Financeiro
A revista do crédito ano 5 nº 46 jun-jul/2007
Desafios da economia brasileira
TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES
Fotos: Mario Felizolla
No 2º Seminário Internacional da Acrefi, diferentes visões do cenário atual e das soluções necessárias
Edmund Phelps, Prêmio Nobel de Economia 2006
Luiz Carlos Mendonça de Barros (Quest)
Mauro Leos (Moody’s)
Empresa cidadã
Debate
Encontro debate valorização da responsabilidade social
Mercado de crédito e momento econômico
seminário internacional
Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar - São Paulo - SP Tel.: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 - www.acrefi.org.br
DIRETORIA Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira
Secretário José Dante Zanaga Neto Tesoureiros Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Capella Diretores Regionais Carlos Alberto Samogim (SP-Interior), Dirceu da Assumpção Variz (SP-Capital), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Félix Archanjo Bordin (PR), Paulo R. Tabaquim (Montadoras), Renato Malcon (RS) e Tiziana Dadalto (ES) Diretores Adalberto Savioli, Álvaro Augusto Vidigal, Enílson Espínola de Souza, Felícitas Renner, Ivan Svitek, João Ayres Rabelo Filho, Marcos Antonio Waideman, Rubens Bution e Sergio Antônio Cipovicci Diretores Conselheiros Jerônimo Varalla Neto, Luiz Antônio Viana, Luiz Fonseca de Souza Meirelles Filho, Ricardo Annes Guimarães e Rodrigo Bacellar Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos e Manoel de Oliveira Franco. Membros: Alencar Burti (ACSP), Elcio Aníbal de Lucca (SERASA), João Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC), Rogelio Golfarb (ANFAVEA), Sergio Reze (FENABRAVE) e Walter Machado de Barros (IBEF SP) Conselho Fiscal Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e Roy Martelanc. Suplentes: Abílio Abreu Neto, Massimo Tagliavini e Matias Nazari Puga Neto Presidente Honorário João Uchôa Borges (In memoriam) Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Conselheiro Econômico Prof. Istvan Kasznar
Financeiro ISSN 1809-8843 Conselho Editorial : Érico Sodré Quirino Ferreira, Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial: Tamer Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável: Eliana Nigro (MTB 15.005); Editoração e Produção Gráfi ca: EDF (www.edf.com.br); Pré-impressão e Impressão: Fabracor; Periodicidade: mensal Tiragem: 20.000 exemplares As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito.
Mario Felizolla
Vice-Presidentes Aquiles Leonardo Diniz, Gilberto Caldart, José Arthur Lemos de Assunção, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Ricardo Malcon e Wilson Masao Kuzuhara
2º Seminário Internacional Acrefi: Desafios da Economia Brasileira A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ) realizou, em 12 de junho, o seu 2° Seminário Internacional, cujo tema foi “Desafios da Economia Brasileira”, com patrocínio de Fenaseg e Serasa e apoio de Omni Financeira e Partner Conhecimento. O evento, que teve como mestre-decerimônias o superintendente executivo da Acrefi, Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho), e como coordenador o professor doutor Istvan Kasznar, contou com as palestras, por ordem, do presidente da entidade, Érico Sodré Quirino Ferreira; do presidente da Quest Investimentos e ex-ministro, Luiz Carlos Mendonça de Barros; do vice-presidente sênior analyst da Moody´s, Mauro Leos;
e do professor doutor Edmund Phelps, Prêmio Nobel de Economia em 2006. Depois de um vídeo institucional da Fenaseg, cuja mensagem foi “segure tudo o que for conquistado”, o mestrede-cerimônias deu início às apresentações dos palestrantes informando aos cerca de 700 participantes que o evento, que ocorreu no Hotel Renaissance, em São Paulo (SP), tinha transmissão on line via webtv. Toda a diretoria da Acrefi e os mais importantes representantes do mercado financeiro e de crédito e o desembargador Durval Bráulio Marques estiveram presentes no seminário, debatendo com os palestrantes os desafios – e as soluções – da economia brasileira interna e globalmente.
Nesta edição 4 Seminário internacional
Grande desafio da economia brasileira é a educação
28 Educação
Políticas públicas e desafios para a qualidade do ensino no Brasil
12 Evento Acrefi
30 Economia
15 Palestra Acrefi
32 Gestão corporativa
18 Balanço de resultados
34 Análise setorial
22 Tendência
36 Mercado imobiliário
24 Legislação
38 Banco de dados 46 Cultura
Responsabilidade social corporativa Desafios do Crédito e Cadastro Positivo
O Brasil ingressou numa nova era econômica Os desafios do setor automobilístico Judiciário e mercado de crédito: mitos e verdades
26 Artigo
O tempo da colheita está chegando
A fixação das metas de inflação para 2009 Governança e o modelo stakeholder A nova conjuntura cambial
Terreno fértil para o crédito imobiliário
Letras de Luz para incentivar a leitura
seminário internacional
Grande desafio da economia brasileira é a educação O presidente da Acrefi, Érico Sodré Quirino Ferreira, abriu os trabalhos do 2º Seminário Internacional da entidade dizendo que o Brasil vive um momento especial nunca antes visto, de tão alvissareiro que é. Em sua opinião, muitos, inclusive o presidente da Quest Investimentos e exministro, Luiz Carlos Mendonça de Barros, andam excessivamente otimistas quanto à economia brasileira. Segundo ele, há mesmo motivos para isso: o atual – e menor do que há alguns anos – nível do risco Brasil, os mais de 20 recordes sucessivos do Índice Bovespa, o patamar elevado das reservas internacionais, o baixo endividamento líquido, a inflação de um dígito anual igual à diária da época do Plano Cruzado, a proximidade de o País atingir o investment grade, o fato de a taxa Selic estar finalmente em 12%, o que faz uma boa parcela da população e dos políticos feliz... Érico Sodré citou ainda dados setoriais: “Nosso setor tem batido todos os recordes de vendas, em especial no segmento de veículos. No Brasil, 75% das unidades comercializadas são financiadas a prazos cada vez mais longos, a ponto de que, hoje, já chegam a 80 meses.” Por outro lado, continuou, “temos hoje um governo popular com 68% de aprovação e sólida maioria no Congresso, e uma oposição tão inoperante que não se ouve mais falar dela ou, quando se ouve, ficamos sabendo notícias de que, por exemplo, o senador Antônio Carlos Magalhães pode vir a apoiar o governo federal”. Porém, o presidente da Acrefi frisou: “A questão é saber quando vamos começar as reformas. Precisamos fazer a reforma fiscal, porque nos últimos 12 anos tivemos um au-
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Para Érico Sodré, ainda há grandes obstáculos a vencer na economia brasileira
mento expressivo da carga tributária, que hoje atinge 38% do Produto Interno Bruto (PIB), um nível de Primeiro Mundo, em total desacordo com o uso efetivo desses recursos.” Além disso, lembrou Érico Sodré, é necessário proceder a reforma previdenciária, “que sempre fica para depois, para o próximo governo. Os governantes não têm coragem de enfrentar o problema para resolvê-lo. Devemos trabalhar nisso. Nosso diretor na Acrefi, Istvan Kasznar, faz parte, hoje, de uma comissão que está elaborando um novo projeto de Previdência Pública, que, se aprovado, vai valer para os segurados novos, aqueles que entrarem para o sistema quando o projeto já for lei e estiver em vigência, de forma que sejam feitos os ajustes necessários devido ao aumento da expectativa de vida do brasileiro”.
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A reforma trabalhista, de acordo com o presidente da entidade, também não pode ser deixada de lado: “A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) já deveria estar aposentada por idade e por tempo de uso”, resumiu, lembrando, ainda, da urgência de se fazer a reforma política. Para exemplificar, mostrou uma manchete do jornal Correio Brasiliense em que se lê: “150 congressistas e 500 parlamentares estão sendo processados”. A notícia, que se referia à legislatura passada, comentou Érico Sodré, infelizmente ainda vale para a atual: “É por razões como essas que temos, no Brasil, pontes que ligam o nada a coisa nenhuma.” Mais: temos, de acordo com o presidente da Acrefi, “de acabar com as igrejinhas políticas, o que recorda notícia recente da coluna da jornalista Dora Kramer, indicando a votação de
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Participantes do 2º Seminário Internacional da Acrefi assistiram a apresentações focadas nos atuais desafios do Brasil
sos interesses. Sendo assim, resta a reforma mais importante de todas, a educacional. Tanto é assim, afirmou, “que o Brasil gasta atualmente com educação 4,2% do PIB, o mesmo que o Chile e a Coréia, mas apenas 26% da população completa o ensino médio. Gastamos errado, jogamos dinheiro no lixo. Países do Primeiro Mundo gastam menos do que nós em eduJornal do Maranhão mostra ponte sem estrada quecação superior. Temos 208 virou salão de sinuca mil escolas no Brasil e 24 milhões de analfabetos, ou seja, um número de analfabetos igual à população uma lei que aumenta o poder controinteira da Austrália e da Nova Zelânlador dos partidos políticos”. dia. E, pior, 75% dos alfabetizados Érico Sodré lembrou que os depusão analfabetos funcionais. As metas tados são eleitos por nós e que, por do governo nessa área não ajudam: isso, têm compromisso com os nos-
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fixou-se que em 2015 – e apenas em 2015 – todas as crianças brasileiras devem terminar o ensino fundamental; que em 2022 – e apenas lá – toda criança saiba efetivamente ler e escrever ao final da 2ª série”. De acordo com Érico Sodré, é preciso seguir o exemplo de outros países, citando o filme A Rainha, em que Elizabeth II pergunta ao primeiro-ministro britânico: “Quais são seus planos para o próximo governo?” Ele responde: “Educação.” O presidente da Acrefi completa: “Precisamos reduzir o número de alunos por classe. A educação é o grande desafio do Brasil.”
“O Brasil só será um país de Primeiro Mundo quando a educação for a sua verdadeira prioridade.” (Érico Sodré Quirino Ferreira)
seminário internacional
Economia brasileira em 2007 O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente da Quest Investimentos, ex-ministro e ex-presidente do BNDES, foi apresentado pelo diretor da Acrefi, Istvan Kasznar, como “notório nome nacional, cujo currículo dispensa maiores comentários, um homem com idéias independentes e sempre firmes sobre os problemas brasileiros, articulista da Folha de S.Paulo e guru de Geraldo Alckmin”. Mendonça de Barros começou a discorrer sobre a economia nacional como “economista da Quest, um profissional engajado na gestão de recursos”, o que ele considera importante, dado que, em seus cerca de 40 anos de vida profissional, ele nunca vira “um Brasil numa situação tão promissora”. Para mostrar os fatos e sua visão de longo prazo sobre eles, Mendonça de Barros escolheu quatro fotografias – ou quatro cenários – da economia nacional. E começou dizendo que, em 40 anos de mercado financeiro e econômico, nunca vira antes juros nominais de apenas um dígito no Brasil: “Levei um susto ao ver a taxa do papel do governo em reais a 9,87 de taxa de juros.” A seguir, ele mostrou a Yeld Curve, um gráfico que mostra a evolução dos títulos nacionais numa curva pré contra os juros DI anuais e comentou: “Um contrato de DI futuro com vencimento em janeiro de 2017 e 2022 neste gráfico – parece que o juro no Brasil está em liquidação!” Outro cenário que Mendonça de Barros não havia visto até então era o da curva de contratos futuros da BM&F, que mostra o IGP-M embutido até maior de 2045 e uma inflação que ele chamou de “ancorada” entre 3,7% e 3,8% ao ano: “Nunca tinha visto isso antes no Brasil.” Segundo o presidente da Quest Investimentos, os contratos futuros da BM&F mostram que o Brasil tem, a partir de 2010-2011, um juro real
de 6%, ou seja, “nosso juro real já é de 6%, quando, no auge da loucura no Brasil, a taca chegou a 35%!”. O economista continuou dizendo que, “durante muito tempo, nos contaram uma história da Carochinha de que, se o juro caísse abaixo dos 10%, haveria crise. Isso é piada. Está em 6%”. Diante disso, Mendonça de Barros afirmou que esses fatos o fazem pensar no que mudou de repente, em especial no que se refere aos juros, de dois anos, um ano e meio até hoje. Para ele, o mercado se antecipou e fez a leitura correta. As questões são: vai durar? Haverá crise? Aumento de juros? Recessão? Ele responde: “Os eventos atuais mostram que não”, mas emenda: “A carga tributária está fora de linha, a situação tributária está fora da lógica da economia de mercado, os gastos públicos andam muito acima dos das economias emergentes. Temos de relacionar os problemas brasileiros diante de um novo fenômeno nacional, que é o acompanhamento da nossa dívida externa líquida, ou seja, da dívida total menos as reservas. Ao construirmos, na Quest, em 2006, um gráfico da dívida até 2010, nos admiramos ao verificar que teremos ativos maiores do que passivos em dólar no Brasil.” A análise levou Mendonça de Barros a concluir que “passamos mais de dez anos acreditando em fantasmas que explicavam a fragilidade da economia brasileira e seus vôos, curtos como os de uma galinha. Pensávamos em risco regulatório, restrições do Judiciário aos incentivos concedidos, educação, Previdência... Mas o Brasil começou a crescer com fundamento de repente! Há causas restritivas, mas a mãe da fragilidade era a fragilidade externa, porque o Brasil depende muito dos dólares do exterior. Aquele cálculo da dívida líquida que fizemos em 2006 é maior
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Mendonça de Barros: “Governo dá band-aid para quem está com gangrena”
do que o atual, que mostra que o juro real pode chegar a 6% entre 2007 e 2008. Ou seja, as coisas estão melhorando porque, em vez de fragilidade externa, temos uma grande força que vem do exterior”. Para Mendonça de Barros, em três ou quatro anos, a situação deve ficar ainda melhor, mas lembra que, “nesse jogo, há ganhadores e perdedores. Os perdedores perdem por motivos externos a si ou porque não perceberam em tempo o cenário real e suas alternativas. Basta verificar que a grande diferença entre os anos FHC e os anos Lula é que, de uma economia aberta sem dólares, passamos
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a uma economia aberta com sobra de dólares. A grande força hoje ao lado do real é a força externa. Além disso, com a incorporação do meio ambiente como dado restritivo ao crescimento econômico, o Brasil pode agregar uma força extraordinária com exportações de etanol e outras fontes de energia”. O ex-ministro continuou: “O mercado financeiro no Brasil mostra que, hoje, a situação do País é perene, a moeda será cada vez mais forte e haverá grande capacidade de importação. A enorme vantagem da economia brasileira foi sair de um cenário de fragilidade externa para outro, de força motriz externa, de forma que o Brasil vai se integrar na economia global de uma maneira que ainda desconhecemos, uma vez que, recentemente, começamos uma efetiva fase de economia aberta cujo principal fato gerador é a taxa de câmbio estável. O dólar está pouco abaixo de R$ 2, mas com pouca volatilidade, o que permite ao empresariado brasileiro decidir se deve importar ou mandar fazer aqui mesmo, por exemplo, os componentes de seus produtos. Estabilidade de câmbio é fundamental.” Mais: Mendonça de Barros disse que o Brasil precisa entender a relação entre consumo de bens duráveis e importação. Em dois ou três anos, projeta o ex-ministro, “veremos que a economia brasileira se integrará ao fluxo internacional, e quem não perceber isso estará no grupo dos perdedores. A indústria automobilística, por exemplo, em cinco anos, será totalmente diferente. Hoje, todos os componentes são feitos no Brasil, como se usava em economias fechadas. Agora, com a economia aberta, a coisa muda, há maior concorrência e, portanto, aumenta o coeficiente de importação. A nossa indústria deve passar a exportar para outros centros de montagem de veículos. O mundo hoje é integrado. Mudou a integração macroeconômica e a dependência relativa da taxa de câmbio”.
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Segundo Luiz Carlos Mendonça de Barros, a inflação controlada é fruto da economia aberta. Ele citou dados do IBGE sobre os preços no varejo. No segmento de móveis e eletrodomésticos, em março de 2007, o preço médio era 4,5% menor do que 12 meses antes, mas as vendas haviam aumentado 18% no mesmo período. No setor de veículos, motos e peças automotivas, os preços caíram 2,5%, contra comercialização 18% maior. Em seguida, o economista comentou: “O consumidor mais jovem que navega na internet sabe o preço de tudo e não respeita produção interna nem externa. O governo dá band-aid para quem está com gangrena!” Concorrência Luiz Carlos Mendonça de Barros lembrou, ainda, durante sua apresentação no 2º Seminário Internacional da Acrefi, que a economia chinesa cresce a taxas espantosas: “Há quatro anos, uma pessoa inteligente me disse que era bom comprar o que a China comprasse e vender o que a China vendesse. Hoje, ela arrasta outras economias, como a brasileira. Não dá para concorrer via commodities e produtos primários. Fomos sugados por essa força chinesa. Mas já começamos a sofrer a concorrência chinesa: é como no filme Dormindo com o Inimigo.” De acordo com o ex-ministro, “hoje vivemos a parte positiva dessa relação. É o descolamento da economia do mundo da economia norteamericana que está reduzindo atividade de forma acelerada. Porém, o mundo não pára: há outro motor, que é a China. Nessa situação, o Brasil é como um saveiro baiano, muito pesado para a vela que tem e, por isso, anda devagar. Com um vento chinês, que é forte, ele veleja bem. O crescimento brasileiro está dobrando e pode chegar a 5%”. Mendonça de Barros lembrou, também, que “o economista Delfim Netto disse uma vez que o juro alto, antigo, implicava uma taxa mínima
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de retorno de 20%-22%, e o empresariado se recolheu na maior parte dos setores da economia. Era difícil viabilizar isso. A taxa da Rodovia Presidente Dutra, por exemplo, é de 22%. Lula vai privatizar as rodovias federais em 2008 a uma taxa de 9%. Estamos desengavetando projetos”. Com a força externa, continuou, “outra coisa que tem ocorrido é o fato de os prazos no mercado de crédito estarem sendo estendidos, o que não acontecia antes. Hoje, crédito ao consumidor menos crédito hipotecário em relação ao PIB no Brasil é igual a essa relação na Europa. Por isso o mercado imobiliário está se mexendo, e vai aparecer cada vez mais a preponderância do crédito imobiliário, como já ocorreu em outros países, como o México”. De acordo com Luiz Carlos Mendonça de Barros, há problemas no futuro da China, mas ela deve se manter estável por tempo suficiente para que o Brasil não seja afetado por uma eventual crise naquele país. Segundo ele, “o problema é que quase tudo no País tem sido feito pelo setor privado. A ventania de fora vai parar um dia, e o saveiro baiano, o Brasil, vai voltar a andar devagar se nada for feito”. Ele exemplificou: “Há setores que dependem do governo, como a aviação. É um problema de infra-estrutura que pode gerar gargalo na economia. Idem com estradas, portos, energia. Hoje estamos nas mãos de Deus: é preciso que chova muito nos próximos anos para que não tenhamos problemas de energia.” Ao final de sua palestra, Luiz Carlos Mendonça de Barros recebeu uma placa da Acrefi que o homenageia, das mãos do vice-presidente da entidade, José Arthur Lemos de Assumpção.
“Fiquem espertos: há muito espaço para a atividade econômica se desenvolver no Brasil nos próximos anos” (Luiz Carlos Mendonça de Barros)
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Grau de investimento para o Brasil: Lula e a lâmpada maravilhosa O senior credit officer para a América Latina da Moody´s, Mauro Leos, começou sua palestra no 2º Seminário Internacional da Acrefi , dizendo que contaria uma história: “Lula achou na Alemanha uma lâmpada mágica e, dela, saiu Jeanne, que lhe concedeu a realização de um desejo. Lula queria três, mas Jeanne só lhe concedeu mesmo um, porque o Brasil não faz parte do G8. Indeciso, Lula obteve ajuda de Jeanne, que lhe ofereceu duas opções: o Brasil atingir o investment grade ou vencer a Copa do Mundo de futebol na África do Sul. Lula pensou e respondeu que um dia o Brasil seria mesmo investment grade ; portanto, optou por vencer a Copa. Moral da história: investment grade não é automático, um rating que um dia todo País vá atingir...” Depois dessa explanação, Mauro Leos explicou que “saber quando o Brasil atingirá o investment grade está atrapalhando o País, tornando-se uma obsessão: quando será? Em que ano? Em que mês? Em que semana? Em que dia? Será pela manhã, à tarde ou à noite?” Na verdade, segundo Leos, o importante é entender os critérios que podem – ou não – levar um país a esse rating. Ele identifi cou um progresso signifi cativo no Brasil, mas há ainda lição de casa a fazer. Ele explicou: Essa tabela mostra que, quanto mais elevado o rating, mais baixo o risco de default: assim, em dez anos de análise, por exemplo, um País Ba tem risco de 24% e uma nação B, 44%. De acordo com Mauro Leos, “o Brasil ‘velho’ era um país de B e, agora, é um país de Bas. Ou seja, antes, a probabilidade de default era de mais de 40% e, agora, está na faixa dos 20%. A grande questão, advertiu Mauro Leos, “não é a comparação do Brasil velho com
Mauro Leos, da Moody´s, diz que investment grade não é automático
o atual, mas a comparação do Brasil de hoje com o de amanhã. Neste momento, o País tem rating Ba2 em revisão para possível upgrade, com 19,4% de probabilidade de default. A mudança dos indicadores de dívida e crédito justifica esse rating. É uma visão simplista achar que o Brasil vai atingir o investment grade automaticamente. Há países
que chegam muito perto desse rating e caem na escala, há os que demoram mais, há os que demoram menos, não é apenas uma questão de tempo. Se as atuais condições e tendências persistirem ao longo do tempo, o Brasil terá o investment grade. Mas ainda precisa de mais, de bons indicadores de crédito que envolvam avaliação de
Escala Moody´s Investment grade Aaa Aa A Baa
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Speculative grade Ba B Caa Ca C
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Cenário Fiscal Rating Brasil Ba Baa
2002 220 250 172
2003 210 240 156
2004 194 224 144
2005 186 207 133
2006 180 192 126
Rating Baa
PIB per capital Investimento/PIB Exportações+importações/PIB Grau de efetividade
Países Baa 5,9 17% 105% 0,81
Brasil Colômbia Peru 5,6 24% 30% 0,60
2,9 24% 48% 0,59
3,3 21% 46% 0,61
Indicadores de Crédito Dívida/exportações Dívida/reservas internacionais Dívida pública/PIB Dívida pública/gov.revenues
médio prazo, de acordo com uma inter-relação com outros países”. O senior credit officer para a América Latina da Moody´s disse, ainda, que, ao compararmos a dívida externa total com a corrente, houve uma queda espetacular que, porém, “ainda está longe – em 111 – do patamar médio dos países com investment grade rating Baa, que andam com essa relação na casa dos 80”. Além disso, outro fator que complica a escalada do Brasil ao investment grade, de acordo com Mauro Leos, é a parte fiscal: “Os impostos ainda estão muito elevados no Brasil. Ao analisar a área fiscal de cem países do mundo, como exposto no quadro Cenário Fiscal,
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Baa 80% 210% 33% 126%
Brasil Colômbia Peru 111 106 85 135 240 150 65 50 30 180 175 150
vemos que houve queda”, como de muitos outros indicadores e, segundo Mauro Leos, da Moody´s, “na direção certa, mas ainda muito mais rápido na parte externa do que na parte fiscal e, para se obter o investment grade, é preciso haver certo equilíbrio entre todos os indicadores”.
The three amigos Mauro Leos, da Moody´s, chamou Brasil, Colômbia e Peru de three amigos, os três BRIC latino-americanos que “vivem disputando para ver quem vai atingir primeiro o investment grade. O Peru começou a disputa no início de 2007 na dianteira; agora, é o Brasil que está à frente. Hoje, o
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Brasil está a dois ratings dessa meta, com Ba2 em revisão para upgrade; a Colômbia tem Ba2; e o Peru, Ba3, a três notas do investment grade”. Além disso, o especialista explicou que há quatro indicadores macroeconômicos importantes para se atingir o rating Baa: PIB per capita (80); investimento/PIB (210); exportações mais importações/PIB (33%) e grau de efetividade do Bird (125%). Também são importantes os indicadores de crédito, conforme quadro ao lado. Diante desses números, Mauro Leos concluiu que ainda há indicadores fora de linha para o Brasil obter o investment grade, mas disse que as probabilidades de default são baixas num cenário de dez anos; o investment grade não é rating automático; e o Brasil ainda não está no nível de investment grade”. De acordo com Mauro Leos, a atribuição do investment grade a um país sempre leva em conta “qual seria sua solidez e a sustentabilidade dessa solidez. O ambiente externo tem sido muito favorável para o Brasil, mas é preciso uma segurança relativa de que, caso haja uma crise externa na China, por exemplo, o impacto no País não será grande. O cenário econômico de curto prazo é muito positivo, porque a inflação está estável, os juros baixos e em queda, e o crescimento, em alta, via demanda interna. É necessário considerar se a melhora da estrutura da dívida vai ser suficiente e significativa para mitigar os riscos de crédito. É preciso haver mais equilíbrio nos indicadores externos e fiscais”.
“ Investment grade não depende de anúncios de reformas, mas, da implementação dessas reformas. É preciso acabar com a obsessão de quando o Brasil será investment grade” (Mauro Leos)
seminário internacional
Crescimento na economia globalizada O professor Edmund Phelps, Prêmio Nobel de Economia em 2006, foi o orador de honra do 2º Seminário Internacional da Acrefi. O economista, conhecido por seus modelos matemáticos de grande rigor que permitem tê-los como base para a tomada de decisões, falou sobre o tipo de economia que se deve construir para estar entre os países líderes do mundo. Phelps, que nos anos 60 delineou a Taxa Ouro da Poupança, adotada pelos Estados Unidos, e a Taxa Natural de Desemprego, trabalha, hoje, no comitê norte-americano de finanças, e disse que “a economia global opera de forma que auxilia as economias abertas saudáveis. Várias delas, inclusive, como é o caso da inglesa, têm aproveitado a queda dos juros. Países como a China, a Índia e o Vietnã estão se esforçando para alcançar as economias desenvolvidas, dobrando a produção a cada década, numa alta de 7% ao ano”. Esse tipo de crescimento rápido, alertou Phelps, traz dificuldade às empresas para projetarem o futuro. O empresariado sabe que a mão-deobra barata da China não vai se manter assim por muito tempo e, logo, será uma outra economia como a norte-americana, com pouco impacto para a economia global, exceto no setor de energia. Para o professor, por outro lado, o rápido crescimento econômico chinês até pode manter o
Phelps, Prêmio Nobel de Economia em 2006, orador de honra do seminário Acrefi
ritmo acelerado, mas não se sabe se o país conseguirá chegar ao patamar das economias ocidentais. Estados Unidos Phelps tratou ainda da economia norte-americana no contexto mundial, lembrando que, depois de um boom da construção civil, o ritmo de crescimento não é mais o mesmo, perguntando-se: “Até que ponto a economia dos EUA é saudável em comparação às economias européias?” O professor emendou:
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“No ocidente, as economias carregam um fardo pesado, que é o do cooperativismo, em geral contrário ao lucro e ao materialismo. A economia dos EUA está saudável porque evitou isso. Por outro lado, essa postura fez crescer o nível de litígios em que o país se envolve. É o caso do conflito do Google, que reclama que a Microsoft anda quebrando suas patentes. Resultado: aumento de litígios, aumento de patentes. E isso se repete em outros setores da economia.”
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Na verdade, continuou Phelps, o que as nações precisam é “aumentar o capital humano, que foi o que fizeram os norte-americanos. Quem acha, por exemplo, que a taxa de crescimento da Europa é muito baixa não está levando em conta o aumento de gastos com o capital humano. Não se põe fim às diferenças simplesmente com mais educação ou mais pesquisa e desenvolvimento de produtos se não houver dinamismo nas classes gerenciais. São os homens de negócios comuns que implementam as mudanças. O que se precisa é de dinamismo, o que depende de criatividade abundante, ou seja, de um grande número de empreendedores na ativa, da diversidade de visões dos financistas”. Brasil O caminho do dinamismo é a via a ser seguida no Brasil, disse Phelps. Ele lembrou, ainda, que é necessário cortar impostos e ficar distante do cooperativismo, que é uma constante na América Latina. Para o Prêmio Nobel de Economia de 2006, “o risco do cooperativismo é o que está acontecendo na Argentina, onde se acredita que é preciso juntar capital e trabalho, sob coordenação do governo. Lá se adota a solidariedade, o consenso nas decisões empresariais. Mas o que se esquece é que a empresa não é um clube!” Esse tipo de atitude, afirmou Phelps, não se adota nos EUA, porque a mentalidade dos empregados é a de que, se a empresa em que
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Importância da análise de risco O professor Istvan Kasznar, diretor da Acrefi e coordenador do 2º Seminário Internacional da entidade, abriu a segunda etapa do evento afirmando que “a análise de risco tem sido uma ferramenta importante para otimizar os fluxos internacionais. O risco soberano, o risco de transferência de reservas internacionais e o risco de conversão combinados são muito importantes”. A seguir, os participantes assistiram ao vídeo institucional da Serasa, uma das maiores empresas de pesquisa e análise de informações de negócios e crédito e o maior portfólio para gestão de risco do Brasil, com 400 mil clientes.
Istvan Kasznar abre a segunda etapa do seminário
trabalham vai bem, eles também vão bem. Além disso, os presidentes das empresas “ganham tão bem que não querem perder seus empregos e, por isso, não admitem que as empresas se tornem clubes, exigem que todos atinjam metas”. Além disso, economias em desenvolvimento não se devem deixar atrapalhar pelo preconceito contra o lucro, o materialismo e o enriquecimento.
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É preciso lutar pelo lucro, com inovações, mudanças que, “muitas vezes, aumentam os lucros, mas desagradam os sindicatos. Isso enfraquece o espírito dos empreendedores e cria obstáculos para um crescimento maior”.
“Dinamismo é o caminho para o Brasil crescer” (Edmund Phelps)
evento Acrefi
Responsabilidade social corporativa Independentemente do porte, empresas reforçam valorização do atual diferencial de mercado: investir no desenvolvimento das comunidades em que atuam Fotos: Mario Felizolla
A estabilidade das empresas, hoje, não se mede apenas pela sua lucratividade, mas também pelo que ela faz em prol da comunidade em que está inserida. Cada vez mais, as empresas, de qualquer porte, estão se preocupando com a sua responsabilidade social. Para isso, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ) realizou o seminário “Responsabilidade Social das Empresas”. Realizaram apresentações Eliane Garcia Melgaço, diretora consultiva do Instituto Algar de Responsabilidade Social; Aron Belinky, fundador da EcoPress e secretário executivo do Grupo de Articulação das ONGs Brasileiras (GAO); Tomás Carmona, gerente da área de cidadania empresarial da Serasa; e Regina Santana, assistente social e coordenadora da certificação da gestão da responsabilidade social da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A diretora da Fundação Algar iniciou mostrando aos participantes os valores e as transparências do Instituto Ethos, maior gestor dessa área. O Instituto Algar segue essas diretrizes e mostra o que o grupo Algar tem feito com relação à responsabilidade social. Auto-regulamentação de conduta, com seu código de ética e treinamento de pessoal para trabalhar junto às partes interessadas. Ao público interno é proposto o diálogo e a participação; manutenção de relação com os mais variados sindicatos; promoção da participação nos resultados da empresa e o respeito a todos os envolvidos. “Essas são apenas algumas das di-
Eliane Garcia Melgaço
retrizes do Instituto Ethos no tocante à responsabilidade social que nós seguimos, e fazemos questão da participação de nosso público interno em todas as atividades que realizamos”, comenta Eliane Garcia Melgaço. Desde a fundação do Grupo Algar, há cerca de 70 anos, essa é uma preocupação de todos os participantes das empresas do grupo. A empresa apresenta, anualmente, todas as suas ações em seu Relatório Social, com investimentos e resultados de suas ações. A empresa já tem a certificação ISO 14001, de gestão ambiental, mas tem a preocupação de atuar sem pensar que essas certificações irão determinar as atitudes da empresa no tocante às suas responsabilidades com relação à sociedade e ao meio ambiente. “No grupo, os funcionários são tratados como parte integrante de todo o processo e não como recursos – mesmo que humanos –, pois recurso nós consideramos os financeiros.
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Aron Belinky
Com isso, colocamos os funcionários como responsáveis por tudo o que acontece dentro e fora da empresa”, complementa Eliane. Hoje, a empresa estrutura a escolha de seus fornecedores dentro dos princípios de critérios que regem a atuação da própria empresa, como princípios éticos na gestão de trabalho infantil e boas relações com trabalhadores terceirizados, além de gestões de meio ambiente. Para isso, a Algar apóia o desenvolvimento de seus fornecedores. Para o público interno, a empresa mantém, regularmente, cursos para seus funcionários dentro da UniAlgar (Universidade Corporativa), promovendo visão do futuro, gestão de resultados e inovações, liderança em educação, foco no cliente, além do projeto Primeiro Emprego e para portadores de deficiências. Na área ambiental, a empresa firmou parcerias com uma cooperativa de Uberlândia (cidade sede da Algar)
FINANCEIRO
para reciclagem de material, auxiliando mais de 20 famílias; educação ambiental nas escolas, com estudos especiais para reciclagem e projeto de economia e reutilização de água em todas as suas unidades. Parcerias também foram firmadas com ONGs para educação continuada junto às comunidades em que a empresa tem uma unidade. Todos os projetos do Instituto Algar são de longa duração, com investimentos para
que Belinky trouxe para o seminário foi a sustentabilidade. “Não estamos falando de crescimento econômico sustentável, mas de uma preocupação de exploração do meio ambiente, que ora está maior do que a sua capacidade de reação”, comenta ele. Para ele, o conceito de responsabilidade passa pelo chamado triple botton line, que abrange a dimensão ambiental, a dimensão social e a dimensão econômico-financeira, seguin-
Tomás Carmona
Regina Santana
este ano de cerca de R$ 2,6 milhões. “Hoje, o Instituto Algar mantém um esquema de trabalho voluntário em seu quadro de funcionários e já auxilia 152 escolas públicas de ensino fundamental, 1.500 professores, mais de 38 mil estudantes, com cerca de 580 voluntários trabalhando diretamente em diferentes frentes”, finaliza Eliane Melgaço. Antes de entrar propriamente no assunto proposto, Aron Belinky apresentou um pouco do que é o Grupo de Articulação das ONGs Brasileiras (GAO) para obtenção da ISO 26000, de responsabilidade social. É uma representação brasileira, com membros dos mais diversos segmentos da sociedade, tanto do setor privado quanto do governo. Essa delegação brasileira se junta a outras do mundo inteiro para trabalhar na formulação de uma norma internacional que regerá a responsabilidade social. Uma das maiores preocupações
do um caminho da responsabilidade social organizacional (empresas). “Dentro desse conceito, temos as interseções. Por exemplo, dimensão ambiental com dimensão social torna o mundo ‘vivível’, ou seja, aquele que dá vontade de viver. A interseção da dimensão ambiental com a dimensão econômico-financeira torna o mundo viável, onde se consegue se manter e ter os meios para isso. E, por fim, interseção da dimensão social e a dimensão econômico-financeira torna o mundo justo ou com as desigualdades proporcionais às dificuldades. A junção das três dimensões resulta na sustentabilidade”, esclarece Belinky. Mas qual a proposta do grupo de estudo para implantação da Norma ISO 26000? O que será essa norma? O que ela pretende? O próprio Aron Belinky responde: “A ISO 26000 será um guia de diretrizes; não será utilizada como base para certificação nem para avaliação
ACREFI
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de conformidade; não deverá ser utilizada como barreira não-tarifária e não substitui as obrigações legais da organização. Além disso, respeitará as diferenças culturais, sociais e geográficas, desde que não entrem em conflito com acordos internacionais. Será construída num processo multistakeholder, e será uma base, não um limite: espera-se que as organizações vão além das práticas indicadas na norma.” A agenda mundial, com alto grau de detalhamento, para o desenvolvimento da ISO 26000 teve início em 2002 e deverá ser publicada em novembro de 2009. Esse estudo está sendo realizado por representantes dos mais variados setores da sociedade mundial: membros de governos, de indústrias, de consumidores, de trabalhadores, de ONGs entre outros. As reuniões entre os membros desse grupo já resultou na definição de alguns princípios e definições: responsabilidade social é a responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento transparente e ético que seja consistente com o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da sociedade, considere as expectativas dos stakeholders, esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com normas internacionais e seja integrado por toda a organização. Ainda traz vários “temas” para serem tratados como responsabilidade social. Os principais são: direitos humanos, governança ocupacional, práticas leais de operação, meio ambiente, desenvolvimento social, questões relativas ao consumidor e práticas de trabalho. “Dentro dessas preliminares premissas, as empresas deverão seguir eixos fundamentais dessa futura norma, como transparência e reporte, engajamento de stakeholders; temas de responsabilidade social e cadeia de fornecimento”, finaliza Aron Belinky. As grandes empresas já têm arraigadas, em suas práticas, as questões de responsabilidade social. Para mostrar isso, Tomás Carmona, gerente da
evento Acrefi área de cidadania empresarial da Serasa, apresenta a forma como a companhia realiza esse trabalho. “A atuação em cidadania empresarial da Serasa é baseada em um modelo fundamentado em valores e conceitos. Em termos de valores, a empresa está apoiada na filosofia do ‘Ser Serasa’, como todos se tratam internamente. Essa filosofia está dividida em: ‘Ser Ético’, ‘Ser Gente’, ‘Ser Excelência’ e ‘Ser Empreendedor’”, esclarece Carmona. A principal característica da atuação da Serasa em responsabilidade social começa internamente, valorizando seu bem maior, que é a força de trabalho – o chamado “Ser Serasa”. A empresa faz isso como um círculo: promove o crescimento pessoal, que resulta em capacitação, realização e crescimento da própria companhia. Hoje, as principais ações da Serasa são: Espaço do Terceiro Setor, onde mantém o Canal Virtual, disponível no site da Serasa, que reúne as principais informações de ONGs com total transparência e segurança para investidores sociais; o Programa de Responsabilidade Social para o Varejo, que abrange o desenvolvimento de publicação com a temática do jovem aprendiz, a disseminação e divulgação do prêmio para nossos clientes e fornecedores, assim como o julgamento dos trabalhos concorrentes ao prêmio e a preparação de oficinas de aplicação dos Indicadores Ethos do setor. A empresa mantém, ainda, o Programa Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, com qualificação, inclusão social, diversidade, reconhecimento, fóruns de empregabilidade e acessibilidade – NBR 9050. Esse programa já foi modelo para a implementação do Programa de Qualificação Profissional de Portadores de Deficiência da Febraban. Com ele, a Serasa estabeleceu parceria inédita com a United Nations Volunteers (UNV), órgão do voluntariado da Organização das Nações Unidas, para implementar nas empresas brasileiras o Programa Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência. Vo-
Palestras sobre responsabilidade social atraem executivos
luntários da UNV são capacitados para implementar em outras empresas o Programa Serasa de Empregabilidade com fidelidade à metodologia original. “Para se ter uma idéia da dimensão do Processo Serasa Social – Voluntariado da Empresa –, hoje mantemos 1.195 voluntários (40% da força de trabalho), 102 ONGs parceiras no Brasil, mais de 38 mil pessoas beneficiadas no País, com 35 toneladas de alimentos arrecadados e mais de 39 mil itens arrecadados e distribuídos (material escolar, agasalhos, brinquedos, remédios e produtos de higiene). Esta é apenas uma parte do que a empresa realiza para a melhoria das condições de vida da população”, finaliza Tomás Carmona. A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), entidade de classe de mais de 113 anos de existência, mantém a responsabilidade social como tema básico entre seus funcionários e os mais de 30 mil associados. Regina Santana, coordenadora da certificação da gestão da responsabilidade social da entidade, mostra, em sua apresentação, que a “implantação da NBR 16001 reforça os valores dos 113 anos de história da ACSP em defesa da livre iniciativa e do desenvolvimento econômico e social do País, na busca de uma sociedade sustentável, com uma oportunidade valorosa: a readequação dos processos para uma gestão única”. As ações da entidade começaram
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há anos com a implantação do Projeto Degrau e a contratação de mais de 20 aprendizes, com tutores avaliando e ensinando o trabalho, além de um programa de aulas para a adequação ao mercado de trabalho. Hoje, esse número é de 62 aprendizes com mais de 180 contratados desde a implantação do programa. Em sua característica de responsável socialmente, a ACSP tem uma de suas frentes na área econômica voltada para a população em geral. É o Programa de Olho no Imposto, cujo objetivo da campanha é arrecadar assinaturas de apoio para regulamentação da obrigatoriedade de mostrar ao consumidor quanto ele paga de imposto nos bens e serviços que consome. Essas assinaturas foram levadas ao Senado brasileiro e deverá tornar-se lei no País. Dentro da área social, a entidade mantém o Projeto Vira Lata, que dá suporte à inclusão social de catadores de lixo limpo para reciclagem. Hoje, são transformados 65 mil quilos de material reciclável, gerando cerca de R$ 25 mil para 67 cooperados. “A responsabilidade social para a Associação Comercial de São Paulo tem a função de capacitar para empreender, dar suporte à inclusão social e dar exemplos para estimular. Essa é, na nossa visão, a meta de uma entidade de classe responsável”, finaliza Regina Santana.
FINANCEIRO
palestra Acrefi
Desafios do Crédito e Cadastro Positivo Especialistas de entidades e instituições financeiras debatem o mercado de crédito no atual cenário econômico brasileiro
“Desafios do Crédito e Cadastro Positivo” foi o tema de palestra promovida pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ) em parceria com a Serasa. Profi ssionais da área de diversas instituições fi nanceiras lotaram o auditório em evento que reuniu como palestrantes Ricardo Loureiro, diretor da Serasa; Ivan Svitek, presidente do Banco GE Capital; Jairo Saddi, diretor do Ibmec Direito (São Paulo); e Adalberto Saviolli, diretor de crédito e risco do Banco Panamericano. A abertura oficial do evento foi feita pelo diretor da Serasa, Laércio Oliveira, que lembrou o cenário favorável para a expansão do cré-
ACREFI
dito, com economia estabilizada e inadimplência, que ele classificou de “bem comportada”, uma vez que o aumento do crédito foi bem superior ao crescimento do número de consumidores com pagamentos em atraso. Laércio Oliveira reiterou a importância de montar uma base de dados compartilhada, não apenas para ampliar a concessão de crédito às pessoas físicas, mas para adequá-lo da melhor forma possível, de maneira a reduzir a perda de retorno ajustado ao risco. Para o diretor da Serasa, o cadastro positivo é a melhor maneira e seria uma ferramenta bastante eficiente para reduzir a assimetria de informações. Na mesma linha, o presidente da
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Acrefi, Érico Ferreira, enfatizou a importância de mecanismos cada vez mais aprimorados para a concessão do crédito e reforçou a importância do crédito para o desenvolvimento econômico, lembrando o recorde de vendas da indústria automobilística: “Isso só aconteceu graças ao financiamento. É impossível imaginar um país sem crédito. É fundamental fazermos um esforço no sentido de que o crédito seja parte integrante da sociedade”, afirma ele. Essa condição do crédito, a de alavanca do crescimento econômico, também foi citada pelo primeiro palestrante, Ricardo Loureiro, diretor de produtos pessoa física da Serasa, que reiterou as opiniões de
palestra Acrefi
Laércio Oliveira
seus antecessores: lembrou as condições macroeconômicas favoráveis, incluindo a possibilidade de o País receber, proximamente, o grau de investimento das agências de avaliação de risco, e a necessidade de tirar proveito desse ambiente, “cercado de oportunidades, mas também de desafios”, alertou. O aumento do número de consumidores batendo à porta do crediário cresce e, na mesma proporção, a responsabilidade das instituições financeiras. Diante disso, perguntas como “o que é scoring?” e “o que ele signifi ca?” passam a ser desafios maiores. Na opinião do executivo, o cadastro positivo ganha importância na medida em que, por meio dele, é possível alavancar negócios e distinguir um cliente do outro, podendo oferecer taxas mais atraentes e fazer ofertas customizadas diferenciadas para aqueles que apresentam um histórico de bons pagadores. “Estamos atuando em ambiente competitivo, em que o dólar está baixando, em que há um barateamento do crédito e, conseqüentemente, haverá um ambiente mais propício e mais competitivo nesse setor. A Serasa, que é bureau de crédito, é capaz de ajudar nessa segmentação”, diz Loureiro. Já vemos que os bancos estão
Ricardo Loureiro
Adalberto Saviolli
“Estamos atuando em ambiente competitivo, em que o dólar está baixando, em que há um barateamento do crédito” Ricardo Loureiro, diretor da Serasa
atuando em variados mercados, como o da classe C, com o auxílio de bureau de informações e necessitam de cada vez mais dados sobre os que já são clientes e os futuros, que as instituições pretendem atrair. “Mas a idéia é ampliar esse grau de informações com o que a situação creditícia do futuro consumidor tem a mostrar, com dados positivos de crédito e pagamentos já assumidos e se há melhores condições de alavancar negócios”, esclarece Loureiro. Ele complementa que os bureaux, hoje, já atuam nesse contexto, mas os positivos irão incrementar esses negócios e dar mais condições para melhorar as taxas e todas as condições de segurança para todas as partes interessadas. “Esse desafio é nacional, a coleta de informações deve abranger os mais longínquos rincões do País”, finaliza Ricardo Loureiro. O diretor de crédito e risco do Banco
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Panamericano, Adalberto Savioli, começou afirmando que crédito é muito mais importante do que parece e que leva aos estudos de desenvolvimento do País. Uma das principais percepções do executivo é o crescimento anual do mercado de crédito na faixa de 20% a 25% ao ano, o que representa estabilidade econômica e evolução na oferta. Porém, ele apresenta como preocupação a forma como o próprio mercado concede crédito: “Hoje, estamos concedendo crédito da mesma forma que fazíamos há alguns anos, esse mercado evoluiu muito rapidamente e precisamos acompanhar”, alerta Savioli. Para isso, conta com a colaboração no desenvolvimento de novas soluções por parte dos bureaux de informações, que são apoiadores dos bancos nesse negócio, mas ainda acha que o crédito é concedido de uma forma não completa. Para ele, faltam informações do comportamento de pagamento do cliente, que ainda é feita na base das informações cadastrais, e isso tem de mudar. “Hoje, os bancos estão muito atentos na hora de conceder crédito, principalmente quando têm garantia, como no mercado de veículos. Mas o banco está financiando a própria garantia, e essa garantia tem a sua desvalorização, além do alto custo de retomar este bem”, informa ele. O executivo do Panamericano
FINANCEIRO
Ivan Svitek
acredita que hoje não se concede mais crédito com informações restritivas, como as existentes. Esse tipo de informação serve apenas para aqueles clientes a que as instituições não irão dar o crédito, pois, de alguma forma, já têm alguma restrição. Para melhorar o grau de concessão de crédito e ampliar esse mercado, ele afirma que o governo federal deve, o mais rápido possível, regulamentar uma legislação que dê condições de operar as informações positivas, ou o País irá perder uma grande oportunidade de crescimento significativo. Ivan Svitek, há quatro anos presidente do GE Capital no Brasil, destaca o volume de informações que um cadastro positivo pode trazer sobre o consumidor e sua real importância. Mas salienta que uma das maiores preocupações, no mundo todo, é com a confidencialidade dos dados. “Com as informações que conseguimos coletar em um bureau positivo no mundo, temos mais e melhores condições de oferta de crédito do que com as informações que estão disponíveis no Brasil. Porém, deve haver privacidade, capacidade de o próprio consumidor verificar sua situação nesse bureau e liberdade de poder alterar algo que ele, comprovadamente, acredita estar incorreto”, complementa ele.
ACREFI
Jairo Saddi
“Estamos concedendo crédito da mesma forma que fazíamos há alguns anos, esse mercado evoluiu e precisamos acompanhar” Adalberto Savioli, diretor do Banco Panamericano
Ele demonstrou, em estudos, o que o cadastro positivo pode fazer para o País, como, por exemplo, a utilização das informações interfere no crescimento da relação crédito/PIB, tanto na concessão de crédito quanto no desenvolvimento de estabelecimentos comerciais ou produtivos além de reduzir perdas e das baixas taxas para o consumidor. Em outra parte de seus estudos, Svitek demonstrou que, com o cadastro positivo, os bancos diminuíram seus custos tanto na fase de concessão quanto na de cobrança. As instituições financeiras conseguiram baixar a inadimplência em mais de 25% com a utilização dessas informações. “Fazendo uma co-relação destes e de outros estudos com o caso brasileiro, pode-se dizer que, com a implantação das informações positivas somadas com as negativas, o índice
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de inadimplências poderá baixar em cerca de 45%. Além disso, o custo do crédito, que hoje gira em torno de 25% da receita bruta, poderá cair para algo perto de 12%”, finaliza ele. E, para finalizar o seminário, Jairo Saddi, diretor do Ibmec Direito (São Paulo), como se auto-intitulou um pouco mais crítico com relação à implantação do cadastro positivo no País, mesmo concordando com a profundidade e clareza das exposições até então realizadas, é a voz dissonante durante as apresentações. “Não sou aquele que atrapalha tudo para nada dar certo, mas acredito que haja uma relação muito clara entre a queda dos juros e o aumento do crédito. Quanto mais baixo os juros e spread, mais o crédito será interessante. Hoje, a relação crédito/ PIB chegou a 34%. Vale lembrar que, na década de 1970, essa relação chegou a 52% quando os juros eram menores. Então, ainda existe um grande caminho a percorrer e não é apenas com o cadastro positivo que andaremos tanto”, afirma. Para ele, o cadastro positivo não deve ser encarado como a “solução mágica” para os problemas de juros altos praticados no País. Não acredita nos números apresentados de crescimento amplo na tomada de crédito com a implantação dos bureaux positivos. Pela sua experiência mundial, ele não vê relação entre uma coisa e outra simplesmente e alerta que não se pode comparar Brasil com Estados Unidos, porque culturalmente são muito diferentes. Ele demonstra, ainda, que essas informações são pouco difundidas pelo mundo, onde apenas 17 países utilizam o cadastro positivo e que há muita confusão entre ele e o credit scoring. “Eu não sou contra o cadastro, mas quero deixar claro que ele, sozinho, não resolve tudo. É preciso que seja aprovado no Congresso, o que dará legitimidade ao assunto. Mas há necessidade de um debate muito mais amplo do que o atual. É preciso ouvir todas as partes antes de implantá-lo”, finaliza Saddi.
balanço de resultados
Renato Fogal
O Brasil ingressou numa nova era econômica
Os dados macroeconômicos monetários brindam o Brasil com uma nova e marcante realidade a meados de 2007: a inflação está baixa e sua tendência de queda com estabilidade se mantém num patamar inédito e salutar. O quadro geral, originado pela adoção e prática de uma política ortodoxa monetária que se mantém firme e não arreda pé de cautelas cujo cerne é evitar a formação de novas expectativas de preços que realimentem a inflação, não poderia ser melhor. Em junho de 2007, a inflação anual chegava a 3,17%, um valor historicamente baixo. A taxa de crescimento apontava timidamente para a alta, após ter fechado o ano de 2006 em 3,7%, permitindo uma evolução módica, distante de taxas abusivas insustentáveis. As reservas internacionais abarrotavam os cofres do Banco Central, com US$ 102 bilhões disponíveis em caixa, um valor maior do que o ocorrido na era Dutra, nos idos de 1946. E a taxa Selic chegou a 12% ao ano, que é o teto estabelecido pela Constituição de 1988 para os juros, o que ocorre pela primeira vez na história da política monetária. E o que isso significa? O que se pode esperar do Brasil com esses números? Qual é a tendência aparente de crescimento e de desenvolvimento?
PROF. ISTVAN KASZNAR, Ph.D., CONSELHEIRO ECONÔMICO DA ACREFI
Os céticos perderam mais uma vez ao acharem que a “festa da retomada” duraria pouco
Certamente, dado o estágio atual em que o País se encontra, há inúmeras tarefas gigantescas por fazer. Faltam reformas vigorosas que assegurem o verdadeiro e sustentável desenvolvimento de longo prazo, tais como nas áreas política, educacional, tecnológica, fiscal e tributária, de Estado e administração pública, trabalhista, previdenciária e da saúde. Mas estão dados os alicerces para enxergar preços mais estabilizados, otimizar fluxos de caixa e, com isso, antever com uma taxa de risco menor o que se pode fazer e o que vai ocorrer na economia brasileira. Isso signifi ca que o crescimento poderá assentar-se sobre bases macroeconômicas mais sólidas. E, como conseqüência, é de se esperar que cresça o consumo das famílias, comprando de modo precavido, mas febril, por conta de seu poder aquisitivo em alta, ocorrido pela redu-
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ção marcante do imposto inflacionário. Ademais, o governo poderá deslanchar com vigor os investimentos públicos, dando ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) o seu verdadeiro valor. O caminho será bem mais confortável, com uma recuperação da solidez da rota do crescimento. Mas, naturalmente, haverá obstáculos e barreiras grandes à frente que poderão obstruir e inibir o crescimento e que precisarão de soluções firmes, urgentes e ousadas. Entre elas, o calcanhar-deaquiles do Brasil está no risco do apagão, da falta de energia hidrelétrica; na falta de incentivos à geração de novos negócios e à valorização dos inovadores; na geração de mais exigências burocráticas e normas que afogam grandes e pequenas empresas igualmente; e na arrogância do Estado, lento e submetido a uma série interminável de escândalos, em que o dinheiro público desaparece pelo ralo e a impunidade crassa. A sensação que se tem é que “la nave va”, até porque a situação internacional é bem favorável ao Brasil, e a demanda por produtos brasileiros está aquecida. As exportações evoluem bem e sustentam parte da produção doméstica, para formar reservas internacionais. A manterem-se as recei-
FINANCEIRO
tas de exportação no ritmo atual e a capacidade de pagamento ao exterior, a dívida externa líquida do País poderá chegar a US$ 50 bilhões em dezembro de 2007; estará praticamente zerada em 2009; e porá o País como jovem credor de US$ 25 bilhões em 2010. Com os superávits comerciais a se repetirem, a taxa de câmbio permanecerá baixa, navegando perto dos R$ 1,70 a R$ 2,10 entre 2007 e 2010, o que esfriará a inflação e excitará o mercado de crédito. Para dar evidências desse período alvissareiro por que o Brasil está passando e que há de se alongar ao máximo, para gerar bons frutos e usufrutos à população, merecem atenção as estatísticas e os 12 quadros que apresentamos a seguir. Eles mostram que o rigor monetário praticado com insistência e obstinação, sem interrupções e com perspectivas de manutenção, é o melhor remédio para o combate à inflação; a geração de reservas internacionais que promovem a respeitabilidade e a credibilidade do País no exterior; e a fundamental aquisição de confiança nos rumos traçados pelas autoridades monetárias. A população responde com maior consumo, maior poupança e, logo, maiores investimentos na formação de seu patrimônio. Compra carros; constrói casas e incentiva a produção de edifícios; viaja mais a turismo, cultura e lazer; e, dessa forma, acelera o crescimento econômico. O quadro 1 mostra que a base monetária, que é o passivo monetário das autoridades monetárias, cresce positivamente, à medida que aumenta a confiança no real, e relaciona-se claramente com M1, composto pelos depósitos à vista nos bancos somados ao papel moeda em poder do público. Dessa forma, com inflação menor, retém-se por mais tempo o dinheiro no bolso, o que reflete a longa queda do multiplicador da base monetária. Em 2000, ele era de 1,52 e, em 2006, fechou em 1,41.
ACREFI
Quadro 1
MEIOS DE PAGAMENTO, BASE MULTIPLICADOR E EMPRÉSTIMOS VALORES ABSOLUTOS - EM R$ MILHÕES
Ano
M1
Meios de pagamento M2 M3
M4
Base
Multiplicador Empréstimos do da base sistema financeiro
2000
70.375
283.785
556.577
652.093
46.304
1,52
319.018
2001
78.943
321.612
625.057
756.181
52.846
1,49
332.384
2002
102.308
397.503
688.269
807.523
69.901
1,46
378.307
2003
104.892
412.895
838.386
958.471
70.802
1,48
418.210
2004
127.129
493.497
988.622
1.109.519
87.344
1,46
499.604
2005
142.451
582.464
1.166.502
1.312.399
98.306
1,45
607.023
2006
167.176
662.896 1.378.806
1.561.246
118.304
1,41
732.589
Quadro 2
MEIOS DE PAGAMENTO, BASE MULTIPLICADOR E EMPRÉSTIMOS TAXAS DE VARIAÇÃO NOMINAIS
Ano
M1
Meios de pagamento M2 M3
M4
Base
Multiplicador Empréstimos do da base sistema financeiro
2000 2001
12,17
13,33
12,30
15,96
14,13
-1,97
4,19
2002
29,60
23,60
10,11
6,79
32,27
-2,01
13,82
2003
2,53
3,87
21,81
18,69
1,29
1,37
10,55
2004
21,20
19,52
17,92
15,76
23,36
-1,35
19,46
2005
12,05
18,03
17,99
18,29
12,55
-0,68
21,50
2006
17,36
13,81
18,20
18,96
20,34
-2,76
20,69
Fonte: Banco Central do Brasil.
Quadro 3
Ano
TAXAS REAIS DE VARIAÇÃO MONETÁRIA SOBRE A INFLAÇÃO MEDIDA PELO IGP-M M1
Meios de pagamento M2 M3
M4
Base
Multiplicador Empréstimos do da base sistema financeiro
2000 2001
8,86
8,96
8,87
9,19
9,03
7,61
8,16
2002
3,93
3,70
3,19
3,06
4,03
2,72
3,33
2003
9,56
9,70
11,54
11,22
9,43
9,44
10,38
2004
8,04
7,91
7,79
7,63
8,20
6,36
7,91
2005
49,70
52,41
52,39
52,52
49,93
43,94
53,98
2006
23,30
22,56
23,47
23,63
23,92
19,13
23,99
Fonte: Banco Central do Brasil.
Isso significa também que o real está adquirindo valor aos olhos da população e valoriza-se face ao dólar e ao euro. E, posto que as taxas de juros estão caindo, conforme mostra o quadro 11, em que a Selic chegou a 23% em 2002 e fechou a 12,49% em 2006, os empréstimos livres do sistema financeiro aumentaram. Conforme mostra o quadro 3,
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as taxas reais de evolução e expansão dos empréstimos do sistema fi nanceiro cresceram aos espantosos percentuais positivos de 53,98% em 2005 e 23,99% em 2006. Ou seja, a vontade de consumir da população foi saciada com a capacidade de oferecer crédito mais em conta pelo sistema bancário e pelas financeiras. Isso é inédito. Os consumidores se congraçaram com os credores ban-
balanço de resultados Quadro 4
Nesta nova era, o mercado de crédito se renovará e dará consistência à retomada do crescimento com desenvolvimento
Ano
TAXAS DE INFLAÇÃO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) E TAXAS REAIS DE VARIAÇÃO DO PIB PIB Em US$ MM
Taxa de variação do PIB real Agropecuária Indústria
IGP-M
IPCA
2000
9,95
5,97
1.101.255
602.207
4,36
2,15
4,36
3,8
2001
10,38
7,67
1.198.736
509.797
1,31
5,76
1,31
1,75
2002
25,31
12,53
1.346.028
459.379
1,93
5,54
1,93
1,61
2003
8,71
9,30
1.556.182
506.784
0,54
4,49
0,54
0,61
2004
12,41
7,60
1.766.621
603.994
4,94
5,29
4,94
3,32
2005
1,21
5,69
1.937.598
796.284
2,28
0,77
2,28
2,03
2006
3,83
3,14
2.322.685
1.066.524
3,70
Preço cor
Geral
Serviços
Fontes: FGV e IBGE.
cários, tomando empréstimos atraentes, pois os prazos foram dilatados a tal ponto, variando entre um mês e 60 meses, que foi viabilizada e popularizada a capacidade de pagamento da população inteira, sobretudo a de baixa renda, cujo acesso ao mercado fora praticamente negado até 1994. E abusar do crédito é sabidamente perigoso e não recomendável. Vale a pena ser módico e parcimonioso no uso de empréstimos. Mas, se o dinheiro for mais barato e a renda suportar o pagamento das prestações, não há por que adiar o consumo, num mundo globalizado e acelerado na oferta de inovações que se trocam aceleradamente. Os céticos perderam mais uma vez ao acharem que a “festa da retomada” duraria pouco. Na verdade, eles não acreditaram no Banco Central, cujo desempenho entre 2003 e 2007 é exemplar e dá evidências de excelência e capacidade de controle da oferta monetária tanto em fases de corte drástico do crédito (anos 2003 e 2004) quanto em fases de queda da inflação e necessidade de provimento monetário, para atender à meta inflacionária anual e atingir a taxa de expansão real do PIB pretendido. Nesse sentido, os quadros 5 e 6 mostram que, uma vez deflacionados os grandes agregados pela taxa de inflação anual medida pelo IGP-M da FGV, capitalizada pela taxa de crescimento do PIB, ocorrida no mesmo ano, as taxas reais de variação monetária praticamente estiveram em bloco apenas 1% acima da meta. Ou seja, o grau de acerto da política monetária entre 2001 e 2006 foi cres-
Quadro 5
Ano
TAXAS REAIS DE VARIAÇÃO MONETÁRIA SOBRE A INFLAÇÃO MEDIDA PELO IGP-M E A TAXA REAL DE CRESCIMENTO DO PIB M1
Meios de pagamento M2 M3
Base
Multiplicador da base
Empréstimos do sistema financeiro
0,90
0,90
0,89
0,89
M4
2000 2001
0,90
0,90
0,90
2002
0,90
0,90
0,90
0,89
0,90
0,89
0,90
2003
0,89
0,89
0,90
0,90
0,89
0,89
0,90
2004
0,90
0,90
0,90
0,90
0,90
0,89
0,90
2005
0,90
0,90
0,90
0,90
0,90
0,89
0,90
2006
0,90
0,90
0,90
0,90
0,90
0,89
0,90
Fonte: IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.
Quadro 6 DESVIO–PADRÃO E MÉDIA DE VARIAÇÃO DOS VALORES DEFLACIONADOS DOS MEIOS DE PAGAMENTO, DA BASE E DOS EMPRÉSTIMOS Ano
Estatística
M1
Meios de pagamento M2 M3
M4
Base
Multiplicador Empréstimos do da base sistema financeiro
2001 a 2006
Desvio padrão
0,0008 0,0006
0,0004 0,0004
0,0009
0,0001
0,0006
2004 a 2006
Desvio padrão
0,0004
0,0003
0,0000
0,0002
0,0005
0,0001
0,0001
2001/2006
Média
0,8957
0,8956
0,8957
0,8957
0,8958
0,8941
0,8956
2004/2006 Média
0,8958
0,8958
0,8959
0,8958
0,8959
0,8941
0,8961
Fonte: IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.
cente. E, à medida que a inflação caiu para 1,21% em 2005 e 3,83% em 2006, a gestão e a sintonia fina foram ainda mais acertadas e disciplinadas. Um feito raro e digno de registro na história da política monetária do Brasil. Mediante o quadro 6, nota-se que o desvio-padrão, conhecido como taxa de risco ou índice de variabilidade dos meios de pagamento M1, M2, M3 e M4 é mínimo e consistente estatistica-
20
mente em relação aos quatro agregados. E, da mesma forma, a taxa média de variação intertemporal das variações dos agregados monetários, da base e dos empréstimos, também está caindo. Isso significa que a consistência das políticas monetárias adotadas pelo Banco Central é elevado, crescente e implementado de forma contínua. De certa forma, a população interpretou convenientemente essa grande
FINANCEIRO
Quadro 7 VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO CONSIGNADO Ano
Quadro 8
Prefixados
TAXA DE VARIAÇÃO NOMINAL DOS CRÉDITOS
Ano
Pessoa Física
Veículos
2003
30.494
29.987
2004
43.423
38.065
2005
63.444
50.685
2006
88.709
63.472
2007*
95.210
66.977
Fonte: Revista Financeiro – Acrefi.
Prefixados Pessoa Física
Veículos
2004
42,40
26,94
2005
46,11
33,15
2006
39,82
25,23
2007*
7,33
5,52
Fonte: Revista Financeiro – Acrefi.
Observação: os valores de 2007 referem-se ao primeiro trimestre, janeiro/março (*).
Quadro 9
Quadro 10
VOLUME DE CRÉDITOS DEFLACIONADOS
Ano
Prefixados
Ano
Pessoa Física
Veículos
2003
27.900
27.436
2004
36.811
32.269
2005
61.288
48.963
2006
82.388
58.950
2007*
91.973
64.700
Prefixados Pessoa Física
Veículos
2004
31,94
17,61
2005
66,50
51,73
2006
34,43
20,40
2007*
11,63
9,75
Projeção para o ano
55,30
45,11
Máximo
35,94
29,32
Normal
Fonte: IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.
Fonte: Revista Financeiro – Acrefi.
Quadro 11
TAXA DE VARIAÇÃO REAL DOS CRÉDITOS
EVOLUÇÃO NOMINAL DAS TAXAS DE JUROS ENTRE 2000 E 2006
Ano
SELIC
CDI OVER
TJLP
ANBID
HOT MONEY
TR
LIBOR
PRIME RATE
FED FUNDS
2000
16,19
16,13
9,75
16,51
1,94
17,31
6,63
9,19
6,24
2001
19,05
19,05
10,00
19,07
2,38
18,85
3,72
6,90
3,90
2002
23,03
22,93
10,00
24,09
3,04
23,06
1,91
4,71
1,67
2003
16,92
16,80
11,00
16,34
2,00
37,94
1,25
4,13
1,13
2004
17,50
17,46
9,75
16,76
2,54
15,03
1,73
4,29
1,35
2005
18,24
18,15
9,75
18,39
2,58
22,69
4,63
7,00
4,16
2006
12,49
12,43
6,85
13,08
1,46
15,22
5,33
8,25
5,24
Fonte: Banco Central do Brasil; ANBID; Federal Reserve – FED.
Quadro 12
GANHO OU PERDA EM PONTOS, DAS TAXAS DE JUROS DE UM ANO PARA OUTRO – ANTERIOR
Quando a taxa percentual é positiva, é porque os juros subiram de um ano para outro. Ano
SELIC
CDI OVER
TJLP
ANBID
HOT MONEY
TR
LIBOR
PRIME RATE
FED FUNDS
-2,34
2001
2,86
2,92
0,25
2,56
0,44
1,54
-2,91
-2,29
2002
3,98
3,88
0,00
5,02
0,66
4,21
-1,81
-2,19
-2,23
2003
-6,11
-6,13
1,00
-7,75
-1,04
14,88
-0,66
-0,58
-0,54
2004
0,58
0,66
-1,25
0,42
0,54
-22,91
0,48
0,16
0,22
2005
0,74
0,69
0,00
1,63
0,04
7,66
2,90
2,71
2,81
2006
-5,75
-5,72
-2,90
-5,31
-1,12
-7,47
0,70
1,25
1,08
2007
-12,49
-12,43
-6,85
-13,08
-1,46
-15,22
-5,33
-8,25
-5,24
Fonte: IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.
ACREFI
21
e nova mudança na trajetória econômica do Brasil e reagiu à busca do consumo que lhe fora ofertado com maior rigor monetário nos anos 2002/2004. Os quadros 7 e 8 mostram que o volume de operações de crédito consignado da pessoa física e dos veículos financiados cresceram a taxas recordes, como resposta aos novos tempos. Em 2003, o crédito montava a R$ 30,4 bilhões e, em março de 2007, ele atingia inéditos R$ 95,2 bilhões. Uma grande retomada do mercado, sem que isso represente esgotamento deste, pois o coeficiente de utilização de empréstimos privados sobre o PIB, de apenas 31,5%, é dos mais baixos do mundo. Nesta nova era, o mercado de crédito se renovará e dará consistência à retomada do crescimento com desenvolvimento. Estão dadas as condições de base, fundamentais, para deslanchar de vez e com vento a favor, com tanto que as reformas inadiáveis sejam feitas o quanto antes e se dê vazão à iniciativa, à criatividade e à vontade de se realizar com sucesso, do brasileiro.
tendência
Flávio Roberto Guarnieri
Os desafios do setor automobilístico TEREZA MARIA FERNANDEZ DIAS DA SILVA, SÓCIA DA MB ASSOCIADOS
A indústria automobilística segue apresentando crescimento. A produção do setor de autoveículos encerrou 2006 atingindo 2,6 milhões de unidades, crescimento de 3% em relação a 2005. As vendas internas surpreenderam com crescimento de 18,6%, destacando-se os segmentos de comerciais leves (+ 33,6%) e ônibus (19,8%). Em 2007, com dados até o mês de maio, a tendência se mantém. A produção, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Automóveis (Anfavea), cresceu 5,8%, atingindo 1,13 milhão de unidades. O segmento de máquinas agrícolas (não considerado na estatística anterior), que tinha reduzido sua produção em 21,3% no ano de 2005, e 12,8% em 2006, apresenta recuperação, crescendo 17% até maio, em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é de um crescimento de 6,0% na produção total (sem máquinas agrícolas). As vendas seguem aquecidas no mercado interno. Segundo dados da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), até o mês de maio, as vendas no mercado interno cresceram 25,1% no segmento de automóveis e comerciais leves, 20,6% no mercado de caminhões, 27,2% no segmento de motocicletas e 33,3% na área de tratores. Apenas no setor de ônibus,
Apesar de crescimento de produção e vendas, setor ainda tem dificuldades que afastam investimentos
as vendas são negativas em 5,7%, depois de terem evoluído quase 22% em 2006. O ano de 2007, pelas nossas projeções, deve seguir crescendo. Esperamos que os automóveis e comerciais leves apresentem crescimento de 22,9%, caminhões evoluam 18,3%, motos devem ampliar suas vendas em 26,7%, tratores 31,7%. O segmento de ônibus deverá ser o único a apresentar queda de vendas (7,7%). As vendas no mercado interno são, portanto, as responsáveis pela recuperação do setor automobilístico, visto que as exportações, em unidades, estão negativas desde o ano passado (6,2% em 2006, e 10,7% em 2007). A indução da troca de automóvel, a partir da consolidação da tecnologia flex fuel, somou-se ao crescimento do crédito com um prazo de financiamento maior (em média, 60 meses para automóveis), seja para veículos novos, seja para veículos usados, o que ajudou a consolidar o mercado. A notícia negativa fica por conta
22
das exportações. No segmento de automóveis e comerciais leves, a mudança de tendência em relação ao comércio internacional é forte. Se as tendências mais recentes se mantiverem, projetamos exportações em dezembro/07 de 685,6 mil unidades e importações de 237,8 mil veículos. Nesse caso, as exportações líquidas, que em janeiro de 2006 eram de 761,3 mil automóveis, cairão para 447,8 mil veículos. As importações já representam pouco mais de 10% do mercado interno (Gráfico I). Apesar do crescimento da produção e principalmente das vendas no mercado interno, o setor ainda apresenta dificuldades que afastam investimentos em novas plantas e em novos projetos no Brasil. Além do fraco desempenho das montadoras mais importantes no resto do mundo, que transforma a indústria brasileira em fonte de rentabilidade, as nossas ineficiências (custo do trabalho, tributos, valorização da moeda etc.) contribuem de forma importante para que estes não estejam sendo encaminhados para o Brasil neste momento. Os investimentos anunciados pelo setor indicam apenas manutenção das plantas atuais e uma expansão de produção muito pequena. Fiat : R$ 3 bilhões 2007/2009, sendo que R$ 1 bilhão refere-se à contratação de 1.200
FINANCEIRO
ACREFI
Gráfico I
Exportação e importação de automóveis e comerciais leves (Em unidades - acumulado 12 meses) 880.000
Exportações Importações
860.000
200.000 180.000
840.000 160.000
820.000 800.000
140.000
780.000 120.000
760.000 740.000 mar.07 abr.07 mai.07
720.000 700.000
Exportações Importações 769.383 168.874 757.015 178.301 750.753 186.119
80.000
ab 6 r/0 m 6 ai /0 ju 6 n/ 06 ju l/0 ag 6 o/ 06 se t/0 ou 6 t/0 no 6 v/ 0 de 6 z/ 06 ja n/ 0 fe 7 v/ 07 m ar /0 ab 7 r/0 m 7 ai /0 7
06
/0 ar
m
06
v/
n/ ja
100.000
60.000
680.000 fe
pessoas e a criação do terceiro turno, no início de 2007; VW: R$ 2,5 bilhões entre 2007/2011, nas cinco unidades que mantém no Brasil; esse montante não implica modernização nem crescimento de produção; Ford: R$ 2,2 bilhões até 2011, concentrados principalmente no NE (aquisição da Troller, ampliação da fábrica da Bahia); GM: R$ 2,1 bilhões entre 2008/2010 no desenvolvimento de produtos para o Brasil, o Oriente Médio, a Ásia e os Estados Unidos; Toyota: US$ 42 milhões na sua unidade de São Bernardo do Campo (SP), na ampliação de produção de peças forjadas; Honda: concluiu investimentos em 2006 ampliando sua capacidade para 70 mil automóveis/ ano; Renault: R$ 630 milhões até 2009 na unidade de São José dos Pinhais, para a produção de novos modelos (Logan); Nissan: R$ 315 milhões até 2009, com lançamento de seis novos modelos no mercado brasileiro. Os investimentos da Renault e da Nissan são os únicos em novos produtos e linha de produção Esses números indicam que o setor ainda não tem claro um projeto articulado de crescimento. Até agora os principais movimentos sugerem uma acomodação à reaceleração da demanda e à fraqueza do dólar, além da imperiosa necessidade de gerar lucros. Essa acomodação se traduz no fato de a produção nacional estar concentrada em carros pequenos (flex, com motores 1.0, 1.3 e 1.6), que têm maior escala. A parte sofisticada da demanda e, na margem, totalmente suprida por importações, especialmente do
Fonte: ANFAVEA. Elaboração: MB Associados
As motocicletas seguirão aumentando as vendas, mas o risco China poderá influenciar nos investimentos
México. Mais recentemente e como forma de postergar grandes decisões de investimentos (novas fábricas), várias unidades na Argentina estão sendo reativadas. Apenas mais adiante, ficarão mais claros os parâmetros necessários para uma eventual nova onda de investimentos – sustentabilidade do crescimento e o papel das importações da Ásia ainda são os fatores mais importantes.
23
Nos demais segmentos, podemos concluir que: i) as montadoras de caminhões estão mais preservadas e com expectativas de novos investimentos pela importância da agricultura e mineração brasileira, e suas perspectivas de crescimento nos próximos anos; ii) no caso dos ônibus, a tecnologia brasileira de fabricação ainda assegura um mercado amplo de exportação; nesse caso, as nossas indústrias estão investindo no exterior em busca de competitividade, o que pode implicar desaceleração de produção no Brasil; iii) as indústrias de máquinas e equipamentos agrícolas seguirão bem; iv) as motocicletas também seguirão ampliando vendas de maneira significativa, mas, nesse caso, o risco China poderá influenciar nos investimentos em novas fábricas e no crescimento da produção.
legislação
Andrea Felizollaa
Judiciário e mercado de crédito: mitos e verdades
Muito se fala e pouco se estuda sobre a relação entre o funcionamento do sistema judicial brasileiro e o desenvolvimento da economia nacional. É quase lugar-comum ouvir que o desempenho do Poder Judiciário e a qualidade de suas decisões têm grande impacto para o grau de investimento, para a taxa de juros e para o mercado de crédito, mas existem poucos textos ou artigos que se propõem a analisar, com base em dados e informações mais precisas, a existência dessa relação e sua extensão real. Nesse contexto, é natural a proliferação de idéias mistificadas sobre o tema que guardam muito mais impressões pontuais e preconceitos do que conhecimento de fato. A discussão sobre os reflexos do comportamento do sistema judicial para o crescimento da nação é relevante e imprescindível. No entanto, deve ser feita com bases mais sólidas e desprovida dos vícios corporativistas ou de idéias preconcebidas sobre o assunto. O diálogo entre economistas e juristas deve ser pautado por elementos mais concretos, que explicitem os verdadeiros problemas que a questão apresenta e permitam seu enfrentamento de maneira mais efetiva e estratégica. Acreditamos ser possível verificar a relação direta entre o funcionamento da Justiça e o mercado de crédito por
PIERPAOLO CRUZ BOTTINI
A recuperação do crédito, em caso de inadimplência, é bastante morosa, o que acarreta na depreciação do valor disponibilizado
meio de uma análise do comportamento dos juros e do spread bancário nos contratos de empréstimo. O Poder Judiciário é a instituição responsável pela solução da maior parte dos litígios decorrentes dos contratos de créditos, ainda que não seja a única, logo, sua funcionalidade determinará os riscos da inadimplência e, portanto, influenciará na fixação dos juros cobrados nos empréstimos. No caso do Brasil, essa relação pode ser apontada por meio de dados interessantes. A recuperação do crédito, em caso de inadimplência, é bastante morosa, e essa morosidade acarreta na depreciação do valor disponibilizado, tornando pouco atraente a celebração de contratos de empréstimo com risco de inadimplência. O tempo médio para a finalização de um processo judicial é de cerca de 20 meses
24
na primeira instância, de 20 a 40 meses na segunda instância e de 20 a 40 meses nos tribunais superiores e no Supremo Tribunal Federal, sem contar a fase de execução, que exige mais um período de espera para garantir o cumprimento da decisão judicial transitada em julgado. A taxa de congestionamento da Justiça Estadual, responsável pela maior parte dos processos de recuperação de crédito, é de 80%, considerando-se os processos entrados e os processos em tramitação sobre as sentenças proferidas. Os índices de morosidade do Judiciário brasileiro são maiores do que as médias da América Latina e que de outros países emergentes. Essa morosidade, como afirmado, refl ete-se nos custos para a recuperação de crédito. Pesquisa do Banco Central com 93 instituições financeiras, responsáveis por 85% da oferta total de crédito no País, em 2001, apontou os custos estimados para o enfrentamento da inadimplência pelo Poder Judiciário. Para um crédito de R$ 50 mil, o valor esperado de recuperação em caso de inadimplência era de 83% para a cobrança extrajudicial simples, 43,8% para a cobrança por meio de processo judicial que se encerrasse na fase de conhecimento, ou seja, que o devedor pagasse no momento da decisão judicial que reconhecesse a dí-
FINANCEIRO
vida, e 24,1% para a cobrança por processo judicial que prosseguisse até a fase de execução, quando o devedor não paga no momento da sentença e é necessária a intervenção judicial para penhorar seus bens e expropriá-los. Temos, então, um alto custo para a solução da inadimplência por meio do sistema judicial. Esse fato determinará um alto risco na atividade creditícia, e é natural que, para os contratos em que a possibilidade de nãopagamento for maior, haverá juros mais elevados. Isso pode ser verificado na prática. Tomemos como base duas espécies de contratos de crédito para pessoas físicas em que a participação do Poder Judiciário ocorre de maneira diferente – o empréstimo pessoal comum e o empréstimo pessoal com crédito consignado – e verifiquemos o comportamento das taxas de juros cobradas em cada um deles. Para isso, utilizaremos os dados do Relatório de Economia Bancária e Crédito do Banco Central do Brasil (2005). Nos empréstimos pessoais comuns, o Judiciário tem uma participação muito maior em casos de inadimplência do que no crédito consignado. Isso porque, em caso de não-pagamento, haverá, na grande maioria dos casos, a necessidade de acionar este Poder para solucionar a controvérsia e para executar o devedor. Isso implica a demonstração judicial da validade e exigibilidade da dívida, por meio de um processo de conhecimento (exceto nos casos de títulos executivos extrajudiciais), e a execução da sentença judicial, caso favorável, que pode envolver, nos casos em que o devedor não cumpre a sentença, a penhora e a expropriação de bens por meio de um longo procedimento. Já nos empréstimos com crédito consignado, a participação da atividade jurisdicional é quase nula. Nesses casos, a inadimplência é muito baixa e a necessidade de acionar o Judiciário para fazer valer o contrato e garantir a cobrança é quase inexistente, porque esta se faz diretamente na fonte ACREFI
de proventos do devedor, de maneira certa e estável. O “fator jurisdicional” incide apenas na hipótese de o devedor perder o seu vínculo com a instituição responsável pela folha de pagamento e, mesmo assim, é pequena, porque, em caso de demissão, permite-se ao credor o acesso a até 30% da indenização recebida pelo rompimento do contrato de trabalho. Analisemos, agora, as taxas de juros cobradas nesses contratos de crédito. Em janeiro de 2004, no mês seguinte ao da entrada em vigor da Lei do Crédito Consignado, a taxa do crédito consignado era de 41,4% ao ano, enquanto a do crédito pessoal era de 79,1%. Atualmente, o valor cobrado nos empréstimos em consignação é de 33,5% ao ano, enquanto a taxa dos empréstimos pessoais é de 76,5% ao ano (dados de novembro de 2006, Bacen, 2006). As únicas diferenças relevantes entre os contratos de empréstimo pessoal e aqueles com crédito consignado são o grau de participação do fator jurisdicional em ambos e o valor das taxas de juros cobradas, já que as partes contratantes e os agentes de crédito são praticamente os mesmos. Assim, se todos os elementos que distinguem as duas modalidades são os mesmos, pode ser apontada uma relação direta entre a atividade jurisdicional e a fixação da taxa de juros. Porém, não só o custo do crédito é afetado pelo “fator jurisdicional”, mas a própria disponibilidade desse crédito. Mais uma vez, voltemos ao crédito consignado, para o qual a incidência da atividade jurisdicional é baixa, e verifiquemos o volume de negócios realizados depois de sua implementação. Segundo relatório do Banco Central do Brasil (2006), a relação entre o volume total dos empréstimos e o PIB subiu de 26,2% em 2003 para 33,7% em 2006, sendo que o percentual de financiamentos referenciados em recursos livres cresceu de 61,1% para 68,2% no mesmo período. O papel da criação da modalidade do
25
As únicas diferenças relevantes entre os contratos de empréstimo pessoal e aqueles com crédito consignado são o grau de participação do fator jurisdicional e o valor das taxas de juros
crédito consignado nesse crescimento foi relevante, pois, segundo o mesmo Banco Central, desde a implementação dessa espécie de crédito (dezembro de 2003), o crédito para pessoas físicas aumentou em 82,3% (para este cálculo, o Banco Central considerou os dados dessazonalizados e deflacionados pelo IPCA). Evidentemente que o crédito consignado não foi o único responsável pela expansão do volume de operações no País, mas sua participação para tal deve ser reconhecida, ainda mais porque, em novembro de 2006, essa modalidade de crédito representou 53,1% dos empréstimos da carteira de crédito pessoal. Essa pequena análise demonstra que existe uma relação entre a operatividade do Poder Judiciário e o mercado de crédito. No entanto, isso não pode levar a conclusões simplistas, pois o mesmo Judiciário não é culpado desse fenômeno, mas também um dos prejudicados. A difi culdade de solucionar os conflitos apresentados, que acarreta a insegurança para contratação acima demonstrada, é uma angústia comum de todos os atores sociais, inclusive dos membros da magistratura, e a busca de alternativas deve ser realizada como um esforço conjunto, que passa pela construção de propostas de racionalização das demandas judiciais, que confiram celeridade e efi cácia às decisões, oferecendo à sociedade um sistema seguro e viável para a solução de seus eventuais litígios.
artigo
O tempo da colheita está chegando Deve-se reconhecer que o ímpeto reformista foi bastante arrefecido no segundo mandato do presidente Lula. Apesar dessa paralisia, o Brasil parece estar próximo de atingir o ponto de não-retorno. Poderá demorar um pouco mais ou menos, mas, dada a correlação de forças hoje existentes no País, dificilmente haverá um retrocesso
JOSÉ MÁRCIO CAMARGO, SÓCIO DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA
Ao longo dos últimos 15 anos, o Brasil passou por um extenso processo de reformas institucionais. Começando com a abertura da economia, o País seguiu seu caminho com a privatização de várias empresas estatais, como a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional, o sistema Telebrás, parte do setor elétrico e os bancos estaduais. A partir de 1999, a idéia de responsabilidade fiscal passou a fazer parte do vocabulário e, eventualmente, dos costumes, dos governantes brasileiros, com a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, a renegociação das dívidas dos Estados e dos municípios e os acordos com o Fundo Monetário Internacional que estipulavam a necessidade de obtenção de superávits primários do setor público capazes de evitar que a dívida pública continuasse crescendo a taxas insustentáveis. Ainda na área macroeconômica, a incorporação da autonomia operacional de fato, ainda que não de direito, do Banco Central em conjunto com a adoção da política de metas para a inflação e câmbio flutuante, coroou o processo de estabilização da economia. Ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso, reformas microeconômicas importantes foram implementadas, entre elas a reforma da Previdência Social, a criação
Avanços institucionais começam a ser incorporados nos processos decisórios dos agentes econômicos, refletindo no desempenho da economia de marcos regulatórios e de agências reguladoras para os setores de infra-estrutura e a criação do Sistema Financeiro Imobiliário. O novo governo eleito em 2002, comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de manter as conquistas na área macro, como a autonomia operacional do BC, e aprofundar o ajuste e, com isso, manter a austeridade fiscal, com aumento do superávit primário, intensificou o processo de reformas microeconômicas, com a aprovação de uma nova reforma da Previdência Social, agora voltada para o funcionalismo público, da nova Lei de Recuperação de Empresas (que substituiu a antiga lei de falências), a reforma do Judiciário, a lei que regulamenta as Parcerias Público-Privadas, a aprovação do crédito consignado, do patrimônio de afetação, e uma série de outras reformas importantes. Dois aspectos devem ser destacados nesse processo. Em primeiro
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lugar, todo processo de reformas tem ganhadores e perdedores. No início, não apenas os ganhos são mais incertos, assim como seus beneficiários são mais difusos e menos organizados, o que faz com que o peso dos perdedores seja desproporcional à sua importância econômica. Porém, à medida que o processo é aprofundado, ficam cada vez mais claros os ganhos dele decorrentes, e estes ganhos se espalham de forma mais ampla pelos agentes econômicos. A partir de um certo ponto, se consolida entre os agentes a percepção de que não existe mais retorno no caminho escolhido. Hoje, no Brasil, se discute a forma da regulação, quão independentes devem ser as agências reguladoras, o tamanho do superávit primário ou o rigor da política monetária. Entretanto, poucos duvidam da importância do equilíbrio fiscal, da necessidade de uma política monetária direcionada para a estabilidade da moeda, da importância do investimento privado, da necessidade de respeitar contratos e de estabilidade regulatória, da importância das agências reguladoras etc. O segundo ponto importante é que esses avanços institucionais começam a ser incorporados nos processos decisórios dos agentes econômicos e, dessa forma, come-
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çam a aparecer no desempenho da economia brasileira. De um lado, ao contrário do que ocorria até poucos anos atrás, o País hoje já é visto tanto pelos investidores nacionais e internacionais, mas, principalmente, pelos seus próprios cidadãos, como um lugar seguro em que se podem investir suas poupanças. A conseqüência é que o País atrai recursos internos e externos para financiar a dívida pública a taxas de juros muito menores do que no passado e os investimentos, tanto nacionais quanto estrangeiros, crescem a taxas elevadas. A queda do risco país e o elevado fluxo de recursos externos para o Brasil são o resultado desse processo. De outro, ainda que as mudanças de regras continuem sendo uma fonte de incertezas, a própria dinâmica do processo regulatório aponta cada vez mais para uma maior estabilidade e um maior respeito aos con-
ACREFI
Reformas como a da legislação trabalhista, a tributária e do sistema de assistência e Previdência Social precisam ser implantadas tratos, o que atrai investimentos privados para setores que, até pouco tempo atrás, somente recebiam investimentos estatais. Os resultados são maiores ganhos de produtividade, mais crescimento, menos desigualdade e menos pobreza. Certamente, muito ainda está por ser feito. Reformas importantes como a da legislação trabalhista, a tributária, uma melhoria do sistema educacional e uma nova reforma do sistema de assistência e Previdência Social – capaz de reduzir suas despesas como proporção do PIB – precisariam ser implementadas, mas parecem estar
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politicamente paralisadas no momento. Da mesma forma, a dificuldade que tem tido o governo, principalmente o governo federal, para colocar em prática a legislação das Parcerias Público-Privadas e de concessões de obras de infra-estrutura para o setor privado, mostra que ainda existem “bolsões” de resistência dentro do próprio governo quanto à importância de atrair investimentos privados nessa área. Na verdade, deve-se reconhecer que o ímpeto reformista foi bastante arrefecido no segundo mandato do presidente Lula. Apesar dessa paralisia, o Brasil parece estar próximo de atingir o ponto de não-retorno. Poderá demorar um pouco mais ou menos, mas, dada a correlação de forças hoje existentes no País, dificilmente haverá um retrocesso. O tempo da colheita está chegando.
educação
Divulgação
Políticas públicas e desafios para a qualidade do ensino no Brasil
Uma avaliação superficial dos avanços brasileiros no ensino fundamental poderia nos levar a pressupor que o Brasil progrediu como deveria no campo da educação. Essa primeira impressão não poderia ser diferente na medida em que o acesso à educação tornou-se uma realidade para mais de 97% das crianças brasileiras. A universalização do ensino na faixa de 7 a 14 anos permitiu, realmente, que uma legião de excluídos tivesse, pela primeira vez, a oportunidade de freqüentar uma sala de aula. Os agentes públicos têm contribuído para este novo cenário de inclusão educacional, ao dar continuidade a medidas importantes adotadas a partir de meados da década de 1990, como o próprio Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), recentemente substituído pelo Fundo da Educação Básica (Fundeb); o Programa Bolsa-Escola, agora ampliado para Bolsa-Família; a diminuição do número de professores leigos; a implantação da TV Escola; e a introdução de uma cultura de avaliação da educação. Sem contar a implementação do ensino fundamental de nove anos. Falta, no entanto, avançar mais na consolidação dessas medidas, especialmente na introdução de mecanismos que garantam qualidade na
CLÁUDIA COSTIN, PROFESSORA-VISITANTE DA ESCOLA NACIONAL DE EDUCAÇÃO PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DE QUEBEC. FOI MINISTRA DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL E REFORMA DO ESTADO (GESTÃO FHC), SECRETÁRIA DA CULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO (GOVERNO GERALDO ALCKMIN) E VICE-PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA
Com a conquista do ingresso do aluno no ensino fundamental, é preciso, agora, investir em ampliação do acesso à educação infantil e ao ensino médio
educação, algo sobre o qual se tem escrito muito, sem que sejam propostos caminhos concretos. Sem dúvida, é importante acelerar propostas em curso no legislativo que vão solidificar um sistema educacional público, justo e eficiente para o País. Entendo que, com a conquista do ingresso do aluno na sala de aula no ensino fundamental, é preciso investir, agora, em ampliação do acesso à educação infantil e ao ensino médio no Brasil, pegando duas pontas do sistema: permitindo um início mais preparado no contato com a escola e buscando o aprofundamento das condições de empregabilidade e de justiça social para os jovens do País. No estudo “Os efeitos da pré-escola sobre os salários, a escolaridade e a
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proficiência escolar”, o autor Naércio Aquino Menezes mostra que os indivíduos que cursaram a préescola têm renda 27% superior à daqueles que não a fizeram. Essa é apenas uma das conseqüências da falta da educação infantil. O Fundeb atenderá justamente a necessidade de se investir na educação infantil. Parte importante dos investimentos previstos para o fundo, de cerca de R$ 4,3 bilhões, será aplicada em programas de formação de professores da pré-escola. Outro passo que contribuirá para a universalização da educação entre os pequenos é o aumento de anos letivos do ensino fundamental, de oito para nove anos, que faz com que as crianças de 6 anos já freqüentem a escola. O Estado brasileiro, por sua vez, terá o grande desafio de promover mudanças qualitativas no ensino público, em meio a um cenário de universalização extremamente atrasado em relação aos demais países desenvolvidos e em desenvolvimento. Enquanto, em 1930, o Brasil tinha apenas 21,5% de suas crianças na escola, países como os Estados Unidos e a nossa vizinha Argentina apresentavam, naquela época, respectivamente, 92,1% e 61,3% de crianças matriculadas no ensino fundamental. O resultado tende a ser o de um aluno mal instruído e, em
FINANCEIRO
parte, fadado à repetência escolar. O Brasil conta, por exemplo, com um índice de repetência de 32% na primeira série, de acordo com levantamento realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com 48 países. É mais alto do que o constatado no Paraguai (14%) e na Indonésia (11%). Em países desenvolvidos, apenas 3% repetem. Isso signifi ca que, na primeira série do ensino fundamental, está se condenando um terço da população brasileira ao atraso e aos problemas de baixa auto-estima, que resultam em evasão escolar. Uma forma de amenizar o índice brasileiro de repetência na primeira série do ensino fundamental é justamente o investimento na qualidade da educação infantil. Esta deixou de ser assistencialista, na qual a criança ia para a “escolinha” para comer, dormir e ter suas fraldas trocadas. Agora, ela desempenha um papel de extrema importância no desenvolvimento do ser humano. A entrada tardia da população pobre na escola e sua curta permanência nos bancos escolares são, sem dúvida, um fardo que nosso País ainda carregará nos próximos anos e com o qual terá de lidar, com extrema competência, caso queira trilhar o mesmo caminho de países como Índia e Coréia. Estes apresentaram atrasos semelhantes e, em pouco tempo, imprimiram enorme salto de qualidade aos padrões de ensino e de desempenho acadêmico de suas crianças. Mas, sem uma visão clara do que deve ser enfatizado na escola para garantir qualidade, perde-se uma oportunidade de se diminuir o fosso social que, além de injusto, ao desconsiderar talentos importantes, prejudica o desenvolvimento do País. Os parâmetros curriculares do Ministério da Educação (MEC) deram uma pista importante do que deveria ser enfatizado em cada
ACREFI
A entrada tardia da população pobre na escola e sua curta permanência nos bancos escolares são um fardo que o País ainda carregará nos próximos anos
segmento de ensino. No entanto, é necessário notar que, enquanto a sociedade não se envolver na discussão nacional sobre como desenvolver corações e mentes de nossos jovens, não haverá melhoria sustentável da educação. Alguns pontos precisam estar presentes em qualquer projeto que enfatize qualidade na educação nacional. Talvez o principal seja o de propiciar autonomia intelectual e espírito inquiridor aos alunos. A possibilidade de obter respostas a suas perguntas de forma independente de mestres e eventuais gurus e, melhor ainda, ser capaz de estar permanentemente fazendo perguntas é a base de uma cidadania consciente. O hábito da leitura por prazer é um caminho importante a ser contemplado nesse projeto. Um jovem que não lê dificilmente formula seus próprios julgamentos, apresenta dificuldades na compreensão das atividades que a escola e, posteriormente, o mercado de trabalho lhe apresentam, não constrói um lazer saudável. O acesso ao saber acumulado pela humanidade é vetado e, mais do que isso, o compartilhamento de sonhos se torna improvável. Mas o que fazer num contexto em que, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação, 60% dos professores do Brasil não têm o hábito da leitura? Estimular a criação de
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bibliotecas municipais é um caminho importante. Tive a oportunidade de coordenar o programa São Paulo: um Estado de Leitores, que, entre outras realizações, garantiu que todos os 645 municípios do Estado de São Paulo tivessem sua biblioteca pública. Capacitamos os bibliotecários e agentes de leitura e, junto com a Secretaria de Educação, introduzimos uma hora de leitura por prazer na grade semanal. Mas isso ainda é insuficiente. O grande desafio é criar mecanismos que garantam a qualidade da educação. Investir fortemente na capacitação de professores, a partir de um diagnóstico mais claro das dificuldades de seus alunos, tal como registrado no Prova Brasil, pode se mostrar um caminho importante. A introdução de uma cultura de gestão escolar focada na melhoria da aprendizagem pode ser obtida não apenas com novos instrumentos que aumentem a autonomia e a responsabilidade de diretores de escola, mas também com intensa capacitação desses profissionais. Incentivar o hábito de leitura tanto de alunos quanto de professores, reforçando bibliotecas escolares e sua articulação com bibliotecas municipais, construir o caminho para a universalização da pré-escola – principal elemento de eliminação das diferenças de origem socioeconômica no desempenho de crianças na primeira série – e do ensino médio – fator importante para melhoria da nossa força de trabalho e para retirar jovens de situação de pobreza e exposição à violência – são algumas outras questões sobre as quais qualquer política pública competente deve se debruçar candidamente. Caso contrário, programas como o BolsaFamília podem sim ter algum impacto de redistribuição de renda, mas tenderão a eternizar uma relação de dependência em que cada assistido atual verá seus filhos e netos merecendo a piedade e a caridade públicas.
economia
Arquivo Acrefi
A fixação das metas de inflação para 2009
A transição política brasileira realiza-se num ambiente econômico interno e externo bastante favorável. Apesar de o cenário internacional se manter positivo no médio prazo, está ocorrendo uma mudança na política monetária dos principais bancos centrais do mundo, acompanhando o excesso de liquidez e o ressurgimento de pressões inflacionárias. O Banco Central Europeu e o Banco do Japão já iniciaram um processo de reversão da política monetária, elevando suas taxas de juros de forma gradual. Se o ritmo dessa mudança se mantiver, não haverá maiores problemas para os mercados emergentes. Quanto ao ambiente interno – ao contrário do que ocorreu nos primeiros meses de 2006, quando a economia apresentava incertezas –, neste início de ano existe uma maior convergência das expectativas, o que facilitará a condução da política mo-
CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES, ECONOMISTA-CHEFE DA CNC E EX-DIRETOR DO BANCO CENTRAL netária ao longo de 2007. O teste real para a política monetária será em 2008, quando esta não poderá contar mais com a apreciação cambial como fator antiinflacionário. A política monetária no regime de metas de inflação tem sua eficiência condicionada à ancoragem das expectativas inflacionárias. A partir de meados de 2005, as expectativas apresentaram maior ajuste em direção à trajetória visada pelo Banco Central, como resultado da maior credibilidade da autoridade monetária no alcance das metas. Além da diminuição da dispersão das projeções da pesquisa Focus, houve também uma maior convergência para o centro da meta. Analisando o desempenho da política monetária sob metas de inflação em um horizonte mais amplo, o estágio atual do processo inflacionário na economia brasileira é de convergência de um nível moderado para o de
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equilíbrio de longo prazo. Em números, isso significa a redução da inflação média de 6,7% até 2005 (intervalo entre 5,7% e 7,5%) para uma meta ao redor de 4%. Seguindo sua trajetória desde a adoção do regime, pode-se dizer que o Banco Central obteve sucesso em retomar a credibilidade abalada durante a crise de confiança de 2002 e redirecionar a inflação de volta à trajetória das metas. Neste momento, a discussão deveria ser cardinal, ou seja, sobre qual trajetória implicaria menor custo, medido pela taxa de sacrifício correspondente à queda do nível de atividade que resulta da política de desinflação. Nesse sentido, maior peso da política econômica poderia ser dado ao crescimento do PIB, no caso da opção por um perfil de convergência gradual. O exemplo do Chile é contundente nesse aspecto. O processo de redução da
FINANCEIRO
oycos
inflação de 20% para o intervalo entre 2% e 4% naquele país demonstra que é possível a adoção do regime de metas de inflação sob uma estratégia gradualista. Os efeitos adversos do aperto monetário promovido pelo Banco Central e da valorização cambial sobre a atividade econômica foram menores do que o esperado. Houve, de fato, uma desaceleração do nível de atividade, principalmente no segundo trimestre de 2006. Os resultados da produção industrial de 2007 exibem sinais de que o nível de atividade poderá ter bom desempenho ao longo deste ano, e isso se deve a uma visível expansão da produção de insumos para a construção civil e de máquinas e equipamentos para fins industriais. O setor real em 2007 apresentará resultados mais expressivos dependendo, principalmente, do ritmo de queda das taxas de juros.
O sucesso do regime de metas inflacionárias proporciona um ambiente de maior segurança entre os agentes econômicos, diminuindo o ambiente de incertezas e permitindo aos agentes uma maior otimização de suas escolhas intertemporais de consumo e investimento. O alongamento dos prazos e a taxa real de expansão do crédito refletem essa realidade na economia brasileira. De fato, entre janeiro de 2004 e março de 2007, o volume de crédito total teve seu prazo médio estendido em 25%, assim como o nível do crédito tem exibido uma taxa de expansão vigorosa faz algum tempo. Hoje, seria razoável que a meta de inflação para 2009 em diante fosse fi xada num intervalo entre 2% e 4%, para a consolidação do atual regime.
Analisando o desempenho da política monetária sob metas de inflação, o estágio atual do processo inflacionário brasileiro é de convergência de um nível moderado para o de equilíbrio de longo prazo
A política monetária, para continuar apresentando resultados favoráveis dentro do regime de metas estabelecido, precisa contar com o suporte fiscal de longo prazo, sem o qual todo esforço até agora demandado ao setor real da economia e seu custo para a dívida pública pode ter sido inútil. Logo, na tendência declinante da relação dívida /PIB, reside a continuidade do sucesso das atuais políticas monetária e fiscal.
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Apoio
Realização
gestão corporativa
Governança e o modelo stakeholder ELISMAR ÁLVARES CAMPOS, PROFESSORA E COORDENADORA DO NÚCLEO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA DA FUNDAÇÃO DOM CABRAL
Os administradores devem ser cobrados e responsabilizados pelos resultados de responsabilidade corporativa tanto quanto pelos resultados financeiros? A discussão sobre o atendimento dos diversos públicos que exercem influência sobre a empresa, e são influenciados por ela, vem sendo colocada na pauta das modernas corporações. Surgem daí duas visões – a visão stockholder e a stakeholder, na perspectiva da ética e da governança corporativa. • A visão dos stockholders (acionistas) é uma visão comum e até bem pouco tempo uma prática no mundo anglo-saxão, com foco na potencialização da riqueza dos acionistas. Em função dessa visão, Friedman (1970) argumenta que, se os executivos maximizam os lucros para os investidores e com esses resultados aumentam o valor da empresa, estão respeitando o direito de propriedade e, de forma agregada, promovendo o bem-estar social. • A visão dos stakeholders (partes interessadas na empresa) é uma visão mais alinhada com a cultura nipo-germânica. A empresa tem a responsabilidade ética de respeitar os direitos e cumprir os deveres relacionados aos agentes adotados pela empresa. Incluem-se, nesse conjunto, clientes, fornecedores, funcionários, acionistas, incluindo minoritários, comunidade local, instituições financeiras, governo, sindicato, enfim, todo o público de relacionamento da empresa que exerce influência e é influenciado por ela. Vejamos o enunciado de um
Na perspectiva financeira, a categoria de stakeholders privilegiada é a dos proprietários dos recursos que fluem para a empresa
acordo de entendimento entre acionistas, com argumento a favor da visão stakeholder : “... Os proprietários entendem que são apenas uma parte dos que têm interesses na empresa. Os que têm interesses na empresa são os clientes, os fornecedores, o pessoal, a comunidade e os acionistas. Cada um tem seus direitos sobre o dinheiro da empresa e no compartilhamento de seu sucesso... Os diretores devem equilibrar as necessidades de todos os que têm interesse na empresa ao tomarem suas decisões sobre pagamento de dividendos aos acionistas”. Para Clarkson (1995), stakeholders são todas as “pessoas ou grupos que têm ou reivindicam propriedade, direito ou interesse em uma corporação e em suas atividades passadas, presentes e futuras”. Consideram-se, assim, dentre outros, os acionistas, investidores institucionais, bancos, empregados, fornecedores, clientes, sindicatos, governo, comunidade e órgãos reguladores, de mercado e controle ambiental. Diversos conceitos podem ser utilizados para definir quem são os stakeholders de uma empresa. Na perspectiva financeira, por exem-
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plo, a categoria de stakeholders privilegiada é basicamente a dos proprietários dos recursos que fluem para a empresa. Contudo, uma ampliação dessa perspectiva parece importante quando se discute a responsabilidade social das corporações em relação à sociedade e em face de questões como preservação ambiental, atendimento às necessidades da comunidade, condições de trabalho, qualidade dos produtos, entre outras. Nesse contexto, outros atores são incluídos no processo de construção da governança corporativa, tanto na perspectiva interna da organização quanto pelo aparato formal. Os credores desempenham importante papel em alguns sistemas de governança e têm potencial para atuar como fiscais externos do desempenho corporativo. Funcionários e outras partes interessadas desempenham também papel de destaque, contribuindo para o sucesso e o desempenho da empresa no longo prazo, enquanto os governos criam a estrutura institucional e jurídica geral para a governança corporativa. Clarkson distingue dois grupos de stakeholders : os primários, públicos considerados fundamentais para a sobrevivência da empresa, e os secundários, que, apesar de exercerem influência e serem influenciados pela empresa, não são fundamentais para sua sobrevivência. Progressivamente, outras lógicas, que não apenas a econômica, vêm ocupando espaço e colocando na agenda do mundo corporativo questões centrais, diretamente rela-
FINANCEIRO
cionadas com princípios éticos e morais, dos quais as empresas não podem mais fugir, até mesmo pelo custo de imagem. Os mais incrédulos garantem que o tema da “ética” pode despertar muito interesse no mundo anglosaxão protestante, mas, em culturas latinas, como a brasileira, é uma moda que simplesmente não “pega” – especialmente quando se trata do mundo dos negócios, que enxerga como único valor o dinheiro. Será? É verdade que algumas pessoas não vêem vantagem em observar a ética na hora de lidar com as outras? Mas quem não deseja ser tratado de forma ética? Koehn nota que os acionistas, na prática, formam a categoria mais vulnerável entre os stakeholders num mercado livre e aberto. Os clientes que se sentem atingidos pela empresa podem deixar de adquirir seus produtos ou serviços. Muitas das categorias de funcionários são protegidas por sindicatos. Mas o acionista que investe na empresa depende exclusivamente dos gestores para proteger e incrementar o valor de suas ações. Nesse sentido, as práticas de governança corporativa constituem uma forma de proteção dos acionistas, especialmente os minoritários, ante os gestores que conduzem a organização. Em países caracterizados por forte cultura patrimonialista, isto é, por elevada concentração da propriedade e pela predominância de
empresas familiares e pela baixa possibilidade de financiamento via democratização do capital, a inércia e a fragilidade acabam prevalecendo no mercado. Schleifer e Visny (1997) observam que as empresas da América Latina lidam com frágeis sistemas de governança e os financiamentos tendem a ser cobertos por mecanismos internos ou bancos estatais. Segundo eles, os sistemas de governança corporativa nos Estados Unidos, na Alemanha e no Japão têm mais em comum do que podemos inicialmente imaginar: uma combinação de grandes investidores com um efi ciente sistema legal de proteção aos direitos dos investidores. A governança corporativa em outras partes do mundo é menos efetiva porque carece de sistemas formais de proteção aos investidores. A força da riqueza detida por eles provoca mudanças na postura das instituições e o governo corporativo é resultado de vários elementos: o equilíbrio dos regulamentos, a pressão externa e a auto-regulação. Como mercados voláteis requerem diversidade, é vital a presença de atores e agentes com diferentes perspectivas de longo prazo. Por outro lado, o foco em resultados financeiros de curto prazo entra em conflito com a visão de longo prazo do modelo de stakeholders. Alguns sinais já são visíveis. Uma família controladora de uma grande empresa acaba de escrever uma
O foco em resultados financeiros de curto prazo entra em conflito com a visão de longo prazo do modelo de stakeholders
carta de princípios para a alta administração, com orientações sobre em que tipo de negócio a empresa deve ou não entrar e, claramente, sinaliza valores e princípios relacionados à responsabilidade social que não poderão ser feridos. Uma coisa é certa, o mercado impõe suas regras. Não somos “donos” de nossas empresas – elas “pertencem” a um conjunto de agentes que exercem influência e são influenciados por ela. Empresas a montante na cadeia produtiva de uma grande corporação, embora ganhem as licitações para fornecimento dos contratos, somente os assinam depois de receberem relatórios com os resultados de auditoria realizada pela empresa cliente. Indiretamente, os fornecedores das grandes corporações acabam adotando suas práticas de governança. Em termos mais amplos, é inevitável o reconhecimento da necessidade de incluir a perspectiva de outros públicos, que não apenas os acionistas, como essencial para a sobrevivência da empresa no longo prazo.
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Mario Miranda/Agência Foto
análise setorial
A
revisão do PIB mostra que o Brasil tem apresentado um crescimento maior do que se imaginava, uma relação dívida/PIB menor, os investimentos nacionais em produção são mais efetivos e uma economia 11% maior do que os dados anteriores haviam apontado. Este quadro, aliado à queda da Selic, à inflação estabilizada e ao elevado saldo comercial levou o risco país ao menor patamar histórico, atraindo maciços investimentos externos. Com a confiança em alta, o câmbio passou a ser pressionado e o Brasil começou a ter dificuldades para controlar a valorização do real. Atualmente, o Brasil tem batido sucessivos recordes históricos no saldo da balança comercial. Pode-se observar pelo gráfi co 1 que o saldo acumulado nos últimos 12 meses
A nova conjuntura cambial PROF. DR. ALBERTO BORGES MATIAS, PRESIDENTE DO INEPAD – INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
sofreu forte elevação, passando de US$ 22 bilhões em 2003 para US$ 46 bilhões em 2007. Tamanha elevação no saldo comercial gera pressão sobre o câmbio em favor da valorização do real. Segundo o gráfi co, durante o mesmo período a cotação do real passou de R$ 3,50 para R$ 2,00 por dólar, uma variação de aproximadamente 43%. A correlação entre os dados é negativa de impressionantes 95%, o que comprova a influência do saldo da balança sobre a desvalorização do real no período. Outros fatores relevantes são os investimentos externos que atualmente estão no patamar de 2005, época das privatizações, quando muitos recursos externos entraram no País. É conveniente observarmos que os investimentos caíram de US$ 40 bilhões no início da série para próxi-
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mo de zero em meados de 2003, justamente quando o saldo da balança começou a se elevar. Na soma de investimentos em dólar estão contidos as três principais formas de entrada de dólares via investimentos no País: Investimentos Externos Diretos (IED) – investimento em empresas; Investimento Estrangeiro em Carteira (IEC) – investimento em Bolsa e títulos; e Outros Investimentos Estrangeiros (OIE), empréstimos, financiamentos e crédito comercial. Atualmente, o montante dos investimentos em IED está em US$ 20 bilhões, 67% desse valor foi investido no setor de serviços; IEC está em US$ 10 bilhões, sendo que 75% desses dólares foram destinados à Bovespa; e o OIE em US$ 15 bilhões, 75% deste valor entrou focando em empréstimos. É conveniente salientar que todas as formas de inves-
FINANCEIRO
GRÁFICO I
Saldo da Balança (milhões de US$) e Câmbio 4
51.000,00
3,5
46.000,00
3 41.000,00
2,5 2
36.000,00 Balança Comercial (saldo)
1,5
Taxa de câmbio - u.m.c/US$
1
31.000,00 26.000,00
0,5 0
jan/06
out/05
jul/05
abr/05
jan/05
out/04
jul/04
abr/o4
jan/04
out/03
jul/03
abr/03
Jan/03
21.000,00
Fonte: Inepad e Bacen
GRÁFICO II
Investimentos (acumulado 12 meses)
60.000,00
4
50.000,00
3,5
40.000,00
3 2,5
30.000,00
2,0 20.000,00
1,5
10.000,00
1
0,00
Soma dos Invest. em US$
Fonte: Inepad e Bacen
Jan/06
Jan/05
Jan/04
Jan/03
Jan/02
Jan/01
Jan/00
Jan/99
Jan/98
Jan/97
Jan/96
0,5 Jan/95
-10.000,00
0
Taxa de câmbio - u.m.c./US$
GRÁFICO III
Total da Entrada de Dólares (acumulado 12 meses) 60000 50000 40000 30000 20000 10000
Abr/06
Dez/05
Ago/05
Abr/05
Dez/04
Ago/04
Abr/04
Dez/03
Ago/03
Abr/03
Dez/02
Ago/02
Abr/02
Dez/01
Ago/01
-20000
Abr/01
-10000
Dez/00
0
Fonte: Inepad e Bacen
timento estrangeiro citadas apresentaram elevação no último ano, porém, a variação do OIE foi a mais sensível. O OIE passou de US$ 20 bilhões negativos para US$ 15 bilhões positivos, uma variação de US$ 35 bilhões. Ver gráfico II.
ACREFI
Na prática, o elevado saldo da balança aliado ao maciço investimento externo representa uma nova conjuntura. Em um passado recente, já convivemos com um saldo elevado na balança ou com investimentos externos elevados, porém,
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Já convivemos com saldo elevado na balança ou com investimentos externos elevados. Mas nunca ambos simultaneamente nunca ambos simultaneamente. O gráfi co seguinte ilustra bem o que esta conjuntura fez com a entrada de dólares no País. A nova realidade fez com que o BC tomasse uma agressiva política de compra de dólares, elevando as reservas nacionais ao patamar recorde acima de US$ 120 bilhões. A política do BC tem se mostrado inútil em conter a valorização da moeda nacional, já que a cotação do dólar rompeu a barreira de R$ 2,00 reais e existem sinais claros de que a pressão em favor da valorização cambial vai continuar. Neste contexto, é preciso levantar que esta política de acumulação de reservas pode produzir um efeito contrário no câmbio no longo prazo, já que as reservas contribuem para deduzir o risco país e, conseqüentemente, a valorizar a cotação da moeda nacional. Outra conseqüência da acumulação de reservas é a elevação da dívida pública, uma vez que a diferença entre a taxa de captação do Brasil e a taxa de aplicação desses recursos gira em torno de 7%. Nesse contexto, o custo de manutenção das reservas é considerável e deve-se ponderar se o benefício que as reservas trazem vale esse custo. Concluindo, se os investimentos se mantiverem nos patamares atuais e o saldo da balança continuar elevado, a política de acumulação de reservas do BC, ao menos no modelo que vem sendo utilizado, não terá condições de impedir que a moeda nacional continue sua trajetória rumo à valorização. Colaborou o analista financeiro Marcel Artoni de Marco.
mercado imobiliário
Andrea Felizolla
Terreno fértil para o crédito imobiliário
O número de unidades financiadas pelo SBPE superou, em 2006, a casa dos 100 mil e tende a atingir 130 mil e 140 mil neste ano
DÉCIO TENERELLO, PRESIDENTE DA ABECIP
O crédito proporcionado pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) não apenas se expandiu muito nos últimos anos como vem alcançando um ritmo ainda mais intenso a partir de 2006. O volume anual de empréstimos evoluiu de R$ 1,76 bilhão em 2002 para R$ 9,3 bilhões no ano passado e, em abril de 2007, atingiu, em 12 meses, a marca de R$ 10,6 bilhões, superando em 95% o resultado do mesmo mês do ano passado. O número de unidades financiadas pelo SBPE superou, no ano passado, a casa dos 100 mil, a melhor marca em duas décadas, e tende a atingir entre 130 mil e 140 mil neste ano. O desafio, agora, é não apenas recompor, mas superar o patamar de atividade já alcançado até meados dos anos 80. Essa é uma tarefa viável, pois é enorme o potencial de evolução da oferta de crédito imobiliário no Brasil. Hoje, o volume anual representa menos de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), comparativamente a 10% do PIB em outros países em desenvolvimento, como o Chile e o México, e 50% a 100% do PIB em países desenvolvidos, como Espanha e Estados Unidos. Afigura-se factível alcançar a meta de 10% do PIB no Brasil até o início
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da próxima década. E isso signifi caria quadruplicar o volume atual de operações, com impacto muito positivo para a atividade econômica em geral e, em particular, para a construção civil e a enorme gama de segmentos afins, da infra-estrutura urbana aos materiais de construção, intermediação de imóveis e serviços financeiros e do mercado de capitais, em que são negociados os recebíveis imobiliários. A estrutura jurídica e tributária foi muito aperfeiçoada na última década, propiciando um ambiente institucional próprio para o desenvolvimento do setor. Em novembro próximo, a Lei 9.514 completará dez anos. Ela criou o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), a alienação fiduciária de bem imóvel, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e as companhias de securitização. Leis mais recentes desoneraram as transações imobiliárias, estimulando o mercado de compra e venda de imóveis, instituíram o patrimônio de afetação, que aumenta a segurança dos compradores de imóveis na planta, e fortaleceram, de várias formas, a segurança contratual. Esse conjunto normativo permitiu reduzir os custos de transação e já apresenta resultados palpáveis. Entre estes, destacam-se a redução
FINANCEIRO
expressiva dos índices de inadimplência e a criação da figura do incontroverso, que obriga os mutuários que figurarem como autores de demandas judiciais a quitar o principal se quiserem discutir o acessório dos contratos de crédito. O resultado desse conjunto de medidas é auspicioso: está em curso um processo de redução sustentável dos juros das operações imobiliárias e, portanto, do custo dos empréstimos para os mutuários finais. As operações com juros prefi xados atraem novos mutuários. E os principais representantes da construção civil têm admitido claramente que há oferta farta de crédito imobiliário. Estabelecido um ambiente regulatório adequado, desponta a competição no crédito imobiliário e o interesse crescente dos bancos em operá-lo. Esta é uma situação inédita na história de um segmento de crédito direcionado, ou seja, submetido às regras ofi ciais. Asseguradas a estabilidade monetária e a independência do Banco Central à frente do sistema de metas de inflação, mais atores tenderão a disputar lugar nesse mercado promissor, em que as operações se sustentam em garantias reais representadas pela solidez do patrimônio imobiliário valorizado. Ainda assim, há obstáculos a remover, o que exige visão política moderna e inspiração em práticas reconhecidas internacionalmente. A questão central é atrair novos investidores institucionais para o
ACREFI
setor imobiliário, tais como fundos de pensão, seguradoras e outros aplicadores de longo prazo, inclusive estrangeiros, adeptos ou não da renda variável. Esses investidores já podem comprar cotas de fundos imobiliários ou outros papéis de base imobiliária, como as letras hipotecárias. Mas a oferta de títulos é insufi ciente e nem todos os papéis têm um mercado de liquidez devidamente formatado e funcionando. O melhor instrumento para atrair investidores institucionais é o CRI, mas não há estímulo às emissões desse título. Explique-se: os CRIs são emitidos pelas companhias de securitização com lastro nos recebíveis imobiliários (tais como as prestações devidas pelos mutuários da casa própria) adquiridos dos emprestadores. Mas os bancos só podem vender os recebíveis quando estão superaplicados, pois são obrigados a destinar 65% dos recursos captados via cadernetas de poupança para operações de crédito imobiliário. Esta é uma regra antiga que já produziu os seus efeitos, mas que hoje não condiz com um mercado concorrencial. Na prática, a venda dos recebíveis provocaria desequilíbrio dos índices de direcionamento informados ao Banco Central nos mapas preparados pelas instituições financeiras. Ou seja, haverá escassez de oferta de recebíveis enquanto não mudarem as regras de direcionamento. E, sem transformar os recebíveis em CRIs, não haverá um grande
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O sistema de crédito imobiliário beneficiou-se com os avanços macro e microeconômicos. Poderá, agora, avançar muito mais com vontade política focada em aperfeiçoamentos
volume de papéis a negociar no mercado de capitais, impedindo o desenvolvimento do mercado secundário brasileiro, ao contrário do que acontece nas mais modernas economias mundiais, a começar da norteamericana, na qual as operações do mercado secundário são estimadas em mais de US$ 4 trilhões anuais. Um segundo problema diz respeito aos juros. Com o declínio da taxa Selic, toda a estrutura de juros tenderá a declinar, cabendo indagar se será possível manter sem mudanças alguns sistemas, como o de cadernetas, submetidos a porcentuais rígidos de remuneração. Uma revisão das regras precisará ser amplamente debatida num contexto em que o objetivo é reduzir os custos dos empréstimos aos mutuários finais, ampliando o acesso da população à casa própria. O sistema de crédito imobiliário benefi ciou-se com os avanços macro e microeconômicos. Poderá, agora, avançar muito mais com vontade política focada em aperfeiçoamentos relativamente simples.
banco de dados por INEPAD TAXAS MÉDIAS GERAL DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07
45,0 43,8 43,2 42,2 41,9 41,5 41,4 41,0 39,8 39,9 39,3 38,5 38,1
-0,7 -1,2 -0,6 -1,0 -0,3 -0,4 -0,1 -0,4 -1,2 0,1 -0,6 -0,8 -0,4
15,3 15,3 15,2 14,7 14,4 13,7 13,4 13,1 12,6 12,5 12,1 12,0 11,7
-0,4 0,0 -0,1 -0,5 -0,3 -0,7 -0,3 -0,3 -0,5 -0,1 -0,4 -0,1 -0,3
29,7 28,5 28,0 27,5 27,5 27,8 28,0 27,9 27,2 27,4 27,2 26,5 26,4
-0,3 -1,2 -0,5 -0,5 0,0 0,3 0,2 -0,1 -0,7 0,2 -0,2 -0,7 -0,1
Variação abr-abr
-6,9
-3,6
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA FÍSICA DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07
57,8 56,1 55,8 54,3 53,9 53,8 53,5 53,6 52,1 52,3 50,8 49,9 49,1
-1,2 -1,7 -0,3 -1,5 -0,4 -0,1 -0,3 0,1 -1,5 0,2 -1,5 -0,9 -0,8
14,9 15,0 15,2 14,6 14,3 13,7 13,2 12,9 12,5 12,3 12,1 11,9 11,5
-0,1 0,1 0,2 -0,6 -0,3 -0,6 -0,5 -0,3 -0,4 -0,2 -0,2 -0,2 -0,4
42,9 41,1 40,6 39,7 39,6 40,1 40,3 40,7 39,6 40,0 38,7 38,0 37,6
-1,1 -1,8 -0,5 -0,9 -0,1 0,5 0,2 0,4 -1,1 0,4 -1,3 -0,7 -0,4
Variação abr-abr
-8,7
-3,4
-5,3
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA JURÍDICA DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07
30,6 29,7 28,8 28,3 27,9 27,3 27,4 26,6 26,2 26,2 26,0 25,4 25,3
-0,1 -0,9 -0,9 -0,5 -0,4 -0,6 0,1 -0,8 -0,4 0,0 -0,2 -0,6 -0,1
15,8 15,7 15,3 14,9 14,5 13,8 13,6 13,2 12,8 12,6 12,2 12,0 12,0
-0,4 -0,1 -0,4 -0,4 -0,4 -0,7 -0,2 -0,4 -0,4 -0,2 -0,4 -0,2 0,0
14,8 14,0 13,5 13,4 13,4 13,5 13,8 13,4 13,4 13,6 13,8 13,4 13,3
0,3 -0,8 -0,5 -0,1 0,0 0,1 0,3 -0,4 0,0 0,2 0,2 -0,4 -0,1
Variação abr-abr
-5,3
-3,8
-1,5
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
38
FINANCEIRO
SPREAD FINANCEIRO
CRÉDITO PESSOA FÍSICA CRÉDITO PESSOAL
50,0
Volum e R$ Milhões
Taxa de Juros
90000
68
45,0
66
85000
40,0
64
35,0
62
80000
SPREAD FINANCEIRO
30,0
60 75000 58
25,0 20,0
70000
15,0
65000
56 54 52
Aplicação
50
60000
abr/07
mar/07
fev/07
jan/07
dez/06
nov/06
out/06
set/06
ago/06
jul/06
jun/06
mai/06
abr/06
10,0
abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr 06 06 06 06 06 06 06 06 06 07 07 07 07
Captação
Volume
Taxa de Juros
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados - Recursos Livres (R$ milhões) MÊS / ANO
CHEQUE ESPECIAL
VARIAÇÃO EM %
CRÉDITO PESSOAL
VARIAÇÃO EM %
FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO
VARIAÇÃO EM %
CARTÃO DE CRÉDITO
VARIAÇÃO EM %
abr-06 mai-06 jun-06 jul-06 ago-06 set-06 out-06 nov-06 dez-06 jan-07 fev-07 mar-07 abr-07
12.871 13.280 13.199 12.908 13.080 12.768 13.348 13.194 11.738 13.287 13.794 13.771 14.218
0,6% 3,2% -0,6% -2,2% 1,3% -2,4% 4,5% -1,2% -11,0% 13,2% 3,8% -0,2% 3,3%
69.988 71.104 72.316 73.979 75.432 76.513 77.693 79.148 78.950 80.464 82.408 84.783 86.625
3,4% 1,6% 1,7% 2,3% 2,0% 1,4% 1,5% 1,9% -0,3% 1,9% 2,4% 2,9% 2,2%
196 203 206 214 219 221 227 233 236 237 244 247 255
2,4% 3,5% 1,5% 3,8% 2,2% 0,9% 3,0% 2,3% 1,3% 0,6% 3,2% 1,2% 3,2%
12.916 13.117 13.082 12.839 13.274 13.293 13.511 13.838 13.418 14.135 14.973 14.974 15.627
3,4% 1,6% -0,3% -1,9% 3,4% 0,1% 1,6% 2,4% -3,0% 5,3% 5,9% 0,0% 4,4%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados/continuação Recursos Livres (R$ milhões) AQUISIÇÃO MÊS / ANO abr-06 mai-06 jun-06 jul-06 ago-06 set-06 out-06 nov-06 dez-06 jan-07 fev-07 mar-07 abr-07
VEÍCULOS
VARIAÇÃO EM %
OUTROS
VARIAÇÃO EM %
TOTAL
VARIAÇÃO EM %
OUTROS
VARIAÇÃO EM %
TOTAL
VARIAÇÃO EM %
55.245 56.438 57.312 58.975 60.241 61.384 61.519 62.726 63.472 64.463 65.291 66.977 68.283
1,7% 2,2% 1,5% 2,9% 2,1% 1,9% 0,2% 2,0% 1,2% 1,6% 1,3% 2,6% 2,0%
9.941 10.111 10.077 10.115 10.089 9.956 10.133 10.231 10.752 10.864 10.705 10.648 10.620
-1,5% 1,7% -0,3% 0,4% -0,3% -1,3% 1,8% 1,0% 5,1% 1,0% -1,5% -0,5% -0,3%
65.186 66.549 67.389 69.090 70.331 71.340 71.652 72.957 74.225 75.327 75.996 77.624 78.903
1,2% 2,1% 1,3% 2,5% 1,8% 1,4% 0,4% 1,8% 1,7% 1,5% 0,9% 2,1% 1,6%
8.352 8.692 8.630 8.887 9.261 9.813 9.766 9.624 9.646 9.835 9.931 9.893 10.432
3,9% 4,1% -0,7% 3,0% 4,2% 6,0% -0,5% -1,4% 0,2% 2,0% 1,0% -0,4% 5,4%
169.511 172.946 174.823 177.919 181.597 183.947 186.197 188.993 188.213 193.285 197.346 201.293 206.061
2,4% 2,0% 1,1% 1,8% 2,1% 1,3% 1,2% 1,5% -0,4% 2,7% 2,1% 2,0% 2,4%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
39
banco de dados por INEPAD VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - CRÉDITO CONSIGNADO CRÉDITO PESSOAL*
MÊS / ANO abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 Var. abr-abr
78.532 79.744 80.992 82.700 84.247 85.446 86.707 88.383 88.709 90.416 92.664 95.204 97.197 23,77%
CONSIGNADO Públicos
Privados
Total
Amostra**
32.680 34.001 35.185 36.834 38.103 39.119 40.304 41.406 42.069 43.576 44.874 46.201 47.571
4.501 4.605 4.915 5.192 5.355 5.542 5.730 5.889 6.016 5.991 6.294 6.638 6.861
37.181 38.606 40.100 42.026 43.458 44.660 46.034 47.295 48.086 49.567 51.167 52.839 54.432 46,40%
25.688 26.797 27.570 28.501 29.671 30.442 31.171 31.727 32.318 33.274 34.175 35.186 36.316 41,38%
% Consignado***
(R$ milhões)
Concentração Taxa de Juros %aa do Consignado Estimativa INEPAD Consignado Pessoal Diferença
47,3% 48,4% 49,5% 50,8% 51,6% 52,3% 53,1% 53,5% 54,2% 54,8% 55,2% 55,5% 56,0%
69,1% 69,4% 68,8% 67,8% 68,3% 68,2% 67,7% 67,1% 67,2% 67,1% 66,8% 66,6% 66,7% -3,4%
36,1% 36,5% 35,7% 35,1% 34,9% 34,7% 34,4% 33,5% 33,3% 33,0% 32,4% 32,4% 32,2%
65,3% 62,3% 62,2% 59,8% 59,1% 58,9% 58,6% 58,6% 57,2% 57,2% 54,5% 53,4% 52,5%
29,2% 25,8% 26,5% 24,7% 24,2% 24,2% 24,2% 25,1% 23,9% 24,2% 22,1% 21,0% 20,3%
FONTE: INEPAD / BC * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS CRÉDITO PESSOAL (R$ mil)
Mês/Ano
Saldo sem atraso
Com atraso de 15 a 30 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07
61.932.644 63.062.362 64.474.611 65.812.042 67.054.399 68.197.101 69.000.361 70.336.983 70.448.643 71.854.490 73.570.737 75.724.397 77.477.719
1.600.424 1.594.681 1.552.548 1.688.134 1.648.722 1.728.112 1.905.877 1.880.683 1.555.472 1.924.553 1.947.444 1.965.245 2.104.310
2,29% 2,24% 2,15% 2,28% 2,19% 2,26% 2,45% 2,38% 1,97% 2,39% 2,36% 2,32% 2,43%
1.956.325 1.856.410 1.888.060 1.902.490 2.036.725 1.854.593 2.074.095 2.105.536 1.997.449 2.025.346 2.178.932 2.224.387 2.349.275
2,80% 2,61% 2,61% 2,57% 2,70% 2,42% 2,67% 2,66% 2,53% 2,52% 2,64% 2,62% 2,71%
4.498.935 4.590.579 4.400.917 4.576.685 4.692.313 4.732.732 4.712.214 4.824.837 4.948.546 4.659.338 4.711.130 4.869.072 4.693.467
6,43% 6,46% 6,09% 6,19% 6,22% 6,19% 6,07% 6,10% 6,27% 5,79% 5,72% 5,74% 5,42%
69.988.327 71.104.032 72.316.136 73.979.351 75.432.159 76.512.538 77.692.547 79.148.039 78.950.110 80.463.727 82.408.243 84.783.100 86.624.771
3,37% 1,59% 1,70% 2,30% 1,96% 1,43% 1,54% 1,87% -0,25% 1,92% 2,42% 2,88% 2,17%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil)
Mês/Ano
abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07
Saldo
Com atraso
sem atraso
de 15 a 30 dias
49.487.651 50.457.496 51.319.627 52.249.884 53.553.141 54.649.627 54.889.283 56.153.133 57.051.982 57.821.270 58.321.834 59.775.228 60.950.697
1.896.390 2.001.947 1.941.002 2.231.678 2.248.030 2.127.183 2.187.755 2.084.382 2.083.888 2.155.433 2.186.406 2.411.754 2.297.945
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
3,43% 3,55% 3,39% 3,78% 3,73% 3,47% 3,56% 3,32% 3,28% 3,34% 3,35% 3,60% 3,37%
2.265.550 2.249.168 2.226.487 2.440.866 2.387.357 2.468.754 2.413.166 2.436.630 2.257.921 2.397.753 2.638.787 2.586.281 2.818.775
4,10% 3,99% 3,88% 4,14% 3,96% 4,02% 3,92% 3,88% 3,56% 3,72% 4,04% 3,86% 4,13%
1.595.453 1.729.468 1.824.950 2.052.774 2.052.942 2.138.638 2.029.110 2.051.880 2.078.322 2.088.318 2.143.955 2.203.488 2.215.581
2,89% 3,06% 3,18% 3,48% 3,41% 3,48% 3,30% 3,27% 3,27% 3,24% 3,28% 3,29% 3,24%
55.245.044 56.438.079 57.312.066 58.975.202 60.241.470 61.384.202 61.519.314 62.726.025 63.472.113 64.462.774 65.290.982 66.976.751 68.282.998
1,74% 2,16% 1,55% 2,90% 2,15% 1,90% 0,22% 1,96% 1,19% 1,56% 1,28% 2,58% 1,95%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
40
FINANCEIRO
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo sem atraso
Com atraso de 15 a 30 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07
7.831.351 8.004.662 7.981.938 8.012.491 8.003.197 7.951.506 8.026.888 8.059.766 8.687.035 8.694.031 8.397.077 8.235.034 8.143.789
467.766 443.851 448.652 442.746 429.802 393.093 433.439 439.183 403.893 489.754 510.540 548.495 529.358
4,71% 4,39% 4,45% 4,38% 4,26% 3,95% 4,28% 4,29% 3,76% 4,51% 4,77% 5,15% 4,98%
562.063 518.331 505.674 481.681 460.141 435.990 465.070 485.090 447.832 480.312 606.859 665.478 663.180
5,65% 5,13% 5,02% 4,76% 4,56% 4,38% 4,59% 4,74% 4,16% 4,42% 5,67% 6,25% 6,24%
1.080.104 1.144.281 1.140.948 1.178.248 1.196.300 1.175.506 1.207.138 1.246.811 1.213.636 1.199.728 1.190.552 1.198.493 1.284.037
10,86% 11,32% 11,32% 11,65% 11,86% 11,81% 11,91% 12,19% 11,29% 11,04% 11,12% 11,26% 12,09%
9.941.284 10.111.125 10.077.212 10.115.166 10.089.440 9.956.095 10.132.535 10.230.850 10.752.396 10.863.825 10.705.028 10.647.500 10.620.364
-1,49% 1,71% -0,34% 0,38% -0,25% -1,32% 1,77% 0,97% 5,10% 1,04% -1,46% -0,54% -0,25%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO Abril/2007 (em R$ mil) 23% Atraso de mais de 90 dias 4.693.467
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS - PREFIXADO Abril/2007 (em R$ mil)
Atraso de 15 a 30 dias 2.104.310
Atraso de 31 a 90 dias 2.818.775
30%
51% 26%
Atraso de 31 a 90 dias 2.349.275
31%
20,9%
15 a 30 dias 403.470
Atraso de 15 a 30 dias 529.358
14% Atraso de mais de 90 dias 1.654.375
52% 27%
Atraso de 15 a 30 dias 2.297.945
INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO Abril/2007 (em R$ mil) Atraso de
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO OUTROS BENS - PREFIXADO Abril/2007 (em R$ mil)
Atraso de mais de 90 dias 1.284.037
39%
Atraso de mais de 90 dias 2.215.581
59%
27%
Atraso de 31 a 90 dias 663.180
Atraso de 31 a 90 dias 750.283
OUTRAS OPERAÇÕES (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo sem atraso
Com atraso de 15 a 30 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso de 31 a 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Com atraso maior que 90 dias
% sobre Saldo da Carteira
Saldo total CarteiraBrasil
Variação em %
abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07
5.811.421 5.961.662 6.242.220 6.414.071 6.601.054 6.802.995 6.870.515 6.709.696 6.942.319 7.011.923 7.056.329 7.295.110 7.623.602
366.071 386.166 374.071 366.966 402.593 408.868 436.865 336.144 343.725 413.678 389.162 393.142 403.470
4,38% 4,44% 4,33% 4,13% 4,35% 4,17% 4,47% 3,49% 3,56% 4,21% 3,92% 3,97% 3,87%
662.153 636.771 670.479 689.085 674.757 761.583 737.893 727.844 719.019 687.315 698.976 743.079 750.283
7,93% 7,33% 7,77% 7,75% 7,29% 7,76% 7,56% 7,56% 7,45% 6,99% 7,04% 7,51% 7,19%
1.512.407 1.707.468 1.343.707 1.416.895 1.582.312 1.839.889 1.720.506 1.850.678 1.640.746 1.722.427 1.786.746 1.462.019 1.654.375
18,11% 19,64% 15,57% 15,94% 17,09% 18,75% 17,62% 19,23% 17,01% 17,51% 17,99% 14,78% 15,86%
8.352.052 8.692.067 8.630.477 8.887.017 9.260.716 9.813.335 9.765.779 9.624.362 9.645.809 9.835.343 9.931.213 9.893.350 10.431.730
3,94% 4,07% -0,71% 2,97% 4,20% 5,97% -0,48% -1,45% 0,22% 1,96% 0,97% -0,38% 5,44%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
41
banco de dados por INEPAD DESEMPREGO TAXA DE DESEMPREGO (%) DATA
Brasil
Var. p.p.
SP
mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07
10,20 10,40 10,70 10,60 10,00 9,80 9,50 8,40 9,30 9,90 10,10 10,10 10,10
-0,20 0,20 0,30 -0,10 -0,60 -0,20 -0,30 -1,10 0,90 0,60 0,20 0,00 0,00
10,50 10,90 11,30 11,60 11,10 10,50 10,30 9,00 10,10 10,60 11,50 11,60 11,20
TAXA DE DESEMPREGO Taxa (%)
Var. p.p. -0,20 0,40 0,40 0,30 -0,50 -0,60 -0,20 -1,30 1,10 0,50 0,90 0,10 -0,40
Fonte: IBGE/INEPAD
Variação (p.p.)
12,0
1,00
11,5 0,50
11,0 10,5
0,00
10,0 9,5
-0,50
9,0 8,5
-1,00
8,0 -1,50
7,5
mai 06
jun 06
jul 06
ago 06
Brasil
set 06
out 06
nov 06
dez 06
SP
jan 07
fev 07
mar 07
abr 07
mai 07
Var. p.p. mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$) DATA
Brasil
Var. %
SP
Var. %
mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07
1.073,55 1.081,42 1.069,76 1.078,90 1.068,45 1.087,35 1.089,21 1.100,66 1.088,95 1.109,87 1.109,50 1.117,01 1.120,30
1,4% 0,7% -1,1% 0,9% -1,0% 1,8% 0,2% 1,1% -1,1% 1,9% 0,0% 0,7% 0,3%
1.238,84 1.247,52 1.215,59 1.220,63 1.194,96 1.212,65 1.239,04 1.254,79 1.227,97 1.280,30 1.262,20 1.260,47 1.264,30
1,6% 0,7% -2,6% 0,4% -2,1% 1,5% 2,2% 1,3% -2,1% 4,3% -1,4% -0,1% 0,3%
Fonte: IBGE/INEPAD
1.350 1.300 1.250
0,025
1.200 1.150 1.100 1.050
0,015
0,02
0,01 0,005
1.000 950 900 850
0 -0,005
800 750 700
-0,01 -0,015
mai 06
jun 06
jul 06
ago 06
Brasil
set 06
out 06
nov 06
dez 06
SP
jan 07
fev 07
mar 07
abr 07
mai 07
Var. % mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
COMÉRCIO VAREJISTA VOLUME DE VENDAS
VOLUME DE VENDAS Data
Hipermercados e Veículos,Motos, Índice Var. % Var. % Var. % Geral Supermercados Partes e Peças 180
abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 Variação abr-abr
115,79 120,59 114,49 117,19 120,91 120,20 123,48 125,29 171,78 121,49 112,29 127,93 124,49 7,5%
1,0% 4,1% -5,1% 2,4% 3,2% -0,6% 2,7% 1,5% 37,1% -29,3% -7,6% 13,9% -2,7%
119,93 112,63 112,33 116,42 117,07 118,79 120,22 119,69 154,43 115,91 112,44 127,14 125,18 4,4%
5,0% -6,1% -0,3% 3,6% 0,6% 1,5% 1,2% -0,4% 29,0% -24,9% -3,0% 13,1% -1,5%
107,65 130,31 112,83 130,53 141,61 130,76 141,17 145,42 149,82 136,15 119,95 153,96 144,18
-17,3% 21,0% -13,4% 15,7% 8,5% -7,7% 8,0% 3,0% 3,0% -9,8% -11,4% 28,6% -6,4%
170 160 150 140 130 120 110 100 90 80
abr mai 06 06
jun 06
Índice Geral
33,9%
jul 06
ago 06
set 06
out nov dez 06 06 06
Hipermercados e Supermercados
jan 07
fev mar abr 07 07 07
Veículos, Motos, Partes e Peças
Fonte: IBGE/INEPAD
42
FINANCEIRO
PREVISÕES ECONÔMICAS Ano de 2007
PIB Total % a.a.
PIB Agropecuário % a.a.
PIB Indústria % a.a.
PIB Serviço % a.a.
Produção Industrial % a.a.
3,44 4,19 4,28 4,30
3,52 4,65 4,33 4,42
4,09 4,20 4,13 4,08
3,09 3,83 3,96 3,95
4,18 4,22 4,42 4,43
Selic Taxa anual
IGP-DI % a.a.
IPCA % a.a.
Taxa de Câmbio R$/US$
Saldo Comercial US$ bilhões
11,72 11,92 11,83 11,80
4,18 3,42 3,50 3,49
4,02 3,58 3,60 3,60
2,23 2,04 2,01 2,00
38,16 41,80 42,55 42,71
DATA
Previsão 02/01/2007 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 22/06
Ano de 2007 Previsão 13/01/2006 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 27/04 Fonte: BC-Focus/INEPAD
ATIVIDADE ECONÔMICA DATA
Taxa da Utilização da Capacidade Instalada
Var. p.p.
Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral
Var. %
abr/06
80,35
-1,79
abr/06
113,93
0,22%
mai/06
82,79
2,44
mai/06
114,47
0,47%
jun/06
82,41
-0,38
jun/06
114,67
0,17%
jul/06
81,85
-0,56
jul/06
115,12
0,39%
ago/06
82,88
1,03
ago/06
115,09
-0,03%
set/06
82,55
-0,33
set/06
115,34
0,22%
out/06
82,75
0,20
out/06
115,51
0,15%
nov/06
82,68
-0,07
nov/06
115,70
0,16%
dez/06
80,08
-2,60
dez/06
116,35
0,56%
jan/07
79,90
-0,18
jan/07
116,70
0,30%
fev/07
80,30
0,40
fev/07
116,99
0,25%
mar/07
82,3
2,00
mar/07
117,71
0,62%
abr/07
81,70
-0,60
abr/07
118,40
0,59%
Variação abr-abr
1,68%
Variação abr-abr
Fonte: CNI/INEPAD
3,92%
Fonte: IBGE/INEPAD
PRODUÇÃO (ÍNDICE) X CAPACIDADE (%) Capacidade (%)
Produção - Índice
83,5
120 119 118
83,0 82,5
117
82,0
116
81,5
115
81,0
114
80,5
113
80,0
112
79,5
111 110
Fonte: INEPAD
ACREFI
Taxa da Utilização da Capacidade Instalada
abr/07
mar/07
fev/07
jan/07
dez/06
nov/06
out/06
set/06
ago/06
jul/06
jun/06
mai/06
abr/06
79,0
Índice de Produção Física Média Móvel Trim estral
43
banco de dados por INEPAD INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
(em unidades)
Data
Produção
mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07
241.565 224.873 222.925 243.737 204.104 227.351 222.001 185.330 203.703 203.450 246.475 223.304 258.911
Média Trim. Var. Mensal Var. Mensal (%)
225.030 223.502 229.788 230.512 223.589 225.064 217.819 211.561 203.678 197.494 217.876 224.410 242.897
37.496 -16.692 -1.948 20.812 -39.633 23.247 -5.350 -36.671 18.373 -253 43.025 -23.171 35.607
Variação mai-06/mai-07
18,4% -6,9% -0,9% 9,3% -16,3% 11,4% -2,4% -16,5% 9,9% -0,1% 21,1% -9,4% 15,9%
(em unidades)
265.000 255.000 245.000 235.000 225.000 215.000 205.000 195.000 185.000
mai 06
jun 06
jul 06
ago 06
set 06
out 06
Produção
7,2%
nov 06
dez 06
jan 07
fev 07
mar 07
abr 07
mai 07
mar 07
abr 07
mai 07
mar 07
abr 07
mai 07
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
(em unidades)
Data
Vendas
Média Trim.
Variação
Variação(%)
mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07
167.042 155.294 161.206 175.060 163.449 170.911 180.800 176.202 149.348 150.636 200.475 186.647 208.663
159.630 156.014 161.181 163.853 166.572 169.807 171.720 175.971 168.783 158.729 166.820 179.253 198.595
21.336 -11.748 5.912 13.854 -11.611 7.462 9.889 -4.598 -26.854 1.288 49.839 -13.828 22.016
14,6% -7,0% 3,8% 8,6% -6,6% 4,6% 5,8% -2,5% -15,2% 0,9% 33,1% -6,9% 11,8%
Variação mai-06/mai-07
(em unidades)
215.000 205.000 195.000 185.000 175.000 165.000 155.000 145.000 135.000 125.000
mai 06
jun 06
jul 06
ago 06
set 06
out 06
Vendas
24,9%
nov 06
dez 06
jan 07
fev 07
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
EXPORTAÇÃO TOTAL
EXPORTAÇÃO TOTAL
(em unidades) (em unidades)
Data
mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07
Exportações Média Trim.
77.376 71.424 78.184 73.134 71.929 72.497 61.294 66.159 47.751 64.233 68.239 59.128 71.029
73.740 73.415 75.661 74.247 74.416 72.520 68.573 66.650 58.401 59.381 60.074 63.867 66.132
Variação mai-06/mai-07
Variação
Variação(%)
5.930 -5.952 6.760 -5.050 -1.205 568 -11.203 4.865 -18.408 16.482 4.006 -9.111 11.901
8,3% -7,7% 9,5% -6,5% -1,6% 0,8% -15,5% 7,9% -27,8% 34,5% 6,2% -13,4% 20,1%
80.000 75.000 70.000 65.000 60.000 55.000 50.000 45.000
mai 06
jun 06
jul 06
ago 06
Exportações
-8,2%
set 06
out 06
nov 06
dez 06
jan 07
fev 07
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
44
FINANCEIRO
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (em unidades) Data
Vendas
1000cc
% no Total
1000cc a 2000cc
% no total
>2000cc
% no total
mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07
131.326 118.815 134.732 144.167 128.637 141.497 148.613 168.431 123.269 118.693 155.536 143.987 171.096
72.534 68.001 79.212 81.785 74.003 79.788 82.096 92.838 70.208 66.981 86.989 80.228 95.241
55,2% 57,2% 58,8% 56,7% 57,5% 56,4% 55,2% 55,1% 57,0% 56,4% 55,9% 55,7% 55,7%
57.281 49.163 53.136 60.018 53.061 59.849 64.341 73.335 51.103 50.145 66.340 61.459 73.373
43,6% 41,4% 39,4% 41,6% 41,2% 42,3% 43,3% 43,5% 41,5% 42,2% 42,7% 42,7% 42,9%
1.511 1.651 2.384 2.364 1.573 1.860 2.176 2.258 1.958 1.567 2.207 2.300 2.482
1,2% 1,4% 1,8% 1,6% 1,2% 1,3% 1,5% 1,3% 1,6% 1,3% 1,4% 1,6% 1,5%
Fonte: Anfavea/INEPAD
LICENCIAMENTO POR CATEGORIA - AUTOMÓVEIS
80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 mai 06
jun 06
jul 06
ago 06
set 06
out 06
nov 06
1000 cc
dez 06
SALDO TOTAL
TAXAS DE JUROS
SALDO TOTAL
69.988 71.104 72.316 73.979 75.432 76.513 77.693 79.148 78.950 80.464 82.408 84.783 86.625
4,28 4,12 4,11 3,98 3,95 3,93 3,92 3,92 3,84 3,84 3,69 3,63 3,58
-0,13 -0,16 -0,01 -0,13 -0,04 -0,01 -0,02 0,00 -0,08 0,00 -0,15 -0,06 -0,05
65,30 62,30 62,20 59,80 59,10 58,90 58,60 58,60 57,20 57,20 54,50 53,40 52,50
-2,50 -3,00 -0,10 -2,40 -0,70 -0,20 -0,30 0,00 -1,40 0,00 -2,70 -1,10 -0,90
R$ milhões 55.245 56.438 57.312 58.975 60.241 61.384 61.519 62.726 63.472 64.463 65.291 66.977 68.283
TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 2,48 2,42 2,42 2,38 2,40 2,40 2,40 2,41 2,36 2,39 2,34 2,29 2,24
-0,02 -0,05 0,00 -0,04 0,02 0,01 0,00 0,01 -0,05 0,03 -0,05 -0,05 -0,05
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
mar 07
abr 07
mai 07
(R$ milhões)
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS
% Variação % Variação MÊS/ANO R$ milhões a.m. p.p a.a. p.p abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07
fev 07
1000 cc a 2000 cc
TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA CRÉDITO PESSOAL
jan 07
45
SALDO TOTAL
% Variação a.a. p.p 34,10 33,30 33,30 32,60 32,90 33,00 33,00 33,10 32,30 32,70 32,00 31,20 30,50
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS
-0,30 -0,80 0,00 -0,70 0,30 0,10 0,00 0,10 -0,80 0,40 -0,70 -0,80 -0,70
R$ milhões 9.941 10.111 10.077 10.115 10.089 9.956 10.133 10.231 10.752 10.864 10.705 10.648 10.620
TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 3,96 3,89 3,86 3,97 3,96 4,05 3,94 3,94 4,05 3,96 3,88 3,74 3,76
0,14 -0,07 -0,03 0,11 -0,01 0,09 -0,11 0,00 0,11 -0,09 -0,07 -0,14 0,02
% a.a.
Variação p.p
59,40 58,10 57,50 59,60 59,40 61,00 59,00 59,00 61,00 59,30 57,94 55,40 55,80
2,50 -1,30 -0,60 2,10 -0,20 1,60 -2,00 0,00 2,00 -1,70 -1,36 -2,54 0,40
cultura
Letras de Luz para incentivar a leitura JOSÉ LUIZ GOLDFARB, COORDENADOR DO PROJETO LETRAS DE LUZ Em 2007, nasce um novo projeto de incentivo à leitura no Brasil. Numa parceria inédita da Fundação Victor Civita e a Energias do Brasil, inicia-se, simultaneamente em quatro Estados do País, um conjunto de atividades coordenadas para despertar o interesse para a leitura por prazer: oficinas de literatura, apresentações teatrais de obras literárias e reforço de acervo de bibliotecas públicas. O projeto Letras de Luz foi oficialmente lançado em 5 de março num grande evento, em São Paulo, no Museu da Língua Portuguesa. Animadas representações dos quatro Estados integrantes do projeto – Tocantins, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e São Paulo – estiveram presentes numa festa concorrida que antecipava as ações do Letras de Luz. Lançar um novo projeto de incentivo à leitura no Brasil é sempre motivo de profunda alegria. Lançar um novo projeto de incentivo à leitura num verdadeiro templo à palavra, o Museu da Língua Portuguesa, foi uma emoção ainda maior, pois demonstra explicitamente nosso objetivo primordial com o projeto Letras de Luz: viajar o País, despertando nossos jovens para o universo mágico e engrandecedor da palavra escrita. Foi nessa mesma Estação da Luz que há mais de um século chegaram levas de imigrantes provenientes de uma Europa abalada por grandes guerras e profundas crises econômico-sociais, sonhando, no Brasil, construir um novo mundo, longe dos pesadelos deixados para trás, assimilando aos poucos a língua portu-
guesa, integrando-se, assim, à nova pátria brasileira. Muitos daqueles presentes no lançamento do Letras de Luz descendem dessas mesmas famílias, transbordantes de esperanças e, com o mesmo espírito, têm a coragem de sonhar a partida de um novo trem, agora no princípio do século 21, que deixe a Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa, rumo à criação de cidades leitoras. O projeto Letras de Luz, em sua primeira viagem, em 2007, está visitando 51 municípios espalhados em quatro Estados da nação. Equipes qualifi cadas e orientadas pela Fundação Victor Civita embarcaram nesse trem e em cada estação capacitam multiplicadores de leitura, provocando o surgimento de ações pró-leitura nas comunidades locais. As bibliotecas municipais e escolares terão seus acervos reforçados para fazer ressonância à ação dos capacitadores. Estes atuarão em duas vertentes: literatura, ofi cinas voltadas para professores, educadores, bibliotecários, lideranças comunitárias e, paralelamente, a inovadora formação de literatores, capacitando grupos de teatro locais para a divulgação da leitura no palco. O projeto Letras de Luz sustenta-se nesta tríplice base: reforço no acervo das bibliotecas, oficinas de literatura e teatro. Com essas ações almeja-se despertar as comunidades locais para uma verdadeira mobilização, tendo a difusão do hábito da leitura por prazer como objetivo permanente. Sabedores das necessidades reais e urgentíssimas da população brasileira no quesito leitura, temos consciência que nosso trem carregado
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de letras precisará viajar quase na velocidade da luz. Se nossa juventude não descobrir rapidamente o gosto pela leitura e fazer das bibliotecas parte integrante de suas vidas, fonte de conhecimentos e prazer, perderemos todos, definitivamente, o trem do século 21. Acreditamos que somente por meio da educação podemos falar em futuro para a nação. E que esta será uma tarefa de toda a sociedade, unindo o setor público e o setor privado na mesma direção. Aproximar as pessoas, fundir as culturas, enriquecer os conhecimentos, despertar as asas da imaginação, criar novos mundos. O livro impresso mudou a face do Planeta Terra há mais de 500 anos. Franquear esse bem da humanidade às crianças brasileiras é, antes de mais nada, obrigação moral de todos os que amam sua nação e seu povo. O verdadeiro objetivo do projeto Letras de Luz serão jovens descobrindo e deliciando-se com a energia transformadora da palavra escrita e impressa. A experiência e a tradição educacional da Fundação Victor Civita, o compromisso social do grupo Energias do Brasil, somadas ao engajamento efetivo das prefeituras de cada um dos 51 municípios alcançados pelo Letras de Luz, têm garantido o sucesso pleno do projeto.
FINANCEIRO
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