da Unesp e Robert Boyd Harrison, da University of Washington, e dois pesquisadores, um deles da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). Também integram o grupo uma pós-doutoranda, dois doutorandos e seis mestrandos.

Dia de campo leva informações a público amplo Estudantes, produtores rurais, técnicos agrícolas participaram do evento sobre compostagem Sérgio Santa Rosa Divulgação

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om todas as cem vagas preenchidas, aconteceu, no dia 21 de setembro, o 1º Dia de Campo de Compostagem: uso de resíduo doméstico, agrícola e urbano. O evento foi promovido pela Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Câmpus de Botucatu, juntamente com o Sindicato Rural de Botucatu, a Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (Fepaf) e o apoio de Sebrae, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e Prefeitura Municipal de Botucatu. Entre os participantes havia estudantes de graduação, pósgraduação, técnicos agrícolas, produtores rurais e até donas de

Palestras destacaram valor do reaproveitamento de resíduos

casa, de Botucatu e municípios vizinhos. O evento teve início com palestras sobre noções gerais a respeito do tema, seguidas de demonstrações práticas sobre compostagem

de resíduos domésticos, horta vertical e compostagem em larga e pequena escala. O professor Roberto Lyra Villas Boas, coordenador do evento, destacou a importância

de divulgar o tema. “A universidade pública só vai se manter se o conhecimento que geramos aqui for divulgado para o público em geral, que demanda informações e tecnologia”, disse. O diretor da FCA, professor Carlos Frederico Wilcken lembrou a importância do reaproveitamento dos resíduos, especialmente na agricultura. “A compostagem é uma tecnologia importantíssima para o pequeno produtor, pelo seu potencial de baratear o custo de produção e aumentar a rentabilidade de uma maneira bastante sustentável”, ressaltou. As entidades parceiras do evento também se mostraram satisfeitas. “A compostagem

é uma ferramenta fantástica para quem trabalha com olericultura ou quem tem hortas domésticas. Nos centros urbanos, é uma oportunidade de transformar um problema em solução e no meio rural ajuda o produtor a ficar livre dos insumos, barateando seu custo de produção”, afirmou Daniel Pio, da CATI. “A compostagem está diretamente ligada a temas importantes como o lixo, a conservação da água e do solo. É muito bom saber que há instituições pensando nisso e levando as informações sobre esses temas, estimulando que as pessoas coloquem em prática esse conhecimento”, completou Marcio Piedade, secretário do Verde de Botucatu.


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Ciências Biológicas

Genes pioneiros Grupo sequencia e monta genoma mitocondrial de planta carnívora brasileira Divulgação

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tricularia reniformis é uma espécie de planta carnívora que ocorre apenas no Brasil. Encontrada nas Regiões Sul e Sudeste, ela se alimenta de pequenas presas, geralmente microcrustáceos, insetos e vermes. Uma equipe da Unesp acaba de sequenciar e montar o genoma mitocondrial dessa espécie. “Trata-se do primeiro genoma de mitocôndria de planta endêmica do Brasil e realizado por laboratório também brasileiro”, informa Vitor Fernandes Oliveira Miranda, professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), Câmpus de Jaboticabal, e um dos autores de artigo sobre a pesquisa, publicado na revista científica Plos One em julho. Miranda explica que o genoma de todo organismo está codificado no DNA e armazenado não apenas no núcleo de cada célula, mas também em organelas (pequenas estruturas) como as mitocôndrias, que são encarregadas de fornecer energia

Exemplar de Utricularia reniformis: trabalho inédito no país

para a célula. No caso das plantas, as mitocôndrias apresentam genomas com arquiteturas distintas para cada grupo ou espécie. Como praticamente não existe um padrão de referência, sequenciar e montar os genomas mitocondriais para plantas é sempre um grande desafio. De todos os genomas de mitocôndrias de plantas já sequenciados, que representam 195 algas e plantas terrestres, apenas 19 espécies são

brasileiras. Dessas 19, até o estudo de Jaboticabal, apenas duas espécies eram de angiospermas, plantas com flores e frutos. Assim, a angiosperma Utricularia reniformis passa a ser a primeira espécie nativa e endêmica do Brasil a ter o seu genoma mitocondrial apresentado para a ciência. A maioria das espécies com genomas sequenciados são modelo de estudos – como a Arabidopsis, a “drosófila

dos botânicos” – ou plantas de importância econômica – como o arroz. Miranda esclarece ainda que as espécies de lentibulariáceas, família que compreende as utriculárias, apresentam os menores genomas conhecidos de todas as plantas, tendo um genoma até quatro vezes menor do que o da Arabidopsis. O trabalho faz parte de pesquisas lideradas pelos professores Miranda (Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária) e Alessandro de Mello Varani (Departamento de Tecnologia) da FCAV. O trabalho apresenta como primeiro autor a doutoranda Saura R. Silva (Instituto de Biociências, da Unesp de Botucatu), tendo também como autores os professores Daniel G. Pinheiro e Marcos T. Oliveira, Camila C. Fernandes, Danillo O. Alvarenga, Helen A. Penha, Yani Aranguren (egressa da FCAV e professora da Universidad Simón Bolívar, Colômbia) e Todd P. Michael ( J. Craig Venter Institute,

EUA). Os projetos são financiados pela Fapesp. O grupo dos professores Miranda e Varani pretende sequenciar os genomas nucleares, plastidiais e mitocondriais e transcritomas (a parte expressa do genoma na forma de RNA mensageiro) de diversas espécies de utriculárias e outros representantes de plantas carnívoras, com a finalidade de compreender os mecanismos moleculares e evolutivos que regem a biologia dessas plantas.

O artigo sobre o sequenciamento do genoma pode ser acessado no endereço https://goo.gl/CBtFi5 Contato do pesquisador Vitor Fernandes Oliveira de Miranda: Tel. (16) 3209-7205 <http://www.fcav.unesp.br/ vmiranda> E-mail: <vmiranda@fcav. unesp.br>

Avaliação de sensores ópticos Estudo sobre uso desses equipamentos em agricultura de precisão é premiado nos EUA Divulgação

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agricultura de precisão é a prática agrícola que recorre à automação no processo de adubação e uso de agrotóxicos, utilizando a tecnologia de informação e recursos como o GPS e técnicas de sensoriamento remoto. Com um trabalho voltado para o uso de sensores ópticos na agricultura de precisão, Franciele Morlin Carneiro, pós-graduanda da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), Câmpus da Unesp de Jaboticabal, foi premiada na 15th Annual Nitrogen Use Efficiency Conference, que aconteceu entre 7 e 9 de agosto em Baton Rouge, Lousiana, nos EUA. O estudo ficou na terceira colocação entre os pôsteres e foi apresentado oralmente pela doutoranda. Sensores ópticos são equipamentos emissores de luz, que atinge as folhas das plantas,

produzindo um reflexo que é então captado pelo aparelho. A luz é uma onda eletromagnética e os diferentes sensores emitem diferentes tipos de onda. O estudo da pesquisadora envolveu sensores ópticos ativos, que podem ser usados manualmente ou instalados em tratores ou motos, por exemplo. Eles permitem o chamado sensoriamento proximal, feito a uma altura de no máximo 20 m em relação à planta. O trabalho avaliou a capacidade desses sensores de detectar a variabilidade de uma plantação de soja, durante o seu crescimento e desenvolvimento, além de verificar o potencial desses equipamentos na identificação da mudança do crescimento dessa cultura ao longo do tempo e do espaço. O experimento foi realizado na safra 2016/2017, na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão

Aparelho auxilia monitoramento da saúde da plantação

(FEPE), da FCAV. A área do trabalho foi dividida em porções regulares, com 65 pontos de coleta de dados (pontos amostrais) distantes 30 m uns dos outros. Os dados foram coletados pelos sensores GreenSeeker e OptRX, fabricados, respectivamente, pelas empresas Trimble e Ag Leader.

O uso desses sensores gerou dados que permitiram a Franciele calcular diferentes índices de vegetação, como NDVI, NDRE e IRVI. Índices de vegetação são modelos matemáticos que possibilitam identificar aspectos como porcentagem de cobertura do solo, atividade fotossintética, biomassa e produtividade. Esses índices são calculados por meio do comprimento de ondas ou de bandas (que são uma parte da onda eletromagnética de interesse, como a luz). O NDRE, por exemplo, é definido pelas bandas de 790 e 720 nm (nanômetros) das ondas eletromagnéticas. “É ótimo ter diferentes tipos de índices para o maior monitoramento e o conhecimento da planta, se ela está saudável ou não, pois cada índice tem sua peculiaridade”, assinala Franciele.

O sensoriamento proximal foi realizado aos 30, 45, 60 e 75 dias após a semeadura (DAS). O índice NDRE obteve os melhores resultados, quando comparado aos do NDVI, principalmente aos 45 e 60 DAS, devido ao alto desenvolvimento da cultura. Segundo o estudo, o índice NDVI apresenta problemas com saturação quando a cultura apresenta alto desenvolvimento, afetando e ocasionando imprecisões nas leituras. Franciele é orientada por Carlos Eduardo Angeli Furlani e coorientada por Rouverson Pereira da Silva, além de ter o auxílio de Cristiano Zerbato – todos professores da FCAV. Feita com apoio do CNPq, a pesquisa, além de Franciele, Furlani e Zerbato, tem como autores Brenda Valeska Ortiz, Patricia Candida de Menezes, Lucas Augusto da Silva Gírio e Mariana Ramos del Corso.


Ambiente

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De olho no lixo marinho Projeto na Ilha Comprida investiga petrechos de pesca e material descartado de navios na região Divulgação

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om 74 km de extensão e localizada no litoral sul paulista, a Ilha Comprida sofre com o grande volume de lixo vindo do mar. Para investigar esse processo e buscar soluções, uma equipe do Câmpus de Registro da Unesp coordenada pelos professores Marília Cunha Lignon e Levi Pompermayer Machado está desenvolvendo o Projeto Lixo Marinho. O local, protegido pela Área de Proteção Ambiental (APA) da Ilha Comprida, foi escolhido por se situar entre os portos de Santos, em São Paulo, e Paranaguá, no Paraná. Essa localização seria a causa do grande acúmulo de lixo nas praias da ilha. O projeto tem como objetivo

Em agosto, foram coletados mais de 105 kg de material caracterizar, quantificar e identificar as possíveis fontes emissoras do lixo marinho na região. O foco dessa iniciativa são os petrechos de pesca – como redes, anzóis, cordas de náilon, boias e outros – e lixo marinho internacional, como

garrafas pet e outros objetos descartados por navios de outros países que cruzam a região. Além de poluir águas e zonas costeiras, o lixo marinho ameaça a vida nesses espaços. Diversos animais, por exemplo,

morrem ao ingerir objetos de plástico ou ao ficar presos por redes de pesca. “Nosso foco se volta principalmente para monitorar os setores sul e norte da ilha”, explica a professora Marília. O trabalho tem a participação das alunas Elisa Maia de Godoy e Taynara Castro da Silva Pupo, do curso de Engenharia de Pesca, além da colaboração com a Ong Instituto de Pesquisa de Cananeia (IPeC). A proposta da equipe é realizar coletas de lixo no inverno e no verão. A primeira delas aconteceu por quatro dias no mês de agosto, obtendo 105,5 kg de material. A coleta é realizada em área de 60 m de extensão por 4 m de largura. Os petrechos de pesca coletados serão destinados à

entidade comunitária Mulheres Artesãs da Enseada da Baleia, localizada na Ilha do Cardoso, próximo à Ilha Comprida. “Elas usam os petrechos de pesca para fazer roupas e acessórios, por exemplo”, enfatiza Marília. O projeto também vai promover uma pesquisa sobre o microplástico, formado por fragmentos com menos de 5 mm desse material, e que estão cada vez mais se misturando à areia de praias do mundo inteiro. O microplástico é ingerido por mexilhões e peixes de interesse comercial – como a pescadaamarela – e, por isso, já vem sendo consumido pelos seres humanos. “Estamos comendo plástico”, alerta a pesquisadora. Esse estudo envolverá uma parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Poluição provocada por petroleiros Pesquisa avalia regime internacional que define responsabilidades e estabelece indenizações Maristela Garmes

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m maio, Ana Carolina Carlucci da Silva apresentou a dissertação de mestrado sobre a rede internacional criada para enfrentar os desastres ambientais gerados pelo vazamento de petróleo no mar. O trabalho, intitulado Responsabilidade civil internacional e compensação nos casos de poluição por derramamento de petróleo no transporte marítimo por navios, foi produzido no Programa de Pós-Graduação em Direito da Unesp de Franca, sob a orientação da professora Jete Jane Fiorati,. Para falar de sua pesquisa, a pesquisadora apresenta quatro convenções internacionais: Convenção de Bruxelas, de 1969; Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por Óleo, de 1992; Convenção Internacional para o Estabelecimento de um Fundo para Compensação de Danos Causados por Poluição por Óleo, de 1992; e Protocolo para Fundo Suplementar, de 2003. O conjunto dessas convenções

Exxon Valdez envolveu-se num dos maiores acidentes da história

forma o regime internacional. Ana especifica que esse regime se aplica somente nos casos de derramamento de óleo persistente, como o petróleo bruto, óleo combustível e óleo diesel pesado, e não inclui diesel leve e gasolina. “Trata daqueles navios tipicamente chamados de petroleiros”, comenta a pesquisadora, ressaltando que navios de turismo e plataformas fixas de petróleo não fazem parte desse regime.

REPARAÇÃO PELOS DANOS O primeiro grande passo na construção do regime internacional ocorreu em decorrência do acidente do superpetroleiro Torrey Canyon, em 1967, no Mar do Norte. Em 1969, foi acordada pela primeira vez uma convenção. “Ela estabeleceu que a responsabilidade é do dono do navio e determinou um máximo a ser pago a fim de indenizar as vítimas dos danos”, explica Ana.

Com a ocorrência de novos acidentes, entre eles o Exxon Valdez, no Alasca, em 1989, o regime precisou evoluir, pois nem sempre o dono do navio conseguia bancar todas as despesas. Para esses novos acordos, o limite de indenização para as vítimas passou de R$ 63 milhões para R$ 403 milhões. “Com as novas regras, no caso de prejuízo financeiro, quem primeiro paga é o dono do navio. Caso todas as despesas ainda não sejam cobertas, o fundo será acionado”, esclarece Ana. Em 1999, o petroleiro Erika naufragou na costa da França e o limite de indenização disponível pelo fundo de 1992 foi ultrapassado. Em 2002, ocorreu o acidente com o cargueiro Prestige, poluindo áreas de França, Espanha e Portugal. O incidente gerou desde demandas por danos à propriedade até prejuízos nas atividades de pesca. “O resultado é que muitas vítimas não chegaram a ser compensadas pelos danos”, reforça. Assim, em 2003, foi acordado um protocolo criando um fundo suplementar, com limite de compensação de mais de R$ 2 trilhões. “Hoje, esse protocolo

compõe o mais alto grau de proteção oferecido pelo regime internacional para os casos de poluição por petróleo”, assinala. Até o momento, essa solução não precisou ser acionada. REGIME INTERNACIONAL “Atualmente, o regime internacional é robusto e de extrema relevância, pois criou mecanismos para lidar com os acidentes e suas consequências, compensando as vítimas”, conta Ana. Segundo a especialista, um dos pontos que comprovam o sucesso do regime é o número expressivo de 137 países signatários das convenções. O regime também teve impacto preventivo. “Em 1970, o número médio de grandes acidentes era de 24,5 por ano. Atualmente, é de apenas 1,7 por ano”, diz. O Brasil é signatário somente da convenção de responsabilidade de 1969, considerada “regime velho”. Caso ocorra algum problema no território brasileiro, somente será aplicada a convenção de 1969, que apresenta regras ultrapassadas, limite para indenização baixo e nenhum fundo para dar garantia.


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Reportagem de capa

NOVOS RUMOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO Unesp elabora sua estratégia tendo em vista nova política de internacionalização da Capes Marcos Jorge Fotos Marcos Jorge

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Ministério da Educação (MEC), através da Capes, lançará no dia 16 de novembro sua nova política de internacionalização para o ensino superior, que substituirá o extinto Ciência sem Fronteiras. Em linhas gerais, o plano centralizará os esforços de mobilidade na pósgraduação, dará mais autonomia para centros de excelência desenvolverem seus próprios projetos de internacionalização e fomentará o ensino do idioma inglês. As discussões em torno da internacionalização têm ganhado cada vez mais relevância dentro das universidades brasileiras, afinal, esse processo é apontado como um caminho eficaz na busca da excelência: o contato com instituições estrangeiras, colabora para ampliar o impacto das pesquisas e prepara o estudante para um mercado cada vez mais global, além de apresentar novas experiências de gestão. Na avaliação do assessor-chefe de Relações Externas da Unesp, professor José Celso Freire Junior, o Programa Ciência sem Fronteiras colaborou para o aprofundamento das relações existentes e também para o estabelecimento de relações internacionais inéditas e diversificadas para a Unesp. O Programa também contribuiu para a estruturação administrativa e a capacitação de pessoal, bem como conduziu ao aprofundamento de discussões fundamentais, como a do reconhecimento das atividades acadêmicas realizadas no exterior por estudantes da Universidade. “O conhecimento institucional adquirido será útil para o desenvolvimento das próximas políticas estratégicas”, afirma. “Por sua vez, o novo programa, que deverá ser lançado em 16 de novembro, terá o foco nos programas de pós-graduação e apoiará a busca da excelência, e através dela, o aumento do impacto da ciência produzida no país. Por meio dele se buscará também aprofundar o processo de internacionalização das instituições de ensino superior do país, pois para participar cada instituição deverá submeter seu Plano Estratégico de Internacionalização”, analisa Freire Junior.

Para Freire Junior, Ciência sem Fronteiras foi bom para a Unesp

Colaboração internacional ampliou produção acadêmica, diz Graeff

Gladis destaca importância da "internacionalização em casa"

Novo projeto promoverá parcerias em pesquisa, segundo Sant’Anna

“O novo programa do governo federal parte do pressuposto de que as universidades não são iguais e que centros de excelência devem ter autonomia para implementar seus próprios projetos de internacionalização. É mais ou menos o que já é feito pela Capes com os programas de pós-graduação”, avalia o professor João Lima Sant’Anna, pró-reitor de Pós-Graduação da Unesp. O Plano Estratégico de Internacionalização que a Unesp pretende submeter à Capes está sendo elaborado considerando diversos fatores, entre eles as ações já desenvolvidas no passado, um questionário submetido à comunidade para obter a percepção existente sobre a internacionalização e os resultados de uma oficina realizada com as Universidades de Birmingham e Nottingham, do Reino Unido. As atividades aconteceram na Inglaterra e em São Paulo durante os meses de setembro e outubro e foram financiadas pelo Conselho

Britânico, por meio de um edital lançado em maio. Segundo Sant’Anna, entre as estratégias discutidas, está a redução do número de parceiros internacionais e o aprofundamento das relações mais produtivas, que tenham potencial de expandir colaborações em pesquisa que levem ao aumento do impacto da ciência produzida pelos pesquisadores da Unesp. Pretendese também construir programas de doutorado conjuntos e ampliar o número de cotutelas. Para o pró-reitor de Pesquisa, professor Carlos Graeff, o impacto da internacionalização na pesquisa já é bastante conhecido e amparado em diversos artigos que apontam para a maior visibilidade dos trabalhos quando se tem a participação de parceiros internacionais, o que facilita a publicação em revistas científicas de maior impacto e produz um maior numero de citações. “Outro ponto interessante no momento em que se

estabelecem parcerias é que o escopo da pesquisa pode ser relacionado a problemas mais complexos, pois em princípio estaremos disponibilizando uma infraestrutura mais robusta para resolução de determinada questão científica”, destaca.

enquanto os italianos farão a análise bioinformática e genômica do mosquito. A equipe holandesa, por sua vez, irá desenvolver modelos celulares de infecção para esses insetos. “Dessa forma, cobriremos diversos aspectos que cada um dos grupos sozinho não conseguiria desenvolver, tornando nossas análises mais aprofundadas”, aponta SouzaNeto, que também realizou boa parte de sua formação no exterior – na John Hopkins University, uma prestigiada instituição norte-americana na área de saúde pública. “Essa experiência teve um impacto muito grande na minha carreira no sentido não só de tornar o currículo mais competitivo, mas também na forma de ver a ciência com um compromisso de gerar trabalhos de impacto”, avalia o professor do Instituto de Biociências de Botucatu, que passou três anos e meio nos EUA.

SOMA DE COMPETÊNCIAS O enfrentamento de problemas complexos com a soma de competências é o contexto do projeto liderado pelo professor Jayme Souza-Neto em parceria com pesquisadores da Itália e da Holanda. O projeto, financiado pelo Humans Frontiers Science Program (HFSP), pretende unir as especialidades de diferentes grupos de pesquisa para detalhar a transmissão do vírus da dengue e da zika pelo Aedes aegypti, estudando o conceito de imunidade adaptativa dos mosquitos. De forma geral, a equipe do professor Souza-Neto fará o sequenciamento de genoma,

Fotos divulgação

Souza-Neto (dir.) colabora com colegas de vários países

No Brasil, Brennan (de camisa xadrez) estuda vazamento de água


Reportagem de capa NA CONTRAMÃO Um efeito menos comum da internacionalização é a atração de profissionais estrangeiros para a Universidade. Esse caminho foi o percorrido pelo professor Michael Brennan, pesquisador do Departamento de Engenharia Mecânica do Câmpus de Ilha Solteira, que chegou à Unesp em 2010 após mais de 15 anos como professor da Universidade de Southampton, no Reino Unido. O pesquisador veio ao Brasil pela primeira vez por curtos períodos em 2002 e em 2003, a convite do professor Vicente Lopez Jr., para atuar em um projeto financiado pelo CNPq e pelo Conselho Britânico. Em 2005, permaneceu seis meses em Ilha Solteira como pesquisador visitante financiado pela Fapesp e pela Royal Society London, até se estabelecer definitivamente em 2010, como pesquisador. Com a experiência de quem liderava um grupo de pesquisa formado por 90% de estrangeiros em Southampton, Brennan acredita que a internacionalização é um processo gradual, que tende a aumentar à medida que novos professores vão sendo incorporados aos quadros da Universidade. “Esses novos professores são mais dispostos a criar parcerias porque já tiveram experiência internacional em algum momento de sua formação. O problema é que infelizmente, por conta do contexto financeiro da Universidade, não estamos renovando estes quadros neste momento”, afirma ele. No Brasil, Brennan tem parcerias internacionais estabelecidas com Índia, Austrália e Itália em projetos que envolvem principalmente a detecção de vazamentos de água por meio de sensores que identificam reverberações nos canos. Atualmente, o britânico lidera um projeto de pesquisa financiado pela Sabesp e pela Fapesp cujo objetivo é identificar com maior precisão e menor custo esses vazamentos, que representam uma perda de 37% do total da água tratada no Brasil. IDAS E VINDAS Europa, Estados Unidos e Canadá costumam ser o principal destino dos alunos de pósgraduação da Unesp, segundo dados apresentados na última edição do Anuário Estatístico da universidade, cujo ano-base é 2016. Ao todo, 441 alunos foram enviados ao exterior, 137 deles para os Estados Unidos. O contexto muda quando o sentido é inverso: América Latina e África são a origem da maioria dos estudantes que chegam à Unesp para cursar a pós-graduação. No último ano, 564 estudantes chegaram à Universidade, sendo 328 da

Colômbia e do Peru. Os números consideram apenas alunos que realizam o curso completo, excluindo, por exemplo, bolsassanduíche. O pró-reitor de Pós-graduação enfatiza que, embora seja um campo menos destacado pela Capes, a aproximação com América Latina e África está entre suas maiores preocupações. “Existem muitas áreas com possibilidade de cooperação nessas relações”, destaca Sant’Anna. Recentemente, a Pró-reitoria de Pós-graduação (ProPG) fechou uma parceria com o governo de Angola, que deve enviar cerca de cem professores para cursarem mestrado e doutorado pleno na Universidade. A iniciativa segue a tendência de aumento no número de estrangeiros que chegaram à Unesp de 2013 até 2017 (ver gráfico 1). A ProPG trabalha atualmente para permitir que os escritórios de pesquisa e internacionalização localizados nos diversos câmpus da Unesp possam notificar também a presença de alunos ou docentes estrangeiros que cheguem para períodos curtos, como professores visitantes que ministram disciplinas em programas de pós-graduação ou estudantes com bolsa-sanduíche. GRADUAÇÃO Se o novo programa de internacionalização do governo federal por um lado abre espaço para a autonomia das universidades em seus projetos, por outro representa uma redução significativa no financiamento da mobilidade no âmbito da graduação, principal bandeira do programa Ciência sem Fronteiras. A pró-reitora de Graduação, professora Gladis Massini-Cagliari, explica que ainda existem algumas iniciativas de intercâmbio inseridas em acordos de parcerias bilaterais ou em programas de associações de universidades de que a Unesp faz parte, mas os números não vão se igualar ao antigo programa federal. O momento, segundo Gladis, é o de preparar a Universidade para o que se costuma chamar de “internacionalização em casa”, oferecendo aos estudantes a possibilidade de interações internacionais mesmo sem sair do país, seja pelo uso de ferramentas digitais, seja pelo envolvimento de visitantes em atividades realizadas no câmpus. “Acredito que a ideia de internacionalização em casa seja até mais importante que a mobilidade convencional porque ela tem potencial para atingir a comunidade como um todo e não uma parcela restrita do corpo discente”, aponta a gestora. Essa iniciativa hoje envolve principalmente a preparação de um programa de mobilidade virtual a ser oferecido a partir

de 2018, a implementação de melhorias no SisGrad (sistema responsável pelo controle acadêmico da graduação) e a revisão dos currículos dos cursos de graduação, para que atividades de internacionalização sejam devidamente reconhecidas. Um exemplo consolidado desse tipo de interação virtual é o Teletandem, projeto criado em 2006 que proporciona o contato de alunos universitários brasileiros que querem aprender uma língua estrangeira com universitários de outros países que estão aprendendo português por meio de aplicativos de videoconferência. IDIOMAS SEM FRONTEIRAS Outra prioridade para a estratégia do MEC é capacitar o estudante brasileiro na proficiência do idioma inglês por meio da plataforma My English Online, que é oferecida pelo ministério às universidades públicas credenciadas. “Às vezes o aluno só se dá conta da importância de aprender um idioma quando a oportunidade aparece. Um curso gratuito pela Internet vai permitir a eles se prepararem para o intercâmbio desde o início do curso”, aponta a professora Paula Tavares

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Pinto, coordenadora do programa Idiomas sem Fronteiras na Unesp. Outra vertente do programa envolve a aplicação dos exames gratuitos de proficiência de língua inglesa Toefl (Teste de Inglês como uma Língua Estrangeira) de forma gratuita a alunos, docentes e funcionários da Unesp. A iniciativa visa levantar dados para analisar o nível de inglês dos estudantes brasileiros. Os dados obtidos até o momento apontam que o número de alunos com nível intermediário-alto (B2) na Unesp é maior tanto em nível nacional quanto no recorte apenas da região Sudeste (ver gráfico 2). “Embora esse resultado possa parecer favorável, para a participação em programas de intercâmbio no exterior o ideal seria que os alunos tivessem níveis B2 ou C1 (avançado) para se adequarem ao contexto acadêmico internacional”, aponta a professora Paula. A meta é ter 70% de alunos com nível B2 (intermediário-alto) e pelo menos 10% de alunos com nível C1 (avançado). No caso do C1, esse número atualmente está em 4%. RANKINGS Outro componente que ganhou visibilidade com a inserção

das universidades brasileiras no contexto internacional nos últimos anos foram os rankings. Em março, foi criada a Comissão de Avaliação Institucional dos Rankings, com o objetivo de organizar os dados institucionais da Universidade, bem como de sugerir estratégias para melhorar a posição da instituição. Algumas dessas iniciativas podem parecer básicas, mas colaboram para reduzir a subnotificação dos dados da Unesp, como por exemplo incentivar o uso adequado da vinculação institucional na publicação de artigos e promover instrumentos que garantam maior visibilidade da pesquisa, tais como o Orcid, um código usado para identificar cientistas, coautores e colaboradores em bases de dados. “Uma das atribuições da comissão é investigar a lógica que permeia a avaliação de cada ranking, tendo em vista o perfil e a vocação de cada um deles. Nesse sentido, um aspecto importante em todos os rankings consiste na produção e na visibilidade científica”, explica o professor José Augusto Guimarães, coordenador da comissão.

GRÁFICO 1 – ESTRANGEIROS NA PÓS-GRADUAÇÃO 557

552

490

486 441

163

177

146

120

90

81

2013

2014

147

87

2015

Ingressantes

Matriculados

135

2016

62

2017 (até julho)

Formados

GRÁFICO 2 – PERCENTUAL DOS ALUNOS DA UNESP NOS CINCO NÍVEIS DE PROFICIÊNCIA DO QUADRO COMUM DE REFERÊNCIA EUROPEU (QCRE) COMPARADO COM PERCENTUAL REGIONAL E NACIONAL 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0%

A1 (Básico)

A2 (Básico)

Nacional

B1 B2 C1 (Avançado) (Intermediário) (Intermediário) Sudeste

Unesp


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Extensão

A ciência chega à escola Projeto promove oficinas que levam conhecimento sobre temas da área ao ensino médio Divulgação

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esde agosto, alunos e docentes da Escola Estadual Pedro Torres, em Botucatu, integram uma experiência que relaciona o conhecimento científico a questões que eles observam no seu dia a dia. Eles estão participando de oficinas promovidas por estudantes e professores do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Câmpus de Botucatu. A iniciativa integra o projeto de extensão “Universidade e Sociedade como agentes de divulgação da Ciência do cotidiano”, financiado pela Pró-reitoria de Extensão (Proex) e coordenado pela professora Valéria Cristina Rodrigues Sarnighausen, do Departamento de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da FCA. A proposta envolve 15 docentes e

Proposta tem a participação de 15 docentes e 18 alunos 18 alunos da Unesp. A partir do tema da Sustentabilidade, que deve ser trabalhado na rede pública de ensino do Estado de São Paulo, as equipes da Unesp e da escola definiram cinco oficinas, com os seguintes assuntos: Segurança Alimentar e Econômica Local

(Alimentação); Água e Economia Local; Espécies e Ecossistemas e Interação Humana (Saúde e Vetores); Economia e Interação Humana (Consumo Sustentável e Resíduos); e Energia e Tecnologia. A professora Valéria enfatiza que esses assuntos foram

definidos a partir de discussões iniciais com a comunidade da Pedro Torres. “Nossa proposta é levar ciência da universidade para a escola, mas interagindo com as expectativas dessa escola, levando em conta a curiosidade e a demanda de seus alunos”, argumenta. Os estudantes da escola foram divididos em cinco turmas: três de segundo ano e duas de terceiro ano do ensino médio, somando cerca de 130 alunos. Na primeira parte das oficinas, acontece a discussão dos assuntos e, na segunda, o grupo participa da prática dos conceitos apresentados. “Na oficina de Água e Economia Local, por exemplo, discutimos questões como preservação e construção de uma cisterna e, em seguida, montamos um pluviômetro, para que os alunos analisassem o regime de chuvas em Botucatu”, esclarece Valéria.

Os trabalhos envolviam ainda informações sobre a Universidade, com a distribuição do Guia de Profissões publicado pela Unesp. A primeira rodada de oficinas aconteceu no dia 30 de agosto, a segunda ocorrerá no dia 25 de outubro e a terceira, numa data a ser marcada em novembro. A coordenadora do projeto ressalta que a equipe elaborou um questionário para os alunos da Pedro Torres avaliarem essa experiência. “Eles em geral disseram que haviam gostado de entrar em contato com novos conhecimentos e também que esse contato tenha sido feito por estudantes de graduação”, informa. “As oficinas também foram elogiadas pela informação fornecida sobre a Unesp, porque muitos não sabiam sequer que têm direito a ingressar numa universidade pública.”

Ensino de Física criativo Parceria com instituto do Canadá promove workshop para professores do ensino médio Ivan Cardoso

Divulgação

S

e um desavisado entrasse na sala de estudos do Instituto Sul Americano para Pesquisa Fundamental (ICTP-SAIFR), no prédio do IFT-Unesp, no dia 15 de setembro, se depararia com pessoas rodando, acima de suas cabeças, um barbante com uma rolha em uma das pontas e pesos na outra, enquanto outras contavam o número de voltas que a rolha dava e mediam, com cronômetros, o tempo. Apesar de parecer estranha, essa foi uma das atividades do Workshop Cutting-edge In-class Physics Resources, organizado pelo Perimeter Institute (PI) e pelo ICTP-SAIFR nos dias 15 e 16 de setembro, que visou capacitar professores do ensino médio a ensinar conceitos de física moderna para seus alunos. Criado em 1999 no Canadá, o PI se tornou referência internacional de pesquisa em física teórica. O workshop, ministrado no Canadá há

português está sendo preparada pelo ICTP-SAIFR.

Grupo abordou temas usando materiais como barbantes e rolhas mais de dez anos, está na sua segunda edição no Brasil, graças à parceria com o ICTP-SAIFR, concretizada no ano passado. “Um dos nossos objetivos é criar uma rede global de professores, para que possam, além de ensinar física moderna para seus alunos, organizar workshops em seus próprios países”, comentou Greg Dick, diretor de atividades de extensão em educação no PI. Além do workshop, o

PI disponibiliza materiais multimídia sobre os temas de física moderna, como, por exemplo, matéria escura, física quântica e astronomia. O material, que conta com sugestões de experimentos simples e criativos para a sala de aula, séries de perguntas para os alunos, vídeos explicativos e material de leitura, está disponível gratuitamente on-line em inglês e em francês. A versão em

KITS PEDAGÓGICOS Durante o fim de semana, 46 professores, do ensino público e do privado, utilizaram o material pedagógico do PI para realizar atividades. “É sempre bom que os professores testem os experimentos antes de levá-los aos alunos”, disse Dave Fish, consultor para atividades de extensão em educação no PI. Dick e Fish ressaltaram os desafios pedagógicos de ensinar conceitos contraintuitivos, porém essenciais da física moderna, como a teoria quântica, para alunos do ensino médio. O PI também encoraja os professores a adaptar o material às necessidades e particularidades de suas próprias turmas. Lucas Freitas, professor na ETEC Pirituba e no Colégio Objetivo, comentou já ter planos para seus alunos: “Essa dinâmica me inspirou a usar mais experimentações [na sala de aula], fazer os alunos realizarem

medições, obterem seus próprios resultados e tirarem suas próprias conclusões, e integrar esses temas a tópicos que já tenho que cobrir no currículo, até unir com outras matérias, como química”, comentou. MAS, E A ROLHA? O primeiro dos experimentos do workshop é uma forma criativa de perceber a atuação da matéria escura na rotação de estrelas na galáxia e em objetos cotidianos através de conceitos básicos de física, como o movimento circular uniforme e as leis de gravitação de Newton. Além dele, também puderam verificar o experimento da fenda dupla com grãos de areia e a física de partículas com bolas de tênis, entre outros.

Para mais informações sobre o PI e acesso ao material (em inglês), acesse: <https://goo.gl/jcVKdw>.


Ensino

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Escola da inclusão Tese analisa iniciativas de instituto federal em apoio a alunos de educação especial Maristela Garmes Shutterstock

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omo as ações de inclusão contribuem para o bom crescimento dos alunos da Educação Especial? Essa questão motivou a tese de doutorado que Thais Watakabe Yanaga defendeu no Programa de Pós-Graduação em Educação da Unesp de Presidente Prudente. Para Thais, a inclusão escolar não se refere apenas às questões de acessibilidade física e estrutural, ou de adaptação de materiais didáticos ou curriculares. Segundo ela, é preciso desenvolver uma cultura escolar que faça com que a pessoa se sinta bem naquele ambiente, sendo vista pelas suas potencialidades e não pelas suas limitações. Orientada pela professora Renata Maria Coimbra, Thais analisou as ações de inclusão desenvolvidas pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR), onde trabalha como pedagoga, e verificou de que forma elas ajudavam adolescentes e jovens da educação especial em situações de risco – aquelas em que há discriminação e preconceito. Analisando documentos do IFPR sobre inclusão, ela identificou que o Instituto busca oferecer uma educação sem diferenciação de raça, gênero, deficiência e condição social, como também uma infraestrutura adequada,

Estudantes aprovam iniciativas que respeitem suas limitações como elevador, banheiro adaptado, aquisição de softwares para a biblioteca e contratação de intérpretes de Libras. Os professores participaram do trabalho selecionando alunos em processo de resiliência. Tais alunos se caracterizam por um bom crescimento, “superam as situações de risco identificadas contra eles, por meio dos fatores de proteção encontrados no contexto social, como o apoio da família, dos amigos e professores”, explica. Os docentes também passaram por entrevistas individuais. Para eles, as ações institucionais citadas no documento oficial não são realizadas. Segundo a pedagoga, os professores em geral afirmaram que o Instituto se preocupa em oferecer uma

infraestrutura adequada, “mas não em desenvolver uma cultura inclusiva, mostrando a importância dessa integração para a comunidade acadêmica”. O QUE PENSAM OS ALUNOS? Com os alunos, além da entrevista individual, Thais pediu que fotografassem pessoas, lugares e momentos que consideravam bons e ruins no espaço escolar, explicando depois o motivo da foto. “Esse exercício permitiu analisar as ações de inclusão que eram desenvolvidas na unidade e que contribuíam para o bom crescimento desses estudantes”, afirma. Segundo os alunos, as principais ações de que participaram e nas quais se

sentiram incluídos foram as que respeitavam as suas limitações e que não os diferenciavam, entre elas integrar projetos de pesquisa como bolsistas e competir no basquete, mesmo com a limitação da visão, por exemplo. Thais avaliou que a maioria dos estudantes gosta de estudar na instituição e se sente incluída. Participaram do estudo quatro alunos surdos, um cego, um com deficiência visual, três com deficiência física, dois com síndrome de Asperger e um com síndrome de Down, além de 14 professores. A pedagoga trabalhou com professores e alunos das unidades da IFPR de Londrina, Assis Chateaubriand, Jacarezinho, Paranavaí, Telêmaco Borba e Umuarama. BEM-ESTAR DO ALUNO A educadora conta que, para identificar os alunos com que trabalharia, conciliou os fundamentos do pesquisador Michael Ungar – que estuda a resiliência em adolescentes em situação de risco – com o processo de inclusão de adolescentes e jovens no ensino médio e superior. Para Ungar, a resiliência resulta daquilo que as comunidades definem como funcionamento saudável e socialmente aceito para suas

crianças e adolescentes, bem como da capacidade dessas comunidades de prover recursos para isso. O pesquisador reforça que o processo de resiliência desses adolescentes está atrelado a sete tensões, que, ao serem resolvidas, auxiliavam seu bom crescimento psicossocial. As tensões são: acesso a recursos materiais (recursos sociais que garantam assistência financeira e concretização de necessidades); justiça social (capacidade de reivindicar direitos); poder e controle (autoconfiança e capacidade de tomar conta de si próprio); relacionamentos interpessoais (rede de familiares, professores e amigos associada a suporte emocional); identidade (percepção de habilidades e limites); coesão (senso de responsabilidade para com as necessidades da comunidade); e aderência cultural (adesão ou oposição às normas, crenças e valores da comunidade). Thais concluiu que as ações no IFPR contribuíam na resolução de cinco das sete tensões propostas por Ungar. “Somente as tensões ‘justiça social’ e ‘poder e controle’ necessitariam de outras ações, como dar voz aos alunos para que eles passem a ter uma posição mais ativa”, finaliza.

Educação atrás das grades Estudo dá voz aos detentos e avalia o ensino em unidade prisional na cidade de Avaré Shutterstock

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ntender qual o ponto de vista do preso no acesso à educação dentro do sistema prisional foi o objetivo da tese de doutorado de Carolina Cunha Seidel, da Unesp de Araraquara. “O tempo passado na escola é considerado pelos presos como um privilégio”, diz a educadora. O trabalho foi orientado pela professora Paula Ramos de Oliveira e defendido dia 29 de agosto, no Programa de Pósgraduação em Educação Escolar da Unesp de Araraquara Carolina conta que além da remissão da pena – cada três dias de aula geram a diminuição de um dia de pena – os momentos de

escolarização representam para o grupo um tempo de partilha, de troca, de construção. Em 2016, a pesquisadora trabalhou em um complexo penitenciário da cidade de Avaré (SP), com 30 presos, de um total de 60 que frequentam as aulas e 540 presos presentes na unidade. Segundo o preso E.L., 22 anos, “enquanto estamos trabalhando é bom, ocupamos a mente da gente... Mas depois, à tarde, vou pra escola, lá me sinto livre; escola é escola, em qualquer lugar”. Carolina conta que apenas dois detentos haviam iniciado ensino superior, três possuíam ensino médio completo, e os demais tinham apenas ensino

ministrar as aulas”, conta. O monitor A.V., de 38 anos, fala de sua experiência: “Dou português e matemática, que é o que sei, mas falo também de política, que é o que gosto e o motivo de estar aqui”.

Monitores presos queixam-se da falta de recursos didáticos fundamental. Somente os presos de “bom comportamento”, escolhidos pela administração, podem participar das aulas. As aulas acontecem diariamente, de

tarde, ministradas por monitores escolhidos pelos participantes das aulas. “Em geral, são os presos com maior nível de escolaridade que apresentam o desejo de

CONHECENDO A REALIDADE Segundo a pesquisadora, os monitores-presos não dispõem de recursos tecnológicos e didáticos adequados. Além disso, muitas vezes, os alunos tinham que se ausentar das aulas por conta de atividades como audiências, castigos ou dinâmicas internas. “A escola não é vista como prioridade pelos administradores nessas instituições”, lamenta. (MG)


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Geral

79 cursos obtêm 5 estrelas no Guia do Estudante Publicação que circula desde 16 de outubro apresenta dados de 2017

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Unesp teve 79 cursos de graduação avaliados “5 estrelas” pelo Guia do Estudante (GE) Profissões Vestibular 2018, que circula nas bancas desde o dia 16 de outubro. Nesta 26ª edição da publicação, com dados de 2017, além dos cursos que receberam 5 estrelas, 64 obtiveram 4 estrelas; e 4 foram contemplados com 3 estrelas.

SOBRE O GUIA DO ESTUDANTE Para compor a avaliação do Guia do Estudante, é feita uma pesquisa de opinião com professores e coordenadores de curso. Em primeiro lugar, a universidade tem de estar apta a participar da avaliação. A pesquisa teve alguns passos: atualização dos dados das instituições, para fazer levantamento dos cursos;

científica e instalações físicas, entre outros. Por se tratar de uma pesquisa de opinião, os resultados refletem, sobretudo, a imagem que o curso tem perante a comunidade acadêmica. definição dos cursos que serão avaliados; preenchimento do formulário com informações específicas de cada curso (feito pelos próprios coordenadores dos cursos); e pesquisa de opinião com os pareceristas.

Cada um recebe notas de, no mínimo, 6 pareceristas e atribuição dos conceitos. O questionário que é enviado para os educadores é composto por questões com temas relativos a corpo docente, produção

Veja lista de cursos avaliados por cidade, curso e número de estrelas em: <https://goo.gl/ST914u>

Unesp e Santander renovam parceria Projetos focam empreendedorismo, diversidade, língua inglesa, bem-estar e sustentabilidade Renato Coelho

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Unesp e o Santander Universidades firmaram parceria para os próximos quatro anos. A cerimônia de assinatura do convênio ocorreu no dia 30 de agosto, na sede do Banco Santander, em São Paulo (SP), com a presença de autoridades do Banco e da Unesp, incluindo o Gabinete e os diretores de Unidades Universitárias. “Essa parceria mostra como uma corporação pública e outra privada, com histórias, crenças e culturas distintas, podem criar espaços para o entendimento e o acordo, selando relações duradouras”, afirmou o reitor da Unesp, Sandro Roberto Valentini. “Acreditamos que os

Representantes da Universidade e do Santander na sede do banco, em São Paulo: parceria envolve cerca de R$ 16 milhões projetos contribuirão para o fortalecimento da comunidade acadêmica e, principalmente, para que as pessoas e os negócios que elas podem

empreender prosperem”, disse Ronaldo Rondinelli, diretor do Santander Universidades. A parceria envolve um total de cerca de R$ 16

milhões, sendo R$ 5 milhões relacionados com espaços bancários nas unidades, e R$ 11 milhões destinados aos subprojetos denominados

Empreendedorismo e Inovação; Educação para a Diversidade; Língua Inglesa na Unesp; Bem Viver para tod@s; e Sustentabilidade.

Portal da Fundunesp tem novo layout Reprodução

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Fundação para o Desenvolvimento da Unesp (Fundunesp) inaugurou o novo layout de seu portal. Vanderlan da Silva Bolzani, vice-presidente da Fundação e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e professora do Instituto de Química (IQ) da Unesp em Araraquara, convida a comunidade unespiana a visitar o novo espaço na internet. “No contexto organizacional de uma instituição, a internet é a fotografia digital do próprio funcionamento de

qualquer setor, seja público ou empresarial”, ressalta Vanderlan. “Não importa o tamanho e importância de seu campo de atuação, o uso de sistemas integrados de gestão, páginas web, portais corporativos e intranets são hoje os meios de conexão e expressão mais importantes de uma organização, com públicos diversos.” Além de fornecer informações sobre a história e a missão da Fundunesp, o portal apresenta dados sobre contratos e convênios atualmente mantidos e também

projetos acadêmicos apoiados em oito áreas: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Sociais Aplicadas, Educação, Engenharias e Multidisciplinar. São também oferecidas informações sobre eventos e patrocínios promovidos pela Fundação.

O portal da Fundunesp pode ser acessado em: <https://www.fundunesp. unesp.br/>

Espaço fornece dados sobre contratos, convênios e projetos apoiados


Gente

Renato Coelho

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Assessora – e pessoa de confiança – de Raquel Dodge EBC

Garcia trabalha com tratamento de rejeitos e reuso de águas certo e serve como combustível para desenvolver mais trabalhos, gerando novos conhecimentos e a formação de recursos humanos”, comenta. Garcia atribui a conquista a pessoas que conheceu em sua atividade e que o fizeram crescer pessoal e profissionalmente. “Eu tive o melhor discente que algum docente pode ter, Lucas Tadeu Fuess, e tive os melhores orientadores que um discente pode ter, Marcelo Zaiat e Lars Angenent”, acentua.

Na presidência da Sociedade Brasileira de Paleontologia João Moretti Junior – Assessoria de Imprensa da FC/Bauru

Divulgação

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professor Renato Pirani Ghilardi é o novo presidente da Sociedade Brasileira de Paleontologia. Docente do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências do Câmpus de Bauru da Unesp, ele estará à frente da entidade no biênio 2017/2019. Ghilardi foi eleito no dia 21 de julho, durante o XXV Congresso Brasileiro de Paleontologia, realizado na cidade de Ribeirão Preto (SP). A chapa por ele encabeçada possui professores de diversas universidades brasileiras que trabalham com paleontologia. A nova direção da entidade promete atuar junto aos órgãos federais para regularizar algumas leis que dizem respeito ao trabalho, coleta e transporte de fósseis em território nacional. “A legislação relativa à nossa área é de 1942”, alerta Ghilardi. “Uma das propostas da chapa é também fazer com que a Capes qualifique melhor as revistas de paleontologia dentro da área de biodiversidade.” O docente garante que os associados terão uma gestão humanizadora. Ele conta que durante o Congresso que o elegeu foi realizada uma histórica mesa-redonda, em que as paleontólogas e estudantes da área puderam relatar

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SEMPRE UNESP

Professor vence Prêmio Fundação Bunge Juventude ste ano, o vencedor do Prêmio Fundação Bunge Juventude na categoria Desafios Globais da Sustentabilidade do Agronegócio Brasileiro foi Marcelo Loureiro Garcia, professor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), da Unesp de Rio Claro. Em sua 38ª edição, o prêmio este ano contemplou a área de Ciências Agrárias. A cerimônia de premiação aconteceu no dia 27 de setembro no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo (SP), com a presença do governador do Estado, Geraldo Alckmin, do prefeito da cidade de São Paulo, João Doria, e do reitor da Unesp, Sandro Roberto Valentini, entre outras autoridades. O professor Garcia foi reconhecido pelos estudos ligados ao tratamento de rejeitos e ao reuso de águas, com aplicação de métodos destinados a reduzir impactos ambientais. Atua no curso de graduação em Engenharia Ambiental e no programa de pósgraduação em Geociências e Meio Ambiente do IGCE. Ele ressalta que a premiação estimula a continuidade de um trabalho de muitos anos. “É um indicador de que estamos percorrendo o caminho

Outubro 2017

Legislação do setor precisa ser atualizada, segundo Ghilardi os casos de assédio moral e sexual sofridos na academia. “Esse problema está muito mais comum e próximo do que imaginamos. É fundamental que as escutemos e que policiemos a ação, não só sexista mas de relação de poder abusivo, que alguns colegas julgam normal dentro do meio acadêmico”, finalizou.

Contato com o professor Renato Pirani Ghilardi: <ghilardi@fc.unesp.br >.

Raquel Branquinho acompanha investigações de denúncias de corrupção

A

procuradora da República Raquel Branquinho, indicada pela nova procuradora-geral da República Raquel Dodge para acompanhar os trabalhos das CPIs que investigam as denúncias de corrupção no governo, é egressa do curso de Direito da Unesp de Franca. A confirmação dos integrantes do Ministério Público Federal (MPF) que atuarão na operação Lava Jato foi publicada no dia 19 de setembro, no Diário Oficial da União. PERFIL Assessora especial e pessoa de extrema confiança da nova procuradora-geral da República, Raquel Branquinho Pimenta Mamede Nascimento já teve uma atuação importante no escândalo do Mensalão, na década passada. Nasceu em Franca, mas, acompanhando a família, morou em outros municípios da região, como Igarapava, Patrocínio Paulista, Itirapuã e Cristais Paulista, até se radicar de vez em sua cidade natal. Filha de uma funcionária da Secretaria da Fazenda do Estado, Raquel Branquinho cursou o colegial (o atual ensino médio) na Escola Estadual Torquato Caleiro e, graças a uma bolsa de estudo integral, fez inglês na Cultura Inglesa. Em uma entrevista dada para a Memória do Ministério Público Federal, em 2005, em Brasília, ela relembrou que escolheu Direito como forma de unir o útil ao agradável. “Tinha uma faculdade pública boa de um curso que eu

queria, na cidade onde morava. Seria o meu objetivo”, ressalta. No segundo ano do 2º grau, começou a trabalhar na Livraria Martins e prestou vestibular para ver como era. “E, realmente, eu tive a sorte de passar!”, disse. No ano seguinte, terminou o terceiro ano colegial, prestou novamente o vestibular e iniciou 1989 cursando Direito na Unesp de Franca. Na mesma época, conseguiu um emprego na agência do BCN – Banco de Crédito Nacional. Sempre por meio de concursos e se estabelecendo pela eficiência no trabalho, Raquel Branquinho foi trabalhar na 1ª Vara Cível do Fórum de Franca. Depois, passou em concursos para auxiliar e em seguida para técnico da Justiça do Trabalho, atuando em Franca. Com seu marido transferido para Brasília, Raquel foi trabalhar no TST em Brasília. Nessa época, fez concurso e foi aprovada para procuradora do Distrito Federal. Quando trabalhava no cargo, prestou outro concurso e passou para procuradora da República. Seu primeiro posto foi em Campinas, depois foi para o Rio de Janeiro e, por último, para Brasília, onde se destacou por sua atuação, sendo convidada para ser a assessora especial de Raquel Dodge, empossada no dia 18 de setembro. Mais informações: <https://goo.gl/pQREyn>; <https://goo.gl/2waAcF>; <https://goo.gl/JWXP3s>.


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Alunos

Incertezas do mercado Mestrado ganha prêmio por mostrar força da subjetividade no comportamento de bolsas de valores

Para Raquel, fator humano faz com que bolsas sejam imprevisíveis

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chamada economia comportamental ganha cada vez mais espaço entre os especialistas, por questionar a tradição da ciência econômica que acredita no princípio de mercados eficientes, marcados por um funcionamento racional. Devido a suas pesquisas na economia comportamental, o norte-americano Richar Thaler recebeu em outubro o Nobel de Economia. Pelo seu trabalho nessa linha de pensamento, Érika Regina da Silva Gallo obteve o 1º lugar no XXIII Prêmio Brasil de Economia, na categoria Dissertação de Mestrado. A

premiação, anunciada no dia 8 de setembro, é promovida pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon). “É uma honra ter recebido esse prêmio, que é uma das principais distinções concedidas em nossa categoria”, assinala Érika, que é professora da PUC-Campinas. A dissertação foi apresentada no final de 2016 no Programa de Pós-Graduação em Economia da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp de Araraquara, sob a orientação do professor Mario A. Bertella. Érika afirma que a dissertação teve uma dimensão teórica e outra prática. No primeiro caso, a autora

Estudo é destaque em evento internacional

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Guacira apresentou estudo sobre contaminantes em áreas portuárias Guacira ressalta que sua apresentação abordou a ação dos contaminantes individualmente, além de discutir as consequências de sua mistura, algo que ainda é pouco estudado no país. “Os resultados do mestrado poderão colaborar para a regulamentação do uso do Irgarol no Brasil”, afirma. O mestrado é orientado pelo professor Denis Abessa e realizado no Núcleo de Estudos em Poluição e Ecotoxicologia Aquática (NEPEA), do CLP.

conta os preços passados das ações. “Nesse modelo, incluí o pressuposto da aversão ao risco, inexistente na economia tradicional”, esclarece. De acordo com a economista, com a inclusão do viés comportamental da aversão ao risco, o modelo começou a apresentar muita volatilidade. “Esse modelo artificial se comportou de maneira muito semelhante ao das bolsas de valores reais”, destaca. “Existe uma subjetividade que afeta o ser humano e que vai levá-lo a tomar decisões intempestivas, que vão fazer com que a bolsa de valores funcione de maneira pouco previsível.”

Doutoranda é secretária de Meio Ambiente em Sorocaba Divulgação

estudo “Toxicity of common contaminants of port areas on aquatic invertebrates” foi premiado como melhor trabalho em apresentação oral no 12º SETAC Latin America Meeting. A apresentação do trabalho foi feita por Guacira Pauly, aluna de mestrado do Programa de Biodiversidade do Câmpus do Litoral Paulista (CLP), da Unesp. O evento foi realizado entre os dias 7 e 10 de setembro, na Universidade Santa Cecília (Unisanta), em Santos (SP). O trabalho apresentado baseou-se no mestrado de Guacira, que está investigando três substâncias presentes em regiões portuárias: o biocida Irgarol, a amônia e o detergente Linear Alquil Benzeno Sulfonato. O Irgarol é um produto usado para evitar a incrustação de invertebrados marinhos, como algas e pequenos crustáceos, em superfícies que ficam embaixo d’água, como o casco dos navios. “Esse produto pode contaminar o ambiente e ser tóxico para alguns organismos invertebrados, como crustáceos e moluscos”, adverte a pesquisadora. Os outros dois contaminantes são geralmente encontrados em esgotos domésticos e industriais.

promoveu um debate em que utilizou os argumentos da economia comportamental para combater a noção de racionalidade econômica. No segundo, a pesquisadora recorreu a modelos matemáticos para reproduzir o funcionamento de uma bolsa de valores. Para isso, ela simulou a atividade de dois agentes que atuariam nesse espaço: o primeiro, denominado “fundamentalista”, que seguia os fundamentos econômicos tradicionais, como obtenção de dividendos e garantia de fluxo, por exemplo. O segundo, chamado de “grafista”, formava suas expectativas levando em

O trabalho apresentado no encontro teve como coautores Ana Carolina Cruz, Gabriela Daniel, Bruno Campos e Giam Luca Altafim, além do professor Abessa. Outro premiado no evento foi o doutorando Marcos Krull (atualmente cursando uma universidade norte-americana), que durante o mestrado foi coorientado pelo professor Abessa. O congresso teve cerca de 500 inscritos, de 17 paí­ ses, e cerca de 450 trabalhos apresentados.

A

luna de doutorado Câmpus da Unesp de Sorocaba, Karen Regina Castelli assumiu no dia 31 de agosto o cargo de secretária municipal de Meio Ambiente, Parques e Jardins da cidade. “Está sendo desafiador, mas estou aprendendo bastante”, confessa Karen sobre sua atual experiência. Ela fez a graduação em Biologia na PUC de Sorocaba e realizou seu mestrado no Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil e Ambiental da Unesp, com a orientação do professor Alexandre Marco da Silva, que agora também a orienta no doutorado. Karen vem desenvolvendo seu trabalho com o tema de restauração ecológica de áreas degradadas. No mestrado, a pesquisadora comparou três áreas submetidas a métodos diferentes de recuperação ambiental, numa propriedade rural no município de Bofete (SP). Com previsão de se encerrar em meados de 2019, o doutorado avalia técnicas de recuperação em três parques de Sorocaba. Como secretária, Karen destaca que seu principal desafio é gerir os grandes parques da cidade, além do Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, considerado um dos melhores do país. “É preciso fazer essa gestão junto com outras secretarias,

uma gestão sustentável da cidade, num quadro de poucos recursos”, argumenta. O professor Silva considera que sua orientanda tem qualidades para exercer o cargo de secretária, como bom relacionamento político, experiência profissional e formação acadêmica de qualidade. “Por outro lado, entende-se que importantes parcerias entre prefeitura e Universidade podem ser abertas, além daquelas já existentes, para cooperação mútua entre as instituições na área de meio ambiente”, enfatiza. Divulgação

Divulgação

Karen trabalha com restauração ecológica de áreas degradadas


Geral

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AGÊNCIA UNESP DE INOVAÇÃO

Empresas Juniores se encontram em Ilha Solteira Divulgação

GOVERNADOR: Geraldo Alckmin SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SECRETÁRIO: Márcio França

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ntre os dias 6 e 8 de outubro aconteceu no Câmpus de Ilha Solteira o XXIII Encontro de Empresas Juniores da Unesp (Enejunesp). Cerca de 40 empresas juniores participaram desse evento, que reuniu mais de 400 congressistas de 19 câmpus. A mesa de abertura do encontro teve a presença do reitor Sandro Valentini; da pró-reitora de Extensão, Cleopatra da Silva Planeta; do coordenador da Agência Unesp de Inovação (AUIN), Guilherme Wolff; do prefeito de Ilha Solteira, Otávio Gomes; do diretor e do vice-diretor do câmpus local

REITOR: Sandro Roberto Valentini VICE-REITOR: Sergio Roberto Nobre PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO: Leonardo

Theodoro Büll PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO: Gladis Massini-Cagliari PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO: João Lima Sant’Anna Neto PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:

Participantes do evento, que teve palestras e workshops da Unesp, respectivamente Enes Furlani Junior e Ricardo Alan Verdú Ramos; além de Alexandra Mendonça, presidente do Núcleo das Empresas Juniores da Unesp. A programação do evento envolveu palestras, workshops e mesa-redonda.

Um momento importante das atividades foi o encontro da pró-reitora Cleopatra com os estudantes, em que foi discutida a Portaria 264, que regulamenta as empresas juniores da Universidade.

Nome social para transgêneros

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Unesp aprovou, no Conselho Universitário de 29 de junho, uma resolução que assegura a inclusão, quando requerida por docentes, servidores e discentes, do nome social de travestis e transexuais, para fins de adequação de gênero, nos registros funcionais e acadêmicos da Universidade. O documento, pioneiro entre as universidades públicas paulistas, surge de uma demanda da comunidade da instituição e é resultado de uma ampla pesquisa de normas existentes no Brasil, na Europa e nos EUA. “O reconhecimento do nome social pela Unesp é um grande marco para os direitos humanos na universidade”, diz Daniela Cardozo Mourão, docente da Faculdade de Engenharia da Unesp de Guaratinguetá, integrante da comissão responsável pela redação da Resolução aprovada, que teve participação de representantes dos diversos segmentos da Universidade, sob a presidência de Maria Aparecida Custódio Domingues, assessora da Pró-reitoria de Graduação. A Resolução assegura o direito para transgêneros, e ressalta que deve ser utilizada para a adequação de gênero. Busca evitar, portanto, que pessoas possam desrespeitar a norma,

seja para fazer gracejo, trote ou protesto ideológico, realizando alterações como João para John ou Maria para Madona. A Resolução não permite a mudança do sobrenome, como o uso de algum nome famoso ou artístico, pois distorceria o princípio da lei que é a dignidade e o constrangimento do nome civil. Outro diferencial nessa Resolução é a inclusão de pós-docs, servidores temporários, visitantes e participantes de eventos, que teoricamente já estariam cobertos pelo Decreto Estadual nº 55.888, de 17 de março de 2010. O Artigo 2º dispõe que “o requerimento de inclusão do nome social deverá ser protocolado na Área de Comunicações e deverá ser encaminhado ao dirigente da Unidade, e na Reitoria, ao reitor, para providências das áreas de Recursos Humanos, quando a pessoa interessada for docente ou servidor técnicoadministrativo, de Graduação, quando discente de graduação, de Pós-Graduação, quando discente de pós-graduação, ou outras que sejam responsáveis por essa inclusão nos sistemas institucionais da Universidade”. No Artigo 4º a Resolução dispõe que “o nome social deverá preceder o nome civil no

histórico escolar, ata de colação de grau, diploma, declarações, certificados e demais documentos oficiais que venham a produzir efeitos perante terceiros, e a especificação de cada nome virá entre parênteses, tal qual o modelo que consta do Anexo II da Resolução”. Portanto, apenas o nome social será usado internamente. Nos documentos para uso externo será explicitado qual é o nome social e qual é o nome civil. O artigo 6º afirma: “Deve ser garantido, no âmbito institucional, a todos os interessados que solicitarem a utilização do uso do nome social, o direito ao tratamento oral exclusivamente pelo nome social requerido, em qualquer circunstância, não cabendo qualquer tipo de objeção de consciência”. Esse artigo, baseado na Resolução Federal nº 12, garante o respeito a travestis e transexuais, por parte de professores e funcionários que queiram, por questões pessoais ou ideológicas, utilizar o nome civil para os constranger publicamente ou como forma de agressão.

Mais informações em: <https://goo.gl/Me9gBF>.

Cleopatra da Silva Planeta PRÓ-REITOR DE PESQUISA: Carlos Frederico de Oliveira Graeff SECRETÁRIO-GERAL: Arnaldo Cortina CHEFE DE GABINETE: Carlos Eduardo Vergani ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E IMPRENSA : Oscar D’Ambrosio ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE INFORMÁTICA :

Edson Luiz França Senne ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA JURÍDICA :

Edson César dos Santos Cabral ASSESSOR-CHEFE DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO:

José Roberto Ruggiero ASSESSOR-CHEFE DE RELAÇÕES EXTERNAS:

José Celso Freire Júnior ASSESSOR ESPECIAL DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:

Rogério Luiz Buccelli DIRETORES/COORDENADORES-EXECUTIVOS DAS UNIDADES UNIVERSITÁRIAS:

Max José de Araújo Faria Júnior (FMV-Araçatuba), Wilson Roberto Poi (FO-Araçatuba), Luis Vitor Silva do Sacramento (FCF-Araraquara), Elaine Maria Sgavioli Massucato (FO-Araraquara), Cláudio César de Paiva (FCL-Araraquara), Eduardo Maffud Cilli (IQ-Araraquara), Andréa Lúcia Dorini de Oliveira (FCL-Assis), Marcelo Carbone Carneiro (FAAC-Bauru), Jair Lopes Junior (FC-Bauru), Luttgardes de Oliveira Neto (FE-Bauru), Carlos Frederico Wilcken (FCA-Botucatu), Pasqual Barretti (FM-Botucatu), Maria Dalva Cesario (IB-Botucatu), José Paes de Almeida Nogueira Pinto (FMVZ-Botucatu), Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo (FCAT-Dracena), Célia Maria David (FCHS- -Franca), Mauro Hugo Mathias (FE-Guaratinguetá), Enes Furlani Junior (FE-Ilha Solteira), Antonio Francisco Savi (Itapeva), Pedro Luís da Costa Aguiar Alves (FCAV-Jaboticabal), Marcelo Tavella Navega (FFC-Marília), Edson Luís Piroli (Ourinhos), Marcelo Messias (FCT-Presidente Prudente), Patrícia Gleydes Morgante (Registro), Cláudio José Von Zuben (IB-Rio Claro), José Alexandre de Jesus Perinotto (IGCE-Rio Claro), Guilherme Henrique Barris de Souza (Rosana), Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira (Ibilce-São José do Rio Preto), Estevão Tomomitsu Kimpara (ICT-São José dos Campos), Valerie Ann Albright (IA-São Paulo), Marcelo Takeshi Yamashita (IFT-São Paulo), Marcos Antonio de Oliveira (IB/CLP-São Vicente), Eduardo Paciência Godoy (ICT-Sorocaba) e Danilo Fiorentino Pereira (FCE-Tupã).

EDITOR: André Louzas REDAÇÃO: Marcos Jorge COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Ivan Cardoso, João Moretti

Junior, Maristela Garmes e Sérgio Santa Rosa (texto); Renato Coelho, Roberto Rodrigues e Amanda Fernandes (foto) EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Phábrica de Produções Alecsander Coelho e Paulo Ciola (direção de arte); Daniela Bissiguini, Érsio Ribeiro, Kauê Rodrigues, Marcelo Macedo e Rodrigo Alves (diagramação) REVISÃO: Maria Luiza Simões PRODUÇÃO: Mara Regina Marcato APOIO ADMINISTRATIVO: Thiago Henrique Lúcio TIRAGEM: 3,5 mil exemplares Este jornal, órgão da Reitoria da Unesp, é elaborado mensalmente pela Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI). A reprodução de artigos, reportagens ou notícias é permitida, desde que citada a fonte. ENDEREÇO: Rua Quirino de Andrade, 215, 4.º andar, Centro, CEP 01049-010, São Paulo, SP. Telefone: (11) 5627-0323. HOME PAGE: http://www.unesp.br/jornal E-MAIL: jornalunesp@reitoria.unesp.br IMPRESSÃO: 46 Indústria Gráfica

VEÍCULOS Unesp Agência de Notícias: <http://unan.unesp.br/>. Rádio Unesp: <http://www.radio.unesp.br/>. TV Unesp: <http://www.tv.unesp.br/>.


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Cultura

PIAP interpretou obras de chineses e brasileiros

ENTRE SONS E IMAGENS Mostra de cinema e concerto de percussão em São Paulo celebram Dia do Instituto Confúcio Oscar D'Ambrosio

Fotos Amanda Fernandes

P

ara celebrar o Dia do Instituto Confúcio, realizado simultaneamente em todos os países onde a instituição está instalada, para unir ações que buscam a divulgação da língua e da cultura chinesas, o Instituto Confúcio na Unesp promoveu, em setembro e outubro, em São Paulo (SP), duas ações: um Concerto de Percussão, que teve no repertório obras chinesas e brasileiras, e uma Mostra de Cinema Chinês. Ambas foram prestigiadas por autoridades da Unesp e do país oriental. A primeira ação ocorreu dia 26 de setembro, no Instituto de Artes (IA) da Unesp, Câmpus de São Paulo. O Grupo de Percussão do Instituto de Artes (PIAP) executou obras de cinco compositores: dois chineses (Guo Wenjing e Tona Scherchen-Hsiao) e três brasileiros (Alexandre Lunsqui, Arthur Rinaldi e Carlos Stasi). Criado por John Boudler em 1978 para o aperfeiçoamento acadêmico-artístico de seus integrantes e como veículo de divulgação do repertório para percussão no Brasil, o Grupo, atualmente dirigido por Stasi, é formado pelos alunos do Curso de Bacharelado em Percussão da Universidade. Sobre sua obra Shi, de 2008, apresentada no evento, Lunsqui disse que ela foi criada a partir de uma visita a Chinatown, em Nova Iorque. “Munido de

Liu Zhenyun falou de seu romance Eu não matei meu marido

Filha de Zhenyun, Liu Yulin fez filme inspirado na obra do pai

dois chopsticks (hashi), fui experimentando as sonoridades de pequenos jarros de vidro, tigelas, pratos de cerâmica, pratos de madeira, suportes para pratos, e todo tipo de aparato usado na cozinha chinesa”, informa. “Culturalmente falando, a reunião das pessoas ao redor da comida é especialmente importante na China. É um momento festivo, de diálogos sobrepostos, dos sons percutidos e friccionados dentro de uma rica coreografia culinária. Procurei extrair alguns desses elementos e organizá-los num discurso musical que celebra movimento, diversidade de gestos e cores, e principalmente júbilo”, complementa. Premiada em primeiro lugar no I Concurso Nacional de Composição para Instrumentos de Percussão Brasileiros Hildegard Soboll Martins, Septeto (2008), de

Rinaldi, teve como ponto de partida a proposta de uma composição para instrumentos de percussão tradicionais da cultura musical brasileira. “O resultado sonoro é uma peça caracteristicamente contemporânea que explora algumas das potencialidades musicais desses instrumentos, contribuindo para a sua inserção no repertório das salas de concerto”, explicou o compositor. 33 Samra Zabobra (1987), uma das poucas obras de Carlos Stasi para grupo de percussão, também foi interpretada no concerto. Composta para a primeira turnê do Grupo PIAP aos EUA, é resultado de suas pesquisas com o instrumento reco-reco. “Apresento um estilo diferente de outras peças que compus para esse instrumento, com técnicas originais de execução, tanto para ele como para a matraca”, observou.

MOSTRA DE CINEMA A 3ª Mostra do Cinema Chinês ocorreu de 28 de setembro a 8 de outubro, numa promoção conjunta do Instituto Confúcio na Unesp com o Centro Cultural São Paulo (CCSP) e a Spcine. A mostra, apresentada no CCSP, com curadoria de Wang Yao, da Beijing Film Academy, exibiu 12 filmes em 25 sessões. Contou também com convidados para participar de conversas com o público e houve uma retrospectiva de cinco filmes do diretor Pema Tseden, vencedor de prêmios em festivais como Locarno e Veneza. Dia 29 de setembro ocorreu uma conversa com o público com a participação da cineasta Liu Yulin e do seu pai, o romancista Liu Zhenyun. Ela apresentou seu primeiro longa-metragem, Alguém para conversar (2016), uma adaptação da obra literária escrita por ele. Na história, um sapateiro vive um conflito com sua mulher e sua irmã mais velha pensa em se casar. “Ambos desejam desesperadamente se comunicar com alguém, apesar de estarem em situações opostas”, contou. Liu Zhenyun é também autor da obra Eu não matei meu marido, que foi inspiração para o filme exibido na mostra Eu não sou madame Bovary, do diretor Feng Xiaogang. A história acompanha a jornada de dez anos de Li Xuelian, mulher

do campo falsamente acusada pelo marido de ter um caso fora do casamento. “Para se defender, ela resolve sair de sua aldeia rumo à cidade grande, e de lá até a capital, para recorrer à Justiça. Ela é uma pessoa determinada frente a uma intensa burocracia”, comentou o escritor. “Os dois eventos, o concerto e a mostra de cinema, ajudaram a refletir sobre a cultura e história da China contemporânea”, avaliou Luis Antonio Paulino, diretorexecutivo do Instituto Confúcio na Unesp, cuja sede é em São Paulo. INSTITUTO CONFÚCIO O Instituto Confúcio (IC) na Unesp foi o primeiro a ser instalado no Brasil, em 2009, e recebeu duas vezes o prêmio de IC do ano. Atende alunos da Unesp, estudantes do ensino básico e fundamental das escolas públicas e membros da comunidade nas 13 cidades do Estado de São Paulo onde atua (a capital e Araraquara, Assis, Botucatu, Franca, Ilha Solteira, Jaboticabal, Jacareí, Marília, Presidente Prudente, São José do Rio Preto, São José dos Campos e São Vicente). Também mantém convênios com outras universidades, prefeituras e instituições do Estado.

Informações: <http://www.institutoconfucio. com.br/>.

Roberto Rodrigues

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