Financeiro 42 - Dezembro 2006

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Financeiro

A revista do crédito ano 4 nº 42 dez/2006

A ECONOMIA EM TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES

2007 Carreira

Crédito

A importância de saber mudar e adaptar-se a novas situações

A revolução do financiamento ao consumo nas últimas décadas

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editorial

Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento

O Brasil dos meus sonhos

Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar - São Paulo - SP Tel.: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 - www.acrefi.org.br

Flávio Roberto Guarnieri

Érico Sodré Quirino Ferreira, Presidente da ACREFI

DIRETORIA Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Aquiles Leonardo Diniz, Gilberto Caldart, José Arthur Lemos de Assunção, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Ricardo Malcon, Ronaldo Amaral de Carvalho Pinto e Wilson Masao Kuzuhara

realizar seus sonhos: sejam os básicos, mais ligados à sobrevivência e ao seu

Secretários Daniel Capelo Pinheiro e José Dante Zanaga Neto

dia-a-dia, sejam os mais arrojados, relativos à qualidade de vida e a um futuro

Tesoureiros Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Capella

cada vez mais promissor. Mas essas empresas todas – e o presidente da enti-

Diretores Regionais Carlos Alberto Samogim (SP-Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Evanir Coutinho Ussier (SP-Capital), Félix Archanjo Bordin (PR), Leonel Dias de Andrade Neto (RJ), Paulo Aguiar (Montadoras), Renato Malcon (RS), Sergio Faria Lemos da Fonseca Junior (DF e GO) e Tiziana Dadalto (ES) Diretores Adalberto Savioli, Álvaro Augusto Vidigal, Enílson Espínola de Souza, Felícitas Renner, Ivan Svitek, João Ayres Rabelo Filho, José Antônio Rigobello, Marcos Antonio Waideman, Moisés dos Santos Jardim e Sergio Antônio Cipovicci Diretores Conselheiros Humberto Casagrande Neto, Jerônimo Varalla Neto, Luiz Antônio Viana, Luiz Fonseca de Souza Meirelles Filho, Marcio Ronconi, Ricardo Annes Guimarães e Rodrigo Bacellar Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos e Manoel de Oliveira Franco. Membros: Elcio Aníbal de Lucca (SERASA), Guilherme Afif Domingos (ACSP), João Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC), Rogelio Golfarb (ANFAVEA), Sergio Reze (FENABRAVE) e Walter Machado de Barros (IBEF SP) Conselho Fiscal Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e Roy Martelanc. Suplentes: Abílio Abreu Neto, Massimo Tagliavini e Matias Nazari Puga Neto Presidente Honorário João Uchôa Borges (In memoriam)

dade em especial – também sonham. Sonham com um Brasil melhor a partir de 2007, um país em que todas as sabidas receitas das melhores práticas e políticas socioeconômicas vão ser aplicadas com o maior sucesso possível. Com isso teremos o Brasil dos sonhos, que vai reduzir drasticamente gastos públicos, mas investir muitíssimo mais em educação e infra-estrutura. Um Brasil que vai fazer despencar a relação dívida/PIB, porque vai crescer na base de muito emprego, muita produção, muita exportação, boa regulação e alta atração de investimento privado. Um Brasil que vai deixar de lado o interesse do indivíduo e agir em nome do interesse coletivo e realizar, enfim, com todo o rigor necessário, as reformas estruturais que têm sido empurradas com a barriga, dando novo curso à Previdência, às áreas fiscal e tributária e, principalmente, à Reforma Política, a mãe de todas as reformas. Ou seja, vamos ter o Brasil dos meus, dos seus, dos nossos sonhos, o Brasil do Estadista, o Brasil que nós merecemos ser e ter. Com esperança de um ano repleto de sonhos que se tornarão realidade, desejo a todos que 2007 seja marco de um Brasil superlativo e permeado pela sustentabilidade, o Brasil dos nossos sonhos.

Nesta edição

Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)

4 Seminário

Conselheiro Econômico Prof. Istvan Kasznar

Encontro aponta cenário positivo para o crédito em 2007

Financeiro

8 Palestra Acrefi Perspectivas da economia para 2007

ISSN 1809-8843 Conselho Editorial : Érico Sodré Quirino Ferreira, Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial : Tamer Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável : Eliana Nigro (MTB 15.005); Editoração e Produção Gráfi ca: EDF (www.edf.com.br); Pré-impressão e Impressão: Fabracor; Periodicidade: mensal Tiragem: 20.000 exemplares As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito.

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A Acrefi tem como associadas as instituições que ajudam os brasileiros a

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11 Artigo Microcrédito, no Brasil, precisa sair do papel

12 Crédito A revolução das financeiras

14 Tendência O desempenho setorial da indústria

16 Artigo

18 Análise econômica O mercado de crédito muda de forma marcante entre 2002 e 2006 e cresce em 2007

21 Análise setorial A insolvência influenciando o PDD

22 Carreira Quanto vale o seu conhecimento?

24 Variedades Mais notáveis terroirs do Brasil e seus vinhos

25 Turismo Novos tempos

26 Banco de dados

Economia brasileira em 2007

34 Espaço do artista Ópera de Pequim, por Silvio Dworecki

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seminário

Encontro aponta cenário positivo para o crédito em 2007 Representantes da Confederação Nacional do Comércio, da Associação Nacional das Empresas de Leasing, da Acrefi e da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança fazem projeções para o próximo ano

Fotos: Andrea Felizolla

É chegada a época de final de ano, e todos começam a fazer um balanço sobre as atividades que encerram o período. A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ) e a Serasa, já pensando no futuro, realizaram o seminário “Perspectivas do Crédito para 2007”, com a coordenação de Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), diretor superintendente da Acrefi. Os palestrantes do seminário foram Carlos Thadeu de Freitas Gomes, chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC); Rafael Euclydes de Campos Cardoso, presidente da Associação Nacional das Empresas de Leasing (Abel); Érico Sodré Quirino Ferreira, presidente da Acrefi ; e Décio Tenerello, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Adecip). Para abrir os debates, o presidente da Serasa, Élcio Aníbal de Lucca, salientou que quem trabalha com crédito presta um enorme serviço ao País, pois o crédito é a alavanca do desenvolvimento. Para ele, há muito o que fazer em 2007 e com o resultado positivo desse trabalho o crescimento será contínuo. “É verdade que, se as coisas continuarem como neste ano, o crescimento do crédito em 2007 no Brasil

será menor do que em Élcio Aníbal de 2006, mas nem por Lucca isso deixará de crescer. O que queremos é “Creio que em 2007 um crescimento subsconseguiremos tancial de um crédito trabalhar com o adequado, que possa cadastro positivo, o ser entendido por que vai gerar toda a sociedade”, crescimento comenta Lucca. vigoroso” Ele se refere à forte oferta de crédito registrada neste ano, que gerou uma inatece em anos de eleições, e esses dimplência acima da esperada. Mas gastos distorcem um pouco a econoo presidente da Serasa tem a conmia nacional”, argumenta ele. fiança de que a inadimplência é uma Para ele, 2007 será, sem dúvida, conseqüência do desenvolvimento, um ano melhor, pois, apesar de não apenas do crédito, mas de toda ter uma taxa de juros elevada, há a sociedade. a surpresa de uma inflação abaixo Acredita que o crescimento do da meta estipulada, e a economia crédito será vigoroso, caso seja possínacional estar sob controle do govel a implantação do cadastro positiverno. No comércio, tem havido vo no Brasil. “Creio que em 2007 concrescimento nos últimos três anos seguiremos trabalhar com o Cadas(5% em 2005; 4% em 2005; e 6% tro Positivo, adequada e integralneste ano). mente, que gerará crescimento e Outro aspecto positivo é a liquidesenvolvimento vigorosos”, finaliza dez internacional abundante, que Élcio de Lucca. gera expansão no crédito e estabiPara dar seqüência ao seminário, lidade de preços e câmbio, mesmo Carlos Thadeu de Freitas Gomes, chefe com a incerteza de inflação para o da Divisão Econômica da CNC, fez um futuro X ajuste fiscal. apanhado dos Aspectos MacroeconôPorém, as expectativas para o micos, no Brasil e no mundo. ano de 2007 são amplamente posi“Este ano foi muito sacrificado, tivas, mas o crescimento do crécom taxas de juros muito altas, o godito no Brasil não será tão grande verno gastando muito, como aconquanto tem sido neste ano e

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Encontro reuniu palestrantes de diferentes entidades representativas do segmento econômico

No setor de leasing, em que os problemas são menores, a expectativa é de um “2007 será um ano crescimento muito sigmelhor, pois terá a nificativo, levando em surpresa de uma conta o que aconteceu inflação abaixo da neste ano, até setemmeta estipulada e bro, quando o crescia economia sob mento registrado foi controle” de 40%. A carteira total chegou a R$ 30,4 quanto será no longo prazo, pois o bilhões, sendo R$ 20,4 bilhões em espaço para crescer é enorme e o novos negócios. ambiente é benigno. Dessa forma, Rafael Euclydes de “Acreditamos que, ao final de 2007, Campos Cardoso começou sua paleso IPCA estará na faixa de 4,04%; o crestra no seminário. “Esperamos avancimento do PIB será de, no máximo, çar muito em leasing no ano de 4%; o saldo da balança comercial vai 2007, principalmente em negócios girar em torno de US$ 37 bilhões, com com máquinas e equipamentos”, o dólar na casa de R$ 2,30; e a Selic comenta ele. será de 11,50% a.a. Levamos em conta Segundo o presidente da Abel, o cenário externo positivo, a continuio PIB brasileiro não irá crescer 5%, dade da liquidez abundante, a queda como alardeia o governo, mas, no na taxa de juros reais, o ciclo de crémáximo, 4%. Os negócios de leasing dito sustentado e o ajuste fiscal necesobtiveram crescimento de 216% nos sário para evitar reversão de expecúltimos cinco anos e (apenas neste tativas”, finaliza Carlos Thadeu. ano) este número chega a 40%, até

Carlos Thadeu de Freitas Gomes

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o final do ano, com R$ 36 bilhões em carteira. O maior parceiro do leasing no País é o mercado automobilístico. Em 2002, 3% do total dos negócios desse mercado era realizado com leasing e hoje já apresenta cerca de 15%, devendo estabilizar-se em 20% nos próximos anos. A mercado automobilístico representa 75% da certeira de negócios de leasing. “Acreditamos que o maior crescimento percentual se dará no segmento de máquinas e equipamentos. No início deste ano, 14,66% sobre a carteira eram de negócios nesse segmento e, em dezembro, será de mais de 20%”, salienta Rafael Cardoso. Para ele, a expectativa é que no futuro a participação do leasing continue muito grande, em função de vários aspectos, como cenário econômico favorável, com a inflação controlada, queda nas taxas de juros reais e, principalmente, a demanda crescente por investimentos. O governo pretende investir em infra-estrutura

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seminário

Profissionais lotaram auditório para ouvir especialistas do mercado de crédito

Rafael Euclydes de Campos Cardoso “O maior crescimento percentual se dará no segmento de máquinas e equipamentos”

cerca de R$ 198 bilhões nos próximos quatro anos em vários segmentos, como comunicações, portos, transporte, ferrovias, energia e saneamento. Na abertura de sua palestra, o presidente da Acrefi, Érico Ferreira, apresentou dez bons motivos para se investir no Brasil. Entre eles, ressaltou a consolidação do regime democrático; o forte empreendedorismo existente no País, precisando resolver alguns problemas de carga tributária para pequenas e médias empresas; en-

dividamento externo zerado; política monetária favorável e inflação controlada. “Por esses e outros motivos, podemos dizer que o crescimento do volume de crédito no Brasil está dentro das melhores expectativas do mercado. Em 2005, o crescimento do crédito foi de 38,32% e, para este ano, chegaremos a 30%. Caso a estimativa do governo de crescer 5% no próximo ano se realizar, o aumento do volume do crédito será de 25%”, esclarece o presidente da Acrefi. As taxas de juros menores – média de 83,52% ao ano, em 2002, para média de 53,11% ao ano em outubro deste ano (a menor taxa de juros desde a implantação do Plano Real) – consolidaram esse crescimento na oferta de crédito. Em dezembro de

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2005, o volume de crédito no mercado era de R$ 34 bilhões e passou para R$ 148 bilhões em outubro deste ano. Hoje, 75% dos veículos usados comprados no País são financiados. O mesmo número registra os financiamentos de eletrodomésticos. Para a Acrefi , o papel do crédito ao consumidor, além de ser motor da economia, tem relevante papel social, visto que auxilia a concretizar os sonhos de consumo da população. “Acreditamos que, em 2007, o crescimento do crédito deverá ser pouco inferior ao deste ano. O funding será menor, a geração de negócios, que já está próxima do limite, deverá permanecer estável, assim como a inadimplência, que já está em declínio”, salienta Érico Ferreira. Para ele, o volume de crédito poderá crescer caso o governo consiga manter sua promessa de crescimento do PIB em 5%. Décio Tenerello, presidente da Abecip, disse que o crédito imobiliáFINANCEIRO

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deve ser ainda maior.” Para os contratos assiNo Brasil, o sistema já finannados após 1998, a taxa ciou mais de 9 milhões de habitadecresce enormemente, “Temos um potencial ções, o que corresponde a cerca fi cando abaixo das taxas enorme para o de 36 milhões de pessoas benefiobservadas em outros crescimento do ciadas. Esse número corresponde tipos de crédito, com crédito imobiliário a um terço da população econo6,53% de atraso. no País” micamente ativa. O déficit habitaMesmo assim, Tenecional gira em torno de 8 milhões rello está confiante no de unidades. “Por esses números, crescimento. “Este ano podemos verificar que temos esdeveremos chegar a R$ paço para crescer bastante, preci9 bilhões financiados. samos desse crescimento, mas não No ano que vem, esse poderemos eliminar esse déficit no volume irá alcançar R$ 10 bilhões rio representa apenas 4,85% do PIB curto prazo”, finaliza Tenerello. e, se forem resolvidos os gargalos, nacional. Se comparado com outros países, a equação é diminuta. Na Holanda, representa 104% do PIB; na Inglaterra, 75%. Mesmo comparado a países da América Latina, o Brasil fica abaixo do Chile, com 17%, e do México, com 11%. “Temos um potencial enorme para o crescimento do crédito imobiliário no País. Mas temos um enorme entrave a solucionar. O maior fornecedor de recursos para esse tipo de crédito é a poupança e a sua captação vem despencando desde o Plano Collor, que confiscou dinheiro da população. Essa é uma tendência que se consolida e preocupa”, comenta. Outra preocupação da associação é com relação à inadimplência acima de três meses, que está fora de parâmetros, se comparada com outras modalidades de crédito. No total, 24,5% dos clientes estão inadimplentes, porém essa equação quase dobra para os contratos assiEncontro incentivou troca de idéias entre os participantes nados antes de 1998, com 44,3%.

Décio Tenerello

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palestra acrefi

Perspectivas da economia para 2007 Sistemas de Pagamentos do Banco Central, Basiléia II e Cenários 2007 foram temas de palestras que apontaram o futuro da economia no Brasil

A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ) realizou em 30 de novembro a palestra “A Economia em 2007”. O evento teve início com o pronunciamento do presidente da entidade, Érico Sodré Quirino Ferreira, que ressaltou a transparência e a ética que têm pautado o Banco Central (BC), mesmo nas graves crises dos últimos tempos, das quais se manteve distante, numa postura sempre “absolutamente correta, idônea, irrepreensível em todos os níveis”. A seguir, teve início a palestra “Sistema de Pagamentos Brasileiro”, proferida por José Antônio Marciano, chefe do Departamento de Operações Bancárias e Sistema de Pagamentos do BC, que informou aos participantes que, apesar de se tratar de uma nova área na instituição, desde 2002 vem fazendo um extenso e minucioso trabalho, a partir da reforma que começou anos antes, em 1995, mas deslanchou na gestão de Armínio Fraga e Luiz Fernando Figueiredo. Marciano explicou que se trata de um projeto que surgiu na área técnica do BC, que tem tido muito sucesso e vem sendo, inclusive, reiteradamente premiado. Seus grandes objetivos são estabilidade financeira com funcionamento sem sobressaltos da economia e com boa supervisão bancária, mecanismos de controle e transmissão eficientes, aperfeiçoamento das bases legais e respectiva regulamentação, implantação de sistema de transferência de fundos com liquidação bruta em tempo real, garantia de sistemas LDL aderentes às melhores

práticas e políticas do setor, pronta liquidação e certeza de liquidação e planos de contingência adequados. Para que isso fosse possível, definiram-se quais seriam as mudanças de infra-estrutura necessárias: criação da Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSF), estabelecimento da confiabilidade no que se refere à redundância de sistema e contingenciamento, segurança (criptografia e certificação digital), documentação e implementação de grupos técnicos. “Hoje, o Brasil se destaca com seu sistema de mensagens próprio, baseado na rapidez e adequação às próprias necessidades. O sistema tem possibilidades de comunicação de Primeiro Mundo e vem evoluindo muito, em especial com a simplificação de processos”, comentou Marciano. As grandes características do projeto são o sistema de transferência de fundos um a um com liquidação bruta em tempo real (LBTR), sob a condição de existência de saldo; liquidação interbancária em moeda do BC; automação com Straight Through Processing (STP – sem redigitação de dados); sistemas suportados por arquitetura de rede aberta de alta performance, usando linguagem XML; três depositárias centrais (CSD – Cetip, Selic e CDLC); sistemas de liquidação sistemicamente importantes sempre integrados como contrapartes. De acordo com Marciano, “o Brasil é um dos países que mais rápido adotaram a desmaterialização dos títulos, o fim do papel, o que eliminou custos e burocracia”. O Banco Central, lembrou Marciano, é o vigilante do SPB, exercendo esse papel no campo individual (governança /acesso /transparência /

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O Brasil é um dos países que mais rápido adotaram o fim do papel, o que eliminou custos e burocracia

eficiência) e sistêmico (consolidação de infra-estrutura – varejo, CCP, CSD, SSS – e impacto sistêmico de falha de bancos). Para isso, utiliza como instrumentos dados quantitativos e back testing, questionários, reuniões externas, análises internas de leis, regulações e manuais, além de análises externas. O chefe do Departamento de Operações Bancárias e Sistema de Pagamentos do BC destacou o back testing, processo em que, “se uma parte não honra compromissos, executam-se as garantias, mas mediante prévia contratação de venda de linhas de crédito pré-acertadas e com preços predeterminados”. Com isso, continuou Marciano, o BC demonstra sua preocupação constante com a aderência às melhores práticas internacionais no que tange à transferência de fundos (Princípios do BIS), sistemas de liquidação de títulos (BIS/ Iosco) e contrapartes centrais (BIS/ Iosco), o que se reflete num sistema de pagamentos “seguro, eficiente, confiável, com alta padronização e flexibilidade, Straight Through Processing e robusta mitigação de riscos”. Marciano discorreu, ainda, sobre a modernização do Sistema de Pagamentos de Varejo, com aumento da participação relativa dos instrumentos eletrônicos e consolidação da infra-estrutura. Para tanto, foram realizados convênios FINANCEIRO

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Basiléia II – assunto de interesse internacional O evento da Acrefi de 30 de novembro teve continuidade com a palestra “Basiléia II”, por Amaro Luiz de Oliveira Gomes, chefe do Departamento de Normas do Sistema Financeiro Nacional do Banco Central (Denor), que destacou esse projeto da instituição como um grande trabalho de equipe, sob coordenação de Fabiana Melo, sobre um tema de interesse internacional. Gomes explicou o porquê do nome Basiléia II, informando tratar-se de um conjunto de recomendações, associado a requerimentos de capitais, editado a partir de anos de experiência com crises e eventos, no sentido de evitar perdas inesperadas, e já precedido pelo Basiléia I. No Brasil, segundo ele, Basiléia II está associado a integração, mercados domésticos e melhores práticas internacionais, além de risco de crédito e diferenciação de garantias nesse tipo de operações. Com o Basiléia II, continuou Amaro, o Banco Central passa a ter maior responsabilidade de validar os sistemas de

Andrea Felizolla

José Antônio Marciano

cada banco, acompanhando seu capital de forma permanente, o que implica treinar – e reter – pessoal capacitado para a função. Na prática, Basiléia II serve como um colchão de capital contra perdas não esperadas e se aplica internacionalmente aos bancos, financeiras e empresas de leasing. Seu objetivo é incentivar melhores práticas de gestão de risco adequadas ao porte de cada instituição e fazer com que cada uma delas adote um modelo-padrão ou proprietário nesse sentido. A expectativa é que modelos proprietários sejam usados por um número limitado de instituições, provavelmente as de maior porte. Nesses casos, devem ser desenvolvidos modelos a partir de bases de dados, inclusive operacionais e domésticos. “E o BC deve regulamentar todos os procedimentos o quanto antes”, acrescentou. (Em 2007, começa a divulgação das características dos sistemas das instituições para as respectivas validações.) Cenários: projeções para o Brasil no ano que vem O evento de 30 de novembro da Acrefi contou ainda com uma palestra de projeções para o próximo ano, intitulada “Cenários 2007”, e proferida pela dra. Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, sócia da MB Associados. A especialista iniciou sua apresentação traçando o legado que nos deixa o

Amaro Luiz de Oliveira Gomes

Com o Basiléia II, o BC tem maior responsabilidade de validar os sistemas de cada banco

ano de 2006, num “Brasil cuja economia, hoje, não entra nas crises internacionais de forma drástica”. Para a dra. Tereza, um dos grandes riscos para o País no próximo ano é o de desaquecimento da economia norte-americana, fato que deve ser considerado em conjunto com a redução de crescimento do PIB no mundo todo. (Em 2007, a evolução do PIB dos Estados Unidos deve ficar em 2,5% e a da Alemanha, em 2,2%.) Segundo a economista, “a velocidade e a intensidade dessa queda devem ser os principais indicadores do crescimento mundial”. Além disso, há ainda outros fatores, de acordo com a dra. Tereza, que se traduzem em riscos para o Brasil: • inflação em desaceleração suave – a core inflation deve fechar 2007 em 2,3%; • a dúvida sobre quando os juros norte-americanos começarão a cair; • o reflexo, no Brasil, dos preços internacionais do petróleo, que afetam as commodities industriais; • a economia chinesa também deve desacelerar em 2007, mas, mesmo assim, ainda teria um cresci-

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de cooperação técnica para eficiência econômica, com coleta de informações sobre a indústria de cartões de crédito e coordenação de ações de políticas públicas. A partir de agora, segundo ele, há grandes tendências do SPB. Do lado da oferta, seguem-se o avanço tecnológico, o aumento de transações e as oportunidades de economia de escala e escopo, para sanar problemas como sistemas legados antiquados, aspectos de concorrência e mercadológicos. Do lado da demanda, deve haver mais opções, qualidade e menor custo social. Tudo isso leva à consolidação de sistemas de varejo e redes. Marciano recebeu, a seguir, uma placa comemorativa do evento da Acrefi, que lhe foi entregue por Aristeu Zanúncio, tesoureiro da entidade. Os participantes do evento também puderam conhecer, em seguida, o novo logotipo da TV Acrefi, que pode ser conferido no endereço eletrônico www.acrefi.org.br.

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Previsão de expansão de crédito, concorrência com os produtos chineses e crescimento aquém do desejável

mento forte, de cerca de 8,5% no ano. Diante disso, para a dra. Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, sócia da MB Associados, o Brasil deve ter um 2007 com expansão de crédito, acirrada concorrência com os produtos chineses e crescimento ainda aquém do desejável. O quadro deverá ser esse, por diversos fatores, entre os quais o fato de os preços médios das commodities, que afetam muito a balança comercial brasileira, atravessarem um longo pico histórico. As commodities não-agrícolas sentem menos as condições desfavoráveis, mas as agrícolas recebem um impacto maior, em especial no que se refere ao preço de soja, trigo e carnes. Há ainda que se considerar, segundo a dra. Tereza, o mercado de petróleo: o barril deve ter preço médio de US$ 60 em 2007, com alta volatilidade. Esse seria um valor considerado adequado pela Opep, que impediria o avanço dos investimentos em energias alternativas, como o etanol (que só seria viável com o barril na casa dos US$ 40). De acordo com a especialista, “o Brasil vai pagar mais pelo gás da Bolívia, mas nada que comprometa sua inflação”. Não se espera, assim, um forte crescimento do Brasil para 2007. Além disso, é preciso lembrar-se de que o

Brasil ainda padece com um “sério problema de finanças públicas”. Com essas premissas, o cenário para o Brasil em 2007 seria assim: • cerca de US$ 105 bilhões em reservas, já que deve haver insuficiente entrada de capitais externos; • a inflação deve ficar abaixo da meta traçada de 4% anuais; • os juros básicos da economia devem cair mais, até cerca de 12%, o que ainda será um patamar muito elevado; • carga tributária também ainda muito alta, na casa dos 37%, o que compromete futuros investimentos; • apesar de o orçamento e a Lei de Diretrizes Orçamentárias ainda estarem indefinidos, via estudo econométrico é possível projetar déficit crescente entre despesas e receitas; • mesmo com a queda dos juros, a relação dívida líquida/PIB deve situar-se no patamar de 50%, o que implica dizer que o Brasil não deve ter investment grade antes de um prazo de, no mínimo, dois anos; • os investimentos do País em infra-estrutura devem ficar 55,4% aquém do necessário, na média dos setores de petróleo e gás, energia elétrica, logística de transporte, telecomunicações e saneamento. Sendo assim, de acordo com a dra. Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, sócia da MB Associados, “para 2007, pode-se esperar um pouco do mesmo que ocorreu em 2006: crescimento de 3%; setores com bom desempenho (indústria automobilística) e setores com performance ruim (calçadista); juros mais baixos; não-conclusão da Reforma

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palestra acrefi

Tereza Maria Fernandez Dias da Silva

da Previdência; prorrogação da CPMF e DRU; manutenção da responsabilidade fiscal sem expansão dos gastos públicos – nem mesmo do Bolsa Família. O presidente Lula deve tentar atingir a meta de 5% de crescimento prometida em campanha, mas, com o cenário atual, isso só seria possível com investimentos, o que implicará regulação efetiva para atrair capital privado. Ainda deverá haver continuidade do necessário ajuste fiscal. E é preciso lembrar que há um grande passivo do presidente Lula com contenciosos de Câmara, Senado e Judiciário. Na prática, ele terá grande oposição no setor econômico, o que significa risco de a governabilidade se tornar menos fácil. Assim, devemos ter PIB de 2,8%, aumento de 4,3% da massa salarial, desemprego de 10%, dívida pública de 49,7% do PIB, balança comercial de US$ 37 bilhões e taxa de câmbio US$/R$ de 2,24, com Selic de 12,4%, IPCA de 4% e IGP-M de 4,3%”.

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artigo

Arquivo Acrefi

Microcrédito, no Brasil, precisa sair do papel JOSÉ ARTHUR ASSUNÇÃO, VICE-PRESIDENTE DA ACREFI E DIRETOR DA ASB FINANCEIRA

O Brasil tem que crescer mais. Bem mais do que nos últimos anos. E essa precisa ser a prioridade do presidente Lula no seu segundo mandato. Como grande parte dos brasileiros, eu também tenho uma sugestão a dar ao presidente nessa empreitada essencial para todos nós. Os economistas sabem da importância do crédito como ferramenta para alavancar a economia. Infelizmente, no nosso país, esse setor vem se comportando de forma tímida ainda, devido a tantos entraves. Porém, há uma modalidade de crédito que resulta comprovadamente em crescimento econômico: o microcrédito. Para que o Brasil cresça realmente de modo sustentável é necessário que o programa de microcrédito já existente seja melhorado e realmente colocado em prática. Até agora, no Brasil, o programa de microcrédito é uma colcha de retalhos, muito diferente das experiências que vêm dando tão certo pelo mundo e que até levou Muhammad Yunus, responsável pela introdução do microcrédito em Bangladesh, a ganhar o Prêmio Nobel da Paz este ano. Primeiramente, é preciso entender o que é e como funciona o microcrédito nos países onde deu certo efetivamente. Ao se explicar os mecanismos reais de funcionamento dessa modalidade de crédito, com certeza, governo, iniciativa privada e sociedade civil irão aclamá-lo e trabalhar pela sua real implementação. O que no nosso país se costumou chamar de microcrédito nada mais é do que um empréstimo de baixo valor, que deveria ser chamado de micro-

empréstimo. Microcrédito não se usa para comprar um bem nem para pagar dívidas. Microcrédito se usa para constituir algum tipo de negócio, mesmo que seja bem pequenino. É um crédito que gera renda e emprego. O microcrédito verdadeiro é aquele que é acompanhado no seu dia-a-dia. Não basta a instituição conceder o crédito. É preciso que o tomador do dinheiro esteja preparado para utilizá-lo e que a instituição esteja presente, sempre que houver necessidade, para que o dinheiro seja usado de maneira correta. O microcrédito, num primeiro momento, é aberto para comunidades, o que facilita as visitações dos agentes das instituições financeiras – o acompanhamento familiar é imprescindível – e também a participação integrada dos membros. O crédito pode ser concedido para uma única pessoa ou mesmo para um grupo, gerando maior solidariedade entre os membros. Se um não pagar, os outros rateiam. Há um comprometimento social, o que resulta numa inadimplência muito pequena. Mas é preciso haver vontade política por parte do governo para que o microcrédito vá avante. É bom para todos. Financia a geração de renda, gera riqueza, reduz a informalidade e aumenta a arrecadação. Além disso, é preciso que o micro-

crédito seja uma atividade fundamentalmente com fins lucrativos. Entidades filantrópicas podem ter a melhor das intenções, mas o microcrédito só vai adiante com profissionalismo. O programa também não pode ser desenvolvido por organismos que sofram ingerência política. Sabemos que não dá resultado. As experiências por todo o mundo provam isso. No Brasil, apenas 25% da população, em média, tem relacionamento com bancos, isso quer dizer que o restante, cerca de 75%, fica totalmente à margem do crédito, por não preencher as exigências impostas. Pois bem, são essas pessoas o público-alvo do microcrédito, que criará condições para que elas desenvolvam suas potencialidades. Basta ter uma profissão ou uma boa idéia. Para o mecânico, por exemplo, são financiadas as ferramentas; para a dona-de-casa que faz congelados, é financiado um freezer e assim por diante. Os juros são baixos, se comparados aos de outras modalidades de crédito, com prazos de pagamento compatíveis com o bom andamento do projeto, além do acompanhamento técnico periódico. Por tudo isso, as financeiras, pela característica de estarem tão próximas do povo e por apresentarem uma rede de distribuição extremamente capilarizada por todo o território nacional, são as instituições mais apropriadas para formarem parceria com o governo nessa empreitada. Só assim o microcrédito será feito em larga escala e irá se constituir numa importante ferramenta para o desenvolvimento sustentável do Brasil.

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É um crédito que gera renda e emprego. Não se usa para comprar um bem nem para pagar dívidas. É usado para construir algum tipo de negócio

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crédito

Divulgação

A revolução das financeiras

No último meio século, observaram-se transformações importantes no financiamento ao consumo no Brasil. Na década de 1950, o volume de crédito era baixo e o financiamento de bens de consumo duráveis era escasso, praticamente inexistente. A grande barreira para a evolução da intermediação financeira era a Lei da Usura, que vetava juros acima de 12% ao ano, tanto para a captação de recursos como para sua aplicação. Uma solução criativa foi usada, pelas financeiras de então, para superar o obstáculo: a emissão de títulos e operações com ágios e deságios, como forma a compor a taxa em sintonia com o mercado. O resultado foi o aparecimento de um instrumento de poupança financeira e o acesso ao crédito. As letras de câmbio vendidas com deságio e o desconto de títulos de financiamento fizeram época e as financeiras eram as instituições de ponta do Sistema Financeiro Nacional de então. O resultado foi um impulso ao crescimento da intermediação financeira no Brasil. Algumas instituições que nasceram na época se destacam atualmente. O Banco Pecúnia é um exemplo emblemático – começou como financeira na década de 1950 e tem uma trajetória de sucesso de meio século. Mesmo transformada em banco, ainda hoje, mantém o foco nos financiamentos de pequeno valor. A partir de 1964, uma série de medidas foram tomadas e determi-

ROBERTO LUIS TROSTER, ECONOMISTA E DOUTOR PELA USP. PROFESSOR TITULAR DA PUC-SP

naram a evolução posterior do setor. Implantou-se, no Brasil, um modelo de estrutura bancária semelhante ao norte-americano, com entidades financeiras especializadas. As atividades das financeiras foram delimitadas e as restrições operacionais para seu funcionamento, definidas. O setor financeiro como um todo apresentou um desenvolvimento vigoroso. No final dos anos 1960 e início de 1970, na época do “Milagre Brasileiro”, as financeiras tiveram um papel importante, financiando a demanda de bens de consumo duráveis e estimulando a industrialização incipiente do País. Nas três décadas seguintes, a volatilidade macroeconômica foi exacerbada, anos de crescimento foram seguidos de recessões, a taxa de câmbio real oscilou, os juros básicos se situaram num patamar elevado e os horizontes financeiros ficaram reduzidos. O setor de financiamento ao consumo sentiu os efeitos, onde se observaram alguns impulsos de expansão nas carteiras, mas sem sustentação. Atualmente, vive-se um boom de crédito, em que o nicho das financeiras foi o que mais cresceu. Melhorias nos indicadores macroeconômicos, alguns aprimoramentos institucionais, ganhos de escala e a expansão da rede, com destaque para a atuação dos correspondentes, contribuíram para a expansão do crédito nos últimos anos.

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Uma parte desse volume, rotulada como financiamento à pessoa física, é, na prática, para microempreendedores, em que, em função de suas características, a pessoa física e a jurídica se fundem. Dessa forma, a expansão contribui para a inserção econômica destas. O movimento de expansão do financiamento deve se manter a curto prazo; a médio e longo prazo, sua expansão depende das mesmas variáveis que afetam todo o crédito – juros, crescimento, quadro institucional e tributação, e de especificidades de operações de pequeno valor. Emprestar ao pequeno tomador, que é o cliente das financeiras, é proporcionalmente mais custoso do que para o grande. É fato tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Sistemas financeiros operam de cima para baixo. Assim como outros setores – possuem custos fixos, avaliação, monitoramento, contratação, controle, cobrança, observância etc. – que podem ser mais bem diluídos com clientes maiores. O custo fixo médio por operação aumenta à medida que diminui o tamanho. O que explica a importância de atenção específica para as operações de menor valor, geralmente, as de maior importância social. Isso faz com que operações maiores tenham preços menores, e a oferta de crédito comece pelo topo e gradativamente desça até a base da pirâmide depois. Em todo o mundo, a oferta de crédito é regressiva, os menores custam proporcionalmente mais. FINANCEIRO

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No Brasil, o problema possui três agravantes, o viés concentrador, a informalidade e o Judiciário. Desde a chegada dos primeiros colonizadores portugueses, 500 anos atrás, a política econômica tem uma predisposição à concentração. Atualmente, o Brasil possui uma das maiores concentrações de renda do mundo que é refletida na estrutura da oferta de crédito. O segundo agravante é a informalidade. Estima-se que 39,8% da atividade econômica no Brasil seja informal. Elevados custos de observância, tributação e a burocracia induzem parte dos negócios ao setor informal. Microempresários, profissionais autônomos e trabalhadores avulsos têm, às vezes, algum grau de informalidade. A conseqüência da informalidade, existência de um caixa 2 (contabilidade extra-oficial), provoca um problema de seleção adversa, em razão da precisão de informação de crédito fornecida a seus financiadores. Isso ocorre toda vez que existe incerteza em relação à qualidade da informação sobre um tomador de crédito. Como os avaliadores de risco conhecem a qualidade média e a distribuição da informação relativa aos tomadores de crédito, tende a atribuir um risco de crédito maior ao tomador menor. O outro agravante para o custo do financiamento para o pequeno tomador é o Judiciário, que afeta o conjunto do crédito, mas é mais pesado com os menores. Ou seja, a maioria dos custos legais são custos unitários,

o custo, menor será o preço cobrado pelo crédito e mais abundante será a oferta. A existência de financiamento a um baixo custo depende do segmento de financeiras operante em condições apropriadas. As condições brasileiras são sofisticadas tanto do ponto de vista tecnológico como de instrumentos. Ilustrando o ponto, o crescimento dos fundos de recebíveis nos últimos anos estreitou as margens líquidas dos intermediários, acirrando a concorrência e aprimorando o cálculo do risco. A venda de fluxos de pagamentos de operações de crédito, de cartões de crédito e de outros ativos contribuiu para um crescimento do mercado, ao aumentar a oferta de fundos, e implica um processo de precificação sofisticado. A quase totalidade da aprovação do crédito é feita com o uso de técnicas quantitativas avançadas que permitem um cálculo mais acurado do risco de crédito. Atualmente, há espaços para aprimoramentos no quadro institucional (Judiciário, tributação etc.) e, no macroeconômico, as financeiras operam num ambiente competitivo e sofisticado, no qual convivem financeiras independentes, bancos e alguns varejistas disputando os mesmos clientes. A comparação com a década de 1950 mostra que o financiamento ao consumo viveu uma revolução, com impactos positivos no crescimento e no bem-estar. robertotroster@uol.com.br

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isto é, a parte dos gastos para executar uma dívida de R$ 1 ou R$ 1 milhão é de valor semelhante. Quando se estima o custo de recuperação de empréstimos vencidos, os pequenos custam proporcionalmente mais do que os grandes. Ilustrando o ponto, uma pesquisa do Ministério da Justiça do Brasil (2006) estima o custo de recuperação de operações de crédito vencidas. Em um caso extremo, para cobrar uma dívida de R$ 500, o custo, quando o processo demora cinco anos, é igual ao total da operação, enquanto em operações de maior valor, o custo é proporcionalmente menor: para operações de R$ 5 mil, o custo de recuperação no mesmo prazo é de 79,8%, e para tíquetes de R$ 50 mil, os gastos caem para 75,9%. O processo judicial no Brasil é caro e demorado, com ônus proporcionalmente maior para os tomadores de menor porte. Existem algumas distorções que tornam a execução da justiça inefi ciente e cara, desnecessariamente: estrutura administrativa obsoleta dos tribunais, falta de recursos técnicos e humanos, politização das decisões dos tribunais, existência de demasiadas alternativas de protelamento e complexidade do código judicial. Alguns avanços foram registrados nos últimos anos, mas o espaço para melhorias ainda é amplo. Em um ambiente competitivo, a expansão do crédito depende de uma maior oferta a um custo mais baixo. Tudo o mais constante – quanto menor

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tendência

Arquivo Acrefi

O desempenho setorial da indústria TEREZA MARIA FERNANDEZ DIAS DA SILVA, SÓCIA DA MB ASSOCIADOS

A expectativa de um crescimento do PIB em torno de 3,0% em 2007, que irá implicar mais uma vez desempenhos distintos para cada setor da economia, motivou a MB a avaliar individualmente alguns segmentos, na tentativa de identificar essas diferenças. O desempenho da economia em 2006 já ficou abaixo do esperado, com comportamentos diferentes na indústria (tabela I). A nossa projeção inicial de um crescimento de 4,5% na indústria geral foi revista para 2,9% em 2006, com manutenção da expectativa de 3,3% em 2007. A indústria extrativa manteve o seu bom desempenho, pois o crescimento mundial permitiu a continuidade de repasses de preços. No entanto, o ano de 2006 deverá significar o pico do crescimento mundial, com uma desaceleração suave no próximo ano. O crescimento americano para 2007 deverá ficar ao redor de 2,5%, o da China entre 8% e 9%, e a zona do euro e o Japão devem apresentar um número próximo a 1,8%. Com isso, o setor deverá seguir crescendo, mas, provavelmente, a taxas menores. A Petrobras manteve um papel importante nos investimentos do segmento. A indústria de transformação continuará desempenhando abaixo do desejável, não apenas pelo menor crescimento da demanda doméstica, mas também pelo aumento da concorrência dos importados. Além disso,

setores como têxtil, de calçados e de móveis, entre outros, cujo desempenho recente foi impulsionado pela exportações, seguem perdendo competitividade no mercado externo. Outros setores apresentam dados positivos, destaque para o setor de informática, cujo crescimento tem contribuído para o crescimento da indústria (0,62% dos 2,67% do crescimento da indústria geral foi por conta desse segmento), e para o setor automobilístico, que deve crescer 13,3% em 2006 e 8% em 2007, pelo desempenho do mercado interno, entre outros. A construção civil vai apresentar um resultado positivo em 2006, capitaneada pela área imobiliária, com destaque para o crescimento das vendas de cimento. A expectativa para 2007 é de que esse desempenho continue positivo, mas em ritmo menos intenso. O crescimento mundial fez com que a indústria de mineração e metais apresentasse crescimento de 118% nos últimos cinco anos, principalmente pelo desempenho asiático, em especial a China, responsável por 40% do minério negociado no mundo. O impacto no Brasil foi bastante positivo fazendo com que o faturamento da indústria brasileira no setor crescesse em média 24,5% ao ano, no mesmo período. O Brasil tem presença importante no comércio internacional. É o maior produtor de nióbio do mundo, segundo maior produtor e exportador

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de minério de ferro, segundo maior produtor de bauxita, terceiro maior produtor de manganês, quarto maior produtor de estanho e sexto maior produtor de alumínio. Em 2005, o negócio mineral respondeu por 34% do saldo comercial brasileiro. Juntamente com o petróleo e a agroindústria, o setor de mineração é um dos mais bem posicionados atualmente no Brasil, com grande produtividade em muitos dos seus segmentos. Com uma elevação de preços de 180% em média, entre dezembro de 2002 e julho de 2006, mesmo com uma desaceleração destes, eles continuarão acima de sua média histórica. Na indústria de transformação, os desempenhos não foram iguais. A siderurgia tem apresentado menor volume de produção de aço bruto. Em 2005, o setor diminuiu em 4,1% a sua produção, que deve cair mais 4,3% em 2006 e 1,6% em 2007. Esse comportamento decorre, além da parada para manutenção do forno da CSN, do aumento de oferta no mercado mundial. Diferentemente da mineração, a siderurgia brasileira está sofrendo com a competição no mercado internacional, cujo crescimento da produção continuará sendo elevado – 9,0% em 2006 e 5,0% em 2007, segundo o International Iron and Steel Institute (Iisi). Os processos de fusão que ocorreram recentemente seguirão dificultando as nossas empresas, pois manter FINANCEIRO

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Tabela I – Variação da produção industrial por setores Setores

2004

Indústria geral

2005

2006 (1)

8,30

3,09

Indústria extrativa

4,29

10,19

2,67 7,44

Indústria de transformação

8,53

2,72

2,40

Alimentos

4,12

0,61

2,03

Bebidas

5,81

6,36

6,94

Fumo

18,95

-0,89

4,54

Têxtil

10,12

-2,11

2,01

1,55

-5,05

-6,77

Vestuário e acessórios Calçados e artigos de couro

2,34

-3,20

-3,42

Madeira

7,68

-4,46

-7,87 2,66

Celulose, papel e produtos de papel Edição, impressão e reprod. de gravações Refino de petróleo e álcool Farmacêutica Perfumaria, sabões, detergentes e prod. de limpeza

7,93

3,10

-2,39

11,30

1,49

2,33

1,48

2,86

0,95

14,44

4,07

11,89

3,73

0,40 -2,32

Outros produtos químicos

6,96

-1,25

Borracha e plástico

7,78

-1,20

2,17

Minerais não metálicos

4,86

2,82

1,98

Metalurgia básica

3,36

-1,98

2,54

Produtos de metal (exclusive máq. e equip.)

9,98

-0,15

-2,32

Máquinas e equipamentos

16,14

-1,35

2,32

Máquinas para escritório e equip. de informática

33,55

17,26

53,73

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos

7,06

7,88

11,97

17,80

14,22

0,18

8,30

2,56

9,35

Veículos automotores

29,87

6,84

1,52

Outros equipamentos de transporte

10,31

5,54

1,88

6,87

0,54

6,25

10,78

8,45

-1,79

Material eletrônico, aparelhos e equip. de comunicações Equip. médico-hospitalar, ópticos e outros

Mobiliário Diversos

Fonte: IBGE (1) Crescimento acumulado até Set/06 em relação ao mesmo período do ano anterior

competitividade com as suas escalas de produção será difícil. A produção chinesa está atingindo 420 milhões de toneladas em 2006, contra 350 milhões em 2005. O Brasil está investindo R$ 46,4 bilhões, entre 2007 e 2011, para duplicar a nossa produção de 36 milhões de toneladas. Portanto, o setor siderúrgico brasileiro terá que ser reavaliado. Os segmentos de alimentos, bebidas e fumo também têm apresentado comportamentos distintos. Este setor representa aproximadamente 10% do PIB brasileiro. O segmento de fumo deve crescer 6,0% este ano e desacelerar (-3,8%) em 2007. A alimentação, em 2007, deve apresentar desempenho superior a este ano (+1,2%), crescendo sua produção em 3,4%. O segmento de bebidas tem crescido acima da

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média do setor, com uma evolução da produção de 6,0% neste ano e +6,2% em 2007. No setor de bebidas, os mercados de água mineral e sucos têm se expandido acima do crescimento da produção de cervejas e refrigerantes. Dos segmentos mais afetados na nossa economia, têxtil e vestuário seguem demitindo pessoal e preocupando no médio prazo. O câmbio tem comprometido de forma importante as exportações brasileiras, que não conseguem concorrer com os produtos chineses. A atuação em nichos segue sendo uma alternativa lucrativa, e a manutenção dos mercados externos são resultado de inovação e criatividade, mas não representam volumes importantes em valor. As duas grandes fusões que ocorreram no setor entre a Santista e a Tavex (mercado de denim)

e a Coteminas e a Springs (roupa de cama, mesa e banho) são importantes para a consolidação das empresas, mas, em si, não resultam benefícios imediatos para o mercado interno, pois os novos investimentos serão feitos fora do Brasil. Nossas expectativas indicam um crescimento de 0,5% para o segmento têxtil em 2006 e 2007 e uma queda de 8,0% e 10,0%, respectivamente, para o segmento de vestuário. Outro setor que vem sofrendo nos últimos anos é o de calçados. O Rio Grande do Sul segue sendo o maior produtor do País, com 70% das exportações do Brasil. Em seguida, temos os pólos paulistas – Franca, Jaú e Birigui – e, finalmente, o pólo cearense, que é responsável por 25% das exportações brasileiras. Com menor representatividade, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba e Goiás também possuem empresas do setor, basicamente voltadas ao mercado interno. A produção de sapatos tem caído nos últimos dois anos, assim como o volume exportado. A perda de espaço no mercado tradicional de calçados de baixo preço está em parte sendo compensada com o crescimento das vendas externas de calçados com marca própria, direcionados a clientes de maior poder aquisitivo, o que tem evitado maiores perdas em valor na balança comercial, mas tem sido insuficiente para garantir emprego e a sobrevivência de muitas de nossas indústrias. No setor de artefatos de couro – malas, carteiras, bolsas etc., a preocupação é não perder mais espaço no mercado interno. O segmento está sofrendo muito com a concorrência chinesa, que já é responsável por 80% dos artigos de viagem vendidos hoje no Brasil, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Artigos de Viagem (Abiacav). Para que esse cenário de crescimento de produção da indústria possa se alterar de maneira significativa, precisaríamos de sinalizações consistentes em relação às reformas estruturais necessárias ao aumento de investimentos no Brasil. A queda de juros, sozinha, não será suficiente para reverter esse quadro.

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Economia brasileira em 2007 ROBERTO PADOVANI – TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA

Em 2007, o ambiente político será substancialmente melhor do que o registrado nos últimos anos. Porém, dificilmente esse quadro poderá ser traduzido em reformas de boa qualidade e com rápida tramitação no Congresso. A implicação prática disso é que os gargalos que impedem taxas mais robustas de crescimento da economia brasileira devem ser mantidos

Há três hipóteses centrais para se construírem os cenários mais prováveis para a economia brasileira em 2007: (a) não são esperadas reversões importantes na liquidez internacional; (b) o regime de política econômica no Brasil não será alterado e as reformas caminham de modo lento; e (c) as condições de solvência da dívida pública permitem relativa estabilidade no prêmio de risco. Nesse contexto, a taxa de câmbio deverá mostrar estabilidade, acompanhada de baixa inflação, juros reais em queda e manutenção do crescimento baseado na expansão do mercado consumidor doméstico. Cenário externo Os mercados financeiros internacionais mostraram volatilidade em 2006 por conta dos cenários em torno da economia norte-americana. Os humores oscilaram em torno ora de um medo excessivo de inflação, ora de um temor de recessão. Pelas hipóteses da Tendências, nenhum desses dois extremos deverá ser observado, e a China deverá manter seu papel de sustentação do crescimento mundial, com impactos ainda favoráveis sobre as exportações brasileiras.

A combinação de crescimento mundial ainda elevado e juros reais em patamares razoáveis nos Estados Unidos implicam que o risco global é baixo. Os mercados de títulos de segunda linha norteamericanos confirmam essa tese, mostrando prêmios de risco historicamente reduzidos. Com isso, é possível dizer que, a despeito das incertezas nos Estados Unidos, dificilmente os fluxos de comércio e capital no Brasil serão afetados de modo significativo. Cenário político Se o quadro externo não oferece riscos de curto prazo elevados, tampouco parece haver novidades na frente doméstica. As eleições de 2006 reforçaram a visão de que as transições democráticas no Brasil não implicam mudança na condução econômica. O fato de o Brasil ser uma sociedade democrática baseada em uma economia de mercado faz com que a estabilidade econômica afete as condições de popularidade do governo, construindo, desse modo, um forte incentivo para a responsabilidade de gestão. Nesse sentido, discursos de rup-

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tura são sempre vistos com muito descrédito e influenciam muito pouco a evolução de preço dos ativos financeiros e, de modo defasado, o próprio comportamento da economia como um todo. Mais relevante que a questão do regime de política econômica, no entanto, são as condições de construção de maiorias parlamentares que permitam a tramitação de reformas, essenciais para a melhoria do potencial de crescimento de médio e longo prazos. Por esse aspecto, os sinais são dúbios. Por um lado, o fato de a popularidade do presidente ser elevada facilita a construção de alianças. Da mesma forma, o crescente distanciamento entre o governo e o PT tende a não criar restrições à formação dessas maiorias. Finalmente, há incentivos para que a oposição acompanhe o governo em algumas votações no Congresso, uma vez que reformas como a tributária, previdenciária e trabalhista, dentre outras, geram efeitos positivos de médio prazo e facilitam as condições de governabilidade após 2010, quando se imagina um cenário, visto de hoje, em que o PT seja eleitoralmente menos competitivo. FINANCEIRO

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Pelo lado negativo, o governo não vem mostrando clareza sobre o papel do Estado na economia. A questão regulatória, em particular, implica um cenário de elevadas incertezas, que desestimulam os investimentos, notadamente, nos setores de infra-estrutura. E, vale lembrar, o papel do Executivo como originador de projetos no Congresso é central. Como resultado, 2007 se apresenta como um ano em que o ambiente político será substancialmente melhor do que o registrado em 2004, 2005 e 2006. Porém, dificilmente esse quadro poderá ser traduzido em reformas de boa qualidade e com rápida tramitação no Congresso. A implicação prática disso é que os gargalos que impedem taxas mais robustas de crescimento da economia brasileira devem ser mantidos, definindo um cenário de crescimento sustentável, porém, aquém do que poderia ser alcançado.

projeção indica que a média de dezembro do próximo ano seja de R$ 2,13/US$. Dada a projeção de crescimento ao redor de 3,2% em 2007, esse quadro sugere relativa tranqüilidade inflacionária. Muito provavelmente, a inflação ficará abaixo da meta, com o IPCA alcançando 4,1%. Diante desse cenário de baixa inflação e baixas surpresas inflacionárias, é razoável que o Banco Central continue reduzindo a taxa de juros. Em um ambiente de relativas incertezas em relação às reformas e de avanços modestos na questão fiscal, a taxa nominal de juros poderá encerrar o ano em 12%. Níveis mais baixos são possíveis, mas dependem, contudo, de sinais melhores na área fiscal e de reformas. Essas variáveis todas compõem um quadro de continuidade de expansão de crédito, ainda que a um ritmo menor, e manutenção da recuperação da renda

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Estabilidade e previsibilidade A combinação de um quadro externo ainda positivo e ausência de movimentos políticos relevantes na frente doméstica em termos de gestão econômica e aprovação de reformas encontra uma economia com fundamentos mais ajustados. Essa é a base para um cenário de estabilidade e previsibilidade. Com o pagamento da dívida externa pública e a substancial queda do risco político doméstico – leia-se restrições institucionais ao não-pagamento da dívida pública interna –, o prêmio de risco tende a se estabilizar em um patamar baixo. A estimativa da Tendências é que o prêmio alcance, ao final de 2007, o patamar de 180 bps. A política fiscal não deverá sofrer alterações importantes, alcançando a meta programada de 4,25 como percentual do PIB. Nesse caso, a taxa de câmbio deverá também mostrar pouca oscilação. A

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análise econômica

Renato Fogal

O mercado de crédito muda de forma marcante entre 2002 e 2006 e cresce em 2007 É objetivo macroeconômico de curto prazo obter uma baixa taxa de inflação – que mantém o poder aquisitivo da moeda e do rendimento –; assegurar boas taxas de crescimento do produto; e formar reservas internacionais para dispor de poupanças em divisas que garantam facilidade na realização de transações com o exterior. A estabilidade macroeconômica se consegue mediante políticas responsáveis, ortodoxas e que, geralmente, sacrifi cam o consumidor. Os ajustes podem ser dolorosos e demorados, gerando como efeito indesejável baixo crescimento, desemprego, alta carga fi scal e paradoxos, pois os remédios macroeconômicos podem ter efeitos paradoxais entre si. No Brasil, a estabilidade foi aperfeiçoada e alcançada ao longo de quatro anos sacrificados e penosos, entre 2003 e 2006. Em 2002, a taxa de inflação medida pelo IGP-M da FGV fechou em 25,31%, a taxa de crescimento do PIB real foi de 1,92%, e o País fechou um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), pois não tinha reservas e nem como saldar suas dívidas com o exterior. Durante esse quadriênio, foi preciso adotar medidas duras, que minimizaram o crescimento real do PIB, lançaram as taxas de juros e a carga fiscal a níveis exorbitantes e provocaram desemprego e empregos de

PROF. ISTVAN KASZNAR - Ph.D., CONSELHEIRO ECONÔMICO DA ACREFI

O crédito consignado deu ao consumidor inúmeras oportunidades de aplicação e gestão financeira

baixa remuneração. Em compensação, em fins de 2006, obteve-se uma taxa de inflação baixa, que é benéfica a toda a população, próxima dos 3,2% pelo IGP-M, e reservas internacionais excelentes e elevadas, de US$ 78 bilhões. Um dos fatores determinantes para a redução de sacrifícios e malestares gerados pela política contencionista monetária e fiscal dos anos de 2003 e 2004, sobretudo, e que favoreceu a população em geral, foi a adoção maciça de novas medidas de política de crédito, que inovaram o mercado da pessoa física e geraram alta satisfação. As taxas de juros mensais no crediário chegaram a 11%, inibindo o consumo e criando um perigoso grupo de superendividados, não porque quisessem endividar-se, mas porque seus rendimentos e capacitações financeiras não acompanharam a súbita alta das taxas de juros.

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Numerosos consumidores viviam pendurados no caro cheque especial. Quando, em setembro de 2003, estendeu-se o crédito consignado aos trabalhadores atuantes na iniciativa privada, que antes era um benefício exclusivo dos funcionários públicos, que viam empréstimos descontados em folha ou na pensão das aposentadorias, criou-se uma medida democratizante na oferta de crédito. As centrais sindicais aplaudiram a regulamentação e o incentivo do governo federal. Essa novidade pegou e mudou profundamente as práticas de crédito. Os juros começaram a cair; multiplicaram-se os sorteios de prêmios; o dinheiro para a população de renda entre três e dez saláriosmínimos começou a ampliar-se, e os prazos de pagamento e quitação tornaram-se mais atraentes. O crédito consignado democratizado deu ao consumidor inúmeras oportunidades de aplicação e gestão financeira, antes dormitando no limbo ou efetivados timidamente. Entre essas novas vantagens, merecem consideração o fato de que os trabalhadores e aposentados pegaram o crédito consignado, que é mais barato, e quitaram dívidas que eram mais caras. Nesse sentido, fizeram um swap de passivos e se “hedgearam” contra custos mais altos. Ademais, com menor inflação, passaram a ver melhor suas condições futuras FINANCEIRO

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de pagamento e compararam para consumir mais e melhor. Para dispor de uma medida da queda da taxa de juros ao consumidor pessoa física, basta lembrar que, em janeiro de 2005, o empréstimo pessoal bancário médio montava a 6,8% ao mês, caindo em março daquele ano a 5,6%, e em outubro de 2006 era comum negociá-lo à taxa de 4,2%. O crédito consignado, enquanto isso, admitia taxas em torno de 2% a 3% ao mês, propostas originalmente pela CUT, a Central Única dos Trabalhadores. Naturalmente, existem boas razões para que a taxa do consignado seja tão baixa e atraente. Como as fi nanceiras e os bancos descontam as prestações direto sobre os salários e as pensões, o recebimento é assegurado. Logo, a taxa de inadimplência e a possibilidade de calotes são muito mais baixas. A certeza do recebimento e da quitação das dívidas permite que o prêmio do risco de não-recebíveis bancários caia, e isso faculta ao sistema de crédito a oferta de dinheiro mais barato. Atualmente, o crédito consignado é um produto vital e estratégico para as financeiras e os bancos. Trata-se da modalidade que mais cresce. E é bem possível que a demanda excitada em expansão mais do que compense a queda das taxas de juros. Ou seja, os ofertantes de crédito ganharão mais no volume de crédito do que apenas na taxa. Isso é saudável para o Brasil, o mercado financeiro e o público consumidor.

Outra medida inovadora é a que oferece modalidades diferenciadas de empréstimos para a casa própria

Uma terceira medida de bom teor é a liberação de mais recursos para a produção de material de construção civil e o financiamento habitacional. A Caixa Econômica Federal terá uma linha exclusiva para construtoras no volume de R$ 4,5 bilhões até 2007. Em que pese essas medidas ainda não atenderem a verdadeira base da pirâmide de renda, aquela população pobre mesmo, que ganha abaixo de três salários-mínimos, em que se concentra o maior quinhão de moradores que vivem em condições subhumanas, elas se dirigem corretamente à base dos mais necessitados. Uma boa medida complementar é a possibilidade de ampliar-se o sistema à reforma das residências e à compra de materiais de construção. Ademais, sem a Taxa Referencial (TR) dos financiamentos habitacionais e sua eliminação, resultaria uma redução de 20% nos custos contratuais. Se fosse tomado um empréstimo de R$ 100.000 pelo sistema de amortizações com prestações decrescentes (Sacre) por 15 anos e juros de 12% anuais,

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Todos ganham. Outra medida inovadora e na mesma linha foi adotada no dia 12 de setembro de 2006, que oferece modalidades diferenciadas de empréstimos para a casa própria com desconto feito em folha de pagamento. Esse é o crédito consignado de financiamento a imóveis residenciais, permitido a servidores públicos e trabalhadores ativos da iniciativa privada. Quem tomar, na qualidade de mutuário, poderá comprometer até 30% de seu salário nas prestações e optará por valores fixos ou variáveis. No caso de ocorrer a perda de emprego, o que reduz a renda e cria um risco de despoupança alto, num país que tem gerado poucos empregos novos e de alta renda, o mutuário poderá utilizar parte do valor da rescisão para reduzir a sua dívida, cujo teto também é de 30%. A estabilidade no emprego é procurada pelo trabalhador. E há uma percepção no Brasil de que o emprego público é mais estável. Já as empresas privadas podem falir, e as maiores levam vantagens sobre as menores. Desse modo, a probabilidade de ser demitido em empresas menores é maior, e o sistema de crédito apura e sensibiliza-se com esse dado. Os empregados de empresas maiores, modernas, que são líderes de mercado e investem na carreira de seus colaboradores encontrarão maiores facilidades para negociar pacotes e ofertas com as financeiras e os bancos.

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apenas a eliminação da TR criaria uma economia de R$ 41.900 ao mutuário. Mediante um financiamento de R$ 100.000 corrigido pela TR mais juros, o pagamento total atinge R$ 230.187,39. Sem a TR, o custo despenca para R$ 188.279,88, uma diminuição de 18,21% ou R$ 41.907,62 de economia pessoal. No caso da Tabela Price, no qual o valor inicial das prestações começa baixo e corrige-se com o passar do tempo, um empréstimo parecido geraria uma cobrança de R$ 240.197,40. Ao tirar a TR, o dispêndio vai a R$ 209.131,20, ou seja, 12,93% de desembolso a menos, uma economia de R$ 31.066,20. As taxas de juros reais ainda são elevadas no Brasil. Há espaço para que elas caiam. Elas tenderam ao longo de 2006 na direção certa, continuaram cedendo. Em julho, a taxa média para pessoas físicas recuou 1,5% em relação a junho, para 54,31% anuais, a menor da série histórica iniciada em julho de 1994. Para pessoa jurídica, a queda de 0,5% resultou em taxa anual média de 28,33%. E o spread continuou recuando, para pessoas físicas 0,9% no mês para 39,7%, reforçando a menor e mais barata série histórica em 12 anos. O spread de empresas caiu de 13,62% para 13,44%. Neste ambiente positivo e mais saudável, o volume de crédito na economia alcançou R$ 668,72 bilhões em julho de 2006, o equivalente a 32,68% do Produto Interno Bruto

Entre as diversas medidas adotadas pelo mercado, merece atenção o uso de critérios de análise de crédito mais velozes e flexíveis (PIB), o maior valor desde maio de 2001. E o potencial de expansão do mercado de crédito com a queda das taxas de juros é imenso. Estima-se que o endividamento pode evoluir sem maiores percalços e riscos sistêmicos a 40% do PIB. Este ambiente explica por que se acredita que, na esteira do crédito consignado, da diminuição da taxa de juros e da despencada da inflação, o volume de crédito destinado a pessoas físicas deverá superar o crédito às empresas. Isso ocorrerá pela primeira vez na história em 2007. Vale lembrar que em 2000 o empréstimo ao consumidor era de R$ 54 bilhões enquanto as empresas tomavam R$ 102 bilhões, ou 88,88% a mais de recursos. Em 2006, o volume de crédito poderá igualar-se entre as duas categorias: R$ 239 bilhões para indivíduos e R$ 247 bilhões para empresas. Mas, como as micro e pequenas empresas não se beneficiaram tanto do avanço de crédito e tiveram a consolidação de seus impostos mais uma

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vez adiada, para o segundo semestre de 2007, seus sonhos de expansão e formação de poupança, gerador de maiores margens de lucro e maior coragem para tomar créditos, foram mais uma vez adiados. Esses fatos explicam por que os bancos e as financeiras estão dando atenção crescente, com serviços qualificados, à pessoa física. O crédito a pessoas físicas aumentou 23,43% até agosto de 2006, em 12 meses. Entre as diversas medidas adotadas pelo mercado de crédito e que se fazem sentir, merecem atenção o uso de critérios de análise de crédito mais velozes e flexíveis; o maior financiamento de bens, serviços e impostos; a facilitação de operações para clientes e nãoclientes; o aumento do prazo de carência para veículos com 62 dias para começar a pagar; a expansão do crédito especial para compra de presentes no Dia das Crianças e no Natal, com desconto progressivo a partir da sétima parcela; a pré-aprovação de linhas de crédito com base na renda do cliente; a contratação em agências ou direto em caixas eletrônicos, por internet e telefone; e a abolição da figura do avalista. O estímulo ao crédito é salutar, contanto que ofertante e tomador adotem medidas cautelosas para evitarem perdas advindas de endividamentos excessivos e incapacidade de pagar. e-mails para: istvan@acrefi.org.br e istvan@fgv.br

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análise setorial

Arquivo Acrefi

A insolvência influenciando o PDD PROF. DR. ALBERTO BORGES MATIAS, DIRETOR DA ABM CONSULTING

O

Insolvência x PDD

mercado de crédito no Brasil vem sofrendo um forte crescimento desde 2001 em decorrência do aumento do crédito para pessoa 7,6 física. O crescimento do mercado de crédito como 7,4 um todo foi na ordem de 149%, considerando o período de janeiro de 2001 a setembro de 2006, 7,2 sendo o crescimento real (desconsiderando a in- 7,0 flação) de 63%. Já o mercado de crédito para pessoa física, considerando o mesmo período, cresceu 6,8 242% nominalmente e 124% real. 6,6 As instituições financeiras estão focando justamente a expansão do crédito, especialmente à 6,4 pessoa física, pela melhor rentabilidade e maior 6,2 spread do que em relação à pessoa jurídica. Alguns anos atrás, o foco era a redução dos custos ope- 6,0 racionais para ganharem eficiência nas operações, obtendo rentabilidade nas aplicações com títulos públicos, devido às taxas de juros praticadas no mercado, que chegaram a atingir 19% a.a. em dezembro de 2001, sem contar que não ficavam tão expostos ao risco. Entretanto, com as sucessivas quedas nas taxas de juros, as instituições sentiram a necessidade de mudar a estratégia para o crédito; mesmo que a princípio fosse uma atividade de maior risco em relação aos títulos e de baixo volume. A relação crédito X PIB no Brasil está em torno de 33%, enquanto no mundo desenvolvido é comum essa relação ser um pouco mais de 100%. Entretanto, com a expansão do crédito verificou-se um crescimento desproporcional da insolvência. Em 2001, a insolvência encontrava-se em 6,7%, já em junho de 2006 estava na casa de 7,4%. É um aumento de quase 1 p.p., que pode não ser muito em termos de número, mas representou uma mudança significativa nos demonstrativos das instituições financeiras. Com esse aumento, as instituições tiveram que aumentar o provisionamento da Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PDD), acarretando uma despesa de intermediação maior, abatendo assim diretamente os lucros das instituições financeiras. A proporção de PDD em relação à receita bruta dos bancos passou de 11,4% em 2001 para 14% em junho de 2006. E esse aumento desproporcional do PDD aconteceu

Participação PDD na receita bruta (%) 16,0 15,0

correlação 97%

14,0 13,0 12,0 11,0 10,0 9,0 8,0 2004

2005

1o trim.06

2o trim.06

essencialmente pelo aumento da insolvência na modalidade de crédito pessoal. A insolvência no crédito pessoal em 2001 era de 11,6% e em junho de 2006 foi registrado 16%. Além da insolvência do crédito pessoal ter aumentado, a sua participação na carteira de crédito dos bancos também cresceu, passando de 15,7% em 2001 para 27% em junho de 2006, fazendo, portanto, com que sua influência e importância aumentassem. Dessa forma, o crescimento do PDD aconteceu por causa do aumento descompassado do crédito pessoal, que acarretou um maior risco das operações nos bancos, ou seja, no aumento da insolvência. Assim, fez com que os bancos mudassem a estratégia de atuação e de crescimento no mercado de crédito. Atualmente, o foco é continuar crescendo no mercado de crédito pessoal, mas de uma forma mais equilibrada e consciente de maneira a não elevar o risco da insolvência, ou melhor, é pautar um crescimento de crédito mais cuidadoso, analisando melhor o tomador de crédito. Além de focar em outros mercados de alta rentabilidade e risco relativamente menor, como no mercado imobiliário, financiamento de autos e no crédito para micro e pequena empresa. Colaborou o analista financeiro Edson V. Carminatti Jr.

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Insolvência (%)

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carreira

Quanto vale o seu conhecimento? MARCOS TELLES, ESPECIALISTA EM ENSINO A DISTÂNCIA, É DIRETOR DA MENTAT - LÓGICA DE PROCESSOS

Você já viu esse filme várias vezes: um amigo chega, inconformado, explicando que tem um imóvel que vale 100, mas não consegue vender por mais do que 60. Cuidado! Seu conhecimento pode estar nessa situação. Um primeiro sintoma de problemas com seu conhecimento, e dos mais graves, revela-se quando as pessoas começam a apresentá-lo como “um profissional experiente” sem explicar o que querem dizer com isso. Ora, uma pessoa dita “experiente” é aquela que sabe repetir o que deu certo no passado, o que, antigamente, era algo muito bom; hoje, contudo, de que serve isso se as coisas mudam a uma velocidade sem precedentes? É bom saber resolver problemas que não existem mais? Por isso, uma competência fundamental nos dias que correm não é ser um “experiente genérico” mas, isso sim, ter experiência em mudar e adaptar-se a novas situações. Mais além ainda, é importante entender que tudo está mudando depressa, aceitar isso como parte dos problemas a serem enfrentados e buscar oportunidades nesse processo inevitável. Outro sintoma grave surge quando você começa a achar que “esses modismos vão desaparecer logo; não vale a pena preocupar-se com eles”. Na era do conhecimento, este maravilhoso momento em que vivemos, não é raro ver ótimas idéias serem superadas, rapidamente, por idéias ainda melhores. Assim, se você não se interessar pelo novo, por medo de que ele vá desaparecer logo, você corre o risco de não se interessar por nada, atitude que o colocará fora do mercado de trabalho muito antes do que você o perceba. Teste já o terceiro sintoma: quando foi a última vez que você fez um curso ou participou de um seminário? Se faz

Uma competência fundamental nos dias que correm não é ser um “experiente genérico”, mas ter experiência em mudar e adaptar-se a novas situações muito tempo, você está sofrendo de “acomodação aguda”. Quando indagado a respeito, você dirá: “Eu gostaria muito, mas, infelizmente, minha posição não me deixa tempo para essas coisas.” Duas interpretações são, aí, possíveis: ou você acha que já chegou a uma posição na qual não precisa mais aprender – o que é o caminho mais curto para o suicídio profissional –, ou você não quer mudar uma rotina equivocada de uso de tempo; nos dois casos, você está acomodado demais. Mexa-se rapidamente! Um quarto sintoma é tão íntimo, ocorre num nível tão profundo da mente, que ele nunca é objeto de discussões, quer ocorram elas abertamente e em público, quer aconteçam por sussurros em ermos e recônditos espaços. Trata-se, aqui, do medo de mudar. Você tem medo de mudar quando você sente que essa mudança vai lhe trazer algum prejuízo ou, mais simplesmente, vai tirar você de sua zona de conforto (você teme não ter condições de fazer face a um quadro novo). O primeiro impulso é, sempre, aquele de se opor a algo que você sente como prejudicial a seus interesses. Em tempos nos quais as mudanças acontecem em ritmo de tsunâmi, raramente isso dá certo. A postura vencedora é outra: analisar a fundo a mudança (as embalagens são, aí, muito enganosas tanto para o bem quanto para o mal...) e procurar adquirir as competências

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necessárias para adaptar-se a ela, tendo em mente que, queira ou não a montanha, o trator vai passar. Um quinto sintoma de que algo vai mal com seu conhecimento é a busca de previsões que lhe assegurem grande grau de certeza quanto ao resultado de suas ações. Esqueça isso! A imprevisibilidade é uma característica fundamental de nossos dias. No passado, adotávamos o paradigma mecanicista, segundo o qual as situações poderiam ser assimiladas ao comportamento das máquinas; imaginávamos que condições de causa e efeito simples geravam processo também simples que, com as entradas certas, produziriam as saídas desejadas. Essa visão medieval foi substituída por um novo paradigma que reconhece os feitos cruzados das causas e efeitos, os processos complexos e a indeterminação resultante da complexidade, por isso mesmo chamado de “paradigma da indeterminação”. Recente documento entitulado A State Leaders Action Guide to 21st Century Skills - A New Vision for Education (o Google leva você lá), divulgado pela Partnership for the 21st Century Skills, defende a idéia de que existe uma profunda distância entre o conhecimento e as habilidades até aqui valorizadas e aquelas que o profissional vai precisar na sua vida comunitária e profissional no correr do século XXI. Alinhar o conhecimento com os requisitos de sucesso neste século exige dar ênfase ao desenvolvimento de habilidades entre as quais o raciocínio e a solução de problemas via análise crítica, pensamento sistêmico, relacionamento de sistemas, identificação de problemas, formulação de soluções, criatividade e curiosidade intelectual, identificação das próprias necessidades de conhecimento e aprimoramento de habiliFINANCEIRO

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dades, capacidade de transferência de conhecimento, capacidade de aprender com os outros e trabalhar em equipe e aprender a aprender. Fica claro, aí, que o alinhamento só se dará se houver um engajamento sério no aprimoramento de seu conhecimento e que essa é uma tarefa contínua e para toda a vida. Imaginemos que, chegado a este ponto do artigo, você tenha refletido sobre seus sintomas e tenha concluído que alguns pontos de seu conhecimento merecem um esforço de aprofundamento; que fazer? Infelizmente, sua tarefa ainda será bastante complicada, pois a oferta de cursos e assemelhados vem se alinhando muito lentamente aos requisitos deste século. Neste país de formalismos, o que tem sido valorizado é o diploma ou certificado e não o conhecimento adquirido. Procurando, você vai achar o que você precisa; depois, talvez, de você dar alguns passos para ajudar essa tão necessária oferta a aparecer. Num primeiro passo, você pode

ensino formal tenha que mudar e com que o apoio à aprendizagem informal tenha que crescer de forma fantástica. Isso aceito, crie em sua empresa um espírito de estímulo à aprendizagem informal, facilitando trocas de conhecimento e apoio mútuo entre seus colaboradores; destine espaço e tempo para isso. Deixe claro que o esforço de aquisição de conhecimento é visto como tempo ganho e não como tempo perdido. O terceiro passo é o mais difícil, pois requer um afastamento drástico da prática usual. Aos poucos, redefina os conteúdos que sua equipe pode fazer e inclua coisas não diretamente ligadas ao trabalho. Surpreso? Pois saiba que isso é pura psicologia cognitiva e ajuda o desenvolvimento do conhecimento em todas as áreas. Assim fazendo, você estará prestando um enorme serviço a você mesmo, a sua empresa, às pessoas que o ajudam e à comunidade profissional. Vá em frente e faça seu conhecimento valer muito mais!

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fazer com que sua empresa valorize cursos curtos, bem focados e com adequado grau de profundidade. Deixe isso bem claro e ajude o encontro entre a oferta e a procura em sua área. Seu segundo passo pode partir da aceitação de uma realidade simples: apenas uma pequena parcela do que aprendemos vem da educação formal; o resto nós aprendemos fazendo, consultando manuais, vendo o que os outros fazem, conversando no café, procurando na internet, lendo ou perguntando para quem sabe. Será cada vez mais difícil saber de antemão tudo aquilo que precisamos utilizar, num certo momento, para resolver um problema complexo. Quando você vai ao médico, já percebe isso: o doutor faz um diagnóstico inicial e sai correndo atrás de evidências que permitam chegar a um diagnóstico definitivo (a chamada “medicina baseada em evidências”). Como conseqüência, vem se firmando a primazia do know-where sobre o know-how e o know-what, o que vai fazer com que o

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variedades

Mais notáveis terroirs do Brasil e seus vinhos A palavra terroir significa o conjunto de terras de uma mesma região que fornece um produto agrícola característico, como uvas e vinhos. Trata-se de uma unidade natural, definida pelas aptidões agrícolas específicas, que são dadas pela natureza do solo, pelo microclima do lugar, pela exposição das encostas ao sol e às águas dos mares e rios, pelos ventos e raios que se abatem na área e pelas temperaturas ao longo dos dias. Os terroirs podem ter tamanhos muito variados. Não há uma lei que defina a sua dimensão. Há terroirs imensos, como os gaúchos do Vale dos Vinhedos, e há terroirs exíguos, pequeninos como o mineiro da Mantiqueira. Formou-se uma aura em torno da palavra terroir. Pois ela quer expressar ao apreciador de vinhos o lugar mágico onde nasceu a uva e fez-se o “cru”. E é da mistura dos elementos que, num ambiente, se faz a uva, em que aparecerão o gosto, o aroma, o corpo, a intensidade, a coloração, enfim, tudo o que compõe a alma e a força física do vinho. No Brasil, há sete terroirs renomados e outros estão em vias de formação. Sem ordem de grandeza ou qualitativa, merecem atenção a Serra Gaúcha; a Serra do Sudeste e os Campos de Cima da Serra; a Campanha Gaúcha; Santa Catarina; o Paraná; Andrelândia da Mantiqueira das Minas Gerais; e o Vale do São Francisco. Desse modo, os terroirs brasileiros espalham-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. Até 15 anos atrás, poucos apostavam em vinhos nordestinos qualificados. Atualmente, nos brancos especialmente, os do Vale do Rio São Francisco são curiosamente bons e dão alegrias ao consumidor e degustador, pois ele é que ganha com a diversificação de vinhedos por múltiplos terroirs. A Serra Gaúcha iniciou a vinicultura comercial brasileira, mediante os imigrantes italianos, a partir de 1870.

O terroir não é dos mais fáceis de lidar: a terra é argilosa e pouco drenável; tem boa fertilidade e chove demais exatamente na época da colheita, logo quando as uvas precisam ficar secas para concentrar gostos e sacarose em suas bagas. Daí resultam safras muito diferenciadas. Para apreciar boas safras da Serra Gaúcha, fique com os anos 1999, 2002, 2004 e 2005. E concentre a atenção nos espumantes, que alcançam nível e classe internacional. Tintos a conferir são de Cabernet Sauvignon, como o Gran Reserva da Valduga; o Famiglia da Marson; o Giacomin; e o Merlot do Lídio Carraro. A Serra do Sudeste e os Campos de Cima da Serra ficam perto da fronteira com o Uruguai. Seus solos são francos, não empoçam e têm pouca matéria orgânica. Isso representa um terroir promissor, mas exigem irrigação. A produção de vinhos Merlot e Cabernet Franc é elogiável. O Angueben Teroldego tem corpo e baunilha. A Campanha Gaúcha concentra em torno de Santana do Livramento, Candiota e Bagé uma produção de vinhos finos e o terroir dispõe de longas horas de insolação, chuva avara e amplitude térmica satisfatória, que geram uvas firmes. A boa dica está no branco Chardonnay 2004 e no Quintas do Seival, feito de castas portuguesas. Em Santa Catarina e, em particular, em São Joaquim, Tangará, Pinheiro Preto e Bom Retiro, os terroirs ficam em montanhas entre 900 e 1.400 metros de altura. O solo é mediano. O inverno é dos mais rigorosos e é capaz de gerar geadas fortes. A amplitude térmica é excelente. Cultiva-se a uva Goethe, uma híbrida de Black Muscat com Carter, com 42 produtores. Mais recentemente, a Villa Francioni introduziu a Chardonnay e fez-se um corte de Merlot com Cabernet Sauvignon de nível superior.

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© iStockphoto.com/Donald Gruener

OPIMIANO

O Paraná tem terra vermelha, um solo muito fértil que não é o melhor para videiras. As temperaturas invernais são boas e o verão, abafado. Chove bastante e colhe-se mais cedo que noutros lugares. Em Toledo, o Merlot é promissor e bem encorpado. Em Andrelândia, na Serra da Mantiqueira das Minas Gerais, o terroir impressiona: altura de 1.000 a 1.070 metros, solo arenoso e silicoso, grande amplitude térmica, ventos suaves, força solar adequada. As chuvas de verão podem ser insistentes. Em 2006, elas sumiram e geraram uvas e vinhos de alta qualidade. Os vinhos Cabernet Sauvignon, Syrah e Pinot Noir fazem a fama da Vinícola ABN, com os vinhos Doberdo. Em Caldas, Pirapora e Três Corações, começam projetos que insinuam boas promessas enológicas. O Vale do Rio São Francisco é quente, ensolarado e dispõe de terras variadas. Estende-se pela Bahia e por Pernambuco. O problema é a sobreprodução, pois sem inverno os parreirais não entram em dormência. A colheita tem de ser planejada. Os projetos evoluem e se qualificam. As exportações de vinho são bem-sucedidas e demonstram o apreço do consumidor. O branco Moscato da Botticelli e o Cabernet Sauvignon Rio Sol são uma boa pedida. Saúde. FINANCEIRO

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turismo

Novos tempos ANITA BESSON uma viagem diferente, que fuja dos roteiros mais habituais, este ano os brasileros vão poder contar com um cruzeiro entre Rio de Janeiro e Buenos Aires que vai mudar completamente a sua concepção de viagens marítimas. Entre novembro e fevereiro de 2007, estará no Brasil o mega e luxoso Iate SeaDream, que em 2006 foi eleito pelos leitores da Conde Nast Traveler como a “Melhor Companhia Marítima do Mundo para poucos passageiros”, para você viajar a bordo com o serviço de um hotel butique, em que cada passageiro é tratado pelo nome. Por ter capacidade para apenas 110 pessoas, o atendimento é impecável e você se sente como se estivesse em seu próprio iate, com todas as mordomias. Chefes vindos dos melhores restaurantes do mundo assinam o cardápio, você tem a opção de jantar tanto em um restaurante interno quanto ao ar livre, a carta de vinhos é variada e impecável, e você ainda tem a possibilidade de fazer os mais diversos e esportes aquáticos. Afinal, você está em seu luxuoso iate, bem perto da água, com a parte de trás do barco se transformando em uma marina. Mais uma chance de você sair do lugar comum e se dar de presente uma experiência toda especial. Boa viagem!

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soas, as vestimentas, o diaa-dia. Tudo muito especial, tudo muito bonito, tudo muito fascinante. Afinal, com uma civilização de mais de 4 mil anos, a Índia tem muito o que mostrar. Outro lugar que vai dar o que falar e se destaca entre os destinos turísticos diferenciados é Dubai, nos Emirados Árabes. Uma região ainda a ser descoberta pelos brasileiros e que cresce a cada segundo. Dubai é a porta de entrada para os Emirados Árabes, um país cheio de encantos e mistérios, localizados bem no “meio” da Terra, entre o Oriente e o Ocidente. Chegar a Dubai é encontrar o que há de mais moderno no mundo em uma região rodeada de tradições feudais. Matérias sobre Dubai, com aqueles prédios hipermodernos, já estão aparecendo mais e mais no Brasil. Uma viagem a Dubai significa entrar em contato com um mundo completamente diferente do que costumamos ver no nosso dia-a-dia. Você terá experiências díspares, como dormir em tendas no deserto em contraste com um passeio pela imensidão do aeroporto da cidade, onde estão à venda até Lamborghinis e Maserattis. Fugindo um pouco de lugares mais culturais e de ricas civilizações, mas mantendo a idéia de escolher

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O turismo já não é mais o mesmo. Hoje, as pessoas estão em busca de algo mais quando decidem por uma determinada viagem. E esse algo mais pode ter muitos significados: uma experiência diferente, um país especial, um roteiro exótico, uma região cheia de energia e tradição. Algo mais que pode estar até em um destino tradicional, desde que visitado com outros propósitos, que vão além do olhar corriqueiro. Gostaria de falar de dois lugares que serão a próxima coqueluche do mercado e que se encaixam perfeitamente nessa nova filosofia de viajar que está tomando conta das pessoas mais privilegiadas e interessantes. São eles Índia e Dubai. Vou falar também de uma grande oportunidade em alto-mar que os brasileiros terão no final de 2006... A Índia sempre despertou o interesse de pessoas antenadas e de cabeça aberta. Mas, hoje, tem crescido muito como destino turístico e se ampliado com roteiros que vão além do tradicional triângulo Delhi-AgraJaipur. Visitar a Índia significa ter inúmeras possibilidades, desde a deslumbrante região montanhosa ao norte até as belíssimas praias ao sul, você com certeza voltará com uma nova maneira de enxergar o mundo. Suas tradições, arquitetura, o estilo de vida, a adoração aos deuses, seus templos e palácios, os animais pelas estradas, a fascinação pelo extraordinário. As pes-

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banco de dados por INEPAD TAXAS MÉDIAS GERAL DATA

Aplicações % a.a.

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Captações % a.a.

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Spread % p.p.

Var. p.p.

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

48,2 47,1 45,9 46,1 46,2 45,7 45,0 43,8 43,2 42,2 41,9 41,5 41,2

0,1 -1,1 -1,2 0,2 0,1 -0,5 -0,7 -1,2 -0,6 -1,0 -0,3 -0,4 -0,3

18,4 17,7 17,1 16,4 16,0 15,5 15,3 15,3 15,2 14,7 14,4 13,7 13,4

-0,3 -0,7 -0,6 -0,7 -0,4 -0,5 -0,2 0,0 -0,1 -0,5 -0,3 -0,7 -0,3

29,8 29,4 28,8 29,7 30,2 30,2 29,7 28,5 28,0 27,5 27,5 27,8 27,8

0,4 -0,4 -0,6 0,9 0,5 0,0 -0,5 -1,2 -0,5 -0,5 0,0 0,3 0,0

Variação out-out

-7,0

-5,0

-2,0

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

PESSOA FÍSICA DATA

Aplicações % a.a.

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Captações % a.a.

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out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

61,7 60,4 59,3 59,7 59,2 59,0 57,8 56,1 55,8 54,3 53,9 53,8 53,1

-0,4 -1,3 -1,1 0,4 -0,5 -0,2 -1,2 -1,7 -0,3 -1,5 -0,4 -0,1 -0,7

17,8 17,2 16,5 16,0 15,5 15,0 14,9 15,0 15,2 14,6 14,3 13,7 13,2

-0,2 -0,6 -0,7 -0,5 -0,5 -0,5 -0,1 0,1 0,2 -0,6 -0,3 -0,6 -0,5

43,9 43,2 42,8 43,7 43,7 44,0 42,9 41,1 40,6 39,7 39,6 40,1 39,9

-0,2 -0,7 -0,4 0,9 0,0 0,3 -1,1 -1,8 -0,5 -0,9 -0,1 0,5 -0,2

Variação out-out

-8,6

-4,6

-4,0

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

PESSOA JURÍDICA DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

33,4 32,4 31,7 31,3 31,6 30,7 30,6 29,7 28,8 28,3 27,9 27,3 27,4

0,1 -1,0 -0,7 -0,4 0,3 -0,9 -0,1 -0,9 -0,9 -0,5 -0,4 -0,6 0,1

18,9 18,2 17,7 16,8 16,5 16,0 15,8 15,7 15,3 14,9 14,5 13,8 13,6

-0,3 -0,7 -0,5 -0,9 -0,3 -0,5 -0,2 -0,1 -0,4 -0,4 -0,4 -0,7 -0,2

14,5 14,2 14,0 14,5 15,1 14,7 14,8 14,0 13,5 13,4 13,4 13,5 13,8

0,4 -0,3 -0,2 0,5 0,6 -0,4 0,1 -0,8 -0,5 -0,1 0,0 0,1 0,3

Variação out-out

-6,0

-5,3

-0,7

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

26

Financeiro 42.indd

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FINANCEIRO

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SPREAD FINANCEIRO

CRÉDITO PESSOA FÍSICA CRÉDITO PESSOAL Volum e R$ Milhões

53,0

Taxa de Juros

90.000

71,00

80.000

69,00

48,0 43,0 38,0

67,00

70.000

SPREAD FINANCEIRO

33,0

65,00 60.000

28,0

63,00 50.000

23,0 18,0

61,00

40.000

59,00

Aplicação

30.000

out/06

set/06

ago/06

jul/06

jun/06

mai/06

abr/06

mar/06

fev/06

jan/06

dez/05

nov/05

out/05

13,0

57,00

out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out 05 05 05 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06

Captação

Volume

Taxa de Juros

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - PREFIXADOS

(R$ milhões)

MÊS / ANO

CHEQUE ESPECIAL

VARIAÇÃO EM %

CRÉDITO PESSOAL

VARIAÇÃO EM %

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO

VARIAÇÃO EM %

CARTÃO DE CRÉDITO

VARIAÇÃO EM %

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

12 509 12 527 10 974 12 232 11 790 12 825 12 905 13 302 13 223 12 934 13 107 12 787 13 368

1,73% 0,15% -12,40% 11,46% -3,62% 8,78% 0,62% 3,08% -0,59% -2,19% 1,33% -2,44% 4,54%

61 650 63 255 63 444 65 010 66 658 68 391 70 675 71 794 72 973 74 571 75 972 77 036 78 137

1,85% 2,60% 0,30% 2,47% 2,53% 2,60% 3,34% 1,58% 1,64% 2,19% 1,88% 1,40% 1,43%

947 947 956 900 842 869 886 919 954 994 1 033 1 064 1 116

-0,08% -0,03% 0,95% -5,91% -6,42% 3,20% 2,02% 3,71% 3,83% 4,15% 3,94% 2,93% 4,90%

11 495 11 774 11 260 11 882 12 657 12 492 12 916 13 117 13 082 12 839 13 274 13 293 13 512

2,53% 2,43% -4,37% 5,53% 6,53% -1,30% 3,39% 1,56% -0,27% -1,85% 3,38% 0,14% 1,65%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados/continuação (R$ milhões) AQUISIÇÃO MÊS / ANO out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

VEÍCULOS

VARIAÇÃO EM %

OUTROS

VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

OUTROS

VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

47 406 48 935 50 685 51 938 53 154 54 306 55 248 56 441 57 141 58 978 60 244 61 387 61 535

2,57% 3,23% 3,57% 2,47% 2,34% 2,17% 1,74% 2,16% 1,24% 3,21% 2,15% 1,90% 0,24%

9 621 10 031 10 229 10 241 10 161 10 115 9 965 10 136 10 102 10 139 10 114 9 981 10 201

1,59% 4,26% 1,98% 0,12% -0,79% -0,45% -1,48% 1,71% -0,33% 0,37% -0,25% -1,32% 2,20%

57 027 58 966 60 914 62 179 63 315 64 421 65 213 66 577 67 243 69 117 70 358 71 368 71 736

2,40% 3,40% 3,30% 2,08% 1,83% 1,75% 1,23% 2,09% 1,00% 2,79% 1,80% 1,43% 0,5%

8 144 8 414 7 643 8 386 8 545 9 102 9 380 9 791 9 707 10 005 10 396 11 108 11 200

1,59% 3,32% -9,17% 9,73% 1,90% 6,52% 3,05% 4,38% -0,86% 3,07% 3,91% 6,85% 0,82%

151 773 155 884 155 190 160 589 163 806 168 100 171 976 175 501 177 182 180 461 184 140 186 655 189 068

2,07% 2,71% -0,44% 3,48% 2,00% 2,62% 2,31% 2,05% 0,96% 1,85% 2,04% 1,37% 1,29%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

27

ACREFI

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banco de dados por INEPAD VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - CRÉDITO CONSIGNADO CRÉDITO PESSOAL*

MÊS / ANO out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 Var. out-out

61.650 63.255 63.444 65.010 66.658 68.391 70.675 71.794 72.973 74.571 75.972 77.036 78.137 26,74%

CONSIGNADO Públicos

Privados

Total

Amostra**

26.507 27.209 27.902 29.166 30.396 31.513 32.680 34.001 35.185 36.834 38.026 39.070 39.996

4.014 4.082 3.802 3.913 4.107 4.288 4.501 4.605 4.915 5.192 5.344 5.535 5.684

30.522 31.291 31.704 33.078 34.503 35.801 37.181 38.606 40.100 42.026 43.370 44.605 45.680 49,66%

21.469 22.202 22.428 23.247 23.747 24.525 25.688 26.797 27.570 28.501 29.671 30.442 31.169 45,18%

(R$ milhões)

Concentração Taxa de Juros %aa do Consignado % Consignado*** Estimativa INEPAD Consignado Pessoal Diferença 49,5% 49,5% 50,0% 50,9% 51,8% 52,3% 52,6% 53,8% 55,0% 56,4% 57,1% 57,9% 58,5%

70,3% 71,0% 70,7% 70,3% 68,8% 68,5% 69,1% 69,4% 68,8% 67,8% 68,4% 68,2% 68,2% -3,00%

37,2% 36,8% 36,4% 37,3% 36,6% 36,9% 36,1% 36,5% 35,7% 35,1% 34,9% 34,7% 34,4%

70,3% 68,7% 67,3% 68,9% 68,6% 67,8% 65,3% 62,3% 62,2% 59,8% 59,1% 58,9% 58,6%

33,1% 31,9% 30,9% 31,6% 32,0% 30,9% 29,2% 25,8% 26,5% 24,7% 24,2% 24,2% 24,2%

FONTE: INEPAD / BC * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.

INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS CRÉDITO PESSOAL (R$ mil)

Mês/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

54.713.121 55.990.494 56.136.655 57.103.577 58.527.677 59.660.482 61.932.644 63.062.362 64.474.611 65.812.042 67.054.399 68.197.101 68.816.357

1.362.100 1.455.906 1.224.611 1.486.653 1.250.243 1.620.295 1.600.424 1.594.681 1.552.548 1.688.134 1.648.722 1.728.112 2.035.844

2,21% 2,30% 1,93% 2,29% 1,88% 2,37% 2,26% 2,22% 2,13% 2,26% 2,17% 2,24% 2,61%

1.690.157 1.748.058 1.642.233 1.748.341 1.800.971 1.895.815 1.956.325 1.856.410 1.888.060 1.902.490 2.036.725 1.854.593 2.109.095

2,74% 2,76% 2,59% 2,69% 2,70% 2,77% 2,77% 2,59% 2,59% 2,55% 2,68% 2,41% 2,70%

3.547.908 3.723.372 3.782.350 4.011.591 4.406.296 4.532.764 4.498.935 4.590.579 4.400.917 4.576.685 4.692.313 4.732.732 4.682.057

5,75% 5,89% 5,96% 6,17% 6,61% 6,63% 6,37% 6,39% 6,03% 6,14% 6,18% 6,14% 5,99%

61.650.256 63.254.734 63.443.780 65.010.067 66.657.810 68.390.518 70.675.076 71.794.140 72.973.265 74.571.386 75.971.591 77.035.902 78.136.858

1,85% 2,60% 0,30% 2,47% 2,53% 2,60% 3,34% 1,58% 1,64% 2,19% 1,88% 1,40% 1,43%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil)

Mês/Ano

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

Saldo

Com atraso

sem atraso

de 15 a 30 dias

42.968.220 44.340.233 46.288.603 47.112.849 48.294.307 48.895.358 49.487.651 50.457.496 51.319.627 52.249.884 53.553.141 54.649.627 54.887.044

1.733.980 1.697.635 1.613.661 1.777.919 1.638.047 1.908.730 1.896.390 2.001.947 1.941.002 2.231.678 2.248.030 2.127.183 2.289.324

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

3,66% 3,47% 3,18% 3,42% 3,08% 3,51% 3,43% 3,55% 3,40% 3,78% 3,73% 3,47% 3,72%

1.719.567 1.839.634 1.653.627 1.829.639 1.911.682 2.077.261 2.265.550 2.249.168 2.226.487 2.440.866 2.387.357 2.468.754 2.341.099

3,63% 3,76% 3,26% 3,52% 3,60% 3,83% 4,10% 3,98% 3,90% 4,14% 3,96% 4,02% 3,80%

974.016 1.046.108 1.115.317 1.214.632 1.307.080 1.421.339 1.595.453 1.729.468 1.824.950 2.052.774 2.052.942 2.138.638 2.015.019

2,05% 2,14% 2,20% 2,34% 2,46% 2,62% 2,89% 3,06% 3,19% 3,48% 3,41% 3,48% 3,27%

47.406.012 48.935.289 50.684.709 51.938.053 53.154.236 54.305.631 55.247.939 56.440.924 57.141.184 58.977.847 60.244.206 61.386.834 61.535.006

2,57% 3,23% 3,57% 2,47% 2,34% 2,17% 1,74% 2,16% 1,24% 3,21% 2,15% 1,90% 0,24%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

28

Financeiro 42.indd

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FINANCEIRO

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INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS (R$ mil)

Mê s/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

7.837.518 8.165.263 8.457.452 8.380.429 8.252.626 8.078.490 7.831.351 8.004.662 7.981.938 8.012.491 8.003.197 7.951.506 8.044.158

394.773 389.994 334.255 425.157 408.173 453.516 467.766 443.851 448.652 442.746 429.802 393.093 448.010

4,10% 3,89% 3,27% 4,15% 4,02% 4,48% 4,69% 4,38% 4,44% 4,37% 4,25% 3,94% 4,39%

446.640 461.045 398.093 407.308 477.311 553.878 562.063 518.331 505.674 481.681 460.141 435.990 470.659

4,64% 4,60% 3,89% 3,98% 4,70% 5,48% 5,64% 5,11% 5,01% 4,75% 4,55% 4,37% 4,61%

928.949 986.686 1.003.506 1.004.743 999.178 1.005.323 1.080.104 1.144.281 1.140.948 1.178.248 1.196.300 1.175.506 1.218.273

9,66% 9,84% 9,81% 9,81% 9,83% 9,94% 10,84% 11,29% 11,29% 11,62% 11,83% 11,78% 11,94%

9.621.180 10.030.622 10.229.173 10.241.441 10.160.748 10.115.085 9.965.038 10.135.589 10.101.677 10.139.316 10.114.085 9.981.036 10.200.898

1,59% 4,26% 1,98% 0,12% -0,79% -0,45% -1,48% 1,71% -0,33% 0,37% -0,25% -1,32% 2,20%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO Outubro/2006 (em R$ mil) 23,1% Atraso de mais de 90 dias 4.682.057

53,0%

23,9%

INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS - PREFIXADO Outubro/2006 (em R$ mil)

Atraso de 15 a 30 dias 2.035.844

Atraso de 31 a 90 dias 2.341.099

Atraso de 31 a 90 dias 2.109.095

34,4%

20,9% 57,0%

22,0%

Atraso de 15 a 30 dias 2.289.324

INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO Outubro/2006 (em R$ mil) Atraso de

INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO OUTROS BENS - PREFIXADO Outubro/2006 (em R$ mil)

Atraso de mais de 90 dias 1.218.273

30,3%

35,2%

Atraso de mais de 90 dias 2.015.019

15 a 30 dias 435.815

Atraso de 15 a 30 dias 448.010

15,1% Atraso de mais de 90 dias 1.716.369

Atraso de 31 a 90 dias 470.659

59,4%

25,5%

Atraso de 31 a 90 dias 736.119

OUTRAS OPERAÇÕES (R$ mil)

Mê s/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

5.499.261 5.282.296 4.943.790 5.329.091 5.368.580 5.670.983 5.811.421 5.961.662 6.242.220 6.414.071 6.601.054 6.802.995 6.877.494

272.133 302.903 234.582 378.295 327.634 371.268 366.071 386.166 374.071 366.966 402.593 408.868 435.815

3,34% 3,60% 3,07% 4,51% 3,83% 4,08% 3,90% 3,94% 3,85% 3,67% 3,87% 3,68% 3,89%

484.888 570.142 470.671 528.368 602.266 654.249 662.153 636.771 670.479 689.085 674.757 761.583 736.119

5,95% 6,78% 6,16% 6,30% 7,05% 7,19% 7,06% 6,50% 6,91% 6,89% 6,49% 6,86% 6,57%

1.069.336 1.381.167 1.003.931 1.171.200 1.259.094 1.338.727 1.512.407 1.707.468 1.343.707 1.416.895 1.582.312 1.839.889 1.716.369

13,13% 16,42% 13,14% 13,97% 14,73% 14,71% 16,12% 17,44% 13,84% 14,16% 15,22% 16,56% 15,33%

8.143.922 8.413.988 7.642.768 8.386.089 8.545.025 9.102.409 9.380.074 9.791.110 9.706.886 10.005.297 10.396.389 11.108.457 11.199.606

1,59% 3,32% -9,17% 9,73% 1,90% 6,52% 3,05% 4,38% -0,86% 3,07% 3,91% 6,85% 0,82%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

29

ACREFI

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29

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banco de dados por INEPAD DESEMPREGO TAXA DE DESEMPREGO (%) DATA

Brasil

Var. p.p.

SP

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

9,60 9,60 8,30 9,20 10,10 10,40 10,40 10,20 10,40 10,70 10,60 10,00 9,80

0,00 0,00 -1,30 0,90 0,90 0,30 0,00 -0,20 0,20 0,30 -0,10 -0,60 -0,20

9,60 9,70 7,80 9,20 10,50 10,60 10,70 10,50 10,90 11,30 11,60 11,10 10,50

TAXA DE DESEMPREGO Taxa (%)

Var. p.p. -0,10 0,10 -1,90 1,40 1,30 0,10 0,10 -0,20 0,40 0,40 0,30 -0,50 -0,60

Fonte: IBGE/INEPAD

Variação (p.p.)

12,0

1,00

11,5 0,50

11,0 10,5

0,00

10,0 9,5

-0,50

9,0 8,5

-1,00

8,0 -1,50

7,5

out 05

nov 05

dez 05

jan 06

Brasil

fev 06

mar 06

abr 06

SP

mai 06

jun 06

jul 06

ago 06

set 06

out 06

Var. p.p. mensal Brasil

Fonte: IBGE/INEPAD

RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)

RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$) DATA

Brasil

Var. %

SP

Var. %

1.200

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

992,92 996,62 1.014,27 1.001,72 1.012,60 1.018,03 1.022,15 1.035,82 1.042,39 1.035,26 1.042,28 1.034,10 1.046,50

-1,4% 0,4% 1,8% -1,2% 1,1% 0,5% 0,4% 1,3% 0,6% -0,7% 0,7% -0,8% 1,2%

1.095,25 1.119,47 1.146,09 1.126,82 1.163,60 1.162,29 1.179,50 1.198,22 1.202,21 1.177,94 1.182,93 1.155,79 1.171,70

-2,7% 2,2% 2,4% -1,7% 3,3% -0,1% 1,5% 1,6% 0,3% -2,0% 0,4% -2,3% 1,4%

1.150

Fonte: IBGE/INEPAD

0,02 0,015

1.100 0,01 1.050 0,005

1.000 950

0

900

-0,005

850 -0,01 800 -0,015

750 700

-0,02

out 05

nov 05

dez 05

Brasil

jan 06

fev 06

mar 06

abr 06

SP

mai 06

jun 06

jul 06

ago 06

set 06

out 06

Var. % mensal Brasil

Fonte: IBGE/INEPAD

COMÉRCIO VAREJISTA VOLUME DE VENDAS

VOLUME DE VENDAS Data

Hipermercados e Veículos,Motos, Índice Var. % Var. % Var. % Geral Supermercados Partes e Peças 170

set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 Variação set-set

109,29 115,46 114,98 162,59 112,02 102,68 114,67 115,79 120,59 114,49 117,19 120,91 120,33 10,1%

-3,9% 5,6% -0,4% 41,4% -31,1% -8,3% 11,7% 1,0% 4,1% -5,1% 2,4% 3,2% -0,5%

106,62 112,73 109,12 144,00 110,23 103,61 114,24 119,93 112,63 112,33 116,42 117,51 119,33

-1,7% 5,7% -3,2% 32,0% -23,5% -6,0% 10,3% 5,0% -6,1% -0,3% 3,6% 0,9% 1,5%

11,9%

118,91 119,61 129,54 138,57 119,14 100,16 130,11 107,65 130,31 112,83 130,52 141,61 130,89

-7,5% 0,6% 8,3% 7,0% -14,0% -15,9% 29,9% -17,3% 21,0% -13,4% 15,7% 8,5% -7,6%

160 150 140 130 120 110 100 90 80

set 05

out nov dez 05 05 05

Índice Geral

10,1%

jan 06

fev mar abr mai jun 06 06 06 06 06

Hipermercados e Supermercados

jul 06

ago 06

set 06

Veículos, Motos, Partes e Peças

Fonte: IBGE/INEPAD

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FINANCEIRO

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PREVISÕES ECONÔMICAS Ano de 2006

PIB Total % a.a.

PIB Agropecuário % a.a.

PIB Indústria % a.a.

PIB Serviço % a.a.

Produção Industrial % a.a.

3,50 3,07 3,02 2,98

3,69 2,29 2,29 2,22

4,15 3,49 3,42 3,37

2,79 2,77 2,74 2,76

4,10 3,49 3,42 3,37

Selic Taxa anual

IGP-DI % a.a.

IPCA % a.a.

Taxa de Câmbio R$/US$

Saldo Comercial US$ bilhões

15,00 13,45 13,34 13,33

4,55 3,06 3,69 3,76

4,58 2,97 3,02 3,07

2,40 2,19 2,19 2,18

38,00 43,44 44,61 44,75

DATA

Previsão 13/01/2006 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 17/11

Ano de 2006 Previsão 13/01/2006 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 17/11 Fonte: BC-Focus/INEPAD

ATIVIDADE ECONÔMICA DATA

Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

Var. p.p.

set/05

81,50

-0,70

set/05

111,69

-1,4%

out/05

81,97

0,47

out/05

111,29

-0,4%

Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral

Var. %

nov/05

82,14

0,17

nov/05

111,02

-0,2%

dez/05

80,28

-1,86

dez/05

112,51

1,3%

jan/06

80,15

-0,13

jan/06

113,30

0,7%

fev/06

80,56

0,41

fev/06

114,09

0,7%

mar/06

82,12

1,56

mar/06

113,78

-0,3%

abr/06

80,31

-1,81

abr/06

114,09

0,3%

mai/06

82,87

2,56

mai/06

114,62

0,5%

jun/06

82,39

-0,48

jun/06

114,77

0,1%

jul/06

81,80

-0,59

jul/06

114,98

0,2%

ago/06

82,81

1,01

ago/06

115,02

0,0%

set/06

82,29

-0,52

set/06

115,01

0,0%

Variação set-set

0,97%

Variação set-set

Fonte: CNI/INEPAD

2,97%

Fonte: IBGE/INEPAD

PRODUÇÃO (ÍNDICE) X CAPACIDADE (%) Capacidade (%)

Produção - Índice

83,5

116

83,0

115

82,5 82,0

114

81,5

113

81,0 80,5

112

80,0

111

79,5

Fonte: INEPAD

set/06

ago/06

jul/06

jun/06

mai/06

abr/06

mar/06

fev/06

jan/06

dez/05

Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

Índice de Produção Física Média Móvel Trim estral

31

ACREFI

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nov/05

out/05

110 set/05

79,0

31

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banco de dados por INEPAD INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS PRODUÇÃO

PRODUÇÃO

(em unidades) (em unidades)

Data

Produção

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

190.651 213.119 200.332 195.439 205.586 229.457 204.069 241.565 224.873 222.924 243.737 204.093 226.780

Média Trim. Var. Mensal Var. Mensal (%)

206.183 203.733 201.367 202.963 200.452 210.161 213.037 225.030 223.502 229.787 230.511 223.585 224.874

-16.777 22.468 -12.787 -4.893 10.147 23.871 -25.388 37.496 -16.692 -1.949 20.813 -39.644 22.676

Variação out-05/out-06

-8,1% 11,8% -6,0% -2,4% 5,2% 11,6% -11,1% 18,4% -6,9% -0,9% 9,3% -16,3% 11,1%

245.000 235.000 225.000 215.000 205.000 195.000 185.000

out 05

nov 05

dez 05

jan 06

fev 06

mar 06

Produção

19,0%

abr 06

mai 06

jun 06

jul 06

ago 06

set 06

out 06

set 06

out 06

Média trimestral

Fonte: Anfavea/INEPAD

VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS

VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS

(em unidades)

Data

Vendas

Média Trim.

Variação

Variação(%)

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

131.588 145.900 152.111 129.215 134.822 166.141 145.706 167.042 155.294 161.206 175.060 163.449 170.656

139.338 138.787 143.200 142.409 138.716 143.393 148.890 159.630 156.014 161.181 163.853 166.572 169.722

-7.285 14.312 6.211 -22.896 5.607 31.319 -20.435 21.336 -11.748 5.912 13.854 -11.611 7.207

-5,2% 10,9% 4,3% -15,1% 4,3% 23,2% -12,3% 14,6% -7,0% 3,8% 8,6% -6,6% 4,4%

Variação out-05/out-06

(em unidades)

185.000 175.000 165.000 155.000 145.000 135.000 125.000

out 05

nov 05

dez 05

jan 06

fev 06

mar 06

Vendas

29,7%

abr 06

mai 06

jun 06

jul 06

ago 06

Média trimestral

Fonte: Anfavea/INEPAD

EXPORTAÇÃO TOTAL

EXPORTAÇÃO TOTAL

(em unidades) (em unidades)

Data

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

Exportações Média Trim.

61.827 66.078 68.704 57.844 70.996 72.397 71.446 77.376 71.424 78.184 73.134 71.929 72.129

69.232 67.321 65.536 64.209 65.848 67.079 71.613 73.740 73.415 75.661 74.247 74.416 72.397

Variação

Variação(%)

-12.230 4.251 2.626 -10860 13152 1401 -951 5930 -5952 6760 -5050 -1205 200

-16,5% 6,9% 4,0% -15,8% 22,7% 2,0% -1,3% 8,3% -7,7% 9,5% -6,5% -1,6% 0,3%

Variação out-05/out-06

80.000 75.000 70.000 65.000 60.000 55.000

out 05

nov 05

dez 05

jan 06

Exportações

16,7%

fev 06

mar 06

abr 06

mai 06

jun 06

jul 06

ago 06

set 06

out 06

Média trimestral

Fonte: Anfavea/INEPAD

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FINANCEIRO

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INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (em unidades) Data

Vendas

1000cc

% no Total

1000cc a 2000cc

% no total

>2000cc

% no total

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

111.001 129.274 149.113 107.085 103.485 125.092 104.340 131.326 118.815 134.732 144.167 128.637 141.497

63.584 73.190 83.361 60.215 57.587 70.405 56.043 72.534 68.001 79.212 81.785 74.003 79.788

57,3% 56,6% 55,9% 56,2% 55,6% 56,3% 53,7% 55,2% 57,2% 58,8% 56,7% 57,5% 56,4%

46.959 54.860 63.866 45.262 44.424 53.108 46.844 57.281 49.163 53.136 60.018 53.061 59.849

42,3% 42,4% 42,8% 42,3% 42,9% 42,5% 44,9% 43,6% 41,4% 39,4% 41,6% 41,2% 42,3%

458 1.224 1.886 1.608 1.474 1.579 1.453 1.511 1.651 2.384 2.364 1.573 1.860

0,4% 0,9% 1,3% 1,5% 1,4% 1,3% 1,4% 1,2% 1,4% 1,8% 1,6% 1,2% 1,3%

Fonte: Anfavea/INEPAD

LICENCIAMENTO POR CATEGORIA - AUTOMÓVEIS

80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000

out 05

nov 05

dez 05

jan 06

fev 06

mar 06

abr 06

mai 06

TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA

SALDO TOTAL

TAXAS DE JUROS

SALDO TOTAL

% Variação % Variação a.m. p.p a.a. p.p

out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06

4,54 4,45 4,38 4,46 4,45 4,41 4,28 4,12 4,11 3,98 3,95 3,93 3,92

-0,02 -0,08 -0,07 0,08 -0,02 -0,04 -0,13 -0,16 -0,01 -0,13 -0,04 -0,01 -0,02

70,30 68,70 67,30 68,90 68,60 67,80 65,30 62,30 62,20 59,80 59,10 58,90 58,60

-0,30 -1,60 -1,40 1,60 -0,30 -0,80 -2,50 -3,00 -0,10 -2,40 -0,70 -0,20 -0,30

R$ milhões 47.406 48.935 50.685 51.938 53.154 54.306 55.248 56.441 57.141 58.978 60.244 61.729 61.535

ago 06

set 06

out 06

(R$ milhões)

AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS

MÊS/ANO R$ milhões

61.650 63.255 63.444 65.010 66.658 68.391 70.675 71.794 72.973 74.571 75.972 77.049 78.137

jul 06

1000 cc a 2000 cc

1000 cc

CRÉDITO PESSOAL

jun 06

TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 2,57 2,53 2,52 2,55 2,55 2,49 2,48 2,42 2,42 2,38 2,40 2,40 2,35

-0,02 -0,04 -0,01 0,03 -0,01 -0,05 -0,02 -0,05 0,00 -0,04 0,02 0,01 -0,06

SALDO TOTAL

% Variação a.a. p.p 35,60 34,90 34,80 35,30 35,20 34,40 34,10 33,30 33,30 32,60 32,90 33,00 32,10

AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS

-0,30 -0,70 -0,10 0,50 -0,10 -0,80 -0,30 -0,80 0,00 -0,70 0,30 0,10 -0,90

R$ milhões 9.621 10.031 10.229 10.241 10.161 10.115 9.965 10.136 10.102 10.139 10.114 10.048 10.201

TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 3,95 3,80 4,27 3,92 3,69 3,82 3,96 3,89 3,86 3,97 3,96 4,05 3,94

-0,04 -0,15 0,47 -0,35 -0,23 0,14 0,14 -0,07 -0,03 0,11 -0,01 0,09 -0,11

% a.a.

Variação p.p

59,10 56,40 65,20 58,60 54,40 56,90 59,40 58,10 57,50 59,60 59,40 61,00 59,00

-0,80 -2,70 8,80 -6,60 -4,20 2,50 2,50 -1,30 -0,60 2,10 -0,20 1,60 -2,00

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

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ACREFI

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