Financeiro ACREFI - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO, FINANCIAM ENTO E INVESTIM ENTO
ano 2 nº 19 nov/2004
A Solução Serasa de Recuperação de Recebíveis oferece total apoio ao gerenciamento das diversas atividades das áreas de cobrança, reunindo os mais completos instrumentos para auxiliar as empresas a vencer o desafio de recuperar mais, gastando menos.
A Serviço do Desenvolvimento do Brasil
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editorial
Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento
Crescimento das vendas: Natal feliz Érico Sodré Quirino Ferreira, Presidente da ACREFI
Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar São Paulo - SP Tel: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 www.acrefi.org.br DIRETORIA Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Fernando Guerreiro de Lemos, Gilberto Caldart, Eduardo Castro de Azevedo, José Arthur Lemos de Assunção, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Paulo Eduardo D’Ávila Isola, Paulo Henrique Pentagna Guimarães,Ricardo Malcon, Ronaldo Amaral de Carvalho Pinto, Tiago Canguçu de Almeida Secretários Jayme Antonio dos Santos e José Dante Zanaga Neto Tesoureiros Jorge Kimura e Sérgio Marra Pereira Capella Diretores Adalberto Savioli, Daniel Capelo Pinheiro, Enílson Espínola de Souza, Francisco Gomes da Costa, Genival Francisco Silva, Jerônimo Varalla Neto, Ricardo Annes Guimarães, Rubens Bution, Sérgio Antônio Cipovicci, Valdery Frota de Albuquerque Diretores Conselheiros Aristeu Zanuncio, Edson Monteiro, Eduardo Garcia Ruiz, Guilherme Almeida de Oliveira, Hélio Lima Magalhães, Ivan Svitek, José Américo Machado, Leonel Dias de Andrade Neto, Paulo Sérgio Monteiro Castro Aguiar, Rubens Sardenberg Diretores Regionais Carlos Alberto Samogim, Félix Archanjo Bordin, Leonardo Marcondes Dadalto, Sérgio Faria Lemos da Fonseca Júnior, Aquiles Leonardo Diniz, Evanir Coutinho Ussier, Odílio Figueiredo Neto, Renato Malcon Presidente Honorário João Uchôa Borges Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Financeiro Publicação mensal da ACREFI - Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento. Jornalista Responsável: Lenon Hymalaia (MTb 35.777) Produção: Inform Comunicação Redação: Luciano Zafalon Projeto Gráfico e Editoração: EDF (www.edf.com.br) Pré-impressão e Impressão: Graphbox Tiragem: 8.000 exemplares As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito.
Tudo leva a crer que o Natal deste ano será o reflexo do que vem acontecendo com a Economia. Ou seja, pode não apresentar vultuosos índices de crescimento, mas também não será a tragédia que alguns “especialistas” andam prevendo. Vejamos alguns números que nos levam a essa conclusão, não diria eu otimista, mas sim realista. A inadimplência de pessoas físicas vem diminuindo sensivelmente. Segundo a Serasa, apesar dos estudos mostrarem uma ligeira alta de 0,9% nesse indicador de janeiro a agosto de 2004, na comparação com o mesmo período de 2003, a queda acentuada do índice torna-se evidente quando comparada com a inadimplência de 23,9% apresentada no ano 2002, contra 2001. Outra prova do recuo do número de devedores é a queda de 4,3% apontada em agosto, ante o mês anterior. A diminuição mais brusca no índice é conseqüência da melhora do nível de atividade econômica, a partir do segundo trimestre do corrente ano. O mesmo vem acontecendo com a inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP-10) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que ficou em 0,23% em outubro, enquanto em setembro registrou 1.23%. Até dezembro o índice deve permanecer nos 7%, apesar da forte pressão da alta internacional do petróleo, área administrada em nosso país pela Petrobras (entenda-se governo federal), que deve conter reajustes acentuados,
sempre tendo em vista a manutenção da meta inflacionária. Os juros, embora ainda altos tendo em vista a quantidade de impostos e taxas neles embutidos, estão sendo contornados com uma concessão de crédito pessoal cada vez mais facilitada e alongada por todas as instituições do Sistema Financeiro Nacional. Isto sem contar com a entrada no mercado do dinheiro extra, oriundo do 13º salário dos trabalhadores. Como resultado desse panorama, as vendas do comércio brasileiro também registram altas taxas de crescimento, variando entre um mínimo de 5,02% e um teto de 12,86%, e deverá terminar o ano com um crescimento médio ao redor de 9%. Segundo o IBGE, as vendas têm crescido praticamente em todas as unidades da Federação. Por tudo isso, acreditamos que após estes últimos anos de recessão, entramos realmente em um fase de expansão e crescimento, que esperamos venha a se perpetuar, levando nosso país a se firmar no cenário internacional. Temos a certeza que tudo isto contribuirá para um Natal feliz para todos
Nesta edição 4
Palestra
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Spread
Ciclo de Palestras “Perspectivas da Economia Brasileira”
Ana Carla Abrão Costa, do Banco Central do Brasil
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Notícias do setor
10 Banco de dados 17 Análise setorial
Prof. Dr. Alberto Borges Matias, da ABM Consulting
18 Artigo
José Arthur Assunção, vice-presidente da Acrefi e diretor da ASB Financeira
palestra
Tereza Maria prevê crescimento moderado para o próximo ano Na opinião da economista, o preço do petróleo, o aumento da taxa Luciano Za falon
de juros da economia americana e a queda do fluxo de investimentos estrangeiros não permitirão que a economia cresça acima de 3,5% em 2005
D
evagar e sempre. Foi assim que a Dra. Tereza Maria Fernandez Dias da Silva , diretora da MB Associados, definiu o ritmo de crescimento da economia brasileira para os próximos anos em sua explanação na Acrefi, dia 21 de outubro. A apresentação de Tereza Maria deu seqüência ao “Ciclo de Palestras Perspectivas da Economia Brasileira” promovido pela entidade sobre “as perspectivas da economia nacional”. Na opinião da economista, nos próximos anos teremos um cenário de crescimento lento, porém, constante. “Algo em torno de 3,5% do PIB e com a inflação sob controle, mantendo um valor de captação bastante razoável. Não devemos fugir muito do que está aí”, resume Tereza. Segundo ela, o crescimento brasileiro não será maior por uma série de motivos. E alguns deles independem de nossa vontade, como a alta do petróleo. O preço do barril já ultrapassou a casa dos US$ 50 dólares e pode chegar a US$ 60. “Isso representa
um risco inflacionário muito grande para o Brasil, sem falar que ele pode ser agravado pela variação cambial e por um aumento da demanda pelo produto por parte da China, que não tem ainda formado seu estoque mínimo de segurança”, diz Tereza. “Nossa expectativa é que, passado todos esses problemas, o preço deve ficar em torno de US$ 45, bem acima da casa dos US$ 30 em que ele se encontrava, mas bem abaixo do atual patamar”, completa. A possibilidade do FED (Banco Central dos EUA) elevar ainda mais a taxa básica de juros da economia americana e nossa exportação estar focada em basicamente duas commodities - aço e minério de ferro - são outros fatores externos que preocupam a executiva da MB Associados. “A elevação dos juros americanos pode contribuir para a redução do fluxo de investimento estrangeiro no Brasil e a queda do preço dessas duas commodities no mercado internacional poderia afetar seriamente as contas brasileiras”, explica.
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Inflação A inflação, na opinião da especialista, é outro grande desafio a ser superado para que possamos atingir um crescimento forte e sustentado. Ela discorda, porém, dos que alegam estarmos correndo risco de uma inflação de demanda. Segundo Tereza, o que estamos assistindo neste momento é um rebate de preços, onde pequenos reajustes estão sendo feitos pelos varejistas para recuperação de suas margens, sempre apertadas pela competitividade e queda de renda do consumidor. “Quando o consumo está aquecido e a cadeia produtiva – que sempre trabalha com margem de lucro maior – não pressiona, os varejistas aumentam um pouco seus preços com o objetivo de recuperar as perdas e alcançar um equilíbrio”, esclarece a economista. “Mas isso não significa inflação de demanda. Os preços não estão subindo porque há falta de produtos nas prateleiras. A capacidade de produção está no limite, mas somente de quem trabalha com foco no mercado externo. Porque quem trabalha FINANCEIRO
Luciano Zafalon
onde meu retorno é maior, eu vou investir lá. E quando você relaciona isso em termos de competitividade com o mercado mundial, a situação fica complicada. Não é por acaso que a Gerdau, a Vale e a embraer estão adquirindo fábricas no exterior”, adverte. Os riscos de um novo apagão energético (Quadro II) e nossa precária infra-estrutura portuária, ferroviária e rodoviária também são fortes fatores negativos para nosso pleno desenvolvimento, alerta Tereza.
Os executivos acompanharam com muita atenção as palavras da economista
para o mercado interno está com a capacidade ociosa”, revela. “Além disso, as áreas que estão perto do limite da capacidade estão investindo, como papelão, papel e celulose e siderurgia. Não posso acreditar que teremos uma inflação maior porque a economia está pegando fogo, que irá faltar sapato, roupa e comida.
Agora, se falarem que o motivo da inflação são os combustíveis, aí sim”, conclui Tereza. Para a palestrante, a carga tributária que era, em média, de 29% e hoje chega a 36,5% (quadro I), é outro grave empecilho para nosso crescimento. “Isso inibe os investimentos. Se eu tenho outros países
Quadro I - Evolução da Carga Tributária 40,0
31,8
32,5
1999
2000
35,5
35,7
2002
2003
36,5
33,8
29,7 30,0
20,0
1998
2001
2004 (e)
Fonte: Receita Federal. P - Projeções: MB Associados
Quadro II - Balanço energético brasileiro (mil GWh) 550
Balanço
101
500
Oferta 86
100
Demanda
450
80 69
400
60
48
350 300
27
40 20
250 200
Balanço
Oferta / Demanda
120
114
2004
2005
2006
2007
2008
2009
0
* Taxa de crescimento do PIB: 4,2% em 2004 e 3,5% nos próximos anos ** Inclui energia hidráulica, térmica e nuclear *** Oferta inclui somente previsão de entrada em operação de usinas sem restrições Fonte: MME, Eletrobrás. P - Projeção MB Associados
ACREFI
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Nem tudo está perdido Apesar dos problemas, a economista vê avanços em diversos setores que podem colaborar para a sustentação de nosso crescimento. Na visão da especialista, a consolidação da democracia, marcada pela ótima transição do governo FHC para o governo Lula, é um ponto a favor na hora da busca por novos investidores. Outro ponto importante diz respeito às regulamentações das concessões feitas pelo governo. Embora, afirma ela, algumas ainda causem dores de cabeça, não se pode negar os sucessos obtidos no setor de telecomunicações e de recursos hídricos, por exemplo. “Além disso, temos as Parcerias Público Privadas (PPPs). Eu não acredito que elas irão solucionar os problemas brasileiros, porque em nenhum lugar no mundo houve grandes projetos no modelo. Mas acho que em pequenas escala, em lugares específicos, a idéia pode funcionar e eliminar alguns gargalos. E enquanto o cenário internacional estiver favorável, não temos muito o que se preocupar”, revela. “Então, o nosso cenário para os próximos anos é de um crescimento lento, mas constante. Os números devem girar em torno de 3,5% do PIB, com a inflação sob controle e mantendo um valor de captação bastante razoável. Nada de espetacular deve ser esperado, porque dificilmente o governo avançará nas reformas, seja ela política, previdenciária ou sindical. Basicamente, estamos numa continuação do que foi feito no governo de Fernando Henrique Cardoso”, conclui
spread
Ana Carla Abrão desvenda os componentes que formam o spread brasileiro
Luciano Zafalon
A
Em seu estudo “Revisitando a metodologia de decomposição do spread bancário no Brasil” , Ana mostra que os verdadeiros culpados pela grande diferença entre taxa que remunera o depositante e a taxa que define o custo do empréstimo para o tomador de recursos são os custos administrativos e a inadimplência
idéia de que o lucro dos bancos era o grande responsável pelo alto spread cobrado no Brasil pelas instituições financeiras caiu por terra. Os responsáveis pela constatação são Ana Carla Abrão Costa e Márcio I. Nakane, ambos do departamento de Pesquisa e Análise do Banco Central do Brasil. Eles realizaram um estudo denominado “Revisitando a metodologia de decomposição do spread bancário no Brasil”, onde revelam que os verdadeiros culpados pela grande diferença entre taxa que remunera o depositante e a taxa que define o custo do empréstimo para o tomador de recursos são os custos administrativos e a inadimplência. Para explicar melhor essa nova visão sobre os componentes que formam o spread, Ana realizou, no dia 27 de outubro, uma palestra na sede da Acrefi, em São Paulo. Durante as quase duas horas de apresentação, a economista explicou aos presentes os equívocos da antiga metodologia utilizada pelo Banco Central (BC) para medir o índice e revelou detalhes da nova fórmula, que poderá ser utilizada pelo órgão em breve. Segundo a pesquisadora, o objetivo de seu estudo foi o de fazer um diagnóstico da composição do spread bancário no Brasil, explicitando seus componentes e, assim, atacando fatores que estejam restringindo a concessão de crédito no país e prejudique o desenvolvimento da nação. “O crédito privado representa um importante motor de crescimento econômico. No caso específico brasileiro, onde o mercado de capitais responde por uma parcela restrita
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de financiamento privado, o crédito bancário, em particular, desempenha papel fundamental na intermediação de poupança e, portanto, na viabilização de projetos de investimento. Para tanto, torna-se necessário que o acesso a crédito seja amplo e os custos não comprometam a viabilidade dos projetos”, afirma. Ana acredita que estudar a formação do spread é importante para definir políticas que potencialmente representem o barateamento do crédito e com isso se tenha a expansão nos volumes de concessões, concomitantemente à minimização de problemas de seleção adversa nas carteiras de crédito dos bancos. Esta é uma via que permite, por um lado, a expansão do financiamento do investimento produtivo e por outro, a manutenção de incentivos à poupança privada em um ambiente bancário estável. Modelo alternativo Motivados pela atual situação de escassez e custo elevado que caracteriza o mercado de crédito brasileiro, Ana e Nakane resolveram estudar possíveis instrumentos de redução do spread bancário. Observaram, porém, a presença de três principais limitações metodológicas que inviabilizam um diagnóstico preciso da questão. A primeira delas é a utilização de uma amostra de apenas 17 grandes bancos para a composição da taxa média de empréstimo. “Embora representativos do mercado de crédito bancário, sua escolha limita a análise ao quadro atual, desconsiderando não só a trajetória real do spread em outros momentos no tempo, mas FINANCEIRO
“Até aqui, os trabalhos desenvolvidos pelo BC no que se refere à alocação de custos administrativos dentre as diversas modalidades de crédito livre, partiram da hipótese de que os bancos alocam seus recursos administrativos – e portanto sua
Luciano Zafalon
parcela de custos conjuntos – proporcionalmente ao retorno que essas modalidades geram”
Presidente da ACREFI, Érico Sodré Quirino Ferreira esteve na entidade para recepcionar a palestrante
também as diferenças que existem entre os diversos segmentos do setor bancário” revela Ana. O segundo empecilho verificado pela dupla trata do rateio dos custos administrativos. A atual metodologia utilizada pelo BC assume como hipótese que os bancos alocam seus recursos administrativos proporcionalmente à receita bruta gerada pelas operações. “Isso desconsidera a existência de operações obrigatórias que absorvem recursos administrativos independente do retorno associado, que muitas vezes implicam, inclusive, em retorno negativo”, explica a economista. O último fator que limitava um entendimento mais amplo da questão diz respeito à participação dos compulsórios na decomposição do spread. Originalmente, conta Ana, essa variável participava da decomposição. Isso foi mudado posteriormente com base em uma hipótese de alíquota zero para os compulsórios sobre depósitos a prazo e não financiamento de operações de crédito via depósitos à vista. Na opinião da economista, a primeira hipótese não atende à realidade, tendo em vista que, tanto compulsórios sobre depósitos a prazo quanto à vista eram significativamente altos para o período de análise. Além disso, prossegue, embora alguns modelos teóricos defendam a independência entre mercados de captação e empréstimo, não há comprovação empírica que corrobore a hipótese adotada de não utilização de recursos captados ACREFI
à vista para concessão de operações de crédito. Para contornar tais adversidades, a dupla optou por ampliar a amostra utilizada para 148 bancos – comerciais, múltiplos, CEF e BB. Consegue-se assim maior representatividade tanto em termos quantitativos, quanto em relação à composição do sistema – fato desconsiderado na amostra original utilizada nos trabalhos do Banco Central, composta por 17 bancos privados. Outra grande dificuldade verificada pela dupla recai sobre a divisão dos custos administrativos dentre as diversas operações que os bancos efetuam. “Até aqui, os trabalhos desenvolvidos pelo BC no que se refere à alocação de custos administrativos dentre as diversas modalidades de crédito livre, partiram da hipótese de que os bancos alocam seus recursos administrativos – e portanto sua parcela de custos conjuntos – proporcionalmente ao retorno que essas modalidades geram”. Dessa forma, os custos agregados explicitados nos balanços dos bancos são divididos de forma a alocar maiores parcelas dos custos administrativos totais para as operações mais rentáveis, ponderadas pelos volumes de cada modalidade. Trata-se, portanto, de uma metodologia baseada em critérios simples de proporcionalidade que não necessariamente refletem a escolha do banco na sua decisão alocativa, principalmente levando-se em conta restrições regulatórias como os direcionamentos obrigatórios de crédito. Con-
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seqüentemente, problemas emergem dessa suposição, o que pode estar comprometendo em alguma medida o cálculo de decomposição apresentado”, diz Ana. Com base em uma nova abordagem para a alocação de custos administrativos e utilizando uma amostra ampliada, o spread bancário foi analisado pelos pesquisadores como uma composição de fatores de custo e de margem: custos da contribuição para o sistema de seguro depósito, custo das reservas obrigatórias, custos administrativos, perdas por inadimplência, custos tributários. Depois de apurados esses custos, eles calcularam o resíduo em relação à taxa cobrada, configurando a possibilidade de ganho do banco. Resultados A nova metodologia corrige a decomposição original do BC em vários aspectos importantes: no viés de seleção da amostra de 17 bancos como representativos do setor bancário brasileiro; na adoção da hipótese de compulsório zero para recursos de depósitos a prazo e à vista – e portanto no seu impacto sobre a precificação dos impostos e na mensuração do componente de inadimplência, contaminada que estava pela escolha de uma amostra viesada. Além disso, como contribuição primordial, apresenta uma nova metodologia para a estimação da parcela relativa aos custos administrativos, baseada em custo e não mais em receita da unidade de negócios considerada.
Incorpora-se assim, de forma implícita, a presença de operações direcionadas de retorno inferior à média, mas que são intensivas em recursos administrativos. Como conseqüência dessas correções, a variável de resíduo, aqui rebatizada de “resíduo do banco” e que, portanto, incorpora erros de medida nas demais variáveis, é corrigida. Sugere-se, dessa forma, uma decomposição mais precisa do spread bancário no Brasil. Percebe-se, portanto, que a decomposição original apresenta dois problemas fundamentais: primeiramente, um viés de seleção da amostra que, ao não incorporar bancos públicos e por estar baseada em instituições com eficiência acima da média do setor, não representa o setor bancário brasileiro. Isso tem reflexo direto na decomposição global. Em segundo lugar, abstraindo-se do viés de seleção e adotando a mesma amostra, problemas metodológicos impactam na acurácia da decomposição. A começar pela estimação dos custos administrativos – antes subestimados em sua magnitude absoluta. Além disso, a parcela relativa ao compulsório e inadimplência – e portanto despesa tributária – apresentam participações bem distintas. Por conseqüência, o resíduo do banco apresenta magnitude inferior àquela anteriormente estimada. Finalmente, com base nessa nova decomposição, algumas conclusões importantes emergem no que se refere à precificação dos empréstimos bancários no segmento livre e à situação do setor bancário brasileiro: 1. A parcela relativa aos custos administrativos, a par de um reduzido número de instituições mais efi cientes, representa uma parte significativa dos custos de intermediação. Isso evidencia um grau elevado de ineficiência do setor, notadamente dos bancos públicos, estes os grandes responsáveis pela elevação dessa componente. 2. A inadimplência responde por uma parcela expressiva do spread
bancário no Brasil. Isso reflete um ambiente de insegurança, em grande parte gerado por dificuldades de execução de garantias e recuperação de créditos, gerando problemas de perigo moral que impactam negativamente a determinação das taxas de empréstimos. 3. Os bancos privados apresentam indicadores de eficiência muito superiores à média do setor. Isso se reflete na participação da inadimplência e dos custos administrativos na composição do spread que é, na média, muito inferior à média do setor e mais ainda em relação às parcelas relativas aos bancos públicos, o que impacta diretamente a variável de resíduo e, portanto, no potencial de retorno do banco. 4. O Sistema Financeiro Nacional, embora seja composto por alguns bancos eficientes e rentáveis, não apresenta, na média, retornos tão elevados no que se refere aos empréstimos da carteira livre. Levando-se
Luciano Zafalon
spread
em conta que a variável “resíduo do banco” potencialmente incorpora custos relativos a subsídios cruzados, os spreads bancários no Brasil, contrariamente ao que estudos anteriores sugerem, apresentam uma componente de margem nessas operações que é, na média, inferior ao anteriormente divulgado
Resultados • Comparativo (17 bancos - amostra BC) Amostra 17 bancos
Amostra Bancos Privados (61 Bancos)
Proporções sobre o Spread Custo do FGC Custo Total do Compulsório Custo do Compulsório DV Custo do Compulsório DP Custo Administrativo Cunha Tributária Impostos Indiretos Impostos Diretos Inadimplência Resíduo do Banco
• Bancos Privados
Proporções sobre o Spread 0,22% 10,66% 10,38% 0,28% 21,12% 13,41% 2,05% 11,35% 23,03% 31,56%
• Bancos Públicos
Custo do FGC Custo Total do Compulsório Custo do Compulsório DV Custo do Compulsório DP Custo Administrativo Cunha Tributária Impostos Indiretos Impostos Diretos Inadimplência Resíduo do Banco
0,25% 9,76% 9,45% 0,30% 22,47% 12,82% 2,03% 10,78% 25,35% 29,35%
• Sistema Financeiro Nacional
Amostra Bancos Públicos (14 Bancos) Proporções sobre o Spread Custo do FGC Custo Total do Compulsório Custo do Compulsório DV Custo do Compulsório DP Custo Administrativo Cunha Tributária Impostos Indiretos Impostos Diretos Inadimplência Resíduo do Banco
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Amostra Completa (100 bancos) Proporções sobre o Spread
0,28% 7,23% 6,82% 0,41% 38,26% 11,80% 2,22% 9,58% 30,44% 11,98%
Custo do FGC Custo Total do Compulsório Custo do Compulsório DV Custo do Compulsório DP Custo Administrativo Cunha Tributária Impostos Indiretos Impostos Diretos Inadimplência Resíduo do Banco
0,24% 8,31% 8,00% 0,31% 28,34% 12,33% 2,04% 10,29% 27,31% 23,47%
FINANCEIRO
notícias Marisa no ramo financeiro
A partir de 2005 as 146 unidades das Lojas Marisa passarão a oferecer produtos financeiros para seus 2,8 milhões de clientes. A principal aposta da empresa é no crédito emergencial, modalidade em que a pessoa, de posse de um cartão, pode sacar dinheiro em qualquer uma das lojas da rede. Outros produtos devem ser oferecidos pela Fox, nome dado à nova financeira. A princípio está confirmada apenas a vendas de seguro pessoal, mas a empresa pretende ampliar o portfólio realizando parcerias com seguradoras.
Dinheiro sobrando
Estudo realizado pela Federação Brasileira de Bancos afirma que está sobrando dinheiro na praça. E não é pouco: R$ 435 bilhões. O valor é o maior já registrado na história. Só os cinco maiores bancos do país – Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Caixa e Unibanco – têm uma folga de R$ 189 bilhões. Segundo o economistachefe da Febraban, Roberto Luis Troster, a capacidade ociosa de crédito no país está ociosa em 50%.
Folha de pagamento garantida
Levantamento realizado pela EFC Engenheiros Financeiros e Consultores, revela que os grandes bancos como Bradesco, Itaú, Unibanco, HSBC e Santander já cobrem suas despesas com pessoal somente com o que arrecadam com as taxas de serviços. Na média de dez bancos analisados pelos consultores, as receitas de tarifas superam em 11,9% as despesas com pessoal. Até 2003, isso não acontecia.
BNDES é mais procurado
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está em alta. Até setembro, a instituição havia liberado 48% a mais de dinheiro do que em igual período do ano anterior. Nos primeiros nove meses do ano, R$ 25,9 bilhões deixaram os cofres do banco. A quantidade de consultas para financiamentos também cresceu, chegando a 150%.
ACREFI
CURTAS
Banco Banex adquire Société Générale Argentina O Grupo Banex da Argentina, que no Brasil atua no mercado de financiamento de consumo através da Exprinter Financeira, informou no dia 03/11/2004 em comunicado conjunto com o Grupo Société Générale da França, que chegou a um acordo para a compra do Banco Société Générale Argentina S.A. e de 100% da SGAM S.A., a sociedade administradora de fundos de investimentos na Argentina. A instituição que será formada a partir dessa união será o sexto maior banco privado de capital argentino em número de depósitos. Contará com 112 agências e cerca de 2.000 funcionários. As negociações foram conduzidas pelo UBS Investment Bank e Infupa S.A. (Banco Banex) e Citigroup (Société Générale).
Fundo de recebíveis A Omni negocia na Bovespa sua nova série de quotas seniores de renda fixa do Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios Omni - Veículos I (FIDC Omni). Trata-se da sexta e última emissão, cujo valor – de R$ 30 milhões – é distribuído em 22,5 milhões de quotas seniores (direcionadas a investidores qualificados e com prioridade na amortização e no resgate) e por 7,5 milhões de subordinadas.
Viva a tecnologia!
Bancos lucram 14,7% Apesar da queda dos juros em mais de 10 pontos percentuais desde o ano de 2003, um levantamento realizado pelos técnicos do Banco Central (BC) mostrou que os 108 bancos que operam no país obtiveram no primeiro semestre deste ano um lucro de 9,4 bilhões, valor 14,7% maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior. Os resultados foram beneficiados, principalmente, com os ganhos provenientes das concessões de empréstimos ao consumidor final.
Credicard agora é banco A partir de agora a administradora de cartões de crédito Credicard tem novo nome: Credicard Banco S.A. A transformação em instituição de crédito tem como objetivo aproveitar sua base de clientes – 5 milhões – para aumentar a oferta de produtos financeiros como títulos de capitalização, seguros, concessão de crédito pessoal e crédito direto ao consumidor (CDC).
Na mosca O Banco Safra é bom de palpite. Ao menos foi isso que mostrou o ranking do Banco Central (BC), divulgado em outubro, sobre as instituições que mais acertaram nas suas projeções de evolução de índices inflacionários, taxa de câmbio e Selic, a taxa básica de juros da economia. Segundo o BC, o Safra foi o mais preciso na sua estimativa de curto prazo para a alta do índice oficial da inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com margem de erro de 0,05 ponto.
Apesar de atingido pela maior greve dos bancários da história (30 dias de paralisação), o Banco do Brasil continuou a faturar com a venda de produtos financeiros, principalmente o de empréstimo pessoal com consignação em folha de pagamento. O motivo foi o maior fluxo de pessoas que, para contornar a paralisação, procuraram os terminais de auto-atendimento o banco, que oferecem este tipo de serviço aos clientes antes das realizações de saques ou pedidos de extratos. Em setembro, mês de início da greve, foram fechadas 43 mil operações de empréstimos, um aumento de 22% em relação às 35 mil operações do mês anterior.
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banco de dados por ABM Consulting TAXAS MÉDIAS GERAL DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % a.a.
Var. p.p.
out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04
48,6 48,0 45,8 45,4 45,1 45,3 44,7 44,2 44,0 43,9 43,9 45,1
-1,2 -0,6 -2,2 -0,4 -0,3 0,2 -0,6 -0,5 -0,2 -0,1 0,0 1,2
18,1 17,6 15,8 15,6 15,7 15,8 15,7 17,0 17,0 16,7 16,4 17,4
-1,2 -0,5 -1,8 -0,2 0,1 0,1 -0,1 1,3 0,0 -0,3 -0,3 1,0
30,5 30,4 30,0 29,8 29,4 29,5 29,0 27,2 27,0 27,2 27,5 27,7
0 -0,1 -0,4 -0,2 -0,4 0,1 -0,5 -1,8 -0,2 0,2 0,3 0,2
Variação set-set
-4,7
-1,9
-1,2
Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting
PESSOA FÍSICA DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % a.a.
Var. p.p.
out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04
69,4 68,2 66,6 65,4 64,2 64,0 63,3 62,4 62,4 62,0 63,1 63,2
-1,3 -1,2 -1,6 -1,2 -1,2 -0,2 -0,7 -0,9 0,0 -0,4 1,1 0,1
17,7 17,1 15,8 15,4 15,6 15,4 15,4 17,2 17,4 16,7 17,4 17,5
-0,9 -0,6 -1,3 -0,4 0,2 -0,2 0,0 1,8 0,2 -0,7 0,7 0,1
51,7 51,1 50,8 50,0 48,6 48,6 47,9 45,2 45,0 45,3 45,7 45,7
-0,4 -0,6 -0,3 -0,8 -1,4 0,0 -0,7 -2,7 -0,2 0,3 0,4 0,0
Variação set-set
-7,5
-1,1
-6,4
Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting
PESSOA JURÍDICA DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % a.a.
Var. p.p.
out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04
32,5 32,3 30,2 30,1 30,2 30,4 29,9 30,0 29,7 29,7 28,8 30,4
-1,5 -0,2 -2,1 -0,1 0,1 0,2 -0,5 0,1 -0,3 0,0 -0,9 1,6
18,4 17,9 15,8 15,8 15,8 16,0 15,9 16,9 16,7 16,6 15,7 17,3
-1,3 -0,5 -2,1 0,0 0,0 0,2 -0,1 1,0 -0,2 -0,1 -0,9 1,6
14,1 14,4 14,4 14,3 14,4 14,4 14,0 13,1 13,0 13,1 13,1 13,1
-0,2 0,3 0,0 -0,1 0,1 0,0 -0,4 -0,9 -0,1 0,1 0,0 0,0
Variação set-set
-3,6
-2,4
-6,4
Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting
10
FINANCEIRO
CRÉDITO PESSOAL 40.000
84,00
38.000
82,00 80,00
36.000
78,00
Volume
34.000
Taxa Juros
76,00
(R$ milhões)
32.000
74,00
30.000 28.000 Volume
(% a.a.)
72,00
out 03
nov 03
dez 03
jan 04
fev 04
mar 04
abr 04
mai 04
jun 04
jul 04
ago 04
70,00
set 04
Taxa Juros
Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - PREFIXADOS (R$ MILHÕES) MÊS/ANO
out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04
AQUISIÇÃO DE BENS
CRÉDITO PESSOAL
VARIAÇÃO EM %
Veículos
Variação
Outros
Variação
OUTRAS OPERAÇÕES
VARIAÇÃO EM %
TOTAL
VARIAÇÃO EM %
29.579 30.098 30.494 30.844 32.002 33.191 34.481 35.740 36.715 37.677 38.712 39.905
2,54% 1,75% 1,32% 1,15% 3,75% 3,72% 3,89% 3,65% 2,73% 2,62% 2,75% 3,08%
28.589 29.295 29.987 30.619 31.287 32.041 32.550 33.106 33.591 34.126 34.740 35.512
2,09% 2,47% 2,36% 2,11% 2,18% 2,41% 1,59% 1,71% 1,47% 1,59% 1,80% 2,22%
4.832 4.959 5.344 5.360 5.357 5.329 5.388 5.537 5.599 5.750 5.925 6.192
2,16% 2,62% 7,77% 0,30% -0,06% -0,51% 1,10% 2,76% 1,13% 2,68% 3,05% 4,51%
5.462 5.463 5.498 5.477 5.153 5.186 5.302 5.417 5.385 5.331 5.400 5.495
1,08% 0,03% 0,65% -0,39% -5,92% 0,64% 2,23% 2,17% -0,59% -1,01% -1,01% -1,01%
86.268 87.507 88.099 89.692 91.593 93.838 95.967 98.249 99.986 101.362 104.057 106.568
1,74% 1,44% 0,68% 1,81% 2,12% 2,45% 2,27% 2,38% 1,77% 1,38% 2,66% 2,41%
Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting - Saldo em fim de período. * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN
TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA (R$ MILHÕES) AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS
CRÉDITO PESSOAL SALDO TOTAL
TAXAS DE JUROS MÊS/ANO R$ milhões % Variação % Variação a.m. p.p a.a. p.p out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04
29.579 30.098 30.494 30.844 32.002 33.191 34.481 35.740 36.715 37.677 38.715 39.905
1/
5,18 5,12 5,03 4,98 4,85 4,85 4,79 4,66 4,62 4,61 4,71 4,72
-0,03 -0,06 -0,08 -0,06 -0,12 0,00 -0,06 -0,13 -0,04 -0,01 0,11 0,01
83,30 82,00 80,30 79,10 76,60 76,50 75,30 72,70 71,90 71,70 73,80 73,90
-0,60 -1,30 -1,70 -1,20 -2,50 -0,10 -1,20 -2,60 -0,80 -0,20 2,10 0,10
SALDO TOTAL R$ milhões 28.589 29.295 29.987 30.619 31.287 32.041 32.550 33.106 33.591 34.126 34.828 35.512
TAXAS DE JUROS % Variação % Variação a.m. p.p a.a. p.p 1/
2,68 2,63 2,65 2,60 2,58 2,54 2,53 2,55 2,61 2,60 2,61 2,58
-0,09 -0,04 0,02 -0,05 -0,03 -0,04 -0,01 0,02 0,06 -0,01 0,01 -0,04
37,30 36,60 36,90 36,10 35,70 35,10 35,00 35,30 36,30 36,10 36,30 35,70
-1,50 -0,70 0,30 -0,80 -0,40 -0,60 -0,10 0,30 1,00 -0,20 0,20 -0,60
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS SALDO TOTAL R$ milhões 4.832 4.959 5.344 5.360 5.357 5.329 5.388 5.537 5.599 5.750 5.921 6.192
TAXAS DE JUROS 1/ % Variação % Variação a.m. p.p a.a. p.p 4,52 4,40 4,60 4,33 4,28 4,15 4,11 3,99 3,96 3,91 3,93 4,03
-0,14 -0,19 0,31 -0,44 -0,08 -0,21 -0,06 -0,19 -0,04 -0,08 0,02 0,10
69,90 67,70 71,50 66,30 65,40 62,90 62,20 59,90 59,40 58,50 58,80 60,60
-1,70 -2,20 3,80 -5,20 -0,90 -2,50 -0,70 -2,30 -0,50 -0,90 0,30 1,80
Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting - Saldo em fim de período - 1/ Taxas médias ponderadas pelo volume diário das novas concessões. * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN
ACREFI
11
banco de dados por ABM Consulting INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS CRÉDITO PESSOAL (R$ mil) Mês/Ano
Saldo sem atraso
Com atraso de 15 a 30 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
out/03
25.268.002
828.040
2,80%
933.008
3,15%
2.178.959
7,37%
29.579.345
2,54%
nov/03
25.830.245
746.550
2,48%
964.298
3,20%
2.197.698
7,30%
30.097.800
1,75%
dez/03
26.078.966
722.143
2,37%
969.966
3,18%
2.107.857
6,91%
30.494.098
1,32%
jan/04
26.041.547
826.576
2,68%
990.196
3,21%
2.368.191
7,68%
30.844.349
1,15%
fev/04
27.032.554
809.097
2,53%
1.077.141
3,37%
2.443.504
7,64%
32.001.921
3,75%
mar/04
28.273.392
924.733
2,79%
1.091.225
3,29%
2.261.870
6,81%
33.191.270
3,72%
abr/04
29.600.772
950.333
2,76%
1.088.846
3,16%
2.192.235
6,36%
34.481.073
3,89% 3,65%
mai/04
30.842.592
874.484
2,45%
1.136.548
3,18%
2.269.154
6,35%
35.739.766
jun/04
31.874.938
998.004
2,72%
1.040.267
2,83%
2.250.929
6,13%
36.715.137
2,73%
jul/04
32.846.771
979.871
2,60%
1.014.235
2,69%
2.337.093
6,20%
37.676.568
2,62%
ago/04
33.605.016
1.269.799
3,28%
1.048.360
2,71%
2.333.029
6,03%
38.712.343
2,75%
set/04
34.410.844
1.603.562
4,02%
1.123.331
2,81%
2.359.488
5,91%
39.905.286
3,08%
Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting - Saldo em fim de período * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN
INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO Setembro/2004 (em R$ mil) Atraso de mais de 90 dias 2.359.488
INADIMPLÊNCIA - VEÍCULOS - PREFIXADO Setembro/2004 (em R$ mil) Atraso de 15 a 30 dias 1.271.603
Atraso de mais de 90 dias 875.185
Atraso de 15 a 30 dias 1.603.502
31,5%
26,6%
46,4%
38,7%
34,7%
22,1% Atraso de 31 a 90 dias 1.123.502
Atraso de 31 a 90 dias 1.140.939
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil) Mês/Ano
out/03
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
1.214.854
4,25%
1.097.075
3,84%
906.880
3,17%
28.588.535
2,09%
Saldo
Com atraso
sem atraso
de 15 a 30 dias
25.479.017
nov/03
26.127.147
1.122.215
3,83%
1.126.190
3,84%
916.192
3,13%
29.295.440
2,47%
dez/03
26.817.560
1.141.662
3,81%
1.065.710
3,55%
958.876
3,20%
29.987.306
2,36%
jan/04
27.492.275
1.127.391
3,68%
1.073.654
3,51%
979.223
3,20%
30.619.128
2,11%
fev/04
27.911.471
1.165.222
3,72%
1.212.205
3,87%
994.851
3,18%
31.286.995
2,18%
mar/04
28.619.263
1.261.847
3,94%
1.159.900
3,62%
996.492
3,11%
32.040.685
2,41%
abr/04
29.160.974
1.207.718
3,71%
1.195.775
3,67%
981.899
3,02%
32.549.853
1,59%
mai/04
29.719.227
1.271.432
3,84%
1.138.068
3,44%
973.258
2,94%
33.105.519
1,71%
jun/04
30.333.668
1.205.501
3,59%
1.106.926
3,30%
941.782
2,80%
33.591.319
1,47%
jul/04
30.927.564
1.199.259
3,51%
1.039.556
3,05%
960.569
2,81%
34.125.996
1,59%
ago/04
31.647.980
1.197.763
3,45%
1.007.462
2,90%
883.791
2,54%
34.740.423
1,80%
set/04
32.220.922
1.271.603
3,58%
1.140.939
3,21%
875.185
2,46%
35.511.669
2,22%
Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting. Saldo em fim de período * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN
12
FINANCEIRO
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS
(R$ mil)
Saldo sem atraso
Com atraso de 15 a 30 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
out/03
3.861.604
189.308
3,92%
nov/03
3.984.383
188.715
3,81%
dez/03
4.438.812
176.950
jan/04
4.387.349
210.631
fev/04
4.371.062
213.621
3,99%
249.885
4,66%
mar/04
4.317.315
227.992
4,28%
277.173
5,20%
abr/04
4.357.391
231.610
4,30%
269.650
5,00%
Mê s/Ano
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
203.308
4,21%
209.054
4,22%
568.984
11,78%
4.831.899
2,16%
567.324
11,44%
4.958.651
2,62%
3,31%
188.470
3,53%
530.453
9,93%
5.343.912
7,77%
3,93%
198.670
3,71%
517.630
9,66%
5.359.944
0,30%
512.932
9,58%
5.356.708
-0,06%
497.702
9,34%
5.329.472
-0,51%
520.305
9,66%
5.388.292
1,10% 2,76%
Variação em %
mai/04
4.485.011
224.733
4,06%
256.197
4,63%
561.445
10,14%
5.536.836
jun/04
4.561.384
226.935
4,05%
249.029
4,45%
552.488
9,87%
5.599.317
1,13%
jul/04
4.707.381
232.066
4,04%
237.290
4,13%
563.322
9,80%
5.749.605
2,68%
ago/04
4.877.281
235.179
3,97%
234.775
3,96%
568.248
9,59%
5.924.969
3,05%
set/04
5.042.099
263.553
4,26%
261.182
4,22%
616.071
9,95%
6.192.187
4,51%
Fonte: Banco Central do Brasil/ ABM Consulting - Saldo em fim de período * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN
INADIMPLÊNCIA - OUTROS BENS - PREFIXADO Setembro/2004 (em R$ mil) Atraso de mais de 90 dias 616.071
INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO Setembro/2004 (em R$ mil) Atraso de mais de 90 dias 809.918
Atraso de 31 a 90 dias 261.182
22,9% 54,0%
16,2% 56,8%
23,1% Atraso de 15 a 30 dias 263.553
OUTRAS OPERAÇÕES
Atraso de 15 a 30 dias 230,730
27%
Atraso de 31 a 90 dias 384.060
(R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo sem atraso
Com atraso de 15 a 30 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
out/03
3.335.778
240.986
4,41%
397.932
7,29%
889.708
16,29%
5.461.579
1,08% 0,03%
nov/03
3.340.326
228.642
4,19%
394.633
7,22%
895.836
16,40%
5.463.068
dez/03
3.385.140
220.443
4,01%
359.338
6,54%
912.447
16,59%
5.498.335
0,65%
jan/04
3.363.776
228.751
4,18%
375.918
6,86%
898.238
16,40%
5.477.099
-0,39%
fev/04
3.173.699
222.375
4,32%
354.337
6,88%
869.481
16,87%
5.153.101
-5,92%
mar/04
3.199.687
244.510
4,71%
352.912
6,80%
854.372
16,47%
5.186.212
0,64%
abr/04
3.330.309
226.567
4,27%
358.827
6,77%
835.530
15,76%
5.301.959
2,23%
mai/04
3.446.978
211.053
3,90%
340.596
6,29%
845.248
15,60%
5.417.094
2,17%
jun/04
3.429.475
228.923
4,25%
334.332
6,21%
824.206
15,31%
5.385.064
-0,59%
jul/04
3.403.043
204.489
3,84%
314.235
5,89%
818.283
15,35%
5.330.634
-1,01%
ago/04
3.427.678
220.111
4,08%
319.305
5,91%
821.802
15,22%
5.400.460
1,31%
set/04
3.411.011
230.730
4,20%
384.060
6,99%
809.918
14,74%
5.495.215
1,75%
Fonte: Banco Central do Brasil/ABM Consulting - Saldo em fim de período * Valores sujeitos a modificações em virtude de atualização das informações fornecidas pelo SFN
ACREFI
13
banco de dados por ABM Consulting PREVISÕES ECONÔMICAS PIB Total % a.a.
PIB Agrícola % a.a.
PIB Indústria % a.a.
PIB Serviço % a.a.
Produção Física % a.a.
3,63 4,44 4,54 4,55
4,25 4,93 4,97 4,98
4,48 5,51 5,57 5,59
2,69 3,09 3,19 3,25
4,19 6,55 7,06 7,07
Selic Final 2004 % a.a.
IGP-DI Final 2004 % a.a.
IPCA Final 2004 % a.a.
Câmbio Final 2004 % a.a.
Saldo Comercial Final 2004 (R$ bilhões)
13,75 16,85 16,97 17,15
6,18 12,48 12,29 12,22
5,92 7,36 7,18 7,18
3,19 3,01 2,96 2,95
19,66 31,58 32,42 32,50
janeiro 2004 4 semanas antes 1 semana antes Última Previsão
janeiro 2004 4 semanas antes 1 semana antes Última Previsão Fonte: BC-Focus/ABM Consulting
ATIVIDADE ECONÔMICA DATA
Taxa da Utilização da Capacidade Instalada (% a.a.)
Var. p.p.
DATA
Índice de Produção Física
Var. %
set/03
80,62
0,41
set/03
99,27
2,0% 2,5%
out/03
81,24
1,06
out/03
101,71
nov/03
80,22
0,62
nov/03
103,81
2,1%
dez/03
78,63
-1,02
dez/03
104,28
0,5%
jan/04
79,41
-1,59
jan/04
103,81
-0,5%
fev/04
79,56
0,79
fev/04
103,02
-0,8%
mar/04
81,94
0,15
mar/04
103,40
0,4%
abr/04
81,17
2,38
abr/04
104,00
0,6%
mai/04
82,52
-0,78
mai/04
105,71
1,6%
jun/04
83,10
1,35
jun/04
106,85
1,1%
jul/04
83,50
0,58
jul/04
108,17
1,2%
ago/04
83,90
0,40
ago/04
109,13
0,9%
Variação 12 meses
4,74
Variação 12 meses
11,93%
Fonte: CNI/ABM Consulting
Fonte: IBGE/ABM Consulting
DESEMPREGO TAXA DE DESEMPREGO
TAXA DE DESEMPREGO (%) DATA out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04
Brasil
Var. p.p.
SP
Var. p.p.
12,90 12,70 10,90 11,70 12,00 12,80 13,10 12,20 11,70 11,20 11,40 10,90
0,00 -0,20 -1,80 0,80 0,30 0,80 0,30 -0,90 -0,50 -0,50 0,20 -0,50
15,00 14,00 11,80 12,90 13,60 14,60 14,50 3,60 13,30 12,50 12,60 11,70
0,20 -1,00 -2,20 1,10 0,70 1,00 -0,10 -0,90 -0,30 -0,80 0,10 -0,90
Fonte: IBGE/ABM Consulting
Taxa (%) 15,5 15,0 14,5 14,0 13,5 13,0 12,5 12,0 11,5 11,0 10,5
Variação (p.p.) 1,00 0,50 0,00 -0,50 -1,00 -1,50
out nov dez 03 03 03
Brasil
jan 04
fev mar abr mai jun 04 04 04 04 04
São Paulo
jul 04
ago 04
set 04
-2,00
Var. p.p. Brasil
Fonte: IBGE/ABM Consulting
14
FINANCEIRO
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA PRODUÇÃO
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
EXPORTAÇÃO TOTAL
Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais Leves e Pesados (em unidades)
Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais Leves e Pesados (em unidades)
Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais Leves e Pesados (em unidades)
Data
Produção
Variação
Data
Var. (%)
Vendas
Variação
Var. (%)
Data
Exportações
Variação
Var. (%)
fev/03
154.481
10.266
7,1%
fev/03
117.470
19.786
20,3%
fev/03
35.775
7.015
24,4%
mar/03
142.085
-12.396
-8,0%
mar/03
100.424
-17.046
-14,5%
mar/03
43.192
7.417
20,7%
abr/03
152.228
10.143
7,1%
abr/03
101.724
1.300
1,3%
abr/03
49.375
6.183
14,3%
mai/03
164.682
12.454
8,2%
mai/03
101.812
88
0,1%
mai/03
48.236
-1.139
-2,3%
jun/03
146.571
-18.111
-11,0%
jun/03
92.253
-9.559
-9,4%
jun/03
61.106
12.870
26,7%
jul/03
135.920
-10.651
-7,3%
jul/03
100.538
8.285
9,0%
jul/03
36.086
-25.020
-40,9%
ago/03
134.699
-1.221
-0,9%
ago/03
99.314
-1.224
-1,2%
ago/03
43.483
7.397
20,5%
set/03
161.821
27.122
20,1%
set/03
114.765
15.451
15,6%
set/03
51.648
8.165
18,8%
out/03
167.869
6.048
3,7%
out/03
129.455
14.690
12,8%
out/03
52.400
752
1,5%
nov/03
168.412
543
0,3%
nov/03
131.037
1.582
1,2%
nov/03
43.813
-8.587
-16,4%
dez/03
154.055
-14.357
-8,5%
dez/03
128.406
-2.631
-2,0%
dez/03
40.871
-2.942
-6,7%
jan/04
156.057
2.002
1,3%
jan/04
114.140
-14.266
-11,1%
jan/04
38.109
-2.762
-6,8%
fev/04
154.934
-1.123
-0,7%
fev/04
123.259
9.119
8,0%
fev/04
33.364
-4.745
-12,5%
mar/04
190.956
36.022
23,2%
mar/04
135.747
12.488
10,1%
mar/04
52.717
19.353
58,0%
abr/04
169.991
-20.965
-11,0%
abr/04
119.966
-15.781
-11,6%
abr/04
43.132
-9.585
-18,2%
mai/04
179.224
9.233
5,4%
mai/04
119.403
-563
-0,5%
mai/04
49.282
6.150
14,3%
jun/04
187.124
7.900
4,4%
jun/04
123.793
4.390
3,7%
jun/04
61.452
12.170
24,7%
jul/04
187.777
653
0,3%
jul/04
129.300
5.507
4,4%
jul/04
61.562
110
0,2%
ago/04
199.843
12.066
6,4%
ago/04
132.704
3.404
2,6%
ago/04
68.432
6.870
11,2%
set/04
203.213
3.370
1,7%
set/04
139.182
6.478
4,9%
set/04
57.571
-10.861
-15,9%
Var. 12 meses (set/03-set/04)
21,3%
Var. 12 meses (set/03-set/04)
11,5%
Var. 12 meses (set/03-set/04)
25,6%
Fonte: Anfavea / ABM Consulting
MERCADO DE AUTOMÓVEIS (UNIDADES) 220.000 200.000 180.000 160.000 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0 set 03
out 03
nov 03
Produção
dez 03
jan 04
fev 04
Vendas Internas
Fonte: ANFAVEA/ABM Consulting
ACREFI
mar 04
15
abr 04
mai 04
jun 04
Exportações
jul 04
ago 04
set 04
FINASA, DIBENS, SAFRA, UNIBANCO, PANAMERICANO e OMNI já estão conectando seus ambientes à CLICAR.
análise setorial
Taxa de Juros - Selic PROF. DR. ALBERTO BORGES MATIAS, DA ABM CONSULTING
Na reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) do mês de outubro o Banco Central surpreendeu o mercado elevando a taxa básica de juros - Selic - em 0,5 p.p. ao invés dos esperados 0,25 p.p. A Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa básica de juros da economia brasileira, na qual os agentes do sistema financeiro utilizam como base de comparação para exercerem suas taxas, ou até mesmo para pegar empréstimos e analisar retorno de investimentos. A Selic também é a taxa que remunera parte dos títulos da dívida pública. De janeiro de 1995 até hoje, a taxa apresentou forte volatilidade. O pico máximo se deu em abr/95 quando a taxa bateu 85,47%, mas no mês seguinte já apresentou forte queda, apesar de um patamar astronômico, de 61,05%. O ponto de mínima se deu em fev/01 quando a taxa foi de 15,20%. A média de todo o período analisado foi de 25,95%. Atualmente a taxa se encontra em um baixo patamar histórico, o que poderia gerar uma falsa impressão de alta liquidez, como o que ocorreu nos EUA. No Brasil este fato não ocorre. O crédito no país é baixo, representa somente cerca de 26% do PIB, sendo que em períodos com taxas médias maiores que as atuais este valor já foi maior, mas nunca apresentou grande relevância. Esta alta liquidez não ocorre, pois a taxa, mesmo historicamente baixa, ainda é extremamente alta para os padrões internacionais. Segundo o estudo mensal da Global Invest sobre juros reais, a taxa brasileira seria 4,20 vezes maior que a dos países emergentes e 19,0 vezes maior que a dos paises desenvolvidos. Ou seja, o crédito no Brasil é muito caro. Outro fator que inibe a liquidez é que os bancos do Sistema Financeiro Nacional não têm incentivos para trabalhar com crédito, já que grande parte de suas receitas provém dos títulos da dívida pública. Do total da dívida mobiliária nacional de agosto, 48% está indexada a Selic se considerarmos a possibilidade de swap. Este percentual é equivalente a R$ 403,7 bilhões. Nesta análise não consideraremos por facilidade, os títulos pré-fixados, que de alguma maneira também se baseiam na Selic. Sendo assim, uma taxa de juros de 16,75% a.a. gera um pagamento de no mínimo R$ 67,6 bilhões de ACREFI
Evolução Selic
%
ABM Consulting & BC
90 80
Máximo 85,47%
70
Selic MM 12 meses
60 50 40 Média geral % 30 20 10
Mínimo 15,20% Jul - 04
Jul - 03
Jan - 04
Jul - 02
Jan - 03
Jul - 01
Jan - 02
Jul - 00
Jan - 01
Jul - 99
Jan - 00
Jul - 98
Jan - 99
Jul - 97
Jan - 98
Jul - 96
Jan - 97
Jul - 95
Jan - 96
Jan - 95
0
juros, somente dos títulos diretamente vinculados a Selic. Um aumento de 0,25 p.p. representa aproximadamente um acréscimo de R$ 1 bilhão no pagamento de juros. A política econômica vigente trabalha com o controle monetário, baseado na força da taxa de juros para controlar, incentivar ou inibir demanda e preços. Neste sentido o COPOM aumentou a taxa na última reunião. O aumento maior que o esperado pelo mercado vem no sentido no qual, o esperado pelo mercado, já foi assimilado mesmo antes de ocorrer, enquanto que o não esperado acata em mudanças no comportamento dos agentes após a decisão. Há duas perguntas: O uso da taxa de juros é eficaz? Seria necessário inibir a demanda no momento? As respostas são não. Há indícios, mais fundamentados em artigo “Estudo sobre as taxas de juros vigentes no Brasil”, de que os juros no país não são uma maneira eficaz de controlar preço e demanda. Em relação a inibir o consumo não é necessário já que o rendimento real apresentou retração de 13% no ano de 2003 e pouco se recuperou em 2004. Também não é necessário sacrificar fortemente a demanda para se alcançar uma meta inflacionária, devido a choques externos como o preço do petróleo e combustíveis; e devido ao aumento dos preços administrados que não obedecem a lei de oferta e demanda Colaborou Gustavo Pedreira - Analista Financeiro na ABM Consulting
17
artigo
Elevação gradativa da Selic JOSÉ ARTHUR ASSUNÇÃO, VICE-PRESIDENTE DA ACREFI E DIRETOR DA ASB FINANCEIRA
Divulgação
O As taxas de juros brasileiras ainda são altas por dois motivos básicos: primeiramente para debelar qualquer repique da inflação e também como atrativo aos investidores
s juros básicos da economia fecharão o ano em, no mínimo, 17,5%. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deverá promover mais duas elevações consecutivas na taxa Selic até o final do ano. Isso se nada de extraordinário acontecer. Mesmo com a inflação mostrando sinais de queda em vários indicadores, o centro da meta de inflação tanto para esse ano quanto para 2005 já está comprometido. Resta ao Banco Central fazer de tudo para que o custo de vida não ultrapasse a banda máxima da meta no ano que vem, que será de apenas 7%. Os preços administrados, que sofrem reajustes pela inflação do ano anterior, já comprometerão bastante o índice de 2005, fora a forte elevação no preço do barril do petróleo, que bate recordes sucessivos. Esses dois componentes aliados não deixam margem de manobra ao Copom. Os juros terão que aumentar novamente. A taxa Selic passará dos atuais 16,75% para provavelmente 17,5% ou até, quem sabe, 18% no final do ano. O Brasil vive hoje um excelente momento na economia. Mas uma variável que ainda assusta é a inflação. Por isso, a discussão em rela-
18
ção às metas, que seriam apertadas demais para o país crescer com mais vigor. A política monetária restritiva, de juros altos, tem a incumbência de controlar a inflação. Para quem defende um pouquinho mais de inflação para o país crescer com mais vigor, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, nos lembrou, meses atrás, que em nenhum país do mundo essa tese foi comprovada. As taxas de juros brasileiras ainda são altas por dois motivos básicos: primeiramente para debelar qualquer repique da inflação e também para atrair os investidores estrangeiros. A perspectiva para 2005 é de queda dos juros básicos novamente, ainda mais se a inflação continuar dando sinais de declínio. Mas, mesmo com os juros ainda altos, o crescimento da economia está assegurado em torno de 5% esse ano, bem acima dos 3,5% esperados. E, para o ano que vem, já se trabalha com taxa superior a 4%. Fico imaginando quando tivermos condições técnicas de trabalharmos com uma taxa Selic baixa. Isso não está muito longe de acontecer. O crescimento terá ainda mais vigor. O Brasil finalmente entrará no seleto rol dos países desenvolvidos
FINANCEIRO