Jornal Unesp - Número 344 - Junho 2018

Page 1

Projeto realiza estudo inédito 4 de necessidades

nutricionais de búfalos

Com projeção Dirigentes de unidades conhecem 16 internacional, 10 grupo de percussão novo paradigma de planejamento e avaliação

PIAP comemora 40 anos

Imagens reprodução

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA • ANO XXXIV • NÚMERO 344 • JUNHO 2018

PÁGINAS DA CIÊNCIA Segunda instituição brasileira em número de publicações científicas, Unesp promove dois eventos para aumentar o impacto de sua produção acadêmica, buscando, por um lado, aprimorar a elaboração e a submissão de artigos científicos de seus pesquisadores e, por outro, a edição desse material pelos editores das revistas que a Universidade mantém em várias áreas do conhecimento. páginas 8 e 9.

Unesp ganha destaque em 12 ranking mundial de

jovens universidades

Estudo descobre Investigação asteroide que relaciona efeitos 6 5 se originou fora do de fungicida sobre de Sistema Solar

bichos-da-seda

EUA em mudança A relação com a China e outras facetas da política externa norte-americana no governo Trump


2

Junho 2018

Artigo

O drama dos venezuelanos no Brasil Embora Brasil seja signatário de acordos internacionais, o que se vê é uma política de improviso Carolina Silva Pedroso 123RF

O

Brasil vive uma fase de instabilidade política desde 2014, que culminou com a ascensão de Michel Temer à presidência, após um processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff bastante controverso e em meio a denúncias graves de corrupção envolvendo o novo mandatário e sua cúpula. Uma das primeiras mudanças advindas no governo brasileiro sob Temer foi um sistemático corte de gastos públicos, que atingiu fortemente os setores de saúde e educação. A promoção da reforma trabalhista, que fora aprovada sob a promessa de recuperar a empregabilidade no país, ainda não surtiu o efeito desejado e, conforme os críticos apontavam, reforçou o quadro desolador de desemprego. É nesse contexto que a vinda de imigrantes venezuelanos para o país ganha ainda mais destaque. A profunda crise política, social e econômica que tem lugar no país de Bolívar desde 2013 tem obrigado muitos venezuelanos a buscar outros horizontes no exterior, especialmente nos países vizinhos. Trata-se de uma situação inédita, uma vez que a Venezuela, historicamente, é um lugar que sempre recebeu imigrantes. No início do século XX, vieram da Itália, Espanha e Portugal. Nos anos que marcaram o violento conflito da vizinha Colômbia, a Venezuela, assim como o Equador, acolheu milhões de colombianos. Devido aos laços históricos e culturais, esses imigrantes acabaram se tornando “venecos” e estreitaram ainda mais a ligação entre as duas nações. Não por acaso, no início da crise, foi esse o destino escolhido por muitos venezuelanos, tanto pela proximidade geográfica, quanto pela familiaridade com o país vizinho. Outro local para o qual se dirigiram muitos deles foi o sul da Flórida, nos Estados Unidos, em que há uma comunidade latina bastante organizada. Na medida em que a crise se agravou, a partir de 2015, o perfil do migrante venezuelano foi mudando. Assim, entre 2010 e 2014, saíram da Venezuela doutores, mestres e jovens

Aumento do número de imigrantes e refugiados na região Norte demonstra limites de governos locais

recém-graduados, provenientes das classes altas e médias, que planejaram suas viagens, majoritariamente realizadas pela via aérea. Se antes saíam do país os que tinham níveis de instrução e educação mais elevados em busca de destinos com economias mais desenvolvidas, como Estados Unidos, Canadá, Itália, Alemanha, depois do agravamento da situação econômica e, consequentemente, social, populações mais vulneráveis passaram também a recorrer à migração, visando destinos mais econômicos. Por meio de viagens mais desgastantes por terra, porém menos custosas, passaram a receber venezuelanos de distintas classes sociais e formações acadêmicas Equador, Peru, República Dominicana, as ilhas caribenhas ABC (Aruba, Bonaire e Curaçao), mas sobretudo cidades fronteiriças, como a colombiana Cúcuta ou Boa Vista, capital de Roraima, no norte do Brasil.

Esse “novo perfil” de imigrante é fortemente influenciado pelo contexto de alta deterioração econômica, em que o acesso a produtos básicos, como alimentação e medicamentos, é dificultado pelo desabastecimento e atividades de boicote e contrabando. É uma conjuntura complexa, que envolve desde a incapacidade do Estado venezuelano de prover as condições materiais mínimas para sua população, até uma ação sistemática da oposição e de forças externas para desestabilização do governo, cujas principais vítimas acabam sendo as camadas mais empobrecidas da população. Tal cenário, em que uma parcela significativa dos nacionais está vulnerável, é entendido pelo ordenamento jurídico brasileiro como uma situação que permite conferir o status de refugiado. Por isso, muitos venezuelanos chegam ao Brasil com o anseio de

serem enquadrados nessa categoria, esperançosos de gozarem da proteção e acolhimento que o refúgio enseja. Contudo, a realidade desses imigrantes e refugiados em território brasileiro não tem sido fácil. Embora o Brasil seja signatário de acordos e tratados internacionais, em que se compromete com a proteção de imigrantes e refugiados, o que se tem visto é uma política de improviso. O aumento da concentração de imigrantes e refugiados na região Norte, em especial em Roraima e, em menor medida, no Amazonas e no Pará, tem demonstrado os limites da atuação dos governos locais. Os venezuelanos representam uma população extremamente carente, como os da etnia Warao, que vieram em condição de saúde precária, e são um desafio adicional ao Estado brasileiro, cada vez mais valetudinário. Vale notar que eles vieram para unidades

federativas historicamente mais débeis do ponto de vista do desenvolvimento social. Em Boa Vista, onde a maioria desses imigrantes está, a prefeitura e o governo do Estado mal conseguem alocar os que chegam, tendo que improvisar ginásios de escolas ou contar com a mobilização de organizações religiosas e/ou da sociedade civil. Por esse motivo, o Estado de Roraima recorreu à ajuda da União, que está auxiliando no deslocamento de parte dos venezuelanos para outras cidades e regiões do país, em um processo que tem sido chamado de interiorização. Com ajuda logística da Força Aérea Brasileira, a maioria deles foi levada para São Paulo, onde, em tese, teriam melhores condições de acolhida. Novamente, tal expectativa não tem se concretizado, pois, mesmo sendo a cidade mais rica da federação, os venezuelanos foram abrigados em regiões da cidade com altas taxas de desemprego. Eles estão em Centros de Acolhida, cuja função original era acolher a população de rua, e que seguem funcionando sob essa lógica, com uma rotina pouco flexível e que dificulta ainda mais a adaptação dos imigrantes e a busca por recolocação profissional. O despreparo para recebê-los e a falta de vontade política são notórios, o que, em um contexto tão complexo, pode servir de catapulta para a xenofobia, alimentada pela falsa sensação de que os venezuelanos seriam culpados pelos problemas socioeconômicos que assolam o Brasil. Em suma, mesmo distante geograficamente do colapso de seu país natal, o drama dessa população continua.

Carolina Silva Pedroso é pesquisadora vinculada ao Instituto de Estudos Econômicos Internacionais (IEEI-Unesp), docente e coordenadora do curso de Relações Internacionais da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp).


Entrevista

Junho 2018

3

Um projeto em Roraima Proposta busca integrar famílias venezuelanas, professores da rede escolar e população local André Louzas Divulgação

M

partimos sempre do afeto e das construções das relações sociais entre brasileiros e venezuelanos para a aprendizagem.

estre e doutor pela Unesp, Marcelo Naputano viveu 15 anos na Itália, onde obteve especializações em Educação Intercultural pela Università RomaTre/RomaTre, em Educação pela Università di Torino/ Unito e em Mediação Intercultural e Familiar pelo Istituto Shinui di Bergamo. Atualmente pós-doutorando no Câmpus da Unesp de Assis, está em Roraima desde o início do ano, realizando um projeto que visa à integração de refugiados venezuelanos por meio da interação dessa comunidade com professores da rede escolar e com a população local. Nesta entrevista, ele explica sua proposta. Jornal Unesp: Qual é a proposta do projeto “Migração e Interculturalidade. Mediação socioeducativa entre escolas, filhos e famílias de refugiados venezuelanos no Estado de Roraima”, que você está promovendo? Marcelo Naputano: Em 2015, segundo as Nações Unidas, os migrantes internacionais somavam cerca 244 milhões de pessoas – número que continuará a crescer. O Brasil expressa bem esse caso, com a migração em massa de venezuelanos. Assim, em nosso projeto, realizamos uma pesquisa participante, com migrantes, refugiados, suas famílias e os atores educacionais envolvidos, focalizando as possíveis mediações psicossociais em ambiente educacional e escolar, em seu processo de integração intercultural, na cidade de Boa Vista (RR), em estado de emergência social. A expectativa é de contribuirmos com uma modalidade de intervenção sistêmica de coconstrução de uma integração de todos. JU: Há quanto tempo e em quais escolas de Roraima a proposta está sendo implementada? Naputano: Desde 22 de fevereiro de 2018 estamos em Boa Vista e arredores, dedicados exclusivamente ao trabalho de campo que foi estabelecido por meio da construção das relações nas ruas da cidade com os migrantes, além de relações institucionais criadas por meio da apresentação de nosso projeto, com a colaboração local do

Iniciativa busca promover relações afetivas pelas quais todos ensinam e todos aprendem Divulgação

Corações, na cidade de Amajari; – Educação de rua, através de discursos promovidos em situações variadas, convidando venezuelanos a participarem das atividades elaboradas; – Videoentrevistas com professores, pais e alunos.

Experiência de Naputano na Itália ajudou elaboração de proposta

Projeto Acolher, realizando as seguintes ações: – “Encontros para Aprendizagem Psicocooperativa: conversações em português e espanhol para a coconstrução da capacitação na aprendizagem linguística”, realizados no Recanto Apuí com a colaboração do Projeto de Apoio aos Refugiados em Roraima, da Universidade Federal de Roraima (UFRR); – Curso de formação para professores, sobre relações educativas interculturais, realizado na Escola Infantil Municipal Branca de Neve; – Encontros com professores, pais e comunidade no projeto Casa de los Niños, que funciona no abrigo para refugiados indígenas provenientes da Venezuela e na Escola Municipal da Comunidade Indígena dos Três

JU: Quantos professores e alunos venezuelanos e brasileiros estão envolvidos? Naputano: Até agora tivemos contato formativo relacional com cerca de duzentas pessoas, entre professores, alunos – venezuelanos, brasileiros e de diversas comunidades indígenas como, por exemplo, os makuxis e os wapixanas. JU: Quais instituições e acadêmicos estão apoiando essa ideia? Naputano: O projeto é realizado através de um intercâmbio entre: a Unesp, Câmpus de Assis, com a colaboração do professor José Sterza Justo; a UFRR, representada pelo professor José Carlos Franco de Lima; e a Università RomaTre – Romatre, na Itália, com o professor Marco Catarci. JU: Quais são os principais desafios enfrentados pelo projeto? Naputano: O principal desafio é aquele de promover outras relações em comparação com

aquelas institucionalizadas, nas quais o professor ensina, o aluno aprende e os pais e mães consentem. Nessa proposta, temos a ideia de que as crises e os problemas são material de trabalho educativo, que devem ser vivenciados. Certamente que as boas relações são ótimas de serem vividas, mas elas deveriam ser o final de um processo de encontros e desencontros em meio aos conflitos. JU: A questão do aprendizado das línguas portuguesa e espanhola é fundamental na sua proposta. Poderia explicar sua concepção desse tema? Naputano: Sim, a aprendizagem que ocorre nos encontros que denominamos “Encontros para Aprendizagem Psico-Cooperativa: Conversações em português e espanhol para a coconstrução da capacitação na aprendizagem linguística”, tem dois enfoques. O primeiro é de que a aprendizagem é uma atividade de comunicação e, segundo, que essa comunicação é um elemento que se constitui somente na relação com o outro. Assim, os encontros de aprendizagem cooperativa têm características intergeracionais e interculturais, com vistas à promoção de relações afetivas pelas quais todos ensinam e todos aprendem. Nessa ação

JU: Poderia explicar sua experiência na Europa e a importância desse período para a elaboração e execução do projeto? Naputano: Minha experiência durante cerca de 15 anos na Itália foi importante, primeiro porque, apesar de ser também cidadão italiano sem dificuldades de expressão nessa língua, fui migrante por todo esse período e enfrentei narrativas muito próximas daquelas dos migrantes no Brasil. Depois, porque, após longos anos executando trabalhos distantes de minha realidade acadêmica, obtive a convalidação de meu título profissional na Itália e pude me inscrever na ordem dos psicólogos italianos. Pude, então, desenvolver projetos com alunos estrangeiros, de muitos países europeus e extraeuropeus, de segunda geração, nascidos na Itália ou no exterior. Essas experiências serviram de base ao desenvolvimento de minha tese de doutorado e, posteriormente, ao atual projeto, que procura trabalhar com o sofrimento humano de jovens que não escolheram migrar e que seguem seus pais. JU: Quais são as perspectivas dessa iniciativa? Naputano: As perspectivas são de continuidade, caso tenhamos apoio também material, da implantação de uma modalidade de mediação socioeducativa sistêmico-relacional, de uma produção acadêmica sobre o tema e de ampliação a novas colaborações nacionais e internacionais. Certamente que a presença dos migrantes trouxe novas complexidades para a educação e as escolas no Brasil, mas não podemos atribuir a crise escolar na atualidade à presença dos filhos dos migrantes. Aliás, a escola, já em crise, ao receber os migrantes, tem uma ulterior oportunidade, por meio da discussão multicultural, de afrontar o seu grande dilema aporético e de sua capacidade, ou incapacidade, de abertura à diversidade e suas complexidades relacionais como um valor indissolúvel e necessário.


4

Junho 2018

Zootecnia

Dieta para os búfalos Projeto temático em Botucatu promove estudo inédito de necessidades nutricionais de bubalinos Reprodução

Fotos divulgação

I

ntroduzidos no Brasil a partir do século XIX para auxiliar nas atividades rurais, os búfalos, ou bubalinos, apresentam uma carne cada vez mais apreciada, com baixos teores de gordura e de colesterol e rica em minerais. Uma pesquisa inédita em andamento no Câmpus da Unesp de Botucatu busca determinar as exigências nutricionais de búfalos em condições tropicais, visando à produção de carne em escala comercial. O estudo é realizado no âmbito de um projeto temático financiado pela Fapesp e em andamento desde 2016, sob a coordenação do professor André Mendes Jorge, do Departamento de Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). O trabalho utiliza os recursos avançados do Centro de Pesquisas Tropicais em Bubalinos (CPTB), reformado e adequado para a realização dessa iniciativa. “Esse é o primeiro estudo com confinamento dos animais para se determinar as exigências nutricionais de bubalinos de corte”, comenta Jorge. O pesquisador ressalta que hoje não existem padrões de requerimento, ou seja, cientificamente estabelecidos, para a carne de búfalo no Brasil e no mundo. “A definição desses padrões exige precisão de dados sobre comportamento, eficiência alimentar, temperamento animal,

Experimento envolve raças mediterrânea, jafarabadi e murrah

Centro foi reformado e adequado para realização das pesquisas

parâmetros metabólicos, qualidade da carcaça e da carne”, esclarece o docente, acrescentando que, a partir desses dados, será possível formular dietas específicas em diferentes sistemas de produção. O projeto, que conta com especialistas de sete países, focaliza três raças de búfalos: mediterrânea, jafarabadi e murrah. E há uma grande ênfase na formação de pesquisadores, com uma equipe que reúne alunos de graduação, bolsistas de iniciação científica, bolsistas de treinamento e pós-graduandos. Com previsão de se estender até fevereiro de 2020, o projeto soma recursos de aproximadamente R$ 2 milhões, destinados a despesas como aquisição de

de proteínas e energia. “Todos os componentes do corpo são pesados, processados e analisados quimicamente”, informa Jorge. Em 2016, os experimentos foram realizados com 75 animais, sendo 25 de cada raça, adquiridos de produtores de elite. No ano seguinte, foram testados 120 búfalos, sendo 40 de cada raça. O coordenador do projeto informa ainda que, em 2019, o experimento passará a avaliar três sistemas de produção com o objetivo de validar as equações de exigências nutricionais geradas nos dois primeiros anos da pesquisa: o primeiro, formado por búfalos confinados recebendo ração total até o abate; o segundo com búfalos recriados em pasto

equipamentos nacionais e internacionais, animais e materiais de custeio (especialmente alimentação), além de obras para garantir a infraestrutura dos experimentos. Em regime de confinamento, os animais se alimentam em cochos com sistema eletrônico de alimentação, balanças e bebedouros com a mesma tecnologia, além da estrutura para prover bem-estar aos animais. Cada búfalo carrega um sensor na orelha para monitorar o consumo de comida e água, recebendo uma dieta formada de silagem de milho, milho em grão, farelo de algodão e um mix de minerais e vitaminas. Após um período de 180 dias, os búfalos são abatidos, para se avaliar aspectos como ganho

Jorge, coordenador dos trabalhos: estudo para definição de padrões

recebendo suplementação mineral e vitamínica e terminados em confinamento; e o terceiro, por búfalos recriados e terminados em pasto recebendo suplementação proteica-energética até o abate.

Pesquisador realiza cruzamento de gramas O estudo consiste no desenvolvimento de híbridos de grama do gênero Zoysia Paola Vantini - Assessoria de Imprensa da FCAV Antonio Pizolato Neto

N

o Brasil, gramas do gênero Zoysia apresentam potencial para ampliar sua comercialização, por terem características agronômicas e comerciais desejáveis, como textura da folha, velocidade de crescimento, tolerância a seca e pragas, resistência ao pisoteio, dentre outras, o que as torna de grande interesse para os consumidores. A grama Zoysia japonica é uma das mais cultivadas no país, pela facilidade de adaptação às regiões de clima quente. Visando à expansão da comercialização de gramas, o professor Antonio Orlando Di Mauro, do Departamento de Fitotec-

Testes de híbridos avaliam quesitos como resistência a seca

nia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), Câmpus da Unesp de Jaboticabal, deu início a um programa de cruzamentos entre espécies pré-selecionadas desse gênero. “Havia um interesse para o

desenvolvimento e o lançamento de novos cultivares de gramas no mercado brasileiro envolvendo híbridos de Zoysia spp., devido ao fato de serem considerados promissores, competitivos e portadores de características agronômicas

e comercias desejáveis”, comenta o professor, advertindo que eram escassas as pesquisas desenvolvidas com essa espécie na área de melhoramento genético. “Desse estudo resultaram 151 híbridos, que serão avaliados agora em parcelas maiores (2,0 x 2,0 metros) em campo experimental”, assinala. O programa foi conduzido em casa de vegetação pertencente à FCAV e as hibridações foram realizadas entre os diversos cultivares de Zoysia spp. Para analisar diferentes populações portadoras de bons atributos agronômicos e comerciais, foram realizadas caracterizações agronômicas e avaliações de tolerância a seca,

pragas e doenças (infestação e infecção natural), bem como a avaliação dos descritores morfológicos dos híbridos obtidos. Para a confirmação dos cruzamentos entre os cultivares, foram utilizados marcadores microssatélites (SSR), também usados para estimar a diversidade genética e fenotípica entre os cultivares de grama do gênero Zoysia, já que não há na literatura informações dessa natureza. Para saber como é realizado o cruzamento de gramas, é só acessar o link abaixo: <https://bit.ly/2JFqBSR>.


Ciências Biológicas

Junho 2018

5

Bicho-da-seda em risco Estudo constata que fungicida influi sobre taxa de mortalidade do inseto e peso dos casulos Divulgação

O

uso crescente de agrotóxicos tem causado problemas ambientais como a redução da população de várias espécies, como as abelhas, utilizadas para produção de mel e polinização de plantas. Outro inseto benéfico para os seres humanos que também tem sido afetado pelos pesticidas é o bicho-da-seda. A produção de casulos de bicho-da-seda é feita por pequenos produtores rurais que cultivam plantas de amoreira, cujas folhas são utilizadas na alimentação dos insetos. No Brasil, as plantações de amoreira estão rodeadas por grandes plantações de cana-de-açúcar, soja e milho, que envolvem a utilização de grandes volumes de agrotóxicos. Durante as aplicações nessas culturas, parte dos produtos pode ser levada pelo vento até os amoreirais, contaminando as folhas das amoreiras. Em um trabalho recém-publicado na revista Journal of Economic Entomology, foi observado o

Amoreiras que alimentam lagartas são afetadas por agrotóxicos

efeito prejudicial de piraclostrobina, um fungicida amplamente usado na agricultura, sobre a bioenergética mitocondrial das lagartas e a produção de casulos do bicho-da-seda. O trabalho foi desenvolvido na Unesp, Câm-

pus de Dracena, pelos professores Daniel Nicodemo e Fábio Ermínio Mingatto e estudantes das equipes dos laboratórios de Ecologia e Insetos Úteis e do Laboratório de Bioquímica Metabólica e Toxicológica.

Nos testes, folhas de amoreira foram fornecidas para lagartas do bicho-da-seda 30 dias após a aplicação do fungicida. A equipe avaliou in vitro e in vivo a bioenergética mitocondrial da cabeça e dos intestinos das lagartas, assim como sua ingestão de folhas e taxa de mortalidade e peso dos casulos e das cascas dos casulos. Em doses de 50 micromolar (in vitro) e 200 gramas (in vivo) a piraclostrobina inibiu o consumo de oxigênio, dissipou o potencial da membrana de inibir a síntese de ATP na mitocôndria do bicho da seda. A piraclostrobina agiu como um inibidor da cadeia respiratória, afetando a bioenergética mitocondrial. O fungicida não interferiu na alimentação dos bichos-da-seda, mas afetou negativamente a taxa de mortalidade e o peso dos casulos na dosagem de 100 gramas de piraclostrobina por hectare. A letalidade de uma substância é uma variável importante para determinar seu impac-

to direto na capacidade dos indivíduos de uma espécie de sobreviver à exposição a esse produto e sua dosagem, concentração, ou ambos. Entretanto, a não letalidade não significa que a substância não é prejudicial, se houver vários tipos de danos a um organismo. Segundo esse estudo, embora a mortalidade das lagartas tenha sido relativamente baixa quando as folhas de amoreira estavam contaminadas com piraclostrobina, ocorreram danos na bioenergética das mitocôndrias isoladas da cabeça e do intestino das lagartas, influenciando negativamente a produção de energia dessas organelas e a produção de casulos.

Leia mais: <https://bit.ly/2pRlLVS> Acesse o artigo em: <https://bit.ly/2JZ2HkE> Contato do pesquisador: <nicodemo@dracena.unesp.br>.

Desmatamento favorece ação de fungo que dizima anfíbios Em áreas degradadas, animais são mais sujeitos a ataque do causador da quitridiomicose Peter Moon – Agência Fapesp

Wikimedia Commons

P

esquisadores da Unesp estão investigando como o desflorestamento pode afetar a ação de patógenos que causam doenças como a quitridiomicose, que tem devastado populações de sapos e rãs no mundo nas últimas décadas. Em artigo publicado na revista Proceedings of the Royal Society of London B – Biological Sciences os pesquisadores analisaram como a interação entre o desmatamento e o microbioma da pele pode afetar os anfíbios atingidos por fungos como o Batrachochytrium dendrobatidis, causador da quitridiomicose. “Existe a suspeita de que esse fungo possa ter mais dificuldade de se estabelecer e proliferar em um animal cuja biota cutânea encontra-se íntegra”, disse Célio Haddad, professor do Instituto de Biociências da Unesp. A pesquisa integra o Projeto Temático “Diversity and conservation of Brazilian amphibians”, coordenado por Haddad e financiado pela Fapesp no âmbito do programa Biota.

Investigação avaliou populações de pererequinha-do-brejo

O microbioma funciona como uma espécie de ecossistema que dificulta a ação de patógenos invasores. Para verificar qual seria a composição do microbioma na pele dos anfíbios da Mata Atlântica, habitando áreas de mata contínua ou mata degradada, os pesquisadores precisavam escolher uma espécie que não fosse exclusiva

e que vivesse em ambas. A candidata eleita foi a pererequinha-do-brejo (Dendropsophus minutus). Em 2010, os pesquisadores estudaram 10 populações de D. minutus em áreas da Mata Atlântica em São Luiz do Paraitinga (SP) e outras 10 populações da Mata de Araucárias, na Serra Gaúcha, em áreas degradadas e íntegras.

Foram amostrados cerca de 600 indivíduos. Entre esses, foram selecionados 187 indivíduos para estudo molecular. Foi realizado o sequenciamento genético do material cutâneo coletado de cada indivíduo. “O processo gerou uma lista de bactérias presentes em cada indivíduo e em qual abundância”, disse Guilherme Becker, outro autor do estudo, pós-doutorando na Unesp na época e atualmente professor visitante do PPG de Ecologia da Unicamp. Os autores do estudo constataram que nas pererequinhas-do-brejo dos ambientes de floresta natural a diversidade do microbioma era maior. “O desmatamento diminuiu a diversidade da microbiota cutânea das pererequinhas, mas é difícil afirmar categoricamente que esse empobrecimento da microbiota aumenta o risco de infecção pelo fungo”, disse Becker. O pesquisador explica que, uma vez que um anfíbio é infec-

tado pelo fungo Bd, a quantidade de bactérias aumenta muito em um primeiro momento, talvez pelo comprometimento do sistema imune causado pelo ataque de bactérias oportunistas. “Os animais começam a ficar doentes, a pele fica mais grossa, o fungo cobre a pele. Uma vez que eles ficam muito doentes a carga de bactérias despenca. Quando a quantidade de bactérias cai dramaticamente, o anfíbio geralmente morre”, disse Becker. O fungo Bd se espalha pelo meio ambiente por meio de esporos suspensos na água de lagoas e rios. “Trata-se de um patógeno generalista que prolifera melhor nos ambientes naturais, o que não favorece em nada os anfíbios. Por isso a quitridiomicose é tão devastadora”, disse Becker.

O artigo do grupo está publicado em: <https://bit.ly/2JRouKZ>.


6

Junho 2018

Ciências Exatas

Um asteroide “estrangeiro” Simulações mostram que corpo celeste que orbita Júpiter teve origem fora do Sistema Solar Reprodução

U

m estudo recente descobriu o primeiro imigrante permanente do nosso Sistema Solar. O asteroide, atualmente integrando a órbita do planeta Júpiter, é o primeiro de que se tem notícia a ser capturado de outro sistema estelar para o nosso. A constatação pode ajudar a resolver dúvidas existentes sobre a formação dos planetas ou a origem da própria vida. A descoberta é fruto de uma pesquisa desenvolvida por Helena Morais, docente do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) de Rio Claro, em parceria com Fathi Namouni, do Observatoire de la Côte d’Azur, na França. O artigo foi publicado na prestigiada Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, na sessão MNRAS Letters, espaço dedicado a notícias urgentes e importantes no campo da astronomia.

Descoberta pode fornecer pistas sobre origem da vida na Terra Todos os planetas do nosso Sistema Solar – e a grande maioria dos outros objetos – viajam ao redor do Sol na mesma direção. No entanto, o 2015 BZ509 é diferente: ele se move na direção oposta, o que é conhecido como uma órbita “retrógrada”. “A forma como este asteroide

passou a se mover desde que compartilhou a órbita de Júpiter tem sido, até agora, um mistério”, explica a professora Fathi Namouni. “Se o 2015 BZ509 fosse um nativo de nosso sistema, deveria ter a mesma direção original de todos os outros planetas e asteroides, herdados da nuvem

de gás e poeira que os formou.” No entanto, a equipe realizou simulações para traçar a localização do 2015 BZ509 até o nascimento do nosso Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. As simulações apontam que o 2015 BZ509 sempre se moveu dessa forma e que, portanto, não poderia ter estado no nascimento do Sistema Solar. O asteroide deve ter sido capturado de outro sistema. “A imigração de asteroides de outros sistemas estelares ocorre porque o Sol inicialmente se formou em um aglomerado estelar, onde cada estrela tinha seu próprio sistema de planetas e asteroides”, comenta a professora Helena Morais, docente do Departamento de Estatística, Matemática Aplicada e Computação do IGCE. “A proximidade das estrelas, ajudada pelas forças gravitacionais dos planetas, ajuda esses sistemas a atrair, remover e capturar asteroi-

des uns dos outros”. A descoberta do primeiro imigrante asteroide permanente no Sistema Solar tem implicações importantes para os problemas em aberto da formação do planeta, a evolução do sistema solar e, possivelmente, a origem da própria vida. Entender exatamente quando e como o 2015 BZ509 se estabeleceu no Sistema Solar fornece pistas sobre o berçário estelar original do Sol e sobre o potencial enriquecimento de nosso ambiente inicial com componentes necessários para o surgimento da vida na Terra.

O texto completo do artigo está disponível em An Interstellar Origin for Jupiter’s Retrograde Co-Orbital Asteroid Contato pesquisadora: <helena.morais@rc.unesp.br>.

De Netuno até a região da Terra Grupo investiga possibilidade de sistema binário de asteroides chegar próximo do planeta Divulgação

Reprodução

O

Typhon-Echidna é um sistema binário, ou seja, formado por dois asteroides, cuja órbita cruza a do planeta Netuno, que se situa na parte mais externa do Sistema Solar. Como a órbita desse sistema é instável, pesquisadores do Grupo de Dinâmica Orbital e Planetologia da Faculdade de Engenharia da Unesp de Guaratinguetá (FEG) e do Institute of Astrophysics da University of Vienna, avaliaram a possibilidade de esses asteroides serem lançados para a parte interna do Sistema Solar, onde o planeta Terra se localiza. O trabalho foi publicado em março na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. “Depois de Netuno, há vários objetos, asteroides com órbitas diversas, que podem sofrer perturbações e ser jogados para as órbitas internas dos planetas”, afirma Rafael Sfair, professor da FEG e integrante do Grupo de Dinâmica Orbital e Planetologia. “O que chamou nossa atenção é o fato de o Typhon-Echidna ser

Imagem representa sistema binário como o Typhon-Echidna

Sfair, Rosana e Winter: estudo envolve simulações matemáticas

um sistema binário.” Por meio de simulações numéricas, a equipe responsável pelo estudo constatou que, ao passar pelos planetas gigantes – como Júpiter e Saturno –, o sistema apresenta uma chance de 22% de se romper, com a separação de seus componentes: Typhon, com raio de 76 quilômetros, e Echidna, com 42 quilômetros. A perturbação causada pela gravidade dos planetas gigantes poderia lançar

Terra. Nas simulações, foram registrados ainda encontros do Typhon-Echidna com a Terra e com Vênus, mas a probabilidade desses eventos é baixa, de 0,4%. Para obter suas projeções, a equipe realizou 500 simulações, utilizando um cluster, um sistema formado por diversos computadores. “Precisamos de um número suficiente de simulações para elaborar as estatísticas”, esclarece o professor da FEG. A equipe que realizou o estudo ainda foi

os componentes do sistema na direção do Sol ou para fora do Sistema Solar. “O que nos deixou surpresos é que em algumas simulações o par pode sobreviver a toda a passagem entre os planetas gigantes e ter encontros com a Terra, e somente aqui no Sistema Solar interior é que o par seria rompido”, diz Sfair. Pelos cálculos dos pesquisadores, há uma probabilidade de 3,6% de o sistema atingir a região da

formada por Rosana Aparecida Nogueira de Araújo, Othon Cabo Winter, também do grupo da Unesp, e por Mattia Galiazzo, da University of Vienna.

O artigo completo está disponível em <https://bit.ly/2JSJphD>. Informações: <rafael.sfair@unesp.br>.


Saúde

Junho 2018

7

Unidos pela informação Encontro orienta pais de portadores da pouco conhecida síndrome de Smith-Magenis Marcos Jorge Fotos Marcos Jorge

P

ais e familiares de indivíduos com síndrome de Smith-Magenis (SMS) reuniram-se no Instituto de Artes, Câmpus de São Paulo da Unesp, no dia 5 de maio, para trocar informações e discutir a estruturação de uma rede e a formação de uma associação. O encontro foi mediado pelo professor Danilo Moretti-Ferreira, do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu. A Síndrome de Smith-Magenis é uma afecção genética que leva a deficiência mental, distúrbio de comportamento e que pode estar associada a diferentes anomalias congênitas. Alguns sinais são presentes e variam conforme a idade da criança, como pequenas alterações no padrão da face, atraso no desenvolvimento psicomotor (até os dois anos de idade), atraso de linguagem, hiperatividade e déficit de atenção, acessos de raiva, agressão e mudanças de humor, além de outros sintomas. As informações sobre a síndrome foram objeto da apresentação do professor Moretti, que abriu o encontro entre os familiares. O docente apontou que a prevalência é de um caso em cada 15 mil pessoas, mas que esse número tende a diminuir à medida que a síndrome se torne mais conhecida. A incidência é igual entre homens e mulheres e casos já foram identificados em todo o mundo e em todas as etnias.

Moretti deu informações sobre síndrome em evento com famílias

“Por ser uma síndrome ainda desconhecida por boa parte dos profissionais da saúde, é possível que exista uma subnotificação. Não é raro que indivíduos portadores de síndrome de Smith-Magenis sejam diagnosticados com síndrome de Down, autismo ou síndrome

de Williams”, aponta o docente. “É bom lembrar que síndrome é um conjunto de sinais. É preciso apresentar mais de 60% deles para se chegar a um diagnóstico conclusivo”, complementa o professor, lembrando que até 1998 havia apenas dois casos diagnosticados no Brasil.

Wesley e Selma: dificuldade para constatar problema na filha

Em 2013 já eram mais de 30. Moretti ressalta ainda que outro complicador é o fato de o indivíduo portador da síndrome não apresentar características físicas que a diferenciem de outras enfermidades similares, sendo o aspecto comportamental essencial para o diagnóstico. Esse comportamento inclui um movimento de esfregar as mãos uma na outra, semelhante ao de lavar as mãos, o autoabraço e a autoinjúria, que pode se manifestar em mordidas nas mãos ou colocando objetos nos orifícios corporais. O ENCONTRO A dificuldade de obter um diagnóstico preciso é uma realidade enfrentada por muitos pais de crianças com síndrome de Smith-Magenis, e com Wesley e Selma Alberti não foi diferente. Desde os seis meses de idade, o casal nota atrasos no desenvolvimento da filha Mirela, mas foi só em setembro do ano passado que os médicos chegaram ao diagnóstico da síndrome de Smith-Magenis. “Passamos por uma série de exames minuciosos e mesmo o geneticista demorou algum tempo para chegar a uma conclusão”, explica Selma, que ao longo desse tempo buscou terapias que estimularam a fala, fisioterapia e cuidados mais voltados para pacientes com quadro de autismo.

“O diagnóstico é sempre um baque para todos os pais com os quais eu conversei. Para mim, ao mesmo tempo em que foi um choque, ele também tirou um peso das nossas costas. Ter um diagnóstico é fundamental porque agora nós pelo menos temos um norte”, conta a mãe, que tão logo soube da notícia buscou informações no Google e descobriu a existência do grupo de pais e familiares. “Trocar essas informações com outras pessoas ajuda muito, especialmente nesse primeiro momento de receber a notícia.” Essa foi a primeira vez que Wesley e Selma participaram do encontro. O grupo tem realizado algumas reuniões, mas ainda não existe uma periodicidade definida. Por enquanto, pais e familiares ainda estão estruturando uma rede pelo Brasil via Whatsapp. A perspectiva do grupo é formar uma associação nos próximos meses e trabalhar no desenvolvimento de um website que ofereça informações sobre a doença e um canal de diálogo com outros pais pelo país. O encontro no início de maio reuniu pouco mais de 20 pessoas de diferentes cidades, como Barueri, Santos, Curitiba e São Paulo. O espaço para realização da reunião foi escolhido pela facilidade de acesso e gentilmente cedido pela direção do IA/Unesp.

Estudo é destaque em periódico internacional Pesquisadores de Botucatu integram pesquisa sobre pacientes com síndrome de Williams-Beuren

O

s pesquisadores Danilo Moretti-Ferreira e Deise Helena de Souza, do Departamento de Genética do Instituto de Biociências (IB), Câmpus de Botucatu, são coautores de um artigo sobre a síndrome de Williams-Beuren (SWB) que foi destaque de capa da mais recente edição do American Journal of Medical Genetics – part A (Jornal Americano de Genética Médica – parte A, em

tradução livre). Essa síndrome, que atinge menos de cinco em cada 10 mil pessoas, é causada pela perda de material genético (microdelação) em uma região específica do cromossomo 7 durante o desenvolvimento das células do embrião. Além de algumas má-formações físicas (especialmente na face), a pessoa diagnosticada com essa síndrome apresenta importantes manifestações

cognitivas e comportamentais. Entre elas, a hipersociabilidade. Nesse recente estudo no qual contribuem os pesquisadores do IB, indivíduos diagnosticados com síndrome de Williams, de diversas populações, foram avaliados clinicamente e por tecnologia de análise facial. Dados clínicos e imagens de 137 indivíduos com SWB, de 19 países, foram estudados, com uma idade média de 11 anos.

Os sinais clínicos fenotípicos mais comuns foram bolsas periorbitais (acúmulo de gordura e líquido ao redor dos olhos) e deficiência intelectual, presentes em mais de 90% dos casos. Além disso, 75% ou mais de todos os indivíduos com SWB apresentavam hipoplasia malar (achatamento dos ossos malares da face), filtro longo, boca larga, e mandíbula pequena. “Em resumo, apresentamos resultados clínicos consistentes

de populações com a síndrome de Williams e demonstramos como a tecnologia de análise facial pode auxiliar os clínicos a realizarem diagnósticos mais precisos”, argumenta Moretti-Ferreira.

O artigo completo está disponível no link: <https://bit.ly/2M3hdov>.


8

Junho 2018

Reportagem de capa

MELHORA DE PONTA A PONTA Eventos organizados pela Pró-Reitoria de Pesquisa promovem o aprimoramento da publicação científica tanto para autores quanto para editores de revistas Marcos Jorge

Fotos Marcos Jorge

A

Unesp tem se firmado, nos últimos anos, como a segunda universidade pública brasileira com maior número de publicações científicas. O desafio que se coloca para a instituição agora é aumentar o impacto e a projeção desse conteúdo. Nesse sentido, a Pró-Reitoria de Pesquisa organizou no início de maio, no auditório da Editora Unesp, em São Paulo, dois eventos que buscaram levar orientações sobre processos importantes para a melhora no impacto dessa produção: a elaboração e submissão de artigos científicos pelo pesquisador e a edição desse material por parte dos editores de revistas científicas. No dia 10 de maio foi realizado o II Encontro de Editores Científicos da Unesp e, no dia 11, o Workshop de Publicação Científica. Para o pró-reitor de Pesquisa, professor Carlos Graeff, os eventos estão alinhados com a necessidade da Universidade de divulgar suas ações. “A produção do conhecimento é um dos diferenciais da universidade pública no Brasil, e a produção intelectual e científica é um dos meios de diálogo com a sociedade”, destacou o gestor. Os dois eventos estão disponíveis online no endereço <https://bit.ly/2tO5Ycd>. A ênfase na divulgação pela Universidade de suas iniciativas e de seu conhecimento esteve presente também na fala do professor Wagner Villegas, que representou o reitor Sandro Valentini no evento. “Hoje existe uma gama de tecnologias e espaços que oferecem um novo panorama de oportunidades para a visibilidade de nossos trabalhos”, afirmou o assessor do Gabinete do vice-reitor. O EVENTO As revistas científicas ainda são o principal espaço para publicação das pesquisas produzidas na Universidade, e aprimorar suas práticas traz consequências no impacto dessas publicações. Esse foi o mote da fala do professor José Augusto

Público de evento: desafio é aumentar impacto e projeção das publicações da Universidade Chaves Guimarães, que abriu a sessão Gestão Profissional de Revistas Científicas destacando o papel indutor que os periódicos exercem sobre a prática científica do pesquisador. O assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa destacou a série Propetips, que visa a fornecer informações rápidas e pontuais aos docentes e pesquisadores da Unesp que buscam uma maior visibilidade da sua produção científica (ver quadro 1). Entre os temas tratados na apresentação está a necessidade de registrar

Barraviera apontou medidas para expansão de periódicos

corretamente a afiliação institucional à Unesp, ou seja, a forma de se referir à Universidade em uma publicação, tanto em inglês quanto em português. “Uma pesquisa realizada pela Coordenadoria Geral de Bibliotecas detectou mais de 60 variedades diferentes de afiliações. Esse problema de falta de padronização do nome tem gerado problemas para a Universidade nos rankings, por exemplo”, destaca o professor, que também coordena a Comissão de Avaliação Institucional

Produção intelectual é meio de contato com sociedade, diz Graeff

dos Rankings da Unesp. TECNOLOGIAS Na esteira do uso de novas tecnologias para a maior projeção das publicações científicas, o evento apresentou duas iniciativas que estão sendo estimuladas na Universidade: o DOI e o OrcID. O DOI (sigla para Digital Object Identifier ou, em português, Identificador de Objeto Digital) é um padrão para identificação de documentos que estejam na Internet e que, portanto, pode ser aplicado a livros, capítulos de livros, periódicos, artigos ou qualquer outro tipo

Padrão de identificação de artigos foi tema discutido por Rosas

de publicação científica que esteja em redes digitais. “É importante ressaltar que o DOI dá garantia apenas da localização dos metadados digitais [que indicam onde está o arquivo]. Ele não prescinde da preocupação do pesquisador e da instituição quanto a políticas de preservação dos artigos em um repositório digital, por exemplo”, destaca o professor Fabio Sampaio Rosas, da Unesp Dracena. O docente destacou ainda que todas as revistas da Universidade inscritas no edital da PROPE de apoio à publicação de periódicos científicos que tiverem interesse em obter o DOI para seus artigos serão contempladas. Outra proposta é o uso do ORCID (sigla para Open Researcher and Contributor ID, ou em português, ID Aberto de Pesquisador e Contribuidor), um código alfanumérico (formado por letras, números e outros caracteres) usado para identificar pesquisadores e autores acadêmicos. “Ele é usado ao longo de toda a carreira do cientista, é aberto, tem escala internacional e permite a integração com diversas plataformas”, destaca Flávia Maria Bastos, responsável pela Coordenadoria Geral de Bibliotecas (CGB) da Unesp. “Em um momento em que se fala muito de big data e reuso de dados, o ORCID permite esse tipo de aplicação.” A Unesp foi a primeira universidade pública brasileira filiada ao ORCID, iniciativa realizada dentro do contexto da criação de seu repositório institucional, em 2013, e possui, atualmente, por volta de 800 pesquisadores cadastrados. TROCA DE EXPERIÊNCIA Editor da revista The Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, o professor Benedito Barraviera relatou sua longa experiência à frente do periódico editado pela BioMed Central-Springer-Nature. Um ponto destacado pelo pesquisador do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Unesp (CEVAP)


Reportagem de capa é que no Brasil é muito comum uma mesma pessoa acumular a função de editor-chefe de forma e de conteúdo. “Em outros países do mundo, quem cuida da forma da revista é o publisher e quem cuida do conteúdo é o editor-chefe. O editor brasileiro é o mais completo do mundo porque faz as duas coisas”, brinca. Entre as estratégias apontadas pelo professor de Botucatu para promover o crescimento de um periódico está a adoção de publicação por fluxo contínuo (quando as publicações não são organizadas em uma edição ou volume periódico), a integração de indexadores (plataformas que reúnem conjuntos de publicações) da área de atuação da revista, convite a editores assistentes, com a cobrança de seu envolvimento com a publicação, prioridade à

Flávia abordou recurso para identificar pesquisadores e autores

Para Guimarães, revista é espaço principal para divulgar pesquisa

Há tecnologia e espaços diversos para divulgação, afirma Villegas

qualidade, corte de conteúdos supérfluos, disposição de um banco de dados robusto, participação em eventos e em um grupo produtivo de pesquisa, entre outros aspectos.

Para falar sobre o assunto, o I Workshop Estratégico de Publicação Científica da Unesp trouxe Paul Klenk, analista do American Journal Experts, entidade norte-americana que oferece orientação para acadêmicos na preparação de artigos em diversas áreas do conhecimento. Klenk abriu a palestra apresentando o histórico e o atual

panorama das publicações científicas no mundo, que movimentam aproximadamente US$ 12 bilhões ao ano, com um crescimento anual entre 7 a 8%. O cenário, contudo, pode estar em mudança, visto a tendência da adoção de publicações em código aberto – ou seja, sem cobrança para acessar o conteúdo – por agências e programas internacionais.

O AUTOR Se no primeiro dia de atividades o foco foi nos editores de revistas, o segundo dia abordou o outro lado da publicação: o autor.

CUIDADO COM OS PERIÓDICOS PREDATÓRIOS Um das ameaças especialmente para jovens pesquisadores é a presença de periódicos predatórios. Nesta entrevista, Paul Klenk comenta brevemente o funcionamento desses periódicos, de que forma isso prejudica o pesquisador e qual a forma de evitar essas publicações. Jornal Unesp: Como os periódicos predatórios funcionam? Paul Klenk: Publicar um artigo na PlosOne, atualmente, custa por volta de US$ 1 mil. É um custo muito caro para muitos pesquisadores. Periódicos predatórios se aproveitam disso e criam uma revista que cobra muito mais barato, por exemplo, US$ 300 dólares. A grande maioria deles não faz a revisão pelos pares, uma prática essencial dentro da comunidade científica. Às vezes, o próprio editor responde ao autor com algumas observações e dizendo que o artigo foi aceito. JU: E de que forma isso afeta o pesquisador autor do artigo? Klenk: O impacto do jornal em que um artigo é publicado é frequentemente usado para avaliar a qualidade de um trabalho. Se eu publico nesse periódico não tão bom, eu vou ter isso em meu currículo, mas a realidade é que essa publicação passa a não valer muita coisa. JU: Existe algum esforço por parte da comunidade científica para resolver ou diminuir esse problema? Ou algo que o pesquisador pode fazer para evitá-lo?

Klenk acentuou necessidade de acadêmico evitar essas publicações Klenk: Uma forma é observar os indexadores de revistas. No Brasil, o Scielo exerce esse papel. Entre outras funções, eles checam a qualidade dos periódicos e servem de referência para os pesquisadores. Existem algumas outras iniciativas da comunidade acadêmica, como a do norte-americano Jeffrey Bill, que divulga periodicamente uma lista de periódicos predatórios. O governo tem dificuldades agir contra esses periódicos porque eles estão em qualquer lugar do mundo. O que é possível fazer é oferecer ferramentas para os pesquisadores que orientem sobre quais periódicos são bons e quais não são. JU: Você acha que há um aumento no número de revistas predatórias? Klenk: Neste momento eu acredito que essa tendência já está numa trajetória de queda. Isso porque os pesquisadores estão ficando mais atentos e mais informados sobre esta ameaça do que anos atrás. Ações ainda precisam ser tomadas e é importante que pessoas como eu e você estejamos falando sobre o assunto para alertar principalmente os jovens pesquisadores.

Junho 2018

9

Klenk deu orientações gerais sobre como escrever um artigo e o impacto que isso tem na carreira. “Um artigo que é recusado pode custar ao pesquisador meses de trabalho em laboratório ou em um campo, por exemplo”, reforça o especialista. Entre os apontamentos citados pelo norte-americano está a orientação para colocar apenas os resultados mais importantes no primeiro parágrafo. “Se o autor colocar todas as informações, os revisores talvez não consigam identificar tão facilmente quais são os mais importantes”, esclarece. A segunda metade da apresentação abordou a ética nas publicações científicas, focalizando temas como as revistas predatórias (ver quadro 2), o plágio e o autorreferenciamento (isto é, a citação dos próprios artigos).

DICAS PARA OS PESQUISADORES A série Propetips, da Pró-Reitoria de Pesquisa fornece informações rápidas e pontuais a docentes e pesquisadores que buscam maior visibilidade de sua produção científica e maior prestígio internacional da universidade. <https:// www2.unesp.br/portal#!/ prope/apoio-ao-pesquisador/propetips/> 1) Há apenas duas formas de afiliação institucional: Unesp – Universidade Estadual Paulista ou Unesp – São Paulo State University (em inglês). Somente após o nome da Unesp é que deve figurar o nome da faculdade, instituto ou departamento. 2) Grafar o nome do autor sempre da mesma forma em todas as publicações científicas. 3) Devem-se evitar palavras-chaves com muita generalidade e privilegiar palavras que expressem especificidades. Uma sugestão é usar vocabulários controlados ou tesauros, como o Medical Subject Headings. 4) Usar sempre o ORCID (Open Researcher and Contributor ID), que permite uma espécie de curriculum vitae digital. A inscrição é feita pelo Repositório Institucional Unesp. 5) A colaboração científica com pesquisadores estrangeiros aumenta a visibilidade da produção e impacta po-

sitivamente a avaliação pelos rankings universitários. 6) A autoria deve ser dada àqueles que contribuem efetivamente para a consecução do texto científico e não deve ser confundida com os participantes de um projeto. 7) A escolha de quem e do que citar é importante, pois dá mais força à ideia que queremos respaldar. Considera-se tolerável um índice de autocitações de até 10% em cada publicação. 8) O resumo (abstract) deve apresentar, de forma clara, concisa e precisa, o problema (por quê?), a proposição (o quê?), os objetivos (para quê?), a metodologia (como?) e os resultados e a conclusão (o novo “o quê” da pesquisa). 9) O plágio constitui violação dos direitos morais ou patrimoniais do autor. Para sua detecção, existem ferramentas como: Turnitin, Checkforplagiarism, Plagiarism Detect, Viper, entre outras. 10) Notas de rodapé podem ser bibliográficas ou explicativas, razão pela qual devem ser usadas com parcimônia para não deixar a leitura cansativa. 11) Organização de coletâneas ou dossiês temáticos: pressupõe uma escolha criteriosa do tema, títulos precisos, autores com lastro acadêmico no tema e procedência diversificada. O organizador deve ter nome acadêmico conso-

lidado e ser responsável por um capítulo-âncora que introduz os demais. 12) O parecer científico é constituído por relatório, fundamentação e manifestação. É fundamental uma crítica construtiva por meio de uma linguagem serena e objetiva, e sinalizando alternativas para solução dos apontamentos. 13) A escolha do periódico para publicação do artigo ser orientada por fontes de indexação, nível Qualis (o sistema de avaliação de periódicos da CAPES), escopo editorial da revista, sua natureza não-predatória, cumprimento da periodicidade e composição do corpo editorial e científico. 14) A busca por visibilidade científica de uma revista: decorre de especial atenção à manutenção do foco editorial, ao cumprimento rigoroso da periodicidade, aos critérios de composição do corpo editorial e do corpo científico, à linha temática, ao conteúdo dos editoriais e a uma atitude proativa do editor no âmbito científico. 15) A transparência e a confiabilidade dos dados são uma decorrência do dever do pesquisador em prestar contas à sociedade do financiamento dela recebido. A Fapesp já exige em suas chamadas a apresentação de um Plano de Gestão de Dados que aponte os tipos de dados e como eles serão preservados e disponibilizados.


10

Junho 2018

Avaliação

Debate do novo paradigma O processo de Planejamento e Avaliação Departamental na Unesp é apresentado aos diretores e coordenadores executivos Jorge Marinho

R

ealizado na Reitoria, em São Paulo, o I Seminário Planejamento e Avaliação Departamental na Unesp serviu para que 22 diretores, cinco vice-diretores, três coordenadores-executivos, dois vice-coordenadores e um membro de Congregação conhecessem os fundamentos e os princípios da sistemática adotada pela Universidade nessa área, após aprovação pelo Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (CEPE). O novo paradigma de planejamento e avaliação tem cinco princípios: Autonomia, Equidade, Comparação, Transparência e Transformação. Com base nesse novo modelo, o reitor da Unesp, professor Sandro Roberto Valentini, destacou três pontos. Em primeiro lugar, o respeito às diferenças entre áreas que produzem conhecimentos de forma distinta por meio da existência de métricas diferentes de avaliação, estabelecidas pelo próprio grupo. Em segundo, a consideração das aptidões de cada professor. Finalmente, o reconhecimento da importância dos chefes de departamento no planejamento da instituição. Já que o coletivo passa a ser o foco do trabalho departamental, o reitor acredita que todos refletirão sobre como cada um contribuirá para o todo. “O que eu estou contribuindo para o meu departamento ter sucesso ou para atingir as metas que o próprio departamento planejou? Se isso ocorrer, será um ganho muito importante para a Unesp. Sei que não vai ser da noite para o dia, mas estou pensando nesta Universidade para o futuro”, afirmou Valentini. Durante sua palestra no seminário, o assessor-chefe de Planejamento da Pró-reitoria de Planejamento Estratégico e Gestão (Propeg), Rogério Buccelli, chamou a atenção para a necessidade de lideranças que sejam facilitadoras do diálogo e da participação de todos os envolvidos nesse processo, que demanda complementaridade e interdependência. Buccelli lembrou ainda que a Unesp vive um momento ímpar porque ocorrem simultaneamente três ações

Fotos Jorge Marinho

de planejamento: Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), Plano de Desenvolvimento da Unidade (PDU) e Plano de Desenvolvimento Departamental (PDD). O novo paradigma voltado ao planejamento e à avaliação departamental será estabelecido sob a coordenação da Escola Unesp de Liderança e Gestão (EULG), liderada pela professora Maria Aparecida Custódio Domingues, e organização da Comissão Permanente de Avaliação (CPA), cuja presidente é a professora Maria Encarnação Beltrão Sposito. Sposito lembrou que a nova

Reitor ressaltou papel de chefes de departamento e importância de diferenças entre áreas metodologia não é projeto de uma gestão: é uma ação institucional, aprovada pelo CEPE

e, portanto, uma metodologia da Unesp. A presidente da CPA aproveitou ainda para destacar

a importância da participação dos diretores em todo o processo, junto com os chefes de

AS OPINIÕES DOS REPRESENTANTES DAS UNIDADES: flexibilidade para os docentes poderem cumprir as atividades e atingir todas as metas que departamentos e unidades precisam.” Carlos Frederico Wilcken – diretor da Faculdade de Ciências Agronômicas – Câmpus de Botucatu “Eu estou otimista, acho o novo modelo extremamente importante e acredito que vai dar tudo certo. Um passo importante para a implantação dele é o que se processará com os chefes de departamento. As reuniões regionais para a capacitação dos chefes de departamento e dos coordenadores de curso serão realizadas em junho e serão efetuadas em sete seminários, nos quais se agruparão as unidades universitárias e câmpus experimentais da Unesp.” Elaine Maria Sgavioli Massucato – diretora da Faculdade de Odontologia – Câmpus de Araraquara, e presidente do Fórum de Diretores

“Acredito que o novo modelo vai ajudar muito em relação à participação coletiva dos departamentos. Também ajudará a repensar o papel de cada departamento, além de dar mais

no Seminário, teremos a possibilidade de avaliar o docente como um todo, especialmente em suas aptidões, seja na pesquisa, no ensino ou na extensão.” Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira – diretora do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – Câmpus de São José do Rio Preto

“Considero [a nova sistemática] como uma pedra fundamental na revisão e na transformação necessária pela qual a Unesp precisa passar. Com esse primeiro seminário, a Unesp conseguiu mexer em cristais culturais que nasceram com o processo colonial brasileiro, centrado nas relações de poder em que as vantagens pessoais estão acima do bem coletivo”. Célia Maria David – diretora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – Câmpus de Franca

"É bastante ilustrativo para que os docentes, enfim, entendam a função de cada um, indo ao encontro do objetivo da Universidade. Quem vem para a Universidade tem que ter o entendimento melhor dos seus objetivos. Saber a que veio para contribuir com a Universidade, logicamente, com o ensino.” Estevão Tomomitsu Kimpara – diretor do Instituto de Ciência e Tecnologia – Câmpus de São José dos Campos

“Acho que é uma renovação que há muito a Universidade está esperando. Como vimos

“Ficou claro durante o Seminário que o Plano de Desenvolvimento Departa-

mental (PDD) e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) serão o norte para a construção do Plano de Desenvolvimento da Unidade (PDU), dentro da perspectiva de simultaneidade. Na nossa unidade, entendemos que há a necessidade da convergência e que o PDU deve ser decorrente tanto do Plano de Desenvolvimento Departamental quanto do PDI. Reiteramos que o importante é um processo de convergência, não de simultaneidade.” Andrea Lúcia Dorini O. C. Rossi – diretora da Faculdade de Ciências e Letras – Câmpus de Assis

“É a mudança do olhar individual para um olhar coletivo. É um momento de reflexão na microunidade para atingir as metas institucionais. Acho que é o caminho mais lógico para termos um PDI que represente a instituição, a partir da célula da Unesp que é o departamento”. Patrícia de Carvalho Mastroiani – representante da direção da Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Câmpus de Araraquara


Avaliação departamentos. Ela apresentou algumas sugestões aos diretores para a organização do trabalho nas unidades. Sposito sugeriu reunir chefes e coordenadores, bem como equipes de apoio acadêmico, para preparar o processo. Também enfatizou a necessidade de indicar um secretário ou secretária, entre aqueles que apoiam os departamentos, para acompanhar os chefes ou coordenadores de curso nos seminários regionais destinados à implantação da metodologia. Segundo a presidente da CPA, é ainda importante propor e definir o dia do planejamento, de modo que essa atividade ganhe centralidade no cotidiano da unidade. Outra recomendação aos dirigentes é participar ativamente do processo de planejamento de seu departamento ou coordenação de curso. Da mesma forma, os diretores devem envolver a Congregação

Seminário: nova sistemática enfatiza que foco do trabalho departamental é o coletivo no processo e, se possível, realizar reunião para apresentação das propostas de cada departamento. Por fim, de acordo com Sposito, eles precisam apoiar as chefias no processo de gestão dos conflitos e estimular o envolvimento de todos.

“Vamos dialogar, vamos buscar consensos, vamos nos defrontar com as diferenças, na direção de dialogar para estabelecer algum acordo em torno de um projeto comum. Um projeto que será construído na base da nossa Univer-

sidade e será, antes de mais nada, um projeto coletivo”, declarou Sposito. O professor titular da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV), Thomaz Wood Júnior, retomou

Junho 2018

11

em sua palestra a importância do papel do líder estrategista, comunicador, transformador e negociador. Wood Júnior chamou a atenção para o papel de alguém que lida com conflitos que devem ser enfrentados, como recursos escassos, alçadas ambíguas, comunicação deficiente, choque de personalidades e metas conflitantes. O professor entende que o líder precisa ser pragmático, mas acredita que o gestor tem que ter como parâmetro a ética. “Eu acho que cada vez mais o trabalho precisa ser balizado por uma postura ética, uma postura moral, senão perderemos completamente a referência”, enfatizou. A coordenadora da EULG, professora Maria Aparecida, é otimista em relação aos caminhos da Universidade. “A Unesp é segmentada, mas tem essa vontade de mudança”, comentou.

Unesp utiliza R$ 1,18 milhão que seria devolvido à CAPES Medidas da Pró-reitoria de Pós-graduação garantiram que recursos beneficiassem programas Jorge Marinho

I

niciativas adotadas pela Pró-Reitoria de Pós-graduação (PROPG) permitiram que a Unesp utilizasse um total de recursos de R$ 1,18 milhão que seriam recolhidos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Em uma dessas medidas, a PROPG conseguiu remanejar R$ 624 mil de saldos remanescentes dos seus programas de pós-graduação, que voltariam para a CAPES. Esses recursos foram disponibilizados em editais e financiaram a visita de 28 professores estrangeiros para ministrar disciplinas na Unesp, a publicação de 20 artigos em coautoria de professores e alunos em revistas de alto impacto, além de atividades acadêmicas de 24 professores e 170 estudantes, no Brasil e no exterior. Com essa redistribuição, o Programa de Pós-Graduação (PPG) em Biometria do Instituto de Biociências da Unesp (IBB), em Botucatu, conseguiu aumentar de R$ 11.817 para R$ 27.785 os recursos do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP) da CAPES, o que representa um aumento de 135%. A diferença de R$ 15.968 permitiu financiar a visita do professor Dylan Jones, da University of Portsmouth (Inglaterra), entre 2 e 9 de junho, para discutir projetos de pesquisas com alunos e docentes e ministrar a disciplina Tópicos

Sant’Anna (centro) e equipe da Pró-reitoria: esforço para não perder recursos valiosos Especiais: Goal Programming – Theory and Applications. Dois alunos também tiveram a mobilidade autorizada para realização de pesquisas. Já o edital de Mobilidade Docente na Pós-Graduação permitiu ao PPG em Biometria cobrir os custos de deslocamento e hospedagem do professor Rubens de Figueiredo Camargo, da Faculdade de Ciências da Unesp, Câmpus de Bauru, para ministrar no IBB a disciplina Introdução ao Cálculo de Ordem Não Inteira e a Modelagem Fracionada. “O remanejamento dos recursos do PROAP foi fundamental para que o PPG Biometria pudesse contar com a participação presencial de um professor da Unesp e outro da Inglaterra. Também é um estímulo imenso para os alunos”, declarou a coordenadora

do Programa, professora Liciana Vaz de Arruda Silveira. Outra ação importante da Pró-reitoria foi conseguir autorização da CAPES para utilizar os recursos provenientes de rendimentos de aplicação financeira do saldo do convênio CAPES/PROAP Nº 817737/2015. Isso gerou para os cofres da Unesp um adicional de R$ 555 mil, que serão disponibilizados aos programas de pós-graduação. Em anos anteriores, a Unesp devolveu os recursos ao governo federal. “Utilizar todos os recursos do convênio CAPES/PROAP não é uma tarefa simples. É preciso seguir à risca um plano de trabalho orçamentário, implementado na plataforma financeira SICONV para cada um dos 94 programas de pós-graduação da Unesp, e obedecer a uma rígida legislação,

sempre com novas jurisprudências”, explicou o responsável pela execução financeira na PROPG, José Roberto Bonfim. O diagnóstico que embasou toda a ação da Pró-reitoria mostrou que as principais dificuldades encontradas pelas unidades, durante a execução financeira do acordo com a CAPES, são prazo exíguo, necessidade de licitações específicas, dificuldades em utilizar registro de preços, escassez de empresas que atendam à legislação, baixa quantidade de demanda por parte dos programas e forma atual de gerenciamento de recursos. A partir dos obstáculos colocados, a PROPG padronizou seus procedimentos. “Essa padronização foi necessária para facilitar e unificar as ações que devem ser realizadas durante a

execução financeira do convênio e montagem dos relatórios de prestação de contas. Agora temos um checklist que deve ser seguido por todos os PPG”, completou Bonfim. Os procedimentos de gestão, a redistribuição de recursos e a adequação dos orçamentos às realidades dos programas de pós-graduação foram importantes para garantir que pouco mais de R$ 1,179 milhão permanecesse na Universidade. “O nosso aprendizado mostrou que essa é uma forma justa e eficiente de utilização dos recursos, que deve ser considerada nas futuras distribuições financeiras”, destaca João Lima Sant´A nna Neto, pró-reitor de Pós-graduação. O aproveitamento de 100% dos recursos do convênio de 2015, no valor de R$ 9,4 milhões, só foi possível por causa da atuação da PROPG junto ao Fórum de Pró-Reitores de Pós-Graduação das universidades públicas para que a CAPES prorrogasse a vigência do convênio de 2015, do ano passado para 2018. “A PROPG realizou um esforço notável para não perder recursos importantes para a Unesp após a decisão da CAPES de dilatar o prazo para a execução das atividades”, avaliou o pró-reitor. Em 2015, a universidade devolveu R$ 2,15 milhões referentes ao convênio assinado em 2014. (JM)


12

Junho 2018

Geral

Unesp entre as jovens universidades do mundo Ranking de instituições com menos de 50 anos mostra melhora da Unesp em quatro quesitos Comissão de Avaliação Institucional dos Rankings da Unesp

O

Pe de re squisa puta 10% ção

a estr

n es cio s tudant rna de es r nacionai inte Taxa s po tiva geiro 5% pec 7,5% estran ers 2, P s nte nais io oce nac ed a d por Tax iros % l nge 2,5 na cio na ter o in % çã ora 2,9

Ranking THE Young 2018 – Comparação Unesp 2018-2017

lab Co

45

40 Recursos para pesquisa 9%

al

30

l 2,5%

Escore normalizado

35

es or ut r do po te de dos en s c xa ma do Ta for po % 8 r co

stria Receita indu

ino Ens % 30

25 Produtividade de pesquisa 9%

20

Pesquisa 30%

15

s

luno de a or ção Rela profess por 6%

Receita institucional 3%

Taxa de d por g outoran d radu ando os s 3%

10 5

0

Receita industrial

Perspectiva Internacional

Citações

Pesquisa

Ensino

34,5

18,8

9,2

24,8

36,5

33,1

22,2

12,7

29,7

42,3

2017

de graduação (3%); relação entre doutorados concluídos e o corpo acadêmico (8%); e receita institucional para ensino (3%). Nesse quesito, a Unesp ficou na primeira posição relativamente às demais universidades brasileiras ranqueadas (42,3), seguida pela UFABC (38,3) e pela UFSCar (32,6). No quesito relativo a volume, investimento e reputação em Pesquisa (30% do total), considera-se a pesquisa de reputação (12%), os ingressos financeiros para pesquisa (9%) e a produtividade em pesquisa (9%). Nesse âmbito, a Unesp manteve-se em primeira colocação relativamente às demais (29,7),

s

2017 2018

Pesquisa de reputação 12%

çõe Cita % 30

Times Higher Education Ranking publicou recentemente a edição 2018, relativa às universidades jovens (com menos de 50 anos de existência). Nesse ranking, a Unesp encontra-se na posição entre 151 e 200, revelando, relativamente ao ano anterior, crescimento nos quesitos ensino, pesquisa, citações e perspectiva internacional, e decréscimo apenas no quesito Receita Industrial, o que se justifica em virtude da situação econômica do estado. O gráfico ao lado apresenta a comparação entre as pontuações da Unesp nos anos de 2017 e 2018, em valores absolutos. A pequena diminuição no indicador Receita Industrial não impacta a nota final uma vez que o peso desse indicador (2,5%) é muito pequeno em relação aos demais. A tabela abaixo ilustra como os indicadores são subdivididos e o peso em relação à nota geral. Na edição de 2018 do ranking THE – Young Universities figuram cinco universidades brasileiras, nomeadamente UFABC, Unesp, Universidade Federal de Pelotas, UFSCar e Universidade Estadual de Ponta Grossa, com o seguinte desempenho: No quesito voltado para o ambiente de ensino, com peso correspondente a 30% do total, consideram-se os seguintes aspectos: pesquisa anual de reputação realizada junto a pesquisadores de todo o mundo (10%, sendo que nessa edição contou-se com 10.568 respondentes); relação quantitativa entre alunos e professores, correspondendo ao número de alunos por docente (6%); relação entre alunos de doutorado e alunos

2018

seguida de perto pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (26,2). Se, por um lado, a Unesp lidera a questão da pesquisa, especialmente no que se refere ao volume de pesquisa produzido, isso não se reflete diretamente na influência e na visibilidade dessa pesquisa, expressas nas Citações, pois, nesse quesito, a Unesp vai para a última posição (12,7) entre as cinco universidades jovens brasileiras ranqueadas, o que contrasta com a situação da Universidade Federal de Pelotas (35,0), com quase o triplo do índice de citação da Unesp e a Universidade Federal do ABC (29,3).

Relativamente ao impacto de inovação, correspondendo a 7% da avaliação, a Unesp está em situação congênere à UFABC, à UFSCar e à Universidade Estadual de Ponta Grossa, com índice de 33,1. Em termos de Internacionalização (2,5% da avaliação), por sua vez, que mede a capacidade de a universidade atrair alunos, docentes e pesquisadores do exterior, a Unesp situa-se na segunda posição, ao lado da UFSCar, com 22,2, mas em posição ainda bastante inferior à UFABC (32,8). Tais resultados revelam a necessidade de ações institucionais mais

claras, voltadas para a internacionalização e a visibilidade da pesquisa da Unesp, a partir do incentivo à colaboração internacional, e a ações mais concretas voltadas para uma cultura de internacionalização da Unesp que propicie uma maior visibilidade, tais como: homepages institucionais e pessoais em inglês e atualizadas sistematicamente, maior oferecimento de disciplinas de graduação e de pós-graduação em inglês, apoio mais efetivo à publicação em revistas internacionais e de impacto, ações indutoras para uma maior inserção das revistas da Unesp em bases como Scielo, Scopus ou Web of Science, etc.

Ranking THE – Top 250 com menos de 50 anos: Universidades Brasileiras

Idade

Ensino

Pesquisa

Citações

Impacto de Inovação

Internac

Posição Young

Posição mundial

Mais informações: <https://ape.unesp.br/ranking>.

UFABC UNESP UFPEL UFSCar UEP.Grossa

12 42 49 50 49

38,3 42,3 24,1 32,6 26,8

17,8 29,7 11,4 16,4 26,2

29,3 12,7 35,0 15,9 13,2

34,5 33,1 1,1 32,3 31,7

32,8 22,2 19,7 22,2 15,5

151-200 151-200 NR NR NR

601-800 601-800 801-1000 801-1000 801-1000

Para esclarecimentos e sugestões: <rankings@reitoria.unesp.br>

Comissão de Integridade Ética e Práticas de Pesquisa inicia trabalhos Jorge Marinho Jorge Marinho

C

om o avanço da tecnologia, novos desafios surgiram dentro da pesquisa científica. Um deles é trabalhar com a disponibilidade, a segurança, o respeito e a troca de dados com o mundo. Para o membro da Comissão de Integridade Ética e Práticas de Pesquisa (CIEPP) da Unesp Paulo Noronha Lisboa, professor da Faculdade de Ciências de Bauru e assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa, o

propósito desse novo colegiado é construir respostas para a pergunta colocada, discutindo junto à comunidade unespiana os aspectos relacionados a essa situação. “Ser cientista hoje significa uma postura diferente da minha geração ou da geração dos colegas que compõem esta comissão. Nós propusemos uma série de encontros junto com a comunidade para que esses temas venham a ser dis-

cutidos e para propor ações de fato educativas para os jovens estudantes que entram na Unesp”, afirmou Lisboa. Também fazem parte da CIEPP os professores Trajano Sardemberg, da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB); Edson Cocchieri Botelho, da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG); e Luís Carlos Paschoarelli, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação de Bauru (FAAC).

Comissão proporá ações educativas para ingressantes da Unesp


Gente

Câmara de Botucatu homenageia docente

Junho 2018

13

Temporada de pesquisa na Áustria Divulgação

Divulgação

O

Pesquisa recente de Leão visa aproveitamento comercial de rejeitos

N

a sessão ordinária do dia 2 de abril de 2018, a Câmara Municipal de Botucatu aprovou a Moção de Congratulações ao professor Alcides Lopes Leão, do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, Câmpus de Botucatu, extensiva a toda sua equipe de colaboradores, pela iniciativa do projeto que transforma o lixo numa fonte limpa e renovável de energia. “Considero essa homenagem um reconhecimento da importância que o tema do lixo tem para o país”, avalia o pesquisador. A proposta de moção foi apresentada pelo vereador Paulo Renato (PSC). Leão tem uma longa experiência na área de bioenergia e engenharia de materiais e metalúrgica, trabalhando principalmente com os temas de gestão

ambiental, compósitos, fibras naturais, reciclagem, energia de biomassa e gerenciamento de resíduos industriais, agrícolas e urbanos. É coordenador do Laboratório de Resíduos Sólidos e Compósitos (Residuall), em atividade há mais de 20 anos. Em sua especialidade, desenvolveu vários processos e produtos na área de compósitos, em parceria com empresas privadas na produção de novos materiais e reciclagem de resíduos e plásticos. Recentemente, o grupo do laboratório está promovendo a densificação de rejeitos, para, dessa forma, tornar viável comercialmente o aproveitamento desse material como fonte de energia. “Precisamos de soluções para utilizar o lixo como fonte de energia, não há outra alternativa”, assegura.

trabalho do Grupo de Pesquisa de Física do Estado Sólido da Unesp – Câmpus de Rio Claro, coordenado pelo professor Mariano de Souza, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) da Unesp, vem obtendo amplo reconhecimento em nível internacional. Prova disso é a bolsa de professor visitante que Souza recebeu da Academia de Ciências Austríaca para passar seis meses na Universidade Johannes Kepler–Linz para realizar pesquisas no campo de supercondutores no grupo do renomado cientista Serdar Sariciftci, que foi pós-doutorando do Prêmio Nobel de Química Alan Heeger. Supercondutores são materiais que transportam energia sem perdas. “Pretendemos desenvolver pesquisas na área de condutores moleculares”, assinala o pesquisador. Souza permanecerá em Linz do início de julho ao final de dezembro, aprofundando uma cooperação científica que se consolidou nos últimos anos, promovendo, por exemplo, o intercâmbio de estudantes. “O objetivo desse intercâmbio é manter cooperação científica de longo prazo, porque nós estamos aptos a realizar pesquisa de frontei-

Souza: estudos de supercondutores têm reconhecimento internacional ra em nosso setor”, afirma. “Estamos criando um elo com um grupo de pesquisa muito bem estabelecido, que pode beneficiar o IGCE e a Unesp.”

Mais informações: <https://bit.ly/2tsPs0X>. Informações: E-mail: <mariano@rc.unesp.br> Telefone: (19) 3526-9184

SEMPRE UNESP

Egressa é diretora do Instituto de Geociências da UFMG Divulgação

N

o dia 2 de maio, a professora Vilma Lúcia Carvalho foi empossada como diretora do Instituto de Geociências (IGC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A posse representa uma nova etapa em sua atuação no Instituto, onde trabalha desde 1997 no Departamento de Geografia, como docente da área de Geografia Física. Nos últimos quatro anos, Vilma atuou como vice-diretora do IGC, acompanhando as medidas adotadas diante da crise que atingiu o Brasil. “As mudanças políticas e econômicas que o país vem atravessando e a aprovação do teto de gastos na educação

Vilma cursou graduação, mestrado e doutorado em unidades da Unesp colocaram restrições orçamentárias severas à Universidade”, argumenta. “Como gestora de uma de suas Unidades, o maior desafio

é encontrar caminhos alternativos para essa crise, de forma a garantir as condições essenciais ao bom funcionamento do Instituto, para que o mesmo possa continuar oferecendo ensino, pesquisa e extensão da qualidade que sempre foi a marca da UFMG.” Sua formação acadêmica foi feita basicamente na Unesp. Em 1984, obteve a graduação em licenciatura e bacharelado na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), Câmpus de Presidente Prudente. Já o mestrado, concluído em 1990, e o doutorado, em 2000, ocorreram no Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), Câmpus de Rio Claro. “Venho de uma família de

mãe, tias e irmãs professoras. Ingressei na graduação em Geografia para ser professora também”, enfatiza. “Ter feito a graduação na Unesp foi fundamental para que eu tivesse uma formação diferenciada, sólida, e o contato com o ambiente e o grupo de professores universitários da época me mostrou outras possibilidades de atuação dentro da carreira docente.” A diretora ressalta a qualidade dos professores do curso de graduação da Unesp, que a incentivaram a seguir a carreira acadêmica, o que a levou a investir na pós-graduação. Durante o mestrado e depois o doutorado, ao longo de 12 anos, ela lecionou em diferentes escolas de ensino fundamental e

médio. “Considero esse período muito importante para minha carreira, pois foi ali que adquiri experiência suficiente para atuar posteriormente na educação a nível superior.” A professora considera que o ingresso na UFMG proporcionou sua realização como docente, em nível de graduação e pós-graduação. “Às atividades de pesquisa e orientação, complementares à docência, foram somadas as atividades administrativas, nas quais fui me envolvendo aos poucos”, recorda. “Da coordenação do curso de Geografia e vice-direção, encontro-me agora na condição de diretora do Instituto de Geociências.”


14

Junho 2018

Alunos

Estudo obtém bolsa alemã Fundação Alexander Von Humboldt premia trabalho sobre tratamento da doença de Cushing Divulgação

U

Júlia realizou estudo em parceria com a Universidade de Colônia

m trabalho científico desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Medicina do Câmpus da Botucatu (FMB) foi premiado com bolsa de estudo oferecida pela Fundação Alexander von Humboldt, da Alemanha. A aluna Júlia Simões Corrêa, da primeira turma do mestrado do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Pesquisa Clínica, é a responsável pelo projeto. Durante o mestrado, sob orientação da professora Vânia dos Santos Nunes Nogueira, Júlia desenvolveu uma revisão sistemática sobre o tratamento medicamentoso da doença de Cushing, patologia endócrina que causa aumento da mortalidade cardiovascular. A revisão contribuirá para elaboração de um parecer técnico-científico para incorporação de uma das

medicações estudadas pelo SUS. O PPG de Pesquisa Clínica forneceu a base para elaboração de um novo projeto sobre o processo de incorporação de medicamentos no SUS e técnicas de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS), uma das linhas de pesquisa do programa. Com a colaboração dos professores Carlos Antônio Caramori e Vânia dos Santos Nunes Nogueira, do Departamento de Clínica Médica da FMB, a aluna desenvolveu uma proposta de projeto que foi submetida a um rigoroso processo seletivo para financiamento pelo governo alemão. “O objetivo do projeto é comparar as técnicas de avaliação de tecnologias em saúde na Alemanha e no Brasil, bem como o processo institucional de incorporação de novas tecnologias

Alunos vencem disputa do Instituto Confúcio

médicas. Fornecer alternativas para alinhar medicina baseada em evidências e políticas públicas, identificar os processos ineficientes de incorporação de tecnologias, medicamentos e possivelmente aprimorar a qualidade metodológica do parecer técnico-científico no Brasil estão entre os resultados esperados”, explica Júlia. O trabalho foi realizado em parceria com a Universidade de Colônia (UniKöln), onde será desenvolvido no decorrer do próximo ano sob orientação da professora Stephanie Stock e do doutor Dirk Müller, em Colônia, na Alemanha.

von Humboldt procura pessoas capazes de construir pontes entre Brasil e Alemanha, e projetos de interesse para o cenário de colaboração entre os países, independente da área de atuação. Em 2017, 109 brasileiros solicitaram a bolsa, dos quais dez foram selecionados para desenvolver seu projeto em uma instituição alemã. A etapa final do processo seletivo aconteceu em abril, em Bonn – Alemanha, onde foram realizadas entrevista, dinâmica de grupo e apresentação de pôsteres.

A SELEÇÃO A bolsa tem como patrona a chanceler da República Federativa da Alemanha, Angela Merkel. A fundação Alexander

Mais informações sobre a bolsa de estudo podem ser obtidas no link: <https://bit.ly/1Nvop7S>.

Mestrando realiza estágio no Canadá Divulgação

Divulgação

A

sede do Instituto Confúcio na China (Hanban), em conjunto com a Embaixada Chinesa no Brasil, organizaram no dia 6 de maio, em Porto Alegre, a sétima edição da competição Chinese Bridge para estudantes universitários matriculados de todo o Brasil, cujo tema foi “Um mundo, uma família”. A competição envolve a avaliação por um júri composto por dez especialistas das habilidades de leitura, compreensão e fala do mandarim, conhecimentos gerais sobre a China, além de habilidades culturais, como música, dança, caligrafia, poesia e as mais variadas manifestações da cultura chinesa. Dentre 17 candidatos dos dez Institutos Confúcio estabelecidos no Brasil, os dois primeiros colocados foram os alunos do Instituto Confúcio na Unesp: Daniel Barbosa de Carvalho, da cidade de São Paulo, e Amiris Rodrigues Barros, da unidade da Sala do Instituto Confúcio na Unesp na unidade de Franca, que já havia sido ganhadora da etapa nacional do Chinese Bridge para alunos do ensino médio há dois anos.

E

Daniel e Amiris (dir.), os primeiros colocados na competição Daniel representará o Brasil na etapa final da disputa que será realizada na cidade de Changsha, na China, no fim de julho, competindo com estudantes de todos os mais de 500 Institutos Confúcio no mundo, e Amiris, segunda colocada, também irá para assistir à competição. Amiris considera muito importante a participação nesse evento. “É uma oportunidade maravilhosa para nós conhecer-

mos melhor a cultura chinesa e aprimorarmos nosso nível de proficiência na língua chinesa”, declara a estudante, que hoje cursa Letras Inglês-Português no Claretiano Centro Universitário, em Batatais (SP). Em 2016, graças a sua vitória na disputa, ela conheceu a cidade Kunming. “O Instituto Confúcio apoia muito os alunos, seus professores são preparados e nos dão muita atenção”, acentua.

ntre março e abril, o mestrando Wilson Estécio Marcílio Júnior desenvolveu um estágio de pesquisa na Dalhousie University em Halifax, no Canadá, com o apoio da Fapesp. Em seu trabalho, o pesquisador busca desenvolver uma nova técnica de exploração multinível em representações geradas por técnicas de projeção multidimensional. “Nossa técnica ajudará fotógrafos a selecionar imagens dentro de um grande número de fotos, ao agrupar imagens que apresentam características semelhantes”, explica o pós-graduando. Wilson é aluno no Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Câmpus da Unesp de Presidente Prudente (PPGCC-Unesp), sob a orientação do professor Danilo Medeiros Eler, docente do Departamento de Matemática e Computação. O estágio foi desenvolvido na modalidade de Bolsa de Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE), que é concedida a bolsistas Fapesp para apoiar a realização de estágios de pesquisa de curta e média duração no exterior. Teve a supervisão do professor Fernando Vieira Paulovich, que atua no Visualization and Visual Analytics

Técnica desenvolvida por Wilson facilita trabalho de fotógrafos (VVA) Lab, da Faculty of Computer Science na Dalhousie University. “O estágio ajudou a definir a aplicação para a abordagem que queremos dar na técnica e definir questões da implementação da metáfora visual, ou seja, a forma de visualizar certo conjunto de dados”, enfatiza o mestrando. Ele também assinala a experiência pessoal que obteve no Canadá. “Eu tive contato com várias pessoas, pude exercitar melhor a língua inglesa e conhecer melhor uma outra cultura”, comenta. O resumo do projeto pode ser obtido na biblioteca virtual da Fapesp: <https://bit.ly/2lC5RNr>.


Geral

Junho 2018

15

AGÊNCIA UNESP DE INOVAÇÃO

Mais transparência e rapidez dos processos

C

omeçou a operar na Agência Unesp de Inovação (AUIN) um novo sistema de comunicação de invenção e também um novo sistema de gerenciamento de dados internos, que interagem permitindo a transferência direta de dados. De acordo com Rita Costoya, gerente de Transferência de Tecnologia da AUIN, o sistema antigo não gerava relatórios tão complexos como a agência precisava e o fluxo de trabalho era pouco desenvolvido. “Ele funcionava mais como uma plataforma de armazenamento de informação e isso dificultava nosso conhecimento sobre o volume de dados que havia na plataforma”, conta Costoya. O novo sistema gerenciador de dados envolve um fluxo de trabalho mais integrado e capaz de revelar a área responsável pelas tarefas dentro da AUIN. Isso facilita o trabalho, principalmente das áreas de propriedade intelectual, transferência de tecnologia e a área jurídica. Além disso, pelo sistema é possível acompanhar o fluxo da propriedade intelectual, os relatórios por situação, a lista de empresas e também de pesquisadores. O trabalho de busca de dados está sendo otimizado. Outra novidade positiva é

a manutenção do sistema. Antes, o software de gerenciamento de dados precisava de assistência técnica que vinha de fora do Brasil e isso deixava o trabalho um pouco mais lento. O novo sistema além de ser nacional, permitindo estreitar o contato com o suporte quando necessário, também possui uma interface mais intuitiva e inovadora que dialoga com as tendências do mercado atual e facilita o acesso. O sistema de comunicação de invenção pelos pesquisadores continua via site como era antes. Mas agora acessando uma nova plataforma que foi integrada ao site. O pesquisador consegue acompanhar o andamento de sua invenção de forma mais didática e flexível. Os pesquisadores que já tinham login e senha deverão apenas redefinir sua senha. Os inventores que acessam o sistema pela primeira vez devem fazer um cadastro. Esse tipo de consulta se torna, inclusive, um elemento facilitador das dúvidas recorrentes sobre o status de cada processo, pois antes o pesquisador comunicava sua invenção e precisava telefonar na agência para ter mais informações. Agora ele pode consultar em que fase está seu processo e verificar quanto tempo ainda resta para cada etapa ser concluída, com total autonomia.

GOVERNADOR: Márcio França SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SECRETÁRIO: Jânio Francisco Benith

“Pretendemos oferecer todas as informações aos pesquisadores de forma transparente e rápida para que seja eficiente o cadastro de registros de qualquer propriedade intelectual da Unesp. É necessário também gerir os licenciamentos com a mesma eficiência”, comenta o diretor da AUIN, professor Wagner Valenti. Por muito tempo os processos na agência de inovação foram segmentados: uma parte ficava em papel, por meio de ofícios e formulários, e outra no meio digital. “Esses dois extremos não conversavam com os setores de contratos, o setor financeiro e nem com o setor das fundações da Unesp”, relata o assessor da AUIN, professor Guilherme Wollf Bueno. Para ele, essa situação resultava em um usuário que sempre dependia das pessoas da AUIN para acompanhar os processos. Com o novo sistema, haverá mais independência em relação ao tempo de espera, devolutiva de documentos e preenchimentos de dados.

REITOR: Sandro Roberto Valentini VICE-REITOR: Sergio Roberto Nobre PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO: Leonardo

Theodoro Büll PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO: Gladis Massini-Cagliari PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO: João Lima Sant’Anna Neto PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:

Cleopatra da Silva Planeta PRÓ-REITOR DE PESQUISA: Carlos Frederico de Oliveira Graeff SECRETÁRIO-GERAL: Arnaldo Cortina CHEFE DE GABINETE: Carlos Eduardo Vergani ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E IMPRENSA : Marcos Jorge (interino) ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE INFORMÁTICA :

Ney Lemke ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA JURÍDICA :

Edson César dos Santos Cabral ASSESSOR-CHEFE DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO:

José Roberto Ruggiero ASSESSOR-CHEFE DE RELAÇÕES EXTERNAS:

José Celso Freire Júnior ASSESSOR ESPECIAL DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:

Rogério Luiz Buccelli DIRETORES/COORDENADORES-EXECUTIVOS DAS UNIDADES UNIVERSITÁRIAS:

Max José de Araújo Faria Júnior (FMV-Araçatuba), Wilson Roberto Poi (FO-Araçatuba), Luis Vitor Silva do Sacramento (FCF-Araraquara), Elaine Maria Sgavioli Massucato (FO-Araraquara), Cláudio César de Paiva (FCL-Araraquara), Eduardo Maffud Cilli (IQ-Araraquara), Andréa Lúcia Dorini de Oliveira (FCL-Assis), Marcelo Carbone Carneiro (FAAC-Bauru), Jair Lopes Junior (FC-Bauru), Luttgardes de Oliveira Neto (FE-Bauru), Carlos Frederico Wilcken (FCA-Botucatu), Pasqual Barretti (FM-Botucatu), Maria Dalva Cesario (IB-Botucatu), José Paes de Almeida Nogueira Pinto (FMVZ-Botucatu), Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo (FCAT-Dracena), Murilo Gaspardo (FCHS-Franca), Mauro Hugo Mathias (FE-Guaratinguetá), Enes Furlani Junior (FE-Ilha Solteira), Antonio Francisco Savi (Itapeva), Pedro Luís da Costa Aguiar Alves (FCAV-Jaboticabal), Marcelo Tavella Navega (FFC-Marília), Edson Luís Piroli (Ourinhos), Rogério Eduardo Garcia (FCT-Presidente Prudente), Patrícia Gleydes Morgante (Registro), Cláudio José Von Zuben (IB-Rio Claro), José Alexandre de Jesus Perinotto (IGCE-Rio Claro), Guilherme Henrique Barris de Souza (Rosana), Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira (Ibilce-São José do Rio Preto), Estevão Tomomitsu Kimpara (ICT-São José dos Campos), Valerie Ann Albright (IA-São Paulo), Marcelo Takeshi Yamashita (IFT-São Paulo), Marcos Antonio de Oliveira (IB/CLP-São Vicente), Eduardo Paciência Godoy (ICT-Sorocaba) e Danilo Fiorentino Pereira (FCE-Tupã).

A plataforma pode ser acessada em: <https://auin.unesp.br>.

Papos de Física no Pint of Science EDITOR: André Louzas REDAÇÃO: Marcos Jorge e Jorge Marinho COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Antonio Pizolato Neto (foto);

N

convidados foram os físicos Gastão Krein (IFT-Unesp) e Alberto Saa (IMECC-Unicamp). O primeiro apresentou a palestra “A flecha do tempo: por que envelhecemos e nunca rejuvenescemos?”. Alberto falou sobre “O conceito de infinito na física e na matemática”. No segundo dia, o físico Oscar Eboli (IF-USP) apresentou “Os constituintes da matéria: elétrons, quarks, Higgs”.

Amanda Fernandes, Paola Vantini e Renato Coelho (texto). EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Phábrica de Produções Alecsander Coelho e Paulo Ciola (direção de arte); Daniela Bissiguini, Érsio Ribeiro, Kauê Rodrigues, Marcelo Macedo e Rodrigo Alves (diagramação) REVISÃO: Maria Luiza Simões APOIO ADMINISTRATIVO: Thiago Henrique Lúcio Este jornal, órgão da Reitoria da Unesp, é elaborado mensalmente pela Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI). A reprodução de artigos, reportagens ou notícias é permitida, desde que citada a fonte.

Marcelo Yamashita, diretor do IFT-Unesp, levantou o debate sobre “Ciência versus Pseudociência”. Para abrir o último dia, o pesquisador Odylio Aguiar (INPE) apresentou a palestra “Ondas gravitacionais: prêmio Nobel de Física de 2017”. Encerrando o Pint of Science, o físico Victor Rivelles (IF-USP) falou sobre “A teoria de cordas”.

ENDEREÇO: Rua Quirino de Andrade, 215, 4.º andar, Centro, CEP 01049-010, São Paulo, SP. Telefone: (11) 5627-0323. HOME PAGE: http://www.unesp.br/jornal E-MAIL: jornalunesp@reitoria.unesp.br

Divulgação

a cidade de São Paulo, o ICTP-SAIFR da Unesp organiza mensalmente o evento Papos de Física, uma conversa informal sobre física no Tubaína Bar. No mês de maio, essa atividade de divulgação foi combinada com o evento internacional Pint of Science, onde foram convidados seis físicos durante três noites. Para abrir o primeiro dia, os

Objetivo do evento internacional Pint of Science é promover divulgação científica

VEÍCULOS Unesp Agência de Notícias: <http://unan.unesp.br/>. Rádio Unesp: <http://www.radio.unesp.br/>. TV Unesp: <http://www.tv.unesp.br/>.


16

Junho 2018

Música

40 ANOS DE ARTE SONORA Grupo de Percussão do Instituto de Artes da Unesp é referência mundial na área musical

Renato Coelho e Amanda Fernandes

C

om 40 anos de atividade, o Grupo de Percussão do Instituto de Artes da Unesp (PIAP) vem conquistando ouvintes atentos no Brasil e em diversos países. Criado em 1978 pelo músico e professor aposentado da Unesp John Boudler, o grupo é voltado para o aperfeiçoamento acadêmico-artístico de seus integrantes e a divulgação do repertório para percussão do país e do exterior. O PIAP é formado pelos alunos do curso de Bacharelado em Música, com Habilitação em Instrumento do Instituto de Artes (IA), e firmou-se no cenário artístico nacional e internacional por meio de concertos, gravações, apresentações em rádio e televisão – e diversas premiações. O PIAP surgiu com base na vasta formação musical de Boudler e na necessidade de aplicar aulas de percussão que também incluíam a participação coletiva. “A formação do grupo foi feita com todos os participantes do curso, inicialmente do curso livre e posteriormente do curso oficial – o bacharelado. Isso nunca foi aceito oficialmente pela academia e continua não sendo aceito até os dias atuais. Então, todos os alunos de todos os anos participaram do PIAP. Sempre foi e espero que seja sempre assim”, enfatiza. Segundo Boudler, em seus

primeiros passos, o grupo enfrentou desafios que iam dos deslocamentos para o IA, então localizado em São Bernardo do Campo, cidade vizinha à capital, até a busca de instrumentos para preparar as obras iniciais e divulgar o trabalho. Ainda na visão do fundador, toda atividade feita com excelência na universidade – como é o caso do PIAP – traz benefícios para todos. “É um orgulho para seus participantes atuais e do passado e para todos os envolvidos na manutenção e apoio institucional ao grupo”, diz.

Shakespeare, em 1995; e o Prêmio Carlos Gomes – indicação na categoria Melhor Grupo de Música de Câmara –, em 1999. No plano internacional, o PIAP registra duas turnês pelos Estados Unidos, a primeira em 1987 e a segunda em 2010, somando 29 concertos e 11 masterclasses; a apresentação no Festival Percusiones Del Mundo, na cidade do México, em 2000; e uma turnê pela China em 2011, com 11 concertos. As gravações do grupo estão registradas em 2 LPs e 10 CDs, além de vídeos disponíveis no Youtube.

PREMIAÇÕES E INTERNACIONALIZAÇÃO Desde 2013, o PIAP tem como diretor Carlos Stasi, também professor do IA, que durante 25 anos atuou como codiretor do grupo liderado por Boudler. “Sou extremamente feliz com os caminhos que o PIAP seguiu sob a direção do professor Carlos Stasi”, assinala o professor hoje aposentado. Stasi destaca as conquistas desse time de músicos, como o primeiro lugar no II Prêmio Eldorado de Música, em 1986; o Prêmio Lei Sarney, como revelação na Categoria Grupo Instrumental, em 1988; os Prêmios Mambembe e APCA de melhor trilha sonora, produzida para a peça Péricles, príncipe de Tiro, de William

REPERTÓRIO E DIÁLOGO Segundo Stasi, o repertório do PIAP é contemporâneo para percussão nacional e internacional, recorrendo tanto ao já estabelecido com nomes como John Cage, Iannis Xenakis e Lou Harrison, quanto a trabalhos recentes. “Nesse sentido, a encomenda de obras é uma tônica. Somente no evento de 40 anos, em julho, serão apresentadas quatro novas obras nacionais e várias primeiras audições nacionais e internacionais”, afirma Stasi. Dentre os compositores brasileiros que mais colaboram com o grupo, segundo o seu diretor, estão Flô Menezes, Roberto Victorio, Arthur Rinaldi e Alisson Amador. Já em relação ao diálogo do grupo com outras manifestações culturais, como escolas

de samba, por exemplo, Stasi explica que se trata de uma estratégia de oferecer novas possibilidades e oportunidades para os alunos. A partir dessa preocupação, formaram-se dois grupos para a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos no curso: a Orquestra de Berimbaus e a baterIA PIAP, ambos coordenados por pós-graduandos que trabalham com essas especialidades – Fernando Miranda (mestrando) e Rafael Y Castro (doutorando), respectivamente. Também são realizados intercâmbios com instituições como a Escola de Samba Império de Casa Verde, além da parceria com a empresa Contemporânea, uma das principais fabricantes de instrumentos brasileiros. O grupo busca, ainda, trazer músicos externos à Universidade, estabelecendo um contraponto e um diálogo entre diferentes formações e culturas. EVENTO Entre os dias 25 e 28 de julho, o IA sediará o evento comemorativo dos 40 anos do PIAP. Serão realizadas mesas-redondas,com a participação de diversos especialistas, além de pelo menos quatro estreias musicais mundiais: Li Sin, de Carlos Stasi; A Vênus de Laussel, de Leonardo Martinelli; Esboços do Sistema Solar, de Arthur Rinaldi; e Algool, de Roberto Victorio.

Outras informações e a programação completa dos eventos relacionados aos 40 anos do PIAP podem ser obtidas no site: <grupopiap.wixsite.com/piap>.

Egressos do PIAP e do curso de Percussão da Unesp* – 32 atuam nos principais grupos sinfônicos profissionais do país – 25 são professores de instituições de ensino superior – 24 atuam como professores em importantes conservatórios e escolas de música – 26 integram grupos de percussão profissionais, além dos grupos que dirigem em suas instituições de ensino *Índice obtido por meio do acompanhamento de cada um dos alunos egressos

Atual estrutura do PIAP: Direção: Carlos Stasi. Codireção: Eduardo Gianesella. Coordenadores assistentes: Alisson Amador, Rafael Y Castro e Fernando Miranda. Integrantes: Ana Paola Machicado, Andressa Daniella, Bruna do Prado, Diego Althaus, Fernando Reis, Gabriel Eller, Gabriel Moraes, Giovanni Aglio, Gustavo Neves, Joachim Emidio, Jefferson Silva, Leandro Amorim, Marcelo Fogaça, Pamela Simões, Rafael Costa, Rafael Dalchau, Roberto Frota, Rodrigo Cleto e Rogério Alves.

Divulgação

Stasi (sentado, de óculos escuros): repertório contemporâneo nacional e internacional


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.