EDIÇÃO
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JULHO - AGOSTO 2018
ACELERAR O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS CARLOS AMBRÓSIO NOVO PRESIDENTE DA ANBIMA ESTUDA IMPLANTAÇÃO DE PLATAFORMA QUE REÚNA DADOS DE TODAS AS OFERTAS REALIZADAS POR EMPRESAS E TAMBÉM ESTENDE AS AÇÕES DA ENTIDADE VOLTADAS À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
SERASA EXPERIAN 50 ANOS "A tecnologia é a base do nosso negócio" Pág. 10
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13º SIAC Conheça quem são os palestrantes deste ano Pág. 14
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editorial
Educação, prioridade para o Brasil e compromisso de todos
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om a proximidade das eleições, certamente voltaremos a ouvir com frequência que uma das principais prioridades do Brasil é a educação. Concordamos com a afirmação, mas ao mesmo tempo notamos que é necessário muito mais esforço de todos para torná-la realidade. Está mais do que evidente que a educação é a base para que tenhamos um país mais justo, inclusivo e desenvolvido e que desta forma poderemos atingir um crescimento mais sustentável. No entanto, continuamos muito distantes de alcançar essa meta. Para promover a tão necessária virada em favor da educação, é fundamental que a sociedade se conscientize de uma verdade: priorizar a educação precisa ser um compromisso de todos. Não se pode “delegar” a responsabilidade para outros, já que esta é uma tarefa que exigirá muito de cada um. Precisaremos adotar uma postura de protagonismo, buscando cada um fazer a sua parte, seja como cidadão, empresário, líder, político, etc. É preciso ter em mente também que essa é uma estratégia de longo prazo, para uma geração, e que portanto não pode se restringir ao período de um mandato presidencial. A ACREFI trabalha focada nessa direção, tendo a educação como uma das principais bandeiras. Nesta edição da “Financeiro” apresentamos iniciativas e vários textos que mostram a importância dada à educação como uma das principais prioridades do País. São opiniões e iniciativas que deixam claro que tomar atitudes e defender posturas como essas
fazem toda a diferença. É importante conhecer exemplos e compartilhar opiniões como os mostrados nas páginas desta revista, buscando contribuir para alcançar a tão sonhada melhoria da educação no Brasil. Como bem lembra Érico Ferreira, meu antecessor na presidência da ACREFI, “o Brasil Hilgo Gonçalves tem que dar prioridade Presidente da ACREFI à educação”. A ACREFI está comprometida e apoia iniciativas nesse sentido, como acontece com ações de cidadania financeira, da qual a educação financeira é um dos pilares, e que está incluída na Agenda BC+ do Banco Central. Além desta iniciativa a ACREFI estará divulgando na revista “Financeiro” atitudes exemplares voltadas para a causa. A ACREFI tem a convicção de que, caminhando nessa direção e abrangendo os diferentes setores da sociedade, conseguiremos realizar um esforço conjunto que é fundamental para o futuro do Brasil. Vamos apoiar e incentivar a causa visando inspirar seguidores para que coloquem a educação como a base para o desenvolvimento sustentável do País! Essa é uma tarefa que não poderá ser adiada. Ela é urgente e importante para o Brasil de hoje e do futuro. f
Precisaremos adotar uma postura de protagonismo, buscando cada um fazer a sua parte
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B3. INTEGRAMOS PARA POTENCIALIZAR. Empresa de infraestrutura de mercado de classe mundial, a B3 nasce para integrar o mercado e potencializar negรณcios. B3. Somos Brasil. Somos Bolsa. Somos Balcรฃo.
B3: o resultado da combinação entre a BM&FBOVESPA e a CETIP. Saiba mais em B3.COM.BR
sumário
EDIÇÃO # 110
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EDITORIAL
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ENTREVISTA DE CAPA CARLOS AMBRÓSIO
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13O SIAC
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Presidente da ANBIMA
ACREFI reúne mais um time de craques
SERASA EXPERIAN 50 ANOS JOSÉ LUIZ ROSSI Presidente da Serasa Experian
COMISSÕES ACREFI
ASSOCIADOS I PERFIL GazinCred RCI Brasil
6 FINANCEIRO I julho - agosto 2018
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CRÉDITO E COBRANÇA
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SUMMIT JURÍDICO
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Ensinamentos que levam a um Brasil melhor
Ponto de equilíbrio: inovação e risco
IMPACTO DAS INOVAÇÕES Workshop com Fábio Carneiro Chefe adjunto do Desup (BC)
PAINEL IFRS9 ACREFI e ABBC: parceria em prol do conhecimento
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Road Show POA
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PAINEL B3
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CULTURA
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ESPAÇO DO BEM
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PALAVRA FINAL ARTIGO DE NICOLA TINGAS
Compartilhando conhecimento
Financiamento de veículos
B3 e MASP: 66 obras de arte cedidas ao museu
Instituto Bourbon: transformação social pela educação
Consultor Econômico da ACREFI
nossosassociados • AGORACRED S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • AVISTA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • BANCO A.J. RENNER S.A. • BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. • BANCO CBSS S.A. • BANCO CETELEM S.A. • BANCO CNH INDUSTRIAL CAPITAL S.A. • BANCO CSF S.A.
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• BRB CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A.
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• BV FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO
• UNICRED DO BRASIL – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS COOPERATIVAS CENTRAIS UNICREDS
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expediente
ISSN 1809-8843
Publicação da acrefi - Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 - 28°andar São Paulo, SP Tel: (11) 3107.7177 www.acrefi.org.br Diretoria Biênio 2018 / 2020 Presidente Hilgo Gonçalves Vice-presidentes André de Carvalho Novaes Celso Luiz Rocha João Vitor Nazareth Menin Teixeira de Souza Leandro José Diniz Luis Eduardo da Costa Carvalho Rodnei Bernardino Wanderley Vettore Diretores Tesoureiros João dos Santos Caritá Jr. Murilo Silvério Diretores regionais Carlos Alberto Samogim Edson Tadashi Ueda Elias de Souza Giorgio Rodrigo Donini Leonardo Lima Bortolini Marcos Teixeira da Rosa Marcos Westphalen Etchegoyen Nelson Dias de Aguiar Thiago Rodrigues Urbaneja Conselho Deliberativo Álvaro Augusto Vidigal Érico Sodré Quirino Ferreira Hilgo Gonçalves José de Menezes Berenguer Neto Luiz Francisco M. de Barros Roberto Willians Silva Azevedo Rubens Bution Conselho fiscal (Efetivos) Domingos Spina José Tadeu da Silva Ricardo Albuquerque
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Suplentes Alexandre Teixeira José Garcia Neto Ricardo Kaoru Administração/Assessorias Diretor Superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Consultor Econômico Nicola Tingas Consultora Jurídica Cintia M. Ramos Falcão Consultor de Regulação e Compliance Sergio Odilon dos Anjos Auditoria Megacont Auditoria e Assessoria Contábil Contabilidade Conaupro Consultoria e Contabilidade Ltda. Assessoria de imprensa
Publisher Sergio Tamer Editores Theo Carnier Gilberto de Almeida Editor assistente Gustavo Girotto Arte Mariela Tiradentes Revisor Vicente dos Anjos * As matérias e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.
O 13º SIAC será certamente um sucesso! Vamos aproveitar o legado que nos foi deixado pelo período desafiador que enfrentamos para dar um passo à frente e potencializarmos as oportunidades. Por isso escolhemos o lema: “Brasil – Um passo à frente...”!. Venha participar conosco desse momento tão importante para todos nós.
22 de novembro de 2018 Das 8h00 às 12h30 Renaissance São Paulo Hotel
PROPÓSITO DO SIAC “Realizar um evento que irá estimular a percepção dos presentes sobre o legado das lições dos últimos anos e o desafio que representa a agenda futura. Buscar incentivar cada participante a agir como protagonista em sua área de atuação, para que o Brasil dê UM PASSO À FRENTE, para nós e para as futuras gerações”.
INSCREVA-SE JÁ www.siac.org.br
Carlos Ambrรณsio Presidente da ANBIMA
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entrevistadecapa
A ROBUSTEZ DO MERCADO PERMITE QUE TANTO EMISSORES QUANTO INVESTIDORES ESTEJAM SEMPRE RODEADOS DE BOAS OPÇÕES
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iante de um cenário econômico ainda volátil, Carlos Ambrósio assume a presidência da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capital) atendendo ao movimento das empresas em busca de alternativas para financiar seus projetos e mudar o perfil de suas dívidas. De olho também no desenvolvimento do mercado de capitais, uma das prioridades da sua gestão, Ambrósio já estuda a implantação de uma plataforma eletrônica de informações voltada a reunir, em uma única base, todos os documentos das ofertas realizadas pelas companhias.
Ao abordar a macroeconomia do País, o novo presidente da ANBIMA diz que as reformas estruturais são fundamentais para o crescimento de longo prazo. Entre as medidas urgentes estão a reforma da previdência e o ajuste fiscal, iniciativas que permitem devolver o Brasil ao equilíbrio. Na área social, ele avalia que a educação financeira é primordial para o desenvolvimento dos mercados, tanto quanto é importante instrumento também para fomentar a poupança de longo prazo. A seguir, leia a íntegra da entrevista exclusiva, concedida por Carlos Ambrósio à Financeiro. julho - agosto 2018 I FINANCEIRO
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Qual é a percepção da ANBIMA em relação ao atual cenário econômico e a possíveis turbulências provocadas pela política? Ainda estamos acompanhando os primeiros sinais de reação ao processo eleitoral, que ainda está bastante indefinido. Mesmo nesse cenário de incertezas, temos percebido os investidores alocando, ainda que com cautela, em produtos mais sofisticados. Esse apetite ao risco é influenciado pelos juros baixos, na busca pela diversificação das carteiras. Nossa indústria de fundos, por exemplo, segue forte, na marca dos R$ 4,3 trilhões de volume administrado. Do lado das empresas, vemos também movimentos importantes: no primeiro semestre deste ano, as companhias captaram R$ 144,5 bilhões no mercado de capitais doméstico, especialmente pelos instrumentos de renda fixa. Esse volume supera a média para o mesmo período nos últimos sete anos. O cenário mais volátil acabou retraindo as emissões em renda variável e no mercado externo, mas continuamos vendo as empresas buscando opções para financiar seus projetos e mudar o perfil de suas dívidas. O interessante do nosso mercado é que sua robustez permite que tanto emissores quanto investidores estejam sempre rodeados de boas opções.
A autorregulação da ANBIMA passou recentemente por uma importante transformação: mudamos o eixo das regras do produto para atividade. Ou seja, agora são definidas as responsabilidades de cada agente do mercado e são acompanhados aspectos da sua conduta profissional de maneira mais clara. Dois novos códigos já traduzem isso, o de Distribuição e o de Administração de Recursos de Terceiros. Os novos códigos já foram apresentados, passaram por audiência pública, foram publicados e entram em vigor a partir de janeiro de 2019. Até lá, para que os nossos associados e aderentes se adaptem à nova realidade, estamos promovendo uma série de cursos e webinars, apresentando as mudanças.
O apetite ao risco é influenciado pelos juros baixos, na busca pela diversificação das carteiras
Na sua posse, o senhor mencionou a necessidade de revisão de alguns pontos dos códigos de autorregulação da ANBIMA. Quais seriam as principais alterações?
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Como funcionará a plataforma de dados proposta pelo senhor para a realização de novos negócios?
Acelerar o desenvolvimento do mercado de capitais é a prioridade da ANBIMA neste ano. Entre as iniciativas do plano de ação que traçamos, está a consolidação da nossa base de dados, o que inclui o lançamento de uma plataforma de informações. Trata-se de um sistema eletrônico que está em fase de elaboração e vai agregar informações sobre o mercado. A proposta é reunir em um só lugar todos os documentos das ofertas realizadas pelas companhias. Estrearemos o sistema em fases, começando pela documentação das debêntures.
O que a ANBIMA espera da plataforma econômica do próximo governo? Quais são os principais desafios?
entrevistadecapa
Nossa expectativa é de que o próximo governo tenha atuação que contribua para o fortalecimento do mercado de capitais e da indústria de fundos. Do nosso lado, o que posso dizer é que estamos em interlocução com as equipes econômicas dos candidatos à Presidência, ouvindo suas propostas e apresentando estudos que preparamos com análises do cenário e sugestões sobre como o mercado de capitais pode contribuir para dar sustentação ao crescimento que o Brasil precisa. Após as eleições, nosso objetivo é continuar promovendo essa interlocução com o novo governo, levando a ele as nossas pautas. Também apoiamos as reformas estruturais. A reforma da previdência, por exemplo, avaliamos como urgente e de extrema necessidade para o Brasil. Os ajustes previstos são essenciais para devolver ao País as condições de retomada do crescimento no longo prazo. Temos convicção que o foco neste tema deve se manter no próximo governo. Não há ajuste fiscal possível sem a reforma da previdência.
A ANBIMA, assim como a ACREFI, tem uma enorme preocupação com a educação financeira. De que forma o senhor pretende atuar na disseminação desse conhecimento?
mercado; investidores; e público em geral. Para os profissionais, nossa atuação se dá por meio do estímulo à qualificação, com as certificações (CPA-10, CPA-20, CGA e CEA) e a educação continuada. Com os investidores estamos ampliando nosso papel educativo, com a disseminação de conteúdo principalmente nas plataformas digitais. Também realizamos periodicamente pesquisas qualitativas e quantitativas que nos ajudam a entender melhor a cabeça e as motivações dos brasileiros em relação às finanças. Nosso trabalho com a sociedade envolve a participação em fóruns nacionais sobre o tema e o apoio aos programas nacionais de educação financeira, ao lado de instituições como a CVM e o Banco Central.
O que mudou no mercado desde que você entrou na ANBIMA? Estou na ANBIMA desde sua criação, em 2009, e antes já fazia parte da Anbid. Vejo ao longo destes últimos anos um notável amadurecimento do mercado de capitais, com ganho significativo de participação frente a outras fontes de financiamento de longo prazo. Também é perceptível a evolução da indústria de fundos, com a criação de novos produtos, como os estruturados, e com o desenvolvimento dos gestores independentes. Na parte de distribuição, as plataformas se abriram, foram desenvolvidas estruturas independentes e surgiram novos gestores de patrimônio, por exemplo. É muito gratificante ver como a ANBIMA soube acompanhar todas essas mudanças e como a Associação ganhou relevância durante esse processo de evolução do mercado. f
Não há ajuste fiscal possível sem a reforma da previdência
Vemos na ANBIMA a educação financeira como fator essencial ao desenvolvimento dos mercados e como importante instrumento para fomentar a poupança de longo prazo. Recentemente, redefinimos nossa atuação nessa área, olhando para três grandes grupos: profissionais do
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PARA A FRENTE E PARA O ALTO!
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13ª EDIÇÃO DO SIAC REÚNE ESTE ANO MAIS UM TIME DE CRAQUES: DELTAN DALLAGNOL, DEMÉTRIO MAGNOLI, MARCOS LISBOA E MARCOS TROYJO
O
mês de novembro já está logo aí e cresce a expectativa no mercado financeiro pela realização da 13ª edição do SIAC (Seminário Internacional ACREFI), evento que é referência na análise e projeção do cenário macroeconômico. Programado para o dia 22 de novembro, no teatro do Renaissance São Paulo Hotel, o encontro deste ano é pautado a partir do tema Brasil, Um Passo à Frente e segue a tradição de reunir nomes expressivos do cenário nacional e internacional. Para a edição 2018 do SIAC, a diretoria da ACREFI reuniu, mais uma vez, renomados especialistas: Deltan Dallagnol, procurador da República e coordenador da Força-Tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato; Demétrio Magnoli, sociólogo, doutor em Geografia Humana, colunista da Folha de S. Paulo e comentarista da Globo News; Marcos Lisboa, economista, ex-secretário de Política Econômica no Ministério da Fazenda e presidente do Insper; e Marcos Troyjo, diplomata, economista, cientista político e diretor executivo do BRICLab, da Universidade Columbia.
Foto: Cauê Diniz
“O SIAC visa provocar uma reflexão a partir dos temas expostos por nossos qualificados palestrantes. O objetivo da ACREFI é estimular a troca de experiência e difundir o conhecimento tantos entre os convidados do evento como também por meio da mídia. Tudo para que possamos ficar ainda mais conscientes da realidade e do potencial de soluções para o Brasil, criando assim uma onda de protagonismo, em diversas áreas da sociedade. Isso nos levará a dar passos à frente, deixando um legado positivo para o Brasil, para nós e para as futuras gerações”, sintetiza Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI. Como já se tornou costume durante o SIAC, Valkiria Garré, CEO da Kantar TNS Brasil, exibe e comenta uma versão atualizada da Pesquisa ACREFI/TNS sobre a percepção do brasileiro relacionada à situação econômica e política do País. A apresentação e a moderação dos debates são conduzidas pela jornalista Christiane Pelajo. Leia a seguir algumas reflexões dos palestrantes publicadas recentemente na mídia.
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“O poder de transformação da tecnologia sobre o mundo do trabalho é imenso. Assim, é um erro creditar à globalização o papel de principal culpada pela obsolescência de regiões e setores manufatureiros nas principais economias do Ocidente.” MARCOS TROYJO Folha de S. Paulo, 6.6.2018
“A minirreforma política aprovada pelo Congresso ameaça inviabilizar a participação dos pequenos partidos no pleito de 2022.” DEMÉTRIO MAGNOLI Folha de S. Paulo, 9.6.2018
“A mão da Justiça é pesada demais com os pobres e leve demais com os poderosos”. DELTAN DALLAGNOL Twitter, 29.6.2018
Fotos: Divulgação
“O país se descobre refém de grupos de interesse que tentam extrair benesses de um governo nas cordas em meio ao nosso namoro com o precipício.” MARCOS LISBOA Folha de S. Paulo, 1.7.2018
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Fotos: Divulgação
DataLab da Serasa Experian, em São Paulo
“VIVEMOS A TECNOLOGIA DE FORMA MUITO PROFUNDA. ELA É A BASE DO NOSSO NEGÓCIO”
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oucas empresas no País acompanham tão de perto o cotidiano do brasileiro. Uma delas é a Serasa Experian. Isso porque se tornou referência na hora da avaliação de crédito: adimplente ou inadimplente? No entanto, a competência e a inteligência da empresa vão muito além dessa importante chancela relacionada à capacidade de pagamento do consumidor. Atuando há 50 anos no Brasil e responsável pela maior base de dados da América Latina, a Serasa oferece produtos e soluções de gestão de riscos, marketing e certificação digital. “Eu não vendo Coca-Cola, não vendo cerveja, não vendo televisão... eu vendo um produto que é um sistema. Vivemos a tecnologia de forma
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muito profunda. Ela é a base do nosso negócio”, explica José Luiz Rossi, presidente da Serasa Experian. Nesta entrevista, concedida à Financeiro, o executivo falou também sobre o Cadastro Positivo, as novas normas que protegem os dados pessoais do consumidor, o DataLab estruturado pela Serasa em São Paulo e suas ações permanentes de educação financeira. A respeito do Brasil, Rossi diz: “Eu sou um otimista. Tenho total confiança no crescimento do Brasil e do ser humano, porque a gente evolui dois passos para a frente e um para trás. Infelizmente, aqui no Brasil, a gente gosta de testar o País com governos ruins que atrapalham um pouco essa velocidade”.
serasaexperian50anos Ao comemorar 50 anos, a Serasa Experian participou de diversos movimentos positivos do mercado financeiro. Quais foram as principais conquistas da empresa? A ACREFI fez 60 anos e a Serasa, 50. São entidades formadoras do mercado de crédito. Imagino que quando a Serasa foi concebida esse mercado de crédito representava um percentual irrisório do PIB. Hoje, o crédito representa 50% do PIB. Não existe economia forte sem um mercado de crédito forte. A Serasa, durante todo esse período, foi instrumento de apoio na evolução desse processo. A empresa tornou-se um sinônimo desse mercado, em que as pessoas são avaliadas como boas pagadoras ou não. Isso tem muito a ver com a nossa história. Além disso, atuamos de forma destacada nesses 50 anos. A Serasa ajudou nesse crescimento e por isso se tornou uma empresa tão conhecida e relevante nesse setor. Isso foi fundamental para estimular os demais negócios da empresa? Na verdade, construímos o nosso negócio apoiado em três pilares: reputação da marca; uma base de dados inigualável; e excelência operacional. Com esse tripé, a Serasa ajuda seus clientes a tomarem boas decisões de negócios baseados em informações. E, obviamente, ter sido pioneira nesse mercado foi importante para se tornar uma marca que é referência no mercado. Nos preparamos dessa forma e, depois de tantos anos, obviamente, por oferecermos serviços de qualidade reconhecida, conquistamos uma posição de destaque. Qual é a expectativa da Serasa Experian sobre a aprovação, pelo Congresso, da proposta que torna obrigatória a inclusão dos dados do consumidor no Cadastro Positivo? Eu estou preocupado por que o Congresso praticamente já parou. Então, precisaremos de alguns esforços concentrados para que isso
aconteça. Mas, de qualquer forma, o Cadastro Positivo é fundamental. Ele virá, não sei se agora ou depois. Ele já existe, mas ainda é uma opção do consumidor. A alternativa facultada a ele deveria ser pela exclusão do seu nome do Cadastro Positivo. Isso porque temos hoje uma situação assimétrica. O cidadão sabe muito mais da sua situação financeira do que as entidades de crédito. As entidades não têm ainda dados que identificam a capacidade de crédito de cada cidadão. É preciso que as informações sejam mais transparentes. Nós entendemos que o Cadastro Positivo é um instrumento de inclusão financeira da população, além de ser uma forma de baratear e de expandir o crédito. Não existe país com uma economia forte sem um forte mercado de crédito. Esperamos que o Congresso consiga, em breve, aprovar a nova proposta de Cadastro Positivo. Como a Serasa preparou-se para tratar e preservar os dados do consumidor, diante das determinações internacionais do GDPR e da nova Lei de Proteção de Dados Pessoais? A Serasa tem duas bases em que o nosso negócio é desenvolvido: talentos, porque é um negócio de capital intelectual; e outro é tecnologia, pois cada produto nosso é um sistema. Eu não vendo Coca-Cola, não vendo cerveja, não vendo televisão... eu vendo um produto que é um sistema. Então, sempre vivemos a tecnologia de forma muito profunda. Ela é a base do nosso negócio. Para estarmos na crista da onda, há três anos criamos um DataLab, com 20 data centers. Ele ocupa uma área de 700 m² na Vila Olímpia, em São Paulo. Seu objetivo é pesquisar e desenvolver novas tecnologias e soluções, em conjunto com os nossos clientes ou não. Nesses três anos, conquistamos um sucesso excepjulho - agosto 2018 I FINANCEIRO 17
cional. Diversos produtos foram trabalhados, em áreas como de fraude e transformação de voz em texto. A tecnologia não é nada sem os sistemas que existem por trás dela, tornando-a diferenciada. Melhor e pior são conceitos definidos por quem usa. Para nós é importante entender quais são as tendências do mercado de forma abrangente. Criamos no Brasil um DataLab, que é o segundo maior da Experian do mundo, perdendo apenas para o de San Diego (Estados Unidos). De que maneira vocês estão trabalhando os projetos de educação financeira? A educação financeira é um importante fator da equação social. Não adianta nada termos ótimas informações sobre o consumidor, se ele estiver endividado e não puder tomar crédito. É importante a utilização do crédito consciente de maneira que a engrenagem da sociedade possa se mover. Se a pessoa toma crédito e não consegue pagar, ela está criando um problema para o sistema. Entre setembro de 2017 e julho deste ano, promovemos o Serasa Itinerante, em que um caminhão, durante 40 semanas, percorreu 44 municípios brasileiros, levando informação, negociando dívidas e, principalmente, ensinando qual é a melhor forma de um comportamento responsável perante o dinheiro. Só nessa ação, atendemos 100 mil pessoas e treinamos 2,5 mil professores. A educação financeira é um tema permanente na Serasa. Para quem mora em São Paulo o acesso às informações é mais fácil, mas pensamos também nas populações que moram no interior da Bahia e em outros lugares mais simples do Brasil. As pessoas estão mais cuidadosas ao fazer as suas despesas diante da crise que estamos enfrentando? Infelizmente não. Temos um número recorde de inadimplências, 61 milhões de pessoas. Ainda temos uma grande parcela da população que não tem reserva financeira, isso faz com que qualquer evento extraordinário leve à inadimplência. Todo o processo de educação financeira, mais do que ensinar sobre o consumo consciente, serve para mostrar a importância de se 18 FINANCEIRO I julho - agosto 2018
TENHO TOTAL CONFIANÇA NO CRESCIMENTO DO BRASIL E DO SER HUMANO ter uma reserva que possibilite você a não ficar desassistido em uma emergência, porque o imponderável acontece. O score de crédito pode se tornar um fator de atenção da população? Sim. Hoje, o cidadão olha se ele está negativado ou não. A partir da orientação do score, ele vai verificar que, depois de um determinado nível, é possível tomar um empréstimo. Quanto maior o score, maior o crédito e a capacidade de fazer patrimônio. O consumidor, de certa forma, já entende esse ciclo virtuoso, mas ele não tem um instrumento para acompanhar isso. Ele não sabe, por exemplo, que pagar as dívidas em dia faz com que o score aumente. Ao saber os fatores que influenciam na queda ou no crescimento do score, ele passa a entender qual é a dinâmica de avaliação do mercado. Como você enxerga esse mercado daqui 20 anos? Eu sou um otimista. Tenho total confiança no crescimento do Brasil e do ser humano, porque a gente evolui dois passos para a frente e um para trás. Infelizmente, aqui no Brasil, a gente gosta de testar o país com governos ruins que atrapalham um pouco essa velocidade. Mas acho, sim, que vamos crescer e que a própria tecnologia vai ajudar na transparência, eliminando as assimetrias, aumentando a capacidade das empresas tomarem decisões mais equilibradas e ponderadas e com isso os riscos serão diminuídos. f
serasa50anos comissões
UM POR TODOS E TODOS POR TODOS DIRETORIA DA ACREFI PROMOVE, DIA 22 DE AGOSTO, GRANDE ENCONTRO PARA UNIFICAÇÃO DE PROPÓSITOS DAS COMISSÕES TEMÁTICAS
U
m dos pilares da atual administração da ACREFI, o trabalho das dez comissões temáticas da entidade é fundamental para o bom desempenho das iniciativas voltadas aos associados. Pensando em gerar ainda maior convergência e coesão do grupo, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI,
aproveitou a reunião do dia 11 de junho, com os presidentes das comissões, para iniciar a mobilização em torno do grande encontro, dia 22 de agosto, no auditório da associação. A ideia é unificar os propósitos das comissões e agregar a participação de outros associados. Venha! Participe! Esperamos por você! f
PROGRAMAÇÃO AGOSTO/DEZ Daqui até o fim do ano, as Comissões da ACREFI têm uma programação intensa. Acompanhe o calendário das reuniões previstas. AGO SET COMISSÕES Grande Encontro 22/8 Assuntos Jurídicos 22/8 11/9 Assuntos Trabalhistas 22/8 Compliance 22/8 e PLD-FT 14/9 Crédito e Cobrança 22/8 13/9 Inovação e Tecnologia 22/8 18/9 Pessoas 22/8 27/9 Prevenção à Fraude 22/8 12/9 Relacionamento com 22/8 26/9 Clientes e Ouvidoria Varejo 22/8 19/9 Veículos 22/8 17/9
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21/11 12/12 12/11 10/12 julho - agosto 2018 I FINANCEIRO 19
perfil
SEJAM
BEM-VINDOS! CONHEÇA OS DOIS MAIS NOVOS ASSOCIADOS DA ACREFI
Criada há oito anos, a GazinCred foi constituída pelos acionistas do Grupo Gazin a partir da experiência conquistada durante 52 anos de atuação nos segmentos de varejo, atacado e indústria. Seus principais objetivos são diversificar os negócios e a oferta de crédito a seus clientes e parceiros. O portfólio da GazinCred é direcionado para antecipação de recebíveis, capital de giro, empréstimo consignado e pessoal, financiamento de veículos e emissão de letra de câmbio. A sede do Grupo Gazin está instalada em Douradina (PR) e tem à frente do Conselho Administrativo o empresário Mário Valério Gazin. Focada na satisfação dos clientes, a empresa investe em treinamentos, palestras, formação universitária e pós-graduação da equipe. Sua intenção é manter o colaborador motivado para gerar melhores resultados. Além disso, realiza diversas ações voltadas à responsabilidade social.
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O Banco RCI Brasil pertence ao Grupo RCI Banque, o qual está presente em 36 países e é especializado em produtos financeiros para atender a clientes das marcas Renault, Nissan, Dacia, Infinity, Samsung Motors e Datsun. No Brasil, iniciou suas atividades em junho do ano 2000, sendo que em 2015, após uma reorganização societária, recebeu a autorização do Banco Central para se tornar um banco múltiplo, com as carteiras de crédito, arrendamento mercantil, financiamento e investimento. O principal papel do Banco RCI Brasil é a concessão de crédito para aquisição de veículos novos das marcas Renault e Nissan, atuando em todo o território nacional, tanto no varejo (pessoas físicas e jurídicas) como na rede de concessionárias.
op in ião atitude conhecimento Há 60 anos, a ACREFI é movida pelos desafios e pela força dos associados. Você faz parte dessa comemoração.
ENSINAMENTOS QUE LEVAM A UM BRASIL MELHOR MAIOR SEGURANÇA BANCÁRIA PARA OS CLIENTES, SEGURO QUE GARANTE PAGAMENTO DE TRANSAÇÕES COMERCIAIS E MELHOR DIRECIONAMENTO DO CRÉDITO PODEM DEVOLVER O PAÍS À ROTA DO DESENVOLVIMENTO
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segmento de crédito e cobrança é alvo constante da atenção do mercado e sempre suscita novas estratégias e análises dos especialistas. Para manter o debate atualizado em cima do tema, a ACREFI promoveu o seminário Crédito e Cobrança em Debate, dia 16 de junho, no Renaissance São Paulo Hotel, que contou com a participação dos convidados: André Loes, diretor-executivo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC); Marcele Lemos, CEO da Coface Brasil, multinacional de seguro de crédito; e Ana Carla Abrão Costa, sócia da consultoria Oliver Wyman. O encontro foi patrocinado por B3, Credilink, CNseg e Serasa Experian. Certamente um dos importantes avanços do Sistema Financeiro Nacional foi a criação do FGC. Sua fundação trouxe ao merFotos: Marcos Fiore
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cado mais estabilidade e segurança diante de uma possível crise sistêmica provocada por uma liquidação bancária. “O lado do ativo não tem sucesso se não houver cuidado no tratamento de eventual passivo”, lembrou André Loes. “Nos últimos dois anos, melhoramos muito a nossa capacidade de pagamento em caso de liquidação. No recente caso do Banco Neon, por exemplo, o ressarcimento dos clientes aconteceu em sete dias”, lembra ele. Além de acelerar os pagamentos, Loes falou da preocupação do FGC em se tornar mais conhecido dos brasileiros. Para isso, uma campanha digital já foi iniciada, com a possibilidade de evoluir para a mídia eletrônica. “Assim como em outros países, a nossa meta é que 50% da população conheça os benefícios gerados pelo FGC.
créditoecobrança Outro avanço recente foi a aprovação pelo BCl para que o valor coberto pelo FGC seja de R$ 1 milhão por pessoa a cada quatro anos. No entanto, essa mudança não altera o limite de garantia de R$ 250 mil por instituição financeira. “Se um cliente tem recursos distribuídos em vários bancos e se essas instituições passarem por dificuldades, dentro de um período de quatro anos, o cliente será ressarcido até o valor de R$ 1 milhão”, explica o diretor-executivo do FGC. Trazendo o olhar para a área de produtos e serviços, Marcele Lemos mostrou aos convidados da ACREFI a importância dos seguros de crédito em casos de inadimplência em transações comerciais entre empresas e em contratos de exportação. “Os seguros nessas modalidades de negociação têm se revelado fundamentais diante das insolvências e dos crescentes pedidos de recuperação judicial”, destaca Marcele. Só no Rio de Janeiro, por exemplo, no primeiro semestre deste ano, o número de empresas que entraram com pedido insolvência no Estado cresceu 10%, em relação a igual período de 2017, 685 contra 753 solicitações. Com a carteira de clientes da Coface Brasil composta por 65% de empresas multinacionais, a executiva lembra que aqui os empresários têm o hábito de contratar seguro para quase todos os seus ativos, menos para os seus recebíveis. “É uma questão de cultura que estamos trabalhando. Eles se esquecem de que a inadimplência ou a insolvência afeta a liquidez dos ativos, reduz o capital de giro e ainda pode afetar a continuidade do negócio”, alerta Marcele. Ao abordar a influência do crédito na produtividade do País, na geração de emprego e no crescimento da renda, segundo Ana Carla Abrão Costa, o Brasil se descolou, nos últimos três anos,
do padrão global de evolução dos mercados. Isso porque aqui o crédito é mal-alocado, resultando em baixo retorno dos investimentos, escasso e caro, por causa, entre outras coisas, das altas taxas de juros. “Esse quadro só vai mudar quando tivermos melhor visibilidade de dados, maior flexibilidade, preço mais justo e maior imparcialidade na concessão”, pontua Ana Carla. Essa mudança de patamar passa certamente pela revisão da lei do Cadastro Positivo, quando as instituições terão acesso amplificado aos dados financeiros do consumidor. “O Cadastro Positivo é uma ferramenta poderosa para controlar a inadimplência”, reforça a executiva da Oliver Wyman. Além disso, a economista sinaliza com outras ações que podem devolver o Brasil a um ritmo estável de desenvolvimento, como a melhoria no sistema de garantias, uma regulação mais eficiente do mercado imobiliário e a aceleração das concessões baseadas em risco. Por ter convicção de que Brasil conseguirá virar esse jogo, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, ao agradecer pela contribuição intelectual dos palestrantes, reforçou seu posicionamento positivo em relação ao futuro do Brasil. “Precisamos tirar das dificuldades as lições para construirmos um país melhor e mais pujante. Vamos continuar a olhar o Brasil pela parte cheia do copo”, instiga Hilgo. “É preciso lembrar também que temos um Banco Central que busca soluções e dedica grande esforço em torno da Agenda BC+ para que as pessoas conquistem cidadania financeira e tomem decisão mais consciente”, acrescenta o presidente da ACREFI. f De cima para baixo: André Loes, Marcele Lemos, Ana Carla Abrão Costa e Hilgo Gonçalves julho - agosto 2018 I FINANCEIRO 23
PONTO DE EQUILÍBRIO SEMINÁRIO PROMOVIDO PELA ACREFI DEBATE O CONTRAPONTO ENTRE O AVANÇO DAS FERRAMENTAS DE INOVAÇÃO NO SISTEMA FINANCEIRO E OS CUIDADOS DO REGULADOR PARA REDUZIR OS RISCOS
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empre atenta aos temas que movimentam o mercado financeiro, a ACREFI realizou, dia 21 de junho, no Renaissance São Paulo Hotel, a 4ª edição do Summit Jurídico ACREFI. Desta vez, o tema que predominou no encontro foi o Open Banking. O assunto foi explorado pelos advogados Jairo Saddi, especialista em Direito Bancário, árbitro da Câmara de Arbitragem da ANBIMA e conselheiro do IASP (Instituto dos Advogados de São Paulo); Patricia Peck, especialista em Direito Digital e sócia do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados; e Bruno Feigelson, sócio do escritório Lima-Feigelson Advogados, com forte atuação na área de tecnologias disruptivas. Mediado por Cintia Ramos Falcão, consultora jurídica da ACREFI, o 4ª Summit Jurídico foi patrocinado pela B3, CNseg, Credilink e Serasa Experian.
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Como já é de hábito, antes de passar a palavra aos palestrantes, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, além fazer seus agradecimentos, aplicou sua tradicional injeção de ânimo na plateia. Ele indicou que temos à frente importantes desafios e ótimas oportunidades. “Estamos vivendo um momento em que a cidadania financeira e a sustentabilidade do crédito ganham cada vez mais espaço entre os consumidores. Essas são algumas das razões por que devemos observar a realidade a partir da metade cheia do copo”, reforçou Gonçalves. Como primeiro palestrante do Summit Jurídico da ACREFI, Jairo Saddi lembrou que o assunto dos Open Bankings foi bem recepcionado no Brasil há dois anos e trouxe avanços positivos no âmbito da concorrência. No entanto, é preciso dedicar atenção especial ao uso e à privacida-
summitjurídico
Da esq. para dir.: Jairo Saddi Patricia Peck Bruno Feigelson
Acostumado a lidar com clientes envolvidos com tecnologias disruptivas, Bruno Feigelson disse que esse tipo de plataforma nasce, naturalmente, em ambientes sem regulamentação. “Hoje tudo está muito acelerado e o Direito evoluiu em um ritmo mais lento”, afirmou o sócio do escritório Lima-Feigelson Advogados. A regulamentação, segundo e especialista, tende a proteger o status quo. Ele defende a criação de novos espaços para o desenvolvimento e a difusão de plataformas digitais, seguindo exemplo do Itaú com o Cubo. “É preciso estabelecer sandboxes (sistema cercado de muita segurança, em que os dados gerados e executados dentro dele são apagados assim que o computador é reiniciado), em que seja possível experimentar, sem o risco de contaminar o sistema. A ideia embutida nisso é que o regulador acompanhe o processo desde o começo, reduzindo descompasso entre a inovação e a regulamentação”, concluiu Feigelson. f Fotos: Marcos Fiore
de dos dados dos clientes. “Todos os bancos devem administrar as informações dos correntistas a partir da prévia autorização do consumidor”, advertiu Saddi. Outro ponto que mereceu destaque na sua palestra foi o risco de fraude — ou o indevido dos dados — por parte de empresas de serviço que oferecem crédito. “Não temos, por enquanto, uma legislação para controlar esses bankings. Entendo o posicionamento do BC que favorece a concorrência, mas ainda temos uma série de problemas a ser resolvida. É preciso avançar com cuidado”, recomendou Saddi. Para atender a esse cliente digital, Patricia Peck destacou que o ambiente das transações tornou-se mais complexo, pois é preciso estabelecer até onde vai a responsabilidade de todos os envolvidos nesse negócio. “Essa inovação tecnológica precisa ser ética e segura para ser sustentável”, advertiu Patricia. “A mudança de mentalidade passa por atitudes aparentemente simples, como, por exemplo, não mentir na hora de registar a sua data de nascimento, no Facebook.” Sobre o uso dos dados dos clientes, a especialista em Direito Digital lembra que só os contratos nem sempre alcançam todas as responsabilidades. “Por isso a regulamentação é tão importante, desde que também não provoque o engessamento do processo”, sugeriu Patricia Peck.
Da esq. para dir.: Patricia Peck, Cintia Ramos Falcão e Bruno Feigelson
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Fotos: Marcos Fiore
CONEXÃO E INTEGRAÇÃO WORKSHOP PROMOVIDO PELA ACREFI SOBRE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO PROVOCA REFLEXÃO A PARTIR DOS AVANÇOS DIGITAIS E DA EXPECTATIVA DO CONSUMIDOR
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e existe um assunto que não se esgota é tecnologia. Ele se torna ainda mais atraente quando se pode oferecer aos associados um evento exclusivo, como o workshop O Impacto das Inovações no SFN, Segundo a Perspectiva do BCB, com o especialista Fábio Lacerda Carneiro, chefe adjunto do Departamento de Supervisão Bancária (Desup) do Banco Central. O encontro aconteceu dia 18 de junho, na sede da ACREFI, quando foi debatido o tema Reflexões sobre o Impacto das Inovações da Tecnologia no Sistema Financeiro Nacional.
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Antes do início da palestra, Lacerda foi saudado por Leonardo Bortolini, presidente da Comissão de Inovação e Tecnologia da ACREFI, que aproveitou a oportunidade para, entre outras coisas, reconhecer o esforço dos bancos e das financeiras para fazer a conexão e a integração dos clientes nas plataformas digitais. “É um caminho sem volta e devemos trabalhar para evoluir e virar essa página”, destacou Bortolini. Ao aproveitar a mesma linha de raciocínio do presidente da Comissão de Tecnologia da ACREFI, Lacerda lembrou que esse momento que as instituições financeiras estão
impactodasinovações
vivendo é um processo inexorável e benéfico para toda a sociedade. “A descentralização e a desintermediação, por exemplo, são avanços que podem gerar maior eficiência e competitividade. A chegada de novos entrantes permite realizar operações entre empresas ou entre pessoas sem a intermediação de uma instituição financeira, com mais agilidade e menor custo”, explica Lacerda. “O que importa é um cliente mais bem-atendido.” Para aqueles que já enxergam o celular com um instrumento ultrapassado, como aconteceu com o telex e com o fax, Lacerda adverte que nem tudo são flores. Pois, a democratização do acesso exige, por exemplo, educação financeira para que recursos sejam usados com responsabilidade. “Ela é fundamental para evitar o endividamento e a inadimplência”, afirma o executivo do BC. Sobre as fintechs, o palestrante disse que o regulador está atento e só deve fazer uma intervenção quando for preciso e, assim mesmo, de maneira proporcional, visando apenas ao regramento do sistema financeiro. “Assim como faz com outros movimentos, o BC observa as fintechs já há um bom tempo, desde o surgimento da Agenda BC+, mas pensa diversas vezes antes de tomar qualquer atitude para não atrapalhar a evolução”, explica Lacerda. “A maior preocupação do BC, diante da oferta de novos serviços, é manter a
segurança jurídica, a solidez e eficiência do SFN”, acrescenta. Segundo Lacerda, o principal drive da inovação está na mudança de expectativa do consumidor. Ele espera por serviços mais rápidos, mais Fábio Lacerda Carneiro baratos e mais eficientes. Chefe adjunto do Departamento O regulador, por sua vez, de Supervisão Bancária (Desup) tende a atender a expectado Banco Central tiva das pessoas, sendo que cada uma delas enquadra-se em quatro perfis, conforme estudo da Accenture: tradicional, que conta com tradicionais canais e interações, mas, mesmo assim, deixam vestígios digitais; experimental, que se envolve seletivamente com o digital para descobrir os benefícios dessa experiência; transitório, que se esforça para o envolvimento digital de forma mais ampla, mas nem sempre é capaz de fazê-lo; e digital savvy, o digital está presente em tudo na sua vida, o acesso móvel é essencial. “No caso da educação financeira, é preciso criar para cada perfil uma abordagem eficiente”, avalia o chefe adjunto do Desup. Em outra ponta, não podemos permitir que a regulação prejudique ou sufoque a inovação”, completa Lacerda. Ao agradecer ao palestrante, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, disse que pensar em inovação é pensar na sobrevivência do sistema. “Inovar é necessário, para servir melhor os clientes, com maior eficiência e por preços competitivos. É por isso que a ACREFI apoia as iniciativas da sua Comissão de Inovação e Tecnologia, os movimentos da Agenda BC+, o Cadastro Positivo e tudo o que contribua com a cidadania financeira”, conclui Gonçalves. f Da esq. para dir.:
Hilgo Gonçalves, Fábio Carneiro e Leonardo Bortolini julho - agosto 2018 I FINANCEIRO 27
NOVOS TEMPOS EMPENHADAS EM DIFUNDIR O CONHECIMENTO, A ACREFI E A ABBC UNEM-SE E PROMOVEM EVENTO PARA DISCUTIR A IMPLANTAÇÃO E OS DESDOBRAMENTOS DE MODELO INTERNACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO E MENSURAÇÃO DE ATIVOS E PASSIVOS FINANCEIROS
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painelIFRS9
Fotos: Divulgação
P Ricardo Gelbaum
Pancho
Reinaldo Oliari
Ivan Nacsa
arceiras de longa data, a ACREFI e a ABBC ampliaram essa união em torno de mais um propósito em comum: a difusão de conhecimento. O evento de estreia foi o Painel IFRS9 – A Convergência aos Padrões Internacionais nas Instituições Financeiras, organizado dia 26 de junho, em São Paulo, no auditório da ABBC Educacional, com patrocínio da Deloitte e da FBM Consultoria. Antes do início das apresentações, Ricardo Gelbaum, presidente do conselho de administração da ABBC, falou sobre a importância de trabalhar de forma colegiada com a ACREFI e com as demais entidades do Sistema Financeiro para que juntas conquistem pleitos semelhantes. “Nada mais apropriado do que iniciarmos isso abordando o IFRS9 para que estejamos informados e sincronizados com os modelos internacionais de demonstração contábil”, ressaltou Gelbaum. Em nome da ACREFI, Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) também exaltou o começo dessa nova aliança a partir de um curso sobre um assunto tão relevante para o mercado. “Compartilhar conhecimento é um dos pilares da atual gestão da ACREFI. É por meio do conhecimento que transformaremos o País pela educação. Se cada um fizer a sua parte, certamente teremos uma nação melhor”, enfatizou Pancho. A primeira apresentação do painel – programado para um dia inteiro do trabalho – foi de Reinaldo Oliari, gerente sênior de Advisory e de Auditoria da Deloitte no Brasil. Ao abordar os Editais de Audiência Pública 54 e 60, o especialista trouxe o contexto em que o IFRS9 foi criado, mostrou que ele foi uma resposta à crise de 2008, tornando-
-se uma exigência do G20 e dos reguladores para mitigar novos colapsos econômicos. Segundo Oliari, a nova norma, a partir do modelo de estimativa de perda esperada ajustado, resulta em sustentabilidade ao longo do tempo. Ou seja, as instituições não poderão rever as premissas constantemente, a fim de gerenciar o impacto no resultado financeiro. Espera-se também que os juros cobrados nos empréstimos cresçam para preservar o spread, mas a decisão de repassar ou não o aumento aos clientes é estratégica e deverá ser analisada por uma a uma das instituições financeiras. Na segunda palestra da programação, Ivan Nacsa, sócio fundador da FBM Consultoria, aqui no Brasil, as instituições financeiras têm duas exigências importantes geradas pela implementação do IFRS9. A primeira delas é preparar demonstrativos consolidados do exercício de 2018 a partir dos critérios do IFRS9. O segundo desafio é seguir as normas que visam à harmonização do Cosif, em 1º de janeiro de 2019, prazo inicial divulgado pelo Banco Central. No entanto, indícios apontam que esse prazo é praticamente inviável, pois a Resolução deve ser publicada a partir de agosto deste ano e, na sequência, as normas explicativas. Assim, as instituições não teriam tempo hábil de se preparar e desenvolver sistemas específicos para atender às mudanças. Desse modo, o mercado já estaria trabalhando com a postergação para 2020. Mesmo assim, a iniciativas como essa da ACREFI e da ABBC são essenciais para que os profissionais das instituições financeiras estejam preparados para os novos tempos. f julho - agosto 2018 I FINANCEIRO 29
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Fotos: Divulgação
PORTO ALEGRE
SHOW EM PORTO ALEGRE (RS), ACREFI PROMOVE ROAD SHOW PARA TROCAR INFORMAÇÕES E FOMENTAR NEGÓCIOS ENTRE EMPRESÁRIOS E EMPREENDEDORES GAÚCHOS
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ACREFI não descansa do seu propósito de compartilhar conhecimento. À frente dessa importante missão, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, esteve dia 25 de julho em Porto Alegre para realização de mais uma edição do Road Show. Participaram do encontro, que aconteceu no Sheraton Hotel, os palestrantes André Arantes Loes, diretor-executivo do FGC; Cristiano Dantas, superintendente de Relações Institucionais da B3; Mauro Melo, CEO e diretor Comercial da Credilink; Marcelo Bassalobre, coordenador de Negócios da CIP; e Márcio Mello Chaves, sócio do escritório Patricia
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Peck Pinheiro Advogados. A mediação da reunião foi de Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), diretor superintendente da ACREFI. O evento foi prestigiado com a presença de Wanderley Vettore, CEO da Portocred e vice-presidente da ACREFI; Thiago Rodrigues Urbaneja, diretor de Novos Negócios do Banco Renner e diretor regional da ACREFI, além de executivos do Grupo Record (RS), Correio do Povo, World Bank Group, Sicred Informática, Banco Losango, Santander, Sicredi e BV Financeira. Para realização de mais esse Road Show, a ACREFI contou com o patrocínio da B3 e da Credilink. f
roadshowPOA
Hilgo Gonçalves Presidente da ACREFI
André Arantes Loes Diretor-executivo do FGC
Cristiano Dantas Superintendente de Relações Institucionais da B3
Mauro Melo CEO e diretor Comercial da Credilink
Marcelo Bassalobre Coordenador de Negócios da CIP
Márcio Mello Chaves Sócio do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados.
Thiago Rodrigues Urbaneja diretor de Novos Negócios do Banco Renner
Wanderley Vettore CEO da Portocred
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Financiamentos de veículos somam 412,7 mil unidades em junho Vendas a crédito de autos leves novos crescem 2,4% na comparação com mesmo mês do ano passado
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s financiamentos de veículos novos e usados recuaram 1% em junho de 2018 na comparação com o mesmo mês do ano passado, encerrando o período com um total de 412.747 unidades financiadas, entre autos leves, motos e pesados. Desse total, foram vendidos a crédito 157.831 veículos novos, alta de 5,2% em relação ao mesmo período de 2017. Já os usados atingiram 254.916 vendas a crédito em junho deste ano, queda de 4,5% na mesma base de comparação.
O levantamento é da B3, empresa resultante da combinação de atividades da BM&FBOVESPA, uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, e a Cetip, maior depositária de títulos privados da América Latina. A B3 opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base integrada de informações que reúne o cadastro de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil.
VARIAÇÕES
Entre os automóveis leves, as unidades novas avançaram 2,4% em junho de 2018, em relação ao mesmo período de 2017, ao somarem 96.576 carros financiados. Já os autos leves usados tiveram retração de 4,7% no volume de financiamentos, na mesma base de comparação, e totalizaram 233.045 unidades financiadas em junho deste ano contra 244.662 em junho do ano passado. Os percentuais indicam uma leve retração no ritmo de financiamento de veículos, sobretudo ao considerarmos os resultados registrados em maio de 2018.
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Considerando as modalidades de financiamento, o CDC continua sendo a categoria mais utilizada pelos consumidores, com 83,7% de participação. O Consórcio, que já mostrava sinais de queda no mês anterior, teve novo recuo de 1% na preferência dos consumidores em junho, na comparação com o mesmo mês de 2017. A participação dos Consórcios no universo de financiamentos representa 14,7% do total.
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cultura
UM PRESENTE A SÃO PAULO Foto: Cauê Diniz
B3 E MASP FECHAM PARCERIA INÉDITA E 66 OBRAS DE ARTE SÃO CEDIDAS POR 30 ANOS AO MUSEU
A
s parcerias entre a iniciativa privada e os museus são bem conhecidas na Europa e nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, a B3 e o MASP fecham um acordo inédito e obras de arte da coleção da Bolsa de São Paulo foram cedidas, por meio de comodato, por 30 anos ao museu fundado por Assis Chateaubriand. São trabalhos assinados por artistas como Guignard, Aldo Bonadei, Anita Malfatti, Antonio Bandeira, Antonio Henrique Amaral, Ianelli, Benedito Calixto, Portinari, Di Cavalcanti e Pancetti, entre outros. A parceria é uma homenagem aos ex-conselheiros das antigas BM&F e Bovespa, empresas que deram origem à BM&FBOVESPA, em 2008, e à B3, em 2017, após a combinação de atividades com a Cetip. O comodato permite que o MASP exponha e empreste as obras para outros museus, do Brasil e do mundo, ao
mesmo tempo em que assume a responsabilidade pela conservação dos trabalhos. “A B3 completou um ano em 2018, mas tem uma trajetória centenária. Essas peças estiveram em nossas paredes por muitos anos, participando, junto com as pessoas que construíram essa empresa, de inúmeros momentos importantes da economia do País. Possibilitar o acesso da sociedade a obras tão ricas e culturalmente valiosas para o Brasil, por meio do MASP, é uma alegria e um orgulho para nós”, afirma Gilson Finkelsztain, presidente da B3. “É uma honra para o MASP receber um arquivo tão rico para a cultura do Brasil. Muitas obras nunca foram expostas antes e é um privilégio poder vê-las de perto. É um presente especial da B3 para a população de São Paulo”, comenta Heitor Martins, diretor-presidente do MASP. f Mulata/Mujer, Di Cavalcanti
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“A EDUCAÇÃO TRANSFORMA AS PESSOAS; AS PESSOAS TRANSFORMAM O MUNDO” COM A AJUDA DO INSTITUTO BOURBON DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL, CRIANÇAS E JOVENS CARENTES DO NORTE DO PARANÁ TÊM A CHANCE DE CONQUISTAR UM FUTURO MELHOR
vo era melhorar a qualidade de vida daquelas pessoas por meio de uma moradia adequada e de educação. "Tenho ligação importante com Cambará e vi nesses anos as oportunidades de emprego e a educação local diminuírem muito. Nesse cenário, muitas crianças não estavam estudando como deveriam, e seus pais sofriam com a preocupação da moradia. Percebi que ajudar essas pessoas a conquistarem suas casas, e ter uma escola para seus filhos, era uma excelente saída para ajudar a região. Recebi muito apoio de empresas e da prefeitura. Com isso, conquistamos essas casas e a escola", conta Alceu Vezozzo.
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Fotos: Divulgação
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ambará, cidade da região norte-paranaense, conquistou uma célula de transformação social pela educação. É o Instituto Bourbon de Responsabilidade Socioambiental, responsável por projetos educacionais, culturais e esportivos, que fazem toda a diferença na vida dos alunos das escolas Caetano Vezozzo e Professor Milton de Faria Ribeiro – a primeira, voltada ao ensino fundamental, e a outra, direcionada ao ensino técnico –, além de iniciativas sociais e de cuidados da saúde dessa comunidade. O Instituto Bourbon construiu nas duas unidades educacionais salas de aula, bibliotecas e quadras esportivas, abrindo um novo horizonte na vida de mais de 2.000 alunos, desde a pré-escola até os cursos profissionalizantes. Embora o Instituto Bourbon tenha nascido em 2013, esse projeto transformador surgiu ainda em 2002, quando Alceu Vezozzo, fundador da rede Bourbon Hotéis & Resorts, e na época diretor do Rotary International de Cambará, idealizou e construiu, com a ajuda de outros distritos próximos e internacionais do clube, a Vila Rotary, conjunto de 80 casas, ao redor da escola Caetano Vezozzo, destinado a famílias em situação de extrema carência. Seu objeti-
Para estimular ainda mais essa transformação por meio da educação, o Instituto Bourbon mantém, em Cambará, importantes parcerias com o SENAI, SENAC e SESC, que oferecem 21 cursos profissionalizantes, como gastronomia, estética, corte e costura, panificação, línguas e informática. Além disso, os estudantes têm a chance de optar por atividades ligadas às áreas de recursos humanos, finanças, produção, logística e vendas. Essas parcerias formaram centenas de aprendizes – muitos deles já empregados em empresas da região. Outro ponto importante: os jovens do Instituto Bourbon recebem orientação para que encontrem o seu caminho na vida universitária. Para os próximos anos, o Instituto Bourbon planeja expandir sua atuação, gerando novas oportunidades. Uma delas é a inauguração, nos próximos meses, de uma unidade do Bourbon Business, em Cambará. "Desde a apresentação da ideia até a entrega dos proje-
tos, sentimos o quanto aquilo era importante para aquela comunidade e como faríamos a diferença com essa ação. Esperamos que em outros locais nossos projetos possam ter o mesmo efeito. O Instituto Bourbon tem como objetivo melhorar a vida de quem precisa por meio da educação e da moradia”, reafirma o empresário. Além dos projetos em Cambará, o Instituto Bourbon apoia também: a escola Os Pinhais, localizada em São José dos Pinhais, próxima de Curitiba, oferecendo cursos de hotelaria para jovens de baixa renda; e o Lar Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Curitiba, proporcionando recursos sociais e educacionais para crianças carentes. “O nosso melhor legado é que todas essas escolas continuem a formar novos profissionais. A educação transforma as pessoas; as pessoas transformam o mundo”, conclui Alceu Vezozzo. f
Alunos curso de Assistente Administrativo do SENAI
Atividade dos alunos da escola Caetano Vezozzo
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palavrafinal Nicola Tingas*
Foto: Divulgação
CICLOS ECONÔMICOS CURTOS; INSUFICIENTES PARA OBTER O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL SUSTENTÁVEL
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nação brasileira tem pouco mais de 500 anos. Quando comparada com outras nações de história recente, tem evoluído tardiamente e perdido em produtividade e competitividade, ficando defasada no alcance do desenvolvimento econômico e social. Durante o "Governo Militar" (1964-1985), em particular na década de 1970, a economia teve um ciclo de crescimento médio de 7%, conhecido como "milagre econômico", fruto de altas taxas de investimento e industrialização do País. Contudo, foi um período ditatorial de convulsão e forte retrocesso social, execrado pela sociedade até os dias atuais. Ao longo da "Nova República" (1986-2018) tem crescido a influência nos Três Poderes da Nação (Legislativo, Executivo e Judiciário) de "grupos de pressão ou interesses", em geral oriundos do setor público e alguns do setor privado. Com isso, há crescentes obstáculos para
a governança integrada e isenta, que permita alcançar objetivos econômicos e sociais sustentáveis no médio e longo prazos. A economia passou a ser administrada com sucessivos e enormes aumentos do gasto público, demandando contrapartida para o financiamento do crescente deficit público, realizado através do aumento e até mesmo da duplicação da carga tributária e também pelo expressivo aumento da dívida pública. Além de impedir a realização de uma agenda econômica e social, esse crescente desequilíbrio tem gerado ciclos de crescimento econômico de curto prazo, apelidados de "voo de galinha". A criação de ciclos sustentáveis de longo prazo é o enorme desafio do novo governo, e requer não só o "voto certo" mas, também, intensa participação da sociedade. f (*) Nicola Tingas é consultor econômico da ACREFI. Artigo enviado em 23.7.2018
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