Paul Singer: o Brasil perde um 2 grande pensador da
vida pública nacional
Encontro de reitores 11 do continente
Auxílio permanência 4 estudantil na Unesp
analisa desafios da internacionalização
beneficiou 4.133 alunos em 2017
Reprodução
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA • ANO XXXIII • NÚMERO 343 • MAIO 2018
TOLERÂNCIA NO HORIZONTE Fruto da parceria entre a Unesp e o Santander Universidades, o Portal Educando para Diversidade nasce com o objetivo de apoiar práticas inclusivas e de garantir os direitos das pessoas em suas diversidades de gênero, sexualidade, geração e étnico-raciais, entre outras, promovendo a cultura da paz e o combate às várias formas de violência. páginas 8 e 9.
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Novo espaço conecta público à memória do poeta Augusto Frederico Schmidt
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Centro de Inovação Tecnológica de Bauru aproxima governo, empresas e academia
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Pró-reitores e coordenadores de curso debatem mudança curricular na graduação
Avanço feminino Mulheres discutem luta contra preconceitos e violência. Edição disponível apenas on-line em <http://www.unesp.br/jornal>.
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Artigo
A economia brasileira está um pouco menor Ideias de Paul Singer, falecido em abril, estão na origem da proposta de Economia Solidária Maria Encarnação Beltrão Sposito Roberto Barroso/ABr/WikimediaCommons
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ão se trata de retração da economia, com letra minúscula, expressa em indicadores como evolução do PIB, comportamento da inflação ou saldo da balança comercial. Estamos falando da Economia, área de conhecimento, para a qual Paul Singer, falecido em 16 de abril de 2018, contribuiu de forma espetacular, com suas ideias e com suas ações. Sem dúvida, caberia a ele a aplicação da concepção de intelectual orgânico, proposta por Gramsci, na perspectiva dessa expressão, que designa aquele que é, simultaneamente, um expert no seu campo de pesquisa e ensino, e um político capaz de orientar sua conduta e de se comprometer com as mudanças orientadas na direção de uma sociedade mais igualitária e democrática. Sua formação profissional tem início no ensino médio, quando estudou eletrotécnica, e teve continuidade em formação e carreira universitária que poderia, mas não o levou, a se afastar de sua atuação como metalúrgico sindicalizado na década de 1950. Graduado em Economia, doutorou-se com tese que, depois, gerou o livro Desenvolvimento econômico e evolução urbana, uma obra importante cujo caráter transdisciplinar já mostrava sua grande capacidade de articular aspectos afeitos à Sociologia, área de obtenção do título, aos de Economia, Geografia, História, Política e Demografia, sendo que, nessa última especialidade, realizou seu pós-doutorado em Princeton. Desde a publicação de seu primeiro livro, em 1968, intitulado Desenvolvimento e crise, trouxe a público mais de duas dezenas de outros. Tinha a grande capacidade de escrever de modo didático, de forma a que mesmo os leigos fossem capazes de compreendê-lo, sem, com isso, expor suas ideias de modo superficial ou impreciso. A mesma atitude orientava suas exposições orais, palestras e conferências que imantavam a atenção dos que o assistiam. Ele nos fazia refletir sobre um dado assunto, a partir de muitos pontos
de vista, colocando em evidência o potencial que há na apresentação do contraditório, ainda que sua posição apoiada em fundamentos marxianos fosse mantida de modo coerente e inteligente. Ele era, assim, capaz de iluminar as questões do mundo contemporâneo, impulsionando a todos a reconstruir o edifício teórico sem desconsiderar seus alicerces. Foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Atuou como professor na Unesp, na PUC, e desenvolveu a maior parte de sua carreira docente na USP. Foi secretário de Planejamento da Prefeitura Municipal de São Paulo, quando Luiza Erundina foi a prefeita. Desde o final dos anos de 1990 vinha orientando suas pesquisas, orientações e publicações para fundamentar a ideia de Economia Solidária, transformando essas reflexões em subsídios para que muitos organizassem suas atividades na direção de refundação da nossa economia política. Em conferência magna ministrada há muitos anos na Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente, Unesp, ao ser interpelado por um jovem calouro sobre o papel que a Economia Solidária teria no âmbito de uma sociedade capitalista, o que, para quem indagava, seria apenas uma reforma e não uma revolução, ele respondeu, respeitosamente e de modo didático, que conhecia bem as urgências dos trabalhadores que recorriam ao Núcleo de Apoio às Atividades de Cultura e Extensão em Economia Solidária (NACE/NESOL) da USP, no qual atuava; desejava que eles se organizassem em cooperativas, pois sabia que não tinham tempo para esperar por revoluções, mas poderiam realizar muitas transformações, cotidiana e paulatinamente, com suas próprias ideias e mãos.
Maria Encarnação Beltrão Sposito é docente do Departamento de Geografia, Unesp, Câmpus de Presidente Prudente.
Economista, que também deu aulas na Unesp, conhecia bem as urgências dos trabalhadores
PAUL SINGER (1932-2018) Morreu no dia 16 de abril, aos 86 anos, o economista Paul Singer. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês e foi enterrado no Cemitério Israelita do Butantã, Zona Oeste de São Paulo. Paul Singer nasceu na Áustria em 1932 e chegou ao Brasil em 1940. Veio para o país fugindo da perseguição aos judeus na Europa. Ele fez graduação em Economia e doutorado em Sociologia na Universidade de São Paulo (USP). Na mesma instituição, tornou-se livre-docente em demografia e professor titular em economia. Singer lecionou cursos de teoria econômica e história do pensamento econômico em duas faculdades que foram integradas à Unesp: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro e
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara. Em 2016, ele deu entrevista em vídeo para o Projeto Unesp 40+20. Na ocasião, apresentou a sua visão sobre o papel que deve ser desempenhado pelas universidades públicas na formação de cidadãos críticos e responsáveis. Também lembrou com saudades do período em que lecionou Economia nos Câmpus de Rio Claro e Araraquara: <https://bit.ly/2rq7kt9>. A FCL/Araraquara o homenageou em 2013, quando ele proferiu aula magna naquela unidade. (Veja em <https:// bit.ly/2rttSbN>). Durante a gestão de Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo (1989-1992), foi secretário de Planejamento. No governo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (2003-2011), foi um dos precursores do conceito de economia solidária no país, baseada na produção com autogestão, sem patrões e empregados. Durante parte do governo da ex-presidente Dilma Roussef (2011-2016), foi secretário nacional de Economia Solidária. Singer foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), do Partido dos Trabalhadores e da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares na USP. Um filme sobre a trajetória do economista deve ser lançado no final de 2018. Dirigido por Ugo Giorgetti, Paul Singer, uma história do Brasil arrecadou mais de R$167 mil via financiamento coletivo, em campanha lançada em maio de 2017.
Entrevista
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Um socialista democrático Para cientista político, morte de Paul Singer é grande perda para reflexão sobre vida pública Oscar D’Ambrosio Reprodução
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raduado em Ciências Sociais pela USP, mestre em Ciência Política pela Unicamp e doutor em Ciência Política pela USP, Milton Lahuerta é professor de Teoria Política na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, Câmpus de Araraquara. Desenvolve pesquisas e tem trabalhos publicados sobre intelectuais e vida pública no Brasil e na América Latina; ciências sociais e pensamento social no Brasil. Nesta entrevista, o docente ressalta a relevância da figura de Paul Singer para a democracia no país. Jornal Unesp: Qual é a importância de Paul Singer? Milton Lahuerta: Falar de Paul Singer é, de certa maneira, falar de um tipo de personagem intelectual que talvez não vá mais existir. Aliou a preocupação com a militância política ao rigor acadêmico. Nesse sentido, é um intelectual com forte inserção na vida pública. É uma trajetória que está cada vez mais dificultada face ao modelo de hiperespecialização que tem vigorado no âmbito das universidades. Estamos formando e prestigiando especialistas e não intelectuais voltados para a reflexão sobre a vida pública. A perda de Paul Singer tem também essa dimensão simbólica. Ele integra uma geração que está indo embora e que deixa um certo buraco no que se refere à reflexão sobre a vida pública. JU: O que impressiona mais nas origens dele? Lahuerta: Filho de austríacos, vem ao Brasil muito pequeno, perde o pai com 2 anos e é criado quase que exclusivamente pela mãe. Vai ter uma vida muito dura. Desde sua mais tenra idade, até pela origem judaica, vai ter toda uma preocupação com um tipo de socialismo democrático, sempre muito crítico da experiência soviética. Essa marca dele aqui no Brasil será traduzida por um grande empenho em se tornar efetivamente brasileiro. Isso é muito marcante na sua trajetória. Isso se reflete em sua experiência docente na Unesp e na USP e na criação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento
Operários, de Tarsila do Amaral: obras do intelectual tiveram papel decisivo no processo de redemocratização do país Divulgação
sejam procurados pelo MDB, à época comandado por Ulysses Guimarães, no sentido de dar um sentido mais combativo ao movimento democrático brasileiro, transformando-o num desaguar das lutas contra a ditadura. As obras de Singer passam a colaborar na elaboração de um programa que, nos anos seguintes, terá um papel decisivo na luta pela democratização e na derrocada do regime militar. Segundo Lahuerta, geração de Singer hoje está se despedindo
(Cebrap), onde terá uma atuação muito forte de criticar, na época da ditadura, o que era chamado de “milagre econômico”. Ele vai mostrar que, na realidade, o “milagre econômico” se nutria de péssimas condições de trabalho e não apontava para uma melhora duradoura no âmbito da sociedade. Toda essa trajetória vai fazer com que, nesse momento, início de 1970, os textos críticos de Paul Singer e de Fernando Henrique Cardoso sobre a questão política
JU: Como se dá a aproximação de Paul Singer do Partido dos Trabalhadores (PT)? Lahuerta: Paul Singer sempre foi um defensor do socialismo democrático. Preocupava-se muito com a crítica consistente ao modelo soviético. Isso o leva a atuar na própria militância do PT, com experiências junto à prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo (SP), e depois junto ao governo Lula e ao governo Dilma. Ele desenvolve todo um projeto a partir da década de 1990, quando começa a trabalhar com o tema economia solidária. Sua
perspectiva é que não bastava ter uma postura crítica ao capitalismo e aguardar que, de alguma maneira, o capitalismo fosse derrotado politicamente e até revolucionariamente. Acreditava que era necessário, dentro dos próprios marcos do capitalismo, construir um horizonte econômico que fosse mais pautado pela busca de um desenvolvimento humano mais amplo e que não se restringisse meramente a uma dimensão quantitativa, focada exclusivamente no crescimento em si, mas que buscasse outras formas de organização da vida e da produção, onde sobressaíssem propostas sobre cooperativas dos trabalhadores. Essa seria a construção de um outro caminho para produzir e para desenvolver a própria economia. JU: Em síntese, qual seria então o maior legado de Singer? Lahuerta: É muito evidente sua grandeza e generosidade. Foi um grande professor, muito atento aos seus alunos e de uma preocupação sempre
pautada por um critério de rigor e de isenção, sem se render a qualquer espécie de doutrina ou dogmatismo. Desde a sua juventude até sua morte, manteve-se fiel às suas convicções. Foi um homem que sempre se definiu como um socialista, mas sempre trabalhou com um horizonte de um socialismo democrático. Neste momento tão duro pelo qual o país passa, momento de tanta intolerância e de incapacidade de as pessoas conversarem sobre os rumos do futuro, diria que a morte de Paul Singer significa mais uma das derrotas do movimento democrático na sociedade brasileira. Nesse sentido, é mais uma perda que deveria ser lamentada, não só por aqueles que se aliam mais à esquerda e a uma perspectiva socialista, mas por todos os democratas deste País!
Ouça entrevista completa em: <https://bit.ly/2I1tBbb>
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Permanência estudantil
Força para o aluno carente Auxílio de permanência estudantil atingiu 4.133 estudantes em 2017, aumento de 14,4% sobre 2016
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ermanência Estudantil é uma prioridade da gestão da Unesp. Em 2017, 4.133 estudantes foram contemplados com auxílios permanência na Universidade, havendo um aumento de 14,4% em relação a 2016, quando 3.539 alunos tinham sido beneficiados. “Em 2017, foram contemplados TODOS os alunos que solicitaram auxílios de permanência estudantil e atenderam aos critérios da Universidade, estabelecidos com base em normativas federal e estadual e pela Comissão Permanente de Permanência Estudantil (CPPE), formada por professores, servidores técnico-administrativos e estudantes”, explica Mario Sergio Vasconcelos, coordenador da Coordenadoria de Permanência Estudantil da Unesp (COPE). Em 2018, é intenção da COPE novamente atender a todas as solicitações que cumpram os critérios estabelecidos. Neste ano, houve um aumento de 9,7% em relação ao ano anterior nos recursos aplicados para permanência estudantil pela atual gestão da Reitoria. Programa de Inclusão O Programa de Inclusão levou a Universidade, a partir de 2014, a aumentar a quantidade de estudantes que nela ingressam oriundos de escolas públicas e de famílias de baixa renda. A Unesp vem atribuindo várias modalidades de auxílios de permanência estudantil para estudantes oriundos da rede pública de educação básica com renda per capita familiar de até 1,5 salário mínimo. A Unesp prevê, nesse sentido, diversas modalidades de auxílios, como Moradia Estudantil (1.240 vagas); Restaurante Universitário (10 RUs); Auxílio Socioeconômico (ASE) (R$ 350,00); Auxílio Aluguel (R$ 250,00); Subsídio Alimentação (R$ 75,00); Auxílio Especial (R$ 350,00); e Auxílio Estágio (R$ 350,00). Em 2017, a Unesp passou também a permitir aos estudantes o acúmulo de auxílios de permanência com bolsas da Fapesp. Também o Subsídio Alimentação, que até 2016 era de no máximo 11 meses, pode agora ser concedido para o período de até 12 meses. Houve ainda a criação do Subsídio Alimentação para alunos que foram contemplados somente com vaga na Moradia Estudantil. Além disso, criou-se a possibilidade de o ingressante
em situação de extrema vulnerabilidade socioeconômica solicitar o Auxílio Provisório. Esse auxílio tem por finalidade garantir as condições mínimas para que os ingressantes com esse perfil socioeconômico não se evadam da Universidade até a finalização do processo seletivo. “Os dados revelam que o Programa de Inclusão está atingindo as metas estabelecidas. Em 2017, 50% dos ingressantes já eram de escolas públicas. Além disso, podemos observar que após a implantação do Programa de Inclusão na Unesp, o percentual de alunos pretos, pardos e indígenas assumiu uma tendência ascendente, chegando a 18% dos alunos ingressantes matriculados na Universidade”, informa Vasconcelos. BENEFÍCIOS Entre 2013 e 2018, o orçamento investido no que se refere aos auxílios de permanência estudantil voltados para atender estudantes em condições de vulnerabilidade socioeconômica (estudantes com renda per capita familiar de até 1,5 salário mínimo) aumentou 128%. No período de 2014 a 2017, em relação aos auxílios socioeconômicos, a Unesp atendeu a 13.336 estudantes. RESTAURANTES UNIVERSITÁRIOS Os Restaurantes Universitários (RUs), localizados em 10 cidades, servem 2,35 milhões de refeições/ano. MORADIA ESTUDANTIL Outro programa de apoio oferecido aos estudantes de graduação que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica é a Moradia Estudantil. Atualmente, são disponibilizadas 1.240 vagas nas diversas moradias da Unesp existentes nos seguintes municípios: Araçatuba (64), Araraquara (128), Assis (119), Bauru (32), Botucatu (64), Franca (86), Guaratinguetá (54), Ilha Solteira (288), Marília (95), Presidente Prudente (128), Rio Claro (96), São José do Rio Preto (64) e São Paulo (22).
Divulgação
Para mais informações, acesse a página da Coordenadoria de Permanência Estudantil: <www.unesp.br/ permanenciaestudantil>.
Moradia estudantil em Marília: ao todo, Unesp oferece 1.240 vagas em 13 câmpus
Graduação
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Pela mudança curricular Pró-reitores e coordenadores reúnem-se para dar continuidade aos debates sobre a graduação Marcos Jorge Fotos Marcos Jorge
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Pró-Reitoria de Graduação (ProGrad) organizou, nos dias 19 e 20 de abril, o II Workshop Graduação no auditório do Núcleo de Ensino a Distância da Unesp, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. O encontro é uma continuação da proposta iniciada em novembro de 2017, em Bauru, de estimular um movimento de revisão da estrutura curricular dos cursos da graduação da Universidade. Diferente do encontro do ano passado, que reuniu servidores técnico-administrativos e representantes de outras instâncias da Unesp, o evento teve apenas coordenadores dos cursos de graduação e reservou mais tempo para a discussão entre os coordenadores. “Essa foi uma demanda que nós recebemos depois da primeira edição do workshop”, destacou a pró-reitora de Graduação Gladis Massini-Cagliari. “Esse segundo evento foi mais focado especificamente na creditação e reestruturação dos cursos de graduação e esse é um papel dos conselhos dos cursos.” A professora enfatizou que a iniciativa de rever os currículos deve partir dos próprios cursos, em diálogos com os alunos, e que essa não é uma proposta imposta pela pró-reitoria. “Muitos dos cursos de licenciatura acabaram de passar por reformas curriculares do pior tipo, aquelas que são impostas e não oriundas das necessidades percebidas no curso”, afirmou, referindo-se à exigência recente do Conselho Estadual de Educação (CEE) de que os cursos de Pedagogia e Licenciatura reservem parte da carga horária para que os alunos revisem conteúdos do ensino fundamental e do médio. O encontro também teve a presença do reitor Sandro Valentini e dos demais pró-reitores da universidade, reunidos na mesa sob o tema “Graduação na Unesp: Integrando Extensão Universitária, Pesquisa e Pós-Graduação”. Para o reitor, a presença de todos os dirigentes no encontro deixa clara a importância que a gestão tem dado às iniciativas que reflitam sobre o currículo de graduação. “Qualquer iniciativa que vise melhorar o ensino da graduação é de extrema importância
Sant’Anna, Gladis, Cleopatra e Graeff analisaram temas como creditação e reestruturação de cursos
Evento teve a participação dos coordenadores de cursos de graduação, que discutiram dificuldades para nós. A legitimidade social da universidade pública vem principalmente do trabalho feito na formação desses estudantes”, argumenta Valentini. CRÉDITOS NA EXTENSÃO A questão da creditação de atividades foi pontuada também pela pró-reitora de Extensão, professora Cleopatra da Silva Planeta. A docente destacou o papel da extensão universitária em oferecer ao aluno o contato direto com as demandas e desafios do mundo contemporâneo. “Isso dá ao aluno a oportunidade de refletir sobre a sua formação e sobre sua futura atuação profissional”, disse. Nesse sentido, ganha importância a discussão de como valorizar corretamente essas atividades. A pró-reitora lembrou que o Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado em 2014 assegurou que as universi-
dades federais reservem 10% do total dos créditos curriculares do curso de graduação para atividades extensionistas. Cleopatra usou o exemplo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que desde 2013 tem trabalhado na validação dessas atividades nos currículos. “Foi feito um levantamento de como cada curso tratava a extensão, realizou fóruns e fomentou debates como este que nós estamos fazendo no intuito de estabelecer de forma clara quando, como e onde seriam ofertados os créditos”, explica. Alinhado à fala da professora Cleopatra, o pró-reitor de Pesquisa, Carlos Graeff, chamou a atenção para as atividades de iniciação científica. “A iniciação científica tem um reflexo claro na pesquisa e é importante que essas atividades sejam devidamente creditadas. Nós entendemos que o nosso modelo atual
de currículo está começando a caducar”, afirma. À frente da pasta de Pós-Graduação, João Lima Sant’Anna Neto destacou a dificuldade na transição e integração dos alunos de graduação e pós. Na opinião do pró-reitor, perdem-se bons alunos por meio de avaliações rígidas e por não se considerar, por exemplo, a trajetória do estudante na graduação. “Muitas vezes, o excesso de regras parece proteger o sistema, mas ele pode também impedir a criatividade e o desenvolvimento de talentos”, alerta. QUESTIONAMENTOS Após a mesa de discussão com a presença dos pró-reitores, os coordenadores foram convidados a se reunir em suas respectivas áreas de conhecimento para discussão e hierarquização de alguns temas da estrutura curricular, como flexibilidade
pedagógica, creditação, interdisciplinaridade e personalização curricular. Uma série de questionamentos foi colocada pelos coordenadores nas apresentações dos grupos. Os docentes destacaram, por exemplo, a dificuldade de alguns alunos no domínio do conteúdo do ensino médio ou na forma com que se apropriam das tecnologias. Os temas escolhidos para o debate sobre a estrutura curricular também não representam as prioridades de todos os cursos e poderiam ter passado por um debate antes de serem escolhidos, na avaliação de alguns docentes. Questões recorrentes nas falas dos grupos foram o déficit de professores em diversos departamentos e a necessidade de retomar o processo de contratação dos docentes o quanto antes. PRÓXIMOS PASSOS O grupo formado pelos coordenadores dos cursos de Ciências Biológicas destacou a dificuldade que a área enfrenta para construir sua grade curricular diante das exigências de inserção de determinadas disciplinas feitas pelo Conselho Nacional de Biologia (CNB) aos cursos de bacharelado e pelo Conselho Estadual de Educação (CEE) aos cursos de licenciatura. Para atender a essa questão, a ProGrad está em contato com os cursos de Ciências Biológicas para organizar um fórum de discussão focado na construção curricular que contemple as exigências dos dois órgãos. “De agora em diante, nós não temos mais a intenção de organizar workshops abrangentes e com grupos grandes de coordenadores como os realizados em novembro e abril. Nossa ideia é focar nos cursos e nas áreas que buscarem nosso apoio para trabalharmos em demandas específicas”, aponta Gladis. A equipe também está preparando um evento na área de Saúde, em Botucatu, centrado em aproveitar da melhor forma possível os serviços clínicos nos currículos dos cursos de saúde. Além disso, a Pró-reitoria prevê para os próximos meses o lançamento de um edital específico para inovação dos cursos de graduação da Unesp.
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Inovação
Pelo avanço regional Secretaria estadual credencia funcionamento do Centro de Inovação Tecnológica de Bauru Imagens reprodução
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região de Bauru tem atualmente um sistema local de inovação composto por entidades que representam instituições de ensino e pesquisa, centros e grupos de pesquisa, órgãos de classe, órgãos públicos e empresas locais públicas e privadas. A fim de promover e fortalecer esse conjunto, no dia 19 de fevereiro, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo credenciou o funcionamento do Centro de Inovação Tecnológica de Bauru (CITeB). “Os principais objetivos desse credenciamento são articular, consolidar e ampliar o sistema local de inovação”, informa Marcelo Carbone Carneiro, diretor da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da Unesp de Bauru. O CITeB será um estimulador de novos empreendimentos e de integração entre Universidade, governo, órgãos de fomento ao empreendedorismo e à inovação e novos negócios. No dia 1º de março, o Centro recebeu o aval do governo estadual para a criação de seu espaço. A iniciativa, intitulada “Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Financeira e Plano de Negócios”, nasceu de uma parceria entre o câmpus local da Unesp e a prefeitura da cidade e visa desenvolver políticas públicas voltadas para a tecnologia e construir um espaço, não só físico, mas de discussão sobre como a tecnologia pode fazer diferença na vida de um empresário e da população bauruense. INTEGRAÇÃO À REDE O Centro tem como entidade gestora a Fundação para o Desenvolvimento da Unesp (Fundunesp), no contexto da Rede Paulista de Centros de Inovação Tecnológica (RPCITec). Seu funcionamento se baseia em cultura de inovação, concepção da pesquisa, desenvolvimento e engenharia de novos produtos e/ou processos, atendendo a empresas e organizações, objetivando proteger e fortalecer a competitividade, a sustentabilidade econômica e o desenvolvimento social desses empreendimentos. A inclusão do Centro na Rede
considero que Bauru está no caminho certo da inovação.”
Projeto virtual da sede do Centro, que deverá abrigar também incubadora de ideias inovadoras
Iniciativa nasceu de parceria do câmpus local da Unesp e da prefeitura da cidade Paulista significa a expansão do programa de desenvolvimento urbano regional planejado, baseado no empreendedorismo, na inovação, na sustentabilidade social e econômica, articulado com as vocações já demarcadas na região e voltado para a produção científica, tecnológica e corporativa, para a disseminação do conhecimento e, também, para o aumento da competitividade dos arranjos locais produtivos. Desse modo, o CiTeB deverá cada vez mais distinguir-se como motor do progresso social e material da região, consolidando o desenvolvimento regional e cumprindo seu papel de gerar renda, criar empregos e atuar como catalisador de investimentos em CT&I. Essa proposta envolverá a parceria com a Prefeitura de Bauru, que tem demonstrado firme interesse em tornar o Centro-Oeste Paulista um ecossistema de inovação e empreendedoris-
mo com a necessária parceria acadêmica. Assim, será possível efetivar ações junto à sociedade de forma sustentável, fixando talentos e colaborando para que a cidade se desenvolva no sentido de um modelo moderno, inteligente, criativo, dinâmico, sustentável e inclusivo. A iniciativa é um importante passo para a criação do Polo Tecnológico que integra a agenda da Prefeitura, que busca em suas ações e políticas públicas o crescimento e desenvolvimento da cidade, da região e por extensão do Estado de São Paulo. SEDE O Centro terá como sede o Edifício Pioneiro, localizado na quadra 7 da avenida Rodrigues Alves, e será gerido pela Fundunesp. Para iniciar suas atividades, o projeto aguarda a liberação de verbas para a reforma da parte do edifício destinada a essa finalidade. O espaço deverá
abrigar, também, uma incubadora de ideias inovadoras, com base tecnológica e que agregue valor às empresas e à economia da cidade, benefício previsto em leis estadual e federal. A ideia é que os microempreendedores tenham um espaço para poder desenvolver seu projeto, com a ajuda das universidades e da estrutura fornecida, para já chegar ao mercado com um empreendimento fortalecido. Embora o projeto seja construído pela Unesp em parceria com a prefeitura, outras universidades, políticos, empresários e centros de ensino foram envolvidos para a criação de um verdadeiro “ecossistema de inovação”. “Todos ganham: a Unesp ganha porque desenvolve projeto, o empresariado ganha porque tem viabilizada uma ideia ou agregado valor a um produto”, comentou o diretor da FAAC, professor Marcelo Carbone Carneiro. “Então eu
PROTOCOLO DE INTENÇÕES A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, a Prefeitura de Bauru e a Unesp haviam firmado, dia 25 de julho de 2017, na sede da Secretaria, um protocolo de intenções com o objetivo de estabelecer um conjunto de ações capaz de promover a implantação de um Centro de Inovação Tecnológica no município, identificando as atuais dificuldades e necessidades e proporcionando condições para a concretização desse objetivo. Marcelo Strama, subsecretário da pasta, representou, no ato, o então secretário Márcio França. Ele enfatizou que esse tipo de documento é de grande importância para fomentar ações conjuntas entre o setor produtivo e as áreas responsáveis pela geração de conhecimento. “É ótimo ver as possibilidades que se abrem de aproximação entre Estado, prefeituras e universidades hoje”, afirmou. Clodoaldo Gazzetta, prefeito de Bauru, lembrou o carinho que tem pela Unesp, já que se formou em Ciências Biológicas, em 1991, na Faculdade de Ciências de Bauru. “Documentos como o que assinamos hoje abrem possibilidades de alavancar processos tecnológicos em que Estado, prefeituras, universidades e a sociedade como um todo saem beneficiados”, observou. Vice-reitor da Unesp, Sergio Nobre, representando o reitor Sandro Valentini, lembrou que inovação significa pensar no futuro. “São os jovens que inovam. Cabe aos mais experientes, os professores, abrir caminhos para que a inovação exista. A Universidade é o local onde tudo isso se realiza”, afirmou. Marcelo Carneiro ressaltou o envolvimento das três unidades da Universidade – Faculdade de Ciências, Faculdade de Engenharia e FAAC – nas tratativas que levaram à oficialização do protocolo. “Agradeço a participação de todos que auxiliaram na soma de esforços que tornou essa assinatura possível”, disse.
Memória
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A morada do poeta
Novo espaço coloca público em conexão com memória de Augusto Frederico Schmidt Oscar D’Ambrosio Fotos Roberto Rodrigues
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cerimônia de inauguração do Espaço Cultural Augusto Frederico Schmidt ocorreu dia 25 de abril, no Câmpus da Unesp no bairro do Ipiranga, em São Paulo (SP). O Espaço Cultural apresenta uma ambientação da residência do escritor e diplomata carioca e de sua esposa Yedda, fruto de doação realizada pela Fundação Yedda & Augusto Frederico Schmidt, com o objetivo de proporcionar uma maior interação entre a Fundação e o público de estudiosos de diferentes pesquisas. “É uma honra para nós termos esse material em nossa Universidade”, disse, na ocasião, o vice-reitor da Unesp, Sérgio Roberto Nobre. Para abrilhantar a noite de inauguração, houve a apresentação do espetáculo A noite do galo branco, sobre a vida do intelectual, possível graças a uma parceria com o SESC Ipiranga. O espetáculo tem esse nome em referência a uma obra homônima do poeta. “Esperamos que este evento seja apenas o primeiro de uma série de realizações conjuntas entre a Unesp e o SESC Ipiranga”, afirmou a gerente-adjunta do Sesc Ipiranga, Luciana Itapema. A doação para a Universidade do espólio do escritor e diplomata Augusto Frederico Schmidt (1906-1965), autor de mais de trinta livros, entre prosa e poesia, e de vários artigos publicados em jornais e revistas, da década de 1920 à de 1950, ocorreu em 2011. A jornalista Eliane Georgette Peyrot, herdeira testamentária do espólio, compareceu ao evento em nome da Fundação Yedda & Augusto Frederico Schmidt. “Ter a Unesp como fiel depositária é o melhor caminho para a interação entre a fundação e o público de estudiosos de diferentes pesquisas”, afirmou. O espólio é composto de 3.170 volumes, livros raros dos séculos XVI e XVII, publicações especiais (dedicadas a determinadas pessoas) e várias primeiras edições de autores como Mário de Andrade (1893-1945) e Manuel Bandeira (1886-1968). Também foram doados mobiliário, piano, tapeçaria e objetos de decoração. Os livros estão na Faculdade de Ciências e Letras
Local apresenta ambientação da moradia do escritor e diplomata (FCL), Câmpus de Araraquara. Os bens móveis foram dispostos, no Câmpus da Unesp no Ipiranga, de modo a reproduzir o ambiente original da residência do casal Yedda & Augusto Frederico Schmidt, num espaço aberto à visitação pública. MODERNISTA Carioca, Augusto Frederico Schmidt nasceu em 18 de abril de 1906. Em 1922, publicou seus primeiros versos em um jornal do bairro de Copacabana chamado O beira-mar. Foi para São Paulo e conheceu a nova geração de artistas e intelectuais que integravam a Semana
de Arte Moderna de 1922. Em 1928, Schmidt retornou ao Rio de Janeiro e lançou seu primeiro livro de poesias: Canto do brasileiro Augusto Frederico Schmidt. Em 1930, fundou a Schmidt Editora, em que publicou vários autores consagrados, entre eles Vinicius de Moraes, Graciliano Ramos, Gilberto Freyre, Rachel de Queiroz e Jorge Amado. A Livraria Schmidt Editora esteve em atividade até 1939. Em 1934, Schmidt fundou, com Luiz Aranha, a empresa Metrópole Seguros. Daí em diante, envolveu-se em várias atividades das áreas comer-
Eliane Peyrot, herdeira do espólio, na cerimônia de inauguração ciais e industriais. Casou-se com Yedda Ovalle Lemos, em 1936. No ano seguinte, iniciou carreira como cronista do jornal Correio da manhã e, alguns anos depois, também começou a escrever artigos para o jornal O globo. Empreendedor, abriu o primeiro supermercado do Rio de Janeiro: o Disco, inaugurado em 1952 em Copacabana. Schmidt foi embaixador no governo do presidente Juscelino Kubitschek, cujo mandato foi de 1956 a 1961. Na época, a cidade de Brasília ainda seria projetada como capital do Brasil, que até então era o
Rio de Janeiro. Durante esse governo, foi um dos mais prestigiados assessores presidenciais, cabendo-lhe o comando ostensivo da Operação Pan-Americana (OPA), iniciativa brasileira para atrair investimentos norte-americanos para um programa de desenvolvimento econômico e social da América Latina sob a liderança do Brasil. Schmidt morreu em 8 de fevereiro de 1965, vítima de um ataque cardíaco. Principais obras do autor: O galo branco (1948), Paisagens e seres (1950), Pássaro cego (1930), Canto da noite (1934), Estrela solitária (1940).
POEMA Augusto Frederico Schmidt Reprodução
O Galo Branco adormeceu. Seu corpo claro, imóvel, A noite em flor palpita. Repousa no seio do tempo. O sopro da terra traz O cheiro dos vergéis O Galo Branco adormeceu. Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx E a exalação da vida, Sua voz vermelha Que faz crescer e mover-se Está fechada no sono. A cega natureza. Sua voz guerreira Está cativa à espera O Galo Branco adormeceu. Das luzes primeiras da aurora. E as estrelas no céu amadurecem. O Galo Branco adormeceu A luz se debruça sobre as E nos rosais vão-se abrindo campinas, As asas das rosas. Sobre as águas nascendo Os lírios tímidos oferecem E sobre o mar quieto e lívido. Ao noturno mistério Os corpos virginais. O Galo Branco adormeceu. O vento antigo O Galo Branco adormeceu. Afaga a sua crista de sangue. É a hora em que os sonhos Caminham livres entre vapores.
Schmidt e seu galo de estimação: homem de múltiplas atividades
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Reportagem de capa
ESPAÇO DA TOLERÂNCIA Portal Educando para Diversidade, iniciativa realizada a partir de convênio com o Santander Universidades, visa estimular práticas inclusivas e combater a cultura da violência Oscar D’Ambrosio Reprodução
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oi lançado, dia 23 de abril, na Reitoria da Unesp, em São Paulo, o Portal Educando para Diversidade. Ligada ao Projeto Educando para a Diversidade, a ação foi realizada a partir do convênio firmado entre a Unesp e o Santander Universidades. O acesso ao Portal pode ser feito pelo endereço: <www.unesp.br/ educandoparadiversidade>. “O propósito é divulgar ações de formação, debate, informação e demais conteúdos que possam contribuir para a construção de práticas inclusivas e de garantia aos direitos das pessoas em suas diversidades geracionais, de gêneros, de sexualidades, étnico-raciais, das deficiências e outras para seu acesso e permanência com dignidade e respeito”, informou o vice-reitor, professor Sérgio Roberto Nobre, que representou no evento o professor Sandro Roberto Valentini, reitor da Unesp. Em sua fala, Afrânio Pereira, superintendente do Santander Universidades no Brasil, destacou as parcerias existentes entre a Unesp e o Santander Universidades. “É importante ressaltar o compromisso das instituições com o ensino de qualidade e com uma capacitação cada vez maior dos alunos, assim como com valores de respeito à democracia e aos direitos humanos em todas as suas dimensões”, declarou. Essa ação é uma das que integram o convênio entre a Universidade e o Santander, envolvendo R$ 11 milhões, segundo Carlos Eduardo Vergani, chefe de Gabinete da Unesp. As cinco áreas de atuação são Empreendedorismo e Inovação, Educação para Diversidade, Saúde, Fomento ao Domínio da Língua Inglesa e Sustentabilidade Energética. “O convênio foi assinado em agosto e a gestão financeira de cada programa vem sendo feita por uma plataforma semelhante à do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Universidade. Isso garante transparência em todo o processo, que envolve metas mensuráveis, planejamento de ações, forma de implementação e prazos”, comentou. “O Portal que hoje inauguramos busca ser um ponto de referência de todas as iniciativas institucionais da Unesp para a consolidação
Portal será ponto de referência para uma política de diversidade, respeito a diferenças e disseminação de cultura da paz de uma política de diversidade, respeito à diferença e disseminação da cultura de paz, imperativo categórico imprescindível para a universidade disruptiva do século XXI”, disse Juarez Tadeu de Paula Xavier, assessor da Pró-reitoria de Extensão Universitária da Unesp, e coordenador geral do Projeto Educando para Diversidade.
Gestor do Portal Educando para Diversidade e docente da Faculdade de Ciências e Letras do Câmpus de Assis/Unesp, Leonardo Lemos de Souza assinalou a diversidade de temas presentes nesse espaço: “A comunidade poderá acessar links de diferentes conteúdos sobre as legislações internas e externas à Unesp referentes à garantia dos
direitos humanos”, comentou. Fernanda Henriques, responsável pela programação visual do Portal Educando para Diversidade e vice-diretora da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação do Câmpus de Bauru/Unesp, ressalta que nesse espaço os internautas também poderão se informar a respeito das ações do
Projeto Educando para Diversidade da Unesp: fóruns de debate, atividades de formação, editais de pesquisas, ensino e extensão, biblioteca de artigos, divulgação de eventos, grupos de pesquisa e demais ações que se voltam para as discussões sobre as diversidades e os direitos humanos. “Enfim, um espaço criado especialmente para Fotos Roberto Rodrigues
Da esq. para a dir.: Carlos Vergani, Juarez Xavier, Sérgio Nobre e Afrânio Pereira, no lançamento do Portal
Reportagem de capa
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Legislação da Unesp sobre direitos humanos ficará disponível, diz Souza
Para Fernanda, espaço é canal com comunidade externa e acadêmica
Material disponível aborda tema dos transgêneros, segundo Daniela
Martins desenvolve pesquisas sobre violência na Universidade
Cláudia informa que Portal permite envio de denúncia à Ouvidoria
ser canal direto com a comunidade externa e acadêmica para o debate, sugestões e avaliações sobre as ações do projeto”, disse. “O primeiro material disponível busca explicar o assunto e combater o preconceito contra os transgêneros”, explicou Daniela Cardoso Mourão, responsável pelo material sobre transgêneros dis-
ponível no Portal Educando para Diversidade e docente da Faculdade de Engenharia do Câmpus de Guaratinguetá/Unesp. (Veja box.) Raul Aragão Martins, responsável por pesquisa sobre violência na Universidade e docente do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas do Câmpus de São José do Rio Preto/Unesp, relatou o anda-
mento de pesquisa sobre o tema. “Já foi realizado um projeto piloto com duas unidades. Os próximos passos serão aplicar com alunos ingressantes no meio do ano e, posteriormente, com os alunos ingressantes de 2019”, relatou. Ouvidora-geral da Universidade, Cláudia Maria de Lima apontou que essa ação é de muita
importância para discutir temas polêmicos e para mostrar como a instituição está enfrentando diversos assuntos. “Pelo novo Portal, é possível entrar na Ouvidoria e realizar uma denúncia ou trazer um questionamento, além de conhecer ações da Unesp contra a violência”, disse. (Veja quadros “O que é violência” e “Grupo de Traba-
lho de Prevenção da Violência”.) No encerramento, o professor Sergio Nobre destacou a relevância do Portal: “Mais importante do que ele, porém, é a oportunidade que ele cria de dar visibilidade a importantes questões e abrir possibilidades de discussão delas em nossa comunidade e externamente”’, afirmou.
O QUE É VIOLÊNCIA Débora Fonseca A violência é definida pela Organização Mundial da Saúde como “o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resultem ou tenham grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação”. O termo “violência” apresenta várias manifestações, geralmente associadas a diversas dimensões do poder, que vão daquela física, mais fácil de ser identificada, às mais sutis, que se dão no âmbito dos silêncios e das subjetividades. Nesse sentido, em geral, a violência está, assim, relacionada com a questão do excesso, uma vez que, seja no uso da força bruta ou nos processos psicológicos e sociais de exclusão, há uma aplicação de força excessiva por parte de uma pessoa, instituição ou sistema, a qual impede o reconhecimento do outro.
Existe, portanto, a ideia de dominação e de desordem da razão, da moral e do social harmônico, que propicie uma existência e uma educação na e com a diversidade. A violência se consuma quando um dos atores envolvidos tem uma percepção negativa, o que varia cultural e historicamente, de uma determinada situação. Toda forma de discriminação também é uma forma de violência. Piadas e xingamentos se referenciando a sexo, etnias, raça, identidade de gênero ou orientação sexual, etc., são violências veladas, pois, além de atingirem indiretamente esses grupos mencionados, reforçam estereótipos e servem de instigação para a cultura e a prática “justificada” de violência contra esses grupos. Temos a tendência de desprezar ou não entender as violações morais como forma de violência, mas para a vítima podem ser ainda mais dolorosas que a dor física. Débora Fonseca é professora do Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro.
INICIATIVA CONTRA A VIOLÊNCIA O Grupo de Trabalho (GT) de Prevenção da Violência, instituído dia 10 de março de 2015 pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária (CEPE), tem a participação de docentes, alunos e servidores técnico-administrativos de diferentes unidades da Universidade. Já foram realizadas ações de treinamento e capacitação dos vice-diretores das unidades e dos responsáveis pelas Seções Técnicas de Saúde, assim como workshop sobre álcool e drogas e oficina virtual sobre o tema. No âmbito de marcos regulatórios, a Unesp conta com um conjunto de diretrizes e regras que ensejam responsabilização de alunos em decorrência da prática de atos de violência: – Código de Ética: preconiza que as relações entre os membros do corpo discente da Unesp devem ser presididas pelo respeito à autonomia e à dignidade do ser humano, não sendo tolerados atos ou manifestações de prepotência ou violência de qualquer tipo, ou que ponham em risco a integrida-
de física, moral e/ou social de outros (capítulo VI, item 6.1). – Regimento Geral: define condutas que podem ser praticadas pelos estudantes e prescreve penas (artigos 161 e 162), sendo que é importante destacar o que estabelece o inciso IV do art. 161, no sentido de que constitui infração disciplinar do corpo discente praticar ato atentatório à integridade física e moral de pessoas ou aos bons costumes. – Resolução Unesp n.º 86, de 4 de novembro de 1999: veda o trote na Universidade, incluindo qualquer tipo de ato estudantil que, praticado fora do espaço físico da instituição, possa causar a quem quer que seja agressão física ou moral e outras formas de constrangimento. O trote, a propósito, é infração disciplinar considerada grave, punida com suspensão ou desligamento (§ 1.º do art. 3.º). – Portaria UNESP n.º 525, de 27 de outubro de 2005: ao regulamentar a realização de festas e demais atividades de confraternização nos câmpus, proíbe o uso de bebidas alcoólicas nas dependências da instituição.
O GT tem como objetivo fomentar a saúde, o esporte, a cultura e o lazer, criando novos mecanismos, mais próximos do aluno e de suas necessidades em todos os aspectos, acadêmicos, sociais e psicológicos, num contexto que leve em conta o ambiente universitário e a sociedade como um todo. A Universidade programou ações contra o abuso do uso de álcool e drogas, além de recepção acadêmica e científica e de conscientização, realizada pelas vice-diretorias, que envolve estudantes ingressantes, veteranos e pais. Materiais impressos nesse sentido são amplamente distribuídos. As vice-diretorias e ouvidorias locais e central agem contra qualquer evento que possa desrespeitar, humilhar ou constranger qualquer integrante da comunidade unespiana. Mais informações em: <https://bit.ly/2jIxuDq>, onde é possível encontrar artigos, notícias, notas à imprensa e informações sobre uso de álcool.
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Pós-graduação
Apoio à internacionalização Memorando com a Fapesp disponibiliza até 30 bolsas de doutorado direto para alunos de pós
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m importante passo foi dado dia 3 de abril para o fortalecimento da internacionalização da Unesp, durante a reunião da Câmara Central de Pós-Graduação (CCPG). Na ocasião, o vice-reitor Sérgio Nobre e o professor Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor-científico da Fapesp, assinaram um memorando de entendimento disponibilizando até 30 bolsas de doutorado direto para alunos de pós-graduação. As bolsas poderão ser atribuídas a alunos de programas de pós-graduação com conceito Capes igual ou superior a 5, com orientadores que sejam pesquisadores responsáveis ou pesquisadores principais em projetos vigentes financiados pela Fapesp nas categorias Temático,
Amanda Fernandes
Jovem Pesquisador ou Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID). Atualmente, a Unesp apresenta 72 projetos nessas categorias, reunidos em 30 programas de pós-graduação. O processo de seleção dos bolsistas se dará em duas fases. A primeira, por meio do Graduate Record Examination (GRE), um exame administrado pela Educational Testing Service (ETS), que será aplicado aos candidatos à pós-graduação. Na segunda fase, os programas de pós-graduação aplicarão critérios próprios já consagrados em seus respectivos processos seletivos. O professor Brito Cruz destacou a importância da assinatura do memorando para o objetivo de as pesquisas realizadas nas universidades públicas paulistas gerarem impacto social, econô-
mico e intelectual na sociedade. “O desenvolvimento de ações de cooperação internacional é uma maneira de aumentar a visibilidade e o impacto das pesquisas nacionais”, mencionou. João Lima Sant´A nna Neto, pró-reitor de Pós-graduação e presidente da CCPG, destacou na ocasião: “Essa iniciativa entre a Unesp e a a Fapesp é mais uma etapa importante para a internacionalização da pós-graduação e para a atração de jovens talentos para a Unesp”, disse.
O vídeo do evento está disponível em: <https://bit.ly/2rtkx3Q> As fotos do encontro podem ser acessadas em: <https://goo.gl/nTzV4z>.
Cruz e Nobre assinam documento, observados por Arnaldo Cortina
Mestrado profissional Unesp coordena curso oferecido pela CAPES em rede nacional que terá parceria com o NEaD Marcos Jorge Marcos Jorge
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Unesp será a universidade coordenadora do primeiro Mestrado Profissional em Educação Física (PROEF) em rede nacional oferecido pela CAPES. Para celebrar o início do curso, um evento de abertura foi realizado no Núcleo de Ensino a Distância (NEaD) da Unesp no dia 13 de abril, seguido de uma aula inaugural ministrada pela professora Denise de Paula Albuquerque, coordenadora do PROEF. O evento foi acompanhado ao vivo por alunos, professores e coordenadores envolvidos com o curso pelo Brasil. “Eu digo que nós vamos construir uma história”, aponta a professora Denise. “O nosso grupo é formado por pessoas de diferentes contextos do país. Vamos trazer a realidade de cada um e estabelecer comissões que possam discutir e estabelecer esses parâmetros.” Para a docente da Unesp de Presidente Prudente, a formação dessa rede é fundamental para dar corpo a um curso sólido de formação profissional que tenha foco no cotidiano da escola. “A ideia do curso é oferecer o conteúdo e as ferramentas que os professores
Schlünzen, Sant’Anna e Denise, no evento de abertura
vão precisar para a transformação dos seus alunos no que nós chamamos de ‘chão da escola’. Neste sentido, a rede é importante para pensar esse novo formato de ensino”, argumentou. PROEB O mestrado em educação física é o décimo oferecido pela CAPES no âmbito da ProEB, programa que tem por objetivo a formação continuada stricto sensu dos professores em exercício na rede pública de educação básica. “É parte do projeto da CAPES criar mestrados profissionais em todas as áreas da licenciatura”, acentuou o pró-reitor de
Pós-Graduação da Unesp, professor João Lima Sant’Anna Neto. Até o momento, são oferecidos cursos de formação continuada em Matemática, Física, Letras, Artes, História, Administração Pública, Gestão e Regulação de Recursos Hídricos, Biologia, Química, Filosofia e Sociologia. Além de promover a formação continuada dos professores da rede pública, o ProEB também tem como objetivo instituir uma rede nacional de programas de mestrado profissionais organizados por universidades notórias na formação de professores e criar uma rede de reflexão sobre a realidade do ensino básico público, apontando
perspectivas de mudanças e respostas aos problemas do cotidiano da escola e da sociedade. ESTRUTURA O Mestrado Profissional em Educação Física tem um formato semipresencial, em que parte das atividades será realizada no ambiente virtual e parte em atividades presenciais em polos espalhados pelo país e orientadas por coordenadores regionais. “Espaço e distância não podem mais ser um impedimento para se chegar ao conhecimento”, analisa o pró-reitor Sant’anna. Para viabilizar uma estrutura adequada para um curso híbri-
do, foi estabelecida uma parceria com o Núcleo de Ensino à Distância (NEaD) da Unesp, que é o responsável pela elaboração dos conteúdos a distância e pelo treinamento dos professores. Klaus Schlünzen Junior, coordenador do NEaD, concorda com a importância histórica do mestrado em Educação Física. “Construir escolas hoje também é construir redes. Redes como esta que vocês estão criando entre coordenadores, professores e alunos para fomentar discussões sobre o curso”, aponta. Ao todo, o curso recebeu 181 inscritos em 14 polos localizados em universidades associadas pelo Brasil. Para o professor Marcelo Alves Ramos, da Universidade de Pernambuco (UPE), que representou as universidades associadas, o curso é um marco inovador no ensino da educação física, mas alerta para a necessidade de os coordenadores estarem atentos a problemas que possam surgir conforme comecem as aulas. “Mestrados profissionais estão em evidência, mas exigem reflexão para que suas propostas estejam de acordo com a perspectiva apresentada pelo programa”, disse.
Internacionalização
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Ação sem fronteiras Em encontro de instituições de ensino, reitor abordou estratégia de internacionalização da Unesp Marcos Jorge Fotos Marcos Jorge
Freire Jr.: associação organizou encontro de reitores do continente
É importante chamar atenção para tema da internacionalização, diz Eva
Parcerias com instituições do exterior foram tema de Valentini
Segundo Hudzik, rankings podem prejudicar instituições que avaliam
Universidades não têm cultura de registrar dados, critica Sabine
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rior na América Latina, inovação, impacto social, desenvolvimento sustentável, impacto da tecnologia no ensino e no aprendizado e colaborações em projetos de pesquisa. “Nossa ideia foi não falar diretamente de internacionalização, mas de temas que estão na agenda dos reitores, de forma que eles discutam a dimensão internacional desses assuntos”, destaca Eva.
Essa colaboração, de acordo com o reitor, promoveu o aumento das parcerias com pesquisadores australianos, no número de bolsas oferecidas por agências de fomento para mobilidade de estudantes para a Austrália e no número de publicações em parceria com pesquisadores do país. “A boa notícia é que as publicações conjuntas têm um impacto muito maior do que o respectivo impacto médio de cada país. Isso significa que podemos fazer melhor quando trabalhamos juntos”, celebra Valentini. Reitora da Universidad Antonio Nariño, da Colômbia, Marta Losada falou dentro da sessão que abordou excelência no ensino, novas pedagogias, tecnologia e diversidade. A gestora colombiana destacou o papel do conhecimento criado pelas universidades na melhoria da qualidade de vida. “Em cada um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU em 2016, o papel das universidades é extremamente relevante”, aponta a reitora, que também falou da atuação de grupos de pesquisa da sua instituição no melhoramento do café produzido no país.
vou um espaço especial para a discussão sobre os rankings universitários, seus critérios de avaliação e influência sobre políticas das instituições. O tema foi debatido na palestra “Rankings: what are they good for” (Rankings: para que servem), pelo professor John Hudzik, da Michigan State University, e pela jornalista Sabine Righetti, que participou da criação do Ranking Universitário da Folha (RUF). Hudzik é referência mundial na temática da internacionalização do ensino superior. Segundo ele, os rankings têm o potencial de prejudicar as instituições que avaliam. O especialista cita, por exemplo, pesquisa de uma universidade dos EUA que indicou ser necessário um investimento anual de US$ 112 milhões para subir duas posições no ranking. Além do custo financeiro, o especialista aponta que a necessidade de figurar em boas posições nas listas globais pode desvirtuar a instituição de sua missão primordial, que não necessariamente está alinhada com os critérios e indicadores adotados pelas empresas que divulgam essas listas. Entre esses critérios está o foco em pesquisa, que pode prejudicar uma universidade cuja missão prioriza o ensino, a diversidade ou a identidade com a região em que está localizada. Para a jornalista Sabine Ri-
ghetti, uma das responsáveis pela elaboração do Ranking Universitário da Folha (RUF), produzido pelo jornal Folha de S. Paulo, os rankings são bons para jornalistas, que gostam das informações apresentadas de forma acessível, e para a família dos jovens que prestam vestibular, que costumam relatar dificuldades para obter informações sobre a melhor universidade para estudar. “A Folha recebe semanalmente dezenas de e-mails de alunos, pais, mães, gestores de instituições de ensino superior e até de cidade, governo, ministérios, empresas pedindo informações sobre os dados do RUF”, aponta a jornalista. Sabine conta que durante a elaboração do RUF, a equipe se deparou com dificuldades de obter informações das universidades. Dados sobre o destino dos estudantes egressos ou da cooperação com a indústria, por exemplo, eram raros e alguns tiveram que ser deixados fora da metodologia. “Os rankings também são bons para mostrar que as universidades públicas brasileiras não têm a cultura de registrar seus dados”, aponta. Para Hudzik, a necessidade de registrar e analisar os dados produzidos pela instituição é fundamental para elaborar políticas mais eficazes. “As universidades brasileiras precisam começar a contar suas próprias histórias ao invés de deixar que os rankings o façam”.
erca de vinte reitores de universidades da América do Sul e do Brasil se reuniram no dia 17 de abril, no Rio de Janeiro, para debater, sob a perspectiva da internacionalização, assuntos que figuram na agenda dos dirigentes. O evento foi realizado durante a 30ª edição da Faubai Conference, o encontro anual promovido pela Associação Brasileira de Educação Internacional (Faubai), que ocorreu entre os dias 14 e 18 de abril. A Faubai agrega mais de 250 associados, entre instituições públicas e privadas, e promove a internacionalização das instituições de ensino superior (IES) brasileiras, além de fomentar a capacitação profissional e a divulgação da educação superior do país junto a organizações e agências internacionais. Neste ano, pela primeira vez, a associação organizou o encontro de reitores do continente. A iniciativa partiu do presidente da Faubai e professor da Unesp, José Celso Freire Jr., e da ex-secretária-geral da International Association of Universities (IAU), Eva Egron-Polak. “Os reitores são os principais tomadores de decisão das universidades. Neste sentido, é importante chamar a atenção deles para assuntos ligados ao processo de internacionalização”, argumenta Eva. O evento abordou assuntos como desafios do ensino supe-
UNESP E AUSTRÁLIA O reitor da Unesp, professor Sandro Valentini, proferiu uma palestra dentro do tópico que tratava de colaborações para fortalecimento e excelência da pesquisa. Em sua fala, apresentou a estratégia da Universidade no fortalecimento de parcerias internacionais, em especial com instituições da Austrália. O dirigente destacou que, ao longo do processo de estabelecimento de parcerias estratégicas, a Universidade promoveu a aproximação com instituições australianas por meio da organização de workshops e missões acadêmicas, mediante o envolvimento direto do escritório de relações internacionais. Segundo Valentini, recursos externos ajudaram a financiar essa aproximação, em especial da Fapesp e de seu programa Sprint. A Unesp já teve 13 propostas de parceria com universidades da Austrália aprovadas desde 2015.
RANKINGS Ao longo de cinco dias de evento, a Faubai Conference promoveu debates sobre internacionalização do ensino superior. A programação reser-
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Geral
Parceria pelo ensino virtual Convênio prevê produção de conteúdos qualificados para cursos de graduação da Univesp Renato Coelho
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presidente da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), professora Maria Alice Carraturi, e o reitor da Unesp, professor Sandro Roberto Valentini, assinaram no dia 11 de abril, na sede da Unesp, na capital paulista, convênio que prevê a produção de conteúdos qualificados para os cursos de graduação a distância da Univesp, além do compartilhamento de disciplinas entre as duas instituições, promovendo a mobilidade virtual dos estudantes da Unesp. A iniciativa tem como objetivo a cooperação acadêmica, a mobilidade virtual e a construção de cursos a distância. O convênio terá vigência por cinco
o avanço da mobilidade virtual no ensino superior do Estado de São Paulo graças à realização de convênios entre as quatro universidades públicas paulistas (USP, Unicamp, Unesp e Univesp). “Um exemplo em nossa Universidade é um curso de Direito voltado para engenheiros, que pode ser dado a distância por um especialista de nossa Universidade em Franca para outros municípios que tenham cursos na área de Exatas”, afirma. Valentin e Maria Alice: parceria estimula ensino a distância anos. “A missão de expandir o ensino superior a distância no Estado é facilitada quando temos parceiros de qualidade como a
Unesp”, ressalta. Para Valentini, o presente modelo de organização e de ação da Univesp contribui para
SOBRE A UNIVESP Criada em 2012, a Universidade Virtual do Estado de São Paulo é uma instituição de educação a distância mantida
pelo governo do Estado de São Paulo e vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI). Entre seus principais parceiros destacam-se o Centro Paula Souza (CPS), a USP, a Unesp e a Unicamp. Hoje já são mais de 35 mil estudantes distribuídos em 243 polos do Estado, nos cursos de Engenharia de Produção, Computação, Licenciaturas de Biologia, Química, Física, Matemática e Pedagogia e Gestão Pública. A Univesp oferece cursos em ambiente virtual de aprendizagem, que garante a interação do estudante com o tutor, além de disponibilizar videoaulas, bibliotecas digitais e conteúdos pedagógicos.
25 anos de avanços e conquistas Cerimônia comemora jubileu de prata do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos Leandro Rocha (4toques comunicação)
4toques comunicação
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o comemorar seu Jubileu de Prata, o Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap), da Unesp, Câmpus de Botucatu, tem motivos de sobra para se orgulhar de sua história, marcada por conquistas como o desenvolvimento do selante de fibrina e do soro antiapílico. Porém, não é só isso. Com foco em um futuro promissor, está muito perto de iniciar a construção da sua Fábrica de Lotes Pilotos de Biomedicamentos para Ensaios Clínicos. No dia 19 de abril, foi realizada uma cerimônia em Botucatu, com a presença do pró-reitor de Pesquisa da Unesp, professor Carlos Frederico de Oliveira Graeff, que representou o reitor, professor Sandro Roberto Valentini. Na mesma ocasião, aconteceu a posse da nova coordenadoria do Cevap. Os professores Rui Seabra Ferreira Júnior e Ricardo de Oliveira Orsi, até então coordenador e vice-coordenador executivos do Centro, deixaram os cargos, que agora passam a ser ocupados pelos professores Benedito Barraviera e Ary Fernandes Júnior, respectivamente. Também estiveram presentes os professores Maria Cristina Pereira Lima, vice-diretora da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), representando o diretor, professor
Cerimônia: Cevap vai construir Fábrica de Lotes Pilotos de Biomedicamentos para Ensaios Clínicos Pasqual Barretti; Celso Antonio Rodrigues, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ); Cesar Martins, diretor do Instituto de Biociências (IB); Carlos Frederico Wilcken, diretor da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) e André Spadaro, secretário de Saúde de Botucatu, que representou o prefeito Mário Pardini. Graeff destacou seu orgulho por estar presente nas festividades do jubileu de prata do Cevap. “É um centro que engloba ciência de alta qualidade, com clara produção tecnológica que alcança a sociedade, além de todo o conhecimento que foi gerado, o que reconhecemos ser muito importante”, declarou. Spadaro apontou o pioneirismo e a inovação como marcas registradas do Cevap, que fizeram dele a unidade referência. “Por isso, transmito as congratulações do prefeito
Pardini a todos os profissionais envolvidos nesse projeto”, disse. A estrutura do Centro, segundo Wilcken, oferece diversas oportunidades para alunos e pesquisadores do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia. “Desejo sucesso pelos próximos 25 anos do Cevap”, sublinhou. O papel do Centro para o IB foi classificado como “fundamental” por Martins. “Além disso, quero ressaltar o papel histórico do Cevap no contato com a sociedade. Isso traz muito valor para nossa Universidade”, ponderou. Para Rodrigues, o Cevap é uma “joia” do interior do Estado de São Paulo, da Unesp e de todo o Brasil, pelo trabalho que tem desempenhado nos últimos 25 anos. “Desejo continuidade do sucesso e estaremos juntos”, citou. Maria Cristina comentou que o Cevap chega ao jubileu de prata
com muita criatividade e propostas inovadoras. “Só me resta torcer para que possamos comemorar os 50 anos do Cevap”, salientou. A VISÃO DO COMANDANTE “Sempre administrado com pouco apoio institucional e com ameaças de encerramento de suas atividades por gestões passadas, o time do Cevap se mostrou forte e unido ao longo dos últimos anos para enfim alcançar a sua maturidade e espaço científico”, destacou o professor Seabra, em seu discurso. Barraviera disse esperar que, com o Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Clínica, seja possível zerar o déficit de medicamentos no Brasil, daqui a algumas décadas, “Agradeço, de coração, a todos que acreditam e acreditaram no nosso trabalho, bem como aos nossos alunos”, concluiu.
O CEVAP O Cevap foi criado em maio de 1993 como Centro – modalidade interunidade – que atua como instituição de desenvolvimento e integração dentro da estrutura multicâmpus da Unesp, realizando a articulação entre o ensino, a pesquisa, a capacitação de recursos humanos e a extensão universitária. Para a construção da Fábrica de Medicamentos para uso em Pesquisa Clínica serão gastos cerca de R$ 12 milhões. O local terá 1.470 metros quadrados, com quatro alas divididas em dois andares. No nível superior, haverá uma ala fabril e outra de controle de qualidade. No inferior, ficarão a administração, laboratórios de pesquisa, centro de pesquisa e desenvolvimento do Instituto Vital Brazil, administração e espaço co-working para biotech startups. Entre as produções da Fábrica, estará o selante de fibrina, uma espécie de cola biológica, desenvolvido a partir de uma enzima presente no veneno da cascavel e uma substância presente no sangue de grandes animais. O produto serve para reduzir ou deter hemorragias em cirurgias cardiovasculares, hepáticas, ortopédicas e neurocirurgias.
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Diretor de Produtos de Origem Animal da FIESP
Um construtor da Internet no país Divulgação
ACI – Unesp, com informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
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rofessor aposentado da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp de Botucatu e atual diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ariel Antônio Mendes é o novo diretor titular da Divisão de Produtos de Origem Animal do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). À frente do braço da produção animal do Deagro, Mendes buscará integrar as cadeias produtivas em demandas comuns, unificando as representatividades dos setores envolvidos no fortalecimento das solicitações e encaminhamentos setoriais. “Com as cadeias produtivas unidas, temos mais força para trabalhar as tratativas que temos em comum. Esse é o modelo de trabalho que pretendemos executar nos próximos meses”, ressalta. Mendes possui graduação
Rede Nacional de Pesquisa homenageou Cansian por sua trajetória Internet Brasileira e oficial criptográfico junto ao registro.br – responsável pelas atividades de registro e manutenção dos nomes de domínios que usam o .br. É, ainda, coordenador do Laboratório ACME! de Pesquisa em Segurança da Unesp de São José do Rio Preto. “Essa aproximação com as redes, tanto na pesquisa como na parte de negócios, reflete-se no que ensinamos aos nossos alunos”, argumenta. Bacharel, mestre e doutor pela USP, Cansian é revisor das publicações Computers & Security (Elsevier) e The International Journal of Forensic Computer Science – IJoFCS. Em 2005, recebeu o Diploma de Reconhecimento Público do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br) pelos serviços prestados à Internet no país. Em 2006 foi premiado como um dos 50 profissionais mais influentes na segurança da informação no Brasil. Obteve ainda o prêmio SecMaster 2006, oferecido pela Information Systems Security Association (ISSA), pela contribuição ao setor público.
Divulgação
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Rede Nacional de Pequisa (RNP) foi criada em 1989, com o objetivo de construir uma infraestrutura nacional de rede internet de âmbito acadêmico. A partir do seu aniversário de 25 anos, a RNP passou a conceder o diploma “Construtores da Internet no Brasil”, para premiar nomes que contribuíram para estabelecer a rede mundial no Brasil entre 1988 e 1993. Professor adjunto da Unesp de São José do Rio Preto, Adriano Cansian foi um dos homenageados em 2017. A entrega do prêmio ocorreu em outubro, mas ele não conseguiu participar por problemas de agenda. Recentemente, recebeu o diploma pelo correio. “Outros homenageados são pessoas notáveis, com quem aprendi muito”, afirma Cansian. “É um motivo de orgulho receber a mesma premiação.” Entre 1997 e 2005, quando foi assessor-chefe de Informática da Reitoria da Unesp, Adriano Cansian integrou o Conselho da Rede ANSP/Fapesp (Academic Network of São Paulo). Atualmente, é coordenador do Grupo de Trabalho em Segurança (GTS) do Comitê Gestor da
em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Paraná (1971), mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1977), doutorado em Nutrição Animal pela Universidad Nacional Autónoma de México (1985) e pós-doutorado pela Universidade de Arkansas (1996). Representante do Brasil na Associação Latino-america de Avicultura, o professor é membro da Câmara Setorial de Milho e Sorgo e da Câmara Setorial de Aves e Suínos, ambas ligadas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. É também membro do Conselho Diretivo do Instituto Latinoamericano do Frango (ILP). Sua experiência administrativa inclui a presidência da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas – FACTA (2000-2008), da Associação Latinoamericana de Avicultura – ALA (2007-2009) e da União Brasileira de Avicultura – UBA (2008-2010).
No novo cargo, Mendes pretende fortalecer cadeias produtivas
SEMPRE UNESP
Egresso da FMVZ vai cursar Internato em universidade francesa Sérgio Santa Rosa Divulgação
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médico veterinário André Vinhas Fernandes, formado no ano passado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, Câmpus de Botucatu, foi aprovado para uma vaga no internato na École Nationale Vétérinaire, Agroalimentaire et de l'Alimentation de Nantes-Atlantique (ONIRIS), na cidade de Nantes, na França. Com duração de um ano, o internato é similar aos programas de residência brasileiros e André será o primeiro egresso da FMVZ a cursá-lo. Ele participou do programa de mobilidade Brafagri no período 2015/2016, quando cursou disciplinas e fez estágios na
geral sobre todos os conteúdos da área de animais de companhia e uma entrevista por videoconferência com representantes das quatro escolas de Medicina Veterinária da França. O jovem concorreu às mesmas vagas que os estudantes franceses.
André concorreu às mesmas vagas disputadas por alunos franceses École Nationale Vétérinaire d'Alfort (ENVA), em Maisons-Alfort. Para conseguir a vaga no inter-
nato, que começará no segundo semestre, André passou por uma seleção de curriculum, uma prova
BRAFAGRI Com sua experiência no Brafagri, André compara o ensino de Medicina Veterinária na França e no Brasil. “Eles não são necessariamente superiores ou inferiores a nós. São panoramas diferentes. Lá, raramente são vistos casos de leishmaniose, parvovirose ou cinomose, por exemplo. Por outro lado, eles têm muito mais doenças
relacionadas a raças. Aqui temos acesso a ressonância magnética, hemodiálise, que não existem ou são raros lá. O estágio lá é muito mais generalista, assim como o internato”, compara. Sobre a questão da língua, André aconselha empenho na preparação aos alunos interessados no Brafagri. Aos 23 anos, ele tem grandes expectativas para o Internato. “É preciso passar por muitos setores diferentes, o que exige conhecimento suficiente para atender cada setor”, assinala, acrescentando: “Sei que na França, quando o interno termina a formação, há muitas possibilidades de atuação e muitas portas no mercado de trabalho se abrem.”
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Alunos
Natura premia projeto Proposta de pós-graduando é incentivar moradores de Belém a plantar espécies da região Divulgação
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projeto Verde Cidadão, criado por Daniel Oliveira, conquistou o Prêmio Acolher Natura de 2017, destinado a líderes de projetos sociais que promovem impactos em suas comunidades. O prêmio, que envolve um programa de apoio técnico e financeiro, foi anunciado no mês de dezembro. Mestrando da Unesp de Botucatu, Daniel mudou-se há cerca de um ano e meio para Belém (PA), onde criou o Verde Cidadão, com o objetivo de resgatar espécies vegetais da região e incentivar seu cultivo. O projeto utiliza latas, copos e outros objetos para estimular as pessoas a cultivar em suas
residências espécies como cariru, chicória, camu camu, pataqueira, alecrim, alface, manjericão e jambu, entre outras. Como resultado da premiação, Daniel recebeu um certificado, um curso sobre autoconhecimento e liderança e uma capacitação em negócios sociais, ministrados pela empresa Yunus Negócios Sociais. Em dezembro, a equipe da Yunus esteve com ele em Belém por três dias, quando foi planejado o destino do valor em dinheiro, que deve ser pago entre maio e junho. “Poder contar com a consultoria da Yunus e os recursos financeiros está permitindo repensar o projeto para os próximos passos e avan-
No mestrado, Daniel une técnicas agronômicas e saber tradicional çar no sentido de gerar negócios, gerando impacto socioambiental positivo, que é a missão e objetivo
Pós-graduandos registram programas junto ao INPI
efetividade de realizar o estabelecimento de cultivos comerciais, associando técnicas agronômicas com conhecimento local.” Daniel também atua como pesquisador da Natura Inovação, desenvolvendo ingredientes a partir de espécies vegetais da biodiversidade brasileira para as linhas Ekos e Chronos e perfumaria. (Com informações da jornalista Viviane Chaves) O projeto nas redes sociais Instagram: @verdecidadão Facebook: /projetoverdecidadao Página na plataforma Movimento Natura: <https://bit.ly/2jHqCGm>.
Revista internacional publica artigo de aluna Divulgação
Sérgio Santa Rosa Fotos divulgação
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icente Cornago, mestrando em Energia na Agricultura pela Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, sob a orientação do professor Ulisses Rocha Antuniassi, e Rafael Pilan, doutorando em Biotecnologia pelo Instituto de Biociências (IB), orientado pelo professor José Luiz Rybarczyk Filho, atuam como docentes na Fatec Botucatu. Com sua equipe de alunos do curso Análise de Desenvolvimento de Sistemas (ADS), após um ano de trabalho no Laboratório de Realidade Virtual da Fatec, os pós-graduandos da Unesp conquistaram dois registros de programas de computador pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Os programas foram desenvolvidos para os cursos de Radiologia e Agronegócio da Fatec e utilizam tecnologia que possibilita a sensação de imersão e interatividade com ambientes artificiais, a chamada realidade virtual. Um dos registros refere-se a um aplicativo em realidade virtual para facilitar o entendimento e o aprendizado de modelos ósseos. O outro é um trator para plantio em realidade virtual. “O projeto consiste em um mapa onde há uma área determinada para plantio, em que o objetivo é simular a semeadura”, explica Cornago. O projeto do trator teve
do Verde Cidadão.” Daniel é engenheiro agrônomo formado pela Unesp Botucatu, onde hoje realiza mestrado em Etnobotânica, sob orientação do professor Lin Chau Ming. A pesquisa visa à domesticação da pataqueira, espécie aromática da Amazônia. “Por interesse de utilização de seu óleo essencial pela indústria de cosméticos, foi desenvolvido, em parceria com duas comunidades tradicionais, um sistema de cultivo para produção dessa planta em escala comercial”, afirma. “Estamos apresentando metodologias etnobotânicas para realização desse processo e avaliando a
Equipe da Fatec: propostas para cursos de Radiologia e Agronegócio a colaboração do professor Paulo Arbex, do Departamento de Engenharia Rural da FCA. O registro confere o direito de impedir terceiro, sem consentimento, de produzir, usar, colocar
à venda, vender ou importar o processo patenteado. Aos titulares do registro é assegurado ainda o direito de obter indenização pela exploração indevida de seu produto ou processo registrado.
Uma das criações envolve uso de trator em realidade virtual
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trabalho científico “Dynamics towards the steady state applied for the Smith-Slatkin mapping” foi publicado na edição de março do periódico Chaos, Solitons & Fractals: an interdisciplinary journal of non-linear science, um dos mais importantes no campo da ciência não-linear no mundo. O estudo é fruto do desenvolvimento do projeto de pesquisa de Larissa Cristina Nascimento Ramos, estudante de Engenharia de Telecomunicações e membro do Grupo de Estudos em Sistemas Dinâmicos e Astrodinâmica na Unesp, Câmpus de São João da Boa Vista. Larissa ressalta que o trabalho é resultado do seu projeto de iniciação científica, que teve apoio da Fapesp, do CNPq e da Pró-reitoria de Pesquisa da Unesp. As atividades foram feitas em colaboração com o professor Edson Denis Leonel, do Câmpus da Unesp de Rio Claro, e com o professor Juliano Antonio de Oliveira, orientador da pesquisa, do Câmpus de São João da Boa Vista. “O desenvolvimento desse trabalho contribuiu muito para a minha formação”, acentua a estudante. “Tive a oportunidade de aplicar os conhecimentos de matemática e física adquiridos no curso de graduação e compreender o quanto é importante o conhecimento de uma língua
Para Larissa, trabalho contribuiu para sua formação acadêmica estrangeira para a divulgação de resultados científicos.” A pesquisa considerou a equação de Smith e Slatkin, que pertence à classe de mapeamentos unidimensionais discretos e é modelo para descrever crescimentos populacionais. “A motivação para investigar a dinâmica em mapas discretos surgiu ao vermos que em trabalhos recentes na literatura eles exercem um papel muito importante na compreensão de comportamentos regulares e caóticos em sistemas de comunicação, em sistemas neurais, em economia, entre outros”, explica Larissa.
O artigo está disponível no endereço: <https://bit.ly/2KJu5AG>.
Geral
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AGÊNCIA UNESP DE INOVAÇÃO
Conhecimento precisa retornar à sociedade, diz diretor da AUIN Assessoria de Comunicação e Imprensa – IB Unesp Botucatu (via 4toques comunicação) Acervo ACI
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iretor da Agência Unesp de Inovação (AUIN), o professor Wagner Valenti esteve recentemente no Instituto de Biociências (IB) da Unesp, Câmpus de Botucatu, para prestigiar o lançamento do primeiro Escritório de Inovação e Tecnologia criado na Unesp, o IBIT. Nesta entrevista, Valenti fala dos desafios à frente da Agência. Jornal Unesp: Uma das principais “teclas” em que o senhor tem batido é que, mais do que novas patentes e royalties, a Universidade deve concentrar suas forças em retornar esse conhecimento em benefícios à sociedade. É isso mesmo? Wagner Valenti: Eu tenho como meta da Agência a facilitação do retorno do conhecimento gerado pelas pesquisas para a sociedade. Isso pode ser feito por meio da licença das patentes ou não. Essa inovação pode se propagar por todo o Estado. O apoio ao pensamento empreendedor também. JU: Quais seriam os principais números da AUIN? Valenti: Esperávamos ter cerca de 250 registros de propriedades intelectuais na AUIN, mas descobrimos que passa de 650. Por outro lado, o número de licenças é pequeno. Cerca de 2%. Mas ele também é pequeno na USP e na Unicamp. Precisamos aumentar esse número. JU: Quais seriam os projetos que o senhor já vislumbra co-
Meta é garantir presença da agência em parques tecnológicos locar em prática a curto/médio prazo dentro da AUIN? Valenti: Eu pretendo antes de tudo reorganizar a Agência. Assim que conseguirmos colocar todas as propriedades industriais na nova plataforma de dados e dar andamento a todos os pedidos e contratos parados, vamos começar uma ampla discussão da política da agência. É preciso ter uma política de seleção de propriedades industriais para serem registradas (não somente as patentes) e também uma política para o licenciamento, e capacitar os funcionários para executar essas tarefas. Vamos criar um espaço para receber empresas e facilitar o contato com elas. Também pretendemos iniciar brevemente um trabalho junto aos vários câmpus da Unesp estabelecendo uma interação produtiva com os escritórios de inovação, incubadoras de empresas, centros de inovação ou com a própria direção.
JU: O senhor acompanhou, em Botucatu, a inauguração do Escritório de Inovação e Tecnologia. Esse tipo de iniciativa, de um ambiente mais próximo dos alunos, estimulando-os ao empreendedorismo, é um caminho sem volta? Valenti: É um caminho sem volta. É preciso que os alunos aprendam a enxergar oportunidades e serem proativos para construir sua própria forma de trabalhar e ganhar o seu sustento. JU: Em Botucatu, o senhor visitou o Parque Tecnológico, em que se busca estimular essa sinergia entre universidades, poder público e iniciativa privada para o desenvolvimento de produtos e serviços. É possível utilizar esses parques espalhados pelo Estado para realizar parcerias? WV: Sim. Nós já conversamos com o diretor do parque de Botucatu para que a AUIN esteja presente. Podemos estar presentes em todos os parques de forma virtual, usando a tecnologia a nosso favor. Assessoria de Comunicação e Imprensa – IB Unesp Botucatu (via 4toques comunicação)
Leia a entrevista completa no Portal Unesp, no endereço: <https://bit.ly/2H5ll5k>.
Instituto promoveu três eventos em abril Malena Stariolo
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m abril, o ICTP–SAIFR organizou três eventos de extensão: o tradicional Papos de Física; a segunda edição do novo encontro mensal de divulgação científica Ciência em Diálogo no IMS; e um programa destinado aos alunos do último ano do ensino médio. Papos de Física – No dia 5, Ivone Albuquerque apresentou a palestra “Em busca do lado escuro do Universo”, na qual falou sobre matéria escura, que compõe 85% do universo e ainda é uma
incógnita entre pesquisadores. Ciência em Diálogo no IMS – No dia 6 de abril, Raul Abramo representou o lado da física enquanto Cristina Bonfiglioli ficou do lado da arte para o debate sobre fotografia espacial. O professor Raul apresentou a parte técnica do processo, enquanto Cristina se manteve nas imagens que somos capazes de enxergar apenas com nossa visão. Cosmologia para escolas – Em abril, teve início o ciclo de minicursos para alunos do ensino
médio. O primeiro, sobre Cosmologia, foi ministrado pelo professor Rogério Rosenfeld. Durante o ano, serão realizados mais três minicursos, abordando os tópicos Relatividade e Gravitação, Mecânica Quântica e Ondas. Para acompanhar esses e outros eventos organizados pelo ICTPSAIFR acesse o site: <ictp-saifr.org/outreach>.
GOVERNADOR: Geraldo Alckmin SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SECRETÁRIO: Márcio França
REITOR: Sandro Roberto Valentini VICE-REITOR: Sergio Roberto Nobre PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO: Leonardo
Theodoro Büll PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO: Gladis Massini-Cagliari PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO: João Lima Sant’Anna Neto PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:
Cleopatra da Silva Planeta PRÓ-REITOR DE PESQUISA: Carlos Frederico de Oliveira Graeff SECRETÁRIO-GERAL: Arnaldo Cortina CHEFE DE GABINETE: Carlos Eduardo Vergani ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E IMPRENSA : Oscar D’Ambrosio ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE INFORMÁTICA :
Ney Lemke ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA JURÍDICA :
Edson César dos Santos Cabral ASSESSOR-CHEFE DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO:
José Roberto Ruggiero ASSESSOR-CHEFE DE RELAÇÕES EXTERNAS:
José Celso Freire Júnior ASSESSOR ESPECIAL DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:
Rogério Luiz Buccelli DIRETORES/COORDENADORES-EXECUTIVOS DAS UNIDADES UNIVERSITÁRIAS:
Max José de Araújo Faria Júnior (FMV-Araçatuba), Wilson Roberto Poi (FO-Araçatuba), Luis Vitor Silva do Sacramento (FCF-Araraquara), Elaine Maria Sgavioli Massucato (FO-Araraquara), Cláudio César de Paiva (FCL-Araraquara), Eduardo Maffud Cilli (IQ-Araraquara), Andréa Lúcia Dorini de Oliveira (FCL-Assis), Marcelo Carbone Carneiro (FAAC-Bauru), Jair Lopes Junior (FC-Bauru), Luttgardes de Oliveira Neto (FE-Bauru), Carlos Frederico Wilcken (FCA-Botucatu), Pasqual Barretti (FM-Botucatu), Maria Dalva Cesario (IB-Botucatu), José Paes de Almeida Nogueira Pinto (FMVZ-Botucatu), Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo (FCAT-Dracena), Célia Maria David (FCHS-Franca), Mauro Hugo Mathias (FE-Guaratinguetá), Enes Furlani Junior (FE-Ilha Solteira), Antonio Francisco Savi (Itapeva), Pedro Luís da Costa Aguiar Alves (FCAV-Jaboticabal), Marcelo Tavella Navega (FFC-Marília), Edson Luís Piroli (Ourinhos), Rogério Eduardo Garcia (FCT-Presidente Prudente), Patrícia Gleydes Morgante (Registro), Cláudio José Von Zuben (IB-Rio Claro), José Alexandre de Jesus Perinotto (IGCE-Rio Claro), Guilherme Henrique Barris de Souza (Rosana), Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira (Ibilce-São José do Rio Preto), Estevão Tomomitsu Kimpara (ICT-São José dos Campos), Valerie Ann Albright (IA-São Paulo), Marcelo Takeshi Yamashita (IFT-São Paulo), Marcos Antonio de Oliveira (IB/CLP-São Vicente), Eduardo Paciência Godoy (ICT-Sorocaba) e Danilo Fiorentino Pereira (FCE-Tupã).
EDITOR: André Louzas REDAÇÃO: Marcos Jorge COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Igor Medeiros (foto). EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Phábrica de Produções
Alecsander Coelho e Paulo Ciola (direção de arte); Daniela Bissiguini, Érsio Ribeiro, Kauê Rodrigues, Marcelo Macedo e Rodrigo Alves (diagramação) REVISÃO: Maria Luiza Simões PRODUÇÃO: Mara Regina Marcato APOIO ADMINISTRATIVO: Thiago Henrique Lúcio TIRAGEM: 3,5 mil exemplares Este jornal, órgão da Reitoria da Unesp, é elaborado mensalmente pela Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI). A reprodução de artigos, reportagens ou notícias é permitida, desde que citada a fonte. ENDEREÇO: Rua Quirino de Andrade, 215, 4.º andar, Centro, CEP 01049-010, São Paulo, SP. Telefone: (11) 5627-0323. HOME PAGE: http://www.unesp.br/jornal E-MAIL: jornalunesp@reitoria.unesp.br IMPRESSÃO: 46 Indústria Gráfica
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Cultura
VOZES DA FLORESTA
Marlui Miranda e outros músicos interpretam músicas do disco
Em livro e CDs, pesquisadora e cantora resgatam cantigas de ninar do povo juruna Oscar D’Ambrosio
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esde a década de 1980, a etnolinguista Cristina Martins Fargetti, professora da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp de Araraquara, estuda a língua e a cultura do povo yudjá, grupo que vive no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, mais conhecido entre os não indígenas por juruna. Ao longo desses anos, ela adquiriu profundo conhecimento e proximidade com os membros da etnia, identificou particularidades culturais, como um senso de humor característico e a presença de uma categoria de animais nomeada bichos-gente. No livro Fala de bicho, fala de gente, Cristina apresenta a cultura juruna e faz uma análise de 49 cantigas de ninar dessa etnia. O lançamento da obra, publicada pelas Edições Sesc São Paulo, aconteceu dia 18 de abril, com um bate-papo entre a autora, a antrópologa Betty Mindlin e a musicista Marlui Miranda no Sesc Ipiranga, em São Paulo. Após o bate-papo, houve um pocket show com Marlui Miranda, reconhecida como uma das mais importantes intérpretes e pesquisadoras da música indígena no Brasil, e sua banda, integrada por Paulo Bellinati (violões); Rodolfo Stroeter (contrabaixo); Ricardo Mosca (bateria) e Caíto Marcondes (percussão). O repertório é do CD de Marlui Miranda, lançado pelo Selo Sesc e baseado no mesmo tema do livro. “O livro Fala de bicho, fala de gente apresenta o povo juruna e suas particularidades, discute aspectos antropológicos, linguísticos e procura definir o que difere gente de bicho-gente, distinção importante para que se compreenda boa parte das cantigas”, explica a professora da Unesp. Em seguida, a obra traz um
dos diferentes grupos étnicos e sociais em nosso país”, declara Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.
Cristina Fargetti (dir.) e Betty Mindlin: obra traz letra transcrita e tradução de 49 cantigas breve estudo sobre as cantigas de ninar e, mais especificamente, as características delas na cultura juruna. “Além de todo o trabalho de pesquisa acadêmica, foram reunidas e gravadas num CD 49 cantigas de ninar, entoadas por mães e avós ao embalar suas crianças, resistindo, desse modo, ao processo de aculturação que ameaça os povos originários desde o contato com os brancos”, comenta Marlui Miranda. “A obra traz um cancioneiro, com a letra transcrita e a tradução das 49 cantigas recuperadas pela comunidade indígena, e segue com um capítulo escrito pela musicista Marlui Miranda, também responsável pela transcrição das partituras de todas as cantigas”, acrescenta Cristina. “Com Cristina Fargetti e Marlui Miranda, refletimos como é fundamental valorizar a oralidade em coexistência com a escrita e a notação musical. Fala, voz, melodia, canto de belos artistas que não escrevem nem leem viram arte a exibir, expressão tão preciosa como a de escritores e músicos. Afinal, todo mundo sabe
cantar, mesmo os iletrados; mas quantos cantores e compositores populares dominam a passagem a partituras?”, afirma Betty Mindlin, antropóloga e economista. “É intenção do Sesc que, a exemplo dos demais livros em sua
linha de cultura indígena e como de outras iniciativas do Programa Diversidade Cultural, essa obra possa promover o reconhecimento, o respeito e a preservação de identidades, bem como do patrimônio material e imaterial Twitter Selo Sesc
Livro apresenta aspectos antropológicos e linguísticos de jurunas
SOBRE AS AUTORAS Cristina Martins Fargetti é linguista, livre-docente pela Unesp, mestre e doutora pela Unicamp e professora do Departamento de Linguística da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara. Estuda a língua juruna desde 1989, com abordagens de sua fonologia e de sua morfossintaxe. Tem se dedicado aos estudos do léxico e propôs o que tem chamado de “terminologia etnográfica”, tendo em vista uma noção de ciência mais ampla. É apaixonada por música, toca flauta e canta. Marlui Miranda é compositora, cantora e pesquisadora da cultura indígena brasileira com foco nas manifestações musicais. Em 2015, ganhou o 26º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Cantora Regional. É autora dos CDs Ihu: todos os sons, Kewere: rezar (Selo Pau Brasil) e Fala de bicho, fala de gente (Selo Sesc), além de integrar o Grupo Anima, que se notabilizou em colocar sobre o palco a música de câmara e a diversidade musical do Brasil. É doutoranda em Etnomusicologia na ECA-USP. O LIVRO Fala de bicho, fala de gente: cantigas de ninar do povo juruna; Cristina Martins Fargetti; participação de Marlui Miranda; Edições Sesc São Paulo; 304 páginas; inclui CD; R$ 70. As publicações das Edições Sesc São Paulo podem ser adquiridas em todas as unidades Sesc SP (capital e interior), nas principais livrarias e também pelo portal <www.sescsp.org.br/livraria>.
Fotos Renato Coelho
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