Financeiro 116 - Julho/Agosto 2019

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EDIÇÃO

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JULHO - AGOSTO

Nosso grande desafio é criar as condições para levar o SFN para um futuro tecnológico e inclusivo Roberto Campos Neto, presidente do BC, diz que é possível esperar uma ligeira aceleração do PIB nos próximos trimestres. Fala também sobre avanços conquistados pela Agenda BC#, Cadastro Positivo, fintechs, open banking e LGPD.

MARCOS TROYJO

LUCIANO TIMM

Acordo Mercosul e União Europeia pode impactar positivamente quase 800 milhões de consumidores Pág. 14

O poder transformador da tecnologia em benefício do consumidor e os reflexos da inteligência artificial Pág. 17


Acesse financiamentos.bradesco > Quero Financiar

SAC 0800 727 9977 SAC Deficiência Auditiva ou de Fala 0800 722 0099 Ouvidoria 0800 727 9933 Centrais de Relacionamento Dúvidas e Solicitações sobre Financiamentos de Veículos Capitais ou Regiões Metropolitanas 4004 4433 Demais Localidades 0800 722 4433

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Crédito sujeito a aprovação.

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EDITORIAL

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HILGO GONÇALVES Presidente da ACREFI

MOMENTO DE INOVAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO

O

Brasil vive um momento de inovação e transformação com as importantes reformas aprovadas e as que estão em avaliação, e com a implantação em definitivo do Cadastro Positivo, que irá incluir mais de 20 milhões de cidadãos e um grande número de micros e pequenas empresas. Tudo isso nos dá a esperança de novos tempos, com crescimento mais sustentável. No entanto, somos sabedores que temos ainda inúmeros desafios a serem superados, sendo requerido muito foco e resiliência de todos nós para evitar erros cometidos no passado recente. Nesta edição da FINANCEIRO temos vários textos que nos deixam otimistas quanto ao País. Ficamos honrados, por exemplo, com a entrevista concedida pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que reafirma as linhas de atuação da instituição voltada para a sustentabilidade do crédito, com maior acesso de pessoas e empresas ao sistema financeiro e apoiando a cidadania financeira. Ele diz também na entrevista que o mercado deve se voltar para o financiamento do empreendedorismo e lembra os reflexos favoráveis do Cadastro Positivo, além das vantagens trazidas pela Agenda BC#: programa de inclusão, competitividade, transparência, educação, com as quais a ACREFI está comprometida. E acreditamos que elas contribuirão – e muito – para a sustentabilidade do crédito. Outro destaque desta edição é a entrevista de Luciano Timm, secretário Nacional do Consumidor, que reafirma no texto a firme disposição de facilitar a vida dos brasileiros, com foco na defesa do consumidor na era digital. Demonstra, assim, todo cuidado e respeito com a melhor experiência do cliente. A edição traz também entrevista com Marcos Troyjo, secretário de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. Ele foi um dos principais batalhadores pela assinatura

do histórico acordo entre Mercosul e União Europeia, que depois de 20 anos de negociação foi anunciado em junho. Trata-se de uma relevante abertura do Brasil ao mercado externo e significa que o País está alinhado com a estratégia “sem fronteiras” que prevalece no comércio internacional, na grande maioria dos países. Vale a pena também ler nesta revista o texto que mostra a apresentação do Programa Voluntariado, feita em agosto pela ACREFI no auditório do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), com foco na educação financeira de jovens. Estaremos executando a nossa primeira iniciativa em parceria com o CIEE. O programa vai treinar e certificar jovens que, assim, estarão habilitados a atuar com correspondentes bancários no atendimento qualificado aos clientes. Esta iniciativa está alinhada com pilares da ACREFI, que têm educação e compartilhamento de conhecimento entre suas prioridades. E também estamos divulgando nesta publicação os diversos eventos da ACREFI com o propósito de compartilhar conhecimentos de assuntos do Sistema Financeiro Nacional para manter a sociedade cada vez mais bem informada sobre temas relevantes. Nós, que atuamos no crédito, também estamos trabalhando para fazer nossa parte e vemos o futuro com os pés no chão, respeitando os desafios, mas ao mesmo tempo com otimismo, considerando o potencial do nosso país: a ACREFI prevê para este ano um aumento de 12% nas linhas com recursos livres para pessoas físicas, além da melhora na qualidade do que é concedido – isso tudo em um ambiente de queda dos juros e de inflação contida. Com base nesse cenário, se cada um assumir seu protagonismo em sua área de atuação, o nosso país terá avanços importantes, irá superar com mais facilidade os desafios. Nós, da ACREFI, estamos comprometidos com este propósito. f

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CONFIAMOS TANTO NO BRASIL QUE COLOCAMOS ELE NO NOSSO NOME. B3. BRASIL BOLSA BALCÃO. A B3 é a Bolsa do Brasil. Isso significa que estamos sempre prontos para ajudar o mercado a tomar a melhor decisão pensando no futuro. No nosso e do País. Afinal, quando o Brasil cresce, todo mundo cresce junto com ele.

acesse: b3.com.br financeiro#116 julho - agosto 2019


SUMÁRIO

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EDIÇÃO # 116

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EDITORIAL

Fraude

R OBER TO C AMP OS NE TO Presidente do Banco Central

MAR COS T R OYJO Secretário especial de Comércio Exterior

LU CIANO T IMM

Secretário Nacional do Consumidor (Senacon)

34 36 39 PORTO ALEGRE

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20 22 27 28

SEMINÁRIO

PRÊMIO/R J GPTW

E VENTO Summit Jurídico

R OAD SHOWS Porto Alegre Belo Horizonte Curitiba

BELO HORIZONTE

CURITIBA

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PALE ST R ANT E S 14o SIAC

PE SQUIS A

ACREFI e Kantar

PAR CERIA ACREFI e CIEE

SEMINÁRIO Veículos

46 48 50 51

FU TUR O HOJE Open Banking

PAINEL B3 Financiamento de veículos

AR T IG O

Danilo Roque e Paulo Focaccia

PAL AVR A FINAL Nicola Tingas

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ASSOCIADAS

• AGORACRED S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • AVISTA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • BANCO A.J. RENNER S.A. • BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. • BANCO CBSS S.A. • BANCO CETELEM S.A. • BANCO CNH INDUSTRIAL CAPITAL S.A. • BANCO COOPERATIVO DO BRASIL S.A. BANCOOB • BANCO CSF S.A.

• CAIXA ECONÔMICA FEDERAL • CARUANA S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • CCB BRASIL S.A. – CRÉDITO, FINANCIAMENTOS E INVESTIMENTOS • DACASA FINANCEIRA S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • ESTRELA MINEIRA CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • FINAMAX S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • FINANCEIRA ALFA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS • HS FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • GAZINCRED S.A.

• BANCO DAYCOVAL S.A. • BANCO DO BRASIL S.A. • BANCO FIDIS S.A. • BANCO GMAC S.A. • BANCO HONDA S.A. • BANCO HYUNDAI BRASIL S.A • BANCO INTER S.A. • BANCO ITAUCARD S.A. • BANCO ITAÚ UNIBANCO S.A. • BANCO JOHN DEERE S.A. • BANCO JP MORGAN BRASIL S.A. • BANCO DE LAGE LANDEN BRASIL S.A • BANCO LOSANGO S.A. • BANCO PAN S.A.

• KREDILIG S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • LECCA CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • LISTO TECNOLOGIA S.A. • MERCANTIL DO BRASIL FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS • MIDWAY S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • NEGRESCO S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS • OMNI S.A. CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • PORTOCRED S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • PORTOSEG S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

• BANCO PSA FINANCE BRASIL S.A. • BANCO RCI S.A. • BANCO RODOBENS S.A. • BANCO SAFRA S.A. • BANCO SEMEAR S.A. • BANCO TOYOTA DO BRASIL S.A. • BANCO TRIÂNGULO S.A. (TRIBANCO) • BANCO VOLKSWAGEN S.A. • BANCO YAMAHA MOTOR DO BRASIL S.A. • BIORC FINANCEIRA CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A • BMW FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • BRB CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • BV FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

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• REALIZE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • SANTANA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SANTINVEST S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SAX S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SENFF S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SICREDI VALE DO PIQUIRI ABCD PR/SP • SOCINAL S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SOROCRED CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • UNICRED DO BRASIL – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS COOPERATIVAS CENTRAIS UNICREDS • VIA CERTA FINANCIADORA


EXPEDIENTE

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ISSN 1809-8843

PUBLICAÇÃO DA ACREFI - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO Rua Líbero Badaró, 425 - 28°andar São Paulo, SP - Tel. (11) 3107.7177 www.acrefi.org.br DIRETORIA BIÊNIO 2018 / 2020 PRESIDENTE Hilgo Gonçalves VICE-PRESIDENTES André de Carvalho Novaes Celso Luiz Rocha João Vitor Nazareth Menin Teixeira Leandro José Diniz Luis Eduardo da Costa Carvalho Rodnei Bernardino Wanderley Vettore DIRETOR TESOUREIRO João dos Santos Caritá Jr. DIRETORES REGIONAIS Edson Tadashi Ueda Elias de Souza Leonardo Lima Bortolini Marcos Teixeira da Rosa Nelson Dias de Aguiar Thiago Rodrigues Urbaneja CONSELHO DELIBERATIVO Érico Sodré Quirino Ferreira Giorgio Rodrigo Donini Hilgo Gonçalves José de Menezes Berenguer Neto Luiz Francisco M. de Barros Roberto Willians Silva Azevedo Rubens Bution CONSELHO FISCAL (EFETIVOS) Domingos Spina José Tadeu da Silva Ricardo Albuquerque Siga a ACREFI nas redes sociais

SUPLENTES Alexandre Teixeira José Garcia Neto Ricardo Kaoru ADMINISTRAÇÃO/ASSESSORIAS SUPERINTENDENTE Carlos Alberto Marcondes Machado RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) CONSULTOR ECONÔMICO Nicola Tingas CONSULTORA JURÍDICA Cintia M. Ramos Falcão CONSULTOR DE REGULAÇÃO E COMPLIANCE Sergio Odilon dos Anjos AUDITORIA Boucinhas, Campos & Conti Auditores Independentes CONTABILIDADE Conaupro Consultoria e Contabilidade Ltda. ASSESSORIA DE IMPRENSA

PUBLISHER Sergio Tamer EDITORES Theo Carnier Gilberto de Almeida EDITOR ASSISTENTE Gustavo Girotto ARTE Mariela Tiradentes REVISOR Vicente dos Anjos * As matérias e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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CAPA

Roberto Campos Neto Presidente do Banco Central

O MERCADO PRECISA LIBERTAR-SE DA NECESSIDADE DE FINANCIAR O GOVERNO E SE VOLTAR PARA O FINANCIAMENTO DO EMPREENDEDORISMO Fotos: Divulgação

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A competência profissional de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, já é há um bom tempo reconhecida pelo mercado financeiro. Porém, nem todos sabem da sua capacidade como comunicador. Com um discurso simples, claro e objetivo, trata de questões fundamentais da nossa economia de maneira extremamente agradável e esclarecedora. Foi dessa forma que concedeu essa entrevista exclusiva à Financeiro em que falou, entre outras coisas, sobre a possibilidade de um ligeiro crescimento do PIB, o desenvolvimento do mercado de capitais, os reflexos favoráveis trazidos pelo Cadastro Positivo, além dos benefícios conquistados pela Agenda BC#, os avanços que representam as fintechs e o open banking e os cuidados que envolvem a Lei Geral de Proteção de Dados. A seguir, leia a íntegra desse conteúdo tão relevante.

FINANCEIRO A Agenda BC# tornou-se um uma maior taxa de crescimento do PIB. E, para importante patrimônio do Banco Central. alcançar esse objetivo, é fundamental trabalharmos na modernização do SFN. De que forma ela poderá ganhar, nos próximos anos, ainda maior alcance social, co- FINANCEIRO Qual deve ser o papel das fintechs nhecendo melhor o consumidor? e do open banking na inclusão financeira? A Agenda BC# é resultado da reavaliação e da ampliação da antiga agenda de trabalho do BC, a Agenda BC+. Se eu fosse resumir em uma frase o passo adicional da Agenda BC#, diria que é a preparação do BC e de nosso país para um Sistema Financeiro Nacional (SFN) moderno e inclusivo. Esse é o nosso grande desafio: criar as condições para levar o SFN para um futuro tecnológico e inclusivo. Essa ideia permeia as diversas medidas da agenda, nas suas quatro dimensões (inclusão, competitividade, transparência, e educação financeira). Para criar esse futuro, precisamos dominar novas ferramentas, tais como blockchain, serviços de nuvem, inteligência artificial e digitalização. Precisamos também avançar nas mudanças que permitam o desenvolvimento do nosso mercado de capitais. O mercado precisa libertar-se da necessidade de financiar o governo e se voltar para o financiamento ao empreendedorismo. Afinal, a evidência empírica indica que mercados de capitais bem desenvolvidos estão associados a

Como já adiantei, o principal objetivo da Agenda BC# é justamente a preparação do sistema financeiro para um futuro tecnológico e inclusivo. Por isso, dentro da dimensão competitividade, temos olhado a questão das inovações tecnológicas com bastante cuidado. A regulamentação, em 2018, de duas modalidades de fintechs de crédito, a Sociedade de Crédito Direto (SCD) e a Sociedade e Empréstimo entre Pessoas (SEP), foi um primeiro passo nesse futuro, mas acredito que temos muito a avançar ainda. Em especial, gostaria de destacar os sistemas de open banking e de pagamentos instantâneos. O princípio central do open banking é que os dados bancários pertencem aos clientes e não às instituições financeiras. Dessa forma, desde que autorizadas pelo correntista, as instituições financeiras compartilharão dados, produtos e serviços com outras instituições, por meio de abertura e integração de plataformas e de infraestruturas de tecnologia, de forma segura, ágil e conveniente. Isso permitirá, por exemplo,

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CAPA

que um cliente acesse e movimente suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas e não apenas por aplicativo ou site do banco. Assim, o open banking propiciará o aumento da eficiência e da competição no sistema financeiro, além de abrir espaço para atuação de novas empresas no setor, proporcionando o desenvolvimento de um complexo ecossistema de fintechs com o potencial de florescimento de novos modelos de negócio. Nosso objetivo no BCB é editar até o fim de 2019 uma norma sobre open banking, para que possamos avançar de forma segura nesse processo. Quanto ao sistema de pagamentos instantâneos, o objetivo é possibilitar transferências monetárias eletrônicas entre diferentes instituições em tempo real – 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias no ano. O BCB está atuando para a implantação do ecossistema de pagamentos instantâneos no Brasil, que será um outro terreno fértil para a inovação nos modelos de negócio. Fintechs poderão se constituir tanto como instituições de pagamento, que ofertariam contas de pagamento para seus clientes, quanto como prestadores de serviço de iniciação de pagamento. Além disso, as fintechs poderão oferecer serviços agregados ao serviço básico de pagamento, como oferta de seguros, crédito, investimentos, conciliação, pagamentos de tributos, etc. O serviço de pagamento funcionaria como uma porta de entrada para a oferta desses outros serviços.

leração esperada, o nosso cenário básico supõe que o ritmo de crescimento subjacente da economia, que exclui os efeitos de estímulos temporários, será gradual. Nossa visão é de que a manutenção de incertezas quanto à sustentabilidade fiscal tende a ser contracionista. Em especial, incertezas afetam decisões de investimento que envolvem elevado grau de irreversibilidade e, por conseguinte, necessitam de maior previsibilidade em relação a cenários futuros. Em contexto de espaço fiscal limitado para investimentos públicos, é importante continuar o processo de reformas e ajustes que gerem sustentabilidade da trajetória fiscal futura. Ao reduzirem incertezas fundamentais sobre a economia brasileira, essas reformas tendem a estimular o investimento privado. Esse potencial efeito expansionista deve, em alguma medida, contrabalançar impactos de ajustes fiscais correntes sobre a atividade econômica, além de mitigar os riscos de episódios de forte elevação de prêmios de risco, como o ocorrido em 2018. Nós entendemos que uma aceleração do ritmo de retomada da economia para patamares mais robustos dependerá, também, de outras iniciativas que visam ao aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios. Esses esforços são fundamentais para a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira. Iniciativas na agenda estrutural do Banco Central – a Agenda BC# – contribuem para esse processo.

FINANCEIRO Como o Banco Central avalia os primeiros sinais de recuperação da econoFINANCEIRO Na sua visão, quais serão os bemia nacional? nefícios imediatos gerados pela implantação Os indicadores recentes de atividade econô- do cadastro positivo? mica sugerem possibilidade de retomada do processo de recuperação da economia brasileira. Nossa expectativa é que o PIB fique estável ou apresente ligeiro crescimento no segundo trimestre, com alguma aceleração nos trimestres seguintes, que deve ser reforçada pelos estímulos decorrentes da liberação de recursos do FGTS e do PIS-PASEP. Não obstante essa ace-

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O que se viu no resto do mundo é que cadastros positivos amplos e funcionais tornam o crédito mais barato e mais abundante. A associação entre cadastro positivo e crédito mais barato pode ser entendida por meio de dois canais principais. De um lado, o cadastro positivo amplia o conjunto de informações utilizadas para a


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Foto: Depositphotos

avaliação do risco dos tomadores de crédito, o que facilita a identificação dos bons pagadores, reduzindo o custo de inadimplência. De outro lado, o cadastro positivo promove uma verdadeira democratização da informação na medida em que as notas de crédito, e apenas as notas, passam a estar disponíveis para todas as instituições financeiras, propiciando, dessa forma, o aumento da competição do sistema financeiro. Acreditamos que esses benefícios do cadastro positivo se consolidarão com o tempo. Nem sempre os resultados aparecem rapidamente, mas o mais importante para nós é estarmos na direção correta, com medidas que ataquem os problemas estruturais de maneira responsável e perene. Quando atuamos dessa maneira, os resultados positivos aparecem cedo ou tarde, e os benefícios são sustentáveis. Esse é o nosso objetivo.

FINANCEIRO De que maneira as instituições financeiras poderiam contribuir com o Banco Central para aumentarmos a conscientização popular sobre a importância da poupança? A conscientização popular sobre a importância da poupança é fundamental para o bem-estar do próprio indivíduo, ao propiciar as condições para que os cidadãos possam atingir seus objetivos financeiros. A conscientização sobre a importância da poupança tem, também, efeitos mais amplos sobre a economia. Ao aumentar a propensão do cidadão a poupar, a educação financeira gera externalidades positivas para o desenvolvimento econômico do país, extrapolando o impacto direto sobre o indivíduo. Por essas razões, um dos principais objetivos que queremos alcançar por meio da promoção da educação financeira é justamente incentivar o hábito de poupança. E acreditamos que educar financeiramente a população é uma tarefa de todos, inclusive das instituições financeiras. Por isso, no âmbito da Agenda BC#, um dos nossos principais projetos são as ações de educação financeira nas instituições financeiras. A ideia desse projeto é trabalhar em parceria com

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CAPA

as instituições financeiras para mapear as iniciativas de educação financeira dos cinco maiores bancos e compreender as ações atualmente implementadas em outros mercados. Com isso, buscaremos promover a conscientização dos usuários do sistema sobre linhas alternativas, sobre a escolha do produto adequado às suas necessidades e sobre como melhorar seu cadastro de crédito.

FINANCEIRO Como normatizador do Sistema Financeiro Nacional, como o BC analisa o andamento da implantação das medidas para atender às novas demandas da Lei Geral de Proteção de Dados? A adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é assunto prioritário no segmento financeiro. O BC vem monitorando a adequação das instituições financeiras às disposições da LGPD e o sistema financeiro tem debatido os principais tópicos desse novo arcabouço legal, com a participação do BC. A atuação das instituições do segmento financeiro depende fortemente do tratamento de dados. Nesse contexto, essas instituições, inclusive por exigência legal de sigilo e por regulamentação do Conselho Monetário e do BC, a exemplo da Política de Segurança Cibernética, possuem estruturas de controles e procedimentos de proteção de dados alinhados com a LGPD. De qualquer forma, serão necessários alguns ajustes, por exemplo, no consentimento do cliente, que a lei trouxe requisitos específicos. Assim, o segmento financeiro deve estar plenamente adequado às exigências, dentro do prazo previsto na LGPD. Outro ponto a destacar é a relação entre open banking e a LGPD. A existência de um arcabouço jurídico de proteção de dados bem consolidados é fundamental para o sucesso de um sistema de open banking. Sem um ambiente com a segurança jurídica adequada, nem empreendedores estarão dispostos enfrentar potenciais

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perdas futuras nem os usuários estarão dispostos a compartilhar seus dados.

FINANCEIRO Quais são os planos do BC para estimular ainda mais a educação financeira no cotidiano dos brasileiros e no currículo das escolas? No âmbito da Agenda BC# temos cinco linhas de ação principais para promoção da educação financeira: • Projeto Educação Financeira nas Escolas, que definirá estratégias, com professores e gestores, para inserção da educação financeira na rotina de nossas crianças e adolescentes; • Ações de apoio ao superendividado; • Ações de educação financeira nas instituições financeiras, que eu já havia comentado anteriormente; • Ações voltadas especificamente para o público de baixa renda; • Museu de Economia, que será uma nova instalação do BC. Especificamente em relação à educação financeira nas escolas, estamos, em articulação com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, empregando recursos do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) na criação de plataformas de gestão, monitoramento, desenvolvimento e distribuição de recursos educacionais voltados tanto à formação de professores quanto aos alunos. Pretendemos ter a primeira avaliação de nosso projeto piloto ao final de 2020.

FINANCEIRO Como podemos ampliar o desenvolvimento do mercado de capitais, garantindo o acesso a tomadores e investidores, brasileiros e estrangeiros, famílias e empresas, grandes e especialmente pequenos? Precisamos trabalhar na modernização do Sistema Financeiro Nacional, simplificando e desburocratizando o acesso aos mercados fi-


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nanceiros para todos e dando um tratamento homogêneo ao capital, independentemente de sua nacionalidade ou se provém de um grande ou de um pequeno investidor. Nesse sentido, vale destacar a Iniciativa de Mercado de Capitais (IMK), lançada em conjunto com o Ministério da Economia, CVM, Susep e entidades de mercado. Trata-se de uma ação estratégica voltada para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro, com base no livre mercado. Entre ações dessa iniciativa, destacam-se: • Redução e desburocratização do custo para abertura de contas de custódia para não residentes; • Definição do arcabouço legal para hipoteca reversa e outros produtos de home equity; • Facilitação à emissão de instrumentos de hedge para investimento de longo prazo; • Fomento às atividades de private equity e securitização.

FINANCEIRO Como se dará o desenvolvimento dos programas de microcrédito e o estímulo ao cooperativismo? Umas das dimensões da Agenda BC# é a inclusão. E nós acreditamos que, para tornar o sistema financeiro mais inclusivo, é fundamental que o cooperativismo e o microcrédito sejam fortalecidos. Afinal, seus modelos de negócio fomentam a inclusão financeira ao serem focados em áreas pouco supridas pelo sistema financeiro tradicional, seja por questões geográficas, seja pelo perfil do tomador de recursos. É importante ressaltar que o cooperativismo já vem crescendo fortemente nos últimos anos no Brasil. Apenas para citar um número, entre 2013 e 2018, o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) cresceu 103,6%, muito acima dos 15,5% dos grandes bancos privados – 1,7% dos grandes bancos públicos comerciais, e 31,2% dos bancos públicos de desenvolvimento. Acreditamos que esse seja apenas o início do processo, havendo ainda grande espaço para

crescimento. Nosso objetivo é que, em 2022, a participação das cooperativas no crédito concedido no SFN aumente para 20%, dos 8% atuais. Para isso, vamos focar nossa atuação em três vertentes principais: • Desenvolvimento de regulação que considera as peculiaridades das cooperativas; • Fomento ao aprimoramento da governança, dos controles e do gerenciamento de riscos; • Supervisão especializada que busca compreender o negócio das cooperativas. De modo mais específico, vale citar algumas das ações que estamos trabalhando: • Permissão de empréstimo sindicalizado dentro de sistemas de dois ou três níveis (funding intrassistema); • Criação do Depósito Interfinanceiro Cooperativo (funding intercooperativas e sistemas); • Permissão de captação de poupança por cooperativas singulares; • Permissão de uso de Fundos Constitucionais como funding; • Modernização do conceito de área de admissão; • Permissão e regulamentação para a realização de assembleias por canais digitais com votação eletrônica; • Regulamentação da possibilidade de intervenção por confederações e centrais; • Profissionalização do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCOOP); • Aprimoramento da auditoria cooperativa. Quanto ao microcrédito, gostaria de citar alguns dos nossos objetivos: • Aumento do funding; • Criação de plataforma de tecnologia; • Educação financeira para melhoria da nota de crédito; • Meta por região e por segmento; • Parceria com bancos privados; • Intensificação do papel de instituições não bancárias; • Diminuição do custo de observância; • Alavancagem do uso de recebíveis; • Diminuição do risco usando novas tecnologias (exemplo: open banking e plataformas). f

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ALÉM DAS FRONTEIRAS

Marcos Troyjo

Secretário Especial de Comércio Exterior

Foto: Divulgação/Fecomerciosp

UM COMÉRCIO EXTERIOR VIBRANTE Marcos Troyjo, secretário especial de Comércio Exterior, revela as oportunidades para o País diante do recente acordo entre o Mercosul e a União Europeia, da aproximação com os Estados Unidos e ainda do aumento das exportações para a China

C

osturado há mais de 20 anos, o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia foi firmado no dia 28 de junho e significa uma conquista importantíssima para os países dos dois blocos. Sua extensão pode impactar positivamente quase 800 milhões de consumidores e deve gerar inúmeras oportunidades de negócios nos setores agrícola, industrial e de serviços. Seus be-

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nefícios resultam em eliminação de tarifas, redução de exigências e simplificação para licitações públicas de serviços de telecomunicações e transporte, melhores condições de acesso a bens, serviços e investimentos, mediante a redução ou eliminação de restrições e simplificações de procedimentos nas operações comerciais, além da facilitação de procedimentos em operações comerciais.


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Em meio a um clima de natural euforia entre os empresários, Marcos Troyjo, secretário especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia, afirmou, em palestra na FecomercioSP, dia 8 de agosto, que o momento recomenda uma afinidade cada vez maior entre as políticas econômica e comercial do Brasil. Ele lembrou que, ao contrário do que acontecia em governos anteriores, a atual gestão do ministro da Economia, Paulo Guedes, conseguiu unificar o direcionamento tanto da política econômica como da comercial do País. “Não há milagre econômico sem um vibrante comércio exterior, enfatizou ele”.

ESTRATÉGIA E O ALINHAMENTO DAS INSTITUIÇÕES No entanto, ponderou que apesar das mudanças adotadas, o sucesso da economia brasileira passa obrigatoriamente por reformas que devem ser implementadas, como a da Previdência e a Tributária. Ao analisar os pontos em comum entre países que conquistaram o êxito econômico, Troyjo lembrou que a estratégia e o alinhamento das instituições continuam a ser fundamentais para atingirmos os objetivos esperados. “Não importa a cor do gato, o que importa é que ele saiba caçar o rato”, descontraiu a plateia, ao citar o provérbio popular inglês. “Nós da equipe econômica estamos trabalhando em torno de propósitos coincidentes. A unificação dos antigos ministérios da Fazenda, do Trabalho e Previdência Social, e da Indústria e Comércio em apenas uma pasta – o Ministério da Economia – é o grau de coesão necessário que pode levar o Brasil a avançar, mas sem deixar de lado as reformas da Previdência, a Tributária e as privatizações. Tirando a asfixia das coisas públicas.”

A UNIFICAÇÃO DOS ANTIGOS MINISTÉRIOS DA FAZENDA, DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL, E DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO EM APENAS UMA PASTA – A DA ECONOMIA – É O GRAU DE COESÃO NECESSÁRIO QUE PODE LEVAR O BRASIL A AVANÇAR...

TORNAR O BRASIL MAIS LEVE E MAIS RÁPIDO Segundo Troyjo, o grande acordo que o Brasil precisa fazer é com ele mesmo, principalmente em questões relacionadas à Receita Federal e aos entraves logísticos. “O País precisa ficar mais leve, o que o torne a ser mais rápido e mais ágil. Ele precisa ser menos oneroso e ‘prender menos’. Ao cortar as amarras, vamos ficar mais leves para avançar”, sugeriu. Além disso, tratou da ambiciosa pauta de negociações que o Brasil já mantém com outros países e que devem avançar após a assinatura do acordo com a União Europeia. Isso pode estimular, por exemplo, o interesse de norte-americanos, japoneses, coreanos, mexicanos e demais parceiros em concluir negociações com o Brasil.

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ALÉM DAS FRONTEIRAS

ELIMINAÇÃO DOS ENTRAVES E DA BUROCRACIA

Foto: Agência TUTU

O secretário de Comércio Exterior enfatizou também o bom momento do relacionamento do Brasil com o Estados Unidos. Os encontros frequentes entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, além da recente visita ao Brasil do secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, iniciativa que favoreceu o reaquecimento das negociações com Washington. “Vamos buscar um acordo mais amplo com os Estados Unidos, incluindo produtos e tarifas.” Por parte dos norte-americanos, as negociações devem basear-se em investimentos e na eliminação dos entraves e da burocracia no intercâmbio bilateral.

REDUÇÃO DAS TARIFAS DE IMPORTAÇÃO Outro ponto abordado por Troyjo foi a iniciativa do Ministério da Economia que reduziu para zero as tarifas de importação de bens de capital até 2021. Em equipamentos utilizados para a fabricação de produtos para consumo, por exemplo, a taxa de importação foi reduzida de 14% para zero. Além disso, itens de informática e de telecomunicação também foram beneficiados com a redução da tarifa de 16% para zero. Ele manifestou também a relevância para o Brasil em negociar com os Estados Unidos até junho de 2021, enquanto ainda está em vigor o TPA (Trade Promotion Authority), instrumento pelo qual Donald Trump pode fechar acordos internacionais com total liberdade. Ao congresso norte-americano resta apenas as opções de aprovar ou negar, sem alternativa de alterar ou obstruir. "Acho que deveríamos buscar uma agenda mais ambiciosa." Ele enfatiza que o Brasil e os Estados Unidos são as duas maiores economias das Américas, duas das maiores democracias do mundo e têm um intercâmbio muito abaixo do potencial. "Estamos voando abaixo da altitude possível", afirmou.

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MAIOR EXPORTADOR DE SOJA PARA A CHINA As relações tensas vivenciadas nos últimos tempos entre Estados Unidos e China também foram alvo da palestra do Troyjo na FecomercioSP. Para ele, o Brasil já se beneficiou de algumas vantagens, principalmente na exportação do agronegócio. Como o grão norte-americano ficou mais caro, a China substituiu as compras dos Estados Unidos pela soja brasileira. Com isso, o Brasil tornou-se o maior exportador de soja para a China – e do mundo – ultrapassando os Estados Unidos. “Isso pode acelerar o processo de entendimento do Brasil com a China.” No entanto, Troyjo admite que se o problema entre a China e os Estados Unidos não chegar rapidamente a um entendimento, isso deve elevar o clima de incerteza e ainda diminuir o ritmo do crescimento global. Essa é uma situação que não interessa a ninguém. f


PONTO DE ENCONTRO

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Foto: Divulgação

Luciano Timm

Secretário Nacional do Consumidor (Senacon)

TEMOS FOCO NA DEFESA DO CONSUMIDOR NA ERA DIGITAL O profissional certo no lugar certo. Essa é uma qualificação que está longe de ser exagerada quando tratamos de Luciano Timm à frente da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). Professor de Direito da FGV e pós-doutor pela Universidade de Berkeley (EUA), entre outros importantes títulos, ele é considerado um dos mais lúcidos analistas do Direito Econômico. Nessa entrevista com a Financeiro, Timm fala sobre o fortalecimento dos mais de 900 Procons distribuídos pelo País, do poder transformador da tecnologia na relação com os consumidores, dos benefícios e dos reflexos da inteligência artificial. A seguir, leia os principais trechos desse bate-papo.

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PONTO DE ENCONTRO

CONHECIDO POR SUAS LÚCIDAS ANÁLISES ECONÔMICAS DO DIREITO, QUAL FOI A SUA PERCEPÇÃO IMEDIATA AO ASSUMIR A SENACON?

É POSSÍVEL APROXIMAR E UNIFORMIZAR O ATENDIMENTO DE CENTENAS DE ÓRGÃOS DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISTRIBUÍDOS PELO PAÍS?

A secretaria teve um momento de grande atuação e a estrutura formal encontrada recontava essa história, inclusive com bons quadros técnicos. No entanto, encontramos mais de 30% dos cargos diretivos vagos, um número considerável de processos em estoque e algum esvaziamento do papel da secretaria após quase 30 anos de aprovação do Código de Defesa do Consumidor. Foi um grande desafio montar rapidamente a equipe gerencial (todos técnicos e concursados) e ainda definir os projetos estratégicos para os próximos anos, dando a ela nova significância em tempos de economia digital.

É possível buscar a harmonização do processo sancionador e da dosimetria da pena, mas sempre respeitando a autonomia federativa de lado a lado. Nós também temos nossa autonomia. Estamos investindo num sistema mais moderno de gestão das informações (o Proconsumidor) e aumentando o acesso dos Procons ao consumidor.gov.br.

DE QUE FORMA ESPERA TORNAR A SENACON AINDA MAIS PRÓXIMA DOS BRASILEIROS? De um lado, apostando na parceria, sobretudo com os mais de 900 Procons espalhados pelo País, para fortalecer a sua estrutura e a cooperação interinstitucional e também para investir em tecnologia. Assim conseguimos abarcar os diferentes perfis de consumidores brasileiros. Finalmente, atuação conjunta em parceria com o CADE e com as agências reguladoras.

QUAIS SÃO AS INICIATIVAS PLANEJADAS PELA SENACON PARA EXPANDIR SUAS AÇÕES DIRECIONADAS AO RESPEITO E À TRANSPARÊNCIA COM OS CONSUMIDORES? Pretendemos investir em educação de fornecedores e consumidores, melhorando o conhecimento dos direitos e obrigações previstos na legislação. Acreditamos também no papel transformador da tecnologia como a plataforma consumidor.gov.br e finalmente, quando necessário, mediante o processo administrativo sancionador, quando houver infrações à lei.

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EXISTEM PLANOS PARA PLANTARMOS UMA SEMENTE A FIM DE APERFEIÇOARMOS OS PADRÕES REGULATÓRIOS DAS INSTITUIÇÕES? Sim, creio que a MP da Liberdade Econômica veio nesse sentido. Também a Senacon pretende acompanhar temas de interesse do consumidor em mercados regulados, como o da telefonia (plataforma Não Me Perturbe), resultante de parceria com ANATEL; temas aeronáuticos como a crise da Avianca, acompanhado em parceria com a ANAC, e existem outros temas em desenvolvimento com ANP, ANEEL.

ATÉ QUE PONTO OS BRASILEIROS ESTÃO PREPARADOS PARA ACEITAR A MEDIAÇÃO E A ARBITRAGEM COMO ALTERNATIVAS MAIS SIMPLES E MENOS CUSTOSAS PARA RESOLVER CONFLITOS? A arbitragem é um sucesso no âmbito corporativo. Temos de refletir com cautela sobre sua utilização em relações de consumo. Talvez arbitragens coletivas. Já a mediação é de fácil incorporação com parcerias com tribunais, Procons, etc.

PASSADOS TANTOS ANOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, AINDA EXISTEM EMPRESAS RESISTENTES A ASSUMIR AS SUAS


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Foto: Depositphotos

RESPONSABILIDADES? OU ISSO JÁ FOI PLENAMENTE ASSIMILADO? Estamos em uma fase de maior concorrência, de maturidade democrática e econômica. Infelizmente tivemos uma década perdida. Não fosse isso, estaríamos em outro patamar econômico. Mas, claro que sempre devemos estar atentos como reguladores e formuladores de políticas públicas. Estamos preparados para irmos nos aproximando do que fazem na Europa e nos Estados Unidos: maior autonomia do consumidor em alguns temas, maior investimento em educação dos fornecedores e consumidores, aposta de corregulação ou mesmo autorregulação supervisionada.

DE QUE MANEIRA A SENACON PRETENDE ATINGIR E ATRAIR A ATENÇÃO DAS NOVAS GERAÇÕES DE CONSUMIDORES?

Temos foco na defesa do consumidor na era digital. Queremos entender os reflexos da inteligência artificial, internet das coisas, e como aplicar a legislação antiga nesse novo cenário econômico. E apostar em tecnologia como o consumidor.gov. br e a Escola Nacional do Consumidor (ENDC).

COMO O SETOR FINANCEIRO PODERIA CONTRIBUIR MAIS COM AS INICIATIVAS DA SENACON? Primeiro, garantindo que todas instituições financeiras estejam cadastradas no consumidor. gov.br. Depois, que treinem seus colaboradores na ENDC (é on-line e gratuito). Terceiro, que tratem bem seus clientes nos diversos canais de atendimento (SAC, ouvidorias, Gov). E que evitem ao máximo a judicialização. f

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T

radicional ponto de encontro de profissionais comprometidos com as futuras gerações, o 14º SIAC reúne este ano mais um seleto grupo de palestrantes atentos e sensíveis para os rumos que podem direcionar o nosso país e o mundo nos próximos meses. O que podemos esperar? Quais são as medidas que devem ser adotadas?

Como conquistar os avanços com maior segurança e menor risco? Essas e outras questões devem ser respondidas no 14º SIAC, dia 12 de novembro, em São Paulo. Para que conheça um pouco melhor o perfil dos nossos palestrantes, leia algumas de suas reflexões publicadas recentemente na mídia ou nas redes sociais.

PERIGOSO RISCO DE PLEBISCITARISMO “No mundo imaginário da política, estamos diante de um perigoso risco de plebiscitarismo e erosão democrática. No mundo real, o que vemos é outra coisa: um governo politicamente frágil e de baixo consenso diante de um Congresso avesso à agenda conservadora, ainda que surpreendentemente favorável a temas de modernização econômica. E o mesmo pode-se dizer do STF. Em ambos os casos, não se trata propriamente de uma notícia má.“ FERNANDO SCHÜLER – CIENTISTA POLÍTICO, PROFESSOR DO INSPER, ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNAMENTAL / FSP / 20/6/2019

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EUA PAGARÃO UM PESADO PREÇO PELO PROTECIONISMO “Não tenho nenhuma dúvida de que os Estados Unidos pagarão um pesado preço pelo protecionismo, pelo desarranjo fiscal crescente e pela gigantesca perda de ‘soft power’ resultante da quebra de relações e de regras longamente estabelecidas desde o fim da Guerra Mundial. Nem mesmo a maior potência do mundo pode brigar com todos ao mesmo tempo. Quem pode confiar num acordo assinado por alguém que muda de ideias e de táticas como troca de ternos?” JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS – ECONOMISTA E SÓCIO DA MB ASSOCIADOS OESP – 14/7/2019

TRANSFORMAÇÕES AFETAM POSITIVAMENTE AS VIDAS DE MILHÕES DE PESSOAS “Felizmente, eu sei mais sobre a cultura do local de trabalho do que eu sei sobre lagartas e posso dizer-lhes definitivamente como uma empresa que busca inicialmente o reconhecimento se torna um ótimo lugar para trabalhar para todos. É uma transformação incrível. E, embora não seja tão biologicamente emocionante quanto a mudança da lagarta, ela é tão surpreendente e inspiradora. Toda vez que ouço um de nossos clientes compartilhar sua jornada, fico energizado porque sei que essas transformações afetam positivamente as vidas de milhões de pessoas em todo o mundo.” MICHAEL C. BUSH – CEO DO GREAT PLACE TO WORK / LINKEDIN – 10/7/2019

CICLO VIRTUOSO ACONTECENDO NO BRASIL "Vemos basicamente um ciclo virtuoso acontecendo no Brasil, onde você tem uma política fiscal mais apertada e uma política monetária mais relaxada. Isso atrai capital externo e faz com que as empresas possam recuperar muito do que perderam em termos de lucro. O crescimento dos lucros das empresas é o principal motor da bolsa.” EMY SHAYO – ESTRATEGISTA DE AÇÕES PARA A AMÉRICA LATINA DO JPMORGAN / INFOMONEY – 12/3/2019

CONSUMIDORES BUSCAM EXPERIÊNCIAS MAIS INTENSAS “Vivemos em um novo contexto social, no qual a tecnologia gera grande impacto no nosso cotidiano e novos hábitos estão se consolidando. Neste cenário, os paradigmas que regiam o mercado estão mudando. Os consumidores querem buscar experiências mais intensas do que a simples compra. Eles valorizam relacionamentos no seu dia a dia, nas suas decisões e mesmo na forma como encaram o mundo.” VALKIRIA GARRÉ – CEO DA KANTAR INSIGHTS BRASIL / E-COMMERCE NEWS – 25/6/2019

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PESQUISA ACREFI/KANTAR

HÁ ESPAÇO PARA UMA AGENDA DE REALIZAÇÕES INSTITUCIONAIS A pesquisa Perspectivas 2019, iniciativa da parceria ACREFI/ Kantar, identifica que os brasileiros consideram o cenário atual promissor, em relação aos anos anteriores, mas a expectativa de melhora não é imediata

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assada a euforia com a eleição de Jair Bolsonaro e os primeiros meses da sua gestão, 13% dos brasileiros consideram a atual situação do Brasil como ótima ou “boa”, o nível mais alto, desde 2016, da pesquisa Perspectivas: Expectativa dos Brasileiros com o Cenário Político & Social, estudo realizado periodicamente pela parceria ACREFI/Kantar. A nova rodada do levantamento, concluído em junho deste ano, identificou que 36% dos mil entrevistados classificaram o quadro como regular. Já

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a parcela dos que avaliaram o momento como ruim ou péssimo somou 51%, o contingente mais baixo em três anos. Para Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, o momento atual deve ser o ponto de partida para que o País cresça de forma mais sustentável, favorecido pelo protagonismo de cada brasileiro. “É necessário também buscarmos tomadas de decisões ainda mais conscientes, usando todo o aprendizado desafiador que vivenciamos nos últimos anos”, afirmou Hilgo,


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Da esq. para dir.: Theo Carnier, Nicola Tingas, Viviane Varandas e Hilgo Gonçalves

durante a coletiva de imprensa on-line organizada para divulgar os novos resultados da pesquisa. “Isso deve contribuir para que tenhamos um consumo de crédito mais consciente, com a redução do endividamento das famílias e com a inclusão de milhões de brasileiros no sistema financeiro. Enfim, estimulando o crescimento do Brasil”, enfatizou o presidente da ACREFI. Do ponto de vista econômico, a pesquisa ACREFI/Kantar detectou que 37% dos entrevistados acreditam que a situação do Brasil vai melhorar apenas em 2020; 19% esperam uma reversão do quadro em três ou quatro anos, 4% apostam em uma retomada positiva ainda no segundo semestre de 2019; e 10% somente em 2021. “Existe uma convergência positiva motivada principalmente pela Reforma da Previdência. Há espaço para uma agenda de realizações, embora isso não deva acontecer de imediato”, avaliou Nicola Tingas, consultor jurídico da ACREFI. Esse contexto leva a entidade projetar que teremos em 2019 um crescimento do PIB de 0,8%, inflação por volta de 3,70%, Taxa Selic de 6,0% e a evolução do crédito bancário com recursos livres estimada de 12%. Segundo Viviane Varandas, diretora de atendimento ao cliente da Kantar, o principal motivo de preocupação dos brasileiros é o desemprego. A pesquisa detectou que 56% dos entrevistados se mostram atentos ou preocupados em relação à sua segurança no mercado de traba-

Isso deve contribuir para que tenhamos um consumo de crédito mais consciente, com a redução do endividamento das famílias e com a inclusão de milhões de brasileiros no sistema financeiro. HILGO GONÇALVES

lho. Já entre as prioridades apontadas estão a Reforma da Previdência (21%), Educação (18%) e Saúde (14%). “Ainda que o cenário atual seja promissor, em relação aos anos de 2017 e 2018, a expectativa de melhora não é imediata. O desemprego ainda é uma questão que gera muita preocupação”, sinalizou a executiva da Kantar.

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PESQUISA ACREFI/KANTAR

COMO VOCÊ AVALIA A SITUAÇÃO DO BRASIL HOJE? Ainda que apenas 13% da população avalie a situação do país como ótima ou boa, trata-se do melhor resultado nos últimos 3 anos. Também melhora a avaliação de um cenário que era péssimo ou ruim, para regular.

QUAL DAS SEGUINTES PALAVRAS DESCREVE MELHOR O SEU SENTIMENTO EM RELAÇÃO AO FUTURO? O alto otimismo pós-eleição cede espaço para um sentimento mais realista e mais otimista que no passado. Vale considerar que a preocupação é um sentimento ainda bastante presente, principalmente entre os mais jovens.

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PENSANDO NA SITUAÇÃO DO BRASIL COMO AVALIA ... A percepção é que a oferta de crédito e consumo das famílias vai melhorar quando comparada à abril/18 péssimo ou ruim, para regular.

OFERTA DE CRÉDITO PARA POPULAÇÃO

CONSUMO DAS FAMÍLIAS

O mesmo movimento é percebido para a perspectiva de crescimento do País e melhora da taxa de juros.

CRESCIMENTO DO PAÍS

Vai melhorar

Igual

TAXA DE JUROS

Vai piorar

Para ver a pesquisa na íntegra, acesse o site: www.acrefi.com.br

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12 DE NOVEMBRO

BRASIL

Avanços, Desafios e Expectativas

O ponto de encontro de quem é comprometido com as futuras gerações Apresentação: Christiane Pelajo

PATROCINADOR DIAMANTE

HILGO GONÇALVES Presidente da ACREFI

JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS Economista

MICHAEL C. BUSH CEO Global do GPTW

EMY SHAYO Estrategista do JP Morgan

FERNANDO SCHULER Cientista político

VALKIRIA GARRÉ CEO da Kantar Brasil

PATROCINADOR OURO

PATROCINADOR PRATA

REALIZAÇÃO

PATROCINADOR BRONZE


PARCERIA

27 Foto: Divulgação

CONHECIMENTO, QUALIFICAÇÃO E TRABALHO Programa da ACREFI e do CIEE vai treinar e certificar jovens que atuarão no setor financeiro

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ACREFI e o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) estão unidos em torno de mais uma importante ação social. No dia 13 de agosto, as duas entidades anunciaram os detalhes do Programa Voluntariado, iniciativa voltada ao treinamento e à certificação de jovens que, assim, estarão habilitados a atuar com correspondentes bancários em atendimento qualificado dos clientes. O programa contempla 300 jovens, entre 14 a 24 anos incompletos, que estejam cursando o ensino médio ou superior, em instituições públicas. Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, lembrou que a proposta do programa é contribuir com a inserção do jovem no mercado de trabalho. Além disso, a iniciativa está alinhada com alguns dos principais pilares da associação, como a educação e o compartilhamento do conhecimento: “Não se trata de dar emprego, mas sim oferecer a orientação necessária para melhorar a preparação dos participantes. Uma vez certificados, eles terão uma vantagem competitiva e poderão atuar ajudando e orientando pessoas ao lado de correspondentes bancários.” Ao falar a uma plateia de centenas de jovens

no Teatro CIEE, em São Paulo, Hilgo Gonçalves ressaltou que o mais importante é a atitude deles perante esse novo desafio: “Quem faz a diferença é você, que faz acontecer. As instituições financeiras e os correspondentes bancários precisam de pessoas treinadas para falar com os clientes. É essa oportunidade que vocês terão a partir de agora.” Também presente ao evento, Cíntia Falcão, consultora jurídica da ACREFI e coordenadora do Programa Voluntariado, reforçou o ponto de vista do alcance da iniciativa, que prevê a certificação e o encaminhamento dos jovens para processos seletivos em instituições financeiras e no varejo. Esses aprendizes também serão apadrinhados por jovens, que serão responsáveis por acompanhar a sua evolução em futuras atribuições. Serão criados ainda indicadores de avaliação que serão aplicados três meses depois da certificação. Além de Hilgo Gonçalves, falaram no lançamento do programa: Marcelo Gallo, superintendente Nacional de Operações do CIEE; e Ângelo Ávila, superintendente de Consignados do Santander, que fez uma palestra para os jovens sobre educação financeira. f

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SEMINÁRIO VEÍCULOS

Fotos: Rogério Alexandre

SUPERAR AS DIFICULDADES COM GARRA E COMPETÊNCIA Em evento promovido pela ACREFI, mercado de veículos mostra-se moderadamente otimista, mesmo diante de importantes desafios a serem enfrentados nos próximos meses

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segmento de autos está entre aqueles que mantêm enorme sintonia com a ACREFI. Para sustentar essa tradicional parceria, a associação promoveu dia 23 de agosto, no Renaissance São Paulo Hotel, o seminário Panorama do Mercado de Veículos: Desafios e Certezas. O encontro contou com a participação dos palestrantes André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos; Enilson Espinola Sales Souza, vice-presidente da Fenauto; José Maurício Andreta Júnior, vice-presidente da Fenabrave; e Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. A apresentação ficou por conta de Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), responsável pela área de Relações Institucionais da ACREFI, e

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o debate foi conduzido por Cleber Martins, coordenador das Comissões da ACREFI. Como já é de tradição, antes de passar a palavra aos convidados, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, contagiou a plateia com sua mensagem HILGO GONÇALVES de otimismo. Falou sobre Presidente da ACREFI o papel essencial da indústria de veículos para a economia nacional, setor que está preparado para enfrentar e superar crises, assim como já o fez em outras ocasiões. “Precisamos ser protagonistas


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para estarmos à frente e gerir os negócios, contribuindo assim com o crescimento do País”, reforçou Hilgo. “Para isso, devemos estar sempre próximos dos nossos parceiros, trocando ideias, compartilhando conhecimento e experiências. A ACREFI procura fazer parte do dia a dia do segmento de veículos”, reforçou. Na sequência, o economista André Perfeito, da Necton Investimentos, entre outros pontos, alertou que o governo tem proposto ajustes de longo prazo, ou seja, que levam algum tempo para gerar resultados, como, por exemplo, a reforma trabalhista e as mudanças na CLT. “O empresário não contrata mais funcionários porque está mais barato contratar, ele só investe em mão de obra se houver demanda para seus produtos”, afirmou o economista da Necton. Sobre a queda da Taxa Selic, Perfeito observou que os riscos inerentes à atividade de emprestar dinheiro não diminuíram; na verdade, subiram. “O canal do crédito continua obstruído pelos mesmos motivos que os investimentos não acontecem; dado ao fraco nível da atividade econômica e ao risco inerente à oferta de crédito’, sinalizou ele. “Sabemos que o volume de crédito na economia é um importante indicador do apetite doméstico pelo consumo. Sabemos que o spread dos juros não tem sido favorável, na verdade tem até subido para as pessoas físicas. Para se ter uma ideia, o spread para pessoas físicas era de 28,9 pontos percentuais, em janeiro de 2013, e agora está em 37,18.” Com um discurso bem mais otimista, Enilson de Souza, da Fenauto, entidade que representa autos seminovos e usados, disse que os meios alternativos de transporte não levam o consumidor a abrir mão do seu carro. No entanto, apontou a falta de crédito para estimular as vendas dentro do mercado de usados. Para se ter uma ideia, das 14.275.382 transações realizadas pelo segmento em 2018, apenas 3.433.770 (25%) contaram com suporte de crédito. “Ou seja, 75% das negociações oferecem espaço para o uso de crédito”, calculou o dirigente da Fenauto. “Por que os bancos não colocam o dinheiro em circulação e protegem o risco com preço?”, questionou Souza.

ANDRÉ PERFEITO Economista-chefe da Necton Investimentos

ENILSON ESPINOLA SALES SOUZA Vice-presidente da Fenauto

JOSÉ MAURÍCIO ANDRETA JÚNIOR Vice-presidente da Fenabrave

LUIZ CARLOS MORAES Presidente da Anfavea


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SEMINÁRIO VEÍCULOS

Da esq. para dir.: José Maurício Andreta Júnior, Luiz Carlos Moraes, Enilson Espinola Sales Souza, Cleber Martins, André Perfeito e Hilgo Gonçalves

“A decisão de contratação deve ficar a cargo do mercado.” Na mesma linha da Fenauto, José Maurício Andreta, da Fenabrave, instituição que está à frente de mais de 7 mil concessionárias distribuídas pelo País (50 marcas), também se mostra otimista com as perspectivas para o setor no segundo semestre de 2019. Pela previsão da entidade, o número de emplacamentos de carros novos será 8,02% maior, em comparação ao ano anterior. Porém, Andreta enxerga espaço para que o segmento se torne ainda mais eficiente, com as concessionárias ainda mais focadas na satisfação e na fidelização dos clientes. “Além disso, temos dever de contribuir com País, investindo, superando as dificuldades com garra e competência, itens essenciais para que a máquina volte a girar”, ressaltou o dirigente da Fenabrave. Já Luiz Carlos Moraes, da Anfavea, entidade que representa os fabricantes de veículos, vê a economia nacional também com moderado otimismo, pois números de julho revelam crescimento nas vendas de 9,1%, em relação

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ao mês anterior, com um avanço de 12,1% de janeiro a julho de 2019, em comparação com mesmo período do ano passado. Durante o mês, 243,6 mil veículos foram vendidos, incluindo automóveis, caminhões e máquinas agrícolas, o que representa um acumulado de 1,55 milhão de unidades emplacadas desde o início do ano. Em parte, Moraes atribui esse crescimento a um ligeiro aumento na confiança do consumidor, impulsionada, entre outras coisas, pela redução dos juros e pelo clima das reformas em tramitação no Congresso. Atento ao tema do seminário proposto pela ACREFI, Moraes relacionou algumas certezas e desafios que devem orientar os próximos passos à indústria de veículos. Entre as certezas, a implementação do acordo do Mercosul com a União Europeia, uma mudança no modelo de negócio com o crescimento do uso compartilhado de veículos e a criação de joint ventures entre montadoras e empresas de fora do setor. Já alguns dos desafios pautados são o aumento da competitividade do País, a efetiva redução da taxa de juros, a melhoria da infraestrutura e o apoio às exportações. f


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E você? FGC é o Fundo Garantidor de Créditos. Uma instituição que tem como propósito principal proteger o pequeno e o médio investidor. O FGC garante seus depósitos e investimentos em até 250 mil reais por banco ou financeira*. É uma garantia que você tem para poder investir com mais segurança e tranquilidade. Com o FGC, você e o seu dinheiro ficam muito mais protegidos.

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SEMINÁRIO FRAUDE

NITROGLICERINA PURA Seminário da ACREFI debate as fragilidades do sistema, os riscos relacionados às fraudes cibernéticas e aponta possíveis soluções para proteger o pote de ouro das corporações

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m um mundo cada vez mais digital, pesquisa global da Serasa Experian identificou que 75% das empresas estão interessadas e empenhadas em medidas avançadas de segurança e em processos de autenticação. Sensível às necessidades do mercado, a ACREFI promoveu dia 18 de junho o seminário Prevenção à Fraude Cibernética, com os especialistas Alexandre Domingos de Sousa, CISO (chief information security officer) da CIP (Câmara Interbancária de Pagamento) e Marcos Julião, sócio fundador da consultoria JCAdvisor. A mediação do encontro foi de Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), responsável pela área de Relações Institucionais da ACREFI. Segundo Alexandre Domingos, uma das maneiras mais eficientes de prevenir a fraude cibernética é justamente pelo compartilhamento de conhecimentos e experiências. Tanto é assim que a vulnerabilidade dos sistemas digitais mereceu destaque na pauta deste ano do Fórum Econômico Mundial (WFE), em Davos

(Suíça). Os principais líderes globais discutiram saídas em eventuais ataques que atinjam, por exemplo, os sistemas de saúde, distribuição de energia ou de água. “Não é à toa que o tema da fraude cibernética ganha evidência e está entre as prioridades das autoridades”, lembrou Domingos. De acordo com o relatório do WFE 2019, a perda econômica causada pelo cibercrime deve atingir a cifra de US$ 3 trilhões até 2020, e 74% das empresas do mundo podem ser hackeadas no próximo ano. Os atuais esforços para conter o crime cibernético, embora importantes, continuam sendo insuficientes, à medida que as ameaças cibernéticas continuam a crescer. Para tentar conter essas ameaças, Domingos trouxe aos convidados da ACREFI algumas recomendações do 2019 Data Breach Investigations Report, que analisou 44.686 incidentes reais de segurança e 2.013 violações de dados, em 86 países. O documento recomenda, por exemplo, estabelecer padrões de configuração

ALEXANDRE DOMINGOS DE SOUSA CISO (chief information security officer) da CIP (Câmara Interbancária de Pagamento)

MARCOS JULIÃO Sócio fundador da consultoria JCAdvisor

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Fotos: Rogério Alexandre

Entre 70% e 80% dos ataques ocorridos nas companhias são facilitados por pessoas de dentro da própria empresa MARCOS JULIÃO

de segurança, uso de autenticação forte, monitoramento e registro de acesso a dados sensíveis e ainda um trabalho intenso de conscientização dos usuários. “Comece protegendo aquilo que é mais crítico no seu negócio. Proteja seu pote de ouro. Não é suficiente investir apenas em tecnologia, é fundamental investir também em processos e pessoas”, recomendou o executivo da CIP. Mantendo a mesma linha de pensamento de Domingos, Marcos Julião, da JCAdvisor, reforçou que entre 70% e 80% dos ataques ocorridos nas companhias são facilitados por pessoas de dentro da própria empresa, segundo estimativas de mercado. Ele chamou atenção também sobre quem supervisiona a governança de risco da empresa, pois, segundo levantamento da Deloitte, 70% das organizações têm dependência de “moderada” a “alta” de organizações externas. “Portanto, as ameaças estão dentro e fora de casa”, insistiu Julião. Outros dados da Deloitte compartilhados pelo sócio da JCAdvisor mostram que apenas 31% das empresas colocam em prática medidas de inteligência para detectar riscos e divulgar ameaças ocorridas em outras organizações. Por outro lado, o estudo da Deloitte identificou que as organizações da América Latina estão aumentando seus orçamentos dedicados à gestão de risco cibernéticos e à segurança da informação. Para Julião, é necessário trabalhar exaustivamente em alguns conceitos básicos para minimizar os riscos, como monitoramento permanente, detecção de eventuais falhas, programação e execução de testes, regularidade no treinamento da equipe, etc. “As pessoas não podem esquecer em nenhum momento que estão trabalhando com nitroglicerina pura”, comparou o também fundador da JCAdvisor, antes de encerrar sua palestra no seminário da ACREFI. f

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GTPW

BANCO LOSANGO É HEPTA Foto: Divulgação

Mais uma vez primeiro lugar entre as grandes instituições no ranking das “Melhores Empresas para Trabalhar” no Rio Janeiro, associado da ACREFI valoriza as oportunidades de o colaborador conquistar uma vida melhor

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ela sétima vez consecutiva, o Banco Losango, associado da ACREFI, conquistou o primeiro lugar entre as grandes instituições da 12ª edição do Prêmio das Melhores Empresas Para Trabalhar no Rio Janeiro. Organizado pelo Great Place to Work (GPTW), o ranking do Rio atraiu a inscrição de 153 empresas, das quais 55 foram premiadas, 10 são de porte grande, 35 de tamanho médio e 10 pequenas. Para Elias de Souza, diretor do Banco Losango, acreditar na cultura organizacional é um dos diferenciais da instituição, em que todos fazem parte de uma grande família e sentem orgulho de cada conquista.“Nosso propósito não está só nas paredes: ‘dar oportunidade para que as pessoas conquistem uma vida melhor de forma consciente, contribuindo para o crédito sustentável do varejo’. Aqui na Losango, todos têm oportunidade de conquistar uma vida melhor dentro e fora do trabalho, enfatiza Souza.

Ao olhar para as recentes ações sugeridas pelo GPTW, o diretor do Losango avalia que se tornaram mais engajados com a causa da diversidade, ganhando força em todas as vertentes. “É uma pauta que se faz necessária. A Losango é um banco feminino e nós temos muito orgulho disso, 70% do nosso quadro de colaboradores é formado de mulheres e não é só porque temos esse índice que vamos nos conformar. Pelo contrário, temos um comitê de mulheres para discutir sobre esse tema, explica o executivo. Entre as novidades, estão produzindo novas cordinhas de crachá, com o símbolo do movimento LBTQI+, o arco-íris, e todos os colaboradores que apoiam a causa, podem usar o novo acessório. “É uma atitude simples, mas acreditamos que tem um impacto bastante significativo. E é isso que queremos mostrar, que a Losango é uma empresa para todos”, acrescenta Souza. f

Marque na sua agenda. Dia 8 de outubro, a ACREFI e o GPTW promovem pela primeira vez a premiação do ranking das Melhores Empresas para Trabalhar do Sistema Financeiro. O objetivo é identificar as instituições financeiras alinhadas com os novos tempos, empenhadas em tornar o clima organizacional mais favorável ao colaborador.

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SUMMIT JURÍDICO

Fotos: Rogério Alexandre

NA ONDA DAS PLATAFORMAS DIGITAIS 5º Summit Jurídico da ACREFI revela os benefícios do blockchain, os fundamentos que envolvem as Empresas Simples de Crédito e ainda os avanços conquistados nos contratos de crédito pela biometria facial

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ssim como já acontece em outras áreas, o Direito também tem encontrado na tecnologia inúmeros benefícios. A inovação tem facilitado rotinas, aprimorado serviços, acelerado processos, entre outros avanços. Tudo isso, porém, cercado da indispensável segurança digital. Foi a partir desse contexto que a ACREFI pautou dois dos três temas abordados na 5ª edição do seu Summit Jurídico. Realizado no dia 5 de julho, em São Paulo, o encontro contou com a participação de Miriam Oshiro, especialista em engenharia de processos da OriginalMy, empresa focada em tecnologia blockchain; Tiago Severo Gomes,

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sócio do escritório Mattos Engelberg Advogado; e Artur Azevedo, superintendente-executivo de Produtos e CRM no Banco PAN. O evento foi conduzido por Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), responsável pela área de Relações Institucionais da ACREFI. E o debate teve a mediação de Cintia Ramos Falcão, consultora jurídica da ACREFI.

BENEFÍCIOS DO BLOCKCHAIN Como nem todos estão familiarizados com os benefícios do blockchain, Miriam Oshiro, da


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MIRIAM OSHIRO Especialista em engenharia de processos da OriginalMy

TIAGO SEVERO GOMES, Sócio do escritório Mattos Engelberg Advogado

ARTUR AZEVEDO Superintendente-executivo de Produtos e CRM no Banco Pan

OriginalMy, primeira palestrante do evento, fez uma breve explanação sobre essa nova modalidade de autenticação. Explicou que se trata de uma plataforma totalmente automatizada, em que é possível registrar e verificar a autenticidade de documentos digitais, contratos e identidade de pessoas, além da possibilidade de assinar documentos por meio do aplicativo e fazer login em sites sem preencher senhas ou formulários. Segundo a executiva da OriginalMy, o blockchain pode ser comparado a um grande livro de registros público. Só que em vez dessas informações ficarem armazenadas em apenas uma central digital, no blockchain, esses dados estão registrados em milhares de computadores espalhados pelo mundo. “Cada computador da rede detém uma cópia integral do banco de dados, o que torna as informações inseridas nele extremamente seguras e confiáveis, pois, em caso de qualquer adulteração, o conteúdo ficará em desacordo com os demais arquivos”, explica Miriam. Entre os cases relacionados à ferramenta apresentados no Summit Jurídico da ACREFI, a especialista em engenharia de processos destacou sua aplicação pela MOL – Mediação Online, empresa focada em gestão de conflitos. Neste caso, o blockchain é usado, por exemplo, para comprovar o recebimento do convite de mediação pelas partes envolvidas em um litígio. “Dessa forma, é possível comprovar a tentativa de solução por meio amigável”, diz Miriam.

EMPRESA SIMPLES DE CRÉDITO Criada em abril deste ano pelo Congresso por meio da Lei Complementar 167, a Empresa Simples de Crédito (ESC) foi o tema da palestra de Tiago Severo Gomes, do escritório Mattos Engelberg Advogados. A iniciativa foi uma demanda do mercado de fomento mercantil, apoiada em estudos que mostraram três grandes barreiras à inclusão financeira no Brasil nas classes C, D e E: baixo uso das contas de pagamento ou das contas-correntes; limitação ao acesso a crédito, por falta de garantias ou histórico de crédito e ainda baixo percentual de poupança. “Além disso, o Banco Central identificou que apenas 20% das micro e pequenas empresas possuíam relacionamento bancário. E seus produtos e serviços não se adequavam às necessidades do segmento”, acrescenta Severo Gomes.

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SUMMIT JURÍDICO

Porém, Severo Gomes alertou que as ESCs não são reguladas pelo Banco Central. Ou seja, não estão sujeitas ao cumprimento da obrigação administrativa de ANTONIO AUGUSTO DE ALMEIDA enviar informaLEITE (PANCHO) ções ao Sistema Responsável pela área de Relações Institucionais da ACREFI de Informação de Crédito. Por outro lado, a legislação exige que as ESCs mantenham seus bancos de dados atualizados, contendo todas as informações relacionadas às transações de seus clientes. “O mercado de fomento mercantil terá um papel fundamental na implementação e no desenvolvimento das ESCs”, concluiu o sócio do escritório Mattos Engelberg Advogados.

FORMALIZAÇÃO DE CONTRATOS POR BIOMETRIA FACIAL Voltando ao ambiente tecnológico, Artur Azevedo, do Banco Pan, compartilhou com os convidados do 5º Summit Jurídico da ACREFI o desafio que foi para a instituição implantar, por meio de aplicativo, a formalização 100% digital dos contratos para empréstimos consignados e financiamentos de veículos seminovos – produtos voltados para os segmentos C, D e E. “O nosso desafio era criar um app para um público

que dispõe de celulares mais simples, com um sistema de fácil aceitação e compreensão, mas capaz de gerar contratos juridicamente robustos”, confidenciou Azevedo. Para isso, a equipe do Banco Pan fez, antes de tudo, uma grande pesquisa que envolveu tanto o público interno como os clientes. A partir das informações apuradas, a instituição de crédito criou um produto digital baseado em 15 propósitos. Como nada poderia falhar, mais de 400 testes com clientes foram realizados. “Só adotamos oficialmente o serviço depois que quase 100% dos clientes conseguiram concluir sozinhos a operação, sem qualquer auxílio”, enfatizou o superintendente-executivo do Pan. “O app possui até um sistema automático para tirar a foto do cliente e validar a bioCINTIA RAMOS FALCÃO metria facial”, Consultora jurídica da ACREFI acrescentou. Implantado em 16 de abril deste ano, o novo produto do Banco Pan tem resultado em 150 mil novos contratos digitais por mês, além da diminuição dos custos, ganho de mais de 30% de share digital nas vendas, redução de sete vezes nos indicadores de fraudes e ainda 100% das contestações defendidas com êxito. “É um caminho sem volta. Em 2020, 100% dos nossos contratos serão confirmados por meio biometria facial”, prevê Azevedo. f

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ROAD SHOW

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DESAFIOS DO CENÁRIO ECONÔMICO

Fotos: Divulgação

PORTO ALEGRE

Em Porto Alegre, evento organizado pela ACREFI trata de temas que movimentam o dia a dia do consumidor e do Sistema Financeiro: Cadastro Positivo, investimentos, otimização de negócios, fraude e proteção de dados pessoais

E

xpectativas geradas em torno das reformas estruturais (Previdência e Tributária), a oferta de mais incentivos ao capital produtivo e a diminuição do desemprego são alguns dos temas que devem continuar a movimentar o cenário macroeconômico nos próximos meses. Atenta a esses e a outros acontecimentos recentes, a ACREFI reuniu, dia 25 de julho, em Porto Alegre (RS), especialistas para debater o Cadastro Positivo, a segurança no crédito digital, os ajustes e os efeitos no ambiente da economia e as aplicações da nova LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Antes de entrar nas pautas temáticas, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, destacou que o crescimento do País depende de cada um nós. "Precisamos assumir o nosso papel de protagonistas. Precisamos bater no peito e dizer: é comigo mesmo”, reforçou Hilgo. Aproveitou também compartilhar com os convidados as projeções da

HILGO GONÇALVES Presidente da ACREFI

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RICARDO MALCON

CLÁUDIO FREIRE

CLAUDIO FERRO

Ex-presidente da ACREFI (2002-2003)

Superintendente da ABBC (Associação Brasileira de Bancos)

CEO do PoupaBrasil Investimentos

ACREFI para 2019, como o crescimento do PIB entre 0,5% e 1%. Lembrou ainda que existem empresas que irão crescer acima de 5%. “Isso é o Brasil", enfatizou o executivo. Antes de passar a palavra aos palestrantes, fez questão de homenagear o gaúcho Ricardo Malcon, ex-presidente da ACREFI (2002-2003), e Cláudio Freire, superintendente da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), ambos presentes ao evento. Claudio Ferro, CEO do PoupaBrasil Investimentos, abordou o tema da Educação Financeira e como as marcas têm dialogado com seu público, contribuindo na construção de uma nova cultura de investimentos no País’. “Isso é importante para democratizar o acesso da grande maioria dos brasileiros ao sistema financeiro, que hoje está limitada ao modelo da caderneta de poupança. O PoupaBrasil Investimentos oferece dois tipos de investimentos: RDB (Recibo de Depósito Bancário), com taxas pós-fixadas, e LC (Letra de Câmbio), com taxas prefixadas e pós-fixadas. Nas prefixadas, o investidor já sabe, com antecedência, qual será o valor de resgate no vencimento. As pós-fixadas são atreladas à variação do CDI. Além disso, todos os investimentos possuem a garantia do Fundo Garantidor de Créditos – FGC, dentro dos limites estabelecidos por CPF e instituição financeira”, destacou Ferro. Já Marcelo Bassalobre, gerente de Desenvolvimento de Negócios da CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos), tratou dos avanços gerados com a inclusão automática do cidadão

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ao Cadastro Positivo. "Já existem 28 milhões de consumidores registrados por meio de autorização prévia. A partir de agora, na prática, os brasileiros passam a ser incluídos compulsoriamente em um banco de dados e receberão uma nota (escore) baseada no seu comportamento financeiro. Quanto mais alta for essa nota, maiores são as chances de receber ofertas de crédito mais atraentes, com juros mais baixos", explicou. Em seguida, Mauro Melo, CEO da Credilink, explanou a respeito dos cuidados necessários na segurança da informação e como combater fraudes no meio digital. "Alertamos que agora, com o Cadastro Positivo, ter um escore bom não significa necessariamente realizar uma venda segura. Por exemplo, já efetivamos milhões de consultas de óbitos em nossa base de dados, que ajudam a prevenir fraudes. Quando fornecemos informações seguras, protegemos não só o consumidor, mas também as empresas. Nossa empresa dispõe de know-how em soluções para apoio à gestão de risco e, diretamente, contribuímos com o crescimento do sistema financeiro do País", ponderou. Na sequência, Cristiano Dantas, diretor Comercial e de Marketing da Tecnobank, discorreu sobre a necessidade de oferecer ao mercado soluções que realmente simplificam, integram e otimizam a geração de negócios. "Nossos talentos estão conectados para criar soluções inovadoras e inteligentes, que contribuem com o trabalho de pessoas e instituições que confiam na experiência da Tecnobank. Temos, por exem-


MAURO MELO

CRISTIANO DANTAS

MARCOS JULIÃO

CEO da Credilink

Diretor Comercial e de Marketing da Tecnobank

Sócio-fundador da consultoria JCAdvisor

plo, o VerifiKey: tecnologia que faz a validação biométrica do cidadão no instante da assinatura de contratos e documentos oficiais. Tudo com maior segurança e agilidade", reforçou Dantas. Coube a Marcos Julião, sócio-fundador da consultoria JCAdvisor, trazer aos convidados do seminário as recentes adequações exigidas pela nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “A lei serve, primeiramente, para esclarecer como as empresas devem tratar os dados pessoais do consumidor. Ou seja, como armazenar, processar e transferir esses dados. Com ou sem consentimento, esses dados precisam estar protegidos contra vazamentos; direitos fundamentais de liberdade, de intimidade e de privacidade. Assim, a LGPD impacta em mais segurança jurídica para empresas e maior proteção aos direitos dos titulares dos dados”, alertou Julião. Para finalizar a manhã de trabalho, Nicola Tingas, consultor econômico da ACREFI, expôs sua avaliação sobre o cenário macroeconômico do Brasil e manifestou a percepção de que o País começa NICOLA TINGAS a sair do estágio de ‘proConsultor econômico da ACREFI

posição’ para a fase de ‘realização’. “Projetamos que o PIB deve crescer este ano 0,9%; a inflação dá sinais de que ficará por volta de 3,70% e a Selic em 6,0%. Já sobre o crédito total no Sistema Financeiro, que no ano passado cresceu 5%, em 2018, projetamos para 2019 uma evolução para 7%. O volume de crédito bancário com recursos livres (pessoa física), por sua vez, que reúne todas as linhas de financiamento ao consumo, pode atingir este ano crescimento de 12%”, destacou Tingas. O economista lembrou que os market movers, que irão agitar o mercado nos próximos meses, são a aprovação da Reforma da Previdência, as medidas de estímulo ao consumo no curto prazo e o BC# (competição, oferta de crédito, redução da taxa de juros). "A Reforma da Previdência é positiva para a diminuição do crescimento da dívida pública, além da redução na assimetria de benefícios e melhora nas expectativas dos agentes econômicos. Contudo, apesar de serem as condições necessárias ao enfrentamento da profunda crise fiscal, não necessariamente viabiliza que tenhamos uma rápida retomada do PIB", ponderou. Antes de concluir, Tingas disse ainda que os investimentos internacionais serão fundamentais para financiar esse robusto ciclo de expansão da economia nacional nos próximos anos. f

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ROAD SHOW

Fotos: Divulgação

BELO HORIZONTE

SEMPRE ALERTA ACREFI debate em Belo Horizonte os principais assuntos que compõem a pauta diária das pequenas, médias e grandes instituições financeiras

O

cenário econômico atual e as perspectivas de médio e curto prazos foram os principais temas do Road Show realizado dia 7 de agosto, em Belo Horizonte, pela ACREFI, na sede da CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas, entidade que apoiou o encontro). A apresentação do evento ficou por conta de Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), executivo responsável pela área de Relações Institucionais da ACREFI. Na ocasião, Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL-BH, falou sobre a importância da entidade, que conta com cerca de 11 mil associados, e ressaltou o apoio dado a essas empresas. Na mesma linha, Marcelo Carneiro, gerente comercial na CDL/BH, exibiu as diversas ações de suporte realizadas pela entidade, voltadas principalmente às pequenas e médias empresas. Em seguida, Cláudio Ferro, CEO da PoupaBrasil Investimentos, abordou a temática da nova cultura de investimentos no Brasil, em que mostrou as novas maneiras de se fazer aplicações no atual momento do País. Por sua vez, Marcos Julião, sócio-fundador da consultoria JCAdvisor, trouxe informações relacionadas aos principais aspectos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Ele lembrou que

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a lei entrará em vigor em agosto de 2020, mas alertou para a necessidade de as empresas estarem atentas à nova legislação, pois é uma realidade que requer medidas imediatas. Na sequência, Ronaldo Guimarães, gerente Nacional de Negócios do SPC/Brasil, ressaltou a importância e os efeitos práticos da inclusão automática dos dados do consumidor no Cadastro Positivo. Já Nicola Tingas, consultor econômico da ACREFI, fez apresentação em que destacou fatos relevantes do cenário econômico atual. Destacou a importância da reforma da Previdência e alguns aspectos da conjuntura externa que impactam o Brasil, como a atual disputa comercial entre Estados Unidos e China. Tingas abordou a perspectiva de queda da inflação, e por consequência dos juros, a médio e longo prazos no País e comentou que o viés é positivo para a economia brasileira nos próximos anos, desde que se mantenha a atenção direcionada aos desafios que temos pela frente. No encerramento, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, enfatizou as vantagens que o Brasil apresenta no cenário global e lembrou a importância de que todos assumam seu papel e trabalhem juntos para que o País consiga alcançar o desenvolvimento sustentável. f


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MARCELO DE SOUZA E SILVA

HILGO GONÇALVES

Presidente da CDL-BH

Presidente da ACREFI

MARCELO CARNEIRO

CLÁUDIO FERRO

Gerente comercial na CDL/BH

CEO da PoupaBrasil Investimentos

MARCOS JULIÃO

NICOLA TINGAS

Sócio-fundador da consultoria JCAdvisor

Consultor econômico da ACREFI

APOIO

PATROCÍNIO


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ROAD SHOW

CURITIBA

MOMENTO DE MUDANÇAS Em evento realizado em Curitiba, em parceria com a ACP, especialistas convidados pela ACREFI falam sobre desafios e perspectivas da economia para os próximos meses

A

ACREFI realizou dia 20 de agosto, em Curitiba, mais uma edição do seu Road Show, em que foram apresentados e debatidos temas referentes ao cenário econômico e ao dia a dia das empresas. No evento, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, lembrou que o País passa por um momento de mudanças, com novidades

Gláucio José Geara, Patrícia Peck e Hilgo Gonçalves

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efetivas, como o Cadastro Positivo, a Reforma da Previdência e a MP da Liberdade Econômica. Ele ressaltou que, em que pese essas informações, o Brasil ainda enfrenta vários desafios, mas as perspectivas são favoráveis “desde que cada cidadão assuma o seu papel e cumpra a sua parte”. Por sua vez, Nicola Tingas, consultor econômico da ACREFI, disse que o quadro econômico aponta para um crescimento do crédito, que, segundo ele, deve ser de 7% no Sistema Financeiro Nacional e de 12% nos Recursos Livres para pessoa física. Tingas destacou que há preocupações com o cenário externo, principalmente em razão da tensão comercial entre os Estados Unidos e a China e pela eleição na Argentina. Lembrou que esses fatos são relevantes para a tomada de decisão do Copom sobre a intensidade e o ritmo da redução da taxa de juros. Mesmo assim,


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Fotos: Divulgação

A LGPD está mexendo com as empresas e os empresários precisam estar atentos e devem se adequar às novas exigências programadas para entrar em vigor em agosto de 2020.

o mercado prevê, de acordo com o Boletim Focus, que a taxa básica de juros feche o ano em 5%, em comparação aos atuais 6%. Outro tema tratado no Road Show da ACREFI foi a Lei Geral de Proteção de Dados, em palestra da advogada Patrícia Peck Pinheiro, especialista em Direito Digital, sócia do escritório PG Advogados. “A LGPD está mexendo com as empresas e os empresários precisam estar atentos e devem se adequar às novas exigências programadas para entrar em vigor em agosto de 2020. Também falaram durante o evento: Gláucio José Geara, presidente da ACP; e Cristiano Dantas, diretor Comercial e Marketing da Tecnobank. A apresentação foi de Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), responsável pela área de Relações Institucionais da ACREFI. f

PATRÍCIA PECK PINHEIRO

APOIO

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OPEN BANKING

SUA VIDA FINANCEIRA EM APENAS UMA TELA Já implantado na Europa, principalmente no Reino Unido, o Open Banking é esperado no Brasil para 2020, quando, por meio de um aplicativo, o cliente poderá administrar seus recursos de maneira independente e encontrar produtos e serviços de acordo com o seu perfil

L

ogo pela manhã, enquanto toma o seu café, você abre o seu celular e visualiza, em uma única página, toda a sua vida financeira. Simples assim. Por meio de um aplicativo, tem acesso às suas contas, cartões de crédito, investimentos, financiamentos, faz transferências, compara juros oferecidos pelo mercado, pode fazer portabilidade. Enfim, estamos falando do Open Banking, uma nova forma das pessoas administrarem suas finanças de maneira independente e encontrarem produtos e serviços de acordo com o seu perfil. Além disso, é uma maneira nova e segura de os clientes assumirem o controle de seus dados financeiros e os compartilhar com outras instituições que não seus bancos. Essa nova realidade já existe no Reino Unido desde 2018, embora ainda enfrente algumas resistências do mercado e uma gradativa adesão em outros países da União Europeia. Existe mais algumas experiências em andamento no Japão, na Austrália e na Coreia do Sul. Por aqui, a expectativa é de que isso aconteça até 2020. No

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FABIO LACERDA CARNEIRO Banco Central

entanto, “o Banco Central ainda não bateu o martelo sobre como vai normatizar a questão”, afirmou Fabio Lacerda Carneiro, estudioso dedicado em assuntos relacionados à inovação bancária e destacado servidor do Banco Central, em curso realizado sobre o tema no Future Law Innovation Center.


47 Fotos: Depositphotos

Em sua apresentação, Lacerda destacou o posicionamento do BC divulgado em abril deste ano: “Essa iniciativa tem como objetivo aumentar a eficiência no mercado de crédito e de pagamentos no Brasil, mediante a promoção de ambiente de negócio mais inclusivo e competitivo, preservando a segurança do sistema financeiro e a proteção dos consumidores”. Mostrou também que o objetivo do regulador é também equalizar as condições competitivas entre os diversos agentes que atuam no mercado financeiro, além de aumentar a eficiência, diminuir o custo dos serviços financeiros e aumentar a competição, tudo isso para benefício do consumidor. “O meio de se obter esse objetivo é usando o compartilhamento de dados, de produtos e de serviços entre agentes do mercado”, acentuou Lacerda. Mas, como se faz esse compartilhamento? Por meio de APIs (application programming interface ou interface de programação de aplicativos), os grandes bancos, mediante autorização formal dos clientes, disponibilizam as informações bancárias de forma padronizada e segura. Tudo parece fácil, mas nem tanto. Na Europa, onde as operações de Open Banking estão mais adiantadas, alguns ainda bancos tentam dificultar ao máximo na tentativa de não abrir suas APIs. Em casos pontuais, o cliente precisa superar até 30 telas até conseguir liberar seus dados. No entanto, segundo a advogada Vanêssa Fialdini, sócia do escritório Fialdini Advogados e também palestrante do curso realizado no Future Law, tem grandes instituições financeiras que enxergam no Open Banking uma opção para aumentar os negócios. No Brasil, embora a nova plataforma ainda não esteja normatizada pelo BC, já existem modelos experimentais rodando,

VANÊSSA FIALDINI Sócia do escritório Fialdini Advogados

como o Guiabolso, a Conta Azul do Banco do Brasil, e o Banco Original, em formatos individuais e não interligados em sistema. “Enquanto o BC estiver estudando o mercado e não editar nenhuma norma, essa sinergia ainda não é possível”, reforçou Vanêssa. Ela observa ainda que as discussões no Brasil sobre o Open Banking estão muito próximas às dos questionamentos feitos na Europa. “São medos naturais que tínhamos, por exemplo, antes da implantação das fintechs – hoje elas estão virando grandes instituições financeiras”, comparou a especialista. Ao olhar para o futuro, o Open Banking é mais uma experiência positiva para o consumidor, mais uma facilidade que conquistaremos em breve. “Quando eu falo de Open Banking, estou falando da possibilidade de enxergar toda a minha vida financeira em uma única tela. Esse é um benefício em plena sintonia com as necessidades de um mundo interligado, moderno e mais eficiente, enfatiza Vanêssa. f

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PAINEL B3

VENDAS FINANCIADAS DE VEÍCULOS CRESCEM 20% EM JULHO NA COMPARAÇÃO COM O ANO PASSADO Alta registrada nas vendas a crédito de autos leves, motos e pesados foi mais acentuada nos financiamentos de usados, com crescimento de 23% na mesma base de comparação As vendas financiadas de veículos em julho de 2019 somaram 540,8 mil unidades, entre novas e usadas, incluindo autos leves, motos e pesados Esse número representa um aumento de 19,8 em relação a julho de 2018 e engloba veículos novos e usados em todo o País. Desse total, 196 mil representam veículos novos 14,6% a mais do que em julho do ano passado e 344,7 mil, de usados, alta de 22,9% na mesma base de comparação. Considerando apenas autos leves, os financiamentos de usados

1

VOLUME DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS (JULHO 2019)

452.499 unidades

451.546 unidades 280.483

279.668

540.825

172.831

171.063

JUN/19

unidades Novos: 196.079

cresceram 23,2% em julho na comparação com o mesmo mês do ano anterior Já os financiamentos de autos leves zero-quilômetro acumularam alta de 14,2% na mesma base de comparação. Os números são da B3, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), a maior base privada do País, que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil.

JUL/18 VARIAÇÕES

Usados: 344.746

Novos + usados

Novos

Usados

jul/19 x jul/18 = 19,8 % jul/19 x jun/19 = 19,5%

jul/19 x jul/18 = 14,6% jul/19 x jun/19 = 13,5%

jul/19 x jul/18 = 22,9% jul/19 x jun/19 = 23,3%

Entre os automóveis leves, as vendas a crédito de zero-quilômetro atingiram 123,8 mil unidades em julho de 2019, alta de 14,2% sobre julho de 2018; já as vendas financiadas de leves usados registraram crescimento de 23,2% na mesma base de comparação e somaram 315,9 mil.

2 VOLUME DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS POR CATEGORIA (JULHO/19) Novos

Usados

AUTOS LEVES

2019 JULHO

123.801 315.920

MOTOS

2019 JULHO

59.489

15.277

PESADOS

2019 JULHO

11.852

12.819

Novos + usados 439.721

Novos + usados 74.766

Novos + usados 24.671

JUNHO

JUNHO

JUNHO

105.660 255.012

55.831

13.062

10.599

10.934

Novos + usados 360.672

Novos + usados 68.893

Novos + usados 21.533

2018

2018

2018

JULHO

108.375

256.514

Novos + usados 364.889

VARIAÇÕES Novos Jul/19 x Jul/18= 14,2% Jul/19x Jun/19= 17,2% Usados Jul/19 x Jul/18= 23,2% Jul/19x Jun/19= 23,9% Novos + Usados Jul/19 x Jul/18= 20,5% Jul/19x Jun/19 = 21,9%

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JULHO

53.398

12.111

Novos + usados 65.509

VARIAÇÕES Novos Jul/19 x Jul/18= 11,4% Jul/19x Jun/19= 6,6% Usados Jul/19 x Jul/18= 26,1% Jul/19x Jun/19= 17,0% Novos + Usados Jul/19 x Jul/18= 14,1% Jul/19x Jun/19= 8,5%

JULHO

8.688

11.199

Novos + usados 19.887

VARIAÇÕES Novos Jul/19 x Jul/18= 36,4% Jul/19 x Jun/19= 11,8% Usados Jul/19 x Jul/18= 14,5% Jul/19x Jun/19= 17,2% Novos + Usados Jul/19 x Jul/18= 24,1% Jul/19x Jun/19= 14,6%


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3 MODALIDADES DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS (JULHO/2019) 11,7

0,7 0,8

Período

CDC

Consórcio

Leasing

Outros

Total

Julho/2019

469.303

63.112

3.895

4.515

540.825

Julho/2018

382.428

62.139

2.514

4.465

451.546

Junho/2019

390.153

55.632

3.044

3.670

452.499

*Os dados referem-se a todas as categorias de veículos (autos leves, motos e pesados)

CDC CONSÓRCIO

CDC Jul/19 X Jul/18 = 22,7% Jul/19 X Jun/19 = 20,3%

LEASING OUTROS

86,8

VARIAÇÕES

Consórcio Jul/19 X Jul/18 = 1,6% Jul/19 X Jun/19 = 13,4%

Leasing Jul/19 X Jul/18 = 54,9% Jul/19 X Jun/19 = 28,0%

O CDC continua sendo a categoria de financiamento mais utilizada pelos consumidores, com 86,8% de participação. O Consórcio se manteve estável, com alta de 1,6% na preferência dos consumidores em julho, na comparação com o mesmo mês de 2018. A participação dos Consórcios no universo de financiamentos em julho foi de 11,7% do total.

4 FINANCIAMENTO POR TEMPO DE USO (AUTOS LEVES) – JULHO/2019 Total Geral

Milhares de unidades

439,7

360,6

JUL/2019

JUN/2019

até 3 anos Seminovos

Novos

123,8

Jul/19

de 4 a 8 anos Usados Jovens

162,0 105,6

Jun/19

68,5 Jul/19

de 9 a 11 anos Usados Maduros

132,9 66,0

53,4 Jun/19

Jul/19

+12 anos Velhinhos

Jun/19

Jul/19

53,2 Jun/19

19,3

15,5

Jul/19

Jun/19

Em relação a faixa de uso, entre todos os leves comercializados a crédito em julho de 2019, 123.801 são zero-quilômetro, 68.5 84 têm até três anos de uso e 161.988 de unidades somam entre quatro e oito anos de uso.

5 PRAZO MÉDIO DE FINANCIAMENTO POR TEMPO DE USO* (MESES) Novos

até 3 anos

seminovos

até 4 a 8 anos

usados jovens

até 9 a 12 anos

usados maduros +12 anos

velhinhos

Novos

39,5

44,6

44,7

43,2

39,5

Total Geral

42,7

42,9

Junho/19

Julgo/2019

até 3 anos

seminovos

até 4 a 8 anos

usados jovens

até 9 a 12 anos

usados maduros +12 anos

velhinhos

39,9

44,8

44,8

43,2

39,3

O prazo de financiamentos para automóveis leves aumentou em relação a junho de 2019, para 42,9 meses. O maior prazo para créd ito foi observado entre os autos seminovos e usados com até 8 anos de uso, com 44,8 meses.

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ARTIGO DANILO ROQUE E PAULO FOCACCIA*

A

LGPD:

maior eficiência operacional e diminuição de perdas

linhados às mudanças ocorridas ao longo dos anos, diversos países passaram a regular a utilização de dados – especialmente os relacionados a pessoas naturais. É o caso do Brasil com a recente Lei 13.709/2018, que trata sobre a proteção e o tratamento de dados pessoais (Lei Geral de Proteção de Dados ou LGPD). A LGPD traz disposições bastante amplas que certamente impactarão nas atividades de todas as empresas no Brasil – inclusive empresas que não estejam localizadas em território nacional. Considerando-se que as instituições de crédito, financiamento e investimento muitas vezes se relacionam diretamente ao tratamento de dados pessoais, as disposições da LGPD obrigatoriamente incidirão em suas operações. Dado pessoal, pela LGPD, é qualquer informação que identifique uma pessoa diretamente (nome completo, CPF, etc.) ou que possibilite a identificação de alguma forma, mesmo que combinadas com outras (gênero, nacionalidade, estado civil, etc.) Para minimizar riscos das pesadas sanções possíveis – vão desde advertência a multas de até R$ 50 milhões – a análise das operações é essencial, verificando se o tratamento de dados pessoais ocorre de acordo com a Lei (por exemplo, mediante consentimento, para cumprimento de obrigação legal ou para a proteção do crédito). Essa avaliação deve ser realizada juntamente com equipes técnicas (inclusive de apoio jurídico e tecnológico) para a identificação de possíveis pontos de inconformidades e adoção de medidas corretivas e preventivas até agosto de 2020, quando a Lei entrará em vigor e as empresas deverão estar devidamente adequadas. Além disso, adequar-se à LGPD permitirá saber todas as informações com quais a empresa lida, de forma clara e organizada, o que permitirá a tomada de decisões de forma ágil e inovadora, com maior eficiência operacional e diminuição de perdas. Afinal, nas palavras do filósofo grego Sócrates, “conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses". f

*Danilo Roque e Paulo Focaccia são diretores do escritório Focaccia, Amaral, Pellon e Lamonica Advogados. Artigo enviado em 7.5.2019

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ARTIGO

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NICOLA TINGAS

INFLAÇÃO E JUROS CONVERGEM PARA MENOR PATAMAR EM DÉCADAS Foto: Divulgação

E

stamos observando uma transição inédita. A inflação brasileira se aproxima de forma consistente da faixa de 3,5% e talvez até um pouco menos nos próximos anos. A taxa de juros SELIC que passou de 6,5 % para 6,0 % no COPOM de julho, deverá ceder ainda mais nas próximas reuniões para patamar de 5,0% (2019), segundo pesquisa FOCUS do Banco Central. Concordamos com esse patamar de juros para fim de 2019. Contudo, estimamos que caso o cenário seja favorável com continuidade de reformas e ambiente externo com baixo efeito negativo para o Brasil, a taxa SELIC poderá se aproximar de 4,0 % e a inflação de 3,2 % até o ano de 2022. Caso esse cenário seja confirmado, a taxa de juros "estrutural" ou "real acima da inflação" (ex-post) será a mais reduzida para padrões históricos brasileiros (vide gráfico).

Observação: Inflação e juros meta COPOM projetados (2019 a 2022)

A taxa média de inflação tem se mantido estável nos últimos três anos, com tendência ligeiramente declinante para os próximos anos. Os preços de serviços, que traziam pressão acima dos outros preços, comprometendo o índice final, estão indicando acomodação. Os preços mais voláteis de semielaborados e controlados não chegam a comprometer o patamar de inflação. Portanto, há uma tendência de equalização dos preços relativos, facilitada pela longa retração e lenta recuperação da atividade econômica. De fato, o elevado nível de ociosidade na indústria, a fragilidade do setor de serviços e o elevadíssimo desemprego provocam uma deflação estrutural, reduzindo custos em ambiente de demanda fraca. O ambiente econômico é amplamente favorável para redução de juros. Os dois riscos importantes são: a provável aprovação final da reforma da Previdência e a continuidade das medidas para redução do deficit público, além de ampliação da produtividade, avanço educacional e tecnológico e atração de investimentos para financiar um ciclo de expansão sustentável da economia. O cenário internacional de desaceleração do PIB global, com guerra comercial e talvez guerra cambial entre Estados Unidos e China são os riscos a monitorar; pois no pior caso trazem aversão ao risco para países emergentes. Em caso de cenário favorável, após um período de transição, teremos uma trajetória virtuosa na economia brasileira. A conferir! f

Nicola Tingas é consultor econômico da ACREFI. Artigo enviado em 12.8.2019

financeiro#116 julho - agosto 2019


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