Edição 57 - Março 2009

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A revista do crédito ano 7 nº 57 mar-abr/2009

Desafios do crédito em tempo de crise

TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES

©iStockPhoto.com/suprun

Financeiro

Concentração bancária no Brasil

Perspectivas do mercado de trabalho para 2009



Editorial:

A ordem é manter a economia funcionando

Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar - São Paulo - SP Tel.: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 - www.acrefi.org.br

Presidente Adalberto Savioli Vice-Presidentes Álvaro Augusto Vidigal, Aquiles Leonardo Diniz, Carlos Henrique Zanvettor, Érico Sodré Quirino Ferreira, José Arthur Lemos de Assunção, Luis Felix Cardamone Neto, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola e Wilson Masao Kuzuhara Secretários Cláudio Messias Ferro e Edson Ueda Tesoureiros Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Pereira Capella Diretores Regionais Antônio Roberto Beldi (SP), Carlos Alberto Samogim (SP - Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Felicitas Renner (RS), Pedro Costa Carvalho (RJ), Sérgio Faria Lemos da Fonseca Junior (DF) e Tiziana Dadalto (ES) Diretores Executivos Gildo Rodrigues de Almeida, Gunnar Murilo, José Renato Simão Borges, Morris Dayan, Sandro Alexandre de Almeida, Sergio Antônio Cipovicci, Sérgio Barbanti Diretores Conselheiros Leonel Dias de Andrade Neto, Marcelo Torresi, Marcio Ronconi de Oliveira, Marcus André Oliveira, Paulo Roberto Tabaquim, Paulo Sérgio Borsato, Roberto Bronzere e Rubens Bution Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon. Membros: Alencar Burti (ACSP), Francisco Valim (SERASA), Jackson Schneider (ANFAVEA), João Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC) e Sergio Antonio Reze (FENABRAVE) Conselho Fiscal Efetivos: Domingos Spina e Istvan Karoly Kasznar. Suplentes: Roy Martelanc Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Economista-Chefe Istvan Karoly Kasznar Consultor Jurídico Cassio M. C. Penteado Jr.

Financeiro

A revista do crédito ISSN 1809-8843 Conselho Editorial: Adalberto Savioli, Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial: Tamer Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável: Eliana Nigro (MTB 15.005); Editoração e Produção Gráfica: EDF (www.edf.com.br); Pré-impressão e Impressão: Eskenazi; Periodicidade: bimestral Tiragem: 20.000 exemplares As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito.

Divulgação

Diretoria

Adalberto Savioli, Presidente da Acrefi O governo brasileiro está fazendo seu papel, que é o de minimizar o grande reflexo da crise econômica global no País, buscando gerar mais liquidez, seja por meio de compra de crédito, seja por meio de garantias sobre depósitos. Na verdade, sua grande preocupação tem sido a de manter a economia em movimento e, principalmente, a manutenção de postos de trabalho e, por conseguinte, também de renda. Se não fosse assim, haveria o aprofundamento da crise, menor arrecadação de impostos, menos renda e redução de investimentos externos. Alguns dos exemplos mais significativos dessa política foram as medidas relativas ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), decisivas para oxigenar a liquidez de bancos médios e pequenos. Falando nisso, o Conselho Monetário Nacional aprovou a criação pelo FGC de um seguro (em RDB especiais de no mínimo seis meses) que cobre até R$ 20 milhões por investidor. Com isso, o governo projeta que os bancos de pequeno e médio porte e agora também as financeiras, que ficavam de fora, venham a captar, somados, até R$ 40 bilhões em depósitos a prazo. Até a segunda quinzena de abril, já haviam sido captados mais de R$ 3 bilhões. Ou seja, tudo vem sendo feito para que haja recursos para captar e repassar via financiamentos para a ponta do comércio, mantendo a economia em rota de crescimento, pois, até então, a busca da liquidez somente via cessão de crédito estava direcionando o mercado financeiro a um exclusivo perfil de clientes e veículos seminovos que não atendiam o mercado secundário de usados, principalmente caminhões e automóveis, além do CDC de lojas, a que se dedicam mais firmemente muitas instituições financeiras de menor porte.

Nesta edição:

4 Evento Acrefi

Novos desafios do crédito para ultrapassar um período turbulento

9 Indicadores

Breve análise do desempenho do setor de empréstimos e financiamentos brasileiro antes da crise

10 Projeção econômica

A crise mundial é longa e requer soluções fortes

14 Artigo

Estimulando o crédito

17 Artigo

Crédito ainda é problema

18 Tendência

Perspectivas para o mercado de trabalho em 2009

21 Artigo

A tributação do spread bancário

22 Tempo de turbulências

A crise financeira mundial poderá aumentar os custos regulatórios sobre as instituições financeiras?

24 Efeitos da crise

O que esperar dos próximos anos?

26 Regime de capitalização

Os juros simples e os juros compostos

29 Artigo

O tempo do crédito

30 Análise Setorial

Concentração bancária no Brasil

32 Banco de dados


Evento Acrefi:

Novos desafios do crédito para ultrapassar um período turbulento Fotos: Casa da Photo/Fábio Moreira Sales

Adalberto Savioli, presidente da Acrefi

Ricardo Loureiro, presidente da unidade de negócios pessoa física da Serasa

Com a crise econômica já disseminada por todas as partes do mundo, o Brasil precisa descobrir e implementar novas fronteiras do crédito para continuar crescendo como nos últimos anos. Para mostrar essa realidade, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) realizou, em conjunto com a Serasa Experian, o seminário Novos Desafios do Crédito, com palestrantes dos mais variados segmentos de negócios. Estiveram presentes para apresentar seus trabalhos Gustavo Loyola, sócio-fundador da Tendências Consultoria Integrada e ex-presidente do Banco Central do Brasil; Rogério Pizzol, superintendente de prevenção a fraudes da Orbitall; Denílson Molina, diretor em exercício da divisão de cartões do Banco do Brasil; e, para finalizar, Álvaro Musa, sócio-diretor da Partner Conhecimento, que comandou um painel sobre o cadastro positivo. FINANCEIROACREFI

Especialistas debatem novos caminhos para manter o crescimento dos últimos anos


Ricardo Loureiro, presidente da unidade de negócios pessoa física da Serasa, abriu o seminário dando as boas vindas a todos os presentes e comentando que, para as novas situações, em função da crise mundial, é relevante entender como melhorar e que a baixa da taxa de juros no País (Selic) traz nova onda de negócios e novas oportunidades para as empresas. Segundo ele, uma das oportunidades é a queda, também, do spread bancário, que pode agilizar os negócios. “Vários fatores influenciam no cálculo do spread, entre eles a taxa de juros.

Gustavo Loyola, sócio-fundador da Tendências Consultoria Integrada e ex-presidente do Banco Central do Brasil

Porém, um dos mais importantes é a inadimplência sistêmica que já está instalada”, comentou Loureiro. Para ele, o spread bancário será pressionado diante dessas novas medidas tomadas pelo governo federal para impulsionar a economia. Adalberto Savioli, presidente da Acrefi, concordou com o executivo da Serasa no tocante à importância da inadimplência na formação do spread: cerca de 30% nesta formulação. Além disso, Savioli fez uma apresentação do status da economia nacional, mostrando que a inadimplência estava em 7% no mês de janeiro de 2007 e passou para 8% no mesmo mês de 2008. No primeiro mês deste ano, a taxa já chegou a 8,3% e passou para 8,4% em fevereiro. “Este quadro ainda está sob controle, mas uma das preocupações é o aumento do desemprego no País – resultado da crise que assola o mundo – e a consequente queda da renda do consumidor. Mas uma boa notícia é que a participação do crédito em relação ao PIB vem aumentando a cada ano. Em 2004, essa relação era de pouco mais de 26%, passando para 41,1% ao final de 2008”, comentou Savioli. Segundo ele, o crédito para pessoa física no Brasil vinha crescendo entre 25% e 30% nos últimos quatro anos, muito em função do crédito consignado, além do baixo risco pelo crescimento do emprego formal e da renda e dos prazos alongados. Savioli afirmou ainda que o crédito neste ano deverá crescer perto de 10%, apesar de todo o aperto na economia nacional. Uma das ferramentas para alavancar a oferta é a aprovação da lei que autoriza a utilização do cadastro positivo, um cadastro com o pagamento e o endividamento do consumidor, que pode gerar taxas de juros,

Rogério Pizzol, superintendente de prevenção a fraudes da Orbitall

Denílson Molina, diretor em exercício da divisão de cartões do Banco do Brasil FINANCEIROACREFI


Evento Acrefi: condições e prazos diferenciadas para os bons pagadores. “O cadastro positivo é uma quebra de paradigma para a economia e não haverá exposição do consumidor, pois o sigilo se mantém em qualquer situação. O que vai contar é o comportamento do consumidor na hora em que ele solicitar um financiamento dos mais variados tipos”, esclareceu Savioli. O ex-presidente do Banco Central (BC), Gustavo Loyola, por sua vez, traçou um panorama do crédito no Brasil e procurou mostrar quais são os desafios em tempos de transição. Segundo ele, o Álvaro Musa, sócio-diretor da João Carlos Douat, chefe do departamento mundo está em transformação e esta é a Partner Conhecimento de finanças da Fundação Getulio Vargas crise mais grave desde 1930, com origem no sistema financeiro. “Era uma política macroeconômica conhecida como próFalando especificamente do crédito no País, Loyola foi cíclica. Hoje, temos a crise externa, forte pressão cambial, mas claro: “Antes dessa crise, o Brasil crescia à taxa média de 6% ao também um grande espaço para uma política contracíclica, ano, o que era acima da taxa de crescimento potencial, acima com bastante espaço para a queda dos juros sem pressão camda capacidade da economia, tanto que o BC aumentava a taxa bial. Vale verificar que as contas externas e internas do Brasil de juro para tentar reduzir um pouco o ritmo de crescimento. estão com dívidas em dólar bastante saudáveis”, esclareceu. Porém, era um crescimento bastante robusto, sustentável, com No tocante à relação entre crédito e PIB, Gustavo Loyola investimentos empresariais fortes.” mostrou que, em 2002, ela era de 21,9% e passou para 41,1% Para ele, três pilares eram tidos como a força do cresciem 2008, já com a crise instalada. Para ele, a projeção para o mento da economia: o aumento da disponibilidade de crédito, final deste ano é estar em 45,6%. da renda real do brasileiro e do emprego formal, que gera Além disso, segundo Loyola, o crédito não é apenas o banmassa salarial maior. cário, mas inerente às transações econômicas. Existe um crédito Esses três pilares podem ser agrupados em um só, que é o informal, ineficiente e mais caro. A partir de 2002, houve forte crescimento do crédito, em função de vários fatores: a matuformalização desse crédito e ainda há mais espaço para isso. ração das reformas microeconômicas, em que o ambiente de Além disso, em paralelo, houve a formalização do emprego, da crédito e regulatório foi melhorado, tornando todo o sistema renda e, consequentemente, o aumento da bancarização. mais sólido; o surgimento de novos produtos, como o consignado, por exemplo, para pessoa física; a liquidez abundante no mercado financeiro; e o processo de queda das taxas de juros, mais em linha com as internacionais, entre outros. “Vale lembrar que a queda das taxas de juros se deveu a uma situação macroeconômica bastante estável, bem ancorada e que não gerava inflação, como resultado de um grande esforço que o Brasil fez por muitos anos”, comentou Loyola. Sobre esse ponto, o economista ressaltou que, a pretexto de conter a crise e seus reflexos, não se pode desorganizar a macroeconomia do País. Ele lembrou, ainda, os padrões das crises anteriores pelas quais o Brasil passou. Eram crises de financiamento externo, que provocavam pressão sobre a taxa de câmbio, o que gerava depreciação cambial e levava a um endurecimento da política econômica interna, com restrição monetária, aumento de juros, corte de gastos ou aumento de impostos. Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central

A relação entre crédito e PIB, em 2002, era de

21,9% e passou para 41,1% em 2008, já com a crise

instalada. A projeção para o final deste ano é de 45,6%

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spread depende da queda sustentada da taxa Selic e da continuidade das reformas microeconômicas, como a aprovação do projeto do cadastro positivo. “Precisamos estar atentos, porém, para que mudanças regulatórias não venham a encarecer o crédito. Não pode haver uma reação muito forte em função da crise com nova regulamentação, em especial, vinda do exterior”, finalizou Gustavo Loyola. Rogério Pizzol, por sua vez, falou sobre a evolução do cenário de fraudes e as melhores práticas de prevenção a elas na indústria de cartões. Para ele, o Silvânio Covas, diretor jurídico da Érico Ferreira, presidente da Omni CFI que caracteriza a fraude é uma ação de Serasa Experian má fé realizada com o objetivo de obter um ganho patrimonial, causando perdas de qualquer natureza a terceiros. Ainda sobre a crise externa, Loyola indicou suas principais Segundo o executivo, esse ato gera insegurança no produto, causas: “O mundo vem de um período prolongado de juros prejuízo à marca e perda de confiança, além de o emissor (instibaixos, elevada liquidez, o que gera enorme alavancagem. Este tuição financeira) ficar com o prejuízo. período é caracterizado pela regulação financeira frouxa e ine“Para impedir fraudes, as empresas têm de trabalhar em ficaz e pela existência de produtos financeiros complexos e sem três blocos: prevenção, detecção e investigação. É claro que nenhuma transparência e com modelos de risco inadequados.” a prevenção é o melhor elemento na tentativa de extinção A partir de setembro de 2008, a liquidez foi duramente dessa prática. Na utilização desses três blocos, há sempre um contraída, atingindo mais os bancos médios e pequenos. Apecaminho de mão dupla, com todos os players atuando em consar de o BC ter reagido e liberado os compulsórios, o crédito junto”, afirmou Pizzol. ficou mais caro e com pouca oferta. O consumidor sentiu rapiSegundo o executivo, a prevenção e detecção é um trabadamente a pouca liquidez do mercado. lho árduo que começa na concessão de crédito, com scoring de “Mas a retração do mercado brasileiro é bastante distinta fraude, utilização de lista negra, integração com os processos da dos Estados Unidos. Sentimos forte queda do PIB no último de prevenção e investigação de fraude, e passa por autorizatrimestre de 2008, o que gerou grande queda dos financiamenções, chipagem de cartões, serviços de aviso de utilização, tos, principalmente de bens duráveis, com piora nas expectaticomo o SMS, bloqueios de uso no exterior e segue até a movas de consumo e investimentos”, disse Loyola. nitoração de estabelecimentos que podem comprometer a Para 2009, o economista prevê crescimento mundial zero ou indústria e monitoração com alterações de cadastro, principalnegativo, com queda do comércio internacional da ordem de 5% a mente de endereço com solicitação de segunda via. 6%. Para o Brasil, o PIB deverá crescer 0,3% – enquanto o mercado “São processos naturais na indústria de cartões, porém nem espera crescimento de 0,08% – e o aumento do crédito deverá ser sempre obedecidos. Após esse trabalho, entra a fase de invesem torno de 6,8% para pessoa física (contra mais de 20% ao ano, tigação, com ações para se conhecer quem cometeu a fraude, nos últimos quatro anos) e de 11,3% para pessoa jurídica. de que maneira, quais são os processos vulneráveis – internos “Se as coisas caminharem da forma como estão, o Banco e externos – e quais as correções necessárias”, afirmou Pizzol. Central agirá agressivamente na queda da taxa de juros, cheCom o processo perto de seu fim, resta reunir as provas gando a 9,5% ao final do ano. Poderá haver aumento na inapara ações legais e administrativas e correção de toda a linha dimplência com a manutenção de spread alto, durante o pride produção na indústria de cartões. meiro semestre, e a oferta de crédito continuará baixa, princiPara falar mais sobre a indústria de cartões, Denílson palmente para pequenas e médias empresas”, previu Loyola. Molina, diretor em exercício da diretoria de cartões do Banco Mas qual o futuro do crédito? As perspectivas são positivas do Brasil, mostrou que o crescimento médio nos últimos cinco no médio prazo, passados os efeitos conjunturais da crise. O sisanos foi da ordem de 28% ao ano. E, em 2008, o crescimento tema financeiro mantém-se sólido, sem risco sistêmico e com do setor ficou em 26%, abaixo apenas do crédito consignado. condições de ofertar crédito. Para o economista, a redução do FINANCEIROACREFI


Evento Acrefi: A melhor consequência do cadastro positivo é a da isonomia. Com diferentes escores, o mercado vai oferecer taxas diferenciadas para cada consumidor Silvânio Covas, diretor jurídico da Serasa Experian

“Esse crescimento se deveu ao volume maior de cartões emitidos e também ao aumento de gastos médios por cartão, por volta de 10%, tanto no crédito quanto no débito”, comentou o executivo. Para ele, o mercado de cartões deve enfrentar vários desafios para crescer constantemente. Entre outros, ele deve ser: instrumento de acesso às múltiplas formas de crédito bancário; plataforma integrada aos serviços bancários, permitindo maior sinergia com a conta corrente; substituto gradativo do papelmoeda, como já vem ocorrendo há anos; e o principal produto de atração do consumidor de menor renda para a relação bancária e acesso ao crédito. A previsão é de que em pouco tempo a utilização de cartão como meio de pagamento chegue a 40% do total de formas de pagamento. Molina disse que hoje o cartão é mais do que um mero meio de pagamento e atua como forma de relacionamento e de serviços atrelados. “O que se vê hoje é o cartão como instrumento de crédito e, dessa forma, podemos dizer que ele tem o crédito no momento da compra, como o gratuito, ou seja, entre o período da compra e do pagamento da fatura, todos os portadores de cartão desfrutam o crédito gratuito; o parcelamento sem juros, modalidade que a maioria dos estabelecimentos já oferece; e o parcelado com juros, em que o emissor do cartão permite o parcelamento da compra no ato da operação.” Ainda há o crédito no momento de pagar a fatura, em que o portador pode optar pelo crédito rotativo, modalidade em que paga um valor qualquer entre o mínimo e o total da fatura; e o parcelamento da fatura, em que ele pode optar por parcelar o saldo da fatura em parcelas iguais. Ainda muita coisa está para acontecer no mercado de crédito: a velocidade maior da substituição do dinheiro pelo cartão em pagamentos diversos; e o aumento da integração da plataforma cartão com as linhas de crédito de investimento e consumo. FINANCEIROACREFI

“Ainda existe muito por ser feito, e isso vai resultar em um aumento da relevância dos cartões como instrumento de bancarização, por implicar mais facilidade, ser de baixo custo, conveniente e possibilitar uso como uma conta corrente bancária, permitindo a realização de depósitos e transferências entre cartões, além de outras coisas que vão dar continuidade de expansão desse mercado”, finalizou Molina. Álvaro Musa, diretor da Partner Conhecimento, comandou um painel sobre o cadastro positivo e disse que se trata de um sistema já bastante atrasado no Brasil e que estudos mundiais demonstram que com ele há mais disponibilidade de recursos, com inadimplência menor e taxas mais atrativas. “O cadastro positivo é bom para o consumidor, é ótimo para as financeiras e bancos, com o comportamento do mercado consumidor, e excelente para o mercado e a economia, pois gera mais negócios”, esclareceu Musa. Em seguida, o professor João Carlos Douat, chefe do departamento de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), alertou que o Banco Mundial já está fazendo forte pressão para que haja maior compartilhamento de informações no mercado de crédito. O diretor jurídico da Serasa Experian, Silvânio Covas, comentou que o cadastro positivo já poderia estar em pleno funcionamento no País, porém há uma objeção legal. Segundo ele, já está na ordenação jurídica do Brasil. Para ele, é mais preciso na avaliação do risco, pois pondera informações positivas com negativas. “A melhor consequência do cadastro positivo é a da isonomia, pois, com diferentes escores, o mercado vai oferecer taxas diferenciadas para cada consumidor. O cadastro positivo requer uma mudança da cultura do consumidor para que tenha sucesso.” Érico Ferreira, presidente da Omni CFI, discordou e disse que o cadastro ainda não está disponível, mas concorda que abre uma série sem fim de benefícios para todas as partes da economia: “Existe um campo enorme de clientes que não é atendido e que pode passar a ser. Portanto, há um campo enorme de oportunidades com a aprovação desse projeto.” Para finalizar, Ricardo Loureiro comentou que a Serasa Experian já tem uma experiência nesse sentido, mas limitada, apenas um projeto piloto de como vai funcionar o cadastro positivo. Ele contou que iniciou esse trabalho com cinco empresas financeiras, trocando informações de comportamento do consumidor e tem hoje 15 cadastradas. “As experiências são muito promissoras. É uma diferença significativa do nível de informações que a gente percebe, mesmo considerando esse pequeno exemplo de protótipo que fizemos. Isso mostra como o compartilhamento de informações pode auxiliar – e muito – as empresas e os consumidores a fazerem bons negócios”, finalizou Loureiro. |


Indicadores:

Breve análise do desempenho do setor de empréstimos e financiamentos brasileiro antes da crise

Março/2009

por Alberto Borges Matias, presidente do Inepad O presente estudo visa analisar os principais indicadores de desempenho do setor financeiro nacional antes da crise financeira internacional. Por se tratar de uma análise com dados dos respectivos demonstrativos de resultados referentes a setembro de 2008, pode-se dizer que estes ainda não apresentam o impacto da crise financeira no Sistema Financeiro. Os participantes do Sistema Financeiro foram separados em Setor Bancário e Financeiras Independentes, a fim permitir uma análise mais adequada do setor financeiro. Os índices foram selecionados de maneira a possibilitar uma análise da liquidez, da rentabilidade, da alavancagem e da evolução da concessão de crédito dos respectivos grupos. Vale destacar que os dados apresentados foram obtidos por meio da mediana dos valores dos participantes de cada um dos grupos. Analisando os índices apresentados, observa-se que as Financeiras Independentes apresentam uma Geração de Rendas maior do que a dos Bancos, indicando maiores taxas médias de juros –

lembrando que, no caso dos Bancos, estes possuem carteiras com taxas médias bem menores, como o caso de crédito imobiliário e carteira rural. No Setor Bancário, a mediana de mercado aponta alavancagem de 425%; nas Financeiras Independentes, esse índice é de 209%, indicando maior capitalização nestas últimas. Observase, ainda, que as Financeiras Independentes apresentam taxas de spread superiores às dos Bancos, pelas mesmas razões apontadas na análise das taxas de aplicação – os Bancos possuem carteiras com taxas e spreads menores, como a de crédito imobiliário e rural. Quanto à rentabilidade do Patrimônio Líquido, chama a atenção o fato de o índice do Setor Bancário ser maior do que o apresentado pelas Financeiras Independentes, apesar de estas apresentarem maior spread e maior capacidade de Geração de Rendas, notadamente em razão de taxas maiores de captação de recursos e estruturas de despesas fixas relativamente maiores. Em relação à insolvência, esta é representativamente maior nas Financeiras. |

Indicadores de Análise do Sistema Financeiro Nacional - setembro 2009

Índices obtidos por meio da mediana de valores dos participantes de cada mercado

Indicadores

Geração Operacional de Renda: [(Receitas de Int. Fin. + Receitas de Prestação de Serviços)/(Ativo Total - Relações de Interdependência - Pagamentos e Recebíveis a Liquidar - Ativo Permanente)].

Geração Operacional de Renda (%)

Setor Bancário

Financeiras Independentes

Liquidez Corrente: Ativo Circulante/Passivo Circulante. Despesas Estruturais: Despesas com Pessoal + Outras Despesas Administrativas.

15,26

25,94

1,24

2,01

Crescimento de Despesas Estruturais (%)¹

(0,63)

20,85

Margem Líquida (%)

11,82

12,06

9,54

8,38

425,77

209,62

Crescimento das Operações de Crédito (%)¹

26,88

29,18

Operações de Crédito : Operações de Crédito + Operações de Crédito LP + Outros Créditos.

Inadimplência (%)

13,54

11,17

Insolvência (%)

3,07

6,40

Inadimplência: (Nível B + Nível C + Nível D)/Total de Crédito.

Spread (%)

8,07

19,54

Liquidez Corrente

Rentabilidade do Patrimônio Líquido (%) Alavancagem (%)

Margem Líquida: (Resultado Líquido/Receita de Int. Fin. + Rec. Prestação de Serviços + Resultado de Participação em Coligadas e Controladas + Outras Rec./ Desp. Receitas Operacionais). Rentabilidade do Patrimônio Líquido: (Resultado Líquido x 12/9)/Patrimônio Líquido. Alavancagem: (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo)/Passivo Circulante.

Insolvência: (Nível E + Nível F + Nível G + Nível H)/Total de Crédito. Spread: {[(Receitas de Int. Fin. + Receitas de Prestação de Serviços) - (Despesas de Int. Fin. - PDD)]/(Ativo Total Relações de Interdependência - Pagamentos e Recebíveis a Liquidar - Ativo Permanente)}.

Fonte: Visionarium. ¹Crescimento médio em relação ao mesmo período do ano anterior.

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Projeção econômica:

A CRISE MUNDIAL é longa e requer soluções fortes por Istvan Kasznar

Março/2009

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Efetivamente, a crise chegou ao Brasil a partir de novembro e dezembro de 2008, com sinais inequívocos de força brutal. A queda rápida do produto em 2008 e sua estagnação num fundo de poço ainda mal identificável em abril de 2009 fazem supor que o formato das taxas de crescimento do produto se dará em L por longo período de tempo. Os economistas são criativos e bem didáticos ao apontarem os formatos do crescimento e analisarem suas consequências. No Brasil dos anos 1980, foram comuns as previsões em W, nas quais, após um descenso, vinha uma ascensão que se repetia sucessivamente e gerava os famosos stops and gos, geradores de altas volatilidades e dos movimentos erráticos, típicos da falta de vontade política em combater de fato a in-

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U flação. Também são comuns os formatos em U e em , ou U invertido, preferindo-se obviamente o primeiro, no qual após um período recessivo, sucede-se uma retomada. Quanto mais longa, extensa e autossustentável, melhor. U No ano 2009, a humanidade caminha mormente para o e sua fase pós-pico, que teria sido alcançada em meados de setembro de 2008. E, certamente, a maioria vê diante de si um L por algum tempo. Qual? Ninguém sabe.

E o que quer dizer isso tudo, se se configuram por ora sopas de letrinhas?


A economia americana se acomoda no fundo do poço, em processo também fomentado por uma crise moldada em créditos mal concedidos

Isso significa que, dada a dimensão das três maiores economias do mundo, delas se espera o empuxe para mais crescimento mundial. Mas, no lugar de isso ocorrer, está desaparecendo. Os países mais ricos do mundo estão ficando cada vez mais ensimesmados. Eles estão se preocupando em resolver problemas endógenos, internos, que eles mesmos criaram para si. Nesse contexto e nessa hora, a estabilização econômica nos países emergentes e pobres fica bem mais difícil. O comércio mundial se contrai, posto que moldado por uma combinação de retração da demanda individual por país, retração da demanda agregada, ditada pelos maiores países, e o levantamento e volta de barreiras ao comércio mundial.

Arquivo Acrefi

E o que quer dizer isso tudo, se se configuram por ora sopas de letrinhas? Na verdade, isso quer dizer que existe um temor de que a crise seja bem mais longa, profunda e de consequências mais profundas do que as inicialmente declaradas no mundo. E assim, como na letra L a ordenada é radicalmente vertical e grande, suspeita-se que o verdadeiro formato da ordenada seja muito mais longo que o da abscissa. O Japão é o exemplo mais recente e parecido com o L que se abate como um espectro mortal sobre o mundo: permaneceu praticamente toda a década de 1990 mergulhado numa longa recessão; penou com deflações; e adentrou o século 21 com crescimentos pífios. A recessão norte-americana, ao apresentar o mesmo formato em L, traz consigo as mesmas preocupações que afligiram os japoneses e outras bem maiores, que gerarão pesadelos prolongados no mundo inteiro. No Japão, boa parte da crise se deu porque se concederam créditos em demasia; as seguradoras aplicaram em papéis hipotecários em coeficientes excessivos; e a China, ao lado, iniciou um movimento de crescimento e exportação que passou a concorrer com ela na mesma estratégia de país líder de custos baixos. Só que, com a mão-de-obra ultrabarata e sem auferir maiores benefícios trabalhistas, as fábricas a não pagarem impostos significativos nem contribuições laborais marcantes, a competitividade na Ásia encontrou seu novo marco na China e abandonou de vez a do Japão. Num processo bem diferente, mas coincidente no que diz respeito a créditos concedidos em demasia, logo erradamente, a um setor forte e especial, no caso o da habitação, turbinado por cédulas hipotecárias de longo prazo assinadas por pagadores frequentemente sem background nem bons hábitos no mercado de empréstimos, os Estados Unidos se embaralharam numa política concessionista, libertina, cujo saneamento real é demorado. Isso significa que os dois maiores produtores de riquezas do mundo, os dois maiores PIBs do planeta, mergulharam em prolongada recessão. No lugar de se contrapor, a economia americana se acomoda no fundo do poço, em processo também fomentado por uma crise moldada em créditos mal concedidos. A terceira maior economia do mundo, a alemã, que crescera com força na sua unidade ocidental até 1991, viu na queda do Muro de Berlim a chegada dos seus concidadãos orientais, vilipendiados e sufocados pela ditadura soviética. Isso renderia uma tendência capitalista à economia, que cresceria bem mais lentamente, a taxas de 2% na média anual dos últimos 17 anos, reintegrando seu lado oriental, contudo sem capacidade motriz de acrescentar crescimento ao mundo.

Istvan Kasznar, Ph.D., é economista-chefe da Acrefi istvan@acrefi.org.br FINANCEIROACREFI


Projeção econômica:

Para o Brasil, a recuperação do PIB virá mais rápido do que no exterior, com uma novidade: a necessidade de se enfatizar o reforço do crescimento interno Estas podem ser dissimuladas, mas existem. É a Rodada de Doha que é adiada. É o encontro do G-20, que com tantos preparativos mergulha em fainas burocráticas e processuais e não na solução de problemas prementes estruturais e mundiais conjuntos. É o aumento da fiscalização das cotas no Mercado Comum Europeu. E também, para reforçar em exemplo, são as jogadas de hula-hula e revisionismos de contratos que assolam os acordos do Mercosul. Nesse contexto, a China e o Brasil podem crescer, mas não passam incólumes à crise mundial de vasta envergadura. A China, como latecomer do capitalismo, não é nem um milagre nem um fenômeno de crescimento. Tão-somente realiza nos últimos 15 anos o que não fez nos 45 anos anteriores, no pós-guerra. E o Brasil é o país da “marolinha”, segundo o presidente da República. Divertida, gozativa ou não, essa declaração mostra o quanto as autoridades apreciam minimizar o tamanho das crises. E também mostra o quão errado é declarar o que não corresponde aos fatos. Informada, a população brasileira não se deixa mais iludir com falácias e declarações autistas. Mas as mesmas declarações significam potencialmente lentidão do setor público em tomar as devidas, necessárias e complexas medidas de política econômica que recessões tendentes à depressão econômica requisitam. Em 2006, apontava-se oficialmente com taxas de crescimento do PIB de 6% no ano 2009. Se este ano encerrar com uma taxa de 0%, já será “satisfatório”, em comparação com o que vem do mundo afora. As autoridades insistiram em manter a taxa esperada do PIB em 5% até novembro; em 4% até janeiro de 2009; em 2% em fevereiro; e jogaram a toalha em março com percentual perto de 0%. Consistente com esse movimento, o desemprego atingiu 573.290 trabalhadores em janeiro, alcunhado como um mês “cruel” pelo IBGE. “Cruel”? Devastador, gerador de crescente FINANCEIROACREFI

inadimplência financeira, que subiu de 6% em dezembro de 2008 para 8,75% em março de 2009. Os indicadores médios do comércio paulista caíram 34,52% no faturamento, entre novembro e janeiro de 2008 e 2009, o que espelhou um Natal sóbrio. As taxas Selic reagiram com quedas recordes e, ao alcançarem 11,25%, espelharam a queda da inflação, provocada pela severa queda na demanda agregada interna. Mas não foram suficientes para fazer face às ondas de descenso tão pronunciadas e vieram tarde. Desse modo, o Brasil, que é um latecomer no que diz respeito ao uso de medidas liberais no mercado de crédito, beneficiou-se em relação a outras nações do mundo com a crise. Talvez por um mix de prudência, medo em fazer inovações, forças de cartel e apreço ao Estado patrimonialista, a falta de medidas mais liberais veio a gerar um benefício relativo e momentâneo ao País. Sem que se tenha de remontar setores inteiros da economia, como o automobilístico, o habitacional e o de crédito nos EUA, a economia brasileira sofreu com a “contração por susto e intimidação externa”. Contudo, o País mantém bases de produção crescentes e bem fundamentadas. A sua administração continua. Por essas razões, é de se esperar que o Brasil também se volte para dentro e olhe para si e para o seu próprio mercado. Não que ele fique entrópico. Não que ele se feche. Todavia, se as parcerias tradicionais estão minadas por desafios de grande monta que se resolvem somente no longo prazo, é prioritário desenvolver o seu próprio mercado e fazer progressos para a sua própria gente. O governo Lula parece ter entendido essa necessidade com satisfatória rapidez. As evidências são a busca e a insistência em fazer deslanchar políticas públicas habitacionais (existem 8,5 milhões de casas ou residências por construir, pois é esse o déficit habitacional básico dos sem teto e que ganham até três salários mínimos); construir barragens para gerar mais energia elétrica e estradas rodoviárias, posto que as do Brasil são apenas 63% das equivalentes às disponíveis na Argentina. Portanto, longe de acomodação, esta é uma fase de rearranjo e reordenamento. Para o Brasil, a recuperação do PIB virá mais rápido do que no exterior, com uma novidade parcial que é bem-vinda: a necessidade de se enfatizar o reforço do crescimento interno, genuinamente nacional, com o crescente esforço em formar poupanças internas. |

Bibliografia Banco Central do Brasil. Relatórios Anuais de 2000 a 2007. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Anuários de 2000 a 2007. IMF. Statistics; anos 2007-2008. KASZNAR I. Macroeconomics. Latin American Teaching Center; Citibank; 1998-1999. ACREFI. Revista Financeiro; volumes 1-64; anos 1-6.



Artigo:

Estimulando o crédito por Carlos Thadeu de Freitas Gomes e Marianne Lorena Hanson

• A dinâmica benigna da dívida: ao contrário de crises passadas, a dívida líquida do setor público em relação ao PIB caiu com a alta do dólar. Ao mesmo tempo, com a Selic em queda, os juros incidentes sobre a dívida serão menores. Esses fatores tornam o efeito da provável redução do superávit primário proveniente da queda da arrecadação fiscal menos nocivo. • Posição externa ainda favorável: as reservas internacionais elevadas em relação à dívida externa e uma tendência de queda do déficit em conta corrente ao longo de 2009 permitem um ajuste menos dramático no câmbio. • Aumento rápido do excesso de capacidade ociosa e ajuste dos estoques reduzem as pressões inflacionárias enquanto a demanda interna estiver em desaquecimento. Esses fatores reduzem a necessidade de rigor fiscal e dão folga para a política monetária acompanhar uma política fiscal anticíclica. Dada a trajetória benigna da relação dívida líquida/ PIB nos últimos anos, uma queda moderada do superávit primário seria tolerável, principalmente levando em conta as futuras reduções da taxa de juros Selic, que reduziriam o custo da dívida. No entanto, o “destravamento” do crédito, por meio de medidas como a redução da carga tributária sobre a intermediação financeira, a liberação condicionada de compulsório, além do incentivo à maior competição entre as instituições financeiras, são fundamentais para uma recuperação da economia brasileira.

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Os resultados negativos do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para o último trimestre de 2008 e os indicadores igualmente desfavoráveis para a atividade econômica neste início de ano reduziram as projeções para o crescimento da economia em 2009. Apesar de abandonar a tese do descolamento, não se pode, no entanto, querer adotar o mesmo remédio que os Estados Unidos, um grande estímulo fiscal e monetário, pois a conjuntura para a economia brasileira é diferente. O cenário mais provável é de uma contração curta e uma recuperação logo em seguida, devido à atual queda da taxa real esperada de juros, e algumas medidas anticíclicas pontuais já tomadas. O crédito, se devidamente incentivado, minimizaria os efeitos da contração econômica, restaurando a confiança. A crise internacional atinge o Brasil, assim como os demais países do globo, por diversos canais. A demanda internacional fraca e a queda dos preços das commodities reduziram as exportações em volume e valor, enquanto a elevação nos prêmios de risco, nos spreads soberanos e corporativos e a menor disponibilidade de recursos externos provocaram queda expressiva do financiamento externo. Com o crédito externo escasso, juntamente com a queda geral na confiança de consumidores e empresários, a disponibilidade interna de crédito se retraiu e os spreads bancários se elevaram. Contudo, algumas condições macroeconômicas favorecem o enfrentamento da crise. Entre eles:

Março/2009

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Opções de Mercado Aberto: Posição líquida de financiamento com títulos públicos federais Média diária (R$ bilhões) 450 396,83

400

383,88

379,24

fev/09

mar/09*

350 300

312,26

299,73 281,47

278,71

250 200 set/08

out/08

nov/08

dez/08

jan/09

*Até 13/3. Fonte: Banco Central do Brasil.

Arquivo Acrefi

a posição undersold dos bancos no mercado de reservas bancárias, que chegou a atingir quase R$ 400 bilhões em janeiro. A liquidez extra dos bancos está sendo revertida em operações de mercado aberto com títulos públicos. A fixação da taxa Selic básica continuaria sendo feita normalmente dentro do regime de metas de inflação como instrumento para administrar as expectativas dos agentes econômicos. O BC fixaria um intervalo para a taxa Selic dentro do qual a Selic over poderia flutuar. A sinalização da taxa over refletiria apenas a realidade atual dos mercados monetários, sem interferir na âncora nominal do regime de metas de inflação. Hoje, o principal desafio dos BCs é o destravamento do crédito, cujo sucesso depende, além da retomada da confiança, de medidas não convencionais. |

Carlos Thadeu de Freitas Gomes é chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

Arquivo Acrefi

Espera-se que a taxa Selic apresente uma trajetória de queda ao longo do ano. Contudo, as taxas ativas (cobradas pelos bancos) não devem cair na mesma proporção, já que os spreads devem permanecer elevados. A redução dos spreads bancários depende de uma política mais ativa por parte do Banco Central (BC). Os bancos centrais dos países desenvolvidos estão procurando destravar o crédito diretamente por meio de compras ou garantias para os títulos lastreados em direitos creditórios. No caso brasileiro, dadas as restrições legais para que a autoridade monetária possa aceitar lastros privados, resta de imediato incentivar a concorrência entre as instituições financeiras. Desde meados de 2007, os mercados financeiros internacionais estão pedalando a crise com recursos dos seus bancos centrais. A queda das taxas de juros deu lugar à expansão dos balanços dos bancos centrais como principal instrumento de política monetária. O presidente do BC americano vem enfatizando em seus discursos que o objetivo principal dessa política seria o “destravamento” do crédito, diferentemente da política de liquidez adotada pelo BC japonês durante o período de deflação. No caso do Japão, a compra de títulos dos bancos serviu apenas como um mecanismo para aumento das reservas dos bancos, diante da impossibilidade de reduzir os juros nominais para baixo de zero. Ao baixar os juros para praticamente zero, o Federal Reserve reconheceu a atual disfunção dos mecanismos de transmissão de política monetária tradicionais. O BC americano está inovando ao comprar títulos de crédito do setor privado como forma de diminuir o spread do capital emprestado para as empresas. As taxas de juros que refletem o movimento das reservas bancárias intituladas taxas overnight recuaram bastante nos últimos meses em todos os países que injetaram liquidez no sistema ou deram garantias para suas operações interbancárias. Até recentemente, antes de o BC americano fixar um intervalo entre 0% e 0,25% para a taxa de juros básica, as taxas over diárias estavam sempre abaixo daquelas fixadas pelo Comitê de Política Monetária. Isso também aconteceu dentro do âmbito do euro e da libra, cujas taxas de juros diárias têm sido inferiores aos patamares definidos pela gestão de política monetária sob o modelo de metas de inflação. No Brasil, a taxa Selic meta é fixada pelo Copom em suas reuniões e a Selic over é determinada pelos movimentos nas reservas bancárias diárias. Como o BC é o principal emissor de reservas, a over é administrada para que fique próxima da meta fixada pelo Copom. Dada a liquidez atual do mercado de reservas bancárias, a taxa Selic over poderia ser bastante inferior aos níveis atuais, caso fosse menos monitorada pelo BC para ficar próximo da meta. Como consequência, as tomadas de recursos diárias pelo BC teriam remuneração inferior à praticada hoje. As instituições financeiras que atualmente estão credoras nos mercados monetários receberiam menor remuneração incidente sobre suas carteiras de títulos, logo, estariam mais predispostas a aumentar suas operações de crédito. O gráfico a seguir mostra

Marianne Lorena Hanson é assessora econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

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Artigo:

Crédito ainda é problema por Marcel Domingos Solimeo

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A questão da inadimplência preocupa, porque, embora ela ainda não decorra do aumento recente do desemprego, mas do crescente endividamento dos últimos dois anos, pelo que, se o desemprego aumentar fortemente, seu impacto negativo sobre a pontualidade dos devedores poderá ser bastante acentuado. A demora na normalização do crédito leva ao desencadeamento de um círculo vicioso, na medida em que a retração das vendas do varejo diminui as encomendas para a indústria, afetando o emprego no setor, o que gera maior cautela do trabalhador em comprar, desacelerando ainda mais o movimento do comércio. Parece necessário que o Banco Central diminua os prazos das reuniões do Copom para ganhar maior agilidade nas decisões, e não apenas acelere o processo de redução da Selic, mas, também, injete mais liquidez no sistema diminuindo os depósitos compulsórios dos bancos e aumentando as garantias para as operações das instituições menores. O tempo é um fator fundamental para impedir que a retração que se observa na economia acabe se transformando em uma recessão, embora seja inevitável que o nível das atividades econômicas seja menor do que o observado até setembro de 2008, até por causa do balanço de pagamentos. O importante é reduzir o custo do ajustamento, especialmente em seus aspectos sociais, do qual a manutenção do emprego é a mais relevante. |

Divulgação

Apesar de suas condições muito mais favoráveis do que a da maioria dos países, a economia brasileira, por estar inserida na economia global, foi afetada pela crise financeira internacional, que provocou também forte redução do comércio mundial, com queda acentuada nos valores e nas quantidades exportadas. O impacto da crise foi sentido inicialmente nas vendas para o exterior, depois na fuga de capitais e paralisação do crédito externo e, em seguida, pela incerteza que gerou em todos os agentes econômicos. Como o principal fator do crescimento da economia nos últimos três anos foi o crédito, abundante, com juros menores, embora altos, e prazos longos de financiamento, foi este o canal principal de transmissão da crise externa para o mercado interno, apesar de não se poder ignorar o impacto da queda das vendas de alguns setores, com efeito sobre o nível de emprego. A saída de capitais externos das Bolsas e a retração dos financiamentos externos jogaram para o mercado interno a demanda de grandes empresas e de exportadores, enquanto operações com derivativos de algumas delas não apenas provocaram aumento da demanda, para converter tais operações em empréstimos, mas contribuíram para aumentar a incerteza e a aversão ao risco do sistema financeiro, com o que o “travamento” do crédito doméstico foi muito rápido e profundo, com forte repercussão sobre a produção e o consumo e, também, sobretudo, sobre as expectativas. Com a deterioração das expectativas, os bancos menores e as financeiras perderam o acesso à captação de recursos, reduzindo ou paralisando suas operações, o que agravou o problema da falta de crédito para as empresas, especialmente as de micro e pequeno porte, e de alguns setores, muito dependentes dessas instituições para o financiamento de suas vendas. A reação do Banco Central, liberando compulsórios e, posteriormente, reduzindo a taxa Selic, foi um tanto demorada e excessivamente cautelosa, pelo que, até o momento, persistem as dificuldades de crédito para as empresas menores, pois, embora o volume total de crédito, segundo o Banco Central, tenha retornado ao nível de setembro de 2008, a demanda foi muito aumentada pelo deslocamento dos grandes empreendimentos, que necessitam de valores muito elevados de financiamento e acabam absorvendo parcela significativa dos recursos disponíveis. Com menor disponibilidade de crédito, juros mais altos e prazos mais curtos, as vendas do varejo vêm se desacelerando, apesar de promoções expressivas, a renegociação de débitos caiu fortemente e a inadimplência dá sinais de aumento.

Março/2009

Marcel Domingos Solimeo é economista-chefe e superintendente da Associação Comercial de São Paulo

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Tendência:

Perspectivas para o mercado de trabalho em 2009 Março/2009

Divulgação

por Fábio Romão, economista da LCA

A inflexão recente do mercado de trabalho: breve caracterização A piora por que o mercado de trabalho vem passando recentemente surge após anos consecutivos de melhora progressiva. A taxa de desocupação vinha recuando de maneira quase contínua, tendo chegado em 7,9% na média de 2008, seu nível anual mais baixo desde o início da série da Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE, em março de 2002 (Gráfico 1). Também se observavam avanços em termos de crescente formalização, ou seja, de aumento da participação das ocupações com registro formal no universo do total das ocupações. Entre fevereiro de 2005 e dezembro de 2008, a porção do estoque de trabalhadores ocupados com registro na carteira de trabalho cresceu a um ritmo superior ao da ocupação total, bem como ao do estoque de trabalhadores ocupados sem carteira (Gráfico 2). Em muitos meses, esse estoque de trabalhadores informais registrou contração sobre igual período do ano anterior, sinalizando que parcela dos postos de trabalho informais já existentes estava passando a contar com registro formal. As inflexões no ritmo da produção e das vendas costumam produzir reflexos sobre o desempenho do mercado de trabalho com uma defasagem de quatro a seis meses. A deterioração abrupta da confiança e do crédito observada nos meses finais de 2008 redundou, no entanto, numa mudança atipicamente rápida no ânimo dos empregadores. A guinada negativa do mercado de trabalho a partir de outubro foi particularmente rápida e intensa na indústria, embora não se possa dizer que este tenha sido o único setor atingido (Tabela 1). De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged-MTE), entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009, a indústria fechou, em termos líquidos (admissões menos demissões), FINANCEIROACREFI

G1

13,0

Seis principais regiões metropolitanas:

Taxa de desemprego média anual (%)

12,3

12,0

11,5

11,0

9,9

10,0

10,0

9,3

9,0

7,9

8,7

8,0 7,0 2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Fonte: PME/IBGE. Elaboração e Projeções: LCA.

463,3 mil postos de trabalho formal – o que corresponde à dispensa de 5,7% do total de empregados formais que o setor tinha em setembro. Em termos regionais, esse fechamento de postos na indústria foi particularmente intenso no Sudeste e no Sul, sobretudo pela influência dos subsetores produtores de bens duráveis e de bens de capital. Os resultados apurados pelo Caged no primeiro bimestre de 2009 apontam, no entanto, para um estancamento gradual do processo de eliminação de postos pela indústria. Esses dados também são alvissareiros no que diz respeito aos resultados dos setores de serviços e de construção civil, sobretudo quando nos debruçamos sobre os resultados de fevereiro. A evolução mensal do saldo líquido de postos formais, feito o ajuste sazonal pela LCA, deixa clara essa recuperação lenta e gradual no começo de 2009 (Tabela 1 e Gráfico 3). Também na PME/IBGE, o resultado de fevereiro sinalizou uma recuperação, em especial da ocupação no setor de serviços. A LCA agregou os setores de atividade da PME em que claramente preponderam os serviços: serviços a empresas,


administração pública, serviços domésticos, outros serviços e outras atividades. Juntos, esses setores representam 56,1% do estoque total de trabalhadores nas metrópoles (região, portanto, onde as atividades ligadas aos serviços têm importância preponderante). O ritmo de expansão do número de trabalhadores ocupados nesse conjunto agregado pela LCA acelerou entre janeiro (alta de 1,0%) e fevereiro (alta de 1,6%), na comparação com iguais meses de 2008. Em resumo, os resultados mais recentes nos parecem sugerir que o momento mais agudo de ajuste do mercado de trabalho, que atingiu, sobretudo, as ocupações formais e o setor industrial, pode estar ficando para trás.

G2

Seis principais regiões metropolitanas:

Evolução interanual do estoque de ocupados por categoria de ocupação (em %)

mar/03 mai/03 jul/03 set/03 nov/03 jan/04 mar/04 mai/04 jul/04 set/04 nov/04 jan/05 mar/05 mai/05 jul/05 set/05 nov/05 jan/06 mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07 mai/07 jul/07 set/07 nov/07 jan/08 mar/08 mai/08 jul/08 set/08 nov/08 jan/09

14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6

Perspectivas setoriais para 2009

Com carteira

Avaliamos que os setores em que a ocupação formal deverá registrar pior desempenho em 2009 serão a indústria e a agropecuária. No caso da indústria, o emprego poderá evoluir favoravelmente nos segmentos produtores de bens de consumo semi e não-duráveis. As vendas desses segmentos têm perspectivas razoáveis, favorecidas por fatores como o maior reajuste real concedido ao salário mínimo e o recuo da inflação (projetamos que o IPCA/IBGE irá passar de uma alta de 5,9% em 2008 para cerca de 4,3% em 2009, e que o grupo alimentação e bebidas terá desaceleração particularmente pronunciada – passando de uma alta de 11,1%, em 2008, para perto de 5%). Já para os segmentos industriais produtores de bens duráveis e de capital só se espera alguma recuperação no final de 2009. A ocupação formal na agropecuária tem mostrado evolução muito aquém da esperada sazonalmente desde setembro de 2008, resultado que está em linha com nossa expectativa para a desaceleração do PIB agropecuário em 2009: projetamos que ele passará de um crescimento de 5,8% em 2008

T1

Sem carteira

Ocupados

Fonte: PME/IBGE. Elaboração: LCA.

para uma queda próxima de 1,4% em 2009. O emprego formal na construção civil perdeu o fôlego que lhe conferia altas taxas de crescimento nos últimos anos, mas não chegou a registrar fechamento de postos no primeiro bimestre. Contribuíram para isso: (i) as obras de infraestrutura, que, por terem longo prazo de maturação, poderão, até certo ponto, passar ao largo da crise; (ii) os incentivos governamentais, como a abertura de novas linhas de crédito e o novo pacote habitacional; e (iii) o grande volume de lançamentos imobiliários realizados ao longo de 2007 e 2008 que estarão, em 2009, ainda em fase de execução. Projetamos que o setor não repetirá a grande geração de postos observada entre 2005 e 2008, mas encerrará 2009 com uma pequena expansão em seu estoque de mão-de-obra (nada que lembre o fechamento líquido de postos observado pelo Caged entre os anos de 1998 e 2003).

Brasil: geração líquida de postos formais, total e por setores (milhares), dado original e com ajuste sazonal (a)

Setor

out/08 Dado original

Ajuste sazonal

nov/08 Dado Ajuste original sazonal

dez/08 Dado original

jan/09

Ajuste sazonal

Dado original

Acumulado out/08-fev/09

fev/09

Ajuste sazonal

Dado original

Ajuste sazonal

Dado original

Ajuste sazonal

Total

61,4

18,4

(40,8)

28,6

(654,9)

(218,2)

(101,7)

(91,1)

9,2

(12,7)

(726,9)

(274,9)

Indústria

8,1

(21,2)

(82,9)

(31,6)

(277,3)

(109,0)

(54,9)

(109,0)

(56,4)

(64,0)

(463,3)

(334,7) (83,1)

Construção

2,1

1,4

(22,7)

(6,7)

(82,4)

(39,8)

11,3

(39,8)

2,8

1,8

(88,8)

Comércio

54,6

32,6

77,9

26,3

(15,1)

(1,0)

(50,8)

(1,0)

(10,3)

4,3

56,3

61,1

Serviços

34,9

23,7

37,5

32,1

(145,6)

(11,8)

4,7

(11,8)

72,0

35,4

3,5

67,6

Agropecuária

(38,4)

(8,4)

(50,5)

(2,6)

(134,5)

(8,1)

(12,1)

(8,1)

1,0

(8,3)

(234,6)

(35,5)

Fonte: Caged/MTE. Elaboração: LCA. (a) metodologicamente, a soma dos resultados dessazonalizados setoriais pode discrepar do resultado dessazonalizado total.

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Tendência:

188,9

158,8

186,7

206,6

192,5

134,8

out/08

set/08

ago/08

jul/08

jun/08

mai/08

abr/08

mar/08

fev/08

jan/08

18,4

28,6

nov/08

163,3

Fonte: MTE. Elaboração: LCA.

Quanto ao setor de serviços, avaliamos que nele o ajuste da mão-de-obra tende a se dar essencialmente via demissões, pois o setor é mais fragmentado e heterogêneo do que a indústria (tem um menor número de categorias organizadas, por exemplo) – características que dificultam o estabelecimento de acordos, contemplando redução de jornada e salário (como os que têm sido firmados em vários segmentos da indústria). Grande parte do ajuste via demissões nos serviços parece já ter sido feito entre outubro de 2008 e janeiro de 2009. Em fevereiro, o setor de serviços (incluindo os celetistas que trabalham na administração pública) registrou bom resultado no Caged-

T2

fev/09

224,5 154,2

jan/09

Saldo dessazonalizado, em milhares

MTE: saldo líquido positivo de 72 mil postos formais, resultado algo inferior ao registrado em fevereiro de 2008 (89,7 mil), mas que representa uma importante melhora na comparação com a geração líquida de postos formais observada em janeiro de 2009 (+ 4,7 mil). (12,7) À luz desses fatores, projetamos (91,1) que, na economia como um todo, a geração líquida de postos for(218,2) mais de trabalho ficará entre 499 mil e 791 mil em 2009 (Tabela 2). Isso representaria uma ampliação do estoque de mão-de-obra formal de 1,6% (Cenário Adverso) a 2,6% (Cenário Benigno) ao final de 2009 ante altas de 7,0% em 2007 e de 5,0% em 2008. Com relação ao estoque total de ocupados (sejam formais ou informais), a desaceleração de sua taxa de expansão entre 2008 (3,4%) e 2009 (em torno de 1,0%) acarretará um aumento na taxa média de desemprego anual. Contudo, essa taxa se manterá distante dos níveis registrados entre 2002 e 2006. Conhecidos os resultados do primeiro bimestre, avaliamos que as taxas mensais daqui até o final de 2009 se situarão em patamar acima dos meses homólogos de 2008, culminando em uma taxa média anual em torno de 8,7%, acima, portanto, da média registrada em 2009, mas longe dos dois dígitos projetados por alguns analistas. | dez/08

G3 Criação de postos formais – Caged

Brasil: saldo líquido (admissões menos desligamentos) de postos formais (em milhares)

Ano

Total

Indústria

Construção Civil

Comércio

Serviços

2000

657,6

181,3

(1,6)

175,5

287,1

Agropecuária 9,8

2001

591,1

107,8

(33,4)

209,8

322,7

(17,1)

2002

762,4

172,0

(29,4)

283,3

296,0

40,6

2003

645,4

138,5

(48,2)

225,9

270,1

58,2

2004

1.523,3

519,5

50,8

403,9

469,7

79,3

2005

1.254,0

200,6

85,1

389,8

591,3

(12,9)

2006

1.228,7

269,7

85,8

336,8

529,9

6,6

2007

1.617,4

412,1

176,8

405,1

602,4

21,1

2008

1.452,2

195,3

197,9

382,2

658,6

18,2

2009 Cenário Adverso

499,1

-3,0

7,5

200,0

337,0

-42,5

Cenário Benigno

790,9

80,1

35,6

272,9

441,5

-39,3

Fonte: Caged/MTE. Elaboração e Projeções: LCA.

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Artigo:

A tributação do spread bancário por Celso Grisi Filho e Leonardo Castro, advogados do Escritório L. O. Baptista Advogados

Março/2009

A revisão da atual política fiscal aplicável às instituições reduzir tais alíquotas a zero, sem necessidade de lei aprovada financeiras mostra-se não apenas necessária sob a ótica mapelo Congresso Nacional. croeconômica, mas também imprescindível em termos de Ademais, existem outros exemplos de tratamento mais onefomento do mercado de crédito. Ao governo federal caberia, roso no que tange à alíquota de Cofins e de CSLL para as instituiagora, a contenção de sua voracidade tributária, auxiliando as ções financeiras. Enquanto a maior parte dos contribuintes instituições financeiras a se manterem eficientes em no regime cumulativo da Cofins submete-se a seu papel econômico e social. uma alíquota de 3%, os bancos contribuem Há notícias de pressões da União para a com 4%. No que se refere à CSLL, a alídiminuição do spread bancário no Brasil. De quota geral é de 9% sobre o lucro, ao um lado, a intensificação da crise internapasso que, para o setor financeiro, tal cional estimulou a elevação do spread alíquota foi aumentada para 15%. desde o último trimestre do ano pasAssim, a redução da alíquota de sado. De outro, há necessidade de sua CSLL novamente para 9%, como IR redução para fomentar o acesso ao ocorre com os demais setores da IOF crédito e gerar o esperado crescimento economia, bem como uma redueconômico. Mas a diminuição do spread ção da alíquota da Cofins, seriam CSLL por parte das instituições financeiras medidas importantes, neste modeve ser discutida à luz de cada um de mento, para reduzir o spread e fomenCofins seus componentes, de forma profunda. tar o mercado de crédito nacional. Por PIS/Pasep De acordo com os estudos feitos pelo que não utilizar tais medidas, atrelandoBanco Central, é possível desdobrar o spread nos as à redução da carga fiscal? seguintes elementos: (i) despesas administrativas; (ii) Por exemplo, com a extinção da CPMF – memargem líquida de lucro; (iii) provisão para inadimplência; (iv) dida louvável, diga-se de passagem –, esperava-se uma tributos diretos (i.e., IR e CSLL); e (v) tributos indiretos (i.e., PIS/ redução significativa do spread, visto que tal contribuição era, de Pasep, Cofins e IOF – sobretudo este último). Segundo esses fato, excessivamente onerosa para o setor financeiro. Contudo, estudos, o componente fiscal – considerado tanto na esfera dos a elevação da alíquota do IOF, na mesma proporção da extinta tributos diretos quanto na dos indiretos – é o segundo fator de CPMF, impediu que tal expectativa se realizasse. maior expressão na composição do spread bancário. O argumento jurídico utilizado pela Fazenda Nacional de Uma das medidas importantes para impulsionar o ofereque o IOF incide sobre o tomador do crédito e não sobre os bancimento de linhas de crédito mais baratas seria, indubitavelcos não se mostra adequado à realidade macroeconômica atual, mente, a redução da alíquota do IOF incidente sobre tais opeuma vez que o repasse dos custos tributários é feito indepenrações. Convém recordar que o próprio Poder Executivo pode dentemente da definição jurídica do contribuinte. | ho

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Tempo de turbulências:

A crise financeira mundial poderá aumentar os custos regulatórios sobre as instituições financeiras? por Leopoldo Ubiratan Carreiro Pagotto, advogado de Xavier, Bernardes, Bragança, Sociedade de Advogados

Março/2009

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Uma das causas apontadas para a atual crise financeira mundial seria a desregulação dos mercados financeiros, verificada gradativamente a partir dos anos 1990. Por isso, debater e compreender as origens e os objetivos do movimento de desregulação pode ajudar no delineamento de uma resposta governamental que evite os erros das políticas públicas adotadas, sem incidir nos pontos equivocados normalmente associados a uma maior intervenção estatal. Paira no ar a ameaça de que medidas mais estritas de controle governamental possam recair sobre as instituições financeiras e, indiretamente, sobre a sociedade como um todo. Um dos temas que permeiam os argumentos neoliberais sobre desregulação é o custo que o cumprimento das normas acarreta para os regulados. Aqueles que não vivem sob regime regulatório específico frequentemente consideram a burocracia algo insuportável: preencher a declaração de Imposto de Renda, justificar a ausência do voto durante as eleições e comparecer à Justiça como testemunha cria, para o leigo, embaraço que lhe consome tempo e recursos. Uma empresa, por sua vez, se depara com um conjunto de exigências ainda maior, tais como as de caráter contábil e de registro nos órgãos da administração pública. Afora essas exigências cotidianas para todas as empresas, há situações excepcionais nas quais o interesse público motiva maior controle pelo Estado. Às vezes, o regime regulatório impõe fardos sobre os regulados, os quais têm o dever de preencher inúmeros FINANCEIROACREFI


formulários, participar de avaliações, receber inspeções do órgão regulador e justificar ações, entre outros. Apesar de parecerem simplórias à primeira vista, elas demandam esforços para serem cumpridas. Quase sempre, as empresas sujeitas a esses requerimentos precisam ter profissionais dedicados a lidar com questões regulatórias. Dependendo do tamanho da empresa e do setor de atuação, os funcionários podem constituir um departamento específico dentro da organização – com bastante frequência, os departamentos de compliance são gigantescos. Em boa parte das situações, as instituições financeiras se enquadram nessa última categoria. A imposição desse tipo de fardo produz efeitos colaterais não previstos ou desejados pelo regulador, efeitos estes que se refletiriam nos custos das instituições financeiras e, em última instância, seriam repassados aos consumidores, seja por meio de custos maiores para a concessão de crédito, seja por meio da cobrança de tarifas pela prestação de serviços. Não se discute a finalidade de tais exigências, tampouco se critica a utilidade delas. Se bem desenhados, os arranjos regulatórios podem cumprir funções legítimas e, ao mesmo tempo, contribuir para a formação de riquezas, compensando seus custos sociais. Ao se tutelar o consumidor, talvez ele próprio venha a pagar os custos da proteção, por meio do mero repasse de custos ou por meio da diminuição da concorrência no mercado financeiro.1 Isso também se pode imaginar em relação aos acionistas minoritários e aos tomadores de crédito. Especialmente no Sistema Financeiro Nacional (SFN), em que a atuação estatal normativa é muito ativa, a “regulação bem-intencionada tem o potencial de comprometer a concorrência e fechar os olhos para, se não em alguns casos endossar, barreiras a entradas injustificadas, práticas restritivas e outros mecanismos anticompetitivos por natureza”. 2 No caso dos mercados financeiros, a regulação tem se caracterizado, dentre outros fatores, pela criação de obstáculos à livre concorrência – para controlar, é necessário restringir a área de atuação. Todavia, essa tática não é um traço inerente: regulação e política de livre concorrência deveriam ser complementares. Regras de disclosure, regulatórias por natureza e praticamente inexistentes ou pouco percebidas no Brasil até alguns anos, podem fomentar a concorrência no SFN, permitindo aos consumidores comparar as condições com maior facilidade. 3 A política regulatória pode ter objetivos que restrinjam o campo de atuação das instituições financeiras a certas atividades, proibindo-as de expandir serviços ou abrir filiais. Em 1933, entre as medidas do New Deal, os Estados Unidos proibiram aos bancos o “pagamento de juros em contas correntes e autorizaram a direção do Federal Reserve a limitar o pagamento de juros em depósitos a prazo”.4

Neste momento, os bancos centrais deveriam evitar equívocos e excessos regulatórios do passado Nesse quadro, embora a regulação possa conter algumas vantagens5, as instituições financeiras podem ficar vulneráveis a outros agentes econômicos que ofertem crédito e não se sujeitem a custos da regulação. A possibilidade de entes não regulados pelas autoridades monetárias concorrerem com os regulados pode impor a estes uma desvantagem concorrencial excessiva que, ao acirrar a concorrência, pode conduzir a quebras. Fontes alternativas de crédito, tais como as faturizadoras, se tornam mais atraentes e colocam-se como viáveis aos consumidores. O problema é particularmente grave nos mercados financeiros, pois a higidez do sistema é uma das preocupações que norteiam a ação regulatória. As restrições ao funcionamento dos bancos, no último exemplo, levaram à perda de competitividade em relação a fontes alternativas de crédito, que não sofriam as mesmas restrições. Em particular, os fundos de curto prazo, ofertados por entidades que não bancos, experimentaram crescimento acelerado a partir do aumento da inflação nos anos 1970 e 1980. Por causa disso, os Estados Unidos retiraram tais restrições nos anos 1980.6 Portanto, neste momento em que as políticas públicas para o mercado financeiro da maioria dos países passam por reformulações, os bancos centrais deveriam evitar os equívocos e excessos regulatórios do passado e tentar resolver os atuais problemas sem criar ou ampliar distorções sobre o funcionamento livre dos mercados. | 1 BENSTON GJ. Regulating financial markets: a critique and some proposals. Hobart Paper n. 135, London: Institute of Economic Affairs, 1998. 2 LLEWELLYN D. The economic rationale for financial regulation, p. 45. 3 Idem, p. 45. 4 RUBIN EL. Deregulation, reregulation, and the myth of the market. Washington and Lee Law Review, n. 1.249, p. 1250. “In 1933 Congress prohibited interest payments on demand deposits and authorized the Federal Reserve Board to limit payments on time deposit.” 5 CORRIGAN EG. Are banks special? In: ESTADOS UNIDOS. Federal Reserve Bank of Minneapolis. 1982 Annual Report Essay. “The fact of a heavy regulatory burden on banks is beyond dispute, but in some cases it is also true that regulation–relating to, for example, deposit insurance or access to the discount window–provides powerful incentives for individuals and businesses to maintain relationships with banks.” 6 RUBIN EL. Op. cit., p. 1250. Em 1980, parte das restrições foi retirada nos Estados Unidos. Contudo, “when this proved insuficient to halt the growth of nonbank money market funds, it followed with the Garn-St. German Act, which permitted banks to offer money markets accounts on essentially the same terms as their competitors. With that, the elimination of interest rate restrictions was essentially complete”.

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Efeitos da crise:

O que esperar dos Passado o susto da forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2008, muito se tem discutido sobre como deve se comportar uma economia que já começa o ano muito fraca. É verdade que devemos tomar outros sustos ainda, principalmente em termos de atividade. O PIB do primeiro trimestre também não deve ser nada alentador, com provável queda de 2,4% na comparação com o ano passado e queda de 1,3% na margem. Para quem duvidava do caráter recessivo da crise, os números do primeiro trimestre deverão ser um balde de água fria. O que importa dizer aqui é que a economia passou de um crescimento que estava na casa dos 7% para números negativos no curto prazo. A magnitude da queda, nesse sentido, é essencial para caracterizar a recessão, e não apenas sua duração. Com dois trimestres tão ruins, onde ver recuperação e, mais ainda, quando deve ocorrer? No nosso entendimento, 2009 já pode ser considerado como perdido, um ano de estagnação, com crescimento máximo do PIB de 0,5% – e isso com uma ajuda estatística no final do ano por conta da baixa base de comparação do quarto trimestre de 2008. As políticas fiscal e monetária não têm tempo hábil para socorrer a economia este ano. No caso da primeira, o governo já está se convencendo de que a queda nas receitas ditará o ritmo fiscal este ano, ou seja, tira espaço de qualquer esforço mais pronunciado de aumento de gastos. Por outro lado, a política monetária tem espaço para atuar, mas seus efeitos demoram a aparecer, o que para nós significa dizer apenas em 2010. Mesmo assim, o cenário doméstico ainda é muito dependente do internacional. A queda percebida em investimentos e em exportações, que compõem cerca de 40% do PIB, é derivada diretamente da crise, e seu retorno aos patamares pré-crise também estão estritamente ligados à recuperação internacional. Os planos apresentados pelo Tesouro americano deixam dúvidas quanto à reestruturação do sistema financeiro, pois atuam numa parte dos ativos que tem possibilidade de ser precificada. Mas uma grande parte, os considerados efetivamente tóxicos, dificilmente terá alguma possibilidade de ser precificada. Isso significa FINANCEIROACREFI

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por Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados

que, de alguma forma, o governo americano terá que chegar à solução de good bank/bad bank. Nesse formato, teríamos a separação total do que se consegue salvar do ativo e do passivo da instituição financeira, principalmente em ativos de curto prazo e depósitos, do lado dos passivos. Seria como a criação mesmo de um novo banco. O restante seria administrado e eventualmente poderia levar prejuízo para o Tesouro, mas, pelo menos, daria espaço para o sistema de crédito voltar a operar em instituições mais saudáveis. O entrave ideológico tem de ser suplantado e devemos lembrar que os próprios Estados Unidos já fizeram esse tipo de nacionalização na década de 1980, com o Continental Illinois. Naquela época, levaram-se quase sete anos para conseguir revender o banco, ou seja, o trabalho agora é muito maior e pode durar muito tempo se não for feito rapidamente. Enquanto isso, Europa e Japão devem continuar a surfar num mar de incerteza, para não dizer de estagnação. A Europa tem o Leste Europeu como risco de fundo para seu sistema financeiro e o Japão se sustentava nas exportações para crescer. Estas devem continuar fracas por um bom tempo ainda. A Rús-


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próximos anos?

sia tem passado por uma crise cambial e pela baixa dos preços do petróleo. A China tem mais espaço para recuperação, mas também está atrelada à evolução lá fora. E a América Latina, fora Brasil e Chile, deve aprofundar seu atraso econômico. Se no curto prazo o mundo deverá continuar em crise, o que deve sair desse cenário no longo prazo? Algumas apostas já podem ser feitas, pelo menos para EUA e Brasil. 1. Os EUA devem consolidar seu declínio, e por dois motivos. A solução da crise financeira vai demorar a surtir efeito e não teremos uma Segunda Guerra Mundial para tirar o país da crise, como o fez depois da Grande Depressão. Não foi a entrada de Roosevelt que tirou os EUA da crise, mas a guerra. Sendo assim, podemos ter os EUA com baixo crescimento por um bom tempo. Segundo, naquela época não havia competição para os EUA. A Europa estava atolada no pós-guerra, e Japão e China eram relativamente atrasados. Agora, há na China um competidor de peso que deve mais rapidamente ultrapassar os EUA. O enfraquecimento americano será reforçado pela situação fiscal deteriorada que sairá da crise. A dívida pública americana facilmente chegará aos 100% do

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PIB e o risco disso é que o dólar deverá cada vez mais se enfraquecer. Além disso, a força da sociedade americana sempre esteve na inovação e na educação. Cada vez mais novos centros de tecnologia e universidades estão se desenvolvendo fora dos EUA, assim como ocorreu no começo do século 20 na disputa entre Inglaterra e EUA. A necessidade de um forte ajuste fiscal nos próximos anos pode afetar a qualidade relativa da educação americana, por meio de menos recursos federais para pesquisa. O desvio de cérebros para Japão, Europa e China, principalmente para estes dois últimos, e que já ocorre, deve se acentuar. Assim, a crise deve trazer, como resultado de longo prazo, os EUA não mais dominantes econômica e tecnologicamente. 2. Se não acontecer nenhuma aventura econômica, o Brasil poderá sair nos próximos anos como grande ganhador na América Latina. Argentina e Venezuela pagarão o preço de anos de mazela macroeconômica, com anos de crescimento baixo e restrição de liquidez internacional, o que não deverá ocorrer no Brasil, que deverá centralizar a recepção de investimentos nos próximos anos. Chile e Colômbia são pequenos, sem espaço doméstico para crescer, e México deverá entrar num atoleiro mais permanente por conta de sua ligação com os EUA e de sua instabilidade política. Se o Brasil souber aproveitar, poderá ser a galinha dos ovos de ouro nos próximos dez anos na região. A consequência poderá ser um crescimento contínuo dos investimentos diretos estrangeiros. Com o mundo com menos liquidez e crescimento do que no período 2002-2007, também diminui o risco de apreciação do real muito forte, e mesmo que ocorra, poderia ser relativamente compensada com aumentos de produtividade. Dado o ciclo de investimentos que podemos ter nos próximos anos, tudo leva a crer que a produtividade poderá crescer a passos largos. 3. Falta combinar com os russos, ou seja, no meio do caminho teremos um novo presidente, um novo Banco Central e uma nova política fiscal. O mais provável é que o próximo governo seja fiscalmente bem mais sólido do que hoje e mais flexível em termos de política monetária, o que seria o encaminhamento ideal para a economia brasileira. Isso ocorrendo e algumas reformas sendo aprovadas, principalmente a tributária e a trabalhista, o cenário se tornaria mais brilhante ainda. Se isso não ocorrer, também deveremos ir bem, mas aquém do que poderíamos e por comparação com uma América Latina infelizmente medíocre. | FINANCEIROACREFI


Regime de capitalização:

Os juros simples e os juros compostos por Glauber Moreno Talavera, professor das Faculdades Metropolitanas Unidas

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ção dos juros relativa ao período subsequente há de se dar mediante utilização da forma denominada juros simples ou lineares. Imaginemos, v.g., o caso do mutuário que tomou R$ 100 com a promessa de restituir o valor um ano após a contratação, tendo ficado acordado que fluirão juros contabilizados periodicamente, a cada mês, a uma taxa de 10%. Passado um mês da contratação, o mutuário entrega ao mutuante os R$ 10 relativos aos juros vencidos. Obviamente, no segundo mês da celebração da avença, e assim sucessivamente, a taxa de 10% incidirá novamente, e tãosomente, sobre o principal, ou seja, sobre os R$ 100 tomados. Na segunda hipótese aventada, como a cada ciclo de frutificação, embora do ponto de vista jurídico, o mutuante seja credor dos juros periódicos vencidos, ele não adquire, em termos práticos, a disponibilidade do fruto colhido, que remanesce em mãos do mutuário, a forma de contabilização a ser adotada é a dos juros compostos, também chamados de juros sobre juros ou de juros exponenciais, cuja prática foi denominada anatocismo, expressão sinonímia de cobrança de juros produzidos pelos próprios juros. Lançando mão de exemplo similar ao elucidado para a outra hipótese, suponhamos que o mutuário que tomou R$ 100, dos quais fluem juros contabiliza-

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O poeta romano Pietro Metastasio, atento aos ciclos temporais e prazos que subordinam a condição humana, no ato II da ópera Demofontes, proclamou que “il tempo è infedele a chi ne abusa”. Todo contrato, o de mútuo bancário incluído, tem um prazo de vigência, seja ele determinado ou não. Trata-se do interregno em que a avença irradia efeitos entre as partes que, pela pactuação, assumiram obrigações e adquiriram direitos recíprocos. Em outras palavras, trata-se do tempo que medeia entre a contratação e a regular extinção do liame obrigacional estabelecido. Palmilhando as lições de Wilson Cançado e Orlei Claro, o conceito de período não se confunde com o de período de vigência. Aliás, a rigor, o período decorre da fragmentação do prazo de vigência em compartimentos idênticos, ou seja, da periodização do prazo de vigência. A distinção entre os conceitos de “prazo” e de “período” é indispensável nos mútuos financeiros, porque usualmente estes são celebrados por prazo determinado, sendo que o “decurso do período” é o que gera o direito a juros em favor do mutuante, na proporção especificada pela taxa de juros. Assim, o conceito de juros também se associa ao de período, permitindo-nos agregar a ele o da periodicidade de sua incidência. Nos contratos de mútuo bancário, os juros, tomados na sua acepção de frutos do dinheiro emprestado, podem ser colhidos periodicamente, em frações de tempo iguais que compõem o prazo de vigência integral da avença. Nesse sentido, vale ressaltar que a diferenciação que se estabelece entre juros simples e juros compostos refere-se à forma de sua contabilização. Nas avenças em que os juros fluem periodicamente, finda cada fase de frutificação, tem-se juros remuneratórios. Encerrado cada ciclo, abrem-se duas possibilidades: ou o mutuário paga os juros vencidos, ou o valor relativo aos juros vencidos que se referem ao período de frutificação encerrado é capitalizado, ou seja, incorporado no principal – quantia tomada originalmente –, surgindo daí o conceito de montante, resultado da soma do principal aos juros vencidos. São dessas duas possibilidades que se extraem os conceitos de juros simples e juros compostos (vide NEWNAN D. Compound Interest Tables. Oxford University Press, 1997). No primeiro caso, como a cada período de frutificação o mutuante percebe os frutos colhidos, temos que a contabiliza-

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dos periodicamente a uma taxa de 10% ao mês, não entregou ao mutuário, findo o primeiro mês de vigência da avença – ou seja, terminado o primeiro ciclo de frutificação – o numerário (R$ 10,00) equivalente aos juros vencidos, pois assim ficara avençado entre as partes quando da celebração do contrato. Ora, à evidência, os juros vencidos deverão ser incorporados ao principal emprestado – capitalizados – e, após o término do segundo mês de vigência da avença, os juros contratados incidirão sobre o montante apurado, consubstanciado no principal acrescido dos juros vencidos. Em verdade, nada mais lógico, afinal, a cada ciclo de frutificação que termina, o mutuante deve ser remunerado pela disponibilidade da totalidade do capital próprio que se encontra, por força de contrato, em mãos do mutuário. Assim sendo, findo o segundo período de frutificação, após o decurso do segundo mês da contratação, a taxa pactuada (10%) deverá incidir sobre o montante (R$ 110,00) que, embora seja de propriedade do mutuante, permanece à disposição do mutuário. A rigor, todavia, vale ressaltar que, muito embora a cobrança de juros compostos seja, amiúde, tratada como sinonímia da cobrança de juros sobre juros e da prática de anatocismo, essa equiparação vocabular constitui impropriedade terminológica. A capitalização de juros verificada na aplicação do conceito de juros compostos pressupõe a existência de juros vencidos, ou seja, no marco final do período de geração dos juros periódicos convencionados, quando os juros pactuados efetivamente converteram-se em capital. A cobrança de juros sobre juros, prática conhecida como anatocismo (double interest), tem pressuposto e substrato fático distintos, tendose em vista que permite a incidência da taxa contratada sobre juros ainda não vencidos. Não olvidemos que, quer do ponto de vista tributário quer sob o prisma contábil, a capitalização dos juros é medida absolutamente legítima e justificável. Afinal, o Regulamento do Imposto de Renda estabelece, de forma inequívoca, que juros ganhos ou incorridos pelo contribuinte da exação são apropriáveis como receita ou dedutíveis como receita operacional, dependendo tratar-se do ponto de contribuinte mutuante ou de contribuinte mutuário. Ademais, do regime da competência, que rege as demonstrações contábeis das instituições financeiras, decorre o imperativo de contar-se os juros como percebidos antes mesmo do efetivo pagamento pelo mutuário. Superada a imagem deturpada que se criou da capitalização dos juros em si, questão de monta que envolve a prática de juros compostos é a da periodicidade da sua capitalização ou, noutras palavras, do prazo de gestação dos frutos do capital, cujo decurso importa na transmutação dos juros vincendos em juros vencidos, acarretando a incorporação do valor colhido ao valor emprestado. A gênese da polêmica remonta aos idos da era Vargas,

quando entrou em vigor o Decreto nº 22.626, de 7 de abril de 1933, conhecido como Lei de Usura, que na norma do seu art. 4º desautorizou a capitalização dos juros vencidos com periodicidade inferior à anual. Antes da promulgação da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, que recebeu a alcunha de Lei de Reforma Bancária, o Supremo Tribunal Federal (STF) editou a Súmula nº 121, de 13 de dezembro de 1963, por meio da qual, numa subversão ao princípio da liberdade de contratar que sempre regeu nossa sistemática, explicitou entendimento de que a capitalização de juros, ainda que estipulada de comum acordo pelas partes, estava proibida. A instituição e ordenação do Sistema Financeiro Nacional (SFN) pela Lei de Reforma Bancária, que, como o próprio designativo prenuncia, importaram na introdução na ordem jurídica pátria de um novo regramento incidente sobre as instituições integrantes da seara objeto de regulação, deu ensejo a uma revisão dos pontos de vista firmados acerca da questão atinente à legislação aplicável nas contratações de mútuo sobre as quais incidem juros compostos. Com efeito, tendo-se em vista a especificidade da matéria sobre a qual versa a Lei nº 4.595, não resta dúvida de que as instituições financeiras foram alijadas da submissão à disciplina da Lei de Usura, de tal sorte que os contratos de mútuo feneratício que tinham como parte instituição integrante do SFN ficaram, em verdade, sob a égide da Lei de Reforma Bancária e, por via reflexa, das normas editadas pelo Conselho Monetário Nacional, autoridade maior do sistema criado pelo diploma legislativo em questão que, ademais, outorgou-lhe poderes normativos para proceder à regulação do sistema (vide CANARIS CW. Pensamento Sistemático e Conceito de Sistema na Ciência do Direito. 2ª ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1996). Com o passar dos anos, a exegese acerca da órbita de irradiação de efeitos absolutamente diversa da Lei de Usura e da Lei de Reforma Bancária foi sedimentando-se, tanto em sede doutrinária como jurisprudencial, tendo como corolário a edição da Súmula nº 596 do STF, segundo a qual: “(...) As disposições do Decreto nº 22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas que integram o sistema financeiro nacional.” Após o advento da Lei de Reforma Bancária e, ainda, mais recentemente, à luz do entendimento consignado na Súmula nº 596, valendo-nos do método dialógico do filósofo russo Mikhail Bakhtin, parece inequívoco que a vedação à capitalização de juros estampada na Súmula nº 121, editada sob a égide de uma legislação muito mais restritiva – a Lei de Usura –, aplica-se estritamente às contratações havidas entre partes não integrantes do SFN. Os contratos de mútuo feneratício que tenham como parte instituição financeira, a seu turno, estão sujeitos aos ditames da Lei nº 4.595, e não ao regime do DeFINANCEIROACREFI


Regime de capitalização: creto nº 22.626, razão pela qual está autorizada a estipulação contratual acerca da capitalização periódica de juros. A dúvida que remanesceu por algum tempo foi, não mais a da possibilidade da capitalização dos juros incidentes sobre os contratos de mútuo firmados por instituição financeira, mas, antes, a da periodicidade mínima passível de adoção para fins de capitalização dos frutos do capital. A lacuna foi suprida pela Medida Provisória nº 1.963, objeto de inúmeras reedições, hoje em vigor sob o nº 2.170-36, de 23 de agosto de 2001, que assim dispõe sobre a matéria em seu art. 5º: “Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do SFN é admissível a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.” A Medida Provisória nº 2.170-36, não tendo sido objeto de revogação por Medida Provisória posterior ou objeto de apreciação para fins de rejeitá-la ou convertê-la em lei, segue produzindo efeitos, por força da regra do art. 2º da Emenda Constitucional nº 32, de 12 de setembro de 2001. O ex-presidente do Banco Central do Brasil Gustavo Loyola (A Pior Maneira de Reduzir os Juros. Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais, SP: RT, v. 3, nº 8, pp. 243-244), ao tratar da controvérsia sobre a capitalização dos juros em artigo referente à Medida Provisória nº 1.963, sustentou a razoabilidade dos juros exponen-

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ciais, afirmando que há “(...) uma boa dose de cinismo nas teses antianatocismo. Num país em que os ativos financeiros, como regra geral, têm prazos inferiores a um ano, todos aceitam ser remunerados pelos bancos, com períodos de juros inferiores a 12 meses. Ninguém reclama porque os bancos creditam mensalmente juros nas cadernetas de poupança. Mas a história é bem diferente quando se trata das operações de crédito” (neste sentido, vide RAZ J. Practical Reason and Norms. New York: Oxford, 2002). A jurisprudência do STJ, que não cogita se pronunciar incidenter tantum acerca do tema (controle difuso de constitucionalidade), está consolidada favoravelmente à possibilidade de capitalização mensal dos juros, considerando hígida a Medida Provisória nº 2.170 enquanto não declarada inconstitucional pelo STF, uma vez que sua competência está adstrita às normas infraconstitucionais (AgRg Resp 88.787-6). No entanto, pela profusão do verso e reverso de ideias e pelo mosaico de teses levadas ao STF, a despeito de tudo e de todos, a questão ainda permanece controversa, trazendo-nos à lembrança as ordens desconexas que, na obra narrativa O Processo, do romancista austro-húngaro Franz Kafka, enredam o intérprete numa situação ilógica que o expõe a toda espécie de confusão. Quid Iuris – Juros simples ou compostos? |


Artigo:

O TEMPO do crédito

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O psicólogo e pesquisador alemão Gerd Gigerenzer1 em seu mais recente livro, Gut feelings: the Intelligence of the Unconscious, ainda sem tradução no Brasil, explica que a intuição possui um peso muito maior na qualidade do processo decisório do que inicialmente se imaginava. Diretor do departamento de desenvolvimento humano do Instituto Max Planck, em Berlim, seus estudos indicam que decisões tomadas com base em poucas variáveis e, portanto, de forma mais intuitiva, tendem a atingir um grau de eficácia maior do que aquelas tomadas de forma calculada e sistemática. Não fosse a quebra do Lehman Bros. e o tsunâmi financeiro que se seguiu, é possível que muitos investidores e banqueiros do mundo todo concordassem com o Dr. Gigerenzer ainda hoje. A velocidade na tomada de decisões dessa época foi impressionante, transformando o processo de decisão de investimentos e de concessão de crédito em um processo quase intuitivo, baseado em duas ou três variáveis, em geral rating ou scoring, prazo e taxa. A oferta de crédito exuberante acirrou a competição por ativos e levou muitos participantes desse mercado a acreditarem que o nível de alavancagem da economia mundial era sustentável e a liquidez, infinita. Some-se a isso a confiança inabalável no sistema bancário americano e, no Brasil, a ideia amplamente aceita de que o câmbio ficaria estável no longo prazo. Essas premissas sustentaram muitas aprovações de crédito e fizeram a alegria de muitos tomadores, surpresos ao descobrir que podiam alavancar muito mais do que imaginavam. O resultado desse processo veloz nós já conhecemos e a pergunta que não quer calar é: “Como é possível não termos questionado essas premissas há tempo?” Uma das respostas pode estar justamente nesta pergunta: no tempo. O tempo é uma das variáveis mais importantes em qualquer processo de decisão. Sabemos que o tempo do corredor de Fórmula 1 é curto, e sua intuição em cada manobra é vital. Também sabemos que o tempo de um engenheiro é longo. Que as decisões que ele toma precisam ser cuidadosamente calculadas para não causar acidentes. O crédito também tem seu tempo: o tempo necessário para realizar uma boa análise da situação financeira do tomador, a compatibilidade do seu perfil à natureza do crédito proposto (suitability) e sua capacidade de gerar recursos para honrar a dívida.

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Para os mais experientes do mercado de crédito, fica fácil entender por que a velocidade excessiva na concessão de crédito não é compatível com uma boa administração dos riscos envolvidos. Difícil mesmo é imprimir um ritmo mais lento ao processo quando a competição e os clientes de todos os segmentos exigem rapidez intuitiva na tomada de decisão. Nesse ponto, a crise já traz uma vantagem. O tempo para decidir levando em conta os fundamentos. Com o crédito mais escasso, o doador de recursos ganha tempo e o tomador é obrigado a esperar. Mas não se engane aquele que parte da mais nova premissa adotada por muitos do mercado: a de que todo o tempo do mundo está disponível para a tomada de decisão envolvendo a alocação de recursos. As oportunidades também têm seu tempo e não duram para sempre. Quem souber calibrá-lo, aliando qualidade à objetividade, tem muito a ganhar com o cenário atual, não só em retorno como também em penetração de mercado. Para isso, será preciso voltar um pouco ao passado. Estruturar novos departamentos de análise, descontinuar parte dos sistemas de aprovação automatizados, formar novos profissionais para que sejam capazes de fazer análises e projeções de qualidade e aumentar a frequência dos exercícios de avaliação de carteiras para uma gestão mais proativa de riscos, com foco nos mercados com melhor rentabilidade. Por fim, um pouco de intuição não fará mal. Uma “intuição informada”, digamos. Nesse ponto, estamos de acordo com o Dr. Gigerenzer. |

Gigerenzer G. (2007). Gut feelings: The intelligence of the unconscious. New York: Viking Press. (UK edition: Short Cuts: The intelligence of the unconscious. London: Penguin Books, 2007) (German translation: Bauchentscheidungen: Die Intelligenz des Unbewussten und die Macht der Intuition. München: Bertelsmann, 2007).

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FINANCEIROACREFI

Divulgação

por Patricia Bentes, sócia-diretora da Hampton Solfise e mestre em Finanças pela Universidade São Paulo (USP)

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Análise setorial:

Concentração bancária no Brasil Durante o ano de 2008, o Brasil presenciou grande intensificação do processo de concentração bancária, que está em curso há vários anos. Esse processo teve início em 1994, quando da implementação do Plano Real. A redução do floating bancário, a forte elevação das taxas de juros, a elevação dos gastos com tecnologia, a abertura concedida a bancos estrangeiros e a privatização de diversos bancos estatais diminuíram o número de grandes bancos em atividade no País. Em 1994, havia 14 grandes bancos privados nacionais de varejo, dos quais temos três hoje – Itaú/Unibanco, Bradesco e Safra1. Quando tratamos de concentração de ativos, percebe-se que os níveis de concentração apresentam grande crescimento a partir de 2001, quando os cinco maiores bancos em atividade no País possuíam 55% dos ativos totais do sistema bancário. Em 2002, essa relação era de 59%, atingindo 63% em 2003. Em apenas dois anos, a porcentagem de ativos bancários sob controle dos cinco maiores bancos brasileiros apresentou crescimento de oito pontos porcentuais. Esse crescimento, no entanto, não foi percebido apenas no Brasil, mas em diversos outros países, e pode, inclusive, ser apontado como uma tendência global. Uma simples comparação de valores referentes a 1999 e a 2005 dos principais países do mundo comprova a situação. Países como México, Chile, França, Estados Unidos e Canadá apresentaram considerável aumento nos níveis de concentração bancária. O gráfico a seguir representa a porcentagem dos ativos totais de bancos comerciais que estavam sob controle dos três maiores bancos comerciais de cada país, mostrando que esse processo não é exclusividade do Brasil. Chamam a atenção os casos de México, Chile e Alemanha, que apresentaram crescimento de 22, 16 e 13 pontos percentuais, respectivamente. Após alguns anos de estabilidade nos níveis de concentração, e até uma pequena retração em 2005, 2007 e 2008, os índices de concentração bancária voltaram a apresentar grande crescimento, impulsionado principalmente pela aquisição do Banco Real pelo Santander em 2007, e do Unibanco pelo Itaú em 2008. Em setembro de 2007, os cinco maiores bancos brasileiros possuíam cerca de 60% do ativo total de todos os bancos brasileiros, número que chegou a 65% com a compra do Banco Real pelo Santander. A consolidação da união entre Itaú e Unibanco elevou o índice para 73%, e a incorporação da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil acrescentou 2 pontos percentuais ao índice, atingindo 75% de concentração bancária em poder dos cinco maiores bancos brasileiros. O mercado tem reagido de forma cautelosa ao aumento repentino dos níveis de concentração bancária. Até mesmo os papéis do Itaú e do Banco do Brasil apresentaram tímida valorização desde os anúncios das respectivas aquisições. Isso demonstra as preocupações com os desdobramentos da crise e com o impacto que o aumento da concentração bancária FINANCEIROACREFI

Mario Miranda/Agência Foto

Março/2009

Alberto Borges Matias, presidente do Inepad pode causar na competitividade do setor e, consequentemente, o que isso pode significar para os consumidores. Apesar de os números chamarem a atenção, um alto índice de concentração bancária deve ser analisado com cuidado, e não são raras as vezes em que este traz benefícios para o mercado. Estudos2 mostram que altos índices de concentração bancária podem tanto ser benéficos para o mercado quanto trazer prejuízos relacionados à competitividade das instituições. Quando a concentração é fruto da busca de economias de escala pelos participantes, o resultado é uma queda no custo total relativo, que é proporcionado pelo fato de se trabalhar com maiores volumes e também com reduções de despesas operacionais. Assim, esse é um caminho para a saída da dependência bancária brasileira a elevadas taxas de juros praticadas, que não permanecerão no futuro. Além disso, ativos maiores permitem a adoção de estratégias de diversificação, que potencializam a rentabilidade sem alterar o risco das instituições (essa diversificação também poderia ser obtida recorrendo aos mecanismos do mercado). No entanto, quando a concentração ocorre devido à ambição dos bancos de possuir maior controle do mercado, o resultado é a falta de competitividade entre estes, que normalmente significa a prática de tarifas mais altas que acabam por prejudicar os consumidores. O Brasil está se globalizando comercialmente, e a globalização financeira atuando no País de forma mais efetiva é questão de tempo. Além disso, o nível de competição em um setor não pode ser determinado apenas por sua concentração, mas outros fatores devem ser levados em consideração, tais como o nível de assimetria de informações dentro do mercado, o nível de inovação tecnológica de cada um dos concorrentes e, no caso do mercado bancário, a rede de agências dos participantes do mercado. No caso brasileiro, também contribui para a competitividade entre MATIAS AB. Insucesso de Grande Bancos Privados Brasileiros de Varejo. São Paulo: Editora Manole Ltda., 2002. 2 TROSTER LT. Concentração Bancária. São Paulo: Febraban, 2003. BECK T. Bank Competition and Financial Stability: Friends or Foes? World Bank, 2008 1


Evolução de concentração bancária – Inepad & World Bank México Japão França EUA Coreia Chile Canadá Argentina Alemanha 2005 1999

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os bancos o fato de que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, bancos estatais, oferecem serviços de qualidade e, muitas vezes, com preço abaixo do praticado pelos bancos privados, constituindo-se em cunha de ajuste aos bancos privados. Altos níveis de concentração são reconhecidamente mais tolerados no setor bancário do que em outros mercados, e isso é explicado principalmente pela ideia de que a concentração bancária traz estabilidade financeira para um país ou ao menos estabelece os pré-requisitos para que isso aconteça. No Brasil, vale destacar também o fato de que os órgãos reguladores não exercem um controle concorrencial rígido no mercado bancário, e são raras as restrições a aquisições ou fusões. O Brasil, assim como grande parte do mundo, não estabelece limites para a concentração bancária, demonstrando a tolerância dos governos a essa situação. Além dos benefícios já citados, um maior índice de concentração bancária pode ocasionar duas situações, que trariam benefícios tanto para o setor quanto para a economia brasileira. A primeira é a melhoria dos modelos de previsão de risco, resultado da economia de escala, que, por sua vez, resultaria na diminuição das taxas de juros, favorecendo o crescimento do crédito no País. A segunda diz

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respeito à facilidade com que o Banco Central e outros órgãos reguladores teriam para supervisionar as atividades dos bancos em atividade no Brasil, quanto menor for o número de bancos. Os bancos pequenos e médios são importantes para os mercados secundários, de veículos, motos e caminhões usados, além de pequenas lojas de varejo, ao permitir o atendimento a nichos específicos do mercado financeiro, a estabilidade de emprego e renda e a sustentação do próprio sistema. Os impactos que o recente crescimento da concentração bancária terá na competitividade do setor e nos preços e qualidade dos produtos prestados ao consumidor ainda é uma incógnita. A única certeza é que os bancos brasileiros mostrem-se sólidos, capazes de enfrentar turbulências econômicas. O ideal é que o Banco Central encontre o nível de concentração que considere ideal para a continuação da estabilidade do Sistema Financeiro Nacional e mantendo a competitividade entre os bancos, a fim de proteger os consumidores. O aumento da concentração bancária não pode ser classificado como ruim, apenas de per si. | Colaborou para o desenvolvimento deste artigo Guilherme Ralisch, analista financeiro do Inepad.

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Banco de dados: por Inepad Taxas Médias : Geral

DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

37,4 37,6 37,4 37,6 38,0 39,4 40,1 40,4 43,0 44,1 43,3 42,4 41,3

0,1 0,2 -0,2 0,2 0,4 1,4 0,7 0,3 2,6 1,1 -0,8 -0,9 -1,1

11,4 12,2 12,4 13,1 13,5 13,8 13,9 14,0 14,5 13,9 12,6 11,9 11,6

-0,2 0,8 0,2 0,7 0,4 0,3 0,1 0,1 0,5 -0,6 -1,3 -0,7 -0,3

26,0 25,4 25,0 24,5 24,5 25,6 26,2 26,4 28,5 30,2 30,7 30,5 29,7

0,3 -0,6 -0,4 -0,5 0,0 1,1 0,6 0,2 2,1 1,7 0,5 -0,2 -0,8

Variação Fev-Fev

3,9

0,2

3,7

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

Taxas Médias : Pessoa Física

DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

49,0 47,8 47,7 47,4 49,1 51,4 52,1 53,1 54,8 58,3 58,1 55,1 52,7

0,2 -1,2 -0,1 -0,3 1,7 2,3 0,7 1,0 1,7 3,5 -0,2 -3,0 -2,4

12,1 12,5 13,1 13,9 14,4 14,8 14,5 14,5 15,1 15,1 12,9 11,5 11,2

-0,1 0,4 0,6 0,8 0,5 0,4 -0,3 0,0 0,6 0,0 -2,2 -1,4 -0,3

36,9 35,3 34,6 33,5 34,7 36,6 37,6 38,6 39,7 43,2 45,2 43,6 41,5

0,3 -1,6 -0,7 -1,1 1,2 1,9 1,0 1,0 1,1 3,5 2,0 -1,6 -2,1

Variação Fev-Fev

3,7

-0,9

4,6

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

Taxas Médias : Pessoa Jurídica

DATA

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações % a.a.

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

24,8 26,5 26,3 26,9 26,6 27,5 28,3 28,3 31,8 31,4 30,7 31,0 30,8

0,2 -1,2 -0,1 -0,3 1,7 2,3 0,7 1,0 1,7 3,5 -0,2 -3,0 -2,4

10,7 11,8 11,9 12,4 12,7 13,0 13,4 13,6 14,1 13,0 12,3 12,2 11,9

-0,3 1,1 0,1 0,5 0,3 0,3 0,4 0,2 0,5 -1,1 -0,7 -0,1 -0,3

14,1 14,7 14,4 14,5 13,9 14,5 14,9 14,7 17,7 18,4 18,4 18,8 18,9

0,4 0,6 -0,3 0,1 -0,6 0,6 0,4 -0,2 3,0 0,7 0,0 0,4 0,1

Variação Fev-Fev

6,0

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

FINANCEIROACREFI

1,2

4,8


Spread Financeiro

Crédito Pessoa Física

45,0

Volum e R$ Milhões 140.000

40,0

130.000

35,0

120.000

50,0

30,0

110.000

SPREAD FINANCEIRO

25,0

Taxa de Juros 62,00 60,00 58,00 56,00 54,00 52,00 50,00 48,00 46,00 44,00

100.000 90.000

20,0

A plicação

Capt ação

fev/09

jan/09

dez/08

out/08

Volume

nov/08

set/08

jul/08

ago/08

jun/08

abr/08

mai/08

fev/08

fev/09

jan/09

dez/08

nov/08

out/08

set/08

ago/08

jul/08

jun/08

mai/08

fev/08

abr/08

60.000

mar/08

70.000

10,0

mar/08

80.000

15,0

Taxa de Juros

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

Volume de Operações de Crédito : Pessoa Física - Prefixados - Recursos Livres (R$ Milhões)

MÊS / ANO

CHEQUE ESPECIAL

VARIAÇÃO EM %

CRÉDITO PESSOAL

VARIAÇÃO EM %

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO

VARIAÇÃO EM %

CARTÃO DE CRÉDITO

VARIAÇÃO EM %

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

14.786 15.059 15.469 15.521 15.659 15.457 15.400 15.803 17.081 16.638 16.003 17.082 17.441

5,2% 1,8% 2,7% 0,3% 0,9% -1,3% -0,4% 2,6% 8,1% -2,6% -3,8% 6,7% 2,1%

106.702 108.860 111.616 114.176 115.214 117.157 118.782 120.697 124.182 125.387 125.996 127.410 129.739

4,3% 2,0% 2,5% 2,3% 0,9% 1,7% 1,4% 1,6% 2,9% 1,0% 0,5% 1,1% 1,8%

378 393 422 440 466 482 508 540 575 597 619 650 694

4,6% 3,9% 7,4% 4,3% 5,8% 3,4% 5,3% 6,5% 6,4% 3,7% 3,8% 4,9% 6,9%

18.533 18.910 19.566 19.930 20.245 20.442 20.807 21.161 21.842 22.642 22.088 23.018 23.572

3,9% 2,0% 3,5% 1,9% 1,6% 1,0% 1,8% 1,7% 3,2% 3,7% -2,4% 4,2% 2,4%

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

Volume de Operações de Crédito : Pessoa Física Prefixados/continuação - Recursos Livres (R$ Milhões) AQUISIÇÃO VARIAÇÃO OUTROS TOTAL MÊS / ANO VARIAÇÃO VARIAÇÃO VEÍCULOS VARIAÇÃO OUTROS TOTAL EM % EM % EM % EM % fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

83.246 83.657 83.850 84.108 83.917 83.930 83.553 83.334 81.938 80.568 82.431 81.625 81.699

0,6% 0,5% 0,2% 0,3% -0,2% 0,0% -0,4% -0,3% -1,7% -1,7% 2,3% -1,0% 0,1%

12.055 11.956 11.860 11.903 11.808 12.078 12.114 11.697 11.835 11.785 11.553 11.039 10.804

-5,7% -0,8% -0,8% 0,4% -0,8% 2,3% 0,3% -3,4% 1,2% -0,4% -2,0% -4,5% -2,1%

95.301 95.612 95.711 96.010 95.725 96.008 95.667 95.031 93.772 92.353 93.984 92.664 92.504

-0,2% 0,3% 0,1% 0,3% -0,3% 0,3% -0,4% -0,7% -1,3% -1,5% 1,8% -1,4% -0,2%

9.946 9.931 10.377 10.761 10.634 11.009 11.483 11.501 7.164 7.217 7.427 7.490 7.623

-19,0% -0,1% 4,5% 3,7% -1,2% 3,5% 4,3% 0,2% -37,7% 0,7% 2,9% 0,8% 1,8%

245.646 248.765 253.161 256.839 257.943 260.554 262.646 264.732 264.616 264.833 266.118 268.313 271.573

VARIAÇÃO EM % 1,4% 1,3% 1,8% 1,5% 0,4% 1,0% 0,8% 0,8% 0,0% 0,1% 0,5% 0,8% 1,2%

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

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Banco de dados: por Inepad Volume de Operações de Crédito : Crédito Consignado (R$ Milhões) CRÉDITO PESSOAL*

MÊS / ANO fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 Var. Fev-Fev

119.866 122.525 125.498 128.352 129.763 132.555 134.796 137.337 141.268 143.237 143.687 145.197 147.515 28,13%

CONSIGNADO

Públicos

Privados

Total

Amostra**

58.449 59.444 60.791 62.136 62.635 63.713 64.655 65.623 67.255 67.533 68.270 68.720 69.253 21,23%

8.995 9.215 9.489 9.778 9.950 10.210 10.216 10.494 10.722 10.580 10.700 10.839 10.934 24,93%

67.444 68.660 70.280 71.914 72.585 73.924 74.870 76.117 77.977 78.113 78.970 79.559 80.187 21,73%

44.788 45.686 46.691 47.637 48.202 48.975 49.313 49.900 52.833 53.095 53.758 54.641 55.134 25,13%

% Consignado*** 56,3% 56,0% 56,0% 56,0% 55,9% 55,8% 55,5% 55,4% 55,2% 54,5% 55,0% 54,8% 54,4% -5,00%

Concentração Taxa de Juros %aa do Consignado Estimativa INEPAD Consignado Pessoal Diferença 66,4% 66,5% 66,4% 66,2% 66,4% 66,3% 65,9% 65,6% 67,8% 68,0% 68,1% 68,7% 68,8% 2,79%

28,8% 26,9% 26,9% 27,5% 27,7% 28,4% 28,5% 28,8% 29,8% 31,0% 30,8% 30,8% 29,3% -0,05%

52,6% 50,5% 50,6% 48,4% 51,4% 53,6% 54,5% 56,3% 57,4% 59,9% 60,4% 56,5% 54,5% 2,64%

23,8% 23,6% 23,7% 20,9% 23,7% 25,2% 26,0% 27,5% 27,6% 28,9% 29,6% 25,7% 25,2% 5,96%

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.

Inadimplência - Operações Prefixadas : Crédito Pessoal (R$ Milhões) Saldo Com atraso Mês/Ano sem atraso de 15 a 30 dias

% sobre Com atraso Saldo da de 31 a 90 dias Carteira

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total Carteira- Brasil

Variação em %

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

1,83% 1,98% 2,01% 2,07% 1,93% 2,04% 1,87% 2,04% 2,19% 1,97% 2,02% 2,23% 2,16%

2,31% 2,42% 2,35% 2,43% 2,38% 2,35% 2,32% 2,27% 2,42% 2,49% 2,35% 2,58% 2,60%

5.522.235 5.536.722 5.727.793 6.013.821 5.838.192 6.135.827 6.325.442 6.326.601 6.774.969 6.916.201 6.992.548 7.291.955 7.485.293

5,18% 5,09% 5,13% 5,27% 5,07% 5,24% 5,33% 5,24% 5,46% 5,52% 5,55% 5,72% 5,77%

106.702.438 108.860.114 111.615.655 114.175.722 115.213.871 117.156.761 118.782.371 120.696.738 124.181.618 125.386.795 125.996.164 127.409.755 129.738.661

4,29% 2,02% 2,53% 2,29% 0,91% 1,69% 1,39% 1,61% 2,89% 0,97% 0,49% 1,12% 1,83%

96.761.783 98.527.512 101.022.018 103.022.153 104.407.365 105.881.336 107.489.859 109.166.762 111.686.790 112.879.141 113.492.571 113.980.932 116.076.871

1.952.962 2.156.672 2.244.679 2.368.574 2.228.419 2.389.760 2.215.523 2.461.087 2.715.201 2.471.143 2.546.415 2.845.703 2.804.759

2.465.458 2.639.208 2.621.165 2.771.174 2.739.895 2.749.838 2.751.547 2.742.288 3.004.658 3.120.310 2.964.630 3.291.165 3.371.738

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

Inadimplência - Operações Prefixadas : Aquisição de Bens - Veículos (R$ Milhões)

Saldo

Com atraso

Mês/Ano sem atraso de 15 a 30 dias fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

74.828.727 74.416.737 74.691.316 74.661.062 74.772.743 74.773.820 74.389.665 73.980.851 72.049.765 70.547.693 71.844.127 70.833.551 70.360.271

2.624.845 3.001.601 2.842.291 2.984.575 2.834.145 2.910.234 2.882.830 2.971.301 3.134.011 3.037.188 3.240.330 3.173.943 3.177.289

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

FINANCEIROACREFI

% sobre Com atraso Saldo da de 31 a 90 dias Carteira

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total Carteira- Brasil

Variação em %

3,15% 3,59% 3,39% 3,55% 3,38% 3,47% 3,45% 3,57% 3,82% 3,77% 3,93% 3,89% 3,89%

3,74% 4,15% 4,07% 4,01% 3,94% 3,76% 3,75% 3,89% 4,22% 4,44% 4,57% 4,77% 5,21%

2.676.428 2.770.135 2.900.394 3.091.054 3.000.720 3.089.297 3.147.053 3.143.326 3.295.902 3.403.791 3.575.603 3.725.811 3.904.428

3,22% 3,31% 3,46% 3,68% 3,58% 3,68% 3,77% 3,77% 4,02% 4,22% 4,34% 4,56% 4,78%

83.245.683 83.656.851 83.850.416 84.107.793 83.917.134 83.929.877 83.552.561 83.333.676 81.937.511 80.568.103 82.431.255 81.625.210 81.699.437

0,65% 0,49% 0,23% 0,31% -0,23% 0,02% -0,45% -0,26% -1,68% -1,67% 2,31% -0,98% 0,09%

3.115.683 3.468.378 3.416.415 3.371.102 3.309.526 3.156.526 3.133.013 3.238.198 3.457.833 3.579.431 3.771.195 3.891.905 4.257.449


Inadimplência - Operações Prefixadas : Aquisição de Bens - Outros (R$ Milhões) Saldo Com atraso Mês/Ano sem atraso de 15 a 30 dias

% sobre Com atraso Saldo da de 31 a 90 dias Carteira

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total Carteira- Brasil

Variação em %

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

4,62% 5,20% 4,98% 4,79% 4,70% 4,63% 4,54% 4,35% 4,58% 4,57% 4,35% 4,69% 4,60%

5,44% 6,16% 6,02% 5,75% 5,70% 5,21% 5,09% 4,90% 5,25% 5,53% 5,05% 5,45% 5,91%

1.513.406 1.436.965 1.526.906 1.574.622 1.635.845 1.656.346 1.671.757 1.567.610 1.597.246 1.641.852 1.610.860 1.529.065 1.518.838

12,55% 12,02% 12,87% 13,23% 13,85% 13,71% 13,80% 13,40% 13,50% 13,93% 13,94% 13,85% 14,06%

12.055.097 11.955.630 11.860.365 11.902.544 11.808.288 12.077.730 12.114.380 11.697.003 11.834.722 11.784.884 11.553.033 11.038.639 10.804.439

-5,74% -0,83% -0,80% 0,36% -0,79% 2,28% 0,30% -3,45% 1,18% -0,42% -1,97% -4,45% -2,12%

9.328.599 9.161.157 9.028.439 9.073.687 8.943.932 9.232.647 9.275.580 9.047.148 9.073.078 8.953.218 8.855.844 8.389.707 8.149.925

557.024 621.470 591.210 570.362 555.532 558.922 549.895 509.192 542.505 538.079 502.912 518.212 496.885

656.068 736.038 713.810 683.873 672.979 629.815 617.148 573.053 621.893 651.735 583.417 601.655 638.790

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

Inadimplência - Aquisição de Veículos - Prefixado Fevereiro/2009 (em R$ mil)

Inadimplência - Crédito Pessoal - Prefixado Fevereiro/2009 (em R$ mil) 21% Atraso de mais de 90 dias 7.485.293

54%

25%

Atraso de 15 a 30 dias 2.804.759

Atraso de mais de 90 dias 3.505.640

19% 57%

24%

Atraso de 31 a 90 dias 4.257.449

38%

Inadimplência - Outras Operações - Prefixado Fevereiro/2009 (em R$ mil)

Inadimplência - Aquisição Outros Bens - Prefixado Fevereiro/2009 (em R$ mil)

Atraso de mais de 90 dias 1.518.838

28%

34%

Atraso de 31 a 90 dias 3.371.738

Atraso de 15 a 30 dias 3.177.289

Atraso de 15 a 30 dias 496.885

Atraso de 15 a 30 dias 372.950

16% Atraso de mais de 90 dias 1.934.716

Atraso de 31 a 90 dias 638.790

63%

21% Atraso de 31 a 90 dias 641.555

Inadimplência - Operações Prefixadas : Outras Operações (R$ Milhões) Saldo Com atraso Mês/Ano sem atraso de 15 a 30 dias fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

6.977.999 7.135.770 7.413.392 7.639.437 7.979.469 8.197.258 8.545.006 8.771.558 4.953.544 4.973.464 5.082.673 5.055.098 5.005.710

390.555 393.928 419.332 396.545 364.998 404.991 419.976 417.343 287.556 264.112 296.416 307.374 410.600

% sobre Com atraso Saldo da de 31 a 90 dias Carteira

% sobre Saldo da Carteira

Com atraso maior que 90 dias

% sobre Saldo da Carteira

Saldo total Carteira- Brasil

Variação em %

3,93% 3,97% 4,04% 3,68% 3,43% 3,68% 3,66% 3,63% 4,01% 3,66% 3,99% 4,10% 5,39%

7,42% 7,87% 7,41% 7,17% 7,05% 6,41% 6,27% 6,46% 7,07% 7,15% 6,86% 7,19% 7,20%

1.838.773 1.619.166 1.775.117 1.953.249 1.539.449 1.701.217 1.797.996 1.568.322 1.416.093 1.462.718 1.538.170 1.588.855 1.657.684

18,49% 16,30% 17,11% 18,15% 14,48% 15,45% 15,66% 13,64% 19,77% 20,27% 20,71% 21,21% 21,75%

9.945.544 9.930.662 10.376.810 10.761.223 10.633.825 11.008.782 11.482.648 11.500.517 7.164.027 7.216.518 7.426.614 7.489.509 7.622.867

-18,96% -0,15% 4,49% 3,70% -1,18% 3,53% 4,30% 0,16% -37,71% 0,73% 2,91% 0,85% 1,78%

738.217 781.798 768.969 771.992 749.909 705.316 719.670 743.294 506.834 516.224 509.355 538.182 548.874

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

FINANCEIROACREFI


Banco de dados: por Inepad Taxa de desemprego (%)

Brasil

>> Fonte: IBGE/INEPAD

SP

jan/09

dez/08

nov/08

1,50 1,20 0,90 0,60 0,30 0,00 -0,30 -0,60 -0,90 -1,20 -1,50 out/08

0,60 0,70 0,10 0,00 -0,80 -0,40 0,10 -0,30 0,00 -0,30 0,50 -1,10 2,30

set/08

8,60 9,30 9,40 9,40 8,60 8,20 8,30 8,00 8,00 7,70 8,20 7,10 9,40

ago/08

0,60 0,70 -0,10 -0,10 -0,60 -0,10 0,30 -0,50 0,00 -0,10 0,10 -0,80 1,40

jul/08

8,00 8,70 8,60 8,50 7,90 7,80 8,10 7,60 7,60 7,50 7,60 6,80 8,20

Variação (p.p.)

11,0 10,5 10,0 9,5 9,0 8,5 8,0 7,5 7,0 6,5 6,0 jun/08

jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09

Taxa (%)

mai/08

Var. p.p.

abr/08

SP

mar/08

Var. p.p.

fev/08

Brasil

jan/08

DATA

Var. p.p. - Brasil

>> Fonte: IBGE/INEPAD

Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido (R$) 1.550 1.500 1.450 1.400 1.350 1.300 1.250 1.200 1.150 1.100 1.050 1.000 950 900 850 800 750 700

3,5% 3,0% 2,5% 2,0% 1,5% 1,0% 0,5% 0,0%

Brasil

>> Fonte: IBGE/INEPAD

SP

fev/09

jan/09

-1,0% dez/08

nov/08

out/08

set/08

ago/08

-0,5% jul/08

1,1% -1,5% 0,3% 0,1% 0,4% 0,2% 2,3% 1,4% -1,5% 2,4% 1,2% 5,8% -1,3%

jun/08

Var. %

1.346,20 1.325,90 1.330,50 1.331,30 1.336,90 1.340,10 1.370,70 1.390,50 1.369,40 1.402,40 1.419,50 1.502,30 1.483,50

mai/08

SP

1,5% -0,1% 1,6% 0,0% 0,7% 0,7% 2,4% 1,1% -0,7% 1,2% 0,9% 2,8% 0,2%

abr/08

Var. %

mar/08

Brasil 1.187,60 1.186,40 1.205,40 1.205,70 1.214,00 1.222,00 1.251,00 1.264,80 1.255,80 1.271,10 1.282,40 1.318,70 1.321,30

fev/08

DATA fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

Var. % - Brasil

>> Fonte: IBGE/INEPAD

Comércio Varejista : Volume de Vendas

6,0%

>> Fonte: IBGE/INEPAD

FINANCEIROACREFI

6,7%

-0,3%

Índice Geral

Hipermercados e Supermercados

jan/09

dez/08

nov/08

out/08

set/08

-3,3% -4,8% 12,8% 5,8% -4,0% 5,6% 5,7% -8,7% 10,8% -16,0% -16,8% 14,8% 1,0%

ago/08

164,53 156,62 176,60 186,77 179,22 189,31 200,01 182,63 202,27 169,93 141,45 162,41 164,10

jul/08

-22,8% -4,2% 14,6% -9,2% 5,5% -6,8% 3,9% 4,7% -4,8% 6,3% -0,7% 25,6% -20,7%

jun/08

125,74 120,44 137,98 125,34 132,27 123,32 128,07 134,08 127,63 135,73 134,75 169,19 134,20

mai/08

-27,4% -7,4% 13,0% -4,6% 9,3% -6,8% 3,3% 2,8% -2,9% 4,6% -2,3% 34,2% -26,3%

abr/08

135,83 125,72 142,04 135,47 148,06 137,92 142,50 146,54 142,24 148,79 145,42 195,20 143,94

mar/08

jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 Variação Jan-Jan

210,00 200,00 190,00 180,00 170,00 160,00 150,00 140,00 130,00 120,00 110,00 100,00 90,00 80,00 fev/08

Índice Hipermercados e Veículos,Motos, Var. % Var. % Var. % Supermercados Partes e Peças Geral

jan/08

Data

Veículos, Motos, Partes e Peças


Previsões Econômicas Ano de 2008

PIB Total % a.a.

PIB Agropecuário % a.a.

PIB Indústria % a.a.

PIB Serviço % a.a.

Produção Industrial % a.a.

2,24 1,31 0,04 -0,20

2,58 1,39 -0,07 -0,13

2,14 0,47 -1,55 -1,59

2,50 1,78 1,39 1,32

2,34 0,40 -2,19 -2,58

Selic Taxa anual

IGP-DI % a.a.

IPCA % a.a.

Taxa de Câmbio R$/US$

Saldo Comercial US$ bilhões

12,08 10,31 9,49 9,31

4,77 4,46 3,21 3,14

4,91 4,62 4,40 4,31

2,27 2,29 2,30 2,29

14,29 12,87 13,89 14,20

Previsão 02/01/2009 4 semanas antes 27/02 1 semana antes 20/03 Previsão 27/03/2009 Ano de 2008 Previsão 02/01/2009 4 semanas antes 27/02 1 semana antes 20/03 Previsão 27/03/2009 >> Fonte: BC-Focus/INEPAD

Atividade Econômica DATA

Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

Var. p.p.

DATA

Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral

Var. %

81,64 81,80 82,60 82,90 82,80 83,30 83,50 83,70 84,60 84,60 82,30 77,80 76,40

0,34 0,16 0,80 0,30 -0,10 0,50 0,20 0,20 0,90 0,00 -2,30 -4,50 -1,40

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

125,44 126,18 126,32 126,23 127,14 128,53 129,71 130,28 129,69 126,63 117,88 110,53 106,78

0,22% 0,59% 0,11% -0,07% 0,72% 1,09% 0,92% 0,44% -0,45% -2,36% -6,91% -6,24% -3,39%

jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 Variação Jan-Jan

-6,41%

Variação Fev-Fev

>> Fonte: CNI/INEPAD

-6,14%

>> Fonte: IBGE/INEPAD

Produção (Índice) X Capacidade (%) Capacidade (%)

Produção (Índice)

85,0

134

84,0

130

83,0 126

82,0

122

81,0 80,0

118

79,0 114

78,0

>> Fonte: INEPAD

Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

jan/09

dez/08

nov/08

out/08

set/08

ago/08

jul/08

jun/08

mai/08

abr/08

mar/08

fev/08

110 jan/08

77,0

Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral FINANCEIROACREFI


Banco de dados: por Inepad

Variação Fev-Fev

-19,9%

Produção

fev/09

jan/09

dez/08

nov/08

out/08

330.000 310.000 290.000 270.000 250.000 230.000 210.000 190.000 170.000 150.000 130.000 110.000 90.000

set/08

-0,7% 12,3% 6,2% -3,5% 4,8% 4,6% -1,9% -3,7% -1,1% -34,4% -50,4% 91,3% 9,2%

ago/08

-1.801 31.027 17.625 -10.667 13.900 13.993 -6.149 -11.408 -3.349 -102.082 -98.203 88.179 16.920

jul/08

242.124 262.842 278.459 291.120 298.073 303.815 311.063 309.875 302.906 263.960 196.082 158.713 161.012

mai/08

251.899 282.926 300.551 289.884 303.784 317.777 311.628 300.220 296.871 194.789 96.586 184.765 201.685

abr/08

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

Var. Mensal (%)

mar/08

Produção Média Trim. Var. Mensal

fev/08

Data

jun/08

Indústria Automobilística - Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais Leves e Pesados Produção (em unidades)

Média Trim.

>> Fonte: Anfavea/INEPAD

Vendas Internas no Atacado de Nacionais (em unidades) Variação

Variação(%)

300.000

212.869 226.750 244.481 259.285 269.424 276.157 282.942 280.034 261.973 218.102 178.111 161.531 176.481

2.860 31.891 18.441 -5.919 17.896 8.222 -5.765 -11.179 -37.240 -83.193 459 32.994 11.396

1,3% 14,7% 7,4% -2,2% 6,8% 2,9% -2,0% -4,0% -13,8% -35,6% 0,3% 21,9% 6,2%

280.000 240.000 220.000 200.000 180.000 160.000 fev/09

fev/09

dez/08

jan/09

Vendas

-15,4%

nov/08

out/08

set/08

ago/08

jul/08

jun/08

mai/08

140.000

jan/09

Variação Fev-Fev

260.000

abr/08

fev/08 217.073 mar/08 248.964 abr/08 267.405 mai/08 261.486 jun/08 279.382 jul/08 287.604 ago/08 281.839 set/08 270.660 out/08 233.420 nov/08 150.227 dez/08 150.686 jan/09 183.680 fev/09 195.076

Média Trim.

mar/08

Vendas

fev/08

Data

Média Trim.

>> Fonte: Anfavea/INEPAD

Exportação Total (em unidades)

Variação Fev-Fev >> Fonte: Anfavea/INEPAD

FINANCEIROACREFI

-49,9%

60.000 55.000 50.000 45.000 40.000 35.000 30.000

Exportações

dez/08

nov/08

out/08

set/08

ago/08

25.000 20.000 jul/08

3,5% 15,5% 1,3% -15,5% 20,3% -5,1% 1,3% -8,1% 12,6% -25,5% -11,3% -49,9% 28,1%

jun/08

1.884 8.646 844 -10.146 11.195 -3.401 797 -5.190 7.399 -16.831 -5.576 -21.760 6.138

70.000 65.000

mai/08

55.269 58.097 61.888 61.670 62.301 61.517 64.380 61.782 62.784 57.910 52.908 38.185 31.119

Variação(%)

abr/08

55.843 64.489 65.333 55.187 66.382 62.981 63.778 58.588 65.987 49.156 43.580 21.820 27.958

Variação

mar/08

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

Exportações Média Trim.

fev/08

Data

Média trim.


Indústria Automobilística Licenciamento de Automóveis Nacionais e Importados (em unidades) Data

Vendas

1000cc

% no Total

1000cc a 2000cc

% no total

>2000cc

% no total

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

158.688 182.356 205.460 191.262 200.697 224.772 188.082 208.162 181.029 132.370 150.401 158.154 155.365

83.942 94.966 104.461 97.103 103.398 115.919 97.884 106.283 85.522 61.155 71.711 77.641 80.904

52,9% 52,1% 50,8% 50,8% 51,5% 51,6% 52,0% 51,1% 47,2% 46,2% 47,7% 49,1% 52,1%

72.870 84.998 97.585 91.071 94.071 105.607 87.229 98.835 92.792 69.170 76.200 77.844 71.674

45,9% 46,6% 47,5% 47,6% 46,9% 47,0% 46,4% 47,5% 51,3% 52,3% 50,7% 49,2% 46,1%

1.876 2.392 3.414 3.088 3.228 3.246 2.969 3.044 2.715 2.045 2.490 2.669 2.787

1,2% 1,3% 1,7% 1,6% 1,6% 1,4% 1,6% 1,5% 1,5% 1,5% 1,7% 1,7% 1,8%

>> Fonte: Anfavea/INEPAD

Licenciamento por Categoria - Automóveis 120.000 110.000 100.000 90.000 80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 fev/08 mar/08

abr/08

mai/08

jun/08

jul/08

1000cc

ago/08

out/08

set/08

nov/08

dez/08

jan/09

fev/09

+1000cc a 2000cc

Taxas de Juros Prefixados : Pessoa Física (R$ milhões) Crédito Pessoal

SALDO TOTAL

Aquisição de Bens - Veículos

TAXAS DE JUROS

SALDO TOTAL

TAXAS DE JUROS

% Variação % Variação MÊS/ANO R$ milhões a.m. p.p a.a. p.p

R$ milhões

% Variação % a.m. p.p a.a.

fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09

2,29 2,22 2,20 2,25 2,28 2,43 2,43 2,41 2,48 2,70 2,63 2,51 2,32

106.702 108.860 111.616 114.176 115.214 117.157 118.782 120.697 124.182 125.387 125.996 127.410 129.739

3,58 3,47 3,47 3,34 3,52 3,64 3,69 3,79 3,85 3,99 4,02 3,80 3,69

-0,03 -0,12 0,01 -0,13 0,17 0,12 0,05 0,10 0,06 0,14 0,03 -0,21 -0,11

52,60 50,50 50,60 48,40 51,40 53,60 54,50 56,30 57,40 59,90 60,40 56,50 54,50

-0,50 -2,10 0,10 -2,20 3,00 2,20 0,90 1,80 1,10 2,50 0,50 -3,90 -2,00

83.246 83.657 83.850 84.108 83.917 83.930 83.553 83.334 81.938 80.568 82.431 81.625 81.699

0,00 -0,08 -0,02 0,05 0,03 0,15 -0,01 -0,02 0,07 0,22 -0,07 -0,12 -0,19

31,24 30,08 29,81 30,61 31,09 33,46 33,34 33,05 34,15 37,71 36,51 34,66 31,75

Aquisição de Bens - Outros SALDO TOTAL

TAXAS DE JUROS

Variação % Variação % R$ milhões p.p a.m. p.p a.a. 0,02 -1,16 -0,27 0,80 0,48 2,37 -0,12 -0,29 1,10 3,56 -1,20 -1,85 -2,91

12.055 11.956 11.860 11.903 11.808 12.078 12.114 11.697 11.835 11.785 11.553 11.039 10.804

3,76 3,85 3,80 3,89 3,81 3,88 3,95 3,94 4,05 4,38 4,71 4,32 4,21

-0,03 0,09 -0,06 0,09 -0,08 0,07 0,07 0,00 0,11 0,33 0,33 -0,39 -0,11

55,80 57,40 56,40 58,07 56,69 57,89 59,15 59,07 61,08 67,26 73,79 66,14 63,96

Variação p.p -0,50 1,60 -1,00 1,67 -1,38 1,20 1,26 -0,08 2,01 6,18 6,53 -7,65 -2,18

>> Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD

FINANCEIROACREFI


27º

CONGRESSO ACREFI

A importância do para o

CRÉDITO

Desenvolvimento do BRASIL De 23 a 25 de outubro de 2009 no Grande Hotel Campos do Jordão Informações e inscrições:

Abertura

Adalberto Savioli, presidente da Acrefi

www.acrefi.org.br

Palestrantes Internacionais

Jean Dermine, professor do Insead William Charles Handorf, professor da Universidade George Washington

Palestrantes Nacionais

Antonio Carlos Bueno de Camargo Silva, diretor executivo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) Francisco da Silva Coelho, presidente da Ordem dos Economistas do Brasil Francisco Valim, presidente da Serasa Experian Gilberto Caldart, presidente da MasterCard Brasil

Realização

Patrocínio

Apoio Institucional

Apoio


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