financeiro
financeiro nova
arevistadocrédito edição
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Eu acredito
no varejo
O BANCO FIBRA, LIDERADO POR ANTONIO FRANCISCO DE LIMA NETO, APOSTA EM VEÍCULOS E 20 OUTROS SEGMENTOS DE CONSUMO PARA AMPLIAR SUA CARTEIRA
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EDUCAÇÃO FINANCEIRA UM CONSUMIDOR CONSCIENTE VALE MUITO MAIS
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conteúdofinanceiro
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Capa – Entrevista do Mês
Relator do projeto, Maurício Rands, fala
estratégia e expansão rumo ao varejo
sobre benefícios
Varejo Estratégico
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Serasa Experian e Acrefi reúnem
atendimento ao cliente
especialistas para analisar as perspectivas do mercado
Imobiliário 48
Educação Financeira Iniciativa combate o endividamento
foco em pessoas 50
Universo Financeiro Zeina Latif, do Banco ING, disseca um Brasil com a macroeconomia consolidada
seções
PME
12 Rápidas Tudo o que acontece no mercado
Financeiras combatem fraude com uso
14 Livros Obras que você não pode deixar de ler
da tecnologia 38
Raio X Losango mostra na prática a gestão com
Cobrança para chegar ao cliente
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Crédito em Debate
Presidentes de luxuosas marcas abordam
Empresas de recuperação de crédito usam SMS
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Cadastro Positivo
Presidente do Banco Fibra fala sobre mercado e a
Call centers apostam no setor 22
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Gerenciamento de Riscos
artigos
Consultor da KPMG fala sobre nova
30 Leopoldo Pagotto Questão jurídica 54 Alberto Borges Matias Análise e perspectivas
resolução bancária
66 Alencar Burti Última palavra
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expediente
financeiro ISSN 1809-8843
Rua Líbero Badaró, 425 – 28o andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107–7177 Fax: (11) 3106–6082 – www.acrefi.org.br Presidente Adalberto Savioli Vice-Presidentes Arnaldo Alves Vieira, Érico Sodré Quirino Ferreira, José Renato Simão Borges, Marcio Ronconi de Oliveira, Marco Ambrógio C. Bonomi, Sérgio Antonio Cipovicci, Aquiles Leonardo Diniz, Odílio Figueiredo Neto, Bartholomeu Ribeiro e Ricardo Annes Guimarães Secretários Paulo Tabaquim e Sérgio Marra Pereira Capella Tesoureiros Cláudio Messias Ferro e Marcus André de Oliveira Diretores Regionais Athaide Vieira dos Santos, Carlos Alberto Samogim, Elcio Antonio de Azevedo, Felicitas Renner, José Antonio Rodrigues, José Newton Lopes de Freitas, Laécio Barros Junior, Leonardo Marcondes Dadalto, Paulo Henrique Pentagna Guimarães e Pedro Costa Carvalho Diretores-Executivos Gunnar Murillo, Morris Dayan, Sandro Alexandre de Almeida, Edson Froes Castilho, Marc Camp, Mateus Affonso Bandeira, Rubens Bution, Leonel Dias de Andrade Neto e Marcelo Torresi Diretores Conselheiros Eduardo Tavares Nobre Varella, Élcio Jorge dos Santos, Giovani Cataldi Neto, Roberto Bronzere, Paulo Sérgio Borsatto, Nelson Aguiar Junior, Marcelo Barp, Odilon Pereira Guerra e Joelcyr Carmello Filho Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon Membros: Alencar Burti, Ricardo Loureiro, Jorge Hilário Gouveia Vieira, Luiz Horácio da Silva Montenegro, Miguel José Ribeiro de Oliveira, Sergio Antonio Reze e Ilídio Gonçalves dos Santos Conselho Fiscal Efetivos: Domingos Spina, Edson Ueda e David Figueiredo Suplentes: Elpídio Hoffmann, Maria Madalena Américo Marinho e Gilson de Oliveira Carvalho Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Economista-Chefe Istvan Karoly Kasznar Consultor Jurídico Cassio M.C. Penteado Jr. Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial
Rua Novo Horizonte, 311 – Higienópolis – São Paulo – SP Tel: (11) 3125–2244 – CEP 01244-020 – www.gpadrao.com.br Publisher Roberto Meir REDAÇAO Editor-executivo Rogério Godinho Repórteres Felipe Floresti e Juliana Jadon Fotografia Douglas Luccena Arte Editora de Arte Marina Martins Diagramadores Alexandre Braga e Érika Bernal Pré-Impressão Alexandre Lima Revisora Dora Wild Publicidade Gerente Comercial – Marco Góes – mgoes@gpadrao.com.br Gerentes de Negócios Adriana Próspero e Fabiana Zuanon Facilitadoras Ana Chiesi, Fabiana Martins e Patrícia Pinheiro Impressão IBEP Gráfica Ltda. 4 FINANCEIRO abril/maio 2010
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A
A cada dia nos defrontamos com novas situações que nos remetem a abraçar causas que, por vezes, nos parecem instransponíveis. Ante esse desafio renovado, eleito pela segunda vez presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), para o biênio 2010 a 2012, uma questão mais efetiva é o da preparação para o futuro. Dificuldades muitas, mas também inúmeros elementos para otimismo. Ser reconduzido à frente de uma instituição que tem 63 instituições financeiras associadas, sendo 19 independentes de bancos, que respondem por cerca de 90% do mercado brasileiro de crédito, é uma grande responsabilidade. A análise conjuntural da economia nacional, no ano passado, mostra que aumentou muito a importância do crédito na manutenção do nível de emprego e de demanda no varejo. Vários fatores auxiliam nesse ponto: a estabilidade econômica, a solidez das instituições financeiras, da economia brasileira e, principalmente, o aumento de emprego e da renda. Muitos são os países que ainda estão sofrendo os fortes efeitos da crise e poucos, como o Brasil, já a consideram como coisa do passado. Ao lado disso, podemos então fazer uma introdução dos feitos conquistados nessa primeira etapa de trabalho – que é também um modo de refletir sobre o sentido do que ainda podemos construir unidos nos próximos anos.
Um desafio renovado Um dos marcos da primeira gestão foi a implantação de mudanças importantes de percepção em relação à Acrefi. O propósito único foi nossa consolidação como agregadora de serviços para as associadas, as financeiras, com o Acrefi Mais, a criação de novos grupos de trabalho, buscando a melhoria contínua do ciclo de crédito, central de prevenção a fraudes e uma área jurídica de apoio às instituições de menor porte. Além disso, mudamos nossa imagem, com uma nova e moderna logomarca, e implementamos a reformulação completa na forma de gestão da entidade. Neste momento de otimismo, somente o que nos importa é fazer com que a Acrefi cresça com o clima favorável do País, olhando sempre para o futuro da inteligência do crédito, para a educação e o apoio incondicional à liquidez das pequenas financeiras.
Adalberto Savioli Presidente da Acrefi abril/maio 2010 FINANCEIRO 5
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A grande
sacada
Antonio Francisco de Lima Neto, presidente do Banco Fibra Ele trabalhou em bancos durante três décadas, desde que entrou como um estagiário no Banco do Brasil. Antônio Francisco de Lima Neto assumiu em 2009 a presidência do Banco Fibra em um momento único, de grande expansão e mudança de rota. Com origem no setor industrial, o banco foi fundado pela família Steinbruch, de empresas como Vicunha (têxtil) e CSN (siderurgia). Emprestar dinheiro para empresas, nesse caso pequenas e médias, foi o caminho natural. Mas o mercado brasileiro está mudando e apareceram grandes oportunidades. O aumento da renda da população tornou extremamente atraente para os bancos participarem do crédito ao varejo (o que Lima Neto considera “a grande sacada” dos acionistas). Foi a deixa para o Fibra fazer aquisições, entre elas a da Paulicred no final do ano passado, e a Sofisa em março. Lima Neto acompanhou bem essa última, a cada passo, do seu jeito sério e concentrado quando fala de negócios. Entretanto, no cotidiano da gestão, a equipe do Fibra conhece o lado bem-humorado de Lima Neto. Ele chega com o perfil perfeito para um banco que precisa crescer em um segmento novo, mas que tem uma cultura de gestão bem calcada na sua origem industrial. Mas tudo muda de agora em diante. No varejo, o Fibra ainda vai chegar até você. Financeiro O banco teve origem em um grupo industrial. Como isso se refletiu na cultura do Fibra? Antonio Francisco de Lima Neto O banco foi fundado no final da década de 80. Naquela época ele nas-
ceu como a Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM), num negócio bem específico. Os acionistas do banco, a família Steinbruch, são investidores tradicionais no que diz respeito ao lado industrial. Então temos na origem a Vicunha Têxtil – que hoje é uma das principais empresas do setor em que atua–, além também da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), uma das principais siderúrgicas do País, mundialmente conhecida. Há também a questão de investimentos imobiliários. E tem o banco que foi criado naquela época. A instituição derivou logo para o segmento de PMEs por conta de uma consequência natural. Quer dizer, são acionistas industriais que desenvolveram contatos com médias e pequenas empresas. Assim, nada mais normal do que estar no mercado de crédito junto a empresas. Financeiro Como vocês decidiram entrar no segmento de varejo? Lima Neto Há cerca de três anos, o banco que sempre esteve no mercado de médias empresas como instituição de crédito, chegou a seguinte conclusão: é preciso equilibrar melhor a estrutura de negócios. É verdade que somos um banco médio, de crédito e que não fazemos negócios na estrutura convencional de agências dos bancos de varejo. Vale a pena e não é um salto muito complicado ou diferente do que fazemos liberar crédito em ambiente de terceiros para o financiamento de consumo. Antevendo, e está aí uma grande sacada, o ciclo de aumento da renda per capta do País que vem dos últimos seis, sete anos. Então as ações, em consequência desse pensamento, originaram as operações
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Somos um banco que quer crescer, mas com consistência. E esse é o mandamento do acionista
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capaentrevistadomês de financiamento ao consumo no banco. Isso começou há três anos com a aquisição da carioca Lecca Financeira. Foi aí que começou esse plano de expansão. Financeiro Com que tipos de varejistas vocês atuam? Lima Neto Atuamos em dois blocos: os pequenos varejistas regionais, com os quais se disputa colocação com outros provedores e aqueles as quais chamamos de varejistas exclusivos, em que só nós estamos presentes. São mais de 20 segmentos de varejo. É bem equilibrado, nenhum segmento predomina. Financeiro Quais novos segmentos do crédito vocês entraram? Lima Neto Cobrimos o que chamamos de consumo de bens duráveis e semiduráveis. Bom, depois veio o consignado e, mais recentemente, em setembro do ano passado, adquirimos a operação de veículos novos e usados, de R$ 300 milhões, da Paulicredi Promotora de Negócios. E mais recente ainda, em março deste ano, anunciamos a compra da operação de financiamento ao consumo do banco Sofisa. Financeiro Por que entrar no segmento do varejo? Lima Neto Resolvemos comprar porque com o advento do aumento da renda per capta e aumento do consumo e elevação da produção de veículos novos existe uma relação de que os veículos antigos financiam a compra de novos, pois são dados como entrada para a compra financiada. E o pensamento do banco foi: gostamos do financiamento ao consumo, mas não queremos mais ficar só no crédito ao varejista e no consignado. O financiamento de veículos veio a calhar. Hoje são mais de R$ 800 milhões nessa carteira de crédito e um incremento de cerca de R$ 50 milhões mensais. Quando adquirimos a operação da Paulicredi essa produção estava em R$ 25 milhões. Então, em breve, estaremos produzindo mensalmente R$ 100 milhões. Financeiro Qual é a estratégia e raciocínio do Fibra no varejo? Lima Neto O negócio de varejo é diversificado e isso significa que há cada vez mais volume e custos menores proporcional ao volume gerado, ou seja, há ganho de escala, que é
a redução de custos ao longo do tempo com o aumento de volume. O ramo de varejo é isso. Seja num banco grande ou num médio, como o nosso, o varejo precisa de escala. Só que existem dois tipos de banco que operam do varejo. Existe o banco universal do varejo, aquele que tem, digamos assim, uma calda longa de produtos com conta corrente, CDC, plano de previdência, seguro de vida, de automóveis, título de capitalização, poupança, entre outros. E ele distribui isso por meio de agências próprias. Um grande banco de varejo que tem 40 milhões de correntistas, se ele não vender nada durante o dia ainda há 18 mil pontos de atendimento instalados. Então, os correntistas consomem os produtos das agências. E uma agência vende produtos financeiros e não o automóvel ou o eletroeletrônico. E os bancos de varejo criaram financeiras para atender o consumidor do varejo de maneira mais próxima. Como exemplo, numa concessionária de veículos novos estão representantes dos principais bancos, como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil etc., isso acontece num banco grande dentro da financeira. Daí o fenômeno Finasa, Cacique, Losango, Fininvest. Pois bem, eles foram para esse negócio para mostrar que são uma agência e funcionam de segunda à sexta-feira durante o horário comercial. Já o outro tipo funciona nos sábados, domingos e feriados. Somos um banco médio e aqui não há isso. Temos crédito para consignado, crédito para veículos e crédito para varejista. Ou seja, somos um banco focado em dar crédito fora de agência. Financeiro Foco é sempre uma vantagem. Nesse caso, como vai funcionar a favor de vocês? Lima Neto Quando entramos no primeiro varejista, há três anos, pensamos da seguinte maneira: somos um banco que está acostumado a não ter agência e que sabe dar crédito fora desse tipo de ambiente. Agora se fizermos tudo direito e devagar poderemos conceder crédito, com sucesso, no balcão de terceiros. Anos depois, olhamos o mercado de veículos novos e usados, por exemplo, e pensamos que vai ser fácil que o vendedor também conceda crédito na loja. Então, somos um banco médio que não tem de disputar recursos. Há uma grande oportunidade que esse negócio dê certo desde que seja devagar e sempre. Financeiro O crédito para PMEs continua a crescer? Em que taxa?
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Financeiro Estimativas apontam que o que vai crescer mais nos próximos anos é o crédito imobiliário. É possível para um banco como o Fibra explorar esse setor? Lima Neto Sim, e temos interesse. Mas esse, sendo bem franco, é estratégico e os bancos médios precisam de uma estrutura de funding adequada para isso. O crédito imobiliário convencional no Brasil é feito com recurso direcionado. O que está na base disso é a captação da poupança. O governo desenvolveu muitos mecanismos para incentivar captação de longo prazo, securitizações, fundos imobiliários. Em determinado momento vamos entrar nesse negócio, mas de alguma maneira que faça sentido. Neste ano vamos nos focar em consolidar aquilo em que trabalhamos.
Lima Neto O Banco Fibra é dois terços médias empresas e um terço consumo. O segmento de empresas cresce entre 25 e 30% ao ano, o que é bom. Mas o consumo pode crescer muito mais rápido do que isso. Em valores absolutos, está crescendo 1,8 bilhão ao ano. Financeiro A meta é equilíbrio entre empresas e varejo? Lima Neto Sim, o banco sempre será um banco de médias empresas e queremos ser também relevante no negócio de financiamento ao consumo. Financeiro Aonde falta chegar? Lima Neto Estamos aqui para crescer organicamente e adquirir, desde que faça sentido. Quando se há uma boa oportunidade não há como deixar de lado. Estamos em todas as regiões do Brasil. Ainda falta alcançarmos um pedacinho no Centro-Oeste, no Mato Grosso, mas de Manaus até o Rio Grande do Sul já temos atuação com os produtos CDC, veículos e consignado. O último é oferecido por meio de correspondentes. Na parte de CDC olhamos para segmentos e não para geografia.
Financeiro Como foi a aquisição da carteira do banco Sofisa? Lima Neto Começou em 2008, antes da crise, justamente por conta desse interesse. A conversa foi interrompida pela situação da economia mundial e neste ano retomamos as negociações. Começar do zero é complicado. Estávamos aumentando nossos ativos e nosso interesse em veículos. A negociação durou uns três meses, devido aos tramites de analisar o negócio, usamos a área operacional e a jurídica para nos apoiar e tudo isso tem o seu tempo. Financeiro O consignado se tornou importante no mercado de crédito. Tanto que o governo abriu licitação para as folhas de pagamentos dos aposentados para os grandes bancos. Como você avalia esse mercado e o impacto disso? Lima Neto São tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que não há certeza da consequência disso para o mercado. Consequência do tipo as margens vão piorar ou melhorar? Vai aumentar a concentração do crédito ou não? Há desde tabelamento do INSS a comissões que devem ser pagas, movimentos de buscas de exclusividade ou quase exclusividade, os leilões de folhas de pagamento, entre outros. Então, para ser bem franco, esse mercado para nós representa uma carteira de R$ 400 milhões e não é a nossa maior carteira, pois devido às últimas aquisições a nossa maior é a carteira de veículos. Ou seja, é um mercado em que temos presença, mas que está sendo examinado e em que tentamos entender a consequência de todas essas ações, para que possamos operar com uma abril/maio 2010 FINANCEIRO 9
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margem adequada. A interrogação que temos a respeito do consignado hoje não é no sentido negativo, mas sim a respeito do tamanho que queremos ter nesse nicho.
comitê executivo e assumiu a presidência do conselho de administração que, para isso, precisava de um coordenador do comitê executivo e um diretor-presidente.
Financeiro Crédito para veículos se tornou uma carteira essencial para o Banco Fibra. Hoje, as instituições esperam criar novos modelos para ampliar a base C e chegar na D. Como o Fibra pode atuar nisso? Lima Neto Nosso maior cliente é o que compra carros usados com cerca de dez anos. E já um público emergente que, acostumado a andar de ônibus, começa usar o transporte próprio com o primeiro carro. Mas, por outro lado, somos muito conservadores. Em tudo que falamos de oportunidade, nós achamos que temos chance, mas não queremos estragar essa oportunidade com algum problema futuro. Então a cada dia ficamos melhores no varejo. Não queremos fazer carteira por fazer. Tanto que somos um banco que raramente vende alguma carteira. Quando as criamos, queremos que fique conosco. Isso porque queremos criar franquias com o nome Fibra e construir ativos. Não digo que seja errado vender carteiras, mas não está no nosso plano. No caso de venda de veículos financiados, o plano médio concedido contempla 42 meses. Esse negócio de 80 meses não temos. Qualquer coisa que se faz com um ativo que pode não ter essa vida, é um risco.
Financeiro Foi quando você encontrou o Ricardo Steinbruch. Lima Neto Foi aí que nós conversamos. Ele me mostrou o projeto, muito bem estruturado, que vem sendo construído nos últimos anos, como a entrada no varejo. E tudo isso seguindo o interesse do banco e dos acionistas de crescer sempre, com responsabilidade e agregando valor para essa marca Banco Fibra. Está aí o porquê de sermoss um banco de crédito e fazermos crédito muito bem.
Financeiro Qual a influência dos acionistas na cultura de gestão do Fibra? Lima Neto As empresas que estão no grupo pelo lado industrial são muito fortes, líderes mundiais no segmento em que atuam, bem geridas e administradas e com um padrão de governança bom. No banco passamos também por um processo de aprimoramento cada vez maior da governança. Tínhamos já o Ricardo Steinbruch, que exerce a figura de coordenador do comitê executivo do banco nos últimos três anos. E foi uma ação muito benfeita. Financeiro Eles fizeram uma revisão forte na gestão nos últimos anos. Lima Neto Sim, durante três anos foram revistos e corrigidos processos, sistemas e governança preparando o banco para crescer. No ano passado, o Ricardo decidiu sair do
Financeiro Nesse ponto, o seu perfil parecia perfeito para a nova fase do Fibra. Lima Neto Foi nesse contexto que entrei. A minha formação é de banco. Passei quase 30 anos na outra instituição, o Banco do Brasil, bastante à vontade. Não há muita diferença entre os tramites do megabanco e os do banco médio. Há a regulação, o compliance, governança, comitês, segregação, tudo a mesma coisa. Num país que nos dá a certeza de que temos um sistema financeiro muito bom e que pode avançar, é isso. Então o projeto é bom. É uma boa placa o Grupo Vicunha e os acionistas. E o banco é o marca reconhecida nas empresas de médio porte e neste ano lançamos uma placa no varejo, que é a CrediFibra em que a principal motivação é o crédito responsável. O nosso negócio no varejo hoje se chama CrediFibra em todas as suas vertentes. Financeiro Qual o seu estilo pessoal de gestão? Lima Neto Bancos são três coisas: tecnologia, pessoas e gestão de riscos. A partir daí se faz qualquer tipo de banco, seja de varejo, universal ou outro. Mas o que move uma instituição são as pessoas. Hoje não se faz nada só. É preciso lidar com a diversidade da equipe, especialistas nos seus respectivos temas, para que você possa coordenar bem. A melhor forma é fazer juntos. A própria regulação leva a isso. Sou bem exigente, mas também bem-humorado. Costumo dizer: “Vamos remar que o acionista quer esquiar”. Somos um banco que quer crescer, mas com consistência. E esse é o mandamento do acionista. f
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notasmercado
EmprEsas
Crédito
Lucro em dobro
Menos chances de calote
Elas sofreram com a crise, mas se recuperaram dentro de um ano. Um levantamento feito pela Fundação de Desenvolvimento Administrativa (Fundap) com base nos resultados de 222 companhias de capital aberto aponta que as empresas praticamente dobraram sua margem de lucro em um ano. Enquanto no quarto trimestre de 2008 a margem foi de 5,6%, no último trimestre do ano passado esse índice subiu para 10,8%. Segundo a fundação, o real em queda elevou as dívidas em dólar das empresas e forçou as despesas financeiras para 10,7% da receita líquida no início da crise. Já no fim de 2009, caíram para o patamar de 2,5% – quase igual ao registrado entre 2005 e 2007.
Os riscos de inadimplência voltaram ao patamar do final de 2008, isso porque a qualidade de crédito cedido ao consumidor aumentou 0,7% no primeiro trimestre do ano e atingiu a marca de 79,2 pontos, segundo a Serasa Experian. O indicador varia de zero a cem; quanto mais alto, melhor a qualidade. Esse é o segundo aumento consecutivo após o índice atingir a marca mínima histórica de 78,2 no terceiro trimestre do ano passado. Segundo técnicos da Serasa Experian, a elevação está ligada à melhoria no mercado de trabalho, renda dos empregados e capacidade de pagamento dos compradores.
VEíCulos dda
Papel para quê? Seis meses depois lançado, o Débito Direto Autorizado (DDA) evitou que 72,8 milhões de boletos bancários fossem impressos para serem entregues eletronicamente aos clientes – alta de 77% se comparado aos três meses anteriores. Porém, quando confrontado com o primeiro trimestre do sistema, o número de usuários cadastrados não subiu muito. De outubro a dezembro, eram 2,6 milhões de pessoas cadastradas. Ao final de março, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o total estava em apenas 3,2 milhões de usuários. Isso se deve à baixa adesão de empresas, o que muitas vezes faz com que os clientes já cadastrados recebam também a versão impressa. Segundo a Febraban, os bancos devem trabalhar em campanhas de conscientização para que o papel seja, enfim, eliminado.
Vendas crescem 1,94% em fevereiro Carros e mais carros. As vendas da indústria automobilística cresceram 1,94% em fevereiro, na comparação com o mês anterior. Foram comercializadas mais de 349 mil unidades, ante quase 343 mil de janeiro. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 11,96%. No ano, a comercialização acumula 8,24% de crescimento, com 692,2 mil unidades contra 639,5 mil em janeiro e fevereiro de 2009. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
BanCos
Subindo... O Citigroup registrou o maior lucro líquido desde os primórdios da crise econômica mundial. Entre janeiro e março, os dividendos totalizaram US$ 4,4 bilhões – mais que o dobro do obtido no mesmo período do ano passado e o maior desde o segundo trimestre de 2007, antes de a bolha imobiliária explodir. A receita chegou a US$ 25,4 bilhões, aproximadamente três vezes maior que a soma do trimestre anterior.
sEgurança
País lidera lista de ataques Um estudo efetuado pela empresa de segurança virtual Kaspersky Lab mostra que, em 2009, o Brasil foi o alvo preferido das ameaças virtuais cujo principal objetivo é roubar dados e senhas bancárias. A empresa detectou e analisou cerca de 35 mil ameaças diárias ocorridas em dez países. E os computadores brasileiros foram o endereço de 36% desses ataques. Em seguida está a China, com 21%, e Espanha, com 8%.
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Varejo
Pé no freio Com o fim do IPI reduzido para a linha branca e automóveis, o número de consumidores com intenção de compra de bens duráveis para o segundo trimestre do ano diminuiu para 74,6%. Nos três primeiros meses, 77,2% pretendiam adquirir algum produto do tipo. A conclusão é de um estudo com 500 consumidores da cidade de São Paulo feito pela Fundação Instituto de Administração (FIA) junto a Felisoni Consultores Associados. Mas o aumento do imposto não é o único motivo. Além dele, muitos consumidores devem frear os gastos por já estarem amarrados a contas a pagar. Segundo a pesquisa, em média 13% da renda está comprometida com o crediário.
PIB
Quase chinês Acelerou. A economia brasileira cresceu 7,4% em fevereiro, em comparação com o mesmo mês do ano passado. É o que revela o Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica, que aponta também que nos dois primeiros meses do ano o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro já acumula alta de 7,3%. No período de 12 meses, a expansão registrada foi de 1,4%.
Confiança do empresário continua elevada
Apesar da base de comparação ser fraca (o início de 2009 foi de perda para o Brasil), os economistas da Serasa Experian dizem que esse não é o único fator para um crescimento tão robusto. São os efeitos dos estímulos fiscais à compra de bens duráveis e também impulsos de uma política monetária expansionista que favorece o crédito ao consumidor.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) em março de 2010 manteve-se estável e situou-se em 67,7 pontos, apenas 0,1 ponto abaixo do registrado em fevereiro de 2010. O índice mantém-se elevado, com 8,9 pontos acima da média histórica e aponta o momento favorável para a indústria e o consumo.
Os investimentos produtivos aumentaram 24,3%; a demanda das famílias cresceu 10,5%; e as exportações subiram 13,3%. Além disso, a indústria puxou o barco com uma alta de 13,4% e até o setor agropecuário se expandiu, em 2,6% – a primeira após 13 meses de baixas consecutivas.
FalêncIas
aquIsIção
IndústrIa
Menor número desde de 2005 O Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações de fevereiro de 2010 registrou o menor índice de pedidos de falência para micro e pequenas empresas. O número comprova a recuperação das instituições de pequeno porte diante da melhora do cenário econômico brasileiro. Em relação a fevereiro de 2009, a queda registrada foi de 8,6%, de 116 para 106 pedidos. Segundo os economistas da Serasa Experian, a consolidação do crescimento econômico, especialmente a partir do segundo semestre de 2009, juntamente com da redução dos níveis de inadimplência, tanto das empresas quanto dos consumidores, têm proporcionado melhor saúde financeira às empresas, favorecendo o resultado.
BB compra controle do Banco Patagonia O Banco do Brasil e os atuais controladores do Banco Patagonia (Argentina) comunicaram ao mercado que estabeleceram parceria estratégica pela qual o BB passará a deter participação de 51% do capital social e votante em circulação do Banco Patagonia. Para tanto, o Banco do Brasil pagará o valor de US$ 479,6 milhões pela aquisição. De acordo com nota divulgada pelo banco, o pagamento será feito de forma parcelada, sendo 5% do total depositado no momento da assinatura do contrato e 35% no momento da apresentação do registro das ações na Caja de Valores de Buenos Aires em nome do Banco do Brasil. abril/maio 2010 FINANCEIRO 13
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Como cuidar bem do seu negócio Obra aborda aspectos referentes à gestão de recursos financeiros de curto prazo. São tratados, de forma teórica e prática, aspectos relacionados ao capital de giro e sua gestão, bem como a gestão do valor no curto prazo, aspectos tributários e a gestão internacional. Alunos e profissionais serão levados, a partir desses conceitos, a uma sólida formação na área financeira. Livro “Finanças Corporativas de Curto Prazo” Coordenador Alberto Borges Matias Editora Atlas Páginas 285 Preço R$ 68
>> Empresas em foco
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Além da excelência O consumidor de luxo espera mais que um bom atendimento. A expectativa é pela excelência. E para colher bons resultados financeiros não basta ter a melhor grife e localização para a loja, a decoração mais luxuosa e produtos excelentes e exclusivos. Conheça a perspectiva de três empresas do segmento sobre como se diferenciar da concorrência Daniel Sauer, presidente da Amsterdam Sauer “O mercado caminha para o atendimento cada vez mais pessoal. No segmento de luxo esse movimento é ainda mais marcante pelo alto nível de exigência do público. Na Amsterdam Sauer o consultor procura entender cada um de seus clientes, suas verdadeiras necessidades, trabalhando conjuntamente com eles num processo que leva algumas horas, quando não dias. Trata-se de uma relação de confiança, aprimorada ao longo do tempo, e decisiva quando se fala em compras de alto valor. Oferecemos eventos exclusivos com palestras e exposições especiais a pequenos grupos de clientes. Outro aspecto relevante atualmente é a interatividade que os canais de comunicação permitem. Os seguidores no Twitter conhecem em primeira mão os lançamentos da marca, além de acompanharem as novidades e receberem promoções exclusivas. No Facebook o internauta tem acesso às imagens do making-off dos últimos catálogos, links para concursos culturais e outras parcerias da empresa.”
Ari Carvalho, diretor de pós-venda da Mercedes-Benz “Mais do que procurar um produto elitizado, sinônimo de opulência e status, o consumidor está em busca de uma experiência diferenciada, por meio de uma marca Premium. É o luxo em sua face emocional e o atendimento precisa apresentar um apelo mais intimista voltado para a necessidade de sentir-se único. Para essa experiência individual, o contato pessoal com o cliente é a melhor forma de mostrar que os seus anseios estão sendo cuidados por alguém especial, que não só sabe o seu nome, como está disposto a representá-lo. Para novos clientes, a empresa desenvolve uma série de ações especiais, como o lançamento de novos produtos aliados a eventos exclusivos em que as pessoas podem ‘experimentar’ a exclusividade do Mundo Mercedes-Benz. No decorrer do relacionamento com a marca, a Mercedes-Benz trabalha ainda com o gerenciamento dos principais clientes por meio de uma equipe exclusivamente voltada para isso.”
Adriana Tombolatto, diretora de marketing e porta-voz da Montblanc Brasil “Por definição, o conceito do luxo é exclusividade e é nisso que as grandes marcas globais investem para se diferenciar umas das outras. A Montblanc vem se aperfeiçoando em atender e encantar seus admiradores com edições limitadas, com número de série gravado na peça e certificado de autenticidade – algo que está cada vez mais presente na estratégia de lançamento dos responsáveis pelo marketing das grandes grifes. O ponto mais importante do compromisso da marca com o consumidor é o programa conhecido como ‘Bespoke Pieces’, que permite que a pessoa se inscreva para uma entrevista com os criadores do Atelier Artisan Montblanc, em Hamburgo, e descreva como é a peça Montblanc dos seus sonhos. Se ele quiser, pode levar partes de joias de família ou outros produtos com grande significado para serem incorporados à peça que terá o DNA do consumidor, como se fosse a biografia dele.” f 16 FINANCEIRO abril/maio 2010
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O setor de contact center encontra boas perspectivas de negócios no mercado de crédito imobiliário Por Juliana Jadon Tijolos e mais tijolos, casas e mais casas, dinheiro e mais dinheiro, financiamentos e mais financiamentos, oportunidades e mais... A contratação de crédito imobiliário no ano passado foi recorde no Brasil, e o ciclo continua. A Caixa Econômica Federal, impulsionada pelo programa “Minha casa, minha vida”, somou mais de R$ 47 bilhões no quesito. No acumulado deste ano,
terísticas que desejava para o imóvel: apartamento com quatro quartos, mais de 120 metros quadrados, na região central da cidade e num andar acima do terceiro. Caso fosse antigo, que estivesse conservado. Informou também o endereço de e-mail e no mesmo dia recebeu o retorno. Ao ler a mensagem enviada pela Lar Imóveis, ela visualizou sete opções de aparta-
a empresa estima que somente o programa deve financiar R$ 61,5 bilhões. E é esse mercado aquecido, e todo o circuito de negócios que o envolve, que as empresas de contact center querem conquistar. Foi depois de um telefonema de São Paulo (SP) para Belo Horizonte (MG) que a economista Daniela Gomes Pierazolli, de 42 anos, encontrou o apartamento ideal para morar com seus dois filhos. Quem atendeu a ligação foi um profissional do call center interno da Lar Imóveis, imobiliária que atua na capital mineira. Daniela residia há cinco anos na capital paulista e decidiu voltar para a sua terra natal. Um amigo de infância residente na metrópole mineira indicou a empresa a ela. No contato com a imobiliária, na segunda quinzena de janeiro deste ano, Daniela pontuou as carac-
mentos. Não havia fotos, mas os detalhes de cada um estavam descritos. A ideia de criar essa operação interna de atendimento na Lar Imóveis foi do presidente Luis Antonio Rodrigues. No início de 2008, o gestor contratou uma consultoria e solicitou pesquisas trimestrais sobre o impacto de contacts centers no mercado imobiliário. Em fevereiro do ano seguinte, ao ver os resultados positivos nos períodos analisados, o executivo levou o projeto para a empresa. A responsabilidade do setor foi designada a Luciana Cristina Pereira Dinis. É ela quem gerencia os quatro “pequenos contacts centers” da empresa – um na matriz e os outros nas três filiais da imobiliária. A executiva visita no mínimo uma vez por semana cada um, onde trabalham de três a dois atendentes. Esses profissionais atuam
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-se na compra, venda e locação de imóveis. Para treiná-los, foi contratada uma empresa que aborda temas como “Como encantar o cliente no setor imobiliário?” e “Quais as principais características do nicho?”. Uma nova oportunidade
Numa realidade bem diferente, o mercado de crédito imobiliário encontrou a empresa de contact center presente em 17 países, a Atento. Um representante de um dos maiores clientes da companhia, um banco brasileiro, solicitou à fornecedora, em março de 2008, uma solução para apoio na oferta de crédito imobiliário. O pedido englobava todo o ciclo de negócios da operação e a empresa não tinha expertise nessa área no Brasil. Só em outros países. Como o pedido era mais importan-
te para a empresa, foi visto pelos dirigentes como uma oportunidade de se reinventar. Em julho de 2009, Evandro Trus, executivo que já tinha experiência na América Latina, nos Estados Unidos e no Japão nas áreas de vendas, marketing e produtos, ingressou na Atento. Tendo trabalhado antes em corporações como SAP, Unisys e CPM Braxis, a meta de Evandro era expandir o portfólio da companhia no País e apresentar novas criações para o mercado. Como a ferramenta de crédito imobiliário ainda estava em fase de desenvolvimento, Trus deveria participar do projeto e desvendar o novo segmento. O executivo contratou especialistas e estudou o setor desconhecido. Alguns integrantes da equipe visitaram outras unidades da Atento em países que já atendiam o mercado imobiliário. Trouxeram a experiência de fora e incrementaram a ferramenta. Além disso, Trus descobriu dados do segmento com pesquisas em veículos de comunicação. A estimativa de que o mercado imobiliário poderá representar 10% do PIB em 2015 permaneceu na mente do executivo, que disseminou tal expectativa na empresa em reuniões e conversas informais. Ainda em 2008 a companhia conseguiu entregar o pedido ao cliente e hoje a ferramenta abrange cerca de 30 mil contratos por mês do banco e é utilizada pelas equipes de SAC, cobrança, vendas e suporte. Em 2009 os gestores da Atento e Trus queriam ir além. A grande estimativa do mercado imobiliário em ascensão ainda martelava em suas mentes. Queriam lançar algo para todo o mercado e decidiram, numa reunião, reinventar a solução e agregar nela a possibilidade de relacionamento com clientes por meio de múltiplos canais de atendimento (presencial, telefone ou internet – chat e e-mails). Chave
Na Lar Imóveis, depois do treinamento, os atendentes recebem uma lista com dados das pessoas selecionadas para entrarem em contato. Além disso, convidam clientes que estão encerrando algum contrato de aluguel ou compra de imóvel para um café da manhã com os corretores. Além da Lar Imóveis, Daniela entrou em contato com outras três imobiliárias, mas nessas falou com corretores. abril/maio 2010 FINANCEIRO 19
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Evandro Trus, da Atento Brasil, trabalha com a expectativa de que mercado imobiliário representará 10% do PIB em 2015
Eles também mandaram mais detalhes sobre os imóveis por e-mail. No final de janeiro, ela e a família se hospedaram num hotel em Belo Horizonte. No primeiro dia, a economista passou a manhã inteira visitando apartamentos que não condiziam com as propostas dos e-mails enviados pelos corretores. Em um dos casos, foi informada de que o imóvel tinha quatro quartos e na verdade um deles era um quatro de empregada reversível, e os outros apartamentos estavam, a seu ver, em condições ruins. No dia em que foi conferir os apartamentos oferecidos pela Lar Imóveis, ela se surpreendeu. Todos eram semelhantes às descrições. Escolheu o que mais gostou, obviamente. Marcou uma reunião com os proprietários para
acertar detalhes como um armário novo na cozinha, a troca de azulejos e a pintura das paredes. Fechou um contrato de locação de 30 meses e se mudou na véspera do Carnaval. Ao todo foram 31 apartamentos até encontrar algo que poderia chamar de lar. O faturamento da imobiliária no ano passado cresceu 30% em relação ao anterior e os executivos da companhia mineira atribuem parte dessa evolução ao desempenho da área de atendimento. Enquanto os atendentes da pequena imobiliária ajudaram a movimentar em 15% os negócios da empresa e estando Daniela com a aquisição de seu imóvel, Trus lançou a solução da companhia. O anúncio foi feito em março deste ano e o executivo passa pela etapa de conversas com os clientes e esclarecimento da imprensa. Eduardo Noronha, diretor de operações da Contax, não descarta o setor. Apesar de considerar pequena a atuação da empresa no nicho, ele vê o potencial que carrega. Inclusive, um dos clientes é uma construtora. Quando ela lança uma promoção ou novos empreendimentos imobiliários, geralmente voltados para a baixa renda, a Contax disponibiliza o atendimento por telefone. O serviço é usado para o esclarecimento de dúvidas. Aos grandes contacts centers resta a tarefa de reinventar-se para atingir esse nicho do mercado. Uma coisa é certa, não importa qual será o tijolo usado pelas empresas, oportunidades não vão faltar. f
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Cobrança
discreta Na caixa postal do celular, uma mensagem SMS lembra ao cliente de pagar o acordo ou avisa que chegou o último dia para quitar a dívida. Empresa de cobrança descobre que o serviço pode ser eficaz na recuperação do crédito e na redução da inadimplência
Marcelo Gardin, gerente comercial sênior da MBM Assessoria, e sua equipe precisam cobrar 2,5 milhões de devedores que não pagaram cerca de R$ 18 bilhões. Eles trabalham numa empresa de recuperação de crédito. As contas que os inadimplentes deixaram de lado variam entre cinco e 20 anos. Assim, os operadores de cobrança precisam usar diversas ferramentas, como SMS (do inglês Short Message Service), e-mail, carta e a própria ligação telefônica para fazer o seu trabalho. Aos 72 anos de idade um senhor pagou uma dívida que rolava por 22 anos. O fato ocorreu após receber uma mensagem de texto no celular que dizia: “Sr... entre em contato urgente para tratar de assunto de seu interesse. Telefone (11)... e o 0800... para demais regiões do País”. O SMS veio da MBM Assessoria, uma empresa de recuperação de crédito. O episódio, que ocorreu em 2009, foi narrado
por Marcelo Gardin. Na MBM, uso da ferramenta cresce a cada mês e segue uma tendência de mercado. De acordo com dados do Ibope, na ordem de prioridade do consumidor o celular é o segundo maior meio de comunicação do País, e só perde para a televisão. São cerca de 175 milhões aparelhos móveis no Brasil. Mas cobrar o cliente onde ele está por meio de uma ligação pode constrangê-lo. Por isso, em fevereiro deste ano, a MBM enviou 75 mil torpedos contra apenas 48 mil ligações efetuadas. Foi Gardin, da MBM, que idealizou junto a outro funcionário, no início do ano passado, o envio de SMS para os devedores. Eles projetavam uma ação interna na empresa que visava à redução de custos e do envio de cartas e boletos. Além do torpedo, o plano envolvia e-mails. Sediada em São Caetano do Sul, a
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MBM possui filiais no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas atende todo o País. Assim, o projeto do executivo deveria ser amplo. Para convencer a direção, Gardin alegou que os endividados que recebessem as mensagens e as retornassem teriam mais potencial de pagar uma dívida, pois tal atitude demonstraria interesse. Entre as empresas clientes da MBM estão bancos e companhias de seguros e de agronegócio que concedem crédito sobre seus produtos. No final de março deste ano, os 2,5 milhões de devedores dessas empresas já tinham deixado de pagar um total de R$ 18 bilhões. É essa soma que ele e os 65 empregados da companhia trabalham para recuperar, mas com gordos descontos. As pendências que chegam aos operadores variam entre 90 dias de atraso até pouco mais de 20 anos. Gardin se depara com nomes já fora do órgão de proteção ao crédito, por terem ultrapassado cinco anos de pendência, e esses dificilmente se interessam em pagar a dívida. Ainda em 2009, quando Gardin iniciou o processo e contratou uma plataforma da CMA Comunicação, ele não tinha os endereços de e-mails e os telefones celulares dos consumidores inadimplentes. A informação que vinha das empresas era desatualizada. Contato telefônico antigo e inválido era informação comum. O passo seguinte foi contratar uma empresa que atualiza e enriquece os dados dessas pessoas. No caminho
Como as mensagens são destinadas aos clientes das empresas contratantes da MBM, principalmente instituições financeiras, ambas possuem acesso ao banco de dados das companhias. Após receber uma solicitação como a seguinte mensagem “envio de SMS para todos os clientes com fatura do cartão de crédito com 60 dias de atraso e pendência acima de
Marcelo Gardin, da MBM Assessoria, envia o código de barras dos boletos de cobrança por SMS
R$ 100”, Gardin separa os que possuem contato de celular e filtra ainda outros pontos levantados pelas empresas. O envio das mensagens de texto envolve três modalidades: a própria cobrança, o lembrete de um acordo efetuado dizendo que chegou o último dia para quitá-lo ou ainda o lembrete da quebra do acordo – caso o cliente não pague o combinado até a data ajustada junto à central. Tudo deve caber nos 160 caracteres do SMS, até mesmo o código de barras do pagamento caso o cliente queira extinguir a dívida logo depois do contato com as centrais de atendimento. O contato telefônico ainda é a ferramenta mais eficaz no processo de cobrança, mas o SMS conquistou espaço. Na MBM de cada dez acordos fechados, quatro vem de ligações dos operadores, dois de e-mails, dois de SMS e dois são provenientes da URA (Unidade de Resposta Audível). E a carta que os funcionários de empresa de recuperação de crédito mandavam via Correios, agora chega ao cliente reduzida nos 150 caracteres do SMS ou por e-mail. Em fevereiro deste ano, a MBM tinha uma lista com 250 mil inadimplentes que receberam e-mails. Atualmente, cerca de 30% desses devedores fazem parte da ação que usa o SMS e a previsão é que ainda neste ano cerca de 50% dessa base esteja incluída na ação. A empresa já obteve o retorno de 22% dos que receberam a mensagem no celular, pois demonstraram interesse em obter mais informações ou negociar. Nesse período, o uso do papel para impressão de boletos caiu em aproximadamente 20%. Exemplo de que essa nova modalidade de cobrança realmente faz diferença pode ser visto no caso do senhor de 72 anos, que quitou a pendência motivado pela mensagem SMS. Depois de lê-la, ligou para a MBM. O atendente explicou a ele que a dívida ainda existia, apesar de o nome dele não constar mais na lista do órgão de proteção ao crédito, a Serasa. Caso quisesse tomar crédito novamente naquela financeira, ele não conseguiria. Surpreso, esse cliente fechou o acordo e pagou a dívida, com desconto, de valor não divulgado. f abril/maio 2010 FINANCEIRO 23
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educação financeiracrédito consciente
Cofrinho
cheio Mais do que para incentivar a economia e o investimento, a educação financeira entra na vida do cliente bancário para combater o endividamento
Na planilha de gastos do mês está o carro financiado em 80 vezes, a casa adquirida em 30 anos, o aluguel do contrato de dois anos, o condomínio, a escola dos filhos, o gasto do mercado, o pagamento da diarista, o convênio médico da família, a TV paga... A lista parece não ter fim ao pai de família e a soma de despesas dessa vez não coube no seu orçamento mensal. A situação é comum. No País, cerca de 80% das pessoas dizem manter controle de seus orçamentos, mas uma em cada duas já passou, no mínimo, por algum aperto no final do mês. Especialistas em educação financeira alertam: a expansão do crédito é boa para a economia, mas é preciso ter cuidado. A facilidade na obtenção de financiamento e empréstimo pode se tornar uma armadilha para o consumidor, que na ânsia de comprar o produto desejado, pode se endividar.
Segundo peritos em educação financeira, não existe segredo miraculoso como solução. A saída é simples: planejamento e controle dos gastos. O diretor adjunto de produtos e financiamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ademiro Vian, dá a velha dica: “Pegue o orçamento e faça uma planilha para pregar na porta da geladeira e olhar e se espelhar diariamente”. Simples, mas não fácil. Para manter a conta bancária no azul, o consumidor precisa saber exatamente para onde foi cada centavo que gastou, seja em pequenas ou grandes despesas. “Sempre aparece uma viagem para a praia, um bom vendedor que oferece aquela TV de LCD em 80 vezes. É muito fácil pegar um crédito, então as tentações são grandes”, conta. Segundo Vian, no caso de financiamentos de longo prazo, para a aquisição de um item de valor elevado,
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Por Felipe Floresti e Juliana Jadon
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Como o consumidor se sente ao financiar a compra de: (% muito seguro) 68
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o consumidor deve calcular uma reserva de dinheiro e se prevenir ainda para possíveis eventualidades. Um estudo realizado pela Febraban aponta que a maioria da população vive no “fio da navalha”, ou seja, calcula os gastos de longo prazo para que caiba exatamente no salário do final do mês, se esquecendo que invariavelmente os preços de despesas como IPTU, IPVA, transporte público e aluguel sobem antes do salário. O que cabe hoje no bolso pode deixar a carteira vazia em seis meses. Quando a situação aperta, o perigo então é o uso de serviços de crédito de curto prazo dos bancos. Segundo o especialista, cheque especial só deve ser utilizado em casos extremos e por poucos dias. Caso seja inevitável, o ideal é procurar seu banco e solicitar o refinanciamento da dívida a juros mais baixos. Já com o cartão de crédito, de acordo com ele, o segredo é sempre pagar o total da dívida. Se realizar somente o pagamento mínimo, quando perceber o
valor gasto com o pagamento de juros já terá superado o valor da compra. Segundo Vian, para um indivíduo manter as finanças em dia ele não deve evitar o consumo, mas fazer isso com cuidado e planejamento. “Comprar é bom, é progresso. A pessoa fica satisfeita em consumir, gera emprego, impostos, a economia anda”, diz. “Mas a receita não aumenta de acordo com as despesas, então não tem jeito. Tem que tirar de um lado para por do outro”. Para facilitar a vida do cliente bancário, a Febraban investiu R$ 7 milhões e lançou o portal www.meubolsoemdia.com.br. Lá, por meio de um simulador de compras, o consumidor pode planejar gastos, obter informações sobre o uso consciente do dinheiro e a respeito de produtos e serviços bancários. Jogos interativos também estão disponíveis no web site do banco para incentivar o consumo consciente. Não faltam incentivos para economizar o dinheiro e encher o cofrinho. Agora só depende do próprio consumidor.
Foco no cliente Chega de clientes insatisfeitos! O Grupo Santander ajudou os funcionários a prestarem mais atenção nas reclamações dos clientes e os colocou na frente de especialistas em direitos do consumidor da própria Fundação Procon e de outros órgãos. No dia 11 de março, mais de 200 pessoas estavam com os ouvidos atentos durante o encontro “Diálogo Aberto”, no próprio prédio do banco. Criado pela instituição financeira, em 2009, o programa “Diálogo Aberto” foi estendido a todo o Brasil durante a Semana do Consumidor (de 11 a 15 de março). O evento começou em São Paulo e seguiu para as metrópoles Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo
Horizonte e Recife. O bate-papo tratou de temas desde a ética e a relação dos funcionários com os clientes até a comunicação por meio das redes sociais. Marcelo Linardi, superintendente do SAC e da ouvidoria do Grupo Santander Brasil, encabeçou a iniciativa ousada após receber diversas reclamações. Ele sabe quais são os principais problemas não solucionados pelo Serviço de Atendimento ao Cliente, mas desconhece os que chegam ao Procon antes da ouvidoria fazer o trabalho dela. O objetivo do evento, portanto, é que as falhas sejam apontadas por quem, de fato, sabe onde elas estão. E não há como negar ou rebater, mas, sim, encontrar oportunidades de melhorias.
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Grupo Santander educa os funcionários para melhor atender os consumidores e evitar erros
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Marcelo Linardi, do Santander, ouve especialistas apontarem problemas de clientes não resolvidos pela instituição
No primeiro dia do encontro, em 11 de março, Linardi anotou em seu bloquinho cada um dos erros apontados por Gisela Dimona, superintendente do Procon do Mato Grosso do Sul, advogada e especialista em direito do consumidor. Participaram do painel outros expertos, como um dos criadores do Código de Defesa do Consumidor, Geraldo Brito Filomeno. O executivo do Santander mediou o encontro e ressaltou o que julgava mais relevante entre os pontos levantados. Uma jornalista convidada para também falar à plateia, sentada em sua cadeira sobre o palco apontou: “Vocês, bancos, estão dando crédito sem serem claros a respeito do juro que será cobrado se o cliente pagar só o mínimo da fatura do cartão. E essas reclamações chegam semanalmente ao jornal”. Após o evento, quando Linardi chegou ao banco, se reuniu com outros executivos e disseminou os escorregões. Ele acredita que o mesmo foi feito por outros participantes do programa. A ideia é que continuassem o diálogo por mais algumas horas em suas salas ou posições de atendimento com aqueles que não estiveram lá. Dessa maneira, segundo o executivo, o processo de melhoria é contínuo. Os resultados da ação já podem ser observados. Segundo o banco, após a primeira edição do “Diálogo Aberto”, em outubro do ano passado, o número de reclamações caiu. Além disso, o Santander aproveitou a experiência para aprimorar o atendimento junto ao Procon. De acordo com a entidade, na média nacional, 85% das reclamações contra bancos são resolvidas sem abrir um inquérito, bastando para isso um telefonema ou uma orientação ao cliente. Mas o Santander superou a maioria apresentando índice de 92% de resolução. Uma das metas do banco para 2010 é inaugurar 600 agências, mas os dirigentes da companhia não querem tropeços. Ao encerrar o encontro, Fernando Martins, vice-presidente da marca, enfatizou que a imagem do grupo deve corresponder a sua verdadeira identidade. E essa, ele e Linardi esperam, que seja feita de mais acertos do que erros. f abril/maio 2010 FINANCEIRO 29
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artigoquestão jurídica
O papel das instituições financeiras no combate à corrupção Considerada por muitos a segunda profissão mais velha da humanidade, a corrupção tem sido apontada como um cancro que corrói o funcionamento da sociedade. Moralistas denunciamna com frequência por corroer o tecido social, enquanto políticos usam o discurso do Por Leopoldo Pagotto combate à corrupção para se eleger. No raciocínio dos corruptos, a manutenção das vantagens financeiras obtidas é um dos objetivos principais, mesmo quando os criminosos são detectados e punidos. Alterar essa variável é peçachave do combate à corrupção. Aqui entra o papel das instituições financeiras. Como ocorre com a repressão aos ilícitos de corrupção, a lavagem de dinheiro é um problema transnacional, cuja criminalização é recomendada por diversas organizações internacionais e agrupamentos informais, tais como a Organização das Nações Unidas e o Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro (Gafi/FATF). No Brasil, o combate à lavagem de dinheiro adquiriu relevância com a assinatura da Convenção de Viena em 1988. Para aperfeiçoar a cooperação internacional, foi aprovada a Lei n° 9.613/98, que define o crime de lavagem de dinheiro e estabelece medidas para combatê-lo. Nesse sentido, o dispositivo legal criou o Departamento de Combate a Ilícitos Cambiais e Financeiros no Banco Central e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Ministério da Fazenda. A ferramenta mais importante de detecção de práticas de lavagem de dinheiro é o sistema de comunicação de operações suspeitas. Ele é
fundado na obrigação de informar que é atribuída a alguns agentes econômicos-chave, tais como instituições que operam no mercado financeiro e de capitais, sendo elas legalmente obrigadas a cooperar com o combate. Apesar do debate sobre a definição do que seria uma atividade suspeita e o que constituiria “sérios indícios” para os fins de comunicação obrigatória, no caso das denominadas “pessoas politicamente expostas” (do inglês, politically exposed persons) há uma preocupação maior – por estarem em posições sensíveis em que possuem mais chance de se envolverem com corrupção de maior envergadura. Desse aspecto, a confidencialidade das informações bancárias é um ponto sensível relacionado ao combate à lavagem de dinheiro. As autoridades competentes têm acesso a informações bancárias, com a obrigação de sigilo e de utilização exclusiva para fins de supervisão, sob pena de responsabilidade administrativa e penal. Se por um lado essas medidas representam avanços no combate à corrupção, por outro argumenta-se que há violação à proteção constitucional de dados, fato que vai de encontro ao sigilo bancário. A atuação do Coaf ainda é tímida, mas o número de rastreamentos cresceu nos últimos anos. Mesmo que essa performance indique melhorias na capacidade de rastreamento do órgão, não permite mensurar o quanto é eficiente, pois depende de como outras autoridades tratam as informações recebidas. f Leopoldo Pagotto é advogado da Xavier, Bernardes, Bragança, Sociedade de Advogados
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Por Juliana Jadon
Credibilida Seu cliente pode não ser ele mesmo. No ano passado, uma moça de Pernambuco recebeu diversas ligações de uma assessoria de cobrança dizendo que deveria pagar suas faturas do cartão Tent Beach, rede varejista de produtos surfware brasileira. Ao dizer que a conta não era dela e que nem sequer conhecia a marca, o operador insistiu ao informar que deveria quitá-la mesmo assim ou seu nome seria protestado. A moça acionou o advogado e entrou com uma ação con-
tra a loja por danos morais. Ela venceu e a Tench Beach perdeu R$ 3 mil com o erro. Nesse caso, alguém efetuou a compra com um RG falsificado semelhante ao dela. A história foi narrada por Cíntia Gordon, gerente da Kombai Card – administradora de cartões da rede. Em 2007, a rede sofreu 150 processos que, como esse, lesaram a corporação de alguma maneira. Para reverter a situação, lojas e financeiras adotam soluções tecnológicas que redu-
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Lojas e financeiras tomam mais cuidado na hora de conceder crédito e adotam ferramentas tecnológicas para ajudar. Afinal, a fraude pode partir do próprio cliente ou consumidor
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zem o número de fraudes na concessão de crédito e agilizam o tempo de aprovação. Foi em 2006 que a Tent Beach colocou o cartão bandeirado em suas lojas. Para ter o produto, os clientes preenchem uma proposta e já no mesmo dia, cerca de 20 minutos depois, podem realizar a primeira compra no valor de R$ 170. O limite é de R$ 800. Naquele ano, sem uma política adequada para concessão de crédito, 17% dos cartões eram fraudados, ou seja, o portador não era a pessoa do RG informado ou algum dado importante para sua localização, como endereço e telefone, estava adulterado. Cíntia pesquisou o assunto e descobriu que casos de documentação falsa muitas vezes começam quando fraudadores se aproveitam de pessoas com pouco conhecimento, que residem em vilas e aldeias espalhadas no interior do Brasil. Eles se apresentam como alguém que trabalha para o governo e dizem que precisam tirar um novo documento. O fraudador entrega um falso no lugar do verdadeiro e usa o correto para tomar crédito.
O cliente decidido já sabia a cor, modelo, acessórios, enfim, tudo o que era necessário para o automóvel sair completo da loja. O concessionário, satisfeito com a conquista, pedia os documentos de praxe – RG, CPF, comprovante de renda e residência - para o possível comprador. Fazia ainda um contrato no qual o cliente assinava o interesse pela aquisição. Essa é a realidade de muitas empresas e lojas que fazem negócio a prazo. Com todos esses documentos em mãos, os levava ao scanner da empresa e fazia cópias, às vezes duas vias, de cada um. Só esse ato levava até 20 minutos, pois outros funcionários também utilizavam o mesmo equipamento. Já segurando um calhamaço de papéis, com cerca de 17 folhas, separava os que seriam encaminhados para a central da Omni Financeira, na mesma cidade, e os colocava em um malote. O motoboy geralmente passava uma vez por dia e os apanhava junto aos outros montes. A Omni está presente em 1,8 mil municípios nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e conta com 73 agências. Cada região possui uma central. Alguns destes papéis eram enviados pelo correio, na qual a cobrança do serviço era
O ingênuo morador do vilarejo vira, sem querer, um laranja – pessoa que concede seus dados e documentos para que outra faça negociações ilícitas. Esse tipo de fraude é um dos mais comuns listados por Cíntia e é denominado Fraude com Documentação Falsa. Segundo ela, o mesmo fraudador cometeu ainda uma Fraude ao Órgão Público, na emissão do documento falso.
feita de acordo com o peso. Até saber da aprovação vinda da matriz poderia demorar mais quatro dias. Com a delonga, o concessionário corria o risco de perder sua venda e a Omni poderia ver o cliente escolher a concorrência. Se fosse um refinanciamento, esse mesmo concessionário precisava também fazer a vistoria do automóvel – fosse esse veículo de passeio, moto ou de carga pesada, como caminhão – e pedir os comprovantes de pagamentos de impostos e multas. Caso o cliente apresentasse sinais de que não aguardaria o tempo de aprovação, havia outra saída. O vendedor também enviava a documentação via fax. Quando isso ocorria, Joaquim Mello, gerente de auditoria e inspeção da Omni Financeira, era solicitado para
a de dolosa Quase parado
Para combater o mesmo tipo de fraude, a Omni Financeira, especializada no financiamento e refinanciamento de veículos, perdia clientes. O vendedor de carros já tinha o ok do cliente para a compra parcelada, mas ainda faltava muito para saber se a aquisição realmente seria concluída.
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fazer uma rápida análise dos documentos. Mas ver nas entrelinhas de borrões e cópias pouco semelhantes ao apresentado na loja, fazia Joaquim e sua equipe opinar como que de olhos fechados. Quando ele ali não via nenhum tipo de fraude, mas existia, a empresa em que trabalhava podia sofrer dano. As fraudes poderiam estar em documentação falsa, até mesmo comprovante de renda ou residência que apresentam caracteres parecidos com os originais. O comprador poderia ter o salário incompatível. Há um ano e meio Mello ingressou na Omni Financeira para gerir as áreas de auditoria e inspeção. No início de 2009, ele sabia que com scanners e mais alguma solução de mercado, validaria melhor os documentos. Mas teria de contratar gente específica para isso e comprar servidores para armazenar tantos documentos digitalizados. Trabalhar assim sairia caro para a Omni e Joaquim sabia dessa inviabilidade. Mello não diz quantos eram os clientes da Omni, é política da empresa não divulgar, mas ressalta que esses geravam muitas cópias.
Em março do ano passado, Mello procurou outras soluções no mercado com preços mais acessíveis. Encontrou ferramentas atreladas a crédito, mas a própria Omni já possuía uma que julgavam de qualidade. No dia 19 de maio de 2009, como lembra bem, fez uma reunião com o presidente e dois diretores da companhia. Ele apresentou a solução que encontrou na busca. Era a Safe Doc, da Acesso Digital. Para Cíntia, da Kombai Card, a solução foi a mesma. Procurada pela equipe da Acesso, ela apresentou a ferramenta para os gestores. A Acesso enviou consultores que ajudaram em todo o processo na Tent Beach e na Omni. Com webcans instaladas na lojas, Cíntia inibiu os fraudadores pois geralmente a pessoa que apresenta documentação falsa tem medo de ter sua imagem registrada por meio de foto ou filmagem. A implantação da solução foi iniciada em novembro de 2008. A equipe da Acesso Digital treinou os funcionários. Com a solução da Acesso, a empresa mostra toda a documentação via Safe Doc. Assim, o custo do processo
Cintia Gordon, da Kombai Card Redução de dano em 95%
caiu cerca de 60%. Na Tent Beach as fraudes caíram 95%. As 32 lojas da rede e mais duas franquias possuem o sistema. São cerca de 80 mil cartões, 70% ativos – que gastam, em média, R$ 100 por mês. No mesmo ano, o número de fraudes caiu, porém restaram cinco processos em aberto referentes ao ano anterior, que provavelmente gerarão condenações. Este ano, a empresa tem apenas um processo. Na Omni, em um mês, instalaram scanners semiprofissionais, desktops e a solução da Acesso – já programada para a captura da imagem e envio para central de custódia de documentos - nos 74 correspondentes espalhados pela capital paulista. Além da agilidade na concessão do crédito, a solução da Acesso Digital reduziu em 80% os custos com cópias, armazenamento de arquivo e logística na empresa que Mello atua. As cerca de 13 mil caixas repletas de documentos será 1,5 mil em dois anos. A estimativa é feita por Mello, baseada no fato de que depois de cinco anos do contrato, ele caduca e aí as cópias dos documentos são descartadas.
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Mais rápido e seguro
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Quando Cíntia soube do acontecimento com a moça de Pernambuco, no final de 2009, imediatamente verificou os dados via Safe Doc. Além de portar os documentos solicitados, também era preciso maioridade e ter renda mínima de R$ 300. A documentação que tinham dessa aquisição era desconfiável. Hoje, todas as lojas possuem uma multifuncional. O tempo gasto na aprovação do cartão passou de 20 para 10 ou 15 minutos, no máximo. Mello e a Omni também ganharam eficiência e tranquilidade. O tempo de aprovação de uma aquisição parcelada é três minutos, gastos a partir do momento em que o tomador entrega os documentos. Além disso, a Omni agora gasta menos. Os custos com logística, cópias, armazenamento de arquivos e pessoas caíram 80%. As 17 cópias viraram seis (estas ainda são importantes para validação dos contratos). Hoje, o cadeado para Mello e Cíntia é digital. Dinheiro voador
A Acredita, financeira de Leonardo Simões, perdeu R$ 450 mil devido a fraudes na concessão de crédito nos
seus três primeiros anos de existência. Simões fundou a mineira junto ao seu pai em 2003. Ele é o sócio majoritário. Antes disso, trabalhou em outras empresas da família e teve uma fábrica de molhos e temperos. A ideia surgiu ao ouvir amigos que trabalhavam no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) falarem sobre fomentar o crescimento econômico do País e, ao mesmo tempo, ganhar dinheiro. No começo a Acredita concedia na maioria (70% da carteira) Microcrédito Produtivo Orientado, aquele voltado a pequenos empreendedores que normalmente moram em lugares afastados, como comunidades, e que vão investir em algo que deve dar retorno financeiro. Esses, às vezes, faziam parte da população desbancarizada e informal do País. Para chegar a esse público, das classes C, D e E, Leonardo contratou 15 agentes de crédito. Eles, além de atender os interessados por telefone, visitavam as comunidades mineiras e ofereciam crédito aos moradores. Assim, os pequenos sonhos poderiam se tornar realidade. Ter uma barraca de cachorro quente ou de pipoca seria viável. Vender sorvete na praça e doces em frente a uma escola, também. Mas de sonhos não se sustenta a economia. E se um fiscal do governo não permitia mais que Seu João, por exemplo, vendesse suas pipocas no parque, ele perdia sua fonte de renda. O microcrédito produtivo tomado por Seu João passava, assim, a ser desorientado. Esse possuía, desde a sua fundação, um sistema de análise de crédito que não cruzava informações dos interessados. Não verificava, por exemplo, se o Seu João realmente morava no endereço informado, se ele tinha o nome protestado ou se sua documentação era verdadeira. “Era um sistema falho”, recorda Simões. Quem analisava a possibilidade de conceder crédito eram os operadores. Simões confiava a verificação dos dados em órgãos, como Serasa, Clube dos Lojistas (CDL) e Banco Central do Brasil. Com essa maneira de trabalhar, algumas pessoas que tomavam crédito simplesmente sumiam. Simões investiu em especialistas para encontrá-las e lá se ia mais dinheiro. Com a perda dos primeiros anos, Simões precisava mudar o rumo. Transformou-a em banco para micro e abril/maio 2010 FINANCEIRO 35
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Joaquim Mello, da Omni Financeira, visualiza os documentos dos clientes na tela do seu computador
pequenas empresas. Essas, mais exigentes, precisam de agilidade quando solicitam de capital. Liberar o crédito no início demorava até cinco dias devido à apuração mais rigorosa dos analistas de crédito. O ticket médio por crédito tomado se tornou R$ 20 mil. O limite é de R$ 250 mil, 5% do patrimônio liquido do banco, graças à Resolução n° 3567/2008 do Conselho Monetário Nacional. Com resposta positiva ou negativa os operadores entravam em contato com a clientela. Em agosto de 2008, o Departamento Comercial da Crivo entrou em contato com o gerente-geral da Acredita. Mandaram-lhe também uma fita demo sobre o sistema de crédito da empresa. A diretoria se interessou em fazer esse controle da análise de crédito.
Com a mudança do público-alvo e a evolução tecnológica as fraudes caíram para 1,8% no banco. Hoje, a mesa de crédito – nome dado para a operação –, é composta por três analistas com capacidade produtiva 15 vezes maior que os primeiros 15 operadores. Em 2009, o banco dobrou sua carteira para R$ 12 milhões de ativos. Para 2010, a meta de Simões é mais audaciosa: mais que triplicar a carteira de crédito e somar R$ 49 milhões. O ticket médio por contrato deve passar para R$ 150 mil. Para isso, agilidade, qualidade da informação e segurança são os fatores principais. Este ano Simões pretende integrar o sistema da empresa com o Crivo. Assim, os operadores não vão precisar usar as duas plataformas e o ganho operacional será ainda maior. Haja segurança. f
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gerenciamentoderiscosKPMG
Menos
arriscado
Resolução aprovada pelo Conselho Monetário Nacional define que bancos criem uma estrutura de gerenciamento de risco de crédito até outubro deste ano. Medida deve melhorar a qualidade do crédito concedido pelas instituições
Se você for um cliente que sempre pagou as contas e taxas do banco de relacionamento em dia deve querer, no mínimo, ter alguma vantagem com isso. E de outro ângulo, o banco certamente também quer fazer algo em seu benefício e fidelizá-lo. Tudo bem, você já faz parte da categoria de clientes preferenciais, com taxas diferenciadas e outras vantagens acima da maioria, mas conquistou isso pelo seu perfil. A novidade agora é que o Conselho Monetário Nacional aprovou a Resolução n° 3.721, que obriga as instituições financeiras a implementarem uma estrutura de gerenciamento de risco de crédito internamente até outubro deste ano. E assim os clientes que sempre pagaram as contas conforme os prazos previstos terão seu histórico retratado de forma clara dentro da Carlos Gatti, da KPMG, aponta que nova estrutura ajudará os bancos a diminuírem o nível de inadimplência dos clientes
instituição e também poderão usufruir de menores tarifas, segundo especialistas. Na prática, a estrutura de gerenciamento de risco funciona como um Cadastro Positivo institucional, mas é mais do que isso. Busca ainda reforçar a solidez do sistema financeiro por meio da melhoria no gerenciamento do risco de crédito e exige políticas que estabelecem limites de exposição a esse risco. Para Carlos Gatti, sócio da área de serviços financeiros da KPMG no Brasil, o documento é resultado de uma tendência internacional e, no País, ocorreu para oficializar algo que já era feito por grandes conglomerados financeiros, pois integra o cronograma de implementação de Basileia II no Brasil. Assim, a norma complementa o conjunto de medidas já adotadas pelo Banco Central sobre gerenciamento de risco de mercado, operacional e o de liquidez. Por isso, o consultor avalia que o impacto da preparação não será grande nos bancos de maior porte. Já os bancos de pequeno e médio porte, que ainda não tinham uma estrutura adequada de gerenciamento de risco de crédito, terão bem mais trabalho para se adequar. As instituições financeiras também vão se dar bem. A norma define a possibilidade de perdas associadas à inadimplência e à deterioração da qualidade do tomador. “Com a melhoria do gerenciamento de risco interno os níveis de inadimplência poderão ser controlados de maneira mais eficaz”, estima Gatti. Bom para os bancos, bom para os clientes. f
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cadastropositivo
Nome limpo na praça Relator do Cadastro Positivo, Maurício Rands fala sobre o desafio de emplacar o projeto e os benefícios que podem trazer ao consumidor e ao mercado
Por Juliana Jadon
Financeiro Quais são os principais desafios como relator do projeto? Maurício Rands O desafio é convencer a maioria na Câmara dos Deputados. Opiniões divergem, pois cada deputado tem a sua visão. O corpo desse projeto complexo, com tantos artigos e detalhes que nem sempre fazem parte do cotidiano de cada parlamentar, o tornam difícil. Em tese todos são favoráveis, mas cada um quer acrescentar algo e, nesse caso, como diz a sabedoria popular “o diabo mora nos detalhes”. Para atender às minúcias, ouvi as entidades que atuam em defesa do consumidor, as instituições que lidam com o crédito, conversei com os deputados e fiz um substitutivo que incorporou sugestões que surgiram em algum desses debates. Agora, é um projeto muito bem debatido e que foi originado pelo deputado Bernardo Ariston. O substitutivo foi uma síntese de todas as ideias que surgiram no debate,
tanto fora da Câmara quanto na tramitação nas comissões do Conselho da Justiça, Defesa do Consumidor, Finanças e Tributação, e finalmente no Plenário da Câmara dos Deputados. Espero agora que seja aprovado pelo Senado Federal. Financeiro Quais os tipos de pressão o senhor recebe da sociedade em relação à questão da privacidade? Maurício Rands A privacidade está garantida. Se a pessoa não autorizar que os dados sejam inseridos no Cadastro Positivo, não serão abertos. O substitutivo atende à preocupação dos que zelam pela privacidade, como eu. Entidades de defesa dos consumidores queriam, por exemplo, que eu retirasse do projeto contas básicas, como água e luz. Eu retirei. Instituições que não queriam a comunicação do registro negativo com aviso de recebimento, porque onera o sistema. Eu esperava pressões. Fazem parte do processo democrático. Dei-me bem com todos e levei ao Plenário um texto que julgo poder melhorar a legislação brasileira. f
Foto: Wendel Lopes
O deputado federal pernambucano Maurício Rands (PT), de 46 anos, foi considerado em 2008 um dos dez parlamentares mais influentes do Congresso Nacional. É ele o relator do substitutivo do projeto de lei sobre o Cadastro Positivo do Consumidor, aprovado no plenário da Câmara dos Deputados com 307 votos favoráveis. Agora, ele aguarda o parecer do Senado. Acompanhe a entrevista exclusiva: Financeiro Como o consumidor será protegido? Maurício Rands Inseri no projeto salvaguardas para os consumidores. Uma é o direito de o consumidor reclamar o registro errôneo. Criminaliza o comportamento do banco de dados que efetua um registro irregular não correspondente à verdade. Também punimos a divulgação das informações pessoais não-autorizadas. A punição varia entre um e três anos de reclusão. Em cada caso deverá ser apurado quem foi o responsável por liberar a informação.
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Brasil em
debate
Evento realizado pela Acrefi e Serasa Experian reúne especialistas que discutem os benefícios e desafios para o setor financeiro em 2010 Por Juliana Jadon Um Brasil que recuperou o mesmo patamar de crédito do período pré-crise e para o qual todas as previsões apontam que o cenário econômico deve melhorar ainda mais. Esse país alavancado e os principais fatores que constroem essa economia foram retratados durante o evento
“Crédito em Debate”, em abril deste ano, numa realização da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) junto à Serasa Experian. Acompanhe os principais pontos e desafios levantados durante o encontro que remetem ao crédito nacional.
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O mercado Adalberto Savioli, presidente da Acrefi, fez a palestra de abertura do evento e observou que quando cresce o crédito um ciclo favorável é gerado para toda a cadeia produtiva. Assim, indiretamente aumenta o número de pessoas empregadas no País. Somente no acumulado deste ano, serão dois milhões de novos postos de trabalho. E quando aumentam os níveis de emprego eleva-se também o consumo. Por outro lado, segundo ele, é preciso tomar cuidado na concessão e gerenciamento do risco. Crédito de longa data pode trazer problemas, por exemplo, no mercado de veículos. “O alongamento de prazo para o mercado de automóveis é altamente danoso, à medida que esse bem é depreciável e perde valor de mercado no decorrer do tempo”, considera Savioli. Outro produto que teve aumento na adesão foram os cartões de crédito. Savioli lembra que o índice de aprovação do plástico ainda é baixo e a maior parte da receita vem de onde há maior risco. O tomador, nesse caso, é aquele consumidor que usa o cartão como crédito mes-
mo, porque o dinheiro que tinha para passar o mês já acabou. “Esse é o mesmo perfil de cliente que costuma pagar só o mínimo do cartão. Para se ter ideia, 27% dos usuários de cartões de crédito no País estão com inadimplência acima de 90 dias”, conta.
Adalberto Savioli, presidente da Acrefi, observa que aumento do crédito gera ciclo favorável para toda a economia
Segundo estimativas do Banco Central, o endividamento médio do brasileiro está em trajetória ascendente e já atinge quase 35% da sua renda anual disponível. E 22% desse orçamento é comprometido com juros. A tendência de se elevar no médio prazo, pois o Banco Central deverá começar a subir a taxa básica de juros. Quem sempre efetuou os pagamentos em dia poderá se beneficiar de taxas de juros menores do que as praticadas atualmente e do aumento da oferta de crédito. E, na outra ponta, as concessórias de crédito também irão se favorecer com melhor precificação dos produtos financeiros e com a queda da inadimplência dos clientes. Isso será possível com o Cadastro Positivo, ainda a ser aprovado pelo Senado. Durante o encontro, Laércio de Oliveira Pinto, presidente da Unidade de Negócios Pessoa Física da Sera-
sa Experian, ressaltou que o nível de inadimplência caiu em todas as economias em que um projeto semelhante foi implantado. De acordo com o Banco Mundial, o índice de endividamento do Brasil pode cair em até 45% devido ao Cadastro Positivo. O peso da inadimplência na formação do spread bancário, hoje da ordem de 37%, também cairia 45%. Segundo o executivo, parte do crédito concedido é baseada apenas na informação negativa do cliente, o que não é suficiente para se fazer uma boa avaliação de risco e acaba gerando um sistema de precificação imperfeito. Assim, a taxa de juros é alta, pois os bons pagadores sofrem a influência das perdas provocadas por quem não honra suas dívidas no tempo adequado. “De acordo com nossos estudos, 19,7% da população não
Fotos: Douglas Luccena
Cadastro Positivo: a solução
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atendida pelo sistema financeiro seria incluída. O montante equivale a 26 milhões de consumidores informais, que não possuem maneira de comprovar renda, e seriam incorporados ao crédito”, relata Laércio. Para ele, essa população, que hoje está na base da pirâmide, seria retratada de maneira mais clara num birô de crédito. Além disso, os benefícios do Cadastro Positivo – aumento de venda, expansão do parcelamento, menor valor de entrada, aumento do limite de crédito – acarretarão numa injeção de R$ 1 trilhão na economia brasileira. Isso impulsiona ainda mais a aposta da Serasa. “O Cadastro Positivo é uma aposta que fazemos junto à Acrefi. Não há como entender a não aprovação dessa lei.
Laércio de Oliveira, da Serasa Experian, aponta benefícios do Cadastro Positivo
Sérgio Odilon, do Banco Central, palestra sobre o tema gerenciamento de riscos
Veículos
A Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê para este ano o recorde histórico de 3,4 milhões novas chaves de veículos na mão da população brasileira, ante os 3,1 milhões obtidos no ano passado. Ainda em 2010, a associação estima que o Brasil deve ultrapassar a Alemanha e se tornar o quarto maior comprador de carros do mundo – atrás apenas de
É fato que um leque de vantagens se abriria tanto para o consumidor quanto para quem concede o crédito e para economia nacional como um todo. Já que o fator crédito se mostra relevante em muitos dos indicadores econômicos”, avalia Laércio. Laércio finalizou sua palestra com um excerto tirado do livro “Gestão do Risco de Crédito – O Próximo Grande Desafio Financeiro”, de Caouette, Altman e Narayanan. A frase: “A criatividade de uma instituição financeira não pode superar a sua capacidade de gerenciar riscos.” O cadastro pode, de fato, melhorar essa capacidade. Sérdio Odilon dos Anjos, chefe do departamento de Normas do Banco Central do Brasil, concorda com o presidente da Serasa sobre os benefícios do Cadastro Positivo. Em palestra, abordou como os bancos podem usar as regulamentações da instituição para gerenciar o riscos de maneira adequada e ressaltou que, com o Cadastro Positivo, a tarefa será simplificada.
China, Estados Unidos e Japão. E para alavancar ainda mais o mercado, somente o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) deve emprestar R$ 23 bilhões até 2012 à indústria automobilística. Para Luiz Horácio Montenegro, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras e dos Bancos das Montadoras (Anef), o crescimento se dará principal-
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mente pelo aumento da confiança do consumidor em fazer para compras parceladas no setor automobilístico. Além disso, embora a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) tenha encerrado em março deste ano, as montadoras ainda mantêm o preço reduzido em alguns automóveis nos meses de abril e maio. Leasing e CDC (Crédito Direto ao Consumidor) são os parcelamentos dos olhos das montadoras. De acordo com levantamento da Anef, o saldo do crédito das carteiras de leasing e CDC para aquisição de automóveis a prazo pelas pessoas físicas cresceu 10,9% em fevereiro de 2010 ante o mesmo mês do ano passado, saltando de R$ 144,5 bilhões para os atuais R$ 160,2 bilhões. Esse valor é tão significativo que representa 33,5% do total do crédito destinado às pessoas físicas por todo Sistema Financeiro Nacional. Apesar de todo o apelo das montadoras para vender, vender e vender, com bancos que venderam veículos em até 80 meses em fevereiro deste ano, o consumidor não
Marcos Vanderlei, do Banco Itaú, aposta na elevação do financiamento de veículos
Luiz Montenegro, da Anef, estima que as operações de leasing e CDC devem crescer de 10 a 15% neste ano
quis se endividar durante tanto tempo. O prazo médio optado pelos compradores de carros foi de 43 meses no mesmo mês. No ano passado, esse tempo médio de compra praticado foi de 42 meses. E as expectativas são imensas. Segundo ainda a Anef, as operações de leasing e CDC devem crescer de 10 a 15% neste ano e podem chegar a um saldo de R$ 180 bilhões no frutífero 2010. Com trânsito elevado nas ruas ou não, o aumento das vendas de veículos automotores só tende a continuar. Segundo Montenegro, o fator trânsito não vai influenciar em nada o valor dos veículos vendidos. Com os incentivos para aquisição do produto, a população tende a ter seu veículo próprio, sem se destacar nenhuma classe ou nenhum perfil de cliente. Sexto maior parque industrial automotivo do mundo, segundo a Anfavea, o Brasil vai saltar dos atuais quatro milhões de veículos que podem ser produzidos aqui para cinco milhões até 2015. Os números apresentados intensificam ainda mais a atividade do Banco Itaú, líder no financiamento de veículos, no qual Marcos Vanderlei é diretor de crédito e cobrança. O banco apoia as operações financeiras da concessionária Fiat, vice-líder do mercado nacional e que deve elevar em mil pessoas o quadro de funcionários na fábrica de Betim (MG) até o fim de maio, chegando a 16 mil empregados. A meta é produzir 800 mil carros
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em 2010. Para isso, a companhia investirá mais de R$ 1,8 bilhão, fechando o triênio 2008–2010. E os executivos do banco onde Vanderlei atua apostam num 2010 melhor para o crédito ao consumidor na categoria veículos. Segundo o diretor, em 2009, 39% dos
veículos que foram vendidos foram adquiridos por meio de pagamento à vista e mesmo assim houve um crescimento importante. “No Itaú, imaginamos que em 2010 o volume de compras à vista vai se retrair e aumentar os financiamentos”, conta.
Macroeconomia Para finalizar o encontro, o consultor e ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, deu uma aula de macroeconomia e explicou como o Brasil foi um dos países menos abatidos pela crise internacional. Segundo ele, a recessão brasileira foi curta (dois trimestres) e concentrada na indústria. E a demanda doméstica foi a força motriz dessa recuperação. O consumo das famílias vem crescendo à taxa trimestral anual de 8% e assim a formação bruta de capital fixo cresceu nos dois últimos trimestres à taxa de 30% ao ano. O sistema bancário brasileiro não foi diretamente afetado, levantou o professor, devido à baixa alavancagem e boa supervisão. O Banco Central reagiu ao conflito financeiro reduzindo as taxas de recolhimento compulsório. “À medida que nós ‘desdolarizamos’ a dívida pública, a dívida externa deixou de ser dependente da taxa de câmbio. O Banco Central também tem sido capaz de cooperar com o mecanismo de taxa de juros independentemente de qualquer pressão política. Isso é absolutamente fundamental para que o País não sinta a crise”, diz. Além disso, as melhoras no cenário macroeconômico abriram espaço para políticas (monetária e fiscal) contracíclicas e refletiram em uma menor dívida pública integralmente em moeda doméstica, dívida externa também bem menor e elevadas reservas internacionais. Finalmente, em um Banco Central realmente independente e no controle da inflação. Para Pastore, o âmbito histórico demonstra que o Brasil está preparado para novos desafios, mas é preciso, principalmente, gerenciar o risco. f
Affonso Pastore, consultor, diz que melhoria macroeconômica abriu espaço para redução da dívida externa
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A financeira Losango demonstra como o cuidado com pessoas se traduz em um atendimento mais eficiente Era hora do almoço no centro do Rio de Janeiro, mas os funcionários da Ricardo Eletro simplesmente baixaram as portas. Naquela quinta-feira, 7 de janeiro de 2010, a loja da rua Uruguaiana estava mais uma vez abarrotada de clientes em busca de preço baixo. Depois de almoçar, Mara Lúcia havia comprado um eletrodoméstico e percebeu algo errado no crediário, a fila era grande e não andava. Ouviu alguém dizer que a Losango estava fora do ar. Mara trabalha na Losango há dez anos, sempre na tesouraria. Não faz nada que tenha relação direta com o que Hilgo Gonçalves, da acontece nas redes de varejo, mas aquilo realmente incomoLosango, dou a funcionária. Não é comum esse tipo de pane. gasta parte do tempo Importar-se é um bom indício, característico de funciocaminhando nários em empresas que dão valor às pessoas. O presidente pela empresa da Losango, Hilgo Gonçalves, gasta parte do tempo camiapenas para conversar nhando pela empresa apenas para conversar. Muitos presidentes não conseguem fazer isso com frequência, ocupados com relatórios e reuniões com seus conselhos. Hilgo (é pelo primeiro nome que todo o mundo o chama) sempre passa na tesouraria para conversar com todos, inclusive com Mara. Hilgo entrou em 2006 na empresa e logo criou o “É comigo mesmo”. A proposta era fazer os funcionários
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É
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terem atitude e buscarem sempre soluções simples e eficazes para os problemas. Quando chegou para a entrevista com a reportagem , o executivo estava atrasado. Entrou sorrindo e disse: “Desculpem, estava ajudando pessoas”. Para Hilgo, pessoas se traduz principalmente em funcionários e clientes, e é definitivamente o que há de mais importante. A paixão por pessoas não significa tolerância com mau serviço. Ele relembra uma situação recente, no ano passado, em que chegou à meia-noite em um hotel. No balcão, disseram que não havia mais vagas. Pediu para chamar o gerente. Havia algum engano, já estava tudo pago, não era possível negar um quarto a um cliente. Os funcionários foram insensíveis e impassíveis, simplesmente não podiam fazer nada. Saiu dali certo de que nem ele nem ninguém da Losango voltaria àquela rede de hotéis. Não só para evitar quaisquer problemas parecidos, mas até para não conviver com aquele exemplo ruim de atendimento. E os funcionários da Losango precisam de muita inspiração boa para lidar com clientes. A carteira soma pelo menos 20 milhões de brasileiros que visitam 21 mil lojistas nos quais a financeira oferece crédito. Com uma massa de clientes tão grande (boa parte de baixa renda), é muito fácil para qualquer empresa encontrar pedras no caminho e ficar com a imagem prejudicada. Para isso, a Losango tem a área de customer experience (nome assim mesmo, em inglês, os especialistas gostam e estão acostumados), comandada por Maria Avzaradel. É ela quem resume a filosofia: “Cada atitude individual está relacionada a um programa e a uma estratégia que valorizam isso”. A equipe dela, que se reporta diretamente a Hilgo sem intermediários, reavalia constantemente o script de atendimento e analisa as reclamações para o Procon (ela comenta meio amuada que às vezes o cliente acha mais fácil ligar direto para o órgão público do que falar com a financeira). No call center, as ligações de clientes somam um milhão por mês (do outro lado do call center, os clientes dos HSBC, banco dono da Losango, somam outro milhão de ligações atendidas). No dia da reportagem, o atendimento acumulava 13 dias sem conformidades graves, do tipo que pode eventualmente causar prejuízo à imagem da empresa. Mas mesmo se nada sai errado no atendimento, é preciso não descuidar de um imprevisto qualquer nos sistemas. Naquela quinta-feira no Ricardo Eletro lotado, Mara sabia que a demora excessiva iria aborrecer os clientes. Como a
analista da tesouraria, muitos estavam na hora do almoço e precisavam voltar para o trabalho. Se preocupar com o outro é chave para o bom atendimento. Mara e 400 outros colegas (incluindo o próprio Hilgo) participam o ano inteiro nos finais de semana do “Voluntariado Losango”. Trabalham em equipe e exercitam a solidariedade. Entrosam-se e se preocupam com os outros. Com Losango na cabeça, é natural que os funcionários na rotina diária continuem agindo como equipe e se preocupem com o cliente. Mara notou o problema e ligou para a amiga Vanda no departamento de informática. “Está bombando aqui e o sistema está fora do ar”, disse. Em minutos, descobriram o que era e as pessoas voltaram a ser atendidas na Ricardo Eletro. É bem simples o que Mara fez, ela até estranha o fato de alguém achar aquilo importante. Hildo discorda. “São sempre pequenas coisas”, diz. Como no ano passado, quando uma cliente registrou uma reclamação num site. A primeira
Mesmo longe da empresa, os funcionários da Losango continuam agindo como equipe e se preocupando com o cliente ação nessa situação é ouvir o cliente, e entender o que ele de fato precisa. A atendente ligou para ela e explicou detalhadamente cada lançamento das faturas. Foram dez minutos, indo de um lançamento a outro. Dúvidas esclarecidas, a cliente voltou ao site. Dessa vez, registrou um agradecimento. Quando essas pequenas coisas acontecem, a Losango premia o funcionário com o título “Guerreiro do cliente”. Todo mês um ou mais é eleito e, em janeiro de 2010, com o que aconteceu na Ricardo Eletro, a escolhida foi Mara. Nenhuma empresa faz tudo certo o tempo todo, o que conta é a reação aos problemas. Deve funcionar mesmo: em 2009, a Losango aumentou a participação nacional no mercado de financiamento de 15% para 20%. E desde 2006, com programas como o “É comigo mesmo” e o “Guerreiro do cliente”, as reclamações no produto Crédito Direto ao Consumidor caíram 34%. Hilgo fica satisfeito, é claro, mas se você quiser mesmo fazer ele sorrir, não fale de números, fale de pessoas. f abril/maio 2010 FINANCEIRO 49
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Macroeconomia
consolidada Economista-chefe do ING Bank Brasil fala sobre um País que só deve crescer Por Juliana Jadon panhia, ela permaneceu no cargo. Cresceu ouvindo nos noticiários problemas de inflação e um Brasil que fazia acordos com o FMI. Inflação elevada, problemas macroeconômicos e dívida externa fizeram Zeina se interessar por economia e hoje fala de um País com a macroeconomia consolidada e dos principais desafios do próximo(a) presidente(a) eleito(a) em entrevista exclusiva. Acompanhe a seguir: Financeiro Como avalia o atual cenário econômico do País? Zeina Latif Estamos num momento muito interessante, que é o de colher os frutos da consolidação macroeconômica. Tivemos em 1999 a montagem do atual arcabouço de política econômica, fundamentado no tripé meta de inflação, política fiscal responsável e cambio flutuante. Esse desenho macroeconômico foi um passo importantíssimo para o Brasil. Basta olharmos a confusão em que se afundou a Argentina para lembramos como uma macroeconomia que funciona faz diferença. O Brasil ao dar esse passo provou maturidade. Essa foi a principal contribuição do governo Fernando Henrique. Já a do presidente Lula
Fotos: Douglas Luccena
Zeina Latif, economista-chefe do ING Bank Brasil desde 2008, faz previsões todos os dias. Após chegar ao escritório, às 8 horas, para uma conferência internacional por telefone com os dirigentes globais da instituição, retrata num breve comentário como se comportou o mercado no dia anterior e fala sobre os fatores principais que deverão guiar o atual. Doutora em economia pela Universidade de São Paulo, atuou mais de 15 anos como professora e pesquisadora sênior. Zeina trabalha diariamente para ser uma economista cada vez melhor. Não faltam indicadores econômicos piscando na tela do computador para analisar, relatórios e demandas vindas do exterior para atender. Segundo ela, faz isso não pela remuneração, apesar de ser variável de acordo com a qualidade de suas análises, mas por gostar. Conquistou o prêmio Economista do Ano 2008, na categoria EconomistaChefe pela Ordem dos Economistas do Brasil, e atribui o feito modestamente a um período de muitos acertos. No mesmo ano, a cadeira de Zeina trepidou. O ING se apertou com a crise norte-americana e os ativos tóxicos e fechou a mesa proprietária no Brasil. Como parte importante para a reformulação da com50 FINANCEIRO abril/maio 2010
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foi garantir esse arcabouço. Um construiu e o outro consolidou. Outro ponto importante do governo Lula para o atual cenário foi ter ido além ao fazer o Banco Central acumular reservas e melhorar o perfil da dívida pública. Esses fatores que tornaram um Brasil em condições de conquistar o Grau de Investimento. Isso deu uma visibilidade enorme para o país lá fora. Financeiro Foi isso que ajudou o Brasil a se sobressair na crise? Zeina Com o arcabouço macroeconômico construído o Brasil teve uma posição pós-crise favorável. Observam-se, por exemplo, cada vez mais investidores apostando no Brasil. Estamos falando de um circulo virtuoso. É claro que houve um engasgo com a crise global em que o País sofreu e o mercado de crédito encolheu. Fomos atingidos mais do que na Índia, por exemplo, que não tem um sistema bancário tão interligado. Mas acho que o país ainda irá colher muito. Um trabalho que fiz recentemente mostra o fluxo de investimento direto estrangeiro para o Brasil como proporção do PIB e o compara com outros países emergentes, como Colômbia, Chile, Peru e alguns do Leste europeu. Observamos na análise que o Brasil estava atrasado no fluxo de investimento estrangeiro. Pelo fato de a nossa estabilização ser recente, o Brasil está se beneficiando agora do capital estrangeiro como proporção do PIB. Quero dizer que para o tamanho da nossa economia, ainda temos pouco investimento vindo de fora. Financeiro Como o mercado brasileiro de crédito pode avançar? Zeina O crédito no Brasil ainda é baixo como proporção do PIB, particularmente quando nos referimos ao imobiliário. Quando olhamos o crédito, excluindo essa fatia, o patamar no País é comparável a outras economias, onde há um retrato absolutamente aquém
no crédito imobiliário – com 3% do PIB – e, de fato, isso reflete o próprio déficit habitacional. O Brasil, ao passar pela inflação elevada e criar planos de estabilização, teve processos de crescimento de ciclos econômicos muito curtos e que agora estamos conseguindo romper. Esse processo sempre prejudica os setores que precisam de ciclos econômicos de longo prazo, como o segmento imobiliário, infraestrutura e bens de capital. Um ponto propício é o patamar inédito de juros que temos e que na perspectiva histórica é baixo. Há ainda favorável o crescimento da renda e da formalização do mercado de trabalho. Temos, assim, todos os ingredientes para o aumento da oferta e da demanda por crédito. O efeito multiplicador da construção civil na economia é forte, ainda mais no Brasil que é um país com pouca mão de obra abril/maio 2010 FINANCEIRO 51
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qualificada. O campo é uma porta de entrada para o mercado de trabalho e para o mercado consumidor e o de crédito. Financeiro De acordo com a consultoria Price, o Brasil será a quinta maior economia do mundo em 2025? O que acha dessa expectativa? Zeina O Brasil é um candidato a alcançar esse patamar. Mas temos de pensar que para crescer mais rápido do que hoje é preciso que algumas lições sejam feitas. Só o fato de a macroeconomia funcionar faz a agenda política caminhar também. Agora, potencial há. Com um mercado interno enorme e economia diversificada há amplas possibilidades de dar um salto e crescer com qualidade. Porém etapas terão de ser concluídas nesse processo e isso passa por um esforço de aumentar a poupança do País. Por hora, temos um Brasil com a previdência privada, que gasta muito com a geração mais velha e que está começando a envelhecer. Não conseguiremos ter o cha-
“O Brasil está se beneficiando do capital estrangeiro como proporção do PIB. Mas ainda há pouco investimento de fora” mado bônus demográfico em 2025 e não podemos deixar que a nossa previdência tenha um rombo de tal tamanho. Então é possível, mas há um caminho a ser construído. Financeiro As contas públicas (gastos elevados) ainda são um desafio do governo para este ano? Zeina Há uma tendência clara de aumento dos gastos públicos e obviamente da carga tributária. Não há como reverter isso rapidamente. Não se trata de cortar gastos, mas de, ao menos, impedir seu avanço como proporção do PIB. Estamos devendo no que se refere à gestão da política fiscal. Por exemplo, em gastos públicos é im-
portante que os Estados brasileiros calculem a relação custo–benefício desse investimento. É preciso saber qual o real retorno para a sociedade. Nós gastamos às escuras sem saber se vale a pena, se é prioritário e qual o resultado. A boa notícia é que uma vez que a macroeconomia está consolidada, abre-se a agenda para resolver outros problemas. Financeiro Na sua opinião, qual a saída para o País crescer mais rápido? Zeina Um País mergulhado em problemas macroeconômicos não conseguia pensar em construir melhores estradas. É uma agenda difícil, como já foi a da consolidação macroeconômica. Enquanto nós temos países pares na América Latina que conseguiram a consolidação macroeconômica anterior, nós demoramos. Agora, temos de dar um outro passo que não é trivial. Por exemplo, o Regime de Metas de Inflação implementado em 99 quando outros países já tinham o feito e mostrado que funcionava, como no caso do Chile. Havia riscos, mas não estávamos indo no escuro. No caso da agenda microeconômica, que trata de melhorar a qualidade dos gastos públicos, são itens mais complicados porque cada país funciona de uma maneira. Qual será a reforma de previdência e o marco regulatório que funciona aqui? São assuntos, de fato, árduos. É um conjunto enorme de medidas que precisa ser feito. Mas a ambição em querer crescer mais naturalmente empurra a agenda política. Financeiro Como ficará o cenário econômico do Brasil após o próximo(a) presidente(a) eleito(a)? Zeina Não há porque alterar a gestão da política macroeconômica. Time que ganha não se muda. O que pode diferenciar é o quanto vai se avançar na política fiscal. Mas ainda não temos clareza do que vai acontecer. Os últimos anos foram de paralisia de reformas, mas qualquer presidente que vier vai ter de se defrontar com esse desafio. A nossa dúvida é o quão amplo ele será com as suas ações. E o próximo presidente terá de entregar algo. Assim como
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fizeram Lula, com o Grau de Investimento e a propaganda do País no exterior, e Fernando Henrique, com o projeto macroeconômico. Financeiro A BM&FBovespa divulgou que, nos últimos meses, o investidor estrangeiro mais tirou do que colocou dinheiro na nossa Bolsa de Valores, e em contrapartida ganhou força o mercado nacional. A que você atribui essa movimentação?
que a caderneta, já que a última teve o menor rendimento da história em 2009? Zeina A recomendação para quem não pode acompanhar diariamente a Bolsa de Valores é aplicar o dinheiro em um fundo de investimento. Assim, o monitoramento será feito por outra pessoa. As inovações do Brasil na área financeira são muito grandes e não faltam investimentos para quem quer ter uma carteira mais agressiva.
Zeina Esses movimentos de curto prazo são naturais. Os investidores levaram um susto com problemas fiscais na Grécia e isso gerou uma piora do apetite a risco levando ao recuo das Bolsas mundo afora. Apesar disso, a performance da BM&FBovespa ainda é melhor do que a das Bolsas mundiais e significa o reconhecimento do potencial de crescimento do Brasil acima do ritmo do globo. Ainda que tenham oscilações e que façam retiradas de recursos, não é estrutural, é algo de curto prazo. Isso não muda a tendência de aumentar a participação do investimento estrangeiro na nossa economia. E isso demonstra que temos muito espaço ainda. Financeiro Para o investidor conservador, quais são as saídas de investimento e com mais vantagens do
Financeiro O que entende quando dizem que suas análises e expectativas são otimistas? Zeina Tenho uma visão positiva em relação à capacidade do Brasil em reagir à crise. Em 2009 estive convicta de que teríamos um desempenho favorável. E o meu raciocínio é de que o Brasil ainda está colhendo frutos da estabilidade macroeconômica e isso faz muita diferença. Um empresário não investir neste ano por medo pode sair caro e fazer com que a empresa que comanda perca participação no mercado. Minha confiança e o meu otimismo são baseados em questões concretas. Além disso, o ciclo mundial é muito favorável para os países emergentes como o Brasil. f abril/maio 2010 FINANCEIRO 53
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artigoanáliseeperspectivas
Como analisar o r O Brasil, no decorrer do ano de 2009, apresentou uma grande expansão em seu mercado de crédito, tanto para Por prof. dr. Alberto Borges Matias pessoa física como colaboração Lucas Saura e para pessoa jurídiMatheus J.N.A Costa Figo ca. De acordo com o Banco Central brasileiro, o volume de crédito em 2009 foi o maior dos últimos cinco anos, apresentando expansão para o volume total concedido para pessoa física e jurídica, de respectivamente, 21,69% e 24,91%, o que nos leva a olhar mais atentamente os números de inadimplência e insolvência. Esses indicadores servem de norte para analisarmos como estão se comportando os consumidores e as empresas, dado o ambiente de expansão do crédito em que se encontra a economia do País.
Para que se faça tal análise, faz-se necessário entender os conceitos de inadimplência e insolvência. O tomador de crédito inadimplente é o agente econômico que possui atrasos em seus pagamentos de um a 90 dias. Já o agente econômico insolvente possui atrasos em seus prazos de pagamentos superiores a 90 dias, ou seja, carrega uma forte tendência de não pagamento em seus compromissos financeiros. Pessoa física
No ano de 2009, pôde-se verificar queda do volume de créditos inadimplentes em grande parte das modalidades de empréstimos para pessoa física. As taxas de inadimplência para cheque especial e cartão de crédito em 2009 caíram, respectivamente, 14,28% e 17,29%. Para as modalidades de crédito pessoal, aquisição de bens e aquisição de veículos, o volume de créditos inadimplentes também reduziu em 2009, em respectivamente 27,04%, 36,24% e 16,75%. A modalidade com maior taxa de inadimplência para pessoa física é o cartão de crédito, que em dezembro de 2009 apresentava 11,45% dos créditos em inadimplência. Já o volume de créditos insolventes, nas modalidades ofertadas para pessoas físicas, também apresentou reduções na maioria das modalidades avaliadas. O cheque especial apresentou aumento no volume de créditos inadimplentes no ano de 2009 em 25,76%. Já modalidades como crédito pessoal e cartão de crédito diminuíram em, respectivamente,
Inadimplência – Pessoa física 20% 18% 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4%
Aquisição de bens Aquisição de veículos
Crédito pessoal Cartão de crédito
jun/09
dez/09
jun/08
dez/08
jun/07
dez/07
jun/06
dez/06
dez/05
jun/05
jun/04
dez/04
dez/03
jun/03
jun/02
Cheque especial
dez/02
jun/01
dez/01
jun/00
0%
dez/00
2%
Fonte: Inepad & BC
54 FINANCEIRO abril/maio 2010
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o risco de crédito? Pessoa jurídica
ram crescimento de 123,17%, 71,8% e 37% no ano de 2009, respectivamente. E aqui está a maior área de atenção a ser dedicada pelos bancos neste ano de 2010. f Prof. dr. Alberto Borges Matias Professor Titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto, e diretor do Inepad
As modalidades analisadas para pessoa jurídica apresentaram diminuição no volume de créditos inadimplentes. As modalidades de hot money e capital de giro apresentaram queda de 65,96% e 34,92%, respectivamente. Na concessão via conta garantida, o volume de créditos inadimplentes diminuiu em 23,42%. O volume de créditos insolventes apresentou evolução no ano de 2009. As modalidades de hot money, capital de giro e conta garantida apresenta-
Lucas Saura, aluno da FEA–USP de Ribeirão Preto e analista financeiro do Inepad Matheus J. N. A. Costa Figo, aluno da FEA–USP de Ribeirão Preto e analista financeiro do Inepad
Insolvência – Pessoa física
Inadimplência – Pessoa jurídica 9%
Fonte: Inepad & BC
30%
25%
Fonte: Inepad & BC
11,08% e 3,59%. Os créditos destinados para aquisição de bens e aquisição de veículos também diminuíram, em 12,73% e 3,57%, respectivamente.
8% 7% 6%
20%
5% 15% 4% 3%
10%
2% 5%
1%
Crédito pessoal Cartão de crédito
Capital de giro
jun/09
dez/09
jun/08
dez/08
jun/07
dez/07
jun/06
dez/06
jun/05
dez/05
jun/04
dez/04
jun/03
dez/03
jun/02
Hot Money
dez/02
jun/01
dez/01
jun/00
jun/09
dez/09
jun/08
dez/08
jun/07
dez/07
jun/06
Aquisição de bens Aquisição de veículos
dez/06
jun/05
dez/05
jun/04
dez/04
jun/03
dez/03
jun/02
dez/02
jun/01
dez/01
jun/00
dez/00
Cheque especial
dez/00
0%
0%
Conta garantida
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2.indd 4
20/04/10 20:06
2.indd 5
20/04/10 20:06
bancodedadosinepad Taxas médias: geral Data
Aplicações % a.a.
Captações
Var. p.p.
fev/09
41,30
-1,1
11,60
-0,3
29,70
-0,8
mar/09
39,20
-2,1
10,70
-0,9
28,50
-1,2
abr/09
38,60
-0,6
10,40
-0,3
28,20
-0,3
mai/09
37,90
-0,7
9,80
-0,6
28,10
-0,1
jun/09
36,60
-1,3
9,40
-0,4
27,20
-0,9
jul/09
36,00
-0,6
9,20
-0,2
26,80
-0,4
ago/09
35,40
-0,6
9,10
-0,1
26,30
-0,5
set/09
35,30
-0,1
9,30
0,2
26,00
-0,3
out/09
35,60
0,3
9,60
0,3
26,00
0,0
nov/09
34,90
-0,7
9,80
0,2
25,10
-0,9
dez/09
34,30
-0,6
10,00
0,2
24,30
-0,8
jan/10
35,10
0,8
10,00
0,0
25,10
0,8
fev/10
34,30
-0,8
10,00
0,0
24,30
-0,8
Variação fev–fev
Var. p.p.
Var. p.p.
-5,4
-1,6
-7
Spread% p.p.
Fonte: BC/INEPAD
Taxas médias: pessoa física Data
Captações
Var. p.p.
Spread% p.p.
Var. p.p.
fev/09
Aplicações % a.a. 52,60
Var. p.p. -2,4
11,20
-0,3
41,40
-2,1
mar/09
50,10
-2,5
10,30
-0,9
39,80
-1,6
abr/09
48,80
-1,3
10,30
0,0
38,50
-1,3
mai/09
47,30
-1,5
9,90
-0,4
37,40
-1,1
jun/09
45,60
-1,7
9,80
-0,1
35,80
-1,6
jul/09
44,90
-0,7
9,70
-0,1
35,20
-0,6
ago/09
44,10
-0,8
9,80
0,1
34,30
-0,9
set/09
43,60
-0,5
10,20
0,4
33,40
-0,9
out/09
44,20
0,6
10,70
0,5
33,50
0,1
nov/09
43,00
-1,2
10,80
0,1
32,20
-1,3
dez/09
42,70
-0,3
11,10
0,3
31,60
-0,6
jan/10
43,00
0,3
11,20
0,1
31,80
0,2
fev/10
41,90
-1,1
11,10
-0,1
30,80
-1,0
Variação fev–fev
-10,7
-10,6
-0,1
Fonte: BC/INEPAD
Taxas médias: pessoa jurídica Data
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread % p.p.
fev/09
30,90
-0,1
11,90
-0,3
19,00
0,2
mar/09
28,90
-2,0
10,90
-1,0
18,00
-1,0
abr/09
28,80
-0,1
10,50
-0,4
18,30
0,3
mai/09
28,50
-0,3
9,80
-0,7
18,70
0,4
jun/09
27,40
-1,1
9,20
-0,6
18,20
-0,5
jul/09
26,70
-0,7
8,80
-0,4
17,90
-0,3
ago/09
26,40
-0,3
8,60
-0,2
17,80
-0,1
set/09
26,30
-0,1
8,60
0,0
17,70
-0,1
out/09
26,50
0,2
8,80
0,2
17,70
0,0
nov/09
26,00
-0,5
8,90
0,1
17,10
-0,6
dez/09
25,50
-0,5
9,00
0,1
16,50
-0,6
jan/10
26,50
1,0
9,00
0,0
17,50
1,0
fev/10
25,90
-0,6
9,00
0,0
16,90
-0,6
Variação fev–fev
-5,0
-2,9
Var. p.p.
-2,1
Fonte: BC/INEPAD
58 FINANCEIRO abril/maio 2010
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28/04/10 12:11
Spread financeiro
Crédito pessoa física
45.00
46.00
60,000
44.00
VOLUME
Captação
ago/09
fev/09
fev/10
jan/10
dez/09
nov/09
out/09
set/09
ago/09
jun/09
mai/09
abr/09
fev/09
mar/09
Aplicação
Fonte: BC/INEPAD
PREFIXADOS –
jul/09
SPREAD FINANCEIRO
5.00
Volume
fev/10
80,000 jan/10
48.00
10.00
dez/09
100,000
out/09
50.00
15.00
nov/09
120,000
set/09
52.00
20.00
jul/09
25.00
jun/09
54.00
140,000
30.00
mai/09
160,000
35.00
abr/09
Taxa de juros 56.00
mar/09
Volume R$ milhões 180,000
40.00
Taxa de juros
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
MÊS/ANO
CHEQUE ESPECIAL
VARIAÇÃO EM %
CRÉDITO PESSOAL
VARIAÇÃO EM %
fev/09
17.445
2,1%
128.173
0,6%
mar/09
18.001
3,2%
132.985
3,8%
abr/09
18.020
0,1%
137.102
mai/09
17.563
-2,5%
141.096
jun/09
17.840
1,6%
jul/09
17.156
-3,8%
ago/09
17.475
set/09
17.479
out/09
17.335
nov/09 dez/09
FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO
VARIAÇÃO EM %
CARTÃO DE CRÉDITO
VARIAÇÃO EM %
694
6,9%
24.336
5,7%
732
5,4%
25.011
2,8%
3,1%
754
2,9%
25.391
1,5%
2,9%
761
0,9%
25.335
-0,2%
147.804
4,8%
777
2,1%
25.386
0,2%
146.452
-0,9%
799
2,9%
25.151
-0,9%
1,9%
149.604
2,2%
821
2,8%
25.307
0,6%
0,0%
152.072
1,6%
846
3,0%
25.635
1,3%
-0,8%
155.567
2,3%
859
1,4%
25.519
-0,5%
17.341
0,0%
157.097
1,0%
873
1,7%
26.574
4,1%
15.748
-9,2%
157.763
0,4%
900
3,1%
26.292
-1,1%
jan/10
16.532
5,0%
160.526
1,8%
908
0,8%
26.845
2,1%
fev/10
16.987
2,8%
163.364
1,8%
918
1,2%
27.755
3,4%
Fonte: BC/INEPAD
VOLUME
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
PREFIXADOS/CONTINUAÇÃO –
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
AQUISIÇÃO VARIAÇÃO EM %
TOTAL
VARIAÇÃO EM %
7.532
0,6%
269.436
0,4%
7.849
4,2%
275.661
2,3%
-0,5%
7.925
1,0%
279.782
1,5%
90.934
0,4%
8.570
8,1%
284.258
1,6%
-1,6%
92.231
1,4%
8.708
1,6%
292.746
3,0%
8.977
-0,4%
93.203
-1,1%
8.642
-0,8%
291.403
-0,5%
1,3%
8.897
0,9%
94.221
1,1%
8.752
1,3%
296.180
1,6%
3,1%
8.970
0,8%
96.924
2,9%
8.705
-0,5%
301.662
1,9%
90.136
2,5%
9.120
1,7%
99.256
2,4%
8.668
-0,4%
307.204
1,8%
nov/09
91.852
1,9%
9.145
0,3%
100.997
1,8%
8.644
-0,3%
311.527
1,4%
dez/09
93.916
2,2%
9.595
4,9%
103.511
2,5%
8.484
-1,8%
312.699
0,4%
jan/10
95.674
1,9%
9.278
-3,3%
104.952
1,4%
8.282
-2,4%
318.045
1,7%
fev/10
97.805
2,2%
9.139
-1,5%
106.944
1,9%
8.135
-1,8%
324.103
1,9%
MÊS/ANO
VEÍCULOS
VARIAÇÃO EM %
OUTROS VARIAÇÃO EM %
TOTAL
VARIAÇÃO EM %
fev/09
81.504
-0,1%
9.752
mar/09
81.439
-0,1%
9.643
-11,7%
91.256
-1,5%
-1,1%
91.082
-0,2%
abr/09
81.235
-0,3%
9.356
-3,0%
90.591
mai/09
81.777
0,7%
9.157
-2,1%
jun/09
83.219
1,8%
9.011
jul/09
84.226
1,2%
ago/09
85.324
set/09
87.955
out/09
OUTROS
Fonte: BC/INEPAD
abril/maio 2010 FINANCEIRO 59
Finan63 tabelas.indd 59
28/04/10 12:11
bancodedadosinepad VOLUME
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO
–
CRÉDITO CONSIGNADO (R$
CONSIGNADO
MÊS/ANO
CRÉDITO PESSOAL*
PÚBLICOS
fev/09
147.326
mar/09
151.076
abr/09
% CONSIGNADO***
MILHÕES)
CONCENTRAÇÃO DO CONSIGNADO
TAXA DE JUROS % A.A.
ESTIMATIVA INEPAD CONSIGNADO
PESSOAL DIFERENÇA
PRIVADOS
TOTAL
AMOSTRA**
70.079
10.942
81.021
55.105
55,0%
68,0%
29,3%
54,5%
25,2%
71.495
11.239
82.734
56.226
54,8%
68,0%
28,7%
50,8%
22,1%
155.250
74.512
11.817
86.330
60.061
55,6%
69,6%
28,9%
48,8%
19,9%
mai/09
159.360
77.121
12.174
89.295
61.687
56,0%
69,1%
28,6%
46,6%
18,0%
jun/09
161.797
79.418
12.408
91.826
63.274
56,8%
68,9%
27,9%
45,6%
17,7%
jul/09
165.023
82.596
12.750
95.346
65.104
57,8%
68,3%
28,0%
44,8%
16,8%
ago/09
168.531
85.407
12.991
98.398
66.979
58,4%
68,1%
27,6%
44,3%
16,7%
set/09
171.260
87.577
13.263
100.839
68.238
58,9%
67,7%
27,1%
44,7%
17,6%
out/09
175.182
90.023
13.597
103.620
69.782
59,2%
67,3%
27,2%
45,7%
18,5%
nov/09
176.795
90.931
14.679
105.610
71.880
59,7%
68,1%
27,0%
43,6%
16,6%
dez/09
177.561
91.488
14.685
106.173
72.568
59,8%
68,3%
27,2%
44,4%
17,2%
jan/10
181.180
94.765
15.032
109.979
73.959
60,6%
67,4%
27,2%
44,8%
17,6%
fev/10 Variação fev–fev
184.145
96.455
15.157
111.612
75.343
60,6%
67,5%
27,3%
43,8%
16,5%
24,99%
37,64%
38,53%
37,76%
36,73%
10,21%
-0,75%
-6,89%
-16,63%
-34,47%
Fonte: BC/INEPAD * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com 13 das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.
INADIMPLÊNCIA – MÊS/ANO
OPERAÇÕES PREFIXADAS % SOBRE
COM ATRASO
2.804.329
2,19%
2.883.772
2,17%
122.767.978
2.934.840
mai/09
127.277.492
jun/09
–
CRÉDITO PESSOAL (R$
MILHÕES)
% SOBRE
COM ATRASO
MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
CARTEIRA-BRASIL
SALDO TOTAL
VARIAÇÃO EM %
3.366.302
2,63%
7.487.655
5,84%
128.172.982
0,60%
3.529.017
2,65%
7.728.398
5,81%
132.985.232
3,75%
2,14%
3.521.226
2,57%
7.877.464
5,75%
137.101.508
3,10%
2.707.879
1,92%
3.245.280
2,30%
7.865.100
5,57%
141.095.751
2,91%
133.753.147
2.924.807
1,98%
3.320.169
2,25%
7.806.373
5,28%
147.804.496
4,75%
jul/09
132.712.667
2.803.291
1,91%
3.065.117
2,09%
7.871.132
5,37%
146.452.207
-0,91%
ago/09
135.469.746
3.001.242
2,01%
3.111.469
2,08%
8.021.523
5,36%
149.603.980
2,15%
set/09
137.893.252
2.888.166
1,90%
3.285.453
2,16%
8.005.536
5,26%
152.072.408
1,65%
out/09
141.066.139
2.934.272
1,89%
3.340.514
2,15%
8.226.112
5,29%
155.567.037
2,30%
nov/09
142.821.930
2.802.029
1,78%
3.235.617
2,06%
8.237.832
5,24%
157.097.408
0,98%
dez/09
144.189.909
2.556.501
1,62%
2.987.982
1,89%
8.028.402
5,09%
157.762.794
0,42%
jan/10
146.638.980
2.833.489
1,77%
3.103.111
1,93%
7.950.578
4,95%
160.526.158
1,75%
fev/10
149.465.410
2.983.387
1,83%
3.217.325
1,97%
7.697.499
4,71%
163.363.621
1,77%
COM ATRASO
SALDO SEM ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
fev/09
114.514.696
mar/09
118.844.045
abr/09
SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS
SALDO DA CARTEIRA
% SOBRE
Fonte: BC/INEPAD
INADIMPLÊNCIA – MÊS/ANO
SALDO SEM ATRASO
OPERAÇÕES PREFIXADAS COM ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
–
AQUISIÇÃO DE BENS
% SOBRE
COM ATRASO
SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS
–
VEÍCULOS (R$
% SOBRE
COM ATRASO
% SOBRE
SALDO DA CARTEIRA
MILHÕES)
MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
SALDO TOTAL
CARTEIRA-BRASIL
VARIAÇÃO EM %
fev/09
70.069.059
3.180.127
3,90%
4.262.646
5,23%
3.992.345
4,90%
81.504.177
-0,15%
mar/09
69.590.442
3.413.835
4,19%
4.385.126
5,38%
4.050.003
4,97%
81.439.406
-0,08%
abr/09
69.541.452
3.085.189
3,80%
4.374.409
5,38%
4.234.217
5,21%
81.235.267
-0,25%
mai/09
70.173.312
3.137.999
3,84%
4.109.245
5,02%
4.356.029
5,33%
81.776.585
0,67%
jun/09
71.445.480
3.135.584
3,77%
4.106.318
4,93%
4.531.946
5,45%
83.219.328
1,76%
jul/09
72.764.044
3.109.076
3,69%
3.856.605
4,58%
4.496.687
5,34%
84.226.412
1,21%
ago/09
73.882.023
3.149.781
3,69%
3.911.192
4,58%
4.381.271
5,13%
85.324.267
1,30%
set/09
76.776.879
3.060.911
3,48%
3.805.709
4,33%
4.311.278
4,90%
87.954.777
3,08%
out/09
78.832.640
3.270.284
3,63%
3.777.116
4,19%
4.255.461
4,72%
90.135.501
2,48%
nov/09
80.588.964
3.158.438
3,44%
3.864.630
4,21%
4.239.705
4,62%
91.851.737
1,90%
dez/09
83.014.671
3.130.897
3,33%
3.637.146
3,87%
4.133.704
4,40%
93.916.418
2,25%
jan/10
84.458.430
3.238.848
3,39%
3.830.188
4,00%
4.146.294
4,33%
95.673.760
1,87%
fev/10
86.797.381
2.966.277
3,03%
3.923.946
4,01%
4.117.314
4,21%
97.804.917
2,23%
Fonte: BC/INEPAD
60 FINANCEIRO abril/maio 2010
Finan63 tabelas.indd 60
28/04/10 12:11
INADIMPLÊNCIA – MÊS/ANO
OPERAÇÕES PREFIXADAS % SOBRE
–
AQUISIÇÃO DE BENS
–
OUTROS (R$
COM ATRASO
% SOBRE
COM ATRASO
% SOBRE
4,31%
540.321
5,54%
1.380.641
4,46%
564.806
5,86%
1.368.748
405.174
4,33%
530.799
5,67%
6.911.637
352.811
3,85%
444.446
jun/09
6.862.981
333.656
3,70%
jul/09
6.887.234
321.999
ago/09
6.893.004
set/09
MILHÕES)
SALDO TOTAL
VARIAÇÃO EM %
14,16%
9.751.942
-11,66%
14,19%
9.642.565
-1,12%
1.366.409
14,60%
9.355.811
-2,97%
4,85%
1.448.411
15,82%
9.157.305
-2,12%
410.819
4,56%
1.403.866
15,58%
9.011.322
-1,59%
3,59%
401.997
4,48%
1.365.508
15,21%
8.976.738
-0,38%
308.495
3,47%
374.510
4,21%
1.321.058
14,85%
8.897.067
-0,89%
6.981.632
295.626
3,30%
372.910
4,16%
1.319.554
14,71%
8.969.722
0,82%
out/09
7.163.042
310.964
3,41%
362.269
3,97%
1.284.034
14,08%
9.120.309
1,68%
nov/09
7.270.337
291.618
3,19%
370.785
4,05%
1.212.677
13,26%
9.145.417
0,28%
dez/09
7.814.322
277.329
2,89%
343.283
3,58%
1.159.871
12,09%
9.594.806
4,91%
jan/10
7.654.514
281.069
3,03%
328.046
3,54%
1.014.348
10,93%
9.277.977
-3,30%
fev/10
7.518.569
291.939
3,19%
370.756
4,06%
957.992
10,48%
9.139.256
-1,50%
COM ATRASO
SALDO SEM ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
SALDO DA CARTEIRA
fev/09
7.410.243
420.737
mar/09
7.278.836
430.175
abr/09
7.053.429
mai/09
DE 31 A 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
CARTEIRA-BRASIL
Fonte: BC/INEPAD
INADIMPLÊNCIA AQUISIÇÃO DE OUTROS PREFIXADO – FEV/10 – (EM R$ MILHÕES)
BENS
18% ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 957.992
ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 291.939
21%
61%
INADIMPLÊNCIA AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS – PREFIXADO – FEV/10 – (EM R$ MILHÕES)
–
ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 4.117.314
ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 370.756
INADIMPLÊNCIA – MÊS/ANO
ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 3.923.946
INADIMPLÊNCIA OUTRAS OPERAÇÕES – PREFIXADO – FEV/10 – (EM R$ MILHÕES)
21% ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 7.697.499
37%
36%
INADIMPLÊNCIA CRÉDITO PESSOAL – PREFIXADO – FEV/10 – (EM R$ MILHÕES)
ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 2.966.277
27%
ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 2.983.387
11%
ATRASO DE 15 A 30 DIAS: 353.756
19%
56% 23%
ATRASO DE MAIS DE 90 DIAS: 2.339.214
ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 3.217.325
OPERAÇÕES PREFIXADAS % SOBRE
–
70%
OUTRAS OPERAÇÕES (R$ % SOBRE
COM ATRASO
542.362
7,20%
1.638.018
634.925
8,09%
1.656.724
4,43%
691.380
8,72%
368,320
4,30%
739.968
5.448.306
319,255
3,67%
jul/09
5.334.315
367,894
ago/09
5.313.499
set/09
5.279.740
out/09 nov/09
MILHÕES)
CARTEIRA-BRASIL
SALDO TOTAL
VARIAÇÃO EM %
21,75%
7.532.179
0,57%
21,11%
7.849.277
4,21%
1.707.916
21,55%
7.925.426
0,97%
8,63%
2.105.726
24,57%
8.570.108
8,13%
787.612
9,04%
2.152.740
24,72%
8.707.913
1,61%
4,26%
740.735
8,57%
2.198.661
25,44%
8.641.605
-0,76%
367,467
4,20%
707.826
8,09%
2.362.881
27,00%
8.751.673
1,27%
631,761
7,26%
630.299
7,24%
2.163.296
24,85%
8.705.096
-0,53%
5.132.995
378,123
4,36%
760.105
8,77%
2.396.709
27,65%
8.667.932
-0,43%
5.240.475
304,235
3,52%
703.707
8,14%
2.395.790
27,72%
8.644.207
-0,27%
dez/09
5.115.534
376,951
4,44%
608.761
7,18%
2.383.221
28,09%
8.484.467
-1,85%
jan/10
4.947.367
283.610
3,42%
639.116
7,72%
2.412.374
29,13%
8.282.467
-2,38%
fev/10
4.804.513
353.756
4,35%
637.094
7,83%
2.339.214
28,76%
8.134.577
-1,79%
COM ATRASO
SALDO SEM ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
fev/09
4.946.070
405,729
5,39%
mar/09
5.205.220
352,408
4,49%
abr/09
5.174.972
351,158
mai/09
5.356.094
jun/09
COM ATRASO
ATRASO DE 31 A 90 DIAS: 637.094
SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS
SALDO DA CARTEIRA
% SOBRE
MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
Fonte: BC/INEPAD
abril/maio 2010 FINANCEIRO 61
Finan63 tabelas.indd 61
28/04/10 12:11
bancodedadosinepad TAXA
DE DESEMPREGO
DATA
BRASIL
VAR. % - BRASIL
SP
VAR. %
jan/09
8,2
1,4
9,4
2,3
11,0
1,50
fev/09
8,5
0,3
10,0
0,6
10,5
1,20
mar/09
9,0
0,5
10,5
0,5
10,0
0,90
abr/09
8,9
-0,1
10,2
-0,3
9,5
0,60
mai/09
8,8
-0,1
10,2
0,0
9,0
0,30
jun/09
8,1
-0,7
9,0
-1,2
jul/09
8,0
-0,1
8,9
-0,1
ago/09
8,1
0,1
9,1
-0,2
set/09
7,7
-0,4
8,7
ou/09
7,5
-0,2
nov/09
7,4
dez/09 jan/10
-1,50
-0,1
8,1
-0,5
6,8
-0,6
7,5
-0,6
7,2
0,4
8,0
0,5
dez/09
out/09
jun/09
São Paulo
Brasil
jan/10
6,0 nov/09
-0,1
set/09
-1,20
8,6
ago/09
6,5 jul/09
-0,90
0,4
mai/09
-0,60
7,0
abr/09
7,5
mar/09
-0,30
fev/09
0,00
8,0
jan/09
8,5
Var. p.p. – Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
RENDIMENTO
MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
-0,2%
1.550,35
-1,6%
abr/09
1.364,27
-0,7%
1.519,53
-1,0%
mai/09
1.349,55
-1,1%
1.509,34
-2,0%
jun/09
1.345,01
-0,3%
1.503,11
-0,7%
jul/09
1.352,11
0,5%
1.474,56
-0,4%
ago/09
1.364,93
0,9%
1.493,46
-1,9%
set/09
1.372,94
0,6%
1.509,45
1,3%
out/09
1.372,72
0,0%
1.521,42
1,1%
nov/09
1.371,57
-0,1%
1.536,17
0,8%
dez/09
1.359,17
-0,9%
1.527,72
1,0%
jan/10
1.373,50
1,1%
1.520,50
-0,6%
1,5%
01%
1,0%
01%
0,5%
00%
0%
-01%
-0,5%
-01%
-1,0%
-02%
-1,5%
Brasil
Brasil
SP São Paulo
jan/10
1.374,24
dez/09
mar/09
02%
2,0%
nov/09
5,5%
out/09
1,1%
1.566,58
set/09
1.592,46
-0,1%
ago/09
2,2%
1.376,79
jul/09
1.378,74
fev/09
02%
2,5%
jun/09
jan/09
1.650 1.600 1.550 1.500 1.450 1.400 1.350 1.300 1.250 1.200 1.150 1.100 1.050 1.000 950 900 850 800 750 700 mai/09
VAR. %
abr/09
SP
mar/09
VAR. % – BRASIL
fev/09
BRASIL
jan/09
DATA
03%
Var. % – Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
VOLUME
DE VENDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA
9,6%
137,03
6,8%
206,91
32,3%
145,02
0,8%
143,06
4,4%
165,53
-20,0%
mai/09
152,42
5,1%
140,94
-1,5%
187,10
13,0%
jun/09
145,69
-4,4%
133,26
-5,4%
228,65
22,2%
jul/09
150,95
3,6%
140,81
5,7%
190,22
-16,8%
ago/09
153,45
1,7%
145,27
3,2%
199,75
5,0%
set/09
149,52
-2,6%
139,77
-3,8%
240,48
20,4%
out/09
161,55
8,0%
152,01
8,8%
203,78
-15,3%
nov/09
158,00
-2,2%
145,42
-4,3%
193,86
-4,9%
dez/09
213,24
35,1%
185,01
27,2%
208,25
7,5%
jan/10
158,87
-25,5%
147,54
-20,3%
181,01
13,1%
Variação jan–jan
10,4%
9,9%
10,3%
Índice geral
Hipermercados e supermercados
jan/10
143,93
abr/09
nov/09
mar/09
dez/09
-4,7%
out/09
1,0%
156,44
set/09
164,10
-4,4%
ago/09
-20,7%
128,34
jul/09
134,20
-8,8%
jun/09
-26,3%
131,28
fev/09
250.00 240.00 230.00 220.00 210.00 200.00 190.00 180.00 170.00 160.00 150.00 140.00 130.00 120.00 110.00 100.00 90.00 80.00 mai/09
143,94
jan/09
VAR. %
abr/09
VEÍCULOS, MOTOS, PARTES E PEÇAS
mar/09
VAR. %
fev/09
HIPERMERCADOS E SUPERMERCADOS
ÍNDICE GERAL
jan/09
VAR. %
DATA
Veículos, motos, partes e peças
Fonte: BC/INEPAD
62 FINANCEIRO abril/maio 2010
Finan63 tabelas.indd 62
28/04/10 12:11
PREVISÕES
ECONÔMICAS
ANO DE 2010
PIB AGROPECUÁRIO % AA
PIB TOTAL % AA
PIB INDÚSTRIA % AA
PIB SERVIÇO % AA
PRODUÇÃO INDUSTRIAL % AA
Previsão 04/01/2010
5,14
4,19
5,90
4,33
7,62
4 semanas antes 19/02
5,39
4,43
6,49
4,64
8,29
1 semana antes 12/03
5,07
4,32
6,23
4,40
8,43
Previsão 19/03/2010
5,23
4,36
6,33
4,41
8,45
SELIC TAXA ANUAL
IGP–DI % AA
TAXA DE CÃMBIO R$/US$
SALDO COMERCIAL US$ BILHÕES
ANO DE 2010
IPCA % AA
Previsão 04/01/2010
10,92
4,47
4,48
1,76
10,69
4 semanas antes 19/02
11,27
5,26
4,58
1,81
9,29
1 semana antes 12/03
11,38
5,12
4,56
1,82
9,10
Previsão 19/03/2010
11,37
5,60
4,64
1,82
8,93
Fonte: BC/INEPAD
ATIVIDADE
ECONÔMICA TAXA DA UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA
VAR. P.P.
ÍNDICE DE PRODUÇÃO FÍSICA MÉDIA MÓVEL TRIMESTRAL
VAR. %
jan/09
76,20
-1,60
fev/09
76,50
0,30
jan/09
110,12
-6,58%
fev/09
106,99
mar/09
78,40
-2,84%
1,90
mar/09
109,25
abr/09
2,11%
78,90
0,50
abr/09
110,87
1,48%
mai/09
80,00
1,10
mai/09
112,19
1,19%
jun/09
79,70
-0,30
jun/09
113,27
0,96%
jul/09
80,50
0,80
jul/09
114,75
1,31%
ago/09
81,10
0,60
ago/09
116,53
1,55%
set/09
81,40
0,30
set/09
119,01
2,13%
out/09
82,70
1,30
out/09
121,18
1,82%
nov/09
82,40
-0,30
nov/09
122,71
1,26%
dez/09
80,10
-2,30
dez/09
123,48
0,63%
jan/10
79,90
-0,20
jan/10
123,53
0,03%
Variação jan–jan
4,86%
Variação jan–jan
12,17%
DATA
DATA
Fonte: BC/INEPAD
Fonte: BC/INEPAD
PRODUÇÃO 85,0
(ÍNDICE) X CAPACIDADE (%)
Capacidade %
Produção (índice) 133
84,0 129
83,0 82,0
125
81,0
121
80,0 79,0
117
78,0
113
77,0
109
76,0
105
Taxa da utilização da capacidade instalada
jan/10
dez/09
nov/09
out/09
set/09
ago/09
jul/09
jun/09
mai/09
abr/09
mar/09
fev/09
jan/09
75,0
Índice da produção física média móvel trimestral
abril/maio 2010 FINANCEIRO 63
Finan63 tabelas.indd 63
28/04/10 12:11
bancodedadosinepad PRODUÇÃO – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
-7,7%
mai/09
268.900
265.833
15.200
6,0%
jun/09
284.400
269.000
15.500
5,8%
jul/09
282.000
278.433
-2.400
-0,8%
ago/09
294.400
286.933
12.400
4,4%
set/09
273.000
283.133
-21.400
-7,3%
out/09
317.150
294.850
44.150
16,2%
nov/09
291.100
293.750
-26.050
-8,2%
dez/09
251.500
286.583
-39.600
-13,6%
jan/10
206.400
249.667
-45.100
-17,9%
fev/10
253.200
237.033
46.800
22,7%
330.000 310.000 290.000 270.000 250.000 230.000 210.000 190.000 170.000 150.000 130.000 110.000 90.000
Produção
fev/10
-21.200
jan/10
244.333
dez/09
253.700
nov/09
34,5%
abr/09
out/09
10,5%
70.500
set/09
19.400
221.433
ago/09
161.995
274.900
jul/09
204.400
mar/09
jun/09
fev/09
mai/09
VAR. MENSAL (%)
abr/09
VAR. MENSAL
mar/09
MÉDIA TRIM.
fev/09
PRODUÇÃO
DATA
Média trimestral
23,9%
Variação fev–fev Fonte: Anfavea/INEPAD
VENDAS
INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS,
244.483
-37.488
-13,3%
280.000
mai/09
261.396
262.164
17.592
7,2%
260.000
jun/09
299.666
268.289
38.270
14,6%
240.000
jul/09
277.648
279.570
-22.018
-7,3%
220.000
ago/09
288.630
288.648
10.982
4,0%
200.000
set/09
305.678
290.652
17.048
5,9%
180.000
out/09
309.995
301.434
4.317
1,4%
160.000
nov/09
278.976
298.216
-31.019
-10,0%
140.000
dez/09
261.059
283.343
-17.917
-6,4%
jan/10
225.488
255.174
-35.571
-13,6%
fev/10
231.865
239.471
6.377
2,8%
Vendas
fev/10
300.000
243.804
jan/10
35,0%
abr/09
dez/09
72.938
nov/09
226.276
out/09
281.292
set/09
10,1%
mar/09
ago/09
VAR. (%)
19.171
jul/09
VARIAÇÃO
182.741
jun/09
MÉDIA TRIM.
208.354
abr/09
VENDAS
fev/09
DATA
mai/09
VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
Média trimestral
11,28%
Variação fev–fev Fonte: Anfavea/INEPAD
EXPORTAÇÃO
TOTAL –
AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS,
MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
MÉDIA TRIM.
30.500
31.967
8.680
39,8%
65.000
mar/09
34.800
29.040
4.300
14,1%
60.000
abr/09
35.012
33.437
212
0,6%
55.000
mai/09
39.200
36.337
4.188
12,0%
50.000
jun/09
39.400
37.871
200
0,5%
45.000
jul/09
37.200
38.600
-2.200
-5,6%
40.000
ago/09
45.800
40.800
8.600
23,1%
35.000
set/09
40.400
41.133
-5.400
-11,8%
30.000
out/09
48.600
44.933
8.200
20,3%
25.000
nov/09
49.800
46.267
1.200
2,5%
20.000
dez/09
52.700
50.367
2.900
5,8%
jan/10
48.800
50.433
-3.900
-7,4%
fev/10
57.500
53.000
8.700
17,8%
Variação fev–fev
Exportações
fev/10
jan/10
dez/09
nov/09
out/09
set/09
ago/09
jul/09
jun/09
mai/09
70.000
abr/09
VAR. (%)
fev/09
VARIAÇÃO
EXPORTAÇÕES
fev/09
mar/09
DATA
Média trimestral
88,5%
Fonte: Anfavea/INEPAD
64 FINANCEIRO abril/maio 2010
Finan63 tabelas.indd 64
28/04/10 12:11
LICENCIAMENTO
DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (EM
% NO TOTAL
+2000CC
fev/09
155.365
80.904
52,1%
71.674
46,1%
2.787
1,8%
mar/09
214.833
111.154
51,7%
99.771
46,4%
3.908
1,8%
abr/09
183.853
97.315
52,9%
84.033
45,7%
2.505
1,4%
mai/09
195.532
104.231
53,3%
88.878
45,5%
2.423
1,2%
jun/09
242.922
129.145
53,2%
111.164
45,8%
2.613
1,1%
jul/09
226.275
124.746
55,1%
98.838
43,7%
2.691
1,2%
ago/09
204.291
113.612
55,6%
87.988
43,1%
2.691
1,3%
set/09
249.120
133.648
53,6%
112.810
45,3%
2.662
1,1%
out/09
230.526
120.137
52,1%
107.777
46,8%
2.612
1,1%
nov/09
192.138
99.431
51,7%
90.522
47,1%
2.185
1,1%
dez/09
222.649
111.025
49,9%
108.383
48,7%
3.241
1,5%
jan/10
159.294
80.188
50,3%
77.136
48,4%
1.970
1,2%
fev/10
168.618
85.111
50,5%
81.918
48,6%
1.589
0,9%
DATA
1000CC
TOTAL
% NO TOTAL
+1000CC A 2000CC
UNIDADES)
% NO TOTAL
Fonte: Anfavea/INEPAD
LICENCIAMENTO
POR CATEGORIA
–
AUTOMÓVEIS
110.000
90.000
70.000
50.000
1.000cc
TAXA
DE JUROS PREFIXADOS
–
PESSOA FÍSICA (R$
CRÉDITO PESSOAL SALDO TOTAL R$ MILHÕES
fev/09
128.173
3,69
mar/09
132.985
3,48
abr/09
137.102
mai/09
% VARIAÇÃO A.M. P.P
fev/10
jan/10
dez/09
nov/09
+1.000cc a 2.000cc
MILHÕES)
AQUISIÇÃO DE BENS – VEÍCULOS
AQUISIÇÃO DE BENS – OUTROS TAXA DE JUROS
TAXA DE JUROS
TAXA DE JUROS MÊS/ ANO
out/09
set/09
ago/09
jul/09
jun/09
mai/09
abr/09
fev/09
mar/09
30.000
% VARIAÇÃO A.M. P.P
% VARIAÇÃO A.A. P.P
% VARIAÇÃO A.M. P.P
% VARIAÇÃO A.A. P.P
% A.A.
VARIAÇÃO P.P
SALDO TOTAL R$ MILHÕES
-0,11
54,50
-2,00
81.504
2,32
-0,19
31,75
-2,91
9.752
4,21
-0,11
63,96
-2,18
-0,21
50,80
-3,70
81.439
2,19
-0,14
29,67
-2,08
9.643
4,20
-0,01
63,81
-0,15
3,37
-0,12
48,80
-2,00
81.235
2,20
0,01
29,88
0,21
9.356
4,02
-0,18
60,41
-3,40
141.096
3,24
-0,13
46,60
-2,20
81.777
2,15
-0,05
29,15
-0,73
9.157
3,77
-0,25
55,84
-4,57
jun/09
147.804
3,18
-0,06
45,60
-1,00
83.219
2,00
-0,15
26,85
-2,30
9.011
3,73
-0,03
55,25
-0,59
jul/09
146.452
3,13
-0,05
44,80
-0,80
84.226
2,01
0,00
26,92
0,07
8.977
3,66
-0,08
53,85
-1,40
ago/09
149.604
3,10
-0,03
44,30
-0,50
85.324
1,96
-0,05
26,21
-0,71
8.897
3,69
0,03
54,42
0,57
set/09
152.072
3,13
0,02
44,70
0,40
87.955
1,87
-0,09
24,94
-1,27
8.970
3,52
-0,17
51,41
-3,01
out/09
155.567
3,19
0,06
45,70
1,00
90.136
1,91
0,04
25,56
0,62
9.120
3,44
-0,08
50,01
-1,40
nov/09
157.097
3,06
-0,12
43,60
-2,10
91.852
1,90
-0,02
25,30
-0,26
9.145
3,54
0,10
51,78
1,77
dez/09
157.763
3,11
0,05
44,40
0,80
93.916
1,90
0,00
25,37
0,07
9.595
3,71
0,17
54,83
3,05
jan/10
160.526
3,13
0,02
44,80
0,40
95.674
1,89
-0,01
25,20
-0,17
9.278
3,53
-0,18
51,70
-3,13
fev/10
163.364
3,07
-0,06
43,80
-1,00
97.805
1,82
-0,07
24,10
-1,10
9.139
3,49
-0,05
50,90
-0,80
SALDO TOTAL R$ MILHÕES
Fonte: Anfavea/INEPAD
abril/maio 2010 FINANCEIRO 65
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Cadastro Positivo e crescimento econômico As vendas do varejo têm apresentado forte expansão nos últimos anos graças à ampla disponibilidade de crédito oferecida aos consumidores, embora tenha ocorrido uma retração, tanto do crédito como das vendas, a partir de setembro de 2008, devido à crise internacional. Gradativamente, no entanto, os Por Alencar Burti financiamentos voltaram a se expandir a taxas elevadas, permitindo a recuperação do comércio neste ano. O crédito disponível com prazos longos, que reduziram o valor das prestações do crediário, combinado com o aumento do emprego e da renda permitiram o ingresso no mercado de bens de maior valor, de mais de 30 milhões de novos consumidores. Essa nova camada de consumidores que passou a demandar crédito, grande parte proveniente dos estratos de renda mais baixas, explica porque a forte expansão dos financiamentos não provocou crescimento da inadimplência. Esse contingente de novos consumidores que ingressou no mercado tinha endividamento praticamente zero ou muito baixo, por não ter anteriormente acesso ao crédito. A existência de serviços de informações, como o SCPC da ACSP, foi fundamental para a expansão do crédito no País e, em consequência, para a produção e as vendas de bens de maior valor, permitindo que a grande maioria dos lares brasileiros disponha de itens essenciais para o conforto das famílias. O SCPC, da Associação Comercial de São Paulo, hoje integrado a uma rede com mais de 2.200 postos de serviços de proteção ao crédito espalhados por todo o Brasil, forma a RENIC, indispensável para a circulação do crédito ao consumidor. O SCPC adiciona outras informações e modelos matemáticos sofisticados para
oferecer a seus clientes ferramentas de decisão que reduzam os riscos para a concessão de crédito. Falta, contudo, conhecer o grau de endividamento do consumidor, informação que somente se tornará disponível com a implementação do Cadastro Positivo. O Cadastro Positivo é importante para quem concede o crédito, mas, também, para o próprio consumidor, que terá maior dificuldade para se endividar de forma excessiva, estimulará um comportamento mais salutar em relação a seus hábitos de uso do crédito e de pagamentos, pois a pontualidade lhe trará benefícios na forma de mais facilidade para o acesso ao financiamento e taxas de juros mais baixas. Essa é uma medida que poderia contribuir para a redução das taxas de juros e do spread bancário, e que depende apenas de uma lei que torne explícito que os bancos de dados podem operar com os dados cadastrais e de hábitos de compra do consumidor. A oportunidade é bastante favorável para essa aprovação porque já existe um projeto de lei que se encontra com sua tramitação no Senado bastante avançada, tendo sido a aprovado na Câmara, de autoria do ex-senador Rodolpho Tourinho, que permitiria que se começasse a operar o Cadastro Positivo sem prejuízo de eventuais aprimoramentos posteriores. A ACSP e outras entidades têm trabalhado muito nesse sentido, mas seria necessário que o governo usasse sua liderança no Senado para procurar agilizar a votação do referido projeto ainda antes das eleições. f Alencar Burti é presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
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