Estudos mostram Comunidade benefícios da 6 universitária 12 música em casos participa do Plano como tratamento da hipertensão
de Desenvolvimento Institucional
Mutação de gene permitiu 5 melhoramento bovino na Europa, entre os séculos XVI e XVIII
Fotos Marcos Jorge
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA • ANO XXXIII • NÚMERO 342 • ABRIL 2018
JOVENS VIAJAM NA CIÊNCIA Evento International Masterclass 2018 proporciona a alunos do ensino médio um contato direto com o conhecimento sobre temas como física de partículas, matéria escura e astrofísica por meio de teleconferências com pesquisadores que atuam na Suíça e estudantes de outros países, além de vivenciar o cotidiano da atividade científica. páginas 8 e 9.
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Novo Portal Unesp apresenta visual moderno e padronização de informações
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Conselho de Reitores e Tribunal de Contas analisam Lei Paulista de Inovação
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Mestrado profissional em Engenharia de Produção liga Universidade a empresas
Nação estilhaçada Violência afeta cotidiano da população brasileira. Edição disponível apenas on-line em <http://www.unesp.br/jornal>.
2 A escola e os reflexos da violência contra a mulher no Brasil Abril 2018
Artigo
É preciso relacionar a violência doméstica a suas consequências na esfera escolar, para que crianças e adolescentes envolvidos façam escolhas conscientes e deem novo significado a suas vivências Adriana Ferreira Serafim de Oliveira 123RF
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violência contra a mulher no Brasil recebeu influências do poder simbólico masculino exercido nas sociedades, de maneira que a cultura da sociedade estrangulava as manifestações contrárias à consideração de normalidade desse fenômeno. As reações a esse entendimento iniciaram-se nos movimentos feministas a partir de meados do século XIX e proporcionaram conquistas às mulheres em termos de legislação e implementação de políticas públicas para o enfrentamento da violência de gênero e doméstica. As tutelas oferecidas pela legislação brasileira no combate à violência de gênero e doméstica receberam inspirações dos tratados internacionais de erradicação da violência contra as mulheres e com referência aos direitos humanos. A Lei nº 11.340/200, conhecida como “Lei Maria da Penha”, criou mecanismos para coibir esse tipo de violência, nos termos da Constituição Federal de 1988. O mesmo diploma legal dispõe a respeito da igualdade de gêneros, considerando que toda mulher é detentora dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservando sua saúde física e mental, como também seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. O Brasil conta com a elaboração e a implementação de políticas públicas para o enfrentamento desse tipo de violência; são serviços especializados, tais como: o disque denúncia, pelo qual qualquer indivíduo pode denunciar uma situação de violência de gênero ou doméstica; as Delegacias de Polícia para Mulheres, para que as mulheres e sua prole sejam atendidas para as providências criminais a respeito da violência que sofreram; os Centros de Referência para a Mulher, onde os envolvidos
A escola referenda modelos, conceitos, preconceitos, e os conflitos ocorrem quando o diferente é apresentado em situação de violência vão receber atendimento social, encaminhamento e orientação quanto às providências que devem ser tomadas em cada caso; os Juizados Especializados, os quais contam com funcionários e juízes de direito para julgarem os crimes ocorridos contra as mulheres, sendo que os procedimentos são céleres; e as casas-abrigo, em casos em que a vítima deve ser afastada de seu lar, o que geralmente ocorre com a acolhida da mulher e seus filhos. A violência doméstica está presente na sociedade há gerações e, conforme a sociedade brasileira sofreu transformações, o papel da mulher foi transitando dentro das sociedades e as crianças e os adolescentes receberam as tutelas aos seus direitos, deixando de ser vistos apenas pela ótica do pátrio poder, mas como o ser humano formador da sociedade futura, o qual deve ter garantidos seus direitos para que
as suas capacidades humanas floresçam. Crianças e adolescentes envolvidos em contexto de violência doméstica, muitas vezes derivada da violência de gênero que sua genitora sofre, podem apresentar comportamentos agressivos ou dispersivos nas atividades escolares. A escola, por sua vez, enquanto instituição, desempenha um papel na manutenção das verdades e posturas sedimentadas ao longo do tempo, pois os jovens significam-se nesse espaço. Nas práticas cotidianas, a escola referenda modelos, conceitos, preconceitos, e os conflitos ocorrem quando o diferente é apresentado, e o esforço para a sedimentação é proporcional ao potencial de transformação apresentado. A violência escolar, ao invés de ser entendida e analisada para haver uma ação de transformação, tendeu e ainda tende a ser sufocada e passível
de atitudes apenas punitivas, em que pese o drama pessoal de cada aluno, mesmo que seja a vivência de conflitos de violência no seio familiar. A unificação, conforme ensina Marilena Chauí (1998), deve ser buscada, pois é essa união da diversidade que irá possibilitar que esse estudante transponha a barreira do círculo vicioso de violência, coloque-se aquém do mesmo, observe sua dinâmica e possa promover escolhas conscientes. Uma explicação palpável encontra-se no discurso de Chauí (1998) quanto às desigualdades, que propõe que uma das práticas mais importantes da política democrática consiste justamente em propiciar ações capazes de unificar a dispersão e a particularidade das carências em interesses comuns e, graças a essa generalidade, fazê-las alcançar a esfera universal dos direitos. A autora considera ainda que privilégios e carências determinam as desigualdades em todas as esferas da sociedade,
inclusive em âmbito escolar. Essa conclusão em relação aos reflexos da violência doméstica nas escolas pode proporcionar que crianças em dispersão dos desígnios escolares sejam alcançadas pela unificação e alcancem os saberes e a formação, o que é congruente com a procedibilidade dos direitos universais. Essa unificação, somada com a capacidade de professores e gestores identificarem jovens em contexto de violência em suas famílias, pode possibilitar que essas crianças e adolescentes deem novo significado às suas vivências, rompendo o paradigma de que a violência é componente natural da vida.
Adriana Ferreira Serafim de Oliveira é doutoranda em Educação pela Unesp de Rio Claro, mestre em Direito e professora.
Entrevista
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Tensas relações de gênero Cientista social analisa violência na Universidade e compara legislação no Brasil e no Uruguai Oscar D’Ambrosio 123RF
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outoranda e mestre em Ciências Sociais pela Unesp, Câmpus de Marília, Camila Rodrigues da Silva é pesquisadora do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero (LIEG/Unesp) e membro do Grupo de Pesquisa Cultura e Gênero e do Grupo de Estudos Mundo Contemporâneo (Gemuc/ Unesp). Atua nas áreas de sociologia e antropologia com ênfase em relações de gênero, feminismos e violência contra a mulher. Nesta entrevista, Camila discute a questão da violência de gênero na Universidade e os desafios da implantação de leis para combater a violência contra as mulheres no Brasil e no Uruguai. Jornal Unesp: Entre as atividades do LIEG está a pesquisa “Sobrevivência(s) e violência de gênero no espaço acadêmico: avanços, ambiguidades e perspectivas”, coordenada pela professora Lidia Maria Vianna Possas. Em que consiste esse projeto? Camila Rodrigues da Silva: O projeto emerge do contexto das atividades de comemoração dos 40 anos da Unesp (1976-2016), aproveitando a data para (re)tomar a sua trajetória histórica, avaliar as “agências”, as demandas existentes e a sua participação acadêmica no país e internacional. Uma das metas que estão sendo debatidas situa-se na urgência de garantir efetivamente a inclusão social, de gênero e racial na vida acadêmica diante dos inúmeros enfrentamentos e conflitos que se fazem presentes nos câmpus universitários. É evidente que uma gama de problemáticas socioculturais, econômicas e políticas da sociedade brasileira e do país foram transportadas para o seu cotidiano, criando outras exigências, inclusive curriculares, conceituais e explicativas. Diante das novas demandas, das tensões e dos conflitos gerados, o LIEG pretende observar a necessidade de debruçar-se sobre essa realidade – o espaço acadêmico – como um campo de estudo, o que exige rever as ferramentas existentes e realizar a crítica necessária diante da produção
Em São Paulo e Montevidéu as mudanças provocadas pelo movimento feminista produziram novos modos de vida Divulgação
do conhecimento científico que, dadas as realidades complexas e distintas, vem debatendo uma maior autonomia intelectual, localizada, híbrida, que possibilita introduzir novas perspectivas analíticas. JU: Quais são as principais questões propostas? Camila: Por que persiste essa espécie de violência seja física ou psicológica e quais as razões de sua permanência em um ambiente acadêmico e com uma população de formação superior? Que alternativas se podem observar? Como professores, estudantes e funcionários enfrentam a vulnerabilidade frente à frequente retaliação e à permanência de assédio e até de agressões? Como a Unesp tem convivido e enfrentado as tensões e os conflitos de relação de gênero, nesses 40 anos de uma trajetória? O projeto tem um “lugar”, a partir do qual se falará, e deverá envolver também pesquisadoras(es) da Unesp e de outras IES, com as suas respectivas equipes compostas de alunas de iniciação científica, doutorandas e mestrandas, investindo em uma perspectiva de interlocução
Camila estuda como Unesp convive com tensões e conflitos de gênero
e diálogos interdisciplinares e interseccionais para entender as incidências da violência de gênero e da cultura do estupro, seja no coletivo como no individual. O LIEG está em sintonia e sensível para um olhar no qual sejam possíveis as comparações sócio-históricas entre pesquisadores/as de diferentes Estados da federação e latino-americanos em torno da análise da violência de gênero ontem e hoje. JU: E qual é a sua principal pesquisa, nesse contexto? Camila: Desenvolvo a pesquisa “Falar ou callar? Realidades de
mulheres sobreviventes frente à violência doméstica no Brasil e no Uruguai (2002-2006)”, que está inserida na proposta do LIEG de incentivar e atuar para o fortalecimento do campo dos estudos de gênero. A pesquisa tem como objetivo identificar o impacto no que se refere à implementação da Lei de Violência Doméstica instaurada no Uruguai em 2002, frente à Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, no Brasil, bem como suas possíveis mudanças, permanências e conflitos no cotidiano de mulheres urbanas e em todos os níveis sociais. JU: Por que privilegiar essas cidades? Camila: A ideia de privilegiar as cidades de São Paulo e Montevidéu como foco de análise deve-se ao fato de que nessas cidades as transformações e mudanças provocadas pelo movimento feminista assumiram novas configurações e novas formulações, produzindo novos modos de vida. A pesquisa foi guiada pela morosidade do judiciário brasileiro, pelas
dificuldades de aprovação e real implementação da Lei Maria da Penha (constatações realizadas na pesquisa de mestrado na cidade de Marília em 2012) e pelo cenário de lutas das mulheres uruguaias e de inúmeras dificuldades apresentadas para a aprovação e efetivação da Lei de Combate a Violência Doméstica no Uruguai. Essas realidades que se assemelham também são observadas nas participações em eventos internacionais que motivaram e influenciaram a luta pelos direitos e o combate à violência contra as mulheres que, entendidos como processos, resultaram na instauração das Leis de Combate à Violência Contra as Mulheres em cada país. Como metodologia de análise, utiliza-se o olhar comparativo sob a perspectiva das histórias cruzadas frente às realidades jurídicas nas cidades de São Paulo (Brasil) e Montevidéu (Uruguai), pertencentes a países latino-americanos inseridos no bojo de mudanças e transformações dos movimentos feministas contemporâneos, que assumem novas reconfigurações e formulações.
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Ambiente
O tamanho dos mamíferos Trabalho desvenda variação de peso de 279 espécies e mais de 39 mil indivíduos na Mata Atlântica José Tadeu Arantes – Agência Fapesp Imagens reprodução
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ada ser humano é distinto um do outro, uns são magros outros nem tanto, e assim também são os animais. Todo mundo sabe que uma onça é maior que um rato, mas como varia o tamanho entre as onças? Um trabalho recém-publicado na revista norteamericana Ecology, liderado por pesquisadores da Unesp de Rio Claro, desvendou a grande variação de peso de 279 espécies de mamíferos e mais de 39 mil indivíduos da Mata Atlântica do Brasil, Argentina e Paraguai (Figura 1). Os pesquisadores encontraram uma enorme variação de peso entre as espécies, mas mesmo dentro da mesma espécie a diferença pode chegar a até 5 vezes. Por exemplo, uma onça parda adulta que vive na floresta do Parque Nacional do Iguaçu no Paraná chega a ser quase 2 vezes mais pesada que as onças pardas em pequenas florestas do Estado de São Paulo. O peso é uma das características mais importantes de um animal e influencia a capacidade de sobrevivência em ambientes que sofreram mudanças causadas pelo homem.
Figura 2. Distribuição dos pesos de mamíferos da Mata Atlântica da América do Sul. A linha tracejada representa 1 kg.
Figura 1. Distribuição das populações de mamíferos voadores (esquerda) e terrestres (direita) pesquisadas. O tamanho dos círculos indica o número de indivíduos amostrados de cada população, a cor cinza significa a distribuição histórica da Mata Atlântica com florestas remanescentes em verde. Inspirado na capacidade dessa medida corporal em revelar dados importantes, o grupo de pesquisadores decidiu organizar as informações de 388 populações de mamíferos na Mata Atlântica. O resultado é o maior inventário desses animais nesse bioma, incluindo os terrestres, arborícolas, semi-aquáticos, fossoriais e voadores. Com a participação de 96 autores, e coordenado pelo
pesquisador Fernando Gonçalves, esse trabalho será uma importante ferramenta para ecólogos. “Esse estudo é um compilado dos esforços de mais de 100 anos de pesquisa na Mata Atlântica e de vários profissionais que se dedicam à conservação desses mamíferos. Em conjunto, elas podem ajudar a entender a ecologia e principalmente a entender a conservação de diversas espécies”,
afirma Fernando. O trabalho é parte de uma grande iniciativa elaborada pelos professores Mauro Galetti (LABIC) e Milton Ribeiro (LEEC-Unesp): o Atlantic Series, que disponibiliza grandes bancos de dados sobre a biodiversidade na Floresta Atlântica para a comunidade de cientistas do mundo todo. “A Mata Atlântica é a floresta tropical mais bem conhecida do mundo, mas muitos dados estão em português, o que inibe outros cientistas de usá-los”, afirma Galetti. Para o levantamento, foram utilizadas informações de capturas espalhadas por 388 populações e possui informações morfológicas de 16.840 indivíduos de 181 espécies de mamíferos terrestres
e de 23.010 indivíduos de 98 espécies de morcegos. “Essa é a maior compilação de informações individuais de mamíferos em um único bioma”, complementa Galetti. Com essas informações em mãos, os pesquisadores podem estudar se os indivíduos poderão se adaptar a mudanças climáticas, e buscar entender por que alguns indivíduos, embora sejam adultos, são menores que outros. Acesse artigo em: <https://goo.gl/Pn9b5B> Contato Fernando Gonçalves Laboratório de Biologia da Conservação (Labic) <fhmgoncalves@gmail.com>.
Eficiência das Unidades de Conservação Artigo sobre exemplos na Amazônia e na Mata Atlântica é publicado em revista internacional Divulgação
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m trabalho publicado em fevereiro na revista Acta Oecologica, pesquisadores do Laboratório de Ecologia Espacial e Conservação (LEEC) da Unesp de Rio Claro e um pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG) testaram a eficiência da rede das Unidades de Conservação nos biomas da Amazônia e da Mata Atlântica. Para isso, o grupo avaliou a eficiência das áreas de proteção (Protected Areas – PAs), como são conhecidas no termo técnico da área, em manter áreas climáticas estáveis (Climate Stable Areas – CSAs). “Áreas climáticas estáveis são áreas que se mantiveram como bioma florestal em diferentes cenários de mudanças climáticas passadas (21 mil, 6 mil anos atrás e atualmente).
No passado, esses biomas se moveram geograficamente devido às mudanças climáticas do Holoceno e do Pleistoceno, mas algumas áreas se mantiveram geograficamente e climaticamente estáveis”, afirma o pós-doutorando Thadeu Sobral-Souza, que liderou o grupo. Em sua pesquisa, a equipe recorreu a ferramentas como modelagem de nichos ecológicos. “Nossos modelos encontraram justamente quais são essas áreas. Em seguida, nós classificamos as CSAs quanto à sua estabilidade temporal, quais delas estavam situadas em áreas protegidas e possuíam remanescentes florestais intactos.” Os pesquisadores então criaram três classes de prioridade: 1) Área prioritária muito alta [CSAs (21 mil anos), fora das PAs e com floresta
intacta], 2) Área prioritária alta [ CSAs (21 mil anos), fora das PAs e com floresta fragmentada]; e 3) Área prioritária média [CSAs (6 mil anos), fora das PAs e com floresta intacta]. “Nossos resultados indicaram que a rede de PAs da Amazônia é quatro vezes mais eficiente que a rede de PAs da Mata Atlântica. Dessa forma, nós propomos que novos esforços de conservação nesses biomas florestais requerem diferentes abordagens para assegurar e aumentar a eficiência das PAs”, comenta o professor Matheus Lima-Ribeiro, da UFG de Jataí. Segundo o professor Milton Ribeiro, da Unesp de Rio Claro, na Mata Atlântica, onde há poucas CSAs e sua distribuição é dispersa, a ênfase deve ser em programas de restauração.
Sobral-Souza propõe diferentes abordagens para áreas de proteção Segundo ele, na Amazônia o cenário é totalmente diferente. “No oeste da Amazônia, onde há grandes áreas climaticamente estáveis e com vastas áreas florestais intactas, propomos que as ações devem incentivar a criação de novas PAs e/ou a expansão das mesmas”, assinala. “Já no leste da Amazônia, onde
há grandes CSAs com pouco fragmento florestal intacto, comparado ao oeste da Amazônia, sugerimos que programas de restauração passiva, aliada à criação de PAs seja uma medida eficiente de conservação.” Programas de restauração passiva não necessitam de intervenções humanas, como plantio de mudas, limitando-se ao processo de regeneração e de resiliência natural para formar nova floresta.
Contatos: Thadeu Sobral-Souza: <thadeusobral@gmail.com> O trabalho pode ser acessado no endereço: <https://bit.ly/2H9NSYx>.
Ciências Agrárias
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Genética na história Mutação em gene garantiu melhoramento bovino na Europa, entre os séculos XVI e XVIII André Louzas
Fotos divulgação
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odos os bovinos possuem os mesmos genes. No entanto, há variações nas sequências do DNA desses animais que resultam em diferenças importantes nas suas características físicas, como tamanho, precocidade sexual ou produção leiteira, por exemplo. Um estudo liderado por pesquisadores da Unesp de Araçatuba analisou uma mutação ocorrida no gene PLAG1, que é responsável pela regulação do crescimento de todos os mamíferos. “Nos bovinos, a mutação nesse gene tem grandes efeitos na estatura dos animais”, esclarece Yuri Utsunomiya, professor da Faculdade de Medicina Veterinária, Câmpus da Unesp de Araçatuba. Utsunomiya é o principal autor de um artigo publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, que apresentou o trabalho. Um dos aspectos mais interessantes do artigo foi o rastreamento da mutação no PLAG1, que acabou por revelar um pouco do processo de melhoramento genético desses animais ao longo da história da humanidade. O artigo teve como autores oito pesquisadores da área de medicina veterinária da Unesp e três do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium (Unisalesiano), além de 19 cientistas de Itália, Estados Unidos e Áustria. No começo de seu doutorado, feito sob a orientação do professor José Fernando Garcia, Utsunomiya buscou rastrear a
Scientific Reports publicou pesquisa liderada por Utsunomiya Gado nacional tem 1% de genes de subespécie européia
Ossos de bovinos ajudaram a rastrear mutação no PLAG1 origem e dispersão da mutação no PLAG1, com a investigação genética do gado nelore, que é responsável pela formação de 85% do rebanho brasileiro. Os bovinos se dividem em duas subespécies, o Bos taurus taurus (gado taurino, de origem europeia) e o Bos taurus indicus (gado zebuíno, de origem asiática). Nos primeiros séculos, a pecuária brasileira reunia basicamente o gado taurino, mas a partir da década de 1950 o país passou a importar gado zebuíno em grandes proporções, tornandose um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina.
“A maior parte dos animais importados eram machos, que passaram a acasalar com fêmeas de gado taurino”, explica Utsunomiya. “Depois ocorreu o fenômeno do retrocruzamento, em que os descendentes do cruzamento inicial, por sua vez, acasalaram com outros zebuínos.” Como resultado, o nelore brasileiro contém 99% de material genético do gado asiático e somente 1% de genes oriundo do gado europeu. Apesar dessa proporção, ele concluiu em sua pesquisa que a mutação no PLAG1 ocorreu no gado vindo da Europa. “A partir dessa constatação, o estudo
se voltou para o rastreamento da mutação nas várias raças de Bos taurus taurus”, afirma. As investigações verificaram que a frequência da mutação aumentou muito entre os séculos XVI e XVIII, período em que a estatura média dos bovinos registrou um crescimento expressivo, segundo dados arquelógicos. “Esse fenômeno ocorreu num momento em que há uma revolução na agricultura europeia, focada no aumento da produção”, observa Utsunomiya. Nesse ponto, a investigação genética recebeu o reforço de estudos arqueológicos, envolvendo a análise de ossos dos bovinos da época focalizada, dos quais foi coletado o DNA. Os ossos foram fornecidos por George Hambrecht, pesquisador da University of Maryland, nos Estados Unidos, e a extração do DNA antigo ficou a cargo de uma equipe da Univesità Cattolica Del Sacro Cuore Piacenza, na Itália. O espécime mais antigo obtido na busca pela origem da mutação
tem cerca de mil anos e é originário da Islândia, no norte europeu. O animal tinha outra característica relevante: era mocho, ou seja, não tinha chifres, uma característica raríssima nessa época. “A mutação no PLAG1 tem, potencialmente, origem paralela à da mutação responsável pela ausência de chifres em populações desses animais, uma vez que ambas as mutações eram bastante raras à época”, argumenta o professor de Araçatuba. A pesquisa de Utsunomiya tem, por um lado, o mérito de associar a expansão da mutação do PLAG1 – responsável pela maior estatura dos bovinos –, com a seleção de animais visando ao aumento da produção na agropecuária da Europa entre os séculos XVI e XVIII. Por outro, pode auxiliar os pecuaristas no melhoramento de seu rebanho. O pesquisador enfatiza, por exemplo, o efeito da mutação do PLAG1 nas características do gado holandês e do gado Jersey. No primeiro caso, quase todos os animais apresentam essa mudança de sequência genética, rara no segundo. Ele assinala que o bovino holandês é alto e mais tardio em termos de capacidade reprodutiva, enquanto o Jersey é mais baixo e precoce em matéria de reprodução. “O conhecimento sobre características resultantes do PLAG1 podem auxiliar na decisão do pecuarista em investir em animais de maior porte ou em animais mais precoces, por exemplo”, acentua.
Manta de contenção é usada em tratamento de bezerros Processo é aplicado em fazenda de Mato Grosso por zootecnista do Grupo Etco, de Jaboticabal Portal DBO
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eita de couro, lona ou plástico, a manta de contenção foi desenvolvida no meio rural para a pesagem de bezerros, envolvendo os animais e facilitando a sua suspensão e imobilização para esse procedimento. A zootecnista Fernanda Macitelli, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (Grupo Etco) da Unesp Jaboticabal e professora da Universidade
Portal DBO
Federal do Mato Grosso (UFMT), adaptou o uso de uma manta de contenção para a cura do umbigo, que, em bezerros recém-nascidos, pode se tornar o ponto de entrada de várias doenças. Fernanda utiliza uma manta que, além dos quatro buracos em que são encaixadas as patas, possui um quinto onde se coloca o umbigo do animal. Com o bezerro suspenso e imobilizado, realiza-se o processo de cura, com o uso
de um produto antisséptico ou repelente nesse local, por exemplo. “O mais importante é evitar uma entrada de patógenos, como bactérias, vírus, fungos”, ressalta a pesquisadora. “A cura do umbigo previne problemas como diarreia, pneumonia, nefrite, alguns problemas hepáticos e nas articulações do animal.” A zootecnista aplicou sua técnica em locais como a Fazenda Araponga, em Jaciara, em Mato Grosso.
Manta facilita processo de cura do umbigo nos animais
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Ciências da Saúde
Sons amigos do coração
Estudos mostram efeitos positivos da música em casos como tratamento de hipertensão Divulgação
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á muito tempo se sabe que a música pode ser uma grande aliada da boa saúde. Essa certeza vem sendo confirmada por estudos promovidos por pesquisadores do Câmpus da Unesp de Marília, em parceria com equipes da Faculdade de Juazeiro do Norte, do Ceará, Faculdade de Medicina do ABC e Oxford Brookes University (Inglaterra). As pesquisas publicadas em periódicos internacionais mostram os benefícios dessa manifestação artística no tratamento da hipertensão, na recuperação da frequência cardíaca e da pressão arterial após exercícios físicos e até mesmo como “protetora” da atividade do coração em tratamentos dentários. Um desses estudos avaliou o efeito da música sobre a pressão arterial e a frequência cardíaca, durante a administração de medicamentos anti-hipertensivos. Nesse trabalho, foram analisados 37 indivíduos com hipertensão controlada (14 homens e 23 mulheres) em dois dias. Num deles, os voluntários eram tratados com o medicamento e os parâmetros cardiovasculares foram monitorados durante uma hora após a administração do remédio,
Grupo internacional avaliou aspectos como frequência cardíaca enquanto eles ouviam música por meio de um fone de ouvido. As composições executadas eram instrumentais: Someone like you e Hello (versões pianísticas de composições de Adele); Airstream, do grupo Electra; Amazing grace (my chains are gone), de Chris Tomlin; e Watermark, de Enya. Em outro dia, os pacientes realizaram o mesmo protocolo de pesquisa, porém, permaneciam com o fone de ouvido desligado. Um método para detectar alterações no coração identificou que os medicamentos apresentaram respostas significativamente mais intensas sobre a atividade cardíaca quando
os voluntários ouviam música. “Nós evidenciamos que o estímulo auditivo-musical intensificou a resposta autonômica da frequência cardíaca induzida por medicamentos anti-hipertensivos em pacientes com hipertensão controlada”, afirma Vitor Valenti, professor do Câmpus de Marília e coordenador dos trabalhos na Unesp. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports, do grupo Nature. TRATAMENTO DE CANAL Esse mesmo grupo interinstitucional investigou os efeitos da música no tratamento endodôntico, ou seja, no
tratamento de canal dentário. O trabalho gerou um artigo na revista Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine. A pesquisa envolveu 50 pessoas (25 homens e 25 mulheres entre 18 e 40 anos) submetidas a tratamento endodôntico. Os voluntários foram divididos em dois grupos com o mesmo número de homens e mulheres. Um deles escutou a música (“Träumerei”, Kinderszenen, Op. 15-7, de Schumann) pelo fone de ouvido durante o procedimento. O outro foi submetido ao tratamento com o fone desligado. Foi investigada a concentração de cortisol, um hormônio relacionado ao estresse, por meio da saliva, e a atividade do coração por meio de um método específico. Os resultados mostraram que no procedimento a música não influenciou os níveis de cortisol. Entretanto, quando os voluntários ouviram música, a atividade cardíaca sofreu menor sobrecarga, indicando que a música aliviou os efeitos estressantes do procedimento dentário sobre o coração.
dos Câmpus da Unesp de Presidente Prudente e Marília, além da Oxford Brookes University – analisou o efeito da música na recuperação do sistema cardiovascular após uma sessão de exercícios, o que pode fornecer informações acerca das chances de a pessoa desenvolver problemas do coração. Foram avaliados 25 indivíduos saudáveis e fisicamente ativos. Os voluntários realizaram dois protocolos de exercício moderado, consistindo de 15 minutos de repouso, 30 minutos de exercício em uma esteira, seguido de 60 minutos de recuperação. No protocolo com música, os voluntários realizaram os mesmos procedimentos e ouviram música com fone de ouvido durante e após o exercício. Foram ouvidas músicas de Chopin, Schubert, Beethoven, Bach, Mozart, Debussy e Liszt. Os pesquisadores constataram que a música acelerou a recuperação da frequência cardíaca e a pressão arterial após o exercício, o que evidencia efeitos positivos da música durante e após o exercício.
EXERCÍCIO FÍSICO Uma outra investigação – desta vez promovida por um grupo formado por pesquisadores
Contato do pesquisador <vitor.valenti@marilia.unesp.br>.
Exercício físico auxilia o tratamento de Parkinson Centro em Rio Claro promove atividades para melhorar qualidade de vida de pacientes com a doença Divulgação
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nfermidade que afeta principalmente pessoas idosas, a doença de Parkinson atinge o sistema nervoso central, prejudicando os movimentos. Desde 2006, funciona no Câmpus da Unesp de Rio Claro o Programa de Atividade Física para Pacientes com Doença de Parkinson (Proparki). “Nosso objetivo é, por meio do exercício físico, auxiliar no tratamento medicamentoso para melhoria da qualidade de vida dos pacientes com doença de Parkinson”, explica Lilian Teresa Bucken Gobbi, coordenadora do projeto e do local onde ele se realiza, o Laboratório de Estudos da Postura e Locomoção (LEPLO).
Teste leva idosos a se locomoverem sobre o slack line
Lílian ressalta que o projeto reúne cerca de 60 pacientes em atividade e 320 cadastrados no seu banco de dados. “A maioria deles tem idade acima de 60
anos”, comenta. A pesquisadora esclarece que a equipe focaliza os exercícios em sinais e sintomas da doença, como instabilidade postural. O tratamento determina
três sessões de uma hora por semana, num período de quatro a oito meses. Entre os métodos aplicados no Proparki está o que utiliza o slack line, uma fita suspensa por suportes sobre a qual os pacientes precisam se locomover. “O slack line promove o equilíbrio corporal, ajudando a bloquear a musculatura do tornozelo e estimulando a musculatura do quadril”, detalha Lilian. Outra opção do projeto é o Programa de Ritmo, que estimula a maior rapidez no ritmo de andar dos pacientes. “Isso melhora tanto a velocidade do andar quanto a memória e a atenção dos idosos”, afirma. Os pacientes se distribuem
entre os grupos que realizam os exercícios e os grupos de convívio social – que, embora não façam atividade física, participam de palestras, sessões de alongamento e atividades cognitivas, por exemplo, jogos como o tangram. A equipe do Proparki conta hoje com 25 pessoas, entre pós-doutorandos, alunos de doutorado, mestrado e graduação, da Unesp e de outras instituições. “Estamos formando recursos humanos para trabalhar no atendimento dos pacientes por meio de exercícios físicos”, acentua a coordenadora. As pesquisas ligadas ao projeto já produziram dois pós-doutorados, 4 doutorados, 15 mestrados e aproximadamente 80 publicações.
Ciências Sociais
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Livros unem África e Brasil Evento marca lançamento da 1ª Bienal Afro-Brasileira do Livro (BienAfro) Wikipedia
Reprodução
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oi lançada no dia 20 de março, na sede da Secretaria da Cultura do Estado, em São Paulo (SP), a 1ª Bienal Afro-Brasileira do Livro (BienAfro). O evento integrou as celebrações do Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, ocorrido no dia 21 de março. O objetivo da BienAfro é celebrar a produção literária tanto de afrodescendentes nascidos no Brasil e nas Américas quanto de escritores e escritoras do continente africano, além de fomentar novos talentos. O homenageado da primeira edição, que ocorre em dezembro, será o abolicionista Luiz Gama. Idealizada e produzida pela Associação Cultural Refavela, dirigida pelo produtor Eufrásio Gato Félix (do grupo Novos Baianos) e pela professora Cintia Gabriel, a BienAfro tem apoio do governo do Estado de São Paulo, da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e da Unesp. O lançamento teve a presença
de nosso país”, afirma. “O mundo vai crescer na observação de suas diferenças.”
Objetivo é celebrar escritores e fomentar novos talentos
O abolicionista Luiz Gama será o homenageado da primeira edição de dois chefes de povos tradicionais do Benin, país da África ocidental (antigo Daomé), além do secretário de Cultura do Estado, José Luiz Penna. Houve
ainda apresentações musicais do Quarteto de Saxofones da Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp), do cantor Dinho Nascimento e do grupo de dança
Afro Base Treme Terra. De acordo com seus organizadores, um dos principais intuitos da BienAfro será contemplar as heranças culturais afrobrasileiras e chamar a atenção para questões atuais, além de defender e preservar suas expressões literárias e diferentes linguagens artísticas. Segundo o secretário da Cultura do Estado de São Paulo, a BienAfro é uma iniciativa importante. “A diversidade é a verdadeira riqueza, o diferencial possível
LUIZ GAMA O homenageado Luiz Gama (1830-1882) foi um dos líderes abolicionistas do Brasil. Nascido na Bahia, filho de um fidalgo português e de uma negra liberta, Gama tem uma biografia rara: depois de ter sido vendido ilegalmente pelo pai como escravo, morou em diversas cidades até chegar a São Paulo, já com 18 anos e alfabetizado. Na capital paulista, impedido de matricular-se como aluno de Direito do Largo São Francisco, frequentou o curso como ouvinte e, mesmo sem concluí-lo, atuou na defesa jurídica de cerca de 500 escravos. O fato fez com que, em 2015, Luiz Gama recebesse da Ordem dos Advogados do Brasil o título póstumo de advogado. Além disso, atuou como jornalista – fundou com Ruy Barbosa o jornal Radical Paulistano – e escreveu poemas.
A vida dura dos africanos livres no Brasil escravista Livro analisa condição desses trabalhadores numa fábrica em Sorocaba, no século XIX Reprodução
Divulgação
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ara inglês ver.” O ditado resume bem a situação dos africanos livres no Brasil escravista do século XIX. Oficialmente, eles eram uma categoria de trabalhadores com condição jurídica diversa, devido a uma lei de 7 de novembro de 1831, aprovada para atender às pressões da Inglaterra pelo fim do tráfico transatlântico de escravos. Pela lei, os africanos apreendidos nos navios deveriam ficar no país por quatorze anos antes de ser reenviados para a África e, nesse período, prestariam serviços em instituições públicas ou privadas. Na prática, sua situação pouco se diferenciava da dos escravos. Esse quadro histórico é apresentado no livro Entre a fábrica e a senzala: um estudo sobre o cotidiano dos africanos livres na Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema – Sorocaba – SP (1840-1870), de Mariana Alice Pereira Schatzer Ribeiro. A
Mariana investigou rotina dos africanos na Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema
obra, publicada no final do ano passado pela Editora Alameda com apoio da Fapesp, é resultado da dissertação de mestrado de Mariana, apresentada em 2014 na Unesp de Assis, com a orientação da professora Lúcia Helena Oliveira Silva. Em seu estudo, a historiadora constatou que os africanos livres que atuavam na fábrica São João do Ipanema enfrentavam condições de trabalho,
alimentação e moradia muito semelhantes às dos escravos. “Eles tinham a esperança de liberdade, mas não conseguiam atingir essa condição”, comenta. Mariana pesquisou as origens étnicas dos africanos, as funções ocupadas, as fugas, os conflitos, a saúde, as doenças, os arranjos familiares, bem como as suas concepções de liberdade. O exame da documentação mostrou também que o relacionamento dos
trabalhadores levava à criação e ao fortalecimento dos laços entre companheiros. “Esse grupo não foi passivo”, acentua. “Eles tentaram reagir, fugindo, formando famílias e redes de sociabilidade.” O direito à liberdade e à reexportação após os quatorze anos de serviços prestados muitas vezes não se efetivou. “Apenas em 1864 esses negros foram emancipados, mas muitos morreram sem experimentar essa
libertação”, afirma Mariana. As fontes principais para o estudo foram os ofícios, as listagens e correspondências oriundas da fábrica, sob a guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Para a pesquisadora, compreender as tentativas incipientes de modernização do império representa, inclusive, analisar os primeiros empreendimentos públicos da então Província de São Paulo, durante o século XIX, mas principalmente entender como tais iniciativas afetaram a vida de homens, mulheres e crianças livres, que foram tratados como escravizados mas auxiliaram a impulsionar o país. A historiadora atualmente está realizando seu doutorado, focalizando a participação dos africanos livres na construção, a partir de 1850, da estrada de ferro destinada a ligar São Paulo a Santos.
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Reportagem de capa
VIAGEM À FÍSICA DE PARTÍCULAS Evento International Masterclass 2018 apresenta a alunos do ensino médio o cotidiano de um pesquisador da área e debate presença da mulher na ciência Marcos Jorge Fotos Marcos Jorge
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entro do auditório do Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp, em São Paulo, mais de cem estudantes entre 15 e 17 anos se reúnem com colegas de Viena, na Áustria, e de Istambul, na Turquia, por teleconferência. Eles estão respondendo a um exame aplicado por duas pesquisadoras da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, o CERN, que fazem perguntas sobre física de partículas, matéria escura ou astrofísica diretamente de Genebra, na Suíça. A prova, simbólica, é parte das atividades do International Masterclass 2018, evento organizado há 14 anos pelo braço extensionista do CERN, o International Particle Physics Outreach Group (IPPOG). “O objetivo é mostrar o dia a dia de um cientista da área de física de partículas e desmistificar um pouco essa profissão”, explica Sandra Padula, pesquisadora do IFT e coordenadora dessa iniciativa na Unesp. Essa reunião “virtual” entre jovens de diversos lugares do mundo dá uma amostra do alcance global que o programa ganhou ao longo de seus 14 anos de existência. Atualmente, o International Masterclass está presente em 52 países que cooperam nas atividades do CERN. Na Unesp, a ponte com essa iniciativa é feita pelo São Paulo and Research Analysis Center (Sprace), localizado dentro do prédio do IFT, que desde 2005 colabora com as pesquisas do centro europeu. Segundo dados fornecidos pela coordenadora do programa, a pesquisadora Uta Bilow, mais de 13 mil estudantes são impactados pelo programa anualmente no mundo. Neste ano, na Unesp, mais de 400 jovens participaram das atividades. “A física de partículas é um dos campos mais emergentes da ciência e está frequentemente sendo citada na mídia. Ao mesmo tempo, o campo está
Por teleconferência, alunos responderam a exame e se reuniram com estudantes de outros países
Sandra: evento coloca jovens em verdadeiro ambiente científico
Experimentos ajudavam estudantes a entender conceitos da física
repleto de termos misteriosos e ideias como matéria escura, energia escura e antimatéria. O Masterclass é capaz de orientar o estudante sobre esses assuntos e os colocar em um autêntico ambiente científico”, aponta a pesquisadora, que desde 2008 coordena o programa internacional. No Brasil, além da Unesp, participam Universidade de Campinas, Universidade Técnica do Paraná, Universidade Federal de Lavras, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Federal
Os participantes são estudantes do ensino médio de escolas da rede pública e privada dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Nas atividades realizadas ao longo dos dois dias, os grupos fazem uma imersão no IFT, onde assistem a aulas introdutórias sobre física de partículas e participam de bate-papos com cientistas brasileiros e estrangeiros. Em outra atividade, os alunos sentam em frente aos computadores e são “treinados” a analisar os dados colhidos pelo Grande Colisor de Partículas (LHC) – o maior acelerador de partículas do planeta, ligado
do Rio de Janeiro, Universidade de São Paulo e Universidade Federal do Triângulo Mineiro. MASTERCLASS NA UNESP Três edições do evento foram organizadas ao longo do mês de março, a primeira nos dias 2 e 3, a segunda nos dias 7 e 8, e a última nos dias 22 e 23. A segunda edição, em especial, reuniu apenas alunas, numa celebração do Dia Internacional da Mulher (8 de março) e do Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado no dia 11 de fevereiro. [Veja quadro.]
ao CERN – e identificar, com base nessas informações, quais partículas estão na amostra. “Sentar em frente ao computador e analisar dados não parece uma atividade muito empolgante para a imagem que eles têm do cientista, mas é exatamente isso que nós fazemos diariamente”, explica Sandra, reforçando a idéia de desmistificar a imagem do pesquisador. Ao longo do evento, os estudantes aprendem sobre as recentes descobertas na área, algumas de grande repercussão, como o bóson de Higgs, e sobre as tecnologias geradas ao
Reportagem de capa
Silva (de camiseta cinza) trouxe turma de Pindamonhangaba
longo do desenvolvimento do LHC, como a tela touchscreen, a world wide web ou a tomografia por emissão de pósitrons (PET scan), um tipo de diagnóstico por imagem que permite o mapeamento de diferentes substâncias químicas radioativas no organismo. “A ideia também é mostrar que as pesquisas desenvolvidas no campo das altas energias têm permitido à ciência avançar muito além do Modelo Padrão elaborado no século XX e que é ensinado no conteúdo do ensino médio”, explica Sandra. Em outro momento da programação, uma equipe de divulgação científica formada por estudantes de graduação do Instituto de Física da USP ocupou a entrada do IFT com experimentos científicos que convidavam os visitantes a interagirem e aprenderem física. MULTIPLICANDO O CONHECIMENTO É comum que a experiência de imersão proporcionada pelo Masterclass repercuta dentro das escolas visitantes, gerando uma demanda maior que o evento pode suportar. Nos últimos dois anos, Helder Clementino da Silva, professor de Física da Escola Estadual Ryoiti Yassuda, em Pindamonhangaba, precisou fazer uma seleção de alunos antes de trazê-los para São Paulo. Neste ano, a excursão veio do interior do Vale do Paraíba com
Para Santos, evento aproxima alunos da atividade de pesquisa
12 alunos e dois professores. Na percepção do professor, as viagens causam um choque positivo na percepção que seus alunos têm da física e da atividade do cientista. “Ao longo desses seis anos que participamos, já tivemos alunos que depois da visita seguiram carreira acadêmica na química, na física e até na robótica. Essas visitas causam um impacto porque o aluno vê que se tornar um cientista não está tão longe da sua realidade”, aponta o professor, que também destaca a oportunidade que muitos estudantes têm de pela primeira vez entrarem em um ambiente legitimamente acadêmico. A participação das escolas é gratuita, mas como o IFT não é capaz de atender a todos os estudantes e colégios interessados, a organização pede que o conteúdo seja replicado dentro de cada uma das escolas que participam do Masterclass. “Os alunos que vieram a São Paulo voltam para a escola e passam de sala em sala explicando o que fizeram, como foi o evento e explicando o que aprenderam. Os colegas acham mais legal ver os próprios alunos apresentando essas informações do que o professor”, explica Silva. À primeira vista, a complexidade do conteúdo da física de partículas pode representar um obstáculo para estudantes de ensino médio,
Algumas escolas precisam fazer seleção dos participantes
mas, pelo interesse mostrado pelos estudantes nas aulas e palestras, a informação foi assimilada pelos alunos. “Não temos Física Moderna na nossa escola e as palestras aqui foram esclarecedoras”, conta Maria Vitória de Souza Cuconato, aluna do 3º ano do colégio Garra, do Rio de Janeiro. “A linguagem não foi complicada para nós e conseguimos aprender muita
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Pós-doutoranda, Flavia dá conselhos e responde a perguntas
coisa. Além disso, conhecer um ambiente universitário, no qual nós nunca havíamos estado antes, também foi uma experiência muito boa”, complementa Maria Eduarda de Paula Adário também terceiranista no colégio. O professor Igor Passos dos Santos trouxe pela primeira vez seus alunos da Escola Santa Marina, da rede particular
da cidade de São Paulo, e compartilha a impressão de que o evento aproximou os alunos da física e da atividade do cientista. “Deu para ver que os alunos estavam instigados durante as atividades. Gostaram tanto que um deles estava tirando foto da tela do computador para postar na rede social. Acho que esse é um sinal de que eles estão gostando, né?”, assinala.
MULHERES NA FÍSICA Nos dias 7 e 8 de março, a edição do International Masterclass foi reservada apenas para as alunas e teve uma programação diferente das demais, incluindo mesas-redondas e teleconferências com mulheres que produzem ciência e falaram de suas trajetórias e experiências numa área ainda predominantemente ocupada por homens. A coordenadora Uta Bilow explica que a decisão de criar um dia especial para que meninas pudessem ouvir e discutir experiências de pesquisadoras já estabelecidas na carreira surgiu em 2015, depois que a Assembleia Geral da ONU adotou o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. “A proposta é que a data seja reconhecida como uma celebração global sobre a participação igualitária e as realizações das mulheres cientistas”, explica. Desde então, os institutos são encorajados a reservar, na programação do Masterclass, um dia especial para as meninas. Em 2017, primeiro ano da iniciativa, dez institutos aderiram, entre eles o IFT. Neste ano, outros oito centros também criaram um evento com pesquisadoras e alunas. Flavia Dias foi uma das palestrantes. Hoje posdoc
no Niels Bohr Institute da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, a pesquisadora fez seu doutorado no IFT, onde colaborou nas primeiras edições do evento. Hoje, é ela quem dá conselhos e responde a perguntas das alunas do ensino médio. Flavia falou um pouco de como livros de divulgação científica foram fundamentais para despertar seu interesse pela física ainda na infância e comentou sobre sua trajetória nas universidades e centros de pesquisa, bem como o tipo de preconceito que teve que enfrentar por ter escolhido ser física quando tinha a idade das alunas sentadas no auditório. “Além disso, tentei motivá-las dizendo que seguir a carreira de cientista pode parecer difícil, mas é possível, e para não deixar que as pessoas as convençam de que elas não podem fazer algo que queiram”, afirma. Flavia explica que no CERN, onde atuou entre 2008 e 2013, 10 a 15% dos cargos técnicos são ocupados por mulheres e que existem mais alunas de doutorado mulheres do que professoras ou cientistas com cargo permanente. “Quanto mais se progride na carreira, menos mulheres estão ocupando esses cargos”, aponta.
Para a ex-aluna da Unesp, não existe um único motivo para a sub-representação da mulher nas áreas STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), mas diversas razões ligadas a um sexismo sistêmico na sociedade que alcança as mulheres desde a infância, passando pela escolha da carreira na universidade e mesmo quando elas já estão estabelecidas em seu campo da ciência. “A carreira acadêmica é muito competitiva, e essa estrutura social muitas vezes é responsável pela menor proporção de mulheres em cargos acadêmicos permanentes. Eu acho que existem menos mulheres nessas áreas porque a sociedade é construída, em todos os estágios da nossa vida, de maneira a fazer com que a mulher tenha muito mais dificuldade do que o homem em ser bem-sucedida nessas carreiras”, argumenta. “O depoimento das pesquisadoras serve como um exemplo para nós que pretendemos ingressar na área de Exatas”, avaliou a Ana Flávia de Brito Rodrigues, aluna do terceiro ano do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, que quer cursar Química na universidade.
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Pós-graduação
Colaboração produtiva Debate aponta os bons resultados do Mestrado profissional em Engenharia de Produção e destaca importância da parceria entre a Universidade e as empresas Marcos Jorge 123RF
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m evento realizado no auditório do Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp, em São Paulo, discutiu possibilidades e vantagens da relação entre a Universidade e as empresas. Durante o encontro realizado no dia 28 de março, representantes da academia e do setor produtivo destacaram alguns casos de sucesso da parceria. O “Painel Universidade– –Empresa: Desafios e Oportunidades” foi uma iniciativa organizada pelo Mestrado profissional em Engenharia de Produção (MePEP), que inicia este ano sua quarta turma e está com matrículas abertas até junho. Em 2018, pela primeira vez, as aulas serão realizadas em São Paulo, no IFT, ao lado do terminal da Barra Funda. As três primeiras edições do mestrado aconteceram na Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG). Na abertura do evento, o diretor da Agência Unesp de Inovação (AUIN), Wagner Valenti, fez uma breve apresentação da Unesp e destacou que é papel da Universidade retornar o investimento feito pela sociedade por meio da transferência do conhecimento produzido na academia. Uma das formas mais eficientes para essa transferência, aponta Valenti, é por meio da parceria com o setor produtivo. “Nota-se que uma tendência cada vez mais comum é esse retorno à sociedade se dar por meio de produtos e serviços, e não
Dezoto: mestrado ajuda gestão da complexidade e da flexibilidade
nossos alunos são capazes de identificar, dentro de um processo produtivo, qual é o momento em que a parceria com a academia é necessária”, destaca.
“Atualmente, o MePEP é o único programa de Engenharia de Produção no Brasil com total integração com outras áreas da engenharia, como materiais, mecânica, energia, elétrica e civil, característica que permite aprofundamentos em projetos com demandas específicas”, assinala o coordenador. Hoje, o programa conta inclusive com docentes de outros câmpus, no caso, professores da área de Administração, da Unesp de Araquarara. O docente de Guaratinguetá chama a atenção para outra formação importante do programa, que é a de gestores tecnológicos dentro da empresa. “Hoje
INTERAÇÃO EMPRESA E UNIVERSIDADE Boa parte do encontro foi dedicada a apontar casos de sucesso da relação entre a Universidade e as empresas que envolveram alunos das últimas três edições do mestrado profissional. Alguns desses exemplos foram apresentados por Luciano Nilo Jr., diretor de operações da Maxion Structural Components, que tem atualmente quatro alunos vinculados ao programa e outros seis que já concluíram o curso. Por meio da parceria com a Universidade, a empresa que produz componentes estruturais automotivos para as principais montadoras do país conseguiu implementar mudanças de impacto em sua linha de produção que acarretaram em um aumento de produtividade da ordem de 3%. “Para alguém que olha de fora pode achar 3% pouca coisa, mas para nós que trabalhamos na linha de montagem e gerimos uma planta de quase 400 m 2 isso é um número bastante significativo”, celebra o diretor. As iniciativas promovidas pelos egressos envolveram o abastecimento de materiais na linha de montagem, a aplicação de conceitos de manufatura enxuta e da teoria das restrições (focadas na redução
Fotos Marcos Jorge
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Painel destacou alguns casos de sucesso de colaboração somente pelo conhecimento”, aponta o diretor. O professor Jorge Muniz Jr., docente da FEG e atual coordenador do MePEP, apontou as diversas formas em que empresas e universidades podem colaborar. Uma delas é a participação de seus quadros em um mestrado profissional, foco do evento realizado no IFT. Muniz Jr. destaca que um dos pontos fortes do programa oferecido pela Unesp é sua flexibilidade no atendimento a demandas das empresas, o que permite à Universidade lidar com problemas reais e às empresas terem acesso ao conhecimento de fronteira para solução de problemas complexos.
Formação de funcionários causou impacto na empresa de Nilo Jr.
Para Muniz Jr. programa pode atender a demandas específicas
Universidade compensa apoio social com produto e serviço, diz Valenti
de desperdícios), entre outros. Nilo Jr. explica que as teses defendidas pelos alunos sobre o gerenciamento da demanda também motivaram a empresa a desenvolver um modelo de previsão de demanda aplicando conceitos de big data e machine learning juntamente com o Senai Cimatec. Adilson Dezoto, vicepresidente industrial da MAN Latin America, também destacou o impacto da formação continuada dos recursos humanos na linha de produção da empresa, que é líder na montagem de caminhões e ônibus no continente. O gestor explica que o setor exige uma diversidade maior que a dos automóveis, uma vez que trabalha com escalas menores de produção. Dezoto explica que essa característica levou a uma complexidade na gestão da empresa, que precisa lidar com um grande número de peças e diferentes modelos de veículos, por exemplo. “Nós usamos o mestrado profissional não para atacar problemas específicos, mas para trabalhar a gestão da complexidade e flexibilidade. Ele serviu como uma ponte de nucleação de conhecimento dentro da empresa na expectativa de que isso gere uma transformação em médio prazo”, explica. No encerramento da atividade, Jairo Martins da Silva, presidente-executivo da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), apontou alguns dos principais desafios que as empresas têm enfrentado dentro de uma sociedade e de mercados em constantes mudanças. A FNQ é uma instituição brasileira sem fins lucrativos criada em 1991 cuja finalidade é desenvolver os fundamentos da excelência da gestão para organizações de todos os setores e portes.
Mais informações sobre o Mestrado profissional em Engenharia de Produção (MePEP) em: <https://goo.gl/GnEy14>.
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Leis da pesquisa em debate Conselho de reitores das universidades estaduais paulistas e Tribunal de Contas do Estado discutem Lei de Inovação, buscando entendimento mútuo sobre seu conteúdo Marcos Jorge Fotos Marcos Jorge
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m setembro do ano passado, o governador Geraldo Alckmin assinou o decreto que regulamentou o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, a Lei Paulista da Inovação. No dia 26 de março, representantes do Conselho de Reitores de Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) e de suas universidades se reuniram com membros do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) para discutir as normas do novo documento visando a um entendimento mútuo de seu conteúdo. O evento foi uma iniciativa da Reitoria da Unesp e surgiu após reunião realizada em 2017, a partir de uma sugestão do reitor Sandro Roberto Valentini, logo acolhida pelo então presidente do TCESP, Sidney Beraldo, que colocou o auditório do Tribunal à disposição. Desde então, a Universidade vem trabalhando na organização do evento em parceria com o novo presidente do TCESP, Renato Martins Costa, e a Escola Paulista de Contas Públicas, braço do Tribunal responsável por capacitar e aperfeiçoar os servidores e gestores públicos. Atual presidente do Cruesp, o professor Sandro Valentini ressaltou na abertura do evento que esse alinhamento entre as universidades estaduais paulistas e os órgãos de controle é fundamental para dar a segurança jurídica aos pesquisadores diante do conjunto de leis regulamentado em 2017. “O evento tem a proposta de tirar a Constituição da prateleira e colocá-la em discussão sobre a mesa”, destacou o reitor da Unesp, que ainda propôs a criação de um grupo de trabalho de perfil técnico para dar continuidade aos debates. A primeira apresentação foi feita pelo secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Álvaro Toubes Prata, que trouxe um histórico da elaboração do documento regulatório e discutiu brevemente cada um de seus artigos. O representante do
Valentini, reitor da Unesp, Costa, presidente do TCESP, e Vahan Agopyan, reitor da USP Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) reforçou em sua fala o potencial que o novo conjunto de leis tem para promover a transferência tecnológica das bancadas da universidade para a sociedade. “É inadmissível que um país com intensa produção científica não consiga aplicar plenamente esse conhecimento para o desenvolvimento científico e social. É disso que trata esse documento: estimular a inovação”, afirmou. O EVENTO A programação do encontro foi dividida em quatro painéis. O primeiro abordou a tramitação de convênios, a gestão e a execução de recursos na visão das procuradorias
autárquicas das universidades e dos membros do Tribunal de Contas Estadual. A procuradora-geral da USP, Maria Paula Dallari Bucci, apresentou os esforços da sua universidade no sentido de dinamizar os trâmites burocráticos para seus pesquisadores. “Um dos problemas dos controles é que eles exigem um certo desvio daquilo que o professor sabe fazer para algo que ele não sabe, que é fazer a parte burocrática desse controle. Daí a necessidade de deixá-lo mais simples, mais transparente e que seja compreensível e acessível para todos”, elogia. Na segunda mesa de debates, o assessor jurídico da Unesp, Edson Cabral, e a presidente da Comissão Permanente de
Plateia: em busca de segurança jurídica para pesquisadores
Avaliação da Unesp, professora Maria Encarnação Sposito, trataram do regime de trabalho dos docentes e da possibilidade de atualização desses regimes diante das novas propostas presentes no Marco Legal. O terceiro painel trouxe a experiência da Inova Campinas e da Rede Inova São Paulo para discutir o papel central que os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) podem desempenhar em suas respectivas instituições após a regulamentação das novas leis. Diretor-executivo da Inova, a agência de inovação da Unicamp, o professor Newton Frateschi entende que o Marco Legal é importante porque deixa claro qual deve ser a atuação de um NIT. “É ele quem vai fazer a interlocução com o mundo fora da universidade. Quando você tem esse papel claramente posto, isso leva a um melhor encaminhamento dos processos da forma como está previsto no Marco Legal”, argumenta. O último painel focou a atuação das fundações como agentes facilitadores da pesquisa científica dentro das universidades e o relacionamento das mesmas com os órgãos de controle. IMPACTO DAS LEIS Na avaliação do diretor da Agência Unesp de Inovação (AUIN), Wagner Valenti, o conjunto de leis assinado pelo
governador, em setembro, amplia a área de atuação da agência e isso exige o entendimento das universidades e das instituições fiscalizadoras sobre novas possibilidades que possam surgir. “O marco permite, por exemplo, que a universidade possa se tornar acionista de empresas que sejam incubadas aqui dentro. Isso é interessante inclusive porque pode trazer recursos para a Unesp, mas como exatamente isso deve ser feito?”, questiona. Valenti acredita que do ponto de vista das patentes já existe uma segurança jurídica. Porém, a propriedade intelectual também pode envolver cultivares ou inovação social, duas outras formas de transferência tecnológica para a sociedade que nem sempre são contempladas pelas políticas de inovação. “A Unesp é a universidade mais forte do Brasil em agropecuária, mas não temos nenhum cultivar cadastrado em nosso catálogo”, aponta. Segundo o presidente da Fundunesp, professor Edson Luiz Furtado, o decreto coloca a fundação como um ponto de referência para a Universidade, uma vez que ela passa a atuar como o vetor de captação e gestão dos recursos voltados aos projetos de ciência, tecnologia e inovação. “Se ela já era parceira da Unesp, agora passa a ser uma parceira estratégica para a realização dessas ações”, afirma. Furtado aponta para a necessidade de o TCE considerar as mudanças promovidas pelas novas leis no processo de auditoria dos projetos e convênios universitários. Ele cita como exemplo o processo de licitação na compra de equipamentos e insumos, que a partir de agora deve priorizar a qualidade e necessidades específicas dentro de determinado projeto, ao invés do melhor preço. Tais adaptações, segundo Furtado, deverão partir também dos professores. “O docente precisa ter em mente que além dos três pilares da sua função – ensino, pesquisa e extensão – agora deve incluir também a inovação”, acentua.
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Geral
PDI em construção Comunidade universitária pode participar preenchendo formulários on-line enviados às categorias Reprodução
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Plano de Desenvolvimento Institucional, ou PDI, é o instrumento de planejamento e gestão que considera a identidade da Universidade, no que diz respeito a sua filosofia de trabalho, missão a que se propõe, diretrizes pedagógicas que orientam suas ações, estrutura organizacional e atividades acadêmicas que desenvolve e/ou pretende desenvolver. Abrangendo o período de uma década, o PDI se divide em sete dimensões (Ensino de Graduação, Ensino de Pós-graduação, Extensão, etc.), 18 programas (Gestão de Recursos Humanos, Excelência nos Programas de Pós-graduação, Interação
Universidade e Sociedade, etc.), nível de execução, objetivos, indicadores, ações e metas. O primeiro PDI da Unesp completa dez anos em 2018. Para que a comunidade interna e externa possa contribuir para avaliá-lo e colabore para elaborar o PDI 2019-2028, a Comissão do PDI (CPDI) realizou discussões e analisou as formas de avaliação e de elaboração dos PDIs das mais importantes universidades. A partir daí, idealizou instrumentos on-line e um fluxo de trabalho que permite ampla participação da comunidade universitária. Toda comunidade universitária interna poderá participar da construção do PDI: os órgãos colegiados centrais e suas câmaras assessoras, as congregações e conselhos
e encaminhados formulários on-line para as diversas categorias. A devolução das respostas será acompanhada pela CPDI e pelas pró-reitorias. Todas serão lidas e analisadas por meio de software próprio, garantindo-se as bases científicas do processo.
Conheça melhor o PDI em <https://bit.ly/2HqK7AA>.
Página on-line apresenta informações sobre funcionamento do PDI diretores, unidades auxiliares e complementares, departamentos, conselhos de curso de graduação e de pós-graduação, comissão permanente de pesquisa, comissão permanente de extensão universitária, áreas técnicas acadêmicas e
administrativas e comunidade de maneira geral (docentes, pesquisadores, servidores técnicos administrativos e alunos), individualmente ou organizados (grupos de pesquisa, centros acadêmicos, associações, etc.). Para isso, foram elaborados
A comunidade externa também será ouvida por meio de formulário disponível no site indicado e em <https://bit.ly/2H71veo>. Esclarecimento de dúvidas e todo apoio para o processo pode ser solicitado pelo e-mail <pdi@unesp.br>
Portal de cara nova
Parceria com o Google Reprodução
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oi firmado, em fevereiro, um Termo de Cooperação Técnica entre a Unesp e a empresa Google que possibilitará a todos os técnicos administrativos, docentes e alunos acesso às ferramentas e serviços do G Suite for Education. O G Suite é um pacote de serviços da Google que inclui o aplicativo de mensagens eletrônicas Gmail; o Google Hangout para realização de videoconferências; o Google Classroom, que é um ambiente virtual de aprendizagem; e o Google Agenda, que permite organizar e criar compromissos e está integrado ao serviço de videoconferência. Os objetivos da parceria são oferecer um serviço de correio eletrônico estável, seguro e versátil que possa ser acessado através de computadores, tablets e celulares, a disponibilização de pacotes de serviços de agenda para toda a Universidade e a promoção de capacitação para servidores da Unesp no uso dessas tecnologias. Os usuários no novo sistema inscreveram-se até o dia 20 de abril e, uma vez cadastrados, passaram a utilizar os serviços com o mesmo usuário e senha da Central de Acessos. Ao longo de 2018 os servidores de e-mail das unidades serão migrados para o Gmail, o novo e-mail institucional passará
Reprodução
Iniciativa permite acesso a recursos do G Suite for Education a ser idêntico ao login da Central de Acessos, ou seja <login@unesp. br>.. Os antigos e-mails continuarão a existir e após a migração passarão a ser acessados apenas através do Gmail. AS VANTAGENS DA PARCERIA INCLUEM: Maior espaço de armazenamento Um e-mail Gmail conta com espaço ilimitado, evitando que o usuário se preocupe com a quantidade de mensagens armazenadas. Acesso por vários dispositivos Os aplicativos do G Suite não são acessíveis só pelo computador, mas também por celulares e tablets. Segurança e confiabilidade O Gmail possui ferramentas antispam e é constantemente atualizado. Além disso, o sistema de nuvem do Google garante que o sistema raramente não esteja disponível. Integração com outros serviços O Gmail é apenas um dos vários aplicativos disponibilizados
no G Suite. O Drive, por exemplo, permite a organização e o armazenamento de arquivos, com espaço ilimitado. Há também o recurso de agenda, onde o usuário consegue aceitar ou recusar convites para reuniões usando o Gmail. Além disso, há possibilidade de agendar uma videoconferência pelo aplicativo Agenda e convidar todos os participantes, que serão avisados e também poderão aceitar, recusar ou sugerir nova data. Na Sala de Aula O G Suite possui uma ferramenta chamada “Sala de Aula” (ou Classroom), onde o professor pode criar suas turmas e disponibilizar materiais de estudo, criar lições de casa, trabalhos em grupo, enquetes on-line, e marcar compromissos na agenda da turma. Tudo em um único ambiente e integrado com os principais aplicativos do G Suite for Education.
Foi criada uma página sobre os serviços disponibilizados: <www.unesp.br/gsuite>.
Com visual moderno, Portal fornece informações padronizadas
O
novo layout do Portal Unesp entrou no ar dia 22 de março. Os objetivos são oferecer, num visual moderno, maior padronização de informações, com a home baseada em blocos para facilitar a manutenção e a visualização. A nova página oferece ainda maior suporte para responsividade (tablets e celulares) e acessibilidade. Com uma maior facilidade de criação de subsites, passa
também a ser possível uma melhor organização das informações em blocos de conteúdo. Além disso, é possível utilizar espaços para destacar notícias, imagens, áudios ou vídeos. Tudo isso é oferecido ao usuário por meio de um editor enxuto e de fácil utilização.
O endereço é: <http://www.unesp.br>.
Gente
CREA–SP promove homenagem a geólogo
Membro Sênior de instituto internacional
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rofessor da Unesp, Câmpus de Sorocaba, Helmo Kelis Morales Paredes foi elevado a membro sênior do Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE) considerada a maior organização de profissionais do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade. A entidade reúne mais de 423 mil integrantes das áreas de engenharia elétrica, eletrônica, computação e telecomunicações e atua em mais de 160 países. Para se tornar membro sênior, é necessário ser indicado por outros três integrantes seniores e ser graduado há no mínimo dez anos. Apenas membros seniores podem ocupar cargos de liderança no IEEE. Em 2017, dos 219.064 membros do IEEE no mundo, somente 777 são membros seniores. Na região 9 do IEEE, à qual o Brasil pertence, apenas 18 atingiram esse patamar. O próximo degrau na estrutura do IEEE é ser elevado a membro “fellow”, o mais alto grau de reconhecimento a um engenheiro eletricista no mundo. Paredes está na Unesp desde 2011 e é professor do curso de graduação em Engenharia de Controle e Automação e da pós-graduação em Engenharia
Premiado no Brasil e no exterior, Bettencourt lecionou na Unesp de Andrade e Silva, da Sociedade Brasileira de Geologia. “Estou profundamente honrado por esse reconhecimento de mérito”, afirma o professor Bettencourt. “Julgo ser de necessidade destacar que esse brinde é extensivo aos meus ex-alunos de graduação e pós-graduação, a parceiros pesquisadores, e a dezenas de geólogos e engenheiros de minas, companheiros de muitos anos de luta e labuta, que militam na indústria mineral do Estado de São Paulo e do Brasil. Além disso, o meu regozijo maior diz respeito à formação profissional de muitos deles, hoje ocupando posições de liderança em instituições variadas.”
Elétrica. Na pesquisa, é líder do Grupo de Automação e Sistemas Integráveis (GASI) da Unesp de Sorocaba. Para o pesquisador, a elevação ao grau de membro sênior por essa entidade é o reconhecimento do trabalho que desenvolve na Universidade, contribuindo com a visibilidade, o fortalecimento e a consolidação do processo de internacionalização da Unesp. “Pessoalmente, é gratificante ver que nosso trabalho está sendo reconhecido no Brasil e no mundo”, declara. “Gostaria de estender esse reconhecimento a toda a comunidade unespiana, em especial ao GASI, que de forma direta contribuiu para atingirmos esse patamar.” Divulgação
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geólogo Jorge Silva Bettencourt recebeu o Diploma de Mérito do CREASP 2017 em Sessão Plenária Especial no dia 7 de dezembro, no Auditório do Centro Técnico-Cultural do CREA-SP. “Ele foi docente do curso de Geologia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp, Câmpus de Rio Claro, entre 1973 e 1992, e colaborou muito para o curso ser uma referência no cenário nacional em qualidade”, informa José Alexandre Perinotto, diretor do IGCE. “Sua área de atuação é geologia econômica, sendo um dos grandes geólogos que atuaram em nosso país.” Bettencourt é graduado em Geologia pela USP (1961), instituição em que obteve o doutorado (1972) e a livre-docência (1992) e da qual desde 2013 é professor emérito. Pesquisador 1A do CNPq, foi pioneiro na utilização de isótopos estáveis e no estudo de inclusões fluidas em mineralizações. Promoveu diversas parcerias com instituições internacionais e assessorou muitas empresas de mineração do país. Hoje, atua como consultor no Brasil e nos Estados Unidos em projetos de exploração mineral e de modelagem geológica. Autor de livros e capítulos de livros na sua área, o pesquisador recebeu vários prêmios e títulos, entre os quais o 1000 World Leaders of Scientific Influence, concedido pelo American Biographical Institute; o Barley Memorial Award, conferido pelo Canadian Institute of Mining Metallurgy and Petroleum (CIM); além da Medalha de Ouro José Bonifácio
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Paredes: eleição reconhece atividade de pesquisa em Sorocaba
SEMPRE UNESP
Pai e filho são homenageados por lançamento de livro Divulgação
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o dia 5 de março, Luiz Henrique Filippi e seu filho Maurício Gianfrancesco Filippi receberam um voto de louvor da Congregação da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, Câmpus de Botucatu. Egressos da unidade, Luiz Henrique, graduado em 1985, e Maurício, em 2013, foram homenageados pela publicação do livro 250 Casos clínicos comentados – Arritmias cardíacas em cães e gatos. A obra foi lançada pela Editora Fontoura no dia 23 de fevereiro no Conselho Regional de Medicina Veterinária, em São Paulo. O livro reúne a experiência acumulada pelos dois médicos
Da esq. para a dir.: o irmão José Luiz, Luiz Henrique, a esposa Cláudia e os filhos Maurício e Heitor veterinários em muitos anos de atuação profissional. Esse é o segundo título lançado por Luiz Henrique, que já é autor de O eletrocardiograma na medicina veterinária, publicado em 2011 pela Editora Roca. O médico veterinário explica que o primeiro trabalho tinha um perfil mais teórico. “No segundo livro, decidimos fazer uma obra mais completa e, ao mesmo tempo, mais didática, colocando os casos de uma forma
mais fácil de entender”, enfatiza. O livro reúne os casos que os dois médicos atendem em seu consultório, em Várzea Paulista (SP), mas também, casos de telemedicina, ou seja, exames médicos de todo o Brasil enviados pela internet, para serem analisados. Na FMVZ, além de ter feito a graduação, Maurício realizou seu mestrado em Clínica de Pequenos Animais, com enfoque
Reprodução
em Cardiologia, sob a orientação da professora Maria Lucia Gomes Lourenço e finalizado em 2017. Atualmente, está iniciando seu doutorado. “Os cursos que fiz na Unesp contribuíram para minha formação como um todo, não só como profissional, mas também como pessoa”, afirma. Luiz Henrique classifica como excelente sua experiência na FMVZ. “A Unesp de Botuctu é uma faculdade de renome e sentimos orgulho de termos passado por la”, comenta. Ele e o filho Maurício, aliás, fazem parte de uma família profundamente ligada à Medicina Veterinária da FMVZ. Cláudia Gianfrancesco Filippi, esposa de Luiz Henrique e mãe de Maurício, também se graduou na unidade,
Obra reúne experiência de muitos anos de atividade em 1985. Seu outro filho, Heitor Gianfrancesco Filippi, hoje está matriculado no primeiro ano da Faculdade. Além disso, José Luiz, irmão de Luiz Henrique, formou-se pela unidade em 1981. E a ex-esposa de José Luiz, Sonia Maria Bueno Filippi, também se graduou na FMVZ, em 1983.
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Alunos
Vitória em disputa mundial Pós-graduandos de Guaratinguetá integram equipe que projetou missão espacial até asteroide Divulgação
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ois alunos de pós-graduação da Unesp estão entre os responsáveis por um projeto que no final do ano passado venceu uma competição internacional sobre planejamento de missões espaciais. Josué Cardoso dos Santos e Gabriel Borderes Motta integraram a equipe vitoriosa, formada principalmente por pós-graduandos da University of Colorado at Boulder, nos EUA. Os dois atuam no Grupo de Dinâmica Orbital e Planetologia da Faculdade de Engenharia do Câmpus de Guaratinguetá (FEG). A disputa ocorreu durante a AAS/AIAA Astrodynamics
Specialist Conference, em agosto, em Washington (Estados Unidos). Organizado pela Sociedade Americana de Astronáutica (AAS) e pelo Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica (AIAA), o desafio propunha o planejamento de uma missão para o asteroide 2016 HO3. Santos realizou parte de seu doutorado – que estuda a dinâmica ao redor de corpos celestes por meio de técnicas matemáticas – na University of Colorado. “Fiz muitos amigos quando estive por lá, recebi seus e-mails sobre a competição e me ofereci para participar”,
Josué (esq.) e Gabriel: estudos de órbitas de corpos celestes afirma o doutorando, que tem a orientação do professor Rodolpho Vilhena de Moraes.
Equipe é vice-campeã em competição nos EUA
“Foi uma experiência quase real de se projetar uma missão espacial, aprendi muito
durante todo esse processo”, assegura Motta. O pesquisador enfatiza que o grupo adaptou os modelos que ele usou em seu doutorado, em que estudou as órbitas em torno de corpos irregulares, como asteroides e cometas. Defendida no ano passado, sua tese foi orientada pelo professor Othon Cabo Winter, que, ao lado do professor Vilhena de Moraes, coordena o Grupo de Dinâmica Orbital e Planetologia. A equipe internacional preparou um artigo sobre o projeto para o Journal of Spacecrafts and Rockets que em breve deve ser publicado.
Estudante se destaca com foto de Júpiter
Divulgação
Criada em 2006, Aerofeg soma conquistas em disputas nacionais e internacionais
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equipe Aerofeg, da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá da Unesp, sagrou-se vice-campeã na classe Regular da SAE International Aerodesign East Competition. A competição aconteceu entre os dias 9 e 11 de março no Florida Air Museum, na cidade de Lakeland, na Flórida, Estados Unidos, na qual 75 equipes com cerca de 700 participantes vindos de oito países disputaram três categorias (Micro, Regular e Advanced). A Aerofeg conquistou ainda a menção honrosa de melhor apresentação oral, além do segundo maior somatório de carga: no primeiro voo a aeronave carregou 24 kg, sendo 19 kg de carga.
A equipe existe desde 2006 e participou pela terceira vez desse evento, tendo sido já campeã em 2016 e terceira colocada em 2012. Este ano, a Aerofeg foi formada por Maysa da Cruz Liberatti, a capitã, Mariele Cristina de Oliveira Faria, Leonardo Paciullo Rodrigues, Alexandre Henrique Sobolewski Michel, João Pablo de França Araujo Castro (alunos de Engenharia Mecânica); Leandro Silva de Deus, Ivanna Castelli (Engenharia Elétrica); Pedro Pugliesi Rivaben (Engenharia de Produção); Ana Karoline dos Reis (Engenharia de Materiais); e Carolina Massae Ishii (Engenharia Civil); além do ex-aluno Thiago Henrique Barbetta (piloto). Orientador do grupo, o professor Marcos Valério Ribeiro
destaca que o resultado demonstra o alto nível técnico da equipe, que teve apenas quatro meses para preparar o projeto. “Tivemos que construir uma aeronave completamente diferente da que disputou a prova da Aerodesign no Brasil, em outubro do ano passado, e que garantiu nossa classificação para a disputa nos Estados Unidos”, esclarece. A capitã Maysa acentua que o planejamento foi fundamental para garantir a boa execução do projeto. A disputa na Florida foi a sétima competição de que a estudante participou. “A experiência que adquiri me ajudou muito, me deu responsabilidade, conhecimento técnico, prática de trabalho em equipe e bagagem de gestão”, diz ela.
NASA
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ma imagem da superfície de Júpiter obtida pela sonda norte-americana Juno garantiu projeção internacional a Gustavo Bittencourt Costa, aluno do curso de Química Ambiental da Unesp de São José do Rio Preto. A sonda é dotada de uma câmera/telescópio de luz visível que capta, a cada 53 dias, imagens posteriormente enviadas para a Terra e disponibilizadas no site da Missão Juno. “Essas imagens da Juno são difíceis de interpretar, exigem um processamento adequado”, adverte Gustavo. No dia 7 de fevereiro, a Juno colheu e enviou uma imagem que, dois dias depois, foi submetida a um pré-tratamento pelo cientista Matt Brealey, que em seguida a disponibilizou via Twitter. Para Gustavo, a imagem de Brealey ainda não estava satisfatória e por isso ele resolveu processá-la novamente, utilizando recursos de Adobe Photoshop. “Fiz ajustes de cores e contrastes e enfatizei a sensação de relevo na imagem, para que as pessoas a vissem como se estivessem sobre a superfície do planeta”, explica o estudante. No mesmo dia 9 de fevereiro, Gustavo enviou seu trabalho para o site da Missão Juno. No dia 15 de março, a imagem foi publicada no site do Jet
Imagem trabalhada por Gustavo foi divulgada no site da NASA Propulsion Laboratory (JPL, da NASA) e no site da Missão Juno, além de suas páginas no Instagram. Um dia depois, foi destaque na galeria Image of the Day (Imagem do Dia), no site oficial da NASA, e foi divulgada em outra publicação oficial, agora no site da NASA, sendo ainda publicada nos perfis do Centro de Voos Espaciais Marshall no Twitter, e no site oficial da NASA (também no Instagram respectivo). Foram também retuitadas por diversas outras personalidades da área astronômica. “Foi a partir dessas publicações oficiais que, então, vários outlets de mídia começaram a exibir o meu processamento dessa imagem”, relata o aluno.
Fonte oficial da foto: <https://goo.gl/D8h4n5>.
Geral
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AGÊNCIA UNESP DE INOVAÇÃO
Conhecimento deve retornar à sociedade, diz diretor da AUIN Assessoria de Comunicação e Imprensa - IB Unesp Botucatu (via 4toques comunicação)
Jornal Unesp: Qual era a sua visão sobre o trabalho da AUIN antes de assumir a direção dessa instituição, e agora? Wagner Valenti: Eu sempre achei que a agência de inovação deveria focar na facilitação da transferência do conhecimento gerado pela universidade para a sociedade. No entanto, na minha avaliação, as agências, ou "NITs" (Núcleos de Inovação Tecnológica), sempre focaram muito em patentes e passam uma ideia de que o papel delas é somente patente. Após assumir, constatei que realmente a agência da Unesp se preocupava muito com o depósito de patentes em detrimento dos outros tipos de propriedades industriais. Além disso, as inovações sociais, por exemplo, não eram consideradas. Por outro lado, verifiquei que a agência focou muito sua atuação no desenvolvimento do pensamento empreendedor.
Igor Medeiros
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professor Wagner Valenti assumiu em janeiro o cargo de diretor da Agência Unesp de Inovação – AUIN. Recentemente, esteve no Instituto de Biociências (IB) da Unesp, Câmpus de Botucatu, no lançamento do primeiro Escritório de Inovação e Tecnologia criado na Unesp, o IBIT. Nesta entrevista, Valenti fala um pouco dos desafios à frente da AUIN.
Para Valenti, reorganização da agência é medida prioritária
JU: Quais seriam os projetos que o senhor já vislumbra colocar em prática a curto/médio prazo dentro da AUIN? Valenti: Eu pretendo antes de tudo reorganizar a agência. Assim que conseguirmos colocar todas as propriedades industriais na nova plataforma de dados e dar andamento a todos os pedidos e contratos parados, vamos começar uma ampla discussão da política da agência. É preciso ter uma política de seleção de propriedades industriais para serem registradas (não somente as patentes) e também uma política para o licenciamento e para capacitar os funcionários para executar essas tarefas. Vamos criar um espaço para receber empresas e facilitar o contato com elas. Também pretendemos iniciar brevemente um trabalho junto aos vários câmpus da Unesp estabelecendo uma interação produtiva com os escritórios de inovação, incubadoras de empresas, centros de inovação ou, nas unidades que não têm nada ainda, com a própria direção.
JU: O senhor acompanhou, no Câmpus de Botucatu, a inauguração do 1º Escritório de Inovação e Tecnologia da Unesp. Esse tipo de iniciativa, de um ambiente mais próximo dos alunos, estimulando-os ao empreendedorismo, é um caminho sem volta? Valenti: Sem dúvida. As relações de trabalho mudaram e continuam mudando. Já quase não existem empregos e concursos públicos. É preciso que os alunos aprendam a enxergar oportunidades e sejam proativos para construir sua própria forma de trabalhar e ganhar o seu sustento.
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Esse recurso visa estimular o debate científico e contribuir para alçar a pesquisa na Unesp a um novo patamar de qualidade. À semelhança de ferramentas equivalentes implementadas em outras instituições, a proposta dessa iniciativa é aumentar a troca de experiência entre os pesquisadores e agilizar a resolução de dificuldades encontradas durante experimentos em projetos na Universidade.
REITOR: Sandro Roberto Valentini VICE-REITOR: Sergio Roberto Nobre PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO: Leonardo
Theodoro Büll PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO: Gladis Massini-Cagliari PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO: João Lima Sant’Anna Neto PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:
Cleopatra da Silva Planeta PRÓ-REITOR DE PESQUISA: Carlos Frederico de Oliveira Graeff SECRETÁRIO-GERAL: Arnaldo Cortina CHEFE DE GABINETE: Carlos Eduardo Vergani ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E IMPRENSA : Oscar D’Ambrosio ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE INFORMÁTICA :
Ney Lemke ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA JURÍDICA :
Edson César dos Santos Cabral ASSESSOR-CHEFE DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO:
José Roberto Ruggiero ASSESSOR-CHEFE DE RELAÇÕES EXTERNAS:
José Celso Freire Júnior ASSESSOR ESPECIAL DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:
Rogério Luiz Buccelli
JU: Ainda em Botucatu, o senhor visitou o Parque Tecnológico, que busca estimular essa sinergia entre universidades, poder público e iniciativa privada para o desenvolvimento de produtos/serviços que de fato transformem a vida das pessoas. É possível utilizar esses parques espalhados pelo Estado para realizar algum tipo de parceria? Valenti: Sim. Nós já conversamos com o diretor do parque de Botucatu para que a AUIN esteja presente. Podemos estar presentes em todos os parques de forma virtual, usando a tecnologia a nosso favor.
A íntegra desta entrevista está disponível no Portal Unesp, no endereço: <https://bit.ly/2H5ll5k>.
Espaço estimula interação de pesquisadores Unesp Bioforum é um espaço no Facebook criado para estimular a interação entre docentes, pós-docs, estudantes de pós-graduação e de iniciação científica que realizam atividades de pesquisa na Unesp. Nele são veiculados assuntos relacionados a recursos de pesquisa, incluindo equipamentos, reagentes, protocolos experimentais e oportunidades.
GOVERNADOR: Geraldo Alckmin SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SECRETÁRIO: Márcio França
Para participar, basta acessar a página do grupo e solicitar ingresso: <https://bit.ly/2H71veo>. Informações Professor Deilson Elgui de Oliveira, Ph.D. Patologia – FMB – Unesp VIRICAN – Grupo de Estudos em Carcinogênese Viral e Biologia dos Cânceres Tel.: (14) 3880-1573 / 3811- 6047 Website: <http://virican.net>.
DIRETORES/COORDENADORES-EXECUTIVOS DAS UNIDADES UNIVERSITÁRIAS:
Max José de Araújo Faria Júnior (FMV-Araçatuba), Wilson Roberto Poi (FO-Araçatuba), Luis Vitor Silva do Sacramento (FCF-Araraquara), Elaine Maria Sgavioli Massucato (FO-Araraquara), Cláudio César de Paiva (FCL-Araraquara), Eduardo Maffud Cilli (IQ-Araraquara), Andréa Lúcia Dorini de Oliveira (FCL-Assis), Marcelo Carbone Carneiro (FAAC-Bauru), Jair Lopes Junior (FC-Bauru), Luttgardes de Oliveira Neto (FE-Bauru), Carlos Frederico Wilcken (FCA-Botucatu), Pasqual Barretti (FM-Botucatu), Maria Dalva Cesario (IB-Botucatu), José Paes de Almeida Nogueira Pinto (FMVZ-Botucatu), Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo (FCAT-Dracena), Célia Maria David (FCHS-Franca), Mauro Hugo Mathias (FE-Guaratinguetá), Enes Furlani Junior (FE-Ilha Solteira), Antonio Francisco Savi (Itapeva), Pedro Luís da Costa Aguiar Alves (FCAV-Jaboticabal), Marcelo Tavella Navega (FFC-Marília), Edson Luís Piroli (Ourinhos), Rogério Eduardo Garcia (FCT-Presidente Prudente), Patrícia Gleydes Morgante (Registro), Cláudio José Von Zuben (IB-Rio Claro), José Alexandre de Jesus Perinotto (IGCE-Rio Claro), Guilherme Henrique Barris de Souza (Rosana), Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira (Ibilce-São José do Rio Preto), Estevão Tomomitsu Kimpara (ICT-São José dos Campos), Valerie Ann Albright (IA-São Paulo), Marcelo Takeshi Yamashita (IFT-São Paulo), Marcos Antonio de Oliveira (IB/CLP-São Vicente), Eduardo Paciência Godoy (ICT-Sorocaba) e Danilo Fiorentino Pereira (FCE-Tupã).
EDITOR: André Louzas REDAÇÃO: Marcos Jorge COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Igor Medeiros (foto). EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Phábrica de Produções
Alecsander Coelho e Paulo Ciola (direção de arte); Daniela Bissiguini, Érsio Ribeiro, Kauê Rodrigues, Marcelo Macedo e Rodrigo Alves (diagramação) REVISÃO: Maria Luiza Simões PRODUÇÃO: Mara Regina Marcato APOIO ADMINISTRATIVO: Thiago Henrique Lúcio TIRAGEM: 3,5 mil exemplares Este jornal, órgão da Reitoria da Unesp, é elaborado mensalmente pela Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI). A reprodução de artigos, reportagens ou notícias é permitida, desde que citada a fonte. ENDEREÇO: Rua Quirino de Andrade, 215, 4.º andar, Centro, CEP 01049-010, São Paulo, SP. Telefone: (11) 5627-0323. HOME PAGE: http://www.unesp.br/jornal E-MAIL: jornalunesp@reitoria.unesp.br IMPRESSÃO: 46 Indústria Gráfica
VEÍCULOS Unesp Agência de Notícias: <http://unan.unesp.br/>. Rádio Unesp: <http://www.radio.unesp.br/>. TV Unesp: <http://www.tv.unesp.br/>.
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Artes Plásticas Imagens reprodução
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Pintura de Henry Vitor: produção dessa tendência nasce sem vínculo com mercado de arte
Obra de Marcos de Oliveira: arte naïve representa uma ponte entre o ser e o mundo
MUITO ALÉM DA ACADEMIA Livro traça origens e evolução da pintura naïve, além de analisar quatro expoentes brasileiros Oscar D’Ambrosio
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esultado de um estudo da arte voltada para a cultura popular, área que impõe dificuldades devido a sua ampla conceituação, a obra Pintura naïve: conceitos, características e análises (quatro exemplos em São Paulo), de Maria Helena Sassi, é a versão em livro, publicada pela Editora Unesp, de dissertação de mestrado apresentada no Instituto de Artes da Unesp em São Paulo, SP, sob a orientação do professor José Leonardo do Nascimento. A autora, docente da rede municipal de ensino em São Paulo, busca de início desvendar, historicamente, como surgiu a pintura ingênua, em geral produzida por artistas sem formação acadêmica de artes visuais, e com quais movimentos ela se identifica. “Apresento ainda uma breve biografia do artista francês Henri Rousseau (1844–1910), levantando as características da obra desse importante artista”, diz, lembrando que ele é considerado um dos precursores e referência
obrigatória do gênero. “Rousseau conseguiu expressar de modo muito pessoal o que outros artistas procuravam por meio de outros movimentos como o Fauvismo, o Impressionismo e o Cubismo. Todos tinham em comum a preocupação com novas expressões que não representassem vínculo com a arte acadêmica”, diz Maria Helena. Em seguida, a autora faz um histórico de quando surgiu a pintura “primitiva” no Brasil e de seus representantes mais significativos. Devido à sua importância para a arte ingênua nacional, também é apresentado um histórico da Bienal Naïfs de Piracicaba, desde seu início. “A partir de 1992 sua representatividade aumenta; e o evento passa por transformações, adotando o caráter bienal. Apresentamos, assim, a cada bienal, a descrição da participação dos curadores, dos jurados, das salas especiais e dos principais artistas até a bienal de 2010”, explica a pesquisadora. Foram então selecionados
quatro artistas do gênero (Henry Vitor, Marcos de Oliveira, Orlando Fuzinelli e Rodolpho Tamanini Netto), radicados no Estado de São Paulo. Como critérios foram utilizados o autodidatismo, a técnica de cada um e o currículo de exposições. “Foi feita uma breve biografia escrita a partir de seus depoimentos. Depois foram escolhidas três obras de cada um com os temas mais relevantes de sua produção, para fazer uma análise, levando em conta aspectos formais e simbólicos”, explicita Maria Helena, graduada em Letras, em Artes e com especialização em Fundamentos da Cultura e das Artes no próprio IA. Há ainda, com base nos depoimentos do crítico de arte Oscar D’Ambrosio e do galerista Roberto Rugiero, uma série de reflexões sobre o mercado e a arte popular, quais galerias em São Paulo oferecem esse tipo de produto, como os artistas são “descobertos” e a atual política governamental acerca da
Trabalho de Orlando Fuzinelli: pintura naïve apresenta grande variedade de códigos
cultura popular. O maior objetivo da pesquisa é contribuir para que a arte ingênua, primitiva, ínsita, primitiva moderna ou qualquer outro nome pelo qual venha a ser reconhecida receba outro olhar. “Isso deveria ocorrer tanto do ponto de vista acadêmico, no qual ainda em determinados locais o gênero artístico encontra um pouco de reserva, quanto nas diversas camadas da população, em que é grande o desconhecimento dessa arte tão importante para a cultura brasileira”, aponta a mestre. “Por trás da aparente simplicidade da pintura naïve encontra-se uma grande variedade de códigos, de símbolos e signos que permite um leque de interpretações formais, estéticas, simbólicas, históricas ou, ainda de que de modo sutil, transcendentais!”, diz Maria Helena. “Pode-se observar que cada artista, dentro de seu estilo, emprega uma técnica específica para desenvolver uma linguagem que representa o seu universo pictórico e imagético.”
Henry Vitor, Marcos de Oliveira, Orlando Fuzinelli e Rodolpho Tamanini Netto desenvolvem, cada qual a seu modo, formas de expressão para transmitir suas ideias, sentimentos, conflitos, esperanças. “A pintura passa a ser uma ponte entre o ser e a realidade, entre o ser e o mundo que o cerca e que o toca”, comenta a mestre em Artes Visuais. “Cada produção de arte popular está relacionada com a necessidade interior de cada um; e nasce inicialmente sem vínculo ou compromisso com o mercado.” Maria Helena conclui que a pintura naïve é uma arte figurativa que se opõe de forma marcante à arte contemporânea, mas não deixa de ser uma forte representante de questões sociais e políticas, aproveitando-se das informações das mídias atuais, tanto impressas quanto visuais (televisão e Internet), para realizar seus protestos em forma de arte. “Há uma intertextualidade de imagens, quando o artista relaciona a sua obra visual com fatos históricos”, ressalta.
Criação de Rodolpho Tamanini Netto: expressões que se opõem à arte contemporânea