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MERCADO

O que vem pela frente

Live da Acrefi faz radiografia da área de crédito e cobrança, com projeção otimista para o segundo semestre

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Muito se fala sobre retomada econômica pós-pandemia, volta do crescimento dos negócios, resgate de planos e sonhos de vida. Tudo isso tem um elemento em comum: o crédito. Ele foi fundamental no período em que o mundo suspendeu o futuro para cuidar das urgências do agora e seguirá como peça importante na pavimentação de caminhos rumo à luz no fim do túnel.

Para debater esses novos caminhos, a Acrefi reuniu um time de especialistas da área de crédito e cobrança, que falaram sobre o cenário desafiador que vem pela frente. Participaram Clariana Vieira, head de Recuperação de Crédito do Banco GM e vice-coordenadora da Comissão de Crédito e Cobrança da Acrefi; Elias Sfeir, presidente executivo da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC); e Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian.

Na abertura da live, o mediador Cleber Martins, consultor de Operações da Acrefi, destacou lançamentos de produtos de crédito, evolução dos meios de pagamentos e inovações de cobrança, além dos avanços regulatórios, reformas estruturantes, adequação aos programas do governo e as relações de consumo, como temas mais relevantes para a discussão.

Martins revelou, ainda, o resultado de uma pesquisa. “Fizemos uma pesquisa durante o painel com todos os participantes, em sua maioria, profissionais de recuperação de crédito/ cobrança e gestão de riscos de médias e grandes empresas. 70% deles afirmaram ter atingido os objetivos planejados para suas operações durante o primeiro semestre de 2021 e 83% acreditam que o segundo semestre apresentará indicadores ainda melhores."

Profundas transformações

Clariana Vieira afirmou que as profundas transformações identificadas no mercado financeiro criam boas oportunidades, assim como grandes desafios. “É importante trazer conhecimento para superar esse cenário adverso que atravessamos e, cada vez mais, impulsionar o segmento. Neste momento de transformação digital, graças a sistemas como open banking, Cadastro Positivo e PIX, por exemplo, as novas gerações estão renovando o setor com o uso de ferramentas de dados, tanto em pequenas quanto em grandes instituições financeiras. É um novo mundo e não há mais volta”, previu.

Com relação à Lei 14.181/21, do Superendivida-

mento, que prevê renegociação de dívidas sem encargos e traz novas regras para proteger o cidadão via Código de Defesa do Consumidor, Clariana avaliou que há um avanço em transparência. “É uma relação de ganha-ganha, pois ninguém quer um cliente superendividado que não consiga sanar suas dívidas. Temos de lidar com essa situação complexa causada, em boa parte, pela pandemia”.

“Neste momento de transformação digital, graças a sistemas como open banking, Cadastro Positivo e PIX, por exemplo, as novas gerações estão renovando o setor com o uso de ferramentas de dados, tanto em pequenas quanto em grandes instituições financeiras. É um novo mundo e não há mais volta”

Clariana Vieira Potencial de crescimento

Elias Sfeir recorreu ao latim para definir o crédito: “Crédito vem do latim credere e é um impulsionador da economia”, afirmou. Ele também trouxe dados da relação crédito/PIB, que no Brasil é de 53%, enquanto esse percentual corresponde a 150%, nos Estados Unidos, e 90%, no Chile. “O crédito tem um grande potencial e espaço para crescimento no Brasil, com a retomada das atividades econômicas, que já ocorre em alguns países, e também da vida como era antes, com algumas modificações, como o trabalho a distância. Aqui, ainda temos alguns pontos para melhorar, mas vamos superar os desafios.”

Ele ressaltou a importância dos birôs como parceiros dos consumidores. “Seja para um grande banco ou para um pequeno varejista, os birôs democratizam as informações para concessão de crédito, sempre respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Isso abre um grande espaço, como o Cadastro Positivo, para negociação”, enfatizou. A inteligência artificial e o machine learning também foram destacados como grandes auxiliares nesse processo, assim como os investimentos em plataformas de decisão, que colaboram com esse ciclo. “Outro ponto crucial é o investimento em ferramentas de proteção a fraudes, para que todos possam tomar as melhores decisões possíveis, pois os dados são o grande garantidor do crédito: quanto mais informação, melhor será a decisão.

CLARIANA VIEIRA

Head de Recuperação de Crédito do Banco GM

ELIAS SFEIR

Presidente executivo da (ANBC)

LUIZ RABI

Economista-chefe da Serasa Experian

CLEBER MARTINS

Consultor de Operações da Acrefi

O desafio é fazer essa integração dentro de uma dinâmica simples”, ponderou.

O sobe e desce da inadimplência

“Se tem uma coisa que flutua na pandemia é a inadimplência. Com a chegada do coronavírus, no final de março do ano passado, o número de inadimplentes saltou de 63 milhões de pessoas, o que equivale a 40% da população brasileira adulta, para 66 milhões: um recorde histórico”, afirmou Luiz Rabi.

“Se tem uma coisa que flutua na pandemia é a inadimplência. Com a chegada do coronavírus, no final de março do ano passado, o número de inadimplentes saltou de 63 milhões de pessoas, o que equivale a 40% da população brasileira adulta, para 66 milhões: um recorde histórico”

Luiz Rabi

Ele avaliou que não houve demora no combate aos impactos da pandemia na economia, que contou com pacotes de socorro ‘gigantescos’ dos governos. “Tivemos aumentos de gastos públicos, redução de alíquotas de impostos, taxas de juros na mínima histórica (Selic a 2%, e taxa de 0% no exterior), além de auxílio emergencial colocando dinheiro diretamente no bolso das pessoas. Diante desse arsenal anticrise, o quadro de inadimplência foi sendo gradualmente revertido ao longo de 2020 e terminamos o ano com 61,5 milhões de brasileiros inadimplentes.”

No entanto, Rabi acrescentou que quando a primeira etapa do auxílio emergencial foi finalizada, o número de inadimplência voltou a subir, o que permite concluir que a ajuda foi fundamental para compor renda da população. Com a retomada do pagamento do auxílio em abril, novamente foi registrada queda na inadimplência.

Para ele, a continuidade na melhora econômica no Brasil está atrelada a um conjunto de fatores, principalmente o avanço da vacinação contra a covid-19 e os benefícios fiscais. “A inadimplência está alta, ainda é maior que a do ano passado, que atingiu o pico de 61,5 milhões. Mas, com o reaquecimento do setor de serviços, grande empregador de mão de obra, é bem provável que a inadimplência entre em trajetória de queda gradual”.

Sobre a Reforma Tributária, em tramitação na Câmara dos Deputados (PL 2337/2021), o economista alertou que é preciso resolver a questão do gasto público e toda a complexidade tributária. “Se isso não se equacionar, não vejo muita saída nessas questões. Pode-se chamar de qualquer coisa, menos de Reforma Tributária, pois – da forma como está – não terá impacto relevante na macroeconomia e servirá somente para redistribuir o ônus de quem paga mais ou menos imposto de renda”, finalizou.

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