Financeiro 74 - Abril 2012

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financeiro arevistadocrédito edição

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Escolha estratégica abril/maio 2012 edição 74

HÁ MAIS DE 30 ANOS NA GENERAL MOTORS DO BRASIL, GRACE LIEBLEIN FALA SOBRE O CENÁRIO AUTOMOTIVO E AS METAS DA EMPRESA PARA 2012

ESPECIAL NÚMERO DE MILIONÁRIOS CRESCE NO PAÍS E ATRAI BANCOS

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conteúdofinanceiro

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Capa Páginas Azuis

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Renato Meirelles, sócio-direto

da General Motors do Brasil, fala sobre o crédito

do Data Popular, aborda a importância

no mercado automotivo

das classes emergentes para as instituições financeiras

Especial Private Banking 46

de R$ 162,2 bilhões em operações

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econômicas para o Brasil em 2012

Crédito Regional Financeiras de Minas Gerais movimentam mais

Consumo

Cultura Claudio Porto comenta livro sobre propostas

para novos negócios

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Entrevista

Na entrevista do mês, Grace Lieblein, presidente

Instituições financeiras apostam em milionários

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Happy Hour Em um ambiente rústico e informal, restaurante Pomodori oferece um

Crescimento do País teve como pilar principal

toque especial à

a classe C, aponta pesquisa

gastronomia italiana

Cartões Programas de recompensas buscam fidelizar

artigos

clientes e estimular consumo

18 Karin Thies Romero Mercado

Seminário Jurídico

28 Iroilton Medeiros Tecnologia 34 Marcel Solimeo Crédito

Acrefi debate ações revisionais, Cadastro Positivo

54 Alberto Borges Matias Análise e Perspectivas

e lavagem de dinheiro no Brasil

66 Nicola Tingas Última Palavra abril/maio 2011 FINANCEIRO 3

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expediente financeiro ISSN 1809-8843

Publicação da Acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 – 28o andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107–7177 Fax: (11) 3106–6082 – www.acrefi.org.br Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Marcio Ronconi de Oliveira, Luis Otavio Matias, Aquiles Leonardo Diniz, Mara Lygia Prado, Mauro Roberto Vasconcellos Gouvêa, Bartholomeu Ribeiro e Ricardo Annes Guimarães Secretários Paulo Tabaquim e Sérgio Marra Pereira Capella Tesoureiros Cláudio Messias Ferro e Marcus André de Oliveira Diretores Regionais Athaide Vieira dos Santos, Carlos Alberto Samogim, Felicitas Renner, José Antonio Rodrigues, Francisco Sotero Rosas Neto, Marcos Etchegoyen, Leonardo Marcondes Dadalto, Paulo Henrique Pentagna Guimarães e Pedro Costa Carvalho Diretores-Executivos Morris Dayan, Edson Froes Castilho, Felipe César Rodrigues Ferreira, Laurent Thong Vanh, Luis Felix Cardamone Neto, Rubens Bution e Leonel Dias de Andrade Neto Diretores Conselheiros Eduardo Tavares Nobre Varella, Giovani Cataldi Neto, Paulo Sérgio Borsatto, Nelson Aguiar Junior e Joelcyr Carmello Filho Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon Membros: Rogério Amato, Ricardo Loureiro, Jorge Hilário Gouveia Vieira, Décio Carbonari de Almeida, Miguel José Ribeiro de Oliveira, Ilídio Gonçalves dos Santos e Flávio Antonio Meneghetti Conselho Fiscal Efetivos: Domingos Spina, Edson Ueda, David Figueiredo Suplentes: Elpídio Hoffmann, Maria Madalena Américo Marinho e Gilson de Oliveira Carvalho Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Economista-Chefe Nicola Tingas Consultor Jurídico Roberto C. Azzi Auditoria Pricewaterhousecoopers Assessoria Contábil Silveira & Lavorini Contabilidade Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial

Rua Novo Horizonte, 311 – Pacaembu – São Paulo – SP Tel.: (11) 3125–2244 – CEP 01244-020 – www.gpadrao.com.br Publisher Roberto Meir REDAÇÃO Editora-executiva Patrícia Lucena Editora-assistente Juliana Jadon Reportagem Flávia Corbó, Mariana Congo, Paulo Gratão e Raquel Sena Fotografia Douglas Luccena Arte Editora de Arte Marina Martins Diagramadores Carlos Borges, Érika Bernal e Marcelo Kilhian Arte-Finalista Daniel Regis da Silva Revisora Dora Wild Publicidade Diretora Comercial – Fabiana Zuanon – fzuanon@gpadrao.com.br Gerente Comercial – Marco Góes – mgoes@gpadrao.com.br Gerente de Negócios – Adriana Próspero – aprospero@gpadrao.com.br Impressão IBEP Gráfica Ltda.

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editorial

T

ornou-se lugar comum dizer que “há coisas que só acontecem no Brasil”. Quem vive por aqui sabe, no entanto, que a frase carrega muito de verdade. Infelizmente, a grande maioria dessas “jabuticabas” vem para atrapalhar a vida de cidadãos e empresas. Os exemplos estão em todo lugar. Para ficar em um caso recente: o couvert que pagamos quando vamos aos restaurantes. O assunto virou tema de projeto de lei e foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo, o Estado mais rico do País! Convenhamos: pode até ser um tema importante para clientes, garçons e proprietários de restaurantes, mas daí a se tornar um projeto de lei vai uma distância razoável. Não conheço outro país em que o couvert em restaurantes tenha que ser regulamentado por lei. Há também a punição prevista a torcedores que usam palavrões nos estádios e a obrigatoriedade da cadeirinha de bebê para os carros. Enfim, há uma longa lista de assuntos muito mais importantes que deveriam ser objeto de legislação. O Judiciário também tem se mostrado um terreno fértil para a proliferação de “jabuticabas”. Segundo estudo recente, 92% dos processos que chegaram ao STF foram recursos já julgados em pelo menos duas instâncias. Ora, pode-se dizer que isso só acontece no Brasil. Em outros países, os recursos na mais alta corte acontecem em casos excepcionais.

Foto: Flávio Roberto Guarnieri/ Artigo enviado em abril

A pátria da ‘jabuticaba’ Na política, poderíamos listar muitos exemplos de “jabuticaba”. Mas vale destacar a ideia de criar o voto conhecido como “distritão”, que foi incluído na proposta de reforma política. O “distritão” não é encontrado em nenhum outro país. Ele acaba com o voto de legenda, o que significa que os eleitores não poderão, se a proposta for aprovada, votar nos partidos de sua preferência. Desse jeito, como falar do necessário fortalecimento de nossos partidos? Há também o seguro obrigatório para quem tem carro. Essa “jabuticaba” faz com que um grande número de compradores de veículos do País pague por dois seguros, caso único no planeta. Como o nome diz, não é optativo. E pouquíssimos fazem uso do seguro obrigatório, até porque não existe (e não interessa que exista) informação sobre ele. Enfim, a lista parece não ter fim. E há o caso emblemático de nosso sistema tributário. O Brasil tem 85 impostos e, mais do que isso, optou por tornar esse emaranhado ainda mais confuso. Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário mostrou que são editadas 37 normas tributárias por dia. Mesmo que cidadãos e empresas queiram pagar seus tributos, terão sérias dificuldades para fazê-lo. O brasileiro está sujeito a pagar desde Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante até as Contribuições Confederativas de empresas e de trabalhadores, para ficar em dois exemplos. Não se tem notícia de outro país que consiga conviver com tantas regras no sistema tributário novas a cada instante. Devemos ser campeões mundiais nesse ponto, infelizmente. O sistema tributário talvez seja o maior exemplo de “jabuticaba” que torna a vida de todos os brasileiros muito mais complicada, sem necessidade. É uma interferência direta do Estado em nosso dia a dia, sem lógica e sem maiores explicações. É preciso que a sociedade aumente sua mobilização para acabar com essa e com outras “jabuticabas”, que estão estragadas faz tempo, mas ninguém tem coragem de recolhê-las.

Érico Sodré Quirino Ferreira Presidente da Acrefi abril/maio 2012 FINANCEIRO 5

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capaentrevistadomês Por Patrícia Lucena

Sonho de

infância A engenheira Grace Lieblein conhece bem o mercado automotivo e, principalmente, a General Motors, onde está desde 1978, quando entrou como estagiária. Inspirada pelo seu pai, que trabalhou durante muitos anos na linha de montagem de uma fábrica de automóveis, esse universo a encantou desde cedo. “Decidi seguir os passos de meu pai, de quem muito me orgulho, comecei a estudar engenharia e fui trabalhar na GM. Esse mercado é complexo e fascinante”, conta ela. Grace foi a primeira mulher a comandar as operações da companhia no México em 2008, momento que enfrentou uma das piores crises financeiras. Nessa época, a GM emprestou dinheiro do Tesouro norte-americano e passou por uma reestruturação. “Foram tempos difíceis, mas a empresa rapidamente se recuperou e hoje está mais enxuta, com resultados positivos.” Há mais de 30 anos na companhia, a executiva passou por diversas áreas, como manufatura, engenharia de produto e de design. Há quase um ano Grace assumiu a presidência na s ubsidiária brasileira. Para ela, esse foi um enorme privilégio.

Pela sua função, ela acompanha diariamente a evolução do mercado automotivo no Brasil e afirma: “é um segmento bastante dinâmico e que tem registrado muitos recordes no País nos últimos anos, alcançando o quarto lugar no ranking mundial, atrás apenas de China, Estados Unidos e Japão.” Acompanhe a seguir a entrevista exclusiva de Grace concedida à revista Financeiro. Revista financeiro como você enxerga o mercado automotivo brasileiro de hoje? Grace Lieblein O Brasil tem ainda muito potencial de crescimento e atualmente 2% da população compra veículos novos. A indústria automobilística enfrenta hoje muitos desafios no País, entre eles a elevação dos custos estruturais que comprometem a capacidade de competir com os concorrentes estrangeiros. Nos últimos anos, registramos sucessivos crescimentos e o setor foi pouco impactado pela crise financeira global de 2008 e 2009. Isso graças à rápida ação do governo que abriu linhas de crédito para o consumidor e reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), atenuando os efeitos da crise. Financeiro Qual a importância do financiamento de veículos para a gm? Grace Conforme estatísticas da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), 62% das vendas no mercado de veículos de passeio zero quilômetro, em 2011, foram por meio de financiamento,

Fotos: Maurício Pavan

Grace Lieblein, presidente da General Motors no Brasil, fala sobre as metas da empresa para este ano e a importância do crédito no mercado automotivo

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leasing e consórcio. Por isso consideramos essas modalidades de compras fundamentais para o volume das vendas no varejo, diferenciando-se de outros instrumentos que não têm a relação histórica de qualidade e foco que temos demonstrado a esses consumidores. Financeiro as vendas a prazo correspondem a que parcela do total de veículos vendidos pela gm? Grace Nos primeiros dois meses de 2012, 70% do total de veículos da GM no varejo foram vendidos por meio de financiamento, leasing e consórcio. A venda a prazo vem apresenta um crescimento gradativo e saudável a cada ano, principalmente pelo crescimento da renda do consumidor, nível de emprego e a disponibilidade de condições atrativas. Para exemplificar, comparando com o ano de 2007, quando

“Nos últimos anos, registramos sucessivos crescimentos e o setor foi pouco impactado pela crise financeira global de 2008 e 2009” abril/maio 2012 FINANCEIRO 7

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20.378 das vendas foram financiadas por mês e, em 2011, foram 25.072, tivemos em quatro anos um crescimento de 23% nesta modalidade. Financeiro Na sua avaliação, o crescimento do mercado automotivo tem relação com a facilidade das vendas a prazo e concessão de crédito? Grace Sim, há uma relação direta. Essa elevação é resultado de uma soma de fatores, como linha de veículos com uma boa relação custo-benefício, credibilidade da marca, respeito ao consumidor, variedade de prazos disponíveis, acesso fácil e rápido a contratação de financiamento, aumento do poder de compra e desejo do consumidor, e estabilidade econômica. O veículo ainda é o segundo sonho de consumo do brasileiro, atrás apenas da casa própria. O mercado brasileiro de veículos vai continuar crescendo e essas condições melhoram na mesma velocidade.

“Não podemos errar no pilar mais sagrado que é a satisfação do nosso cliente”

Financeiro A revisão do código de defesa do consumidor propõe atacar o superendividamento das famílias. Como funciona a concessão de crédito na gm? Grace As taxas de juros para o crédito automotivo tradicionalmente são mais baixas. Além disso, o cliente Chevrolet é um consumidor diferenciado que junta a emoção pelo produto e a razão na escolha do modo de pagamento. Com a garantia e segurança da alienação fiduciária, os resultados de inadimplência em veículos apresentam índices mais baixos que outras modalidades sem garantia real. Há mais de 80 anos, a GM do Brasil tem no Banco GMAC o seu parceiro para o fi-

nanciamento de varejo que segue critérios adequados ao que esperamos para atender aos nossos objetivos de negócios. Cobramos agilidade, qualidade, atendimento e respeito ao cliente. Não podemos errar no pilar mais sagrado que é a satisfação do nosso cliente. Financeiro Com a chegada da nova classe média e o aumento do poder de compra, o mercado automotivo teve que se adaptar a esse público em termos de crédito e financiamento? GRACE O completo mix de veículos da Chevrolet oferece ao consumidor final uma variedade de opções apropriadas a cada perfil e necessidade. Junto com o Banco GMAC, temos tido êxito em oferecer aos nossos clientes planos e condições de financiamento que atendem suas necessidades e orçamentos. Estamos preparados para oferecer atendimento personalizado para satisfazer o profissional liberal, assalariado, aposentado, grandes empresários, em qualquer classe econômica. Viabilizar o processo de aquisição de um Chevrolet por meio de financiamento, leasing ou consórcio, está no nosso DNA. Sabemos fazer veículo com elevada qualidade e tecnologia e também encantar nossos clientes com soluções financeiras e de seguros. Financeiro Qual a participação da gm no mercado brasileiro e as projeções para este ano? Grace Somos a terceira colocada no ranking brasileiro. Nosso objetivo principal é o de conquistar a preferência do consumidor. A melhoria de desempenho será uma consequência desse sucesso. No ano passado, o mercado fechou com 3,6 milhões de veículos emplacados. Para 2012, a previsão é registrar um volume de vendas em torno de 3% superior ao de 2011. Esperamos vender mais, tendo em vista que estamos lançando sete modelos. Nosso foco é ser a melhor marca do ponto de vista do consumidor e oferecer ao mercado os melhores produtos. A performance de vendas será reflexo disso. Financeiro Qual será a aposta da marca no brasil em 2012?

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Grace Apostamos em toda a linha Chevrolet, que possui 20 modelos em diferentes segmentos e nichos. Lançamos recentemente a nova S10, com expectativa de manter a liderança do segmento. Teremos mais seis novos produtos no decorrer do ano. Atuamos em praticamente todos os setores do mercado automotivo brasileiro, desde o que concentra o carro de entrada para o consumidor, passando pelos médios, grandes e os modelos mais luxuosos. Oferecemos ao consumidor desde o Celta até o Omega, incluindo também picapes, monovolumes e utilitários esportivos. Financeiro A gm tem planos de abrir novas fábricas no brasil? Grace Até o final deste ano vamos inaugurar uma nova fábrica de motores e cabeçotes em Joinville (SC), resultado de um investimento de R$ 350 milhões. Acabamos de anunciar uma nova fábrica de transmissões, com investimentos de R$ 710 milhões, que será construída no mesmo local. Estamos também ampliando nossas fábricas em São Caetano do Sul (SP) e Gravataí (RS). Financeiro Em relação aos investimentos, qual será o maior foco da empresa em 2012? Grace Estamos neste ano na reta final de conclusão de

“A venda a prazo apresenta crescimento a cada ano, principalmente pelo aumento da renda do consumidor, do nível de emprego e condições atrativas” um amplo programa de investimentos de mais de valor de R$ 5 bilhões para o período de 2008 a 2012. Esses recursos estão focados na modernização e expansão de nossas fábricas, assim como no desenvolvimento de novas tecnologias e veículos para expandir a linha Chevrolet no Brasil. Financeiro Falando um pouco sobre a sua carreira, quando você pensa em gestão, qual a principal característica pessoal que a ajudou a progredir profissionalmente? Grace Atribuo à minha determinação em buscar os objetivos traçados. E também ao fato de aproveitar as oportunidades que surgiram na minha carreira profissional. Financeiro e o que você busca nos profissionais que trabalham com você? Grace Acho fundamental a habilidade de trabalhar integrado em um time, a dedicação e o comprometimento com os objetivos da empresa, além da busca constante da atualização de conhecimentos. abril/maio 2012 FINANCEIRO 9

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notasmercado

MERCADO DE CAPITAIS

Indústria de fundos avança no País A indústria de fundos ganha destaque no cenário brasileiro devido ao crescimento apresentado nos últimos anos. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Mercado (Anbima), o total de recursos do setor passou de R$ 1,6 trilhão em 2010 para quase R$ 2 trilhões em 2011. Com essa marca a categoria passou a ser a sexta maior do mundo, embora a maior quantia ainda esteja concentrada em grandes bancos de varejo.

COMÉRCIO

Atividade apresenta primeira alta em março O movimento dos consumidores nas lojas de todo o País avançou 1% em março, recuperando-se parcialmente das quedas de 2% e de 0,2%, observadas em janeiro e fevereiro, respectivamente, segundo levantamento da Serasa Experian. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve crescimento de 8,1% do movimento do varejo em março deste ano. No acumulado do primeiro trimestre de 2012, a atividade varejista cresceu 6,6% em relação ao mesmo período de 2011.

CONSUMO

R$ 2,03 trilhões foi o valor atingido pelas operações de crédito em fevereiro, segundo o Banco Central do Brasil. O montante representa uma alta de 0,4% sobre o mês anterior

R$ 1,02 bilhão

é o prejuízo acumulado em 2011 das empresas de capital aberto ligadas ao grupo EBX, do bilionário brasileiro Eike Batista. Esse é o pior resultado para o empresário

R$ 6 bilhões

é quanto o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai investir na contratação de novos projetos de crédito da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), valor 50% maior do que 2011

Setor de compras coletivas soma R$ 1,6 bilhão Os sites de compras coletivas estão em alta no Brasil. Tanto que número de consumidores que aderiram a essa modalidade chegou a 9,98 milhões em 2011. De acordo com o relatório da 25ª edição da WebShoppers, elaborado pela E-bit, com o apoio da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) e da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), foram realizados 20,49 milhões de pedidos e o faturamento desse mercado atingiu R$ 1,6 bilhão no ano passado.

R$ 1,7 bilhão

é o que a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) rendeu ao governo, mesmo quatro anos após deixar de ser cobrada

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especialprivatebanking Por Juliana Jadon

Hora da No Brasil, 19 pessoas, em média, se tornam milionárias diariamente, o que faz o País ser o sul-americano com o maior número de afortunados. Esse público requintado, apesar de seleto, representa para as instituições financeiras uma ampla oportunidade de realizar negócios Uma parcela da sociedade abonada e que a cada ano cresce no solo nacional, fruto de uma economia brasileira em franca ascensão, atrai os holofotes das grandes instituições financeiras. Desde 2007, uma média de 19 pessoas se torna milionária a cada dia no Brasil, tendência que deve continuar por mais três anos. Somente no ano passado, o País contabilizou por volta de 50,6 mil milionários que fecharam o período com R$ 434,4 bilhões investidos nos bancos, segundo levantamento

da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). É essa fatia de mercado que os grandes players financeiros no Brasil, sejam nacionais ou globais, disputam como clientes. Afinal, desse nicho de mercado dinheiro não falta para administrar. Mas não é fácil conquistar essa clientela. É preciso de uma equipe capacitada em gestão de investimentos e que realize um atendimento personalizado e calcado, acima de tudo, na confiança.

O volume de ativos sob gestão dos ricos no País em 2011 representa um avanço de 21,6% sobre 2010, praticamente o mesmo ritmo de expansão apresentado naquele ano. Cada milionário brasileiro possui, em média, R$ 8,6 milhões – montante maior que o apresentado no ano anterior, quando a média de recursos por pessoa dessa classe era de R$ 7,5 milhões. De acordo com a Anbima, os fundos de investimentos foram o principal rumo das aplicações dos

Fotos: iStockphoto/Divulgação

bonança

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milionários no ano passado, com 43% dos recursos totais. Em seguida, estão os ativos de renda fixa, que registraram maior crescimento na demanda, passando de 32,5%, em 2010, para 37,5%, em 2011. Já a arriscada renda variável perdeu a preferência dos investidores, caindo de 19,1% para 14,5%. Apesar disso, o maior volume de dinheiro dos investidores está alocado na categoria multimercados (em que o investidor aplica em um único fundo, mas nele pode diversificar entre títulos públicos, crédito privado, ações, câmbio e derivativos em sua carteira), que cresceu 26,8% em 2011. Quem manda é o cliente Globalmente, o País está bem colocado e concentra 1% do total de milionários no mundo. O dado é do Credit Suisse, que aponta

No ano passado o País contabilizou por volta de 50,6 mil milionários que fecharam o ano com R$ 434,4 bilhões investidos nos bancos, segundo a Anbima que, apesar de estar bem atrás dos Estados Unidos, onde vivem 34% de todos os milionários do planeta, o Brasil é o país sul-americano com maior número de afortunados. De olho nessa fatia, João Albino Winkelmann, diretor do private banking do Bradesco, roda o País para atendê-la – no banco é preciso ter R$ 3 milhões de disponibilidade financeira para participar dessa classificação. Em março, quando concedeu entrevista para a Financeiro, estava longe da sede do banco na Cidade de Deus, em Osasco. Dentro de um táxi, vislumbrava uma das praias do litoral de Santa Catarina, onde havia participado de um café da manhã com uma família afortunada no intuito de prestar consultoria financeira. Winkelmann demonstra que o trabalho do private banking vai muito além da gestão da conta corrente. As instituições também prestam auxílio sobre temas financeiros e os gerentes vão até os clientes onde quer que estejam. Essa parcela recebe um atendimento denominado no banco abril/maio 2012 FINANCEIRO 13

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Cada cliente de private banking no Brasil possuía, no final de 2011, em média, R$ 8,6 milhões – montante maior que no ano anterior, quando a média de recursos por pessoa dessa fatia de mercado era de R$ 7,5 milhões como HDL (hora, dia e local em que desejar). “Um cliente desse nível merece, de fato, a visita do diretor. Isso é natural, compreensível”, diz o executivo do Bradesco. Para ele, não importa qual a situação, é preciso estar disponível. Em uma ocasião, Winkelmann liga dez horas da noite para um cliente que só pode atender após esse horário e conversa sobre alocação de capital. O papel dele como diretor do private banking é fornecer soluções integradas, mas pela proximidade com esse público, também pergunta como estão a esposa e o filho mais novo. No final, questiona se ele gostaria de algum apoio em outros produtos e serviços financeiros, como crédito, seguro e previdência. A resposta é que ele gostaria de uma proposta de plano de saúde familiar. A solução para isso é fácil, Winkelmann busca com um especialista do Bradesco as informações e depois a apresenta para o cliente. Quando a solicitação é mais complexa e específica, o diretor o coloca para falar com o executivo que atenda a área responsável.

Winkelmann conta que existem regalias para as pessoas desse nível. Quando um cliente private pede aumento do limite do cartão de crédito em R$ 100 mil – pois é uma data especial, como o aniversário da esposa, por exemplo, e ele precisa comprar um presente notável –, isso é feito em minutos. “Somos os embaixadores de clientes no banco. Resolvemos questões que poderiam demorar dias em pouco tempo”, assinala o diretor do Bradesco. A rede private banking do Bradesco conta com 14 pontos de atendimento espalhados Brasil afora. Entre 80 e 90 clientes são atendidos por cada gerente. Já no Banco do Brasil (BB), no qual a exigência para participar dessa plataforma cai para R$ 2 milhões disponíveis para investir, a interação com os clientes fica por conta dos chamados “xerifes do relacionamento private”. Eles respeitam a forma como o correntista quer ser atendido e tratado

João Winkelmann, do Bradesco “Somos os embaixadores de clientes nos banco. Resolvemos questões que poderiam demorar dias em pouco tempo”

– por telefone, presencialmente por meio de visitas, nas próprias agências private, entre outros canais. Além disso, todos os executivos que atuam no atendimento dos milionários no BB possuem a certificação CPA 20, que atesta a capacitação de gerentes de agências que atendem aos segmentos private, corporate e investidores institucionais. São somente quatro escritórios private do BB – um em cada região do País –, além de 66 bases de atendimento espalhadas pelo território nacional. A oferta de produtos e serviços é ampla. “O segmento private oferece uma prateleira completa de linhas de crédito. Ela contempla desde seguros até o financiamento de aeronaves, barcos ou outros bens de valor elevado”, conta Cardoso Fidalgo Júnior, gerente executivo de private banking do Banco do Brasil. No Santander, o foco maior é gerir os bens do cliente. “Os serviços de um private banking abrangem uma cobertura completa de soluções para o patrimônio do cliente e que podem ajudá-lo não só na administração dos recursos, mas também na rentabilidade e nas suas preocupações”, destaca Marcos Shalders,

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superintendente comercial do private banking da instituição. Público refinado Um estudo do Instituto Fractal aponta que os homens são a maioria entre os detentores de grandes fortunas. Boa parte deles é de empresários com mais de 50 anos, herdeiros de enormes quantias, atletas, artistas, modelos, entre outras profissões que rendem gordas remunerações. Geralmente, considera Celso Grisi, diretor-presidente da empresa de pesquisas, dão valor ao convívio

Foto: Douglas Luccena

Celso Grisi, do Instituto Fractal “De 2008 para cá, o private banking tornou-se mais cauteloso, técnico, presente. Não aceita perdas patrimoniais, nem reduções de rentabilidade”

em família ou a grupos pequenos de pessoas, sem gostar de grandes aparições. A maior preocupação é a família e o maior valor buscado é o estudo e a formação profissional. “Esses ricos são pessoas que se prepararam para as atividades que exercem. Outra preocupação está vinculada à saúde deles e a da família”, classifica. De acordo com Grisi, eles possuem um comportamento que pede atendimento qualificado. “A qualidade do relacionamento é uma das premissas mais importantes que um banco deve ter com o cliente private

Globalmente, o País está bem colocado e concentra 1% do total de milionários no mundo. O dado é do Credit Suisse, que aponta que, apesar de estar bem atrás dos Estados Unidos, onde vivem 34% de todos os milionários do planeta, o Brasil é o país sul-americano com maior número de afortunados e ela deve ser construída com base na confiança”, coloca. São pessoas que querem aumentar o patrimônio e, por isso, usam mais de um banco para acompanhar a gestão e a rentabilidade de cada um. “Esse mercado é composto por uma clientela sofisticada, bem formada, habituada à vida financeira internacional. Observa de forma crítica se as estratégias utilizadas para alocação dos seus ativos estão em linha com o nível internacional e com o padrão de risco que gostariam de assumir”, avalia Grisi. “O private banking possui um público muito exigente, que consome diversos produtos e serviços e de diversas indústrias, viaja por grandes companhias áreas, se hospeda nos abril/maio 2012 FINANCEIRO 15

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Nas estimativas do Credit Suisse, o Brasil terá uma das maiores taxas de crescimento de milionários do mundo entre os emergentes nos próximos quatro anos, com 155% de aumento, perdendo apenas para a África do Sul, com 242% de crescimento, e Egito, com 197% melhores hotéis, restaurantes, e em sua rotina é muito bem atendido por pessoas competentes”, concorda Marcos Shalders, superintendente comercial do private banking do banco Santander Brasil. As equipes, ressalta Grisi, precisam ser qualificadas e ter um conhecimento complexo das operações. Há também a necessidade de os bancos investirem em tecnologia e ferramentas de análise de risco – para maior segurança do patrimônio dos clientes e avaliações mais detalhadas e específicas. “Quando um indivíduo contrata um private banking, ele pensa em uma rentabilidade acima da média da inflação. Então, apesar de o Brasil ter um mercado de capitais bem estruturado, os bancos se sentem em situações difíceis para poder remunerar substancialmente esse cliente”, dissemina. Caminho do ouro As oportunidades para as instituições financeiras, aponta o es-

pecialista do Instituto Fractal, estão em fusões e aquisições, a camada do pré-sal, IPOs, infraestrutura, entre outras grandes operações. Mercado para atuar é o que não vai faltar. A estimativa é de quase 500 mil novos milionários no País até 2016, elevando o total de afortunados brasileiros de 319 mil para 815 mil. Apesar de essas estimativas do Credit Suisse serem divergentes da Anbima, são positivas da mesma maneira. Na expectativa do banco suíço de investimentos, o Brasil terá uma das maiores taxas de crescimento de milionários do mundo entre os emergentes nos próximos quatro anos, com 155% de aumento, perdendo apenas para África do Sul, com 242% de crescimento, e Egito, com 197%. O momento é propício. Em 2011, o segmento private

do Banco do Brasil cresceu cerca de 50% em tamanho, quase o dobro da média do mercado. Os milionários já representam uma parcela de R$ 55 bilhões administrados pelo BB. O montante é dividido por 20 mil clientes individuais e 12,7 mil em grupo – famílias ou empresas. “Fizemos movimentos importantes com a indústria do País. A expectativa é manter esse ritmo, tanto no agronegócio, quanto no atendimento a pessoa física”, revela Fidalgo. “Para crescer nesse acirramento da concorrência é preciso qualificar o profissional para atender bem ao cliente frente ao mercado e desenvolver novos produtos e serviços”, considera Shalders, do Santander. O aperfeiçoamento continua. “De 2008 para cá, o private banking tornou-se mais cauteloso, técnico, presente. Não aceita perdas patrimoniais, nem reduções de rentabilidade”, conclui Grisi. f Cardoso Fidalgo, do Banco do Brasil “O segmento private oferece uma prateleira completa de linhas de crédito”

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artigomercado

A importância das mulheres no crescimento econômico

Por Karin Thies Romero

Cerca de 55% dos consumidores no e-commerce são mulheres. Pesquisas recentes apontam que elas já são donas de 52% dos cartões de crédito em uso no País. Elas são multimídia e utilizam a internet como aliada na hora de pesquisar produtos, preços e disseminar opiniões. Isso sem falar nos mercados tradicionalmente voltados ao público feminino, como flores, joias, cosméticos e moda. As mulheres decidem e compram diretamente, além de influenciarem e controlarem os gastos masculinos, sendo responsáveis por 66% do consumo nacional. Sim, produzir e oferecer produtos para as mulheres dá dinheiro! Esse mercado tem projeções de crescimento contínuo e ultrapassa o masculino em diversas áreas. Cada vez mais a indústria, o comércio e os serviços se voltam ao público feminino e é notável o esforço que fazem para entender e ir ao encontro das necessidades da consumidora. Mas e o crédito, segue o mesmo caminho? A mulher saiu para o mercado de trabalho, conquistou prestígio, independência e não se preocupa mais apenas com o consumo. Cada vez mais, a intenção de suprir necessidades financeiras e garantir tranquilidade para si mesma e para a própria família leva o público feminino a bater à porta de empresas que oferecem crédito. Os homens são mais focados em si próprios, encarando a carreira como papel central em sua identidade, já as mulheres se dividem em diversos papéis e desejam ser respeitadas por todos eles. Em termos financeiros, essa tendência feminina se traduz em gastos mais elevados, pois exigem mais cuidados e investimento monetário. Além disso, elas estão mais abertas a falar sobre seus problemas e buscar ajuda quando necessário, levando a uma maior busca de crédito, meios de pagamento e produtos financeiros.

Esses fatores, aliados a análises detalhadas de perfil, mostram que elas representam, em geral, um risco mais baixo no acesso ao crédito bancário. Talvez o melhor exemplo do poder transformador proporcionado pelo acesso feminino ao crédito possa ser observado em Bangladesh com a implantação do Grameen Bank, que desde 1976 empresta, sem garantias nem papéis, principalmente a mulheres pobres: 97% dos clientes. Segundo Muhammad Yunus, idealizador dessa experiência de microcrédito, “as mulheres administram melhor o dinheiro” e “quando o crédito é concedido a elas, produz mudanças mais rápidas que quando vai para os homens. Isso porque a fome e a pobreza são uma questão mais feminina do que masculina.” Vale lembrar que antes as mulheres representavam menos do que 1% de todos os empréstimos concedidos naquele país e a oportunidade dada à elas nos últimos 30 anos provou que é possível fornecer serviços financeiros aos pobres, em escala e de modo sustentável. É urgente, portanto, uma política específica de disponibilização de crédito para mulheres. Pois não são somente elas que pagam o preço da discriminação de gênero. Todos sofremos por não aproveitar ao máximo o potencial dessa fatia da população. E como consta na mensagem de Michelle Bachelet, diretora executiva da ONU Mulheres, no Dia Internacional da Mulher em 2011: “A força, o trabalho e a sabedoria das mulheres continuam sendo os recursos mais desaproveitados da humanidade. Simplesmente não podemos nos dar o luxo de esperar outros cem anos para libertar todo esse potencial”. f Karin Thies Romero é estatística, consultora da área de inteligência preditiva da Crivo

Foto: Divulgação/iStockphoto/Artigo enviado em fevereiro

A mulher e o crédito

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créditoregional

Riquezas de Minas Gerais Movimentando mais de R$ 162,2 bilhões em operações acima de R$ 5 mil, as financeiras e bancos colaboraram para que a região apresente uma procura por crédito maior que a média geral do Sudeste e muito semelhante aos índices nacionais divulgados pelo Banco Central Por Flávia Corbó

Orgulho regional

Um dos exemplos da boa gestão de bancos mineiros é o BMG, sediado em Belo Horizonte. Em 81 anos de atuação, a empresa conseguiu tornar-se líder privado em crédito consignado no país. Atualmente, a empresa possui 370 lojas próprias e mais de 30 mil correspondentes e agentes bancários em todo o País, responsáveis por atender os seis milhões de clientes. Com foco no atendimento a servidores públicos municipais, estaduais e federais e aposentados e pensionistas do INSS, o BMG tem como carro-chefe o crédito consignado, que representa cerca de 90% da carteira total do banco. Mas, segundo Márcio Alaor de

Fotos: iStockphoto/Divulgação

Uma combinação de fatores, como o aumento de renda e a inserção de novas classes sociais no mercado de consumo, provoca já há alguns anos o recorrente aumento pela procura de crédito no Brasil. Em relação a tudo o que o País produz – Produto Interno Bruto (PIB) –, o volume de crédito ficou em 49,1% em dezembro do ano passado, ante 45,2% do mesmo período em 2010, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Apesar de ter registrado uma redução no crescimento no acumulado de 2011 – 19% perante os 20,6% apresentados em 2010 –, o volume de crédito do sistema financeiro no Brasil alcançou R$ 2,029 trilhões até o final do ano passado. Um crescimento semelhante à média nacional foi observado na região de Minas Gerais, que registrou alta de 18,5% em 2011. O porcentual é maior que os números atingidos em toda a região Sudeste, que não passou de 17,5%. O bom índice colabora para que instituições financeiras de origem mineira tenham conquistado espaço inclusive fora do Estado e estejam otimistas com o futuro. Planos de expansão do número de lojas, ampliação da gama de produtos oferecidos e aumento da base de clientes estão entre as estratégias de crescimento traçadas por algumas das mais expressivas entidades financeiras da região. 20 FINANCEIRO FINANCEIRO abril/maio abril/maio 2012 2012 20

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Araújo, vice-presidente do BMG, a instituição está trabalhando para diversificar os produtos. “Com o intuito de realizar potenciais cross-seling com os clientes ativos, estão sendo oferecidos financiamento de automóveis, crédito pessoal, seguros e cartões de crédito. Tais produtos são apresentados pela rede de lojas, correspondentes e agentes bancários, além de ações de marketing direto”, relata Araújo. Ainda de acordo com o vice-presidente do Banco BMG, esses novos produtos são potencializados com as duas aquisições realizadas em 2011. No ano passado, o Banco GE, atual Cifra, e o Schahin, atual BCV – Banco de Crédito e Varejo, foram comprados pelo BMG, passando a integrar o Grupo Financeiro BMG. Com as novas aquisições e investimento na diversificação de produtos, a carteira de operações de crédito da instituição financeira apresentou um crescimento de 35,6% em relação ao exercício de 2010 e saldo de R$ 11,092 bilhões ao final de 2011. “Tal movimento corrobora com a estratégia da administração em reter mais carteira no balanço para assim fazer frente às mudanças regulatórias que entrarão em vigor em 2012”, explica Araújo. Neste ano, o Banco BMG estima crescer de 10% a 20%. “A economia brasileira está sólida e o governo federal trabalha para afastar todas

as crises externas do cenário financeiro nacional. Com isso, estamos muito otimistas com relação aos negócios e parcerias que poderão ser gerados nesse ambiente promissor”, finaliza. Em expansão

Fundado na década de 1940 em meio à região centro-oeste de Minas Gerais, na cidade de Curvelo, o banco Mercantil do Brasil foi galgando degraus e hoje opera com 169 pontos de atendimento (166 agências e três unidades de negócios), distribuídos em importantes centros urbanos da região Sudeste, especialmente nos municípios mineiros e no interior de São Paulo. abril/maio 2012 FINANCEIRO 21

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créditoregional

Com cerca de 1,4 milhão de clientes, o Mercantil do Brasil oferece dois canais de relacionamento: os pontos de vendas físicos e os eletrônicos, que incluem autoatendimento, o internet banking e o Gente Fone. No caso do crédito consignado, a contratação do produto também pode ser feita por meio dos correspondentes. No ano passado, a carteira de crédito da instituição atingiu R$ 6,423 bilhões, apresentando aumento de 22% em relação ao ano de 2010. Mas a meta de crescimento é ousada. “O banco iniciou uma importante estratégia de expansão, que foi impulsionada pelo ganho, em 2009, de cinco lotes do leilão do INSS relativos aos Estados de Minas Gerais e de São Paulo para o pagamento do benefício dos novos aposentados e pensionistas entre os anos de 2010 e 2014. Um investimento da ordem de R$ 25 milhões é feito para manter a característica de bom atendimento da instituição nessa primeira fase da expansão”, conta Uelques Almeida, gerente de desenvolvimento de negócios do Mercantil do Brasil. De acordo com ele, o investimento já rendeu resultados visíveis. Em 2011, a base de clientes apresentou uma ampliação de 30% em relação ao mesmo período de 2010. No início deste ano foi finalizado o ciclo de expansão, com a inauguração de 25 novas agências desde 2010. Após alcançar a marca, inicia-se a segunda fase, plane-

Investimento João Vitor de Souza, do Intermedium “Em 2011 fizemos uma capitalização de R$ 100 milhões e praticamente dobramos o tamanho do banco”

jando a abertura de mais 30 agências, totalizando 200 unidades. Até o final do ano, o banco pretende também expandir em 30% suas operações de crédito em comparação ao ano de 2011. “Projetamos esse aumento a partir da vigorosa ampliação da base de clientes e expansão da rede de agências do MB”, explica André Brasil, vice-presidente do Mercantil do Brasil. Para conservar sua método de crescimento, o banco continuará investindo em TI, estrutura física e pessoal – fatores que têm alavancado o desenvolvimento. Estratégia traçada

Alinhado com as tendências projetadas por especialistas para o cenário econômico nacional, o banco Intermedium, fundado em 1994, na capital mineira, tem no crédito imobiliário a chave para a expansão. De olho nos números, que mostram que a área de habitação fechou o ano de 2011 com créditos equivalentes a 2,8% do PIB, e deve aumentar mais de três vezes e chegar a 2014 correspondendo a 9,6%, o banco mineiro traçou novos rumos. Atualmente, o Intermedium trabalha em três frentes: crédito consignado, imobiliário e middle market. Os empréstimos feitos a aposentados e funcionários públicos ainda são o carro-chefe da instituição, mas os planos preveem

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O volume de crédito na região de Minas Gerais apresentou um crescimento de 18,5% em 2011, semelhante à média nacional. O porcentual é maior que os números atingidos em toda a região Sudeste voltar o foco para o setor de habitação, que traria novos clientes, provenientes das classes A, B e C. “Vemos o crédito imobiliário como o principal vetor de crescimento da instituição. Vamos continuar trabalhando os outros produtos, mas achamos que a carteira imobiliária é a que vai crescer mais no banco e no setor de crédito no Brasil. E, além disso, temos uma sinergia com a MRV Engenharia, que não é uma empresa do grupo, mas que tem controle acionário em comum. Temos um conhecimento nesse mercado, está no nosso

pedigree”, acredita João Vitor Menin Teixeira de Souza, diretor-executivo do Intermedium. E para atingir os objetivos traçados, o banco aposta na capitalização ocorrida no ano passado. “Começamos 2011 com patrimônio de R$ 150 milhões e, em agosto fizemos uma capitalização de R$ 100 milhões, ou seja, praticamente dobramos o tamanho do banco. Isso é um crescimento de 66%”, revela Souza. Em um campo mais abstrato, o Intermedium também aposta

em uma sólida atuação de quase 20 anos para conquistar novos clientes, principalmente na região do Estado de Minas Gerais. “Vemos o público mineiro como mais conservador, que valoriza o conhecimento da instituição financeira, dos valores, da seriedade. Isso está muito presente no momento da decisão de investir em um banco ou outro. Isso acaba sendo bom para nós, porque temos uma boa percepção no mercado regional”, afirma o diretor-executivo do Intermedium. f

Crescimento Uelques Almeida, do Mercantil do Brasil - Até o final do ano, o banco pretende também expandir em 30% suas operações de crédito em comparação ao ano de 2011

Minas Gerais em números As operações de crédito superiores a R$ 5 mil realizadas nas cidades mineiras totalizaram R$162,2 bilhões até o mês de novembro de 2011. Os empréstimos contratados no segmento de pessoas físicas, evidenciando o dinamismo das modalidades financiamentos habitacionais, de veículos e crédito consignado, atingiram R$ 68,7 bilhões, elevando-se 5,3% e 24,5% nas mesmas bases de comparação. O crédito concedido ao segmento de pessoas jurídicas somou R$ 93,5 bilhões, alta de, respectivamente, 4,9% no trimestre, com ênfase nas contratações dos setores de siderurgia, construção e comércio atacadista, exceto veículos, e 14,4% em 12 meses. A taxa de inadimplência situou-se em 2,7% em novembro, registrando aumentos de 0,15 p.p. no trimestre e de 0,3 p.p. em 12 meses. Fonte: Banco Central

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pesquisaconsumo

Por Paulo Gratão

Nova

Classe C impulsiona crescimento do País e é praticamente a única camada social a apresentar melhoras significativas na renda, mas consumo é contido em 2012

geometria brasileira

Fotos: iStockphoto/Divulgação

A tradicional pirâmide sempre foi a melhor maneira de representar as diferentes classes sociais e a desigualdade entre elas. Com difícil mobilidade, sua base era larga, composta pela maioria das pessoas de baixíssima renda, e no seu estreito topo se concentravam as elites. Nos últimos anos, essa forma geométrica se transformou e o que temos agora é a sociedade consolidada em um losango. Isso aconteceu entre 2010 e 2011 após a classe C ter ganhado ainda mais membros. Além disso, 2,7 milhões de brasileiros subiram um degrau e deixaram os grupos D e E, e cerca de 230 mil pessoas ingressaram nos grupos A e B. Mas a classe C, em relação aos anos anteriores, continua sendo a maior do País e, hoje, representa mais da metade da população brasileira (54%). Sobre a renda média familiar, houve um impulso no panorama nacional atribuído somente à classe C, que passou de R$ 1.338, em 2010, para R$ 1.450, em 2011. A renda dos grupos A e B passou de R$ 2.983 para R$ 2.907, e a das classes D e E passou de R$ 1.557 para

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R$ 1.618, mostrando estabilidade ou ligeira queda. Os dados são da pesquisa “O Observador 2012”, encomendada a Ipsos Public Affairs, pela Cetelem/ BGN, financeira do BNP Paribas, na qual foram entrevistadas 1.500 pessoas em 70 cidades brasileiras, de acordo com o desenho de cotas demográficas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No estudo, realizado entre 15 e 23 de dezembro de 2011, é possível perceber que, de 2005 para 2011, a quantidade de pessoas pertencentes às classes D e E caiu pela metade. “Foi preciso que o equivalente à população da Itália migrasse para as classes A, B e C para que o Brasil, em 2011, se tornasse a sexta potência mundial”, afirma Marcos Etchegoyen, presidente da Cetelem, sobre os mais de 63 milhões de brasileiros que ascenderam socialmente no último ano. Assim como a sociedade vem melhorando sua distribuição de renda, o País está se destacando de uma maneira geral e as expectativas são boas. Por isso, a maioria da população continua otimista sobre o futuro econômico brasileiro, apesar de os impactos causados no mundo todo devido às crises financeiras externas e da queda do crescimento do Brasil principalmente de 2010 para 2011. Na opinião de 50% dos entrevistados, 2012 será um ano

de crescimento. De acordo com o levantamento, o Norte e o Centro-Oeste são as regiões mais confiantes, com 63% das pessoas acreditando em uma aceleração, enquanto o Sudeste é a mais pessimista, com 40%. Acompanhando esse positivismo, 49% das pessoas acreditam que a oferta de crédito devem ser melhor em 2012. Já em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), as perspectivas são menores, já que apenas 33% preveem uma melhora. Mas, de um modo geral, a avaliação dos entrevistados sobre a situação brasileira é boa, com alguns locais mais esperançosos e outros nem tanto, como mostra a tabela abaixo. Avanço com prudência

Com o aumento significativo da classe C, o consumo também cresceu. Mas é preciso cuidado, principalmente em um momento

Ascenção Marcos Etchegoyen, da Cetelem “Foi preciso que o equivalente à população da Itália migrasse para as classes A, B e C para que o Brasil se tornasse a sexta potência mundial”

Como será a situação do País em 2012 (% dos que acreditam que vai melhorar) Total

Região NE

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Taxa de juros

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Fonte: Pesquisa Cetelem BGN – IPSOS 2011

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pesquisaconsumo

Sobre a renda média familiar, houve um impulso no panorama nacional atribuído somente à classe C em que o cenário adverso externo ainda passa por turbulências. Assim, a pesquisa apontou que os brasileiros revelaram uma pretensão de compra menor em 2011 em comparação com o ano anterior. Os itens que mais se destacaram nessa queda foram: móveis, de 40% para 31%; eletrodomésticos, de 38% para 30%; lazer e viagem, de 32% para 25%; e telefone celular, de 25% para 17%. Essa precaução, assim como a redução de gastos, foi observada em todas as classes econômicas. O avanço que vinha constante em 2010 acena para um novo comportamento de consumo nesse ano. “A população não parou de gastar, mas está com mais

Pagamento de crédito bancário (R$) 330 241

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2008 2009 2010 2011 Fonte: Pesquisa Cetelem BGN – IPSOS 2011

Desaceleração Miltonleise Carreira, da Cetelem “A população não parou de gastar, mas está com mais cautela. Por isso, é possível que o consumo em 2012 não tenha o mesmo ritmo de 2011”

cautela. Por isso, é possível que o consumo em 2012 não tenha o mesmo ritmo de 2011”, afirma Miltonleise Carreira Filho, vice-presidente da Cetelem. Em relação aos gastos médios que os brasileiros tiveram em novembro passado (mês que antecedeu o estudo), de uma maneira geral o que representou o maior aumento em relação a 2010 foram o aluguel e a prestação de domicílio. O valor médio do primeiro em 2010 era de R$ 299 e subiu para R$ 341, enquanto o pagamento da casa própria subiu de R$ 367 para R$ 451. Já com o pagamento de crédito bancário, o brasileiro reduziu o valor investido, passando de

R$ 330, em 2010, para R$ 221, no ano passado. Um meio cada vez mais frequente para compra entre os brasileiros é a internet. Apesar de o número ainda não ser tão expressivo, a proporção de pessoas que a utiliza aumenta a cada ano. Dentre os entrevistados, 23% afirmaram que já compraram pela internet, enquanto 77% disseram nunca ter usado esse canal. Em 2010, essas taxas eram de 20% e 80%, respectivamente. De acordo com a pesquisa, a internet é utilizada principalmente como fonte de informação. Em 2011, os itens comida e produtos financeiros apresentaram forte crescimento nesse indicador.

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Distribuição da população brasileira (%) 15

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Classes A e B

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Classes D e E

Fonte: Pesquisa Cetelem BGN – IPSOS 2011

Como pagar

Na hora de consumir ou efetuar pagamentos, a maior parte da população ainda dá preferência ao dinheiro e apenas 37% dos brasileiros possuem conta corrente, sendo que 35% têm cartão de débito e 33%, de crédito. A média de cartões de crédito é de dois por usuário, sendo o Sudeste a região que mais se destaca nessa modalidade. O pagamento estendido para, no mínimo, 30 dias é o principal motivo para que 66% das pessoas que possuem cartão de crédito utilizá-lo como primeira opção. Já para 43% dos entrevistados, poder parcelar é a principal vantagem. Não precisar andar com dinheiro também é bem visto por 32% dos brasileiros. No entanto, os juros cobrados ainda são a principal desvantagem do cartão de crédito na opinião de 65% dos pesquisados, mais que

A maioria da população continua otimista sobre o futuro econômico brasileiro, apesar dos impactos causados no mundo todo devido às crises financeiras

o dobro (30%) que considera o descontrole de gastos o motivo maior de fuga dessa forma de pagamento. Quitação de contas pelo celular, acesso à conta corrente e outros serviços bancários pela internet não são confiáveis para 84% dos pesquisados. No meio de tanta insegurança passada pelos novos meios, as classes

A e B são o nicho que mais confia – 19% afirmaram comprar e pagar produtos pelo aparelho celular. A classe C cresceu, o poder de compra aumentou, mas a população está mais cautelosa em relação aos seus gastos. “O Brasil e o mundo andam muito rápido. Entre 2008 e 2009, por exemplo, passaram-se três anos: o ano pré-crise, o da crise e o pós-crise, que ajudaram a criar esse cenário em que vivemos hoje”, afirma Etchegoyen. f

Geometrias do Brasil (em milhões de pessoas) 2011

2005

Classes AeB 42.434.261

Classes AeB 26.421.172

Classe C 103.054.685

Classe C 62.702.248

Classes D e E 92.936.688

Classes DeE 45.243.748

Fonte: Pesquisa Cetelem BGN – IPSOS 2011

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artigotecnologia

Solução digital

Por Iroilton Medeiros

O mercado brasileiro de financiamento de veículos – que representa um terço de todo o crédito do País, segundo dados do Banco Central – conta com um modelo inédito e inovador que serve de benckmarck para diversas regiões do mundo. Ele envolve serviços informatizados de transmissão de dados, cadastro e certificação de informações de veículos financiados. A solução surgiu exatamente por uma demanda das instituições financeiras e órgãos de trânsito, com o intuito de mitigar o risco de fraude em financiamentos e registros de veículos. Quando o cidadão compra um veículo financiado, ele assina um contrato cujos principais dados, conforme resolução nº 320 do Contran, devem ser armazenados pelos Detrans. Em média, 30 mil operações de financiamento de veículos são realizadas todos os dias e o envio de informações registradas nos órgãos de trânsito pode ser feito em via física (instrumentos de contratos) ou por meio eletrônico (dados de contratos). A solução por meio eletrônico permite a comunicação dos credores – um banco ou financeira, por exemplo – com os órgãos de trânsito por meio de uma interface padronizada e de link já existente entre instituições financeiras. Isso propicia segurança, agilidade, transparência e economia a todo o processo. O fato de ser eletrônico facilita os processos e acelera a concessão de crédito, contribuindo com o credor, o consumidor e o órgão de trânsito. Também oferece mais proteção às transações, pois mitiga o risco de fraude. Ao se tornar mais segura,

a operação financeira contribui para o incremento da oferta de financiamentos para veículos novos e usados, o que também auxilia a economia do país. Um cenário mais arriscado certamente reduziria bruscamente a oferta de financiamentos para a compra de veículos, independentemente da modalidade de crédito ofertado, o que geraria considerável impacto na economia pública, com a elevação da taxa de juros e desaceleração do crescimento econômico. Com menos crédito, a demanda por veículos diminuiria e, consequentemente, os fabricantes teriam de demitir milhares de trabalhadores e abrir os temidos programas de demissão voluntária. Da mesma forma aconteceria com as instituições financeiras e operadores de crédito, que teriam de reduzir posições em função da desaceleração da demanda. As vantagens do meio eletrônico não param por aí. Estima-se que, a cada contrato processado eletronicamente, economizam-se cinco folhas de papel, em média, contribuindo para o meio ambiente. A expansão da atividade econômica gerada por uma oferta de crédito sustentável, sistematizada e eficiente para o mais relevante segmento do crédito ao consumo do Brasil aumenta a atratividade de investimentos do país e vai ao encontro da diretriz de transparência e respeito nas relações com o consumidor. f Iroilton Medeiros é diretor comercial da Unidade de Financiamentos da Cetip

Foto: Divulgação/Artigo enviado em março

facilita financiamento de veículos

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cartõesdecrédito

Das

milhas

aos

Os programas de milhagem fazem parte da vida de Yara Tropea, de 32 anos, há uma década e meia, mas foi com o cartão de crédito que a professora de inglês descobriu uma forma de ganhar pontos por suas compras. Todos os anos, Yara vai visitar a sua família e a do marido, que moram em dois extremos brasileiros, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte. Depois que descobriu os benefícios

da pontuação nos cartões de crédito, a família passou a usar somente o plástico. Até o filho do casal, Pedro, de cinco anos, usufrui da pontuação. “Antes, eu usava cartão de crédito como a última opção, só quando não tinha dinheiro mesmo. Quando comecei a usar as milhas, ele virou minha primeira opção. Pago tudo que dá no crédito, e isso me ajudou até a controlar melhor as finanças”, conta a professora. Yara não está sozinha nessa percepção, segundo a pesquisa “O Observador 2012”, realizada pela Cetelem BGN, financeira do BNP Paribas, em parceria com o Instituto Ipsos Public Affairs. O levantamento feito com 1,5 mil consumidores, aponta o cartão de crédito como a forma de pagamento preferencial de 12% deles, que alegam ter um

Programa de recompensas é estratégia dos bancos emissores de cartões de crédito para fidelizar clientes e estimular o consumo por esse meio de pagamento. Empresas devem prover todas as informações necessárias para evitar dor de cabeça Por Paulo Gratão

Fotos: iStockphoto/Divulgação

prêmios

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controle melhor das finanças, e de 9% que enxergam a possibilidade de gerar pontos para trocar por milhas aéreas e outras recompensas. Cada banco emissor possui sua própria regra para troca de pontos por milhas ou outros prêmios, mas todos que aderem a programas de recompensas têm um objetivo em comum: a fidelidade do cliente. “Os bancos associam esses programas aos de relacionamento. Estão dentro da estratégia, reconhecendo a fidelidade do consumidor com pontos”, comenta Cassius Shimura, diretor da Associa-

ção Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). A associação não impõe regras e nem regula os programas de recompensas, mas aconselha que todas as normas sejam passadas com clareza ao consumidor, que pode ter problemas com prazos de vencimento dos pontos por falta de informação, por exemplo. Isso também deve partir do lado interessado, segundo Shimura. “Como todo produto financeiro, o consumidor deve se informar sobre tudo o que deve ser feito:

A Abecs não impõe regras para os bancos e nem regula os programas de recompensas, mas aconselha que todas as informações sejam passadas com clareza ao consumidor quais as regras para acumular pontos, se tem ou não uma data de expiração e o regulamento de resgate”, afirma o diretor. Esse é um dos maiores riscos para o consumidor, na opinião do professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Samy Dana. “Ninguém tem tempo para um diagnóstico de milhas e acompanhar quando elas expiram. É interessante que o consumidor tenha o costume de fazer essa análise”. Para o especialista, o banco emissor poderia ser proativo com relação a essa deficiência. “Os bancos ligam sempre para tentar oferecer outros serviços, por que não entram em contato para avisar sobre a data que as milhas expiram?”, questiona.

Yara Tropea, consumidora “Depois de passar a usar as milhas, o cartão de crédito virou minha primeira opção de pagamento”

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cartõesdecrédito

Como acumular pontos O Santander possui o programa “Surpreenda”, que recompensa o consumidor com diversos brindes, incluindo milhas de viagem. A administração dos pontos varia a cada cartão, podendo render de 1,3 a dois bônus a cada dólar gasto, ou o equivalente em reais. Em apenas um dos cartões da instituição financeira os pontos expiram após 36 meses e no cartão direcionado ao público de renda mais alta o consumidor ainda tem acesso a mais de 600 salas Vips em aeroportos de todo o mundo. Para quem quer acumular pontos, o banco aconselha concentrar os gastos no cartão de crédito, utilizando-o como principal meio de pagamento no dia a dia, desde compras mais simples, como um café na padaria, até as maiores. Já no Itaú a regra é mais simples, mas a pontuação é menor. No programa “Sempre Presente”, para cartões comuns, a cada um dólar gasto,

Cada banco emissor possui sua própria regra para troca de pontos por milhas ou outros prêmios, mas todos que aderem a programas de recompensas visam ao relacionamento

o consumidor ganha um ponto. Já em cartões platinum, o mesmo valor gasto retorna 1,5 ponto. Todas as promoções têm formatos parecidos e oferecem vantagens para o consumidor. Mas quem nunca pensou o quanto seria vantajoso reunir os pontos de todos os cartões em apenas uma única conta para realizar as trocas por milhagens de forma ainda mais rápida? Hoje isso já é possível.

Cassius Shimura, da Abecs “Como todo produto financeiro, o consumidor deve sempre se informar sobre o que é preciso fazer para acumular pontos”

Pontuação em menos tempo A rede Multiplus, antiga “TAM Fidelidade”, possibilita ao consumidor acumular pontos de diversos cartões

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de crédito e outras fontes, como postos de gasolina, operadoras de telefonia, livrarias, TV por assinatura, entre outros. Dessa forma, o consumidor consegue atingir a pontuação desejada mais rapidamente para trocar por passagens aéreas ou outros brindes. “É possível fazer o cadastro diretamente no site. Não gera um cartão, tem um número virtual, igual a um CPF, para identificar nos nossos parceiros”, explica Maurício Quinze, diretor-executivo da Multiplus. Com a rede Multiplus não existe a necessidade de concentrar todos os gastos em um cartão. Expirar pontos também deixa de ser um problema. A partir do momento que a pontuação é transferida para a conta da Multiplus, ela passa a ter dois anos de validade, independentemente do prazo que era determinado pela cedente de origem. “Toda vez que o consumidor entra no site para checar o extrato, a página mostra quantos pontos vão vencer naquele período e já dá sugestões de troca”, afirma. Quinze explica que uma média de 1,5 mil consumidores adere à rede todos os anos, que ainda é um serviço único no País. Até o último

ano, a contagem oficial chegou a 9,4 milhões de cadastros. O público majoritário da rede Multiplus ainda pertence às classes A e B, o que Quinze atribui à herança do “TAM Fidelidade”, mas é um serviço gratuito e direcionado a todos os consumidores que, seja por cartão de crédito ou outras fontes, podem acumular pontos. Cada cartão de crédito tem

suas regras, contrato e benefícios. Atualmente, a maior atratividade desses programas é a possibilidade de emitir passagens aéreas usando pontos acumulados. No entanto, as recompensas não param por aí: livros, assinaturas de revistas, eletrônicos, diárias em hotéis. As vantagens oferecidas são as mais diversas, mas o objetivo é sempre o mesmo: fidelizar o cliente. f

Maurício Quinze, da Multiplus “Toda vez que o consumidor entra no site para checar o extrato, a página mostra quantos pontos irão expirar naquele período e já dá sugestões de troca”

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artigocrédito

Cenário

Por Marcel Domingos Solimeo

O Banco Central (BC) divulgou recentemente a atualização de suas séries sobre Endividamento e Comprometimento de Renda do Consumidor até dezembro último. Segundo o levantamento, a evolução no ano passado, somada ao aumento observado nos dados de inadimplência das pessoas físicas, gerou preocupação de muitos analistas. Isso deverá desacelerar o consumo pela redução da capacidade do consumidor de assumir novos financiamentos e, ainda, ao aumento dos juros e menor expansão do crédito. Os dados do Banco Central revelam que o endividamento do consumidor passou de 15,58% da renda, em janeiro de 2005, para 22,3 %, ao final de 2011, maior porcentual da série, com aumento de 1,4 vez, enquanto o Comprometimento de Renda passou de 18,39% para 42,3%, no mesmo

período, com crescimento de 2,3 vezes a proporção no rendimento anual das famílias brasileiras. Com relação à inadimplência dos consumidores, segundo o BC, os atrasos com mais de 90 dias passaram de 5,7% para 7,4% nos últimos meses, representando um alerta para os agentes financeiros. Embora tais dados não possam ser ignorados, eles precisam ser analisados, considerando-se as causas que provocaram essa situação e as mudanças recentes do cenário da economia, para que se possa discutir as perspectivas do crédito e da inadimplência para os próximos meses e, principalmente, a evolução do Endividamento e do Comprometimento de Renda das famílias. O crescimento da inadimplência observado em 2011 foi decorrente, em parte, da forte expansão do crédito em 2010 e no primeiro semestre do ano passado, mas também em consequência

Foto: Divulgação/Artigo enviado em março

preocupante

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Foto: Divulgação/Artigo enviado em março

mentos imobiliários a partir de 2009, enquanto o endividamento relativo a outras modalidades de crédito, exclusive veículos e imobiliários, vem se mantendo relativamente estáveis nesse período.

Endividamento das famílias em relação à renda disponível 45

Janeiro 2005 – Dezembro 2011 (%)

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das medidas macroprudenciais e da elevação dos juros, que dificultaram a concessão de novos créditos e a renovação dos financiamentos. Dados mais recentes do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Boa Vista Serviços mostram que a recuperação de crédito vem melhorando desde o início deste ano, seja em função do forte aumento do salário mínimo, da expansão do emprego e desaceleração da inflação. A maior conscientização do consumidor, que passou a privilegiar a quitação de débitos ao invés de novas compras também, vem contribuindo para isso, como revelou a pesquisa do Índice de Confiança do Consumidor, elaborado pelo Ipsos para a Associação Comercial de São Paulo. O maior rigor na concessão do crédito, adotado pelo sistema financeiro no segundo semestre de 2011, também deverá ajudar para a reversão da taxa de inadimplência nos próximos meses, embora provavelmente se mantendo em patamar superior ao observado em 2010, mas inferior ao atual. Com relação à capacidade de endividamento da população, é preciso considerar que o seu avanço, em grande parte, resulta do crescimento do financiamento imobiliário, que aumenta fortemente o seu montante, mas não impacta na mesma proporção o Comprometimento da Renda. Isso porque os valores de tais financiamentos são muito elevados, mas, como os prazos são longos, o comprometimento não cresce na mesma proporção. Além disso, em muitos casos, o valor das prestações é compensado pelo não pagamento de aluguel. O financiamento de veículos apresenta valores mais elevados e prazos mais longos do que o dos demais bens, contribuindo para que o Endividamento cresça mais do que o Comprometimento da Renda. O gráfico ao lado, elaborado pelo Instituto de Economia da ACSP da evolução do Endividamento das Famílias de janeiro de 2005 a dezembro de 2011 por modalidade, mostra a forte aceleração dos financia-

Endividamento total Endividamento exclusive – crédito imobiliário Endividamento exclusive – crédito imobiliário Fonte: Banco Central/IEGV – ACSP

Não há dúvida de que o endividamento das famílias brasileiras cresceu significativamente nos últimos anos, assim como o comprometimento da renda, mas esse pode ainda ser considerado baixo na comparação com outros países, embora justifique uma política mais rigorosa para a concessão de crédito, como já vem sendo praticada, e que poderá ser aprimorada quando da entrada em vigor do Cadastro Positivo, cuja regulamentação se espera que seja baixada até o fim do semestre. Assim, pode-se esperar para 2012 que o crédito possa crescer a taxas próximas as observadas no ano passado, com a inadimplência se situando em patamar abaixo do atual, mantendo o consumo como principal alavanca do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). f Marcel Domingos Solimeo é superintendente institucional e economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)

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semináriojurídico

Martelo da

economia

Brasil se destaca positivamente em meio às crises externas, mas superendividamento e fraudes ainda preocupam setor de crédito. Conclusão é resultado do 1º Seminário Jurídico Acrefi Por Patrícia Lucena, de Porto Alegre (RS) Expectativas sobre a economia, aumento dos processos de descumprimento de contratos, concessão de crédito e a preocupação da sociedade como um todo em relação ao crime de lavagem de dinheiro são assuntos que permeiam a maioria das discussões do mercado financeiro. De um lado estão os consumidores tentando se proteger de riscos econômicos. Do outro, as instituições financeiras se resguardando das fraudes e dos processos freqüentes, buscando instrumentos para tornar o crédito mais seguro e, ao mesmo tempo, acessível a toda população. Debater temas como esses não é tarefa fácil já que

Érico Ferreira, da Acrefi “Um contrato deve ser respeitado tanto pelo consumidor quanto pelo Judiciário”

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Nicola Tingas, da Acrefi “A sociedade não sabe gastar e planejar suas finanças”

caiu até o final do ano passado e, na opinião de Tingas, será difícil fazer com que volte a ser o grande motor do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Primeiro porque, segundo ele, a inflação absorveu uma parte da renda, a carga tributária aumentou 11%, além de o endividamento ter sido maior, comprometendo parte do orçamento familiar. “Não há o mesmo espaço para o consumo, seja à vista ou a prazo. É preciso baixar

muitas são as teorias e poucas as soluções. Assim, com o objetivo de discutir o cenário da economia brasileira, as ações revisionais, a importância do Cadastro Positivo e a situação da lavagem de dinheiro no ambiente jurídico, a Acrefi realizou, em Porto Alegre, seu 1º Seminário Jurídico. “Os impactos jurídicos dos processos das ações de revisão de contratos são nefastos para o custo do crédito e, portanto, para o custo Brasil. Como o Rio Grande do Sul é a origem do problema, que hoje se estende por todo o País, achamos coerente começar a discussão por aqui”, afirma o presidente da Acrefi, Érico Ferreira.

Em meio às turbulências econômicas externas, o Brasil se destaca. Exemplo disso, em 2010, após o período da crise financeira norte-americana, o País cresceu 7,5%, puxado pela demanda interna. No entanto, não foi possível aguentar esse ritmo e, em 2011, a aceleração caiu para 2,7%, uma diminuição de 4,8 pontos porcentuais. “Uma queda brutal que explica a inadimplência que está aí. Por isso, é importante a meta do governo de crescimento de 4,5% para esse ano”, avalia o economista-chefe da Acrefi, Nicola Tingas. O consumo das famílias, que impulsionava o crescimento do País,

Roberto Azzi, da Acrefi “Ainda não há uma diminuição das ações revisionais, mas o patamar se mantém estável”

Metas para 2012 • Crescimento de 4,5% do PIB • Investimentos em alta • Juro real em queda • Consumo em expansão (algo em torno de 4,5%)

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juros, e renegociar dívidas para tentar liberar a renda familiar e fazer com que assim haja consumo”, explica. Além disso, Tingas destaca que a inadimplência é uma das grandes preocupações do momento atual para a economia. “A sociedade não sabe gastar e planejar suas finanças.” Para o economista, à medida que o problema da falta de pagamento for resolvido, o crédito começará a ter mais espaço. “Acredito que isso aconteça no segundo semestre”, complementa. De acordo com dados do Banco Central, a relação crédito-PIB é de 48,8%. “Os Estados Unidos têm 202% do seu PIB em crédito, o Japão tem 171% e o Chile tem 97%.

Cenário atual • O relatório Focus prevê um crescimento do PIB de 3,3% para esse ano. Alguns bancos projetam uma aceleração de 3,7%. “Estamos mais otimistas e acreditamos em uma alta de 4,1%. Mesmo assim está difícil de falar em 4,5%”, destaca Tingas • Desafio de impulsionar a demanda agregada e preparar a oferta para entregar o governo em condições de crescer 5% • Projeções mostram uma inflação de 5,27% nesse ano e 5,5% em 2013 • O crédito deve crescer entre 16% e 18%, mas, se o governo estimular, pode ser que ultrapasse os 20% registrados no ano passado • Inadimplência de veículos atingiu 5,3% em 2011, fazendo com que os bancos ficassem mais cautelosos para administrar essa cobrança • Cartões de crédito estão sendo utilizados para financiar orçamentos

Temos aqui uma tendência irresistível de crescimento contra o crédito e precisamos aprender a conceder mais”, avalia Silvânio Covas, diretor jurídico da Serasa Experian, com dados que mostram o quanto o País pode elevar a oferta de crédito, perante o exemplo de outros países. Apesar de ainda tímido no Brasil, o crédito assume um importante papel no cenário atual. Mas, sem educação financeira adequada, muitas pessoas acabam se endividando além do esperado para pagar despesas correntes, evoluindo para um fenômeno conhecido como superendividamento. Com essa preocupação, um dos pontos que a reforma do Código de Defesa do Consumidor (CDC) deverá abordar é exatamente esse. “O código deve ser modificado para inclusão de alguns artigos que irão tratar especificamente essa questão. Isso trará para nós, concedentes de crédito, uma responsabilidade maior”, analisa Covas. O princípio básico do combate ao superendividamento, segundo o diretor jurídico, é conhecer o tomador de crédito. Nesse sentido, o

Silvânio Covas, da Serasa Experian “Temos uma tendência em ser contra o crédito. Precisamos conceder mais”

banco ou a empresa de crédito deve avaliar se o patrimônio do tomador é suficiente para pagar a dívida. “Já fazemos isso, mas agora a legislação determina uma avaliação do risco de até 30% da renda disponível do tomador de crédito para combate do superendividamento”, explica Covas. Pagar ou não A maior reclamação dos consumidores é em relação aos juros. Como explicar a diferença entre a taxa básica de juros (Selic) e as taxas aplicadas ao consumidor? Segundo Ferreira, o juro está associado ao risco de uma instituição e, por isso, o seu valor depende dos custos que ela tem, da sua margem de lucro e da inadimplência esperada. “O grande segredo é conseguir colocar uma taxa suficientemente alta para remunerar a atividade e suficientemente baixa para o cliente pagar.” Com essas altas taxas de juros, muitos consumidores acabam não cumprindo contratos, o que faz com que eles peçam a revisão das cláu-

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Cadastro Positivo

sulas, com o objetivo de reduzir ou acabar com o saldo devedor, assim como a modificação de valores de parcelas ou prazos. O consultor jurídico da Acrefi, Roberto Azzi, explica que as ações revisionais tiveram início no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando não havia mais condições de manter a taxa cambial em R$ 1,21, resultando em uma alta para R$ 2,10. No seu primeiro mandato, com a economia estável, houve um estímulo para captação e empréstimos em dólar ou sujeitos a variação da moeda norte-americana. “Esse aumento do câmbio foi insustentável para os consumidores e industriais que ficaram impossibilitados de cumprirem seus contratos. Aquilo que parecia um excelente negócio

acabou gerando muitas ações contra bancos e empresas de arrendamento mercantil”, avalia Azzi. Bráulio Marques, advogado e ex-desembargador do Tribunal da Justiça do Rio Grande do Sul, ainda ressalta outros dois eventos que fizeram com que aumentassem os recursos oriundos das revisões contratadas na Justiça: a edição e o maior rigor do código do consumidor, e a democratização do crédito. “Foi preciso paciência para ver uma evolução nesse sentido. E foi assim até o momento em que se abriu a possibilidade de se flexibilizar a incidência do código do consumidor nas instituições bancárias. Foi quando o Superior Tribunal da Justiça (STJ), abarrotado de recursos, a maioria do Rio Grande do Sul, por meio da Lei n° 11.672, que se refere aos recursos repetitivos, mudou a tramitação dos julgamentos das ações revisionais, buscando a pacificação das relações sociais.” Mas esse período turbulento passou e as expectativas para o futuro são melhores. Na opinião de Azzi, ainda não há uma diminuição das ações revisionais, mas o patamar se mantém estável e as decisões jurídicas são mais equânimes, o que já é um bom sinal. Tais ações se tornaram uma espécie de indústria, na visão do presidente da Acrefi. Bráulio Marques, advogado “Foi preciso paciência para ver alguma evolução nas ações revisionais”

O direito básico é o consumidor poder modificar e ter acesso às suas informações e, sobretudo, prover os bancos de dados com seu histórico positivo. Com a implantação, ele poderá exigir que o crédito seja concedido de maneira mais fácil e a um custo mais baixo

“Alguns escritórios ficam na porta de concessionárias ou grandes lojas incentivando clientes a não pagarem, discutirem o preço ou baixarem a prestação.” Um contrato deve ser respeitado tanto pelo consumidor quanto pelo Judiciário. Esses recursos, segundo Ferreira, podem até ser um benefício para alguns, mas representam prejuízo para a grande massa de cumpridores de seus contratos. “No momento que a instituição sabe que haverá uma ação revisional de dez ou 20 contratos, esse porcentual de processos significa dinheiro não recebido e, consequentemente, tem um custo, que será repassado.” Mais segurança

Com o crédito cada vez mais presente, a segurança é fundamental para reduzir a inadimplência e, assim, tentar acabar com o problema do superendividamento. Ao longo dos anos, o mercado brasileiro trabalha com informações negativas dos consumidores, o que, na realidade, é insuficiente para a avaliação do risco de crédito. São exigidas, então, informações positivas para identificar com nitidez o perfil do tomador. Dessa forma, Covas aponta que o Cadastro Positivo é um instrumento abril/maio 2012 FINANCEIRO 39

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semináriojurídico

Jader Marques, da OAB–RS “É preciso evitar todos os problemas de ordem social e do crime organizado”

Fernando Castelo Branco, do CESA “Uma norma que se torna ineficaz gera uma sensação de impunidade”

para diferenciar e classificar os diversos perfis de tomadores de crédito e, assim, ajustar as taxas de juros, tendo em vista os diferentes graus de risco de inadimplência. “É a aplicação do princípio de isonomia nas relações creditícias.” A importância desses dados não para por aí. O diretor jurídico da Serasa Experian ressalta que também é de interesse da economia como um todo que esse crédito não seja corroído pela inadimplência e continue a irrigar os diversos mercados, fomentando assim o crescimento econômico. O tomador de crédito deve ser conhecido por todos. “Primeiro você dá o crédito moral e depois entrega o financeiro”, esclarece. Lavanderia

Uma preocupação que também cresce no mundo inteiro é com a grande quantidade de dinheiro que

circula no chamado mercado paralelo. Tais atividades ilícitas acabam se tornando altamente lucrativas. “Esses valores voltam para a economia e rendem um benefício para as pessoas como se fossem atividades lícitas. É preciso evitar todos esses problemas de ordem social, de tráfico, do crime organizado e da corrupção”, acredita Jader Marques, advogado criminalista e diretor do Centro de Estudos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Rio Grande do Sul (OAB-RS). Quando se fala em lavagem de dinheiro pressupõe-se um dinheiro de origem suja e ilegal, que necessariamente precisa ser “lavado” para ser reintegrado ao mercado. Segundo o advogado criminalista e diretor do Comitê Penal do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (CESA), Fernando Castelo

Branco, a lavagem deve ser compreendida como um conjunto complexo de operações composto por três etapas: conversão, quando o titular que obteve dinheiro de forma ilícita aplica os recursos em diversos locais para converter em algo que se ingresse na economia; dissimulação, quando a lavagem realmente se caracteriza e os grandes volumes de dinheiro são efetivamente diluídos por meio de operações variadas (compra e venda de produtos ou troca de notas fiscais); e integração de bens e valores, que é o emprego dos ativos criminosos no sistema produtivo, ou seja, a realocação do dinheiro no mercado por intermédio de criação, aquisição e investimento em negócios lícitos ou pela simples compra de bens. “A essa altura o dinheiro já está limpo”, afirma Branco. Contudo, é importante destacar que, para caracterização do crime de lavagem, não há necessidade que se percorra obrigatoriamente as três etapas do processo. Branco avalia

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O princípio básico do combate ao superendividamento é conhecer o tomador de crédito e avaliar seu patrimônio que bastaria que uma dessas etapas estivesse em curso para que ela fosse convertida como prática criminosa. Além disso, a lavagem de dinheiro é um delito acessório, segundo o advogado criminalista, isto é, precisa de um crime antecedente para sua configuração. De acordo com a Convenção de Palermo (Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado

Francis Beck, da Unisinos “Se o novo projeto de lei da lavagem passar, qualquer crime será antecedente. Vai virar um caos”

Transnacional), o conceito de crime antecedente deve ser ampliado para o maior número possível, especialmente aqueles consideráveis graves, com pena superior a quatro anos, evitando assim uma discrepância em punir uma lavagem por uma infração que não justificaria se quer a pena de prisão. Algumas modalidades, Branco relata, são frequentemente confundidas como lavagem de dinheiro. “O crime de manutenção de valores não declarados no exterior, por exemplo, não é lavagem. Manter contas fora do País é um crime contra o sistema financeiro. O narcotraficante utilizar o dinheiro para comprar um bem e colocar no nome de um ‘laranja’ também não é lavagem.” Com o projeto de lei n° 3.443, de 2008, houve algumas inovações positivas no combate à lavagem de dinheiro. A nova redação prevê que qualquer delito pode ser classificado como crime antecedente para caracterizar lavagem, desde que a ação produza ativos ilícitos. “Acho coerente que apenas crimes com penas superiores a quatro anos sejam caracterizados como antecedentes”, afirma Branco. O advogado criminalista e professor de direito penal da Unisinos, Francis Beck, acredita que a incidência do crime deve aumentar, já que a cada ano cresce o número de inquéritos, de denunciados e condenados. “Se passar esse projeto, todo e qualquer crime pode ser antecedente, a situação vai virar um caos. Uma

pessoa que roubar um automóvel ou furtar um valor em dinheiro e gastar aquilo de alguma forma, o sistema irá entender como lavagem. Todo crime que gerar proveito econômico inevitavelmente vai implicar lavagem. Todo mundo vai ser ‘lavador’.” Assim, na opinião de Beck, o fundamental é que as instituições financeiras tenham um rigoroso sistema para controlar a situação da melhor forma possível. Mas uma das propostas que gera discussão é em relação à obrigação de prestadores de serviços em comunicar para o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre operações financeiras que possam parecer irregulares ou de caráter ilícito. “Mesmo se eu não aceitar uma causa ilegal, eu devo comunicar ao Coaf. Isso é contra o sigilo profissional”, avalia Branco. Na análise do executivo, uma norma que se torna ineficaz gera uma sensação de impunidade para a sociedade à medida que passa a ser de difícil aplicação. “Como eu posso ser advogado e celebrar ampla defesa no processo penal, se sou obrigado a delatar meu cliente? Eu não tenho como saber de antemão o motivo pelo qual uma pessoa vai me procurar no escritório, mas ela deve ter a segurança absoluta e inabalável de que aquilo que vai ser dito, eu não vou contar a ninguém. E não por falta de vontade, mas por falta de impedimento ético”, analisa. f abril/maio 2012 FINANCEIRO 41

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entrevistaRenato Meirelles

Mercado da vez Por Juliana Jadon

Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto de pesquisas Data Popular, desvenda o maior público bancário do País Há dez anos, Renato Mereilles começava como estagiário no Instituto Data Popular, empresa que atua no desenvolvimento de pesquisas e análises sobre o comportamento do mercado emergente. Hoje, ele é o sócio-diretor que toca a operação. No início da companhia, segundo ele, foram três ou quatro anos de prejuízo, porque os executivos das corporações, em geral, não acreditavam que as classes C e D virariam um grande mercado potencial. “Felizmente, a classe C deixou de ser uma porta que fizemos no passado e se concretizou como a verdadeira classe de consumidores brasileiros”, aponta ele. Acompanhe entrevista exclusiva à Financeiro com o especialista 42 FINANCEIRO abril/maio 2012

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em consumidor (ou em gente, como prefere dizer), que entende que o bom negócio é o que todos ganham: o cidadão, as empresas e a sociedade. Revista Financeiro Qual a relação das classes emergentes com bancos e instituições financeiras? Renato Meirelles O fenômeno da bancarização acontece há uma década, mas para determinados públicos é recente, via o aumento do emprego formal, que força o processo de acesso às instituições financeiras. Parte disso também surgiu por meio de parcerias das instituições financeiras com o varejo, que com a oferta de crédito e o parcelamento de produtos, inseriu esse público no sistema financeiro. Hoje, as classes C e D são maioria absoluta entre os usuários de cartão de crédito e os correntistas. Financeiro Esse público poderia ser mais bem explorado por essas empresas? De que maneira? Meirelles Precisam de uma relação de curadoria com os clientes. Isso significa que os bancos devem ter pessoas que os auxiliem a utilizar bem os serviços financeiros, que ensinem. Financeiro Que tipo de produtos e serviços financeiros são os mais adequados para essa população? Meirelles O cartão de crédito, sem dúvida, é o produto financeiro mais apropriado para essa fatia de mercado. É mais fácil de usar, de controlar as finanças, de se adequar. No cotidiano, é comum essa classe usar a conta corrente, mas não entende direito para que serve exatamente. Geralmente possui uma conta corrente básica e uma conta poupança, mas prefere ficar somente com a conta poupança porque não é necessário pagar nenhuma taxa e ainda há rendimento. Financeiro Como as classes C e D lidam com dinheiro? Meirelles Dão muito mais valor ao dinheiro do que a elite. A classe C tem instrumentos alternativos de crédito e faz consórcio de produtos de beleza, por exemplo. Um grupo de amigas se une, cada uma paga cerca de R$ 10 e,

“Hoje, as classes C e D são maioria absoluta entre os usuários de cartão de crédito e os correntistas” quando chega o produto, elas sorteiam para saber com quem vai ficar. Além disso, a classe C compra fiado, empresta cartão. Financeiro Em sua opinião, as pessoas das classes C e D utilizam bem o crédito? Meirelles Estão aprendendo agora. Isso quer dizer que algumas pessoas dessas classes sociais usam bem esse serviço financeiro e outras nem tanto. Houve uma primeira leva de consumidores que se endividou porque não soube utilizar o crédito adequadamente, mas essas pessoas são “gatos escaldados”. Depois que quebram a cara, começam a entender e a se virar bem com o cartão de crédito, por exemplo. Financeiro Como as empresas em geral devem ver a classe C? Meirelles Se quiserem entender a classe C, em primeiro lugar devem enxergar que é composta por consumidores criteriosos no processo de escolha e que precisam ter parceiros na melhoria da qualidade de vida. As empresas

Participação por serviço financeiro CARTÃO DE CRÉDITO

CARTÃO DE LOJA

18% DEE 61% C

21% AEB

51% C

42% DEE 7% AEB Fonte: Data Popular

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entrevistaRenato Meirelles

“Tratem esse consumidor com respeito, ouçam mais e conversem com ele de forma a oferecer opções de escolha” que são companheiras nesse sentido têm muito mais chance de serem líderes de mercado no futuro. Financeiro As classes emergentes carecem de educação financeira? Meirelles É preciso ensinar o passo a passo aos clientes para conseguir, finalmente, mostrar que o crédito é um parceiro da melhora da vida financeira do consumidor, que ajuda a realizar sonhos e comprar bens de maior valor. Acontecem algumas coisas que levam a população a gastar mais dinheiro do que deveria, como perda do emprego, uma conta relativamente alta fora do orçamento, ou mesmo a oferta muito facilitada de crédito, por exemplo. Mesmo assim, é preciso ensinar que devem se preparar financeiramente para ocasiões como essas.

Acesso a serviços financeiros 75% 61% 3 1%

39%

28%

15%

Loja Cartão de crédito Fonte: Data Popular

Financeiro Como os bancos devem atender melhor esse público? Meirelles O banco tem de estar mais presente em todos os processos que o cliente possui contato com crédito. Por exemplo, o financiamento de veículos, de uma casa. Mas as instituições deixam com as concessionárias o papel de cuidar de todo o trâmite. Isso é bom e ruim. Economiza custos para os bancos, mas eles ficam com o ônus de crédito e não com o bônus. Do outro lado, o consumidor fica feliz da vida de conseguir financiar uma moto, por exemplo, porém, se por acaso ele não pagar alguma parcela, quem cobrará será o banco. Financeiro Qual a dica para o setor bancário conquistar cada vez mais essa fatia de mercado? Meirelles Tratem esse consumidor com respeito, ouçam mais e conversem com ele de forma a oferecer opções de escolha. Não tentem impor produtos ou serviços. Financeiro Em qual momento você percebeu que a classe C seria a bola da vez no mercado consumidor? Meirelles Desde que eu me entendo por gente. Sempre viajei muito pelo Brasil e verifiquei que havia um movimento nas periferias de melhoras de poder aquisitivo, de mudança de sonhos e outros fatores. E isso se concretizou nos últimos anos. f

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cultura entrevista

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Por Mariana Congo

Um Brasil melhor em 2022 Para o País ter uma economia sustentável no ano de seu bicentenário da independência, o economista Claudio Porto defende políticas com visão de longo prazo

Fotos: Douglas Luccena/iStockphoto

Uma das funções de um economista é prever comportamentos econômicos. Mas não basta olhar para o dia de amanhã ou para a semana seguinte. É preciso trabalhar com dados sólidos e definir planos de longo prazo. Um projeto de país. Quem defende essa ideia é o economista e consultor Claudio Porto, fundador e presidente da consultoria Macroplan – Prospectiva Estratégia & Gestão. Porto foi um dos organizadores do livro “2022 – Propostas para um Brasil Melhor no Ano do Bicentenário” (Editora Campus), lançado no ano passado em conjunto com o economista Fabio Giambiagi e outros coautores. A uma década do aniversário de 200 anos da independência brasileira, ele faz uma análise sobre os erros e acertos que o Brasil está vivenciando rumo a uma economia sustentável. Os desafios são muitos. As bases para o crescimento são precárias: falta investimento, a infraestrutura é deficitária, a taxa de inflação ainda é elevada em comparação com outros países e existem mais pobres do que seria aceitável em uma nação desenvolvida. A educação melhorou, mas não o suficiente. Confira essas e outras reflexões na entrevista com Claudio Porto sobre o Brasil em 2022. Financeiro O que o motivou a organizar o livro “2022”? Claudio Porto Foi a constatação de que no Brasil, infelizmente, as reflexões de médio e longo prazo sobre temas econômicos e o futuro do país são escassas. O fio condutor do livro é um olhar sobre as questões estruturais da nação, mas não só sobre macroeconomia, como sobre desenvolvimento regional, crescimento das cidades e comportamentos sociais. O bom economista ancora suas análises em uma sólida observação da realidade e da identificação de fenômenos econômicos e sociais, mas também deve

ser capaz de lançar seu olhar para além do dia seguinte. Queremos estimular a discussão de como será o Brasil do futuro, inclusive com temas que são tipicamente de interesse do mundo financeiro, como as metas de inflação. Financeiro Em breve o livro “2022” vai completar um ano de lançamento. Nesse meio tempo, o que o Brasil acertou no caminho rumo a uma economia sustentável? Porto Os principais acertos foram: a reforma da previdência pública, por meio do projeto de lei que cria a Fundação de Previdência Complementar para os Servidores Públicos Federais (Funpresp) e aliviará o déficit previdenciário em longo prazo; a retomada das privatizações, com os aeroportos; o estímulo aos investimentos privados; e as medidas emergenciais de ajuste nos momentos mais agudos da crise, como a expansão do crédito dos bancos públicos, o estímulo ao consumo e as desonerações setoriais. Financeiro E os erros? Porto O principal erro é a falta de visão de longo prazo e de ousadia para retomar com toda a força um ciclo de reformas e ajustes estruturais para tornar o país mais competitivo nesta fase da economia mundial. Isso significa enfrentar três grandes gargalos: a baixa qualificação do capital humano, o que remete ao desafio de acelerar e melhorar a educação e ampliar dramaticamente as oportunidades de educação profissional; a insuficiência e má qualidade da infraestrutura física, especialmente nos sistemas de transportes e logística, que precisam de investimentos públicos e privados; e a forte deficiência no capital institucional, na qual se destacam a má qualidade da gestão pública nos três poderes e a carga tributária elevada e burocrática. Esses problemas causam os baixos níveis de produtividade do Brasil e um ambiente que abril/maio 2012 FINANCEIRO 47

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cultura entrevista

dificulta os negócios e aumenta o custo Brasil. Enfrentando esses gargalos, provavelmente deixaríamos de ser o eterno “país do futuro”, para fazer a esperada guinada brasileira. Financeiro O senhor percebe um consenso entre os coautores do livro sobre o Brasil melhor em 2022? Porto Observo consensos muito claros. Defendemos uma maior eficiência na economia e na administração pública; propusemos metas de equilíbrio fiscal nominal; inflação e juros declinantes; uma política social mais flexível para acompanhar a mudança do perfil da população; uso dos recursos do pré-sal em projetos de longo prazo; e uma maior participação dos investimentos privados em projetos de infraestrutura. Financeiro Como o senhor analisa a oferta de crédito hoje no país? Porto O Brasil é um caso de sucesso no mundo em termos de construção de um sistema financeiro sólido, com o Plano Real. O fato de nós termos um Banco Central que, na prática, é quase independente e faz uma boa

regulação, melhorou o ambiente de negócios no conjunto das transações financeiras. Destaco também um conjunto de microrreformas, como a lei de falências, a simplificação de liquidações de passivos bancários, as mudanças na concessão de crédito imobiliário e das regras para crédito consignado em folha de pagamento. Essas microrreformas impulsionaram e melhoraram bastante as ofertas de crédito e o mercado respondeu muito bem. Essa foi uma trajetória de sucesso que contribuiu para o fenômeno de ascensão da classe C. Financeiro Qual seria o cenário mais provável para o setor de crédito na próxima década? Porto A próxima agenda será de expansão do crédito imobiliário para aquisição de imóveis próprios. O crédito imobiliário ainda representa uma fração pequena do segmento no Brasil e existe espaço para um crescimento saudável nos próximos dez ou 15 anos. Já o crédito para consumo não vai expandir com a mesma exuberância, mas a tendência é manter

Os números do Brasil em 10 anos No livro “2022 – Propostas para um Brasil Melhor no Ano do Bicentenário”, os organizadores Claudio Porto e Fabio Giambiagi construíram um conjunto de metas factíveis para o Brasil percorrer e alcançar em 2022. Veja as principais: Crescimento médio do PIB: 4,5% a.a. (2011: 2,7%) Inflação: 3% (2011: 6,5%) Taxa de investimento: 24% do PIB (estimativa 2011: 18%) Poupança doméstica: 22/23% do PIB (estimativa 2011: 16%) Proporção de pobres: 5% (estimativa 2011: 20%) Proporção de extremamente pobres: 0% (estimativa 2011: 7%)

o crescimento em um cenário com taxas de juros declinantes. Um lado importante é o crédito não ultrapassar o limite da capacidade de endividamento das famílias, mas esse fenômeno é dinâmico, pois as famílias pagam suas contas e podem tomar crédito novamente. Vejo espaço para grandes investimentos de infraestrutura. São operações mais sofisticadas com papel importante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas ele não é um agente exclusivo. Existem bancos do setor privado e fundos de previdência com imensas possibilidades de fazer boas operações de crédito para bons projetos de infraestrutura. Precisamos de estradas, sistema de transporte urbano eficiente e saneamento. O Brasil é um país que ainda precisa ser construído e existem possibilidades de acelerar esse crescimento com boas operações de crédito. Financeiro Como deveria ser a reforma tributária brasileira capaz de deslanchar o desenvolvimento? Porto A reforma tributária tem dois pontos. O primeiro é a simplificação do sistema de impostos. As empresas e pessoas gastam muito tempo e energia nesse assunto, pois é muito complexo. A simplificação é essencial para melhorar a competitividade brasileira. Um dos fatores que detonam a nossa indústria são os altos impostos. Por isso fica mais barato importar. O segundo ponto é justamente a redução da carga tributária. O Brasil tem a carga tributária mais elevada do mundo entre os países em desenvolvimento, que se aproxima da taxa de países europeus de Primeiro Mundo,

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mas com um serviço público de Terceiro Mundo, é uma defasagem complicada. Essas mudanças não acontecerão de uma hora para a outra, mas são desejáveis. Em função da crise econômica, alguns tributos foram reduzidos e o mercado de consumo respondeu a isso de forma rápida. Com uma carga tributária mais baixa você pode ampliar o consumo. Financeiro Um país desenvolvido economicamente e não socialmente seria um dos pesadelos sobre 2022? Porto É possível um país se tornar mais próspero e mais desigual, mas isso não é sustentável em longo prazo. Felizmente o Brasil está conseguindo reduzir a desigualdade nos últimos 20 anos. Um dos fatores que explica esse fenômeno é a melhoria da escolaridade. Essa mudança acontece de forma mais lenta do que desejamos, mas é uma melhoria importante. O mais provável para o Brasil é caminhar para uma maior sustentabilidade não só econômica, mas também social e ambiental. Esse é um ponto que falamos muito no livro. As oportunidades são muitas, mas precisamos acelerar a qualificação profissional, melhorar a infraestrutura saturada do país, além da nossa gestão pública. Financeiro O senhor considera um conflito viabilizar uma exploração sustentada do pré-sal e ao mesmo tempo o Brasil ser, em 2022, uma economia de baixo carbono? Porto São agendas conflitantes, sim. Sobre a emissão de gases, precisamos observar que a produção do petróleo do pré-sal será comercializada principalmente depois da próxima década, não é agora. Há tempo para

o desenvolvimento de tecnologias sequestradoras de carbono ou que minimizem as emissões. Nesse campo, a Petrobras tem pesquisas agressivas. Claro que existe um dilema, mas creio que há espaço para redução das emissões. Devemos considerar que a nossa matriz energética é uma das mais limpas do mundo. Temos uma produção grande de energia hídrica e possibilidades de aproveitar a energia eólica e a solar. E também o etanol, pois somos os mais competitivos do mundo nesse ponto. Financeiro Recentemente aconteceram privatizações de aeroportos e outras deverão vir. Esse modelo de investimento é benéfico? Porto As privatizações e as concessões ao setor privado são benéficas ao país, não somente porque os gargalos são eliminados ou evitados com maior rapidez, mas também porque trazemos a eficiência de gestão da área privada para esses empreendimentos. O modelo de privatizações dos aeroportos me parece bem consistente, mas deve ser aperfeiçoado para reduzir a presença direta ou indireta do Estado no financiamento e na gestão. O mais importante é que esse processo seja estendido para os demais aeroportos, portos e rodovias. O impacto sobre a competitividade sistêmica do país será significativo. Financeiro Quais riscos e oportunidades o Brasil tem com a crise que permanece na Europa e nos Estados Unidos?

Porto São vários riscos, como a queda da demanda e dos preços das commodities que são hoje a parcela principal de nossas exportações. Outro risco é a perda de dinamismo ou mesmo recessão econômica mundial, assim como dificuldades de financiamento de transações comerciais e maior protecionismo em escala global. Mas o maior risco que eu enxergo é interno, é o imediatismo, a falta de uma visão de longo prazo que nos ajude a fazer a melhor travessia possível deste cenário de dificul-

“O Brasil é um país que ainda precisa ser construído, e existem possibilidades de acelerar esse crescimento com boas operações de crédito” dades. Há muitas oportunidades calcadas em ativos estratégicos que temos. Nessa lista estão a exploração petrolífera do pré-sal, com a possibilidade de elevar o país à posição de quarto maior produtor de petróleo do mundo em 2030, a concessão e privatização de grandes expansões de infraestrutura e a forte expansão do mercado interno que tem como símbolo a ascensão da nova classe C. Até 2016, o poder de compra dessa nova classe média brasileira poderá ultrapassar a barreira de R$ 1,4 trilhão. f abril/maio 2012 FINANCEIRO 49

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happyhourrestaurante

Clássico, porém

criativo Quando se fala em restaurante italiano logo vem à mente um ambiente rústico, informal, com detalhes tipicamente napolitanos, como toalhas xadrezes nas mesas, massas servidas em porções generosas e músicas animadas. A empresária brasileira Marina Thompson fugiu do tradicional, lançando em 2003 o restaurante Pomodori. A ideia era trazer para o Brasil algo diferente, um estabele-

Por Raquel Sena

cimento pequeno ao estilo bistrô. O local escolhido foi um imóvel localizado no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo. A fachada é simples, mas o ambiente – projetado pelo arquiteto Fernando Figoli – é muito aconchegante, inspirado nos mais prestigiados restaurantes da Itália. São 243 metros quadrados distribuídos por

Fotos: Douglas Luccena

Sem deixar de lado o tradicional sabor da culinária italiana, o chef Diogo Silveira, do restaurante Pomodori, reformula o cardápio com um toque especial aos pratos 50 FINANCEIRO abril/maio 2012

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Torta quente de banana com farofa de amêndoas e sorvete de baunilha e merengue italiano com frutas do bosque e sorvete mascarpone

O salão, decorado em estilo clássico, possui mesas e cadeiras feitas artesanalmente com madeira de peroba. Ao fundo, o quadro do artista plástico Gustavo Rosa (“Eva gorda em cima dos tomates” faz alusão ao nome pomodori)

dois salões e dois bares, com capacidade para 64 pessoas, preservando as estruturas do antigo imóvel – com tijolos à vista. A cozinha, aberta para o restaurante, permite que o cliente veja a confecção das massas, preparadas no ato do pedido. Aliás, essa é uma filosofia do chef Diogo Silveira, de 31 anos. Ele busca oferecer ao cliente uma experiência única, com produtos de primeira

qualidade. Para isso, o ambiente conta com uma sala de produção, localizada na parte superior do salão, onde são feitas massas, molhos, embutidos, pães, petit-fours e sorvetes. Além disso, importa da Itália alguns produtos como trigo, tomates, azeites e polentas, mas não deixa de valorizar os ingredientes sazonais de pequenos produtores da capital e interior de São Paulo. Há um ano à frente da casa, Silveira é responsável pela criação de quase 100% do cardápio, que conta com uma variedade de pratos clássicos da culinária italiana, porém a cada estação do ano lança novos pratos. “Quando assumi essa posição, eu mudei apenas 40% do cardápio. Com o tempo fui conhecendo os meus clientes, dei um toque exclusivo a alguns dos pratos e

acrescentei outros ao menu. Algumas receitas são clássicas e não há como mudar, pois foram criadas há cerca de 300 anos. E tornaram-se tradicionais também no restaurante”, conta. Diariamente a casa oferece pratos à la carte e, no horário do almoço, acrescenta-se o menu executivo composto por couvert, duas opções de entrada, quatro pratos principais abril/maio 2012 FINANCEIRO 51

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happyhourrestaurante

O chef Diogo Silveira prepara um dos pratos da casa em uma cozinha que permite que o cliente veja a confecção das massas, preparadas no momento do pedido

– massa longa, massa recheada, carne vermelha ou pescado – e duas sobremesas a escolher, por um valor fixo de R$ 49. Caso o cliente queira acrescentar uma taça de vinho, o valor passa para R$ 65. E, em datas comemorativas, o chef faz questão de preparar menus exclusivos. O lugar também é uma ótima opção para organizar confraternizações. Para isso, a casa reserva às segundas-feiras, para não atrapalhar a movimentação diária, que recebe em média cerca de 80 pessoas em cada período durante a semana. Já nos finais de se-

Diversidade Para os apreciadores de um bom vinho, o restaurante Pomodori conta com uma adega com cerca de mil garrafas e 200 rótulos, sendo 50% de origem italiana. Com preços que variam de R$ 99 a R$ 4.906.

mana a casa chega a atrair 120 clientes apenas no jantar. Tanto empenho rendeu ao estabelecimento alguns prêmios. O mais recente foi a classificação máxima no “Guia Josimar Melo” – três estrelas –, que até então apenas o restaurante italiano Fasano possuía. Além disso, recebeu o selo gastronomia sustentável por estar atento para o volume de alimentos em trânsito dentro do estabelecimento e, especialmente para o destino deles pós-consumo. “Hoje

Frutos do mar grelhados em lenha de eucalipto com capellini ao alho e óleo ao perfume de limão siciliano

separamos o óleo que é transformado em biodiesel, procuramos produtores próximos da cidade, trabalhamos com pratos orgânicos, dentre outras iniciativas”, afirma Silveira. f Serviço Pomodori Rua Dr. Renato Paes de Barros, 534 – Itaim Bibi – São Paulo (SP) (11) 3168-3123

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artigoanáliseeperspectivas

O mercado de automóveis no Brasil e a expansão do crédito Em 2011, o Brasil manteve a posição como quarto maior mercado mundial para venda de automóveis e veículos leves, segundo relatório divulgado pela consultoria Jato Dynamics do Brasil. Com crescimento de 2,9% em relação a 2010, o desempenho positivo ficou aquém do ritmo registrado desde 2004, momento a partir do qual a expansão das vendas no Brasil começou a registrar números sempre em torno de dois dígitos ao ano. Ainda de acordo com o relatório, o País era apenas o décimo maior mercado em 2004, alcançando a quarta posição no número de vendas de automóveis e veículos leves já em 2010, Por prof. dr. Alberto Borges Matias ultrapassando grandes com colaboração de Gleison Lopes Fonseca mercados como Alemanha, França e Itália. O cenário encontrado no País hoje é bem diferente daquele vivido de 2001 a 2003, período em que uma série de turbulências afetou o desempenho do mercado automotivo brasileiro, provocando um ciclo de quedas nas vendas. Na época, os principais problemas enfrentados pelo setor estavam relacionados aos fatores internos, como a crise energética nacional, o aumento dos juros, a redução dos prazos de financiamento de veículos, além da crise econômica da Argentina, debilitando seu dinamismo.

Apesar de o País ter superado as crises vividas no passado e conseguido expandir as vendas, a produção de veículos não evoluiu no mesmo ritmo. Como pode ser visto no gráfico 1, o volume de vendas ultrapassa o de carros produzidos no País a partir de 2009. Vale lembrar que na contabilização da produção de veículos estão incluídos os destinados ao mercado interno e os destinados para exportação. Já como vendas estão os veículos novos, abrangendo tanto os produzidos no Brasil quanto os importados. No que tange à venda de veículos novos importados no Brasil, nota-se uma evolução considerável de 2004 para 2011, representando neste último ano cerca de 24% do total de vendas do mercado interno brasileiro, conforme o gráfico 2. Visando a controlar o avanço das importações, o governo anunciou no início de 2012 algumas medidas para proteger e estimular a indústria nacional, dentre elas uma das principais para o setor automobilístico trata da revisão do acordo automotivo com o México. A revisão do acordo prevê que serão adotadas cotas para a exportação de carros de passeio do México para o Brasil, visando a reduzir o volume de GRÁFICO 1

Vendas e produção de veículos no Brasil Milhares 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0

2004

2005

2006

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2010 Vendas

2011 Produção

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exportações provenientes do País, que chegaram a US$ 2 bilhões em 2011. Para 2012, o México poderá exportar ao Brasil US$ 1,45 bilhão em carros de passeio sem o pagamento de imposto de importação, passando para US$ 1,56 bilhão em 2013 e US$ 1,6 bilhão em 2014, com o retorno do livre comércio em 2015. Outros fatores inerentes à venda de veículos novos que podem ser levantados são: os relacionados ao prazo máximo concedido para parcelamento do valor do veículo, ao volume de crédito disponibilizado pelas instituições financeiras e o custo desse crédito oferecido ao consumidor, o que pode ser verificado pela taxa de juros média dos financiamentos. Informações conforme os gráficos 3 e 4. Analisando-se as variações da taxa de juro cobrada nas diversas modalidades de financiamento de veículos em comparação com o número de vendas do mercado, percebe-se que, para os brasileiros, a aquisição de veículos co-

merciais leves novos depende em grande parte do volume de crédito disponível, visto que mais de 60% do pagamento de veículos comerciais leves é financiado. Uma observação importante é que o custo do financiamento não parece ter grande impacto sobre o volume de vendas. Como se pode observar no gráfico 4, as flutuações da taxa de juros no período não tiveram efeito direto sobre o saldo das operações de crédito, mesmo quando descontada a sazonalidade das vendas. A taxa de juros média prefixada cobrada na aquisição de veículos por pessoas físicas vem caindo nos últimos anos. No início da séria histórica em 2000, a taxa estava em 35,5% a.a., valor consideravelmente superior aos 27% a.a. registrados em fevereiro deste ano. Apesar de não ser o menor valor registrado nestes quase 12 anos de série – em novembro de 2010 a taxa foi de 22,8% a.a. –, desde 2005 os juros para aquisição de veículos vêm GRÁFICO 2

Licenciamento de veículos novos – nacionais e importados 100%

4%

5%

7%

96%

95%

93%

80%

11%

13%

16%

89%

87%

84%

19%

24%

81%

76%

60%

40%

20%

0

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Nacionais

Importados

GRÁFICO 3 Forma de pagamento na venda de veículos comerciais leves 100%

9%

90%

10%

80%

47%

7%

5%

4%

4%

5%

6%

7%

15%

18%

30%

38%

23%

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5% 50%

45%

46%

45%

70%

33%

32%

60%

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50% 40%

34%

33%

32%

34%

36%

2004

2005

2006

2007

2008

39%

38%

37%

10% 20% 0

2009 À vista

2010 Financiados

2011 Leasing

Consórcio

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artigoanáliseeperspectivas

apresentando tendência de declínio, com exceção de algumas retomadas de alta, conforme os registrados no ano de 2008 e início de 2011. Esse novo patamar das taxas de juros cobradas para aquisição de veículos acompanha a redução gradativa que ocorre desde julho de 2011 com a taxa básica de juros Selic. O Copom (Comitê de Política Monetária) cortou a Selic em 2,75 p.p. desde 2008, passando de 12,50% a.a. na época para 9,75% a.a. a partir de março de 2012, com efeitos diretos no custo do financiamento de veículos. Mesmo com as flutuações na taxa de juros, o desempenho do mercado de automóveis comerciais leves no Brasil não parece ter sido significativamente afetado, conforme pode ser validado pelo crescimento das vendas nos últimos anos, que tornaram o Brasil o quarto maior mercado mundial. Até mesmo pelo mercado brasileiro de veículos, em que estão incluídos, além dos automóveis comerciais leves, caminhões, ônibus, motos, implementos rodoviários, máquinas agrícolas e outros meios de transporte, com crescimento médio de 10,9% a.a. desde 2004, totalizando 130% no período. No ano de 2008 ocorreu um arrefecimento do volume de crédito com a taxa média de juros voltando a subir, inibindo a evolução do saldo das operações de crédito para aquisição de veículos. Porém outros fatores como tempo máximo de financiamento de veículos, vide gráfico 5, pode ter sido um dos fatores determinantes na demanda por novos financiamentos. No período de 2004 a 2007, as medidas de elevação do tempo dos planos de financiamento ajudaram a fortalecer as vendas no mercado interno, como visto pelo aumento no

volume de vendas e do tempo médio dos planos de financiamento, que passaram de 34 meses para 42 meses no período. Outro dado importante refere-se ao prazo máximo no qual as instituições financeiras estão autorizadas a parcelar o financiamento dos veículos ao consumidor, chamados de planos máximos de financiamento. O aumento do prazo permite adequar o valor do veículo a ser adquirido ao poder de consumo do comprador, amenizando seu custo, pois dilui o custo total do mesmo dentre as parcelas. Em 2007, os planos máximos chegaram a 84 meses, algo inédito no mercado brasileiro, porém, ao longo de 2008 foram reduzidos, chegando ao final do ano no prazo de 60 meses. Vale ressaltar que a elevação, pelo Banco Central, do tempo dos planos máximos de financiamento de veículos só possui resultado efetivo no mercado de crédito quando as instituições financeiras repassam aos consumidores essas condições, por isso as alterações no tempo dos planos médios ocorrem de forma mais lenta. Outro fator que influencia a decisão do Banco Central em alterar o limite e adotar as chamadas medidas macroprudenciais é a variação da taxa de inadimplência dos financiamentos, apresentada no gráfico 6. Em 2008, além da crise financeira internacional, o fraco desempenho do saldo de crédito para aquisição de veículos justifica-se pela decisão do Banco Central em reduzir o prazo limite para parcelamento dos financiamentos de veículos, já antecipando a elevação do nível de inadimplência. No final de 2011, o Banco Central optou por retirar as medidas macroprudenciais adotadas no segmento de créGRÁFICO 4

Taxa de juros e saldo de crédito para aquisição de veículos Bilhões

Variação (%)

200

40

180

35

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30

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10

40

5

20 0

0

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dez/10 R$ bilhões

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GRÁFICO 5 Planos e prazos de financiamento de veículos 100

84

80

80

72 60

60

40

39

36

34

20

60

60

12,6

60

60

42

40

42

44

17,8

18,9

13,2

14,7

16,8

17

2005

2006

2007

2008

41

17,8

0

2004

2009

2010

Planos máximos

Planos médios

2011 Prazo médio

GRÁFICO 6 Inadimplência nas operações prefixadas de venda de veículos Bilhões (R$)

Variação (%) 6

200 180

173

160

140

140

5

4

120 100

81

80 60

51

40 20 0

82

3

94

63

2

38

25

27

30

dez/01

dez/02

dez/03

dez/04

Saldo Total

1

dez/05

dez/06

dez/07

% com 15 a 30 dias de atraso

dito para financiamento de veículos. Mesmo assim, desde o segundo semestre do ano passado os bancos estão receosos em liberar novos financiamentos, aumentando as exigências e selecionando mais os clientes. A maior cautela por parte dos bancos é explicada pelo nível de inadimplência, que em dezembro registrou a maior taxa da série para o mês, ficando em 5%, o dobro registrado no mesmo mês de 2010, com 2,5%. Para o mês de fevereiro de 2012, a taxa continuou subindo e ficou em 5,5%, nível igualado apenas em junho de 2009 desde que a séria foi criada em 2000. A persistência nas altas taxas de inadimplências mesmo com o País registrando baixo índice de desemprego e aumento da renda das famílias pode ser explicado em parte pela qualidade do crédito concedido e dos longos prazos disponibilizados no passado, conforme ocorreu em 2009 quando foram liberados financiamentos de até 60 meses sem entrada. Neste novo cenário apresentado em 2012, começam a surgir incertezas sobre a continuidade da expansão do

dez/08

dez/09

% com 31 a 90 dias de atraso

dez/10

dez/11

0

% acima de 90 dias de atraso

mercado de crédito para aquisição de veículos novos, visto a elevação do nível de inadimplência e a maior cautela dos bancos em conceder financiamentos. Em contrapartida, porém, a queda do ritmo de crescimento das vendas, principalmente de automóveis e veículos leves em 2011 e medidas pontuais adotadas pelo governo brasileiro para incentivar as vendas de veículos podem dar um novo fôlego para a expansão do saldo de crédito nessa modalidade. f Prof. dr. Alberto Borges Matias É professor Titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no Campus de Ribeirão Preto, e Diretor do Inepad. Gleison Lopes Fonseca – Mestrando em administração de organizações pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no Campus de Ribeirão Preto. Pesquisador do Centro de Pesquisas em Finanças – Cepefin – do Inepad abril/maio 2012 FINANCEIRO 57

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bancodedadosinepad Taxas médias: geral Data

Aplicações % a.a.

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

fev/11

38,07

0,7

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26,11

0,5

mar/11

39,04

1,0

12,16

0,2

26,88

0,8

abr/11

39,84

0,8

12,10

-0,1

27,74

0,9

mai/11

39,98

0,1

12,11

0,0

27,87

0,1

jun/11

39,48

-0,5

12,19

0,1

27,29

-0,6

jul/11

39,65

0,2

12,34

0,2

27,31

0,0

ago/11

39,67

0,0

11,85

-0,5

27,82

0,5

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38,96

-0,7

10,90

-0,9

28,06

0,2

out/11

39,53

0,6

10,64

-0,3

28,89

0,8

nov/11

38,47

-1,1

10,32

-0,3

28,15

0,7

dez/11

37,05

-1,4

10,18

-0,1

26,87

-1,3

jan/12

38,00

1,0

10,20

0,0

27,80

0,9

fev/12

38,10

0,1

9,70

-0,5

28,40

0,6

Variação fev/fev

2,3

-2,3

0,0

Fonte: BC/Inepad

Taxas médias: pessoa física Data

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

fev/11

43,84

0,0

12,56

0,1

31,28

-0,1

mar/11

44,95

1,1

12,64

0,1

32,31

1,0

abr/11

46,83

1,9

12,60

0,0

34,23

1,9

mai/11

46,82

0,0

12,49

-1,0

34,33

0,1

jun/11

46,10

-0,7

12,47

0,0

33,63

-0,7

jul/11

45,70

-0,4

12,64

0,2

33,06

-0,6

ago/11

46,18

0,5

11,77

-0,9

34,41

1,3

set/11

45,67

-0,5

10,67

-1,1

35,00

0,3

out/11

47,10

1,4

10,48

-0,2

36,62

1,6

nov/11

44,73

-2,4

10,06

-0,4

34,67

-2,0

dez/11

43,75

-1,0

10,07

0,0

33,68

-1,0

jan/12

45,10

1,4

10,20

0,1

34,90

1,2

fev/12

45,40

0,3

9,60

-0,6

35,80

0,9

Variação fev/fev

Aplicações % a.a.

4,5

-3,0

1,6

Fonte: BC/Inepad

Taxas médias: pessoa jurídica Data

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread % p.p.

Var. p.p.

fev/11

30,58

1,3

11,38

0,2

19,20

1,1

mar/11

31,31

0,7

11,69

0,3

19,62

0,4

abr/11

31,01

-0,3

11,61

-0,1

19,40

-0,2

mai/11

31,10

0,1

11,73

0,1

19,37

0,0

jun/11

30,75

-0,4

11,92

0,2

18,83

-0,5

jul/11

31,36

0,6

12,06

0,1

19,30

0,5

ago/11

30,92

-0,4

11,93

-0,1

18,99

-0,3

set/11

29,99

-0,9

11,12

-0,8

18,87

-0,1

out/11

29,76

-0,2

10,80

-0,3

18,96

0,1

nov/11

29,79

0,0

10,57

-0,2

19,22

0,3

dez/11

28,23

-1,6

10,28

-0,3

17,95

-1,3

jan/12

28,70

0,5

10,20

-0,1

18,50

0,5

fev/12

28,60

-0,1

9,80

-0,4

18,80

0,3

Variação fev/fev

Aplicações % a.a.

-2,0

-1,6

-0,4

Fonte: BC/Inepad

58 FINANCEIRO abril/maio 2012

Finan74 INEPAD tabelas.indd 58

12/04/12 13:58


Spread financeiro

Crédito consignado

45%

R$ Milhões 170.000

40%

165.000

35%

160.000

30%

155.000

25%

150.000

20%

145.000

15%

140.000

10%

135.000

5%

130.000

0

125.000

29,0%

28,5%

28,0%

27,5%

27,0%

Aplicações

Captações

Consignado

fev/12

jan/12

dez/11

nov/11

out/11

set/11

ago/11

jul/11

jun/11

mai/11

abr/11

mar/11

26,0%

fev/11

fev/12

jan/12

dez/11

nov/11

out/11

set/11

ago/11

jul/11

jun/11

mai/11

abr/11

mar/11

fev/11

26,5%

Taxa de juros % a.a.

Fonte: BC/Inepad

VOLUME PREFIXADOS –

DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA

RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)

Cheque Especial

Variação em %

Crédito Pessoal

Variação em %

jan/11

18.177,39

12,3%

58,72

2,2%

1269,1

fev/11

19.121,66

5,2%

59,70

1,1%

47,0

mar/11

19.293,51

0,9%

59,90

1,7%

37,8

abr/11

19.606,36

1,6%

60,24

1,8%

mai/11

20.260,63

3,3%

60,92

2,0%

jun/11

20.499,88

1,2%

61,19

jul/11

19.863,83

-3,1%

ago/11

20.795,66

set/11

Mês/Ano

Financiamento Imobiliário

Variação em %

Cartão de Crédito

Variação em %

2,0%

30.430,57

4,3%

-96,3%

31.866,72

4,7%

-19,6%

31.625,99

-0,8%

39,9

5,6%

32.528,95

2,9%

40,0

0,2%

33.178,77

2,0%

1,9%

40,4

1,1%

33.237,24

0,2%

60,59

1,8%

39,9

-1,3%

33.408,13

0,5%

4,7%

61,55

1,5%

40,4

1,3%

34.304,29

2,7%

20.783,69

-0,1%

61,57

1,3%

40,3

-0,2%

35.357,14

3,1%

out/11

21.504,53

3,5%

62,32

1,1%

41,7

3,5%

36.279,27

2,6%

nov/11

20.972,07

-2,5%

61,82

1,4%

43,1

3,4%

36.433,21

0,4%

dez/11

18.882,41

-10,0%

59,76

0,0%

44,8

3,8%

35.637,97

-2,2%

jan/12

21.176,51

12,1%

62,09

1,3%

45,0

0,4%

36.583,93

2,7%

Variação em %

Total

Variação em %

Fonte: BC/Inepad

VOLUME

DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA

PREFIXADOS/CONTINUAÇÃO –

RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)

AQUISIÇÃO Mês/Ano

Veículos

Variação em %

Outros

Variação em %

Total

Variação em %

Outros

jan/11

142.912,13

1,8%

10.460,07

1,2%

153.372,20

3,7%

6.780,75

0,0%

416.797

2,5%

fev/11

146.794,23

2,7%

9.520,47

-9,0%

156.314,70

1,9%

7.440,55

9,7%

423.869

1,7%

mar/11

149.289,38

1,7%

9.333,63

-2,0%

158.623,01

1,5%

7.423,22

-0,2%

429.604

1,4%

abr/11

152.198,46

1,9%

9.165,49

-1,8%

161.363,95

1,7%

7.453,08

0,4%

437.446

1,8%

mai/11

155.135,82

1,9%

9.096,10

-0,8%

164.231,92

1,8%

7.527,44

1,0%

446.046

2,0%

jun/11

158.003,89

1,8%

8.939,65

-1,7%

166.943,54

1,7%

7.721,08

2,6%

453.510

1,7%

jul/11

160.931,82

1,9%

9.060,46

1,4%

169.992,28

1,8%

7.610,59

-1,4%

459.999

1,4%

ago/11

163.928,00

1,9%

9.027,16

-0,4%

172.955,16

1,7%

6.986,47

-8,2%

467.653

1,7%

set/11

167.297,40

2,1%

9.203,99

2,0%

176.501,39

2,1%

7.111,17

1,8%

475.344

1,6%

out/11

168.657,89

0,8%

9.012,95

-2,1%

177.670,84

0,7%

7.303,74

2,7%

481.001

1,2%

nov/11

170.554,47

1,1%

9.179,58

1,8%

179.734,04

1,2%

7.386,58

1,1%

486.166

1,1%

dez/11

173.301,89

1,6%

9.348,56

1,8%

182.650,45

1,6%

7.769,86

5,2%

486.639

0,1%

jan/12

174.680,92

0,8%

9.291,31

-0,6%

183.972,22

0,7%

7.800,39

0,4%

494.336

1,6%

Fonte: BC/Inepad

abril/maio 2012 FINANCEIRO 59

Finan74 INEPAD tabelas.indd 59

12/04/12 13:58


bancodedadosinepad VOLUME

DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO

CRÉDITO CONSIGNADO (R$

CONSIGNADO

Mês/Ano

Crédito Pessoal*

Públicos

Privados

fev/11

234.628

120.601

20.052

140.653

102.076

mar/11

238.331

122.470

20.419

142.889

103.621

abr/11

242.665

123.619

20.712

144.332

mai/11

247.503

125.471

21.104

jun/11

252.178

127.591

jul/11

256.659

ago/11

% CONSIGNADO***

MILHÕES)

CONCENTRAÇÃO DO CONSIGNADO

TAXA DE JUROS % A.A.

Estimativa INEPAD

Consignado

Pessoal

Diferença

59,9%

72,6%

28,2%

48,0%

19,8%

60,0%

72,5%

28,1%

47,3%

19,2%

104.474

59,5%

72,4%

28,5%

49,9%

21,4%

146.576

106.193

59,2%

72,4%

28,0%

49,7%

21,7%

21.517

149.108

107.826

59,1%

72,3%

27,7%

49,0%

21,3%

129.564

21.945

151.509

109.140

59,0%

72,0%

28,0%

48,7%

20,7%

260.637

131.631

22.083

153.713

110.761

59,0%

72,1%

28,3%

49,6%

21,3%

set/11

264.051

133.542

22.248

155.790

112.031

59,0%

71,9%

28,0%

49,7%

21,7%

out/11

267.306

134.635

22.366

157.002

114.143

58,7%

72,7%

27,8%

52,2%

24,4%

nov/11

271.256

135.984

22.595

158.579

115.559

58,5%

72,9%

27,2%

48,6%

21,4%

dez/11

271.810

135.836

22.792

158.628

115.333

58,4%

72,7%

27,0%

48,2%

21,2%

jan/12

275.388

137.849

23.134

160.983

116.174

58,5%

72,2%

27,5%

50,3%

22,8%

fev/12 Variação fev/fev

278.926

139.863

23.920

163.783

118.299

58,7%

72,2%

27,5%

50,6%

23,1%

18,88%

15,97%

19,29%

16,44%

15,89%

-2,08%

-0,47%

-2,38%

5,42%

16,51%

Total

Amostra**

Fonte: BC/Inepad * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito ** Pesquisa com 13 das maiores instituições que operam com crédito pessoal *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal

INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano

OPERAÇÕES PREFIXADAS % Sobre

CRÉDITO PESSOAL (R$ Com atraso

Saldo sem atraso

Com atraso de 30 dias

saldo da carteira

de 31 a 90 dias

saldo da carteira

maior 90 dias

jan/11

189.650.747

4.438.465

2,15%

4.002.463

1,94%

8.675.410

fev/11

191.060.935

4.528.323

2,17%

4.571.857

2,19%

8.917.500

mar/11

192.628.266

5.510.069

2,59%

5.248.862

2,47%

abr/11

196.598.215

4.959.736

2,29%

5.347.066

mai/11

200.595.031

4.989.064

2,26%

jun/11

204.686.468

4.953.820

jul/11

208.085.270

ago/11

Com atraso

% Sobre

MIL)

% Sobre

Saldo total

Variação em %

4,20%

206.767.085

2,17%

4,27%

209.078.615

1,12%

9.213.666

4,33%

212.600.863

1,68%

2,47%

9.548.845

4,41%

216.453.862

1,81%

5.073.405

2,30%

10.150.062

4,60%

220.807.562

2,01%

2,20%

5.041.159

2,24%

10.386.124

4,61%

225.067.571

1,93%

5.078.854

2,22%

5.076.052

2,22%

10.844.369

4,73%

229.084.545

1,78%

211.003.397

4.962.857

2,13%

5.197.030

2,23%

11.408.071

4,91%

232.571.355

1,52%

set/11

213.106.404

5.205.099

2,21%

5.497.843

2,33%

11.740.856

4,98%

235.550.202

1,28%

out/11

214.404.363

5.425.153

2,28%

6.085.228

2,55%

12.285.944

5,16%

238.200.688

1,13%

nov/11

217.550.528

5.050.272

2,09%

5.940.290

2,46%

13.055.873

5,40%

241.596.963

1,43%

dez/11

218.121.588

4.742.796

1,96%

5.621.166

2,33%

13.167.555

5,45%

241.653.105

0,02%

jan/12

219.312.227

5.670.345

2,32%

6.000.380

2,45%

13.774.887

5,63%

244.757.839

1,28%

saldo da carteira

carteira-Brasil

Fonte: BC/Inepad

INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano

OPERAÇÕES PREFIXADAS % Sobre

AQUISIÇÃO DE BENS % Sobre

Com atraso

VEÍCULOS (R$

Variação em %

2,64%

142.912.131

1,84%

2,80%

146.794.227

2,72%

4.494.561

3,01%

149.289.379

1,70%

4,38%

4.940.852

3,25%

152.198.460

1,95%

6.469.071

4,17%

5.531.827

3,57%

155.135.818

1,93%

3,55%

6.702.430

4,24%

5.928.542

3,75%

158.003.890

1,85%

5.920.567

3,68%

6.997.447

4,35%

6.425.138

3,99%

160.931.824

1,85%

144.164.834

5.801.994

3,54%

7.095.823

4,33%

6.865.348

4,19%

163.927.999

1,86%

set/11

146.722.258

5.615.941

3,36%

7.577.602

4,53%

7.381.599

4,41%

167.297.400

2,06%

out/11

146.189.732

6.185.698

3,67%

8.370.147

4,96%

7.912.314

4,69%

168.657.891

0,81%

nov/11

147.989.270

5.841.417

3,42%

8.388.009

4,92%

8.335.769

4,89%

170.554.465

1,12%

dez/11

151.409.644

5.470.180

3,16%

7.747.212

4,47%

8.674.858

5,01%

173.301.894

1,61%

jan/12

151.295.533

5.944.994

3,40%

8.258.457

4,73%

9.181.932

5,26%

174.680.916

0,80%

Saldo sem atraso

de 15 a30 dias

saldo da carteira

de 31 a 90 dias

saldo da carteira

maior 90 dias

jan/11

129.146.558

4.848.227

3,39%

5.147.023

3,60%

3.770.323

fev/11

132.596.079

4.757.011

3,24%

5.337.291

3,64%

4.103.846

mar/11

133.139.317

5.414.507

3,63%

6.240.994

4,18%

abr/11

135.031.766

5.555.088

3,65%

6.670.754

mai/11

137.491.005

5.643.915

3,64%

jun/11

139.762.468

5.610.450

jul/11

141.588.672

ago/11

% Sobre

MIL)

Saldo total

Com atraso

Com atraso

saldo da carteira

carteira-Brasil

Fonte: BC/Inepad

60 FINANCEIRO abril/maio 2012

Finan74 INEPAD tabelas.indd 60

12/04/12 13:58


INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano

OPERAÇÕES PREFIXADAS Com atraso

% Sobre

AQUISIÇÃO DE BENS

Com atraso

% Sobre

Com atraso

OUTROS (R$ % Sobre

MIL)

Saldo total

Saldo sem atraso

de 15 a 30 dias

saldo da carteira

jan/11

8.754.987

383.475

3,67%

402.840

3,85%

918.771

8,78%

10.460.073

1,17%

fev/11

7.817.175

338.368

3,55%

439.188

4,61%

925.737

9,72%

9.520.468

-8,98%

mar/11

7.495.673

387.405

4,15%

485.177

5,20%

965.374

10,34%

9.333.629

-1,96%

abr/11

7.288.553

387.991

4,23%

402.697

4,39%

1.086.249

11,85%

9.165.490

-1,80%

mai/11

7.176.329

375.695

4,13%

387.208

4,26%

1.156.868

12,72%

9.096.100

-0,76%

jun/11

7.004.312

381.212

4,26%

371.019

4,15%

1.183.102

13,23%

8.939.645

-1,72%

jul/11

7.108.014

368.804

4,07%

358.781

3,96%

1.224.858

13,52%

9.060.457

1,35%

ago/11

7.068.973

358.438

3,97%

344.559

3,82%

1.255.188

13,90%

9.027.158

-0,37%

set/11

7.229.707

374.867

4,07%

334.512

3,63%

1.264.902

13,74%

9.203.988

1,96%

out/11

7.003.090

359.296

3,99%

389.502

4,32%

1.261.059

13,99%

9.012.947

-2,08%

nov/11

7.166.439

322.619

3,51%

422.377

4,60%

1.268.141

13,81%

9.179.576

1,85%

dez/11

7.398.461

293.299

3,14%

353.421

3,78%

1.303.375

13,94%

9.348.556

1,84%

jan/12

7.281.585

354.078

3,81%

347.253

3,74%

1.308.392

14,08%

9.291.308

-0,61%

de 31 a 90 dias

saldo da carteira

maior 90 dias

saldo da carteira

Variação em %

carteira-Brasil

Fonte: BC/Inepad

INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano

OPERAÇÕES PREFIXADAS % Sobre

OUTRAS AQUISIÇÕES (R$

saldo da carteira

carteira-Brasil

Saldo total

Variação em %

569.985

8,41%

1.610.298

23,75%

6.780.745

-0,04%

680.033

9,14%

1.894.353

25,46%

7.440.547

9,73%

4,78%

624.416

8,41%

1.898.824

25,58%

7.423.224

-0,23%

334.633

4,49%

651.771

8,74%

1.822.781

24,46%

7.453.080

0,40%

372.282

4,95%

569.717

7,57%

1.803.097

23,95%

7.527.436

1,00%

4.948.108

395.656

5,12%

640.392

8,29%

1.736.925

22,50%

7.721.081

2,57%

jul/11

4.873.751

347.721

4,57%

691.197

9,08%

1.697.924

22,31%

7.610.593

-1,43%

ago/11

4.638.879

303.945

4,35%

549.756

7,87%

1.493.889

21,38%

6.986.469

-8,20%

set/11

4.727.379

310.390

4,36%

544.552

7,66%

1.528.845

21,50%

7.111.166

1,78%

out/11

4.782.825

374.755

5,13%

623.613

8,54%

1.522.548

20,85%

7.303.741

2,71%

nov/11

4.917.007

309.703

4,19%

691.743

9,36%

1.468.126

19,88%

7.386.579

1,13%

dez/11

5.135.116

326.361

4,20%

915.590

11,78%

1.392.790

17,93%

7.769.857

5,19%

jan/12

5.045.000

416.576

5,34%

659.418

8,45%

1.679.400

21,53%

7.800.394

0,39%

saldo da carteira

jan/11

4.266.864

333.598

4,92%

fev/11

4.484.326

381.835

5,13%

mar/11

4.544.809

355.175

abr/11

4.643.895

mai/11

4.782.340

jun/11

de 31 a 90 dias

% Sobre

MIL)

maior 90 dias

de 15 a 30 dias

Com atraso

Com atraso

saldo da carteira

Com atraso

Saldo sem atraso

% Sobre

Fonte: BC/Inepad

INADIMPLÊNCIA – Com atraso de mais de 90 dias 13.774.887 Atraso de até 30 dias 5.670.345

22% 54% 24%

Atraso de 31 a 90 dias 6.000.380

INADIMPLÊNCIA –

AQUISIÇÃO DE BENS

Com atraso maior que 90 dias 1.308.392 Com atraso de 15 a 30 dias 354.078 Com atraso de 31 a 90 dias 347.253

Finan74 INEPAD tabelas.indd 61

INADIMPLÊNCIA –

CRÉDITO PESSOAL

18% 65%

17%

AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS

Com atraso maior que 90 dias 9.181.932

25%

Com atraso de 15 a 30 dias 5.944.994

40%

Com atraso de 31 a 90 dias 8.258.457

INADIMPLÊNCIA –

35%

OUTRAS

Com atraso maior que 90 dias 1.679.400 Com atraso de 15 a 30 dias 416.576 Com atraso de 31 a 90 dias 659.418

15%

61%

24%

12/04/12 13:58


bancodedadosinepad DE DESEMPREGO

0,10

6,90

0,30

abr/11

6,40

-0,10

7,10

0,20

mai/11

6,40

0,00

6,70

-0,40

jun/11

6,20

-0,20

6,60

-0,10

jul/11

6,00

-0,20

6,50

-0,10

ago/11

6,00

0,00

6,30

-0,20

set/11

6,00

0,00

6,10

-0,20

out/11

5,80

-0,20

5,60

-0,50

nov/11

5,20

-0,60

5,00

-0,60

dez/11

4,70

-0,50

4,70

-0,30

jan/12

2,8

-1,90

5,1

0,40

fev/12

2,8

0,00

4,9

-0,20

7% 0,00 6% -0,01 5%

4%

-0,01

3% -0,02 2% -0,02 1%

0

Brasil

SP

fev/12

6,50

0,01

jan/12

mar/11

8%

dez/11

0,60

nov/11

6,60

out/11

0,30

set/11

6,40

ago/11

fev/11

jul/11

Var. %

jun/11

SP

mai/11

Var. % - Brasil

abr/11

Brasil

mar/11

Data

fev/11

TAXA

-0,03

Var .p.p mensal Brasil

Fonte: BC/Inepad

RENDIMENTO

MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$) Brasil

Var. % - Brasil

SP

Var. %

fev/11

2,1

0,0%

3,7

-2,8%

mar/11

2,1

0,0%

3,7

8,6%

abr/11

2,1

0,0%

3,7

-2,6%

mai/11

2,2

4,8%

3,8

0,0%

jun/11

2,1

-4,5%

3,8

0,0%

2,5

jul/11

2,1

0,0%

3,9

2,7%

2

ago/11

2,2

4,8%

3,9

0,0%

1,5

set/11

2,0

-9,1%

3,7

2,6%

out/11

2,0

0,0%

3,7

0,0%

4,5 4 3,5 3

2,0

5,3%

3,3

-5,7%

fev/12

fev/12

jan/12

-5,4%

dez/11

3,4

nov/11

0,0%

out/11

0

1,9

set/11

0,0%

jan/12

ago/11

-5,1%

3,3

jul/11

3,5

0,0%

jun/11

-5,0%

1,9

mai/11

1,9

dez/11

fev/11

nov/11

abr/11

1 0,5

mar/11

Data

Brasil

SP

Fonte: BC/Inepad

DE VENDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA Var. %

Hipermercados e Supermercados

Var. %

Veículos, Motos, Partes e Peças

235,08

35,5%

196,30

28,1%

262,48

3,9%

jan/11

171,97

-26,8%

153,76

-21,7%

210,73

-19,7%

fev/11

159,78

-7,1%

146,49

-4,7%

228,10

8,2%

mar/11

173,11

8,3%

159,91

9,2%

238,58

4,6%

abr/11

174,53

0,8%

166,33

4,0%

224,03

-6,1%

mai/11

178,50

2,3%

154,63

-7,0%

251,53

12,3%

jun/11

173,75

-2,7%

152,47

-1,4%

233,40

-7,2%

jul/11

179,72

3,4%

162,99

6,9%

234,86

0,6%

ago/11

180,31

0,3%

161,20

-1,1%

246,99

5,2%

set/11

176,08

-2,3%

158,32

-1,8%

239,09

-3,2%

out/11

183,10

4,0%

165,53

4,6%

226,56

-5,2%

nov/11

185,35

1,2%

162,95

-1,6%

245,47

8,3%

dez/11

250,81

35,3%

119,05

-26,9%

260,71

6,2%

Variação dez/dez

44,6%

-22,3%

3,2%

Var. % Índice 300

250

200

150

100

50

fev/12

jan/12

nov/11

dez/11

out/11

set/11

ago/11

jul/11

jun/11

0

mai/11

dez/10

abr/11

Índice Geral

mar/11

Data

fev/11

VOLUME

Índice Geral Hipermercados e Supermercados Veículos, Motos, Partes e Peças

Fonte: IBGE/Inepad

62 FINANCEIRO abril/maio 2012

Finan74 INEPAD tabelas.indd 62

12/04/12 13:58


PREVISÕES

ECONÔMICAS

Ano de 2012

PIB Agropecuário % a.a.

PIB Total % aa

PIB Indústria % a.a.

PIB Serviço % a.a.

Produção Industrial % a.a.

Previsão 28/02/2012

3,29

3,48

2,91

3,58

2,81

2 semanas antes 14/03

3,31

3,47

3,04

3,65

2,35

1 semana antes 21/03

3,25

3,33

2,98

3,64

2,32

Previsão 28/03/2012

3,25

3,33

2,98

3,64

2,34

Taxa de Câmbio R$/US$

Saldo Comercial US$ bilhões

Ano de 2012

IPCA % a.a.

IGP–DI % a.a.

Selic Taxa anual

Previsão 28/02/2012

9,39

4,68

5,24

1,75

26,68

2 semanas antes 14/03

8,87

4,72

5,27

1,75

26,78

1 semana antes 21/03

8,97

4,79

5,29

1,77

26,65

Previsão 28/03/2012

8,98

4,79

5,28

1,77

26,92

Fonte: BC-Focus/Inepad

ATIVIDADE

ECONÔMICA Taxa da Utilização da Capacidade Instalada

Data

Data

Var. p.p.

Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral

Var. %

jan/11

80,60

0,00

jan/11

128,63

-0,38%

fev/11

81,50

0,90

fev/11

129,14

0,40%

mar/11

82,30

0,80

mar/11

130,55

1,09%

abr/11

82,00

-0,30

abr/11

130,81

0,20%

mai/11

83,20

1,20

mai/11

130,71

-0,08%

jun/11

82,60

-0,60

jun/11

129,63

-0,83%

jul/11

82,40

-0,20

jul/11

129,77

0,11%

ago/11

83,50

1,10

ago/11

129,34

-0,33%

set/11

82,80

-0,70

set/11

128,65

-0,53%

out/11

83,30

0,50

out/11

127,60

-0,82%

nov/11

82,70

-0,60

nov/11

126,65

-0,74%

dez/11

79,40

-3,30

dez/11

126,88

0,18%

jan/12

79,60

0,20

jan/12

125,71

-0,92%

Variação jan/jan

-2,64%

-1,24%

Variação jan/jan Fonte: CNI/Inepad

Fonte: IBGE/Inepad

PRODUÇÃO X

CAPACIDADE

Capacidade (%)

Produção (índice)

85

133

84 129

83 82

125

81 121 80 117

79 78

113

77 109 76 105

Taxa da utilização da capacidade instalada

jan/12

dez/11

nov/11

out/11

set/11

ago/11

jul/11

jun/11

mai/11

abr/11

mar/11

fev/11

jan/11

75

Índice de produção física média móvel trimestral

abril/maio 2012 FINANCEIRO 63

Finan74 INEPAD tabelas.indd 63

12/04/12 13:58


bancodedadosinepad IPCA MENSAL

BALANÇA

0,90%

COMERCIAL (US$

MILHÕES)

30.000

0,80% 25.000 0,70% 20.000

0,60% 0,50%

15.000 0,40% 10.000

0,30% 0,20%

5.000 0,10%

M.M 12 meses

Exportações

fev/12

jan/12

dez/11

nov/11

out/11

set/11

ago/11

jul/11

jun/11

mai/11

abr/11

fev/11

fev/12

jan/12

dez/11

nov/11

out/11

set/11

ago/11

jul/11

jun/11

mai/11

abr/11

mar/11

fev/11

IPCA

mar/11

0

0,00%

Importações

PRODUÇÃO – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)

Data

Produção

Média Trim.

Var. Mensal

fev/11

294.600

266.067

55.700

23,32%

mar/11

295.100

276.200

500

0,17%

abr/11

282.100

290.600

-13.000

-4,41%

350.000

mai/11

304.200

293.800

22.100

7,83%

300.000

jun/11

295.600

293.967

-8.600

-2,83%

jul/11

307.200

302.333

11.600

3,92%

ago/11

325.300

309.367

18.100

5,89%

set/11

261.200

297.900

-64.100

-19,70%

150.000

out/11

265.600

284.033

4.400

1,68%

100.000

nov/11

274.500

267.100

8.900

3,35%

50.000

dez/11

262.000

267.367

-12.500

-4,55%

jan/12

211.764

249.421

-50.236

-19,17%

fev/12

217.848

230.537

6.084

2,87%

Var. Mensal (%)

PRODUÇÃO –

AUTOMÓVEIS LEVES E PESADOS

Unidades

250.000 200.000

jan/12

fev/12 fev/12

set/11 set/11

jan/12

ago/11 ago/11

dez/11

jul/11 jul/11

dez/11

jun/11 jun/11

nov/11

mai/11 mai/11

nov/11

abr/11 abr/11

out/11

mar/11 mar/11

out/11

fev/11 fev/11

0

6,4%

Variação fev/fev Fonte: Anfavea/Inepad

EXPORTAÇÃO

DE AUTOVEÍCULOS MONTADOS (EM

UNIDADES)

Exportações

Média Trim.

Var. Mensal

Var. Mensal (%)

fev/11

46.076

36.140

15.344

49,93%

mar/11

42.724

39.844

-3.352

-7,27%

abr/11

48.674

45.825

5.950

13,93%

mai/11

44.658

45.352

-4.016

-8,25%

jun/11

36.555

43.296

-8.103

-18,14%

jul/11

46.502

42.572

9.947

27,21%

ago/11

44.878

42.645

-1.624

-3,49%

set/11

44.646

45.342

-232

-0,52%

out/11

52.249

47.258

7.603

17,03%

nov/11

54.950

50.615

2.701

5,17%

dez/11

48.403

51.867

-6.547

-11,91%

jan/12

33.075

45.476

-15.328

-31,67%

fev/12

36.461

39.313

3.386

Data

Variação fev/fev

10,24% -20,87%

Unidades 60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0

Exportações

Média Trimestral

Fonte: Anfavea/Inepad

64 FINANCEIRO abril/maio 2012

Finan74 INEPAD tabelas.indd 64

12/04/12 13:58


LICENCIAMENTO Data

DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (EM 1000cc

Total

UNIDADES)

% no Total

+1000cc a 2000cc

% no total

+2000cc

% no total

fev/11

202.156

92.605

41,3%

106.657

52,8%

2.894

1,4%

mar/11

224.390

101.989

41,3%

119.216

53,1%

3.185

1,4%

abr/11

211.375

97.095

48,3%

110.696

52,4%

3.584

1,7%

mai/11

232.593

107.464

41,7%

120.956

52,0%

4.173

1,8%

jun/11

222.404

106.079

48,3%

112.261

50,5%

4.064

1,8%

jul/11

222.661

102.279

47,6%

116.772

52,4%

3.610

1,6%

ago/11

236.389

105.307

43,3%

127.711

54,0%

3.371

1,4%

set/11

226.158

99.239

46,6%

123.363

54,5%

3.556

1,6%

out/11

203.351

89.590

48,8%

110.731

54,5%

3.030

1,5%

nov/11

233.557

101.597

38,4%

129.034

55,2%

2.926

1,3%

dez/11

251.606

110.860

40,4%

137.344

54,6%

3.402

1,4%

jan/12

196.654

86.608

56,4%

107.608

54,7%

2.438

1,2%

fev/12

185.483

78.953

46,7%

104.784

56,5%

1.746

0,9%

Fonte: Anfavea/Inepad

LICENCIAMENTO

POR CATEGORIA

AUTOMÓVEIS

Unidades 160.000

140.000

120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

1000cc

TAXA

DE JUROS PREFIXADOS

PESSOA FÍSICA (R$

CRÉDITO PESSOAL

+ 1000cc a 2000cc

fev/12

+ 2000cc

MILHÕES)

AQUISIÇÃO DE BENS – VEÍCULOS

AQUISIÇÃO DE BENS – OUTROS TAXA DE JUROS

TAXA DE JUROS

TAXA DE JUROS

jan/12

dez/11

nov/11

out/11

set/11

ago/11

jul/11

jun/11

mai/11

abr/11

fev/11

mar/11

0

Variação p.p.

Saldo total R$ milhões

% a.m.

Variação p.p.

% a.a.

Variação p.p.

Saldo total R$ milhões

% a.m.

Variação p.p.

% a.a.

Variação p.p.

48,30

4,20

142.912

2,03

0,13

27,20

2,00

10.460

3,11

-0,21

44,40

-3,50

48,00

-0,30

146.794

2,03

0,01

27,30

0,10

9.520

3,48

0,37

50,80

6,40

-0,04

47,30

-0,70

149.289

2,20

0,17

29,90

2,60

9.334

3,64

0,16

53,60

2,80

3,43

0,15

49,90

2,60

152.198

2,27

0,07

30,90

1,00

9.165

3,71

0,07

54,80

1,20

220.808

3,42

-0,01

49,70

-0,20

155.136

2,24

-0,03

30,40

-0,50

9.096

3,87

0,16

57,70

2,90

jun/11

225.068

3,38

-0,04

49,00

-0,70

158.004

2,20

-0,04

29,80

-0,60

8.940

3,89

0,02

58,00

0,30

jul/11

229.085

3,36

-0,02

48,70

-0,30

160.932

2,18

-0,02

29,50

-0,30

9.060

3,57

-0,31

52,40

-5,60

ago/11

232.571

3,41

0,05

49,60

0,90

163.928

2,17

-0,01

29,40

-0,10

9.027

3,75

0,17

55,50

3,10

set/11

235.550

3,42

0,01

49,70

0,10

167.297

2,11

-0,06

28,50

-0,90

9.204

3,47

-0,28

50,60

-4,90

out/11

238.201

3,56

0,14

52,20

2,50

168.658

2,11

-0,01

28,40

-0,10

9.013

3,87

0,40

57,80

7,20

nov/11

241.597

3,36

-0,21

48,60

-3,60

170.554

2,03

-0,08

27,20

-1,20

9.180

3,75

-0,13

55,50

-2,30

dez/11

241.653

3,33

-0,02

48,20

-0,40

173.302

1,96

-0,07

26,20

-1,00

9.349

4,31

0,56

65,90 10,40

jan/12

244.758

3,45

0,12

50,30

2,10

174.681

2,00

0,04

26,80

0,60

9.291

4,11

-0,20

62,10

Mês/ ano

Saldo total R$ milhões

% a.m.

jan/11

206.767

fev/11

209.079

mar/11

Variação p.p.

% a.a.

3,34

0,25

3,32

-0,02

212.601

3,28

abr/11

216.454

mai/11

-3,80

Fonte: BC/Inepad

abril/maio 2012 FINANCEIRO 65

Finan74 INEPAD tabelas.indd 65

12/04/12 13:58


artigoúltimapalavra

Crédito de consumo e inadimplência O gráfico abaixo compara o volume financeiro mensal de concessões de crédito para compra de veículos em relação ao atraso mensal de contratos vencidos acima de 90 dias, um indicador de inadimplência do consumidor. O ritmo do desaquecimento da economia foi acelerado ao longo de 2011. Na prática, o que ocorreu foi que o consumidor brasileiro consumiu demais e entrou em uma espiral perigosa de endividamento, gerando uma enorme inadimplência. Esse movimento provocou uma contração qualitativa na oferta de crédito pelos bancos e financeiras, por meio do reenquadramento dos critérios de aprovação e concessão de crédito. Em um futuro próximo, as expectativas são positivas. A partir do segundo trimestre e principalmente no segundo semestre, o crédito de consumo deverá crescer a taxas mais intensas. A retomada acompanhará a acomodação da inadimplência, aumentando de forma moderada, mas suficiente para ajudar a equalizar as carteiras de crédito do sistema financeiro, ao mesmo tempo em que o consumidor melhora sua condição de liquidez e orçamento pessoal. f Nicola Tingas é economista-chefe da Acrefi

Crédito para veículos: concessão e inadimplência mensal R$ milhões

%

12000

6

11000

5,5

10000

5

9000

4,5

8000 7000

4

6000

3,5

5000

3

4000

2,5

3000 2000

2

39448 Valor das concessões

39814

40179

40544

40909

Taxa de inadimplência (>90 dias) Fonte: Banco Central

Foto: Douglas Luccena/Artigo enviado em março

Por Nicola Tingas

Nos anos recentes, a compra de veículos tem sido um dos itens da cesta de consumo da família brasileira, principalmente com a inserção de um enorme contingente de novos consumidores das classes de renda C, D e E. Nesse grupo, a utilização de financiamento para compra do veículo geralmente é de 70% a 100% do valor financiado. De acordo com uma pesquisa Acrefi – Data Popular, a principal motivação de compra de veículo pelo consumidor de baixa renda é dar maior “conforto a si mesmo e à família”, além de atender a outras necessidades de transporte pessoal. De acordo com os dados estatísticos do Banco Central do Brasil, dentre as carteiras de crédito de consumo, o Crédito de Bens – Veículos é a segunda maior do total de Crédito – Pessoa Física, logo após do Crédito Pessoal – modalidade que contém a carteira de Crédito Consignado. O Crédito de Bens – Veículos, além de expressivo, também tem sido um indicador da capacidade de pagamento das famílias. Quando em situação de restrição ou iliquidez em seu orçamento mensal, os consumidores preferem atrasar o pagamento dessa modalidade, entre as várias linhas de crédito que geralmente utilizam simultaneamente.

66 FINANCEIRO abril/maio 2012

Finan74 artigo Tingas.indd 66

12/04/12 11:49


01.indd 5

12/04/12 18:46


01.indd 4

12/04/12 18:34


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