EDIÇÃO
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SETEMBRO - OUTUBRO
BRASIL, UM PASSO À FRENTE SEMINÁRIO INTERNACIONAL DA ACREFI REÚNE ESPECIALISTAS EM TORNO DOS DESAFIOS PARA QUE O BRASIL CONTINUE NO RUMO DO CRESCIMENTO
Deltan Dallagnol
Demétrio Magnoli
Marcos Lisboa
EDUCAÇÃO Mercado se mobiliza para o IV Fórum de Cidadania Financeira Pág. 17
Marcos Troyjo
Valkiria Garré
Hilgo Gonçalves
ANÁLISE DE CRÉDITO Rodrigo Abreu revela os planos da Quod na gestão de dados Pág. 18
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2 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
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editorial
Desafios e oportunidades. Temos tudo para dar um “passo à frente”
S
omos sabedores de todos os desafios que o futuro Presidente da República terá que enfrentar, entre os quais responsabilidade fiscal, reforma da previdência, reforma tributária, melhoria da educação, segurança, e principalmente recuperar a confiança em todos os níveis. Em que pesem todos esses desafios, o primeiro turno das eleições nos deu motivos para reforçar nosso otimismo, apesar das dificuldades. Os resultados das urnas mostraram, mais uma vez, que os brasileiros estão atentos e refletem sobre as necessidades do país, optando por mudanças que ajudam a oxigenar a política, ao mesmo tempo em que reforçam a esperança de dias melhores. De fato, quando olhamos de forma mais atenta para o Brasil, notamos inúmeras vantagens competitivas. Temos um país continental com 8.516.000 km2 e mais de 200 milhões de habitantes formando um povo trabalhador, corajoso e guerreiro que já se mostrou muito resiliente no enfrentamento de crises. Não convivemos com catástrofes naturais, guerras, etc. Temos uma economia pujante e diversificada, com posição de liderança mundial em segmentos do agronegócio e de alguns setores da indústria, entre outros. Na nossa área, contamos com um sistema financeiro forte e com a presença competente do Banco Central do Brasil, reconhecido internacionalmente como um dos melhores do mundo. Há obstáculos a superar, entre os quais a geração de empregos, pois hoje temos mais de 13 milhões de desempregados. Mas, por outro lado, se olhamos a parte das oportunidades. Notamos que surgiram mais de 2 milhões de novas empresas no ano passado, número recorde, de acordo com a Serasa Experian. E no primeiro semestre batemos mais um recorde para o período, com 1,26 milhão de empresas criadas, sendo que as MEIs tiveram uma participação de 81,8%. Conforme o Sebrae, os pequenos negócios abriram 350 mil novas
vagas no primeiro semestre. Ou seja, nota-se com clareza o protagonismo das pessoas em buscar soluções, criando micro e pequenas empresas, gerando emprego, renda e desenvolvimento ao nosso país. O que precisamos fazer é apoiar essas iniciativas para que essas empresas possam prosperar e continuem a gerar riquezas. Com esse pensamento, a ACREFI vai realizar no dia 22 de novembro Hilgo Gonçalves o 13º SIAC (Seminário Internacional Presidente da ACREFI ACREFI), que terá como lema “Brasil, um passo à frente...”. Será um amplo fórum de análise e debate sobre as perspectivas da economia brasileira e global na visão dos especialistas convidados, que certamente estimulará reflexões em relação aos negócios e ao futuro da economia. (ver matéria nesta revista). Tratase de mais uma iniciativa da ACREFI para disseminar conhecimento, uma das prioridades da nossa entidade, abrindo espaço para reflexão, para formar opinião e ajudar na tomada de decisões ainda mais conscientes, considerando o cenário que nos cerca. A ACREFI acredita que se respeitarmos os desafios que se apresentam e potencializarmos as oportunidades existentes, continuando a atuar em inovações para criar alternativas de geração de crescimento, seremos bem-sucedidos. É claro que em momentos como este, é necessário que cada um procure ser protagonista em sua área de atuação e nós, da ACREFI, manteremos o nosso foco, no contínuo esforço para contribuir com um ambiente ainda mais saudável do crédito no País e na relação com os consumidores e empresas, apoiando iniciativas de cidadania financeira e o Cadastro Positivo. Precisamos pensar num “Brasil, que dê um passo à frente...”, trabalhando atentos aos desafios que se apresentam, mas de olho em todas as oportunidades que o país oferece para nós e para as gerações futuras. f setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO
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B3. INTEGRAMOS PARA POTENCIALIZAR. Empresa de infraestrutura de mercado de classe mundial, a B3 nasce para integrar o mercado e potencializar negรณcios. B3. Somos Brasil. Somos Bolsa. Somos Balcรฃo.
B3: o resultado da combinação entre a BM&FBOVESPA e a CETIP. Saiba mais em B3.COM.BR
sumário
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EDITORIAL
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PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS
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13º SIAC PREPARATIVOS PARA O EVENTO INTERNACIONAL
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SEMINÁRIO ACREFI MERCADO DE VEÍCULOS
16 17 19
• Marcos Troyjo • Marcos Lisboa
MERCADO DE CAPITAIS B3 E ANBIMA ANUNCIAM MEDIDAS DE INCENTIVO
FÓRUM DE CIDADANIA FINANCEIRA
PONTO DE ENCONTRO: RODRIGO ABREU Presidente da Quod fala sobre os diferenciais da nova gestora de dados
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Financiamento de veículos
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SEMINÁRIO ACREFI 2 COMPLIANCE & CONDUTA
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COMISSÕES ACREFI
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ROAD SHOW VITÓRIA
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ROAD SHOW CURITIBA
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6 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
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PAINEL B3
PALAVRA FINAL ARTIGO DE NICOLA TINGAS Consultor Econômico da ACREFI
nossosassociados • AGORACRED S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO
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expediente
ISSN 1809-8843
Publicação da acrefi - Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 - 28°andar São Paulo, SP Tel: (11) 3107.7177 www.acrefi.org.br Diretoria Biênio 2018 / 2020 Presidente Hilgo Gonçalves Vice-presidentes André de Carvalho Novaes Celso Luiz Rocha João Vitor Nazareth Menin Teixeira de Souza Leandro José Diniz Luis Eduardo da Costa Carvalho Rodnei Bernardino Wanderley Vettore Diretores Tesoureiros João dos Santos Caritá Jr. Murilo Silvério Diretores regionais Edson Tadashi Ueda Elias de Souza Giorgio Rodrigo Donini Leonardo Lima Bortolini Marcos Teixeira da Rosa Marcos Westphalen Etchegoyen Nelson Dias de Aguiar Thiago Rodrigues Urbaneja Conselho Deliberativo Álvaro Augusto Vidigal Érico Sodré Quirino Ferreira Hilgo Gonçalves José de Menezes Berenguer Neto Luiz Francisco M. de Barros Roberto Willians Silva Azevedo Rubens Bution Conselho fiscal (Efetivos) Domingos Spina José Tadeu da Silva Ricardo Albuquerque
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Suplentes Alexandre Teixeira José Garcia Neto Ricardo Kaoru Administração/Assessorias Diretor Superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Consultor Econômico Nicola Tingas Consultora Jurídica Cintia M. Ramos Falcão Consultor de Regulação e Compliance Sergio Odilon dos Anjos Auditoria Megacont Auditoria e Assessoria Contábil Contabilidade Conaupro Consultoria e Contabilidade Ltda. Assessoria de imprensa
Publisher Sergio Tamer Editores Theo Carnier Gilberto de Almeida Editor assistente Gustavo Girotto Arte Mariela Tiradentes Revisor Vicente dos Anjos * As matérias e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.
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fgc.org.br setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO
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acrefieventos
BRASIL DO AMANHÃ 13º SIAC É A OPORTUNIDADE DE EMPRESÁRIOS DO SETOR FINANCEIRO, LIDERANÇAS CORPORATIVAS E FORMADORES DE OPINIÃO REFLETIREM SOBRE RECENTES DESAFIOS VENCIDOS E AS PERSPECTIVAS DO PAÍS APÓS AS ELEIÇÕES
Deltan Dallagnol
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Demétrio Magnoli
inte e cinco dias depois do segundo turno das eleições, quando o Brasil já tiver absorvido os primeiros reflexos do resultado das urnas, o mercado financeiro terá a oportunidade de acompanhar um painel com abalizados especialistas sobre as perspectivas do País para 2019. Fundamentado no tema “Brasil – Um passo à frente”, a ACREFI realiza dia 22 de novembro, no Teatro Renaissance, em São Paulo, a 13ª edição do SIAC, tradicional evento que reúne
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Marcos Lisboa
mais de 600 empresários do setor financeiro, além de lideranças corporativas e formadores de opinião. Para o encontro de 2018, a direção da ACREFI convidou, mais uma vez, uma equipe cercada de credenciais: Deltan Dallagnol, procurador da República e coordenador da Força-Tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato; Demétrio Magnoli, sociólogo, doutor em Geografia Humana, colunista da Folha de S. Paulo e comentarista da Globo News; Marcos Lisboa, economista,
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ex-secretário de Política Econômica no Ministério da Fazenda e presidente do Insper; Marcos Troyjo, diplomata, economista, cientista político e diretor executivo do BRICLab, da Universidade Columbia; e Valkiria Garré, CEO da Kantar TNS Brasil. A apresentação e a moderação dos debates serão conduzidas Marcos Troyjo
pela jornalista Christiane Pelajo. Segundo Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, o objetivo do encontro é também gerar uma oportunidade para debater os desafios superados nos últimos tempos. “A nossa intenção é estimular a percepção dos convidados a respeito das lições dos últimos anos
Valkiria Garré
e das propostas que podem chegar à mesa de negócios em uma agenda futura”, afirma Gonçalves. Como forma de contribuição a essas reflexões, serão divulgados durante o SIAC, em primeira mão, dados atualizados da já tradicional
Hilgo Gonçalves
pesquisa ACREFI/KANTAR TNS sobre o sentimento do brasileiro relacionado à situação econômica e política do País. Gostou da nossa programação? Então, não desvie a sua atenção e inscreva-se agora no 13º SIAC: www.siac.org.br/.
Data: 22/11/2018 (quinta-feira) Horário: das 8h às 13h Local: Renaissance São Paulo Hotel Endereço: Al. Santos, 2233, São Paulo
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marcostroyjo
Palestrante do 13º SIAC, Marcos Troyjo, diretor do BRICLab na Universidade Columbia, fala com exclusividade para a Financeiro sobre a apatia dos nossos presidenciáveis diante do poder econômico chinês, sobre o futuro da globalização, sobre a tímida presença do Brasil no comércio internacional e a fragilidade da nossa balança comercial. A seguir, leia os principais trechos da sua entrevista.
Em sua avaliação, por que o tema “China” ainda não entrou na pauta dos presidenciáveis? Fico impressionado como o assunto “China” é pouco debatido no Brasil. Em 20152016, quando republicanos e democratas realizavam preparativos para definir quem seriam seus candidatos à Casa Branca, assessores dos dois partidos eram as estrelas de discussões sobre qual seria a política para a China. Na caminhada que levou Mauricio Macri à Casa Rosada, a questão China foi item recorrente. Quando Emmanuel Macron, ainda candidato ao Eliseu, defendia a modernização das regras trabalhistas na França, o fazia como forma inescapável de combater a hipercompetitividade chinesa. Aqui, no debate eleitoral brasileiro, o assunto “China” é solenemente ignorado. Nenhum dos principais candidatos ao Planalto tem qualquer noção de como abordar a China. Parte da explicação vem da própria configuração “ensimesmada” da economia brasileira. Como resultado do protecionismo comercial brasileiro e de seu tradicional foco de desenvolvimento no mercado interno, não ocorreu uma migração tão forte de empresas brasileiras para operar a partir do território chinês. Para o Brasil, tal isolamento não foi necessariamente bom. Desperdiçamos oportunidades de internacio12 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
nalização, ganhos de eficiência e de custo, plataformas de exportação para terceiros a partir de uma base na China e, por conseguinte, continuamos ainda bastante afastados das grandes cadeias globais de valor.
De que maneira você analisa o futuro da globalização? Creio que vamos experimentar o que chamo, em um livro a ser lançado em breve, de “choque de globalizações”. Foi durante o período de globalização profunda − da queda do muro de Berlim até a falência do Lehman Brothers − que surgiram algumas das categorias com que trabalhamos hoje o conceito de mercados emergentes. Isto é, uma ideia associada ao desenho do futuro. Nações como os BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China) alcançaram status de "usinas de crescimento". Elas adaptaram-se ao sucesso e à "globalização profunda", radicalizada pelo fim da Guerra Fria. Nos últimos anos, no entanto, a lua de mel com os emergentes se desgastou. Suas economias desaceleraram. Em contraste, Estados Unidos e Japão se recuperam. A Europa, ainda que lentamente, também está conseguindo sair da estagnação. Alterou-se o panorama dos fluxos internacionais de liquidez. Isso tem levado a um novo e apressado prognóstico. Nada mais de convergência ou
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"decoupling". Estaríamos de regresso à engessada hierarquia Norte-Sul. Na realidade, o desempenho ao longo dos próximos anos estará menos relacionado ao que hoje se rotulam economias avançadas ou emergentes e mais à capacidade de se moldarem competitivamente à "reglobalização" em curso.
Quais são as principais consequências das medidas anunciadas por Donald Trump em relação ao comércio internacional? O que está acontecendo de mais profundo no governo Trump é que a ordem internacional mudou e, portanto, o sistema tem que mudar. Quando esse sistema foi criado, os Estados Unidos eram a principal potência econômica e militar e o maior produtor mundial agrícola. O país não perdeu essas posições de proeminência, mas não é mais hegemônico. Se o PIB americano correspondia a 50% do PIB global nos anos 40, hoje equivale a cerca de 20% a 25%. Trump detém uma interpretação incorreta da evolução da economia do país. Essas mudanças no sistema internacional poderiam ser feitas de outras formas. Acordos comerciais plurinacionais que estabelecem padrões, como trabalhistas ou de proteção ambiental, seriam ferramentas mais eficientes para influenciar mudanças internas na China do que uma confrontação comercial aberta que irá prejudicar as empresas americanas. A questão é saber qual o tamanho do abalo. Tanto a ordem quanto o sistema internacional são abalados com o governo Trump. O
mundo como conhecemos está acabando. E o que será criado a partir desse desmantelamento é algo que ainda está para ser definido.
O Brasil tem presença tímida no comércio internacional. Você vê possibilidade de esse quadro se reverter a curto e médio prazos? É um quadro inerte em decorrência das paralisantes mazelas internas. O Brasil encontra-se algo desconectado das grandes tendências que hoje operam no cenário global. Nosso melodrama político e a tragédia socioeconômica que dele se retroalimentou não apenas diminuíram o papel relativo do Brasil na definição da agenda internacional. Ambos criaram uma espécie de "cortina cronológica". O Brasil opera em seu próprio (e lento) tempo, enquanto o mundo segue uma velocidade distinta. Não aumentamos nossa importância no xadrez geopolítico. Nossa economia, de imenso potencial, permanece asfixiada por um modelo de baixa interação com o resto do mundo. Ao mesmo tempo, no campo dos valores, ou do "soft power", a deterioração do nosso quadro econômico social limita a atratividade moral e pragmática a países de menor desenvolvimento relativo. Isso não será para sempre assim. Com a assunção de governos minimamente funcionais, o Brasil poderá ter sua conexão com o mundo restabelecida. Quando sair da “caverna” em que se encontra, o país perceberá que ficou bem mais difícil integrar-se a uma fraturada economia global. f
Nossa economia permanece asfixiada por um modelo de baixa interação com o resto do mundo
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marcoslisboa
Também palestrante do 13º SIAC, Marcos Lisboa, economista e presidente do Insper, diz à Financeiro que a longo prazo a reforma da previdência é a prioridade mais importante do próximo governo. No entanto, correções no regime tributário podem gerar ganho de produtividade e impulsionar o crescimento do País. A seguir, leia os principais trechos da sua entrevista.
Independentemente do próximo presidente eleito, na sua avaliação, qual a medida mais importante que deve ser tomada? Temos um problema emergencial e muitas oportunidades. O problema mais urgente é o desequilíbrio fiscal do governo federal, dos Estados e de muitos municípios. Infelizmente, aqui não há uma única solução. Certamente, estamos muito atrasados na reforma da previdência, ainda mais por que nosso regime permite aposentadorias muito precoces. Na maioria dos países, há uma idade mínima, em geral acima de 60 anos de idade. Para comparar, gastamos com previdência, em proporção ao PIB, o mesmo que o Japão, que tem três vezes mais idosos. Sem a reforma da previdência, inclusive dos militares, não há como evitar o agravamento dos gastos em decorrência do rápido envelhecimento da nossa população. A longo prazo a reforma da previdência é a mais importante. Entretanto, ela não é suficiente para equilibrar as contas públicas e evitar que o nosso endividamento saia de controle. Temos que rever as desonerações, os subsídios e as isenções tributárias, entre muitas outras medidas.
E quais são as oportunidades? Nossa economia está repleta de distorções no regime tributário, nas regras de comércio 14 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
exterior, além de muitas proteções setoriais. Na medida em que essas distorções sejam progressivamente enfrentadas, teremos ganho de produtividade que pode impulsionar nosso crescimento. Veja o caso da tributação, por exemplo. As empresas passam por um calvário para saber das suas obrigações, dada a complexidade das regras, muitas vezes repletas de revisões de interpretação, além de mudanças frequentes. Toda essa complexidade resulta em um sistema disfuncional. Alguns se aproveitam das muitas regras para tentar pagar menos tributos. Outros, que tentam seguir as muitas regras, são surpreendidos com mudanças de interpretação. A consequência é o nosso impressionante contencioso tributário, que prejudica o investimento e a produção.
A reforma da previdência não passou, o ministro Meirelles deixou o governo. Isso impactará no crescimento: qual é a sua projeção para o PIB? As projeções de curto prazo estão sujeitas a vários fatores acidentais. Talvez seja mais útil analisar o nosso potencial de crescimento para os anos à frente, e aqui as notícias não são boas. Nossa população em idade de trabalhar cresce menos de 1% ao ano, e esse número vai diminuir nos próximos anos. No melhor período na década passada, nossa produti-
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vidade cresceu cerca de 1,6% ao ano. Por isso, nas condições atuais, é difícil imaginar um crescimento sustentável de muito mais que 2% ao ano. Podemos crescer alguns trimestres acima disso, até pela capacidade ociosa, mas não anos. A boa notícia é que se iniciarmos um ajuste fiscal que garanta a estabilização da dívida como fração do PIB, as taxas de juros de mercado e o custo de capital das empresas caem, permitindo aumentar o nosso crescimento potencial. Retomada do crescimento vai depender inteiramente das nossas escolhas nos próximos trimestres.
Temos um quadro ruim, mas com imensas oportunidades
Como criar espaço para o investimento público em um orçamento cada vez mais rígido? Primeiro, fazer o ajuste fiscal. Segundo, melhorando o marco regulatório e a segurança jurídica para que o setor privado possa investir em infraestrutura. De novo, temos um quadro ruim, mas com imensas oportunidades. Caso construamos um marco regulatório mais previsível, com regras claras para o investimento e suas contrapartidas, e contratos bem desenhados que sejam cumpridos como acordado, existem diversas oportunidades para que o setor privado expanda a nossa infraestrutura, o que traria benefícios adicionais para os demais setores produtivos, sobretudo o agronegócio e a indústria.
Diante da pressão externa sobre o mercado brasileiro, quais medidas devem ser adotadas? A alta do dólar e dos juros mais longos decorFotos da matéria: Cauê Diniz
re do cenário externo, mas também da interrupção da agenda de reformas no fim do ano passado. Estamos em um quadro difícil em que não fazer nada leva ao agravamento das condições econômicas, sobretudo do quadro fiscal.
Outro ponto de atenção foi a instabilidade da economia turca, de que forma isso impacta a nossa economia? Dificuldades no cenário externo são do jogo. O que podemos fazer é fortalecer a nossa economia.
Quais medidas podem fazer com que o Brasil seja um país mais integrado e bem posicionado diante do comércio exterior? A agenda de produtividade teria como resultado uma inserção maior do Brasil no comércio mundial. O desafio é concatenar as diversas reformas para reduzir o custo da transição. Preocupam-me as propostas de mudanças abruptas, o que tornaria difícil o ajuste de muitas empresas e setores. Uma agenda progressiva, mas firme, de correção das distorções tributárias, de maior abertura comercial, entre muitas outras, permitiria o aumento da produtividade ao longo de vários anos.
Qual seria o caminho para a retomada de crescimento já após a eleição? Uma agenda de reformas progressivas, ao menos do ajuste fiscal, que é emergencial, traria efeitos imediatos nos preços dos ativos e no crescimento. Mas a agenda precisa ser crível e consistente. Caso contrário, a crise pode voltar ainda mais severa do que a de 2015. f setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO 15
mercadodecapitais
SAÍDA PARA O DESAFIO DOS FINANCIAMENTOS DE LONGO PRAZO Expansão do mercado de capitais pode gerar 1,7 milhão de novos empregos em cinco anos
Fotos: Divulgação
José Carlos Doherty Superintendente geral da ANBIMA
O
crescimento do mercado de capitais pode estimular o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, gerando 1,7 milhão de novos empregos até 2022. A previsão faz parte de estudo que a ANBIMA e a B3 apresentaram dia 3 de setembro durante o 1º Congresso Brasileiro de Mercado de Capitais. As duas instituições anunciam ainda uma agenda de iniciativas traçadas em conjunto, com medidas de caráter micro e macroeconômicas capazes de contribuir para esse avanço. Com a adoção de medidas de incentivo, o mercado de capitais poderá atingir crescimento de, em média, 12,2% em cinco anos. O ganho para a renda per capita seria de R$ 4 mil adicionais: chegaria a R$ 38,8 mil em cinco anos, ou 21,1% maior do que os R$ 34,6 mil, caso não haja expansão mais rápida do mercado de capitais. O volume total de investimentos no País seria 21% superior, com alta de R$ 294 bilhões. As
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Gilson Finkelsztain Presidente da B3 propostas elaboradas pela ANBIMA e pela B3 apontam a necessidade de ajustes regulatórios e legais, além de iniciativas para simplificação e harmonização de regras. “O desenvolvimento do mercado de capitais é a saída para os desafios de financiamento de longo prazo que temos atualmente. Ele é fundamental, somado às reformas estruturais, para que o País retome sua rota de crescimento”, afirma José Carlos Doherty, superintendente geral da ANBIMA. “O mercado de capitais é fundamental para impulsionar o crescimento econômico do País, gerando emprego e renda para a sociedade, a partir das reformas necessárias que todos esperamos. Precisamos de mobilização e do compromisso com esta agenda positiva que apresentamos hoje, para que assim possamos alavancar o potencial de crescimento do mercado e do Brasil”, completa Gilson Finkelsztain, presidente da B3. f
educação
ACREFI APOIA O IV FÓRUM DE CIDADANIA FINANCEIRA DO BC
EVENTO PROGRAMADO PARA OS DIAS
7-8 NOVEMBRO 2018 | BRASÍLIA BUSCA A PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR, SUA INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FINANCEIRA
S
empre atenta aos movimentos que levem à sustentabilidade orçamentária das empresas e do cidadão, a ACREFI assinou um termo de compromisso com o Banco Central como uma das patrocinadoras do IV Fórum de Cidadania Financeira, evento programado para os dias 7 a 8 de novembro, na sede do BC, em Brasília. O público-alvo do evento são representantes de instituições financeiras, operadores de microfinanças, integrantes do setor educacional, participantes de organizações governamentais e multilaterais e do terceiro setor, além de estudiosos do tema e de servidores da autarquia responsável pela política monetária do País. Para Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, os temas que serão debatidos no IV Fórum de Cidadania Financeira estão perfeitamente alinhados aos propósitos defendidos pela associação. “Sentimo-nos parte dessa importante mobilização voltada à cidadania financeira. Pessoas bem-informadas tomam decisões mais conscientes, consomem melhor e fazem bom uso do crédito”, destaca Hilgo. Lançado em 2013, o Programa Cidadania Financeira procura integrar, de maneira inovadora, três vertentes: a inclusão financeira, a proteção
ao consumidor de serviços financeiros e a educação financeira. Hoje, a cidadania financeira é um conceito que passou a ser amplamente debatido e operacionalizado pela sociedade e pelos agentes financeiros. Um dos objetivos estratégicos do programa, implantado pelo BC, é inseri-lo na sua agenda pública de trabalho, a Agenda BC+, lançada em 2016. O BC tem papel fundamental na promoção da cidadania financeira e a ACREFI sente-se honrada em participar dessa importante iniciativa. É um movimento voltado ao melhor uso dos serviços financeiros, tema que a entidade valoriza em todas as suas ações. “O fortalecimento e a promoção da inclusão financeira, da proteção ao consumidor e da educação financeira estão vez mais presentes nas agendas das entidades governamentais e reguladoras, do Sistema Financeiro Nacional, da iniciativa privada e até mesmo de órgãos internacionais. Precisamos ser protagonistas − cada um em sua área de atuação − desse conceito que provoca mudanças profundas na sociedade. Essa é a nossa bandeira e a ACREFI está orgulhosa em assinar essa parceria com o BC”, enfatiza Hilgo Gonçalves. f setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO 17
serasaexperian50anos
rodrigoabreu
UMA FINTECH COM A GOVERNANÇA DE UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RODRIGO ABREU, PRESIDENTE DA QUOD, GESTORA DE DADOS CRIADA PELOS CINCO MAIORES BANCOS DO PAÍS, REVELA OS PLANOS DA EMPRESA, QUE COMEÇA A ATUAR NO ÚLTIMO TRIMESTRE DE 2018 Foto: Divulgação
A
Quod, gestora de dados criada pelos cinco maiores bancos do País (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander) começa a atuar oficialmente no mercado brasileiro a partir do último trimestre deste ano. Até lá, Rodrigo Abreu, presidente da Quod, tem dedicado tempo integral à formação da sua equipe e ao desenvolvimento de novos produtos. “Já temos mais de 100 pessoas contratadas, entre profissionais próprios e outros dedicados ao nosso projeto”, conta Abreu. Sobre a estrutura da Quod, o executivo diz que a empresa mistura a agilidade e a tecnologia de uma fintech com a governança de uma instituição financeira. “Temos uma preocupação muito grande com questões que envolvem o compliance, o atendimento aos arcabouços regulatórios relacionados ao cadastro, à análise de crédito e aos dados pessoais. Para isso, estamos estruturando a empresa em todas as frentes operacionais.” A seguir, leia os principais trechos da entrevista de Rodrigo Abreu.
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ATIVO FINANCEIRO PESSOAL A nossa atuação, em um primeiro momento, será com o B2B. Os nossos principais clientes serão as empresas que concedem crédito ou que necessitam de análise de risco e de prevenção à fraude. Ao mesmo tempo, manteremos uma interação com o consumidor. Isso porque nós queremos que o Cadastro Positivo tenha presença diária na vida financeira do brasileiro. Espero que o Quod Score se torne sinônimo de um ativo financeiro pessoal, cuidado e protegido. Isso vai gerar benefícios para as pessoas e para a economia do País.
MAIOR TRANSPARÊNCIA Há algum tempo, desde que foi criada a análise de risco de crédito, o único registro que existia era o da inadimplência. Vamos disponibilizar todas as informações com maior transparência para que as pessoas saibam de fato como funciona o processo de decisão. Se você tiver um risco menor, provavelmente conseguirá melhores produtos e taxas do que o seu concorrente. Se você tiver um histórico pior, certamente
pontodeencontro encontrará maior dificuldade. Mas, dando completa transparência ao score, informando a pontuação atribuída ao consumidor.
REDUÇÃO DA INADIMPLÊNCIA A nossa operação prevê um acesso bem simples às informações. Por meio de um aplicativo móvel, a pessoa terá acesso ao seu Quod Score a qualquer tempo. Esse app também será um instrumento de educação financeira, pois o consumidor entenderá de fato o que muda na sua vida com a implantação do Cadastro Positivo. É importante que a pessoas acompanhem a pontuação de risco gerada a cada uma das suas decisões financeiras. Transparência e educação financeira, esses dois pilares da Quod, vão levar o consumidor a um melhor entendimento do que ele é no processo de crédito do País. Com isso, esperamos a redução da inadimplência e a inclusão de novos consumidores no ciclo de crédito do País.
COMPORTAMENTO FINANCEIRO Não existem apenas os adimplentes e os inadimplentes. Existe um histórico contínuo de risco. A partir do momento que começamos a usar um filme do comportamento financeiro do cliente, como um instrumento de análise do seu score, diminuímos a assimetria das informações entre os vários provedores de crédito, permitindo assim gerar uma análise muito mais precisa e criteriosa. O consumidor que, por exemplo, tem uma vida financeira até bem arrumada e é relativamente responsável do ponto de vista de pagamentos, mas que passou por momento de dificuldade, será analisado dentro de um contexto mais amplo, não simplesmente com uma indicação de inadimplência.
PLATAFORMA TECNOLÓGICA Como o coração da nossa plataforma tecnológica está sendo desenvolvido pela LexisNexis − empresa especializada em soluções de monitoramento de bancos de
dados de empresas e pessoas −, contamos com diversos módulos patenteados por eles, que, por meio de um acordo de exclusividade, oferecem alta capacidade de inteligência artificial, aprendizado de máquina, para fazer as correlações entre os diversos registros de crédito. Essa é uma parceria que tem um papel bastante importante, pois o acordo prevê ainda uma transferência de tecnologia para a Quod. Além disso, já temos dois data centers redundantes, com quase mil servidores funcionando.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA Para contribuir com a educação financeira, vamos combinar essa transparência das informações geradas pela Quod com ações voltadas a responsabilidades financeiras próprias ou por entidades, como a ACREFI e a Febraban. Apoiamos iniciativas baseadas em uma visão bastante criteriosa sobre o que significa utilizar crédito de uma maneira responsável. Hoje, a nossa principal crítica em relação às explicações voltadas às obrigações financeiras é que elas tendem a ser muito técnicas e áridas. Queremos trabalhar com histórias positivas.
MAIS DO QUE UM BIRÔ DE CRÉDITO TRADICIONAL Nós vamos começar a atuar no último trimestre de 2018, com o Cadastro Positivo, com as informações de inadimplência. Assim que o processo de homologação com a CIP estiver concluído, entraremos em operação com as instituições financeiras. Daí para a frente, o lançamento de produtos acontece quase de maneira contínua. Até porque, além dos produtos de análise de crédito, vamos atuar em outras áreas relacionadas à prevenção à fraude e à análise de risco. Temos também produtos para que as instituições financeiras conheçam melhor seus clientes, para prevenção a lavagem de dinheiro, segmentação de mercado, tratamento de cadastros próprios, para comunicação, etc. Vamos trabalhar com uma gama bastante ampla de produtos. f setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO 19
serasa50anos
proteçãodedados
Foto: Depositphotos
SEU E-MAIL, POR FAVOR? NOVA LEI DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS PASSA A VALER A PARTIR DE 2020. ATÉ LÁ, EMPRESAS PÚBLICAS E PRIVADAS PRECISAM ADAPTAR-SE AO USO DE INFORMAÇÕES, COMO NOME, ENDEREÇO, IDADE, ESTADO CIVIL E SITUAÇÃO PATRIMONIAL DOS CLIENTES
P
rogramada para entrar em vigor em 2020, a Lei de Proteção de Dados Pessoais foi sancionada pelo governo dia 14 de agosto e cria um marco legal direcionado à segurança de informações pessoais dos brasileiros, como nome, endereço, idade, estado civil, e-mail e situação patrimonial. A nova lei exige basicamente o consentimento do titular para o uso de seus dados registrados por empresas. Caso a obrigação não seja cumprida, a texto aprovado pelo Congresso prevê multa de até 2% do faturamento da empresa, limitada a R$ 50 milhões por infração. Inspirada na GDPR, regulamentação de proteção de dados vigente na Europa desde 25 de maio deste ano, a nova lei brasileira estabelece, entre outras coisas, que os dados de criança, por exemplo, devem ser administrados mediante a autorização dos pais ou dos responsáveis pelo menor. Mais uma exigência prevista no
20 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
texto sancionado pelo Presidente Temer é que, após o encerramento do relacionamento entre o cliente e a empresa, as informações arquivadas sejam excluídas do sistema. Além disso, as empresas deverão adotar medidas de segurança para proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de "situações acidentais ou ilícitas" de destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer forma de tratamento inadequado ou ilícito. No entanto, a regulamentação não se aplica no caso de dados usados para fins jornalísticos ou artísticos, de segurança pública, defesa nacional, segurança do Estado ou investigações e repressão de crimes. A lei só entra em vigor em 2020 para dar tempo às entidades públicas e privadas de se adaptarem às regras de uso de dados pessoais. Pelo texto, o consumidor tem ainda a prerrogativa de pedir a interrupção da coleta de informações, a portabilidade e a exclusão dos dados. f
setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO 21
seminárioacrefi
CONFIANÇA NO HORIZONTE SEMINÁRIO DA ACREFI APONTA RETOMADA POSITIVA NO MERCADO DE VEÍCULOS E IDENTIFICA MAIOR SEGURANÇA POR PARTE DAS EMPRESAS E DO CONSUMIDOR
D
epois de retroceder a números de 2008, o setor de veículos, aos poucos, reencontra o caminho do crescimento, retoma a confiança e já projeta dias melhores para 2019. Essa foi a percepção predominante no Seminário Panorama Atual do Mercado de Veículos: Realidade e Desafios, evento promovido dia 16 de agosto, pela ACREFI no Renaissance São Paulo Hotel. Participaram do encontro como palestrantes: Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente da FENAUTO; Marcelo Franciulli e Edson Zanetti, diretores da Fenabrave; e Cristiano Dantas, diretor de Relações Institucionais da B3. Mediado por Cristiane Pelajo, o seminário contou com o patrocínio da B3, da CNseg, da Credilink e da Serasa Experian.
22 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
Anfitrião do evento, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, saudou os palestrantes e o público, lembrando o compromisso da associação com a educação financeira, com a propagação do conhecimento, com o consumo mais consciente do crédito e com as iniciativas voltadas à cidadania. Hilgo reforçou também a sua crença pessoal e da ACREFI, que avalia a economia do País sempre pela perspectiva da metade cheia do copo. Ele aproveitou ainda para repetir as projeções da entidade para 2018: crescimento do PIB de 1,5%, inflação de 4,5%, recursos livres entre 5% e 7% e a taxa Selic em 6,5%. Como primeiro palestrante do seminário, Ilídio Gonçalves, da FENAUTO, falou sobre o reaquecimento do mercado de
mercadodeveículos Fotos: Marcos Fiore
carros seminovos e usados. As engrenagens desse segmento movimentam-se em um ritmo que corresponde a cinco negociações de usados para cada comercialização de um modelo zero-quilômetro. Na média, o setor de veículos usados tem registrado alta de 3% no ano, com a venda de 5,6 milhões de unidades nos primeiros cinco meses do ano. “Cada carro novo que chega ao mercado gera um fluxo de cinco carros usados”, calcula Ilídio Gonçalves. Mantendo o clima de otimismo, Edson Zanetti, da Fenabrave, mostrou também números positivos apurados pela entidade no acumulado do ano, de janeiro a julho, frente aos valores registrados no mesmo período de 2017. A venda de veículos no Brasil − considerando as categorias automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros −, por exemplo, teve alta de 12,81%. Só no segmento de automóveis e comerciais leves o crescimento foi de 14,16%, em comparação ao acumulado no ano passado. Para que o Brasil reconquiste números obtidos antes da crise, Marcelo Franciulli, diretor-executivo da Fena-
brave, sinaliza alguns desafios a serem enfrentados, como um projeto para renovação da frota nacional, mais investimento nos focos de interesse dos clientes e maior oferta de crédito. “De 30% a 40% da nossa frota não passaria em uma inspeção técnica veicular. Além disso, o que vende o carro é o financiamento”, resume Franciulli. Cristiano Dantas, da B3, relembrou aos convidados da ACREFI a evolução como os dados dos clientes eram transmitidos antes da aprovação dos financiamentos, primeiramente por telefone, fax, computador e atualmente pelo celular. Mas, o grande avanço foi a ferramenta SNG (Sistema Nacional de Gravames), que desburocratizou o processo, reduziu a fraude por permitir cadastrar os dados, de forma eletrônica, diretamente nas bases dos Detrans. Ao abordar a performance dos financiamentos, Dantas destacou a alta de 8,5% registrada, entre janeiro e julho deste ano, diante da do mesmo período de 2017. “O mercado tem tudo para voltar a crescer, baseado, entre outras coisas, na retomada da confiança das empresas e do consumidor, além da estabilidade do emprego”, concluiu o diretor da B3. f
De cima para baixo: Ilídio Gonçalves, Marcelo Franciulli, Edison Zanetti, Cristiano Dantas e Hilgo Gonçalves setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO 23
Financiamentos de veículos atingem 505 mil unidades em agosto Marca de 500 mil veículos financiados em um mês não era atingida desde 2014; autos leves 0km somam 122,7 mil unidades Os financiamentos de veículos novos e usados cresceram 7,7% em agosto de 2018 na comparação com o mesmo mês do ano passado, encerrando o período com um total de 505.068 unidades financiadas, entre autos leves, motos e pesados. A marca de 500 mil unidades financiadas em um mês não era atingida desde dezembro de 2014, quando foram financiadas 624 mil unidades. Desse total, foram vendidos a crédito 194.936 veículos novos, alta de 15,4% em relação ao mesmo período de 2017. Já os usados atingiram 310.132
1
VOLUME DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS (agosto de 2018)
505.068
468.823 unidades
168.873
299.950
451.546 unidades
171.063
ago/17
unidades Novos: 194.936
vendas a crédito em agosto deste ano, alta de 3,4% na mesma base de comparação. O levantamento é na B3, empresa resultante de combinação de atividades da BM&FBOVESPA, uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, e a Cetip, maior depositária de títulos privados da América Latina. A B3 opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base integrada de informações que reúne o cadastro de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo Brasil. f
Usados: 310.132
Novos + usados Ago/18 x Ago/17 = 7,7% Ago/18 x Jul/18 = 11,9%
280.483
jul/17 VARIAÇÕES
Novos Ago/18 x Ago/17 = 15,4% Ago/18 x Jul/18 = 14%
Usados Ago/18 x Ago/17 = 3,4% Ago/18 x Jul/18 = 10,6%
Entre os automóveis leves, as unidades novas avançaram 11,4% em agosto de 2018, em relação ao mesmo período de 2017, ao somarem 122.666 carros financiados. Já os autos leves usados também cresceram 3% no volume de financiamentos, na mesma base de comparação, e totalizaram 283.591 unidades financiadas em agosto deste ano contra 275.256 em agosto do ano passado. Os percentuais indicam uma expressiva retomada no ritmo de financiamento de veículos, tanto na comparação contra agosto de 2017 como na comparação com julho de 2018.
2
VOLUME DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS POR CATEGORIA Novos
Usados
Agosto/18
122.666
Agosto/18
283.591
61.137
Agosto/18
13.196
10.486
12.413
Novos + usados — 406.257
Novos + usados — 74.333
Novos + usados — 22.899
Agosto/17
Agosto/17
Agosto/17
110.134
275.256
52.474
12.794
5.677
11.112
Novos + usados — 385.390
Novos + usados — 65.268
Novos + usados — 16.789
Julho/18
Julho/18
Julho/18
108.375
256.514
Novos + usados — 364.889
VARIAÇÕES
53.398
12.111
Novos + usados — 65.509
VARIAÇÕES
8.688
11.199
Novos + usados — 19.887
VARIAÇÕES
Novos Ago/18 x Ago/17 = 11,4% Ago/18 x Jul/18 = 13,2%
Novos Ago/18 x Ago/17 = 16,5% Ago/18 x Jul/18 = 14,5%
Novos Ago/18 x Ago/17 = 84,7% Ago/18 x Jul/18 = 20,7%
Usados Ago/18 x Ago/17 = 3% Ago/18 x Jul/18 = 10,6%
Usados Ago/18 x Ago/17 = 3,1% Ago/18 x Jul/18 = 9%
Usados Ago/18 x Ago/17 = 11,7% Ago/18 x Jul/18 = 10,8%
Novos + Usados Ago/18 x Ago/17 = 5,4% Ago/18 x Jul/18 = 11,3%
Novos + Usados Ago/18 x Ago/17 = 13,9% Ago/18 x Jul/18 = 13,5%
Novos + Usados Ago/18 x Ago/17 = 36,4% Ago/18 x Jul/18 = 15,1%
24 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
3
MODALIDADES DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS (Agosto/18) 13,3
0,7
1
Período
CDC
Consórcio
Leasing
Outros
Total
Agosto/2018
429.788
66.952
3.440
4.888
505.068
Agosto/2017
392.071
66.782
3.847
6.123
468.823
Julho/2018
382.428
62.139
2.514
4.465
451.546
CDC CONSÓRCIO
CDC Ago/18 x Ago/17 = 9,6% Ago/18 x Jul/18 = 12,4%
LEASING OUTROS
85,1
VARIAÇÕES
Consórcio Ago/18 x Ago/17 = 0,3% Ago/18 x Jul/18 = 7,7%
Leasing Ago/18 x Ago/17 = 10,6% Ago/18 x Jul/18 = 36,8%
*Os dados referem-se a todas as categorias de veículos (autos leves, motos e pesados)
Considerando as modalidades de financiamento, o CDC continua sendo a categoria mais utilizada pelos consumidores, com 85,1% de participação. O consórcio, em queda desde o início do ano, ficou estável com crescimento de 0,3% na preferência dos consumidores em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2017. A participação dos consórcios no universo de financiamentos representa agora 13,3% do total.
4
FINANCIAMENTO POR TEMPO DE USO (AUTO LEVES) Total Geral mil unidades
364,9
406,3
Jul/2018
Ago/2018
Novos
108,4
até 3 anos
5
Usados Jovens
141,5
122,7 54,1
Jul/18
de 4 a 8 anos
Seminovos
Ago/18
Jul/18
de 9 a 11 anos Usados Maduros
47,0
Jul/18
Velhinhos
155,4
61,5
Ago/18
+ de 12 anos
Ago/18
Jul/18
51,5
Ago/18
13,9
15,2
Jul/18
Ago/18
PRAZO MÉDIO DE FINANCIAMENTO POR TEMPO DE USO* (MESES)
Novos
38,4
até 3 anos seminovos
43,8
de 4 a 8 anos usados jovens
44,1
de 9 a 12 anos usados maduros
42,6
+ de 12 anos velhinhos
38,5
Total Geral
41,9 42,0 Jul/2018
Ago/2018
37,6
Novos
44,1
até 3 anos seminovos
44,0
de 4 a 8 anos usados jovens
42,7
de 9 a 12 anos usados maduros
38,0
+ de 12 anos velhinhos
*Os dados referem-se às unidades de automóveis leves
setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO 25
seminárioacrefi2
O “FREIO DO COMPLIANCE” e a perenidade das instituições SEMINÁRIO DA ACREFI MOSTRA QUE A POSTURA ÉTICA, BASEADA EM NORMAS DO REGULADOR, GERA MAIS BENEFÍCIOS E MENORES RISCOS QUANDO O EXEMPLO PARTE DO TOPO DA ADMINISTRAÇÃO
O
compliance deve estar presente em todos os processos que movimentam o sistema financeiro. A postura ética e a lisura das ações precisam partir do topo das organizações e de lá se estender para as demais áreas. Esses conceitos foram alguns dos pontos debatidos dia 27 de setembro durante o seminário Compliance e Conduta Ética, organizado pela ACREFI no Renaissance São Paulo Hotel. Participaram do encontro os palestrantes João André Marques Pereira, novo chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro-DENOR; Frederico Wolf, diretor do Departamento 26 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
de Compliance do Bradesco e também da Comissão de Compliance da Febraban; e Sergio Odilon dos Anjos, consultor de Regulação e Compliance da ACREFI. O evento contou com o patrocínio de B3, Credilink, CNseg e Serasa Experian. Antes de passar a palavra aos palestrantes, Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), diretor superintendente da ACREFI, e Thiago Genda, presidente da Comissão de Compliance e PLD-FT da ACREFI, saudaram os convidados e ressaltaram a importância da discussão do tema do compliance, principalmente quando se tem a oportunidade de ouvir o posicio-
complianceeconduta
Fotos: Marcos Fiore
João André Marques Pereira
Chefe do DENOR
Sergio Odilon dos Anjos
Consultor de Regulação e Compliance da ACREFI
namento do órgão regulador – no caso, o DENOR. Para Sergio Odilon, o compliance é tudo. Seu conceito deve estar presente em todas as ações que norteiam as instituições, como, por exemplo, na sua governança interna, no seu relacionamento com os clientes e com órgãos reguladores, em uma simples troca de informação ou na prestação de conta a auditores. “Seguir as regras de compliance é uma orientação que deve vir do topo das organizações. Ela é uma forma de interligar processos por meio de atitudes corretas, mitigando problemas e beneficiando a todos”, resumiu o consultor de Regulação e Compliance da ACREFI. Em sua exposição aos convidados da ACREFI, Frederico Wolf ponderou que o índice ideal de compliance é zero. Isso porque quando a instituição ou a empresa não é lembrada pelo regulador, isso significa que o trabalho preventivo foi bem
feito. “Assim como o freio foi criado para que o carro possa acelerar”, comparou o executivo do Bradesco. “Além disso, não basta à empresa cumprir a lei, é preciso também manter uma conduta correta. Aliás, o exemplo de postura ilibada deve partir sempre do topo das organizações.” Wolf reforça ainda que o compliance não é a política do não, mas uma evolução do padrão de comportamento das organizações, respaldado em tecnologia e na valorização de um eventual risco reputacional. Apoiado em um dos ganchos da palestra de Wolf, João André Marques Pereira, do DENOR, reforçou que o “freio do compliance” ajuda na perenidade das organizações. Sua aplicação correta, baseada na regulação, gera confiança, supre lacunas e ainda evita falhas na gestão do risco. Sendo que cada área deve exercer o seu papel específico em favor da mitigação do risco, começando do topo das instituições. “A independência é outro fator importante na vigilância Frederico Wolf do compliance, Diretor de Compliance do Bradesco sempre apartada da área de negócios”, ressaltou Marques Pereira. Ele lembrou ainda que o compliance pode ser um dos elos de comunicação com o regulador, além de favorecer o fortalecimento das Thiago Genda e Antonio Augusto de instituições e a Almeida Leite (Pancho) solidez do sistema financeiro. f setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO 27
reuniãogeral
UNIDOS PELOS MESMOS PROPÓSITOS REUNIÃO GERAL DAS COMISSÕES DA ACREFI AMPLIA O DEBATE SOBRE SOLUÇÕES E BOAS PRÁTICAS NO SETOR
E
mpenhada em avaliar, debater e criar estratégias diante das novidades que impactam o mercado de crédito e setor financeiro, a ACREFI promoveu dia 22 de agosto uma reunião geral das suas dez comissões técnicas. Antes do início dos trabalhos, Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) e Carlos Marcondes, respectivamente, diretor superintendente e controller da ACREFI, agradeceram a presença dos membros das comissões e destacaram do papel relevante desenvolvido ao longo de 2018. Para Hilgo Gonçalves, presidente da entidade, esse tipo de encontro é fundamental para que as comissões se mantenham conectadas e em harmonia com os propósitos da ACREFI. “Somos uma entidade democrática e comprometida com os interesses de seus mais de 60 associados; essas duas qualidade impulsionam o crescimento e a fortalecimen-
28 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
to da instituição. A ACREFI é do associado, sem descuidar do seu compromisso com a sociedade, com a agenda BC+ e com a sustentabilidade do crédito. Todos os participantes e líderes das nossas comissões estão empenhados na defesa dessas importantes bandeiras”, destacou Hilgo. Presidente da Comissão de Veículos, Cleber Martins destacou os desafios conferidos aos associados diante da comunicação integrada nos DETRANs distribuídos entre os diversos Estados brasileiros. “Temos o desafio de focar em outras vertentes que fujam do tema dos gravames e do registro com intuito de buscar soluções mais eficientes para o setor”, afirmou Martins. Já Daniel Dias, presidente da Comissão de Assuntos Jurídicos, chamou a atenção para a Resolução do Contran 689/2017, que regulamenta o Registro Nacional de Gravames (RENAGRAV). “17 DETRANs
comissõesacrefi
Foto: Marcos Fiore
já publicaram suas normas e o grupo de trabalho ACREFI-Febraban tem realizado inúmeras reuniões na tentativa de equalizar a revisão de alguns itens da resolução, avaliados de execução operacional inviável. “Temos compartilhado informações relacionadas aos problemas. Essa troca de experiência nos permite encontrar soluções mais eficientes para cada dificuldade”, garantiu Dias. Domingos Spina, presidente da Comissão de Assuntos Trabalhistas, fez uma defesa incondicional dos resultados conquistados em todos os colegiados em que já atuou. “Trocar experiências e discutir as melhores práticas para fortalecer o segmento financeiro são os nossos objetivos. Essa troca facilita a vida de todos nós, uma vez que não somos concorrentes no conhecimento, apenas nos negócios”, enfatizou o experiente conselheiro da ACREFI. O presidente da Comissão de Relacionamento com Cliente e Ouvidoria, Fábio Augusto Rodrigues, considerou que o principal propósito grupo é aproximar profissionais do setor. “Além disso, queremos promover e divulgar melhores práti-
cas do mercado. Mais do que isso, desejamos aprimorar as relações de consumo e, eventualmente, equacionar situações de conflito”, resumiu Rodrigues. Fernando Coelho “Biró”, presidente da Comissão de Varejo, evidencia o valor da troca de boas informações relacionadas às melhores práticas de mercado. “Acompanhamos o cenário macroeconômico e a dinâmica de varejo tornando, dessa forma, a comissão cada vez mais atraente, aumentando assim a nossa base de associados. Fizemos com a ajuda da B3 uma dashboard para a comissão de varejo, um material rico que demonstra o comportamento de vendas de cada Estado. Conseguimos, dessa forma, aferir o volume de vendas e o crescimento nominal, o que nos ajuda na tomada de decisões”, revelou “Biró”. Para Leonardo Bortolini, presidente da Comissão de Inovação e Tecnologia, o colegiado da ACREFI é o espaço ideal para discutir os avanços e os impactos das tecnologias nos diversos segmentos do setor financeiro. “Falamos sobre fintechs, blockchain e Resolução 4.656/2018, mas também encontramos espaço para abordar as questões de cyber segurança, da Lei de Proteção de Dados. Nosso objetivo é criar uma reflexão importante sobre essas novidades, além de atualizar os nossos parceiros a respeito do que há de mais moderno no setor de inovação”, destacou Bortolini. De acordo com Lilian Carina, presidente da Comissão de Pessoas, profissionais engajados e inspirados resultam em maior produtividade. “Nossa proposta é trocar experiências sobre pessoas, ultrapassando as barreiras convencionais, gerando engajamento e empoderamento dos líderes”, sintetizou ela . Paula Gasola, presidente da Comissão de Prevenção à Fraude e Formalização, destacou que o objetivo do colegiado é aprofundar o conhecimento para mitigar riscos. “Operamos a partir de dados consistentes, gerados pela Serasa. Isso nos ajuda, internamente, na modelagem de setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO 29
reuniãogeral
crédito. Conseguimos com a ferramenta detectar locais de maior indício de fraude, explicou a coordenadora da comissão. Segundo Paulo Berner, presidente da Comissão de Crédito e Cobrança, a troca de informações e de experiências, que estimula o debate em torno das melhores práticas de concessão de crédito e atividades de cobrança, visando ao fortalecimento do mercado, faz parte da pauta do grupo. “Tratamos todas as observações de cada participante sobre dados de crédito, com base nos indicadores de mercado BC, para entendermos ainda melhor o comportamento do setor”, relatou Berner. Já Thiago Genda, presidente da Comissão de Compliance e PLF-FT, aproveitou o encontro para analisar as novas leis e normas que impactam o mercado financeiro. “Aqui temos a oportunidade de discutir
e avaliar temas como a prevenção à fraude, a lavagem de dinheiro e o papel das instituições nessas frentes no que tange à observação das normas vigentes. Além disso, contamos com o conhecimento e a experiência do Sérgio Odilon, que é um forte consultor e nos ajuda a entender e interpretar essas importantes mudanças. Até porque, o Sérgio Odilon foi um dos grandes criadores de importantes medidas implantadas no Sistema Financeiro”, enfatizou Genda. Em seguida, Odilon acrescentou: “Acredito que a participação de todos é indispensável ao analisar os temas relacionados ao compliance. Todos os assuntos passam por essa matéria. Vale como sugestão circularmos a ata gerada em nossos encontros, pois é um documento que trata da maior parte das novidades do Sistema Financeiro”, concluiu. f
Cleber da Silva Martins
Comissão de Veículos
Daniel Dias
Comissão de Assuntos Jurídicos
Domingos Spina
Comissão de Assuntos Trabalhistas
Fábio Rodrigues
Comissão de Relacionamento com Clientes e Ouvidoria
Fernando Soares Coelho
Comissão de Varejo
Leonardo Bortolini
Comissão de Inovação e Tecnologia
Lilian Carina
Comissão de Pessoas
Paula Gasola
Comissão de Prevenção à Fraudes e Formalização
Paulo Guilherme M. Berner
Comissão de Crédito e Cobrança
Thiago Genda
Comissão de Compliance e PLD-FT
30 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
roadshowvitoria
ROAD
ACREFI LEVOU DIA 21 DE AGOSTO SEUS ESPECIALISTAS PARA UM ENCONTRO DE NEGÓCIOS E TROCA DE IDEIAS COM EMPRESÁRIOS CAPIXABAS
VITÓRIA
SHOW
Fotos: Divulgação
Antonio Augusto (Pancho) Superintendente da Acrefi
Comissão de Tecnologia da Acrefi
Leonardo Bortolini
André Massaro
Mauro Melo
Marcelo Bassalobre
Patricia Peck
CEO e Credilink
CIP
B3 Educação
Advogada
setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO 31
ROAD CURITIBA
SHOW PALESTRANTES CONVIDADOS PELA ACREFI COMPARTILHAM CONHECIMENTO NAS ÁREAS DA ECONOMIA, DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA, DA TECNOLOGIA, DA SEGURANÇA VOLTADA AO CRÉDITO E DO DIREITO DIGITAL
32 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
roadshowcuritiba
Fotos: Divulgação
C
omo já é tradição, a abertura do Road Show da ACREFI, dia 25 setembro, em Curitiba, foi impulsionada pelas palavras positivas de Hilgo Gonçalves, presidente da entidade, que contou com o apoio de Gláucio José Gebara, presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP). “A ACREFI é uma startup de 60 anos de experiência, e eventos como esse reafirmam o nosso propósito de compartilhar cada vez mais o conhecimento. Além disso, gostaria de reforçar o nosso comprometimento com o crescimento sustentável do Brasil”, enfatizou Hilgo. Para contribuir com a missão da ACREFI em disseminar informações relevantes de diversas áreas, a equipe convidada para integrar esse Road Show na capital paranaense contou com os especialistas: Cristiane Rodrigues, gerente de Negócios da Cassiopae; Daniel Gomes, responsável pela área de Desenvolvimento de Produto da Cassiopae; André Massaro, professor de Educação Financeira da B3; Mauro Melo, CEO da Credilink; Leandro Bissoli, sócio do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados; e Sérgio Valle, economista-chefe da MB Associados. O mediador do encontro foi Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), superintendente da ACREFI. Sobre o cenário macroeconômico e político, Sérgio Vale afirmou aos convidados da ACREFI e da ACP que, a despeito da recente instabilidade conjuntural, há uma percepção positiva em relação ao futuro da economia, embora não descarte alguns focos de pressão. “Estimamos que no próximo ano, impulsionada pela elevação da inflação, a taxa de juros pode chegar a 8%. Outro dado relevante é que não temos problemas com as contas externas, fator que inibe uma elevação ainda maior da taxa de câmbio. No entanto, não podemos descartar a pressão gerada pelos desdobramentos no ambiente político”, destacou o economista-chefe da MB Associados. f
Hilgo Gonçalves
André Massaro
Presidente da Acrefi
Professor de Educação Financeira da B3
Gláucio José Gebara
Mauro Melo
Presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP)
CEO da Credilink
Cristiane Rodrigues
Leandro Bissoli
Gerente de Negócios da Cassiopae
Sócio do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados
Daniel Gomes
Sérgio Valle
Gerente de Desenvolvimento de Produto da Cassiopae
Economista-chefe da MB Associados
setembro - outubro 2018 I FINANCEIRO 33
palavrafinal Nicola Tingas*
Foto: Divulgação
CRÉDITO PODERÁ ALAVANCAR O CRESCIMENTO ECONÔMICO DE 2019 A 2022
O
Artigo enviado em 2.10.2018
desafiante "termo presidencial 2019 a 2022" exigirá muita capacidade e habilidade do presidente eleito. Ele precisará ter forte apoio popular, ao menos no início do mandato. Além disso, deverá ser capaz de negociar e liderar uma agenda de reformas estruturais e de diversas proposições no Congresso Nacional. Sua equipe precisará desenvolver e implementar uma "agenda econômica propositiva" que promova empregabilidade e renda no curto prazo; além de desenvolver temas estruturais da economia na velocidade do desafio global e da demanda da sociedade brasileira. De 2019 em diante, caso esteja superada a divisão das eleições e esteja evidenciada a atual limitação do quadro econômico, ficará evidente que superar as fragilidades macro e microeco-
Em dez/18, entenda-se: (jul/18 – Crédito total: 1,1%), (PIB 2º trim.: 1,4% )
nômicas será pré-requisito e prioridade antes de haver volta de crescimento consistente do PIB. Caso prevaleça avanço efetivo em direção a uma "agenda propositiva", que consiga avançar favoravelmente no Congresso Nacional, haverá melhor ambiente para gradualmente resgatar-se a confiança do cidadão brasileiro na economia. Nesse contexto, o gradual retorno do consumo e do investimento irá fomentar condições para ampliação da demanda e da oferta de crédito, impulsionando um novo ciclo de expansão do crescimento do PIB. Como ocorreu ao longo de anos recentes, ficou evidenciado que o crédito é "pró-cíclico": 1) quando a confiança e o crescimento crescem, o crédito expande junto, criando um ciclo virtuoso; 2) quando ocorrem recessão e perda de emprego, de renda e de confiança, o ciclo de expansão se esgota e ocorre contração da demanda e da oferta de crédito. Na hipótese da confirmação da priorização do resgate da economia no próximo governo, prevalecerão condições mais propícias para uma novo ciclo moderado de expansão do crédito. Além disso, caso seja aprovado e devidamente implantado o "Cadastro Positivo", a relação crédito/PIB poderá crescer ainda mais, saindo dos atuais 46% para algo como 70% a 90 % em alguns anos. Será um ciclo de demanda e oferta mais qualitativo, em função do uso mais consciente do crédito, promovendo um ciclo mais sustentável. f (*) Nicola Tingas é consultor econômico da ACREFI.
34 FINANCEIRO I setembro - outubro 2018
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