Financeiro
ano 4 nº 37 jul/2006
Em rota de crescimento ENTREVISTA O cenário econômico, por Edgar da Silva Ramos
TENDÊNCIA Comércio muda para atender a novas demandas
©iStockphoto.com/Christine Balderas
TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES
O Brasil está preparado para enfrentar uma crise econômica mundial e apresentar índices positivos, apesar da falta de investimentos. A avaliação, apresentada durante palestra na Acrefi , é do professor Antônio Carlos Pôrto Gonçalves, da Fundação Getulio Vargas
editorial
Tristes trópicos
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Flávio Roberto Guarnieri
Érico Sodré Quirino Ferreira, Presidente da ACREFI
DIRETORIA Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Aquiles Leonardo Diniz, Gilberto Caldart, José Arthur Lemos de Assunção, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Ricardo Malcon, Ronaldo Amaral de Carvalho Pinto e Wilson Masao Kuzuhara Secretários Daniel Capelo Pinheiro e José Dante Zanaga Neto Tesoureiros Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Capella Diretores Regionais Carlos Alberto Samogim (SP-Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Evanir Coutinho Ussier (SP-Capital), Félix Archanjo Bordin (PR), Leonel Dias de Andrade Neto (RJ), Paulo Aguiar (Montadoras), Renato Malcon (RS), Sergio Faria Lemos da Fonseca Junior (DF e GO) e Tiziana Dadalto (ES) Diretores Adalberto Savioli, Álvaro Augusto Vidigal, Enílson Espínola de Souza, Felícitas Renner, Ivan Svitek, João Ayres Rabelo Filho, José Antônio Rigobello, Marcos Antonio Waideman, Moisés dos Santos Jardim e Sergio Antônio Cipovicci Diretores Conselheiros Humberto Casagrande Neto, Jerônimo Varalla Neto, Luiz Antônio Viana, Luiz Fonseca de Souza Meirelles Filho, Marcio Ronconi, Prince Cardoso, Ricardo Annes Guimarães e Rodrigo Bacellar Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos e Manoel de Oliveira Franco. Membros:Elcio Aníbal de Lucca (SERASA), Guilherme Afif Domingos (ACSP), João Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC), Rogelio Golfarb (ANFAVEA), Sergio Reze (FENABRAVE) e Walter Machado de Barros (IBEF SP) Conselho Fiscal Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e Roy Martelanc. Suplentes: Abílio Abreu Neto, Massimo Tagliavini e Matias Nazari Puga Neto Presidente Honorário João Uchôa Borges (In memoriam) Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Não é de hoje que a corrupção, os desmandos com o dinheiro público e o desrespeito aos direitos individuais – para falar pouco – se alternam no centro do noticiário brasileiro. Em épocas mais duras, a sociedade civil foi às ruas, brigou pela liberdade de expressão e, depois de anos de obscurantismo, elegeu o presidente da República, pelo voto direto. A Assembléia Nacional Constituinte consumiu horas e mais horas em análises, debates, estudos e troca de idéias para a elaboração de um conjunto de leis, as novas leis que garantiriam ao povo brasileiro viver plenamente um estado de direito, ao lado de instituições cada vez mais representativas e, com o tempo, cada vez mais sólidas. O mundo olhava para nós e pensava que frases como a famosa dita por De Gaulle, que o Brasil não era um país sério, já não espelhavam nossa realidade. O mundo olhava com admiração para o processo de depuração pelo qual passava aquele pedaço da América do Sul, cuja capital, Brasília, deixou de ser confundida com Buenos Aires e cujo país passou a ser admirado pela seriedade na condução desse processo. O Brasil renascia com energia, vigor e a promessa de novos tempos. Eles vieram, mas a renovação das práticas políticas não aconteceu. A timidez de nossos representantes nos distanciou do que merecíamos, e
o que assistimos com perplexidade, há algum tempo, é a uma inusitada inversão de valores. Não me refiro apenas aos fatos de Brasília e que ocupam as manchetes de jornais incessantemente. Falo também da insegurança da população nas ruas, que há muito deixaram de ser um espaço público para ser desfrutado pela comunidade, como é normal em todos os países civilizados. Falo em inversão de valores quando vejo a pouca ou quase nenhuma atenção dada à educação, no meu entender, peça-chave para o crescimento qualitativo do País. Falo, sobretudo, do atraso permanente a que estamos relegados e para o qual ninguém olha. Precisamos colocar um ponto final nessa mentalidade provinciana, cartorial e deixar de ser a terra onde pode tudo, vale tudo, onde o que interessa é o resultado, não os meios utilizados. Ainda assim, sou do time dos que acreditam, dos que acham que vale a pena buscar soluções e trabalhar para implementá-las. Trabalhar muito, incessantemente, para que deixemos de ser uma eterna promessa e possamos nos orgulhar de ter legado um país melhor para as próximas gerações.
Conselheiro Econômico Prof. Istvan Kasznar
Nesta edição
Financeiro Conselho Editorial : Érico Sodré Quirino Ferreira, Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial : Tamer Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável : Eliana Nigro (MTB 15.005); Editoração e Produção Gráfi ca: EDF (www.edf.com.br); Pré-impressão e Impressão: Fabracor; Periodicidade: mensal Tiragem: 20.000 exemplares As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito.
4 Palestra Acrefi
O País está no rumo certo, mas faltam investimentos
8 Entrevista
Edgar da Silva Ramos avalia atual cenário econômico e faz projeções
10 Análise econômica
Caminhos e dilemas das exportações brasileiras
12 Tendência
O setor varejista e suas inovações
14 Artigo
Reflexos da volatilidade dos mercados na economia brasileira
16 Mercado de crédito
A inadimplência depois da chegada do empréstimo consignado ao consumidor
18 Artigo
A crescente força dos cartões private label
20 Política fiscal
Maus sinais fiscais exigem melhor monitoramento das despesas
21 Análise setorial
Crise do agronegócio gera impacto negativo para instituições de crédito
23 Banco de dados
palestra Acrefi
O País está no rumo certo, mas faltam investimentos
Embora tenha sido “acusado” de ter crescido menos do que a média mundial, o PIB brasileiro ficou acima de outros países como Japão, Reino Unido, Alemanha e Itália
Jacinto Alvarez/Gaivota
O Brasil está preparado para enfrentar queda na atividade econômica mundial. Prevê o economista Antônio Carlos Pôrto Gonçalves
O professor avaliou os Cenários Econômicos e Políticos para 2006 e 2007, na Acrefi
O Brasil é um dos poucos países em condições de registrar crescimento econômico no próximo ano. Um crescimento pequeno, é verdade, mas relevante por manter a curva ascendente. A opinião é de Antônio Carlos Pôrto Gonçalves, diretor executivo de cursos corporativos do Instituto de Desenvolvimento Educacional da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro, professor titular da Escola de Pós-Graduação em Economia também na FGV e professor da Universidade Federal Fluminense.
Em palestra realizada na Acrefi – Associação das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento – que tratou do tema Cenários Econômicos e Políticos para 2006 e 2007, o economista analisou os fundamentos da economia brasileira e afirma que o Brasil está no bom caminho. Ao traçar o cenário internacional do ano passado, Pôrto Gonçalves ressaltou que a maior parte dos países registrou crescimento da soma de suas riquezas produzidas, o que é raro: no Brasil, o Pro-
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duto Interno Bruto foi de 2,4%, ainda abaixo do surpreendente resultado da Argentina, com 9,2%, e do apurado por outros países emergentes como Chile (6,4%) e México (3,0%). E embora tenha sido “acusado” de ter crescido menos do que a média mundial, o PIB brasileiro ficou acima de outros países como Japão (2,3%), Reino Unido (2%), Alemanha (1,1%) e Itália (0,2%). De acordo com o professor, ao analisar o cenário deste ano e ao projetá-lo para 2007, os aspectos que podem produzir FINANCEIRO
Palestra reuniu dezenas de participantes
algum impacto na economia ficam por conta do quadro econômico internacional, em especial do que ocorrer nos Esta-
dos Unidos, o país que responde hoje por cerca de 30% do PIB mundial e, dada a sua forte expansão monetária, é responsável
por grande parte da atual liquidez internacional. Isso porque os Estados Unidos têm um enorme déficit comercial, da ordem de US$ 800 bilhões por ano, e um déficit em contacorrente de cerca de US$ 300 bilhões por ano. Para financiá-los, injeta um volume imenso de dinheiro, além de emitir títulos do tesouro norte-americano, em todo o mundo, o que resulta na fartura de oferta que verificamos no cenário internacional. Esse fato explica o bom desempenho das exportações brasileiras. “É comum perguntarem como mantemos as exportações, apesar da apreciação do real, mas a resposta estaria na formulação inversa da pergunta; por que os americanos estão importando tanto?”, diz ele. Para deixar clara essa relação, lembra que o déficit norteamericano é do tamanho do PIB brasileiro, cerca de 2% a 2,5% do PIB mundial e foi bastante acentuado a partir do governo do presidente George W. Bush. “Deu-se ainda em uma particular conjunção de elementos da economia americana que vinha ocorrendo com o Alan Greenspan à
Os aspectos que podem produzir algum impacto na economia ficam por conta do quadro econômico internacional, em especial do que ocorrer nos Estados Unidos
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palestra Acrefi
A liquidez mundial vai secar. Olhando o dólar agora, acredito que não haja oferta suficiente para essa situação se manter por muito tempo frente do Federal Reserv”, lembra. No entanto, a expansão excessiva da economia norte-americana, com uma pequena inflação e alta no índice de preços ao consumidor, chamou a atenção de Bem Bernanke, que sucedeu Greenspan no Banco Central americano e mudou claramente o perfil da política monetária dos Estados Unidos. Para o professor da Getulio Vargas, esse cenário externo é o que vai determinar o que acontecerá na economia brasileira e, nesse ponto, ele acredita que o Brasil reúna condições bastante favoráveis: dinheiro à vontade, fundos disponíveis, reservas em dólar e, sobretudo, sem precisar da moeda norte-americana. Isso significa que, se houver uma freada na economia dos Estados Unidos, o país terá condições de manter-se na rota de crescimento; situação diferente, por exemplo, dos países da Europa Central, que estão precisando captar dólares. Pôrto Gonçalves afi rma que o Brasil tem enorme superávit comercial, tem superávit em conta-corrente, está com a dívida
externa sob controle, com a economia equilibrada, sem excesso de demanda interna e com preços controlados. Além disso, para ele, a economia brasileira está andando em cima de sua linha de capacidade de produção e particularmente preparada para enfrentar uma possível queda da atividade econômica mundial. A expectativa de crescimento econômico para este ano, segundo o professor, deve fi car um pouco acima do registrada em 2004, algo em torno de 3,5% a 4%. Para ele, o Banco Central errou em 2005 ao não reduzir a taxa Selic na velocidade necessária e, portanto, limitou o crescimento econômico. Mas enfatiza que o importante é que o resto do mundo vai sofrer uma retração e o Brasil, não. Outro aspecto relevante da economia brasileira e da mundial, destacado pelo professor durante a palestra, é a taxa de câmbio. O dólar caiu em relação a várias moedas mundiais, no entanto, o preço das commodities começou a subir. Esse é outro componente que explica o bom patamar das exportações, apesar da enorme valorização do real. Com o aumento do preço das commodities, o exportador passou a trazer mais dólares para trocar pela moeda brasileira: “O custo do exportador está em real, se ao exportar, mesmo com câmbio valorizado receber mais reais, ele estará sendo compensado”, explica. Para Pôrto Gonçalves, o ciclo de queda do dólar está no fim e é possível que
Professor destaca a importância da taxa de câmbio
estejamos com a menor taxa de câmbio dos últimos 12 meses: “A liquidez mundial vai secar. Olhando o dólar agora, acredito que não haja oferta suficiente para essa situação se manter por muito tempo. O juro americano está subindo, a demanda por dólar vai aumentar também. Por se tratar de um mercado especulativo, se houver percepção por parte dos investidores de que vai haver troca de tendência, em vez de subir lentamente, o dólar pode subir mais depressa”, diz ele. O que pode acontecer em 2007? No entender do professor, há duas possibilidades, ambas ligadas ao resultado das eleições presidenciais. Se Geraldo Alckmin for o vencedor, dará um tom à política econômica bastante parecido ao do governo de Fernando
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Henrique Cardoso, até com uma equipe bastante parecida. Pôrto Gonçalves acredita que ele irá aproveitar o cenário herdado e sustentar o crescimento de 3,5%. Se o vencedor for o presidente Lula, deverá manter a política bastante ortodoxa de então. Para finalizar, o professor afirma que o que falta no Brasil são investimentos: “O nosso PIB potencial é baixo porque o governo não investe. Investimento é uma espécie de crença no futuro. Se todo mundo achar que o país vai crescer, investirá para não ficar para trás. E não vejo esse movimento, não é uma crença arraigada. Os investimentos precisam voltar, mas o importante é que, no cenário que se avizinha, de queda na atividade econômica, o Brasil não tem razão para ir junto.” FINANCEIRO
entrevista
Economia brasileira e conjuntura mundial Edgar da Silva Ramos, presidente do Conselho da Cetip, vice-presidente da Andima e presidente da Ágora Senior CTVM S.A., avalia o atual cenário econômico e faz projeções para o próximo semestre
Como o senhor analisa o atual cenário macroeconômico? Como vê o crescimento de 1,4% do PIB registrado no primeiro trimestre? Estamos experimentando um crescimento global raro, liderado pelos EUA e pela Ásia, valorizando sobremaneira as commodities e incrementando a corrente de comércio mundial. Tudo isso aliado a uma inflação baixa e estável e com alta liquidez nos mercados financeiros mundiais. Essa conjuntura internacional altamente favorável, acrescida de 22 anos de reconstrução das nossas instituições e 12 anos de estabilidade monetária e reformas econômicas, foi fundamental para inserir o Brasil na economia mundial, eliminando o risco cambial das nossas fronteiras e trazendo o País para rota do crescimento moderado. Por outro lado, a nossa taxa de juros continua elevadíssima em função, principalmente, do nosso passado leniente em relação às contas públicas, do crescente déficit previdenciário e da alta tributação. Com relação ao crescimento recente, temos projeções que apontam para 3,6% a.a. neste ano e 3,5% a.a. em 2007. Essas taxas, porém, são muito baixas quando comparadas aos 6% a.a. em média prevista para os países emergentes. Precisamos dar prosseguimento à nossa agenda de transformações para reduzirmos rapidamente o nível de pobreza, reduzir a concentração de renda, criar mais empregos, enfim entrarmos na rota do crescimento sustentável. O que mudar? Vejo essas mudanças, principalmente no âmbito do Estado, que precisa fazer o que o setor privado fez. Este, nos últimos 20 anos, mudou, transformou-se, reinventou-se seguindo o fluxo da competição global, mesmo convivendo com um enorme ônus representado
pelo anacrônico Estado brasileiro. O Brasil precisa modernizar-se, gastar menos e melhor, dispor de recursos para investir no social e na infraestrutura e promover as indispensáveis reformas: fiscal e tributária, trabalhista, do judiciário, política, sem citar as reformas microeconômicas. São diversas mudanças que deverão ser implementadas ao longo do tempo. O importante é fazerem parte de projeto consistente a ser implementado de forma gradual e consistente. O senhor acredita que o cenário político, o ano eleitoral, pode “contaminar”? É claro que eleições sempre trazem incertezas. Por outro lado, vivemos um período da nossa história recente, no qual todos os grandes partidos políticos estiveram no poder e nenhum obteve maioria no Congresso. Isso evidencia a necessidade de alianças, o que de certa forma ameniza o clima eleitoral: todos precisarão formar alianças e enfrentar uma oposição construtiva. Haverá volatilidade nos mercados, não tenho dúvidas, mas de certa forma moderada em função do crescimento econômico, da estabilidade monetária e cambial e da necessidade de um novo governo que conduza a Nação com harmonia para realizar as reformas necessárias. O atual clima de incertezas pode afetar o Brasil em curto, médio e longo prazos? De que maneira? A incerteza é a única certeza que temos sobre o futuro. Convivemos com ela permanentemente, não vejo, de forma alguma, que possamos estar caminhando para uma grande crise econômica mundial. Muitos apocalípticos falam da explosão da bolha do crescimento mundial relembrando 29, mas não vejo motivos. O mundo interage hoje de forma sistêmica, as crises econômicas locais são rapida-
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mente imobilizadas e sanadas. Só vejo um grande risco, o político-religioso. Bem, não podemos viver aguardando um novo World Trade Center. Só nos resta investir e trabalhar. Por que um fato conhecido e esperado, como o aumento das taxas de juros nos EUA, pode deflagrar tamanha volatilidade nos mercados mundiais? Inicialmente, os pronunciamentos de Bernanke não foram precisos e trouxeram indagações sobre a contraditoriedade dos dados da economia americana e sobre a possibilidade de a inflação voltar, impulsionada pela longa seqüência de altas nos preços da energia e matérias-primas. Os players entenderam que o FED poderia elevar as taxas de juros para 5,50% a.a., numa primeira etapa para, em seguida, alcançar o patamar de 6,00% a.a., provocando uma grande realização nos ativos e um aumento da volatilidade aos níveis das grandes crises. Esse pensamento provocou uma redução das posições especulativas, principalmente nos países emergentes, promovendo o chamado flight to quality. Como o senhor projeta esse cenário para o próximo semestre? Se houver novo aumento nas taxas de juros norteamericanas, acha que pode haver uma fuga de capital aqui no Brasil? Partindo do pressuposto de que a nova taxa neutra dos juros americanos se estabilize nos 5,25% a.a., acredito que haverá um pequeno ajuste nas taxas futuras de crescimento mundial, com reflexo nos preços das commodities, que já iniciaram o processo de acomodação. Esses números manterão o real numa faixa de R$ 2,10/40, sem nenhuma crise cambial, com manutenção do atual fluxo de capitais estrangeiros. O Brasil é uma das poucas economias emergentes de grande FINANCEIRO
porte que têm possibilidade de crescer sem importação de energia. Isso é um fato importantíssimo quando percebemos que o grande problema mundial é a luta pela energia. Acrescento, ainda, o fato de os nossos ativos estarem precificados abaixo dos ativos de outros emergentes e de possuirmos mercados organizados, especializados, transparentes e com um alto grau de liquidez. O senhor acredita que essa volatilidade foi episódica ou pode haver redução de investimentos estrangeiros no Brasil, se houver nova elevação das taxas de juros norte-americanas? Como disse, não vejo nenhuma crise na conta-corrente, e sim um aumento moderado da volatilidade em função dos ajustes da economia mundial e do nervosismo decorrente das nossas eleições. O antídoto será um aprofundamento das reformas estruturais e microeconômicas. Estamos vivendo uma fase de ajustes na economia mundial e precisamos acelerar a modernização do Estado. Que benefícios a abertura de capital da Bovespa traria aos investidores, aos clientes da corretora?
A abertura do capital da Bovespa está em linha com a globalização e com o fantástico crescimento do nosso mercado de capitais, nos últimos três anos. É o caminho natural, a “desmutualização” trará uma nova governança para a Bolsa que a levará a novos patamares competitivos. Esse fato fará com que as corretoras sigam o mesmo caminho, aumentando a sua eficiência e nível de investimento. Os investidores e clientes das corretoras ganharão com a maior competição e diversificação de produtos e idéias, trazidos pelos novos players mundiais. O arejamento do pensamento é fundamental para o crescimento. Os valores da competição global forçarão o abandono dos velhos conceitos da nossa cultura e, no fim, todos ganharão. O mercado de capitais brasileiro estará mais preparado para se integrar à economia mundial, propiciando maior estabilidade nos fluxos de capitais e maiores oportunidades de investimentos. O caminho estará aberto ACREFI
“Muitos apocalípticos falam da explosão da bolha do crescimento mundial relembrando 29, mas não vejo motivos. O mundo interage hoje de forma sistêmica, as crises econômicas locais são rapidamente imobilizadas e sanadas”
para nos tornarmos o grande centro de liquidez da América Latina. Qual o nível ideal da taxa de juros no Brasil? É difícil falarmos em nível ideal de taxas de juros em um país que viveu tantas crises e que possui enorme passivo social. Atualmente, a taxa ideal seria em torno de 10,5% a.a., taxa que representa as diferenças entre as inflações interna e externa, mais a taxa de risco Brasil e taxa de juros externa. Para que essa taxa seja possível, devemos ainda isentar as aplicações financeiras da tributação na fonte. E o melhor patamar para o dólar? Não existe um patamar ideal para o câmbio. Acredito que o atual nível é compatível com a inflação corrente, déficit público, taxa de juros etc. Enfim, estamos com o câmbio alinhado com o déficit público. É claro que precisamos refletir sobre nossos grandes problemas: má distribuição da renda, grande nível de pobreza e dramático crescimento do déficit previdenciário nos amarram a um crescimento modesto e inconsistente quando comparamos com a média dos países emergentes. Acredita que o País caminha para o investment grade ? Sim, creio que em dois ou três anos teremos alcançado esse nível, pois percebo que, de uma forma geral, os nossos candidatos à Presidência e suas equipes estão conscientes da necessidade de mudanças e comprometidos com um rumo sério para nossa economia. Há alguma novidade da Cetip para seus clientes?
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A Cetip está sempre criando novos produtos para atender às necessidades de negócios das instituições financeiras. No ano passado, por exemplo, foram colocados à disposição do mercado 14 novos produtos, entre eles o Swap de Fluxo de Caixa, o Módulo de Distribuição de Cotas de Fundos e os novos Títulos do Agronegócio. Nós acreditamos que os próximos anos serão de grande expansão dos mercados: o Brasil está mudando de patamar, crescendo e abrindo novas oportunidades para os players mundiais. Os segmentos de renda fixa e de derivativos deverão ter um aumento expressivo nos volumes negociados e nas quantidades de transações. A Cetip está se preparando para isso e deverá lançar alguns novos tipos de derivativos ao longo do segundo semestre. Agora mesmo, no início de julho, estão sendo lançados o Termo de Moeda Asiático e o Termo de Paridade, para dar mais flexibilidade às operações das instituições financeiras com seus clientes. A Cetip concentra a grande maioria dos derivativos de balcão no País, reunindo em sua custódia quase R$ 290 bilhões só nesse segmento. Somando o estoque de todos os seus ativos, a Cetip registra atualmente R$ 1,24 trilhão. O grande volume de estoque levou a Cetip a ter outras preocupações e a assumir uma postura que inclui o exercício da auto-regulação. O antigo sistema de monitoramento de preços foi totalmente reformulado no início deste ano, entrando em operação com um novo formato. Esse sistema é inédito numa câmara de registro de operações, a Cetip implantou-o preservando as características do mercado de balcão. Após o registro dos negócios, a Cetip faz uma gestão para verificar se o preço de cada operação está consistente com aqueles praticados pelo mercado. Caso ela verifique alguma discrepância, os seus técnicos contatam as instituições envolvidas solicitando esclarecimentos. No caso do CetipNet, Plataforma de Negociação Eletrônica on-line, a inconsistência nos preços leva a operação a leilão, para que um maior número de participantes defina, efetivamente, o preço de mercado.
análise econômica
Renato Fogal
Caminhos e dilemas das exportações brasileiras
A exportação de bens e serviços é necessária para assegurar a formação de reservas internacionais a favor de um país. Exportar significa que uma parte dos bens e serviços produzidos localmente é remetida para o consumo e aproveitamento no exterior. Logo, a estrutura nacional de um país conta com um mercado consumidor maior que o estabelecido localmente, podendo ampliar a sua oferta e gerar divisas, que fortalecem a sua credibilidade internacional. As exportações são função de um conjunto assaz numeroso e complexo de variáveis que se interligam e podem explicar como se move sua evolução. Entre essas variáveis, destacam-se a capacidade de oferta de bens e serviços que sejam tradeables, isto é, comercializáveis; o estado da demanda local e internacional, torcendo-se por um clima de aquecimento e pedidos continuados; a cotação cambial e a taxa de variação cambial, com sua evolução no passado recente e sua projeção para o futuro; o valor da taxa de câmbio real; a existência ou não de taxas de juros diferenciadas em créditos que financiem as exportações e adiantem o câmbio; a existência de subsídios; os impostos e sua incidência; os diferenciais de produtividade e de formação tecnológica entre os países; o custo de transação, mobilização, interação burocrática pública, acondicionamento, transporte, distribuição e logística. Há, portanto, numerosos elementos a considerar e vislumbrar, ao expor-
PROF. ISTVAN KASZNAR, CONSELHEIRO ECONÔMICO DA ACREFI
tar-se. E, ao praticar uma política de A evolução das contas de exportação exportação, há de se esperar que as audo Brasil toridades consigam promover um conDesde 1999, quando a exportação junto combinado de medidas que, harde produtos básicos e de manufaturados monizadas, calibradas e bem estatuíassumiu um mínimo de US$ 48 bilhões, das, consigam assegurar uma evolução as exportações brasileiras vêm aprepositiva e firme das exportações. sentando um comportamento vigoroso Como o mercado e admirável. A todo mundial é maior que ano elas crescem mais, Desde 1999, as o de um país isolado, de tal forma que em buscar o exterior é 2002, último ano do exportações um mote contínuo de governo do presidenapresentam um todo país, a menos te Fernando Henrique comportamento que ele adote outro Cardoso, montaram a modelo econômico, US$ 60,3 bilhões e na vigoroso cuja viabilidade pode presidência de Luiz ser mínima e dúbia, Inácio Lula da Silva distal como o de autarquia – viver e pararam para US$ 73 bilhões em 2003; atuar sozinho, sem interações exterUS$ 96,5 bilhões em 2004; e US$ 118,3 nas – ou de substituição perene de bilhões em 2005. importações, em que as exportações Isso significa que, no prazo de dos países parceiros são minimizadas seis anos, tomando-se como base e atrofia-se a relação de parceria e de o menor valor exportado de 1999, ganha-ganha em visão integrada. as exportações cresceram e variaram Ademais, exportar com sucesso e 146,42% em dólar. de modo continuado significa possiEssa é uma façanha notável, cuja velmente suplantar o valor da imporcomplexa explicação envolve fatores tação. E isso representa superávits, tais como o incentivo governamental às que formam reservas e aumentam a exportações mediante medidas tomadisponibilidade de divisas. Dispor de das entre 1999 e 2000; a venda a mais moeda forte em reserva no Banco mercados, com acentuação das remesCentral é a certeza de abrir a vereda sas aos parceiros latino-americanos e de melhores relações bancárias; de africanos; a elevação da produtividadispor de maiores linhas de crédito; de, que fez os custos de produção caíde atrair capital estrangeiro a inrem e viabilizou vendas; a redefinição vestimentos reais e ao mercado de para mais dos preços do minério de capitais; e de reduzir o prêmio de ferro, do aço, dos derivados do perisco que é cobrado em operações tróleo e deste, em função do aquecide empréstimo, pois supõe-se que a mento mundial e a redução de vários capacidade de pagar de quem eleva entraves burocráticos, entre outros. a sua liquidez e disponibilidade de Por outro lado, as importações recursos é mais elevada. também cresceram, mas num ritmo
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FINANCEIRO
a combinação de uma rigorosa políbem mais modesto e cordato. E pertica monetária com uma razoável polímitiram, assim, que se abrisse o difetica fiscal no período 2003/2005 levou rencial entre os valores exportados e o SBTC a resultados progressivos que importados, nutrindo-se um parrudo engordaram as reservas. Em 2003, fisuperávit na balança comercial. Em nalmente saiu-se do sufoco da BTC, 1999, elas haviam montado a US$ 49,3 que mobiliza e movimenta rapidamenbilhões e superaram as exportações te as cotações do câmbio, ao obter-se em US$ 1,284 milhão. Em 2005, ao um superávit de US$ 4 bilhões. chegarem a US$ 73,5 bilhões, numa A coerência das medidas deu-se variação de 49,21% em seis anos, as em 2004, quando o SBTC montou a importações eram modestas face aos US$ 11,7 bilhões e, em 2005, evoluiu US$ 118,3 bilhões exportados e a um com superávit de US$ 14,2 bilhões. saldo comercial de US$ 44,8 bilhões. As taxas de juros mundiais, basDesse modo, consolidou-se a visão tante baixas até março de 2006, e a de que os saldos superavitários das coerência firme das medidas do Banco contas comerciais sustentam e finanCentral do Brasil facilitaram o aporte ciam os eternos saldos deficitários da de capitais estrangeiros na modalidabalança de serviços, cujo saldo em 2005 de dos investimentos diretos líquidos, fechou em US$ 34,1 bilhões negativos. que oscilaram de US$ 10,1 bilhões em Enquanto o resultado superavitá2003 para US$ 18,2 bilhões em 2004 e rio comercial progredir ou agüentar o US$ 15,2 bilhões em 2005. ímpeto deficitário da conta de serviços, Como decorrência, o saldo do bao resultado e o saldo do epicentro lanço de pagamentos é superavitáda balança de transações correntes rio desde 2001, e o Brasil festeja seis poderão manter-se. Contudo, essa anos contínuos de formação de resersituação, que no momento parece vas internacionais. ser positiva e atraIsso até permitiu ente, pode perdurar O saldo do balanço de que elas crescessem a indefinidamente? pagamentos é valores meritórios, de Não haveria fatores US$ 50,8 bilhões em que poderiam mudar superavitário desde novembro de 2005, o curso desta história 2001 pelo conceito líquido por ora feliz? ajustado. E que, em Certamente que dezembro do mesmo ano, se pagasse sim. E o assunto provavelmente mais a dívida assumida junto ao FMI, de nevrálgico referente a essa possibiliaproximadamente US$ 18,8 bilhões, o dade de manutenção de saldos supeque permitiria manterem-se reservas ravitários diz respeito à forma com de aproximadamente US$ 32 bilhões. a qual se comportarão duas variáveis Contudo – e aí vem o paradoxo – marcantes, que anteriormente destacaos bons resultados alcançados e uma ram-se como determinantes na explicapolítica não intervencionista cambial ção da função comportamental exporfizeram com que a taxa de câmbio, tadora. São elas a taxa de variação camque no auge da insegurança política bial e o nível da taxa de câmbio real, das eleições presidenciais em dezemo que remete a uma análise de existênbro de 2002 chegara a R$ 3,9 por US$ cia ou não de sobrevalorização cambial 1,0, despencasse ladeira abaixo até R$ e à expectativa de retomada do cres2,25 em junho de 2006. cimento, leia-se da demanda domésEssa involução no câmbio nominal tica, por bens e serviços que, no morepresenta uma sobrevalorização cammento deste pífio crescimento dos bial direta de 42,31%. Algo de terrível anos 2001/2006, a taxa anual média para as exportações de bens e de serpróxima dos 2,1%, ao mudar para viços, pois surge um efeito-preço ao taxas de 3,5% revisadas para 4%, contrário do desejado. A sobrevalorizapodem indicar redirecionamento da ção fortalece a moeda local, em detrioferta a favor do mercado local. mento da estrangeira e, então, inibe a compra, reduzindo receitas e lucros. Taxas de câmbio, crescimento e Enquanto as margens forem altas, saldos do balanço de pagamentos em preços que incluem mark-ups Após dez anos seguidos de défie shadow-internal operational-marcit no saldo da balança de transações gins atraentes, esse “problema” correntes (SBTC), entre 1993 e 2002, ACREFI
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ainda controla-se. Contudo, se a sobrevalorização perdura, não havendo renegociação de preços com parceiros e compradores externos, de margens e de condições, os exportadores podem experimentar seus resultados fenecerem. E isso pode gerar novamente perdas em saldos de reservas e ameaças crescentes de desvalorização cambial. Por sua vez, desvalorizar o câmbio alimenta a inflação, pois importam-se bens a preços e custos mais altos. Então, entende-se que a autoridade monetária seja reticente e pouco propensa a intervenções e desvalorizações cambiais. Para reforçar a percepção do crescente dilema cambial e a indagação de qual será o momento ótimo em que a autoridade eventualmente intervirá com braço viril na cotação cambial para sustentar e motivar os exportadores com um efeito cambial e de preços misto, vale perceber que a taxa de câmbio real efetiva, deflacionada pelo IPA, com índice base em janeiro de 1999 como base 100, resultou nas seguintes medidas: em 2002, bateu em 95,48 pontos; em 2004, desceu para 82,16 pontos; em 2005, submergiu para 68,27; e, em março de 2006, chegou a abissais 65,38. Por diferença, portanto, haveria uma sobrevalorização aparente e efetiva do câmbio de 34,74%, o que acende mais que a luz laranja nas relações externas. Conclusões Isso significa que de fato existem indicadores fiéis, que mostram vitalidade de uma sobrevalorização cambial crescente. Ela não pode perdurar ad-eternum. Enquanto as reservas internacionais líquidas ajustadas se mantiverem tão sadias e crescentes quanto estão entre 2003 e 2005, a probabilidade de intervenções cambiais será aparentemente diminuta e de pequena monta, até porque preservar a vitória do combate à inflação é prioritário. Contudo, é de bom alvitre ficar antenado na evolução do crescimento econômico – será que a demanda interna vai aquecer-se mesmo? – e das taxas de juros internacionais, para conhecer os novos rumos do câmbio e seus efeitos sobre os exportadores. (Ibci@ibci.com.br; istvan@fgv.br)
tendência
Flávio Roberto Guarnieri
O setor varejista e suas inovações TEREZA MARIA FERNANDEZ DIAS DA SILVA, SÓCIA DA MB ASSOCIADOS
No período recente, as mudanças que ocorreram no comportamento dos indivíduos, em especial os hábitos de consumo, foram grandes. Para acompanhar as novas demandas, o comércio, que representa aproximadamente 12% do PIB (o atacado representa 4,5% do PIB), também teve que se adaptar. Assim, esse setor da economia passou por transformações importantes, quase sempre iniciadas pelo comércio varejista. O comércio tem recebido significativos investimentos estrangeiros. Em 2005, foram investidos US$ 2,83 bilhões (US$ 1,25 bilhão em 2004). Esse movimento continuou no início de 2006. Foram US$ 310 milhões em aportes do exterior no primeiro bimestre do ano (atacado + varejo). No atacado, foram aplicados US$ 61 milhões de empresas estrangeiras (Canadá, Holanda, EUA, Inglaterra e Alemanha). No setor, avalia-se o mercado brasileiro como não consolidado, o que cria expectativas de que novos grupos estrangeiros ainda possam investir no Brasil, principalmente no varejo, por meio de aquisições de redes já estabelecidas. Regionalmente, os destaques são os investimentos no Nordeste, principalmente dos supermercados Pão de Açúcar, WalMart e Carrefour. As redes de varejo, principalmente as de vestuário, também estão investindo no Nordeste. O dinamismo do setor varejista está exigindo das empresas muita
A competição induz a mudanças organizacionais e a novos mecanismos de atração de clientes
criatividade para aumentar a competitividade. Com a chegada e a consolidação de grupos estrangeiros, os supermercados e as grandes redes de
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vestuário foram os segmentos que mais avançaram na sua reestruturação, principalmente pelo aumento da concorrência. Construção civil, comércio eletrônico, food-service, pequeno varejo, entre outros, ainda estão em processo de reorganização. A competição está induzindo a mudanças organizacionais e introdução de novos mecanismos de atração de clientes. A seguir, algumas características interessantes do que vem ocorrendo: i. Para enfrentar a competição das FINANCEIRO
©iStockphoto.com/Don Wilkie
grandes redes, parte do segmento de pequeno varejo, principalmente os pequenos supermercados, está adotando a criação de associações ou cooperativas (aumentando o volume de compras, melhorando os custos operacionais e administrativos etc.), que possibilita a negociação com a indústria ou com o atacadista de preços e condições de pagamento mais adequadas, melhorando sua rentabilidade e aumentando sua competitividade. Em 2004, essas associações representaram, no caso dos supermercados, 12,3% do faturamento total do segmento (R$ 6,1 bi), englobavam 1.318 empresas e detinham 1.619 lojas. A rede Smart, criada pelo Grupo Martins em 2000 como
ACREFI
O avanço do comércio eletrônico também vem transformando os canais de comercialização
forma de fidelizar os pequenos comerciantes, já fatura R$ 3 bilhões/ano por meio de 801 lojas espalhadas em dez Estados, superando o faturamento de seu criador. O pequeno varejo ainda é responsável por aproximadamente 50% do faturamento dos atacadistas. ii. No caminho inverso, as grandes redes estão lançando versões de lojas menores, em uma tentativa de se aproximar dos consumidores, como ocorreu com o Pão de Açúcar Especial e o Carrefour Bairro. iii. O aumento da utilização dos serviços financeiros, principalmente por meio da emissão de cartões private label em associação com financeiras e bancos, tem sido outra mudança que se consolida no comércio. Esses serviços, já amplamente consolidados no varejo, começam a avançar no atacado. Os atacadistas iniciaram as parcerias apenas no final do ano passado (exceção do Grupo Martins, que já se utiliza desses serviços há alguns anos). Além do Makro, que fechou parceria com o Unibanco, atacadistas médios estão estudando a adoção desses mecanismos, buscando aumentar a fidelização do cliente. iv. A marca própria também apa-
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rece como uma solução de se colocar no mercado produtos de qualidade a preços mais competitivos. Depois de terem crescido no varejo, as marcas próprias estão avançando no atacado. v. O avanço do comércio eletrônico também está transformando os canais de comercialização. Setores como o automobilístico e de transporte aéreo, além dos tradicionais (livros, CDs, flores etc.), vêm induzindo cada vez mais a utilização desse mecanismo. Empresas tradicionais de varejo têm inovado muito nessa direção. O faturamento nesse segmento já se aproxima dos R$ 10 bilhões. vi. A diversificação de produtos comercializados em um mesmo estabelecimento também aumentou, fazendo com que o perfil de faturamento fosse alterado. Nos supermercados, a ampliação das áreas têxtil e de eletrodomésticos e eletrônicos, além da introdução de novos segmentos (combustível, farmácias e laboratórios fotográficos, bem como os ganhos financeiros pela ampliação do financiamento), tem alterado o perfil do seu faturamento. Nas lojas de departamentos, a introdução de novos itens, como perfumes, cama, mesa e banho, e os ganhos advindos das operações de crédito também contribuíram para uma mudança na composição do faturamento. O comércio atacadista alterou menos o portfólio dos seus produtos. O setor de comércio ainda está em transformação e buscando se consolidar, seja nas grandes redes seja nas pequenas, com ampliação inclusive das áreas de atuação.
artigo
Renato Fogal
Reflexos da volatilidade dos mercados na economia brasileira CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES, CHEFE DO DEPARTAMENTO ECONÔMICO DA CNC E EX-DIRETOR DO BANCO CENTRAL O excesso de liquidez gerado pelos déficits constantes no balanço de pagamento americano e as taxas de juros reais acomodatícias praticadas pelo Banco Central americano ao longo dos últimos anos ocasionaram exageros nos preços dos ativos (moedas, crédito, bolsas e commodities). A fim de evitar pressões inflacionarias no futuro, os Bancos Centrais têm elevado suas taxas de juros desde setembro de 2004, reduzindo gradualmente estímulos para investimentos mais arriscados. Os prêmios de risco, em particular dos países emergentes, diminuíram substancialmente ao longo dos últimos anos, sinalizando que qualquer mudança de percepção dos investidores poderia levar a movimentos abruptos nos preços dos ativos. No caso do Brasil especificamente, o real tornou-se uma das commodities monetárias mais desejadas, dada sua trajetória esperada de valorização. Entusiasmado pelo interesse dos investidores pelo real, o tesouro brasileiro sentiu-se estimulado a alongar a dívida interna, mesmo sem a existência de mercados secundários líquidos. Logo, na ocorrência dos primeiros sintomas de desvalorização dos ativos denominados em real, sem portas de saídas imediatas, a ansiedade dos investidores foi potencializada pelos sucessivos aumentos da cotação do dólar e das taxas de juros futuras. No curto prazo, a lição a tirar do excesso de volatilidade ocorrido nos preços dos títulos é que alongamentos das dívidas serão
somente bem-sucedidos se forem permanentes, isto é, quando as certezas forem maiores que as dúvidas em relação aos fundamentos básicos da economia. Países desenvolvidos que têm dívidas maiores que a do Brasil, mas já que sedimentaram suas economias, são mais poupados em momentos de volatilidade exagerada. A combinação de taxas de juros reais excessivamente elevadas que recaem sobre moedas sobrevalorizadas com políticas fiscais de longo prazo ainda incertas é combustível certo para alimentar volatilidade na economia. Uma decomposição importante do núcleo da inflação foi proposta pelo economista Stephen Cecchetti. Seu estudo consiste na distinção entre o preço de bens e de serviços. Em seu último trabalho, os números mostravam que o núcleo do CPI americano crescia a uma taxa de 3,1% (4% de serviços e 1% de bens). A metodologia atribui maior peso
ao setor de serviços (70%). Esse setor carrega maior persistência inflacionária, visto que é menos influenciado por fatores temporários (tais como taxa de câmbio e atividade). Se replicarmos essa desagregação para o IPCA no Brasil, temos que o núcleo cresce a um ritmo de 5,3%. Os principais resultados nos meses de 2006 são apresentados na Tabela 1. Acredita-se que, apesar do núcleo estar acima da inflação em 12 meses (5,3%), sua tendência seja de queda. O Gráfico abaixo mostra que a trajetória de bens (2,85% em 12 meses) segue declinante. A questão central é que esse resultado advém de fatores considerados temporários – nível de atividade contido, apreciação da taxa de câmbio e redução de margens (no setor industrial e agrícola). Se acreditarmos que a trajetória de valorização do real está próxima do fim e que há uma recuperação mais intensa da atividade, ficará difícil
IPCA - Núcleo de Bens e Serviços IPCA - Núcleo de Bens e Serviços Principais Resultados Pesos
IPCA
jan/06
fev/06
mar/06
abr/06
3 meses(i)
YTD
YoY
0,59
0,41
0,43
0,21
4,28
1,60
4,60
Bens
34
0,16
-0,31
-0,11
-0,08
-1,98
0,50
2,90
Serviços
66
0,85
0,79
0,70
0,39
7,80
2,80
7,10
CORE INFLATION Core
-
0,68
0,52
0,22
0,30
4,28
1,73
5,32
Bens
18
0,39
-0,20
0,12
0,17
0,33
0,50
2,90
Serviços
54
0,80
0,83
0,26
0,36
5,97
2,30
6,40
Elaboração: Grupo de Conjuntura - Fonte: IBGE - (i) anualizado
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FINANCEIRO
manter por um tempo maior a trajetória de desaceleração de preços. Os desajustes da economia americana são fatores de restrição do crescimento mundial, uma vez que não está garantida a permanência de farta liquidez mundial. Também existe a possibilidade de um ajuste gradual de longo prazo dado por um mix de desaceleração, redução de gastos e desvalorização da moeda americana. Freqüentemente no mercado surgem bolhas advindas de alocações ineficientes de recursos. Nesse sentido, teríamos grande incentivo a acreditar que a economia internacional está na presença de uma gama de bolhas já expostas anteriormente. Entretanto, essa afirmação pode ser precipitada. Existem, de fato, fundamentos para os ativos se comportarem positivamente, aí questionaríamos apenas a velocidade. Por exemplo, o preço do petróleo se baseia na limitação de oferta em conjunto com uma demanda crescente e conflitos geopolíticos. A mitigação de risco em países emergentes é justificada pela redução do passivo externo e vultuosos saldos em conta corrente. Antes de acreditar que um ativo sofre de bolha, devemos extinguir todos os argumentos econômicos. Sob esse aspecto não daria para caracterizar muito os atuais preços como sendo desviados de qualquer fundamento. Segundo Garber (Tulipmania), nos tempos modernos é muito difícil o consenso sobre a existência de uma bolha em um determinado ativo. Em um ambiente de vasta informação, sempre existirão justificativas para se tangenciar essa suspeita. Entretanto, uma condição para que um ativo sofra de bolha consiste na crença de que ela exista. Acreditamos que parte da volatilidade nos mercados seja explicada por essa crença. Em todo caso, há uma convergência por muitos que os preços estão exuberantes. Também se aceita que há desequilíbrios mundiais que, se não são os responsáveis isoladamente, contribuem intensamente para os exageros dos mercados (excesso de liquidez advindo da economia americana). Nesse sentido é provável que esse equiACREFI
Classificação Bens x Serviços IPCA - BensIPCA e -Serviços 18 16 Serviços
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Bens
12 10 8
7,1
6 4
2,85
2 0 ago/00
ago/01
ago/02
líbrio permaneça por muito tempo, a não ser que as expectativas dos agentes se revertam, antecipando o axioma mais importante da existência de bolhas – a crença generalizada de que ela exista. O FED vem trabalhando a taxa básica a fim de sair de um nível acomodatício para neutro. Entretanto, o valor final de equilíbrio nem eles conhecem – só saberão quando estiverem sobre ele (Greenspan). Desde o início do ano, as elevações vêm surpreendendo o mercado – medido nos mercados de juros futuros. Antes, muitos acreditavam que a taxa poderia parar em 3,75%, depois 4%, 4,25%, 4,5%, 4,75% e finalmente 5%. Na maioria dos casos, o momento de correção de expectativa trouxe alguma forma de turbulência no mercado. No entanto, o otimismo logo era retomado, pois havia a crença de que 5% era o que havia de mais pessimista. Contudo, níveis acima de 5% parecem causar desconforto entre os investidores. Essa percepção ganha força na constatação de que os prêmios fecharam nos principais mercados – crédito, moedas e commodities. O gatilho da crise nas semanas passadas foi dado pela probabilidade superior a 60% de a taxa básica (FED Funds) alcançar 5,25% (medido pelo contrato de junho/2006). À medida que foram sendo divulgados índices de atividade mais contidos, essa probabilidade foi cedendo, e isso acalmou os mercados. O próprio Banco Central americano, em sua última ata de reunião, mostra as incertezas que
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ago/05
existem e que somente serão minimizadas pelos indicadores da economia a serem revelados. Uma vez descartadas as pressões de curto prazo, a grande preocupação fica centrada em relação às expectativas. A diferença entre os títulos préfixados de dez anos e os pós, indexados à inflação, mostra uma inflação de longo prazo fora da zona confortável (entre 1% e 2%). Qual seria o papel do Banco Central nesse momento? Responder a esse desvio ou esperar os efeitos defasados da política monetária? Stephen Cecchetti, um dos economistas mais estudiosos da inflação americana, acha que o núcleo da inflação permanecerá pressionado. Segundo sua análise, os principais componentes do núcleo deverão acelerar, liderado pelos aluguéis residenciais. Sua conta mais simples utiliza a desagregação do núcleo em serviços e bens. As contas mostram que a inflação subjacente de serviços cresce a uma taxa anualizada de 4% e de bens, 1%. Agregando os números, teríamos um núcleo do CPI em uma tendência acima de 3,1% (70% de serviços e 30% de bens). Entretanto, nessa mesma análise, Stephen argumenta que o FED deve dar uma pausa em 5%. Isso porque a resposta dos juros sobre a atividade seria superior à inflação, justificando um “tempo” para sentir os efeitos do início do processo de aperto monetário. Vale lembrar que o mandato nos Estados Unidos também contempla desvios da atividade do potencial.
mercado de crédito
Renato Fogal
A inadimplência depois da chegada do empréstimo consignado ao consumidor JOSÉ TOSI, VICE-PRESIDENTE DE DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIOS DA MASTERCARD BRASIL Senhores gestores das carteiras de cartões de crédito, cheque especial e mesmo empréstimo pessoal, ponham suas barbas de molho! Nada será como antes! Os bons riscos foram atraídos pelas taxas menores do crédito consignado! Por razões diversas – a falta de um birô de crédito positivo sendo a principal delas –, os gestores de produtos de crédito não conseguiram desenvolver precificações agressivas e inteligentes onde se preserva a margem líquida em vez do spread. Assim, o mercado acabou encontrando o caminho do crédito consignado: facilidade no controle do risco, permitindo-se a aplicação de uma menor taxa – hoje, “tabelada” a 2,9%. Esse movimento, iniciado timidamente por volta de 1997, ganhou vulto nos últimos três anos e criou condições para que o tomador de crédito (Pessoa Física) reestruturasse sua dívida com os credores. Estima-se que cerca de 60% dos empréstimos tomados nessa modalidade foram direcionados para o pagamento de compromissos anteriores cuja taxa de juros era maior. Por suposto, a inadimplência se comportou muito bem durante esses últimos anos. No entanto, essa trégua parece ter chegado ao fim. Desde meados do ano passado, a qualidade de crédito dos diferentes tipos de carteira tem se deteriorado. De forma gradual. Sem sobressaltos, porém constantemente.
A maioria das organizações estão voltadas ao crédito para o público de baixa renda Infelizmente, a resposta do mercado ao fenômeno será a mesma de sempre: acirramento das políticas de concessão do crédito novo e renegociação de dívidas. Sem dúvida, uma boa resposta caso essa crise de inadimplência que se desenha venha mesmo a se instalar no mercado brasileiro. E, dúvida nenhuma de que passaremos por esse período, e outro ciclo de crescimento da oferta de crédito acontecerá. Isso dá, a meu ver, a oportunidade para que os executivos responsáveis pelos negócios de crédito repensem suas estratégias e reavaliem suas ferramentas e políticas de concessão e administração das carteiras. Todos, ou a grande maioria das organizações, estão voltados à concessão do crédito ao público de baixa renda. Faz sentido. Uma massa fantástica de clientes potenciais com necessidade de crédito definida que o leva a discutir não o tamanho da taxa de juros, mas, sim, o tamanho do gasto mensal. O problema disso é que todos estão fazendo a mesma oferta para o mesmo cliente, que, por sua vez, apresenta um potencial
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de repagamento dessa dívida limitado pelo poder aquisitivo de seu lar. Potencial este que não tem crescido de maneira signifi cativa nos últimos anos. E que tal pensarmos nossos modelos de concessão e gestão de crédito para um mercado que tenha em consideração as dimensões de risco e preço? O desafio é sairmos de um desenho em que os preços variam por produto e passarmos a trabalhar com preços diferenciados por produto, mas, principalmente, pelo risco de crédito que cada tomador representa. Óbvio está que esse modelo demanda a discussão da aceleração da criação de um birô de crédito com informações positivas e negativas. Assunto sempre discutido, mas com resultados práticos quase nulos. Isso tinha pouca importância... até agora! A partir da maturação das carteiras de crédito consignado, o “bom” risco ficará em boa parte por lá! Pergunto aos executivos de crédito: para que servem suas políticas de crédito atuais? Seus modelos autuariais? Até onde entendo, esses modelos serão aplicados cada vez mais a um mercado de clientes potenciais que ou são autônomos, ou trabalham em empresas pequenas, ou, mais complicado ainda, já tomaram seus limites de crédito consignado e estão em busca de mais linhas de crédito para continuarem acumulando dívidas até que chegue uma nova oferta de renegociação. FINANCEIRO
Essa mudança dramática do mercado deve trazer em seu bojo uma deterioração muito rápida dos modelos de escoragem de crédito que, conseqüentemente, piora todos os indicadores do negócio: iniciando-se com um maior custo na concessão do crédito devido à necessidade de políticas mais intensas de verificação de dados e análises subjetivas e culminando com o estabelecimento de um patamar mais alto de perdas de crédito. Lamentavelmente, implicando a criação de uma camisa-de-força que dificulta a formação de um círculo virtuoso de queda de preços. O círculo completa-se com a normalização do mercado após, pelo menos, mais uma crise de crédito e, aí, existirão dados com informações de inadimplência que permitirão a incorporação de todos os novos paradigmas a novos modelos. Prazo? Talvez de cinco a oito anos. Convenhamos: é muito tempo! A estruturação de um birô de crédito com informações positivas e negativas encurtará – em muito – esse tempo. Com a disponibilização dessas informações, um bom executivo de crédito terá condições de desenvolver medidas que envolvam todas as informações e, ainda que sua inclusão nos modelos estatísticos não produza todos os impactos possíveis, de imediato se produzem ferramentas que possibilitam ao gestor do negócio “calibrar” o tamanho do risco que se quer correr. Não tenho dúvidas sobre os benefícios dessa mudança. Claro
ACREFI
A estrutura atual do mercado de crédito ao consumidor possui um único ganhador: o mau pagador está que deve ser acompanhada de cuidados extremos sobre as regras de funcionamento. Auditorias constantes e independentes devem existir para garantir a inexistência de abusos e estrito cumprimento às regras definidas. Dentre essas, destaca-se a proibição do uso desse banco de dados para a venda de outros produtos. Há que se respeitar o esforço de vendas feito por outros e deve-se coibir tal uso por aqueles que não contribuem para o enriquecimento dessa base de informação, zelando por sua qualidade. Aparelhando-se melhor a concessão do crédito, temos metade do caminho andado. Mas ainda falta muito! Muito precisa-se fazer no que tange ao direito do consumidor e desenvolvimento de políticas que não inibam os esforços de cobrança e retomada de bens dados em garantia. Os custos administrativos para se recuperar um veículo ou mesmo um imóvel são grandes. Mas nada comparado com o custo de carregamento da carteira em atraso e os impactos fi scais ocasionados pela demora na solução de cada caso. Outra frente a ser trabalhada.
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Mas, reflitam comigo. Se o crédito consignado está transformando esse mercado devido à seu impacto na concessão do crédito e no conseqüente comprometimento da renda, por que não poderia o credor estruturar-se para beneficiar-se das mesmas regras? Que tal, se um credor pudesse – de maneira ágil e barata – candidatar-se a receber direto da fonte pagadora o valor (ou parcelas de um valor) que lhe é devido? Ora, se a dívida é líquida e certa, por que não buscar essa eficiência? Os processos estão bastante bem estabelecidos, pois são os mesmos utilizados para a concessão do dinheiro novo. Basta a criação de canais de cobrança efetivos. Depois disso, baixar os spreads passa a ser fruto da competitividade de cada jogador, seus objetivos e disposição para alcancá-los. Até um certo ponto! Daí prá frente, a bola terá que ser jogada no campo do governo. Além da já conhecida discussão sobre a queda dos juros reais no País, diminuir spreads passará, fatalmente, por uma reavaliação da carga tributária que incide sobre as operações de crédito. Assunto que merece muito mais atenção do que a dedicada até hoje, mas que chegará no seu devido tempo. Tema para especialistas. Estejam certos de que a estrutura atual do nosso mercado de crédito ao consumidor possui um único ganhador: o mau pagador. Mudemos enquanto se possa fazê-lo sem muita dor. Quanto mais demorarmos, mais difícil e doloroso será.
artigo
Paulo Pampolin/Dignaimagem
A crescente força dos cartões private label
Que o mercado de cartões no Brasil cresce ao ritmo de dois dígitos ao ano, há dez anos, todos já sabem. Resta saber, agora, até quando esse crescimento irá se manter. Na expectativa de especialistas do mercado, o Brasil encerra 2006 com cerca de 390 milhões de plásticos, o que representa aumento de 15% com relação ao ano anterior. Em movimentação, o crescimento será maior, na ordem de 24%, chegando a mais de R$ 260 bilhões. Em 1995, apenas 7% do total de pagamentos realizados no País era com cartões e 26%, com cheques. Hoje, esse parâmetro alterou-se e os cartões representam 20% do total de pagamentos, enquanto os cheques caíram para 14%. Em fevereiro deste ano, o número de cartões no País era de 344 milhões (em números reais). Destes, 69 milhões eram de crédito; 174 milhões, de débito; e 101 milhões, de private label; o que representa 1,9
©iStockphoto.com/Igor Zhorov
ROBERTO HAIDAR, SUPERINTENDENTE DE MARKETING E SERVIÇOS DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO (ACSP)
cartão por habitante. Essa equação dobra nos Estados Unidos, podendo chegar a 2,8 cartões por habitante, demonstrando que o crescimento no
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Brasil deve ser significativo. Vários motivos levam a crer em um crescimento acentuado nos cartões private label. Dentre estes, pode-
FINANCEIRO
mos citar a enorme oferta de crédito no mercado, principalmente no de renda mais baixa, até então excluído; as condições favoráveis da economia do País, com a renda do trabalhador formal em crescimento; e a visibilidade de fidelização de um número maior de clientes, ampliando, dessa maneira, seus negócios. O maior beneficiado com esse mercado efervescente é, sem dúvida, o próprio consumidor, que, em inúmeros casos, terá a primeira oportunidade/possibilidade de ter acesso ao cartão e ao crédito que este oferece e vislumbrar melhores condições e qualidade de vida. Por isso, o private label é a porta de entrada de quem precisa de crédito e não tem onde buscar. As grandes redes de varejo já perceberam isso há tempos. Os dez maiores emissores de “cartões de loja” (entre eles C&A, Carrefour, Riachuelo e Pernambucanas) são responsáveis por mais de 60% desse mercado. Do total das vendas do Carrefour, 30% é paga com o cartão da rede. Nas lojas de departamentos e eletroeletrônicos, a participação do cartão próprio é ainda maior, representando mais de 60% das vendas nesses departamentos, em lojas como C&A, Pernambucanas e Riachuelo. Com mais de 100 milhões de cartões, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões e Serviços, o private label tornou-se uma grande vantagem no mercado de cartões e serviços no Brasil. Carregando cerca de 30% do total de cartões emitidos, esse tipo de cartão alcança
real importância tanto para o comerciante quanto para o consumidor. Para o emissor também é um grande negócio, pois o estabelecimento já carrega o relacionamento com seus clientes, que já são conhecidos e na maioria dos casos têm crédito estabelecido. Se formos imaginar, por exemplo, a expansão de um banco emissor para o private label, somente esse quesito seria de real importância para uma tomada de decisão, pois a instituição bancária poderia oferecer outros serviços e produtos aos clientes do varejo. Fica claro que a tendência do mercado leva para a busca de uma ampliação tanto no número de clientes como, e conseqüentemente, no volume de vendas nos estabelecimentos. Cientes de que o mercado está carente de soluções, empresas estão desenvolvendo parcerias com entidades financeiras para emissão de cartões private label e as expectativas e necessidades do varejo, abrindo oportunidades para que estas ampliem seus negócios e possam competir no mercado, uma vez que a concorrência está cada vez mais acirrada. Há no mercado uma lacuna e é necessário encontrar soluções em que se possa utilizar a expertise de terceiros em seu próprio campo de atuação sem comprometer o “negócio fim” do varejo e atender a uma demanda cada vez maior e mais explícita. Com o cartão, o comerciante poderá manter os dados de seus clientes portadores do cartão atualizados e com isso conhecer seus hábitos de consumo, como freqüência de compras,
A participação do cartão próprio representa mais de 60% das vendas em lojas de departamentos e eletrônicos como C&A, Pernambucanas e Riachuelo total de gastos mensais, entre outros, e realizar promoções direcionadas para um grupo de clientes com as mesmas características. O consumidor consegue ser um cliente especial e nada melhor do que se sentir especial em qualquer estabelecimento. Dessa forma, o lojista poderá oferecer inúmeras vantagens aos seus clientes, como uma rede de aceitação dos cartões mais ampla, maiores prazos para pagamento de suas compras e também o parcelamento de compras, além de ser totalmente gratuito – o portador não paga anuidade em tempo algum. Quanto maior o diferencial de seu estabelecimento, maiores suas possibilidades de ampliar o número de consumidores e dos seus negócios. É importante destacar que isoladamente esses estabelecimentos não teriam capacidade financeira para viabilizar a implantação de um cartão private label e, portanto, a expansão do negócio e aumento de vendas. O crescimento do crédito no Brasil é uma tendência que se consolida a cada dia e esse tipo de cartão se torna uma importante ferramenta nesse contexto.
política fiscal
Divulgação
Maus sinais fiscais exigem melhor monitoramento das despesas MAILSON DA NÓBREGA E GUILHERME LOUREIRO TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA
Embora o sinal do “decreto de contingenciamento” não tenha sido positivo, a medida em si não eleva substancialmente o risco fi scal em 2006 De uma hora para outra, o governo começou a emitir sinais ruins na política fiscal. Contudo, a “mudança” parece ser mais produto da inexperiência da nova equipe do que indicação de que estaria em curso uma guinada com fins político-eleitorais, que poria em grave risco o cumprimento da meta de superávit primário. O primeiro sinal foi o desnecessário anúncio de que o superávit primário poderia ser reduzido para 4,1% do PIB mediante a utilização do critério de contabilização que exclui certos gastos de investimento. Esse critério teve origem em acordo das autoridades brasileiras com o FMI, no qual o Fundo permitia uma meta variável para o superávit primário condicionada a investimentos considerados prioritários para o desenvolvimento do País. O mecanismo, porém, reduz o ritmo de queda da relação dívida/ PIB e, embora tenha permanecido nas leis orçamentárias mesmo após o pagamento da dívida com o Fundo, o FMI não mais monitora os investimentos que justificariam a redução do superávit. Além disso, essa é a primeira vez em dois anos em que se assume a possibilidade de utilizar o mecanismo num cenário de continuidade de crescimento das despesas. Outro sinal é a aparente resistência do governo em realizar um superávit primário acima de 4,25%. A impressão é que o governo miraria precisamente a meta de 4,25%, sem margem para eventuais surpresas.
Dadas as características da situação fiscal e o caráter federalista das nossas finanças públicas, é sempre recomendável trabalhar com uma margem de segurança. Finalmente, o decreto de programação orçamentária determinou um contingenciamento de R$ 14,2 bilhões. O número é inferior ao divulgado de forma preliminar pelo ministro do Planejamento (R$ 20,0 bilhões), abaixo do esperado pelo mercado e também do compatível com o cenário de Tendências para as receitas do governo federal (R$ 16,4 bilhões). A medida parece refletir uma projeção mais otimista das receitas da União, mas não representa uma elevação significativa dos riscos de cumprimento da meta de superávit primário. Estimativas conservadoras das receitas são preferíveis do ponto de vista orçamentário porque tendem a diminuir a volatilidade das despesas ao longo do ano, além de reduzirem as incertezas quanto ao cumprimento da meta na hipótese de a receita estimada não se concretizar. O “decreto de contingenciamento”, uma aberração institucional ainda presente nas finanças públicas brasileiras, costuma “cortar vento”, pois se destina a ajustar a execução orçamentária à realidade e aos objetivos fi scais. Seu grande objetivo é podar os excessos na aprovação do Orçamento pelo Congresso, que infla as receitas para acomodar o maior número possível
20
de emendas à peça orçamentária. Sua função é também reduzir as pressões para liberar os recursos fi nanceiros relativos a tais emendas. O governo, contudo, pode obter o mesmo resultado controlando as liberações na “boca do caixa”. O decreto facilita o trabalho, mas um contingenciamento menor não signifi ca que haverá uma despesa maior do que a esperada. A idéia equivocada, aceita por todos os atores relevantes nesse processo, de que o Orçamento é “autorizativo”, permite margem de manobra ao Tesouro para conduzir as liberações de modo a assegurar o cumprimento da meta de superávit primário. Ainda que mais desgastante e mais sujeito aos riscos das contingências, o controle via liberações pode ser tão efi caz quanto o proporcionado pelo decreto de programação. Dessa forma, embora o sinal do decreto tenha sido negativo, a medida em si não eleva substancialmente o risco fiscal em 2006. Aliás, nenhum dos sinais negativos emitidos elimina o poder que ainda detém o Tesouro de manejar o caixa com o objetivo de cumprir a meta de superávit primário. Mais uma vez, a variável a ser monitorada daqui em diante é a dinâmica das despesas públicas. Despesas públicas crescentes nos próximos meses, essas sim, elevam o risco de não-cumprimento da meta orçamentária em 2006. (mnobrega@tendencias.com.br) FINANCEIRO
análise setorial
ACREFI
Índices de Preços - ano base = ago/94 INEPAD & CONAB
600 500 400 300 200
mão-de-obra
insumos
100
obra vem apresentando forte aumento de preço para o produtor nos últimos anos. O IPP (Índice de Preços Pagos pelos Produtores) é o índice mensal dos preços médios dos principais insumos agrícolas (agrotóxicos, fertilizantes e sementes) e da mão-de-obra, pagos pelo agricultor. Com base nele, observa-se a variação dos preços no período de janeiro de 2002 a janeiro de 2006. O preço médio dos agrotóxicos subiu 43,4%, dos fertilizantes, 57% e das sementes, 80,4%. Já a mão-de-obra subiu cerca de 63%. O gráfico mostra o aumento dos preços dos insumos e da mão-deobra agrícola de janeiro de 2002 para janeiro de 2006. Dessa maneira, com o custo da produção subindo nos últimos anos, a crise da renda do setor agropecuário vem se agravando, pois nota-se a dificuldade das empresas em manterem
21
jan/06
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jul/05
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jan/04
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jan/03
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A
atual crise do agronegócio brasileiro nos faz refletir sobre seu impacto negativo para as instituições de crédito do País. A diminuição do faturamento das empresas ligadas ao setor vem se mostrando significativa desde o começo da crise. A crise no setor vem desde 2002 e se intensificou em 2005. Nesse caso, a principal alternativa utilizada pelas empresas para amenizar suas perdas é a demissão de pessoal, pois assim conseguem diminuir a despesa com a folha de pagamento. O impacto dessa possibilidade de demissão em massa para a atividade econômica pode ser intenso, já que a diminuição de renda dessas pessoas interfere tanto na aquisição de crédito pessoal quanto na quitação de dívidas anteriormente contraídas em instituições de crédito. As causas da crise do agronegócio estão em dois fatores principais. Um deles é o câmbio, que vem apresentando uma forte valorização do real perante o dólar. Dessa forma, o produtor rural vê sua margem diminuir, já que vende a commodity no mercado externo ou para indústrias exportadoras em dólar. Nesse caso, os produtores custearam seus insumos, que são em sua maioria importados, com o real desvalorizado perante o dólar. Porém, agora tem de vender seu produto arcando com a valorização do real, comprometendo assim sua margem final. O outro fator é justamente o custo da produção. O custo com os insumos agrícolas e com a mão-de-
PROF. DR. ALBERTO BORGES MATIAS, PRESIDENTE DO INEPAD – INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
jan/02
Renato Fogal
Crise do agronegócio gera impacto negativo para instituições de crédito
suas atividades. Assim, se a crise se perpetuar, a demissão de pessoal passará de probabilidade para realidade. O possível impacto na renda das pessoas envolvidas com o setor geraria, a princípio, dois grandes problemas para as instituições de crédito. Primeiramente, a diminuição de crédito por parte dessas pessoas para o consumo no varejo, como de automóveis e eletrodomésticos. Em segundo lugar, haveria o aumento da inadimplência ou mesmo insolvência perante as instituições de crédito pelo fato de que muitas dessas pessoas que podem perder o emprego não terão renda para quitar suas dívidas. Nesse sentido, é importante que as instituições fiquem atentas para o perfil do tomador de empréstimos, com o objetivo de não piorar a qualidade de suas carteiras de crédito. Colaborou o analista financeiro Ricardo Pereira Lima
Eventos ACREFI 2006 • O Crédito em Debate
Patrocínio:
Maior Produtividade Associada ao Menor Risco 10/08/2006 Horário: das 9h às 13h Local: Auditório da Associação Comercial de São Paulo Rua Bela Vista, 51, 11º andar
• Crédito para a Baixa Renda 15/08/2006 Palestrante: Prof. Marcelo Côrtes Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais do IBREFGV e professor da EPGE-FGV Horário: às 8h30 Local: Sede da ACREFI Rua Libero Badaró, 425, - 28º andar Inscrições gratuitas na secretaria da ACREFI com Leninha (leninha@acrefi.org.br) ou Márcia (marcia@acrefi.org.br) Mais informações em www.acrefi.org.br
APOIO
banco de dados por INEPAD TAXAS MÉDIAS GERAL DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
47,8 47,3 47,2 47,4 48,1 48,2 47,1 45,9 46,1 46,2 45,7 45 43,9
0,7 -0,5 -0,1 0,2 0,7 0,1 -1,1 -1,2 0,2 0,1 -0,5 -0,7 -1,1
19,4 19,2 19,0 18,9 18,7 18,4 17,7 17,1 16,4 16 15,5 15,2 15,3
0,0 -0,2 -0,2 -0,1 -0,2 -0,3 -0,7 -0,6 -0,7 -0,4 -0,5 -0,3 0,1
28,4 28,1 28,2 28,5 29,4 29,8 29,4 28,8 29,7 30,2 30,2 29,8 28,6
0,7 -0,3 0,1 0,3 0,9 0,4 -0,4 -0,6 0,9 0,5 0 -0,4 -1,2
Variação mai-mai
-3,9
-4,1
0,2
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA FÍSICA DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
62,5 61,3 61,3 61,1 62,1 61,7 60,4 59,3 59,7 59,2 59,0 57,8 56,1
0,8 -1,2 0,0 -0,2 1,0 -0,4 -1,3 -1,1 0,4 -0,5 -0,2 -1,2 -1,7
18,9 18,4 18,2 18,2 18,0 17,8 17,2 16,5 16,0 15,5 15,0 14,8 15,0
-0,2 -0,5 -0,2 0,0 -0,2 -0,2 -0,6 -0,7 -0,5 -0,5 -0,5 -0,2 0,2
43,6 42,9 43,1 42,9 44,1 43,9 43,2 42,8 43,7 43,7 44,0 43,0 41,1
-1,8 -0,7 0,2 -0,2 1,2 -0,2 -0,7 -0,4 0,9 0,0 0,3 -1,0 -1,9
Variação mai-mai
-6,4
-3,9
-2,5
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA JURÍDICA DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
33,7 33,4 33,0 33,2 33,3 33,4 32,4 31,7 31,3 31,6 30,7 30,6 29,7
0,4 -0,3 -0,4 0,2 0,1 0,1 -1,0 -0,7 -0,4 0,3 -0,9 -0,1 -0,9
19,9 19,8 19,6 19,5 19,2 18,9 18,2 17,7 16,8 16,5 16,0 15,6 15,7
0,3 -0,1 -0,2 -0,1 -0,3 -0,3 -0,7 -0,5 -0,9 -0,3 -0,5 -0,4 0,1
13,8 13,6 13,4 13,7 14,1 14,5 14,2 14,0 14,5 15,1 14,7 15,0 14,0
0,1 -0,2 -0,2 0,3 0,4 0,4 -0,3 -0,2 0,5 0,6 -0,4 0,3 -1,0
Variação mai-mai
-4,0
-4,2
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
23
0,2
banco de dados por INEPAD SPREAD FINANCEIRO
CRÉDITO PESSOA FÍSICA CRÉDITO PESSOAL Volum e R$ Milhões
50,0
Taxa de Juros
75.000
72,00
45,0
70.000
71,00
40,0
65.000
70,00 69,00
60.000
35,0
SPREAD FINANCEIRO
30,0
68,00
55.000
67,00
50.000
66,00
25,0
45.000
20,0
40.000
64,00
35.000
63,00
Aplicação
62,00
30.000
mai/06
abr/06
mar/06
fev/06
jan/06
dez/05
nov/05
out/05
set/05
ago/05
jul/05
jun/05
mai/05
15,0
65,00
mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai 05 05 05 05 05 05 05 05 06 06 06 06 06
Captação
Volume
Taxa de Juros
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - PREFIXADOS
(R$ milhões)
MÊS / ANO
CHEQUE ESPECIAL
VARIAÇÃO EM %
CRÉDITO PESSOAL
VARIAÇÃO EM %
FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO
VARIAÇÃO EM %
CARTÃO DE CRÉDITO
VARIAÇÃO EM %
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
12 044 11 790 11 647 12 265 12 297 12 509 12 527 10 974 12 232 11 790 12 825 12 944 13 364
4,28% -2,11% -1,22% 5,31% 0,26% 1,73% 0,15% -12,40% 11,46% -3,62% 8,78% 0,93% 3,25%
54 345 55 426 57 270 59 015 60 531 61 650 63 255 63 444 65 010 66 658 67 948 70 631 72 576
3,84% 1,99% 3,33% 3,05% 2,57% 1,85% 2,60% 0,30% 2,47% 2,53% 1,94% 3,95% 2,75%
1 053 1 049 1 028 1 037 948 947 947 956 900 842 869 887 919
0,59% -0,42% -1,97% 0,83% -8,53% -0,08% -0,03% 0,95% -5,91% -6,42% 3,20% 2,06% 3,63%
10 051 10 196 10 512 10 687 11 211 11 495 11 774 11 260 11 882 12 657 12 492 12 502 12 660
1,10% 1,44% 3,10% 1,67% 4,90% 2,53% 2,43% -4,37% 5,53% 6,53% -1,30% 0,08% 1,26%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados/continuação (R$ milhões) AQUISIÇÃO MÊS / ANO mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
VEÍCULOS
VARIAÇÃO EM %
OUTROS
VARIAÇÃO EM %
TOTAL
VARIAÇÃO EM %
OUTROS
VARIAÇÃO EM %
TOTAL
VARIAÇÃO EM %
41 795 42 723 43 636 45 044 46 218 47 406 48 935 50 685 51 938 53 154 54 306 55 297 56 443
2,04% 2,22% 2,14% 3,23% 2,61% 2,57% 3,23% 3,57% 2,47% 2,34% 2,17% 1,82% 2,07%
7 992 8 351 8 824 9 416 9 471 9 621 10 031 10 229 10 241 10 161 10 115 9 959 10 143
5,47% 4,50% 5,66% 6,71% 0,58% 1,59% 4,26% 1,98% 0,12% -0,79% -0,45% -1,54% 1,84%
49 787 51 074 52 460 54 460 55 689 57 027 58 966 60 914 62 179 63 315 64 421 65 256 66 586
2,58% 2,59% 2,71% 3,81% 2,26% 2,40% 3,40% 3,30% 2,08% 1,83% 1,75% 1,30% 2,04%
6 889 7 097 7 349 7 702 8 016 8 144 8 414 7 643 8 386 8 545 9 102 9 386 9 791
7,02% 3,02% 3,56% 4,79% 4,09% 1,59% 3,32% -9,17% 9,73% 1,90% 6,52% 3,12% 4,32%
134 169 136 632 140 266 145 166 148 692 151 773 155 884 155 190 160 589 163 806 167 658 171 606 175 897
3,33% 1,84% 2,66% 3,49% 2,43% 2,07% 2,71% -0,44% 3,48% 2,00% 2,35% 2,35% 2,50%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
24
FINANCEIRO
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - CRÉDITO CONSIGNADO CRÉDITO PESSOAL*
MÊS / ANO mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 Var. mai-mai
54.345 55.426 57.270 59.015 60.531 61.650 63.255 63.444 65.010 66.658 67.948 70.631 72.576 133,5%
CONSIGNADO Públicos
Privados
Total
Amostra**
22.008 22.701 24.024 25.301 26.239 26.961 27.663 28.332 29.570 30.793 31.928 33.211 34.455
3.297 3.453 3.651 3.840 4.070 4.200 4.284 3.988 4.136 4.334 4.532 4.778 4.845
25.305 26.154 27.675 29.141 30.309 31.160 31.947 32.320 33.705 35.127 36.459 37.988 39.300 155,3%
17.897 18.833 19.712 20.773 21.488 22.076 22.829 22.981 37.841 39.461 40.991 42.766 44.145 246,7%
% Consignado***
(R$ milhões)
Concentração Taxa de Juros %aa do Consignado Estimativa INEPAD Consignado Pessoal Diferença
46,6% 47,2% 48,3% 49,4% 50,1% 50,5% 50,5% 50,9% 51,8% 52,7% 53,7% 53,8% 54,1%
70,7% 72,0% 71,2% 71,3% 70,9% 70,8% 71,5% 71,1% 112,3% 112,3% 112,4% 112,6% 112,3% 158,8%
37,5% 37,5% 37,4% 37,2% 37,0% 37,2% 36,8% 36,4% 37,3% 36,6% 36,9% 36,2% 36,8%
69,9% 68,6% 69,4% 69,5% 70,6% 70,3% 68,7% 67,3% 68,9% 68,6% 67,8% 65,3% 62,3%
31,5% 31,1% 31,9% 32,1% 33,4% 33,4% 31,5% 30,5% 32,5% 31,3% 31,2% 28,4% 26,1%
FONTE: INEPAD / BC * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS CRÉDITO PESSOAL (R$ mil)
Mês/Ano
Saldo sem atraso
Com atraso de 15 a 30 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
47.958.159 49.107.813 50.932.454 52.427.636 53.827.919 54.713.121 55.990.494 56.136.655 57.103.577 58.527.677 59.256.903 61.506.755 63.038.633
1.364.220 1.260.105 1.180.764 1.322.628 1.353.921 1.362.100 1.455.906 1.224.611 1.486.653 1.250.243 1.605.333 1.566.415 1.597.581
2,51% 2,27% 2,06% 2,24% 2,24% 2,21% 2,30% 1,93% 2,29% 1,88% 2,36% 2,22% 2,20%
1.432.355 1.494.652 1.485.848 1.528.370 1.558.238 1.690.157 1.748.058 1.642.233 1.748.341 1.800.971 1.886.049 1.934.929 1.842.977
2,64% 2,70% 2,59% 2,59% 2,57% 2,74% 2,76% 2,59% 2,69% 2,70% 2,78% 2,74% 2,54%
2.951.453 3.013.742 3.145.514 3.288.510 3.397.809 3.547.908 3.723.372 3.782.350 4.011.591 4.406.296 4.518.722 4.463.037 4.587.766
5,43% 5,44% 5,49% 5,57% 5,61% 5,75% 5,89% 5,96% 6,17% 6,61% 6,65% 6,32% 6,32%
54.344.976 55.426.011 57.270.000 59.015.306 60.531.439 61.650.256 63.254.734 63.443.780 65.010.067 66.657.810 67.948.169 70.630.767 72.576.224
3,84% 1,99% 3,33% 3,05% 2,57% 1,85% 2,60% 0,30% 2,47% 2,53% 1,94% 3,95% 2,75%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil)
Mês/Ano
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
Saldo
Com atraso
sem atraso
de 15 a 30 dias
38.206.540 39.234.937 40.002.093 41.251.555 42.259.001 42.968.220 44.340.233 46.288.603 47.100.583 48.279.998 48.878.729 49.529.142 50.456.726
1.458.922 1.359.409 1.448.473 1.544.357 1.510.645 1.733.980 1.697.635 1.613.661 1.777.919 1.638.047 1.908.730 1.899.005 2.001.047
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
3,49% 3,18% 3,32% 3,43% 3,27% 3,66% 3,47% 3,18% 3,42% 3,08% 3,51% 3,43% 3,55%
1.384.923 1.391.475 1.404.040 1.458.118 1.522.771 1.719.567 1.839.634 1.653.627 1.829.639 1.911.682 2.077.261 2.268.140 2.250.641
3,31% 3,26% 3,22% 3,24% 3,29% 3,63% 3,76% 3,26% 3,52% 3,60% 3,83% 4,10% 3,99%
741.774 733.856 776.692 783.591 917.115 974.016 1.046.108 1.115.317 1.214.632 1.307.080 1.421.339 1.597.430 1.731.953
1,77% 1,72% 1,78% 1,74% 1,98% 2,05% 2,14% 2,20% 2,34% 2,46% 2,62% 2,89% 3,07%
41.795.094 42.722.706 43.636.074 45.043.780 46.218.118 47.406.012 48.935.289 50.684.709 51.938.053 53.154.236 54.305.631 55.296.613 56.443.213
2,04% 2,22% 2,14% 3,23% 2,61% 2,57% 3,23% 3,57% 2,47% 2,34% 2,17% 1,82% 2,07%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
25
banco de dados por INEPAD INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo sem atraso
Com atraso de 15 a 30 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
6.445.620 6.790.933 7.190.986 7.699.456 7.790.947 7.837.518 8.165.263 8.457.452 8.362.121 8.231.862 8.057.534 7.827.460 8.008.409
375.047 359.584 372.685 424.811 369.647 394.773 389.994 334.255 425.157 408.173 453.516 470.038 446.077
4,69% 4,31% 4,22% 4,51% 3,90% 4,10% 3,89% 3,27% 4,15% 4,02% 4,48% 4,72% 4,40%
414.913 416.052 406.831 414.857 424.936 446.640 461.045 398.093 407.308 477.311 553.878 564.409 520.575
5,19% 4,98% 4,61% 4,41% 4,49% 4,64% 4,60% 3,89% 3,98% 4,70% 5,48% 5,67% 5,13%
745.969 774.531 830.585 865.811 873.070 928.949 986.686 1.003.506 1.004.743 999.178 1.005.323 1.073.738 1.143.450
9,33% 9,27% 9,41% 9,19% 9,22% 9,66% 9,84% 9,81% 9,81% 9,83% 9,94% 10,78% 11,27%
7.991.679 8.351.397 8.824.004 9.416.143 9.470.618 9.621.180 10.030.622 10.229.173 10.241.441 10.160.748 10.115.085 9.959.400 10.142.974
5,47% 4,50% 5,66% 6,71% 0,58% 1,59% 4,26% 1,98% 0,12% -0,79% -0,45% -1,54% 1,84%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO Maio/2006 (em R$ mil) 19,9% Atraso de mais de 90 dias 4.587.766
57,1%
23,0%
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS - PREFIXADO Maio/2006 (em R$ mil)
Atraso de 15 a 30 dias 1.597.581
Atraso de 31 a 90 dias 2.250.641
Atraso de 31 a 90 dias 1.842.977
33,4%
21,1%
15 a 30 dias 386.241
Atraso de 15 a 30 dias 446.077
14,1% Atraso de mais de 90 dias 1.707.526
54,2% 24,7%
Atraso de 15 a 30 dias 2.001.047
INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO Maio/2006 (em R$ mil) Atraso de
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO OUTROS BENS - PREFIXADO Maio/2006 (em R$ mil)
Atraso de mais de 90 dias 1.143.450
28,9%
37,6%
Atraso de mais de 90 dias 1.731.953
62,5%
23,3%
Atraso de 31 a 90 dias 520.575
Atraso de 31 a 90 dias 636.809
OUTRAS OPERAÇÕES (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo sem atraso
Com atraso de 15 a 30 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
4.477.039 4.514.410 4.600.843 4.985.299 5.167.569 5.499.261 5.282.296 4.943.790 5.329.091 5.368.580 5.670.983 5.816.227 5.961.513
302.742 288.299 287.716 291.463 303.992 272.133 302.903 234.582 378.295 327.634 371.268 366.615 386.241
4,39% 4,06% 3,91% 3,78% 3,79% 3,34% 3,60% 3,07% 4,51% 3,83% 4,08% 3,91% 3,94%
501.179 650.275 842.357 522.083 510.861 484.888 570.142 470.671 528.368 602.266 654.249 662.327 636.809
7,28% 9,16% 11,46% 6,78% 6,37% 5,95% 6,78% 6,16% 6,30% 7,05% 7,19% 7,06% 6,50%
890.238 902.839 870.484 1.143.252 1.261.199 1.069.336 1.381.167 1.003.931 1.171.200 1.259.094 1.338.727 1.513.034 1.707.526
12,92% 12,72% 11,84% 14,84% 15,73% 13,13% 16,42% 13,14% 13,97% 14,73% 14,71% 16,12% 17,44%
6.888.526 7.096.557 7.349.412 7.701.548 8.016.385 8.143.922 8.413.988 7.642.768 8.386.089 8.545.025 9.102.409 9.386.028 9.791.188
7,02% 3,02% 3,56% 4,79% 4,09% 1,59% 3,32% -9,17% 9,73% 1,90% 6,52% 3,12% 4,32%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
26
FINANCEIRO
DESEMPREGO TAXA DE DESEMPREGO (%) DATA
Brasil
Var. p.p.
SP
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
10,20 9,40 9,40 9,40 9,60 9,60 9,60 8,30 9,20 10,10 10,40 10,40 10,20
-0,60 -0,80 0,00 0,00 0,20 0,00 0,00 -1,30 0,90 0,90 0,30 0,00 -0,20
10,50 10,50 9,90 9,40 9,70 9,60 9,70 7,80 9,20 10,50 10,60 10,70 10,50
TAXA DE DESEMPREGO Taxa (%)
Var. p.p. -0,90 0,00 -0,60 -0,50 0,30 -0,10 0,10 -1,90 1,40 1,30 0,10 0,10 -0,20
Fonte: IBGE/INEPAD
Variação (p.p.)
12,0
1,00
11,5 0,50
11,0 10,5
0,00
10,0 9,5
-0,50
9,0 8,5
-1,00
8,0 7,5
-1,50
mai 05
jun 05
jul 05
ago 05
Brasil
set 05
out 05
nov 05
dez 05
SP
jan 06
fev 06
mar 06
abr 06
mai 06
Var. p.p. mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$) DATA
Brasil
Var. %
SP
Var. %
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
952,42 966,79 990,94 997,58 997,52 983,55 987,21 1.004,70 992,26 1.003,04 1.008,42 1.012,50 1.027,80
-1,5% 1,5% 2,5% 0,7% 0,0% -1,4% 0,4% 1,8% -1,2% 1,1% 0,5% 0,4% 1,5%
1.086,37 1.101,40 1.134,68 1.131,56 1.118,09 1.087,73 1.111,78 1.138,22 1.119,09 1.155,62 1.154,31 1.171,40 1.191,30
-0,3% 1,4% 3,0% -0,3% -1,2% -2,7% 2,2% 2,4% -1,7% 3,3% -0,1% 1,5% 1,7%
Fonte: IBGE/INEPAD
1.200
0,03
1.150
0,025
1.100
0,02
1.050
0,015
1.000
0,01
950
0,005
900
0
850
-0,005
800
-0,01
750
-0,015
700
-0,02
mai 05
jun 05
jul 05
Brasil
ago 05
set 05
out 05
nov 05
dez 05
SP
jan 06
fev 06
mar 06
abr 06
mai 06
Var. % mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
COMÉRCIO VAREJISTA VOLUME DE VENDAS
VOLUME DE VENDAS Data abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 Variação abr-abr
Índice Hipermercados e Veículos,Motos, Var. % Var. % Var. % Geral Supermercados Partes e Peças 107,75 112,29 110,11 114,61 113,75 109,29 115,46 114,98 162,59 112,02 102,68 114,72 115,74 7,42%
-3,2% 4,2% -1,9% 4,1% -0,8% -3,9% 5,6% -0,4% 41,4% -31,1% -8,3% 11,7% 0,9%
104,70 104,61 102,99 110,16 108,46 106,62 112,73 109,12 144,00 110,23 103,61 11417,0% 11987,0% 14,49%
-6,4% -0,1% -1,5% 7,0% -1,5% -1,7% 5,7% -3,2% 32,0% -23,5% -6,0% 10,2% 5,0%
113,56 115,74 117,37 112,82 128,55 118,91 119,61 129,54 138,57 119,14 100,16 130,14 107,66
170
-7,3% 1,9% 1,4% -3,9% 13,9% -7,5% 0,6% 8,3% 7,0% -14,0% -15,9% 29,9% -17,3%
160 150 140 130 120 110 100 90 80
Índice Geral
-5,20%
Fonte: IBGE/INEPAD
ACREFI
abr mai jun 05 05 05
27
jul 05
ago set 05 05
out nov dez jan 05 05 05 06
Hipermercados e Supermercados
fev mar abr 06 06 06
Veículos, Motos, Partes e Peças
banco de dados por INEPAD PREVISÕES ECONÔMICAS Ano de 2006
PIB Total % a.a.
PIB Agropecuário % a.a.
PIB Indústria % a.a.
PIB Serviço % a.a.
Produção Industrial % a.a.
3,50 3,60 3,63 3,63
3,69 3,47 2,80 2,82
4,15 4,19 4,34 4,36
2,79 2,95 2,96 2,95
4,10 4,44 4,33 4,32
Selic Taxa anual
IGP-DI % a.a.
IPCA % a.a.
Taxa de Câmbio R$/US$
Saldo Comercial US$ bilhões
15,00 14,29 14,37 14,33
4,55 3,17 3,24 3,43
4,58 4,29 4,15 4,03
2,40 2,19 2,23 2,23
38,00 40,88 40,70 40,44
Previsão 13/01/2006 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 23/06
Início de 2006 Previsão 13/01/2006 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 23/06 Fonte: BC-Focus/INEPAD
ATIVIDADE ECONÔMICA DATA
Taxa da Utilização da Capacidade Instalada
Var. p.p.
DATA
Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral
Var. %
abr/05
81,84
-1,18
abr/05
110,31
0,0%
mai/05
82,32
0,48
mai/05
111,46
1,0%
jun/05
82,76
0,44
jun/05
112,57
1,0%
jul/05
81,56
-1,20
jul/05
112,87
0,3%
ago/05
82,86
1,30
ago/05
113,06
0,2%
set/05
81,19
-1,67
set/05
111,84
-1,1%
out/05
81,55
0,36
out/05
111,51
-0,3%
nov/05
81,32
-0,23
nov/05
111,14
-0,3%
dez/05
79,62
-1,70
dez/05
112,49
1,2%
jan/06
79,55
-0,07
jan/06
113,19
0,6%
fev/06
79,90
0,35
fev/06
113,99
0,7%
mar/06
81,75
1,85
mar/06
113,75
-0,2%
abr/06
80,50
-1,25
abr/06
114,02
0,2%
Variação abr-abr
-1,64%
Variação abr-abr
Fonte: CNI/INEPAD
3,36%
Fonte: IBGE/INEPAD
PRODUÇÃO (ÍNDICE) X CAPACIDADE (%) Capacidade (%)
Produção - Índice
111
79,0
110
Fonte: INEPAD
Taxa da Utilização da Capacidade Instalada
abr/06
111
79,5 mar/06
80,0
fev/06
112
jan/06
80,5
dez/05
112
nov/05
113
81,0
out/05
113
81,5
set/05
82,0
ago/05
114
jul/05
114
82,5
jun/05
83,0
mai/05
115
abr/05
83,5
Índice de Produção Física Média Móvel Trim estral
28
FINANCEIRO
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
(em unidades) (em unidades)
Data
Produção
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
215.005 219.272 205.648 220.469 207.428 190.651 213.119 200.332 195.439 205.586 229.457 204.069 241.999
Média Trim. Var. Mensal Var. Mensal (%)
213.822 213.339 213.308 215.130 211.182 206.183 203.733 201.367 202.963 200.452 210.161 213.037 225.175
9.266 4.267 -13.624 14.821 -13.041 -16.777 22.468 -12.787 -4.893 10.147 23.871 -25.388 37.930
Variação mai-05/mai-06
4,5% 2,0% -6,2% 7,2% -5,9% -8,1% 11,8% -6,0% -2,4% 5,2% 11,6% -11,1% 18,6%
245.000 235.000 225.000 215.000 205.000 195.000 185.000
mai 05
jun 05
jul 05
ago 05
set 05
out 05
Produção
12,6%
nov 05
dez 05
jan 06
fev 06
mar 06
abr 06
mai 06
abr 06
mai 06
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
(em unidades) (em unidades)
Data
Vendas
Média Trim.
Variação
Variação(%)
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
138.078 140.036 133.948 147.553 138.873 131.588 145.900 152.144 124.650 129.362 155.346 135.492 155.355
141.621 138.624 137.354 140.512 140.125 139.338 138.787 143.211 140.898 135.385 136.453 140.067 148.731
319 1.958 -6.088 13.605 -8.680 -7.285 14.312 6.244 -27.494 4.712 25.984 -19.854 19.863
0,2% 1,4% -4,3% 10,2% -5,9% -5,2% 10,9% 4,3% -18,1% 3,8% 20,1% -12,8% 14,7%
Variação mai-05/mai-06
160.000
150.000
140.000
130.000
120.000
mai 05
jun 05
jul 05
ago 05
set 05
out 05
Vendas
12,5%
nov 05
dez 05
jan 06
fev 06
mar 06
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
EXPORTAÇÃO TOTAL
EXPORTAÇÃO TOTAL
(em unidades) (em unidades)
Data
mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
Exportações Média Trim.
76.218 77.600 74.229 71.811 74.057 61.827 66.078 68.704 57.844 70.996 72.394 71.646 77.829
72.699 75.360 76.016 74.547 73.366 69.232 67.321 65.536 64.209 65.848 67.078 71.679 73.956
Variação mai-05/mai-06
Variação
Variação(%)
3.957 1.382 -3.371 -2.418 2246 -12230 4251 2626 -10860 13152 1398 -748 6183
5,5% 1,8% -4,3% -3,3% 3,1% -16,5% 6,9% 4,0% -15,8% 22,7% 2,0% -1,0% 8,6%
80.000 75.000 70.000 65.000 60.000 55.000
mai 05
jul 05
ago 05
Exportações
2,1%
Fonte: Anfavea/INEPAD
ACREFI
jun 05
29
set 05
out 05
nov 05
dez 05
jan 06
fev 06
Média trimestral
mar 06
abr 06
mai 06
banco de dados por INEPAD INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (em unidades) Data
Vendas
1000cc
% no Total
1000cc a 2000cc
% no total
>2000cc
% no total
abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06
109.276 114.220 117.455 110.007 120.586 115.297 111.001 129.274 149.113 107.085 103.485 125.092 104.340
59.904 62.997 63.907 62.061 66.726 63.759 63.584 73.190 83.361 60.215 57.587 70.405 56.043
54,8% 55,2% 54,4% 56,4% 55,3% 55,3% 57,3% 56,6% 55,9% 56,2% 55,6% 56,3% 53,7%
48.753 50.654 52.978 47.551 53.354 50.993 46.959 54.860 63.866 45.262 44.424 53.108 46.844
44,6% 44,3% 45,1% 43,2% 44,2% 44,2% 42,3% 42,4% 42,8% 42,3% 42,9% 42,5% 44,9%
619 569 570 395 506 545 458 1.224 1.886 1.608 1.474 1.579 1.453
0,6% 0,5% 0,5% 0,4% 0,4% 0,5% 0,4% 0,9% 1,3% 1,5% 1,4% 1,3% 1,4%
Fonte: Anfavea/INEPAD
LICENCIAMENTO POR CATEGORIA - AUTOMÓVEIS
80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000
abr 05
mai 05
jun 05
1000 cc
jul 05
ago 05
set 05
out 05
nov 05
CRÉDITO PESSOAL
54.345 55.426 57.270 59.015 60.531 61.650 63.255 63.444 65.010 66.658 67.948 70.631 72.576
TAXAS DE JUROS
4,52 4,45 4,49 4,50 4,55 4,54 4,45 4,38 4,46 4,45 4,41 4,28 4,12
0,06 -0,07 0,04 0,01 0,06 -0,02 -0,08 -0,07 0,08 -0,02 -0,04 -0,13 -0,16
69,90 68,60 69,40 69,50 70,60 70,30 68,70 67,30 68,90 68,60 67,80 65,30 62,30
fev 06
mar 06
abr 06
(R$ milhões)
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS SALDO TOTAL
% Variação % Variação MÊS/ANO R$ milhões a.m. p.p a.a. p.p mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06
jan 06
1000 cc a 2000 cc
TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA
SALDO TOTAL
dez 05
1,20 -1,30 0,80 0,10 1,10 -0,30 -1,60 -1,40 1,60 -0,30 -0,80 -2,50 -3,00
R$ milhões 41.795 42.723 43.636 45.044 46.218 47.406 48.935 50.685 51.938 53.154 54.306 55.297 56.443
TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 2,68 2,65 2,60 2,58 2,59 2,57 2,53 2,52 2,55 2,55 2,49 2,48 2,42
0,02 -0,03 -0,05 -0,03 0,01 -0,02 -0,04 -0,01 0,03 -0,01 -0,05 -0,02 -0,05
SALDO TOTAL
% Variação a.a. p.p 37,40 36,90 36,10 35,70 35,90 35,60 34,90 34,80 35,30 35,20 34,40 34,10 33,30
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS
0,40 -0,50 -0,80 -0,40 0,20 -0,30 -0,70 -0,10 0,50 -0,10 -0,80 -0,30 -0,80
R$ milhões 7.992 8.351 8.824 9.416 9.471 9.621 10.031 10.229 10.241 10.161 10.115 9.959 10.143
TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 3,87 3,67 3,70 3,65 3,99 3,95 3,80 4,27 3,92 3,69 3,82 3,96 3,89
0,01 -0,21 0,03 -0,06 0,34 -0,04 -0,15 0,47 -0,35 -0,23 0,14 0,14 -0,07
% a.a.
Variação p.p
57,80 54,10 54,70 53,70 59,90 59,10 56,40 65,20 58,60 54,40 56,90 59,40 58,10
0,10 -3,70 0,60 -1,00 6,20 -0,80 -2,70 8,80 -6,60 -4,20 2,50 2,50 -1,30
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
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