financeiro nova
arevistadocrédito
edição
61 dez jan
FESTAS DO FINAL DO ANO DEVEM CONSOLIDAR A RETOMADA DO CRÉDITO E FAZER O VAREJO REPETIR O DESEMPENHO DE 2007 E 2008
Magia do Natal EXCLUSIVO HENRIQUE MEIRELLES MOSTRA O CAMINHO DO BC
conteúdofinanceiro
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DDA
Henrique Meirelles, presidente do BC, diz que o céu
Débito Direto Autorizado promete trazer
é o limite para o crescimento do crédito no País e
comodidade aos consumidores na hora de
alerta para cuidados com qualidade
pagar suas contas
22 perfil
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raio x
Novo CFO ganha novos desafios e se torna
Na Leroy Merlin a palavra de ordem é não
superexecutivo
deixar o cliente sair de sacola vazia
26 imóveis Mercado de crédito imobiliário toma as rédeas do crescimento sustentável 34 congresso Mercado de crédito retoma o fôlego, volta a crescer e mostra que resistiu aos efeitos das instabilidades econômicas 40 capa
seções 14 Rápidas As notícias que movimentam o mercado 16 Livros Dicas para aumentar seu conhecimento
artigos
O ânimo do varejo no Natal está em alta novamente.
18 Johan Albino Ribeiro Governança corporativa
O setor promete obter resultados tão promissores
39 Henrique Frayha Mercado internacional
como nos anos de 2007 e 2008
66 Francisco Valim Última palavra
4 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
expediente
Rua Líbero Badaró, 425 – 28o andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 – www.acrefi.org.br Presidente Adalberto Savioli Vice-Presidentes Álvaro Augusto Vidigal, Aquiles Leonardo Diniz, Arnaldo Alves Vieira , Érico Sodré Quirino Ferreira, José Arthur Lemos de Assunção, Luis Felix Cardamone Neto, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Odílio Figueiredo Neto e Wilson Masao Kuzuhara. Secretários Cláudio Messias Ferro e Edson Ueda Tesoureiros Aristeu Zanuncio e Sérgio Marra Pereira Capella Diretores Regionais Antônio Roberto Beldi (SP), Carlos Alberto Samogim (SP- Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Felicitas Renner (RS), Pedro Costa Carvalho (RJ), Laécio Barros Junior (DF) e Tiziana Dadalto (ES) Diretores-Executivos Gunnar Murilo, José Renato Simão Borges, Morris Dayan, Sandro Alexandre de Almeida, Sérgio Antônio Cipovicci e Sérgio Barbanti Diretores Conselheiros Leonel Dias de Andrade Neto, Marcelo Torresi, Marcio Ronconi de Oliveira, Marcus André Oliveira, Paulo Roberto Tabaquim, Paulo Sérgio Borsato, Roberto Bronzere e Rubens Bution. Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon. Membros: Alencar Burti (ACSP), Francisco Valim (Serasa), Jackson Schneider (Anfavea), João Elísio Ferraz de Campos (Fenaseg), Luiz Horácio da Silva Montenegro (ANEF), Miguel José Ribeiro de Oliveira (Anefac) e Sergio Antonio Reze (Fenabrave) Conselho Fiscal Domingos Spina e Istvan Karoly Kasznar Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Economista-Chefe Istvan Karoly Kasznar Consultor Jurídico Cassio M.C. Penteado Jr. Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial
Rua Novo Horizonte, 311 – Higienópolis – São Paulo – SP Telefax: (11) 3125-2244 – CEP 01244-020 – www.gpadrao.com.br Publisher Roberto Meir REDAÇAO Editor-executivo Rogério Godinho Editora-assistente Júlia Zillig Repórter Juliana Jadon
A
A crise econômica global assustou o mundo. Mas, talvez pela primeira vez na história, o Brasil foi um dos últimos a acusar o golpe. E um dos primeiros a sair. O País, que deveria sofrer uma queda no PIB, deve até mesmo crescer 0,2% este ano, de acordo com o boletim Focus, divulgado recentemente pelo Banco Central. O Brasil se recuperou. E no curto prazo, neste finalzinho de ano, muita coisa ainda pode acontecer. O consumo do final do ano parece prometer uma verdadeira mágica de Natal, como demonstra nossa matéria de capa na qual revelamos as estratégias e expectativas (positivas) do varejo brasileiro. Tudo isso não ocorre por acaso. O Banco Central e o presidente Henrique Meirelles, nosso convidado para a entrevista do mês, conduziu uma política econômica sólida que permitiu manter uma inflação cada vez mais estável nos últimos anos. Em 2009, o IPCA deve ficar em 4,25%. Para 2010, pode bater em 4,45%. É um cenário estável como pede um País estável. Meirelles comandou uma política fiscal consistente, controlou a inflação e obteve a melhora das contas externas. Para permanecer nesse caminho, há importantes medidas a serem seguidas, como bem apontam Meirelles e outros. Uma das principais é o Cadastro Positivo. É um dos instrumentos mais efetivos e esperados para permitir a expansão do crédito, hoje ainda aquém do seu poten-
O Brasil pode
cial. Afinal, o volume global de crédito do sistema financeiro registrou R$ 1,367 trilhão em outubro. Isso significa 45,9% do PIB. É bom, mas é pouco. Mesmo considerando o crescimento em 12 meses de crise econômica a uma taxa de 15,3%. Fizemos bem, mas podemos fazer mais. Com o Cadastro Positivo, os bons pagadores serão vistos claramente pelo sistema financeiro, como o trigo. E o joio terá um bom estímulo para usar o crédito de forma mais responsável. Com medidas como essa, o Brasil poderá finalmente cumprir a promessa de País do futuro. Diz a respeitada “The Economist” que em algum momento após 2014 seremos a quinta maior economia do mundo. É algo impressionante imaginar a ultrapassagem das economias britânica e francesa. Mas é possível. Tudo isso nos remete a um cenário extremamente positivo. E isso já no próximo ano. O volume do crédito pode superar os 50% do PIB, o crescimento deve ultrapassar os 5%. Neste País do presente, podemos fazer mais. O Brasil pode.
Fotografia Douglas Luccena Colaboradores Denise Sandanelli e Simone Rosa (texto) Arte Editora de Arte Marina Martins Diagramadores Alexandre Braga e Érika Bernal Pré-Impressão Alexandre Lima Revisora Dora Wild Publicidade Gerente Comercial – Marco Góes – mgoes@gpadrao.com.br Gerentes de Negócio Adriana Próspero e Fabiana Zuanon Facilitadoras Ana Chiesi, Fabiana Martins e Patrícia Pinheiro
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Adalberto Savioli Presidente da Acrefi dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 7
entrevistadomês
Por Simone Rosa
Caminho certo Não há limite para o volume de crédito no Brasil, mas o presidente do Banco Central lembra que é preciso estar atento à qualidade do crédito, aos limites de alavancagem e aos colchões mínimos de liquidez
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está satisfeito. Sob sua batuta, em meio à crise mundial mais grave dos últimos 80 anos, a autoridade monetária comandou o restabelecimento dos canais de irrigação do crédito no Brasil e hoje colhe elogios da comunidade internacional. “O agravamento da crise reforçou nossa convicção de que estávamos no caminho certo”, diz. Ele também se mostra otimista em relação às boas perspectivas creditícias do País pelos próximos anos. O panorama normalizou e o prêmio de risco diminuiu. Afinal, há dados que mostram uma situação melhor do que a do período recente de bonança global. Alguns, inclusive, alcançam patamares históricos: a menor a taxa Selic (8,75% ao ano) e o maior nível de reservas internacionais (US$ 240 bilhões). O porcentual de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) também ganha destaque, pois, nos últimos seis anos quase dobrou, passando de 24% para 45,2% do produto. Não há patamar-limite para o volume de crédito na economia, lembra Meirelles. Ressalta, porém, que é preciso estar atento à qualidade do
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crédito, aos limites de alavancagem e aos colchões mínimos de liquidez para que não haja risco excessivo. O comandante do Banco Central vê na continuação da estabilidade macroeconômica espaço para crescimento de crédito de longo prazo, em especial para setores ligados à habitação e infraestrutura. A seguir, a entrevista: Financeiro Um ano se passou após o agravamento da crise financeira internacional e o estrangulamento do crédito no mundo. Que lições o Brasil pode tirar? Henrique Meirelles O agravamento da crise reforçou nossa convicção de que estávamos no caminho correto ao fortalecermos os fundamentos macroeconômicos e garantirmos a solidez do sistema financeiro nacional. Com esses fatores consolidados, o Banco Central pôde agir rapidamente e com precisão para sanar a escassez de crédito na economia. O Banco Central fez o diagnóstico correto da crise, agiu na hora certa e com os remédios adequados. A redução dos compulsórios, o direcionamento de parte dele para instituições de pequeno e médio porte,
a criação do Recibo de Depósito Bancário com garantias de até R$ 20 milhões do FGC, além das atuações no mercado de câmbio por meio de empréstimos em moeda estrangeira das reservas via leilões nos mercados à vista e futuro, restauraram as condições de crédito no Brasil. A crise mostrou que é preciso fortalecer os fundamentos macroeconômicos e manter as políticas de metas para a inflação, equilíbrio fiscal e câmbio flutuante. Financeiro Os recursos direcionados ajudaram a puxar o total geral na proporção do PIB durante esses últimos meses e qual foi a importância disso no contexto da crise? Meirelles A ação do Banco Central foi para restabelecer o crédito na economia como um todo. O crédito direcionado ajudou a manter a demanda da economia, pois apresentou crescimento de 28,9% entre setembro de 2008 e agosto deste ano. O volume de crédito com recursos livres também cresceu, com incremento de 9,7% no período. Financeiro Analistas dizem acreditar que, com a Selic no atual patamar de 8,75% anuais, uma nova onda de grande expansão do crédito está por vir. O senhor concorda? Meirelles O Banco Central não faz projeções sobre a trajetória futura das taxas de juros e nem trabalha com meta para expansão do crédito. Em dito isso, a diminuição do prêmio de risco e a crescente confiança de agentes econômicos brasileiros e estrangeiros certamente propiciarão maior disponibilidade de recursos à economia brasileira, seja por participação acionária em empresas seja por meio de concessão de crédito. Financeiro Mesmo atingindo 45% do PIB na concessão de crédito, o Brasil está pouco alavancado. Até que porcentual é possível chegar, e em quanto tempo, sem que o País assuma um risco excessivo? Meirelles Não trabalhamos com um patamar-limite para o volume de crédito na economia, mas estamos atentos à qualidade do crédito, aos limites de alavancagem e aos colchões mínimos de liquidez para que não corramos risco excessivo e mantenhamos a capacidade de resistência do sistema financeiro. Creio que o Brasil já
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entrevistadomês estava e continuará na direção correta de expansão do crédito com limitação do risco. Financeiro Quais os setores devem expandir mais nos financiamentos e por quê? Meirelles O consenso é o de que, com a continuação da estabilidade macroeconômica, haverá espaço para crescimento de crédito com prazos mais longos. Dessa maneira, setores ligados à habitação e infraestrutura terão oportunidades de crescimento com créditos tomados não só por instituições públicas, como o BNDES, mas também por instituições privadas, que poderão ter papel mais relevante no financiamento de longo prazo no Brasil. Financeiro A baixa bancarização da população brasileira é uma barreira à expansão do número de concessões de financiamento? Meirelles Antes de mais nada é importante observar que está ocorrendo uma forte bancarização no Brasil desde 2003. Em 2005, por exemplo, havia 84 milhões de pessoas com relacionamento ativo no sistema financeiro. Atualmente, temos 108 milhões, um aumento de 30% em apenas quatro anos. Quanto mais um país cresce e se tornam complexas suas relações econômicas, maior será a necessidade de acesso a instituições bancárias. Além disso, o governo tem adotado ao longo dos últimos anos uma série de medidas o acesso da população ao sistema financeiro.
Creio que o Brasil já estava e continuará na direção correta de expansão do crédito com limitação do risco Financeiro Quais são outras barreiras para a expansão creditícia que poderiam ser citadas e como é possível quebrá-las? Meirelles Um importante instrumento que contribuiria para o melhor acesso às informações essenciais para gerenciamento de risco seria o cadastro positivo, que está em discussão no Congresso Nacional. Esse instrumento
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permitiria redução tanto do risco de crédito por parte das instituições financeiras quanto dos custos de captação por parte dos bons pagadores. Considero que o tema está avançando e será um passo importante para a expansão creditícia no Brasil, aprimorando-se a qualidade das concessões de crédito. Financeiro O que é possível fazer para expandir o crédito em especial nas classes C e D? Meirelles É consenso internacional que o desenvolvimento e a democratização do crédito são fundamentais para o crescimento econômico com inclusão social. O governo adotou uma série de medidas que facilita o acesso ao sistema de crédito, sendo o crédito consignado o mais importante. Como resultado dessas políticas, houve uma forte expansão do crédito a toda população, incluindo as classes de renda C e D. Quando assumimos, o crédito total correspondia a 24% do PIB. Em agosto de 2009, o volume de crédito chegou a 45,2% do PIB. A tendência é que essa expansão prossiga nos próximos anos. Vale lembrar que durante este governo cerca de 20 milhões de pessoas ascenderam à classe média, que hoje corresponde a mais da metade da população brasileira. O governo considera importante o desenvolvimento das microfinanças para a democratização do crédito e para a luta contra a pobreza. Para isso, estamos desenvolvendo o projeto “Inclusão Financeira” - para facilitar o acesso ao crédito para a população de baixa renda - com a participação de importantes atores da sociedade. Finalmente, a estabilidade econômica e o cadastro positivo serão fundamentais para a expansão do crédito nas classes C e D. Financeiro O cadastro positivo poderia reduzir a inadimplência em 45% e aumentar o acesso ao crédito em 19%. O Banco Central poderia contribuir de alguma forma para que esse projeto não ficasse parado por tantos anos no Congresso? Meirelles Não há dúvida que a aprovação do cadastro positivo no Brasil será de grande importância para ampliação do crédito e para redução do spread bancário. Mas essa é uma questão que cabe ser decidida no âmbito do Legislativo e devemos respeitar a independência dos poderes.
Financeiro Para sair definitivamente da crise, muitos países continuam dando incentivos fiscais e emitindo papel-moeda. Nesse contexto, quais as perspectivas para a inflação nos próximos anos? Meirelles Nossa expectativa é a de que os bancos centrais dos países de maior importância econômica adotarão políticas de saída adequadas e, portanto, não deveremos ter um ciclo inflacionário. Financeiro E os reflexos desse possível cenário no Brasil? Meirelles No caso do Brasil, todas as variáveis, inclusive as internacionais, foram consideradas em nossas projeções que constam do último relatório divulgado no final de setembro. Esperamos uma inflação na meta. Financeiro O discurso do Banco Central é claro ao sustentar que, ao definir a taxa básica, o seu olhar sempre recai apenas sobre a inflação e não sobre a atividade econômica. Isso mudou nesta crise, quando a intenção de grande parte dos Bancos Centrais do mundo reduziu suas taxas para tirar suas economias do processo de recessão? Meirelles O Brasil adotou uma estratégia diferente dos outros países no combate à crise. O Banco Central brasileiro primeiro adotou medidas para regularizar a liquidez do sistema financeiro, o que foi feito com a
liberação dos depósitos compulsórios, regularização dos mercados interbancários e atuação nos mercados de câmbio à vista e futuro. Só depois que as distorções tinham sido corrigidas, foi que o governo adotou o estímulo fiscal, com a redução de impostos, e, o Banco Central, o estímulo monetário, com a redução da taxa Selic. A estratégia do governo brasileiro está sendo reconhecida pelos governos de outros países como de grande sucesso. Financeiro Qual a posição do Banco Central em relação à proposta de criação de uma moeda mundial de referência em detrimento do dólar? Meirelles O Banco Central considera que o dólar americano tem e continuará tendo um papel importante como moeda de referência para trocas e reserva de valor para ativos no mercado internacional. O Fundo Monetário Internacional já conta com o SDR (Direito Especial de Saque, do inglês, Special Drawing Right), mas acompanhamos nos fóruns internacionais a discussão sobre a criação de uma nova moeda de referência de valor, embora consideremos que essa seria uma alternativa de mais longo prazo. Além disso, estamos negociando com diversos países a implantação do chamado Sistema de Comércio em Moeda Local (SML). f dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 13
notasmercado
investimento
tecnologia
balanço
consumo
Dinheiro para as PMEs
Recuperação rápida
Números favoráveis
Mais crédito
As pequenas e médias empresas brasileiras podem comemorar. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aprovou uma linha de crédito de US$ 3 bilhões para que o Brasil incremente as linhas de financiamento para esse mercado. Essa é a segunda vez que a entidade concede uma linha de crédito para as PMEs brasileiras – a primeira vez foi em 2004. De acordo com o comunicado divulgado pelo BID, foram aprovados uma linha de crédito e um empréstimo inicial de US$ 1 bilhão. Para se ter uma ideia, mais de 50% das empresas brasileiras se enquadram na categoria de pequenas e médias. Segundo o documento da entidade, as PMEs garantem dois em cada três postos de trabalho no País. Apesar da fase de escassez de crédito provocada pela crise mundial, o Brasil aumentou o ritmo de concessão de crédito para as PMEs. Em 2008, o BNDES realizou 122 mil operações, um aumento de 70% em relação ao ano anterior.
Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), setores ligados à alta tecnologia sentiram com mais profundidade os efeitos da crise global. No entanto, são os que mostram sinais de rápida recuperação. Entre os meses de setembro de 2008 e fevereiro de 2009 – período mais crítico das instabilidades econômicas mundiais – a produção dos setores de maior intensidade tecnológica caiu 25% no grupo de média-alta e 17% no de alta. Para o Ipea, os setores de média-alta tecnologia incluem os segmentos químico, automóveis, máquinas e equipamentos. Informática, eletrônicos e aviões se encaixam na categoria de empresas de alta tecnologia. No mesmo período, a produção da indústria de transformação obteve queda de 16%. No entanto, de fevereiro a agosto de 2009, os setores mais intensivos em tecnologia recuperaram-se mais rapidamente – as empresas de alta tecnologia cresceram 12%, enquanto que o grupo de média-alta densidade tecnológica registrou aumento de 11%.
O Banco Bradesco cresceu nos últimos nove meses de 2009, segundo o último balanço da empresa. Seu lucro líquido foi de R$ 5,831 bilhões, com um aumento de 0,2% em relação ao montante obtido no mesmo período de 2008 (R$ 5,819 bilhões). Do total obtido no período este ano, 68% provêm de atividades financeiras e 32% foi gerado pelas atividades de seguros e previdência. De acordo com o balanço, os ativos totais do Bradesco em setembro de 2009 registraram saldo de R$ 485,686 bilhões, um crescimento de 14,9% sobre o mesmo período do ano passado. Já sua carteira de crédito atingiu R$ 215,536 bilhões, uma evolução de 10,2% em relação ao mesmo mês de 2008.
O Índice SCPC Nacional de Crédito ao Consumidor apresentou crescimento de 5,5% em outubro deste ano sobre o mês anterior. Isso confirma a tendência de recuperação do crédito e das vendas do varejo. O desempenho foi diferenciado por regiões. O Sul apresentou a maior expansão, com alta de 9,8%, e acompanha o fraco desempenho do mês anterior, quando a região foi castigada pelas chuvas. A pesquisa aponta ainda que os brasileiros estão menos endividados. O índice de inadimplência cresceu 6,5% na comparação com setembro, mas caiu 12,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Capital confortável
poder de compra
Menos pobres No período entre 2004 e 2008, cerca de 10% da população brasileira – ou 18,5 milhões – subiu de classe social. A parcela considerada baixa renda recuou de 34 para 26% da população. Essas foram algumas das constatações da quarta análise da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), intitulada “Trajetória recente da mudança na identidade e na estrutura social brasileira” e realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo a apuração do instituto, a classe mais pobre ficou 22,8% menor. Fatores como reaquecimento da economia brasileira, forte geração de emprego, aliada aos programas sociais governamentais, impulsionaram essas mudanças. 14 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
Rica e poderosa A cidade de São Paulo pode ocupar a sexta posição entre as mais ricas do mundo até 2025. Segundo um ranking feito pela PricewaterhouseCoopers, a capital – que hoje está na décima posição – deve crescer 4,2%, em média, a cada ano, deixando para trás outras grandes cidades, como Paris, Osaka e Cidade do México. A cidade de Mumbai, considerada o coração financeiro da Índia, deve se destacar, entre as 30 primeiras, como a que mais vai subir posições até o período, saindo da 29ª posição para 11ª. A capital da China, Pequim, sai do 38º e deve ocupar o 17º lugar.
caixa
Segundo o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado recentemente pelo Banco Central, o nível de capital das instituições brasileiras continua confortável. O lucro das instituições manteve-se em nível próximo ao do primeiro semestre, porém, conforme opinião do BC, com qualidade superior. De acordo com o levantamento, o sistema financeiro brasileiro, que demonstrou um alto nível de resiliência durante a crise, já sinaliza o início de um novo ciclo de expansão de crédito, impulsionado principalmente pelas condições macroeconômicas favoráveis, pelas amplas reservas internacionais e forte demanda doméstica.
Poder econômico
veículos
Produção aquecida Dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontam que o Brasil terá mais carros nas ruas. A produção da indústria automobilística aumentou 15,7% em outubro no comparativo com o mês anterior. O resultado foi sustentado pelo mercado interno aquecido. Segundo a entidade, é o segundo melhor mês da história do setor – o primeiro foi em julho de 2008. Durante o mês passado foram fabricados quase 316 mil veículos – automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões. Em relação a outubro de 2008, o resultado foi 6,3% maior. É a primeira alta depois de um ano de quedas nessa comparação.
lucros
Empresas lucrativas As empresas brasileiras estão lucrando. Os dez maiores lucros divulgados por companhias de capital aberto no terceiro trimestre deste ano respondem por 55% do total divulgado por todas as empresas que se enquadram nessa categoria. De acordo com o levantamento feito pela consultoria Economática, nomes como AmBev, Bradesco, Banco do Brasil, Braskem, CNS, Cemig, Itaú Unibanco, Vale, Petrobras e Telesp somaram lucros de cerca de R$ 20 bilhões. Em termos de setores, as instituições financeiras foram as que obtiveram o melhor lucro líquido do período. Somadas, as 23 empresas de capital aberto divulgaram ganhos de R$ 7,5 bilhões, sendo 20,3% do lucro de todas as companhias de capital aberto do País. Atrás do mercado financeiro, o setor de petróleo e gás obteve lucro de R$ 7,4 bilhões, impulsionado pelo desempenho da Petrobras. Na sequencia, seguem os mercados de energia elétrica (2,3%), mineração (8,2%), siderurgia e metalurgia (6,3%), alimentos e bebidas (5,7%) e telecomunicações (5,3%).
atendimento
Bem atendidos
iGP–di
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro aderiu este mês ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC Acessibilidade) para que os bancos se comprometam a adequar suas agências e postos de atendimento para melhorar o acesso às pessoas com deficiência. O documento foi assinado há um ano pela Febraban com os Ministérios Públicos Federal, de São Paulo e Minas Gerais, e também pelos Estados do Paraná e Ceará. O acordo estabelece algumas regras para os bancos, como a implantação, no prazo de 15 meses, de adaptações arquitetônicas para o atendimento; em até dois meses devem contratar funcionários capacitados para dar apoio assistido a esses consumidores, entre outras determinações.
Preços em queda Informações divulgadas pela FGV apontam que o IGP–DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) fechou o mês de outubro com leve alta de 0,04%, contra alta de 0,25% em setembro. No ano, o indicador registrou queda de 1,39% e, nos últimos 12 meses, a queda acumulada foi de 1,76%. O índice relativo a bens finais obteve baixa também de 0,08%, contra alta de 0,70% no mês anterior. Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ficou praticamente estável – com ligeira variação positiva de 0,01%, ficou abaixo do 0,18% registrado em setembro. Setores, como alimentação (-0,95%), despesas diversas (-0,19%) e vestuário (0,29%), apresentaram decréscimos em suas taxas de variação. dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 15
livros
No livro, Alcides Leite aborda as condições necessárias para um país deixar o estágio de subdesenvolvido e atingir o grau de desenvolvimento. O autor faz uma análise do processo de desenvolvimento do Brasil nas últimas décadas até os dias atuais. “O Brasil já apresenta sinais claros de desenvolvimento, mas ainda está distante dos países desenvolvidos, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento social”, declara. Livro “Brasil: a Trajetória de um País Forte” Autor Alcides Leite Editora Trevisan Universitária Páginas 288 Preço R$ 59
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Nação de fibra
Longe da tempestade
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Investir na hora certa
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A obra de Deschatre traz informações valiosas sobre as melhores técnicas e ferramentas para iniciar ou incrementar sua carteira de investimentos e de como lidar tanto com os momentos de euforia quanto com os de crise. O autor mostra as diversas opções disponíveis nesse promissor mercado e ensina como construir um futuro financeiro com bases mais sólidas e rentáveis. Livro “Investimento em Ações – Para os Momentos de Crise e de Crescimento” Autor Gil Ari Deschatre Editora Thomas Nelson Brasil Páginas 168 Preço R$ 29,90
Quem pretende evitar o próprio colapso financeiro nos próximos anos e quer aprender a fazer fortuna em águas turbulentas tem a obra de Dent como principal aliada. No livro, o autor oferece táticas para lidar com essas adversidades e mostra como é possível tomar decisões mais acertadas em relação a finanças pessoais, aos negócios e também como reagir com exatidão às condições do mercado como taxas de juros, tendências do mercado de ações, inflação, orçamento público, câmbio, desemprego, entre outros. Livro “A Próxima Grande Depressão” Autor Harry S. Dent Editora Campus-Elsevier Páginas 360 Preço R$ 89,90
artigogovernançacorporativa
Funções como fator de governança corporativa A questão da governança corporativa toma fôlego no início desta década com os escândalos financeiros em Wall Street, abrangendo, principalmente, empresas de infraestrutura (caso Enron) e vai se reforçar, agora na virada da década, com a crise fiPor Johan Albino Ribeiro nanceira internacional (quebra do Lehman Brothers), dessa vez motivada pela circulação de papéis que perderam parte substancial de seu valor (subprime) gerados a partir de premissas pouco conservadoras no plano real da economia. Nesse cenário de crise, o modelo de supervisão bancária brasileira mostrou-se, – e tem se mostrado –, adequado, o que indica que os agentes em geral devem se sentir menos estimulados a modificá-lo radicalmente. Ao passar dos seus 40 anos, o modelo brasileiro de um banco central – realmente central e centralizador – serve de paradigma para economias mais desenvolvidas e, ao que parece, menos controladas. Em que pese essa supervisão presente e, até agora eficiente, o Banco Central do Brasil e, de alguma forma, a Comissão de Valores Mobiliários, não interferem diretamente no modelo organizacional das entidades financeiras. Mesmo sem um modelo organizacional definido pelo supervisor bancário – antes ainda da publicação, em setembro de 1997, dos chamados 25 Princípios da Basileia para a existência de uma supervisão bancária eficiente – os bancos, incentivados pelo órgão regulador, iniciaram a segregação de certas atividades e começaram a implantar as áreas de controles internos. 18 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
No geral, os chamados Princípios da Basileia para a existência de uma supervisão bancária eficiente, quando aplicados a uma instituição financeira isoladamente, têm basicamente os seguintes parâmetros: 1 Definição das funções de forma clara e objetiva, com detalhamento de responsabilidades e objetivos de cada departamento. 2 Avaliação precisa e atribuição dos recursos necessários para o cumprimento das respectivas funções, com independência operacional. 3 Documentação e normatização interna, capaz de estabelecer responsabilidades, métricas e objetivos. 4 Meios de auditoria e de reporte de informações. Não houve a supressão da liberdade do empresário financeiro para livremente organizar, internamente, a sua atividade. Ou seja, o supervisor entrou muito pouco do “balcão para dentro”, mas nada o impediria de fazer recomendações e até mesmo mais exigências. Para a criação de novas instituições, a regra1 estabelece a obrigatoriedade da prévia apresentação do plano de negócios com a definição da estrutura organizacional, com a clara determinação das responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da instituição. Ao lado da estrutura organizacional, o Banco Central exige uma estrutura de controles internos para garantir o correto funcionamento da organização. Para as instituições já em operação, o Banco Central foi introduzindo normas na regulamentação bancária, obrigando a criação de áreas de controle como meio de implementar no Brasil os Princípios da Basileia.
As regras do jogo Das regras que foram sendo impostas pela autoridade reguladora, podemos extrair o seguinte quadro, com as funções que são objeto de atenção do supervisor bancário: Área AdministrAção de
ComaNdo
Normativo
iNCompatibilidade
resolução nº 2.451 e resolução nº 2.486
seGreGAção
controles internos
resolução nº 2.554 circulAr nº 3078
implAntAção e A implementAção de controles internos voltAdos pArA As AtividAdes por elAs desenvolvidAs, seus sistemAs de informAções finAnceirAs, operAcionAis e GerenciAis e o cumprimento dAs normAs leGAis e reGulAmentAres A elAs Aplicáveis. A seGreGAção dAs AtividAdes AtribuídAs Aos inteGrAntes dA instituição de formA que sejA evitAdo o conflito de interesses, bem como meios de minimizAr e monitorAr AdequAdAmente áreAs identificAdAs como de potenciAl conflito dA espécie. A circulAr nº 3078 trAtA especiAlmente dAs AtividAdes dAs empresAs de consórcios.
risco de liquidez
resolução nº 2.804
recursos de terceiros
dA AdministrAção de recursos de terceiros dAs demAis AtividAdes
todAs As demAis AtividAdes.
dA instituição.
mAnter sistemAs de controle estruturAdos em consonânciA com seus perfis operAcionAis, periodicAmente reAvAliAdos, que permitAm o AcompAnhAmento permAnente dAs posições AssumidAs em todAs As operAções prAticAdAs nos mercAdos finAnceiro e de cApitAis, de formA A evidenciAr o risco de liquidez decorrente dAs AtividAdes por elAs desenvolvidAs. desiGnAr diretor estAtutário responsável, perAnte o bAnco centrAl do brAsil, pelA observânciA do disposto nestA resolução, o quAl poderá ser o AdministrAdor indicAdo pArA o GerenciAmento de risco dA instituição.
contAbilidAde
GerenciAmento do
resolução nº 3.198 – reGulAmento Anexo Art. 5 resolução nº 3.380
determinAr às instituições finAnceirAs A implementAção de estruturA de GerenciAmento do risco operAcionAl.
risco operAcionAl
riscos de mercAdo
As instituições, câmArAs e prestAdores de serviços referidos no Art. 1º devem bAnco centrAl do brAsil, pelo AcompAnhAmento, supervisão e cumprimento dAs normAs e procedimentos de contAbilidAde previstos nA reGulAmentAção em viGor. desiGnAr um diretor, tecnicAmente quAlificAdo, pArA responder, junto Ao
resolução nº 3.464
AdministrAção de recursos
Art. 8º: A AtividAde de GerenciAmento do risco de mercAdo deve ser executAdA por unidAde específicA nAs instituições mencionAdAs.
de terceiros.
devem instituir componente orGAnizAcionAl de ouvidoriA, com A Atribuição de
AuditoriA internA.
operAções de tesourAriA. ouvidoriA
resolução nº 3.477
AsseGurAr A estritA observânciA dAs normAs leGAis e reGulAmentAres relAtivAs Aos direitos do consumidor e de AtuAr como cAnAl de comunicAção entre essAs instituições e os clientes e usuários de seus produtos e serviços, inclusive nA mediAção de conflitos.
risco cAmbiAl, ouro
cálculo do pAtrimônio
resolução nº 3.488
resolução nº 3.490
os processos e os controles relAtivos Ao limite estAbelecido nestA resolução
AdministrAção de recursos
constituem responsAbilidAde de diretor responsável pelo GerenciAmento de risco
de terceiros.
dA instituição.
operAções de tesourAriA.
os processos e os controles relAtivos à ApurAção do pre constituem
AdministrAção de recursos de terceiros. operAções de tesourAriA.
responsAbilidAde de diretor responsável por GerenciAmento de risco dA instituição.
de referênciA exiGido
câmbio
resolução nº 3.568
desiGnAr, indicAr um diretor responsável pelAs operAções relAcionAdAs Ao mercAdo de câmbio.
risco de crédito
resolução nº 3.721
Art. 8º: A AtividAde de GerenciAmento do risco de crédito deve ser executAdA por unidAde específicA nAs instituições de que trAtA o Art. 1º. § 1º. A unidAde A que
AuditoriA internA.
se refere o cAput deve ser seGreGAdA dAs unidAdes de neGociAção e dA unidAde executorA dA AtividAde de AuditoriA internA.
1 Regulamento anexo à Resolução nº 3.040, de 28 de novembro de 2002 Art. 5º A constituição das instituições... b) plano de negócios, que deverá indicar, no mínimo: 1. Detalhamento da estrutura organizacional proposta, com clara determinação das responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da instituição. 2. Especificação da estrutura dos controles internos, evidenciando mecanismos que garantam adequada supervisão por parte da administração e a efetiva utilização de auditoria interna e externa como instrumentos de controle.
dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 19
artigogovernançacorporativa
Os normativos selecionados indicam a atenção do regulador em três áreas: 1 Controles internos a Risco operacional b Risco de liquidez i Riscos de mercado ii Risco cambial c Risco de crédito 2 Administração de recursos de terceiros 3 Operações de tesouraria Quanto mais afastadas e menos inter-relacionadas estiverem essas áreas, melhor a governança interna e a inexistência de possibilidade de conflitos de interesses. As incompatibilidades registradas pela autoridade supervisora, nos normativos acima, indicam claramente que tesouraria e administração de recursos de terceiros podem gerar situações nas quais poderiam se contrapor os interesses da própria instituição com os dos clientes, de modo que, obrigatoriamente, devem estar separadas. Evidentemente que todo organograma, como uma pirâmide, tende a um ponto único na parte superior, sendo ideal que as linhas de supervisão dessas áreas somente se encontrem no ângulo final da pirâmide executiva. As áreas de controles internos e de ouvidoria, por serem relativamente mais recentes, merecem atenção especial, posto que o modelo organizacional em que essas estruturas melhor se encaixam ainda não está devidamente testado. De qualquer forma, ambas, ao que tudo indica, devem estar em situação assemelhada à da auditoria interna. Duas circunstâncias embasam essa afirmação:
1 Para a área de controles internos temos
na regulamentação (Resolução n° 2.554)2 a afirmação que a auditoria interna faz parte do sistema de controles internos. Assim, essa atividade deveria guardar no organograma, ao menos, a mesma posição da auditoria. 2 Já a ouvidoria, por força das normas que a instituíram, deve ficar fora da área de auditoria interna3 e, ao mesmo tempo, apresentar ao conselho de administração4 propostas de melhoria dos padrões de atendimento e de serviços. Esse fato, associado ao mandamento programático do Art. 1° da Resolução nº 3.477, ou seja, assegurar a estrita observância das normas legais e regulamentares relativas aos direitos do consumidor, indica que a área de ouvidoria deve ter, no organograma da instituição, destaque equivalente à importância que a organização dá à sua missão. Quanto ao mais, a distribuição das funções deve observar regras gerais de administração, de forma a propiciar a devida segregação das atividades de decisão, execução, registro e controle. Em outras palavras, segregar as funções de negócios das funções de controle, a responsabilidade pela decisão de gastos das tarefas de pagamento, os trabalhos de escrituração e registro com os de fiscalização. Em outra medida está a arte de distribuir de modo mais uniforme possível as atribuições, a fim de que todas as áreas da organização tenham a adequada intensidade de reporte e supervisão. f Johan Albino Ribeiro assessor jurídico do Banco Bradesco S.A. e membro do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional
2 Art. 2º: Os controles internos, cujas disposições devem ser acessíveis a todos os funcionários da instituição de forma a assegurar sejam conhecidas a respectiva função no processo e as responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da organização, devem prever: Parágrafo 2º A atividade de auditoria interna deve fazer parte do sistema de controles internos. 3 Resolução nº 3.477 – Art. 1º. - § 3º O componente organizacional deve ser segregado da unidade executora da atividade de auditoria interna, de que trata o Art. 2º da Resolução nº 2.554, de 24 de setembro de 1998, com a redação dada pela Resolução nº 3.056, de 19 de dezembro de 2002. 4 Resolução n° 3.477 – Art. 2º. V - Propor ao conselho de administração ou, na sua ausência, à diretoria da instituição medidas corretivas ou de aprimoramento de procedimentos e rotinas, em decorrência da análise das reclamações recebidas.
20 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
perfilemdebate
Novos CFOs
Os executivos financeiros das grandes companhias enfrentam hoje muito mais desafios. SPED, IFRS, substituição tributária, governança corporativa mais intensa, a lista é extensa. Pode chamá-los de superexecutivos Por Juliana Jadon Janeiro de 2009. Depois de 37 anos, a família Garcia ouve que será preciso abrir o balanço patrimonial da rede de varejo Kalunga. Quem deu a notícia foi o novo diretor financeiro, José Marcelo Santos. A imposição é por conta do IFRS, regulamentação que passa a vigorar no mercado brasileiro em 2010. Se fosse apenas isso, já seria muito trabalho. Mas a nova legislação é apenas um dos desafios que CFOs, como José Marcelo, precisam enfrentar atualmente. Além da novidade do IFRS, os diretores financeiros passaram os últimos anos procurando entender como restruturar a área fiscal e contábil dentro de um complexo sistema de tecnologia. Nesse caso, a imposição veio do governo federal com o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Atividades tradicionais, como o pagamento de impostos, também exigiram mais atenção, com as oportunidades e riscos trazidos pela substituição tributária. E todas as tarefas, inclusive administrar o caixa, se tornaram mais complexas com o enrijecimento da go-
22 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
vernança corporativa (em especial após os riscos excessivos com derivativos revelados no ano passado). Cada um desses projetos isolados significa um enorme esforço intelectual e de gestão por parte do CFO. E ao mesmo tempo em que olha para sua área, o primeiro escalão da empresa ainda lhe exige uma atenção inédita para as outras áreas. Todo projeto hoje precisa do aval da área financeira. Se esse não é o superexecutivo, não há outro. No caso de José Marcelo, na Kalunga, ele chegou indicado pelo conhecimento adquirido em multinacionais. Começou na área financeira com apenas 17 anos, em 1994. Participou de um processo seletivo para seu primeiro emprego ainda durante o colegial, depois de ver no jornal a vaga de auxiliar em uma multinacional alemã, a Bekun do Brasil. Meses depois estava na tesouraria. Dois anos depois, Marcelo Santos foi para outra multinacional, a dinamarquesa Sabroe. Marcelo aprendeu a
Marcelo Santos, da Kalunga Trouxe para a empresa conceitos como governança e sustentabilidade
falar inglês para se comunicar com os executivos da matriz e participou de projetos que esbarravam em finanças, como a implantação do Magnos, primeiro sistema integrado de gestão empresarial criado pela Datasul. Desde que Marcelo Santos entrou na Kalunga, ele explica aos dois sócios Paulo e Roberto Garcia cada detalhe diferente exigido pelas novas regras do IFRS. Os novos resultados financeiros da empresa foram colocados no papel de maneira diferente. Com o padrão IFRS, por exemplo, o Contas a Receber, fator relevante antes lançado como um ativo (bem) passou a ser reportado como passivo (despesa). Isso ocorreu, pois, no novo modelo contábil, o Contas a Receber é visto como um empréstimo ao cliente. Ao lado do IFRS, outra área que exigiu atenção de Marcelo Santos a partir de fevereiro deste ano foi a substituição tributária. Com ela, o fornecedor não paga mais o ICMS para o governo, mas, sim, para seu cliente. Isso pode ser feito em dinheiro ou por meio de desconto equivalente a compra. Na Kalunga, a área de Marcelo Santos repassa esse imposto ao governo. O risco foi transmitido a ele e Marcelo Santos, como diz, é o ICMS na hora que ele sai da fabri-
cante. Marcelo se reuniu com os pequenos fornecedores para ajudá-los a se esclarecer quanto ao assunto. Não se preocupou com os maiores, pois esses já sabiam da nova legislação com a ajuda de suas consultorias. Essas mudanças afetaram departamentos financeiros em todo o País. Alguns se dedicaram mais ao IFRS, outros preferiram delegar e enfrentar desafios diferentes. É o caso de João Gomes Antunes, diretor financeiro da Casa & Construção (C&C), que também explicou as diferenças do IFRS para os controladores da sua rede de varejo. Mas, na prática, ele gastou somente 10% de seu tempo em
Números e o meio ambiente No ano passado, logo na primeira semana no cargo, José Marcelo Santos decidiu chamar atenção na Kalunga para os conceitos de governança e sustentabilidade. Foi a semente do projeto “Sistema de gestão moderno”, pois não trata só de meio ambiente, mas do crescimento sustentável do negócio. O objetivo é o ganho de eficiência operacional; Marcelo Santos conversa com os executivos dos outros setores da empresa para que revisem os processos e cortem os gastos não necessários. No final do ano passado, em decorrência da crise econômica e dos resultados do último trimestre, o diretor financeiro projetou crescimento zero pra 2009. Isso, segundo ele, já era algo considerado otimista
para o período. Durante os primeiro e segundo trimestre do ano, o executivo não sabia quais seriam os resultados da companhia. O período foi de frear investimentos, conceder menos crédito nas lojas, no caso de compras parceladas, e seguir, mais do que nunca, com o projeto sustentável. Marcelo e a Kalunga superaram o período turbulento com resultados positivos. O antecessor de Marcelo Santos era um executivo muito preocupado com o caixa da empresa. O novo CFO chegou falando de sustentabilidade e hoje é um executivo que discute margens com outras áreas, fala sobre resultados e ajuda nas tomadas de decisões. De fato, sustentabilidade envolve muito mais do que meio ambiente.
dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 23
perfilemdebate
O engenheiro
João Antunes, da C&C Depois de anos na indústria, executivo enfrenta novos desafios no varejo
2009 com as novas regulamentações. Deixou essas divergências na mão de uma consultoria especializada. Outros assuntos exigiram mais sua atenção. Antunes é bacharel em ciências contábeis, pósgraduado em finanças e empreendedorismo e sóciofundador do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), além de ser membro convidado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Essa bagagem sempre foi importante no trabalho dentro de empresas com ações em Bolsa. Agora, como Marcelo Santos, ele passa pela primeira vez pela experiência de gerir a área financeira de uma companhia de capital fechado (depois de 20 anos na área financeira de uma indústria, o Grupo Villares). Na indústria, as decisões da área financeira podiam ser tomadas por Antunes em períodos longos. Algumas chegavam a ter mais de um mês para serem acertadas por meio de reuniões e muita discussão. Já no varejo, muitas vezes, Antunes chega a ter poucas horas para decidir. E essa ação que só depende dele mesmo, pode envolver milhões de reais.
ponsabilidade: a administração dos recursos captados nas lojas e o crédito nelas concedido. Outros fatores diretos do varejo também esbarram nas suas tomadas de decisões, como a política de giro de estoque (com a disponibilização dos recursos para a compra). Por isso, a área financeira da C&C, com a ajuda de uma consultoria, está implantando um sistema de gestão empresarial (ERP). Com a ferramenta, a partir do ano que vem Antunes visualizará na tela de seu computador e em tempo real o volume financeiro que circula nas lojas da companhia e a disponibilidade do estoque. Se cada cliente que compra na C&C parcelar sua aquisição em três vezes, por exemplo, são cerca de 500 mil operações por mês. Para coletar esse valor, Antunes recebe relatórios semanais de cada executivo responsável por cada loja e soma-os em seu escritório. Antunes e Marcelo Santos sabem que, no varejo, o executivo financeiro também é um pouco vendedor. Dossiê CFO
Executivos financeiros se reuniram em novembro para debater o perfil do novo CFO brasileiro. Com o apoio da Aliz Inteligência Sustentável, a revista Financeiro e a B2B Magazine retratam esse que se tornou o executivo mais importante das corporações brasileiras. f Confira quem participou do debate: NOME
EMpRESA
Cesar Martins
Aliz
Claudio Coli
Mastersaf
Franck Vignard
Cetelem
Irineu Martini
C&C
João Gomes Antunes
C&C
José Emilio Bertassi
Cia Müller de Bebidas
José Marcelo dos Santos
Kalunga
Julio Gabriolli
Aliz
Novos pontos de vista
Laurent Gachet
Ticket
Na área financeira do varejo, quando se trata do caixa, Marcelo Santos e Antunes têm duas vertentes sob sua res-
Luiz Borssari
Ford
Marcelo Simões
Aliz
24 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
O diretor financeiro do BNP Paribas, Frank Vignard Rosez é engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli–USP). Quando terminou a faculdade, em 1998, foi considerado o melhor engenheiro mecânico pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, o CREA–São Paulo. Um ano depois entrou para o mercado de trabalho como trainee de atendimento no banco Boa Vista. Apesar de não ser sua área, seu chefe dizia que era mais fácil ensinar economia para engenheiro do que para os próprios economistas. Julgava que os engenheiros tinham mais facilidade para lidar com números. Um ano depois, em 2000, Frank foi contratado por uma consultoria de hunting que procurava alguém com experiência em banco, mesmo que essa fosse mínima, além de ter facilidade com números e possuir o francês como língua fluente. Frank estudou em colégio franco-brasileiro. Seu pai, francês, o inscreveu e, por isso, era qualificado para essa última exigência. Passou quatro meses só nesse processo seletivo. Ao ser escolhido, foi enviado para a França onde atuou na área de planejamento financeiro da Cetelem. Frank voltaria rapidamente ao Brasil para montar a área de planejamento financeiro do BNP Paribas. Desde o retorno até hoje, o executivo assumiu a área de marketing e desenvolvimento, trabalhou num projeto de reestruturação da empresa, fazendo com que a companhia tivesse resultados positivos e foi responsável por novas parcerias. Em outubro de 2008, Frank, depois de ter uma participação importante na compra do banco BGN pela Cetelem, foi convidado novamente para assumir a área financeira. Ele escolheu quais sistemas seriam mantidos e quais seriam deletados de cada uma das instituições com a integração. No projeto, denominado “Santos Dumont”, Frank queria fazer a Cetelem voar alto. Com a restruturação, o BNP Paribas gastou R$ 60 milhões a menos em 2009 do que no ano passado. Parte disso, o quadro de funcionários foi reduzido em 20% e o trabalho de Frank aumentou. Hoje, ele acumula as funções de diretor financeiro e de tecnologia da informação.
Frank, como muitos outros executivos da área de finanças, possui o dia cheio. Acompanhe um dia comum de trabalho dele em novembro de 2009: 7h Abre o jornal e, durante o café da manhã, lê o caderno econômico para se preparar para o dia. 7h30 Acessa de casa os e-mails vindos da matriz do BNP Paribas, na França. Esses, geralmente são enviados de madrugada devido à diferença de fuso horário entre Brasil e França. 8h Ida ao trabalho. No caminho, liga para sua equipe e tenta resolver os problemas descritos nos e-mails que acabou de ler. 9h Reunião de preparação para o fechamento com sete outros executivos das áreas financeira e contábil. 10h Próxima reunião. Dessa vez com o pessoal de TI, área que também está sob sua gestão. 11h30 Volta para sala e responde a alguns e-mails da matriz. 13h Sai para almoçar. Aproveita o tempo para falar sobre assuntos de trabalho com a equipe. 14h30 Reunião com as parcerias bancárias, como a Cardif. Terminou às 16h30. 17h Reunião com o RH sobre o “Programa Internacional de Desenvolvimento de Talentos”. Identificou novos talentos com potencial para trabalhar na matriz. 18h Término de uma reunião e começo de outra. Esta, com o fiscal para retomada de temas que já estavam tocando. 19h30 Volta para sua sala e permanece em frente ao computador até às 22h30. Antes de ir embora, responde a mais e-mails vindos da matriz e passa a ela o resultado das reuniões do dia. 22h30 Volta pra casa.
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créditoimobiliário
Agora
vai! Condições econômicas favoráveis empurram o mercado imobiliário em direção ao crescimento. Em termos de crédito, ainda tem muito espaço para expandir Por Denise Sandanelli O crédito imobiliário no Brasil, que sempre acompanhou o padrão de “vôo de galinha” ou, mais tecnicamente falando, “stop and go” da economia brasileira, finalmente parece ter encontrado condições de evoluir de maneira sustentável. E, nesse progresso, novamente segue o ritmo da atividade do País. Estabilidade é a palavra-chave tanto para os notáveis avanços do PIB (Produto Interno Bruto) entre 2007 e 2008 – a crise econômica internacional tem sido encarada apenas como um desvio de uma rota ascendente – como para a evolução da indústria da construção civil brasileira. Antes, era praticamente impossível para as construtoras planejar no longo prazo, o que, obviamente, era um empecilho definitivo para que as instituições financeiras concedessem empréstimos imobiliários. Quando os financiamentos eram liberados, figuras bizarras, como o resíduo, apareciam.
26 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
“A expectativa é que, em um curto espaço de tempo, a relação entre o volume total de crédito imobiliário sobre o PIB nacional, que no Brasil sequer chega a 4%, venha a atingir porcentuais mais próximos àqueles verificados no mercado internacional, ou seja, se situe acima de 15%”, diz Teotônio Costa Rezende, consultor habitacional da Caixa Econômica Federal. O banco possui uma carteira de crédito imobiliário de aproximadamente 2,4 milhões de contratos e montante de R$ 57 bilhões. Desse volume, 52,4% estão concentrados na região Sudeste; 19,8%, na região Sul; 13,6%, na Nordeste; 11,7%, na Centro-Oeste; e 2,6%, na Norte. As instituições públicas podem fornecer crédito baseado nos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), enquanto para os bancos privados a maior fonte de dinheiro é o SFH (Sistema
José da Silva, do Bradesco Crescimento de 50% nas linhas de financiamento imobiliário até 2010
Financeiro de Habitação), que capta depósitos da caderneta de poupança. Por isso, a sua carteira é bem menor. O Bradesco, por exemplo, tem apenas R$ 10,4 bilhões. Mas as suas previsões são tão otimistas quanto. “Acreditamos poder crescer 50% em 2010”, afirma José da Silva Aguiar, gerente do departamento de empréstimos e financiamento do banco. Não é exagero dizer, então, que nesse mercado se encontra a maior oportunidade para o crédito no Brasil nos próximos anos. O caminho
O governo federal tem um papel importante no processo de expansão dos financiamentos imobiliários e um plano ambicioso para tanto. Neste ano, lançou o programa “Minha Casa, Minha Vida”, que prevê (em prazo não estabelecido) a construção de um milhão de residências no País. “Isso representa pouco mais de 10% da necessidade atual da população. Hoje, o déficit habitacional no País é de oito milhões de residências, mas até 2050 precisaremos construir mais nove milhões”, comenta Ricardo Almeida, coordenador do curso de pós-graduação em negócios imobiliários da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado). Até lá, o envelhecimento da população será um elemento facilitador de concessão de empréstimos, pois significa que um número maior de pessoas terá renda suficiente para adquirir um imóvel. As perspectivas também são de queda da taxa Selic – as incertezas a respeito do comportamento dos juros nas décadas passadas sempre assustaram os candidatos a mutuário. A queda dos juros tornará a alternativa de captação via SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário) mais barata e, por consequência, mais abundante. As possibilidades estão em todos os lugares. De acordo com os especialistas, as construtoras e os bancos têm de olhar para as regiões do País cujo processo
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créditoimobiliário
Ricardo Almeida, da FAAP O déficit habitacional do País é de oito milhões de residências
de urbanização vem se acelerando, as zonas mais afastadas dos grandes centros e aquelas em que grandes mudanças econômicas estão em curso – como as áreas em que vai se dar a exploração do pré-sal. Imóveis para as classes de renda mais baixa também são vistos como boas oportunidades. Para reforçar a concessão especialmente nesse nicho, o governo já está permitindo que os bancos privados distribuam financiamentos com recursos do FGTS, e os empréstimos fundeados nessa forma devem abrir todo um novo leque de produtos. Uma das tendências mais fortes é o empréstimo para a aquisição de imóveis diretamente na planta. “As construtoras terão dinheiro disponível para investir em mais empreendimentos ao mesmo tempo”, destaca Aguiar. Não que o financiamento a imóveis usados perderá ímpeto.
O laboratório dos feirões de imóveis No seu constante e cada vez mais necessário exercício de aperfeiçoamento de estratégias para avançar no mercado de crédito imobiliário, as instituições financeiras encontraram nos feirões da casa própria um valiosíssimo laboratório. Dá para observar melhor tanto o comportamento dos clientes como o das construtoras, grandes parceiras de negócios e, muito importante, o dos concorrentes também. E, nesse território, o que está valendo são as táticas de guerrilha. Os bancos fazem de tudo para conquistar o coração (e o bolso) do consumidor. Oferecem brindes que vão da documentação do imóvel a revestimentos e armários, claro, empresas de móveis planejados também marcam presença. O grande mérito desses eventos para o mercado é desmistificar o financiamento habitacional. “A maioria das pessoas acha que fazer um empréstimo para adquirir a sua casa ou apartamento é um bicho-papão. Mas, nos salões, percebem que não é assim, principalmente porque os agentes se colocam na posição de orientadores, ajudando os interessados a escolherem a melhor opção. Eles ficam sabendo, por exemplo, que podem comprar naquele momento um imóvel pequeno, mas
28 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
que, se a família crescer e o orçamento melhorar, podem refinanciar o contrato para trocar a sua residência por uma maior”, diz Marcos Crivelaro, professor da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista) e da Faculdade Módulo. “Essa clareza agiliza o processo de decisão.” Portanto é um aprendizado que as instituições incorporam (ou precisam incorporar) ao atendimento no dia a dia. As condições oferecidas durante os salões de imóveis, realizados periodicamente em diversas cidades do País, também são estendidas para as agências regulares dos bancos. “Fazemos isso porque sabemos que muita gente passa pelos estandes dos eventos, conhece os empreendimentos disponíveis e tira dúvidas, mas deixa para fechar negócio depois. E aí, quando ele procura a rede de atendimento, tem que encontrar as mesmas ofertas”, destaca José da Silva Aguiar, gerente do departamento de empréstimos e financiamentos do Bradesco. A fim de reforçar a percepção de que comprar a casa própria é fácil, o banco também monta uma equipe grande de analistas de crédito – em 15 minutos sai a resposta sobre o pedido de financiamento feito pelo cliente.
No processo de conquista do cliente, fornecerlhe acesso aos produtos pela internet é bastante importante, porque permite que ele faça simulações, sonhe e consiga enxergar o processo de forma mais palpável. “Aí o interessado compreende como funciona. Dá a sensação de que efetivamente está ao seu alcance”, diz Marcos Crivelaro, professor da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista) e da Faculdade Módulo. A mitigação de riscos dos financiamentos é uma condição essencial para que o cenário animador se concretize. “Nesse sentido, algumas iniciativas significarão notáveis avanços”, decreta Celso Petrucci, economista do Secovi–SP, o sindicato do setor imobiliário. Primeiro a instituição do cadastro positivo para permitir que os consumidores mais pontuais no pagamento das suas dívidas sejam beneficiados por taxas de juros menores. Depois a concentração de todas as informações do imóvel na sua matrícula. Essa medida dá muito mais segurança tanto para quem vai comprar uma casa ou um apartamento usado quanto para o banco que será responsável pelo financiamento, já que evidenciará eventuais pendências de hipotecas, juros ou mesmo penhor devido a débitos atrasados. O projeto já está sendo apreciado pelas autoridades federais. Por último, há a aceitação da tabela Price como a mais adequada para amortizar o empréstimo. Esse é o modelo mais utilizado em todo o mundo e no Brasil, pois permite a fixação de parcelas iguais. No entanto, pululam processos na Justiça em que mutuários reclamam que a Price leva a erros nos cálculos porque aplica juros sobre juros – e, na opinião de muitos especialistas, por desconhecimento os juízes acabam acatando o lado dos compradores. “Essa incerteza jurídica precisa ser superada urgentemente”, alerta Petrucci. “Resolver todos os pontos citados dará mais velocidade ao salto no financiamento ha-
bitacional que virá. “ Outras mudanças previstas para o curto prazo são a implementação da escritura eletrônica, da assinatura digital certificada, do portal dos cartórios, e a troca de arquivos eletrônicos, o que quer significa a substituição do atual modelo de processo em papel pelo processo eletrônico. Trata-se de mais um reforço à agilidade, em outras palavras. O crédito imobiliário, além dos lucros que proporciona por si, tem um outro valor importante para as instituições financeiras: a captação e fidelização de clientes. Afinal, se ele vai ter um relacionamento tão longo com um banco – os financiamentos se estendem por 20 ou 30 anos –, em várias ocasiões surgirão chances vantajosas para que concentre todas as suas operações no mesmo lugar em que possui um negócio tão importante para a sua vida. “Por todos os motivos, o Brasil caminha a passos largos para o financiamento imobiliário”, frisa Aguiar. f
Raio X do crédito imobiliário no Brasil Ano
Em unidades financiadas (mihares)
2001
35,768
1,870,3
2002
28,932
1,768
2003
36,480
2,217
2004
53,826
3,002
2005
61,121
4,852
2006
113,873
9,340
2007
195,9
18,282
2008
299,685
30,032
janeiro
17,660
1,892
fevereiro
16,523
1,724
março
21,447
1,724
abril
22,750
2,351
maio
19,727
2,267
junho
25,774
2,958
julho
25,656
2,942
agosto Total
29,641
3,181 19,572
Var. p.p. em R$ bilhões
2009
179,178
Fonte: Abecip
dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 29
artigoanáliseeconômica
Brasil
Perspectivas do mercado de crédito no
Fonte: Inepad & BC
30 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
20,0 10,0
set/08 jun/09
dez/07
mar/07
set/05
jun/06
dez/04
mar/04
set/02
jun/03
dez/01
jun/00
mar/01
set/99
dez/98
mar/98
set/96
jun/97
0,0
Fonte: Inepad & BC
3. Concessão total (pessoa física e pessoa jurídica) de crédito
mar/09
ago/08
jan/08
jun/06 dez/06 jun/07
nov/06
abr/06
set/05
fev/05
0 jul/04
180.000.000 160.000.000 140.000.000 120.000.000 100.000.000 80.000.000 60.000.000 40.000.000 20.000.000
dez/03
ja n/ ju 00 vl ja /00 n/ ju 01 vl ja /01 n/ ju 02 vl ja /02 n/ ju 03 vl ja /03 n/ ju 04 v ja l/04 n/ ju 05 vl / ja 05 n/ ju 06 vl ja /06 n/ ju 07 vl ja /07 n/ ju 08 v ja l/08 n/ ju 09 vl /0 9
0
30,0
mai/03
10
40,0
out/02
20
% 50,0
mar/02
30
2. Taxa de juros – Selic
ago/01
40
Em relação à pessoa jurídica, observamos expansão no total concedido, de janeiro de 2009 para setembro de 2009, de aproximadamente 16%. Analisando-se as modalidades individualmente, observamos para empréstimos de capital de giro,
jan/01
50
Segundo o gráfico 2, de janeiro de 2009 para setembro de 2009, verificamos uma queda de aproximadamente 35% na taxa Selic. Essa queda foi um dos fatores a estimular a economia durante a crise, gerando a retomada do crédito e o aquecimento econômico. Mas mesmo com essa queda ocorrida em 2009, o Brasil ainda sustenta altas taxas de juros, se comparado com outras economias do mundo. Segundo dados da Consultoria Econômica Up Trend, ainda em 2009 o Brasil coloca-se no ranking mundial como o quarto país do mundo com a maior taxa de juros real, ficando atrás de China, Tailândia e Argentina. No Brasil, descontada a inflação, a taxa real de juros é de aproximadamente 4,5%. Assim, a adequação do mercado de crédito do Brasil diante de padrões internacionais ocorrerá com a redução das taxas de juros a cerca de um terço do que são hoje. Em relação ao volume de concessão de crédito no País, de janeiro de 2000 para setembro de 2009, é possível verificar uma expansão do crédito total (pessoas física e pessoa jurídica) de aproximadamente 196%, como mostra o gráfico 3. De janeiro de 2009 para setembro de 2009, observamos uma evolução de aproximadamente 15% no volume total de crédito ofertado, ou seja, o crédito no País está carregando uma tendência de crescimento já a algum tempo, de maneira a promover maior crescimento econômico. Ainda em relação à expansão de crédito, podemos destacar a expansão do crédito imobiliário para pessoa física, que a partir de 2006 cresceu aproximadamente 251%. Em relação às outras modalidades de crédito para pessoas físicas, podemos observar no gráfico 4 que todas elas acompanham uma tendência de expansão em nossa economia.
jun/00
1. Operações de crédito do sistema financeiro/PIB – %
brasileiro aumentaram 83,53%, ou seja, em janeiro de 2000, as operações totais de crédito do país representavam 24,9% do PIB. Já em setembro de 2009, essas operações correspondem a 45,7% do PIB brasileiro. Mesmo com esse aumento de participação, ainda podemos destacar que, em sua totalidade, as operações de crédito no Brasil ainda estão abaixo de outras economias maiores que a nossa. Nos EUA, o índice de operações de crédito sobre PIB, por exemplo, é de aproximadamente 249%. Em países como Chile, África do Sul e Holanda, essas operações correspondem à aproximadamente 63%, 141% e 166%, respectivamente. Analisando esses dados, é possível concluir que, mesmo com crescimento e desenvolvimento do mercado financeiro brasileiro, verificados principalmente a partir de janeiro de 2004, como demonstra o gráfico 1, o mercado de crédito brasileiro ainda tem muito a crescer, se comparado a outras economias mundiais. Se observado os padrões internacionais, o volume operado em nosso mercado de crédito poderá crescer ainda mais de 200%, ou seja, triplicar de tamanho. Outro fator que deve receber muita atenção para que possamos analisar devidamente o mercado financeiro brasileiro, é uma análise minuciosa de nossas taxas de juros. O ano de 2009, como citado anteriormente, iniciou-se em meio à crise, que impulsionou uma queda em nossa taxa básica de juros, a Selic. Pela primeira vez em nossa história, foi possível verificar uma taxa básica de juros de um dígito. O gráfico 2 apresenta essa evolução.
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O ano de 2009, como é de conhecimento de todos, começou em meio a uma crise financeira de grande magnitude, e consequentemente, colocou à prova todo o sistema financeiro Por Prof. Dr. Alberto Borges Matias global, testando a capacidade de recuperação dos mercados financeiros. Passada a fase mais aguda da crise, e focando nos efeitos que gerou sobre o Brasil, é preciso avaliar em que condições está o mercado financeiro brasileiro, pois é esse em grande parte responsável pelo desenvolvimento econômico e pelo direcionamento dos recursos de nossa economia, com o propósito de gerar crescimento econômico do modo mais dinâmico possível. Pode-se observar no gráfico 1 que de janeiro de 2000 para setembro de 2009, as operações de crédito total do sistema financeiro
Fonte: Inepad & BC
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artigoanáliseeconômica
de janeiro de 2009 para setembro de 2009, uma expansão de aproximadamente 62%. Ainda nesse mesmo período, observamos quedas nas modalidades de hot money e desconto de promissória, de respectivamente, 29% e 16%.
4. Concessão de crédito – pessoa física (millhares)
jun/08 dez/08 jun/09
jun/07 dez/07
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25.000.000 22.500.000 20.000.000 17.500.000 15.000.000 12.500.000 10.000.000 5.500.000 5.000.000 2.500.000
Cheq. Especial
Credito Pessoal
Financiamento Imobiliário
Aquisição Veiculos
Cartão de Crédito Fonte: Inepad & BC
Concessão de crédito – pessoa jurídica (millhares)
jun/00 dez/00 jun/01 dez/01 jun/02 dez/02 jun/03 dez/03 jun/04 dez/04 jun/05 dez/05 jun/06 dez/06 jun/07 dez/07 jun/08 dez/08 jun/09
35.000.000 30.000.000 25.000.000 20.000.000 15.000.000 10.000.000 5.000.000 0
Hot Money
Desconto Duplicatas
Desconto Notas Promissórias
Capital de Giro
Conta Garantida
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Fonte: Inepad & BC
Analisando a taxa de inadimplência para pessoa física para as modalidades de aquisição de bens, cheque especial e aquisição de veículos, notamos queda de 40% e 6,42%, para a duas primeiras modalidades, e aumento de 10,73% para a modalidade de aquisição de veículos. Sobre os dados de insolvência, pode-se observar queda de 14% para aquisição de bens, e para cheque especial e aquisição de veículos, aumentos de 19,81% e 16,50%, respectivamente. Os dados de inadimplência para pessoa jurídica indicam, de janeiro para setembro de 2009, queda de 74,83% para hot money, aumento de 8,97% para capital de giro e queda de 12,95% para conta garantida. Para os dados de insolvência, nota-se aumento para todas as modalidades analisadas. Em 2009, os créditos insolventes para hot money, capital de giro e conta garantida aumentaram em 180%, 144% e 40,74%, respectivamente. O sistema financeiro brasileiro apresenta-se em desenvolvimento. Nos próximos anos, essa tendência de expansão do mercado financeiro deve continuar, mas é importante que esse crescimento seja realizado de maneira sólida e estruturada, para que isso não gere conseqüências negativas em nossa economia, como já ocorreu em outras economias mundiais. f Prof. Dr. Alberto Borges Matias Professor Titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto, e diretor do Inepad Lucas Saura , aluno da FEA–USP de Ribeirão Preto e analista financeiro do Inepad Matheus J. N. A. Costa Figo, aluno da FEA–USP de Ribeirão Preto e analista financeiro do Inepad
mercadocrédito
Firme
e forte Mercado de crédito no Brasil dá a volta por cima e retoma as rédeas do crescimento no período pós-crise. Gerenciar o risco é condição fundamental para manter o sucesso
Segundo o poeta francês Jean de La Fontaine “para salvar o crédito é preciso ocultar a perda”. No caso do Brasil pós-crise, os prejuízos estão ficando cada vez mais no passado e o mercado de crédito começa a recuperar sua saúde financeira. Depois da tempestade, a bonança da concessão de crédito mostra que resistiu firme aos efeitos das instabilidades econômicas vividas no último ano, e volta com força. Ou seja, o País passou por mais essa fase difícil com os pés no chão. “Passamos por uma prova de fogo nos últimos 12 meses, superamos a crise rapidamente e mostramos que estamos sólidos”, disse Adalberto Savioli durante o 27º Congresso Acrefi: “A importância do crédito para o desenvolvimento do Brasil”, realizado em Campos do Jordão (SP). 34 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
Se fosse há algumas décadas, talvez o cenário se identificasse ao pensamento de La Fontaine. Mas o que fez o Brasil não sucumbir aos fortes ventos da crise econômica vivida pelo País desde a quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008? Na opinião do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o País conduziu o barco com base em fundamentos sólidos. Ajudaram a minimizar os efeitos da crise no País a economia mais previsível, superávit primário, inflação estável na casa dos 4%, menor dependência cambial, dívida pública em queda e taxa de juros abaixo dos dois dígitos (hoje em 8,75%). E o crédito esteve no centro das atenções durante todo esse período. “A crise é de crédito, a raiz foi o crédito e a solução passa pelo crédito”, enfatiza o representante do BC.
Fotos: Sonia Tamer
Por Júlia Zillig
A entrada do País nos imbróglios da crise – em um primeiro momento especialistas diziam que o Brasil seria pouco afetado pelos efeitos das incertezas econômicas mundiais pelo fato de estar “descolado” do cenário negativo – acabou se tornando realidade por conta, principalmente, do endividamento das empresas no exterior. “Elas estavam expostas no mercado futuro, com dívidas lá fora. E, de repente, as linhas de crédito deixaram de existir, pois a capacidade de captura de capital por parte dos bancos diminuiu”, diz Meirelles. Consumidor
Apesar de o crédito começar aos poucos a recuperar as rédeas do crescimento – segundo Henrique
Meirelles, estamos próximos dos períodos de précrise – o mercado ainda tem um forte potencial de expansão. A relação do crédito com o PIB brasileiro ainda é baixa, não chega a 50%. Em países, como a Espanha, por exemplo, essa relação é de 80%. O volume total no Brasil beira R$ 1,4 trilhão, com uma forte expansão do crédito para pessoa física – hoje soma quase R$ 450 bilhões –, cujo segmento é o que mais cresce, mesmo em períodos de turbulência econômica. O setor de veículos foi um dos responsáveis por essa alta. Deve bater um novo recorde de produção em 2009. “Uma operação de financiamento de automóvel não demora mais do que 30 minutos para ser concluída”, destaca Adalberto Savioli. Para se dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 35
mercadocrédito
a qualidade do crédito piorado por conta dos efeitos da crise. Quem quer casa?
Henrique Meirelles, presidente do BC, e Adalberto Savioli, presidente da Acrefi Crédito volta a crescer no Brasil
ter uma idéia, há oito carros por habitante no Brasil, enquanto que em países, como Estados Unidos, a relação praticamente é de um para um. “Ainda há muita oportunidade para expandir esse mercado”. O crédito pessoal também ajudou a impulsionar esse crescimento. Do total de R$ 350 bilhões, R$ 100 bilhões foram para o segmento de linhas consignadas. “Existe uma forte tendência em busca de um crédito de maior qualidade e com mais garantia”, afirma
O volume total de crédito no Brasil beira R$ 1,4 trilhão, com forte expansão de linhas para pessoa física Savioli. Para Francisco Valim, presidente da Serasa Experian, não há crise no mercado de pessoa física. “A concessão de crédito beneficiou principalmente os consumidores de baixa renda”. Quando o assunto é pessoa jurídica, o cenário não é tão favorável em termos de crescimento, apesar do baixo índice de inadimplência, na casa dos 4%. Segundo levantamento do Serasa, aos poucos o crédito para pequenas, médias e grandes empresas retoma a expansão, porém 66% dos setores econômicos tiveram
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Um dos segmentos que ainda não despertou seu apetite voraz para o crédito é o setor imobiliário. Diferentemente de mercados como o dos Estados Unidos, que tem 86,3% do PIB concedido em crédito imobiliário, o Brasil ainda registra uma das taxas mais baixas, 2%. Movimentou quase R$ 4 bilhões até agosto deste ano e é considerado pelos especialistas como o mercado promissor para 2011. No entanto, ainda esbarra em alguns percalços, como o excesso de burocracia para aprovação e prazos longos. “Esse é o único país cujo crédito de veículos e de imóveis tem a mesma relação com o PIB”, diz Valim. Distribuição
O cartão de crédito se tornou um importante ator no cenário do crédito brasileiro. 22% das transações de compra e venda passa por algum tipo de cartão. Segundo Rogério Bonfiglioli, vice-presidente de B2B Marketing para a Mastercard na América Latina e Caribe, de 2000 a 2008 houve um aumento de 382% no número de transações feitas com cartões. “É um mercado que possui um grande potencial de melhoria. A própria evolução da indústria influencia nessa expansão.” A evolução das linhas oferecida pelos cartões de crédito também foi notória, com um crescimento de quase 45% ao ano. Um dos maiores benefícios dessa ampliação é a maior bancarização das famílias. “Famílias e empresas passam a usar o cartão para fazer suas compras e pagar sem ter burocracia”, diz Rogério. Para a Mastercard, a classe C é o maior desafio da empresa na atualidade. Em um universo de cinco
milhões de transações, mais de 50% são pagas com parcelamento sem juros. A participação do cartão de crédito no montante de consumo privado dos brasileiros é de R$ 1,7 trilhão. Cheque e dinheiro ainda detêm a maior fatia, com 66%. Por conta disso, o cartão de débito ainda tem muito a evoluir – representa apenas 9%. “A grande maioria das pessoas que tem cartão de débito prefere sacar o dinheiro ao invés de pagar a compra com o cartão”, declara o executivo da Mastercard. Para Bonfiglioli, entender o consumidor será uma importante ferramenta alavancadora do portfólio de produtos de crédito. E as instituições financeiras precisam manter diálogo com ele. “O consumidor nunca foi tão crítico com as compras. Hoje ele pesquisa, compara preço, sabe o que está comprando e o valor agregado disso.” Com a significativa expansão do crédito, por meio do cartão, para as classes C e D a educação financeira pede prioridade, por conta do alto índice de inadimplência, em torno de 27%. “O cartão de crédito não cria dinheiro. E o consumidor precisa entender isso para consumir de forma consciente”, diz Rogério, reforçando a importância de ações, como o programa “Consumo consciente”, realizado pela Mastercard, com o intuito de promover a melhoria da gestão financeira e dos hábitos de consumo responsáveis.
zero que somos bons pagadores”, diz Francisco Valim, da Serasa Experian. Segundo dados do Banco Mundial, de cada cem mil pedidos de crédito, 11% são negados pela falta de informações mais detalhadas. “Existe uma grande assimetria entre o concessor e o tomador de crédito”, enfatiza o executivo da Serasa Experian. “No Brasil não se conhece a capacidade real e disponibilidade de pagamento do pagador”. O Cadastro Positivo, defendido por vários setores, cai como uma luva no mercado de crédito brasileiro. Pode reduzir os índices de inadimplência em até 45%, incluir 19% de pessoas não atendidas no sistema financeiro – estamos falando de uma população de mais de 26 milhões de pessoas –, 62% dos brasileiros obteriam benefícios de taxas de juros mais atrativas, a economia brasileira receberia recursos na ordem de R$ 1 trilhão e a relação entre crédito e PIB pode chegar a mais de 80%. “É difícil tomar decisões de concessão de crédito com as anotações que temos”, enfatiza Valim.
Henrique Meirelles, do BC, Roberto Macedo, da ACSP Brasil passou pela crise em bases sólidas
Raio X
Um dos maiores problemas enfrentados pelo mercado de crédito é a falta de informações precisas sobre o consumidor. Isso faz com que os bancos emprestem sempre para os mesmos clientes. “Não existe histórico de crédito no País. A única pessoa que sabe essas informações é o próprio consumidor. Quando precisamos de algum capital temos que provar do
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mercadocrédito
Perspectiva da Indonésia Aplicado nos Estados Unidos em uma época em que apenas 40% dos americanos tinham acesso ao crédito, hoje mais de 80% obtêm capital emprestado e o país conta com 2,29% de índice de inadimplência. Na Alemanha, o crédito hoje chega a ser três vezes maior do que o montante de várias potências internacionais. De olho no risco
Com o crescimento já anunciado para os próximos anos, o mercado de crédito no Brasil tem um grande desafio pela frente. Além de continuar se expandindo, tem de ficar atento à questão do gerenciamento de risco. “O sucesso nos traz outros desafios, como fazer um eficiente gerenciamento de risco para não repetirmos os erros de outros países que descuidaram disso”, diz o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Jean Dermine, professor do Insead, destaca que o risco tem de ser uma preocupação do Banco Central. “É ele quem deve estabelecer um padrão de liquidez para as instituições financeiras, obrigar os bancos a terem títulos líquidos e precificar levando em conta o custo e a liquidez”. Para o especialista, a falta de avaliação de risco faz os bancos emprestarem demais, algo que comprometeu a economia americana. No Brasil, isso ainda não aconteceu, mas não quer dizer que o país não deve prestar atenção no assunto. “O Brasil tem um ótimo potencial de crescimento em termos de crédito, mas deve tomar cuidado para não se arriscar demais e colocar tudo a perder.” Separar os riscos das incertezas é outra atitude correta para administrar o crédito. “Toda vez que o banco começa a sair de sua carteira habitual confunde riscos com incertezas. E em uma situação dessas é necessário fazer ajustes nos custos de fundos”. Dermine cita como
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exemplo o banco suíço UBS, que, em Nova York, usou os recursos do fundo triple A da empresa para financiar o setor de subprime nos Estados Unidos. William Handorf, professor de finanças da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, diz que o grande problema do subprime no país foi o acesso ao crédito de altíssimo risco. Será que as coisas vão melhorar na terra do tio Sam? Na visão do especialista, a resposta é não. “Um em cada oito habitantes estão atrasados com suas prestações ou tendo seus imóveis enterrados? Somente 25% estão conseguindo honrar com seus compromissos por conta da possibilidade de conseguir emprego”. Handorf elege a teoria dos 5C’s para identificar os erros clássicos cometidos pelo mercado de crédito: Caráter, Capacidade, Capital, Colateral e Condição. “O banco avaliou o caráter do cliente, sua capacidade de pagamento, o valor que estará em jogo na transação, a saúde do mercado e as condições da instituição de emprestar esse valor?” Em relação ao Brasil, o professor elogia o desempenho do País, mas destaca que é necessário ter liquidez para aguentar um choque. “Você nunca sabe quando isso vai acontecer”, diz. f
William Handorf da Universidade George Washington Crédito de alto risco prejudicou os Estados Unidos
Após a crise do fim dos anos 90, entre os países emergentes observam-se vários casos de recuperação do nível de atividade econômica, crescimento nas taxas de emprego e, consePor Henrique Frayha quentemente, melhora nas expectativas de empresários e consumidores. Nesse contexto, países com aspectos culturais tão distintos como o Brasil e a Indonésia tiveram a retomada do crescimento de forma mais rápida do que algumas das principais economias globais. A Indonésia é um país em que a economia se apoia na agricultura, na mineração e na indústria, que é o setor que mais cresceu nos últimos anos com a produção de bens de consumo e têxteis para exportações. Em 2009, o Banco Central da Indonésia diminuiu a taxa básica de juros de 8,5% em março de 2010 para o patamar atual de 6,5%; e o PIB cresceu 4% no primeiro semestre, comparado ao mesmo período de 2008. Por esses fatores que reforçam o clima favorável ao crédito, na Indonésia, assim como no Brasil, a consolidação das instituições financeiras vem fazendo parte dos noticiários. No Brasil, em um passado recente, tivemos grandes movimentações por parte dos grandes players. Já na Indonésia, o governo tem trabalhado fortemente para reestruturar o sistema bancário que, em 1997, tinha 222 bancos e que, em 2008, conta com 122 bancos, sendo os dez maiores com cerca de 50% dos ativos do mercado. Em termos de “apetite ao consumo”, os dois países apresentam um grande espaço para expansão das diversas modalidades de produtos de crédito. No Brasil, pode-se destacar o crédito imobiliário que apresenta demanda crescente, mas ainda carece de melhorias nos processos operacionais.
Na Indonésia, o mercado de empréstimo pessoal tem se mostrado pouco explorado e com inúmeras possibilidades de expansão, considerando o aumento de renda de parte da população, ainda que a desigualdade social esteja aumentando ao longo dos anos. Outros produtos, como financiamento de automóveis e financiamento educacional, têm sido uma grande aposta das instituições financeiras. Os cartões de crédito também ganharam espaço nesses mercados, muito pela inclusão de novos segmentos emergentes de consumo, além da migração contínua de outros meios de pagamento (como o cheque no Brasil). Nos dois mercados, a oferta do produto baseia-se também nos incentivos dos programas de recompensa e na isenção de anuidades para incentivar a sua utilização. Assim como no Brasil, na Indonésia temos um grande número de trabalhadores fazendo parte da economia informal, por isso tem sido necessário um forte trabalho de controle sobre a inadimplência, que, apesar de apresentar sinais de melhora globalmente, ainda segue em níveis elevados. A crise mundial decorrente do segmento de alto risco do mercado imobiliário americano nos deixou várias lições importantes, principalmente a de que um crescimento sustentado do crédito passa, necessariamente, por uma concessão de qualidade. Em médio prazo, a tendência é de que a Indonésia, aproveitando o seu mercado em expansão, ainda tenha que ratificar sua importância e buscar a liderança no bloco de países do Sudeste Asiático. f Henrique Frayha diretor-executivo de varejo do HSBC Brasil dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 39
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Natal do crédito
Após um longo período de instabilidades econômicas, o varejo retoma as esperanças e promete um final de ano com resultado de vendas tão significativas como em 2007 e 2008
Por Denise Sandanelli
Exatamente um ano atrás o mundo vivia o pânico da pior crise econômica em oito décadas. Naquele setembro de 2008, seria chamado de louco quem dissesse que 12 meses depois tanto empresários quanto trabalhadores estariam felizes e animados com o Natal. Nem mesmo a mais otimista das previsões colocaria este final de ano no pós-crise, com uma recuperação notável do ímpeto consumidor. Foi justamente o mercado interno que sustentou o Brasil durante o primeiro semestre deste ano e reacendeu a atividade a partir de maio e junho. Essa força que se espera ver no Natal também dará o tom do início de 2010, ano em que a recuperação deve se consolidar, acabando, definitivamente, com a saga do vôo de galinha da economia do País. “As comportas fechadas no ano passado estão se abrindo”, resume Luiz Fernando Biasetto, sócio-sênior da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza. A nova classe média brasileira, incorporada recentemente à população que efetivamente tem condições de consumir, até perdeu um pouco do poder de fogo porque foi a mais atingida
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pelo desemprego. Entretanto, o fato de a inflação ter se mantido comportada preservou a sua renda, permitindo que essa parcela dos brasileiros voltasse a ganhar qualidade de vida por meio da aquisição de bens para sua casa. Após um pequeno intervalo em que parou, apertou os cintos e observou, retomou as compras. Os especialistas no ramo projetam uma alta de vendas de aproximadamente 10%. “Hoje a realidade é mais promissora do que no ano passado. Este será o melhor Natal da história do Walmart no País”, empolga-se Marcelo Vienna, vice-presidente comercial do grupo no Brasil. De acordo com os estudiosos, esse movimento também é favorecido pelo chamado “consumo conspícuo”: depois que o trabalhador se acostuma a um certo patamar de conforto ele provavelmente vai resistir muito a abandonálos. E esse conforto é aquele proporcionado pelas facilidades domésticas e por outros produtos que passa a comprar, o que inclui os não-duráveis, como cosméticos e alimentos semiprontos e congelados. Se o orçamento da família diminui, seus membros são mais insistentes em buscar outras formas de renda para que seu padrão de vida não caia.
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Adelino Colombo, das Lojas Colombo Rede aposta no incremento das vendas de produtos da linha branca por conta da redução do IPI
A fim de aproveitar esse bom momento, o varejo Esses itens estão desviando um pouco o foco de presentes monta um arsenal com todas as armas que tem à dispo- tradicionais, como os eletrodomésticos da linha branca: sição. O objetivo é recuperar, nos últimos dois meses do geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupa, microondas. ano, o tempo perdido com a crise, e assim tentar fechar Por preverem essa preferência, os varejistas aumentaram 2009 com uma elevação do faturamento em relação ao seus pedidos aos fabricantes. No Walmart, a linha de vídeo e informática teve um aumento de encomendas entre 20 total de 2008. Neste Natal, várias categorias de produtos disputarão e 25%, enquanto na de eletrodomésticos a alta ficou entre 10 e 15%. a atenção (e o bolso) do consumidor. As Lojas Colombo, um tanto Coqueluches inquestionáveis “As mais cautelosas, aumentaram as suas são os produtos de informática e elecomportas encomendas em 10% neste ano de troeletrônicos, como computadores, notebooks, aparelhos de telefone fechadas no forma geral. Esses pedidos, além de à demanda de Natal, visam a celular, tocadores de MP3 portáteis. ano passado atender suprir as lojas durante o mês de janeiro, “A convergência tecnológica é muito estão se período em que muitos fornecedores fascinante”, comenta Alvaro Musa, presidente da Partner Consultoria. abrindo”, diz dão férias coletivas aos funcionários. O status almejado pela classe C Nesse segmento, destacam-se os Luiz Fernando explica um pouco essa “disputa”: ter televisores de LCD e os aparelhos Biasetto, da um iPod faz mais vista do que um de DVD de Blu Ray. Os preços de GS&MD refrigerador duplex. notebooks estão até 30% menores .
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Para segurar as vendas, então, de tais produtos, a extensão da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), concedida até o final de dezembro, é tida como essencial pelos especialistas e pelos empresários. “A política do governo ajudou demais o varejo e a indústria nos últimos meses e vai continuar contribuindo para impulsionar a saída desses produtos no Natal”, destaca Paulo Ancona Lopez, diz diretor da consultoria da Vecchi & Ancona. Luiza Helena Trajano, superintendente do Magazine Luiza e presidente do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), tem defendido inclusive que o benefício seja prolongado pelo menos até janeiro, para que o setor, que deve contratar no final do ano entre 15 e 30% da sua força de trabalho em empregados temporários, enfrente com mais suavidade o começo de 2010, época em que o faturamento sempre cai. Se isso acontecesse, os típicos saldões seriam turbinados. “Isso é bom para toda a economia, porque os setores estão interligados”, diz Lopes. Geraldo Carlos Silvestre, diretor da consultoria RSM Boucinhas, Campos & Conti e especialista em varejo, discorda. “Não acredito que o apelo da diminuição dos impostos seja assim tão forte quanto no caso dos automóveis. Como os eletrodomésticos têm valor menor, esse corte fica diluído nos parcelamentos. O consumidor perde um pouco da noção, ele não sabe bem quanto está economizando”, argumenta. Dessa forma, algumas redes varejistas decidiram fazer promoções para reforçar o benefício. O Extra, que faz parte do Grupo Pão de Açúcar, deu um bônus de 5% para compras em toda a loja feitas até 2 de novembro assim que saiu a decisão do governo de estender a redução. Essa medida da empresa representa a tentativa de se diferenciar da concorrência e de atrair a atenção do consumidor antes que as lojas sejam decoradas com motivos natalinos. O grupo anunciou a contratação de quatro mil temporários para reforçar o atendimento no final de ano. Como a competição é grande, os esforços de marketing também foram aumentados. O Extra apelou para a paixão do brasileiro pelo futebol, sorteando viagens para o cliente
acompanhar treinos da seleção brasileira e camisetas oficiais do time. A intenção é animar a torcida para a Copa da África do Sul em 2010. “Nosso foco é a família, e a torcida une gerações. Nada mais oportuno do que aliar esses valores”, diz Sylvia Leão, diretora-executiva do Grupo Pão de Açúcar. O site da loja entrou na dança atendendo uma demanda antiga e persistente do consumidor: passou a oferecer um serviço de agendamento das entregas. Nas Lojas Colombo, a idéia é “trabalhar a parte emocional e promocional de forma equilibrada”. “Afinal, entendemos que o Natal é uma data que, além de trazer muitas oportunidades, precisa ser valorizada pela parte lúdica”, explica Thiago Baisch, diretor de marketing da rede. Trata-se de fisgar o consumidor pelo coração e não apenas pela razão. Outro estímulo que o governo deu ainda que sem querer foi liberar o último lote da restituição do imposto Luiza Trajano, do Magazine Luiza e presidente do IDV IPI prolongado para garantir um bom começo para 2010
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Sylvia Leão, do Grupo Pão de Açúcar Sorteios de viagens para o clientes acompanhar o treino da seleção brasileira incentivam as vendas
de renda retido em 2008, o maior de todos, em novembro. Esse dinheiro pode ser direcionado pelo contribuinte para a quitação de dívidas e para novas compras. O real bastante valorizado em relação ao dólar e a outras moedas favorece a importação de produtos. Antigamente, quando se falava em “Natal dos importados”, se tinha em mente aparelhinhos menores e brinquedos. Agora, têm vez itens maiores, como computadores e até eletrodomésticos. Nas gôndolas dos supermercados, alguns alimentos conquistam mais espaço, como queijos, chocolates e frutas frescas e secas e bebidas como vinhos e espumante, principalmente. “As importações cresceram em média 30%”, afirma Silvestre. “Isso se explica pelo fato de que tais produtos oferecem uma boa margem de lucro e por eles pode-se cobrar qualquer preço, já que praticamente não existe referência, comparação de valores. Os itens variam muito entre um estabelecimento e outro.” “Para este Natal, os carros-chefe de vendas nas Lojas Colombo serão os produtos da linha branca, pela redução do IPI; produtos de refrigeração, como aparelhos de arcondicionado e ventilação, pela sazonalidade; e presentes da linha residencial”, destaca Adelino Colombo, presidente da empresa. “A linha de informática e de produtos de alta tecnologia deve motivar forte consumo, sendo esperado um crescimento de 8% nas vendas neste Natal, comparativamente ao mesmo período do ano passado. Também está projetado aumento nas vendas de TVs LCD de em torno de 5 a 10%.” Preço e crédito
De maneira geral, as estratégias do varejo estarão se concentrando em dois pontos: preço e crédito. Quem oferecer as melhores condições vai levar, até porque as lojas estão muito parecidas ultimamente.
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“Não será por falta de crédito que todas as perspectivas positivas para o Natal deixarão de se realizar”, diz Álvaro Musa. Ainda não foi totalmente normalizada a oferta de recursos para as empresas do ramo de varejo e suas financeiras, mas elas garantem que não faltarão linhas e condições favoráveis para que os consumidores realizem os seus sonhos. Os financiamentos estarão mais longos. Se em tempos comuns os parcelamentos de compras nas lojas de eletroeletrônicos chegam a 12 meses sem juros ou a até 18 meses com juros, no final do ano os prazos devem ser estendidos para 18 meses sem juros e 24 meses com juros
tanto no cartão de crédito regular como no dos fornecidos redução dos juros cobrados do consumidor é menor; pelas próprias lojas e no carnezinho. Nas vendas feitas pela mas ainda assim o alívio é bastante sentido em operaCrediare, a financeira controlada pelas Lojas Colombo e ções de financiamento. Para as classes C, D e E, essa taxa não tem importância, pelo Bradesco, o prazo máximo já chega a 24 prestações. entretanto. O que mais conta para esses consumidores é Uma das principais táticas dos comerciantes é reativar os cartões de fidelidade e crédito que já se encontram em o tamanho da parcela cobrada, saber se ela cabe no orçapoder dos consumidores, pois uma parte considerável mento familiar. É por esse motivo que as lojas dão muito deles fica esquecida na carteira. “A captação do cliente tem destaque, nas suas propagandas, ao número de parcelas um custo muito alto, porque o processo envolve desde a em que o pagamento por determinado bem é dividido, atração desse consumidor até a checagem de informa- ainda mais do que ao preço em si. As faixas A e B, sim, têm preocupação com os juros ções. Então, é muito vantajoso retomar os relacionamentos que estavam esquecidos. Temos visto os empresários que estão pagando. Esse público também é mais inforvoltando aos seus cadastros, dando brindes”, diz Biasetto, mado, portanto uma parte dele sabe que, em 2010, a Selic deve voltar a subir devido ao reaquecimento da atividade. da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza. Para isso, o melhor caminho são as promoções espe- Aí está um motivo para que tais consumidores antecipem ciais. A rede francesa Fnac, por exemplo, deu início a uma as eventuais compras parceladas que pretendem fazer. campanha para estimular os seus clientes que já possuíam o cartão Club Fnac a usáA redução das taxas de juros lo com mais freqüência e para atrair novos associados. Para isso, resolveu espalhar pelas ao longo do ano deve ajudar a lojas os descontos que dá a quem apresenta encorajar aquela parcela de clientes o cartãozinho, que custa R$ 30 e tem função que presta atenção nessa variável dupla: fidelidade e crédito. Antes, os descontos ficavam restritos a uma determinada área A inadimplência, que cresceu em 2009 em boa mepor período, mas agora podem ser conferidos em vários setores. E as ofertas são atraentes: no caso de um compu- dida por causa do aumento do desemprego, tornou a recuar, porém ainda não voltou aos níveis mais baixos tador, o desconto pode chegar a 7%. O Hipercard do Walmart aumentou em 30% a oferta verificados no ano passado. Conforme o Natal vai se aproximando e os trabalhade crédito para os seus portadores e dando-lhes descontos inclusive por meio do pagamento de uma parcela das dores colocam as mãos no 13º. salário, a sua preocupação compras. Espera-se, dessa maneira, que o emprego do fundamental é limpar o nome para poder participar das cartão aumente 20% no último trimestre do ano. Faci- compras do final do ano, o que contribui para a redução litando a adesão, o Hipercard não cobra anuidade nem dos níveis de calotes. Do seu lado, as empresas e os bancos tendem a mantaxa de emissão do boleto. A renda mínima exigida para ter um controle firme sobre as concessões de crédito para obtê-lo é de R$ 260. A redução das taxas de juros ao longo do ano tam- minimizar os riscos de inadimplência no ano que vem, bém deve ajudar a encorajar aquela parcela dos clientes que, apesar de todo o otimismo, ainda está cercado de que presta mais atenção nessa variável. Desde dezem- incertezas porque não se sabe bem como será o comporbro de 2008, a Selic caiu cinco pontos porcentuais, tamento da economia global. Tanto os Estados Unidos de 13,75% ao ano para 8,75% ao ano. A velocidade da como a Europa ainda se mostram enfraquecidos.
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artigovarejoestratégico
E 2010 ? A confiança dos empresários é uma variável de fundamental importância para entender o passo da economia e prever seus movimentos futuros. Se eles estão desanimados, suspendem as contratações de funcionários, diminuem os seus pedidos à indústria ao mínimo indispensável. Tendo essa informação em mente, fica mais fácil entender o porquê de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter usado a expressão “marolinha” para se referir ao tamanho da crise que o Brasil enfrentaria em decorrência das turbulências que atingiram os Estados Unidos e a Europa.
Passados quase 12 meses, o setor privado brasileiro parece ter recobrado uma boa parte do otimismo que exibia antes do quarto trimestre de 2008, quando o País experimentava a maior onda de crescimento da sua história. Esse sentimento positivo, que acaba contaminando o segmento manufatureiro e o consumidor também, é um dos aspectos que permite aos especialistas traçar para 2010 um cenário bastante favorável. E tal perspectiva é reforçada diariamente por membros de todas as esferas do governo. f
CONFIANÇA DOS EMPRESÁRIOS Em relação ao ano passado, como serão as suas encomendas à indústria para o Natal deste ano? até 10% maiores 22% entre 11% e 19% maiores 7% mais do que 20% maiores 4% iguais 44% até 10% menores 14% entre 11% e 19% menores 6% mais do que 20% menores 4%
O resultado do levantamento mostra que os donos de negócios no setor varejista se encontram otimistas, porém mantêm a cautela. Para qual público estão sendo direcionadas as suas vendas? classe classe classe classe classe
A 1% B 43% C 67% D 17% E 7%
A sua empresa pretende contratar funcionários temporários neste Natal? sim 42% não 57% não sabe 1%
Em média, em quantas parcelas os consumidores devem dividir as suas compras de final de ano? 3 4 6 8
vezes sem juros 64% ou 5 vezes sem juros 24% ou 7 vezes sem juros 9% ou mais vezes 4%
Quanto pretende investir no seu negócio em 2010? até 10% mais do que em 2009 75% de 11% a 20% mais do que em 2009 15% mais de 20% a mais do que em 2009 7% até 20% menos do que em 2009 2% mais do que 20% a menos do que em 2009 1%
Fonte: Pesquisa Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) 46 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
Retomada gera otimismo para o crédito em 2010 Com a retomada do crescimento econômico, as perspectivas para o crédito a pessoas físicas melhoram e os bancos se preparam para ampliar suas carteiras. Após perderem espaço para os bancos públicos durante a crise, os bancos priPor Carlos Thadeu de Freitas Gomes vados devem tomar e Marianne Lorena Hanson uma posição mais agressiva na concessão de empréstimos. Dois fatores justificam esse otimismo. O primeiro consiste na resistência do mercado de trabalho. Mesmo nos piores momentos da crise, a massa de rendimentos do trabalhador seguiu apresentando ganhos reais. Agora, com o nível de desemprego compatível com o de antes da crise, espera-se uma continuidade nas melhorias nos níveis de emprego e renda. Desse modo, o ciclo econômico deverá continuar sendo liderado pela dinâmica da demanda interna, mantendo a taxa de inadimplência sob controle e proporcionar liquidez abundante para oferta de crédito. Assim como os incentivos creditícios dos bancos públicos foram importantes para manter os atuais níveis de consumo, os incentivos fiscais também exerceram papel fundamental. A recuperação rápida do comércio varejista pode ser atribuída, em grande parte, a essas políticas. Os resultados da Pesquisa Mensal do Varejo, do IBGE mostram que os setores de bens não-duráveis têm apresentado resultados superiores aos setores ligados ao crédito e aos incentivos fiscais, refletindo o aumento consistente da renda. A valorização do real também ajuda alguns setores do varejo, via reduções de preços, tais como o de eletrodomésticos e equipamentos de informática. O outro fator é a taxa Selic de um dígito. Além da taxa básica de juros nominal de curto prazo, as
taxas reais de mercado também se situam nos níveis históricos mais baixos. Um cenário de crescimento da demanda combinado à estabilidade de preços e liquidez de sobra possibilitam o aumento de crédito com alongamento dos prazos. No entanto esse fator não valerá por muito tempo. Com o crescimento da economia e a ocupação rápida da capacidade instalada, o cenário mais provável é de elevações da taxa Selic já em 2010. Essa expectativa de elevação da taxa básica já se reflete no mercado futuro de juros. A inclinação positiva da estrutura a termo da taxa de juros leva a aumentos nas taxas ativas dos bancos. Desse modo, o alongamento dos prazos do crédito ao consumidor deverá continuar a ser um dos seus principais alavancadores em 2010, já que a tendência de queda das taxas de juros será interrompida. As incertezas a respeito da estratégia do Banco Central na fixação da taxa de juros deverão manter os prêmios elevados, podendo expressar uma inclinação excessiva. As dúvidas em relação à política monetária só serão dissipadas ao longo do próximo ano, quando estiver definido o ambiente inflacionário de 2011. Quanto maior a confiabilidade do Banco Central em ancorar as expectativas inflacionárias maior será a capacidade de alongamento do crédito, beneficiando principalmente a cadeia varejista dos bens de consumo duráveis. f Carlos Thadeu de Freitas Gomes, Economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Marianne Lorena Hanson, Assessora Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 47
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Mensalidade escolar, seguro do carro, condomínio e fatura do cartão de crédito já podem ser quitados com um clique. É o Débito Direto Autorizado (DDA). Em três anos, a Febraban espera que 50% dos clientes bancários adotem o serviço
A vigília começou na sexta-feira, último 16 de outubro, na sede do Citibank Brasil na avenida Paulista. Dez pessoas passaram pelo final de semana empunhando smartphones, carregando notebooks e olhando atentos para desktops. Com esses equipamentos, acompanhavam as adesões a um serviço novo, mas carregado de expectativas. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), até a data de lançamento 1,2 milhão de brasileiros se cadastraram sem conhecer, de fato, o que era o Débito Direto Autorizado (DDA). Max Basile, superintendente de produtos pessoa física do Citibank, atualizava os números repetidamente de seu escritório. Sandra Boteguim, coordenadora do grupo de trabalho da Febraban para o assunto e diretora de produtos empresariais do Itaú Unibanco, fazia o mesmo em sua sala na zona sul de São Paulo. Naquela segunda-feira de 19 de outubro, o sistema do DDA, operado pelo Citi, estava no ar, mas ainda não estava integrado ao da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) e de lá é que viriam as informações dos boletos eletrônicos. O DDA é um passo importante e uma realização para o sistema bancário. Com ele, toda a informação
da cobrança passa a ser eletrônica, desde que o cliente bancário autorize o não-recebimento de boletos físicos por meio de um termo de adesão junto a sua agência. Muitos bancos já oferecem o serviço a partir do site na internet. É o fim do boleto em papel, mas, para isso, cada prestadora de serviços deve também fazer um convênio com os bancos. A CIP, braço tecnológico do projeto, é informada pelo banco de que a pessoa ou empresa é um sacado eletrônico. Assim, no dia seguinte ao aceite, qualquer cobrança do cliente passa a ser virtual. O pagamento é debitado na conta corrente do usuário no momento em que ele bem entender. É uma facilidade maior do que o débito automático adotado hoje, que até agora atingiu 35% de adesão e não permite a livre escolha do momento do pagamento. Por enquanto, contas de consumo, como água, luz, telefone e gás ficam de fora do DDA. As concessionárias públicas entram na segunda fase do projeto e devem atrair um número ainda maior de interessados. Sandra aposta que no segundo semestre do ano que vem essa etapa estará concluída.
Fotos: Douglas Luccena
Por Juliana Jadon
Max Basile, do Citibank 1% dos 1,5 milhão de correntistas aderiu ao novo sistema. Questão cultural do uso do papel ainda é uma barreira
Clique para pagar 48 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
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Adeus papel
Em junho de 2001, a comunidade dos bancos criou a Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) para atender os clientes que queriam receber e enviar suas contas e cobranças eletronicamente. No caso de grandes companhias, esses papéis são manuseados pelos funcionários dos Correios, recebidos em diferentes portarias até chegar de fato ao destino, a área financeira. Isso gera, muitas vezes, extravio. Há um ano e meio, Sandra almoçou com seis colegas executivos de diferentes bancos. Entre uma garfada e outra, discutiram e compararam os modelos de débitos diretos efetuados por outros países. A Argentina, por exemplo, tentou desenvolver, mas, na opinião de Sandra, faltou colaboração dos bancários. A executiva aposta em um modelo burocrático, mas no bom sentido: padronizado e com colaboração das diversas instituições financeiras. Outro modelo para observar e aprender foi o o Automated Clearing House (ACH), forma de pagamento adotada nos Estados Unidos e países da Europa que funciona como um DOC invertido, mas que gera fraudes. Sandra comentou em eliminar os problemas de fora. O débito aqui poderia ser efetuado apenas quando autorizado pelo cliente e não só programado como na Argentina. Assim, as fraudes seriam evitadas. Os outros concordaram. Com a visualização dos boletos na tela, por exemplo, ninguém pagaria uma conta que não lhe pertencesse. Na semana seguinte, o grupo levou a ideia para a Febraban. Com o apoio da comunidade dos bancos, a executiva criou um grupo de trabalho para padronizar o sistema. No início deste ano, faziam cerca de três reuniões
Números 2 bilhões de boletos bancários são processados por ano no Brasil 3 anos é o prazo para 50% dos boletos deixarem de existir 174 mil árvores podem ser poupadas 32 milhões de clientes utilizam o internet banking 8 bilhões de transações foram feitas pelo canal on-line em 2008
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por semana. Mas alguns deixavam de participar e esqueciam do tema. Sandra ligava para os faltantes. O grupo da comunicação passou a ter papel importante. Criaram um portal no qual Sandra e o comitê gestor, liderado por Iézio Ribeiro de Sousa, do Bradesco, recebiam dúvidas, críticas e sugestões de todos os associados à Febraban. O comitê gestor também cuidava de todos os grupos criados especificamente para o DDA – tecnologia, legislativo, comunicação e outros. Em março deste ano, o grupo se isolou em um hotel no Guarujá. A missão era definir todas as métricas e padrões do DDA, definições fundamentais para que todos os grupos caminhassem de verdade. Dessa vez Sandra não foi. Angelo Fernandes, superintendente de produtos do Itaú Unibanco, coordenava no lugar dela. Ao todo eram 22 executivos que representavam algum banco ou associação. As reuniões começavam às 8 horas da manhã, se prolongavam durante o almoço e encerravam quase às 7 horas da noite. Nos pontos em que havia impasse, votavam para evitar problemas. Mesmo assim, quanto mais gente, mais opiniões divergentes. Todo o processo durou três dias. Depois da ida à praia sem entrar no mar, cada executivo deu seu rumo ao projeto dentro de cada banco. Os representantes fizeram um acordo verbal com a premissa de que nenhum ofereceria o pré-cadastro do DDA antes da data combinada, em agosto. Um deles furou o pacto e lançou o “Se cadastre já” em junho. A decisão despertou a competição no setor bancário. No dia seguinte, outros bancos, inclusive os de Sandra e Max, os seguiram. Estava aberta a temporada de caça aos clientes. Contem para todos!
No Itaú Unibanco, o projeto DDA começou há um ano. Um comitê liderado por Alexandre Confort orientava um esforço compartilhado de diversas áreas – tecnologia, produtos, negócios, sistemas, varejo. Um índice de entrega do serviço foi criado, levando a competição também para dentro do banco. A preocupação era ficar pronto dentro do prazo (19 de outubro). O produto era apresentado aos clientes, junto à área de comunicação, às agências e participava de reuniões
Sandra Boteguim, da Febraban Discusão de novas tecnologias para o DDA, como apresentações de fatura e anexos de cobrança
com Sandra. A fusão dos dois bancos era recente e havia plataformas distintas para rodar o DDA. Sandra avaliou as duas, colocando os pontos positivos de cada uma no papel. Achou a do Itaú mais prática e elaborada e a manteve como plataforma das duas instituições. A comunicação do banco mandou e-mail marketing, colocou anúncios em mídia impressa, gerou link na home do internet banking, fez folhetos com perguntas e respostas sobre o tema e enviou para todas as agências. Tudo apontava que o sistema estaria pronto e funcionando no dia 19 de outubro. Os clientes eram informados a todo o momento. A Febraban também criou uma cartilha para tirar dúvidas dos possíveis usuários e distribuiu aos associados. A área de produtos do Itaú Unibanco relacionou uma lista de clientes reconhecidos como bons pagadores
e mandou os gerentes apresentarem o DDA. Em novembro, um vídeo sobre DDA foi ao ar no YouTube mesmo para quem não fosse cliente pudesse ver. O vídeo teve quase 200 acessos em uma semana. O mercado ficava cada vez mais ansioso para a chegada do novo serviço. Estava chegando a hora. Nada podia dar errado. Chega o dia
Naquela segunda-feira, Max e a equipe do Citi estavam prontos. Mas o DDA não entrou no ar. Rapidamente, um comunicado foi enviado aos clientes avisando que o DDA iria entrar em operação dentro de alguns dias. Dois dias depois já operava normalmente. Um novo comunicado foi enviado avisando que a primeira etapa do projeto DDA já estava concluída, convidando os clientes dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 51
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a utilizarem a tecnologia de maneira conveniente. O DDA do Citi funcionava e era o primeiro a oferecer o cadastro na rede 24 horas. Enquanto isso, funcionários do Itaú Unibanco descobriam o DDA na pele de usuários. Ângelo, aquele que substituiu Sandra no Guarujá, logo de cara ficou sabendo que seu nome seria protestado. Viu pelo DDA que uma conta de outra pessoa estava no seu CPF, mas não tinha chegado no seu endereço. Conseguiu visualizar três boletos de cobrança na tela do computador e dois deles até já estavam vencidos. Telefonou imediatamente para a empresa cobradora e reclamou. Salvou-se do nome sujo e aprendeu por ele mesmo como o DDA também pode trazer mais transparência para o processo bancário. O DDA brasileiro se tornou referência global. Em novembro, Marcelo Pereira, também da equipe do Itaú Unibanco, foi a Miami (Flórida) num encontro promovido pela Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban) com 70 países. Lá apresentou o caso brasileiro e patenteou a nossa tecnologia. Novas funcionalidades são agora
discutidas por Sandra, Max e a Febraban, como apresentações de faturas e anexos de cobrança. Em Miami, os executivos brasileiros puderam mostrar que apenas dez dias depois do começo da operação mais de 1,4 milhão de pessoas estavam cadastradas. Somente no Itaú são cerca de 450 mil clientes cadastrados e 15 mil novos entram todos os dias. Com um celular com acesso à internet, o usuário pode quitar suas faturas, basta dar o ok. A senha é a mesma do acesso ao home banking e a plataforma semelhante. Por torpedos são notificados dos pagamentos. O resultado está dentro das expectativas. No Citi 1% dos 1,5 milhão de correntistas aderiram. Os grandes bancos também alcançaram essa margem. A questão cultural do uso do papel ainda é uma barreira. A maioria das pessoas não está acostumada a ter algo documentado virtualmente. Max e Sandra apostam que com o passar do tempo esse muro será derrubado. Quem quiser ainda pode imprimir o pagamento. Mas, dentro de poucos anos, vai ser difícil lembrar como era possível depender de um boleto de papel. f
Gasto menor, cobrança melhor André Luiz Laporte, dono de um grupo de empresas que oferece serviços de banda larga para Rio de Janeiro e Teresópolis, pode economizar cerca de R$ 200 mil só com impressão e postagem de boletos no próximo ano. Ele possui 60 mil clientes que podem aderir ao DDA. A cobrança é enviada a eles anualmente por meio de um carnê. São mais de 12 folhas por cliente. O gasto é de R$ 3 por carnê. Há um ano, os gerentes das agências do Itaú Unibanco começaram a conversar com os empresários sobre o DDA. Os clientes de André reclamavam com frequência de que a conta do serviço não podia ser paga por meio de débito automático. Ao lhe apresentarem o produto viu uma solução. No dia 24 de outubro, o gerente da agência em que André tem conta foi até a sua empresa. Ele assinou o convênio com o primeiro banco. Dias depois foi a vez do Banco do Brasil, só que ele foi até a agência. Os dois bancos são os únicos com qual André possui relacionamento, mas diz que vai atrás de outros. As empresas devem se conveniar com cada banco onde desejam que seja oferecido o DDA. André espera, além da redução de custos, uma significativa queda na inadimplência. Com o DDA não há
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risco de o cliente esquecer de pagar. O serviço, dentro do plano de marketing da empresa para 2010, é divulgado por meio do call center e pelo carnê da empresa. Os cerca de 20 operadores ligam para os clientes e ao receberem ligação também tocam no ponto. André, mesmo sem saber, faz seu papel em prol do meio ambiente. Com o DDA e menos uso de papel, cerca de 174 mil árvores podem ser poupadas, segundo a Febraban. Além de facilitar a vida do cliente e diminuir a inadimplência, a novidade do bancos também é ecológica.
Benefícios w Facilidade de apresentação do boleto de forma totalmente eletrônica. w Garantia de que não haja atraso na entrega de boletos, caso que ocorre hoje para o boleto em papel. w Maior segurança em todo o fluxo de cobrança e recebimento. w Facilidade do cliente processar instruções (prorrogação, desconto, alegações) eletronicamente em vários canais de atendimento dos bancos (caixas eletrônicos, internet bankings, call centers). w Redução do ciclo de vida financeiro de uma cobrança com toda a qualidade de um processamento seguro.
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Filosofia do crédito Por Júlia Zillig
A rede Leroy Merlin passou longe da crise. Cresceu 24% em 2008, abriu novas lojas e investiu fortemente em suas próprias linhas de crédito para manter seu cliente fidelizado. Na companhia, a ordem é não deixar o cliente sair de sacola vazia
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tiba, Brasília, Porto Alegre, Niterói, sendo essa última a primeira loja “verde” da rede. Para Heins, o que fez a rede varejista passar longe da crise foi seu modelo de negócios diferenciado, que envolve produtos para o início de um projeto de uma casa até seu último detalhe, passando pelo acabamento e decoração. “As lojas não ficaram vazias durante a pior fase da crise”, diz. Ao todo são mais de 65 mil itens nos segmentos de construção, acabamento, bricolagem, decoração e jardinagem. Ou seja, a loja atende às necessidades do consumidor em relação à sua moradia do início ao fim. “Ele pode comprar desde cimento até uma cortina em um mesmo lugar. O consumidor quer praticidade, atendimento e crédito.” Os incentivos governamentais para a compra da casa própria também impulsionaram os negócios da Leroy
Merlin. Heins não abre os números deste ano, mas diz que a rede está crescendo a dois dígitos novamente. As lojas de Belo Horizonte, Porto Alegre e Niterói nasceram em 2009. “As pessoas estão ficando cada vez mais em casa, é o lugar da família. Por conta disso buscam torná-la cada vez mais aconchegante.” A casa da sua casa
Fotos: Douglas Luccena
O diretor financeiro da rede varejista Leroy Merlin, Michael Heins, chegou ao Brasil há cerca de um ano para comandar a área de crédito da empresa. E se vê às voltas com o desafio de oferecer produtos financeiros atrativos para os clientes da marca sem afetar a rentabilidade da companhia. Francês, formado em ciências contábeis pela Sorbonne de Paris, e com uma carreira de mais de uma década voltada para o mercado varejista – ele trabalhou na rede francesa Castorama, concorrente da Leroy Merlin que já esteve no Brasil e foi comprada pela C&C em 2003 – Michael veio para o País em um momento em que a rede cresceu, em média, mais de 20% nos últimos anos. Em 2008, esse crescimento foi de 24%, impulsionado pela abertura de novas lojas – hoje conta com 19 pontos de venda espalhados em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas, Curi-
Um dos trunfos da Leroy Merlin para expandir sua atuação no mercado são suas linhas de crédito. Além de seu cartão private label, conta com cartões da marca nas bandeiras Visa e Mastercard, administrados pelo banco Itaú Unibanco, e com linhas de financiamento oferecidas pela Fininvest. “São meios de pagamento nos quais o consumidor tem crédito aprovado na hora”, diz Heins. A compra com cartões – incluindo os convencionais de cré-
dito – é a preferência do cliente da rede na hora de pagar suas compras. Do total de vendas da marca, 65% são pagas com cartões de crédito, incluindo os cartões não relacionados com a rede. Para diferenciar os cartões da Leroy Merlin dos demais, a empresa aposta nas facilidades de pagamento. Com eles é possível parcelar as compras em até dez vezes sem juros e em até 24 vezes com juros de 2,12% ao mês. “É uma taxa menor do que a praticada pelo cheque especial ou rotativo dos cartões de crédito convencionais, e que hoje pode competir até mesmo com o crédito consignado”, explica Heins. A única condição é que as parcelas têm de ser de, no mínimo, R$ 50. “Nos demais cartões parcelamos apenas em seis vezes sem juros. É um incentivo para ter os clientes fidelizados”. Outro apelo dos cartões da marca é a isenção de anuidade e de tarifas administrativas.
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De acordo com o executivo da Leroy Merlin, o cliente da rede é atraído pela política do parcelamento sem juros. A possibilidade de oferecer tal facilidade aos clientes está relacionada ao fato da rede ter optado por terceirizar a operação. “Não lucramos com o financiamento das compras, mas também não temos custo operacional. Os cartões da marca são ferramentas de relacionamento e retenção, por isso nos preocupamos em dar retaguarda no atendimento”, afirma. Os índices de inadimplência da empresa Heins não revela, mas diz que são baixos e que
Na rede, o cliente é prioridade, pode parcelar a compra de todos os produtos disponíveis nas lojas e a ordem é não deixá-lo sair de mãos vazias
A Leroy Merlin investe fortemente em suas linhas de crédito para fidelizar seus clientes. O parcelamento sem juros é um dos principais atrativos do cartão da marca
a grande maioria acontece no pagamento em cheque. “Temos mecanismos internos para buscar a recuperação desses valores e retomar os clientes.” A transparência é a regra para lidar com o consumidor quando o assunto é crédito. Ter regras de concessão é um mal necessário. “O momento de conceder crédito é delicado, no qual a proximidade com o cliente e a qualidade no atendimento são fundamentais para conduzir bem esse processo”, declara Michael. Uma resposta negativa na hora de conceder o crédito deve ser bem explicada. “O
banco segue regras de score e acontecem casos em que o cliente que não tem restrição em seu nome, mas acaba sendo recusado. Está nas mãos da Leroy Merlin saber como fazer com que esse cliente não saia da loja de mãos vazias”. Ela apresenta alternativas. “Sugerimos que ele use seu cartão de crédito, oferecemos a possibilidade de ele fazer o cartão Construcard, da CEF, ratear das compras em diversos meios de pagamento”. Esse cuidado com o cliente, na visão do executivo da rede, tem a ver com o fato de que ele está concretizando um sonho: o projeto de sua casa. “A empresa tem de se desdobrar para achar uma solução para ele”. Outra grande tacada da Leroy Merlin, em termos de crédito, é não fazer distinção de produtos na hora de financiar a compra de seus clientes. Ou seja, tudo pode ser financiado na loja. “A maioria das lojas de material de construção não oferece financiamento de certos produtos por conta da margem de lucro baixa”, diz Heins. Informações para crescer
Atualizado, Heins busca informações no mercado para balizar suas decisões. Lê revistas e livros, e participa de encontros setoriais para renovar constantemente seus 56 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
produtos. “Fico sempre atento para saber o que está sendo desenvolvido em termos de novidade no mercado.” Ele trabalha com um mercado, em termos de crédito, totalmente diferente do que estava acostumado a lidar em seu país. “A venda financiada é muito mais relevante no Brasil do que na França. Não há a cultura do parcelamento no país. Lá o crédito é acompanhado essencialmente com juros menores, porém não há a facilidade de parcelamento das compras com o cartão de crédito, somente no rotativo.” O mercado de construção civil tem sido alvo de atenção da rede. Além de alavancar os financiamentos com o cartão Construcard, da CEF, a Leroy Merlin estabeleceu parceria com o Banco do Brasil para oferecer crédito para construção civil, inicialmente em sua loja do Rio de Janeiro. “Tentamos oferecer mais serviços além do próprio cartão Leroy Merlin”. Para o futuro, a rede pretende expandir suas linhas de créditos para empresas. “Estamos começando a refletir sobre possibilidades de atingir esse público, oferecendo crédito de acordo com seu perfil, faturamento, entre outros requisitos”, ressalta Heins. Sinal de que a companhia ainda vai continuar na trilha do crescimento nos próximos anos. f dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 57
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11,50
-1,4
43,60
-1,6
fev/09
52,70
-2,4
11,20
-0,3
41,50
-2,1
mar/09
50,10
-2,6
10,40
-0,8
39,70
-1,8
abr/09
48,80
-1,3
10,30
-0,1
38,50
-1,2
mai/09
47,30
-1,5
9,90
-0,4
37,40
-1,1
jun/09
45,60
-1,7
9,80
-0,1
35,80
-1,6
jul/09
44,90
-0,7
9,70
-0,1
35,20
-0,6
ago/09
44,10
-0,8
9,80
0,1
34,30
-0,9
set/09
43,60
-0,5
10,20
0,4
33,40
-0,9
Variação set-set
-5,2
-4,3
-9,5
25.00 20.00
VOLUME
Taxa de juros 62.00 60.00 58.00 56.00 54.00 52.00 50.00 48.00 46.00 44.00 set/08
set/09
ago/09
jul/09
jun/09
mai/09
abr/09
mar/09
Aplicação
Fonte: BC/INEPAD
Captação
Volume
Taxa de juros
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
CHEQUE ESPECIAL
VARIAÇÃO EM %
CRÉDITO PESSOAL
VARIAÇÃO EM %
VARIAÇÃO EM %
CARTÃO DE CRÉDITO
VARIAÇÃO EM %
ago/08
15.803
2,6%
120.697
1,6%
set/08
17.081
8,1%
124.182
2,9%
540
6,5%
21.161
1,7%
575
6,4%
21.842
out/08
16.638
-2,6%
125.387
3,2%
1,0%
597
3,7%
22.642
nov/08
16.003
-3,8%
3,7%
125.996
0,5%
619
3,8%
22.088
-2,4%
dez/08
17.082
jan/09
17.445
6,7%
127.410
1,1%
650
4,9%
23.018
4,2%
2,1%
128.173
0,6%
694
6,9%
24.336
fev/09
5,7%
18.001
3,2%
132.985
3,8%
732
5,4%
25.011
2,8%
mar/09
18.020
0,1%
137.102
3,1%
754
2,9%
25.391
1,5%
abr/09
17.563
-2,5%
141.096
2,9%
761
0,9%
25.335
-0,2%
mai/09
17.840
1,6%
147.804
4,8%
777
2,1%
25.386
0,2%
jun/09
17.156
-3,8%
146.452
-0,9%
799
2,9%
25.151
-0,9%
FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO
jul/09
17.475
1,9%
149.770
2,3%
821
2,8%
25.538
0,6%
ago/09
17.429
-0,3%
151.985
1,3%
846
3,0%
25.674
1,5%
Fonte: BC/INEPAD
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
PREFIXADOS/CONTINUAÇÃO -
Taxas médias: pessoa jurídica
fev/09
jan/09
dez/08
nov/08
SPREAD FINANCEIRO
VOLUME
Fonte: BC/INEPAD
Data
30.00
MÊS/ANO
Taxas médias: pessoa física Data
35.00
PREFIXADOS -
Fonte: BC/INEPAD
Volume R$ milhões 160,000 150,000 140,000 130,000 120,000 110,000 100,000 90,000 80,000 70,000 60,000 set/09
0,5
ago/09
14,50
jul/09
2,6
jun/09
43,00
mai/09
out/08
Crédito pessoa física
abr/09
50.00
fev/09
0,2
-5,1
Var. p.p.
mar/09
26,40
jan/09
0,1
nov/08
Var. p.p.
14,00
dez/08
Captações
0,3
out/08
Var. p.p.
40,40
Variação set-set
Spread% p.p.
Spread financeiro
Aplicações % a.a.
set/08
set/08
Data
out/08
Taxas médias: geral
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
AQUISIÇÃO MÊS/ANO
VARIAÇÃO EM %
TOTAL
VARIAÇÃO EM %
11.501
0,2%
264.732
0,8%
7.164
-37,7%
264.616
0,0%
1,5%
7.217
0,7%
267.618
1,1%
93.984
-1,2%
7.427
2,9%
266.118
-0,6%
-4,5%
92.664
-1,4%
7.490
0,8%
268.313
0,8%
-11,7%
91.256
-1,5%
7.532
0,6%
269.436
0,4%
-1,1%
91.082
-0,2%
7.849
4,2%
275.661
2,3%
9.356
-3,0%
90.591
-0,5%
7.925
1,0%
279.782
1,5%
0,7%
9.157
-2,1%
90.934
0,4%
8.570
8,1%
284.258
1,6%
VEÍCULOS
VARIAÇÃO EM %
OUTROS VARIAÇÃO EM %
TOTAL
VARIAÇÃO EM %
-3,4%
95.031
-0,7%
1,2%
93.772
-1,3%
11.785
-0,4%
95.138
-1,1%
11.553
-2,0%
81.625
-1,0%
11.039
81.504
-0,1%
9.752
mar/09
81.439
-0,1%
9.643
0,4
abr/09
81.235
-0,3%
81.777
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread% p.p.
Var. p.p.
set/08
28,30
1,0
13,60
0,2
14,70
-0,2
out/08
31,80
1,7
14,10
0,5
17,70
3,0
set/08
83.334
-0,3%
11.697
nov/08
31,40
3,5
13,00
-1,1
18,40
0,7
out/08
81.938
-1,7%
11.835
dez/08
30,70
-0,2
12,30
-0,7
18,40
0,0
nov/08
83.353
1,7%
jan/09
31,00
-3,0
12,20
-0,1
18,80
0,4
dez/08
82.431
fev/09
30,80
-2,4
11,90
-0,3
18,90
0,1
jan/09
mar/09
28,90
-2,6
10,90
-1,0
18,00
-0,9
fev/09
abr/09
28,80
-1,3
10,50
-0,4
18,30
0,3
mai/09
28,50
-1,5
9,80
-0,7
18,70
OUTROS
jun/09
27,40
-1,7
9,20
-0,6
18,20
-0,5
mai/09
jul/09
26,70
-0,7
8,80
-0,4
17,90
-0,3
jun/09
84.737
3,6%
9.011
-1,6%
93.748
3,1%
8.708
1,6%
294.264
3,5%
ago/09
26,40
-0,8
8,60
-0,2
17,80
-0,1
jul/09
84.848
0,1%
8.658
-3,9%
93.506
-0,3%
8.642
-0,8%
291.706
-0,9%
set/09
26,30
-0,5
8,60
0,0
17,70
-0,1
ago/09
85.284
0,5%
8.751
1,1%
94.035
0,6%
8.752
1,3%
296.391
1,6%
set/09
87.899
3,1%
8.967
2,5%
96.866
3,0%
8.704
-0,5%
301.478
1,9%
Variação set-set
-2,0
Fonte: BC/INEPAD
58 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
-5,0
3,0
Fonte: BC/INEPAD
dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 59
bancodedadosinepad VOLUME MÊS/ANO
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO
CRÉDITO PESSOAL*
-
CRÉDITO CONSIGNADO (R$
CONSIGNADO PÚBLICOS
PRIVADOS
TOTAL
AMOSTRA**
% CONSIGNADO***
INADIMPLÊNCIA -
MILHÕES)
CONCENTRAÇÃO DO CONSIGNADO
MÊS/ANO
TAXA DE JUROS % A.A.
ESTIMATIVA INEPAD CONSIGNADO
PESSOAL DIFERENÇA
set/08
137.338
65.623
10.494
76.117
49.900
55,4%
65,6%
28,8%
56,3%
27,5%
out/08
142.150
67.260
10.722
77.982
52.833
54,9%
67,7%
29,8%
57,4%
27,6%
nov/08
144.448
67.486
10.594
78.080
53.095
54,1%
68,0%
31,0%
59,9%
28,9%
dez/08
143.687
68.201
10.689
78.890
53.758
54,9%
68,1%
30,8%
60,4%
29,6%
jan/09
145.197
68.836
10.857
79.693
54.641
54,9%
68,6%
30,8%
56,5%
25,7%
fev/09
147.326
70.079
10.942
81.021
55.105
55,0%
68,0%
29,3%
54,5%
25,2%
mar/09
151.147
71.495
11.239
82.734
56.226
54,7%
68,0%
28,7%
50,8%
22,1%
abr/09
155.388
73.920
11.724
85.644
60.061
55,1%
70,1%
28,9%
48,8%
19,9%
mai/09
159.488
76.264
12.047
88.311
61.654
55,4%
69,8%
28,6%
46,6%
18,0%
jun/09
161.726
79.418
12.408
91.826
63.274
56,8%
68,9%
27,9%
45,6%
17,7%
jul/09
164.674
82.314
12.706
95.020
65.104
57,7%
68,5%
28,0%
44,8%
16,8%
ago/09
168.703
85.041
12.936
97.977
66.979
58,1%
68,4%
27,6%
44,3%
16,7%
set/09 Variação set-set
171.260
87.262
13.215
100.477
68.238
58,7%
67,9%
27,1%
44,7%
17,6%
24,70%
32,97%
25,93%
32,00%
36,75%
5,86%
3,60%
-5,75%
MÊS/ANO
SALDO SEM ATRASO
OPERAÇÕES PREFIXADAS COM ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
% SOBRE
COM ATRASO
SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS
-
CRÉDITO PESSOAL (R$ % SOBRE
SALDO DA CARTEIRA
COM ATRASO
% SOBRE
SALDO DA CARTEIRA
AQUISIÇÃO DE BENS
-
OUTROS (R$
COM ATRASO
% SOBRE
COM ATRASO
% SOBRE
DE 31 A 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
MILHÕES)
SALDO TOTAL
VARIAÇÃO EM %
-3,45%
CARTEIRA-BRASIL
set/08
9.047.148
509.192
4,35%
573.053
4,90%
1.567.610
13,40%
11.697.003
out/08
9.073.078
542.505
4,58%
621.893
5,25%
1.597.246
13,50%
11.834.722
1,18%
nov/08
8.953.218
538.079
4,57%
651.735
5,53%
1.641.852
13,93%
11.784.884
-0,42%
dez/08
8.855.844
502.912
4,35%
583.417
5,05%
1.610.860
13,94%
11.553.033
-1,97%
jan/09
8.389.707
518.212
4,69%
601.655
5,45%
1.529.065
13,85%
11.038.639
-4,45%
fev/09
7.410.243
420.737
4,31%
540.321
5,54%
1.380.641
14,16%
9.751.942
-11,66%
mar/09
7.278.836
430.175
4,46%
564.806
5,86%
1.368.748
14,19%
9.642.565
-1,12%
abr/09
7.053.429
405.174
4,33%
530.799
5,67%
1.366.409
14,60%
9.355.811
-2,97%
mai/09
6.911.637
352.811
3,85%
444.446
4,85%
1.448.411
15,82%
9.157.305
-2,12%
jun/09
6.862.981
333.656
3,70%
410.819
4,56%
1.403.866
15,58%
9.011.322
-1,59%
jul/09
6.887.234
321.999
3,59%
401.997
4,48%
1.365.508
15,21%
8.976.738
-0,38%
ago/09
6.893.004
308.495
3,47%
374.510
4,21%
1.321.058
14,85%
8.897.067
-0,89%
set/09
6.974.414
296.398
3,31%
374.559
4,18%
1.321.939
14,74%
8.967.310
0,79%
Fonte: BC/INEPAD
15% SALDO TOTAL
CARTEIRA-BRASIL
INADIMPLÊNCIA AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS PRÉFIXADO - SET/09 - (EM R$ MILHÕES)
INADIMPLÊNCIA AQUISIÇÃO DE OUTROS BENS - PRÉFIXADO - SET/09 - (EM R$ MILHÕES)
MILHÕES)
MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
% SOBRE
COM ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
-
-20,60% -36,16%
Fonte: BC/INEPAD * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com 13 das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.
INADIMPLÊNCIA -
SALDO SEM ATRASO
OPERAÇÕES PREFIXADAS
VARIAÇÃO EM %
set/08
109.166.762
2.461.087
2,04%
2.742.288
2,27%
6.326.601
5,24%
120.696.738
1,61%
out/08
111.686.790
2.715.201
2,19%
3.004.658
2,42%
6.774.969
5,46%
124.181.618
2,89%
nov/08
112.879.141
2.471.143
1,97%
3.120.310
2,49%
6.916.201
5,52%
125.386.795
0,97%
dez/08
113.492.571
2.546.415
2,02%
2.964.630
2,35%
6.992.548
5,55%
125.996.164
0,49%
jan/09
113.980.932
2.845.703
2,23%
3.291.165
2,58%
7.291.955
5,72%
127.409.755
1,12%
fev/09
114.514.696
2.804.329
2,19%
3.366.302
2,63%
7.487.655
5,84%
128.172.982
0,60%
mar/09
118.844.045
2.883.772
2,17%
3.529.017
2,65%
7.728.398
5,81%
132.985.232
3,75%
abr/09
122.767.978
2.934.840
2,14%
3.521.226
2,57%
7.877.464
5,75%
137.101.508
3,10%
mai/09
127.277.492
2.707.879
1,92%
3.245.280
2,30%
7.865.100
5,57%
141.095.751
2,91%
3.320.169
2,25%
7.806.373
5,28%
147.804.496
4,75%
jun/09
133.753.147
2.924.807
1,98%
jul/09
132.712.667
2.803.291
1,91%
3.065.117
2,09%
7.871.132
5,37%
146.452.207
-0,91%
ago/09
135.469.746
3.001.242
2,01%
3.111.469
2,08%
8.021.523
5,36%
149.603.980
2,15%
set/09
137.860.371
2.841.841
1,87%
3.254.992
2,14%
8.000.527
5,26%
151.957.731
1,57%
ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 1.321.939
ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 296.398
19% 66%
ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 4.340.466
ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 374.599
INADIMPLÊNCIA CRÉDITO PESSOAL - SET/09 - (EM R$ MILHÕES)
ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 3.811.730
INADIMPLÊNCIA OUTRAS OPERAÇÕES PRÉFIXADO - SET/09 - (EM R$ MILHÕES)
21% 57%
38%
34%
PRÉFIXADO
ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 8.000.527
ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 3.063.993
28%
ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 620.752
ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 2.841.841
18%
22%
ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 2.153.037
ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 3.254.992
63%
19%
ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 641.620
Fonte: BC/INEPAD
INADIMPLÊNCIA MÊS/ANO
SALDO SEM ATRASO
OPERAÇÕES PREFIXADAS COM ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
% SOBRE
-
AQUISIÇÃO DE BENS
COM ATRASO
SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS
% SOBRE
SALDO DA CARTEIRA
-
COM ATRASO
VEÍCULOS (R$ % SOBRE
INADIMPLÊNCIA -
MILHÕES)
SALDO TOTAL
MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
CARTEIRA-BRASIL
VARIAÇÃO EM %
MÊS/ANO
OPERAÇÕES PREFIXADAS COM ATRASO
SALDO SEM ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
% SOBRE
-
OUTRAS OPERAÇÕES (R$
COM ATRASO
SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS
% SOBRE
COM ATRASO
SALDO DA CARTEIRA
MILHÕES)
% SOBRE
MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
SALDO TOTAL
CARTEIRA-BRASIL
VARIAÇÃO EM %
set/08
73.980.851
2.971.301
3,57%
3.238.198
3,89%
3.143.326
3,77%
83.333.676
-0,26%
set/08
8.771.558
417.343
3,63%
743.294
6,46%
1.568.322
13,64%
11.500.517
0,16%
out/08
72.049.765
3.134.011
3,82%
3.457.833
4,22%
3.295.902
4,02%
81.937.511
-1,68%
out/08
4.953.544
287.556
4,01%
506.834
7,07%
1.416.093
19,77%
7.164.027
-37,71%
nov/08
73.292.994
3.046.117
3,65%
3.598.744
4,32%
3.415.015
4,10%
83.352.870
1,73%
nov/08
4.973.464
264.112
3,66%
516.224
7,15%
1.462.718
20,27%
7.216.518
0,73%
dez/08
71.844.127
3.240.330
3,93%
3.771.195
4,57%
3.575.603
4,34%
82.431.255
-1,11%
dez/08
5.082.673
296.416
3,99%
509.355
6,86%
1.538.170
20,71%
7.426.614
2,91%
jan/09
70.833.551
3.173.943
3,89%
3.891.905
4,77%
3.725.811
4,56%
81.625.210
-0,98%
jan/09
5.055.098
307.374
4,10%
538.182
7,19%
1.588.855
21,21%
7.489.509
0,85%
fev/09
70.069.059
3.180.127
3,90%
4.262.646
5,23%
3.992.345
4,90%
81.504.177
-0,15%
fev/09
4.946.070
405.729
5,39%
542.362
7,20%
1.638.018
21,75%
7.532.179
0,57%
mar/09
69.590.442
3.413.835
4,19%
4.385.126
5,38%
4.050.003
4,97%
81.439.406
-0,08%
mar/09
5.205.220
352.408
4,49%
634.925
8,09%
1.656.724
21,11%
7.849.277
4,21%
abr/09
69.541.452
3.085.189
3,80%
4.374.409
5,38%
4.234.217
5,21%
81.235.267
-0,25%
abr/09
5.174.972
351.158
4,43%
691.380
8,72%
1.707.916
21,55%
7.925.426
0,97%
mai/09
70.173.312
3.137.999
3,84%
4.109.245
5,02%
4.356.029
5,33%
81.776.585
0,67%
mai/09
5.356.094
368.320
4,30%
739.968
8,63%
2.105.726
24,57%
8.570.108
8,13%
jun/09
71.445.480
3.135.584
3,77%
4.106.318
4,93%
4.531.946
5,45%
83.219.328
1,76%
jun/09
5.448.306
319.255
3,67%
787.612
9,04%
2.152.740
24,72%
8.707.913
1,61%
jul/09
72.764.044
3.109.076
3,69%
3.856.605
4,58%
4.496.687
5,34%
84.226.412
1,21%
jul/09
5.334.315
367.894
4,26%
740.735
8,57%
2.198.661
25,44%
8.641.605
-0,76%
ago/09
73.882.023
3.149.781
3,69%
3.911.192
4,58%
4.381.271
5,13%
85.324.267
1,30%
ago/09
5.313.499
367.467
4,20%
707.826
8,09%
2.362.881
27,00%
8.751.673
1,27%
set/09
76.683.217
3.063.993
3,49%
3.811.730
4,34%
4.340.466
4,94%
87.899.406
3,02%
set/09
5.288.768
620.752
7,13%
641.620
7,37%
2.153.037
24,74%
8.704.177
-0,54%
Fonte: BC/INEPAD
60 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
Fonte: BC/INEPAD
dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 61
bancodedadosinepad PREVISÕES
DE DESEMPREGO
ANO DE 2009
SP
VAR. %
set/08
7,60
0,00
8,00
0,00
11.0
1.50
out/08
7,50
-0,10
7,70
-0,30
10.5
1.20
nov/08
7,60
0,10
8,20
0,50
10.0
0.90
9.5
0.60
9.0
0.30
8.5
0.00
8.0
-0.30
7.5
-0.60
7.0
-0.90
fev/09
8,50
0,30
10,00
0,60
mar/09
9,00
0,50
10,50
0,50
abr/09
8,90
-0,10
10,20
-0,30
mai/09
8,80
-0,10
10,20
0,00
6.5
-1.20
jun/09
8,10
-0,70
9,00
-1,20
6.0
-1.50
jul/09
8,00
-0,10
8,90
-0,10
ago/09
8,10
0,10
8,10
-0,80
set/09
7,70
-0,40
8,70
0,60
ago/09
2,24
2,58
2,14
2,50
2,34
0,07
-1,44
-4,36
2,40
-7,22
1 semana antes 30/09
0,15
-1,31
-4,37
2,42
-7,38
Previsão 06/11/2009
0,19
-1,36
-4,26
2,42
-7,47
SELIC TAXA ANUAL
IGP-DI % AA
IPCA % AA
TAXA DE CÃMBIO R$ / US$
12,08
4,77
4,91
2,27
14,29
8,77
4,23
4,22
1,80
25,13
1 semana antes 30/09
8,78
3,98
4,25
1,70
25,23
Previsão 06/11/2009
8,78
4,01
4,25
1,70
25,03
Fonte: BC/INEPAD
Var. p.p. – Brasil
RENDIMENTO
MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
0,5%
1.473,16
2,3%
jan/09
1.352,40
2,2%
1.554,74
1,1%
fev/09
1.350,48
-0,1%
1.529,47
5,5%
mar/09
1.347,97
-0,2%
1.513,63
-1,6%
abr/09
1.338,20
-0,7%
1.483,55
-1,0%
mai/09
1.323,76
-1,1%
1.473,59
-2,0%
jun/09
1.319,31
-0,3%
1.467,51
-0,7%
jul/09
1.326,27
0,5%
1.439,64
-0,4%
ago/09
1.338,85
0,9%
1.458,09
-1,9%
set/09
1.346,70
0,6%
1.473,70
1,3%
84,60
0,90
set/08
130,28
0,44%
out/08
84,60
0,00
out/08
129,69
-0,45%
2,0%
nov/08
82,30
-2,30
nov/08
126,63
-2,36%
1,5%
dez/08
77,80
-4,50
dez/08
117,88
-6,91%
jan/09
76,20
-1,60
jan/09
110,12
-6,58%
fev/09
76,50
0,30
fev/09
106,99
-2,84%
mar/09
78,40
1,90
mar/09
109,25
2,11%
0%
abr/09
78,90
0,50
abr/09
110,87
1,48%
-0,5%
mai/09
80,00
1,10
mai/09
112,19
1,19%
jun/09
79,70
-0,30
jun/09
113,27
0,96%
jul/09
80,50
0,80
jul/09
114,75
1,31%
ago/09
81,10
0,60
ago/09
116,53
1,55%
set/09
81,40
0,30
set/09
118,12
1,36%
Variação ago-ago
-9,33%
1,0% 0,5%
-1,0% -1,5%
Brasil
SP
Fonte: BC/INEPAD
Fonte: BC/INEPAD
VOLUME
-16,0%
nov/08
145,42
-2,3%
134,75
-0,7%
141,45
-16,8%
dez/08
195,20
34,2%
169,19
25,6%
162,41
14,8%
jan/09
143,94
-26,3%
134,20
-20,7%
164,10
1,0%
fev/09
131,28
-8,8%
128,34
-4,4%
156,44
-4,7%
mar/09
143,93
9,6%
137,03
6,8%
206,91
32,3%
abr/09
145,02
0,8%
143,06
4,4%
165,53
-20,0%
mai/09
152,42
5,1%
140,94
-1,5%
187,10
13,0%
jun/09
145,69
-4,4%
133,26
-5,4%
228,65
22,2%
jul/09
150,95
3,6%
140,81
5,7%
190,22
-16,8%
ago/09
153,45
1,7%
145,27
3,2%
199,75
5,0%
4,7%
Fonte: BC/INEPAD
62 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
8,3%
9,4%
82.0
125
81.0
121
80.0 79.0
117
78.0
113
77.0
109
76.0
105
75.0
Índice geral
Hipermercados e supermercados
Veículos, motos, partes e peças
Taxa da utilização da capacidade instalada
mar/09
169,93
fev/09
6,3%
129
jan/09
135,73
133
dez/08
4,6%
Produção (índice)
nov/08
148,79
jul/09
out/08
Capacidade %
83.0
ago/09
10,8%
jun/09
-8,7%
202,27
mai/09
182,63
-4,8%
abr/09
4,7%
127,63
mar/09
134,08
-2,9%
fev/09
2,8%
142,24
jan/09
146,54
set/08
(ÍNDICE) X CAPACIDADE (%)
84.0
dez/08
ago/08
230.00 220.00 210.00 200.00 190.00 180.00 170.00 160.00 150.00 140.00 130.00 120.00 110.00 100.00 90.00 80.00 nov/08
VAR. %
85.0
out/08
VAR. %
VEÍCULOS, MOTOS, PARTES E PEÇAS
set/08
VAR. %
HIPERMERCADOS E SUPERMERCADOS
ago/08
ÍNDICE GERAL
Fonte: BC/INEPAD
PRODUÇÃO
DE VENDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA
Variação ago-ago
-3,78%
Variação set-set
set/09
1.323,46
VAR. %
set/08
ago/09
dez/08
ÍNDICE DE PRODUÇÃO FÍSICA MÉDIA MÓVEL TRIMESTRAL
DATA
VAR. P.P.
jul/09
-2,1%
DATA
TAXA DA UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA
2,5%
set/09
1.456,58
ago/09
0,9%
jul/09
1.316,61
jun/09
nov/08
mai/09
1,1%
abr/09
1,9%
1.423,45
mar/09
1.454,05
-1,3%
fev/09
0,9%
1.305,19
jan/09
1.321,77
out/08
dez/08
set/08
1,600 1,550 1,500 1,450 1,400 1,350 1,300 1,250 1,200 1,150 1,100 1,050 1,000 950 900 850 800 750 700 nov/08
VAR. %
out/08
SP
ECONÔMICA
DATA
set/08
VAR. % - BRASIL
SALDO COMERCIAL US$ BILHÕES
4 semanas antes 06/11
ATIVIDADE
BRASIL
PRODUÇÃO INDUSTRIAL % AA
4 semanas antes 06/11
Previsão 02/01/2009
Fonte: BC/INEPAD
DATA
PIB SERVIÇO % AA
jun/09
set/08
fev/09
SP
Brasil
PIB INDÚSTRIA % AA
Previsão 02/01/2009
ANO DE 2009
set/09
2,30
jul/09
9,40
jun/09
1,40
mai/09
8,20
abr/09
jan/09
mar/09
-1,10
jan/09
7,10
dez/08
-0,80
nov/08
6,80
out/08
dez/08
PIB AGROPECUÁRIO % AA
PIB TOTAL % AA
mai/09
VAR. % - BRASIL
abr/09
BRASIL
out/08
DATA
ECONÔMICAS
set/08
TAXA
Índice da produção física média móvel trimestral
dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 63
bancodedadosinepad PRODUÇÃO - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS,
LICENCIAMENTO
VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
-3.349
-1,1%
263.960
-102.082
-34,4%
dez/08
96.586
196.082
-98.203
-50,4%
jan/09
185.000
158.792
88.414
91,5%
fev/09
204.400
161.995
19.400
10,5%
mar/09
274.900
221.433
70.500
34,5%
abr/09
253.700
244.333
-21.200
-7,7%
mai/09
268.900
265.833
15.200
6,0%
jun/09
284.400
269.000
15.500
5,8%
jul/09
282.000
278.433
-2.400
-0,8%
ago/09
294.400
286.933
12.400
4,4%
set/09
273.000
283.133
-21.400
-7,3%
out/09
316.000
294.467
43.000
15,8%
330,000 310,000 290,000 270,000 250,000 230,000 210,000 190,000 170,000 150,000 130,000 110,000 90,000
Produção
ago/09
302.906
194.789
jun/09
296.871
nov/08
abr/09
out/08
DATA
VAR. MENSAL (%)
fev/09
MÉDIA TRIM.
dez/08
Média trimestral
6,4%
VENDAS
INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS,
85.522
47,2%
92.792
51,3%
2.715
1,5%
132.370
61.155
46,2%
69.170
52,3%
2.045
1,5%
dez/08
150.401
71.711
47,7%
76.200
50,7%
2.490
1,7%
jan/09
158.154
77.641
49,1%
77.844
49,2%
2.669
1,7%
fev/09
155.365
80.904
52,1%
71.674
46,1%
2.787
1,8%
mar/09
214.833
111.154
51,7%
99.771
46,4%
3.908
1,8%
abr/09
183.853
97.315
52,9%
84.033
45,7%
2.505
1,4%
mai/09
195.532
104.231
53,3%
88.878
45,5%
2.423
1,2%
jun/09
242.922
129.145
53,2%
111.164
45,8%
2.613
1,1%
jul/09
226.275
124.746
55,1%
98.838
43,7%
2.691
1,2%
ago/09
204.291
113.612
55,6%
87.988
43,1%
2.691
1,3%
set/09
249.120
133.648
53,6%
112.810
45,3%
2.662
1,1%
out/09
230.526
120.137
52,1%
107.777
46,8%
2.612
1,1%
LICENCIAMENTO
POR CATEGORIA
VAR. (%)
110,000
set/08
270.660
280.034
-11.179
-4,0%
100,000
out/08
233.420
261.973
-37240
-13,8%
300,000
90,000
nov/08
150.227
218.102
-83.193
-35,6%
280,000
80,000
dez/08
150.686
178.111
459
0,3%
260,000
70,000
jan/09
189.183
163.365
38.497
25,5%
240,000
fev/09
208.354
182.741
19.171
10,1%
220,000
mar/09
281.292
226.276
72.938
35,0%
200,000
abr/09
243.804
244.483
-37.488
-13,3%
180,000
262.164
17.592
7,2%
160,000 140,000
5,9%
Vendas
TAXA
Fonte: BC/INEPAD
DE JUROS PREFIXADOS
-
AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS,
EXPORTAÇÕES
65.987
62.784
VARIAÇÃO
7.399
out/09
set/09
ago/09
jul/09
jun/09
mai/09
abr/09
mar/09
PESSOA FÍSICA (R$
CRÉDITO PESSOAL
SP
MÊS/ ANO
SALDO TOTAL R$ MILHÕES
12,6%
set/08
120.697
3,79
out/08
124.182
3,85
nov/08
125.387
dez/08
VAR. (%)
% VARIAÇÃO A.M. P.P
MILHÕES)
AQUISIÇÃO DE BENS – VEÍCULOS
AQUISIÇÃO DE BENS – OUTROS TAXA DE JUROS
TAXA DE JUROS
TAXA DE JUROS
MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
out/08
Brasil
Média trimestral
12,80%
MÉDIA TRIM.
fev/09
16.891
jan/09
290.460
out/08
305.312
set/09
set/09
ago/09
3,9%
jul/09
10.773
jun/09
288.578
mai/09
288.421
abr/09
-7,3%
ago/09
mar/09
14,6%
-22.018
30.000
fev/09
38.270
279.570
40,000
jan/09
268.289
277.648
50,000
dez/08
299.666
jul/09
DATA
AUTOMÓVEIS
60,000
nov/08
jun/09
TOTAL -
-
120,000
VARIAÇÃO
EXPORTAÇÃO
% NO TOTAL
181.029
MÉDIA TRIM.
Variação set-set
‘+2000CC
nov/08
VENDAS
261.396
% NO TOTAL
out/08
VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
mai/09
‘+1000CC A 2000CC
UNIDADES)
Fonte: BC/INEPAD
Fonte: BC/INEPAD
DATA
% NO TOTAL
dez/08
Variação out-out
1000CC
TOTAL
nov/08
VAR. MENSAL
PRODUÇÃO
out/08
DATA
DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (EM
% VARIAÇÃO A.M. P.P
% VARIAÇÃO A.A. P.P
% VARIAÇÃO A.M. P.P
% VARIAÇÃO A.A. P.P
% A.A.
VARIAÇÃO P.P
SALDO TOTAL R$ MILHÕES
0,10
56,30
1,80
83.334
2,41
-0,02
33,05
-0,29
11.697
3,94
0,00
59,07
-0,08
0,06
57,40
1,10
81.938
2,48
0,07
34,15
1,10
11.835
4,05
0,11
61,08
2,01
3,99
0,14
59,90
2,50
83.353
2,70
0,22
37,71
3,56
11.785
4,38
0,33
67,26
6,18
125.996
4,02
0,03
60,40
0,50
82.431
2,63
-0,07
36,51
-1,20
11.553
4,71
0,33
73,79
6,53
jan/09
127.410
3,80
-0,21
56,50
-3,90
81.625
2,51
-0,12
34,66
-1,85
11.039
4,32
-0,39
66,14
-7,65
fev/09
128.173
3,69
-0,11
54,50
-2,00
81.504
2,32
-0,19
31,75
-2,91
9.752
4,21
-0,11
63,96
-2,18
mar/09
132.985
3,48
-0,21
50,80
-3,70
81.439
2,19
-0,14
29,67
-2,08
9.643
4,20
-0,01
63,81
-0,15
abr/09
137.102
3,37
-0,12
48,78
-2,02
81.235
2,20
0,01
29,88
0,21
9.356
4,02
-0,18
60,41
-3,40
SALDO TOTAL R$ MILHÕES
nov/08
49.156
57.910
-16.831
-25,5%
dez/08
43.580
52.908
-5.576
-11,3%
jan/09
21.820
38.185
-21.760
-49,9%
fev/09
30.500
31.967
8.680
39,8%
mar/09
34.800
29.040
4.300
14,1%
abr/09
35.012
33.437
212
0,6%
200,000
mai/09
39.200
36.337
4.188
12,0%
180,000
jun/09
39.400
37.871
200
0,5%
160,000
mai/09
141.096
3,24
-0,13
46,62
-2,16
81.777
2,15
-0,05
29,15
-0,73
9.157
3,77
-0,25
55,84
-4,57
140,000
jun/09
147.804
3,18
-0,06
45,64
-0,98
84.737
2,00
-0,15
26,85
-2,30
9.011
3,73
-0,03
55,25
-0,59
jul/09
146.452
3,13
-0,05
44,78
-0,86
84.848
2,01
0,00
26,92
0,07
8.658
3,66
-0,08
53,85
-1,40
ago/09
149.604
3,10
-0,03
44,29
-0,49
85.284
1,96
-0,05
26,21
-0,71
8.751
3,69
0,03
54,42
0,57
set/09
151.958
3,13
0,02
44,71
0,42
87.899
1,87
-0,09
24,94
-1,27
8.967
3,52
-0,17
51,41
-3,01
44.467
6.800
16,8%
Variação out-out Fonte: BC/INEPAD
64 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
-28,5%
Exportações
Média trimestral
out/09
47.200
set/09
out/09
ago/09
-11,8%
jul/09
-5.400
jun/09
41.133
mai/09
40.400
abr/09
set/09
mar/09
23,1%
fev/09
-5,6%
8.600
220,000
jan/09
-2.200
40.800
240,000
dez/08
38.600
45.800
260,000
nov/08
37.200
ago/09
280,000
out/08
jul/09
300,000
Fonte: BC/INEPAD
dezembro/janeiro 2010 FINANCEIRO 65
artigoúltima palavra
Por uma nova inteligência O Cadastro Positivo é uma metodologia estatística de gestão do risco de crédito, presente nas economias mais desenvolvidas do mundo. Como seu fundamento é o compartilhamento de informações sobre consumidores entre os concedentes de recursos, o risco é melhor compreendiPor Francisco Valim do e dimensionado, abrindo espaço para decisões de crédito acertadas. Com isso, se reduz o custo do crédito, que passa a ser estabelecido de acordo com o perfil de risco individual, evitando o superendividamento do consumidor. O Cadastro Positivo analisa e acompanha o histórico comportamental do consumidor no crédito. O Banco Mundial estima que a inadimplência no Brasil deve recuar 45% com essa nova cultura de crédito. Com juros e inadimplência menores, a oferta de recursos tende a evoluir, inserindo mais pessoas no crédito. A Serasa Experian calcula que com o cadastro positivo 26 milhões de novos consumidores serão inseridos no crédito, que crescerá mais R$ 1 trilhão, passando dos atuais 45% em relação ao PIB para 81%. Mas como fica a cobrança? Como o Cadastro Positivo pode contribuir para uma nova dinâmica na recuperação de crédito? A crise financeira global deu a oportunidade para se repensar a cobrança, deixando evidente a carência por uma nova inteligência. Como importante etapa do ciclo de crédito, a recuperação também terá vantagens com o Cadastro Positivo, pois o modelo e a política de cobrança devem estar alinhados com a gestão de crédito e de risco. Ainda que a inadimplência seja reduzida no ambiente das informações positivas, a cobrança precisará dos dados sobre o perfil de paga-
66 FINANCEIRO dezembro/janeiro 2010
mento e endividamento dos consumidores, para definir estratégias e abordagens individuais. Cobrança é relacionamento e negociação. Conhecer melhor as características e hábitos financeiros de cada devedor, expressados pelo seu scoring, é ter condições para estabelecer ações adequadas que ampliem a taxa de retorno dessas carteiras, com menor custo e, ao mesmo tempo, sem atrito e perda do cliente. Afinal, conquistar novos clientes é caro. Nessa linha, a novidade é que a cobrança começa a ser um novo canal de relacionamento com o cliente. Com o Cadastro Positivo, a área poderá identificar quais os clientes que, mesmo com problemas financeiros pontuais, realmente interessam à empresa. Assim, a cobrança vai se modernizar, deixando de lado a imagem da área que se apóia em um cadastro de contas atrasadas. Outro ponto a ser destacado é que o cadastro positivo reduz os custos operacionais da recuperação de crédito, via ganhos de eficiência em seu processo. A Serasa Experian disponibiliza informações e software para a recuperação de crédito, a exemplo do gestor de cobrança. Aliás, aqui está o grande atributo das informações positivas: sua utilização é possível nas diversas etapas do ciclo de crédito, por conta de seu caráter abrangente, também para insumo de modelos estatísticos ou na identificação de fraudes durante processos. O Cadastro Positivo será um divisor de águas na atividade de crédito e ofertará contribuições em todas as suas etapas, gerando com bons resultados para consumidores e negócios. f Francisco Valim presidente da Serasa Experian e da Experian América Latina