Financeiro 55 - Novembro 2008

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Financeiro

A revista do crédito ano 6 nº 55 nov-dez/2008

©iStockPhoto.com/Alex Slobodkin/montagem EDF

2009 Como será o novo ano

TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES

para o setor de crédito?

Crise

Internacional

Reflexões sobre causas e efeitos da turbulência financeira

Seminário discute a questão da fraude



editorial

Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar - São Paulo - SP Tel.: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 - www.acrefi.org.br

Crédito continua a ser grande impulso da economia

Presidente Adalberto Savioli

Adalberto Savioli, Presidente da Acrefi

Vice-Presidentes Álvaro Augusto Vidigal, Aquiles Leonardo Diniz, Carlos Henrique Zanvettor, Érico Sodré Quirino Ferreira, José Arthur Lemos de Assunção, Luis Felix Cardamone Neto, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola e Wilson Masao Kuzuhara Secretários Cláudio Messias Ferro e Edson Ueda Tesoureiros Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Pereira Capella Diretores Regionais Antônio Roberto Beldi (SP), Carlos Alberto Samogim (SP - Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Felicitas Renner (RS), Pedro Costa Carvalho (RJ), Sérgio Faria Lemos da Fonseca Junior (DF) e Tiziana Dadalto (ES) Diretores Executivos Gildo Rodrigues de Almeida, Gunnar Murilo, José Renato Simão Borges, Morris Dayan, Sandro Alexandre de Almeida, Sergio Antônio Cipovicci, Sérgio Barbanti Diretores Conselheiros Leonel Dias de Andrade Neto, Marcelo Torresi, Marcio Ronconi de Oliveira, Marcus André Oliveira, Paulo Roberto Tabaquim, Paulo Sérgio Borsato, Roberto Bronzere e Rubens Bution Conselho Consultivo Membros Natos : Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon. Membros: Alencar Burti (ACSP), Francisco Valim (SERASA), Jackson Schneider (ANFAVEA), João Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC) e Sergio Antonio Reze (FENABRAVE) Conselho Fiscal Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e Istvan Karoly Kasznar. Suplentes: Roy Martelanc

A turbulência internacional aumentou a volatilidade dos mercados, mas, apesar de todos os seus reflexos importantes, a economia deve se manter ativa, em especial no Brasil, tendo como uma de suas peças-chaves o crédito. Essa projeção, bastante realista, deve valer para um período de um ano, pelo menos. Depois disso, com a crise mais branda – esperamos –, o papel dos financiamentos tende a retomar uma rota de forte crescimento. Até lá, o que muda no mercado de crédito não é a oferta de linhas de fi nanciamento em si, mas o modo de concessão, que tende a se tornar mais ortodoxo, uma vez que passam a ser aplicadas mais exigências ao tomador de empréstimos que levam em conta um maior número de variáveis e aprofundam o conhecimento da vida fi nanceira dos consumidores, além de

maiores garantias e taxas mais adequadas ao risco. Dentre esses instrumentos, destaca-se um dos projetos para o qual a Acrefi tem canalizado esforços, o cadastro positivo, um dos mais relevantes mecanismos do setor de disseminação das informações dos bons pagadores, que torna as taxas mais competitivas, amplia o número de operações de crédito e agrega ao mercado o consumidor que antes se mantinha distante dos fi nanciamentos. Esse cenário deixa claro que o Brasil sente a crise global, mas deve passar por ela melhor do que uma boa parte dos países, inclusive desenvolvidos, fruto de uma economia com fundamentos cada vez mais sólidos e um consumidor muito mais consciente na hora de tomar crédito. É hora de confiança e trabalho, firmeza e foco no nosso setor!

Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Economista-Chefe Istvan Karoly Kasznar Consultor Jurídico Cassio M. C. Penteado Jr.

Nesta edição 4 Seminário Acrefi realiza seminário internacional

Financeiro ISSN 1809-8843

10 Tendência internacional Risco bancário

17 Projeções Retrospectiva sem perspectivas

Conselho Editorial : Adalberto Savioli, Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial : Tamer Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável: Eliana Nigro (MTB 15.005); Editoração e Produção Gráfica: EDF (www.edf.com.br); Pré-impressão e Impressão: Eskenazi; Periodicidade: bimestral Tiragem: 20.000 exemplares As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito.

18 Cenário econômico Crise histórica

27 Seminário Menor crescimento para o varejo

30 Artigo Crédito é renda variável

32 Artigo Leasing: crescimento sustentável

34 Análise econômica Crise se agrava e o ajuste será lento

36 Novos desafios Na ferradura e no cravo

38 Artigo Como será o novo marco regulatório depois da crise financeira mundial?

40 Análise setorial Causas da crise do suprime

43 Banco de dados

Divulgação

DIRETORIA


seminário

Acrefi realiza seminário internacional A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ) realizou, em São Paulo, seu terceiro seminário internacional. Dessa vez, a entidade tratou de Fraudes no Processo Creditício, na busca de trocar experiências para que esse tipo de crime diminua. “Nosso objetivo foi trazer as experiências nacionais e internacionais, a tentativa de frear, cada vez mais, a fraude no processo de crédito. No passado, havia dados de que cerca de 0,5% da perda em crédito era oriunda de fraude. Precisamos criar mecanismos ágeis e firmes, pois o bom pagador está sendo penalizado pelo fraudador”, comentou o presidente da Acrefi, Adalberto Savioli, na abertura do evento.

Convidados especiais Foram convidados oito palestrantes, do Brasil, do Reino Unido, do Canadá e da Argentina, além do analista sênior para América Latina e Caribe do Banco Mundial, Fernando Blanco. Este último fez uma apresentação sobre a atual crise e suas reais conseqüências na região e, em especial, no Brasil. Para ele, “o Brasil, assim como a maioria dos países da América Latina, fez a sua lição de casa. Isso não quer dizer que vão passar imunes diante da crise. Isso não vai acontecer, mas as conseqüências serão menos sentidas do que antigamente”. Disse que um dos maiores problemas que a região deve procurar resolver é o inflacionário. Na maioria, a taxa está acima da meta, como no caso do Chile. Porém, no Brasil, a inflação deverá ficar dentro da meta estipulada pela área econômica do governo. O efeito real dessa crise é a desaceleração do crescimento, desaquecimento industrial, preços de commodities em queda e, conseqüentemente, nível de desemprego em alta. Blanco ainda comentou que o crescimento em 2008, para todos os países da região, será ainda bom, na ordem

de 5% a 6%. “O Brasil está mais bem preparado do que a média dos países da região, mas mesmo assim terá um índice de crescimento menor do que em 2008, abaixo de 4%.” O estranho caso de uma ilha Um dos destaques internacionais foi Alan Lambert, policial aposentado do Reino Unido que atuou boa parte de sua carreira combatendo fraudes, principalmente as financeiras. Ele falou que as instituições financeiras devem constantemente estar alertas para perceber qualquer tipo de indício que possa aparentar uma fraude, como no relato feito a respeito do caso de uma fraude financeira de mais de 2 milhões de libras, em que a empresa era registrada em uma ilha no Canal da Mancha de cerca de 1 milha quadrada e 600 habitantes (Ilha de Sark). Junto dessa empresa havia mais de 15 mil registros de outras empresas nas quais todos os habitantes eram diretores ou proprietários. “Essa empresa vendia trailers e, normalmente, com a mesma licença para todos os veículos, gerando um rombo nas instituições financeiras que tinham ligações com as vendas”, esclareceu Lambert.

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Adalberto Savioli, presidente da Acrefi

Nessa ilha, uma empresa foi registrada como comercializadora de motorhomes, porém, nessa localidade, não há veículos automotores. As vendas eram realizadas em toda a Inglaterra e, eventualmente, o diretor da empresa solicitava o veículo para reparos e revendia, ou vendia um não existente. Essa empresa era, anteriormente, registrada na Ilha de Mann e, também, no Panamá. Acontece que, na Ilha de Sark, não há polícia, governo ou taxas. Cada habitante recebe cerca de US$ 100 para ser diretor de alguma empresa nela registrada. Existem cerca de 60 mil empresas registradas na Ilha, que atuam em toda a Europa. “Especifi camente esta aplicou o golpe dos carros usados ou novos durante dois anos seguidos, sem que as autoridades inglesas pudessem descobrir o paradeiro de seu responsável, conhecido como Mr. Lee. Para cada veículo vendido, ele precisava de um plano de crédito e utilizava o mesmo veículo, com pla-

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sobre fraude em crédito

Alan Lambert, policial aposentado (Reino Unido)

cas diferentes, em várias instituições financeiras”, finalizou Lambert. A polícia brasileira está atenta O diretor da Academia de Polícia do Estado de São Paulo, Tabajara Novazzi Pinto, veio apresentar a Academia da Cidade Universitária e mostrar que o Estado e a comunidade estão trabalhando em conjunto. Atualmente, a inteligência da Academia de Polícia já é vista de forma diferente e muito bem conceituada por toda a sociedade.

“As instituições financeiras devem estar constantemente alertas para perceber qualquer tipo de indício de fraude” Alan Lambert

ACREFI

Fotos: Andréa Felizolla

Fernando Blanco, analista sênior para América Latina e Caribe do Banco Mundial

“Hoje, não se vê mais armamento pesado para combater a fraude, mas, sim, a caneta, a tecnologia e a inteligência”, afirmou Novazzi Pinto. George Henry Millard, delegado de Polícia de Classe Especial, brasileiro de reconhecimento internacional, mostrou o que pode ser crime econômico-financeiro. Para ele, as fraudes podem ser colocadas em prática em três etapas: a) ocultação, em que há possibilidade de fraude para todas as instituições financeiras, indiscriminadamente; b) estratificação, quando existe a divisão por vários lugares; e c) re-introdução, quando a fraude tende a ser aperfeiçoada e colocada em prática novamente. Segundo o policial, apesar de os números no Brasil não serem confiáveis, são cerca de US$ 600 bilhões de perdas nas instituições financeiras por fraude no mundo todo. Desse total, 49% não têm recuperação e 37% são de falsificação de cheques e documentos. A origem das fraudes, nas instituições financeiras, é externa em 52% dos casos, o restante é fraude interna.

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George Henry Millard, delegado de Polícia de Classe Especial

Uma das conclusões de policiais brasileiros e estrangeiros e executivos ligados ao processo de crédito foi que existe uma grande dificuldade em se perceber uma fraude logo na primeira vez em que é executada, principalmente as de caráter de falsidade ideológica. “Os bancos e as instituições fi nanceiras investem cada vez mais em tecnologia para coibir esse ato. Mas uma coisa é de extrema importância e urgência: todos precisam

“A inteligência dos órgãos policiais não pode combater aquilo que conhece. Portanto, deve haver troca de informações entre os mais diferentes órgãos e instituições” George Millard


seminário

Heliomar Oliveira Moura, gerente de prevenção à fraude do Banco Panamericano Tabajara Novazzi Pinto, diretor da Academia de Polícia do Estado de SP

comunicar as ocorrências às autoridades, não apenas monetárias, mas policiais, para que possam, também, combater as práticas criminosas. A inteligência dos órgãos policiais, das mais variadas instâncias, não pode combater aquilo que não conhece. Portanto, deve haver troca de informações entre os mais diferentes órgãos e instituições”, esclareceu o delegado de Polícia Classe Especial, George Millard. Concordância da área executiva Formando uma única voz com o palestrante anterior, Heliomar Oliveira Moura, gerente de prevenção à fraude do Banco Panamericano, comentou que “a fraude deve ser combatida com prevenção. Para isso, todas as áreas da instituição devem estar fortemente envolvidas”.

“A fraude deve ser combatida com prevenção. Para isso, todas as áreas da instituição devem estar fortemente envolvidas” Heliomar Oliveira Moura

Para ele, esse é um trabalho que não se mensura e, além de prevenção interna, deve, ainda, envolver parceiros, outras entidades e instituições, a auditoria e as autoridades monetária e policial. “O relacionamento externo é fundamental, e os vários segmentos da economia devem se unir na prevenção, seja com troca de informações ou outras ações conjuntas”, finalizou Moura. As grandes dificuldades de nosso vizinho Dante Anelli, gerente de risco da unidade de cartões de crédito da Cencosud (Argentina), mostrou que a principal fraude em seu país é a falsidade ideológica, ou seja, roubo de identidade para concessão de crédito. “Há dois anos, a taxa de processos de fraude era de 2%. Porém, com o passar do tempo, teve um aumento significativo, e as instituições perceberam que não tinham capacitação para combatê-la. Porém, como era pequena, poucas pessoas davam importância a isso”, ressaltou ele. O Banco Central argentino tem a norma de solicitar a carteira de identidade para que possa ser concedido o crédito. Em função dessa norma, muitas cédulas de identidade falsificadas estavam circulando. Segundo o executivo, as identidades argentinas são de muito má qualidade, sendo as verdadeiras também confundidas com as falsas.

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Dante Anelli, gerente de risco da unid. de cartões de crédito da Cencosud (Argentina)

“Os fraudadores exploram a deficiência do processo e as dificuldades do Estado em determinar e provar o que é fraude. As quadrilhas trabalham como empresas, como organizações corporativas, com planejamento de ações e metas a serem alcançadas”, comentou Anelli. Segundo o executivo, já há ações para a prevenção desse tipo de crime. E os custos dos fraudadores estão sendo levantados e muitos já são conhecidos. Uma quadrilha gasta, em média, R$ 372 para forjar uma identidade. Essa cédula falsa gera uma renda para o fraudador de cerca de R$ 1.000 em cada utilização e é utilizada quatro vezes aproximadamente. As ações de prevenção já começaram a ser realizadas. Muitas instituições já estão dificultando a saída do fraudador do local onde solicita o

“As quadrilhas trabalham como empresas, como organizações corporativas, com planejamento de ações e metas a serem alcançadas” Dante Anelli

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Nick Mothershaw, diretor de soluções antifraude da Experian (Reino Unido)

crédito, analisando documentos em outra área que o contraventor não está presente, solicitando complementos para comprovação de documentos e qualificando atendentes entre outras atitudes. “Os custos de prevenção e controle sobre as vendas estão crescendo 19%. A Argentina está bastante atrasada em relação ao Brasil. Nos últimos dois anos, as vantagens conseguidas foram com as medidas de cooperação e de troca de informação entre várias instituições”, esclareceu Anelli. A experiência do Canadá Do Canadá, Peter German, policial da Real Polícia Montada, comentou que as rotas utilizadas pelo crime organizado econômico são as mesmas usadas pelo tráfico de drogas. “Os maiores problemas do Canadá são o tamanho de sua fronteira e a imigração ilegal. Os Estados Unidos são os maiores consumidores

“As instituições devem desenvolver a prática de relatar os crimes e não apenas dar baixa contábil. As autoridades têm de conhecer o crime para prevenir e combater” Peter German

ACREFI

Peter German, policial da Real Polícia Montada (Canadá)

de drogas do mundo, por isso temos um problema maior. As maiores fraudes cometidas hoje estão ligadas à tecnologia, que revoluciona, cada vez mais, o mundo”, falou German. Ele, como os outros palestrantes, concorda que a melhor maneira de se combater as fraudes é com prevenção. “Mas é difícil manter a polícia tecnologicamente atualizada. Os jovens de hoje estão mais para a tecnologia do que qualquer outra geração. Prevejo que, dentro de 10 anos, vamos ter uma tecnologia com capacidade maior do que a do cérebro humano”, comentou o policial. Ele recomendou a proteção de identidade nos trabalhos em que se requeiram cópias desses documentos, porém sabe que é preciso apenas uma pessoa para colocar tudo a perder e acabar com a credibilidade de uma empresa. Segundo ele, as identidades estão sendo cada vez mais utilizadas por outras pessoas, virou commoditie. O crime organizado está atrás de qualquer uma para ganhar dinheiro e, hoje, são vendidos na internet identidades e cartões de crédito que viajam pelo mundo. Esses documentos falsificados podem auxiliar na lavagem de dinheiro nos paraísos fiscais pelo crime organizado ou por “laranjas”, com

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Francisco da Silva Coelho, presidente da Ordem dos Economistas do Brasil

documentos dos verdadeiros donos. “As instituições devem desenvolver a prática de relatar os crimes e não apenas dar baixa contábil. As autoridades têm de conhecer o crime para poder prevenir e combater. Precisamos estar a par de tudo o que acontece nesse campo, as instituições devem alertar seus clientes. Nós queremos ajudar a manter a infra-estrutura econômica com combate sério a esse tipo de crime”, alertou German. Segundo ele, no Canadá, a polícia trabalha em conjunto com a sociedade para procurar prevenir todo o tipo de fraude, e uma das atuações está sendo feita sistematicamente nos hotpots, em que há grande proliferação de crimes, principalmente os cibernéticos, tanto individuais como por organizações criminosas especializadas.

“O crime organizado compartilha informações e ações mais rapidamente e melhor do que a sociedade. Temos de fazer a mesma coisa” Nick Mothershaw


seminário

Participantes de seminário internacional incentivaram troca de experiências

Problema mundial “É um problema global, crescente e muito comum em várias partes do mundo. O crime organizado compartilha informações e ações mais rapidamente e melhor do que a sociedade. Nós temos de fazer a mesma coisa.” Assim, Nick Mothershaw, diretor de soluções antifraude da Experian, no Reino Unido, começou sua apresentação. Para ele, o crime organizado vê a fraude, dos mais variados tipos, como vê as drogas, ou seja, o intuito é ganhar dinheiro e as penas são menores. As fraudes individuais no Reino Unido aumentaram 20% em um curto espaço de tempo e crescem mais em épocas de crise econômica. “A melhor maneira é investir em prevenção. Colocamos quatro etapas simples para ter maior possibilidade de evitar o golpe: 1. a pessoa existe mesmo?; 2. essa pessoa é você?; 3. se a pessoa está mentindo; 4. se não há antecedentes. Com essas medidas, as possibilidades de fraude diminuem sobremaneira”, comentou Mothershaw. O executivo esclareceu, ainda, que é muito difícil identificar a primeira fase (explicada acima), pois as falsificações estão cada vez melhores. Existem sites globais onde

se podem comprar inúmeros tipos de documentos. Mas, em contrapartida, ele lamenta que não há, em muitos casos, interesse do funcionário em identificar a veracidade das informações, pois ele ganha pela venda ou pela concessão do crédito. Uma das oportunidades de que Mothershaw falou é a troca de informações entre os birôs, para poder comparar e identificar as fraudes. Até pouco tempo atrás, essa possibilidade era impedida, mas o governo implantou uma lei que permite essa troca. “Dessa forma, teremos um avanço especial no combate ao crime organizado, pois teremos as informações mais comuns de todas as fraudes praticadas no Reino Unido. Os órgãos têm a obrigação da troca de informações e não há mais as implicações do compliance”, comemorou ele.

“Toda fraude no processo de crédito ocorre em função da confusão entre fluxo e estoque, entre as contas a pagar e a receber” Francisco da Silva Coelho

A velha e boa contabilidade pode ser a solução O presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), Francisco da Silva Coelho, fez uma comparação entre a contabilidade e a crise econômica global. Ele lembra que em contabilidade se trabalha com o conceito de estoque e de contas de fluxo. “Toda fraude no processo de crédito ocorre em função da confusão entre fluxo e estoque, entre as contas a pagar e a receber. Para uma instituição, quando ela não quer deixar claras as carteiras sem valor (marcação a mercado), basta criar um estoque de ativos inexistentes. Está pronta uma fraude simples”, lamentou Coelho. Ele comentou que isso aconteceu no caso do Banco Nacional, na década de 1990, quando o banco relatou, em seus balanços, os casos de carteiras que não existiam. Durante anos, os balanços apresentados eram consistentes. Mas, hoje, o sistema financeiro é outro. A evolução, principalmente na gestão de crédito, impede que casos como esse possam se repetir. “Porém, a velocidade das mudanças é maior do que a própria mudança. Várias resoluções do Banco Central tornam a fraude em crédito mais difícil. Porém, como a fraude faz parte do risco de crédito, com base em Basiléia II, as instituições terão de mensurar o risco da perda por fraude. Isso é um avanço que será rapidamente sentido”, comentou ele. Coelho disse, ainda, que, para acompanhar essas alterações, as instituições terão de ter uma estrutura de risco melhorada, pois, quanto pior ela for, maior será o preço cobrado e, nessa situação, a perda de mercado é logo sentida pela instituição. “Uma coisa é claríssima: o mercado compra crescimento, aquilo que dá retorno. Não adianta querer mais mascarar as coisas, pois já estão bem dimensionadas em todas as informações de mercado”, finalizou Coelho. Evento realizado em 10/11/2008

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A Serasa dá uma forcinha a mais para o seu cliente ficar com dívidas a menos.

Já é possível adicionar um boleto bancário à carta-comunicado enviada aos seus consumidores em atraso. Com a Carta Boleto Serasa você facilita a vida de seus clientes incentivando a regularização da dívida. E a gente facilita a vida de sua empresa reduzindo seus índices de inadimplência. 11

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tendência internacional

Risco bancário

Divulgação

04/11/2008

Mais uma vez, o risco bancário domina as emissões de crédito em todo o mundo. Um sistema métrico simples, mas poderoso, de Índice de Risco integra o capital, os rendimentos e o risco dentro de um parâmetro analítico para avaliar o risco de uma instituição financeira. Risco bancário À medida que aumentam as falências dos bancos e as expectativas de mais problemas bancários se espalham pelos Estados Unidos, pela Europa e por outras regiões do mundo, mais uma vez, o risco bancário é visto como uma preocupação crucial da gestão de crédito global. Os líderes governamentais tomaram medidas sem precedentes para minimizar outros transtornos em seu mercado financeiro, aumentando os patamares de seguro de depósitos, garantindo dívidas de curto e longo prazo previamente emitidas pelas instituições financeiras e investindo em ações preferenciais de grandes bancos selecionados para um determinado país. A falência bancária não é um fenômeno novo. Países de todos os continentes já chegaram a contrair custos tributários significativos para salvar ban-

WILLIAM C. HANDORF, PH.D., PROFESSOR DE FINANÇAS NA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE GEORGE WASHINGTON; ATUALMENTE ATUA COMO DIRETOR NO FEDERAL HOME LOAN BANK EM ATLANTA E, ANTES DISSO, ATUOU COMO DIRETOR NO FEDERAL RESERVE BANK DE RICHMOND, ONDE FOI PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA FILIAL DE BALTIMORE. É UM PORTA-VOZ HABITUAL NO BRASIL SOBRE QUESTÕES RELACIONADAS A IMÓVEIS, FINANÇAS E SERVIÇOS BANCÁRIOS

cos mal-sucedidos e recapitalizar ou estatizar instituições recuperáveis. Quando os bancos não são capazes de intermediar fundos de setores de poupança com excedentes para setores defi citários de tomadores seguros, os problemas econômicos se agravam em um país, porque os consumidores e as empresas não conseguem financiar bens duráveis, capital de giro ou instalações industriais e equipamentos. O congelamento de crédito causa ainda mais problemas econômicos para as frágeis instituições financeiras restantes. As agências de avaliação de crédito, como a Moody’s Investors Service e a Standard & Poor’s, aumentaram a importância de um sistema bancário saudável e da supervisão prudente de um banco central do país após observarem a conseqüência de bancos fracos e do risco-país durante a crise asiática de 1997. Apesar de crises bancárias serem comuns a cada 10 ou 15 anos, a classe de ativos subjacentes responsável pela situação desagradável é distinta. A atual catástrofe se baseia, em grande parte, nos imóveis residenciais e no crédito imobiliário nos Estados Unidos durante a última década. Os preços dos imóveis residen-

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ciais subiram muito nos Estados Unidos entre 2001 e 2006, e isso encorajou os especuladores e investidores a comprarem mais casas e condomínios do que eram necessários para ocupação. A demanda adicional fez com que os preços subissem ainda mais. Famílias sem condições de comprar casas de alto valor contraíram empréstimos de alto risco como sua primeira hipoteca, com taxas de juros que posteriormente eram reajustadas para níveis mais altos ou com um saldo principal que aumentava com o passar do tempo. As mesmas famílias também contraíram uma segunda hipoteca para conseguir pagar o alto valor da entrada e, por conta disso, tinham pouca, ou nenhuma, participação na propriedade do imóvel. As políticas habitacionais do governo encorajavam a aquisição de imóveis e estimulavam os órgãos habitacionais patrocinados pelo governo (ex., Fannie Mae e Freddie Mac) a adquirirem ou garantirem os empréstimos imobiliários de mutuários hipotecários subprime de alto risco. O Banco Central dos Estados Unidos manteve as taxas de juros baixas demais (ex. 1%) por um tempo muito longo após a pequena recessão de 2001. A política monetária acomodatícia

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encorajou os mutuários hipotecários a contrair empréstimos com taxas ajustáveis, facilitando o rápido crescimento do setor bancário. A subscrição negligente, fraudulenta ou inexistente dos empréstimos contribuiu para os posteriores prejuízos com esses empréstimos, mas os corretores estavam despreocupados, contando que a Wall Street comprasse os empréstimos para criar valores mobiliários altamente valorizados garantidos por hipotecas e títulos de dívidas garantidas venenosos. À medida que o volume de pagamentos atrasados relacionados a empréstimos imobiliários subia, execuções hipotecárias se elevavam e os preços dos imóveis sofriam uma baixa repentina, e determinados fundos hedge informavam perdas grandes. A excessiva alavancagem ou financiamento por excessivas dívidas minimizou a capacidade de todas as instituições afetadas de absorver esse risco e contribuiu para o desastre financeiro. Corretores hipotecários, bancos de investimento e bancos comerciais começaram a quebrar. Este artigo aplica um índice de risco (Índice) a grandes bancos dos EUA e a um grupo de instituições que faliram em 2008, de maneira empírica. Em vez de avaliar o capital, os rendimentos e as várias fontes de risco de maneira independente, o Índice integra a análise para produzir uma fórmula simples. O Índice pode ser usado para estimar a probabilidade de o capital de um banco cair abaixo de um certo limite durante um prazo definido. O Índice não substitui as análises fi nanceiras tradicionais; ele proporciona uma fonte suplementar de informações úteis para avaliar o risco e o retorno. Falência bancária A maioria dos estudos empíricos mostra que as instituições de depósito quebram por conta dos seguintes fatores financeiros, econômicos e administrativos:

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• Baixo nível de financiamento por capital próprio; • Baixa qualidade dos ativos acompanhada de níveis inadequados de reservas ou precifi cação inapropriada do empréstimo; • Carteira concentrada por tipo de empréstimo ou local dos mutuários; • Alta volatilidade de rendimentos e fluxo de caixa operacional; • Recessão econômica levando a um alto nível inesperado de prejuízos com empréstimos; • Crescimento rápido apoiado por dívidas de alto custo; • Investimento em títulos de alto rendimento não garantidos e subordinados; • Prejuízo operacional relacionado a uma incapacidade de controlar despesas não relacionadas a juros; • Questões de liquidez relacionadas à má publicidade em decorrência dos problemas com baixo capital e/ou rendimentos; • Excessivo risco de taxa de juros ou sensibilidade do câmbio acompanhado de um período de dramática mudança no mercado; • Fraude perpetuada pela administração e/ou clientes; • Estratégia comercial inadequada ou falta de compromisso com um modelo comercial viável; e • Sistema inadequado de gerenciamento de risco. Os riscos enumerados se correlacionam altamente com a supervisão regulamentar tradicional: capital, qualidade dos ativos, gerenciamento, rendimentos, liquidez e sensibilidade. Os bancos quebram em razão de os índices de capital serem corroídos por crescimento muito rápido, uma incapacidade de controlar as despesas não relacionadas a juros ou prejuízos causados por um excesso de baixas em empréstimos incobráveis compostos por fraude e /ou por uma recessão. O capital tem importância especial na avaliação de risco pelas autoridades normativas e analistas de crédito. Menos capital, lucros

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Apesar de índices serem importantes no processo de análises de risco, os fatores qualitativos também desempenham um importante papel na determinação das classificações

irregulares e risco – sendo derivados de ativos de alto risco, práticas estratégicas e de gestão de risco deficiente além de governança corporativa inadequada, liquidez estressada ou excessiva sensibilidade a taxas de juros ou índices de câmbio – criam problemas para as instituições financeiras. As agências de avaliação de crédito analisam diversos fatores quantitativos e qualitativos antes de designar uma nota em letra ou número. Conforme ilustrado pela Moody’s Investors Service: “Apesar de índices serem importantes no processo de análises de risco, os fatores qualitativos também desempenham um importante papel na determinação das classificações. Nosso enfoque está em rendimentos principais e liquidez ao avaliar proteção para depositantes e proprietários de dívidas. Em particular, o desempenho durante uma recessão é fundamental para nossa avaliação de classificação, uma vez que revela a capacidade de recuperação dos rendimentos principais de um banco sob pressão, o que vemos como ponto crucial nessa avaliação. Vemos os ganhos como a primeira linha de defesa contra perdas, principalmente os rendimentos básicos. Capital não é um tópico que enfatizamos muito em nossa pesquisa. A Moody’s reitera sua posição de que os rendimentos são a linha primária na defesa contra perdas. No entanto, as classificações dos bancos podem ser fortalecidas ou enfraquecidas pelo nível de capital por trás de seus rendimentos.


tendência internacional Entretanto, fatores subjetivos como qualidade administrativa, desejo por risco e estratégias também são essenciais nessa avaliação. Tamanho absoluto não é um fundamento direto de nossas classificações. Porém, percebemos que tamanho é freqüentemente relacionado a outros fatores mais qualitativos que são importantes para nossas qualificações. Por exemplo, tamanho pode estar relacionado a diversificação comercial. Descobrimos que bancos maiores, com freqüência, contam com carteiras de empréstimo diversificadas e de alcance geográfico mais amplo, reduzindo a concentração de risco. Ademais, tamanho, com freqüência, permite economias de escala, que podem resultar em maior eficiência operacional. Essas comparações demonstram que instituições com classificações semelhantes mostram grandes variações em índices dentro de um determinado período. Todavia, usamos a análise de índices em conjunto com a análise quantitativa.” As agências de análise de crédito estão preocupadas principalmente com os rendimentos básicos, a estabilidade dos rendimentos básicos e outras fontes de risco de liquidez ao designar uma nota à dívida bancária. O capital, os rendimentos e o risco afetam as decisões regulamentares e as análises de crédito. O índice de risco descrito a seguir condensa os fatores-chave previamente destacados em uma simples fórmula que leva a uma demonstração probabilística de utilidade para gerentes de risco e analistas de crédito. O Índice complementa centenas de outros índices comumente aplicados na avaliação de instituições de depósito. O Índice leva em consideração operações de conta ao longo do tempo e, portanto, não se trata de uma medida estática de risco típica de muitos índices. [Vide Commercial Bank Financial Management, de Joseph F. Sinkey Jr., para uma excelente revisão do tópico: Prentice Hall

(Sexta Edição, p. 139-142)]. O Índice de risco O Índice mede o risco abordando uma questão estatística. Qual é a probabilidade de o índice de capital de um banco cair abaixo de um certo limite durante um prazo defi nido? O Índice segue: Índice de Risco = (Índice de Capital + Média ROA - Limite de Capital)/ ROA Sigma O numerador do Índice avalia o índice de capital existente da empresa e projeta o índice num período futuro com base na suposição de que os rendimentos médios gerados durante um período de tempo recente estarão disponíveis para reforçar o capital. O Índice, conforme apresentado, não inclui como fator o crescimento de ativos nem os pagamentos de dividendos. Os reguladores ou a administração deverão limitar o crescimento de ativos e /ou pagamentos de dividendos para uma instituição que se acredita estar subcapitalizada. Uma análise deve considerar diversos fatores antes de se calcular e interpretar o Índice. • Índice de capital – O índice de capital deverá ser relacionado a ativos pelo uso do retorno sobre ativos como a fonte primária para suplementar capital um período no futuro. Pode-se usar patrimônio / ativos, patrimônio /ativos tangíveis ou o índice de alavancagem de Nível 1. Essa análise se concentra no índice de alavancagem de Nível 1 (ex., a soma do patrimônio líquido e ação preferencial perpétua menos o fundo de comércio e outros intangíveis, todos divididos pelo valor dos ativos). • Média ROA – A média do índice de retorno sobre ativos (ROA) deverá ser calculada a partir de um período sufi cientemente longo para incluir um ciclo econômico (no mínimo, uma recessão ou retração comercial) e taxas de juros voláteis,

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mas sufi cientemente recente para capturar o plano comercial atual da administração. Essa análise ilustra o Índice com um período de oito anos entre 2000 e 2007. O período de oito anos incluiu uma pequena recessão em 2001 e taxas de juros muito voláteis. • Limite – Pode-se adotar um limite de 0% para determinar a probabilidade de o capital do valor contábil de um banco se tornar negativo em um determinado período de tempo. A administração, o conselho de administração, os reguladores, os analistas de classifi cação e os analistas de crédito, todos se preocupariam com a viabilidade de uma empresa muito antes de o valor contábil de capital se tornar negativo. Essa análise ilustra o Índice usando um limite de 5% em consonância com muitos referenciais normativos aplicáveis a bancos nos Estados Unidos. Observe que a análise não usa regras de capital de ativos ponderadas por risco onde se exige um limite de 10% para que seja bem capitalizado. • Risco (Sigma) – O Índice inclui capital e rendimentos básicos para qualquer avaliação de força ou fraqueza financeira, que seja compatível com o enfoque quantitativo adotado pelos reguladores e analistas de crédito. O risco é capturado pela variabilidade ou desviopadrão de rendimentos calculados durante um determinado período de tempo, analisado para originar a média ROA. O desvio-padrão representa a raiz quadrada da média dos desvios ao quadrado do ROA anual sobre uma média calculada. Por exemplo, presumindo-se que um banco tenha um ROA anual de 1,20%, 1,25% e 1,15% durante três anos; a média ROA é 1,20% e a Sigma da amostra é 0,05%. Outra instituição pode registrar um ROA de 1,80%, 2,20% e -0,40%; a média ROA também é 1,20%, mas a Sigma de amostra de ROA é 1,40%. A administração que melhor conseguir controlar o risco com uma carteira de

FINANCEIRO


ativos/passivos inteiramente diversifi cada terá um desvio-padrão ou Sigma mais baixo. Os bancos de baixo risco e bem administrados não deverão ser afetados indevidamente por uma recessão, taxas de juros voláteis e outras fontes de risco que levem a perdas excessivas e a rendimentos imprevisíveis. Planos estratégicos bem-sucedidos promovem modelos comerciais que prometem lucros básicos consistentemente altos com baixo Sigma. Gestão efi ciente e governança corporativa efi caz são necessárias para atingir as louváveis metas comuns a todos os planos de negócios. Os seguintes exemplos ilustram a aplicação e interpretação do Índice com três bancos. Índice de Risco = (Índice de Capital + Média ROA - Limite de Capital)/ ROA Sigma Banco A = (7,0% + 1,25% - 5,0%) /0,25% = 13 Banco B = (5,5% + 1,00% - 5,0%) /0,75% = 2 Banco C = (9,0% + 0,50% - 5,0%) /0,50% = 9 Um Índice mais alto indica que uma empresa é menos arriscada; a instituição é financiada por mais capital, gera altos rendimentos com consistência ou gerencia melhor os riscos conforme representado por um Sigma baixo. Apesar de um Índice alto sugerir menos risco, não precisa ser melhor se o perfil do risco impossibilita a capacidade de criar valor para os acionistas devido a financiamento excessivamente alto por capital próprio. O Índice do banco A está a 13 desvios-padrão de fi car abaixo do limiar regulamentar de 5%. Isso signifi ca que há uma pequena chance de o índice de capital do banco baixar para menos de 5% dentro de um ano. Um Índice mais baixo sugere que a empresa seja mais arriscada; a empresa é financiada por menos capital, é menos lucrativa ou gera lucros ou perdas de modo irregular. O Índice

ACREFI

do banco B está a apenas dois desvios-padrão de fi car abaixo do limite indicado. Há uma probabilidade mais ampla de o capital da empresa cair abaixo dos 5% dentro de um ano. O banco A é menos arriscado do que a empresa B porque tem um índice de capital mais alto e consistentemente ganha um ROA mais alto. O Índice é especialmente útil ao se compararem empresas com níveis de capital, média de retorno sobre ativos e /ou variabilidade de rendimentos muito diferentes. Para ilustrar, o banco C tem um índice de capital mais alto do que a empresa A ou B, mas um ROA em média muito menor. O banco C é mais ou menos arriscado do que o banco A ou B? A resposta depende da curva de risco da instituição conforme descrita pelo Sigma calculado durante um período de amostragem. Considerando um Sigma de 0,5%, o banco C tem um perfil de risco mais próximo ao banco A do que ao B com base no Índice calculado. Muitas instituições financeiras e indústrias adotam os programas de melhoria de qualidade Seis Sigma. A Basiléia II estima o peso do risco para os bancos, aplicando a abordagem de classificações internas avançadas, com uma análise condicional de prejuízos históricos com empréstimos medidos no nível de confiança de 99,9% ou desvio-padrão de 3,09. Sigma é um conceito de risco amplamente aceito e utilizado.

Os bancos de baixo risco e bem administrados não deverão ser afetados indevidamente por uma recessão, taxas de juros voláteis e outras fontes de risco que levem a perdas excessivas

Quanto maior for o Índice, menor será a probabilidade de o índice de capital de um banco cair abaixo do limite selecionado. O Índice pode ser convertido para uma porcentagem ou probabilidade. Se os ganhos de um banco são representados de uma forma simétrica em torno da média, pode-se originar a probabilidade associada de o capital descer abaixo do desejado pela seguinte equação: Probabilidade = 0,5 [1/(Índice de Risco) 2 ] A análise estatística é compatível com a desigualdade de Tchebysheff para uma distribuição simétrica. Multiplicamos por 0,5 ou meio pela preocupação com um desempenho muito fraco abaixo da média contra um desempenho excelente, acima da média. Observe que um Índice mais alto leva a uma probabilidade menor de algo ruim ocorrer. Por exemplo, um Índice de 10 sugere uma chance de 0,50% [0,5(1/{10} 2 )] de o capital cair abaixo do limite

Tabela 1 – Amostra de grandes bancos (2000 a 2007) Banco Wells Fargo Média ROA 1,65% Sigma ROA 0,29% Capital 6,84% Índice de Risco 11,84 Escala de Risco Implícita Baixo Solidez Financeira A

13

JPMorgan 0,65% 0,32% 6,19% 5,72 Alto B+

Bank America 1,30% 0,21% 5,91% 10,56 Baixo A-

Citibank 1,21% 0,43% 6,65% 6,71 Moderado B


tendência internacional indicado. Um Índice de 3 indica uma probabilidade de 5,56% [0,5(1/{3} 2 )] de o capital cair abaixo do limite indicado. Conseqüentemente, um Índice de 10 ou mais sugere uma baixa probabilidade para a aparência dos problemas esperados, enquanto um valor de 3 ou menos sugere que mais atenção analítica seria justifi cada. Depois, o Índice é calculado e avaliado para os maiores bancos dos EUA, comparado com uma amostra de instituições que faliram e outra amostra de bancos resistentes que estão sendo adquiridos ou estão adquirindo instituições enfraquecidas. Análise empírica A Amostra de Grandes Bancos. A Tabela 1 ilustra as características de amostra do Wells Fargo Bank, JPMorganChase Bank, Bank of America e Citibank. • Capital de Nível 1 – O índice de capital médio de Nível 1 da amostra é 6,40% com pico de 6,84% (Wells Fargo Bank) e ponto baixo de 5,91% (Bank of America). • Média ROA – A média de retorno sobre ativos da amostra de grandes bancos calculada durante um período de oito anos é de 1,20%. A maior média ROA é de 1,65% (Wells Fargo Bank) e a menor média ROA é de 0,65% (JPMorganChase Bank). • Sigma – O Sigma de amostra média de ROA por um período de oito anos é de 0,31%. O menor Sigma é de 0,21% (Bank of America) e o maior Sigma é de 0,43% (Citibank). Inicialmente, não é obvio qual dos grandes bancos dos EUA é “o mais forte” e qual é “o mais fraco”. O Wells Fargo começou o ano de 2008 com o maior índice de capital de Nível 1 e a média mais alta de retorno sobre ativos. Porém, o Bank of America pareceu ter o melhor controle sobre risco, registrando o menor desvio-padrão de rendimentos. Por outro lado, o Bank of America teve o menor índice de capital de Nível 1, o JPMorganChase Bank

teve a menor média de retorno sobre ativos; e o Citibank obteve o maior Sigma. É precisamente nesse tipo de situação que o Índice oferece uma visão analítica. • Índice de risco – O Índice médio da amostra é um desvio-padrão de 8,71. Observe que o Índice calculado se baseia em dados mais precisos do que os dois decimais ilustrados na Tabela. Em média, há uma probabilidade de 0,66% [0,5(1/{8,71} 2 )] de os índices de capital bancário fi carem abaixo de 5% em um ano. O baixo Índice (alto risco) tem desviopadrão de 5,72 ou uma probabilidade de 1,53% [0,5(1/{5,72} 2 )] de o capital fi car abaixo de 5% (JPMorganChase), e o Índice alto (baixo risco) tem desvio-padrão de 11,84 ou probabilidade de 0,36% [0,5(1/{11,84} 2 )] de ter capital de Nível 1 abaixo de 5% em um ano (Wells Fargo Bank). • Solidez financeira – Calculando a probabilidade de um banco descumprir suas obrigações contratuais e a perda resultante que um credor contrai a partir dessa mora, as avaliações de crédito demonstram o risco relativo. Em vez de ilustrar as avaliações de crédito que variam entre “Aaa” e “Caa” para países e empresas, esta análise mostra as análises de solidez financeira específicas para a indústria bancária. As análises de solidez financeira avaliam a probabilidade de um banco precisar de auxílio financeiro de uma holding, de seus investidores ou do governo. As classificações de

solidez financeira variam entre “A”, que é muito forte, e “E”, que é muito fraco. A partir de 2008, o Wells Fargo tem classificação “A”, o Bank of America conseguiu uma classificação “A-”, o JPMorganChase alcançou uma classificação “B+”, e o Citibank registrou a classificação “B”. A correlação entre as classificações de solidez financeira designadas pela Moody’s Investors Service e o Índice é consideravelmente alta, em 88%. Amostra de Bancos que Faliram. A Tabela 2 ilustra as características da amostra de quatro bancos entre muitos que foram colocados em concordata pelas autoridades e, então, liquidados pela Corporação Federal de Seguro de Depósitos em 2008. Os bancos são sensivelmente menores do que aqueles identificados na Tabela 1. Mais uma vez, as análises financeiras se encerram em 31 de dezembro de 2007, o que é anterior ao ano em que cada banco listado faliu. • Capital de Nível 1 – O índice médio de capital de Nível 1 das amostras de falência é 6,14% em comparação com 6,40% na amostra dos grandes bancos. Embora os bancos que faliram posteriormente tivessem menor financiamento médio por capital próprio, o banco com o maior índice de capital de Nível 1 (Hume Bank), entre os oito bancos ilustrados, faliu posteriormente. • Média ROA – A média de retorno sobre ativos da amostra de bancos que faliram é negativa em 0,34% comparada com 1,20% para

Tabela 2 – Amostra de bancos falidos (2000 a 2007) Banco

Hume

Integrity

Mainstreet

Meridian

Média ROA

0,60%

0,27%

-1,42%

-0,81%

Sigma ROA

0,84%

1,94%

1,84%

1,33%

Capital

7,63%

5,17%

6,21%

5,53%

3,82

0,23

- 0,11

-0,21

Muito alto

Muito alto

Muito alto

Muito alto

Índice de Risco Escala de Risco Implícita

14

FINANCEIRO


a amostra de grandes bancos calculada sobre um período de oito anos. Fica claro que rendimentos baixos (ou, pior, negativos) são um sinal de falência, e isso está de acordo com o enfoque em rendimentos da Moody’s Investors Service ao designar classifi cações de crédito. • Sigma – O Sigma de amostra média de ROA sobre o período de oito anos para a amostra de bancos que faliram é uma porcentagem muito alta, 1,49%, em comparação com 0,31% para o grupo de grandes bancos. O Sigma substitui o risco, e os bancos que faliram não administraram o risco muito bem. • Índice de risco – O Índice médio da amostra de bancos que faliram é menos do que 1 em comparação com 8,71 para a amostra de grandes bancos. Três dos bancos que faliram tinham um Índice perto de 0. O único banco com um Índice maior do que 3 registrou o maior índice de capital de qualquer banco descrito. Porém, quando o índice de capital alto foi integrado com baixa média de rendimentos e alto Sigma de rendimentos, o Índice do Hume Bank caiu abaixo do nível de perigo, atingindo o índice 4. • Solidez financeira – Pequenos bancos raramente são classificados pelas agências de classificação de crédito reconhecidas nacionalmente. O Integrity Bank localizado no Estado da Geórgia foi o maior do grupo e tinha ativos de apenas US$ 1,2 bilhão no fim de 2007. O Main Street Bank localizado no Es-

tado de Michigan tinha ativos de US$ 151 milhões, enquanto o Hume Bank localizado no Estado de Missouri tinha ativos totais de US$ 19 milhões no ano anterior a sua falência. O minúsculo Meridian Bank em Illinois tinha ativos de apenas US$ 7 milhões. Nenhum dos bancos que faliram foram classificados pela Moody’s Investors Service. Observamos que essa análise se concentra nas falências bancárias. Duas grandes instituições de poupança ou de economias e empréstimos (savings and loan) faliram durante 2008, o Indymac localizado na Califórnia e o WAMU, ou Washington Mutual, localizado no Estado de Washington. Essas grandes instituições de poupança que faliram também exibiam índices de risco muito baixos indicando instituições de alto risco. Amostra de Bancos Resistentes. A Tabela 3 apresenta informações financeiras comparáveis sobre uma amostra de bancos que ainda resistem e que estavam nos noticiários. O Wachovia Bank, recentemente, foi incentivado a se fundir ao Citibank e, mais tarde, foi adquirido pelo Wells Fargo, considerando os crescentes prejuízos com empréstimos, contraídos a partir de uma aquisição desastrosa de uma instituição de poupança de alto risco da Califórnia e a conseqüente perda de confiança no mercado, levando a uma fuga de depósitos. O National City encontrou problemas semelhantes e foi adquirido pelo PNC

Tabela 3 – Amostra de bancos resistentes (2000 a 2007) Banco Média ROA Sigma ROA Capital Índice de Risco Escala de Risco Implícita Solidez Financeira

ACREFI

Wachovia 1,00% 0,46% 6,71% 5,88 Alto B

National City 1,19% 0,42% 6,17% 5,65 Alto C+

Comerica 1,49% 0,27% 9,39% 21,97 Baixo B-

15

PNC 1,25% 0,35% 6,84% 8,76 Moderado B

Nenhum dos bancos que faliram foram classificados pela Moody’s Investors Service. Duas grandes instituições de poupança ou de economias e empréstimos faliram durante 2008

Bank. O Wachovia e o National City tiveram índices de risco abaixo de 6. Em contrapartida, o PNC Bank reteve um respeitável índice de risco de quase 9, e o Comerica Bank, um resultado muito alto, de quase 22. O Comerica tem um Índice muito alto, mas, ainda assim, recebeu uma classifi cação de solidez financeira de apenas “B-”. O Comerica tinha ativos abaixo de US$ 60 bilhões em 2008. Apesar de o banco ser grande, não é “grande demais para não falir”. Além disso, o banco não atinge integralmente as economias de escala e pode não reter uma carteira integralmente diversifi cada. A Moody’s Investors Service favorece bancos muito grandes. A análise dos bancos dos EUA sugere que o Índice oferece informações úteis para categorizar a probabilidade de uma instituição contrair problemas financeiros dentro de um ano. A seguinte escala categoriza os riscos. Cada banco dos EUA que faliu em 2008 teve um Índice inferior a 4. Apenas três bancos – Wells Fargo, Bank of America e Comerica – contam com um Índice acima de 10 e destacam a contínua condição de fragilidade entre instituições de depósitos naquele país que deram início a atual crise fi nanceira global. Para reduzir o risco, o Ministério da Fazenda dos EUA investiu US$ 25 bilhões em ações preferenciais dos quatro maiores bancos, US$ 7,7 bilhões no PNC e US$ 2,25 bilhões no Comerica. O investimento em ações preferenciais melhora o Índice de cada banco.


tendência internacional A análise dos bancos dos EUA sugere que o índice oferece informações úteis para categorizar a probabilidade de uma instituição contrair problemas financeiros dentro de um ano

Resumo Os analistas de crédito, com freqüência, avaliam o risco com a produção e interpretação dos principais índices financeiros. As análises bancárias normalmente avaliam o capital, a qualidade dos ativos, a administração, os rendimentos, a liquidez e a sensibilidade aos riscos do mercado. Os índices são avaliados individualmente. O índice de risco apresentado neste artigo reúne o índice de capital de um banco com rendimentos históricos medidos pela média de retorno sobre ativos, e o risco retratado pelo desvio-padrão do retorno sobre ativos. A análise de uma amostra dos bancos dos EUA durante o ano de 2007 identificou corretamente cada banco que faliu em 2008. A análise mostrou, ainda, que a maioria dos bancos restantes nos EUA ainda continua vulnerável a uma recessão prolongada ou profunda. Embora a análise se concentre apenas nos bancos dos EUA, a estrutura pode ser aplicada a outras empresas em outros países. Um analista deve determinar o piso de capital adequado para comparar as operações e condições financeiras. Por exem-

plo, os Federal Homes Loan Banks, entre as poucas empresas norte-americanas patrocinadas pelo governo que ainda são lucrativas e solventes, devem ter um índice de capital, no mínimo, equivalente a 4% dos seus ativos, que é o piso apropriado. Em contrapartida, percebe-se que empresas industriais, como a ExxonMobil, encontram problemas de crédito quando a relação entre patrimônio líquido e ativos cai abaixo de 20%, que é o seu piso aplicável. Pesquisadores avaliaram o risco bancário sistêmico no Brasil. “Ao omitir o risco-país, nossa análise indica que nenhum dos 28 bancos estudados enfrenta um risco de inadimplência significativo durante o próximo ano. Esse baixo risco de inadimplência é baseado principalmente na grande quantidade de títulos da dívida pública retidos pelos bancos brasileiros, mas também reflete a capitalização adequada dos bancos e os spreads de juros extremamente altos. Ao incluir o risco-país e as perdas no valor de mercado dos títulos da dívida pública chegarem a 10% (ou mais), diversos bancos enfrentarão possíveis problemas de solvência.” Se a crise global atual levar a níveis menores de capitalização, rendimentos mais baixos e/ou maior volatilidade de rendimentos entre bancos brasileiros, o risco de exposição aumenta. Os analistas de crédito devem ser mais cautelosos sobre os riscos bancários quando o índice de risco registrar uma queda progressiva. Considerando a importância do risco-país para o setor bancário brasileiro, o Índice seria menor se as margens de crédito sobre títulos da dívida pública aumentassem e/ou a classificação do país fosse cair.

Bibliografia 1. Hannan, Timothy H. e Gerald A. Hanwek. “Bank Insolvency Risk and the Market for Large Certificates of Deposit”. In: Journal of Money, Credit and Banking. (Maio, 1988). 2. Federal Deposit Insurance Corporation. “Volume 1: An Examination of the Banking Crises of the 1980s and 1990s”. In: History of the Eighties and Lessons for the Future. (Dezembro, 1997). 3. Moody’s Investors Service. “Ratios and US Bank Ratings”. In: Rating Methodology. (Dezembro, 2002). 4. Moody’s Investors Service. “Probability of Default Ratings”. In: Rating Definitions. (Outubro, 2006).

Escala de perfil de risco Índice de risco

Negativo a 3,99

4,0 a 5,99

6,0 a 10

> 10

Probabilidade de baixo nível de capital

100% a 3,1%

3,1% a 1,4%

1,4% a 1,0%

< 1%

Perfil de risco

Muito alto

Alto

Moderado

Baixo

16

5. Handorf, William C. e Morgane Suriray. “Business Plans, Portfolio Management and Basel II”. In: Bank Accounting and Finance. (Junho-Julho, 2006). 6. Barnhill, Theordore M. e Marcos Rietti Souto. “Systemic Bank Risk in Brazil: An Assessment of Correlated Market, Credit, Sovereign and Interbank Risk in an Environment with Stochastic Volatilities and Correlations”. In: Journal of Banking and Finance (Forthcoming).

FINANCEIRO


projeções

Retrospectiva sem perspectivas Arquivo ACREFI

27/10/2008

Escrever sobre perspectivas da economia em meio à turbulência que afeta o cenário financeiro internacional, cujos reflexos já se fazem sentir no Brasil, é tarefa praticamente impossível, porque os desdobramentos dessa situação, tanto lá fora como aqui, ainda são imprevisíveis. Talvez, para que se possa ter alguma idéia do possível cenário brasileiro para 2009, seja útil analisar o que se passou com as principais variáveis que determinam o comportamento do crédito e do varejo até setembro, com o que se poderão avaliar quais desses fatores determinantes podem sofrer alteração de comportamento, como resultado da internalização da crise mundial. O varejo brasileiro apresentou desempenho bastante expressivo desde 2006 até setembro último, com as vendas crescendo acima de 10%, e até mais no caso de veículos, beneficiado por uma combinação de fatores favoráveis, a saber: crédito abundante, taxas de juros em queda (até abril), prazos longos de financiamento, do lado financeiro; melhora do emprego e da renda, do lado real, somados à redução de preços de muitos bens, em função de uma taxa de câmbio valorizada, que beneficiava a importação de produtos e componentes. Tudo isso resultou em valores de prestação dos bens de maior valor acessíveis a uma vasta camada de consumidores, que anteriormente não tinham acesso a tais produtos, promovendo também a ascensão de outros que já se beneficiavam do crédito, a patamares superiores de consumo. Assim,

ACREFI

MARCEL DOMINGOS SOLIMEO, ECONOMISTA-CHEFE E SUPERINTENDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO enquanto computadores passaram a ser acessíveis a novos grupos, outros migraram para bens mais sofisticados ou mais caros, como o automóvel. Esse conjunto de fatores permitiu a incorporação de um amplo contingente de novos consumidores ao mercado por meio do crédito, como se pode constatar pelo fato de 28 milhões de novos CPFs serem consultados junto ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), entre 2006 e setembro de 2008, dos quais 45% com idade entre 18 e 40 anos, faixa mais beneficiada pelo aumento de emprego e da renda. Curiosamente, 10% dos novos consultados tinham mais de 70 anos, o que pode ser explicado pela melhora da aposentadoria e dos benefícios sociais, em virtude de crescimento do salário mínimo acima das demais faixas salariais. No momento em que este artigo é escrito (fim de outubro), verifica-se forte redução no número de consultas ao SCPC, queda acentuada das vendas de veículos, travamento do crédito tanto para empresas como para consumidores. Como a divulgação dos dados de emprego e renda está defasada, mostrando crescimento de ambas as séries até setembro, não se sabe a situação atual, embora tudo indique que ainda devam estar registrando crescimento, talvez mais lento, em função da inércia da economia e da época do ano. Considerando-se a evolução das principais variáveis que determinam o movimento do varejo, podemos ten-

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tar especular sobre o seu comportamento para o ano de 2009. Tudo indica que a expansão do crédito deverá ser menor, não apenas em decorrência da crise externa, que afeta a captação, como das altas da Selic, do que devem resultar juros mais altos e prazos mais curtos de financiamento. Provavelmente, o desemprego não aumentará no curto prazo, mas a taxa de crescimento do emprego deverá se desacelerar, ou até se estabilizar no nível atual, enquanto a renda deverá crescer menos do que nos últimos anos, mas com uma vantagem para as camadas de menor salário em função do aumento do salário mínimo, que deverá ser próximo de 12% pela regra em vigor. O câmbio, que ajudou a reduzir preços de bens e componentes, deverá atuar em sentido contrário, embora, provavelmente, não se mantenha no patamar atual, mas também não recue ao patamar anterior. Se a evolução dessas variáveis ocorrer como o aqui descrito, parece claro que se pode esperar um cenário de menor crescimento da economia e das vendas do varejo para 2009, com os bens de maior valor sendo mais afetados. Estimar qual a taxa de crescimento para o próximo ano, no entanto, é inviável porque, mesmo que se possa imaginar a direção em que elas devem caminhar, é difícil prever a intensidade e a duração da crise e de seus desdobramentos internos. Nesse caso, cabe lembrar a célebre frase do ex-jogador Ananias: “Prognóstico, só depois do jogo.”


cenário econômico

2008: Crise Histórica – anotações, percepções, reflexões e interpretações iniciais Ótica principalmente internacional Renato Fogal

16/10/2008

A responsabilidade deste levantamento e análise recai exclusivamente sobre o autor. A crise mundial, liderada desta vez pelos Estados Unidos, instalada com o estouro para valer das garantias das cédulas hipotecárias, ou o mercado subprime, sucedeu e sucede com força crescente a partir de 11 de setembro de 2008. Essa crise será resolvida? Sim, contudo pela sua dimensão e por acontecer no seio da mais importante e prestigiosa economia do mundo, irradiando-se de lá para o globo, o encontro de soluções demorará para valer bem de dois a três anos. Como no presente momento, a 7 de outubro de 2008, ninguém conhece literalmente a dimensão da crise e ela apresenta, a todo dia que passa, novidades estarrecedoras, demorará bem de 40 a 60 dias, pelo menos, para que se diagnostique e dimensione o tamanho das reformas e ajudas que deverão ser empreendidas nos EUA e por mutirões e ações conjuntas de todos os bancos centrais do mundo, de todas as agências supranacionais e, de preferência, da maior parte dos governos ocidentais e orientais, para implantar mudanças e reformas corajosas. Levantamentos realizados junto a 14 especialistas em finanças inter-

ISTVAN KASZNAR, PH.D., ECONOMISTA-CHEFE DA ACREFI

Cabe a um Banco Central intervir sim, positiva e vigorosamente e com a meta de assegurar o patrimônio da nação e dos cidadãos

nacionais me mostraram o quão pouco sabemos da real dimensão da faxina financeira a fazer. À pergunta: quanto existe em cédulas de hipotecas subprime a limpar no mundo?, recebi respostas que comprovam a volatilidade que ocorre nas bolsas, nas commodities e na mobilidade da formação de expectativas dos agentes econômicos: de um mínimo de US$ 2,4 trilhões a um máximo de US$ 14,2 trilhões foram as respostas. Por essa razão, se amanhecemos com pedidos do secretário Paulson, do vigoroso Tesouro Americano, de US$ 700 bilhões num dia e, no dia seguinte, os deputados aumentam a conta para US$ 850 bilhões, num diferencial de US$ 150 bilhões, que em si já são uma soma colossal de recursos, ou 20% a mais sobre

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a base, temos uma demonstração de volatilidade e dispersão elevada, que evidenciam riscos crescentes no sistema econômico. Deixar quebrar o Lehman Brothers foi um grave erro estratégico econômico. Ficou patente no curto prazo que, se um líder de mercado pode desaparecer e falir sem ajuda da autoridade monetária, outras entidades bancárias podem seguir eventualmente o mesmo caminho. E isso amedronta, horroriza e inibe a todos os agentes econômicos. Ex post facto, os depositantes do Lehman vêem a garantia às contas subir de US$ 150 mil para US$ 250 mil. Mas o mal, a ferida ensangüentada aberta, já está feito. Cabe a um Banco Central intervir sim, positiva e vigorosamente e com a meta de assegurar o patrimônio da nação, dos cidadãos e do maior ativo do momento, que é a confiança, a credibilidade nos fundamentos e bases de funcionamento do livre mercado, de suas autoridades monetárias e na regulamentação em funcionamento. Por melhor, mais brilhante e mais bem preparado que seja Ben Shalom Bernanke, presidente do Fed, professor renomado e especialista em estudos de grandes pânicos e depressões, como o crack da Bolsa de 1929 em Nova York, espera-se que suas medidas, em comum acordo com as operosas FINANCEIRO


nações e bancos centrais europeus e asiáticos, apresentem crescente bom senso, segurança, prudência e toque calculado de criatividade e audácia. Não é tempo para ousadias e liberações sem lastro, é tempo para oferta de liquidez e vigor monetário com conhecimento profundo, controlado e auditado com a formação de times de emergência e de elite, nas hostes de quem quer que seja e se habilite a ajudar. E também é tempo de economistas especialistas em ciclos de negócios e retomadas. Especialistas em depressão olham como foi que a economia desceu, foi puxada para baixo. Especialistas em ciclos conhecem todas as fases pelas quais pode passar a economia e provavelmente possuem o que dizer sobre como gerar saudáveis retomadas. Nesta hora, a transparência e a sinceridade são vitais. Ficar escondido e não falar, dissimular e não confessar problemas é acentuá-los e criar custos de ajuste superiores, crescentes e exponenciais no futuro. Quem tiver o que sugerir, para acertar, será bem-vindo. Quem apenas criticar manterá ancorado o mundo no passado, sem gerar as transformações que o mundo globalizado requer. A seguir, de forma bem objetiva, apresentam-se as principais características dessa crise; formas de ver sua evolução; as soluções apontadas e o que poderá suceder, dinamicamente. Tenho fé que a situação vai melhorar, pois a humanidade mostra grande e contínua capacidade em suplantar a si mesma. Nosso progresso é perceptível e essa crise, assim como hoje dói e machuca, muda o mundo e agoniza negócios, um dia fará parte da história, à luz das superiores suplantações que o homem sabe criar a favor de si e dos seus. Enfatizo que a ótica é internacional. A crise é vista com o que sucede lá fora, em particular nos EUA, uma economia importantíssiACREFI

Tenho fé que a situação vai melhorar, pois a humanidade mostra grande e contínua capacidade em suplantar a si mesma

ma e referencial, exemplo consolidado de sucesso capitalista dos últimos 128 anos (desde 1880, quando assume a liderança do PIB mundial). No Brasil, os bancos e as financeiras são muito sérios e bem cuidadosos. O risco aparente de contaminação assevera-se pequeno. Podem suceder problemas localizados e desafios cambiais, como no mercado de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC). É da natureza do mundo acontecer uma ou outra fricção, menor, cá e lá. A política monetária permanece ortodoxa e foi bem precauciosa nos seis meses que antecederam o estouro da bolha hipotecária. A disciplina fiscal está acertada e, neste momento, deveria aumentar, sobretudo com o encolhimento de despesas correntes, em 10% a 14% das contas, ao

A política monetária permanece ortodoxa e foi bem precauciosa nos seis meses que antecederam o estouro da bolha hipotecária

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longo de 12 meses, por uma questão de formação e direcionamento a um superávit fiscal efetivo. Contudo, vale ressaltar, a ação do Banco Central do Brasil é de muito bom senso, vigorosa e bem transparente. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atua proativamente, colocando à disposição mais e novas linhas de crédito ao mercado brasileiro, o que é sumamente saudável e correto. Os bancos federais atuam em consonância e possuem grande capilaridade para atender as clientelas pessoa jurídica e física (CEF, BB, BASA, BNB). São atuantes como um sistema bem integrado. Mais do que crescimento positivo do PIB, neste momento o que conta é o seguinte: a) As reservas internacionais superam US$ 206 bilhões, o que nos dá capacidade de pagamento; b) Os bancos e as financeiras possuem um grau de alavancagem sobre seus patrimônios líquidos ajustados de 8,2 em julho de 2008 ou utilizam tão-somente dois terços de suas faculdades de empréstimo e geração de crédito. Essa é uma demonstração de seriedade. Seleção cuidadosa de carteira e liberação a conta-gotas de crédito. Isto é, embora o crédito tenha se expandido positivamente em quatro anos, para 37% do PIB, em junho de 2008, os intermediários financeiros não liberaram dinheiro a rodo, foram bastante seletivos e contidos. Haveria espaço para emprestar mais, e esse espaço sequer foi utilizado na plenitude; e c) O grau de provisionamento de recursos dos bancos e das financeiras é o dobro do que ocorre normalmente noutros países do mundo (vide Estudo Especial Acrefi – Inadimplência, 2008; Kasznar). Logo, mesmo com o aumento do grau de inadimplência, existe cobertura técnica, presumidamente, para fazer frente a eventuais problemas de falência empresarial e da pessoa física.


cenário econômico Existem referências para os levantamentos que seguem. Sugere-se a leitura da bibliografia, para conhecer as fontes que também ajudaram neste levantamento e estudo. A seguir, de forma bem objetiva, apresentam-se as principais características dessa crise; formas de ver sua evolução; as soluções apontadas e o que poderá suceder, dinamicamente. Antecedentes – quando ocorre a crise: A formação da crise internacional do subprime nos EUA e sua propagação: • Empréstimos e financiamentos em abundância; • Relaxamento dos métodos de avaliação e concessão de créditos; • Linguagem friendly credit, que faz vista grossa a análises de crédito e dá perdão a quem tem dificuldades; • Agências de crédito elogiam a economia do próprio país e não analisam os efeitos de mudanças súbitas nem de riscos cumulativos; • Os consumidores tomam crédito vorazmente; • Consumidores não tradicionais no mercado de crédito e sem histórico positivo tomam mais crédito; • A economia se expande; o emprego diminui; os índices de endividamento se elevam. Todos vêem os dois primeiros elementos, e o governo e os bancos se esquecem de alertar para o terceiro; • O boom gera simpatias aos desenvolvimentistas e credores generosos, e ataque e massacre aos “alertadores” (acusados de alarmistas e marginalizados pela banca) e criteriosos; • Os bancos vendem, embrulhados em papel de luxo, títulos hipotecários podres, a taxas de juros altas; • Os bancos, os fundos e as corretoras compram os títulos, pelos rendimentos altos prometidos, e revendem a bons lucros aparentes aos fundos de aposentadorias e

A ação do Banco Central do Brasil é de muito bom senso, vigorosa e bem transparente

pensões, aos investidores e ao mercado em geral, globalmente; • O azar moral anda à solta, mas o reino do faz-de-conta se instala; • Entidades e instituições governamentais fazem “vista grossa” à farra do crédito; • Bancos e financeiras, movidos a lucros e resultados de curto prazo, continuam oferecendo crédito; • Permanece por um tempo a fé de que sempre haverá emprestador e pagador; • Após certo tempo, a inadimplência aumenta. Os bancos aumentam suas provisões, reduzem sua alavancagem, trocam mais avidamente títulos de todo tipo; • A qualidade dos tomadores chega a um limite. Não se concede crédito e a renovação fica escassa. Os maus devedores quebram primeiro; • Os títulos hipotecários são cobrados, mas não pagos. As carteiras dos bancos, fundos e investidores passam a valer menos, pelos deságios, e o mercado entra em crise de credibilidade; • A falta de confiança aumenta, dispara, e o país e o mundo descobrem o mercado de alto risco e de inadimplências em que se meteram; • Bancos alardeiam sua estabilidade, liquidez, segurança. Não adianta: muitos quebram, são comprados por outros ou recebem ajuda do governo; • O governo, passivo, assiste à

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débâcle, até que decide intervir, ajudando uns poucos com a verba pública que é de todos; • Pelo tamanho da crise e sua disseminação pelo mundo, não é bastante a ação do Fed e da SeFaz dos EUA: o mundo é confrontado com uma crise colossal e completa falta de transparência. A alquimia da crise: • Para aumentar a oferta de crédito nos EUA, deu-se crédito a 47 milhões de americanos que tinham “má reputação ou mau histórico ou nenhuma experiência com crédito, no mercado”, por 15, 20 e até 40 anos; • Na nova engenharia financeira, a meta era expandir o PIB e a economia, com a concessão do crédito aos excluídos, no pressuposto de que “a longo prazo, todos pagam”; • O preço das casas diluído em prestações mínimas dava uma chance de pagar. O crédito fácil acelerava as vendas residenciais e lançava o preço médio dos imóveis para cima. As famílias se sentiam ricas, com mais poder aquisitivo, e consumiam mais; • Mais “ricas”, as famílias davam seus apartamentos e casas de entrada para apartamentos e casas cada vez mais caras, e isso pôs em aceleração o mercado imobiliário; • Por efeito multiplicador, os setores da construção civil, de materiais de construção, de engenharia, de loteamentos, de infraestrutura residencial e afins se aqueceram. E o mercado de crédito a todos apoiou; • Os bancos e as financeiras revendiam os créditos hipotecários na forma de títulos hipotecários. Juntavam outros papéis para dar um gosto de mix de qualidade; • Formou-se um poderoso mercado de “veículos de créditos estruturados”. Numa economia e sociedade globalizadas, da informação: FINANCEIRO


• Espera-se que, para produtos e serviços globalizados, exista uma transação com acompanhamento e controle globalizado, assunto supranacional e do BIS, FMI, WB e uma World – SEC (inexistente) que precisa existir; • O que um agente financeiro inventa, transmite com marketing agressivo e vende com sucesso, outros imitam na hora. Cria-se um efeito bola de neve, que gera cifras bilionárias de negócios (bons e ruins) em tempo curto; • Operam blocos econômicos, bancos centrais e transnacionais. Os grupos de poder esperam que, pelo seu gigantismo, os problemas se dissipem ou sejam solucionados com o apoio do Estado; • À medida que o governo americano careceu de liderança e competência, ele relaxou, foi relapso e não resolveu os seus problemas internos. Bancos centrais da Europa e da Ásia não poderiam intervir, a menos que o problema das hipotecas se tornasse público; • Então, esperava-se melhor e maior controle das finanças globais, o que não ocorreu. Existem inúmeras medidas de regulação e de controles internacionais que se ausentam e não estão implantados. O que é a megacrise A crise atual sobrepassa as crises recentes do Japão e da Rússia, entre outras, porque acontece no epicentro da maior economia do mundo, a norte-americana. A megacrise é fruto de um conjunto de desacertos que foram se somando e se combinando ao longo de várias administrações e presidências. Inexiste um pai ou um responsável exclusivo para ela. A fonte que mina os problemas se constitui de créditos liberados abusivamente a tomadores incapazes de pagar, no mercado hipotecário; das incursões e invasões ao Afeganistão e ao Iraque, onde as guerras absorvem e geram despesas mensais de US$ 12 bilhões; ACREFI

A fonte que mina os problemas se constitui de créditos liberados abusivamente a tomadores incapazes de pagar

dos gastos públicos para mobilizar e facilitar a vida de 46 milhões de norte-americanos que possuem dificuldades financeiras ou mostram orçamentos insuficientes e combalidos, mormente. A combinação desses elementos requer uma arrecadação de impostos crescente, que pressiona pelo aumento da carga fi scal, algo que o cidadão americano com boa razão condena e quer ver mais bem controlado pelo Estado. As recentes confissões e admissões da própria Casa Branca, de que não havia instalações atômicas no Iraque, conforme aventaram os serviços de inteligência, criou uma triste e desconfortável situação para a Presidência dos EUA. Em que pesem os desejáveis esforços positivos desta para esclarecer a situação, a população ouviu reiteradas vezes que não havia fundamentos efetivos e reais para supor que houvesse bombas atômicas no Iraque. Isso minou profundamente a confiança nos norteamericanos em sua secular e tradicional Presidência, no caso particular do atual titular da Casa Branca, George W. Bush. No mercado de crédito, a devolução de milhões de casas vazias e as exigências repentinas para a renovação de créditos amedrontaram a população e inibiram o grau de confiança nas instituições. A permanência da guerra e o

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adiamento das datas de saída defi nitiva do Iraque e do Afeganistão, debatidos, mas não definidos, criaram a certeza da manutenção de uma alta carga fi scal. Com o sentido oposto ao desejado pela grande maioria da população, aos três acontecimentos supra-enumerados, a desconfiança se espraiou. E quando a desconfiança aumenta, o risco-país também sobe. Quando os bancos de outros países soberanos exigiram o pagamento dos papéis “estruturados hipotecários”, em ritmo crescente a partir de março de 2008, os bancos norte-americanos se viram em apuros e lentamente passaram a admitir difi culdades de capacidade de pagamento dos ditos papéis. A iliquidez das cédulas subprime acelerou e deslanchou de vez a crise. Então, a megacrise é: • Uma comprovação de que o sistema financeiro nacional (americano) e internacional funciona e fugiu do controle dos bancos centrais e das autoridades que deveriam controlar o mercado e as operações com quaisquer títulos; • A prova do desleixo e da indulgência com a qual os bancos, as corretoras e as financeiras eram tratados nos EUA para favorecer com olhos vendados o consumidor; • A demonstração da falta de transparência nas operações; • Uma crise geral de confiança nos bancos, nas autoridades instituídas e no sistema de crédito dos EUA; • O anúncio de grandes transformações regulatórias, que virão nos próximos anos, por pacotaços; • A necessidade de arranjos e reordenações globais, nacionais e empresariais – ninguém sai incólume – basta fazer aplicações e tomar créditos no mercado; • O aparecimento de grandes oportunidades: compra e venda de bancos; transação de carteiras de créditos; compra de bancos e fi nanceiras PME; momento de grandes fusões e aquisições; compra de


cenário econômico massas falidas e seus bens na bacia das almas; com queda das ações em bolsas, compras futuras (quando?) a preços atraentes; com queda do valor dos imóveis, algumas compras serão “a real bargain”; • A comprovação que o keynesianismo está vivo e é necessário: políticas intervencionistas de Estado salvam o capitalismo em grandes crises. O que implica a megacrise A megacrise possui inúmeras implicações, pela sua dimensão, complexidade, capilaridade e capacidade de penetração na tessitura socioeconômica empresarial e jurídica, entre elas, merecem destaque: • A demonstração das qualidades e capacidades do governo George W. Bush; • A demonstração das qualidades de Dick Cheney, o VP dos EUA, e seu staff ; • A demonstração das qualidades do secretário das Finanças, Paulson, e do atual presidente do Fed, Ben Shalom Bernanke; • A cessão de poder a quem gerou a megacrise. Seria isso inteligente e desejável? • Na revisão do valor das políticas do ex-presidente do Fed, Alan Greenspan: a crise não é de agora, muita gente a fez germinar e crescer, há tempos; • O crédito seca; fi ca superescasso e seletivo; • O crédito internacional some: ninguém acredita em ninguém; • A legislação é insufi ciente e os legisladores são moles; • Faz-se apelo à ajuda do Estado para salvar os bancos. Neste caso atual, antes de eles quebrarem, para quem administrou muito mal e freqüentemente de modo irresponsável, inconseqüente, liberam-se bilhões; • Na revisão dos mercados e produtos financeiros, urgentemente, como e em especial cédulas hipotecárias, operações de hedge e

Os novos vencedores comprarão muito com pouco. Os grandes perdedores perderão muito com mínima receita em caixa

IPOs, entre outros; • No empobrecimento do poupador e investidor honesto; e • Na punição dos que tiveram suas casas e residências retiradas à força da lei, 6,4 milhões de pessoas nos EUA em três anos. Certamente, as autoridades instituídas fazem seus esforços para encontrar soluções e sair da crise. A questão integrada que se coloca, contudo, à luz dessas boas vontades é: 1) O teor e a composição dos planos de ação são de qualidade e suficientes? 2) Existe um líder-mor que sabe integrar interesses e consegue fazer funcionar em harmonia as medidas, em tempo hábil? 3) Em fins de governo, o candidato Obama, democrata e sério, possui condições e interesse em abrir a sua tecnologia, o seu saber e de seus partidários, para salvar os republicanos? 4) Como crise é oportunidade, enquanto os EUA vendem seus títulos podres, os árabes e os russos compram com petrodólares, turbinados pela recente alta do petróleo, numerosas e gigantescas empresas onde antes imperava o capital norte-americano e europeu. Ou seja, à surdina, novos proprietários arrematam partes do mundo, com a economia americana necessitando voltar-se para dentro. Não seria essa a demons-

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tração de forças hegemônicas em perda dos EUA, que sairão menos poderosos da crise? Benefi ciários da crise Quando ocorre uma crise, há tanto ganhadores quanto perdedores. Isso não signifi ca que se trate de um jogo de soma zero ou que contabilmente se tenha um método perfeito de partidas dobradas. Os novos vencedores comprarão muito com pouco. Os grandes perdedores perderão muito com mínima receita em caixa. E contabilmente, os deságios dos papéis, das propriedades imobiliárias e afins, serão especialmente elevados. Algumas fi guras benefi ciadas com a crise serão as seguintes: • O s ricaços e “gatos gordos” de Wall Street , com inside information ; • Os yuppies, que entraram na hora certa e saíram antes da crise; • Os que se endividaram no início e até meados do booming das cédulas hipotecárias, entre 1987/1999 e saíram do mercado de crédito, pagando antecipadamente imóveis, após 10, 15 ou mais anos de crédito amigável; • Os bancos salvos com o dinheiro público; • Os grandes bancos líderes, como BofA; • Os grandes investidores ousados, que têm fórmulas simples e seguras de investir, comprovadas no tempo, como Warren Buffet; • Os donos de petrodólares, que comprarão bancos e entidades fi nanceiras a preços baixos; • Árabes, chineses e russos; • Os Estados soberanos e suas estruturas tecnocráticas. Nisso, os funcionários públicos, que verão a intervenção pública e estatal crescer; • Os judiciários e os advogados, que possuem e terão muitos milhões de casos de inadimplências a resolver; • Aqueles que advogam o fim FINANCEIRO


do liberalismo e do capitalismo tal como ele é, e acreditam na intervenção do Estado. Perdedores Os perdedores serão aqueles que sairão mais pobres, menos poderosos e menos prestigiados com os acontecimentos recentes e que estão por vir. Entre eles, vale citar: • Os contribuintes de impostos, sobre os quais recai a carga fi scal; • Os cidadãos em geral, que vêem seus representantes aumentarem o pacote financeiro de ajuda de US$ 700 bilhões a US$ 850 bilhões, sem maiores direitos de apelo, numa rapidez inédita e com liberdade imensa, a favor do secretário do Tesouro. Tal como diz o ditado “apressado come cru”, não houve amadurecimento de posições, nem os assuntos desse grau de complexidade foram entabulados nos foros adequados, de forma a se dar um quadro claro do que e do quanto se precisou. A nebulosa está criada e a crise de confiança, instalada; • Os investidores de bolsas de valores, que descobrem perdas colossais no seu dia-a-dia, com a queda do valor das empresas e a descoberta dos mecanismos de literais apostas especulativas dos tesoureiros em opções e futuros; • Os que tiveram suas casas retiradas e suas dívidas superam o valor de venda dos imóveis – estima-se em 21,8 milhões de operações; • Os investidores em cédulas hipotecárias – quem? Quanto? Onde? – isso está se revelando pouco a pouco; • Os investidores em “carteiras bombadas a crédito hipotecário”; • Os poupadores em geral, em face dos maus devedores, sejam honestos, sejam desonestos; • Os países do mundo, em geral; • Os países que dependem de maciças exportações aos EUA e à Europa, sobretudo; • Os que não enxergam o mundo com realismo e vivem num ACREFI

A inércia das massas e a passividade diante dos acontecimentos aprofundam as perdas

paraíso – no estilo, o Brasil é uma ilha de tranqüilidade. É de se esperar que, no futuro breve, os perdedores se articulem, para evitar mais perdas e forçar os legisladores a utilizarem um novo arcabouço regulatório local, nacional e mundial. A inércia das massas e a passividade diante dos acontecimentos aprofundam as perdas. É relevante que as autoridades mundiais se reúnam mais amiúde e o quanto antes, antes que as perdas se aprofundem e maculem os esforços de estabilização e desenvolvimento de outros países. O Brasil vem fazendo grandes progressos desde 1993, nos campos social, econômico, financeiro e jurídico. É relevante que acione os mecanismos prudenciais, internos e externos, para cooperar a favor da estabilidade mundial. Medidas tomadas As medidas a serem tomadas estão se iniciando e, no momento, são insufi cientes e fracas. O mercado sente essa insuficiência, a incoerência e reage em pânico, com medo, e os índices da Bolsa no mundo refletem a desconfiança, o medo e que a crise não apresenta uma macro-solução coerente. • Não é no fim de um governo fraco, mal-sucedido, gastador e crivado de erros no Iraque e no Afeganistão, que se resolverá o assunto;

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• Os republicanos estão num clima de “salve-se quem puder”; • Os democratas já fizeram muito antes das eleições para a Presidência, ao aceitarem e votarem no Congresso na segunda-feira o Pacote de Emergência dos EUA; • Os democratas não têm motivos para resolver o assunto antes das eleições presidenciais, se tiverem um plano de verdade, vão usá-lo após as eleições, se Obama for eleito. Agora, adotar medidas seria “botar azeitona na empada dos outros”. O que se tem é: 1) Uma Lei da Estabilização Econômica de Emergência, aprovada por 263 votos contra 171, em ambiente aterrorizante – “vamos entrar em pânico e todos vamos quebrar”, conforme o presidente George W. Bush; 2) Um início de Reforma do Sistema Financeiro; 3) Um secretário do Tesouro com poderes imensos, desmesurados, em fim de governo, anunciando o apocalipse e US$ 850 bilhões na mão de uma equipe escolhida por ele (definido como “o maior crime corporativo do século” por Michael Moore, cineasta, o maior desafeto público de George Bush filho e pai, e dos republicanos); 4) Mais pacotes por vir, o que é inevitável; 5) Crescente e maior intervenção do governo, com estatizações: como sucedeu com Ginnie Mae, Fannie Mae e afins; 6) O sintoma do efeito dominó: a Califórnia pede socorro de US$ 7 bilhões; 7) Os EUA perdendo empregos em massa: 159.007 vagas em setembro, pior retração em cinco anos, e o aumento do pedido de auxílio-desemprego; 8) A demissão e o corte de pessoal bancário: 132.727 dispensados nos bancos mundiais desde julho de 2007 (Bloomberg News);


cenário econômico 9) Os bancos pequenos e médios (uns 8.700) à deriva, com possibilidade ou de ajuda dos Bacens ou de compra de carteiras pelos bancos maiores; 10) A estimativa de 6.545.700 hipotecas que não serão pagas este ano nos EUA; 11) O fortalecimento, entre setembro de 2008 e janeiro de 2009, do caos das hipotecas; 12) A chance remota de o presidente Bush abdicar antecipadamente do poder, para que seu sucessor antecipe a faxina obrigatória (tal como na Argentina, onde Menem assumiu antes do previsto). O que não existe não se tem: 1) Medidas para recompor a capacidade de endividamento das famílias; 2) Medidas para punir exemplarmente os membros do Executivo, que afundaram os EUA numa crise desse tamanho; 3) Medidas duras que punam executivos de mercado incompetentes e de má fé, sem afetarem a estabilidade de suas famílias (ou vão todos juntos?); 4) A volta confiável do crédito ao consumidor nos EUA; 5) Uma fiscalização e um controle efetivo do Programa de Ajuda Emergencial. Os US$ 850 bilhões são dinheiro demais nas mãos do secretário Paulson. Como o país deu um cheque de US$ 850 bi, com controle em branco, no fim de governo? 6) Consenso entre autoridades monetárias mundiais. A Irlanda garante os bancos e furou a falta de apoio, como na Grã-Bretanha e Espanha. O influxo de capitais na Irlanda aumentou e a Grã-Bretanha teve de auxiliar seus bancos (4 de outubro em diante). A situação mundial exige respostas à altura da dimensão da megacrise e dos acontecimentos, do conjunto de responsáveis pelos mercados, sejam eles públicos, sejam eles privados.

Há grandes e boas razões para aprofundar a prudência, a cautela e a vigilância responsáveis

Medidas propostas para resolver de fato a crise: 1) Uma Legislação Preventiva de Crises; 2) Uma Legislação de Socorro de Emergências; 3) A criação de um Programa de Apoio Efetivo ao Consumidor Arruinado; ao Sistema Bancário; aos Bancos com Iliquidez e Carteiras com Problemas; 4) Reduzir e erradicar a ajuda aos maus administradores bancários e financeiros nos EUA; 5) A grande Reunião dos Bancos Centrais para discutir e estabelecer o que fazer com o assunto – prevista para novembro de 2008; 6) Fazer uma revisão e algo similar a Bretton Woods; 7) Ampliar o G-7 e incluir nele os BRICs; 8) Injetar proporcionalmente às necessidades de cada crise localizada, no todo em 64 países da Europa, da Ásia e das Américas, US$ 1,7 trilhão em até três meses; 9) Outras, em levantamento e andamento. Agências de avaliação de risco As Agências de Risco falharam elevadamente em sua maioria, algo de triste e não desejável. Não previram a crise nos EUA, andaram pela tangente. Seus compromissos aparentemente com os grandes bancos – seus prin-

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cipais clientes, logo a quem querem agradar – geraram uma relação incestuosa e sumamente complicada. Necessárias, caso ajustadas ao uso de mecanismos de análise neutros e técnicos, as agências mostraram grandes difi culdades para avisar aos investidores a tempo o que sucedia e o que está por suceder. Mostraram-se com metodologias defasadas e falhas para antecipar os problemas com títulos, e suas justifi cativas são insufi cientes. Em nome da segurança alheia e sob a alegação de que não poderiam desejar a formação de um “efeito manada” oriundo de suas declarações, pouco fizeram para dar um forte downgrade a quem fosse preciso. Medida urgente a tomar: substituir as Agências de Risco comprovadamente incapacitadas por agências, consultorias e escritórios de análise de risco independente, que não queiram agradar a curto prazo quem quer que seja, e atuem deveras sobre fatos, com coragem de antecipar o melhor e o pior dos mundos. O que vem aí Nostradamus não previu nada a respeito disto. Quem somos nós, para prever? Tudo é possível, ocorre rápido, o precipício é um fato na vizinhança, e o pânico se instalou nesses dias sombrios. Então, pela lógica e pela antilógica, com e sem silogismos: a) Uma recessão prolongada; b) Várias recessões prolongadas; c) Algumas medidas de bom senso, que aliviam os mercados. Outras medidas surpreendentes, nem sempre conhecidas em seus efeitos e impactos, que assombrarão, assustarão e inibirão os investidores, empresários e arrimos de família; d) Uma recessão nos EUA; e) Um maior olhar sobre a ativa economia da China. Não que se transforme em líder econômico mundial. Tão-somente é preciso reconhecer o dinamismo chinês, e crescer, FINANCEIRO


desenvolver-se, faz bem à humanidade, e todos querem compartilhar do sucesso alheio; f) Intensidade de crescimento menor, mas sensível, no Brasil. No lugar de recessão, taxas tímidas de crescimento; monitoramento agressivo da inflação; taxa de câmbio em movimento de alta, no curto prazo; g) Quebras bancárias possíveis em série, no mundo, por algum tempo; h) Quebras sucedidas por intervenções dos bancos centrais; i) Um aumento na compra / venda /fusão de bancos, corretoras e financeiras; j) Uma recauchutagem do FMI, do WB e do BIS; k) A redefinição do que é apoio global dos bancos centrais e dos

blocos econômicos, num mundo globalizado; l) A troca de lideranças nos EUA, reza-se por alguém bem melhor que Bush e sua equipe; m) Maior arrecadação de impostos nos EUA, no Brasil, na Europa; n) Aumento do volume de capital público para estabilizar o sistema financeiro; o) Os EUA perdem sua hegemonia, sua ação multipolar. Inicia-se uma era de multipolarização do capital financeiro no mundo. Conclusão O momento presente é excepcional. A dificuldade econômica reside no exterior. Há, contudo, grandes e boas razões

para aprofundar a prudência, a cautela e a vigilância responsáveis. Reduzir estoques, manter uma tesouraria bem líquida, dispor de bons ativos de grande demanda e menos ativos de grande valor unitário são decisões de bom senso. Os EUA encontrarão soluções para sair da complicada situação em que se encontram. Mas tanto as soluções quanto o amadurecimento das medidas demorarão dois, três ou mais anos. O mundo e seus países necessitarão aumentar o grau de cooperação e de interdependência. No plano geral, por isso mesmo, esse novo cenário é bem satisfatório e cheio de oportunidades, a favor do Brasil.

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cenário econômico 29. Kasznar, I. Definição do Tamanho Ótimo do Estado – TOE; RAP – Revista de Administração Pública, da EBAPE/FGV – Fundação Getulio Vargas; ISSN 0034-7612. 30. Kasznar, I. Revista FINANCEIRO, a revista do crédito; ano 6, n. 53; jul/ago, 2008. 31. Kilborn, J. Comparative Cause and Effect: Consumer Insolvency and the eroding social safety net; John Marshall Law School; Columbia Journal of European Law; vol. 14; n. 3; 2008. 32. Kilborn, J. Behavioral Economics, Overindebtedness & Comparative Consumer Bankruptcy; John Marshall Law School; Columbia Journal of European Law; vol. 22; 2005. 33. Kupelian, D. Inside Federal Reserve; WND unveils comprehensive report on fraud of the century; WorldNetDaily; www.worldnetdaily.com; August, 2006. 34. IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional. Análise dos fatores determinantes de Concordatas e Falências no Brasil – 2000-2006; mimeo. Depto. Pesquisas. Vol 658; www.ibci.com.br; 2006. 35. IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional. Modelos de previsão de falências e concordatas: da ADM às redes neurais e à Teoria do caos na prática; mimeo. Depto Pesquisas. Vol 642; www.ibci.com.br; 2005. 36. Lowenstein, R. The Education of Ben Shalom Bernanke; The New York Times; January 2008. 37. Mauldin, J. US in Recession desite manipulated employment and inflation statistics; www.marketoracle.co.uk; 2008. 38. Motta, J. De olho no furacão; Crise Externa; O Globo – Morar Bem; 5 de outubro de 2008. 39. O Globo; O pior dia na história das bolsas; 30 de setembro de 2008. 40. O Globo; do Washington Post; Fracasso Histórico; 26 de outubro de 2008. 41. Obstfeld, M; Krugman, P. Economia Internacional – Teoria e Política; 4ª edição; Makron Books do Brasil Editora; 1999. 42. RAP – Revista de Administração Pública da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, EBAPE, da Fundação Getúlio Vargas – FGV; série completa, dos anos 1994 a 2008. 43. Reuters; Global slowdown may put US in recession: Greenspan; July, 2008. 44. Rosenberg, D. Debunking five Miths; Global economic analysis; May 18, 2008. 45. Shcroeder, R. White House says US avoided recession; MarketWatch; www.marketwatch.com; 2008. 46. Summers, L. Natural Gas Guru; Financial Times; Nov. 2007. 47. Wikipedia; Alan Greenspan; www.wikipedia.org; 2008. 48. Wikipedia; Economic Crisis of 2008; www.en.wikipedia.org; 2008. 49. Wikipedia; Federal Reserve System; www.wikipedia.org; 2008.


seminário

Menor crescimento para o varejo “Temos munição mais do que suficiente para enfrentar as questões de liquidez”, destaca o presidente da Acrefi, Adalberto Savioli

Crédito escasso, entidades financeiras mais criteriosas na concessão e o câmbio em firme elevação: como ficará o cenário interno em 2009? A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ) e a Serasa analisaram o futuro econômico do País, no dia 13 de novembro, durante seminário intitulado “Perspectivas do Crédito para 2009”, junto a grandes especialistas do setor. Em um mundo em que os mercados de capitais estão integrados e a globalização se difundiu, o principal mecanismo de contágio da crise norte-americana é o sistema financeiro. Analistas econômicos têm analisado, nos últimos meses, o nível de contaminação da queda de confiança que impactou as bolsas de valores. O que mais interessa saber, neste momento, é como a economia interna será afetada. Na abertura do evento, o presidente da Serasa/Experian América Latina, Francisco Valim, comparou a crise atual com um fato de superação. “Poucos aqui sabem quem foi ‘Julinho’ Botelho, porém, essa é uma história que vale a pena relembrar. Ao surgir no túnel do Maracanã para substituir Garrincha num Brasil versus Ingla-

“Estamos satisfeitos com a parceria com a Acrefi, pois essa troca de experiência nos permite olhar o futuro do crédito com mais prosperidade” Francisco Valim

ACREFI

Adalberto Savioli, presidente da Acrefi

Francisco Valim, presidente da Serasa/Experian América Latina

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terra, Julinho ouviu um barulho assustador – orquestrado nas arquibancadas por torcedores. Em torno de 120 mil pessoas o rejeitavam, pois estava substituindo Mané Garrincha. Em poucos minutos, calou o estádio e, naquela partida, marcou dois gols, sagrando a vitória da seleção. Saiu de campo ovacionado por aqueles que o vaiaram”, relembrou Valim, mencionando que, “nos momentos de adversidade, a insistência deve prevalecer”.

José Pereira Gonçalves, superintendente técnico da Abecip


seminário

"Apesar da maior restrição na concessão de crédito, os empréstimos à pessoa física devem crescer 10% no próximo ano" Adalberto Savioli

A diferença entre os bancos brasileiros e os estrangeiros, segundo o presidente da Acrefi , Adalberto Savioli, é que o sistema bancário norte-americano sofreu perdas substanciais no setor hipotecário. “Os bancos brasileiros não têm empréstimos nesse setor. As questões impactantes no Brasil são reflexo da Luiz Horácio da Silva Montenegro, Osvaldo Luís do Nascimento, presidente da Anef diretor da Abel liquidez externa, e providências estão sendo tomadas. Não há problemas de solvência bancária no País, ou seja, continuaremos crescenPara o presidente da Serasa/Experian América Latina, do, só que em menores proporções. Apesar da maior qualquer perspectiva para 2009 é uma incerteza ou, restrição na concessão de crédito por parte das instituimais do que isso, é um desafio. “Estamos satisfeitos ções financeiras, os empréstimos à pessoa física devem com a parceria com a Acrefi , pois essa troca de expecrescer 10% no próximo ano”, disse Savioli, defendendo riências com grandes nomes do cenário econômico nos a “implantação do cadastro positivo permite olhar o futuro do crédito com como alternativa saudável para concesmais prosperidade.” são de crédito em 2009”. A maior parte dos especialistas preSegundo o superintendente técsentes não traçou quadro pessimista nico da Associação Brasileira das Entipara o ano que vem. A expectativa é dades de Crédito Imobiliário e Pouque o faturamento cresça menos do que pança (Abecip), José Pereira Gonçalem 2008, mas as estimativas anteriores ves, o crédito imobiliário no Brasil deve já embutiam um cenário de expansão desacelerar no próximo ano sem caumais fraco em 2009. sar grandes impactos. “Eu diria que o Nessa linha de pensamento, o precrédito imobiliário, neste momento, é sidente da Acrefi, Adalberto Savioli, um navio transatlântico: nem arrancará fez uma analogia otimista. “Temos acelerado nem freará bruscamente.” trabalhado muito para fomentar liquiGonçalves afirmou que o crédito dez no mercado. O Brasil é um país priimobiliário representa 70% do volume vilegiado em diversos setores, como o de recursos emprestados à pessoa física do petróleo; tivemos um investment no mundo. “Cerca de 10 milhões de unigrade ; temos forte crescimento das dades foram financiadas em 44 anos de commodities ; e o Banco Central dishistória no Brasil. A tendência futura é põe de mais de US$ 200 bilhões em ampliar o crédito com modelos menos reservas internacionais – posição subsburocráticos de concessão. Temos um tancial no mercado futuro de câmbio, défi cit habitacional que está em 8 Luís Félix Cardamone Neto, diretor ou seja, temos munição mais do que executivo do Banco Real – milhões, e todos os esforços são para suficiente para enfrentar as questões Aymoré Financiamentos que esse número não cresça.” de liquidez”, destacou.

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FINANCEIRO


No entanto, em relação ao volume de operações contratadas com recursos das contas de poupança no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), o resultado de 2008 deve superar um recorde histórico. “As operações do SBPE atingiram R$ 22,8 bilhões entre janeiro e setembro de 2008, um dos melhores resultados da história. Estamos projetando fechar o ano com R$ 30 bilhões”, avaliou o especialista. Pereira também informou que, no Brasil, o crédito imobiliário tem peso pequeno, de apenas 2,4% Executivos assistiram às apresentações sobre as perspectivas para 2009 no Produto Interno Bruto (PIB), e que se espera auSegundo Nascimento, o leasing é um instrumento mento desse número para 10% até 2015. estratégico na viabilização de projetos produtivos, tanto Para o presidente da Associação Nacional das que foi alvo de algumas medidas baixadas pelo Banco Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Luiz Central. “A Medida Provisória 442/08, que facilita o Horácio da Silva Montenegro, ainda é difícil mensurar socorro a bancos de pequeno porte, e o crédito a exporcom exatidão os problemas que o setor pode enfrentadores por parte do Banco Central autorizam empretar. “Estamos com uma instabilidade econômica munsas que operam com leasing a emitir letras de arrendadial, porém, ainda é cedo para avaliarmos precisamenmento mercantil com lastro em suas operações de créte os impactos.” dito. As medidas são uma resposta à crise financeira Em relação aos números setoriais, Montenegro internacional e pretendem colocar mais recursos no disse que, na área automotiva, foram produzidos 3,425 mercado de crédito brasileiro.” milhões de unidades – crescimento de 15% em relação Luís Félix Cardamone Neto, diretor executivo do a 2007. “As vendas internas alcançaram 3 milhões de Banco Real – Aymoré Financiamentos, disse que a unidades, aumento de 24,2% em relação a 2007.” crise pode refletir no Brasil, principalmente travando Sobre o setor de duas rodas, o presidente da Anef o financiamento externo das exportações, reduzindo disse que a produção nacional deverá ultrapassar a baras linhas interbancárias, causando falta de dinheiro reira dos 2 milhões de unidades, um incremento de para as empresas, encarecimento do crédito domés17,3% sobre a produção do ano anterior. “O fi nanciatico, perdas nos mercados de ações, aumento da promento para aquisição de veículos nos leva a estimar um cura por títulos públicos fly to quality e redução na crescimento da ordem de 25% a 30% – R$ 143,9 bilhões estimativa de crescimento do PIB em 2009. “Estamos – na comparação com 2007.” bem preparados para enfrentar essa crise. Acredito Osvaldo Luís do Nascimento, diretor da Associação que, no longo prazo, a economia brasileira estará Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), afi rmou que favoravelmente posicionada para atrair investimenas operações de leasing devem continuar crescendo: tos, em especial nos setores de infra-estrutura, servi“626% é o crescimento da carteira nos últimos cinco ços e exportações.” anos. Esse segmento no cenário nacional, a exemplo Ao final do evento, o diretor superintendente da do que aconteceu nos Estados Unidos, tem potencial Acrefi, Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho), para se converter em uma das principais ferramentas de mediou os debates sobre os temas das palestras. auxílio no setor produtivo.”

ACREFI

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artigo

Crédito é renda variável Mario MIranda/Agência Foto

23/10/2008

ROY MARTELANC, PROFESSOR DE FINANÇAS DA FEA/ USP E COORDENADOR DO MBA BANKING DA FIA

A crise do subprime tem sua origem na instável combinação de crédito de baixa qualidade e alavancagem. Se um desses fatores for eliminado, adeus crise de crédito. O alvo é a alavancagem.

Apesar de as instituições financeiras não estarem tão expostas a problemas de insolvência, o volume do crédito encolhe e as exigências ao tomador aumentam

Crédito ruim & alavancagem Isolado, o crédito de alto risco não chega a ser um problema sério. Imagine uma empresa de factoring, sem dívida financeira, que perca de 10% do seu patrimônio líquido com operações de crédito ruins. Grande coisa! Com uma rentabilidade de 20%, recupera a perda em meio ano e bola pra frente. Desagradável, mas nem de perto fatal. A alavancagem também não é um problema per si. Se o crédito for bom, o cliente provavelmente pagará e tudo fi cará bem. Mesmo se, como esperado, alguns clientes não pagarem, a margem dos demais será sufi ciente para compensar a perda. Novamente, nada de tão ruim ocorre. O problema está na combinação de inadimplência inesperadamente elevada e de alavancagem excessiva. Por isso, de tempos em tempos, o mundo vê crises bancárias e, por isso, os bancos são tão fortemente regulados. Em 2007, um banco de investimento norte-americano típico tinha alavancagem de 30 por 1, em uma cadeia de for-

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necimento em que fundos também eram alavancados. A garantia eram imóveis cujo preço subia endogenamente, crescimento de preço causado pela demanda gerada pelo próprio financiamento. Agora vemos que a situação era instável e que se tornou insustentável. Outros vilões, às vezes apontados, são as operações originate-todistribute, a securitização e o uso de derivativos. Na ausência de alavancagem, eles não são um problema sério, apenas são difíceis de compreender e de rastrear. Ponto negativo para as agências de rating, que não souberam cumprir seu papel e mostraram a todos que não são tão relevantes assim. A crise desembarca no Brasil pelo setor externo, pelas bolsas e pelas expectativas. Apesar de as instituições financeiras não estarem tão expostas a problemas de insolvência ou interligadas com as suas congêneres externas, o volume do crédito encolhe, e as exigências ao tomador aumentam. A preocupação é a mesma. Um aumento da insolvência pode ser dramático mesmo com alavancagens menores. Conhecemos e sobrevivemos a suficientes crises para saber que a solução é se proteger e deixar que passem. A restrição ao crédito é uma profecia auto-realizável. Menos crédito

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aumenta a probabilidade de insolvência, que reduz a propensão a emprestar, até que o ciclo se esgote ou seja interrompido. As áreas comerciais e de crédito das instituições financeiras entram em modo de espera. A economia real que espere também. Enquanto isso, o capital aguarda aplicado em títulos públicos. Ou há outra solução? Crédito enquanto renda variável de baixo risco Uma alternativa é redefinir o conceito de crédito. Deixa de ser renda fixa apimentada para se tornar renda variável de baixo risco. O investidor em renda fixa exige um retorno certo ou quase certo e uma remuneração sob a forma de taxa de juros. Já aquele que investe em renda variável prefere correr o risco, pois deseja uma remuneração maior e até uma volatilidade maior. Do ponto de vista de um investidor em renda variável, a volatilidade do PU dos contratos de crédito é muito baixa, mesmo durante uma crise de crédito. Os mecanismos são os já disponíveis e testados fundos de investimento, sejam os em direitos creditórios, sejam os imobiliários. Eles apenas passam a ser vendidos sob a forma de investimento em renda variável, mesmo que a operação original seja de crédito. Eles podem ser negociados em bolsa. As operações de crédito continuam no ativo da instituição originadora? Não se não houver co-obrigação. O

investidor deve ser qualificado? Não para operações de renda variável. Os recebíveis vencem? Sim, mas podem ser substituídos por novos de mesmo perfil. Há um estoque de ativos de baixa qualidade? Começa-se apenas com os contratos novos. Há pouca liquidez? Não se o volume emitido do papel for sufi cientemente grande. Haverá necessidade de repartir o lucro da operação com o investidor? Naturalmente. Credibilidade Surge um novo problema de agência a resolver: como o investidor se assegurará de que a instituição financeira não lhe transferirá predominantemente os seus ativos de baixa qualidade ou se tornará pouco exigente na seleção dos futuros clientes? Rating? Insuficiente credibilidade. Inadimplência do contrato? Sem histórico nos contratos novos. Score de crédito? Não há um padrão aberto pronto. A resposta está no terceiro pilar do Segundo Acordo da Basiléia: a disciplina de mercado. A divulgação freqüente dos principais indicadores da carteira leva à reavaliação permanente do seu preço. Nada diferente do mecanismo que o mercado de renda variável já utiliza com sucesso. Os fundos podem ser agrupados por risco e retorno, informando o cliente e mantendo intacta a reputação da instituição que os administra. Mesmo nas operações de maior risco, as quotas

de fundos não alavancados terão volatilidade e beta mais baixos do que os de qualquer ação. Novas dúvidas. A instituição financeira pode empurrar seus ativos tóxicos para o fundo? Que sejam escolhidos por sorteio entre os contratos de crédito elegíveis. Ela pode se tornar irresponsável na seleção de novos clientes? Que retenha parte dos contratos de crédito que originar, assumindo seu risco. Alguma dessas posturas pode ser quebrada ou contornada? Podem ser acionados uma auditoria e um seguro de compliance. O importante é converter o crédito em renda variável e retirar o impacto da alavancagem. A economia real Em geral, a arte imita a vida. Entretanto, há situações em que a vida imita a arte. Da mesma forma, o mercado financeiro geralmente acompanha, sinaliza e financia a economia real. Entretanto, ocasionalmente ele tem o poder de defi nir seus rumos por meio de sinalização e financiamento. A atual crise começou como uma de crédito ruim com alavancagem excessiva e propagou-se pelo mundo como uma de confiança e liquidez. Expectativas negativas e falta de crédito afetam a economia real. É justamente a economia real que deve ser poupada da crise, pois é ela que gera a produção que todos consumimos. Se ela for saudável, a sorte do setor financeiro é melhor.

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Leasing: crescimento sustentável Divulgação

24/10/2008

O setor de leasing se consolida de maneira perene. O saldo do Valor Presente da Carteira (VPC) – R$ 100,3 bilhões, em agosto de 2008 – cresceu mais de 600% nos últimos cinco anos. Os novos negócios, em agosto, totalizaram R$ 6,8 bilhões, cifra 18,4% superior ao volume de igual período do ano passado. A conjunção de fatores macroeconômicos, associada à atratividade da operação, é responsável pela evolução sem precedentes da atividade no País. O controle da inflação está sendo conduzido com pulso forte pela autoridade monetária; o Produto Interno Bruto (PIB) está em expansão; os investimentos produtivos devem ser impulsionados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado pelo governo federal para suportar a aspiração de crescimento sustentável do País; as bases de uma nova política industrial, para assegurar condições de competitividade para a indústria nacional, estão sendo empreendidas pelo País. Sem dúvida alguma, a crise deflagrada pelos Estados Unidos é uma ameaça que não respeita fronteiras, mas o governo brasileiro tem demonstrado vontade política para criar bases sólidas para evitar o pior. O conjunto de mudanças anunciado pelo Banco Central (Bacen) demonstra que o Brasil está mais bem preparado para

RAFAEL CARDOSO, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE LEASING (ABEL)

enfrentar choques externos e conseguirá aliviar os efeitos da escassez internacional de crédito. O leasing, pelo papel estratégico na viabilização de projetos produtivos, foi alvo de algumas importantes medidas baixadas pelo Bacen. Uma delas, o adiamento, de novembro de 2008 para janeiro de 2009, do cronograma de implantação do recolhimento compulsório sobre o arrendamento mercantil. Em janeiro, o governo decidiu que os bancos deveriam recolher compulsoriamente até 25% dos depósitos captados pelas empresas de leasing. A previsão do Bacen é que o adiamento do recolhimento compulsório sobre leasing deixe na economia R$ 8 bilhões. Outra medida importante anunciada pelo Bacen é a criação de novo canal de financiamento às empresas de leasing, a Letra de Arrendamento Mercantil (LAM), que proporcionará melhores condições para que as sociedades arrendadoras possam captar recursos. A decisão, que é uma reivindicação antiga do setor, deve ser permanente e não só emergencial. A LAM é mais ágil e irá baratear os custos operacionais e, em conseqüência, as operações ao arrendatário. Na Medida Provisória 422, a defi nição sobre a natureza da emissão de debêntures tem o mérito de desembaraçar esse mecanismo de captação.

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A MP esclarece que a aquisição de debêntures emitidas por sociedades de arrendamento mercantil, em mercado primário ou secundário, constitui obrigação de natureza cambial, não caracterizando operação de empréstimo ou financiamento. Ainda na esteira dos mecanismos criados pelo Bacen para minimizar os efeitos da crise financeira internacional, é preciso mencionar, pelo acerto da ação, o estímulo concedido aos bancos para a compra de carteiras de outras instituições, as chamadas cessões de direitos creditórios. Diante da demonstração inequívoca do governo brasileiro de que todas as medidas necessárias para não tirar o País da rota do crescimento serão empreendidas, estamos confiantes, mesmo diante de um cenário externo que deve se manter adverso por algum tempo, de que o ciclo virtuoso por que vem passando o leasing nos últimos anos não será rompido. Além do cenário econômico favorável, algumas características do leasing o tornam atrativo e contribuem para seu fortalecimento no País: é flexível e ajustável às necessidades do arrendatário; fácil e rápido na contratação; contratos são de longo prazo e o custo final é competitivo; condições tributárias são mais adequadas; o bem pode ser adquirido ao final do contrato; fomenta a inovação tecnológica; pro-

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porciona adequação ao fluxo de caixa. Outro fator decisivo para a performance da atividade é o dinamismo dos agentes desse segmento, representados pela Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), a partir dos quais o leasing conseguiu transpor obstáculos (conceituais, jurídicos, legais e tributários) que eram impeditivos para sua consolidação. A despeito dos resultados extraordinários dos últimos anos, o potencial de crescimento da carteira de leasing é considerável, porque as operações, hoje, ainda estão muito concentradas no setor automobilístico – 89,3% dos bens arrendados, seguido por máquinas e equipamentos, com 8,3%; equipamentos de informática, com 0,9%; e outros tipos de bens, com 1,5%. Há espaço no Brasil para o leasing se converter numa das principais ferramentas para viabilizar investimentos produtivos, seja por meio da modalidade operacional ou da maior

Há espaço no Brasil para o leasing se converter numa das principais ferramentas para viabilizar investimentos produtivos

utilização do leasing financeiro para máquinas e equipamentos. Setores mais dinâmicos da economia, que necessitam de atualização tecnológica permanente, encontram na operação de leasing um poderoso aliado na modernização, na expansão das atividades e na absorção das melhores condições de competitividade. O leasing pode ser utilizado em todas as suas potencialidades em setores-chave para a economia, como o de infra-estrutura, por exemplo. De acordo com o Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo pretende investir R$ 198 bilhões nos próximos quatro anos em segmentos como comunicação, energia, ferrovias, portos, saneamento e transportes. Considerado um dos gargalos para a ampliação da produção, o setor de infra-estrutura, em pleno funcionamento, é condição sine qua non para o crescimento econômico. O Brasil ainda tem questões internas e de ordem macroeconômica a resolver, mas acreditamos que os nós serão desatados, estimulando investimentos e projetando ainda mais luz sobre o arrendamento mercantil. E, se a robustez dos números do arrendamento é motivo de comemoração, ela não nos exime da responsabilidade de continuar trabalhando incessantemente para que o leasing permaneça sendo uma ferramenta em que os investidores depositem sua confiança.


análise econômica

Crise se agrava e o ajuste será lento Arquivo Acrefi

24/10/2008

CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES, EX-DIRETOR DO BANCO CENTRAL E CHEFE DO DEPARTAMENTO ECONÔMICO DA CNC

Arquivo Acrefi

MARIANNE LORENA HANSON, ECONOMISTA DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO

As medidas tomadas pelas autoridades monetárias e fiscais por todo o mundo não se mostraram suficientes para restaurar a confiança dos mercados

Crescem as incertezas quanto ao tamanho do estrago da crise financeira na economia. Desde a quebra do Lehman Brothers, um terremoto passou por Wall Street, renovando as pressões no mercado de crédito, nas bolsas de valores, nos mercados de capitais e no mercado interbancário. As expectativas de mais perdas entre as instituições financeiras e as incertezas relacionadas ao mercado de derivativos fizeram com que a falta de liquidez e a escassez de crédito se transformassem numa crise de solvência. Assim como a crise começou com um boom financeiro, relacionado à expansão rápida do crédito, à proliferação de ativos financeiros e ao financiamento sob risco significativo de “alavancagem” e descasamento, seu fim passa pela “desalavancagem” dos bancos e instituições financeiras e pela redução do tamanho dos mercados de derivativos. Para que isso ocorra, faz-se necessário um ajuste no balanço dessas instituições, por meio de novas capitalizações para fazer face à perda de valor de seus ativos, ou do financiamento destes num mercado com liquidez empoçada, quando não escassa. As medidas tomadas pelas autoridades monetárias e fiscais por todo o mundo não se mostraram suficientes para restaurar a confiança nos merca-

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dos. Um indicador tradicionalmente usado para medir o risco financeiro, mas especificamente o risco de crédito interbancário, como também o prêmio por liquidez, é o spread entre a taxa de juros Libor-Dólar e as Letras do Tesouro Americano. Historicamente, esse spread flutua em torno de 0,5%. Entretanto, durante a crise do subprime, oscilou entre 1% e 2% e se aproximou dos 5% nas semanas que sucederam a quebra do Lehman. Enquanto a confiança nos mercados não é retomada, os bancos centrais, principalmente o Fed, vão continuar injetando recursos via acordos de recompra ou leilões de moeda e ficando com os chamados “títulos tóxicos” na carteira temporariamente. Algo parecido aconteceu no Japão, em que os bancos, em vez de realizar os prejuízos de uma vez só, já que naquela ocasião não houve compra de títulos ou ações daquelas instituições, se viram obrigados a carregá-los em suas carteiras ao longo dos anos. Os títulos que estão sendo financiados pelo Bacen americano provavelmente seriam os primeiros a serem comprados sob o pacote aprovado pelo Congresso americano. Contudo, esses papéis da carteira do Fed devem estar com seus preços de garantia arbitrados pelo Fed com deságios que não refletem necessariamente seus

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valores de mercado. O risco de práticas de financiamento aos mercados recai na emissão excessiva de papéis pelo Tesouro Americano, o que pode contribuir para a elevação de suas taxas longas de juros. Contudo, no atual ambiente de aversão ao risco e de liquidez restrita, a demanda por essas emissões é crescente. O mais provável é que, por algum tempo, os mercados financeiros continuem “pedalando” com os recursos dos bancos centrais até que o Tesouro faça a capitalização por meio das medidas anunciadas no pacote, os ativos problemáticos sejam eliminados dos balanços das instituições financeiras, os mercados se ajustem e a confiança seja retomada. Esse processo será lento e ninguém pode prever até quando durará. A implementação do pacote proposto pelo Tesouro Americano não será tarefa fácil devido à dificuldade de precificação dos títulos. Provavelmente, os detentores dos papéis que o Tesouro Americano vai comprar, no afã de se livrar destes, vão oferecêlos com grande deságio. Se o Tesouro pagar pouco, como é esperado, resta saber como os prejuízos das instituições financeiras serão compensados pelas capitalizações exigidas. O cenário para a economia americana é bastante pessimista, com grandes chances de haver uma recessão de consumo. Os dados mais recentes mostram uma continuidade na queda dos preços das casas, uma contração no crédito às pessoas físicas, queda

nas vendas do varejo e na produção industrial. O último ciclo de crescimento da economia norte-americana baseou-se na forte expansão do crédito e valorização de ativos, concomitantemente a uma queda da renda dos trabalhadores. Com o estouro da bolha imobiliária e deterioração do mercado de trabalho, o elevado grau de endividamento das famílias americanas tornou-se insustentável. A União Européia enfrenta desafios igualmente difíceis. Com a decisão conjunta dos governantes de nacionalizar os bancos com difi culdades, os mercados se acalmaram. Entretanto, muitos acreditam que a conseqüência da crise financeira sobre o nível de atividade econômica seria mais grave na região, pois, devido às características estruturais da economia européia, como a rigidez no mercado de trabalho, por exemplo, o ajuste é mais demorado e os impactos negativos, mais duradouros. Além disso, a região já vinha de uma desaceleração do crescimento econômico. A tese do descolamento dos países emergentes sucumbiu à globalização financeira. Com a necessidade de capitalização, as instituições financeiras internacionais estão desfazendo suas posições nos ativos desses países, reduzindo o fluxo de recursos externos. Dessa forma, o crédito externo, além de mais caro, está mais escasso. No Brasil, as remessas de lucros e dividendos se intensificaram, pressionando a conta-corrente do ba-

lanço de pagamentos. O nervosismo dos mercados contribuiu para gerar grande volatilidade no câmbio, que deve continuar até que a confiança seja retomada. Além do câmbio, o crédito sentirá os efeitos da crise rapidamente. A escassez de liquidez externa e as taxas de juros mais elevadas já ocasionam uma redução de recursos disponíveis para empréstimos. Com a captação mais cara, também deverá haver uma redução nos prazos de financiamento. Ao longo do tempo, haverá um maior impacto sobre o nível de atividade econômica e nas contas externas, pois o desaquecimento da economia global certamente reduzirá o fluxo de recursos internacionais, tanto via exportações quanto via investimentos. O Banco Central deve agir com cautela nesse momento, pois os impactos da mudança no cenário externo sobre a inflação são ambíguos. Se por um lado a desaceleração da economia mundial reduz os preços das commodities e, por conseqüência, as pressões inflacionárias de preços relativos, por outro, deve prejudicar os termos de troca e levar a um real mais fraco do que o observado em boa parte de 2008. Adicionalmente, uma desaceleração da demanda interna via crédito também deve reduzir as pressões inflacionárias. Dessa forma, a variável-chave será a evolução da taxa de câmbio, que determinará o balanço de riscos da economia brasileira em 2009.


novos desafios

Na ferradura e no cravo Divulgação

27/10/2008

FERNANDO SAMPAIO, ECONOMISTA, SÓCIO-DIRETOR E SUPERVISOR DA EQUIPE DE ANÁLISE MACROECONÔMICA DA LCA CONSULTORES

dades imensas ao dimensionamento do seu impacto macroeconômico.

desaceleração da demanda e o violento repique da aversão ao risco. Mas há aspectos que podem mitigar de maneira importante a esperada queda do poder de compra relativo das exportações brasileiras. O ocorrido na grande recessão do início dos anos 1980 tem sido invocado como parâmetro para se aquilatar a dimensão da potencial queda dos termos de troca. Um fato central não tem recebido a devida atenção: naquela ocasião, um dos ingredientes centrais da crise era justamente o fato de que o preço do petróleo subia extraordinários 200% (como resultado, entre outros fatores, da ação do cartel de grandes exportadores reunidos na Opep). Em outras palavras, enquanto a cotação da maioria das commodities caía com força, a mais importante

Os termos de troca: lembretes importantes Dando continuidade a uma tendência presente desde 2005, os termos de troca do comércio exterior brasileiro vinham em trajetória de melhora (do ponto de vista do poder de compra da moeda brasileira) até setembro. O preço das exportações em alta firme mais do que compensava o aumento, também expressivo, dos preços dos bens que o País importa (pelos cálculos abalizados da Funcex). É cristalino que as chances de continuidade dessa melhora foram corroídas nas últimas semanas, dada a deterioração do quadro econômico global – em que se destacam a clara

Gráfico 1 – Variação dos termos de troca (MM3Anos, em % ao ano) 15 10

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É bastante espinhosa a tarefa de escrever a respeito de perspectivas da conjuntura econômica num contexto de excepcional volatilidade e incerteza como o atual. No caso do Brasil, é notório que o epicentro da incerteza diz respeito à evolução da taxa de câmbio. E é justamente de dois fatores que condicionam essa evolução que este breve artigo irá tratar. Evitando a armadilha de centrar o foco em questões de curtíssimo prazo (que poderão estar superadas até esta revista chegar às mãos do leitor), aborda-se, primeiro, o comportamento dos termos de troca e, em seguida, apresentam-se algumas considerações acerca das relações entre a taxa de câmbio, a taxa de juros e a rentabilidade da atividade exportadora. A avaliação, apresentada aqui de modo bastante sumário (e que se alimenta da reflexão de toda a equipe de análise macroeconômica da LCA), é de que os termos de troca poderão ter impacto menos negativo sobre o real do que muitos esperam. Em paralelo, porém, a redução dos ganhos financeiros propiciados por operações financeiras ligadas ao câmbio poderá ter um impacto adverso relevante sobre a rentabilidade e mesmo a competitividade de atividades exportadoras. A probabilidade de que esse impacto seja bastante heterogêneo não apenas entre setores, mas também entre empresas de um mesmo setor, cria dificul-

Fonte: FUNCEX. Elaboração: LCA.

36

FINANCEIRO


Gráfico 2 – Variação dos termos de troca exclusive combustíveis (MM3Anos, em % ao ano) 15 9 10

8

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5 4

5 1

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0 0 -2 -2

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79

77

-15

Fonte: FUNCEX. Elaboração: LCA.

disparava na direção oposta. Na atualidade, isso está longe de se verificar: como se sabe, o petróleo não tem escapado à queda substancial que (em graus variados) afeta o conjunto das commodities. Outro aspecto, complementar, é que, no começo da década de 1980, as compras de petróleo respondiam por quase 60% do valor total das importações brasileiras, proporção que, desde então, recuou progressivamente, situando-se nos últimos anos na faixa de 20% a 25%. A combinação desses elementos resultou, descontada a influência do petróleo, a queda dos termos de troca no início da década de 1980, que foi bem menos intensa (Gráficos 1 e 2) – e poderá ser, agora, menos

dramática do que se teme. E não é apenas pelo petróleo que a queda das cotações das commodities traz alívio aos termos de troca: a importação de outros bens primários (como o trigo, por exemplo) também é relevante. Por isso mesmo a correlação entre índices agregados de commodities e os termos de troca brasileiros é relativamente baixa, mesmo considerando defasagens (Gráfico 3) – a correlação entre os temos de troca e os índices CRB é da ordem de 45%. Câmbio e juros, competitividade e rentabilidade dos exportadores A progressiva e significativa valorização da moeda brasileira ao longo dos últimos anos foi acompanhada por um crescimento contí-

Gráfico 3 – Termos de troca vs CRB (Var. % sobre o mesmo mês do ano anterior) 15

50 Termos de troca (eixo esq.)

40

CRB spot (eixo dir.)

10

CRB futuro (eixo dir.)

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Fontes: Bloomberg e Funcex.

ACREFI

37

jul/08

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jan/07

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jan/98

-30 jul/97

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nuo (embora declinante) dos volumes embarcados. Sobretudo no caso da exportação de manufaturados, cuja competitividade externa é, em geral, bem mais sensível ao nível do câmbio, a sustentação do crescimento era, para muitos, surpreendente. Há muito se sabe (graças à Funcex) que os exportadores de manufaturados brasileiros vinham conseguindo neutralizar boa parte do impacto do câmbio menos favorável por meio de aumentos de preços. E também já se tinha noção de que os ganhos financeiros (associados ao altíssimo diferencial entre o nível da taxa de juros no mercado interno e no exterior) também tinham alguma influência nessa resistência. As recentes notícias relativas a grandes operações financeiras cambiais de altíssimo grau de risco sugerem que o recurso a esse tipo de expediente para reforçar a rentabilidade das empresas exportadoras (e eventualmente até para preservar a sua competitividade, vale dizer, a sua capacidade de reter fatias do mercado externo) pode ter sido bem mais intenso e bem mais espraiado do que se supunha. Chama a atenção, em particular, o fato de que algumas das companhias, que já se sabe que recorreram a essas operações, não tinham problemas sérios de competitividade, pois exportavam commodities em que a produção brasileira goza de vantagens comparativas importantes. Esses pontos levantam a seguinte questão: presumindo-se que não se reponham condições propícias à continuidade do recurso tão intenso a oportunidades arriscadas de ganho financeiro, até que ponto a rentabilidade e mesmo a competitividade das exportações brasileiras se verão afetadas? É uma pergunta para a qual não parece haver condições sequer de esboçar uma resposta mais específica. Mas é possível que esse seja mais um fator a dificultar um refluxo mais pronunciado e mais sustentado da cotação do dólar no mercado doméstico (comparativamente aos níveis exorbitantes alcançados na semana encerrada em 24 de outubro).


artigo

Como será o novo marco regulatório depois da crise financeira mundial? Divulgação

23/10/2008

O atual cenário de instabilidade dos mercados financeiros tem gerado reações de diversos governos, especialmente daqueles dos países mais afetados. Uma estratégia anunciada por Gordon Brown, primeiro-ministro britânico, é simplesmente adotar a estatização de instituições financeiras como forma de garantia aos investidores de que os compromissos assumidos serão honrados. Outra estratégia, seguida pelo governo estadunidense, é eliminar a causa da crise de confiança de circulação de títulos do mercado. Embora ambas as abordagens não possuam aparentemente pontos de contato, o certo é que, cedo ou tarde, todos os países vitimados pelas turbulências tenderão a implementar regimes regulatórios mais rígidos para evitar novas crises. Neste contexto adverso, o que se pode esperar desses novos regimes regulatórios? A resposta precisa investigar as causas dessa crise, pois novas regulações tendem a ser reativas aos problemas surgidos. Notadamente, a crise atual resulta de um erro na avaliação de risco, feito por instituições financeiras, na concessão de crédito. Num primeiro momento, as instituições financeiras emprestaram recursos para a aquisição de bens cujo preço de mercado estava supervalorizado devido a uma bolha imobiliária; em seguida, com a queda dos preços de imóveis e o aumento da ina-

LEOPOLDO U. C. PAGOTTO, ADVOGADO DE XAVIER, BERNARDES, BRAGANÇA, SOCIEDADE DE ADVOGADOS

dimplência – estima-se que cerca de 45% dos imóveis financiados apresentam valor de mercado inferior ao valor da dívida que deveriam garantir –, as instituições financeiras começaram a sofrer enormes prejuízos. O resto da história é bem conhecido: as mortgage-backed securities circularam pelo mundo afora e dividiram, com o resto do mundo, um risco que era norte-americano na sua origem. Desse modo, fica evidente que os novos marcos regulatórios provavelmente se focarão na tentativa de mitigar futuras causas da crise similares a essa, ou seja, tratarão da regulação do risco. Nesse quesito, merecem destaque as orientações gerais do Comitê da Basiléia (antigo Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia), uma vez que tais recomendações visam exatamente evitar o alastramento de crises como a vivida atualmente. Talvez nesse ponto surjam as maiores mudanças regulatórias. Após distúrbios no mercado financeiro em 1974, o Comitê da Basiléia foi formado por iniciativa das autoridades monetárias da Bélgica, do Canadá, da França, da Alemanha, da Itália, do Japão, de Luxemburgo, da Holanda, da Espanha, da Suécia, da Suíça, do Reino Unido e dos Estados Unidos.1 Impossível negar que parte considerável das normas adotadas pelas autoridades monetárias de vá-

38

rios países, inclusive do Brasil, recebe influência direta das proposições desse grupo. 2 Particularmente importantes são os seus “Princípios Essenciais para uma Supervisão Bancária Eficaz”, que contêm disposições gerais3 e seu “Compêndio [a ser atualizado periodicamente] das Recomendações, Orientações e Normas do Comitê da Basiléia”, aos quais o documento dos Princípios Essenciais faz muitas referências.4 Nos anos 1980, como decorrência da liberalização dos mercados financeiros, a intensificação da concorrência entre instituições financeiras suscitou preocupações do Comitê sobre os riscos que estavam sendo assumidos pelos agentes econômicos. Temia-se que, no afã de obterem lucros, algumas instituições financeiras se expusessem muito acima de sua capacidade.5 Além disso, a crise da dívida nos países em desenvolvimento também aumentou as incertezas sobre a saúde dos mercados financeiros.6 Em 1988, para contornar esses riscos, o Comitê emitiu o Basel Capital Accord (Acordo da Basiléia sobre o Capital), por meio do qual perseguia, com a padronização, a criação de níveis de capitalização adequados e de igualdade para os agentes de mercado nas diversas jurisdições (level playing field), a fim de evitar que se atingisse elevado volume de transações sem que houvesse o correspondente nível

FINANCEIRO


de capital considerado necessário à solvabilidade do agente econômico.7 O acordo funda-se em três “pilares”. O pilar 1 define a “razão mínima do capital entre os ativos ponderados de acordo com os riscos”; o pilar 2 impõe às autoridades o dever de “efetuar a revisão qualitativa das técnicas de alocação de capital dos seus bancos e a observância destes padrões”; e o pilar 3 estabelece mecanismos de disclosure, a fim de “facilitar a disciplina pelo mercado”.8 O acordo contém, também, instruções sobre o risco do capital, que é divido em duas categorias. O de primeira linha inclui o capital subscrito do banco, lucros retidos e ações preferenciais, cujos dividendos não se juntarão irrevogavelmente ao capital social caso o emitente não efetue o pagamento dos dividendos (non-cumulative perpetual preference shares). Já o de segunda linha consiste das reservas reavaliadas contabilmente (revaluation reserves), reservas não-divulgadas (undisclosed reserves) e empréstimos subordinados com prazo superior a cinco anos e ações preferenciais, cujos dividendos se juntarão irrevogavelmente ao capital social caso o emitente não efetue o pagamento dos dividendos (cumulative perpetual preference shares).9 O capital de primeira linha não representa risco algum, ou seja, recebe a nota máxima de 100%. Por seu turno, o de segunda linha é avaliado e recebe “notas” (0%, 10%, 20%, 50% ou 100%), tomando-se por base critérios que incluem, por exemplo, a condição da outra parte.10 Ao fim, pondera-se o capital de primeira linha com o de segunda linha e se obtém uma razão. O índice de solvabilidade estabelecido no pilar 1 para bancos é de 8%.11 No Brasil, o mesmo valor era previsto, mas foi posteriormente majorado. À primeira vista, tal mecanismo foi insuficiente para evitar que instituições financeiras se expusessem excessivamente ao risco. Entretanto, não é a mera relação matemática que está equivocada – é a forma de classificação de avaliação dos créditos que, na sua

ACREFI

Há uma tendência de que as autoridades monetárias se mostrem céticas quanto à concessão de maior liberdade para as instituições financeiras

origem, foi considerada como sendo de baixo risco, enquanto deveria ser rotulada como de alto risco. Sob esse aspecto, as regras podem ser criticadas por serem genéricas e não fornecerem diretrizes mais precisas sobre como avaliar o risco de cada transação. Em 1998, os membros do Comitê da Basiléia decidiram que as regras estabelecidas haviam se tornado inadequadas, o que em parte se deveu ao desenvolvimento das técnicas de avaliação de risco. Por mais paradoxal que possa parecer no cenário atual de crise, Basiléia II permite que o limite mínimo de 8% seja flexibilizado, especialmente para os grandes bancos, que seriam capazes de desenvolver mecanismos mais sofisticados de avaliação de risco. Tal flexibilização

1

somente seria autorizada individualmente na hipótese de o banco convencer as autoridades monetárias de que seus mecanismos de avaliação de risco são mais sofisticados do que os vigentes no pilar 1. Ora, diante do cenário atual de crise causada por erros na avaliação do risco, é possível que, após apagados os focos de incêndio, as autoridades bancárias se voltem para a imposição de regras mais estritas para avaliação de risco na concessão de crédito. Desse modo, menos liberdade de ação pode ser uma das características do marco regulatório em virtude dos critérios dúbios adotados na regulação do risco feita pelas instituições financeiras. Portanto, como a crise financeira resulta de equívocos na avaliação do risco, há uma tendência de que as autoridades monetárias se mostrem céticas quanto à concessão de maior liberdade para as instituições financeiras. O mais provável é que se assista a um recrudescimento das normas de avaliação de risco, de modo a se combater as causas da atual crise, ainda que isso possa fazer com que alguns dos aperfeiçoamentos obtidos com Basiléia II sejam perdidos.

CRANSTON, Ross. Principles of banking law, p. 63-64. Idem, p. 64. “The prestige and power of the committee’s members have meant, however, that in practice many other countries adopt its standards. Banking supervisors in other parts of the world have formed parallel committees.” 3 Isso se aplica inclusive em relação à adequação ao capital. Ver COMITÊ DE SUPERVISÃO BANCÁRIA DA BASILÉIA. “Princípios Essenciais para uma Supervisão Bancária Eficaz”, Basiléia, setembro de 1997, p. 22. “Princípio 6: Os supervisores bancários devem estabelecer, para todos os bancos, requisitos mínimos, prudentes e apropriados, de adequação de capital. Tais requisitos devem refletir os riscos a que os bancos se submetem e devem definir os componentes de capital, levando em conta a capacidade de absorção de perdas de cada um. Pelo menos para os bancos com atuação internacional, esses requisitos não devem ser menos rigorosos do que os estabelecidos no Acordo de Capital da Basiléia.” 4 COMITÊ DE SUPERVISÃO BANCÁRIA DA BASILÉIA. “Princípios Essenciais para uma Supervisão Bancária Eficaz”, Basiléia, setembro de 1997, p. 1. 5 BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. Secretariado do Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária. The New Basel Capital Accord: an explanatory note, p. 12. “The major impetus for the 1988 Basel Capital Accord was the concern of the Governors of the G10 central banks that the capital of the world’s major banks had become dangerously low after persistent erosion through competition.” 6 CRANSTON, Ross. Op. cit., p. 89. 7 BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. Secretariado do Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária. The New Basel Capital Accord: an explanatory note, p. 12. 8 BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. Secretariado do Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária. The New Basel Capital Accord: an explanatory note, p. 10. “Pillar 1: The rules that define the minimum ratio of capital to risk weighted assets. Pillar 2: The supervisory review pillar, which requires supervisors to undertake a qualitative review of their bank’s capital allocation techniques and compliance with relevant standards. Pillar 3: The disclosure requirements, which facilitate market discipline.” 9 VALDEZ, Stephen, WOOD, Julian. An introduction to global financial markets, p. 31. 10 CRANSTON, Ross. Principles of banking law, p. 90. 11 Ver COMITÊ DE SUPERVISÃO BANCÁRIA DA BASILÉIA. Princípios Essenciais para uma Supervisão Bancária Eficaz. Basiléia, setembro de 1997, p. 23. 2

39


análise setorial

Mario Miranda/Agência Foto

Causas da crise do subprime 23/10/2008

PROF. DR. ALBERTO BORGES MATIAS, PRESIDENTE DO INEPAD

D

iversas discussões acontecem atualmente acerca de como a crise norte-americana e seus desdobramentos podem afetar os mercados de diversos países e da economia global. Investidores, empresas e consumidores agem com desconfiança sobre a profundidade e a dimensão dos impactos da crise. Muitos países já foram afetados diretamente, e muitos outros temem conseqüências indiretas, como retração do mercado de crédito, queda do consumo e do valor das empresas. A atual instabilidade econômica tem norteado as principais decisões sobre investimento, concessão de

crédito e interferência dos governos, na tentativa de afastar riscos, sem comprometer a atividade econômica. Entender a causa da crise é o primeiro passo para dimensionar seus reflexos nos mercados e conhecer quais mercados estão mais expostos ao risco. A taxa prime é uma taxa preferencial de juros aplicada nas operações financeiras do mercado norte-americano. Assim como a taxa Libor, da Inglaterra, ou o Certificado de Depósitos Interbancários (CDI) do Brasil, a taxa prime é utilizada na concessão de crédito de baixo risco. A expressão subprime é fortemente utilizada para mencionar a

FED FUND RATE E SETOR 7%

2.300

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1.300 /0 ag 0 o/ 0 no 0 v/ 0 fe 0 v/ 0 m 1 ai /0 ag 1 o/ 0 no 1 v/ 0 fe 1 v/ 0 m 2 ai /0 ag 2 o/ 0 no 2 v/ 0 fe 2 v/ 0 m 3 ai /0 ag 3 o/ 0 no 3 v/ 0 fe 3 v/ 0 m 4 ai /0 4

ai m

fe

v/

00

0%

Fed Fund Rate (%)

Casas construídas

Fonte: INEPAD, FED

40

A concessão de crédito foi incentivada pela diminuição do custo de operação, por meio da redução da cobrança de juros

atual crise norte-americana, pois se refere aos títulos de créditos que se tornaram de alto risco de crédito. Com intenção de oferecer maior incentivo à economia norte-americana em 2001, o Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos, decidiu reduzir a taxa básica de juros – Fed Fund Rate. Essa medida trouxe dois grandes reflexos na economia: no mercado acionário e no mercado de crédito. O primeiro registrou crescimento substancial devido ao aumento das aplicações vindas de fundos de renda fixa, pois estes ficaram menos rentáveis e atrativos, com a diminuição da taxa básica de juros. A concessão de crédito foi incentivada pela diminuição do custo de operação, por meio da redução da cobrança de juros. Além disso, a concessão de crédito imobiliário, em especial, foi fortemente influenciada pelo aumento da demanda.

FINANCEIRO


FED FUND RATE E SETOR IMOBILIÁRIO 6%

2.500

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3% 2%

A decisão do Fed, em 2004, foi determinante para iniciar um desequilíbrio no mercado de crédito e acionário norte-americano

1.000

1% 500

ja n/ 04 ab r/0 4 ju l/0 4 ou t/0 4 ja n/ 05 ab r/0 5 ju l/0 5 ou t/0 5 ja n/ 06 ab r/0 6 ju l/0 6 ou t/0 6 ja n/ 07 ab r/0 7 ju l/0 7 ou t/0 7 ja n/ 08 ab r/0 8

0%

Fed Fund Rate (%)

Casas construídas

Fonte: INEPAD, FED e BC

BOLSAS DE VALORES – VARIAÇÃO MENSAL (%) 10

4

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Hong Kong set/08

São Paulo

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Fonte: INEPAD & Yahoo Finance

A redução da taxa básica de juros em janeiro de 2001 está associada com a posse de George W. Bush da Presidência dos EUA, cuja política buscou desde o início elevar o nível de aprovação do governo pela população. Com o setor imobiliário aquecido, ocorreu uma valorização robusta dos preços dos imóveis nos EUA. Com a alta do preço do imóvel, o qual é oferecido como garantia na aquisição de empréstimos, os consumidores puderam renegociar a dívida e tomar mais crédito. Muitos desses consumidores aplicaram o dinheiro tomado via empréstimo na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). Esse cenário permaneceu até meados de 2004, quando o Fed voltou a elevar a

ACREFI

taxa básica de juros com a justificativa de tentar conter o possível descontrole inflacionário no país. A decisão do Fed, em 2004, foi determinante para iniciar um desequilíbrio no mercado de crédito e acionário norte-americano e na conseqüente crise financeira global. Os fundos de renda fi xa voltaram a ser atraentes, e a Bolsa de Valores de Nova York perdeu parte dos investimentos, registrando desaceleração do crescimento das cotações. E com juros mais elevados, a facilidade de aquisição de crédito foi comprometida, as prestações aumentaram e o principal setor envolvido, o imobiliário, registrou uma queda acentuada no número de vendas e construção de novas unidades, além de

41

elevação dos níveis de inadimplência e insolvência. Com esse desaquecimento no setor imobiliário, os imóveis começaram a sofrer forte desvalorização e, conseqüentemente, as garantias oferecidas aos bancos nas operações de empréstimo também perderam valor. Diante da nova condição, as instituições financeiras solicitaram o pagamento das dívidas ou a reposição em garantia com valor equivalente ao empréstimo tomado. Muitos consumidores se viram numa situação difícil, pois, sem condições de pagamento ou de oferecer garantias, se tornaram insolventes. Nesse momento, as instituições financeiras assumiram prejuízos de bilhões de dólares, iniciando-se, portanto, a crise financeira norte-americana conhecida como subprime. As instituições financeiras norteamericanas, assim como as demais instituições ao redor do globo, realizam operações no mercado de capitais para poderem obter liquidez e emprestar aos consumidores no varejo. O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários, no qual os títulos de emissão das instituições podem ser negociados. Grandes investidores institucionais de todo o mundo, como fundos de pensão, fundos de investimento e seguradoras, atuam nesse mercado com a perspectiva de obterem rentabilidade na operação e gerarem valor aos acionistas. Desse modo, muitas outras instituições financeiras, tanto dos EUA quanto da Ásia e Europa,


análise setorial

As empresas precisam se preparar para passar por uma nova conjuntura econômica, com adaptações no planejamento estratégico e na gestão de riscos financeiros

Colaborou para o desenvolvimento deste artigo Jordão Tomas de Resende, analista financeiro do Inepad.

estavam ligadas, diretamente ou indiretamente, aos bancos imobiliários norte-americanos. Desse modo, as conseqüências da crise imobiliária se alastraram globalmente, distribuindo prejuízos a vários investidores em diferentes continentes. As instituições financeiras Bradford & Bingley, da Inglaterra; Hypo Real Estate, da Alemanha; e a Glitnir, da Islândia, são exemplos de alguns agentes envolvidos nessa crise financeira. O desconhecimento sobre a dimensão da crise, bem como sobre a amplitude de instituições e países afetados por ela, repercutiu em todos os mercados acionários do mundo. A crise de desconfiança, que agora se fala até em retração da economia real dos países, gerou uma profunda instabilidade em diversas bolsas de valores do mundo. Além disso, para agravar a instabilidade nesse mercado, a falta de liquidez internacional, represada em instituições privilegiadas, fez com que diversas bolsas de valores perdessem aplicações de investidores estrangeiros. As bolsas de valores de Nova York, de Londres, de Hong Kong e de São Paulo passaram por forte desvalorização no segundo semestre de 2008, registrando em outubro um retorno negativo de 21%, 17%, 11% e 26%, respectivamente. Em setembro e outubro de 2008, já foram anunciados pacotes de ajuda ao mercado pelos governos norte-americano e europeus, no montante de US$ 700 bilhões e US$ 2,2 trilhões, respectivamente. As decisões buscam amenizar o problema de falta de liquidez no mercado bancário internacional. A perspectiva é que a crise de desconfiança do investidor, em relação às incertezas dos desdobramentos da crise e também aos possíveis impactos na economia real, deva permanecer durante o primeiro trimestre de 2009, pelo menos, com forte oscilação no mercado acionário. A economia brasileira vem apresentando certa blindagem diante

42

dos acontecimentos na economia global, apesar de a Bolsa de Valores de São Paulo ter apresentado a maior queda dentre as bolsas do mundo. As instituições financeiras nacionais não apresentam relações diretas ou indiretas com os bancos imobiliários norte-americanos afetados pela crise. A economia e as empresas brasileiras apresentaram nos últimos anos sólido desempenho, sendo que a Bolsa de Valores dependia de investidores internacionais e das empresas de exportações e importações. Diante da volatilidade da cotação do dólar, o Banco Central tem plena capacidade de manter o controle cambial, desde que assim defina, por meio da distribuição da moeda ao mercado, possibilitado pela sua grande reserva, de mais de US$ 200 bilhões. As captações de empréstimos no exterior são pequenas diante dos ativos totais das instituições financeiras brasileiras, mas foram prejudicadas pela falta de liquidez internacional, preocupando o mercado sobre a disponibilidade de crédito interno. Esse vazio gerado não pode ser facilmente coberto pela redução do compulsório, em face do empossamento de liquidez nas grandes instituições. Já as operações de redesconto e de compra de carteiras pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal surtiram mais efeito, mas as instituições tomadoras aproveitaram para aumentar suas taxas ativas. Nesse momento de incertezas, as empresas precisam se preparar para passar por uma nova conjuntura econômica, com adaptações no planejamento estratégico e na gestão de riscos financeiros. Já os bancos precisam aperfeiçoar ainda mais suas práticas de gerenciamento de risco financeiro, além de sofrerem adequações em sua regulamentação que possibilitem a integração das inspeções do mercado de capitais e bancário, tendo em vista tornar mais claro os processos e as operações de suas atividades.

FINANCEIRO


banco de dados por INEPAD TAXAS MÉDIAS GERAL DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

35,5 35,4 34,7 33,8 37,3 37,4 37,6 37,4 37,6 38,0 39,4 40,1 40,4

-0,2 -0,1 -0,7 -0,9 3,5 0,1 0,2 -0,2 0,2 0,4 1,4 0,7 0,3

10,9 11,0 11,2 11,5 11,6 11,4 12,2 12,4 13,1 13,5 13,8 13,9 14,0

-0,1 0,1 0,2 0,3 0,1 -0,2 0,8 0,2 0,7 0,4 0,3 0,1 0,1

24,6 24,4 23,5 22,3 25,7 26,0 25,4 25,0 24,5 24,5 25,6 26,2 26,4

-0,1 -0,2 -0,9 -1,2 3,4 0,3 -0,6 -0,4 -0,5 0,0 1,1 0,6 0,2

Variação set-set

4,9

3,1

1,8

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

PESSOA FÍSICA DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

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set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

46,3 45,8 44,8 43,9 48,8 49,0 47,8 47,7 47,4 49,1 51,4 52,1 53,1

-0,3 -0,5 -1,0 -0,9 4,9 0,2 -1,2 -0,1 -0,3 1,7 2,3 0,7 1,0

11,3 11,3 11,5 12,0 12,2 12,1 12,5 13,1 13,9 14,4 14,8 14,5 14,5

0,0 0,0 0,2 0,5 0,2 -0,1 0,4 0,6 0,8 0,5 0,4 -0,3 0,0

35,0 34,5 33,3 31,9 36,6 36,9 35,3 34,6 33,5 34,7 36,6 37,6 38,6

-0,3 -0,5 -1,2 -1,4 4,7 0,3 -1,6 -0,7 -1,1 1,2 1,9 1,0 1,0

Variação set-set

6,8

3,2

3,6

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

PESSOA JURÍDICA DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

23,1 23,4 23,3 22,9 24,7 24,8 26,5 26,3 26,9 26,6 27,5 28,3 28,3

-0,3 -0,5 -1,0 -0,9 4,9 0,2 -1,2 -0,1 -0,3 1,7 2,3 0,7 1,0

10,5 10,7 11,0 11,0 11,0 10,7 11,8 11,9 12,4 12,7 13,0 13,4 13,6

-0,2 0,2 0,3 0,0 0,0 -0,3 1,1 0,1 0,5 0,3 0,3 0,4 0,2

12,6 12,7 12,3 11,9 13,7 14,1 14,7 14,4 14,5 13,9 14,5 14,9 14,7

0,2 0,1 -0,4 -0,4 1,8 0,4 0,6 -0,3 0,1 -0,6 0,6 0,4 -0,2

Variação set-set

5,2

3,1

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

ACREFI

43

2,1


banco de dados por INEPAD SPREAD FINANCEIRO

CRÉDITO PESSOA FÍSICA CRÉDITO PESSOAL Volum e R$ Milhões

45,0 40,0 35,0 30,0

SPREAD FINANCEIRO

25,0 20,0 15,0

Taxa de Juros

130.000

58,00

120.000

56,00

110.000

54,00

100.000

52,00

90.000

50,00

80.000

48,00

70.000

46,00

Aplicação

60.000

set/08

ago/08

jul/08

jun/08

mai/08

abr/08

mar/08

fev/08

jan/08

dez/07

nov/07

out/07

set/07

10,0

44,00

set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set 07 07 07 07 08 08 08 08 08 08 08 08 08

Captação

Vo lum e

T a xa d e J u r o s

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados - Recursos Livres (R$ milhões) MÊS / ANO

CHEQUE ESPECIAL

VARIAÇÃO EM %

CRÉDITO PESSOAL

VARIAÇÃO EM %

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO

VARIAÇÃO EM %

CARTÃO DE CRÉDITO

VARIAÇÃO EM %

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

13.963 14.580 14.405 12.937 14.061 14.786 15.059 15.469 15.521 15.659 15.457 15.400 15.767

0,9% 4,4% -1,2% -10,2% 8,7% 5,2% 1,8% 2,7% 0,3% 0,9% -1,3% -0,4% 2,4%

95.506 97.667 99.739 99.884 102.317 106.702 108.860 111.616 114.176 115.214 117.157 118.782 120.727

1,4% 2,3% 2,1% 0,1% 2,4% 4,3% 2,0% 2,5% 2,3% 0,9% 1,7% 1,4% 1,6%

294 315 330 349 361 378 393 422 440 466 482 508 38

5,4% 7,3% 4,8% 5,7% 3,5% 4,6% 3,9% 7,4% 4,3% 5,8% 3,4% 5,3% -92,5%

16.674 17.016 17.610 17.275 17.844 18.533 18.910 19.566 19.930 20.245 20.442 20.807 21.160

1,4% 2,0% 3,5% -1,9% 3,3% 3,9% 2,0% 3,5% 1,9% 1,6% 1,0% 1,8% 1,7%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados/continuação Recursos Livres (R$ milhões) AQUISIÇÃO MÊS / ANO set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

VEÍCULOS

VARIAÇÃO EM %

OUTROS

VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

OUTROS

VARIAÇÃO EM %

TOTAL

VARIAÇÃO EM %

76.125 78.017 79.541 81.479 82.712 83.246 83.657 83.850 84.108 83.917 83.930 83.553 83.568

2,6% 2,5% 2,0% 2,4% 1,5% 0,6% 0,5% 0,2% 0,3% -0,2% 0,0% -0,4% 0,0%

11.434 11.688 11.945 12.447 12.789 12.055 11.956 11.860 11.903 11.808 12.078 12.114 11.697

0,4% 2,2% 2,2% 4,2% 2,7% -5,7% -0,8% -0,8% 0,4% -0,8% 2,3% 0,3% -3,4%

87.559 89.705 91.485 93.926 95.501 95.301 95.612 95.711 96.010 95.725 96.008 95.667 95.265

2,3% 2,5% 2,0% 2,7% 1,7% -0,2% 0,3% 0,1% 0,3% -0,3% 0,3% -0,4% -0,4%

11.459 11.600 11.979 11.890 12.272 9.946 9.931 10.377 10.761 10.634 11.009 11.483 11.497

-2,0% 1,2% 3,3% -0,7% 3,2% -19,0% -0,1% 4,5% 3,7% -1,2% 3,5% 4,3% 0,1%

225.455 230.882 235.550 236.261 242.356 245.646 248.765 253.161 256.839 257.943 260.554 262.646 264.455

1,5% 2,4% 2,0% 0,3% 2,6% 1,4% 1,3% 1,8% 1,5% 0,4% 1,0% 0,8% 0,7%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

44

FINANCEIRO


VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - CRÉDITO CONSIGNADO CRÉDITO PESSOAL*

MÊS / ANO set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 Var. set-set

107.540 109.847 112.182 112.467 115.125 119.866 122.525 125.498 128.352 129.766 132.551 134.797 137.205 27,59%

CONSIGNADO Públicos

Privados

Total

Amostra**

52.967 54.398 55.732 56.179 57.123 58.449 59.444 60.791 62.136 62.635 63.439 64.392 64.946 22,62%

7.868 8.229 8.363 8.506 8.752 8.995 9.215 9.489 9.778 9.950 10.166 10.162 10.376 31,87%

60.835 62.627 64.096 64.686 65.875 67.444 68.660 70.280 71.914 72.585 73.606 74.554 75.322 23,81%

41.305 42.370 43.435 43.655 44.063 44.788 45.686 46.691 47.637 48.202 48.975 49.317 49.908 20,83%

% Consignado***

(R$ milhões)

Concentração Taxa de Juros %aa do Consignado Estimativa INEPAD Consignado Pessoal Diferença

56,6% 57,0% 57,1% 57,5% 57,2% 56,3% 56,0% 56,0% 56,0% 55,9% 55,5% 55,3% 54,9% -2,96%

67,9% 67,7% 67,8% 67,5% 66,9% 66,4% 66,5% 66,4% 66,2% 66,4% 66,5% 66,1% 66,3% -2,41%

30,6% 29,9% 28,7% 28,1% 29,4% 28,8% 26,9% 26,9% 27,5% 27,7% 28,4% 28,5% 28,8% -5,73%

49,4% 48,9% 46,8% 45,8% 53,1% 52,6% 50,5% 50,6% 48,4% 51,4% 53,6% 54,5% 56,3% 13,97%

18,8% 19,0% 18,1% 17,7% 23,7% 23,8% 23,6% 23,7% 20,9% 23,7% 25,2% 26,0% 27,5% 45,88%

FONTE: INEPAD / BC * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.

INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS CRÉDITO PESSOAL (R$ mil)

Mês/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

86.121.220 87.990.401 89.883.995 90.711.792 92.449.829 96.761.783 98.527.512 101.022.018 103.022.153 104.407.365 105.881.336 107.489.859 109.232.042

2.025.750 2.282.817 2.177.904 1.656.724 2.125.426 1.952.962 2.156.672 2.244.679 2.368.574 2.228.419 2.389.760 2.215.523 2.411.716

2,12% 2,34% 2,18% 1,66% 2,08% 1,83% 1,98% 2,01% 2,07% 1,93% 2,04% 1,87% 2,00%

2.161.980 2.274.612 2.392.134 2.237.911 2.262.051 2.465.458 2.639.208 2.621.165 2.771.174 2.739.895 2.749.838 2.751.547 2.749.727

2,26% 2,33% 2,40% 2,24% 2,21% 2,31% 2,42% 2,35% 2,43% 2,38% 2,35% 2,32% 2,28%

5.197.355 5.118.794 5.285.358 5.277.475 5.479.643 5.522.235 5.536.722 5.727.793 6.013.821 5.838.192 6.135.827 6.325.442 6.333.228

5,44% 5,24% 5,30% 5,28% 5,36% 5,18% 5,09% 5,13% 5,27% 5,07% 5,24% 5,33% 5,25%

95.506.305 97.666.624 99.739.391 99.883.902 102.316.949 106.702.438 108.860.114 111.615.655 114.175.722 115.213.871 117.156.761 118.782.371 120.726.713

1,37% 2,26% 2,12% 0,14% 2,44% 4,29% 2,02% 2,53% 2,29% 0,91% 1,69% 1,39% 1,64%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil)

Mês/Ano

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

Saldo

Com atraso

sem atraso

de 15 a 30 dias

68.580.587 70.253.132 71.794.658 73.543.216 74.637.113 74.828.727 74.416.737 74.691.316 74.661.062 74.772.743 74.773.820 74.389.665 74.181.209

2.373.528 2.571.251 2.422.298 2.637.569 2.654.164 2.624.845 3.001.601 2.842.291 2.984.575 2.834.145 2.910.234 2.882.830 2.956.194

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

3,12% 3,30% 3,05% 3,24% 3,21% 3,15% 3,59% 3,39% 3,55% 3,38% 3,47% 3,45% 3,54%

2.690.668 2.804.002 2.881.636 2.844.229 2.871.003 3.115.683 3.468.378 3.416.415 3.371.102 3.309.526 3.156.526 3.133.013 3.231.757

3,53% 3,59% 3,62% 3,49% 3,47% 3,74% 4,15% 4,07% 4,01% 3,94% 3,76% 3,75% 3,87%

2.479.760 2.388.452 2.442.005 2.454.295 2.549.765 2.676.428 2.770.135 2.900.394 3.091.054 3.000.720 3.089.297 3.147.053 3.199.239

3,26% 3,06% 3,07% 3,01% 3,08% 3,22% 3,31% 3,46% 3,68% 3,58% 3,68% 3,77% 3,83%

76.124.543 78.016.837 79.540.597 81.479.309 82.712.045 83.245.683 83.656.851 83.850.416 84.107.793 83.917.134 83.929.877 83.552.561 83.568.398

2,61% 2,49% 1,95% 2,44% 1,51% 0,65% 0,49% 0,23% 0,31% -0,23% 0,02% -0,45% 0,02%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

ACREFI

45


banco de dados por INEPAD INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS (R$ mil)

Mê s/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

8.871.453 9.041.106 9.320.039 9.841.313 10.000.239 9.328.599 9.161.157 9.028.439 9.073.687 8.943.932 9.232.647 9.275.580 9.043.583

513.139 530.363 547.612 507.676 598.271 557.024 621.470 591.210 570.362 555.532 558.922 549.895 510.007

4,49% 4,54% 4,58% 4,08% 4,68% 4,62% 5,20% 4,98% 4,79% 4,70% 4,63% 4,54% 4,36%

599.807 620.679 608.934 561.225 598.402 656.068 736.038 713.810 683.873 672.979 629.815 617.148 573.863

5,25% 5,31% 5,10% 4,51% 4,68% 5,44% 6,16% 6,02% 5,75% 5,70% 5,21% 5,09% 4,91%

1.449.584 1.495.576 1.468.106 1.536.891 1.591.703 1.513.406 1.436.965 1.526.906 1.574.622 1.635.845 1.656.346 1.671.757 1.569.238

12,68% 12,80% 12,29% 12,35% 12,45% 12,55% 12,02% 12,87% 13,23% 13,85% 13,71% 13,80% 13,42%

11.433.983 11.687.724 11.944.691 12.447.105 12.788.615 12.055.097 11.955.630 11.860.365 11.902.544 11.808.288 12.077.730 12.114.380 11.696.692

0,45% 2,22% 2,20% 4,21% 2,74% -5,74% -0,83% -0,80% 0,36% -0,79% 2,28% 0,30% -3,45%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO Setembro/2008 (em R$ mil) 21% Atraso de mais de 90 dias 6.333.228

55%

24%

INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS - PREFIXADO Setembro/2008 (em R$ mil)

Atraso de 15 a 30 dias 2.411.716

Atraso de 31 a 90 dias 3.231.757

Atraso de 31 a 90 dias 2.749.727

19% 59%

22%

31%

34%

Atraso de mais de 90 dias 3.199.239

INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO Setembro/2008 (em R$ mil) Atraso de

INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO OUTROS BENS - PREFIXADO Setembro/2008 (em R$ mil)

Atraso de mais de 90 dias 1.569.238

35%

Atraso de 15 a 30 dias 2.956.194

15 a 30 dias 422.650

Atraso de 15 a 30 dias 510.007

15% Atraso de mais de 90 dias 1.562.777

58%

27%

Atraso de 31 a 90 dias 573.863

Atraso de 31 a 90 dias 746.741

OUTRAS OPERAÇÕES (R$ mil)

Mê s/Ano

Saldo sem atraso

Com atraso de 15 a 30 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso de 31 a 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total CarteiraBrasil

Variação em %

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

8.421.625 8.535.033 8.793.582 9.094.393 9.317.503 6.977.999 7.135.770 7.413.392 7.639.437 7.979.469 8.197.258 8.545.006 8.764.999

406.144 436.743 391.648 346.857 419.500 390.555 393.928 419.332 396.545 364.998 404.991 419.976 422.650

3,54% 3,77% 3,27% 2,92% 3,42% 3,93% 3,97% 4,04% 3,68% 3,43% 3,68% 3,66% 3,68%

773.997 744.062 766.712 745.291 736.306 738.217 781.798 768.969 771.992 749.909 705.316 719.670 746.741

6,75% 6,41% 6,40% 6,27% 6,00% 7,42% 7,87% 7,41% 7,17% 7,05% 6,41% 6,27% 6,50%

1.857.110 1.884.056 2.027.204 1.703.226 1.799.061 1.838.773 1.619.166 1.775.117 1.953.249 1.539.449 1.701.217 1.797.996 1.562.777

16,21% 16,24% 16,92% 14,33% 14,66% 18,49% 16,30% 17,11% 18,15% 14,48% 15,45% 15,66% 13,59%

11.458.876 11.599.894 11.979.146 11.889.767 12.272.370 9.945.544 9.930.662 10.376.810 10.761.223 10.633.825 11.008.782 11.482.648 11.497.168

-1,99% 1,23% 3,27% -0,75% 3,22% -18,96% -0,15% 4,49% 3,70% -1,18% 3,53% 4,30% 0,13%

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

46

FINANCEIRO


DESEMPREGO TAXA DE DESEMPREGO (%) DATA

Brasil

Var. p.p.

SP

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

9,00 8,70 8,20 7,40 8,00 8,70 8,60 8,50 7,90 7,80 8,10 7,60 7,60

-0,50 -0,30 -0,50 -0,80 0,60 0,70 -0,10 -0,10 -0,60 -0,10 0,30 -0,50 0,00

9,40 9,50 8,80 8,00 8,60 9,30 9,40 9,40 8,60 8,20 8,30 8,00 8,00

TAXA DE DESEMPREGO Taxa (%)

Var. p.p. -0,70 0,10 -0,70 -0,80 0,60 0,70 0,10 0,00 -0,80 -0,40 0,10 -0,30 0,00

Fonte: IBGE/INEPAD

Variação (p.p.)

12,0

1,00

11,5

0,80

11,0

0,60

10,5

0,40

10,0

0,20

9,5

0,00

9,0

-0,20

8,5

-0,40

8,0

-0,60

7,5

-0,80 -1,00

7,0

set 07

out 07

nov 07

dez 07

Brasil

jan 08

fev 08

mar 08

SP

abr 08

mai 08

jun 08

jul 08

ago 08

set 08

Var. p.p. mensal Brasil

Fonte: IBGE/INEPAD

RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)

RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$) DATA

Brasil

Var. %

SP

Var. %

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

1.185,96 1.192,39 1.208,48 1.219,29 1.219,34 1.232,39 1.225,60 1.238,12 1.226,35 1.223,00 1.224,40 1.253,70 1.267,30

0,3% 0,5% 1,3% 0,9% 0,0% 1,1% -0,6% 1,0% -1,0% -0,3% 0,1% 2,4% 1,1%

1.306,56 1.325,35 1.338,49 1.377,21 1.386,26 1.399,36 1.372,09 1.369,45 1.354,96 1.345,99 1.340,10 1.370,70 1.390,50

0,1% 1,4% 1,0% 2,9% 0,7% 0,9% -1,9% -0,2% -1,1% -0,7% -0,4% 2,3% 1,4%

Fonte: IBGE/INEPAD

3,0%

1.450 1.400 1.350 1.300 1.250 1.200 1.150 1.100 1.050 1.000 950 900 850 800 750 700

2,5% 2,0% 1,5% 1,0% 0,5% 0,0% -0,5% -1,0% -1,5%

set 07

out 07

nov 07

dez 07

Brasil

jan 08

fev 08

mar 08

SP

abr 08

mai 08

jun 08

jul 08

ago 08

set 08

Var. % mensal Brasil

Fonte: IBGE/INEPAD

COMÉRCIO VAREJISTA VOLUME DE VENDAS

VOLUME DE VENDAS Data ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 Variação ago-ago

Hipermercados e Veículos,Motos, Índice Var. % Var. % Var. % Geral Supermercados Partes e Peças 133,30 130,40 135,47 138,31 187,17 135,83 125,72 142,04 135,47 148,06 137,92 142,50 146,40 9,8%

4,1% -2,2% 3,9% 2,1% 35,3% -27,4% -7,4% 13,0% -4,6% 9,3% -6,8% 3,3% 2,7%

124,64 126,35 126,79 127,35 162,97 125,74 120,44 137,98 125,34 132,27 123,32 128,07 134,00 7,5%

2,2% 1,4% 0,3% 0,4% 28,0% -22,8% -4,2% 14,6% -9,2% 5,5% -6,8% 3,9% 4,6%

178,38 156,60 183,46 177,36 170,06 164,53 156,62 176,60 186,77 179,22 189,31 200,01 183,55

210,00 200,00 190,00 180,00 170,00 160,00 150,00 140,00 130,00 120,00 110,00 100,00 90,00 80,00

11,3% -12,2% 17,2% -3,3% -4,1% -3,3% -4,8% 12,8% 5,8% -4,0% 5,6% 5,7% -8,2%

ago 07

out nov dez 07 07 07

Índice Geral

17,2%

Fonte: IBGE/INEPAD

ACREFI

set 07

47

jan 08

fev mar abr mai jun 08 08 08 08 08

Hipermercados e Supermercados

jul 08

ago 08

Veículos, Motos, Partes e Peças


banco de dados por INEPAD PREVISÕES ECONÔMICAS Ano de 2008

PIB Total % a.a.

PIB Agropecuário % a.a.

PIB Indústria % a.a.

PIB Serviço % a.a.

Produção Industrial % a.a.

4,50 5,13 5,22 5,22

4,85 4,93 5,06 5,09

4,64 5,39 5,38 5,39

4,29 4,71 4,79 4,78

5,82 5,57 5,48 5,49

Selic Taxa anual

IGP-DI % a.a.

IPCA % a.a.

Taxa de Câmbio R$/US$

Saldo Comercial US$ bilhões

11,10 14,71 14,39 14,22

4,51 9,82 10,61 10,68

4,28 6,15 6,22 6,30

1,80 1,72 1,93 1,97

31,89 23,82 24,24 24,28

Var. p.p.

DATA

Previsão 02/01/2008 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 24/10/2008

Ano de 2008 Previsão 02/01/2008 4 semanas antes 1 semana antes Previsão 24/10/2008 Fonte: BC-Focus/INEPAD

ATIVIDADE ECONÔMICA DATA

Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

ago/07

83,40

1,00

set/07

83,10

-0,30

out/07

84,30

1,20

out/07

124,63

1,37%

nov/07

84,30

0,00

nov/07

124,95

0,26%

dez/07

81,30

-3,00

dez/07

125,17

0,18%

jan/08

81,6366

0,34

jan/08

124,79

-0,30%

Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral

Var. %

ago/07

122,73

0,68%

set/07

122,95

0,18%

fev/08

81,80

0,16

fev/08

125,06

0,22%

mar/08

82,60

0,80

mar/08

125,89

0,66%

abr/08

82,90

0,30

abr/08

126,03

0,11%

mai/08

82,80

-0,10

mai/08

126,23

0,16%

jun/08

83,30

0,50

jun/08

127,15

0,73%

jul/08

83,50

0,20

jul/08

128,60

1,14%

ago/08

83,50

0,00

ago/08

129,83

0,96%

Variação ago-ago

0,12%

Variação ago-ago

Fonte: CNI/INEPAD

5,79%

Fonte: IBGE/INEPAD

PRODUÇÃO (ÍNDICE) X CAPACIDADE (%) Capacidade (%)

Produção - Índice

85,0

130

84,0

128 126 124 122 120

83,0 82,0

118 81,0

116

Fonte: INEPAD

T ax a d a U t i l i z ação d a C ap ac i d ad e Ins t al ad a

ago/08

jul/08

jun/08

mai/08

abr/08

mar/08

fev/08

jan/08

dez/07

nov/07

112 110 out/07

79,0 set/07

114

ago/07

80,0

Índ i c e d e Pr o d ução F ís i c a M éd i a M óv el T r i mes t r al

48

FINANCEIRO


INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS PRODUÇÃO

PRODUÇÃO

(em unidades)

Data

Produção

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

252.911 299.251 271.201 220.772 253.700 251.899 282.926 300.551 289.884 303.784 317.777 311.628 298.367

Média Trim. Var. Mensal Var. Mensal (%)

265.988 277.057 274.454 263.741 248.558 242.124 262.842 278.459 291.120 298.073 303.815 311.063 309.257

-26.097 46.340 -28.050 -50.429 32.928 -1.801 31.027 17.625 -10.667 13.900 13.993 -6.149 -13.261

Variação set-set

-9,4% 18,3% -9,4% -18,6% 14,9% -0,7% 12,3% 6,2% -3,5% 4,8% 4,6% -1,9% -4,3%

(em unidades)

340.000 320.000 300.000 280.000 260.000 240.000 220.000 200.000 180.000

set 07

out 07

nov 07

dez 07

jan 08

fev 08

Produção

18,0%

mar 08

abr 08

mai 08

jun 08

jul 08

ago 08

set 08

jul 08

ago 08

set 08

jul 08

ago 08

set 08

Média trimestral

Fonte: Anfavea/INEPAD

VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS

VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS

(em unidades)

Data

Vendas

Média Trim.

Variação

Variação(%)

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

222.868 252.823 242.612 207.322 214.213 217.073 248.964 267.405 261.486 279.382 287.604 281.839 270.660

226.640 238.446 239.434 234.252 221.382 212.869 226.750 244.481 259.285 269.424 276.157 282.942 280.034

-16.780 29.955 -10.211 -35.290 6.891 2.860 31.891 18.441 -5.919 17.896 8.222 -5.765 -11.179

-7,0% 13,4% -4,0% -14,5% 3,3% 1,3% 14,7% 7,4% -2,2% 6,8% 2,9% -2,0% -4,0%

Variação set-set

(em unidades)

300.000 280.000 260.000 240.000 220.000 200.000 180.000 160.000

set 07

out 07

nov 07

dez 07

jan 08

fev 08

Vendas

21,4%

mar 08

abr 08

mai 08

jun 08

Média trimestral

Fonte: Anfavea/INEPAD

EXPORTAÇÃO TOTAL

EXPORTAÇÃO TOTAL

(em unidades) (em unidades)

Data

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

Exportações Média Trim.

64.575 78.993 59.586 56.005 53.959 55.843 64.489 65.333 55.187 66.382 62.981 63.778 58.588

Variação set-set

71.882 70.493 67.718 64.861 56.517 55.269 58.097 61.888 61.670 62.301 61.517 64.380 61.782

Variação

Variação(%)

-3.336 14.418 -19.407 -3.581 -2.046 1.884 8.646 844 -10.146 11.195 -3.401 797 -5.190

-4,9% 22,3% -24,6% -6,0% -3,7% 3,5% 15,5% 1,3% -15,5% 20,3% -5,1% 1,3% -8,1%

85.000 80.000 75.000 70.000 65.000 60.000 55.000 50.000 45.000

set 07

nov 07

dez 07

Exportações

-9,3%

Fonte: Anfavea/INEPAD

ACREFI

out 07

49

jan 08

fev 08

mar 08

abr 08

mai 08

jun 08

Média trimestral


banco de dados por INEPAD INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (em unidades) Data

Vendas

1000cc

% no Total

1000cc a 2000cc

% no total

>2000cc

% no total

set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

180.301 194.585 188.575 192.436 169.530 158.688 182.356 205.460 191.262 200.697 224.772 188.082 208.162

84.823 97.879 96.074 98.920 86.754 83.942 94.966 104.461 97.103 103.398 115.919 97.884 106.283

47,0% 50,3% 50,9% 51,4% 51,2% 52,9% 52,1% 50,8% 50,8% 51,5% 51,6% 52,0% 51,1%

93.689 93.690 89.677 90.728 80.554 72.870 84.998 97.585 91.071 94.071 105.607 87.229 98.835

52,0% 48,1% 47,6% 47,1% 47,5% 45,9% 46,6% 47,5% 47,6% 46,9% 47,0% 46,4% 47,5%

1.789 3.016 2.824 2.788 2.222 1.876 2.392 3.414 3.088 3.228 3.246 2.969 3.044

1,0% 1,5% 1,5% 1,4% 1,3% 1,2% 1,3% 1,7% 1,6% 1,6% 1,4% 1,6% 1,5%

Fonte: Anfavea/INEPAD

LICENCIAMENTO POR CATEGORIA - AUTOMÓVEIS

110.000 90.000 70.000 50.000 30.000 set 07

out 07

nov 07

dez 07

jan 08

fev 08

mar 08

abr 08

TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA

SALDO TOTAL

TAXAS DE JUROS

SALDO TOTAL

95.506 97.667 99.739 99.884 102.317 106.702 108.860 111.616 114.176 115.214 117.157 118.782 120.727

3,40 3,37 3,25 3,19 3,61 3,58 3,47 3,47 3,34 3,52 3,64 3,69 3,79

-0,03 -0,03 -0,12 -0,06 0,42 -0,03 -0,12 0,01 -0,13 0,17 0,12 0,05 0,10

49,40 48,90 46,80 45,80 53,10 52,60 50,50 50,60 48,40 51,40 53,60 54,50 56,30

-0,50 -0,50 -2,10 -1,00 7,30 -0,50 -2,10 0,10 -2,20 3,00 2,20 0,90 1,80

R$ milhões 76.125 78.017 79.541 81.479 82.712 83.246 83.657 83.850 84.108 83.917 83.930 83.553 83.568

jul 08

ago 08

set 08

(R$ milhões)

AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS

% Variação % Variação MÊS/ANO R$ milhões a.m. p.p a.a. p.p set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08

jun 08

1000 cc a 2000 cc

1000 cc

CRÉDITO PESSOAL

mai 08

TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 2,12 2,11 2,11 2,13 2,29 2,29 2,22 2,20 2,25 2,28 2,44 2,42 2,41

0,00 -0,01 0,01 0,02 0,16 0,00 -0,07 -0,02 0,05 0,03 0,15 -0,01 -0,01

SALDO TOTAL

% Variação a.a. p.p 28,63 28,44 28,53 28,76 31,20 31,20 30,10 29,80 30,60 31,10 33,50 33,30 33,10

AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS

-0,05 -0,19 0,09 0,23 2,44 0,00 -1,10 -0,30 0,80 0,50 2,40 -0,20 -0,20

R$ milhões 11.434 11.688 11.945 12.447 12.789 12.055 11.956 11.860 11.903 11.808 12.078 12.114 11.697

TAXAS DE JUROS % Variação a.m. p.p 3,73 3,70 3,69 3,80 3,79 3,76 3,85 3,80 3,89 3,81 3,88 3,95 3,95

0,00 -0,03 -0,01 0,12 -0,01 -0,03 0,09 -0,06 0,09 -0,08 0,07 0,07 -0,01

% a.a.

Variação p.p

55,15 54,67 54,46 56,53 56,30 55,80 57,40 56,40 58,10 56,70 57,90 59,20 59,10

-0,04 -0,48 -0,21 2,07 -0,23 -0,50 1,60 -1,00 1,70 -1,40 1,20 1,30 -0,10

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

50

FINANCEIRO


POLÍTICAS ECONÔMICAS TAXA DE JUROS - OVER SELIC (% aa) 28 26 24 22 20 18 16 14 12

Over Selic

set/08

jun/08

mar/08

set/07

dez/07

jun/07

mar/07

set/06

dez/06

jun/06

dez/05

mar/06

set/05

jun/05

dez/04

mar/05

set/04

jun/04

mar/04

set/03

dez/03

jun/03

mar/03

set/02

dez/02

jun/02

dez/01

set/01

mar/02

10

M.M 12 meses

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

IPCA MENSAL

BALANÇA COMERCIAL MENSAL

22.000

3,0%

20.000

2,5%

18.000 Milhões

3,5%

2,0% 1,5%

16.000 14.000

1,0%

12.000

0,5%

10.000

0,0%

8.000 set/08

ago/08

jul/08

jun/08

mai/08

abr/08

mar/08

fev/08

jan/08

dez/07

nov/07

out/07

Exportações

M.M 12 meses

Fonte: INEPAD/IBGE

Importações

Fonte: INEPAD/MDIC

DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO / PIB (%)

RESULTADO NOMINAL (R$ milhões corrigidos pelo IPCA - jul/08)

Juros Nom inais

Resultado Nom inal

Dívida Líquida (% PIB)

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

51

M.M 12 m eses

ago/08

jul/08

jun/08

mai/08

abr/08

mar/08

fev/08

jan/08

dez/07

nov/07

out/07

ago/07

ago/08

jul/08

jun/08

abr/08

mai/08

mar/08

fev/08

jan/08

dez/07

nov/07

out/07

set/07

jul/07

ago/07

jun/07

Resultado Prim ário

set/07

45 44,5 44 43,5 43 42,5 42 41,5 41 40,5 40

25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 -5.000 -10.000 -15.000 -20.000 -25.000 -30.000

ACREFI

set/07

jul/07

set/01 dez/01 mar/02 jun/02 set/02 dez/02 mar/03 jun/03 set/03 dez/03 mar/04 jun/04 set/04 dez/04 mar/05 jun/05 set/05 dez/05 mar/06 jun/06 set/06 dez/06 mar/07 jun/07 set/07 dez/07 mar/08 jun/08 set/08

IPCA

ago/07

6.000

-0,5%


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