Financeiro 104/Julho 2017

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“PRECISAMOS NOS COMUNICAR COM MENOS RUÍDOS COM A SOCIEDADE” Recém-eleito presidente do Conselho Administrativo da ABBC, Ricardo Gelbaum planeja investir na capacitação dos profissionais do setor bancário, quer impulsionar as áreas de tecnologia e RH, além de almejar, no futuro, um sistema mais arejado, moderno e pluralista

PESQUISA ACREFI / KANTAR TNS

47% dos brasileiros acreditam na retomada da economia em 2018

3º SUMMIT JURÍDICO ACREFI

Guia das Melhores Práticas para a Preservação de Provas Digitais



editorial | financeiro

e

A hora dos propósitos convergentes

EO

TEMPO DE CRESCER

ntramos em 2017 com a é necessário priorizar, checar as Brasil está próximo de reenNo entanto, é importante não perder certeza de que teremos despesas e receitas e onde é poscontrar um momento de maior de vista que temos pela frente desafios a mais um ano repleto Pode sível racionalizá-las. Trata-se estabilidade da economia. serem resolvidos. Independentemente de de demos ver sob dois ângulos. quem esteja frente do próximo desafios. Poro mundo um lado, observafazer um àdiagnóstico, umgover“check A ACREFI prefere observar a realidade no, é fundamental que esteja absolutamos um pequeno aumento da up” completo da empresa. sempre pela “metade cheia do copo”. mente comprometido com o equilíbrio confiança dos agentes sugerem econômidisso, precisamos estar Isso porque os indicadores que fiscalAlém e, consequentemente, com a reum horizonte promissor nos forma da Previdência. Temos, cos,teremos embora ainda prevaleça a atentos para a onda deportanto, pessimispróximos olharmos, por motivos reforçar nossotoma olhar na cautela. De meses. outro,Basta cresce a apremo quepara cada vez omais conta exemplo, o último relatório da Fenabra“metade cheia do copo”, sem esquecer os ensão com o ritmo da retomada do País. Com tantas pessoas vative, que aponta crescimento de 3,7% nas desafios que permanecem. do crescimento, que a maiocinando vai dar certo, vendas de veículos no para primeiro semesPor tudoque isso, não precisamos de uma tre, confirmando a previsão Anfavea positiva, com base em autorrealitodos os ria ainda está mais lentodado que aagenda profecia tende a se HILGO GONÇALVES: de expansão de 4% até o fim do ano. fatores favoráveis ao nosso País. A hora, presidente da ACREFI se previa inicialmente. zar. O antídoto a essa situação é Tivemos também, no mesmo período, a sim, é de cada um fazer sua parte, traEssa percepção sobrede trabauma acreditar quevezo mais Brasil jeito e recuperação de 67,4 mil postos balhando cada em tem conjunto Hilgo Gonçalves: lho. Além disso, a aprovação da reforma pelo crescimento do Brasilnão em todos os suposta demora na retomada que essa verdade se baseia TEMOS MOTIVOS presidente da ACREFI trabalhista trouxe um importante avanlugares – na família, no trabalho, na soganhou mais força em novembro, em um pensamento ingenuamenço nas relações de trabalho e perspectiva ciedade, nas associações, etc. Esteja onde PARA REFORÇAR O quando divulgado que o PIB te um país para a foi abertura de novas vagas. vocêpositivo. estiver, leveTemos uma mensagem positi-com apresentou retração de 0,8% terceiro trimestre. muitos eNA muitosva,pontos positivos, A inflação, por sua vez, atingiuno pata“olhe a parte cheia do frequentemencopo”. NOSSO OLHAR mares inferiores de 4,5%, criando boas Nós, da ACREFI, trabalhamos nessa que O clima foi de decepção para a maioria da socieda- te esquecidos em razão das dificuldades “METADE CHEIA condições para a queda da taxa de juros direção em todas as nossas iniciativas, de. Ée compreensível que tenha havido essa reação, enfrentamos, mas que precisam ser lembrados e para a redução da meta inflacionária tais como reuniões, debates, canais de masnos não se pode ponderar DO que oCOPO”, País enfatizados, vão nos eajudar saireventos da crise. SEM e que próximos anos. deixar São dadosde positivos comunicação tambéma nos sinalizam a economia que nessa promovemos, incluindotemos o 12º que estáque vivendo umqueperíodo, quecomeça, começou no ano pasPara ter êxito empreitada ESQUECER OS aos poucos, a se descolar dos aconteciSIAC (Seminário Internacional ACREsado e irá até 2018, no qual teremos, todos nós, de ter o pensamento e a ação sempre voltados para mentos políticos. Isso é resultado, em FI), marcado para o dia 21 de novemDESAFIOS QUE fazer uma grande e necessária lição de casa para propósitos convergentes. Em um de tangrande parte, do fato de termos instibro, que terá como tema cenário “Brasil, Tempo sólidas e um financeiro Crescer”. que tuições o Brasil volte aossistema trilhos, ao mesmo tempo em tas dificuldades,denão cabe o individualismo nem a PERMANECEM robusto e respeitado, cuja agenda BC+ Nós já enfrentamos muitas crises em que teremos que refrear nossa ansiedade por uma busca por soluções que atendam a um determideixa bastante claro o posicionamento nosso país e sempre saímos fortalecidos melhora rápida da economia brasileira. nado grupo. deserá convergência, todos do regulador. delas e agoraénão diferente. O BraPela ótica do consumo, temos aindaO momento ANo tarefa é árdua, mas elogiar precisamos nos empetendo das como interesses setor agrícola, devemos os a redução sil é muitonúmero maior, porum maisos graves que do endividamento famí-prioridade fatores positivos gerados por uma safra elas sejam. Vamos juntos na direção de lias e um maior controle orçamentário, nhar para cumpri-la. Nesse sentido, é importante do Brasil. excepcional, beneficiando a renda, o em- que têm permitido uma progressiva re- um novo Brasil e de um novo amanhã. que prego, cada asum de nós assuma o protagonismo que Como se vê, serão muitos os obstáculos a negociações de implementos cuperação do comércio, em ambiente de A Nação exige que cumpramos essa a situação exige. Ose oproblemas grandes e, enfrentar nestemissão, ano. pela No constante entanto,melhoria não podemos agrícolas, os veículos aumento das são da soconsumo mais consciente e sustentável. exportações, que também estão entre os ciedade brasileira e, principalmente, Aliás, o consumo e o uso consciente do alguns deles, complexos, mas não se pode atribuí- esquecer de que já convivemos com outros períretomada da economia, inclu- crédito, por meio da educação financei- pelo legado que deixaremos para as ge-los fatores aos da“outros”. Uma frase define a postura odos de crise e saímos deles, por mais intranssive pelo lado industrial. rações futuras. f ra, são bandeiras da ACREFI. correta a adotar nesse caso: “É comigo mesmo!”. poníveis que parecessem os obstáculos. Entre as Julho 2017 situações, FINANCEIRO 3ficou Não se pode terceirizar nossa responsabilidade, lições que aprendemos dessas nem podemos nos omitir frente às dificuldades. É claro que cada um deve fazer sua parte, sempre




A hora dos propósitos conver

financeiro | sumário

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ntramos em 2017 com a é necessár certeza de que teremos despesas e . EDITORIAL mais um ano repleto de sível racio desafios. Por um lado, observafazer um d . ASSOCIADOS ACREFI mos um pequeno aumento da up” comple confiança dos agentes econômiAlém d . PESQUISA / cos, emboraACREFI ainda prevaleça a atentos par KANTAR cautela. DeTNS outro, cresce a apremo que cad ensão com o ritmo da retomada do País. Co Melhora no ânimo da população do crescimento, que para a maiocinando qu relacionado aos investimentos ria ainda está mais lento do que a profecia se. previa inicialmente. zar. O antíd CONSELHO Essa percepção sobre uma acreditar q Hilgo Gonçalves: CONSULTIVO suposta demora na retomada que essa v presidente da ACREFI Balanço das ações ganhou mais força em novembro, em um pen e projetos quando foi divulgado que o PIB te positivo apresentou retração de 0,8% no terceiro trimestre. muitos e muitos pontos po ENTREVISTA O.clima foi de decepção para a maioria da socieda- te esquecidos em razão Ricardo Gelbaum, novo presidente de. É compreensível que tenha havido essa reação, enfrentamos, mas que pre da ABBC,mas expõe para de ponderar que o País enfatizados, e que vão nos nãodisposição se pode deixar transformar o sistema bancário está vivendo um período, que começou no ano pasPara ter êxito nessa sado e irá até 2018, no qual teremos, todos nós, de ter o pensamento e a ação fazer uma grande e necessária lição de casa para propósitos convergentes. . COMISSÕES ACREFI que odos Brasil volte aos trilhos, ao mesmo tempo em tas dificuldades, não cabe Benefício associados que teremos que refrear nossa ansiedade por uma busca por soluções que a melhora rápida da economia brasileira. nado grupo. O momento é . SUMMIT A tarefa éJURÍDICO árdua, mas precisamos nos empe- tendo como prioridade nú Boas práticas para cumpri-la. preservação nhar para Nesse sentido, é importante do Brasil. das provas digitais que cada um de nós assuma o protagonismo que Como se vê, serão m a situação exige. Os problemas são grandes e, enfrentar neste ano. No alguns deles, complexos, mas não se pode atribuí- esquecer de que já conviv . ARTIGO -los aos “outros”. Uma frase define a postura odos de crise e saímos d Affonso Celso Pastore Economia a adotar nesse caso: “É comigo mesmo!”. poníveis que parecessem brasileira:correta o ufanismo da resiliência Não se pode terceirizar nossa responsabilidade, lições que aprendemos d nem podemos nos omitir frente às dificuldades. É claro que cada um deve f . CRÉDITO E COBRANÇA preciso arregaçar Ferramentas digitais as mangas e partir para a ação, pensando no conjunto. Des e fazer a nossa parte nesta retomada. um país consciente, fort e inteligência humana Em períodos como este que estamos vivendo merecem o Brasil e as ger . CONSELHO CONSULTIVO também é fundamental fazer um diagnóstico14dos Desejamos um 2017 d nossos negócios. Deve-se definir, por exemplo, seja melhor que 2016. quais são os pilares mais importantes, o que Todos pelo Brasil, pois

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edição 104 | financeiro

30. CADASTRO

DOS CLIENTES DO SISTEMA FINANCEIRO

Combate à lavagem de dinheiro

32. ARTIGO

André Luiz Lopes dos Santos: Relacionamento com consumidor

34. GOVERNANÇA E COMPLIANCE

20. COMISSÕES ACREFI

Metodologia para análise de risco

35. ARTIGO

Boanerges Ramos Freire e Vitor Augusto França: Mercado brasileiro de cartões

37. CÁLCULO DO IOF

Lições do Prof. Dutra Sobrinho

39. ARTIGO

Reinaldo Domingos: Educação financeira nas empresas

40. PAINEL B3 42. CULTURA Museu de Arte Sacra

46. ESTANTE

Novidades do mercado editorial

48. CONTEMPORÂNEO Japan House

50. PALAVRA FINAL Nicola Tingas: Reação “pró-cíclica” da economia

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financeiro financeiro| chapéu | expediente

ISSN 1809-8843

Publicação da acrefi - Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 - 28°andar - São Paulo - SP - Tel: (11) 3107-7177 - www.acrefi.org.br Diretoria - Biênio 2016-2018 Presidente Hilgo Gonçalves Vice-presidentes Aquiles Leonardo Diniz, Celso Luiz Rocha, João Carlos Gomes da Silva, José Luiz Acar Pedro e Rubens Bution Diretores Tesoureiros João dos Santos Caritá Jr. e José Garcia Netto Diretores Secretários André de Carvalho Novaes e Rodnei Bernardino Diretores Executivos Álvaro Augusto Vidigal, Edmar Casalatina, José Tadeu da Silva, Marcelo de Castro Villela, Roberto Willians da Silva Azevedo e Wanderley Vettore Diretores Regionais Carlos Alberto Samogim, Felicitas Renner, Leonardo Lima Bortolini, Luis Eduardo da Costa Carvalho, Marcos Teixeira da Rosa e Romeu Zema Diretores Conselheiros Alexandre Teixeira, Giorgio Rodrigo Donini, José Carlos Alves, Marcos Westphalen Etchegoyen e Ricardo Albuquerque Montadoras Alessandra Reis Rollo, Américo da Costa Martins, Edson Fróes Castilho, Edson Tadashi Ueda, Eduardo Tavares Nobre Varella, Gunnar Alejo Ramos Murillo e Nelson Dias de Aguiar Conselho Consultivo – Membros Natos Alkindar de Toledo Ramos, Érico Sodré Quirino Ferreira e Manoel de Oliveira Franco Membros Alarico Assumpção Júnior, Antonio Carlos Botelho Megale, Gilson Finkelsztain, Ilídio Gonçalves dos Santos, Luiz Horácio da Silva Montenegro, Luiz Tavares Pereira Filho e Miguel José Ribeiro de Oliveira Conselho Fiscal Domingos Spina, Geraldo Lima Vandalsen e Cláudio Messias Ferro Diretor Superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Consultor Econômico Nicola Tingas Consultora Jurídica Cintia M. Ramos Falcão Consultor de Regulação e Compliance Sérgio Odilon dos Anjos Auditoria Megacont Auditoria e Assessoria Contábil Contabilidade Conaupro Consultoria e Contabilidade Ltda. Assessoria de Imprensa

Publisher Sergio Tamer Editores Theo Carnier e Gilberto de Almeida Editor Assistente Gustavo Girotto Arte Ricardo Marques Revisor Vicente dos Anjos Impressão Mundial Gráfica As matérias e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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associados chapéu| financeiro | financeiro

• AGORACRED S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO,

• BV FINANCEIRA S.A. CRÉDITO,

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• CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO E INVESTIMENTO S.A.

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• CARUANA S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO,

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• BANCO CETELEM S.A. • BANCO CSF S.A. • BANCO CITIBANK S.A. • BANCO CNH INDUSTRIAL CAPITAL S.A. • BANCO DAYCOVAL S.A. • BANCO DO BRASIL S.A. • BANCO FIDIS S.A. • BANCO GMAC S.A. • BANCO HONDA S.A. • BANCO INTER S.A. • BANCO ITAUCARD S.A. • BANCO ITAÚ UNIBANCO S.A. • BANCO JP MORGAN BRASIL S.A. • BANCO LOSANGO S.A. • BANCO PAN S.A. • BANCO PAULISTA S.A. • BANCO PSA FINANCE BRASIL S.A. • BANCO RODOBENS S.A. • BANCO SAFRA S.A. • BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. • BANCO SEMEAR S.A.

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• FINANCEIRA ALFA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO

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• MERCANTIL DO BRASIL FINANCEIRA S.A.

CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS • MIDWAY S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO

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• OMNI S.A. CRÉDITO FINANCIAMENTO

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• SUL FINANCEIRA S.A. – CRÉDITO,

E INVESTIMENTO S.A.

FINANCIAMENTOS E INVESTIMENTOS

Julho 2017 FINANCEIRO 9


PESQUISA ACREFI / KANTAR TNS

PERSPECTIVAS

2017

47% DOS BRASILEIROS ACREDITAM NA RETOMADA DA ECONOMIA DO PAÍS EM 2018

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Opinião Pública | financeiro A 9ª edição da pesquisa Perspectivas, realizada trimestralmente pela parceria ACREFI / Kantar TNS, revela que o brasileiro ainda está bastante inseguro sobre a conjuntura do País, mas identifica também uma melhora no ânimo da população relacionado aos investimentos e às contas pessoais. São sinais que levam 47% dos respondentes a manifestar crença na retomada da economia a partir de 2018. Outros 47% disseram não saber. Porém, 6% confiam que a situação no País pode melhorar ainda no segundo semestre deste ano (Gráfico 1).

“Esse dado está alinhado com a nossa percepção positiva sobre o futuro do País. Não podemos ignorar a preocupação natural das pessoas com a atual situação do Brasil. Há muito a ser feito e outras tantas coisas já foram realizadas. No entanto, precisamos trabalhar tendo como estímulo e inspiração a imagem da metade cheia do copo”, enfatiza Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI. “Em relação à situação pessoal do consumidor, percebe-se um pouco mais de tranquilidade. Ainda não podemos chamar de otimismo, mas significa que a sensação de queda parece, momentaneamente, estancada. No entanto, as pessoas continuam economizando, cortando gastos supérfluos, pois o cenário ainda é de muita incerteza”, comenta Valkiria Garre, CEO da Kantar TNS. A 9ª edição da pesquisa Perspectivas ACREFI / TNS, que compreende o período de abril a junho de 2017− temporada de alta turbulência política –, captou a percepção de 1.000 entrevistados, em todas as regiões do País. A atual avaliação da situação do Brasil, que em 2016 mostrava sinais de melhora, é considerada ruim ou péssima por 80% das pessoas consultadas. A estabilidade financeira pessoal, por sua vez, apontou ligeira melhora, subiu de 36% para 38% (Gráfico 2).


financeiro | ACREFI / TNS Na questão sobre o que as pessoas pensam da situação do Brasil, o índice de otimismo (vai melhorar) é maior entre os homens, nas faixas entre 35-45 anos e 46-55 anos. Por outro lado, o índice de pessimismo (vai piorar) é maior entre as mulheres, na faixa entre 56-65 anos. Essa tendência não muda ao longo dos períodos. A percepção de estabilidade no consumo das famílias mostrou alguma recuperação, conforme indicado por 30% dos respondentes, contra 26% do levantamento de abril deste ano (Gráfico 3).

Quando questionados sobre o que é importante para uma melhora de sua situação financeira, as alternativas conseguir um emprego e melhorar o orçamento empatam em 12%, entre as dez opções sugeridas na pesquisa. “Isso nos permite inferir que o posicionamento das ações da ACREFI segue na direção correta, pois estamos focados em iniciativas em favor da sustentabilidade de crédito e da educação financeira”, lembra Gonçalves (Gráfico 4).

A inflação, que tem impactado no consumo de 96% dos entrevistados, também deve melhorar nos próximos meses, segundo o presidente da ACREFI. “A inflação já atingiu patamares inferiores a 4,5%, criando boas condições para a manutenção da queda da taxa de juros. São dados positivos que sinalizam que a economia começa, aos poucos, a se descolar dos acontecimentos políticos”, ponderou Hilgo Gonçalves (Gráfico 5).


Opinião Pública | financeiro Se olharmos o item da pesquisa a respeito do endividamento do consumidor desde abril de 2015, perceberemos que nos três últimos levantamentos o índice ficou acima dos 30%, entre os que estão com as contas em dia. É um número positivo, em relação ao período compreendido de abril de 2015 a junho de 2016 (Gráfico 6).

Comprovando esse novo momento do consumidor, o Gráfico 7 mostra que a disposição para tomada de crédito subiu de 13% para 20%, entre os levantamentos de abril e de junho de 2017.

Em relação ao tipo de crédito que o consumidor está disposto a tomar, o financiamento de automóveis subiu 31%, em abril, para 37%, em junho. No mesmo período, a opção de crédito direcionado à compra de imóvel aumentou de 27% para 36%. “Isso significa, felizmente, que a economia está em melhores condições, com cenário positivo no longo prazo”, finaliza Gonçalves (Gráfico 8).


financeiro | Conselho Consultivo

INFORMAÇÃO E TRANSPARÊNCIA

C

om o objetivo de compartilhar as informações relativas às ações desenvolvidas pela diretoria da ACREFI, o presidente Hilgo Gonçalves reuniu o Conselho Consultivo da entidade, dia 12 de julho, no L’Hotel São Paulo. O encontro contou com a presença dos conselheiros Gilson Finkelsztain, presidente da B3; Alarico Assumpção Júnior, presidente da FENABRAVE; Gilson Carvalho, presidente da ANEF; Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da ANEFAC; Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente da FENAUTO; Érico Ferreira, presidente da OMNI; Domingos Spina, presidente da FENACREFI e do SINDICREFI; e Cláudio Ferro, diretor executivo do POUPA BRASIL. 14 FINANCEIRO Julho 2017

Na abertura dos trabalhos, Hilgo relembrou a todos os princípios da missão da ACREFI, sempre pronta a atender aos interesses de suas associadas e, se preciso, adotar medidas e procedimentos em defesa dos padrões éticos e em conformidade com o estatuto da entidade. Em seguida, o presidente discorreu a respeito da estrutura organizacional da ACREFI, quando fez questão de destacar o excelente trabalho desenvolvido pelos colaboradores, pelas comissões e pelos consultores terceirizados (econômico/jurídico, compliance e assessoria de comunicação). “Conseguimos realizar tantas coisas porque temos um time unido, proativo e competente”, destacou Hilgo Gonçalves. No próximo ponto da pauta, o presi-

dente da ACREFI manifestou intenção de atrair, ainda este ano, cinco novas associadas, que se juntariam às 55 atuais. “De acordo com o nosso estatuto, pode tornar-se associada da ACREFI qualquer instituição que integre o Sistema Financeiro Nacional, bem como entidades que sejam reguladas pelo Banco Central, lembrou Hilgo. “Estamos conversando com diversas instituições”. O tema seguinte da reunião do Conselho Consultivo foi a apresentação dos 10 Pilares da Gestão de Governança 2016/2017. E, dentro da gestão de governança, Hilgo destacou as participações da ACREFI nas diretorias da CONSIF, do CNF, na diretoria executiva e nas comissões executivas da FEBRABAN. No âmbito interno, ele res-

Fotos: Aline Araújo

Hilgo Gonçalves reúne o Conselho Consultivo da ACREFI para compartilhar dados relevantes da atual gestão e anunciar os planos da entidade para os próximos meses


Reunião Ordinária | financeiro saltou o trabalho e o empenho das dez comissões técnicas (Assuntos Jurídicos; Assuntos Trabalhistas, Compliance e PLD-FT; Crédito e Cobrança; Inovação e Tecnologia, Pessoas; Prevenção a Fraude e Formalização; Relacionamento com Clientes e Ouvidoria; Varejo e Veículos). “Todas elas estão bastante conectadas com a estratégia da ACREFI”, enfatizou Hilgo. Em relação aos demais assuntos previstos na pauta, o presidente relatou as diversas formas como a ACREFI tem se comunicado com o mercado e com a sociedade. Ele enumerou o site institucional, a Revista Financeiro e as mídias sociais (Facebook e Linkedin). Para as associadas que estão fora de São Paulo, Hilgo contou que por meio do serviço ACREFI Online elas têm a oportunidade acompanhar, ao vivo, as reuniões de diretoria, das comissões, bem como, os eventos realizados pela ACREFI através de sistema de videoconferência e de webinar. Hilgo comentou também, com os conselheiros, que as contas da ACREFI, desde 2014, são auditadas pela Megacont Auditoria Externa, com a leitura em seguida do relatório da prestação de contas de 2016. O documento foi aprovado, sem ressalvas, primeiramente, pelo Conselho Fiscal e ratificado pela diretoria da ACREFI, em reunião realizada em abril deste ano. O encontro também teve espaço para compartilhar com os conselheiros a evolução do Patrimônio Social da ACREFI, referente ao período de 2002 até 2016. Sendo que, em 2016 a ACREFI fechou com um patrimônio social na ordem de R$ 19.961.000. Hilgo aproveitou para parabenizar o excelente trabalho realizado pelo ex-presidente Érico Ferreira (presente na reunião) e pela equipe pelos resultados alcançados ao longo desse período. Comentou também que o plano para 2017 é incrementar em 5% no patrimônio social. Na sequência, foi apresentado o quadro com os doze eventos (seminários, workshops e road shows) realizados até junho deste ano, seguindo do slide com

a programação a ser realizada ainda em 2017. “Todos os eventos organizados pela entidade estão integrados à estratégia de governança da ACREFI”, enfatizou Hilgo. Ainda relativo aos eventos, o presidente chamou a atenção para a realização, no dia 21 de novembro, do 12º SIAC, no Teatro Cetip. Aproveitou para anunciar os palestrantes confirmados: Affonso Celso Pastore, economista e ex-presidente do Banco Central; David Hensley, diretor executivo do JP Morgan; Mauro Leos, vice-presidente da Moody’s Investors Service; Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central; e Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES. “Neste ano, contaremos novamente com os patrocínios da B3, CNSeg e o retorno da Serasa Experian. Temos ainda como apoiadores o Bradesco e a Credilink”, comentou Hilgo.

Para finalizar, o presidente abordou alguns pontos de atenção da atual gestão, como as demandas no Banco Central (resoluções, circulares, cartas circulares, leis e MPs). Antes de encerrar, Hilgo Gonçalves passou a palavra aos conselheiros, para que comentassem sobre o que foi apresentado, com a seguinte pergunta: “Estamos no caminho certo?” De um modo geral os comentários foram os seguintes: “A apresentação foi detalhada e transparente e o importante é a prudência na coordenação com as demais associações, respeitando os espaços”; “É importante o estreitamento entre as demais associações”; “O Cadastro Positivo é uma bandeira que precisamos continuar estimulando nos debates. Todas a associações devem continuar a esclarecer, para o mercado e para os consumidores, os seus benefícios”. f

“TODOS OS EVENTOS ORGANIZADOS PELA ENTIDADE ESTÃO INTEGRADOS À ESTRA­TÉGIA DE GOVERNANÇA DA ACREFI”

Julho 2017 FINANCEIRO 15


financeiro | chapéu

RICARDO GELBAUM

Quando falam em reforma bancária, eu prefiro dizer transformação bancária” 16 FINANCEIRO Julho 2017


Foto: Luciano Piva

Entrevista chapéu| financeiro | financeiro

Há quase três meses, RICARDO GELBAUM, diretor do Banco Daycoval, passou a surfar também como presidente do Conselho Administrativo da ABBC (Associação Brasileira de Bancos). Surfar, isso mesmo. Carioca, ex-jogador profissional de vôlei e surfista de uma vida inteira, ele aparenta ter um fôlego de garoto diante dos novos desafios. Pretende, entre outras coisas, incrementar os cursos de capacitação para funcionários dos associados, quer impulsionar as áreas de Tecnologia e de RH, além de almejar, no futuro, um sistema bancário mais arejado, moderno e pluralista. “A nossa proposta é de reorganização e de replanejamento. Isso porque o mundo mudou. Há pouco mais de dez anos, nós tínhamos as primeiras máquinas de sacar dinheiro e hoje temos o mundo dentro de um celular”, diz Gelbaum. A seguir, leia os principais trechos da sua entrevista.


financeiro | Entrevista

Q

uais são seus principais desafios à frente da ABBC? O nosso maior desafio é trazer tanto para a sociedade quanto para os associados, que são nossos principais clientes – cerca de 80 associados, de diferentes nichos, diferentes tamanhos e diferentes focos – um conceito pluralista no sentido amplo, nos seus passivos e nos seus ativos. Queremos conversar com a sociedade, com a mídia, com os associados, além de incentivar o projeto da ABBC Educacional. Ele é a menina dos olhos dessa gestão, pois temos a possibilidade de oferecer cursos para os funcionários dos nossos associados e para a sociedade como um todo. Como pretende estruturar sua gestão? Optamos por fazer uma gestão pluralista, trouxemos para cá bancos pequenos, bancos de cooperativa e outras instituições que estavam afastadas. A posse na nova diretoria foi aqui na nossa sede, com uma cerimônia extremamente discreta, sem hotel, sem imprensa, só para os conselheiros. A gente montou na diretoria um verdadeiro dreamteam. Temos integrantes de bancos como o ABC, o Sofisa, o BMG, o Alpha, o Bancoob, o Sicredi, cada um com o seu perfil. A nossa proposta é de reorganização e de replanejamento. Isso porque o mundo mudou. Há pouco mais de dez anos, nós tínhamos as primeiras máquinas de sacar dinheiro e hoje temos o mundo dentro de um celular. Tudo muda muito rapidamente. Como espera enfrentar os novos tempos? Quero começar propondo a montagem de uma consultoria de tecnologia para a associação. Somos um grande provedor de serviços de compensação para mais de 90 bancos, e não apenas pequenos e médios. Vamos fazer também uma consultoria na área de RH para atuar com os quase 80 funcionários. Além disso, vou propor ainda um planejamento estratégico para os próximos dois anos. 18 FINANCEIRO Julho 2017

Qual é a sua percepção sobre o atual momento do Brasil? Nós vivemos, em 2008 e 2009, uma crise bancária sem precedentes. Estamos vivendo agora, no Brasil, uma crise econômica. Há uma luz no final do túnel. Estou convencido de que essa luz não é um trem vindo em sentido contrário, mas de diversas motos. Ou seja, estamos saindo de uma recessão. Como o senhor vê a imagem do sistema financeiro? Hoje, eu acho que todas as associações de classe têm objetivos muito parecidos. Brigam por transparência, governança e uma comunicação eficiente com a sociedade. Bancos, financeiras, quem empresta dinheiro, se você voltar na história, nunca foram vistos de maneira agradável. É aquela coisa pecuniária, quem empresta ganha juros. Precisamos nos comunicar com menos ruídos com a sociedade. Atualmente, se você fizer uma pesquisa, a grande maioria da garotada

não quer trabalhar no sistema financeiro. Ela deseja trabalhar no Google ou em uma das várias empresas de tecnologias. Então, precisamos nos comunicar melhor, de uma forma legal, mais clara e direta. De que forma pretende fazer esse trabalho de rejuvenescimento por meio da ABBC? Outro dia, em uma entrevista na revista para clientes do banco em que eu trabalho, eu disse que é importante hoje, seja para a associação ou para qualquer empresa, banco, associação de classe, é você estar bem preparado. Isso significa ter o melhor equipamento, cercado de pessoas de boa formação acadêmica e física. São condições que permitem surfar em ondas pequenas, médias e grandes. Se você tiver gente boa no marketing, na tecnologia, no RH, em produto, em estratégias, os ciclos econômicos, assim como as ondas, serão transpostos de maneira mais tranquila.

Ter o melhor equipamento, cercado de pessoas de boa formação acadêmica e física, são condições que permitem surfar em on­das pequenas, médias e grandes”


Ricardo Gelbaum | financeiro Você acredita que os bancos estão se preparando para um novo tempo? Eu acho que a resposta é sim, porque todos nós, autoridades monetárias, banqueiros, associações de classe, entendemos que a concentração bancária não é uma coisa positiva. Quanto mais bancos o cliente puder acessar, melhor. Temos aí algumas bandeiras, como cadastro positivo, conheça o seu cliente, compliance, governança, que são fundamentais. Quando falam em rejuvenescer, eu prefiro muito mais amadurecer modernamente. Quando falam em reforma bancária, eu prefiro dizer transformação bancária. Essa transformação vale não só para o setor bancário? Isso mesmo, vale para tudo. Por isso, eu falo em amadurecimento moderno. Quando falamos de instrumento bancário de concessão de empréstimo, de captação, que seja por meio de um banco ou de uma dessas plataformas revolucionárias. Lembro, porém, que essa captação tem de passar por um banco, porque os bancos é que são regulados. São bancos que têm os custos que tanto se discutem − custo de observância, de supervisão, de normas. Quanto tempo cada um dos nossos associados gasta para fornecer informações, não só para a COAFI como também para os analistas, as agências de rating, investidores, etc.? Essa nova postura exigirá um trabalho de conhecimento com os demais membros do conselho? Na nossa reunião de conselho, temos gerações distintas de banqueiros, com chips distintos, mas existem alguns vetores que são comuns a todos: transparência, ética, governança e responsabilidade socioambiental. No entanto, não adianta ter só o discurso, cada instituição tem de fazer o seu dever de casa. Eu acho que não tenho de convencer ninguém porque cada um deles já materializou esses pilares recentes de responsabilidades. Modernidade seria se, nos próximos dois anos, conseguíssemos mostrar para a sociedade em geral um sistema financeiro

Modernidade seria se, nos próximos dois anos, conseguíssemos mostrar para a so­ciedade em geral um sistema financeiro renovado, independentemente do tama­nho” renovado, independentemente do tamanho. Em que uma empresa pudesse ir a um banco para tomar uma linha crédito, a outro banco para financiar a importação de uma máquina, a outro para tomar um capital de giro, e a outro para fazer um leasing. Mas o problema é que hoje, se você analisar os 81 associados da ABBC, perceberá que eles representam, em média, 10% dos ativos e dos passivos. Eu acho que a gente pode usufruir muito mais dessa pizza. De que maneira a ABBC pode participar com proposições em torno de agenda nacional? Entendo que, primeiro, cada um que já vem fazendo seu dever de casa, tendo seus equipamentos corretos, suas formações acadêmicas e técnicas, tecnologia, com sistemas de controle de risco, de capital, de liquidez, etc. Isso permitirá, em Brasil ‘normal’, acesso à captação e à aplicação. O que as crises recentes mostraram? Que os maus alunos, os que não fizeram direito seu dever de casa, acabaram indo para o último lugar da fila. Alunos foram expulsos do colégio. Então, não adianta um associado nosso querer competir com Bradesco, Itaú, Santander, Caixa ou Banco do Brasil.

Nós podemos ser complementares para os clientes desses bancos. Cada um aqui pode ter sua visão estratégica diferente, pode ter seu nicho. Mas, hoje existem algumas regras básicas, as quais se exige observância: controle de riscos, gestão, management, compliance e governança. Como o senhor avalia as iniciativas voltadas para a educação financeira? A educação, antes de chegar na financeira, é a salvação do País. A educação financeira é fundamental. Hoje vemos jovens de 18 anos, 20 anos, interessados em comprar um papel, independentemente do valor, querendo saber porque um banco dá uma taxa e o outro banco oferece uma tarifa maior ou menor. Daqui a pouco, eles estarão no mercado de capitais, na bolsa, assim por diante. Esse é um grande barato, no sentido de permitir que CPFs, pessoas físicas, tenham acesso e a opção de escolher entre aplicar em financeiras, em bancos pequenos, médios e também nos grandes e nos estrangeiros. Eles têm o poder de analisar um e outro, antes de fazer sua opção. E não é uma coisa de manada, porque sabemos que a porta é estreita. Isso abriu um horizonte de possibilidades. Se conseguirmos fazer isso, será um gol de placa. f Julho 2017 FINANCEIRO 19


UNIÃO E DEDICAÇÃO Hilgo Gonçalves reúne os presidentes das dez comissões internas da ACREFI para agradecer e reconhecer o importante trabalho que têm realizado em benefício dos associados

A

s comissões são um dos principais pilares da ACREFI e estão empoderadas para que possam cumprir seu importante papel na entidade. Essa mensagem foi transmitida pessoalmente pelo presidente da ACREFI, Hilgo Gonçalves, durante almoço com os presidentes das comissões, realizado no dia 28 de junho, em São Paulo, no L’Hotel. “Demos liberdade para as nossas comissões porque reconhecemos sua relevância para a ACREFI”, disse Hilgo Gonçalves durante o encontro. “Vocês são fundamentais e por isso suas sugestões e avaliações são sempre bem-vindas, tendo em vista a necessidade de termos um constante aperfeiçoamento dos nossos procedimentos”. O presidente agradeceu aos presidentes e aos demais membros das comissões pela 20 FINANCEIRO Julho 2017

atuação voluntária que desenvolvem e garantiu: “Se eu deixar algum legado pela minha atuação à frente da ACREFI, quero que fique registrado o papel relevante das comissões nas atividades que desenvolvem”. Hilgo lembrou também que os membros da diretoria da ACREFI estão visitando todos os associados e que nesses contatos sempre destacam a importância das comissões. Além disso, ele salientou a relevância da constante interação com comissões equivalentes de outras entidades do setor financeiro. As reuniões das Comissões da ACREFI são mensais, quando os membros têm a oportunidade de discutir assuntos pertinentes e relevantes ao sistema financeiro, debater princípios de boas práticas e compartilhar experiências. f

A ACREFI CONTA ATUALMENTE COM 10 COMISSÕES 1. Assuntos Jurídicos 2. Assuntos Trabalhistas 3. Compliance e PLD-FT (Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo) 4. Crédito e Cobrança 5. Inovação e Tecnologia 6. Pessoas 7. Prevenção à Fraude e Formalização 8. Relacionamento com Clientes e Ouvidoria 9. Varejo 10. Veículos

Foto: Luciano Piva

financeiro | Comissões



financeiro | Seminário

3º Summit Jurídico da ACREFI discute os novos caminhos da digitalização e do descarte de documentos, as questões que envolvem o relacionamento dos clientes com o sistema financeiro e, ainda, as boas práticas para preservação das provas digitais

22 FINANCEIRO Julho 2017

Fotos: Fabio Gois

SOCIEDADE DIGITAL


Direito | financeiro

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s questões jurídicas tornam-se cada vez mais relevantes no ambiente dos negócios e do mercado financeiro. Já sensibilizada há algum tempo por essas exigências relacionadas aos princípios do Direito, a ACREFI realizou dia 27 de junho, no Renaissance Hotel São Paulo, seu 3º Summit Jurídico. O encontro contou com a participação dos palestrantes Cintia Ramos Falcão, consultora Jurídica da ACREFI; André Luiz Lopes dos Santos, advogado e sócio-diretor da Autorall Comunicação; e Patrícia Peck Pinheiro, advogada especialista em Direito Digital, sócia fundadora do escritório Patrícia Peck Pinheiro Advogados. Não bastasse esse time de primeira, o evento também marcou o lançamento do Guia Melhores Práticas para a Preservação de Provas Digitais no Relacionamento entre a Instituição Financeira e a Sociedade Digital, trabalho inédito coordenado por Patrícia Peck e patrocinado pela ACREFI. É sempre importante destacar que o 3º Summit Jurídico contou com o apoio financeiro da B3, do CNSeg, da Credilink e da Serasa Experian. Consultora Jurídica da ACREFI, Cintia Falcão abriu o seminário abordando alguns pontos importantes da Resolução nº 4474, do Banco Central, que trata da regulamentação e da legislação a respeito da digitalização e do descarte de documentos. Ela lembrou que a eliminação do papel vai muito além das preocupações ambientais ou da redução da burocracia. Por isso, o BC determina, entre outras coisas, a proteção contra o acesso, o rastreamento e a auditoria dos procedimentos, qualidade da imagem dos documentos digitalizados, cópia de segurança em lugar diferente do original e o armazenamento dentro dos limites do território do País – ou seja, não pode ser nas nuvens digitais. “Parte dos consumidores e até o próprio Poder Judiciário ainda não estão plenamente maduros para essa transição. Porém, não podemos mais adiar a nossa adesão aos meios digitais”, diz Cintia. Além da resolução do BC sobre digitalização de documentos, a consultora Jurídica da ACREFI tratou do Projeto de Lei do Se-

CINTIA RAMOS FALCÃO: consultora Jurídica da ACREFI

“DEVE HAVER UM MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA CONTRO­LE DOS PROCESSOS DE DIGITALIZAÇÃO”

nado 146/07, recentemente aprovado pela Câmara dos Deputados, que permite, entre outros benefícios, o descarte dos documentos após a sua digitalização, desde que respeitados os requisitos procedimentais para garantia de integridade, autenticidade e fidedignidade da conversão do arquivo do meio físico para o meio digital. No entanto, Cintia alerta que esse avanço deve ser cercado de cuidados. “Por exemplo, deve haver um manual de procedimentos para controle dos processos de digitalização. Mais uma preocupação é que haja garantia de que não haverá prejuízo ou dificuldade na produção de provas”, sugere a consultora da ACREFI, pouco antes de concluir a sua apresentação no seminário. Na palestra do 3º Summit Jurídico ACREFI, coube ao advogado André Luiz Lopes dos Santos, da Autorall Co-

municação, esmiuçar a Resolução 4539, do BC, que dispõe sobre os princípios e a política institucional de relacionamento com clientes e usuários de produtos e de serviços financeiros. É por meio dela que o BC consegue analisar a relação das instituições financeiras com seus clientes. Segundo Lopes dos Santos, o objetivo do órgão regulador é evitar ou diminuir os diversos riscos nesse relacionamento entre as duas partes, estimular ou obrigar a criação de cultura organizacional em torno do tema e ainda estabelecer um tratamento justo e equitativo dos clientes e dos usuários. “Afinal, estamos falando de normas de monitoramento, de avaliação e de aperfeiçoamento. Resumindo, tratam-se de parâmetros de gestão e de quem é responsável pela execução dessa política institucional”, explica Santos.

“O OBJETIVO DO REGULADOR É EVITAR RISCOS NO RELACIONAMENTO EN­TRE AS DUAS PARTES”

ANDRÉ LUIZ LOPES DOS SANTOS: advogado e sócio-diretor da Autorall Comunicação

Julho 2017 FINANCEIRO 23


financeiro | Seminário

De acordo com o diretor da Autorall Comunicação, essa resolução surgiu porque a maior parte das reclamações registradas no BC, até então, estava relacionada à falha na comunicação e à insatisfação com o atendimento e à imprecisão nas ofertas dos produtos oferecidos pelas instituições financeiras. “Cada vez mais nós não temos vendas de produtos, mas, sim, relacionamentos. Para isso, é necessário termos uma comunicação eficaz como base para um relacionamento sustentável. A comunicação eficaz só ocorre quando estabelecemos uma conexão eficiente com os clientes, comenta ele. “No entanto, o que diferencia a informação do conhecimento é a capacidade de estabelecer relações. Para isso, é preciso estabelecer conexões e gerar conhecimento. Só assim será possível reduzir problemas, atritos e conflitos com os usuários do sistema financeiro.” Hoje, segundo Lopes dos Santos, a relação do BC com o sistema financeiro é uma das mais eficientes, em comparação com os demais setores. Isso porque as instituições financeiras abriram seus canais e passaram a atender diretamente seus consumidores. “Uma política de relacionamento eficiente deve ser baseada, antes de tudo, em ética, responsabilidade, transparência e diligência”, concluiu o especialista em relacionamento com o consumidor. Em seguida Patrícia Peck Pinheiro, advogada especialista em Direito Digital, apresentou um resumo do Guia Melhores Práticas para a Preservação de Provas Digi24 FINANCEIRO Julho 2017

tais no Relacionamento entre a Instituição Financeira e a Sociedade Digital, que foi lançado no 3º Summit Jurídico ACREFI. Patrícia contou que o objetivo da publicação, encomendada a ela pela ACREFI, é estabelecer uma padronização de procedimentos. Isso porque a prova técnica exige padrão e, assim, é necessário evitar a perda de um caso apenas pela falta de qualidade do documento digital. “Para isso, as instituições financeiras devem estabelecer controles e rotinas para a formação adequada de provas e apresentá-las de forma correta nos processos judiciais e administrativos, recomenda a advogada. No texto do guia, Patrícia ressalta, por exemplo, que a legislação brasileira já admite amplamente as mídias digitais para produção de documentos eletrônicos. Aos convidados do seminário da ACREFI, ela

lembrou o conteúdo do artigo 225, do Código Civil, que diz: “As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, em geral, quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena destes, se a parte contra quem forem exibidos não lhes impugnar a exatidão”. Outro destaque do guia mostra que quando existir provas digitais em processo judicial ou administrativo, o juiz é quem decidirá sobre o caso, com base nas evidências trazidas para avaliar o teor dos documentos apresentados. Como se vê, essa publicação, que foi coordenada pela advogada Patrícia Peck, é repleta de informações e conhecimento, tornando-se leitura obrigatória para quem pretende ficar longe das incertezas provocadas pelo universo digital. f

“AS INSTI­T UIÇÕES DEVEM ESTABELECER CON­T ROLES PARA A FORMAÇÃO ADEQUADA DE PROVAS”

PATRÍCIA PECK PINHEIRO: advogada especialista em Direito Digital, sócia fundadora do escritório Patrícia Peck Pinheiro Advogados


artigo | financeiro

O UFANISMO DA RESILIÊNCIA Deve-se muito à qualidade da equipe econômica, mas há evidências de que grande parte do comportamento da economia brasileira é fruto de uma condição externa extremamente favorável POR AFFONSO CELSO PASTORE

S

erá que a economia brasileira se tornou resiliente a crises? Afinal, mesmo diante da grave crise política a taxa cambial e as cotações do CDS permanecem razoavelmente “bem-comportadas”. Teríamos desenvolvido mecanismos de defesa, ou estaríamos apenas nos beneficiando de um impulso vindo de fora? Devemos muito à qualidade da equipe econômica, e não quero minimizar a sua contribuição, mas quero mostrar evidências de que grande parte deste comportamento é fruto de uma condição externa extremamente favorável. Para motivar a discussão tomei uma amostra de cinco países: Brasil; África do Sul; Chile; Peru; e Colômbia, e analisei com base em dados diários o comportamento das cotações dos CDS e respectivas taxas cambiais. Em todos

“TE­RÍAMOS DESENVOLVIDO MECANISMOS DE DEFESA, OU ESTARÍAMOS APENAS NOS BENE­FICIANDO DE UM IMPULSO VINDO DE FORA?”

estes casos entre 2015 e 2017 há uma elevada correlação positiva entre as respectivas cotações do CDS e as taxas cambiais, com a depreciação ocorrendo durante 2015 e a valorização gradual se iniciando a partir do início de 2016. Uma amostra mais ampla mostra um padrão muito semelhante. Tal comportamento não é mera coincidência. Em períodos de elevada aversão ao risco os capitais se dirigem aos países de menor risco, como EUA, mas quando a aversão ao risco despenca ocorre o movimento contrário, com os capitais buscando os yields mais elevados dos ativos financeiros de países emergentes. Um destes ativos são os bônus de dívida soberana, cujos preços se elevam em resposta à maior demanda, derrubando cotações dos CDS. Outros ativos são os títulos públicos Julho 2017 FINANCEIRO 25


financeiro | artigo transacionados nos mercados domésticos, cuja elevação da demanda atrai capitais e leva à valorização cambial. Em períodos de aumento da aversão ao risco crescem as cotações do CDS e as taxas cambiais se depreciam, ocorrendo o inverso em períodos de queda da aversão ao risco. Há no mercado financeiro duas medidas de aversão ao risco. A primeira são os spreads dos bônus de alto risco, popularmente conhecidos como junk bonds, e a segunda é uma medida da volatilidade no mercado de ações – o índice VIX. Qual dos dois é a “melhor medida”? A resposta é simples: ambas contêm a mesma informação, como confirma a elevada correlação (0,9) entre os dados diários dos dois indicadores no período entre 2002 e 2017. Estes indicadores nos informam que a partir do início de 2015 ocorreu uma forte elevação da aversão ao risco, mas este movimento se inverteu a partir do início de 2016. O exercício se completa comparando as taxas cambiais e as cotações dos CDS de cada um dos países com as medidas de aversão ao risco, constatando-se que todas têm as mesmas trajetórias entre 2015 e 2017. A relação de causalidade é clara: variações na aversão ao risco alteram os fluxos de capitais influenciando os preços dos ativos dos mercados emergentes. Não quero atribuir a queda da aversão ao risco a uma única causa, mas não

“CICLOS ECONÔMICOS EXISTEM, E EM ALGUM PONTO DO TEMPO ASSISTIREMOS A UMA ALTERAÇÃO NESTE QUADRO. O PROBLE­MA É SABER QUANDO” resisto sugerir que em grande parte se deve ao fato de que, afinal, o mundo não havia se tornado prisioneiro da temida “estagnação global”, como muitos chegaram a crer. Resquícios deste temor ainda eram sentidos ao longo de 2015, contribuindo para o aumento da aversão ao risco, mas o desempenho das economias maduras alterou este quadro. Pouco a pouco começou a ficar claro que os EUA caminhavam para o pleno emprego – situação na qual se encontram atualmente -, recuperando a capacidade de crescer moderadamente; e embora com divergências entre os países, a Europa também vem retomando o crescimento. A queda da aversão ao risco somada à elevada liquidez in-

ternacional provocou um aumento da demanda de ativos financeiros de países emergentes. Ciclos econômicos existem, e em algum ponto do tempo assistiremos a uma alteração neste quadro. O problema é saber quando. Algo semelhante ocorreu ao final do ciclo de expansão entre 2004 e 2007, quando a baixa aversão ao risco elevou os ingressos de capitais, impulsionando o crescimento brasileiro. Se naquela oportunidade tivéssemos usado o benefício do choque externo para progredir na agenda de reformas teríamos uma situação favorável ao crescimento. Meu temor é que estamos correndo o risco de jogar fora mais uma oportunidade. f

AFFONSO CELSO PASTORE

Ex-presidente do Banco Central, sócio da A.C. Pastore & Associados e colunista do Estadão Primeira publicação: OESP 7/7/2017

26 FINANCEIRO Julho 2017


Seminário chapéu| financeiro | financeiro

UNIVERSO DA INADIMPLÊNCIA Na busca dos credores e no combate às fraudes, os ferramentais digitais tornam-se essenciais para a localização dos devedores e a busca por uma negociação. No entanto, a realidade econômica do País não ajuda muito. Dos 61 milhões de brasileiros que têm o nome negativado, 14 milhões estão desempregados Julho 2017 FINANCEIRO 27


financeiro | Cobrança

Da esq. para dir., Raphael Salmi, Christiane Pelajo, Mauro Melo, Marce­lo Sotopietra e Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho)

28 FINANCEIRO Julho 2017

Contou que a função de negociador na área de crédito emprega milhares de jovens e para muitos deles é a primeira oportunidade no mercado de

trabalho. Como a atividade os coloca, normalmente, em contato com consumidores inadimplentes, o cargo exige formação profissional e técnica para o

“O NOSSO MAIOR DESAFIO É ESTABELECER O CONTATO COM O DEVEDOR. AINDA MAIS QUANDO FALTAM RECURSOS PARA QUE AS PESSOAS CONSIGAM SALDAR SUAS DÍVIDAS”

MARCELO SOTOPIETRA: presidente da ASERC (Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito)

Fotos: Luciano Piva

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missão da ACREFI em compartilhar conhecimento é permanente e contínua. No dia 25 de julho, a pauta do seminário, organizado no Renaissance São Paulo Hotel, foi em torno do tema Crédito e Cobrança. Participaram do debate Marcelo Sotopietra, presidente da ASERC (Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito); Mauro Melo, CEO da Credilink; e Raphael Salmi, diretor de Estratégia e Gestão da Serasa Experian. O evento contou com o patrocínio da B3, CNseg Credilink e Serasa Experian. Após as tradicionais boas-vindas da jornalista Christiane Pelajo, mediadora dos eventos da ACREFI, Marcelo Sotopietra apresentou um retrato do segmento de cobrança no Brasil.


Seminário | financeiro

MAURO MELO: CEO da Credilink

“HOJE EM DIA, SER INADIMPLENTE VIROU MÉRITO. ALGU­MAS PESSOAS VÃO ÀS COMPRAS SABENDO QUE NÃO TÊM COMO PAGAR”

exercício da função. “O nosso maior desafio é estabelecer o contato com o devedor. Ainda mais atualmente, quando faltam recursos para que as pessoas consigam saldar suas dívidas. Dos 61 milhões de brasileiros inadimplentes, 14 milhões estão desempregados”, conta Sotopietra. Para localizar essas pessoas, as empresas especializadas em cobrança precisam se virar nos trinta. Insistência é a palavra de ordem. Não só para manter contato com os devedores − por meio de ligações telefônicas, SMS, WhatsApp, redes sociais, 0800, e-mail, etc., – como também para oferecer oportunidades de parcelamentos, descontos e até mesmo fechar uma negociação”, explica o presidente da ASERC. Antes de concluir a sua apresentação, Sotopietra disse que espera um quadro mais positivo para o setor só depois da retomada da economia do País. Com mais 25 anos de experiência no segmento de informações cadastrais, fraudes e cobrança, Mauro Melo, CEO da Credilink, disse que tem obrigação de explorar todas as tecnologias em benefício do crédito. “No começo trabalhávamos com fichas de cobrança e cobradores batiam na porta dos devedores. Eles vestiam macacão laranja e eram facilmente identificados pelos vizinhos”, lembra Melo. “Hoje em dia, ser inadimplente virou mérito. Algu-

mas pessoas vão às compras sabendo que não têm como pagar”. Segundo o CEO da Credilink, não basta ter a melhor tecnologia para evitar a inadimplência, mais importante do que isso é a inteligência humana que está por trás das ferramentas disponíveis no mercado. “Para a fraude não há limites, com a conivência de funcionários da Receita Federal, pessoas estão mudando a sua data nascimento, conseguem um novo CPF. Tudo on-line”, revela Melo. Outro comportamento muito comum entre os fraudadores é usar os dados de pessoais de celebridades logo após a divulgação da sua morte. “Bastou informarem a morte da Eliza Samúdio,

namorada do goleiro Bruno, para ela ‘surgir’ fazendo compras em uma mercearia de Belo Horizonte. É aí que a consulta ao cadastro de óbitos torna-se cada vez mais eficiente e imprescindível”, conclui Melo. Na mesma sintonia dos dois primeiros palestrantes, Raphael Salmi, diretor da Serasa Experian, confirmou as transformações vivenciadas no mercado de crédito depois da proliferação dos multicanais digitais. Levantamentos da Serasa Experian indicam que temos 61 milhões de brasileiros inadimplentes. Ou seja, um número equivalente à população da Itália. São R$ 275 bilhões de dívidas em aberto. “Ainda falta muita educação financeira no Brasil, sendo que 60% da população tem de um a dois débitos em atraso e 50% dos credores possuem perfil digital”, informa Salmi. Ao mesmo tempo que os avanços do mundo digital ajudam na localização dos credores por um custo menor e permitem usar os benefícios do Analytics, eles podem ser usados como escudo dos inadimplentes. “Hoje, os devedores bloqueiam os contatos às empresas no WhatsApp e em outros canais na internet. No entanto, os meios digitais são eficientes, quando as pessoas têm recursos e querem voltar a ter o nome limpo”, finalizou o executivo da Serasa Experian. f

“AINDA FALTA MUITA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO BRASIL, SENDO QUE 60% DA POPULAÇÃO TEM DE UM A DOIS DÉBITOS EM ATRASO”

RAPHAEL SALMI: diretor de Estratégia e Gestão da Serasa Experian

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financeiro financeiro| chapéu | Workshop

MAIS UMA CONTRIBUIÇÃO

CONTRA

A LAVAGEM DE DINHEIRO Por estarem as instituições de crédito obrigadas também a incluir suas informações no Cadastro dos Clientes do Sistema Financeiro Nacional, a ACREFI promove workshop com José Jardim, especialista em mensageria e compliance

30 FINANCEIRO Julho 2017


Norma Bacen | financeiro

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omo todos os esforços são importantes no combate à lavagem de dinheiro, o Banco Central desenvolveu mais um instrumento para reprimir o ilícito: o CCS (Cadastro dos Clientes do Sistema Financeiro Nacional). Com a intenção de esclarecer todos os detalhes que envolvem a iniciativa, criada em 2003 pelo Banco Central, a ACREFI convidou José Jardim, sócio-diretor da JD Consultores, para participar de um workshop, exclusivo para associados, no auditório da entidade, em São Paulo. Segundo Jardim, o CCS é um sistema que armazena informações e registros de bens de correntistas que devem ser enviados, diariamente, pelas instituições financeiras e seus representantes legais, com a identificação do CPF e do CNPJ. A maior novidade é que a partir de agosto as corretoras, distribuidoras e instituições de crédito e financiamento também passam a ser obrigadas a fornecer subsídios ao banco de dados do regulador. ‘No entanto, é preciso ficar atento, pois, caso a ins-

tituição não envie as informações dentro de um determinado horário pode sofrer penalizações”, explica o sócio da JD Consultores, empresa especializada em mensageria e compliance. De acordo com o manual do CCS, as mensagens devem são trocadas entre o usuário e as instituições financeiras, com as informações decorrentes de requisições encaminhadas entre 10h e 19h que, por sua vez, precisam ser respondidas pelas instituições financeiras para o usuário até as 8h do próximo dia útil.

Além das explicações sobre CCS, José Jardim falou também aos convidados da ACREFI sobre o BACEN JUD: sistema que automatiza os processos que envolvem ativos financeiros de pessoas físicas ou jurídicas. Ele permite que as ordens judiciais postadas pelos juízes sejam encaminhadas eletronicamente, por meio do BC, para as instituições designadas. “Nos dois sistemas, as instituições são responsáveis, civil e criminalmente, pela veracidade das informações postadas no sistema”, alerta o especialista. f

O CCS É UM SIS­TEMA QUE ARMAZENA INFORMAÇÕES E RE­GISTROS DE BENS DE CORRENTISTAS, QUE DEVEM SER ENVIADOS, AO BC, DIARIAMENTE, PELAS INSTI­TUIÇÕES FINANCEIRAS

Especialista em mensageria e compliance

Foto: Divulgação

JOSÉ JARDIM

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financeiro | Artigo

UM CAMINHO VIRTUOSO E SEM VOLTA Enfrentamos hoje o desafio de desenvolver novas leituras do mundo POR ANDRÉ LUIZ LOPES DOS SANTOS

E

m 24 de novembro de 2016, o Conselho Monetário Nacional editou a Resolução 4.539, que dispõe sobre princípios, objetivos e diretrizes de uma política institucional de relacionamento, a ser adotada formalmente por todas as instituições financeiras, até o fim de 2017, no trato regular com seus clientes e usuários. Ao fazê‐lo, o regulador deu um passo seguro no sentido de consolidar tendências que já vêm orientando sua trajetória normativa ao longo dos últimos anos: menos casuísmos, maior aderência às diretrizes dos princípios – o que vem aproximando cada vez mais a regulação setorial dos vetores que norteiam o próprio Código de Defesa do Consumidor: o equilíbrio e a harmonização dos interesses de consumidores e fornecedores na construção de um relacionamento melhor entre eles. Essa mudança do perfil das normas setoriais já pode ser observada de modo muito nítido, ao menos desde 2007, ano em que assistimos, entre outras, à edição da primeira norma sobre ouvidorias – estruturas que têm cumprido um papel primordial, nesse processo, vale notar. Desde então, outras tantas normas vieram tornando cada vez mais clara uma nova visão que, de forma coerente e consisten-

te, tem orientado a atuação do regulador no tocante à disciplina das relações entre os bancos e os consumidores: a qualidade dessas interações deve representar um tema efetivamente estratégico na gestão de uma instituição financeira. Como ficou muito claro na Resolução 4.539/16, é preciso assegurar que essas relações se baseiem em uma ampla e abrangente política institucional, na qual estejam claramente fixadas e formalizadas, por todas as instituições alcançadas pela norma, as diretrizes que haverão de orientá‐las. Cuida‐se, na verdade, do estabelecimento de um novo patamar qualitativo sobre o qual se deverá desenvolver uma agenda permanente de construção e de consolidação de melhores relacionamentos entre essas instituições e seus consumidores – e isso é, claramente, algo muito positivo. A julgar pela literatura mais recente do campo do marketing, em praticamente qualquer segmento de mercado, não há caminho viável que não passe pela promoção de uma ‘experiência única e inesquecível para os clientes’ como verdadeira premissa de atuação de qualquer organização que se pretenda verdadeiramente sustentável. Evidentemente, há um percurso considerável a ser trilhado e, de modo bastante realista, por caminhos bastante complexos – e os desafios complexos não admitem abordagens simplistas. Conhecimentos disciplinares (Direito, Economia, Marketing, Finanças, Psicologia, etc.) continuam essenciais;

ANDRÉ LUIZ LOPES DOS SANTOS Advogado e sócio-diretor da Autorall Comunicação 32 FINANCEIRO Julho 2017

nossa capacidade de promover uma melhor articulação entre eles, no entanto, a partir de princípios, e com foco na realização de propósitos maiores, vale cada dia mais do que esses ou quaisquer outros saberes, em si mesmo considerados. Mais do que ‘apenas’ desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes (competências, se preferirmos), enfrentamos hoje o desafio de desenvolver novas leituras do mundo que nos cerca e no qual nos inserimos, sob uma perspectiva mais sistêmica, relacional e inclusiva. A agenda que se coloca à nossa frente é, antes de tudo, de transformação cultural. Na base desse processo, assim nos parece, coloca‐se a decisão corajosa de rever escolhas e reorientar propósitos, fortalecendo, ao lado das pautas cotidianas de sustentação dos negócios, as agendas de longo prazo. Essas agendas são focadas na construção e na consolidação de melhores relacionamentos, com todo o leque de sujeitos que se articulam na formação das inúmeras redes de relações junto às quais atuamos, no mundo de hoje – entre eles, por certo, os clientes. Promover essa tão alardeada melhoria na qualidade das experiências que propiciamos aos nossos clientes e a todos os públicos com os quais interagimos passa, inevitavelmente, por esse processo de amadurecimento e de transformação. O convite para a construção de jornadas e de experiências mais verdadeiramente diferenciadas está posto. Vamos construí‐las! f



financeiro | Workshop

SEMPRE ALERTA

Exclusivo para associados, seminário organizado pela ACREFI faz uma atualização sobre a legislação relacionada à governança corporativa e ao compliance

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sibilidade de fraude deve fazer parte do programa de Teste de Estresse com cada um dos executivos cientes das suas responsabilidades: quem define, quem aprova, quem executa, quem monitora, assim por diante. A resolução 4.557, do Banco Central, faz a seguinte a observação: “A diretoria e o conselho de administração, quando existente, devem se envolver ativamente no programa de testes de estresse, indicando as diretrizes a serem seguidas e aprovando os cenários, quando utilizada a metodologia de análise de cenários”. Já sobre a política de relacionamento

Gustavo Lucena fala sobre gestão de riscos para associados da ACREFI

com clientes, o BC diz, entre outras coisas, que as instituições devem observar os princípios de ética, responsabilidade, transparência e diligência na condução de suas atividades e no relacionamento com seus clientes e usuários. Precisam também estabelecer a divisão de papéis e responsabilidades no âmbito da instituição e do treinamento de empregados e prestadores de serviços que desempenhem atividades ligadas ao relacionamento com clientes. Além disso, o prazo para a adaptação às exigências da Resolução é de 360 dias. Esses são apenas alguns dos highlights da palestra de Gustavo Lucena.

Foto: Luciano Piva

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s questões relacionadas à governança e ao compliance estão na linha de frente das discussões das corporações atentas aos riscos que campeiam no universo dos negócios. Essa foi uma das principais motivações que levaram a ACREFI a retomar mais uma vez o tema com a realização do seminário, exclusivo para associados, dia 19 de julho, na sede da entidade, em São Paulo. Só que dessa vez com o olhar direcionado para o segmento de bancos. Para contribuir nessa importante atividade foi convidado Gustavo Lucena, sócio da área de Gestão de Riscos da Deloitte e membro da Comissão de Governança em Instituições Financeiras do IBGC. Ou seja, não faltam credenciais ao palestrante. O evento contou com o apoio da Serasa Experian. Ao iniciar a sua exposição, Lucena alertou que, para efeito das normas de governança e compliance, não importa se o banco é classificado pelo Banco Central como S1 ou S4. Independe do tamanho ou da estrutura do banco, o compliance não deve ser tratado como novidade, pois já é de conhecimento do mercado há quase 10 anos. Segundo Lucena, mesmo para as instituições menores, o risco de contágio está sempre presente. “O risco deve ser adaptado e dimensionado de acordo com a Declaração de Apetite por Riscos (RAS). E a metodologia de análise de risco prevê seis etapas: identificar, mensurar, avaliar, monitorar, reportar, controlar e mitigar. Além disso, a pos-


artigo | financeiro

A DISPARIDADE REGIONAL E O MERCADO BRASILEIRO DE CARTÕES A baixa renda ainda é obstáculo para expansão dos pagamen­tos eletrônicos no Brasil POR BOANERGES RAMOS FREIRE E VITOR AUGUSTO FRANÇA

O

s benefícios econômicos da migração dos pagamentos para os meios eletrônicos são amplamente conhecidos: maior praticidade e segurança para consumidores e lojistas, redução dos custos com transporte e armazenagem de valores, facilidade na fiscalização e arrecadação de impostos, entre outros. Não é à toa que no Reino Unido, por exemplo, os cheques serão aposentados até o final do ano que vem. Apesar do forte crescimento na última década, porém, a baixa renda ainda é obstáculo para a expansão dos pagamentos eletrônicos no Brasil, conforme sugere gráfico ao lado, no qual é apresentada a quantidade de POS’ (máquina de cartões, do inglês Point of Sale) e PDV´s (Pontos de Venda) a cada mil habitantes, relacionando-a à renda per capita de cada Unidade da Federação (UF). O número de maquininhas (soma da quantidade de POS’ e PDV’s) dividido pela população é uma boa aproximação para medir a disparidade no nível de aceitação de cartões entre as unidades da federação – quanto maior o número de maquininhas por habitante, maior a aceitação – e, conforme é possível observar no gráfico, há uma relação forte e positiva entre renda e cobertura de aceitação – o coeficiente de correlação é de 0,95 e, de acordo com o resultado da regressão linear, que desconsidera o Distrito Federal, a renda per capita explica 91,1% da diferença no grau de aceitação entre os estados. A maior cobertura em 2016 foi registrada no Distrito Federal, onde há 37,9 maquininhas por mil habitantes, seguido por São Paulo (37,5) e Rio Grande do Sul (33,9). Tratam-se exatamente das três UF’s com maior renda per capita do País, de acordo com as

Fontes: BCB, IBGE. Cálculos: Boanerges & Cia.

estimativas do IBGE. No outro extremo encontra-se o Maranhão, Estado mais pobre e com menor cobertura de aceitação de cartões (7,7 maquininhas por mil habitante). A explicação para a relação positiva entre cobertura de aceitação e renda é relativamente simples. A renda está relacionada diretamente ao consumo e à bancarização. A população mais pobre, de maneira geral, tem menor acesso a produtos bancários,

“A RENDA ESTÁ RE­LACIONADA DIRETAMENTE AO CONSUMO E À BANCARIZAÇÃO”

como cartões, por exemplo. Em regiões de menor renda, portanto, além de o consumo ser menor, menos consumidores utilizam cartão, o que desestimula o credenciamento de estabelecimentos. Isto porque, por um lado, as credenciadoras têm menor incentivo para credenciar estabelecimentos em regiões de menor renda, já que as receitas, diretamente relacionadas às vendas com cartão, podem não compensar os custos operacionais. Por outro lado, diante da menor frequência de pagamentos eletrônicos, os custos dos lojistas para aceitar cartões podem não compensar eventuais incrementos nas vendas com meios eletrônicos. Assim, ações que estimulem a competição e reduzam os custos para os lojistas são fundamentais para a expansão da cobertura, especialmente em regiões de menor renda. Medidas como a recente mudança na cobrança do ISS (Imposto sobre Serviços), por sua vez, podem dificultar a expansão da cobertura em áreas mais pobres, Julho 2017 FINANCEIRO 35


financeiro | artigo especialmente diante da atual conjuntura, em que indícios apontam para o aumento da desigualdade de renda no País. Com a mudança, o ISS passa a ter alíquota mínima de 2% (credenciadoras sediadas em Barueri-SP, por exemplo, pagam atualmente 1,5%). Além disso, a cobrança, que atualmente é feita no município onde a credenciadora está sediada, passará a ser feita no município onde o serviço é prestado. Isto pode significar alíquotas mais ele-

vadas e maiores custos operacionais, sendo que parte do aumento dos custos será inevitavelmente repassada aos lojistas, o que tende a desestimular a aceitação de cartão. Comparações internacionais a partir de dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS da sigla em inglês) sugerem que ainda há bastante espaço para expansão da cobertura de aceitação no Brasil. Na Austrália, por exemplo, havia mais de 40 POS’ por mil habitantes em 2015. f Fontes: BIS (2015), BCB (Brasil – 2016)

BOANERGES RAMOS FREIRE Sócio e presidente da Boanerges & Cia Consultoria

VITOR AUGUSTO FRANÇA Formado em Economia pela USP, mestre pela FGV-SP e consultor da Boanerges & Cia

financeiro | Prêmio

DESTAQUE NO ESTADÃO FINANÇAS MAIS

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Estadão, em parceria com a Austin Rating, apresenta o Estadão Finanças Mais: uma radiografia das empresas líderes do setor financeiro nacional, com base na análise dos demonstrativos contábeis publicados no balanço em 2016. Na categoria Financeiras, a Kredilig, associada da ACREFI, conquistou a segunda colocação, entre outras 40 empresas ranqueadas. Para Marcos Teixeira da Rosa, diretor da Kredilig, incumbido de representar a empresa na cerimônia de premiação, a posição alcançada é não só um reconhecimento nacional como revela também o comprometimento da equipe com os resultados. f 36 FINANCEIRO Julho 2017


Foto: Aline Araújo

Workshop | financeiro

AS COMPLEXIDADES DO

IOF

Com dois critérios para o seu cálculo, imposto que incide nas operações de crédito, câmbio e seguros é tema de workshop organizado pela ACREFI, com o professor José Dutra Vieira Sobrinho

S

e o problema é resolver algum cálculo intrincado do mercado financeiro, o professor José Dutra Vieira Sobrinho transforma qualquer dificuldade em solução. E não é de hoje que ele compartilha seus conhecimentos com executivos, bancários e jornalistas. Aliás, a ACREFI, desde 1976, conta com a colaboração dele nos cursos que oferece sobre matemática financeira. Portanto, nada mais justo do que contar com o seu talento no workshop – exclusivo para representantes de associados da ACREFI − organizado dia 22 de junho, na sede da entidade, em São Paulo, a respeito da valoração do IOF nas operações de créditos. Nunca é demais destacar que o evento foi patrocinado pela Serasa Experian. Antes de mergulhar nas minuciosas fórmulas que levam à apuração do IOF, José

Dutra lembra que, devido a interpretações destoantes do Decreto nº 2.219, de 2 de maio de 1997, coexistem pelo menos três critérios distintos para se calcular o IOF nos casos de empréstimos para pagamentos em prestações periódicas, iguais ou diferentes. “Vamos tratar aqui dos dois mais importantes, o price e o valor presente, que são aplicados na quase totalidade dos cálculos realizados pelas instituições financeiras. Segundo Dutra, essa duplicidade de critérios é motivada por interpretações diferentes do artigo 7º do decreto, ao referir-se aos empréstimos a serem amortizados em prestações. O item estabelece a seguinte base de cálculo: “...quando previsto mais de um pagamento, o valor do principal de cada uma das parcelas”. Ou seja, no caso de pagamento em prestações, a base de cálculo do IOF é o principal de cada uma das

prestações. Em função de interpretações distintas desse conceito, surgiram esses dois critérios, um baseado na tabela price − também conhecido como sistema francês − e o outro no valor presente, ambos aceitos pela Receita Federal. De modo simplificado, no critério price as parcelas mensais do pagamento do financiamento são iguais, com juros embutidos e amortização crescente. Já pelo valor presente, o IOF é obtido pela aplicação das alíquotas, referentes a cada prazo, sobre os valores presentes na data de vencimento de cada uma das prestações. Ao perguntarmos se existe um sistema mais correto, o professor diz que é necessário saber o que se entende por principal de cada prestação. “No campo da matemática financeira esse conceito é cristalino: valor do principal é sinônimo Julho 2017 FINANCEIRO 37


financeiro | IOF

HÁ QUASE 20 ANOS, DUTRA SUGERE A ADOÇÃO DE UM CRITÉRIO MAIS SIMPLES PARA O CÁLCULO DO IOF. SUA PROPOSTA PREVÊ QUE O VALOR DO TRIBUTO DEVE SER DIRETAMENTE PROPORCIONAL AO PRAZO tos: o modelo precisa ser entendido com facilidade por todos, o valor do IOF deve ser diretamente proporcional ao prazo, não pode sofrer influência da taxa de juros, sua aplicação deve abranger qualquer plano de pagamento, seu impacto deve ser mínimo

em relação à atual receita obtida pelo imposto e o novo critério deve possibilitar a extinção do adicional de 0,38%. Segundo Dutra, resta saber quando essa proposta será afetivamente avaliada pelas autoridades monetárias. Vamos aguardar. f

EDF

de valor presente, cujo entendimento é universal. Consiste no valor presente (ou atual) de cada prestação, que, no caso específico, é a data do contrato. No caso do critério price, os valores contidos na coluna amortização representam as parcelas efetivamente pagas nas datas dos vencimentos de cada uma das prestações. Portanto, esses valores nada têm a ver com o principal de cada prestação. De acordo com Dutra, tanto o critério “valor presente” quanto o “price” apresentam uma complexidade desnecessária para o cálculo do IOF, quando se prevê dois ou mais pagamentos e prazos superiores a 12 meses. Essa dificuldade é substancialmente agravada nos casos de carência ou quando esses pagamentos são constituídos por prestações diferentes. Por essa razão, o especialista sugere, há quase 20 anos, a adoção de um critério mais simples e único para o cálculo do IOF. Sua proposta se resume a oito pon-

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artigo | financeiro

EDUCAÇÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS GERA IMPACTO POSITIVO NA VIDA DOS FUNCIONÁRIOS O de­sequilíbrio financeiro perturba o bem-estar e interfere na produtividade no trabalho POR REINALDO DOMINGOS

A

motivação do colaborador está ligada a diversos fatores externos à empresa. O desequilíbrio financeiro é um dos fatores que perturba o bem-estar e interfere na produtividade no trabalho. A educação financeira nas empresas pode mudar esse reflexo negativo. Faltas constantes, pedidos de adiantamento e empréstimos e até furtos são alguns dos sinais do desequilíbrio financeiro. Isso pode comprometer o desenvolvimento das atividades e até mesmo a rentabilidade da empresa. Para quem está nessa situação, de pouco adianta ter aumento salarial ou benefícios sem orientações sobre como administrar melhor seus ganhos. Veja como a educação financeira elimina problemas, tanto para o colaborador quanto para a empresa.

1. A educação financeira deve ser tratada como parte da responsabilidade social da empresa, beneficiando funcionários, familiares, comunidade e a própria empresa;

2. Problemas na vida pessoal refletem diretamente no comportamento no ambiente de trabalho, gerando absenteísmo, desmotivação, queda na produtividade e até pedidos de demissão;

3. Com o Programa de Educação Financeira nas Empresas, a produtividade aumen-

ta, os colaboradores trabalham com mais prazer e tranquilidade, pois se cria uma estrutura de apoio, amparo e instrução;

4. Os pedidos de aumento de salário e a necessidade de fazer horas extras, entre ou-

tras práticas comuns, passarão a ser encaradas de maneira mais consciente, gerando um “ganha-ganha”;

5. É preciso adotar critérios antes de disponibilizar crédito consignado. Muitas vezes, ele gera um alívio imediato, mas em poucos meses se torna um problema ainda maior, já que a renda do colaborador é reduzida em até 35%;

6. O departamento de Recursos Humanos deve fazer esse trabalho, combatendo a

causa para diminuir os efeitos. Para isso, os colaboradores precisam passar por uma mudança de hábitos, costumes e comportamento em relação ao uso do dinheiro;

7. O Programa de Educação Financeira nas Empresas deve adequar-se aos diferentes perfis dos funcionários. Portanto, analise toda a estrutura oferecida, como tempo, método, material de apoio e disponibilidade dos funcionários;

8. O problema da falta de educação financeira é intrínseco em nossa sociedade. Sen-

do assim, não é culpa do trabalhador. O endividamento e a inadimplência ocorrem independentemente do cargo ou salário, por isso a educação financeira é para todos na empresa;

9. É preciso abordar a questão da aposentadoria. A maioria dos trabalhadores não

poupa para o futuro, o que é grave, pois depender apenas do INSS não garantirá sustentabilidade;

10. Com educação financeira, os colaboradores passam a respeitar os limites de seu padrão de vida e passam a priorizar sonhos e objetivos dentro de suas realidades. f

REINALDO DOMINGOS

Mestre em Educação Financeira, escritor e presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros) Julho 2017 FINANCEIRO 39


financeiro | painel B3

Vendas financiadas de veículos somam 2,4 milhões de unidades no 1º semestre

O

s financiamentos de veículos novos e usados avançaram 7,4% no primeiro semestre do ano, encerrando o período com um total de 2.425.796 unidades financiadas, entre autos leves, motos e pesados. Desse total, foram vendidos a crédito 845.217 veículos novos nos seis primeiros meses do ano, queda de 3,9% em relação ao mesmo período de 2016. Já os usados atingiram 1.580.579 vendas a crédito no primeiro semestre do ano, avanço de 14,6% na mesma base de comparação. O levantamento é da B3, empresa resultante da combinação de atividades da BM&FBOVESPA, uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, e a Cetip, maior depositária de títulos privados da América Latina. A B3 opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base privada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o processo de financiamento de veículos seja suscetível a fraudes sistêmicas.

Entre os automóveis leves, as unidades novas recuaram 1,5% no primeiro semestre do ano, em relação ao mesmo período de 2016, ao somarem 513.686 carros financiados. Já os autos leves usados cresceram 14,4%, na mesma base de comparação, e totalizaram 1.452.348 unidades financiadas nos seis primeiros meses do ano.


Financiamentos de autos leves novos recuam 1,5% no ano “Desde fevereiro o volume médio diário de financiamentos de autos leves novos (em dias úteis) vem crescendo mês a mês. Porém, esse crescimento acumulado no semestre não foi suficiente para superar o mesmo período do ano passado. Considerando dados da conjuntura econômica, principalmente emprego e confiança, ainda é cedo para falar na recuperação do setor”, afirma Marcus Lavorato, superintendente de Relações Institucionais da B3. No primeiro semestre do ano, os autos leves com até três anos de uso mostraram queda de 7,9%, enquanto os autos leves com nove a 12 anos de uso avançaram 43,8%, na comparação com o mesmo período de 2016, com 234.888 carros negociados. Seguindo o mesmo desempenho de alta, os carros com mais de 12 anos avançaram 31% e somaram 77.917 unidades e os autos leves de quatro a oito anos de uso registraram alta de 17% e somaram 823.713 unidades vendidas a prazo. O prazo médio de financiamento de autos leves com até três anos de uso aumentou de 42,2 para 43 meses no primeiro semestre do ano, em relação ao mesmo período de 2016. No período, o prazo para carros com quatro a oito anos de uso também avançou de 42,6 para 43,3 meses, na mesma base de comparação.

Considerando as modalidades de financiamento, o CDC foi a única categoria que avançou no primeiro semestre do ano, e continua sendo a mais utilizada pelos consumidores, com 2.003.569 unidades negociadas, alta de 11,6% na comparação com o mesmo período de 2016. Já o consórcio recuou 7,1% ante os seis primeiros meses de 2016, com 366.637 unidades.


financeiro | Cultura

Museu de Arte Sacra de Sรฃo Paulo: fundado hรก 110 anos pelo arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva 42 FINANCEIRO Julho 2017


Museu de Arte Sacra | financeiro

NOVOS

TEMPOS Prestes a viabilizar seu fundo patrimonial endowment, o Museu de Arte Sacra de São Paulo será a primeira instituição de arte nacional a ter uma reserva financeira perpétua e intocável

Fotos: Divulgação

O

Museu de Arte Sacra de São Paulo está prestes a dar uma virada. Nada que envolva grandes transformações no seu valioso acervo. Sua administração, conduzida pelo diretor executivo, José Carlos Marçal de Barros, está prestes a viabilizar a criação do fundo patrimonial endowment. Seria a primeira organização artística brasileira a conquistar esse importante benefício. Trata-se de um fundo de investimento perpétuo, baseado em doações de pessoas físicas e jurí-

dicas, em que os valores oferecidos formam um patrimônio intocável. Esse pecúlio é aplicado na sua totalidade no mercado financeiro para a geração de dividendos. A partir dos resultados dessas aplicações, um percentual predeterminado dos rendimentos será destinado à manutenção sustentável do ICAS (Instituto Cultural Arte Sacra), administrador do museu. A receita permitirá realizar promoções, cuidar ainda mais da preservação do acervo e das suas instalações, além de permitir expandir

suas atividades culturais e sociais. Aqui no Brasil, essa modalidade de fundo é mais conhecida na área do ensino universitário. Os exemplos mais conhecidos são os da Escola Politécnica da USP e do Direito GV, inspirados em modelos de Harvard, Oxford, Cambridge e MIT. Espera-se que quando o ICAS viabilizar seu fundo patrimonial endowment, passará a ser exemplo para os demais museus nacionais. Por não ser tão incensado pelos formadores de opinião, o Museu de Arte Sacra de São Paulo é pouco conhecido até Julho 2017 FINANCEIRO 43


financeiro | Cultura

Presépio napolitano: doação de Ciccillo Matarazzo

José Carlos Marçal de Barros: diretor executivo do ICAS

As primeiras peças do museu foram imagens sa­cras de igrejas e pequenas capelas de fa­zendas, que começaram a ser demolidas depois da proclamação da República. 44 FINANCEIRO Julho 2017

mesmo pelos próprios paulistanos. Instalado nas antigas dependências do Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz, próximo da Estação Luz do Metrô, zona norte da capital paulista. Seu acervo começou a ser formado, a partir de 1907, portanto há 110 anos, por Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo. Suas primeiras peças foram imagens sacras de igrejas e pequenas capelas de fazendas, que começaram a ser demolidas depois da proclamação da República. A coleção de lampadários só é menor que a do Museu do Vaticano. Presente de Ciccillo Matarazzo (18981977), mecenas das artes, o presépio napolitano é uma das suas atrações de maior sucesso. Além da Sagrada Família, dos Reis Magos e pastores, personagens tradicionais, há diversas figuras que retratam o cotidiano de uma aldeia italiana. Nem mesmo a tarantela faltou. Por essa pequena amostra, o fundo patrimonial endowment do ICAS poderá dar ainda mais visibilidade a essa magnífica coleção. f


Viva o Centro 25 anos

Foto: Fabio Mattos / Associação Viva o Centro

Apoie a requalificação do Centro de São Paulo. Associe-se à Viva o Centro. www.vivaocentro.org.br

Associação Viva o Centro

Rua da Quitanda, 80 - Térreo - Centro São Paulo - SP - CEP 01012-010 11 3556-8999 / avc@vivaocentro.org.br A Associação Viva o Centro é reconhecida como Entidade de Utilidade Pública pelos governos do Município de São Paulo, do Estado de São Paulo e Federal (DOU de 10/03/2000) e como Entidade Ambientalista, Entidade Promotora de Direitos Humanos e Instituição Cultural pelo Governo do Estado de São Paulo.


financeiro | estante

LIVROS PAPO DE CAFÉ O livro traz uma seleção de artigos publicados pelo autor na mídia durante o período de 2011 a 2015, adaptados e atualizados. São temas internacionais que ganharam destaque nos noticiários e foram organizados em regiões: América Latina, África, Oriente Médio e países árabes, Ásia, Estados Unidos e Europa. Além deles, o autor trata de outros três tópicos: A ONU e suas agendas, Ciência, Tecnologia & Política e Esporte e Relações Internacionais. Autor: Gilberto Rodrigues Editora: Moderna

BRICS E O FUTURO DA ORDEM GLOBAL A primeira e mais abrangente análise acadêmica da história do termo BRICS. Ele analisa o significado da ascensão de potências como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para o futuro da ordem global. Os países BRICS procurarão estabelecer um sistema paralelo, com seu próprio conjunto distinto de regras, instituições e moedas. Autor: Oliver Stuenkel Editora: Paz e Terra

RETRATO EM BRANCO E NEGRO A autora explora o imaginário paulistano nos jornais do fim do século 19. A metamorfose da imagem do negro é analisada com um olhar perspicaz que deixa evidente os nossos preconceitos. É um livro muito bem concebido e mostra uma boa combinação entre a história e a antropologia. Autora: Lilia Schwarcz Editora: Companhia das Letras

Publicado originalmente em 1960, “Getúlio Vargas, meu pai” narra a vida do político gaúcho entre 1923 e 1937, por sua filha e principal confidente. Anos depois, Alzira dedicou-se a escrever uma continuação, que não terminou. Esses escritos, até então inéditos, estão na segunda parte deste livro. O texto descreve episódios como a morte de Getulinho, irmão mais novo de Alzira; o rompimento do Brasil com o Eixo; ou o grave acidente de automóvel sofrido por Getúlio, em 1942. Autora: Alzira Vargas do Amaral Peixoto Editora: Objetiva 46 FINANCEIRO Julho 2017

Fotos: Divulgação

GETÚLIO VARGAS, MEU PAI


Foto: Maurício Nahas

Ponto de Criação

SONHAR Kaike, paciente do GRAACC, com Reynaldo Gianecchini

CERCA DE 70% DE CURA, 90% DE PACIENTES DO SUS E REFERÊNCIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTIL COM A AJUDA DE MUITA GENTE, AMPLIAMOS O NOSSO HOSPITAL E AS CHANCES DE RECUPERAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CÂNCER. NOSSO ORGULHO É PODER MOSTRAR A CADA DOADOR QUE SUA CONTRIBUIÇÃO É INVESTIDA COM MUITA RESPONSABILIDADE PARA OFERECER AOS PACIENTES, COMO O KAIKE, UM TRATAMENTO DIGNO, HUMANO E COMPARADO AOS MELHORES DO MUNDO. JUNTE-SE A NÓS! SEJA UM DOADOR.

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1991

1998

2013


financeiro | Contemporâneo

ARIGATÔ!

Japan House: projeto do arquiteto japonês Kengo Kuma 48 FINANCEIRO Julho 2017


Japan House | financeiro

Presente do governo japonês para os paulistanos, a Japan House propõe-se a compartilhar a cultura nipônica contemporânea por meio das artes plásticas, do design, da literatura, da tecnologia e também da gastronomia

Fotos: Divulgação

A

ligação de São Paulo com o Japão ficou ainda mais forte e charmosa. Essa é a sensação que passa a quem visita a Japan House, espaço dedicado à cultura nipônica, no agitado corredor da Avenida Paulista, pertinho da Praça Oswaldo Cruz, no Paraíso. Concebida pelo arquiteto Kengo Kuma, a casa tem mais de 2.500 m² de área – piso térreo e dois andares – e traz uma perfeita harmonia entre linhas orientais e brasileiras. Sua mostra inaugural é uma homenagem ao próprio Kuma, autor do projeto oferecido pelo governo japonês aos paulistanos. Além das artes plásticas, a proposta é traduzir o Japão contemporâneo por meio da gastronomia, do design, da literatura, da tecnologia, etc. Outras

das suas atrações são o café e o restaurante japonês do chef Jun Sakamoto. Marcello Dantas, curador do espaço, pretende exibir, pelo menos, oito exposições por ano. A programação oferece também performances artísticas, seminários, conferências, workshops e eventos de moda. Corra para lá!

JAPAN HOUSE Local: Av. Paulista, 52, ao lado da Praça Oswaldo Cruz Horários: das 10 às 22 horas de terça à sábado; e das 10 às 18 horas, aos domingos e feriados. Entrada gratuita Julho 2017 FINANCEIRO 49


financeiro | palavra final

MOEDA, JUROS E CRÉDITO ESTIMULAM REAÇÃO “PRÓ-CÍCLICA” DA ECONOMIA

A

recuperação da economia tem sido lenta e oscilante, em ambiente de longa crise política e debilidade expressiva das contas públicas. Contudo, há sinais de que a recessão está sendo deixada para trás. Há favorável convergência monetária − ampla queda da inflação e da taxa de juro básica – que, juntamente com gradual incremento da atividade, deve estimular o crédito e a dinâmica de recuperação pró-cíclica da economia. Os agentes econômicos começam a ter os primeiros resultados de um longo processo de ajuste durante a severa recessão. As empresas realizaram intensos e rigorosos ajustes em seus negócios na busca de um novo “ponto de equilíbrio” geral, que tem reduzido seu tamanho, sua necessidade de capital de giro e investimento, ampliando a capacidade ociosa; mas, como consequência benéfica, tem incrementado a capacidade de voltar a pro-

duzir em melhores condições de custo e maior produtividade, assim que a economia firmar sua trajetória de recuperação. As famílias realizaram profundo ajuste orçamentário, redução de endividamento e começam a praticar um consumo mais consciente, baseado em realidade financeira e em prioridades orçamentárias. O desemprego parou de crescer, iniciou trajetória de estabilização e gradual redução, tendência essa que auxilia na estabilização orçamentária familiar e gradual recomposição da confiança no futuro, com reflexo na propensão a consumir. O processo de convergência monetária serve de estímulo complementar e de impulso na retomada econômica. A inflação tem apresentado consistente e ampla redução, fortalecendo a moeda brasileira e o poder aquisitivo. A taxa de juro básica SELIC tem tido expres-

siva queda (vide gráfico), gerando redução de custos na economia, trazendo alguma facilidade para a desalavancagem do ainda elevado endividamento de famílias, e principalmente de empresas; além de criar melhores condições para a retomada do crédito. A concessão de crédito em “recursos livres do sistema financeiro nacional” finalizou o primeiro semestre com sinais de recuperação (vide gráfico). Neste segundo semestre, deve continuar em trajetória favorável, acompanhando o ambiente econômico de gradual retomada de atividade que começa a ganhar tração, mesmo que condicionada à reação cautelosa dos agentes econômicos diante da conjuntura política, econômica e de finanças pessoais e empresariais restritivas. A volta da confiança será um dos fatores-chave nesse contexto. f

*Correção: por um erro de edição (Financeiro nº 103), uma tabela foi publicada fora do contexto no artigo de Nicola Tingas.

NICOLA TINGAS Consultor econômico da ACREFI

(Artigo concluído em 31/7/2017)

50 FINANCEIRO Julho 2017


46 financeiro agosto/setembro 2015


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