Financeiro 18 - Outubro 2004

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Financeiro

ano 2 nº 18 out/2004

ACREFI - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

CICLO DE PALESTRAS

As Perspectivas da Economia Brasileira Setorial Spread, juros e crédito no Brasil

Artigo O modelo de gestão transparente cria valor


Anuncie aqui. Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar São Paulo - SP Tel: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 www.acrefi.org.br


editorial

PORQUE PPPs Érico Sodré Quirino Ferreira, Presidente da ACREFI Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar São Paulo - SP Tel: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 www.acrefi.org.br DIRETORIA Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Fernando Guerreiro de Lemos, Gilberto Caldart, Eduardo Castro de Azevedo, José Arthur Lemos de Assunção, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Paulo Eduardo D’Ávila Isola, Paulo Henrique Pentagna Guimarães,Ricardo Malcon, Ronaldo Amaral de Carvalho Pinto, Tiago Canguçu de Almeida Secretários Jayme Antonio dos Santos e José Dante Zanaga Neto Tesoureiros Jorge Kimura e Sérgio Marra Pereira Capella Diretores Adalberto Savioli, Daniel Capelo Pinheiro, Enílson Espínola de Souza, Francisco Gomes da Costa, Genival Francisco Silva, Jerônimo Varalla Neto, Ricardo Annes Guimarães, Rubens Bution, Sérgio Antônio Cipovicci, Valdery Frota de Albuquerque Diretores Conselheiros Aristeu Zanuncio, Edson Monteiro, Eduardo Garcia Ruiz, Guilherme Almeida de Oliveira, Hélio Lima Magalhães, Ivan Svitek, José Américo Machado, Leonel Dias de Andrade Neto, Paulo Sérgio Monteiro Castro Aguiar, Rubens Sardenberg Diretores Regionais Carlos Alberto Samogim, Félix Archanjo Bordin, Leonardo Marcondes Dadalto, Sérgio Faria Lemos da Fonseca Júnior, Aquiles Leonardo Diniz, Evanir Coutinho Ussier, Odílio Figueiredo Neto, Renato Malcon Presidente Honorário João Uchôa Borges Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)

Financeiro Publicação mensal da ACREFI - Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento. Jornalista Responsável: Lenon Hymalaia (MTb 35.777) Produção: Inform Comunicação Redação: Luciano Zafalon Projeto Gráfico e Editoração: EDF (www.edf.com.br) Pré-impressão e Impressão: Graphbox As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito.

O desejo de que o crescimento em nosso país não seja apenas uma bolha, mas sim um desenvolvimento sustentado, fez com que, preocupados, nos referíssemos em nosso editorial anterior: As Dores do Crescimento. E como manter o atual crescimento e voltarmos a crescer 5%, 6%, ou 10%, como precisaríamos, para ter como resultado a solução de tantos problemas que afligem o nosso país? O Governo Federal aponta como caminho as PPPs - Parcerias Público Privadas. E outra polêmica está na praça. O jornalista Luiz Nassif, em seu artigo “Como legitimar a PPP”, na “Folha de S.Paulo”, comenta: “As PPPs têm duas virtudes em comum com o processo de privatização dos anos 90, um vício mais grave ainda e uma saída para se legitimar. A primeira virtude é ser ferramenta de modernização da gestão das companhias e/ou empreendimentos. A segunda é permitir atração de investimentos novos. O vício é que, mais ainda do que no exemplo das privatizações, a capacidade de investimento dependerá muito menos dos recursos próprios dos acionistas e muito mais da capacidade da própria empresa de conseguir financiamento”. E acrescenta mais adiante: “Se tiver discernimento político, responsabilidade social e imaginação criadora, o governo Lula poderá fazer uma revolução com as PPPs”. Segundo o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão as PPPs são os mecanismos para estimular a parti-

cipação do setor privado em projetos de infra-estrutura trazendo ganhos de eficiência, pois permitem construir essa infra-estrutura necessária com menor custo e oferecer serviços públicos de qualidade em menor prazo. Além disso, ainda de acordo com o Ministério, as PPPs aumentarão a carteira de projetos economicamente viáveis e permitirá superar gargalos e assim estimular outros investimentos. A receita nos parece apropriada, torçamos para que o governo federal, que tão bem vem conduzindo nossa política econômica, encontre neste planejamento das PPPs a solução para a implantação de toda a infra-estrutura necessária para acompanhar esse crescimento. Esperemos que contida a inflação dentro das previsões, criadas as condições para o escoamento da produção, com o aumento do número de empregos, tendo como conseqüência a queda da inadimplência que resultará na redução das taxas de juros e um programa bem implantado das PPPs possa o Brasil, realmente, trilhar o caminho tão sonhado por todos nós brasileiros de um crescimento sustentado

Nesta edição 4 Política 6 Notícias do setor 8 Palestra

Ciclo de Palestras “Perspectivas da Economia Brasileira”

10 Banco de dados

16 Tecnologia 17 Análise setorial

Prof. Dr. Alberto Borges Matias, da ABM Consulting

18 Artigo

Walter Machado de Barros, presidente do IBEF SP


política

Marta discursa na Acrefi e cria polêmica

D

ando seqüência ao seu projeto de relacionamento com as lideranças políticas brasileiras, a ACREFI recebeu em sua sede, no dia 08 de setembro, a Exma. Sra. Prefeita de São Paulo e candidata à reeleição Marta Suplicy, que realizou uma palestra, seguida de debate e almoço, referente a seu Programa de Gestão 2005-2008. O evento contou com a presença dos associados da ACREFI e de diretores das demais entidades do setor. Ao lado de Érico Sodré Quirino Ferreira, atual presidente e João Uchôa Borges, presidente honorário, a prefeita, diante de um auditório lotado, iniciou seu discurso agradecendo a oportunidade e ressaltando a importância do setor de crédito, financiamento e investimento para a economia do país e de São Paulo. “Vocês, mais do que ninguém, sabem da importância de sua atividade para impulsionar a produção industrial, o comércio, os serviços e, em conseqüência, a geração de emprego e renda para milhões de brasileiros. Por isso, vocês são parceiros fundamentais em qualquer projeto de desenvolvimento, seja nacional, seja local”, afirmou Marta, que logo em seguida defendeu a política econômica adotada no governo Lula. Segundo ela, começamos a viver os resultados concretos das ações desenvolvidas pelo atual governo, que foi capaz de gerir a crise que o país atravessava no final do mandato de Fernando Henrique e lançar as bases para o crescimento atual da ordem de 4,5% do PIB, mantendo a inflação sob controle, gerando novos empregos e recuperando a renda das camadas mais pobres da população, como demonstram os diversos indicadores econômicos. “O caminho escolhido está certo. O presidente Lula e o ministro Palocci tiveram suficiente firmeza e tranqüi-

Da esquerda para a direita, Érico Sodré Quirino Ferreira, presidente da ACREFI, Marta Suplicy, prefeita de São Paulo, e João Uchôa Borges, presidente Honorário da ACREFI

Os mais importantes executivos do setor financeiro presenciaram o evento

lidade para conduzirem uma transição difícil, tendo em vista que a confiabilidade do país junto aos credores externos e internos estava em questão. Os juros caíram, o câmbio estabilizou, nossas transações com o exterior estão equilibradas”, disse. Polêmica Marta seguiu seu discurso elogiando o atual governo e abordando

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temas como a nova da Lei de Falências e as Parcerias Públicos Privadas( PPPs). Em determinado momento, porém, o que parecia ser apenas mais um discurso, tornou-se a grande polêmica do pleito da maior cidade brasileira. Marta, ciente de que estava diante de uma seleta platéia, disparou críticas indiretas a seus adversários políticos na corrida eleitoral (entenda-se José Serra) e convocou FINANCEIRO


Fotos: Luciano Zafalon

a população de São Paulo a decidir nas urnas, não apenas o destino da cidade paulista, como também o de toda a nação. “O que está em jogo nas eleições municipais de São Paulo vai muito além da escolha do titular do cargo. O que deve ficar claro é que o significado e o objetivo da candidatura da oposição é utilizar a Prefeitura de São Paulo como instrumento de oposição ao governo federal e a abertura antecipada da própria sucessão presidencial. Independentemente das manifestações em contrário, a transformação de São Paulo em alicerce da oposição ao governo federal levará ao acirramento da disputa política e não à convergência hoje em dia necessária para materializar as reformas de que o país precisa”, alertou. “As forças organizadas da sociedade paulista deverão escolher com muita clareza o caminho que esperam que o país percorra nos próximos dois anos. A união e o apro-

Após a palestra Marta foi a convidada de honra do almoço oferecido pela ACREFI

fundamento da atual política econômica de crescimento ou o estado de crise política se alastrando por dois anos”, concluiu. O impacto das palavras de Marta Suplicy só seriam sentidos no dia seguinte, quando as frases lançadas na entidade estamparam as manche-

tes dos principais jornais brasileiros, que a acusaram de trazer de volta a “política do medo”, utilizada por seu atual adversário nas eleições presidenciais de 2002. Se o objetivo da prefeita era criar polêmica, a tarefa foi realizada com sucesso


notícias As linhas de financiamento do mercado brasileiro devem fechar o ano de 2004 com uma expansão de 19,3%. Esta é a conclusão de um relatório divulgado pelo Bradesco no último mês. Para carteiras livres, o banco projeta um crescimento ainda maior: 24,6%. Segundo o economista-chefe da instituição, Octávio de Barros, o aumento se deve, além da maior contratação de crédito por pessoas físicas, à retomada da atividade econômica e a melhora dos níveis de renda e emprego. Em 2003, a alta dos volumes financeiros das carteiras de crédito de instituições financeiras foi de 8,35%.

Fenacrefi x agiotagem

A Federação Nacional das Empresas de Crédito, Financiamento e Investimento - FENACREFI lançou em setembro uma campanha nacional contra a agiotagem. Segundo o presidente da entidade, José Arthur Assunção, a certeza de se obter um empréstimo seguro e aprovado pelas normas do Banco Central (BC), somente é possível se o cliente procurar uma instituição credenciada. Para Assunção, além de agir dentro da lei, o consumidor que procura uma financeira legalizada evita prejuízos, já que alguns agiotas pedem que o cliente deposite antecipadamente uma quantia em dinheiro como forma de garantia e depois acabam não liberando o empréstimo.

Relação de consumo

Existe uma relação de consumo entre as instituições financeiras e seus clientes. O veredicto foi dado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, após várias decisões nesse sentido, publicou no Diário de Justiça uma súmula com o enunciado que reconhece a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, que já é aplicado em outros setores da economia desde 1990, para resolver questões relativas ao assunto. A decisão do tribunal ainda não é definitiva. Falta a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve dar um parecer definitivo sobre o assunto até o final deste ano.

Presidente da Acrefi faz palestra no Kiosque Show O Kiosque Show, evento idealizado e promovido pela Revista Executivos Financeiros nos dias 13 e 14 de setembro, no salão Adolpho Bloch, no Clube Hebraica, contou este ano com a participação do presidente da Acrefi, Érico Sodré Quirino Ferreira. O executivo participou de um painel no último dia do encontro, que este ano teve como tema o esforço que o mercado financeiro tem feito para aumentar a sua base de clientes nos públicos C e D. Em sua palestra, Érico expôs a visão das financeiras independentes, em particular a da Omni, da qual também é presidente, sobre o assunto. Também participaram das discussões o diretor comercial do Unibanco/Fininvest, André Sapoznik, que detalhou todo o esforço feito pela financiadora para contemplar soluções ao público de baixa

Divulgação

Crédito crescerá 19,3% em 2004

Érico abordou o tema correspondentes bancários

renda, o diretor gerente do Banco Itaú, Arnaldo Pereira Pinto, detalhando o projeto da financeira Taií, o diretor de tecnologia do Banco Ficsa, Eduardo Marin de Mattos, com a apresentação do projeto de BackOffice e o presidente da Visanet, Antonio Luis Rios da Silva, que mostrou um panorama geral de como a empresa pretende intensificar as ações para ter uma boa participação no setor de baixa renda.

Acertando as contas

Bancos lucram 14,7%

Uma pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) revelou que as linhas de financiamento de crédito consignado estão sendo utilizadas pelos trabalhadores para quitar dívidas. Os dados da entidade mostram que dos R$ 7,9 bilhões emprestados no primeiro semestre, 80% ou seja, R$ 6,32 bilhões foram destinados a esse fim. De acordo com a Anefac, a grande maioria usou o dinheiro para pagar faturas de cartão de crédito, do cheque especial e do crédito direto ao consumidor (CDC).

Apesar da queda dos juros em mais de 10 pontos percentuais desde o ano de 2003, um levantamento realizado pelos técnicos do Banco Central (BC) mostrou que os 108 bancos que operam no país obtiveram no primeiro semestre deste ano um lucro de 9,4 bilhões, valor 14,7% maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior. Os resultados foram beneficiados, principalmente, com os ganhos provenientes das concessões de empréstimos ao consumidor final.

Segundo o jornal paulista DCI, o Banco PanAmericano, do Grupo Sílvio Santos, está na alça de mira da GE Consumer Finance, braço fi nanceiro da multinacional General Eletric. O gigante global do setor de fi nanciamento ao consumo planeja ampliar sua rede no Brasil e para isso planeja adquirir alguma empresa já consolidada no setor. Esta não é a primeira vez que a GE anuncia a intenção de expandir a escala de suas operações no país. O grupo participou das etapas preliminares para o leilão do Banco estadual do Maranhão, neste ano, mas saiu da disputa fi nal, restrita aos bancos Itaú e Bradesco.

Na mira

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FINANCEIRO


Site da Acrefi agora tem fórum de debates O que era bom ficou ainda melhor. Após passar por uma profunda reformulação em agosto, o site da Acrefi traz agora duas outras novidades para o usuário. A primeira delas é a reestruturação da “Área Restrita”, local reservado aos associados da entidade. “O acesso tornou-se mais rápido e fácil”, afirma Ernesto Alves, da EDF Design/ Editoração, empresa que administra o site. “Antes, para desfrutar de todos os benefícios concedidos aos associados, o internauta precisava clicar em um link que o direcionava à página de login, onde ele informava seu nome e senha. Agora, isso é feito diretamente na pri-

meira página do site”, explica ele. A segunda novidade é “Fórum de Debates”. Trata-se de um espaço para que os membros da diretoria e das diversas comissões organizadas pela entidade possam trocar idéias, dar

opiniões, realizar críticas e sugestões sobre determinado assunto. “Esperamos que este novo espaço ajude no desenvolvimento dos temas de interesse dos associados e proporcione uma melhor integração entre os mesmos”, revela o diretor superintendente da ACREFI, Antônio Augusto de Almeida Leite, o Pancho. “Quanto mais interatividade e união entre os membros da entidade, melhor”, acrescenta o presidente da ACREFI, Érico Sodré Quirino Ferreira, que destaca o espaço destinado à apresentação de artigos, também implantado nessa reformulação.

Um estudo realizado pela economista Ana Carla Abrão, da Universidade de São Paulo (USP) e do Banco Central, revelou que os tributo e margem de ganho dos bancos não são os maiores responsáveis pelas altas taxas cobradas nas operações de crédito no Brasil. Segundo a economista, que aperfeiçoou a metodologia utilizada pelo Banco Central (BC) desde 1999 para alcançar tais índices, os grandes vilões do spread bancário são os custos administrativos e a inadimplência que representam, respectivamente, 44,37% e 23,86%.

Os novos vilões do spread


palestra

Alberto Borges Matias abre o “Ciclo de Palestras” da Acrefi

de execução por quantia certa A Alca

A Área de Livre Comércio das Américas (Alca), idealizada pelos EUA, prevê a isenção de tarifas alfandegárias para quase todos os itens do comércio entre os países associados e está prevista para entrar em vigor em 2006, com a participação de 34 nações – excluindo Cuba. “Mas a exclusão da ilha pode não acontecer, já que Fidel não deve ter uma vida útil muito longa, e a ausência do país no bloco significaria a isolação total daquele povo”, afirma o professor, que cita o bom relacionamento de Cuba com o Brasil como outro o fator que pode colaborar para a inclusão da ilha à Alca. Caso fosse constituído hoje, o bloco seria formado por cerca de 750 milhões de pessoas e, em 2010, teria um bilhão o tamanho da China.

Luciano Zafalon

O

otimismo foi a grande marca da oratória do Profº Dr. Alberto Borges Matias, na Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ), no dia 15 de setembro. A apresentação do presidente da ABM Consulting abriu uma série de palestras que a entidade vai promover sobre “as perspectivas da economia brasileira”. Diante de uma atenta platéia, Matias, que também é docente do curso de economia na Universidade de São Paulo (USP), falou por cerca de duas horas sobre Para Assumpção, as os principais acontecimentos que podem afetar petições iniciais das ações o Brasil nos próximos anos e como de busca e apreensão seremos benefi ciados por eles: a posdeverão trazer, sível entrada do sob país pena na Área de Livre Comércio das Américas de indeferimento, o valor(Alca); o terrorismo internacional; o fortaleda dívida, em semelhança cimento dos blocos econômicos ao que ocorre no processo e a ligação do Brasil com estes blocos.

Para Alberto Borges Matias, a entrada do Brasil na Alca deve gerar um crescimento de até 15% do nosso Produto Interno Bruto

Segundo Matias, uma das principais modificações para a economia brasileira teria início dois anos após a oficialização do acordo, quando todas as nações passariam a adotar uma única moeda, que estaria sobre o controle de um único Banco Central. “Isso acontecendo, os demais bancos centrais perderiam suas funções de controle monetário e o risco financeiro desses países desapareceria, assim como o cambial”, revela o professor. Com isso, a postura de risco da América do Sul mudaria sensivelmente, já que a taxa de juros adotada por todos os países membros seria a dos EUA (algo em torno de 1,5% ao ano) mais o risco de cada país. “Principalmente no caso do Brasil, as taxas de juros vão despencar. Como o sistema financeiro vai sobreviver com um spread tão baixo, com uma taxa que tende a ficar em 1/5 da que é hoje”, questiona. A resposta, segundo o palestrante, é o aumento do volume de crédito. “Com os juros baixos, os

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investimentos irão aumentar, assim como o consumo, gerando um crescimento do PIB de até 15% ao ano, aumentando o volume de crédito, que compensará, em boa parte, a diminuição do ganhos obtidos anteriormente por meio do spread mais alto”, esclarece o economista. Outro ponto abordado por Alberto Borges Matias e que costuma gerar as maiores críticas quanto à participação do Brasil na Alca diz respeito a competitividade de nossas empresas frente às companhias americanas. Baseado em números e gráficos, mais uma vez o professor mostrou otimismo e declarou “que essas histórias que contam por aí, de que com a implantação da Alca não vai sobrar uma empresa no Brasil não é verdadeira”. Segundo o palestrante, essa idéia deriva de um paradigma errado da “teoria da escala”. Tal teoria diz que quanto maior a escala, maior o custo fixo unitário do produto. Mas, adverte Matias, isso nem sempre se confirma na prática. E ele dá exemplos. FINANCEIRO


No Brasil, a média do custo do produto sobre a receita no segmento de papel e celulose é de 51%. O índice da maior empresa americana do setor, a Georgia Pacific, é de 75%, ou seja, muito maior. A situação só se complica um pouco quando o assunto é a média da despesa financeira sobre a receita: a brasileira é de 20% e a americana, 3%. “Como se vê, competitividade a gente têm, o que não dá é para viver com esse custo. Mas com a Alca esse custo financeiro deve cair e nossas empresas vão se tornar ainda mais competitivas”, explica. A situação se mostra ainda mais favorável ao Brasil quando analisamos o setor de Frango. A média brasileira é de 72% de custo sobre a receita. A Tayson Foods, empresa americana que fatura 23 bilhões de dólares (todo o setor de frango brasileiro não chega a R$ 5 bilhões), tem um custo sobre a receita de quase 92%. “Observando esses dados podemos ver que nós não somos apenas competitivos, mas somos muito competitivos, isso sim. E quando os EUA falam em repensar a Alca é porque eles sabem que se as empresas brasileiras assumirem realmente uma postura de concorrência com as americanas, eles, em grande parte, vão sair perdendo”. Terrorismo Após os atentados terroristas de 11 de setembro, a segurança tornou-se obsessão nos EUA. Projetos de reconhecimento de pessoas pela íris e o monitoramento de ligações internacionais em qualquer idioma já não são mais fantasias dos diretores de filmes de ficção científica. Mas além de tentar antecipar os acontecimentos terroristas, os americanos realizaram um estudo para tentar descobrir por que estes acontecimentos têm aumentado em todo o mundo. E uma das conclusões a que chegaram, ironicamente, foi a mesma descrita por Karl Marx, décadas atrás: a desigualdade econômica e social é o principal fomentador dos atos terroristas no mundo. “O que uma pessoa que vive num país paupérrimo como Camboja, por exemplo, pode esperar da vida? Ele precisa ACREFI

afetar a economia brasileira é a agluacreditar que após a morte as coisas tinação dos países em grandes blocos irão melhorar. Ou vocês acham que econômicos. É um fenômeno semese homem ou mulher bomba fossem lhante ao dos condomínios horizonperder alguma coisa na vida eles iriam tais. As pessoas que procuram essas se matar”, pergunta o economista. moradias estão atrás de segurança, Umas das formas mais viáveis para acreditam que os muros vão garantir se reduzir essa desigualdade, seria a proteção, isolamento. Aos se conabrir os mercados dos países desencentrarem em blocos, os países provolvidos aos países em desenvolvimencuram o mesmo. “Mas isso não vai to para que suas economias possam resolver a questão do prosperar mais rapidamente. Isso seria Os países ricos não sabem terrorismo”, afirma o feito por meio da negociar com os países economista. “E novaredução dos subsídios extremamente pobres e, mente o Brasil pode dados aos produtores portanto, eles precisam de tirar proveito da situde commodities. “Pela um interlocutor que tenha ação, já que é a única lógica, o grande bene- acesso a ambos os lados nação que pode fazer ficiado com essa histó- para discutir essa abertura a ponte entre os grandes blocos e os países ria é o Brasil”, afirma de mercado menores, que ficarão o economista. excluídos desses condomínios”. Além disso, revela Matias, está se O fato de não termos objeção a descobrindo um outro componente entrada de quem quer que seja em importante: os países ricos não sabem nosso país, de possuirmos represennegociar com os países extremamente tante de todos os países do mundo, de pobres e que, portanto, precisam de sermos um dos únicos lugares do plaum interlocutor que tenha acesso a neta onde as pessoas do mundo árabe ambos os lados para discutir essa vivem sem maiores problemas colocam abertura de mercado. “E quem, entre o Brasil nessa posição privilegiada. “A os presidentes das 15 maiores potêndiversidade cultural brasileira agora vai cias mundiais poderia exercer essa fazer a diferença”, explica Matias. função”, questiona. “Luiz Inácio Lula A conseqüência desse contato com da Silva”, responde. “É o presidente um grande número de nações atrairá certo, no momento certo e no lugar empresas para o nosso território com o certo”, afirma. objetivo de criar bases de exportação para atingir outros mercados. “Isso vai Formação dos blocos aumentar, e muito, o fluxo de capitais Outra tendência clara do mundo no Brasil”, finaliza o professor para os próximos anos e que deve

PALESTRAS PROGRAMADAS Dia Hora

Informações detalhadas em www.acrefi.org.br

Tema

Palestrante

Dra. Tereza Maria Fernandez da Silva (MB Associados)

OUTUBRO 21

9:00

Perspectivas da Economia Brasileira

27

9:00

Revisitando a metodologia de decomposição Ana Carla Abrão Costa (Bacen) do spread bancário no Brasil

NOVEMBRO 04

9:00

Lighthouse Sistema de Gestão de Cobrança

Alexandre França Fraga e Wander de Lima Xavier

Central de Risco do Banco Central

Vânio Cesar Pickler Aguiar (Bacen)

25

9:00

Perspectivas da Economia Brasileira

Prof. Dr. Joaquim Elói C. de Toledo (USP)

29

9:00

O Spread em Debate

Prof. Dr. Alberto Borges Matias (ABM Consulting)

10 12:00

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banco de dados

por ABM Consulting

Maiores em Operações de Créditos e Arrendamento Mercantil (jun/04)

Maiores por PL (jun/04) Financeira*

Sede

Itaucard CFI SP BV CFI SP Alfa CFI SP Fináustria CFI SP BRB CFI DF Renault do Brasil CFI SP Mercantil do Brasil CFI MG Pernambucanas CFI SP Caterpillar Financial CFI SP Luizacred SP

PL

Financeiras*

(R$ milhões)

4.391,1 360,5 302,2 184,3 106,9 100,6 81,2 67,4 65,4 51,3

Crefisa CFI Direção CFI Dacasa CFI Portoseg BESCREDI Santinvest CFI Intermedium CFI Seculus CFI Creditec CFI Cifra CFI

Sede

PL

SP SP ES SP SC SC MG MG SP SP

Sede Operações

Financeira

(R$ milhões)

47,4 35,0 29,9 28,1 25,1 17,9 16,7 15,9 14,6 14,0

(R$ milhões)

BV CFI Alfa CFI Renault do Brasil CFI Fináustria CFI Itaucard CFI BRB CFI Luizacred Caterpillar Financial CFI OBOE CFI ASB CFI

SP SP SP SP SP DF SP SP CE RJ

3.417,50 1295,2 834,9 319,6 404,2 387,6 299,7 342,2 58,1 53,8

Banco Pernambucanas CFI Mercantil do Brasil CFI Omni CFI Portocred BMW CFI Finamax CFI Dacasa CFI Cifra CFI BESCREDI Crefisa CFI

Sede

Operações

SP MG SP RS SP SP ES SP SC SP

87,8 140,2 93,2 47,9 84,67 69,5 63,8 80,9 91,4 80

(R$ milhões)

“* Algumas financeiras vinculadas a outras instituições não divulgam seus balanços separadamente, portanto, não constam no ranking. * Fonte: ABM Consulting

VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - PREFIXADOS AQUISIÇÃO DE BENS Variação Outros

CRÉDITO PESSOAL

VARIAÇÃO EM %

ago/03

27.967

1,76%

27.568

0,72%

4.687

2,11%

set/03

28.847

3,15%

28.004

1,58%

4.730

0,91%

out/03

29.579

2,54%

28.589

2,09%

4.832

2,16%

nov/03

30.098

1,75%

29.295

2,47%

4.959

2,62%

dez/03

30.494

1,32%

29.987

2,36%

5.344

7,77%

jan/04

30.844

1,15%

30.619

2,11%

5.360

0,30%

fev/04

32.002

3,75%

31.287

2,18%

5.357

mar/04

33.191

3,72%

32.041

2,41%

5.329

abr/04

34.481

3,89%

32.550

1,59%

mai/04

35.740

3,65%

33.106

1,71%

MÊS/ANO

Veículos

VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

5.768

1,71%

83.487

1,20%

5.403

-6,33%

84.792

1,56%

5.462

1,08%

86.268

1,74%

5.463

0,03%

87.507

1,44%

5.498

0,65%

88.099

0,68%

5.477

-0,39%

89.692

1,81%

-0,06%

5.153

-5,92%

91.593

2,12%

-0,51%

5.186

0,64%

93.838

2,45%

5.388

1,10%

5.302

2,23%

95.967

2,27%

5.537

2,76%

5.417

2,17%

98.249

2,38%

Variação

OUTRAS OPERAÇÕES

jun/04

36.715

2,73%

33.591

1,47%

5.599

1,13%

5.385

-0,59%

99.986

1,77%

jul/04

37.677

2,62%

34.126

1,59%

5.750

2,68%

5.331

-1,01%

101.362

1,38%

ago/04

38.715

2,76%

34.828

2,06%

5.921

2,98%

5.400

1,31%

103.999

2,60%

Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting - Saldo em fim de período. * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN

TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS

CRÉDITO PESSOAL SALDO TOTAL

TAXAS DE JUROS 1/ % Variação % Variação MÊS/ANO R$ milhões a.m. p.p a.a. p.p ago/03

27.967

5,38

set/03

28.847

out/03

29.579

nov/03

SALDO TOTAL R$ milhões

-0,19 87,50 -4,20

27.568

5,21

-0,17 83,90 -3,60

5,18

-0,03 83,30 -0,60

30.098

5,12

dez/03

30.494

jan/04 fev/04

TAXAS DE JUROS 1/ % Variação % Variação a.m. p.p a.a. p.p 2,93

-0,09

41,40

-1,50

28.004

2,77

-0,22

38,80

28.589

2,68

-0,13

37,30

-0,06 82,00 -1,30

29.295

2,63

-0,06

5,03

-0,08 80,30 -1,70

29.987

2,65

0,02

30.844

4,98

-0,06 79,10 -1,20

30.619

2,60

-0,07

32.002

4,85

-0,12 76,60 -2,50

31.287

2,58

-0,03

mar/04

33.191

4,85

0,00

76,50 -0,10

32.041

2,54

-0,05

abr/04

34.481

4,79

-0,06 75,30 -1,20

32.550

2,53

mai/04

35.740

4,66

-0,13 72,70 -2,60

33.106

2,55

jun/04

36.715

4,62

-0,04 71,90 -0,80

33.591

jul/04

37.677

4,61

-0,01 71,70 -0,20

ago/04

38.715

4,71

0,11

73,80 2,10

AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS SALDO TOTAL R$ milhões

TAXAS DE JUROS 1/ % Variação % Variação a.m. p.p a.a. p.p

4.687

4,72

-0,07

73,90

-1,30

-2,60

4.730

4,60

-1,50

4.832

4,52

-0,19

71,60

-2,30

-0,14

69,90

36,60

-0,70

4.959

-1,70

4,40

-0,19

67,70

-2,20

36,90

0,30

5.344

4,60

0,31

71,50

3,80

36,10 35,70

-0,80

5.360

4,33

-0,44

66,30

-5,20

-0,40

5.357

4,28

-0,08

65,40

-0,90

35,10

-0,60

5.329

4,15

-0,21

62,90

-2,50

-0,01 0,02

35,00

-0,10

5.388

4,11

-0,06

62,20

-0,70

35,30

0,30

5.537

3,99

-0,19

59,90

2,61

-2,30

0,08

36,30

1,00

5.599

3,96

-0,04

59,40

-0,50

34.126

2,60

-0,02

36,10

-0,20

5.750

3,91

-0,08

58,50

-0,90

34.828

2,61

0,02

36,30

0,20

5.921

3,93

0,02

58,80

0,30

Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting - Saldo em fim de período - 1/ Taxas médias ponderadas pelo volume diário das novas concessões. * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN

10

FINANCEIRO


INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS CRÉDITO PESSOAL (R$ mil) Mês/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em % 1,76%

ago/03

23.632.790

697.745

2,49%

897.740

3,21%

2.288.504

8,18%

27.966.779

set/03

24.560.343

788.487

2,73%

894.988

3,10%

2.176.013

7,54%

28.846.813

3,15%

out/03

25.268.002

828.040

2,80%

933.008

3,15%

2.178.959

7,37%

29.579.345

2,54%

nov/03

25.830.245

746.550

2,48%

964.298

3,20%

2.197.698

7,30%

30.097.800

1,75% 1,32%

dez/03

26.078.966

722.143

2,37%

969.966

3,18%

2.107.857

6,91%

30.494.098

jan/04

26.041.547

826.576

2,68%

990.196

3,21%

2.368.191

7,68%

30.844.349

1,15%

fev/04

27.032.554

809.097

2,53%

1.077.141

3,37%

2.443.504

7,64%

32.001.921

3,75%

mar/04

28.273.392

924.733

2,79%

1.091.225

3,29%

2.261.870

6,81%

33.191.270

3,72%

abr/04

29.600.772

950.333

2,76%

1.088.846

3,16%

2.192.235

6,36%

34.481.073

3,89%

mai/04

30.842.592

874.484

2,45%

1.136.548

3,18%

2.269.154

6,35%

35.739.766

3,65%

jun/04

31.874.938

998.004

2,72%

1.040.267

2,83%

2.250.929

6,13%

36.715.137

2,73%

jul/04

32.846.771

979.871

2,60%

1.014.235

2,69%

2.337.093

6,20%

37.676.568

2,62%

ago/04

33.605.954

1.270.711

3,28%

1.049.892

2,71%

2.333.029

6,03%

38.715.358

2,76%

Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting - Saldo em fim de período * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN

INADIMPLÊNCIA - VEÍCULOS Prefixado - Agosto/2004 (em R$ Mil)

INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL Prefixado - Agosto/2004 (em R$ Mil) Atraso maior que 90 dias 1.049.892

Atraso de 15 a 30 dias 1.270.711

31%

38% 31%

Atraso maior que 90 dias 885.898

Atraso de 15 a 30 dias 1.200.207

38%

29%

33% Atraso de 31 a 90 dias 1.049.892

Atraso de 31 a 90 dias 1.010.278

AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil) Mês/Ano

Saldo

Com atraso

sem atraso

de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

ago/03

24.372.294

1.151.198

4,18%

1.079.722

3,92%

960.784

3,49%

27.568.059

0,72%

set/03

25.048.116

1.185.769

4,23%

1.110.998

3,97%

966.831

3,45%

28.004.124

1,58% 2,09%

out/03

25.479.017

1.214.854

4,25%

1.097.075

3,84%

906.880

3,17%

28.588.535

nov/03

26.127.147

1.122.215

3,83%

1.126.190

3,84%

916.192

3,13%

29.295.440

2,47%

dez/03

26.817.560

1.141.662

3,81%

1.065.710

3,55%

958.876

3,20%

29.987.306

2,36%

jan/04

27.492.275

1.127.391

3,68%

1.073.654

3,51%

979.223

3,20%

30.619.128

2,11%

fev/04

27.911.471

1.165.222

3,72%

1.212.205

3,87%

994.851

3,18%

31.286.995

2,18%

mar/04

28.619.263

1.261.847

3,94%

1.159.900

3,62%

996.492

3,11%

32.040.685

2,41% 1,59%

abr/04

29.160.974

1.207.718

3,71%

1.195.775

3,67%

981.899

3,02%

32.549.853

mai/04

29.719.227

1.271.432

3,84%

1.138.068

3,44%

973.258

2,94%

33.105.519

1,71%

jun/04

30.333.668

1.205.501

3,59%

1.106.926

3,30%

941.782

2,80%

33.591.319

1,47%

jul/04

30.927.564

1.199.259

3,51%

1.039.556

3,05%

960.569

2,81%

34.125.996

1,59%

ago/04

31.728.336

1.200.207

3,45%

1.010.278

2,90%

885.898

2,54%

34.828.146

2,06%

Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting. Saldo em fim de período * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN

ACREFI

11


banco de dados

por ABM Consulting

INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS

(R$ mil)

Mê s/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

ago/03

3.685.817

175.700

3,75%

212.928

4,54%

603.808

12,88%

4.687.123

2,11% 0,91%

set/03

3.755.345

174.326

3,69%

209.460

4,43%

563.967

11,92%

4.729.706

out/03

3.861.604

189.308

3,92%

203.308

4,21%

568.984

11,78%

4.831.899

2,16%

nov/03

3.984.383

188.715

3,81%

209.054

4,22%

567.324

11,44%

4.958.651

2,62%

dez/03

4.438.812

176.950

3,31%

188.470

3,53%

530.453

9,93%

5.343.912

7,77%

jan/04

4.387.349

210.631

3,93%

198.670

3,71%

517.630

9,66%

5.359.944

0,30%

fev/04

4.371.062

213.621

3,99%

249.885

4,66%

512.932

9,58%

5.356.708

-0,06%

mar/04

4.317.315

227.992

4,28%

277.173

5,20%

497.702

9,34%

5.329.472

-0,51%

abr/04

4.357.391

231.610

4,30%

269.650

5,00%

520.305

9,66%

5.388.292

1,10%

mai/04

4.485.011

224.733

4,06%

256.197

4,63%

561.445

10,14%

5.536.836

2,76%

jun/04

4.561.384

226.935

4,05%

249.029

4,45%

552.488

9,87%

5.599.317

1,13%

jul/04

4.707.381

232.066

4,04%

237.290

4,13%

563.322

9,80%

5.749.605

2,68%

ago/04

4.876.030

235.157

3,97%

234.604

3,96%

565.702

9,55%

5.920.978

2,98%

Fonte: Banco Central do Brasil/ ABM Consulting - Saldo em fim de período * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN

INADIMPLÊNCIA - OUTROS BENS Prefixado - Agosto/2004 (em R$ Mil) Atraso de 15 a 30 dias 235.157

INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES Prefixado - Agosto/2004 (em R$ Mil) Atraso de 15 a 30 dias 220.007

Atraso maior que 90 dias 565.702

23% 54%

Atraso maior que 90 dias 821.416

16% 23%

61%

23% Atraso de 31 a 90 dias 234.604

OUTRAS OPERAÇÕES Mê s/Ano

Saldo sem atraso

Atraso de 31 a 90 dias 319.159

(R$ mil)

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

ago/03

3.770.770

233.161

4,04%

387.474

6,72%

857.264

14,86%

5.767.991

1,71%

set/03

3.376.321

229.688

4,25%

358.704

6,64%

887.104

16,42%

5.403.163

-6,33%

out/03

3.335.778

240.986

4,41%

397.932

7,29%

889.708

16,29%

5.461.579

1,08%

nov/03

3.340.326

228.642

4,19%

394.633

7,22%

895.836

16,40%

5.463.068

0,03%

dez/03

3.385.140

220.443

4,01%

359.338

6,54%

912.447

16,59%

5.498.335

0,65%

jan/04

3.363.776

228.751

4,18%

375.918

6,86%

898.238

16,40%

5.477.099

-0,39%

fev/04

3.173.699

222.375

4,32%

354.337

6,88%

869.481

16,87%

5.153.101

-5,92%

mar/04

3.199.687

244.510

4,71%

352.912

6,80%

854.372

16,47%

5.186.212

0,64%

abr/04

3.330.309

226.567

4,27%

358.827

6,77%

835.530

15,76%

5.301.959

2,23%

mai/04

3.446.978

211.053

3,90%

340.596

6,29%

845.248

15,60%

5.417.094

2,17%

jun/04

3.429.475

228.923

4,25%

334.332

6,21%

824.206

15,31%

5.385.064

-0,59%

jul/04

3.403.043

204.489

3,84%

314.235

5,89%

818.283

15,35%

5.330.634

-1,01%

ago/04

3.425.347

220.007

4,07%

319.159

5,91%

821.416

15,21%

5.400.492

1,31%

Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting - Saldo em fim de período * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN

12

FINANCEIRO


PREVISÕES ECONÔMICAS Período

Crescimento do PIB

Crescimento do PIB Agrícola

Crescimento do PIB Indústria

Crescimento do PIB Serviço

Crescimento da Produção Física

janeiro 2004

3,63

4,25

4,48

2,69

4,19

4 semanas antes

4,29

4,88

5,46

2,88

6,49

1 semana antes

4,44

4,93

5,51

3,09

6,55

Última Previsão

4,49

4,98

5,54

3,17

6,69

Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting

ATIVIDADE ECONÔMICA DATA

Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

Var. p.p.

DATA

Índice de Produção Física

Var. %

set/03

80,62

1,06

ago/03

97,22

0,00

out/03

81,24

0,62

set/03

99,32

2,2%

nov/03

80,22

-1,02

out/03

101,86

2,6%

dez/03

78,63

-1,59

nov/03

103,97

2,1%

jan/04

79,41

0,79

dez/03

104,40

0,4%

fev/04

79,56

0,15

jan/04

103,85

-0,5%

mar/04

81,94

2,38

fev/04

102,96

-0,9%

abr/04

81,17

-0,78

mar/04

103,21

0,2%

mai/04

82,52

1,35

abr/04

103,71

0,5%

jun/04

83,10

0,58

mai/04

105,36

1,6%

jul/04

83,50

0,40

jun/04

106,46

1,0%

ago/04

83,90

0,40

jul/04

107,64

1,1%

Variação 12 meses

4,34

Variação 12 meses

10,97%

Fonte: CNI/ABM Consulting

Fonte: IBGE/ABM Consulting

DESEMPREGO TAXA DE DESEMPREGO

TAXA DE DESEMPREGO

DATA

Brasil

Var. p.p.

SP

Var. p.p.

set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04

12,90 12,90 12,70 10,90 11,70 12,00 12,80 13,10 12,20 11,70 11,20 11,40

-0,10 0,00 -0,20 -1,80 0,80 0,30 0,80 0,30 -0,90 -0,50 -0,50 0,20

14,80 15,00 14,00 11,80 12,90 13,60 14,60 14,50 13,60 13,30 12,50 12,60

-0,10 0,20 -1,00 -2,20 1,10 0,70 1,00 -0,10 -0,90 -0,30 -0,80 0,10

Variação 12 meses

-1,60

Fonte: IBGE/ABM Consulting

ACREFI

-2,30

Taxa

Variação

13,5

1,00

13,0

0,50

12,5

0,00

12,0

-0,50

11,5

-1,00

11,0

-1,50

10,5 10,0

set 03

out nov dez 03 03 03

Brasil Fonte: IBGE/ABM Consulting

13

jan 04

fev mar abr mai jun 04 04 04 04 04

Var. p.p.

jul 04

ago 04

-2,00


banco de dados

por ABM Consulting

TAXA DE JUROS MÉDIA - GERAL DATA

Aplicações

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread

Var. p.p.

set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04

49,8 48,6 48,0 45,8 45,4 45,1 45,3 44,7 44,2 44,0 43,9 43,9

-2,9 -1,2 -0,6 -2,2 -0,4 -0,3 0,2 -0,6 -0,5 -0,2 -0,1 0,0

19,2 18,1 17,6 15,8 15,6 15,7 15,8 15,7 17,0 17,0 16,7 16,4

-2,2 -1,1 -0,5 -1,8 -0,2 0,1 0,1 -0,1 1,3 0,0 -0,3 -0,3

30,6 30,5 30,4 30,0 29,8 29,4 29,5 29,0 27,2 27,0 27,2 27,5

-0,7 -0,1 -0,1 -0,4 -0,2 -0,4 0,1 -0,5 -1,8 -0,2 0,2 0,3

Variação 12 meses

-8,8

-5,0

-3,8

Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting

TAXA DE JUROS MÉDIA - PESSOA JURÍDICA DATA

Aplicações

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread

Var. p.p.

set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04

34,0 32,5 32,3 30,2 30,1 30,2 30,4 29,9 30,0 29,7 29,7 28,8

-2,3 -1,5 -0,2 -2,1 -0,1 0,1 0,2 -0,5 0,1 -0,3 0,0 -0,9

19,7 18,4 17,9 15,8 15,8 15,8 16,0 15,9 16,9 16,7 16,6 15,7

-2,1 -1,3 -0,5 -2,1 0,0 0,0 0,2 -0,1 1,0 -0,2 -0,1 -0,9

14,3 14,1 14,4 14,4 14,3 14,4 14,4 14,0 13,1 13,0 13,1 13,1

-0,2 -0,2 0,3 0,0 -0,1 0,1 0,0 -0,4 -0,9 -0,1 0,1 0,0

Variação 12 meses

-7,5

-6,1

-1,4

Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting

TAXA DE JUROS MÉDIA - PESSOA FÍSICA DATA

Aplicações

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread

Var. p.p.

set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04

70,7 69,4 68,2 66,6 65,4 64,2 64,0 63,3 62,4 62,4 62,0 63,1

-3,8 -1,3 -1,2 -1,6 -1,2 -1,2 -0,2 -0,7 -0,9 0,0 -0,4 1,1

18,6 17,7 17,1 15,8 15,4 15,6 15,4 15,4 17,2 17,4 16,7 17,4

-2,3 -0,9 -0,6 -1,3 -0,4 0,2 -0,2 0,0 1,8 0,2 -0,7 0,7

52,1 51,7 51,1 50,8 50,0 48,6 48,6 47,9 45,2 45,0 45,3 45,7

-1,5 -0,4 -0,6 -0,3 -0,8 -1,4 0,0 -0,7 -2,7 -0,2 0,3 0,4

Variação 12 meses

-11,4

-3,5

-7,9

Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting

14

FINANCEIRO


INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA PRODUÇÃO

VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS

EXPORTAÇÃO TOTAL

Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais Leves e Pesados (em unidades)

Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais Leves e Pesados (em unidades)

Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais Leves e Pesados (em unidades)

Data

Vendas

Variação

Exportações

Variação

Var. (%)

jan/03

97.684

jan/03

28.760

10.266

7,1%

fev/03

117.470

19.786

20,3%

fev/03

35.775

7.015

24,4%

142.085

-12.396

-8,0%

mar/03

100.424

152.228

10.143

7,1%

abr/03

101.724

-17.046

-14,5%

mar/03

43.192

7.417

20,7%

1.300

1,3%

abr/03

49.375

6.183

14,3%

mai/03

164.682

12.454

8,2%

mai/03

101.812

88

0,1%

mai/03

48.236

-1.139

-2,3%

jun/03

146.571

-18.111

-11,0%

jul/03

135.920

-10.651

-7,3%

jun/03

92.253

-9.559

-9,4%

jun/03

61.106

12.870

26,7%

jul/03

100.538

8.285

9,0%

jul/03

36.086

-25.020

-40,9%

ago/03

134.699

-1.221

-0,9%

ago/03

99.314

-1.224

-1,2%

ago/03

43.483

7.397

20,5%

set/03

161.821

out/03

167.869

27.122

20,1%

set/03

114.765

15.451

15,6%

set/03

51.648

8.165

18,8%

6.048

3,7%

out/03

129.455

14.690

12,8%

out/03

52.400

752

1,5%

nov/03

168.412

543

0,3%

nov/03

131.037

1.582

1,2%

nov/03

43.813

-8.587

-16,4%

dez/03

154.055

-14.357

-8,5%

dez/03

128.406

-2.631

-2,0%

dez/03

40.871

-2.942

-6,7%

jan/04

156.057

2.002

1,3%

jan/04

114.140

-14.266

-11,1%

jan/04

38.109

-2.762

-6,8%

fev/04

154.934

-1.123

-0,7%

fev/04

123.259

9.119

8,0%

fev/04

33.364

-4.745

-12,5%

mar/04

190.956

36.022

23,2%

mar/04

135.747

12.488

10,1%

mar/04

52.717

19.353

58,0%

abr/04

169.991

-20.965

-11,0%

abr/04

119.966

-15.781

-11,6%

abr/04

43.132

-9.585

-18,2%

mai/04

179.224

9.233

5,4%

mai/04

119.403

-563

-0,5%

mai/04

49.282

6.150

14,3%

jun/04

187.124

7.900

4,4%

jun/04

123.793

4.390

3,7%

jun/04

61.452

12.170

24,7%

jul/04

187.777

653

0,3%

jul/04

129.300

5.507

4,4%

jul/04

61.562

110

0,2%

ago/04

198.048

10.271

5,5%

ago/04

132.739

3.439

2,7%

ago/04

65.781

4.219

6,9%

47,0%

Var. 12 meses (ago/03-ago/04)

Data

Produção

Variação

Var. (%)

jan/03

144.215

fev/03

154.481

mar/03 abr/03

Var. 12 meses (ago/03-ago/04)

Var. (%)

Data

Var. 12 meses (ago/03-ago/04)

33,7%

Fonte: Anfavea / ABM Consulting

MERCADO DE AUTOMÓVEIS (UNIDADES) 200.000 180.000 160.000 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0

set 03

out 03

nov 03

Produção

dez 03

jan 04

fev 04

Vendas Internas

Fonte: ANFAVEA/ABM Consulting

ACREFI

mar 04

15

abr 04

mai 04

jun 04

Exportações

jul 04

ago 04

51,3%


tecnologia

SIN apresenta ferramenta para crédito consignado Estabelecer margens aos tomadores de crédito consignado. Esse é o objetivo do Sinpac, a mais nova ferramenta para análise de crédito do Serviço de Informação Nacional (SIN). O software, segundo explicou Wladimir Antônio Campacci, diretor de TI da empresa, em palestra realizada no mês de setembro, na Acrefi, é destinado a financeiras, cooperativas de crédito, sindicatos e promotores. Inteiramente on-line – o que permite sua utilização em qualquer lugar do país por um computador com acesso a Internet –, o Sinpac faz consulta de passagens ou

registros de margens em instituições financeiras ou órgãos de classe, rea-

lizados por servidores públicos e privados para desconto consignado em folha de pagamento. Além disso, a base de dados do produto já conta com 120 mil registros e é atualizada automaticamente, assim que novas informações chegam ao sistema. “Uma das principais vantagens do Sinpac é que ele não altera a política de concessão de empréstimos adotada pela instituição financeira. Sua função é atuar como um recurso extra para auxiliar o promotor a tomar sua decisão com segurança e risco minimizado de fraude”, ressalta Campacci


análise setorial

Spread, Juros e Crédito no Brasil PROF. DR. ALBERTO BORGES MATIAS, DA ABM CONSULTING

soa física referenA relação Crédito / PIB tes a crédito pessoal, aquisição de de julho está em 26,15%, veículos e aquisição enquanto que a média de outros bens estadesde janeiro de 2002 vam em 87,50%, aponta um valor de 41,40% e 73,90% res25,48%, muito abaixo da pectivamente. Já em relação de países como agosto de 2004, essas taxas caíram para Chile (60%) e Holanda 73,80%, 36,30% e (160%) 58,8%. As taxas de juros anuais cobradas na concessão de crédito para pessoas jurídicas caíram de 36,3% em agosto de 2003 para 29,7% em julho de 2004. Apesar da queda no ano, os juros cobrados sobre o crédito no Brasil ainda estão longe de serem ideais, e ainda dificultam muito o desenvolvimento do país como um todo. Estudos realizados pela ABM Consulting mostram a correlação existente entre Spread e Volume de Crédito e Juros e Volume de Crédito. A correlação encontrada entre Spread e Volume de Crédito, considerando valores entre outubro de 1996 e junho de 2004 e volume de crédito corrigido pelo IGP-DI, foi negativa em 88%. Ou seja, para cada 1% de aumento no Spread, o volume de crédito cai 0,88%. Já os estudos de correlação entre Juros e Volume de Crédito apontam um valor negativo em 78,6%, que significa que aumentando as taxas de juros em 1%, o Volume de Crédito cai aproximadamente 0,79%. O resultado desses estudos comprova a existência de tal círculo vicioso, em que baixo volume de crédito acaba por aumentar o Spread, que por sua vez inibe o aumento do volume de crédito, contribuindo para o aumento das taxas de juros repassadas às empresas e ao consumidor. Enquanto essa situação não mudar, através de políticas mais adequadas à atual conjuntura do país, dificilmente iremos ver um desenvolvimento econômico sustentável, e uma economia forte e competitiva em um cenário global.

A relação existente entre spread, juros e crédito infelizmente forma no Brasil uma espécie de círculo vicioso que dificulta o desenvolvimento de diversos setores da economia, além de inibir também o poder de compra do consumidor em geral. O baixo volume de crédito concedido no país, que pode ser constatado pela relação crédito / PIB, obriga as instituições a obterem resultados através da margem financeira (diferença entre receitas e despesas de intermediação financeira, deduzidas as provisões para créditos duvidosos). A relação Crédito / PIB de julho está em 26,15%, enquanto que a média desde janeiro de 2002 aponta um valor de 25,48%, muito abaixo da relação de países como Chile (60%) e Holanda (160%). Por outro lado, a concessão de crédito a altas taxas de juros torna a tomada de empréstimos por parte de empresas e pessoas físicas inviável em diversas situações. E a situação ainda é melhor do que no ano passado. Em agosto de 2003, as taxas anuais para pesACREFI

17


artigo

O Modelo de Gestão Transparente Cria Valor WALTER MACHADO DE BARROS, PRESIDENTE DO CONSELHO DIRETOR DO IBEF SP

Arquivo IBEF SP

L

onge de ser um modismo ou uma panacéia, a crescente importância da Governança Corporativa é justificada pela comunidade de negócios por diversas razões, dentre as quais citamos aquelas que, em nosso julgamento, são as mais relevantes: (a) contribui para o fortalecimento do regime capitalista; (b) favorece a democratização do capital; (c) proporciona uma clara separação da gestão com a propriedade; (d) evita os conflitos de interesses nas empresas; (e) atenua os conflitos societários. O processo de gestão das empresas, através da Governança Corporativa, está pautado em alguns princípios básicos onde figura em primeiro lugar a “transparência”, que vai além da obrigação de informar, passando os gestores pelo “desejo de informar”, ou seja, a capacidade da empresa em fornecer aos acionistas e investidores amplas informações sobre suas estratégias, operações, condições financeiras e resultados correntes. Em um denso estudo feito em 2003 pela Ernst & Young Brasil, abordando 87 entrevistas com gerentes e diretores de RI e executivos de finanças de sociedades de capital fechado e de capital aberto, a maioria localizada na região Sudeste e de capital nacional, revelou que o grau de transparência é o principal fator que investidores e analistas apontaram na escolha da empresa para investimento (33%), aparecendo em segundo lugar a relação preço/valor pro-

jetado (30%), secundado pela liquidez das ações (17%). Portanto a transparência ou disclosure, assim mesmo em inglês, como é usualmente tratado pelo mercado, é o que importa. A lei Sarbanes-Oxley, a SEC e outros órgãos reguladores americanos estão enfatizando a necessidade de uma ampla política de disclosure, através de um sólido fluxo de informações bem definidas. No Brasil, temos um conjunto de documentos que regulam, orientam e incentivam a política de divulgação/ transparência/disclosure: (a) a lei das Sociedades Anônimas; (b) as instruções da CVM; (c) as Recomendações da CVM sobre Governança Corporativa, conhecidas também como Cartilha de Governança Corporativa; (d) o Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa, do IBGC; (e) o Guia Prático dos Direitos dos Acionistas Investidores no Mercado de Capitais, de autoria do Leslie Amendolara, diretor vogal do IBEF SP, editado pela BOVESPA/Abamec SP (hoje Apimec). A seção 404 da Sarbanes-Oxley exige que a SEC force as empresas americanas a criarem procedimentos de controles internos para “certificarem seus resultados financeiros”, através do estabelecimento de um “Comitê de Disclosure”. Esse Comitê de Disclosure está em fase de modelagem quanto ao seu entendimento e extensão. Seus participantes compreendem o diretor de RI, o diretor financeiro, o controler, o chefe de auditoria e um representante do auditor externo. Algumas empresas vêm incluindo o principal executivo (CEO), os chefes de unidades de negócios e o executivo responsável pela comunicação corporativa. As empresas brasileiras, com Recibos de Depósitos de Ações, as ADRs, nego-

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ciadas na Bolsa de Nova York, estão se adequando a tais exigências, pois a seção 404 começa a valer em 2005. No caso do segmento bancos, a resolução 2554 do Banco Central estabeleceu critérios de controles internos desde 1998, e a maioria do sistema bancário já opera com sistemas de controles de fluxos e de riscos operacionais e implantaram o comitê de controles internos. Destacamos o Itaú, Unibanco e Bradesco pois estão em processo avançado de compliance e matrizes de controles e riscos. No segmento indústria, citamos a Aracruz, Sadia, Suzano, Braskem e Petrobras como exemplos de companhias mais bem preparadas em relação às exigências de disclosure previstas pela Sarbanes-Oxley. Recomendamos a criação dos Comitês de Disclosure para todas as empresas que desejam implementar as melhores práticas de gestão, independente do tipo de capital (fechado ou aberto), pois tal prática é geradora de valor para os acionistas, empresários e proprietários. A ABRASCA criou, há seis anos, o Prêmio Abrasca de Melhor Relatório Anual, contemplando os melhores relatórios em termos econômico-financeiros, estratégico e social. Neste ano, a Companhia Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar) foi eleita em primeiro lugar pelo conjunto de relatórios anuais, para a categoria de empresa aberta, e para a classe de empresas de capital fechado: a ganhadora não poderá mais concorrer, no futuro, nesta categoria. A Natura abriu seu capital neste semestre, com sucesso, demonstrando que sua conhecida política de transparência de informações, já praticada antes da abertura de capital, agregou valor para os acionistas e foi reconhecida pelo mercado FINANCEIRO


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FINASA, DIBENS, SAFRA, UNIBANCO, PANAMERICANO e OMNI já estão conectando seus ambientes à CLICAR.


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