Financeiro 35 - Maio 2006

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Financeiro Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Fundada em 1958

TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES

©iStockphoto.com/Luca di Filippo

Difícil Equilíbrio PIB, inflação e desemprego no Brasil, no Japão, no Chile e nos EUA

Entrevista Pedro Guijarro Zubizarreta aponta caminhos para evolução do crédito Energia O desafio de atender ao crescente consumo de gás natural no País

ano 4 nº 35 mai/2006



editorial

Fundada em 1958

SE!

Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar - São Paulo - SP Tel.: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 - www.acrefi.org.br

Flávio Roberto Guarnieri

Érico Sodré Quirino Ferreira, Presidente da ACREFI

DIRETORIA Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Aquiles Leonardo Diniz, Gilberto Caldart, José Arthur Lemos de Assunção, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Ricardo Malcon, Ronaldo Amaral de Carvalho Pinto e Wilson Masao Kuzuhara Secretários Daniel Capelo Pinheiro e José Dante Zanaga Neto Tesoureiros Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Capella Diretores Regionais Carlos Alberto Samogim (SP-Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Evanir Coutinho Ussier (SP-Capital), Félix Archanjo Bordin (PR), Leonel Dias de Andrade Neto (RJ), Paulo Aguiar (Montadoras), Renato Malcon (RS), Sergio Faria Lemos da Fonseca Junior (DF e GO) e Tiziana Dadalto (ES) Diretores Adalberto Savioli, Álvaro Augusto Vidigal, Enílson Espínola de Souza, Felícitas Renner, Ivan Svitek, João Ayres Rabelo Filho, José Antônio Rigobello, Marcos Antonio Waideman, Moisés dos Santos Jardim e Sergio Antônio Cipovicci Diretores Conselheiros Humberto Casagrande Neto, Jerônimo Varalla Neto, Luiz Antônio Viana, Luiz Fonseca de Souza Meirelles Filho, Marcio Ronconi, Prince Cardoso, Ricardo Annes Guimarães e Rodrigo Bacellar Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos e Manoel de Oliveira Franco. Membros:Elcio Aníbal de Lucca (SERASA), Guilherme Afif Domingos (ACSP), João Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC), Rogelio Golfarb (ANFAVEA), Sergio Reze (FENABRAVE) e Walter Machado de Barros (IBEF SP) Conselho Fiscal Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e Roy Martelanc. Suplentes: Abílio Abreu Neto, Massimo Tagliavini e Matias Nazari Puga Neto Presidente Honorário João Uchôa Borges (In memoriam) Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)

O Brasil é considerado a maior potência econômica do século XXI! Acredite se quiser: para isso, basta acabar com os “ses” que nos impedem de crescer mais vigorosamente e de forma sustentada. De nada adianta fi car com inveja da China ou Índia; temos de seguir em busca do nosso lugar, ter políticas de longo prazo, pensar hoje como queremos o Brasil de amanhã. Nas empresas bem-sucedidas, é regra básica planejamento estratégico para cinco ou dez anos. Que governante gastou uma hora de reunião com seus auxiliares para pensar no amanhã? O que vemos são decisões imediatistas, reativas, tomadas para enfrentar posições e decisões de outros países que, definitivamente, sabem e usam o famoso 5W-2H: Why, What, When, Who, Where, How e How Much. E nós? Será que estamos preparados para preencher algum desses itens? Precisamos extirpar da vida pública as incertezas a respeito do futuro, pois, como não temos plano de longo prazo, cada governante, para dar sua contribuição à História, tende a mudar a rota do seu antecessor. Se a população entender que, “SE” a dívida líquida do setor público brasileiro não tivesse crescido de 31% para 52% nos últimos 10 anos, não teria sido necessário usar o superávit primário, que saltou de 0,3% para

4,8% do PIB no mesmo período, para acalmar a aflição dos nossos credores; “SE” a carga tributária não tivesse de ser aumentada em 14 pontos percentuais de 1988 até 2005, atingindo no fi nal do ano passado 38% do PIB sem idêntica contrapartida à sociedade; “SE”, para mantermos a inflação sob controle, não fôssemos obrigados a ter a mais alta taxa de juros reais do planeta; “SE” fizermos as reformas tributária, previdenciária e política, o Brasil poderá levantar-se de seu berço esplêndido; “SE” o governo se preocupar em implantar, manter e fomentar políticas de longo prazo, haverá mais empregos, menos miséria; “SE” a burocracia não for essa imperatriz intocável, haverá tempo e dinheiro sufi cientes para que o Brasil se preocupe em fazer o mais importante de todos os investimentos, o investimento na Educação, principalmente na educação básica, para não termos 75% dos nossos cidadãos considerados analfabetos funcionais como temos hoje. País nenhum será líder deste mundo cada dia mais global sem ensinar a ler, a escrever, a calcular e, principalmente, a raciocinar e concluir...

Conselheiro Econômico Prof. Istvan Kasznar

Nesta edição 4 Palestra Acrefi Conselho Editorial : Érico Sodré Quirino Ferreira, Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial : Tamer Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável : Eliana Nigro (MTB 15.005); Editoração e Produção Gráfi ca: EDF (www.edf.com.br); Pré-impressão e Impressão: Fabracor; Periodicidade: mensal Tiragem: 20.000 exemplares As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito.

Nova lei simplifica execução de sentenças e favorece credor

7 Entrevista Pedro Guijarro Zubizarreta, presidente da Asnef

10 Análise econômica PIB, inflação e desemprego na evolução do ciclo de negócios de Brasil, EUA, Japão e Chile

14 Artigo Em busca de definições para o cenário econômico

15 Variedades Falando de vinhos... Da uva ao vinho

16 Artigo Política fiscal: crônica de um desastre anunciado

18 Energia Os problemas do gás natural

20 Crédito ao consumidor Competitivo e preparado para poder crescer

22 Artigo Austeridade heterodoxa

23 Banco de Dados


palestra Acrefi

Nova lei simplifica execução de sentenças e favorece credor Em palestra na Acrefi, professor José Manoel de Arruda Alvim debate os principais pontos de reformas judiciais em curso desde a década de 90

Renato Fogal

A antecipação de tutela e a Lei 11.232, que entram em vigor no próximo dia 24 de junho, são os dois pontos fundamentais das reformas processuais, em curso desde a década de 90, na opinião de José Manoel de Arruda Alvim , professor titular, livredocente, doutor em direito processual pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e coordenador acadêmico do curso de mestrado da Faculdade Autônoma de Direito, que falou para os associados da Acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento, em palestra que tratou do tema “Mudanças do processo de execução de sentenças”, denominado pela Lei 11.232 de Cumprimento das Sentenças. Professor avaliou as “Mudanças do processo de execução de sentenças”

Antes de abordar o assunto, propriamente, Arruda Alvim destacou o crescimento do acesso da população ao judiciário, o que, em contrapartida, provocou um aumento considerável do número de processos em andamento. Apenas no Estado de São Paulo, há 15 milhões pendentes. Esse volume imenso aliado à morosidade dos poderes públicos, oriundo da demanda crescente, e também aliado à falta de recursos nas esferas estaduais e federal dificulta a vazão das ações e termina por compor um quadro extremamente preocupante. Diante disso, o acadêmico acredita que a melhor alternativa para desafogar o judiciário brasileiro seja o aperfeiçoamento do sistema legislado, porque, de certa forma, é destituído de custo. Esse, na opinião dele, é o grande desafio colocado aos nossos juristas: criar sistemas hábeis, que possibilitem

A Lei 11.232 e a tutela antecipada são exemplos de aperfeiçoamento a desobstrução dos caminhos da Justiça e propiciem maior agilidade ao sistema. Nesse sentido, ressalta como aspecto bastante positivo e considera um acerto o esforço feito para alterar os pontos de estrangulamento do Código de Processo Civil, em vez de se fazer uma reforma global do sistema, que correria o risco de ficar emperrada no Congresso por anos. O professor aponta a Lei 11.232, que simplifica as execuções de sentenças, e a tutela antecipada como exemplos práticos de que esse aperfeiçoamento é possível e benéfico. Lembra que, no que se refere à tutela antecipada, o instrumento foi

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altamente elogiado fora do Brasil. O professor Edoardo Ricci, da Universidade de Milão, em estudo publicado no volume sexto da Revista de Direito Processual Civil, editada pela Genesis, em Curitiba, comparou a tutela brasileira e a italiana e concluiu que a versão italiana é bastante tímida em relação à brasileira; e essa modalidade “colocou em pé o ovo de Colombo”, proporcionando a possibilidade de proteção por meio da tutela em caso de perecimento de direito. O tratamento dado pela legislação brasileira ao tema também repercutiu positivamente na Europa, onde também se sente a necessidade urgente de uma proteção mais pronta, no limiar dos processos, em situações graves. Há projeto de diretiva (Projeto de diretiva 10.1.2) por meio do qual se estabelece que os países participantes da Comunidade FINANCEIRO


Sincretismo define lei Como essa lei se baseia nos princípios da instrumentalidade e da economia processual, a palavra que, freqüentemente, vem sendo utilizada para defini-la é sincretismo. Sincretismo, que originariamente remete à conciliação de crenças

Renato Fogal

Econômica Européia devem adotar, em seus ordenamentos internos, a antecipação de tutela. O professor Arruda Alvim afirma que o que se procura com as reformas é proporcionar um sentido prático ao princípio da instrumentalidade, com o objetivo de conseguir uma celeridade processual, já que a solução das demandas judiciais é lenta. A Lei 11.232 é grande, lembra o acadêmico, e revoga o Livro 2 do Código de Processo Civil no que se refere à execução de sentenças judiciais, que, no entanto, continua válido quando se trata de execuções extrajudiciais. Em paralelo, tramita no Congresso um projeto que trata das execuções extrajudiciais, com conteúdo bastante semelhante ao da Lei 11.232, que, caso venha a ser aprovado, revogará o Livro 2 em sua totalidade, que no entanto, no momento, continuará servindo de subsídio para reparar eventuais lacunas da nova legislação, a partir do início da sua vigência. O fato é que, hoje, convivemos com um enorme descompasso no que se refere ao tema, ao que tudo indica, com uma lei mais ágil quando se trata da execução de sentenças judiciais e uma menos eficiente no caso das extrajudiciais.

Detalhamento de reforma jurídica atraiu ouvintes

Reformas procuram proporcionar sentido prático ao princípio da instrumentalidade diferentes, no caso, é utilizado aqui para definir a ausência de separação entre as atividades do processo. Ou seja, há uma mistura de atividades de conhecimento e de execução na etapa que, historicamente, sempre fi cou restrita apenas à fase do conhecimento. Arruda Alvim ressalta que, quando considerada a estrutura original do Código de Processo Civil, é possível constatar que não se praticavam atos de realização do direito no segmento do processo de conhecimento. O processo cautelar, que se destinava única e exclusivamente a proporcionar segurança àquele que se mostrasse como o

possível vencedor da causa, não poderia esperar o desfecho do processo de conhecimento ou mesmo de execução. Era processo de execução meticulosamente regulamentado, no qual se praticavam atos de realização do direito, com a possibilidade de uma apresentação densa de defesa, os embargos do executado, que subsistirão apenas e unicamente para os títulos extrajudiciais, quando a lei entrar em vigor. Sempre suspendia-se o curso da execução no primeiro grau de jurisdição. O sentido da expressão “sincretismo” tem sido utilizado na tutela antecipada, a qual em nome de uma idéia superada de segurança jurídica não seria viável, pois para se praticar qualquer ato concreto exigia-se um grau de certeza, não exigível nos dias correntes. Não seria possível a realização do direito no

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âmbito do processo de conhecimento, o que passou a ser cabível como ocorre com a tutela antecipada. Separavam-se rigidamente as atividades, as quais, hoje, com a tutela, encontram-se misturadas. O juiz emite uma decisão de tutela antecipada e, imediatamente, passa-se à fase de execução. É em razão dessa mistura de atividades de conhecimento e de execução no mesmo segmento processual, que é o de conhecimento, que os envolvidos nesse estudo recorreram à expressão sincretismo, esta permite atividade de execução na fase do processo de conhecimento. Isso significa dizer que, a partir da concepção estrutural da Lei 11.232, o processo, que sempre teve várias fases – a instrutória, a postulatória, a decisória –, passa a ter a de cumprimento da sentença, com o que não há mais processo de execução autônomo. Passou a uma disciplina em que a matéria é regulada de maneira mais simples, mais efi ciente e mais rápida e cuja disciplina é em prol do credor: “Fica minimizada a possibilidade de insurgência do devedor paralisadora do cumprimento depois de um julgamento de procedência da ação do credor”, explica Arruda Alvim. No entender do professor, os fatos descritos resumem o que seriam as principais idéias que inspiraram o legislador e seu espírito. “Também se deve dizer” – lembra ele – “que a forma de apresentação da lei, que repete o número 475 do artigo e vai colocando letras

Renato Fogal

palestra Acrefi

No intervalo, participantes trocaram idéias sobre o tema

Forma de apresentação renova o sistema sem destruir estrutura antiga para fazer as devidas distinções, é utilizada na Itália e Alemanha e é uma boa forma de renovar o sistema sem destruir sua estrutura antiga.” A platéia presente à palestra foi brindada ainda com um rápido resgate histórico dessa lei. O professor Arruda Alvim lembrou que Atos Gusmão Carneiro, autor do projeto de lei e do projeto de reforma da execução por título extrajudicial, o qual está no Congresso, conta que a inspiração desse trabalho teria decorrido de uma obra do Professor Humberto Theodoro Júnior editada em 1987. A execução da sentença e a garantia do devido processo legal, na qual frisa que a estrutura do Código de 1939 é

havida, de modo geral, como todo o direito comparado, anacrônica, uma vez que submete à apreciação e a satisfação do direito a duas fases muito demoradas. Para Theodoro Júnior, falta bom senso a essa estrutura, no que concorda o professor Arruda Alvim. O curioso quando se volta no tempo é que, depois de séculos convivendo com a atual estrutura, encontramos em um autor medieval, Bartolo de Saxoferrato (1313-1357), considerado um dos maiores juristas da Idade Média, do seu período áureo, dos pós-glosadores, quando se chegou à criatividade no direito, um entendimento quase óbvio, que remonta a discussão atual a aproximadamente sete séculos antes: “A execução, o cumprimento de uma sentença é a conseqüência imediata do julgamento de uma ação.”


entrevista

Crédito ao consumidor em alta Presidente da Asnef, o espanhol Pedro Guijarro Zubizarreta, vê grandes perspectivas de crescimento para o mercado de crédito no Brasil. Mas aponta a estabilidade política e econômica como condição essencial

Novos – e bons ventos – parecem estar soprando no mercado de crédito em países emergentes como o Brasil. Essa é a opinião de um dos maiores representantes do setor na Europa, o espanhol Pedro Guijarro Zubizarreta, presidente da Associação Nacional de Estabelecimentos Financeiros de Crédito (Asnef). Nesta entrevista exclusiva à Revista Financeiro, ele faz um balanço das perpectivas do setor e diz que acredita num aumento a curto prazo do crescimento de crédito ao consumidor no país. Ele prevê ainda uma maior participação de empresas estrangeiras do setor na América do Sul, graças ao aumento do PIB per capita, condição necessária para o desenvolvimento desse tipo de crédito.

Revista Financeiro – As entidades financeiras vivem no Brasil um momento de expansão em função da queda gradual dos juros e da criação do crédito consignado. Como reagiu o setor na Europa e mais especificamente na Espanha? Pedro Guijarro – O crédito ao consumidor é um mecanismo essencial em uma economia moderna, pois permite ao consumidor o acesso à posse e ao desfrute de um grande número de produtos, sem que o comprador esteja obrigado a desembolsar o total de gastos nesse mesmo instante, ou seja, permite a aquisição antecipada de bens e serviços. A rápida obtenção do crédito é mais um dado importante nesse tipo de crédito. Ao facilitar as compras, o crédito ao consumidor permite o aumento das vendas e da atividade econômica e, com isso, o ACREFI

“Em lugares como Itália, França e Alemanha existem modelos similares ao crédito consignado”

aumento de emprego. Portanto, trata-se de um elemento de desenvolvimento dos processos econômicos e de acesso de grandes camadas da população ao maior bem-estar. A flutuação dos tipos de juros nesse tipo de crédito não tem a importância que teria para o crédito hipotecário, já que o consumidor valoriza mais a quantidade resultante do que o tipo de aplicação. Além disso, temos de levar em conta que as quantidades emprestadas nesses créditos são baixas. Na Espanha, os bons níveis de crescimento de crédito ao consumidor – por volta de 20% ao ano – são facilitados mais por fatores como a solidez da economia, a criação e a estabilidade de emprego do que pela variação dos tipos de juros. Na Europa continental, está sendo seguido um modelo anglo-saxão, quer dizer, autilização do patrimônio familiar para se chegar ao crédito ao consumidor, utilizando-o como garantia, o que, por sua vez, propicia um barateamento dos créditos. Por outro lado, em lugares como Itália, França e Alemanha, existem modelos similares ao crédito consignado.

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Na sua opinião, quais são as tendências mundiais do setor de crédito para os próximos cinco anos? O crédito ao consumidor é o setor que melhor espelha o dinamismo das economias familiares e o desenvolvimento da nossa sociedade. Ainda que nos últimos dez anos os crescimentos tenham sido importantes nesse setor, o que se reflete no notável desenvolvimento do bem-estar social das famílias, o certo é que se prevê uma moderação nos créditos de consumo ainda que continuem mantendo um nível elevado. Resultado dos últimos cinco anos do risco vivo em bens de consumo na Espanha. 2001 - 3.843 milhões de euros 2002 - 4.850 milhões de euros 2003 - 5.148 milhões de euros 2004 - 6.393 milhões de euros 2005 - 8.961 milhões de euros Resultados dos últimos cinco anos do risco vivo em mercado automotivo na Espanha 2001 - 12.569 milhões de euros 2002 - 13.298 milhões de euros 2003 - 14.660 milhões de euros 2004 - 16.296 milhões de euros 2005 - 19.480 milhões de euros Segundo previsões da Eurofinas (Federação Européia de Associação de Entidades de Financiamento que integra os principais países europeus), o volume de risco vivo em crédito ao consumidor na Europa em 2005 foi de 222.894 milhões de euros, o que supõe um crescimento de 12,9% com relação a 2004. No setor automotivo, a cifra do último ano foi de 176.260 milhões de euros com crescimento de 6,90%. Pode-se


entrevista observar que as taxas de crescimento do mercado espanhol superam amplamente a média européia, graças à notável evolução da economia espanhola diante da situação européia nos últimos anos. O senhor acredita que a América do Sul poderá evoluir nesse setor de crédito de forma a popularizar ainda mais a concessão de empréstimos, seguindo o exemplo do que acontece na Europa e nos Estados Unidos? Do que depende isso? As expectativas de crescimento desse tipo de crédito na América do Sul estão ligadas ao desenvolvimento do seu futuro político. A estabilidade política contribuiria, sem dúvida, para o aumento dos investimentos estrangeiros, a criação de empregos e uma melhora da economia. Tudo isso aumentaria a possibilidade de acesso ao crédito por parte do consumidor sul-americano, além de estimular a participação de entidades de crédito estrangeiras especializadas nesse setor. As expectativas econômicas e o aumento do PIB por pessoa facilitariam o desenvolvimento desse tipo de crédito. Os países com maior desenvolvimento nesses créditos são aqueles em que há um maior PIB per capita, como a Noruega, os Estados Unidos e a Inglaterra. Em países emergentes, como Brasil, México e Chile, as expectativas de crescimento do crédito ao consumidor a curto prazo são otimistas, o que sem dúvida ajudará o desenvolvimento da economia desses países. Na sua opinião, qual é hoje o maior obstáculo para frear a inadimplência no setor de crédito? É uma questão meramente jurídica ou tem raízes culturais? Os níveis de morosidade no crédito ao consumidor na Espanha se situam atualmente em níveis históricos, entre 1,5% e 2%. Como disse anteriormente, isso se deve em grande parte ao bom desenvolvimento da economia e à estabilidade de emprego. Sem dúvida, o nível de endividamento das famílias devido ao crédito hipotecário seria sensível a uma subida dos juros.

“O consumidor prefere utilizar o sistema de acesso ao financiamento no ponto-de-venda, já que é mais cômodo e rápido” Em outras palavras, se acontecesse um aumento importante nos juros, as famílias utilizariam sua renda disponível para o pagamento do crédito hipotecário, antes de utilizá-la para o crédito ao consumidor, o que traria um aumento da morosidade. Não obstante, não há indícios de aumento imediato e elevado dos juros na Europa. Outro problema importante que existe com o crédito ao consumidor é o aumento da fraude, já que se trata de um elemento de difícil controle. Para lutar contra isso, é necessário dispor de ferramentas eficazes que permitam sua detecção, baseada em estatísticas e no desenvolvimento do bureau de créditos tanto positivos quanto negativos. Na Espanha, a Asnef dispõe de um serviço de prevenção da fraude, cuja atividade nos últimos anos vem dando resultados muito positivos. Esse serviço pôs em marcha, junto a uma empresa de tecnologia, dois arquivos de informações com a finalidade de evitar a fraude antes que ela se produza. São os fichários Veraz Fodi e Veraz Persus. Com o primeiro, as entidades podem trocar informações sobre operações incongruentes ou fraudulentas detectadas na solicitação do crédito, ou quando este já foi contratado. O segundo constitui um autêntico serviço público, o que permite a auto-inscrição de todos os cidadãos que perdem ou têm roubados seus documentos de identificação. Assim o consideram as próprias autoridades; e no momento se está negociando, entre nossa associação e o

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Ministério do Interior Espanhol, um protocolo de colaboração para que os cidadãos obtenham toda a informação necessária nesses arquivos, quando procuram as delegacias para expor suas denúncias. As entidades financeiras européias oferecem às pessoas físicas algum produto para trazer ao Brasil? Que adaptações seriam necessárias? Na Europa, existe uma grande variedade de produtos financeiros pelos quais o consumidor pode optar, se bem que depende das características de cada país a oferta de um tipo ou outro por parte das entidades de crédito. Essa ampla oferta, fruto da especialização alcançada pelas entidades de crédito que, por sua vez, provêm da maior exigência de personalização por parte do consumidor, pode perfeitamente ser exportada para outros países, adaptando-a à natureza do mercado, pois a garantia concreta de um produto financeiro a exportar é difícil. Não obstante, uma oferta financeira será mais complexa quanto mais desenvolvida for a economia do país. Mas não se trata somente dos produtos financeiros, mas também de canais de venda. As altas tecnologias e o grau de rapidez facilitam a implantação do crédito ao consumidor no ponto-de-venda. As entidades fi nanceiras que utilizam esse sistema de distribuição de seus produtos – rápidos, simples, cômodos e efi cazes – chocam-se com os utilizados pelos bancos tradicionais. O consumidor prefere utilizar o sistema de acesso ao financiamento no pontode-venda, já que é mais cômodo e rápido do que ter que procurar a agência para solicitar o crédito. O Brasil vive um ano eleitoral e está sentindo o peso desse momento na sua economia. Na qualidade de presidente da Asnef, como o senhor analisa essa situação? O crédito ao consumidor é um tipo de crédito muito ligado à confiança do consumidor. Portanto, a estabilidade política e econômica de um país influi fortemente no desenvolvimento desse tipo de crédito. FINANCEIRO


Todos os agentes econômicos vivem com muito otimismo o momento econômico internacional. O senhor vê algum fator de preocupação que possa mudar esse cenårio? Uma elevação descontrolada de todos os tipos de taxas de juros e a falta de confiança no futuro são cenårios que podem pôr em perigo esse otimismo. A Europa apresenta uma grande diversidade cultural, econômica e administrativa entre os seus países. Que diferenças o senhor destacaria entre cada um deles? A Europa vem trabalhando nos últimos anos de forma importante para conseguir o måximo de harmonização na oferta de produtos financeiros e na criação de um verdadeiro mercado único, o que supþe que seja cada vez mais fåcil exportar o know-how. Um grande banco francês, em sociedade com outro português, adquiriu, recentemente, um banco brasileiro vol-

“O crĂŠdito ao consumidor ĂŠ um tipo de crĂŠdito muito ligado Ă confiança do consumidorâ€?

tado ao crĂŠdito ao consumidor. O senhor acredita que isso seja uma tendĂŞncia ou que foi um ato isolado? Esse exemplo creio que se deva ao interesse mĂştuo que existe entre um grupo comercializador de automĂłveis portuguĂŞs, vinculado ao Banco Mais, e um grupo francĂŞs especialista em crĂŠdito ao consumidor. NĂŁo obstante, o desenvolvimento e a estabilidade

do país no futuro pode fazer surgir movimentos que promovam esse tipo de atividade em toda a região. Por outro lado, o efeito da globalização Ê a expansão da interveniência no mercado por meio de compras e fusþes internacionais. Na Europa, esse fenômeno acontece em todos os setores da produção. A competitividade cada vez maior exige a criação de empresas fortes, que se situem solidamente no mercado e que sejam capazes de competir eficazmente com as empresas americanas, chinesas ou indianas. A compra de entidades nacionais por outras estrangeiras Ê uma forma de conseguir estar presente no mercado nacional e promover sua penetração nesse mercado. Creio, portanto, que esse Ê um fenômeno que viemos observando nos últimos anos e a que continuaremos a assistir no futuro. Temos que ir pensando que a internacionalização da economia ajuda a promover a internacionalização das empresas que participam do mercado

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análise econômica

Renato Fogal

PIB, inflação e desemprego na evolução do ciclo de negócios do Brasil, dos EUA, do Japão e do Chile PROF. ISTVAN KASZNAR PhD, CONSELHEIRO ECONÔMICO DA ACREFI acelerar as importações, logo, é um convite à redução potencial das reservas internacionais e das divisas disponíveis no Banco Central. Por outro lado, o PIB ativado representa aceleração da renda e motiva o consumo, assim como novos investimentos que, viabilizados, promovem a contratação de pessoal e logo aumentam os índices de emprego de pessoas e de utilização da capacidade instalada. Elevar a disponibilidade de reservas internacionais é positivo, por gerar maior capacidade de pagamento de posições passivas mantidas com o exterior. A credibilidade em face dos credores aumenta e, logo, tanto fornecedores quanto financiadores e banqueiros podem estar propensos a aumentar as transações correntes de bens e serviços, assim como prolongar linhas de crédito e esticar seus prazos. Contudo, se as reservas aumentam porque exporta-se mais e importa-se menos, dadas uma priorização das vendas ao exterior e a geração de sacrifícios

A estabilidade macroeconômica de curto e de longo prazo é um ativo precioso, complexo de alcançar e de manter e, portanto, raro para um país. Efetivamente, no curto prazo almeja-se obter e situar num patamar baixo, mínimo, a taxa de inflação, conjugando-a simultaneamente a um crescimento que seja alto, mas auto-sustentável, e a uma formação vigorosa e positiva de reservas internacionais. Conseguir esse desempenho é arte e ofício do mais atilado dos ministros da Fazenda e de seus auxiliares diretos, numa atuação que mais lembra os trapezistas sobre uma fina corda, evoluindo sobre um despenhadeiro. Isso porque, conseguir simultaneamente o adequado e desejado nível das três macrovariáveis envolve contradições, paradoxos e movimentos opostos aos que se visa estabelecer. E em seu bojo, cada variável traz consigo alguns problemas. Senão vejamos. Acelerar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é, também,

desmesurados à população do País, então, cria-se uma situação perversa. Gera-se divisa com a fome e a diáspora do povo em geral, ou de um segmento da população. Aumentar a inflação, gerando uma alta contínua e persistente no nível de preços, é piorar a distribuição de renda, prejudicar a visibilidade dos investimentos, provocar a corrida à especulação com ativos financeiros, reduzir a economia real. Portanto, o que se visa, de fato, é ao crescimento firme e saudável, com mínimo desemprego; reservas internacionais altas e posições de credor mundial, sem sacrifícios internos desmesurados; e inflação baixa, sem artifícios. O fato é que esse tripé é meio instável, e é afetado por toda sorte de eventos nacionais e internacionais. Basta uma safra má, uma disparada nos preços do petróleo, um ataque terrorista, uma moratória de país de médio para grande porte, ou algo afim, para que os humores e as condições de mercado mudem e o que, antes, parecia prome-

Relação entre crescimento do PIB e inflação Quadro 1

Quadro 3

BRASIL

EUA

4,0 25,0

3,0

10,0

Inflação %

Inflação %

20,0 15,0

2002 1996

2003

2004

1999 5,0 0,0 1998 0,0

2006

2001 2005

1,0

2,0

2001

2005

1996 2004 1997

1995

2,5 2,0

2003

1,5

2006 1999

2002

1998

1,0 2000

1997 3,0

2000

3,5

1995

4,0

0,5 5,0

0,0 0,0

6,0

Taxa de Crescimento PIB (%)

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

Taxa de Crescimento PIB (%)

10

FINANCEIRO


Quadro 5

Figura 1

Gráfico de evolução do PIB EVOLUÇÃO PIB

12,0 10,0

Taxa PIB

8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 (2,0)

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

Figura 2

Japão

EUA

INFLAÇÃO 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 (5.0)

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

Brasil

Japão

EUA

que podem levá-lo, em parte, à tão desejada rota da curva de contrato de longo prazo estabilizada. O controle monetário, a disciplina fiscal, a capacitação à exportação crescente, a parcial reforma do Estado e medidas de privatização, entre outras, contribuíram nesse sentido. Mas, estaria o Brasil tão bem

1997

Chile

CHILE 9,0 1995

8,0

Inflação %

Inflação %

2003

1996 2004 2006 2,0 3,0

1995

1,0

1996

6,0

2001

2000

4,0 1999 3,0 2,0

2006

-2,0

0,0 0,0

2005

2001

2002

1,0 2000

1997

1998

5,0

2005

-1,5

2004

2003 2,0

4,0

6,0

8,0

Taxa de Crescimento PIB (%)

Taxa de Crescimento PIB (%)

ACREFI

2006

direcionado economicamente, ultimamente, que se pode afirmar seu enquadramento definitivo entre os países de baixo risco, atraentes para investimentos diretos e gerando um bemestar inequívoco aos seus cidadãos? Para responder a essa questão, inesgotável na geração de respostas, buscou-se modesta e limitadamente

Quadro 7

0,5

-1,0

2005

Fontes: IBGE, Bacen, Nikkei Net, International Monetary Fund, U.S. Department of State, Banco Central de Chile.

1,0

2002

2004

Ano

1998

-2,0

2006

Chile

7,0

-3,0

2005

Gráfico de evolução da inflação

1,5

0,0 -1,0 0,0 1999 -0,5

2004

Ano

Brasil

JAPÃO 2,0

2003

(4,0)

Taxa de inflação

ter um futuro de bonança, agora, se assevera um futuro bisonho. Uma variável puxa a outra, numa correlação encadeada e em série que não pára e cujos efeitos diretos e indiretos admitem uma infinidade de combinações com forças de difícil mensurabilidade. E assim como há fatores de choque negativo, num mundo de rápidas mudanças há choques positivos de alto impacto, que se misturam aos anteriores. Deste modo, o progresso tecnológico, que introduz novos e mais métodos de produção e produtos e serviços, abaixa seus preços; e a ciência apresenta novos substitutos a bens considerados vitais, como o petróleo que vê como opção a agroenergia da cana, do pinhão manso ou da mamona. No meio deste tiroteio, as autoridades focalizam para as metas de estabilidade macroeconômica de curto e de longo prazos, utilizando as políticas monetária, fiscal, cambial, de preços, salarial, de outros custos de fator, de reformas e de regulação, entre outras. Dosagens adequadas e firmes podem levar à estabilidade. Por outro lado, dosagens frágeis, equivocadas e afeitas a erros de interpretação da realidade podem levar ao agravamento da instabilidade e ao afastamento da rota ideal. Dessa forma, há fatores que conduzem ao bom crescimento e outros que nos afastam dele. O crescimento há de ser elevado, firme, regular, alto e, portanto, sem maiores vales e volatilidades na formação de sua macrocurva ascensional. Políticas que geram o stop and go do Brasil dos anos 1970 a 1990 são condenáveis e mostram fragilidades. O Brasil empreendeu, de fato, entre 1993 e 2006, medidas decisivas,

11

10,0

12,0


análise econômica Relação entre crescimento do PIB e inflação Quadro 2

Quadro 4

BRASIL

EUA

7,0 2003

Taxa de Desemprego (% PEA)

Taxa de Desemprego (% PEA)

14,0 2003 12,0

2002 2004

10,0

2006 2005

8,0 1998

2000

1999

2001

6,0 1997 4,0

1996 1995

2002

2004 1997

5,0 1998 4,0

1995 1996

2005 2006 2001

1999

2000

3,0 2,0 1,0

2,0 0,0 0,0

6,0

0,0 5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

0,0

0,5

Inflação %

dar uma luz que fosse mediante à análise de três variáveis relevantes e de sua evolução no período 1995-2006, portanto, ao longo de 12 anos. E, para efeitos comparativos, estudou-se a situação correlata das duas maiores e mais ricas economias mundiais, os EUA e o Japão, assim como do Tigre da América Latina, o Chile, tão decantado como país bem-sucedido ao adotar um modelo liberal, propugnado pela Universidade de Chicago. Economias modernas e abertas ao exterior, as dos EUA, Japão e Chile servem como uma espécie de benchmark, ou elemento de referência e comparação, ao Brasil, que tanto deseja voltar a crescer e entrar no rol dos países desenvolvidos e estabilizados. Nesse sentido, a figura 1 do gráfico da evolução do PIB desses quatro países mostra que, entre 1995 e 2006, no geral, o corredor gerado pelos pontos de máximo e de mínimo dos quatro países foi se estreitando, para oscilarem os PIBs entre 2,2% e 7,8% ao ano. O Brasil espelha alta volatilidade em sua expansão, com evoluções entre 0% e 4,5% do PIB e uma média medíocre de 2,2% anuais. Já o Japão cresceu fracamente entre 1995-1998, com retomada clara entre 1995-2006, ao adotar medidas de saneamento de seus mercados de crédito, de poupança e do sistema imobiliário. Os EUA apresentaram duas fases evolutivas: a do crescimento forte entre 1995-2000, com taxas entre 3% e 4,3%, seguida pela queda de 2001, ano dos ataques terroristas da Al Qaeda, que se seguiram de nova e sadia retomada em patamares de 3,5% a 4% anuais. O

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Inflação %

Chile revela uma natural descendência de longo prazo em seu ímpeto de crescimento, acentuado nos anos 1980 e 1990, muito embora as suas taxas permaneçam altas entre 2004 e 2006, no patamar dos 5% a 6% anuais. No que diz respeito à inflação, mostra a figura 2 que os três países referenciais evoluem com deflações de sete anos, como o Japão, até taxas pontilhando num corredor entre os 0% e 5% anuais. O Brasil melhora ano após ano no combate inflacionário, mas, para entrar no clube dos disciplinados, terá de apertar ainda mais os seus cintos e criar reformas fundamentais, pois sua inflação baila entre os 5% e os 8% entre 2002-2006. Os quadros 1, 3, 5 e 7 correlacionam a taxa de crescimento do PIB com a inflação entre 1995 e 2006. E os quadros 2, 4, 6 e 8 correlacionam as taxas de inflação com a taxa de desemprego, conotando e lembrando a Curva de Phillips. Nos quadros, marcou-se um “quadrado ideal”, que seria uma área de first-best, ou de melhor situação, desejada por toda a nação. Esta é uma área de “quadrado do enquadramento adequado”, ou QEA, que dá ao seu detentor mais do que um status triplo A, segundo as agências estudiosas de risco, mas sim o direito de serem credoras e tomadoras de recursos, pois seu índice de estabilidade macro e de credibilidade é excepcionalmente elevado. Atuar bem perto desse QEA também é satisfatório, pois corresponde a um second-best, num mundo mutante e sujeito a alterações que nos afastam do QEA ideal. O Brasil, conforme o quadro 1, em

12

12 anos apresentou nove anos de baixo crescimento do PIB e teve um ano de inflação no QEA. Isto é, nos últimos 12 anos, nunca se enquadrou de fato no QEA ideal. Ainda assim, foram anos mais virtuosos, os de 1997, 2000, 2004 e 2006. No quadro 2, mostra-se que o desemprego é um problema grave, pois ele descolou-se do patamar anual dos 5% a 5,5% ocorridos entre 1995-1997, para um novo e horroroso nível, de 8% a 12%, entre 2003 e 2006. Ou seja, a inflação brasileira remanesce elevada para padrões mundiais de excelência, enquanto os índices de desemprego crescem para patamares que são o dobro dos EUA ou Japão. Nos EUA, a situação verificada mostra que, em 12 anos, eles desfrutaram plenamente do QEA por três anos, e estiveram nas vizinhanças do paraíso por mais seis anos, entre 1996-1998 e 2004-2006, especialmente. Conforme atesta o quadro 3, crescer entre 3% e 5% ao ano é comum, enquanto a inflação mora no corredor dos 1,5% a 3,5%. O déficit público é elevado e crescente; a poupança para novos investimentos é baixa; os problemas previdenciários se adensam. Contudo, a credibilidade do dólar permanece elevada. O desemprego vem afetando a economia e a sociedade americana. Situa-se numa faixa de 4% e 6%, com ligeira tendência altista, para, por ora, acomodar-se na subfaixa dos 5% a 6%. Isso se ilustra no quadro 4. O Japão segue uma disciplina férrea, mediante a qual combate a inflação em primeiro lugar. Pelas aparências, não importa que se sacrifique o crescimento e que este seja até FINANCEIRO


Quadro 6

Quadro 8

JAPÃO 6,0

2000

5,0

2004

1999 2005

4,0

1998

2006

1997

1996 3,0 1995 2,0

1,0

-1,0

-0,5

0,0 0,0

Taxa de Desemprego (% PEA)

2001

Taxa de Desemprego (% PEA)

12,0

2003

2002

-1,5

CHILE

1,0

1,5

2001

2000

2002 8,0

2003 2004

2005 2006

6,0

1995 1998

1997

1996

4,0 2,0 0,0 0,0

0,5

1999

10,0

2,0

Inflação %

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

Inflação %

Fontes de pesquisa de dados: OECD FACTBOOK 2005 - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - Conjuntura Econômica da Fundação Getúlio Vargas (FGV) - Banco Central de Chile - Banco Central do Brasil - The Economist - International Monetary Fund (FMI) - Nikkei Journal - Japan Statistical Yearbook - Bank of Japan - The Bureau of Labor Statistic. Montagem: Institutional Business Consultoria International Ltda. (IBCI) e Antonio Tadeu Luqueze ATL Ltda.

mesmo modesto, num dos países mais modernos, embora tradicionais, éticos e socialmente responsáveis do mundo. Pode-se afirmar que o Japão é mais bem deflacionário e, em 12 anos, verificou sua taxa de inflação dentro do quadrado ideal, QEA. Ou seja, seu índice de competência no combate inflacionário é de 100%, algo de extraordinário e sintomático da seriedade de um povo e de seus dirigentes diligentes. A taxa de desemprego japonesa é das menores do mundo. O trabalho e o trabalhador são respeitados e recompensados devidamente, com dignidade. Os quadros 5 e 6 mostram que ocorreram, entre 1995 e 2006, três anos recessivos e sete anos de deflação. Ou seja, mais vale crescer pouco e moderadamente, com preços estabilizados, do que fazer exercícios de indisciplina monetária fiscal. Esse é um importante exemplo a ser seguido e melhor conhe-

cido por países da América Latina. Talvez, com a exceção do Chile, que está, de fato, fazendo com primor e denodo o seu dever de casa, com governo socialista e, logo, de esquerda. Entre 1995 e 1999, houve um drástico e adicional combate à inflação remanescente, no Chile, com sacrifício na evolução do PIB. E, após esses anos, veio a justa e celestial recompensa: entre 2000 e 2006, o PIB voltou a crescer com vigor, gerando um céu de brigadeiro e atuando-se na vizinhança do QEA. Ainda assim, o desemprego é um problema, pois continua alto e entre taxas de 8% a 10% anuais. Há uma aparente fixidez nesse patamar, o que envolverá a promoção de políticas promotoras de produtividade, investimentos em segmentos modernos, ciência e tecnologia. Conclusivamente, o Brasil melhorou em sua longa marcha em prol da estabilidade macroeconômica de longo prazo.

Possui, finalmente, moderadas mas crescentes reservas internacionais e sua taxa de inflação caiu de níveis despudorados para a ante-sala das inflações bem-comportadas, faltando mais um esforço obstinado para vergá-la ao patamar módico e permanente dos 2,5% a 4% anuais. Entrementes, o crescimento do PIB permanece pífio, associando-se a um vil desemprego de patamares socialmente prejudiciais, que necessita ser revigorado na maior urgência. Há formas de atingir-se o QEA. Se outras nações, tais como os EUA, o Japão e o Chile, cada qual com suas características, alcançaram o ápice e muito bem-estar social, há evidências de que o Brasil pode empreender o mesmo macroobjetivo estratégico. Chegou a hora do crescimento, com desenvolvimento auto-sustentável, responsável e socialmente justo (istvan@ibci.com.br, ibci@ibci.com.br e istvan@fgv.br)


artigo

Em busca de definições para o cenário econômico

A transição no comando da economia brasileira realiza-se num ambiente econômico interno e externo bastante favorável. Apesar do cenário internacional se manter positivo no médio prazo, está ocorrendo uma mudança lenta na política monetária dos principais bancos centrais do mundo, acompanhando o excesso de liquidez e o ressurgimento de pressões inflacionárias. O Federal Reserve dos EUA, o Banco Central Europeu e o Banco do Japão já iniciaram um processo de reversão da política monetária, elevando suas taxas de juros de forma gradual. Se o ritmo dessa mudança se mantiver, não haverá maiores problemas para os mercados emergentes. Quanto ao ambiente interno, ao contrário do que ocorreu nos primeiros meses de 2005, quando a economia apresentava incertezas, neste início de ano existe uma maior convergência das expectativas, o que facilitará a condução da política monetária ao longo de 2006. O teste real para a política monetária será em 2007, quando esta não poderá contar mais com a apreciação cambial como fator antiinflacionário. O relatório trimestral do Banco Central de março, ao utilizar no seu modelo as variáveis de mercado, chega a uma inflação de 5,4% em 2007. Esse número implica que, no segundo semestre, o modelo de política monetária de perseguir desvios da inflação esperada para os próximos

12 meses da meta deverá estar pressionado. Isto é, a partir de agosto, a inflação projetada pelo mercado um ano à frente poderá se situar acima da meta de 4,5% de longo prazo. A expectativa dominante é de que no ano que vem alguns fatores considerados temporários não estarão mais presentes: apreciação da taxa de câmbio, capacidade ociosa derivada de um crescimento lento da atividade, uma política fiscal restritiva e uma recomposição de margens (especialmente do setor agrícola). A grande questão é saber qual será a resposta de política monetária. Mais do que isso, qual será o perfil do Banco Central no próximo governo. Além disso, nesse momento, já devem ser mais evidentes os efeitos defasados da redução da taxa de juros sobre a atividade, e a taxa de câmbio não deverá ter o mesmo ritmo de apreciação dos últimos meses. Na prática, há uma tentativa de se precificar, nas curvas de juros futuras, qual a direção da taxa de câmbio, da inflação e, principalmente, do direcionamento da política monetária. Acreditamos em duas vertentes a serem definidas nos próximos meses: (i) Um Banco Central com o mesmo perfil ortodoxo – mantendo um grau de conservadorismo na resposta das expectativas à meta de longo prazo. Adicionando cautela na redução da taxa de juros a partir de uma política fiscal restritiva. Nesse cenário, o crescimento do PIB não ultrapassa os

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Renato Fogal

CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES, EX-DIRETOR DO BANCO CENTRAL E CHEFE DO DEPARTAMENTO ECONÔMICO DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO

3,5% na média com um nível de inflação entre 4,5% e 5% em 2007. (ii) Uma equipe atribuindo um peso mais equilibrado a desvios do PIB do potencial, aceitando um nível maior de inflação se não for considerado permanente. Esse perfil de política monetária é compatível com o entendimento que o processo de convergência de inflação já está consolidado. Nesse cenário, a credibilidade adquirida do Banco Central reduz a transmissão secundária dos choques temporários de oferta. Com essas hipóteses, a inflação deve se situar no intervalo de 5% a 5,5%, mas o crescimento do PIB é, na média, ligeiramente superior ao de 2006. Essa discussão não significa desvalidar a evidência empírica de que no longo prazo não há uma troca de crescimento por mais inflação. Significa apenas especular que haverá uma mudança nos parâmetros da regra sob a qual o Banco Central atua: passaria a responder a desvios tanto da inflação da meta como do PIB em relação ao potencial. Nesse cenário, a continuidade do ajuste fiscal seria fundamental – está relacionado com a velocidade e com o nível real com que os juros serão testados. Em poucas palavras, um nível maior de gastos eleva a taxa de juros de equilíbrio (a fim de financiar um estoque maior de dívida) e isso desloca o capital produtivo para o financiamento do Tesouro (crowding out). FINANCEIRO


variedades Nesse caso, para um mesmo nível de investimento e um estoque de capital necessita-se de uma taxa real de juros mais elevada. Nossa projeção para o IPCA em 2006 é ao redor de 4,6%. Esse número é o resultado de uma inflação maior no final do ano derivada de um estímulo fiscal, aumento da eficácia de expansão da política monetária (redução da taxa de juros), estabilidade da taxa de câmbio e aceleração de alguns preços agrícolas (carnes, aves e laticínios). Os resultados da produção industrial de fins de 2005 e início de 2006, porém, já exibem sinais de que o nível de atividade poderá ter um bom desempenho ao longo deste ano, e isso se deve a uma visível expansão da produção de insumos para a construção civil e de máquinas e equipamentos para fins industriais. O setor real e as contas externas em 2006 apresentarão resultados mais expressivos, dependendo, principalmente, do ritmo de queda das taxas de juros e da continuidade do crescimento econômico mundial. A continuidade do crescimento econômico em 2007, além de depender da evolução da economia internacional, requer a manutenção da administração de expectativas inflacionárias dentro do regime de metas estabelecido. Por sua vez, a política monetária precisa contar com o suporte fi scal de longo prazo, sem o qual todo esforço até agora demandado ao setor real da economia e seu custo para a dívida pública poderão ter sido inúteis. Logo, na tendência declinante da relação dívida-PIB reside a continuidade do sucesso das atuais políticas monetária e fi scal. A permanência de regras fiscais, monetárias e cambiais permitirá que a economia continue apresentando bons resultados em 2007. Reduções na carga tributária e uma reforma fiscal consolidariam a atual transição econômica, dando-lhe mais sustentabilidade ACREFI

Falando de vinhos... Da uva ao vinho OPIMIANO, ENOCULTOR/PHD - PROMOTOR DE HOMÉRICAS DEGUSTAÇÕES

O vinho é um ser vivo. Fermentado, ele provém da mais suculenta das frutas, a uva, que contém, na média, 85% de água, 10% de açúcares, 3% de matérias minerais e 2% de outros elementos, tais como ácidos e fenóis. Até chegar ao copo para ser degustado e bebido, o vinho passa por uma longa série de tarefas pela qual aguardam o vinicultor e o enólogo. Ao chegar à cantina, a uva é selecionada, lavada e passa pela máquina desengaçadora. Daí, ela é prensada. Ao virar sumo, conhecido como mosto, são medidas sua sacarose e a necessidade de acrescentar ou não mais açúcar, dependendo do que diz o sacarímetro, medidor de sacarose, e do que decidir o vinicultor. Por tubulações, o mosto vai até tanques ou barris, nos quais é submetido à primeira das fermentações, a alcoólica, que dura de dois a seis dias. A seguir, muitos produtores já terão tirado as cascas das uvas, que dão a bela cor aos vinhos tintos. E, então, processa-se uma segunda fermentação, dita maloláctica, na qual o gás carbônico parte e escapa para, finalmente, deixar o vinho novo. Para fazer vinhos brancos, tira-se a casca com rapidez, logo após o esmagamento das bagas, e processa-se a fermentação com temperaturas mais baixas. Isso visa preservar os aromas do vinho. Enquanto vai se desenvolvendo, o vinho é trasfegado. Isso quer dizer que, normalmente, tiram-se as borras e as impurezas que nele restam, de três a quatro vezes, uma vez por mês. Assim, ele ficará cada vez mais claro, translúcido e bonito. Um vinho novo, de 30 a 60 dias, ainda é um neném aprendendo a engatinhar. Dá para bebê-lo, mas ele ainda pode lembrar suco de uva, grapete e outros que tais. Por essa razão, ele precisa de repouso, para ser estabilizado. Quando ele é um vinho simples, popular e de uma casta de uva humilde, que durará pouco – de um a dois anos –, com seis meses já está à venda. Este se acha nos taberneiros e nos restaurantes mais em conta. No Rio Grande Sul, é o vinho “da casa”, feito do bordô, que cai bem com uma polenta, coxas de frango e carnes de churrasco. Quando ele é um vinho de guarda, tipo Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc ou Syrah, prega a boa técnica que fique embarrilado ou tanqueado, no mínimo, por um ano ou mais. Se agüentar o tanino do barril de carvalho, melhor ainda; e que fique por dois, três e, quem sabe, até 30 anos na escuridão da adega. Outras trasfegas poderão ser necessárias para que o vinho, finalmente, repouse numa garrafa de vidro. Por isso, fique bem atento: vinhos novos ou de pouca capacidade de preservação devem ser mais baratos e precisam ser consumidos logo, guardados longe do calor e do sol. E vinhos de guarda podem ser mantidos por mais tempo, mas, desde a sua compra, já custam mais caro. As rolhas de cortiça de boa qualidade duram de oito a dez anos. Por isso, se você guardar garrafas por mais tempo, vai ter de fazer a trasfega, a menos que queira perder seu precioso néctar dos deuses. Boas rolhas são inteiriças, longas e portuguesas. E, por serem caras, estão sendo substituídas pelas de plástico, de durabilidade indefinida. Abra a sua garrafa, cheire de leve a boca dela. Se emanar um doce aroma, verta com carinho no copo. Olhe bem o líquido, aprecie sua cor, intensidade e translucidez. A seguir, cheire de novo e rode o copo para fazer sair os segredos de uma produção, de uma vida. E beba com moderação, degustando a essência daquela garrafa, pois ela é única e você não encontrará mais uma idêntica a ela

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artigo

Divulgação

Política fiscal: crônica de um desastre anunciado GUSTAVO LOYOLA, SÓCIO DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA

Nos equívocos diuturnos que comete no campo fiscal, o governo Lula parece fiar-se na idéia de que os agentes econômicos, em sua maioria, estão esperando o “Godot” das reformas que virá com o primeiro ano do novo mandato presidencial, bastando para tanto oferecer-lhes hoje o totem e o tabu dos 4,25% de superávit primário

A gestão da política fiscal no governo Lula tem piorado dia a dia. Com certa complacência dos mercados, verifica-se uma sucessão de medidas equivocadas cujo resultado tem sido a piora simultânea do déficit público e da qualidade da despesa do governo. Não servem de desculpa para a tendência recente de deterioração das finanças públicas as suas dificuldades estruturais trazidas principalmente pela Constituição de 1988. A gestão da política fiscal é indigente e cada vez mais dominada por considerações eleitoreiras. Os agentes econômicos fizeram do superávit primário de 4,25% o totem e o tabu da política fiscal. Totem porque consideram esse percentual como único símbolo de política fiscal responsável e de garantia de uma boa dinâmica da dívida pública. Tabu porque julgam-no intocável e inquestionável, não importando considerações tais como as relativas ao ciclo econômico. Esse auto-engano coletivo merece ser corrigido. Qualquer discussão sobre os problemas fiscais brasileiros deve começar pela relativização da meta de superávit primário de 4,25%. Em primeiro lugar, porque o conceito

O governo petista vem colecionando uma série de decisões equivocadas na área fiscal

mais relevante de performance fiscal é o de resultado nominal e não o primário. Em seguida, porque a performance fiscal deve ser avaliada levando em conta o ciclo econômico. Obter 4,25% de superávit primário com todos os ventos a favor é bem diferente de obter idêntico resultado na fase recessiva do ciclo e com a conjuntura internacional desfavorável ao Brasil. E, finalmente, se não bastassem os dois argumentos anteriores, porque esse percentual mascara decisões que afetam de forma perene a qualidade do gasto público e a própria dinâmica futura dos gastos. A verdade é que nas últimas semanas o governo petista vem colecionando uma série de decisões equivocadas na área fiscal, tanto sob a ótica quantitativa como pela ótica qualitativa. Para não ser repetitivo, basta

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mencionar no particular o reajuste real do salário mínimo e dos benefícios da Previdência Social, a atualização da tabela do IRPF, as “bondades” para os idosos, os aumentos salariais para os funcionários públicos. Tais aumentos dos gastos somente podem ser explicados pela combinação do afã eleitoreiro do governo em ano de eleições gerais, com a absoluta incompreensão de importantes integrantes do governo sobre as causas e conseqüências do desequilíbrio fiscal. Não nos preocupa tanto o aumento dos gastos de investimento do governo. Por pior que sejam, há sempre a possibilidade de sua redução no futuro. O problema se situa principalmente no aumento das despesas recorrentes, cuja redução em termos reais somente pode ocorrer por obra da inflação. Infelizmente é nesse tipo de despesa que o governo tem “caprichado” suas bondades neste ano de eleições. Em retrospecto, pode-se dizer que a piora na qualidade da política fiscal coincide com o enfraquecimento político do ex-ministro Palocci. No início, “pequenos assassinatos” nas finanças públicas começaram a ser admitidos pelo Ministério da Fazenda, como o perpetrado pela lei que reduziu a idade FINANCEIRO


para percepção dos benefícios da LOAS pelos idosos. Em seguida, “assassinatos” maiores foram tolerados, realçando-se entre esses o aumento do salário mínimo. O brado de “fora as metas fiscais de longo prazo” emitido pela ministra-chefe da Casa Civil caracterizaria, logo após, que uma nova “lógica” passou a dominar a política fiscal. Essa tendência preocupante parece ter sido confirmada na melancólica entrevista do novo titular da Fazenda ao Financial Times em que o ministro Mantega descarta a necessidade de uma rodada adicional de reformas na Previdência Social, ao reduzir os problemas da Previdência Social brasileira à esfera da gestão. Assim, há um movimento de pinças cercando a política fiscal. De um lado, o ataque da má gestão cotidiana do gasto público, com medidas estapafúrdias como o recente aumento real dos benefícios previdenciários. Na outra ponta, o ataque da desqualifi-

O resultado da ofensiva gastadora será a piora das condições de gestão da política fiscal no próximo mandato presidencial cação da necessidade de ajustes estruturais nas finanças públicas, desferido antes pela ministra Dilma Rousseff e agora confirmado, na entrevista ao FT, pelo ministro Mantega. O resultado dessa ofensiva gastadora será inevitavelmente a piora das condições de gestão da política fiscal no próximo mandato presidencial, qualquer que seja o eleito em outubro. Dois tipos de erros podem existir na avaliação da política fiscal. Num extremo, a visão ingênua de que o ajuste fiscal é algo obtenível da noite para o dia, bastando para tanto

“vontade política”. Noutro extremo, situa-se a visão da inevitabilidade do déficit, tendo em vista as distorções estruturais do nosso sistema de finanças públicas. Nos equívocos diuturnos que comete no campo fiscal, o governo Lula parece fiar-se na idéia de que os agentes econômicos, em sua maioria, estão esperando o “Godot” das reformas que virá com o primeiro ano do novo mandato presidencial, bastando, para tanto, oferecer-lhes hoje o totem e o tabu dos 4,25% de superávit primário. O preço dessa estratégia pode ser muito alto, principalmente se houver uma reversão da conjuntura internacional, possibilidade, aliás, que não pode ser descartada, como a história nos ensina. Ao contrário do que ocorria nas civilizações primitivas, nos mercados financeiros contemporâneos, totens e tabus são descartáveis e dependentes dos humores dos agentes econômicos loyola@tendencias.com.br)


energia

Flávio Roberto Guarnieri

Os problemas do gás natural

TEREZA MARIA FERNANDEZ DIAS DA SILVA, SÓCIA DA MB ASSOCIADOS A preocupação com o setor de energia elétrica é antiga. A falta de investimentos na área de geração projeta, a depender das chuvas do período, uma possibilidade concreta de falta de energia em 2008-2010. Uma das maneiras de se tentar minimizar o problema está associada à geração de energia elétrica pelas termoelétricas, de menor porte, e que podem ser construídas em quantidade. Como sua construção e entrada em operação leva um tempo menor (dependendo do tamanho, em até dois anos uma térmica pode estar em operação), o problema poderia ser amenizado. Atualmente, o gás natural participa com 8% (2004) da matriz energética brasileira (em 1998, sua representação era de 3,7%). Essa participação deverá elevar-se para aproximadamente 15% em 2010.

Atualmente, o combustível participa com 8% da matriz energética brasileira. Essa participação deverá subir para cerca de 15% em 2010 Com isso, o combustível, que detinha a quinta posição em 2004, assumirá a vice liderança, à frente do álcool, da eletricidade, da lenha e do carvão vegetal. O avanço do gás na matriz energética, de 1998 para cá, somente foi possível pela inauguração do gasoduto BrasilBolívia, em 1999, com o aumento crescente da importação do gás do país vizinho, e pela privatização das distribuidoras estaduais de gás, a partir de 1997.

A descoberta da Bacia de Santos, com reservas de 419 bilhões de m³ e localizada próxima aos maiores centros consumidores, foi um fato importante para acomodar expectativas. A Petrobrás vem investindo na região, mas as previsões da própria empresa são de que apenas em 2008 a produção estaria atingindo entre 12 a 15 milhões de m³ de gás/dia na costa paulista (Campo de Mexilhão). Mesmo este cronograma difi cilmente será cumprido. No Rio de Janeiro, a expectativa é de que, em 2011, se atinja a produção de 20 milhões de m3 /dia. O consumo total brasileiro em 2005 foi de 25,1 bilhões de m³, respondendo a produção local por 32% (Gráfi co I). Do consumo total, em média, foi comercializado 70% (o equivalente a 50 milhões de m³/dia) e o restante foi usado pela


própria Petrobras (consumo próprio, queima, perda e reinjeção). O mercado consumidor brasileiro tem crescido, em média, 15% ao ano e as previsões são de que essa velocidade de crescimento continue, pelo menos, até 2010. Atualmente, a exploração, produção e comercialização do gás continuam, de fato, monopólio da Petrobras e o mercado secundário não é regulamentado, o que representa uma limitação para novos investimentos. Assim, a concretização das expectativas otimistas está ameaçada por restrições do crescimento da oferta. Outra limitação está associada à lentidão da expansão da malha de transporte. A previsão de que a rede de gasodutos dobre nos próximos dois anos não deve acontecer, até porque o Gasoduto SudesteNordeste, previsto para entrar em operação em 2008, para transportar o gás de Mexilhão para o Nordeste, não estará concluído. O maior trecho desse gasoduto – 900 km dos 1.400 km previstos – ainda não tem licença ambiental e o seu processo de licitação não foi concluído. Para tentar agilizar os investimentos no mercado de gás, está em avaliação no Congresso Nacional a Emenda Substitutiva 25/2006 do Projeto de Lei 226/2005 do Senado, de autoria do senador Rodolpho Tourinho. Essa proposta de regulamentação dispõe sobre importação, exportação, processamento, transporte, armazenagem, liquefação, regaseificação, distribuição

Gráfico I

Produção, importação e consumo (bilhões de m³)

e comercialização do gás natural. Contudo, as divergências entre a proposta e a Petrobras ainda são grandes e dificilmente serão resolvidas em ano de eleição. Além dos problemas locais, a recente mudança no governo boliviano começa a lançar dúvidas sobre as relações entre a empresa brasileira e aquele governo. Pela nova lei boliviana de hidrocarbonetos, as reservas de combustível fóssil no país são consideradas propriedade do Estado e a taxação sobre empresas petrolíferas será aumentada. Além disso, o novo governo boliviano quer substituir o regime de concessão pela contratação na forma de prestação de serviços, o que, a princípio, a Petrobras não estaria aceitando. Por outro lado, a Bolívia vai ter que levar em consideração os planos de

investimentos de empresas como a Petrobras, que poderão ficar ameaçados e, com isso, afetar o fornecimento local. Os contratos atuais vão até 2019. O governo boliviano prometeu revelar até o final do mês o seu novo projeto, que envolve a recuperação do controle do Estado das fontes de petróleo e gás natural. O país anunciou também que está iniciando contatos com o grupo russo Gazprom, para tratar de desenvolvimento de projetos de exportação de gás. Enquanto as negociações não avançam, os investimentos naquele país foram interrompidos. Por enquanto, as únicas certezas são de que o preço desse combustível será aumentado e de que, se as termoelétricas estivessem funcionando, já haveria falta de gás natural no País

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crédito ao consumidor

Arquivo ACREFI

Competitivo e preparado para poder crescer

No último dia 4 de abril, a Acrefi participou do encontro da Fibafin, em Belo Horizonte (MG), e foi convidada a explanar sobre a evolução do crédito ao consumo no Brasil. Nesse encontro, foi demonstrada a baixa relação entre o volume de crédito sobre o PIB. No entanto, o crescimento anual vem surpreendendo, superando os 30%, motivado, obviamente, pela demanda reprimida da população brasileira. Um dos motivos dessa relação é o prazo curto das operações de crédito. Nos países vizinhos e nos Estados Unidos, por exemplo, esse prazo é impulsionado pelo crédito imobiliário, pelo financiamento de veículos com prazos mais longos, formando uma carteira mais consistente e alongada. No Brasil, esse movimento se inicia por meio do crédito de veículos e também pelo crédito consignado, com taxas mais baixas e com garantias que alavancaram boa parte desses 30% de crescimento.

ADALBERTO SAVIOLI, DIRETOR DE CRÉDITO DO BANCO PANAMERICANO

No passado, havia pouco investimento, baixa produtividade e nenhuma tecnologia, além dos riscos constantes de repasse financeiro É percebido que as instituições fi nanceiras têm muito receio do risco de crédito das demais modalidades de financiamento e, por conta disso, a oferta acaba ficando mais concentrada nas modalidades com menor risco, nas quais a competição cresce a cada dia. Parte dessa restrição está vinculada à liberação dos sistemas de informação positiva, bem como à disponibilização racional e organizada dos dados cadastrais das pessoas, de forma a reduzir as fraudes. Nos demais países, a informação positiva é algo natural e cuidada como se fosse um patrimônio.

Outro fato importante, que causa cuidados especiais e acaba reduzindo a oferta de crédito, é que mais da metade da População Economicamente Ativa (PEA) não possui carteira assinada e nenhuma comprovação de renda, muito menos estabilidade financeira para adquirir financiamentos de longo prazo. Aliado a essas dificuldades, os dados de inadimplência no País assustam, pois mais de 40 milhões de pessoas possuem atrasos no mercado. No entanto, o rumo da economia brasileira, já estabilizada, com menos turbulências e com um empresariado mais maduro, está propiciando maior vontade e dedicação das instituições financeiras em investir no crédito ao consumo. Além disso, a queda na taxa Selic naturalmente impulsionará esse mercado, haja vista que os recursos empoçados em títulos públicos vão ter o rendimento do capital reduzido e haverá necessidade de rentabilizar melhor esses recursos via “risco de crédito”.


Outra boa notícia é que a evolução nos sistemas de crédito vem acompanhando esse movimento todo do mercado e haverá maior segurança para crescer, usando modelagem de crédito, com maior discriminação entre o certo e o duvidoso. Inicia-se, também, o processo de consulta de endividamento para os clientes que possuem maiores riscos, por meio da central do Bacen, assim como muitos dos indivíduos que estão comprando hoje já são clientes e seus comportamentos estão sendo usado para a oferta de mais produtos e crédito. Outro item positivo a ser mencionado é que, nos últimos dez anos, houve a profissionalização das empresas de cobrança e a melhoria dos processos. No passado, havia pouco investimento, baixa produtividade e nenhuma tecnologia, além dos riscos constantes de repasse financeiro, gerando incertezas às instituições financeiras que perdiam dinheiro e clientes, ainda respondiam a processos judiciais e, muitas vezes, os clientes pagavam, mas o recurso não chegava à instituição,

Atualmente, a área de cobrança conta com diferentes recursos de produtividade: cobranças via e-mail, celulares ou telefones fixos com transtornos incalculáveis. Obviamente, pelo crescimento do mercado e da inadimplência, a recuperação de créditos no Brasil acabou virando um outro negócio dentro das instituições, seja pela receita adicional gerada pelos encargos sobre atraso, seja pelo aumento na eficiência das empresas de cobrança, que antes consideravam um crédito acima de 180 dias como definitivamente perdido. Falando em perdas, no passado essa carteira era praticamente desprezada pelas instituições financeiras e pelas cobradoras, fato que mudou muito pela recolocação de emprego, que hoje chega perto dos oito meses, e também pela especialização das empresas que hoje trabalham nessa fase de atrasos.

Os investimentos tecnológicos, realizados durante a década de 90 nas áreas de crédito, têm sido redirecionados para a área de cobrança nos últimos anos, por meio de discadores preditivos e sistemas de análise de probabilidade de recebimento de determinado devedor, diferenciando a atuação conforme o seu perfil. Os órgãos de proteção ao crédito também têm auxiliado muito nessa melhoria, informando aos credores quais clientes estão sofrendo movimentação de pagamento em suas carteiras, fazendo com que as estratégias sejam mais bem direcionadas. Atualmente, a área de cobrança conta com recursos de produtividade como nunca foi visto, cobrança via e-mail, cobrança eletrônica via celulares ou telefones fixos. Outra mudança importante é que os pagamentos efetuados pelos devedores são diretamente direcionados para a conta do credor, reduzindo o risco de repasse, uma vez que não há transição na conta das empresas de cobrança. Com certeza, o mercado está muito mais preparado para crescer...

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24 de maio de 2006 • Perspectivas do Varejo Marcel Solimeo Superintendente Institucional da Associação Comercial de São Paulo

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artigo

Arquivo ACREFI

Austeridade heterodoxa

A nomeação de Guido Mantega para a Fazenda provocou preocupação no mercado porque, quando ele era presidente do BNDES, foi crítico da política de superávit primário, praticada pelo ministério que ora ocupa, e da atuação do Banco Central no tocante às taxas de juros. Suas afirmações iniciais sobre o cumprimento da meta de 4,25% do PIB, fixada para 2006, deixam claro que o objetivo do governo em termos fiscais passa a ser, agora, o do “mínimo necessário” de austeridade e não mais o “máximo possível”, que parecia ser a orientação da equipe anterior quando o Tesouro obteve percentuais de superávit primário superior às metas. Aumenta a preocupação na medida em que os dados relativos aos primeiros meses do ano apontam para crescimento rápido e acentuado das despesas, o que parece sinalizar para a possibilidade de uma forte expansão dos gastos públicos até as eleições e, depois, no final do ano, um aperto para cumprir estritamente a meta. Esse quadro é agravado pelo fato de que muitos dos gastos que têm aumentado são de caráter permanente, como o do salário mínimo e dos aposentados, os quais têm impacto sobre as contas da Previdência. Também o crescimento do número de funcionários públicos, que impacta a folha de pessoal, e a expansão dos recursos destinados aos programas sociais, resultante da elevação dos valores e do maior contingente de beneficiários, terão impacto nos próximos anos. Deve-se considerar, ainda,

MARCEL DOMINGOS SOLIMEO, SUPERINTENDENTE DO IEGV-INSTITUTO DE ECONOMIA GASTÃO VIDIGAL DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO

Para Mantega, quem deseja um superávit primário maior, ou seja, um déficit público menor, é ortodoxo

a qualidade do superávit primário que tem sido obtido, inclusive, nos períodos anteriores, por aumentos expressivos da receita, fruto da constante elevação da carga tributária e do corte de investimentos, enquanto as despesas de custeio continuam a se expandir sem qualquer tentativa de controle. A equipe econômica anterior não apenas se esforçava para obter resultados fi scais superiores às metas como defendia um programa de eliminação gradativa do desequilíbrio das contas públicas, na linha da proposta de défi cit zero do deputado Delfi m Neto. Essa posição foi fulminada pela ministra Dilma Roussef, com muitos apoios de membros do governo, inclusive de Guido Mantega. O Brasil enfrenta sério problema na discussão do ajuste do setor público porque se concentra sobre os percentuais do superávit primário, o que falseia a realidade da questão fiscal brasileira. Essa invenção cabocla, que transforma déficit fiscal, conceito universal que é a diferença entre a receita e a despesa pública, em superávit primário; ao não incluir os gastos com juros, somente serve para confundir o debate. Isso distorce o

22

entendimento da maioria da população sobre a situação efetiva das contas públicas e leva muitos, inclusive alguns que deveriam saber a diferença entre uma coisa e outra, a questionar o superávit excessivo e a defender aumento dos gastos. O ministro da Fazenda, em entrevista em Washington, afirmou que quem deseja um superávit primário maior, ou seja, um défi cit público menor, é ortodoxo. Para Mantega, a discussão sobre o superávit, que na verdade é défi cit, é ideológica e ele se coloca contra os ortodoxos, o que permite concluir que, em matéria de finanças públicas, o ministro é heterodoxo. Seja lá o que isso possa significar, é motivo de preocupação. Segundo o ministro, quem defende o aumento do superávit é contra os gastos sociais. Pare ele, não é possível reduzir gastos de custeio em um governo que tem mais de 30 ministérios e que criou milhares de cargos de confiança para acomodar os “companheiros” do partido e dos sindicatos. Parece que, para este ano, somente resta torcer para que a meta de superávit primário de 4,25% do PIB, que corresponde a um déficit efetivo superior a 3,0% do Produto, seja atingida com o mínimo de distorções possível, isto é, menor corte de investimentos e expansão dos gastos permanentes. Resta saber qual será a posição do governo em um eventual novo mandato de Lula. É de se esperar que durante a campanha isso seja esclarecido FINANCEIRO


banco de dados por INEPAD TAXAS MÉDIAS GERAL DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

46,7 47,1 47,8 47,3 47,2 47,4 48,1 48,2 47,1 45,9 46,1 46,2 45,7

0,3 0,4 0,7 -0,5 -0,1 0,2 0,7 0,1 -1,1 -1,2 0,2 0,1 -0,5

19,0 19,4 19,4 19,2 19,0 18,9 18,7 18,4 17,7 17,1 16,4 16 15,6

0,2 0,4 0,0 -0,2 -0,2 -0,1 -0,2 -0,3 -0,7 -0,6 -0,7 -0,4 -0,4

27,7 27,7 28,4 28,1 28,2 28,5 29,4 29,8 29,4 28,8 29,7 30,2 30,1

0,1 0,0 0,7 -0,3 0,1 0,3 0,9 0,4 -0,4 -0,6 0,9 0,5 -0,1

Variação mar-mar

-1,0

-3,4

2,4

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

PESSOA FÍSICA DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

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mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

61,6 61,7 62,5 61,3 61,3 61,1 62,1 61,7 60,4 59,3 59,7 59,2 59,0

-0,2 0,1 0,8 -1,2 0,0 -0,2 1,0 -0,4 -1,3 -1,1 0,4 -0,5 -0,2

18,7 19,1 18,9 18,4 18,2 18,2 18,0 17,8 17,2 16,5 16,0 15,5 15,0

0,1 0,4 -0,2 -0,5 -0,2 0,0 -0,2 -0,2 -0,6 -0,7 -0,5 -0,5 -0,5

45,3 45,4 43,6 42,9 43,1 42,9 44,1 43,9 43,2 42,8 43,7 43,7 44,0

-0,1 0,1 -1,8 -0,7 0,2 -0,2 1,2 -0,2 -0,7 -0,4 0,9 0,0 0,3

Variação mar-mar

-2,6

-3,7

-1,3

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

PESSOA JURÍDICA DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

32,9 33,3 33,7 33,4 33,0 33,2 33,3 33,4 32,4 31,7 31,3 31,6 30,7

0,5 0,4 0,4 -0,3 -0,4 0,2 0,1 0,1 -1,0 -0,7 -0,4 0,3 -0,9

19,2 19,6 19,9 19,8 19,6 19,5 19,2 18,9 18,2 17,7 16,8 16,5 16,2

0,3 0,4 0,3 -0,1 -0,2 -0,1 -0,3 -0,3 -0,7 -0,5 -0,9 -0,3 -0,3

13,7 13,7 13,8 13,6 13,4 13,7 14,1 14,5 14,2 14,0 14,5 15,1 14,5

0,2 0,0 0,1 -0,2 -0,2 0,3 0,4 0,4 -0,3 -0,2 0,5 0,6 -0,6

Variação mar-mar

-2,2

-3,0

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

ACREFI

23

0,8


banco de dados por INEPAD SPREAD FINANCEIRO

CRÉDITO PESSOA FÍSICA CRÉDITO PESSOAL Volume

50,0 45,0 40,0 35,0

SPREAD FINANCEIRO

30,0 25,0 20,0

Aplicação

71,00

65.000

70,50

60.000

70,00

55.000

69,50

50.000

69,00

45.000

68,50

40.000

68,00

35.000

67,50

30.000

mar/06

fev/06

jan/06

dez/05

nov/05

out/05

set/05

ago/05

jul/05

jun/05

mai/05

abr/05

mar/05

15,0

Taxa Juros

70.000

67,00

mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 06 06 06

Captação

Volume

Taxa de Juros

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - PREFIXADOS

(R$ milhões)

MÊS / ANO

CHEQUE ESPECIAL

VARIAÇÃO EM %

CRÉDITO PESSOAL

VARIAÇÃO EM %

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO

VARIAÇÃO EM %

CARTÃO DE CRÉDITO

VARIAÇÃO EM %

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

11 502 11 550 12 044 11 790 11 647 12 265 12 297 12 509 12 527 10 974 12 232 11 790 12 819

3,89% 0,42% 4,28% -2,11% -1,22% 5,31% 0,26% 1,73% 0,15% -12,40% 11,46% -3,62% 8,73%

49 965 52 333 54 345 55 426 57 270 59 015 60 531 61 650 63 255 63 444 65 010 66 658 67 940

5,82% 4,74% 3,84% 1,99% 3,33% 3,05% 2,57% 1,85% 2,60% 0,30% 2,47% 2,53% 1,92%

1 057 1 047 1 053 1 049 1 028 1 037 948 947 947 956 900 842 876

-1,38% -0,97% 0,59% -0,42% -1,97% 0,83% -8,53% -0,08% -0,03% 0,95% -5,91% -6,42% 4,03%

9 231 9 942 10 051 10 196 10 512 10 687 11 211 11 495 11 774 11 260 11 882 12 657 12 098

-2,21% 7,70% 1,10% 1,44% 3,10% 1,67% 4,90% 2,53% 2,43% -4,37% 5,53% 6,53% -4,41%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados/continuação (R$ milhões) AQUISIÇÃO MÊS / ANO mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

VEÍCULOS

VARIAÇÃO EM %

OUTROS

VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

OUTROS

VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

40 221 40 958 41 795 42 723 43 636 45 044 46 218 47 406 48 935 50 685 51 938 53 154 54 217

2,24% 1,83% 2,04% 2,22% 2,14% 3,23% 2,61% 2,57% 3,23% 3,57% 2,47% 2,34% 2,00%

7 394 7 578 7 992 8 351 8 824 9 416 9 471 9 621 10 031 10 229 10 241 10 161 10 106

1,10% 2,48% 5,47% 4,50% 5,66% 6,71% 0,58% 1,59% 4,26% 1,98% 0,12% -0,79% -0,54%

47 615 48 535 49 787 51 074 52 460 54 460 55 689 57 027 58 966 60 914 62 179 63 315 64 323

2,06% 1,93% 2,58% 2,59% 2,71% 3,81% 2,26% 2,40% 3,40% 3,30% 2,08% 1,83% 1,59%

6 177 6 437 6 889 7 097 7 349 7 702 8 016 8 144 8 414 7 643 8 386 8 545 9 101

5,88% 4,21% 7,02% 3,02% 3,56% 4,79% 4,09% 1,59% 3,32% -9,17% 9,73% 1,90% 6,51%

125 547 129 844 134 169 136 632 140 266 145 166 148 692 151 773 155 884 155 190 160 589 163 806 167 159

3,51% 3,42% 3,33% 1,84% 2,66% 3,49% 2,43% 2,07% 2,71% -0,44% 3,48% 2,00% 2,05%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

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FINANCEIRO


VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - CRÉDITO CONSIGNADO MÊS / ANO

CRÉDITO PESSOAL*

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 Var. mar-mar

49.965 52.333 54.345 55.426 57.270 59.015 60.531 61.650 63.255 63.444 65.010 66.658 67.940 136,0%

CONSIGNADO Públicos

Privados

Total

Amostra**

19.159 20.594 22.008 22.701 24.024 25.301 26.239 26.961 27.663 28.332 29.558 30.512 31.155

2.920 3.109 3.297 3.453 3.651 3.840 4.070 4.200 4.284 3.988 4.113 4.287 4.374

22.080 23.703 25.305 26.154 27.675 29.141 30.309 31.160 31.947 32.320 33.670 34.799 35.529 160,9%

15.545 16.625 17.897 18.833 19.712 20.773 21.488 22.076 22.829 22.981 23.828 24.325 24.961 160,6%

(R$ milhões)

Concentração Taxa de Juros %aa do Consignado % Consignado*** Estimativa INEPAD Consignado Pessoal Diferença 44,2% 45,3% 46,6% 47,2% 48,3% 49,4% 50,1% 50,5% 50,5% 50,9% 51,8% 52,2% 52,3%

70,4% 70,1% 70,7% 72,0% 71,2% 71,3% 70,9% 70,8% 71,5% 71,1% 70,8% 69,9% 70,3% 99,8%

38,6% 38,4% 37,5% 37,5% 37,4% 37,2% 37,0% 37,2% 36,8% 36,4% 37,3% 36,5% 37,1%

68,7% 68,7% 69,9% 68,6% 69,4% 69,5% 70,6% 70,3% 68,7% 67,3% 68,9% 68,6% 67,8%

29,8% 30,1% 31,5% 31,1% 31,9% 32,1% 33,4% 33,4% 31,5% 30,5% 32,5% 31,3% 31,3%

FONTE: INEPAD / BC * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.

INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS CRÉDITO PESSOAL (R$ mil)

Mês/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

43.853.143 45.958.211 47.958.159 49.107.813 50.932.454 52.427.636 53.827.919 54.713.121 55.990.494 56.136.655 57.042.030 58.321.338 59.206.190

1.263.104 1.224.836 1.364.220 1.260.105 1.180.764 1.322.628 1.353.921 1.362.100 1.455.906 1.224.611 1.486.211 1.246.582 1.615.035

2,53% 2,34% 2,51% 2,27% 2,06% 2,24% 2,24% 2,21% 2,30% 1,93% 2,29% 1,87% 2,38%

1.427.796 1.421.446 1.432.355 1.494.652 1.485.848 1.528.370 1.558.238 1.690.157 1.748.058 1.642.233 1.749.070 1.784.257 1.888.211

2,86% 2,72% 2,64% 2,70% 2,59% 2,59% 2,57% 2,74% 2,76% 2,59% 2,69% 2,68% 2,78%

2.800.103 3.078.013 2.951.453 3.013.742 3.145.514 3.288.510 3.397.809 3.547.908 3.723.372 3.782.350 4.011.398 4.343.144 4.549.919

5,60% 5,88% 5,43% 5,44% 5,49% 5,57% 5,61% 5,75% 5,89% 5,96% 6,17% 6,52% 6,70%

49.965.156 52.332.903 54.344.976 55.426.011 57.270.000 59.015.306 60.531.439 61.650.256 63.254.734 63.443.780 65.010.067 66.657.810 67.940.167

5,82% 4,74% 3,84% 1,99% 3,33% 3,05% 2,57% 1,85% 2,60% 0,30% 2,47% 2,53% 1,92%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil)

Mês/Ano

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

Saldo

Com atraso

sem atraso

de 15 a 30 dias

36.869.843 37.642.112 38.206.540 39.234.937 40.002.093 41.251.555 42.259.001 42.968.220 44.340.233 46.288.603 47.223.936 48.235.357 49.027.545

1.386.782 1.275.989 1.458.922 1.359.409 1.448.473 1.544.357 1.510.645 1.733.980 1.697.635 1.613.661 1.780.885 1.628.580 1.813.983

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

3,45% 3,12% 3,49% 3,18% 3,32% 3,43% 3,27% 3,66% 3,47% 3,18% 3,43% 3,06% 3,35%

1.205.748 1.278.733 1.384.923 1.391.475 1.404.040 1.458.118 1.522.771 1.719.567 1.839.634 1.653.627 1.832.465 1.902.362 1.981.163

3,00% 3,12% 3,31% 3,26% 3,22% 3,24% 3,29% 3,63% 3,76% 3,26% 3,53% 3,58% 3,65%

756.356 758.170 741.774 733.856 776.692 783.591 917.115 974.016 1.046.108 1.115.317 1.216.214 1.302.049 1.391.751

1,88% 1,85% 1,77% 1,72% 1,78% 1,74% 1,98% 2,05% 2,14% 2,20% 2,34% 2,45% 2,57%

40.221.467 40.957.737 41.795.094 42.722.706 43.636.074 45.043.780 46.218.118 47.406.012 48.935.289 50.684.709 51.938.053 53.154.236 54.217.386

2,24% 1,83% 2,04% 2,22% 2,14% 3,23% 2,61% 2,57% 3,23% 3,57% 2,47% 2,34% 2,00%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

ACREFI

25


banco de dados por INEPAD INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS (R$ mil)

Mê s/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

5.948.868 6.107.852 6.445.620 6.790.933 7.190.986 7.699.456 7.790.947 7.837.518 8.165.263 8.457.452 8.582.675 8.179.088 8.077.949

364.990 357.857 375.047 359.584 372.685 424.811 369.647 394.773 389.994 334.255 420.236 408.345 448.702

4,94% 4,72% 4,69% 4,31% 4,22% 4,51% 3,90% 4,10% 3,89% 3,27% 4,10% 4,02% 4,44%

417.733 418.795 414.913 416.052 406.831 414.857 424.936 446.640 461.045 398.093 422.074 472.486 548.705

5,65% 5,53% 5,19% 4,98% 4,61% 4,41% 4,49% 4,64% 4,60% 3,89% 4,12% 4,65% 5,43%

652.454 683.148 745.969 774.531 830.585 865.811 873.070 928.949 986.686 1.003.506 1.043.799 983.426 1.006.979

8,82% 9,02% 9,33% 9,27% 9,41% 9,19% 9,22% 9,66% 9,84% 9,81% 10,19% 9,68% 9,96%

7.393.980 7.577.546 7.991.679 8.351.397 8.824.004 9.416.143 9.470.618 9.621.180 10.030.622 10.229.173 10.241.441 10.160.748 10.106.067

1,10% 2,48% 5,47% 4,50% 5,66% 6,71% 0,58% 1,59% 4,26% 1,98% 0,12% -0,79% -0,54%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO Março/2006 (em R$ mil) 20,1% Atraso de mais de 90 dias 4.549.919

56,5%

23,4%

INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS - PREFIXADO Março/2006 (em R$ mil)

Atraso de 15 a 30 dias 1.615.035

Atraso de 31 a 90 dias 1.981.163

22,4%

35,0%

Atraso de 15 a 30 dias 1.813.983

INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO Março/2006 (em R$ mil) Atraso de 15 a 30 dias 272.133

Atraso de 15 a 30 dias 448.702

14,9% Atraso de mais de 90 dias 1.069.336

50,2% 27,4%

38,2%

Atraso de 31 a 90 dias 1.888.211

INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO OUTROS BENS - PREFIXADO Março/2006 (em R$ mil)

Atraso de mais de 90 dias 1.006.979

26,8%

Atraso de mais de 90 dias 1.391.751

58,6%

26,5%

Atraso de 31 a 90 dias 548.705

Atraso de 31 a 90 dias 484.888

OUTRAS OPERAÇÕES (R$ mil)

Mê s/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

3.453.875 3.586.571 3.579.408 3.654.442 3.796.891 4.060.034 4.212.346 4.477.039 4.514.410 4.600.843 4.985.299 5.167.569 5.499.261

218.566 186.260 183.304 207.002 214.947 226.263 243.579 302.742 288.299 287.716 291.463 303.992 272.133

3,54% 2,89% 2,66% 2,92% 2,92% 2,94% 3,04% 3,72% 3,43% 3,76% 3,48% 3,56% 2,99%

383.012 348.687 338.569 356.159 381.234 417.153 446.176 501.179 650.275 842.357 522.083 510.861 484.888

6,20% 5,42% 4,91% 5,02% 5,19% 5,42% 5,57% 6,15% 7,73% 11,02% 6,23% 5,98% 5,33%

783.905 778.224 679.473 705.436 716.611 742.541 791.179 890.238 902.839 870.484 1.143.252 1.261.199 1.069.336

12,69% 12,09% 9,86% 9,94% 9,75% 9,64% 9,87% 10,93% 10,73% 11,39% 13,63% 14,76% 11,75%

6.176.684 6.436.891 6.888.526 7.096.557 7.349.412 7.701.548 8.016.385 8.143.922 8.413.988 7.642.768 8.386.089 8.545.025 9.101.279

5,88% 4,21% 7,02% 3,02% 3,56% 4,79% 4,09% 1,59% 3,32% -9,17% 9,73% 1,90% 6,51%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

26

FINANCEIRO


DESEMPREGO TAXA DE DESEMPREGO (%) DATA

Brasil

Var. p.p.

SP

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

10,80 10,80 10,20 9,40 9,40 9,40 9,60 9,60 9,60 8,30 9,20 10,10 10,40

0,20 0,00 -0,60 -0,80 0,00 0,00 0,20 0,00 0,00 -1,30 0,90 0,90 0,30

11,50 11,40 10,50 10,50 9,90 9,40 9,70 9,60 9,70 7,80 9,20 10,50 10,60

TAXA DE DESEMPREGO Taxa (%)

Var. p.p. 0,00 -0,10 -0,90 0,00 -0,60 -0,50 0,30 -0,10 0,10 -1,90 1,40 1,30 0,10

Fonte: IBGE/INEPAD

Variação (p.p.)

12,0

1,00

11,5 0,50

11,0 10,5

0,00

10,0 9,5

-0,50

9,0 8,5

-1,00

8,0 -1,50

7,5

mar 05

abr 05

mai 05

jun 05

Brasil

jul 05

ago 05

set 05

out 05

SP

nov 05

dez 05

jan 06

fev 06

mar 06

Var. p.p. mensal Brasil

Fonte: IBGE/INEPAD

RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)

RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$) DATA

Brasil

Var. %

SP

Var. %

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

982,49 965,27 950,89 965,24 989,34 995,97 995,91 981,96 985,62 1.003,08 990,66 1.001,43 1.006,80

0,5% -1,8% -1,5% 1,5% 2,5% 0,7% 0,0% -1,4% 0,4% 1,8% 0,0% -1,2% 1,1%

1.127,90 1.090,57 1.087,02 1.102,07 1.135,36 1.132,24 1.118,76 1.088,38 1.112,45 1.138,91 1.119,76 1.156,31 1.155,00

1,3% -3,3% -0,3% 1,4% 3,0% -0,3% -1,2% -2,7% 2,2% 2,4% 0,0% -1,7% 3,3%

Fonte: IBGE/INEPAD

1.200

0,03

1.150

0,025

1.100

0,02

1.050

0,015

1.000

0,01

950

0,005

900

0

850

-0,005

800

-0,01

750

-0,015

700

-0,02

mar 05

abr 05

mai 05

Brasil

jun 05

jul 05

ago 05

set 05

out 05

SP

nov 05

dez 05

jan 06

fev 06

mar 06

Var. % mensal Brasil

Fonte: IBGE/INEPAD

COMÉRCIO VAREJISTA VOLUME DE VENDAS

VOLUME DE VENDAS Data

Índice Hipermercados e Veículos,Motos, Var. % Var. % Var. % Geral Supermercados Partes e Peças 170

fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 Variação fev-fev

97,10 111,36 107,75 112,29 110,11 114,61 113,75 109,29 115,46 114,98 162,59 112,02 102,29 5,35%

-7,7% 14,7% -3,2% 4,2% -1,9% 4,1% -0,8% -3,9% 5,6% -0,4% 41,4% -31,1% -8,7%

96,37 111,90 104,70 104,61 102,99 110,16 108,46 106,62 112,73 109,12 144,00 11023,0% 10300,0% 6,88%

-9,1% 16,1% -6,4% -0,1% -1,5% 7,0% -1,5% -1,7% 5,7% -3,2% 32,0% -23,5% -6,6%

99,38 122,56 113,56 115,74 117,37 112,82 128,55 118,91 119,61 129,54 138,57 119,14 100,45

-16,5% 23,3% -7,3% 1,9% 1,4% -3,9% 13,9% -7,5% 0,6% 8,3% 7,0% -14,0% -15,7%

160 150 140 130 120 110 100 90 80

Índice Geral

1,08%

Fonte: IBGE/INEPAD

ACREFI

fev mar abr mai jun 05 05 05 05 05

27

jul 05

ago set 05 05

Hipermercados e Supermercados

out nov dez jan 05 05 05 06

fev 06

Veículos, Motos, Partes e Peças


banco de dados por INEPAD PREVISÕES ECONÔMICAS Ano de 2006

PIB Total % a.a.

PIB Agropecuário % a.a.

PIB Indústria % a.a.

PIB Serviço % a.a.

Produção Industrial % a.a.

3,50 3,46 3,52 3,54

3,69 3,46 3,46 3,50

4,15 4,10 4,11 4,12

2,79 2,86 2,88 3,02

4,10 4,20 4,44 4,44

Selic Taxa anual

IGP-DI % a.a.

IPCA % a.a.

Taxa de Câmbio R$/US$

Saldo Comercial US$ bilhões

15,00 14,26 14,07 14,08

4,55 3,72 3,53 3,29

4,58 4,35 4,13 4,15

2,40 2,22 2,20 2,20

38,00 39,95 40,40 40,49

Var. p.p.

DATA

Previsão 13/01/2006 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 20/04

Início de 2006 Previsão 13/01/2006 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 20/04 Fonte: BC-Focus/INEPAD

ATIVIDADE ECONÔMICA DATA

Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral

Var. % -0,5%

fev/05

81,32

0,14

fev/05

110,50

mar/05

83,02

1,70

mar/05

110,46

0,0%

abr/05

81,84

-1,18

abr/05

110,40

-0,1%

mai/05

82,32

0,48

mai/05

111,48

1,0%

jun/05

82,76

0,44

jun/05

112,55

1,0%

jul/05

81,57

-1,19

jul/05

112,85

0,3%

ago/05

82,86

1,29

ago/05

113,00

0,1%

set/05

81,19

-1,67

set/05

111,75

-1,1%

out/05

81,51

0,32

out/05

111,41

-0,3%

nov/05

81,31

-0,20

nov/05

111,05

-0,3%

dez/05

79,30

-2,01

dez/05

112,46

1,3%

jan/06

79,26

-0,04

jan/06

113,22

0,7%

fev/06

79,54

0,28

fev/06

114,11

0,8%

Variação fev-fev

Variação fev-fev

-2,19%

Fonte: CNI/INEPAD

3,27%

Fonte: IBGE/INEPAD

PRODUÇÃO (ÍNDICE) X CAPACIDADE (%) Capacidade (%)

Produção - Índice

111

79,0

110

Fonte: INEPAD

Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

fev/06

111

79,5 jan/06

80,0

dez/05

112

nov/05

112

80,5

out/05

81,0

set/05

113

ago/05

113

81,5

jul/05

82,0

jun/05

114

mai/05

114

82,5

abr/05

83,0

mar/05

115

fev/05

83,5

Índice de Produção Física Média Móvel Trim estral

28

FINANCEIRO


INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS PRODUÇÃO

PRODUÇÃO

(em unidades) (em unidades)

Data

Produção

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

220.722 205.739 215.005 219.272 205.648 220.469 207.428 190.651 213.119 200.332 195.399 205.534 230.414

Média Trim. Var. Mensal Var. Mensal (%)

189.991 204.992 213.822 213.339 213.308 215.130 211.182 206.183 203.733 201.367 202.950 200.422 210.449

32.208 -14.983 9.266 4.267 -13.624 14.821 -13.041 -16.777 22.468 -12.787 -4.933 10.135 24.880

Variação mar-05/mar-06

17,1% -6,8% 4,5% 2,0% -6,2% 7,2% -5,9% -8,1% 11,8% -6,0% -2,5% 5,2% 12,1%

230.000 220.000 210.000 200.000 190.000 180.000 170.000 160.000 150.000

mar 05

abr 05

mai 05

jun 05

jul 05

ago 05

Produção

4,4%

set 05

out 05

nov 05

dez 05

jan 06

fev 06

mar 06

fev 06

mar 06

Média trimestral

Fonte: Anfavea/INEPAD

VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS

VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS

(em unidades) (em unidades)

Data

Vendas

Média Trim.

Variação

Variação(%)

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

149.026 137.759 138.078 140.036 133.948 147.553 138.873 131.588 145.900 152.144 124.650 129.362 155.501

121.790 134.074 141.621 138.624 137.354 140.512 140.125 139.338 138.787 143.211 140.898 135.385 136.504

33.590 -11.267 319 1.958 -6.088 13.605 -8.680 -7.285 14.312 6.244 -27.494 4.712 26.139

29,1% -7,6% 0,2% 1,4% -4,3% 10,2% -5,9% -5,2% 10,9% 4,3% -18,1% 3,8% 20,2%

Variação mar-05/mar-06

165.000 155.000 145.000 135.000 125.000 115.000 105.000 95.000

mar 05

abr 05

mai 05

jun 05

jul 05

ago 05

Vendas

4,3%

set 05

out 05

nov 05

dez 05

jan 06

Média trimestral

Fonte: Anfavea/INEPAD

EXPORTAÇÃO TOTAL

EXPORTAÇÃO TOTAL

(em unidades) (em unidades)

Data

mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

Exportações Média Trim.

69.618 72.261 76.218 77.600 74.229 71.811 74.057 61.827 66.078 68.704 57.844 70.749 72.394

59.040 67.965 72.699 75.360 76.016 74.547 73.366 69.232 67.321 65.536 64.209 65.766 66.996

Variação mar-05/mar-06

Variação

Variação(%)

7.603 2.643 3.957 1.382 -3371 -2418 2246 -12230 4251 2626 -10860 12905 1645

12,3% 3,8% 5,5% 1,8% -4,3% -3,3% 3,1% -16,5% 6,9% 4,0% -15,8% 22,3% 2,3%

80.000 75.000 70.000 65.000 60.000 55.000 50.000 45.000

mar 05

mai 05

jun 05

Exportações

4,0%

Fonte: Anfavea/INEPAD

ACREFI

abr 05

29

jul 05

ago 05

set 05

out 05

nov 05

dez 05

Média trimestral

jan 06

fev 06

mar 06


banco de dados por INEPAD INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (em unidades) Data

Vendas

1000cc

% no Total

1000cc a 2000cc

% no total

>2000cc

% no total

fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06

90.791 118.654 109.276 114.220 117.455 110.007 120.586 115.297 111.001 129.274 149.113 107.085 103.485

48.776 63.602 59.904 62.997 63.907 62.061 66.726 63.759 63.584 73.190 83.361 60.215 57.587

53,7% 53,6% 54,8% 55,2% 54,4% 56,4% 55,3% 55,3% 57,3% 56,6% 55,9% 56,2% 55,6%

41.677 54.631 48.753 50.654 52.978 47.551 53.354 50.993 46.959 54.860 63.866 45.262 44.424

45,9% 46,0% 44,6% 44,3% 45,1% 43,2% 44,2% 44,2% 42,3% 42,4% 42,8% 42,3% 42,9%

338 421 619 569 570 395 506 545 458 1.224 1.886 1.608 1.474

0,4% 0,4% 0,6% 0,5% 0,5% 0,4% 0,4% 0,5% 0,4% 0,9% 1,3% 1,5% 1,4%

Fonte: Anfavea/INEPAD

LICENCIAMENTO POR CATEGORIA - AUTOMÓVEIS

90.000 80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000

fev 05

mar 05

abr 05

1000 cc

mai 05

jun 05

jul 05

ago 05

set 05

CRÉDITO PESSOAL

49.965 52.333 54.345 55.426 57.270 59.015 60.531 61.650 63.255 63.444 65.010 66.658 67.940

TAXAS DE JUROS

4,45 4,45 4,52 4,45 4,49 4,50 4,55 4,54 4,45 4,38 4,46 4,45 4,41

-0,07 0,00 0,06 -0,07 0,04 0,01 0,06 -0,02 -0,08 -0,07 0,08 -0,02 -0,04

68,70 68,70 69,90 68,60 69,40 69,50 70,60 70,30 68,70 67,30 68,90 68,60 67,80

dez 05

jan 06

fev 06

(R$ milhões)

AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS SALDO TOTAL

% Variação % Variação MÊS/ANO R$ milhões a.m. p.p a.a. p.p mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06

nov 05

1000 cc a 2000 cc

TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA

SALDO TOTAL

out 05

-1,30 0,00 1,20 -1,30 0,80 0,10 1,10 -0,30 -1,60 -1,40 1,60 -0,30 -0,80

R$ milhões 40.221 40.958 41.795 42.723 43.636 45.044 46.218 47.406 48.935 50.685 51.938 53.154 54.217

TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 2,64 2,66 2,68 2,65 2,60 2,58 2,59 2,57 2,53 2,52 2,55 2,55 2,49

0,03 0,02 0,02 -0,03 -0,05 -0,03 0,01 -0,02 -0,04 -0,01 0,03 -0,01 -0,05

SALDO TOTAL

% Variação a.a. p.p 36,70 37,00 37,40 36,90 36,10 35,70 35,90 35,60 34,90 34,80 35,30 35,20 34,40

AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS

0,50 0,30 0,40 -0,50 -0,80 -0,40 0,20 -0,30 -0,70 -0,10 0,50 -0,10 -0,80

R$ milhões 7.394 7.578 7.992 8.351 8.824 9.416 9.471 9.621 10.031 10.229 10.241 10.161 10.106

TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 4,12 3,87 3,87 3,67 3,70 3,65 3,99 3,95 3,80 4,27 3,92 3,69 3,82

-0,07 -0,25 0,01 -0,21 0,03 -0,06 0,34 -0,04 -0,15 0,47 -0,35 -0,23 0,14

% a.a.

Variação p.p

62,40 57,70 57,80 54,10 54,70 53,70 59,90 59,10 56,40 65,20 58,60 54,40 56,90

-1,30 -4,70 0,10 -3,70 0,60 -1,00 6,20 -0,80 -2,70 8,80 -6,60 -4,20 2,50

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

30

FINANCEIRO


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