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financeiro 55 anos
arevistadocrédito edição
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Por um mercado de crédito mais forte NOS 55 ANOS DA ACREFI, A ENTREVISTA ESPECIAL DESTACA ÉRICO SODRÉ QUIRINO FERREIRA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO. O EXECUTIVO TEM COMO META FORTALECER AS PEQUENAS E MÉDIAS INSTITUIÇÕES QUE ATUAM NO SETOR
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3º SEMINÁRIO JURÍDICO ACREFI DISCUTE IMPACTOS NO MERCADO FINANCEIRO
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Páginas Azuis
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Na entrevista do mês, Érico Sodré Quirino Ferreira,
3º Seminário Jurídico Acrefi
presidente da Acrefi, aborda as metas da associação
Evento aborda os principais impactos
para 2013, mercado de crédito e educação
no mercado financeiro
Especial 55 Anos
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Cultura
A Casa do Crédito ao Consumidor
Entrevista exclusiva com Walcyr Carrasco,
comemora mais um ano de vida
escritor, novelista e dramaturgo
e a sua publicação chega a 80ª edição
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Negócios & Lazer Nova seção da revista apresenta o que
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Universo Financeiro Especialistas falam do atual cenário e trazem dicas para o crescimento em 2013
os hotéis de São Paulo estão preparando para Copa do Mundo 2014
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Economia Global Gustavo Loyola, sócio-diretor da Tendências Consultoria, avalia o cenário econômico mundial e o mercado automotivo
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Mercado Automotivo
artigos 22 Carlos Thadeu de Freitas Gomes Cenário Global 40 José Roberto M. de Barros Macroeconomia
Tereza Maria Fernandez Dias da Silva,
50 Pierpaolo Cruz Bottini Questão Jurídica
sócia da MB Associados, faz palestra
56 Alberto Borges Matias Análise e Perspectivas
sobre o tema na Acrefi
66 Nicola Tingas Última Palavra maio 2013 FINANCEIRO 3
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expediente
financeiro ISSN 1809-8843
Publicação da Acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 – 28o andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107–7177 Fax: (11) 3106–6082 – www.acrefi.org.br Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Aquiles Diniz Carlos Alberto Samogin, Cláudio Messias Ferro, Décio Carbonari de Almeida, Élcio Azevedo, Elias de Souza, Felicitas Renner e Luis Félix Cardamone Secretário Sérgio Cipovicci Tesoureiro Alexandre Teixeira Diretores Regionais Ciro Pitangueira de Avelino, José Agnelo Seger, Leonardo Dadauto, Luiz Carlos do Nascimento, Paulo Dalla Nora, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Pedro da Costa Carvalho e Sebastião Cunha Diretores-Executivos João dos Santos Caritá Júnior e Rubens Bution Montadoras Edson Froes, Edson Ueda, Eduardo Varella, Felipe César Rodrigues Ferreira, Gunnar Murilo, Joelcyr Carmello e Nelson Aguiar Diretores Conselheiros José Carlos Alves, Victor Loyola e Wanderley Vettore Conselho Consultivo Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon (membros natos); Décio Carbonari de Almeida, Flávio Antonio Meneghetti, Ilídio Gonçalves dos Santos, Júlio Avelar, Miguel José Ribeiro de Oliveira, Ricardo Loureiro e Rogério Pinto Coelho Amato (membros) Conselho Fiscal Domingos Spina e Sérgio Darcy (efetivos) Geraldo Lima Wandalsen e Marcus André de Oliveira (suplentes) Diretor Superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Economista-Chefe Nicola Tingas Auditoria Pricewaterhousecoopers Assessoria Contábil Silveira & Lavorini Contabilidade Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial
Rua Novo Horizonte, 311 – Pacaembu – São Paulo – SP Tel.: (11) 3125–2244 – CEP 01244-020 – www.gpadrao.com.br Publisher Roberto Meir REDAÇÃO Editora Gisele Donato Editora-assistente Juliana Jadon Repórteres Érica Martin, Thais Moreira e Melissa Lulio Fotografia Douglas Luccena Arte Projeto e designer gráfico Artma Design Gráfico designer Érika Bernal Revisora Dora Wild Publicidade Diretora Comercial – Fabiana Zuanon – fzuanon@gpadrao.com.br Gerente Comercial – Marco Góes – mgoes@gpadrao.com.br Gerente de Negócios – Adriana Próspero – aprospero@gpadrao.com.br Impressão IBEP Gráfica Ltda. 4 FINANCEIRO maio 2013
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editorial
economia brasileira vai bem ou vai mal? Há várias maneiras de responder a essa pergunta, todas elas repletas de argumentos plausíveis. Os otimistas, por exemplo, justificam a avaliação positiva sobre a situação do País, lembrando que o PIB tem crescido, mesmo que às vezes de forma tímida, como aconteceu em 2012. Já os menos entusiasmados argumentam que o Brasil cresce, sim, mas muito abaixo de seu potencial. Para que se faça uma avaliação correta em relação ao assunto, é recomendável a comparação da situação do Brasil com a de outros países, em um determinado espaço de tempo. É preciso tomar cuidado em relação a essas comparações, para fugir dos sofismas. Mas sem dúvida é um critério aceitável verificar como se situa a economia brasileira em relação a outros países para que seja possível responder à pergunta: até que ponto o País está no caminho certo? Ao fazermos essas comparações, fica claro que os dados não são muito animadores, principalmente quando se trata de crescimento do PIB. O País está na “lanterna” em relação a esse ponto na comparação com outras nações que formam o BRIC (Rússia, Índia e China e, se quiserem, África do Sul) e perde para vizinhos como o Chile – sem contar nações asiáticas que teoricamente têm condições bem menos favoráveis para o crescimento que as nossas, como Vietnã, Malásia e Singapura.
A realidade que nos cerca e o que ela nos ensina
Foto: Flávio Roberto Guarnieri
Outros indicadores como PIB per capita, IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e facilidade para fazer negócios também nos são desfavoráveis, embora não devam ser recebidas como sinal de alarme. Eles mostram que o Brasil pode até ter evoluído na economia nos últimos anos, mas ainda não conseguiu fazer sua lição de casa no mesmo nível de outras nações. São, portanto, dados que, embora não nos coloquem em situação vergonhosa, mostram que não há motivo para ufanismo. Ao contrário, os números revelam que ainda temos muito a melhorar. E que o momento é de abrir o diálogo entre todos os setores da sociedade, para que possamos chegar a propostas que melhorem o desempenho do País, sem demora. Com a postura de “avestruz” não chegaremos a lugar nenhum. É preciso reconhecer que temos muito a crescer e que precisamos dar rapidamente os passos na direção correta. O Brasil só tem a ganhar se enxergarmos a realidade à luz dos fatos. Precisamos olhar para a realidade global que nos cerca, verificar que temos ainda muito a fazer e partir para a ação. Caso contrário, estaremos condenados a confirmar uma antiga frase de Millôr Fernandes, que dizia: “O Brasil é o país do futuro. Sempre”. Se não nos mexermos, ficaremos deitados eternamente em berço esplêndido, observando o crescimento de outros países e sem chegar ao lugar de destaque que devemos e podemos ocupar no cenário mundial.
Érico Sodré Quirino Ferreira Presidente da Acrefi maio 2013 FINANCEIRO 5
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nossasassociadas
ACFI – Aymoré Crédito, Financiamento e Investimento S.A.
BMW Financeira S.A. CFI
Agiplan Financeira S.A. CFI
BV Financeira S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco A.J. Renner S.A.
Caixa Econômica Federal
Banco Bonsucesso S.A.
Caruana S.A. – Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Bradesco Financiamentos S.A.
Cetelem Brasil S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco do Brasil S.A.
Credi Capixaba S.A . – Soc. Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Cacique S.A.
Credifibra S.A. CFI
Banco Carrefour S.A.
Dacasa Financeira S.A. – Socied. de Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Cifra S.A.
Finamax S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Citibank S.A.
Financeira Alfa S.A. – Crédito, Financiamento e Investimentos
Banco Citicard S.A.
Financeira BRB
Banco Daycoval S.A.
Herval Financeira S.A. CFI
Banco De Lage Landen Financial Services Brasil S.A.
HSBC Bank Brasil S.A. Banco Múltiplo
Banco Ficsa S.A.
Kredilig S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Fidis S.A.
Lecca – Crédito, Financiamento e Investimento S.A.
Banco Gerador S.A.
Mercantil do Brasil Financeira S.A. – Crédito, Financiamento e Investimentos
Banco GMAC S.A.
Midway S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Honda S.A.
Múltipla CFI S.A.
Banco Intermedium S.A.
Negresco S.A. – Crédito, Financiamento e Investimentos
Banco Itaú S.A.
Omni S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Itaucard S.A.
Parati Crédito, Financiamento e Investimento S.A.
Banco Panamericano S.A.
Pernambucanas Financiadora S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco PSA Finance Brasil S.A.
Portocred S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Rodobens S.A.
Portoseg S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Safra S.A.
Santana S.A – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Santander Brasil S.A.
Sax S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Semear S.A.
Socinal S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Toyota do Brasil S.A.
Sorocred – Crédito, Financiamento e Investimento S.A.
Banco Volkswagen S.A.
Sul Financeira S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banco Yamaha Motor do Brasil S.A.
Todescredi S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento
Banif Banco Internacional do Funchal (Brasil) S.A.
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“O Brasil só será um país de Primeiro Mundo quando a educação for a verdadeira prioridade” O presidente da Acrefi, Érico Sodré Quirino Ferreira, dá prioridade ao fortalecimento das pequenas e médias instituições, propõe um ambiente mais favorável ao dia a dia das empresas e defende a educação como saída para o crescimento do País Por Gisele Donato O fortalecimento das pequenas e médias instituições do setor é o principal foco do presidente da Acrefi, (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), Érico Sodré Quirino Ferreira, para este ano. Em entrevista à Financeiro, em comemoração aos 55 anos de fundação da entidade, ele afirmou que vai reiterar ao Banco Central e à Receita Federal a necessidade de as instituições de menor porte terem tratamento diferenciado em impostos e em relação a custos de observância: “Queremos que haja um incentivo para que o pequeno tenha condição de ficar mais forte”. Érico Ferreira ressaltou também, ao lembrar os 55 anos da Acrefi, que a entidade “é absolutamente fundamental não só para o mercado de crédito, mas para o sistema financeiro de maneira geral”. Com graduação em administração de empresas pela Universidade de São Paulo (USP) e em direito pelo Mackenzie, Érico Ferreira é empreendedor – é sócio e fundador de empresas em diversas áreas, abrigadas sob a Omni Holding, com destaque para a Omni Crédito, Financiamento e Investimento – e faz parte da diretoria de várias outras entidades do setor, como Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Fenacrefi (Federação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), Adeval (Associação das Empresas Distribuidoras de Valores), entre outras.
Com base em sua experiência e no constante diálogo com representantes de diversos setores da economia, ele defende nesta entrevista também prioridade total à educação, para que o País alcance finalmente o tão sonhado desenvolvimento sustentável. Leia a seguir entrevista exclusiva de Érico Ferreira à Financeiro. Revista Financeiro A Acrefi está completando 55 anos. Em sua opinião, qual é a maior contribuição da associação para o mercado de crédito? Érico Sodré Quirino Ferreira A Acrefi é absolutamente fundamental, não só para o mercado de crédito, mas para o sistema
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financeiro de uma maneira geral. Ela foi a primeira associação de classe do mercado financeiro: foi fundada há 55 anos, ou seja, 15 anos antes da Febraban, o que mostra a importância que o crédito para o consumo tinha já em 1958. Esse segmento está em destaque ainda hoje, como se vê pelo foco enorme que a presidente Dilma Rousseff tem dado ao consumo. No Brasil, infelizmente, parece que ainda é forte a imagem– completamente equivocada, é bom frisar – de que o empresário é uma espécie de inimigo do País e de que ter lucro é algo vergonhoso. Precisamos criar um clima no qual o lucro seja exaltado, não execrado. Financeiro O senhor poderia nos dar um exemplo prático de uma dificuldade vivida pelos empresários? Érico Ferreira A cada dia mais o nosso consumidor é tratado como hipossuficiente. Existe uma superproteção ao consumidor, parece que ele não tem obrigações, só direitos. Essa situação, obviamente, é péssima para o cidadão e para o País, porque não existem direitos sem obrigações. Estamos em um caminho em que a Justiça é próconsumidor. Não se deixa esse consumidor amadurecer e ser cidadão integral. Claro que os direitos do consumidor merecem toda a atenção, mas é preciso ser racional para evitar distorções desnecessárias. Toda essa situação gera custos, são mais direitos para o mau pagador, e quem arca com esses custos é o bom pagador. maio 2013 FINANCEIRO 9
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Financeiro Considera que o setor recebe mais informações negativas do que positivas? Érico Ferreira As reuniões mensais que fazemos aqui na Acrefi ilustram bem o quadro de problemas com que se depara o setor. É impressionante a quantidade de dificuldades que são criadas contra os empresários em geral, mais especificamente contra as instituições financeiras. E há ainda a imagem de que as instituições financeiras ganham muito. As pessoas acabam confundindo os bilhões que alguns bancos têm de lucro com rentabilidade, quando na verdade quem ganha muito são empresas de outros setores (O&G, mineração, cigarros, química etc.). O que se deve levar em conta é a rentabilidade do setor em relação ao capital investido, não o valor absoluto dos lucros. É mais impactante alguém que investiu R$ 1 milhão e ganhou R$ 1 milhão em um ano do que alguém que investiu R$ 1 bilhão e ganhou R$ 50 milhões. A desproporção é enorme e as pessoas se preocupam com os R$ 50 milhões – que são 5% de retorno – e não com o R$ 1 milhão que representa 100% de ganho sobre o investimento. Esse quadro não é claro na cabeça da população e talvez nem dos governantes, mas é importante se lembrar que o que interessa, na verdade, é a rentabilidade sobre o valor investido.
Financeiro Cite um momento importante da história da Acrefi? Érico Ferreira Nós conseguimos É extremamente que as financeiras pudessem operar com importante para a INSS, porque, quando foi regulamentaeconomia do País do, esse empréstimo consignado era só que tenhamos para bancos. Foi uma tarefa duplamente muitas instituições trabalhosa, primeiro politicamente e depequenas e pois tecnicamente, porque no sistema médias que da Dataprev a financeira tem código de atuem onde as quatro dígitos, mas o sistema estava pregrandes não o parado só para três dígitos. fazem Outro grande desafio foi melhorar a imagem absolutamente deteriorada que as financeiras tinham que era a de cobrar juros muito altos. Foi um trabalho árduo para mostrar à sociedade que não existe consumo sem financiamento. É uma ilusão achar que haverá consumo só com poupança. Saímos das manchetes negativas para uma situação em que mostramos nossa importância para facilitar a realização dos sonhos de consumo da população, o que gera mais empregos no comércio e, portanto, na indústria, aumentando o crescimento do nosso País.
Financeiro Em relação à Acrefi, como começou sua ligação com a entidade? Érico Ferreira Assim que fundei a Omni decidi filiála à Acrefi, porque sempre achei importante o convívio associativo. Julgo muito importante não só ser associado, mas também participar para ficar atualizado, ouvir a opinião dos outros, além de fazer network, conhecer os segmentos em que cada um atua. Sinto que certos empresários, que não veem essa necessidade, perdem muito em conhecimento. Desde o início participei das reuniões, depois fui eleito diretor, vice-presidente e presidente. Meu mandato terminou em abril de 2008. Meu sucessor foi eleito e reeleito, mas durante seu segundo mandato o banco que ele representava teve problemas (Banco Panamericano). Estatutariamente eu era o terceiro a substituir o presidente impedido, mas os dois que me precediam acharam que, como o mercado estava muito conturbado, seria melhor assumir alguém que já tivesse estado na função e abriram mão em favor da minha pessoa. Em resumo, participo da Acrefi há 18 anos.
Financeiro O senhor está na presidência da Acrefi pela segunda vez. É possível fazer um paralelo sobre o cenário econômico nos dois períodos? Érico Ferreira Independentemente de o mercado estar em ritmo de crescimento maior ou menor, o maior diferencial entre os dois momentos é a inadimplência, que afetou a todos. Houve uma aceleração muito grande no ritmo de crescimento das operações de crédito. E crescimento muito acelerado é lindo em um primeiro momento, mas a conta sempre vem depois. Para crescer depressa demais é preciso abrir mão de alguma coisa, ou na concessão de crédito ou nos controles, porque não dá tempo de se montar uma equipe para operar eficientemente crédito, formalização e cobrança. Por mais boa vontade e dinheiro que se tenha, não se consegue montar uma equipe só com dinheiro, precisa de tempo também. E, se o crescimento é mais rápido que o tempo para montar a equipe, você vai ter problema, sempre. Esse foi o primeiro cenário. O segundo grande problema que, principalmente, as instituições de
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pequeno e médio porte enfrentam é o fato de que nesse período várias instituições de menor porte quebraram, tiveram intervenção ou liquidação, incluindo os dois grandes traumas no mercado: o Banco Santos em 2004 e o Panamericano em 2010. Os impactos no mercado foram grandes porque ambos eram bastante conhecidos e ativos. Houve também vários casos de instituição de pequeno porte, e a cada vez que uma instituição de pequeno ou médio porte sofre intervenção surgem dois problemas: o fato em si de ele quebrar e o segundo – talvez o mais grave – é que sempre tem fraude envolvida. Cria-se a visão de que instituições pequenas e médias têm muito risco porque há fraude. Aí aparece a dificuldade de captar, que gera a dificuldade de crescer. Financeiro Quais são suas prioridades na Acrefi para este ano? Érico Ferreira A meta para este ano é pleitear junto ao Banco Central e à Receita Federal para que
as instituições pequenas e médias tenham tratamento diferenciado tanto em impostos quanto em custos de observâncias. É extremamente importante para a economia do País que tenhamos muitas instituições pequenas e médias que atuem onde as grandes não o fazem. Veja o exemplo do consignado – todos os grandes bancos estavam aí, mas quem descobriu e quem fez surgir e crescer essa modalidade não foram os grandes. E hoje esse é um segmento importantíssimo para a economia. Então, para crescer, para ganhar musculatura, é ideal que as pequenas e médias instituições tenham tratamento diferenciado, como é feito com as microempresas. Queremos que haja incentivo para que o pequeno tenha condição de, ao pagar menos impostos, por exemplo, ficar mais forte. Você pode fazer isso por nível de alavancagem, por capital, por tamanho de carteira, enfim há vários critérios que poderiam ser adotados para diferenciar, privilegiar e fortalecer o pequeno. Não há necessidade de ser grande, é preciso ser forte para eventualmente um dia virar médio, porque toda pequena empresa tem a pretensão de um dia ser grande. O custo de observância para o maior e para o menor é o mesmo, (auditoria interna e externa, compliance). A resolução não separa por porte e acho que precisaria ser feita uma distinção para fortalecer o mercado. Pode ser que ainda não haja consenso sobre a importância dessa pulverização das instituições de menor porte para a economia, mas esta é a nossa missão:
batalhar para que tenhamos, como nos Estados Unidos, bancos locais fortes, que resolvam o problema na sua cidade, no seu Estado. Acho que esse é o melhor caminho. Financeiro Quais os maiores desafios, na sua avaliação, que o mercado de crédito e as financeiras associadas à Acrefi estão enfrentando? Érico Ferreira Para os de menor porte, o maior desafio é achar um nicho para atuar. Obviamente não conseguem competir com nenhum banco grande porque esses têm duas vantagens enormes: captação mais barata e todos os custos proporcionalmente mais baratos. Os grandes bancos têm acordo com tarifas muito mais baratas do que custam para as instituições de menor porte com todos os bancos de dados que são consultados para se dar um bom crédito. Para os grandes, o desafio é crescer o market share, mas crescer com segurança, porque a competição é intensa e se dá em todos os níveis . maio 2013 FINANCEIRO 11
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Financeiro Na sua visão, como as associadas da Acrefi tentam combater a inadimplência? Érico Ferreira Cada um tem sua política. Por exemplo, em uma reunião na Acrefi, um de nossos associados contou que começou a adotar uma política de mandar seu diretor a cada uma das cobradoras para examinar in loco o tratamento que elas dão a seus processos. Uma coisa é a regra, outra é a implantação. Quanto maior você é, mais difícil vai ser a implantação da regra. Detalhe: cada um tem sua política e todas acham que a sua é a melhor. É como crédito, por exemplo: mesmo se todos usassem o score da Serasa, cada um definiria seu ponto de corte, de acordo com sua taxa, que está ligada ao risco que a instituição quer correr e ao segmento em que atua. Portanto depende da política e da estratégia de cada um. Financeiro O nível de inadimplência, de uma maneira geral, está pior? Érico Ferreira Sim, por causa da facilidade de dar crédito. Os bancos começaram uma competição brutal para crescer as carteiras: baixaram as taxas, diminuíram a margem para ganhar no volume. Mas a inadimplência subiu acima do previsto e a margem despencou. Aí, você aumenta as exigências, ajusta o crédito e a operação volta a ser lucrativa como sempre foi. Lembrete: crescer é fácil, o difícil é A meta é crescer lucrativo. pleitear junto
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ao Banco Central ou à Receita Federal para que as instituições pequenas e médias tenham tratamento diferenciado tanto em impostos quanto em custos de observância
Financeiro A educação deixa muito a desejar no Brasil. O senhor concorda que essa é uma das razões para que o brasileiro tenha dificuldade para administrar sua vida financeira? Érico Ferreira Você sabe qual é o meu slogan? “O Brasil só será um país do Primeiro Mundo quando a educação for sua prioridade”. Estou absolutamente convencido disso, assim como estou absolutamente convencido que isso não interessa à maioria dos nossos políticos, até porque a educação do povo vai fazer com que esses políticos não sejam eleitos. Polí-
ticos que se envolvem em “malfeitos” jamais seriam eleitos por um povo educado. Acredito que eles não têm interesse na educação, mas, sim, têm interesse em construir escolas, porque isso dá poder. Mas colocar professor competente na sala de aula ninguém quer. No fundo, todos os políticos batalham para conseguir mais verbas para a educação. O que eles não se preocupam é com o cerne da questão que é educar. Por exemplo, para o programa “Ciência sem Fronteiras” foi disponibilizado um número enorme de bolsas de estudo, mas não há gente qualificada para se candidatar, porque não tem educação de base. Essa política de que é proibido reprovar é um problema muito sério e a educação não é uma prioridade verdadeira. Aliás, tenho uma tese de que, já que não temos competência de ensinar o que se deveria, temos de nos fixar em quatro matérias: português, inglês, matemática e xadrez. Português porque é preciso dominar sua língua. Inglês porque cada dia é mais imprescindível no mundo globalizado. Matemática, para entender números, que fazem parte de educação financeira. Xadrez para conseguir pensar o amanhã, não só o ontem e o hoje. É simples, focando nessas quatro matérias a pessoa aprende a pensar. Porque cultura você adquire lendo depois que você teve educação básica. Nós não estamos no caminho certo e se você não está no caminho certo nunca vai chegar ao lugar certo. Financeiro A Acrefi tem planos de atuar mais diretamente na difusão da educação financeira? Érico Ferreira Abordamos esse tema no site da Acrefi, patrocinamos bibliotecas, que é o que podemos fazer com os parcos recursos que temos. Mas o que precisa é ter uma política de longo prazo para educar. O que o Brasil gasta com a educação está em linha com países de Primeiro Mundo, só que o Brasil gasta mal. Gasta-se mais com burocracia do que com investimentos na sala de aula, ou seja, no professor e no aluno, que é o que realmente interessa. E precisaria ser o inverso, no mínimo. Financeiro O senhor acha que o Brasil está no Terceiro Mundo quando o assunto é educação? Érico Ferreira Enquanto a gente estiver no Terceiro Mundo está bom. Um grande problema é quando comparamos o Brasil de hoje com o Brasil de 20 ou 30 anos atrás. Melhorou muito em estradas, usinas,
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indústrias, infraestrutura. Temos de fazer comparações relativas, quanto nós melhoramos e quanto os outros melhoraram. O ex-presidente Lula compara seu governo com o de FHC, mas teria de se comparar com o governo chinês, como estava e como está, passados dez anos. Quando fui à China no ano 2000, numa esquina central de Beijing havia uma infinidade de bicicletas e apenas um carro. Já no ano passado, na mesma esquina, havia uma bicicleta e dezenas de carros. Fui à Alemanha em 1988 e voltei para lá 20 anos depois da queda do Muro de Berlim e vi a mudança que foi feita por lá. Principalmente na ex-Alemanha Oriental. Faz parte da cultura. No Brasil é complicado, o dinheiro para reconstruir cidades como Petrópolis, no Rio de Janeiro, por exemplo, foi disponibilizado, mas não chegou a seu destino final. E em tudo é assim, temos uma carga tributária de primeiríssimo mundo, mas somos obrigados a dar vale-alimentação, plano de saúde, vale-transporte, cesta básica, custos enormes que seriam do governo e que pelas altas taxas que pagamos de impostos jamais deveriam onerar a empresa. Os custos ficam altos e o Brasil perde a competitividade. Financeiro Como o senhor analisa o mercado de crédito no atual cenário de juros baixos? Érico Ferreira Juros baixos são um sonho de todos. Quanto mais baixo o juro, melhor para a instituição, ao contrário do senso comum, que acredita que se ganha dinheiro com juros muito altos. Juros muito altos geram um prestação muito alta, que por sua vez gera maior dificuldade de pagamento. As instituições não ganham dinheiro com juros altos, elas ganham dinheiro com a diferença entre o que pagam pelo dinheiro e o que cobram nos empréstimos. Assim, quando os juros da taxa básica Selic são de 20%, o banco toma recursos ao custo de 20% e cobra um spread sobre isso. O mesmo se dá se a taxa Selic for de 7,5%. O mesmo spread será cobrado, ou seja, a margem do banco é a mesma. As pessoas acham que o lucro do banco passa de 7,5% para 20%, mas, na verdade, continuou igual, o que aumentou foi o risco. Além disto, a cada dia temos notícias negativas para dificultar a operação. Isso aumenta o spread, porque aumenta o risco. Mas é lógico: se tenho mais dificuldade para cobrar, se a Justiça é lenta e não me dá o direito de cobrar, se tenho que demorar meses ou anos para conseguir reaver minha
garantia, se vou ter de discutir se os juros que cobrei são ou não corretos, isso tudo gera custo. Financeiro O momento é mais favorável para o mercado de crédito? Érico Ferreira O atual cenário necessita de atenção porque ainda não acabamos de depurar todos os maus créditos que foram dados no passado recente. A situação é muito melhor do que foi há seis meses, mas está longe do que foi há dois anos. Está melhorando, mas ainda não está no ponto ótimo. f maio 2013 FINANCEIRO 13
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notasmercado
IMPOSTÔMETRO
R$ 400 bilhões em 4 meses O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) alcançou, no dia 27 de março, a quantia de R$ 400 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais pagos pelos brasileiros desde o primeiro dia de janeiro. Neste ano, esse valor foi alcançado nove dias mais cedo em comparação com 2012. Rogério Amato, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), ressalta que, mesmo com as desonerações que o governo tem feito, acredita-se que “a arrecadação deverá ser superior a do ano passado, considerando que a economia também deverá crescer mais”.
R$ 2,276 trilhões é a receita total do orçamento de 2013, aprovado sem vetos pela presidente Dilma Rousseff no início do quarto mês do ano.
3,1% é a taxa de crescimento estimada para o PIB, em 2013, de acordo com o “Relatório Trimestral de Inflação”, divulgado no final de março pelo Banco Central.
US$ 51,3 bilhões é o valor de aumento do PIB brasileiro devido ao uso de cartões de pagamento, segundo estudo realizado pela Moody’s Analytics.
LUCRO
Empresas brasileiras de capital aberto tiveram déficit de 33,29% em 2012 O lucro das empresas cotadas na Bolsa, no ano passado, sofreu uma queda de 33,29%, em relação a 2011. No ano passado, o lucro foi de R$ 128,4 bilhões. As informações, obtidas a partir de dados de 325 empresas de capital aberto do Brasil, são da consultoria Economatica. O setor bancário lucrou mais do que qualquer outro. Mas, ainda assim, arrecadou 8,76% menos do que em 2012. O setor de construção civil, por outro lado, destaca-se como o pior resultado em lucros.
BALANÇA COMERCIAL
Apesar de enfrentar o pior março desde 2001, a balança comercial ganhou força
25%
é a probabilidade de o teto da meta de inflação estourar em 2013, de acordo com o Banco Central.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no terceiro mês de 2013 o saldo comercial registrou superávit de US$ 164 milhões. O valor é 91,9% inferior ao saldo de US$ 2,020 bilhões, registrado em março do ano passado. A exportação totalizou o valor de US$ 19,323 bilhões; e a média diária, a quantia de US$ 966,2 milhões. Comparadas a março de 2012, as exportações registraram crescimento de 1,6%. Pelas importações, o valor alcançado foi de US$ 19,159 bilhões. Segundo o MDIC, com a média diária de US$ 958 milhões, esses dados representam um recorde para meses de março.
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7,9%
VEÍCULOS
é a porcentagem de diminuição das concessões de crédito para pessoas físicas, entre janeiro e fevereiro.
CONSUMO
Aumenta o consumo no comércio em março
Cresce a produção e venda de automóveis Segundo levantamento divulgado no início de abril pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a venda de automóveis comerciais leves e caminhões cresceu 20,8% em março de 2013, comparado ao segundo mês do mesmo ano. No terceiro mês de 2013, também foram produzidos mais veículos. Em comparação com fevereiro, quando a produção foi de 229,3 mil unidades, houve uma alta de 39,2%.
Segundo levantamento da Serasa Experian, março registrou um aumento de 1,4% no movimento do consumo no comércio, comparado ao segundo mês de 2013. Em relação ao mesmo período de 2012, a alta foi de 13,4%. O retorno do Imposto sobre Produtos Importados (IPI), programado para o início de abril, pode ter impulsionado um maior movimento em lojas do setor automotivo, em março. Os economistas da Serasa acreditam que a movimentação no comércio está relacionada a esse fator. Estabelecimentos em que são vendidos alimentos e bebidas também registraram maior movimento de compra. Para esses locais, a alta foi de 1,2%.
2,1%
é a porcentagem de queda de concessões de crédito para pessoas jurídicas, entre o primeiro e segundo mês de 2013.
2,5%
é a porcentagem de queda da produção industrial do Brasil, do segundo mês de 2013 ante o primeiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
CRÉDITO
Há mais dívidas a serem pagas De acordo com dados da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio–RJ) o número de pessoas endividadas cresceu mais de 3%, do segundo mês de 2012, para fevereiro deste ano. A pesquisa foi feita com mais de mil pessoas, de 70 cidades brasileiras e nove regiões metropolitanas diferentes. Neste ano, 47% das pessoas questionadas tinham dívidas a serem pagas. No ano passado, a porcentagem foi de 44%. Christian Travassos, economista da Fecomércio–RJ, lembra que o endividado não é, necessariamente, inadimplente. E que a geração de oportunidades no mercado de trabalho contribui para esses números.
US$ 28 bilhões
é o valor pago, segundo estimativas, por Warren Buffett e o fundo 3G Capital, pela aquisição da Heinz, fabricante de condimentos e alimentos.
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Financeiro chega a A criação da revista Financeiro, no fim da década de 1990, foi muito importante para a Associação das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), divulgar suas principais ações e iniciativas. Além disso, é um canal aberto para o mercado financeiro se manifestar e trocar informações relevantes. Ao longo anos, a publicação mostrou a evolução do mercado financeiro e de crédito no País e contou com entrevistas com grandes economistas, executivos de destaque que atuam nesse setor e representantes de instituições financeiras e de associações. Há cerca de quatro anos, a Acrefi fez uma parceria com o Grupo Padrão, o que, segundo o presidente Érico Sodré Quirino Ferreira, trouxe melhorias para a publicação, tornando-a mais atraente, benfeita e importante para o mercado. edição
edição
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“Todo o setor financeiro admira nossa publicação, o que é motivo de orgulho para a Acrefi. Trabalhamos na revista sempre dando prioridade para a qualidade em todos os itens que, somados, resultam em uma publicação de alto nível, como conteúdo, fotos, diagramação, tipo de papel etc. O resultado final é uma revista de primeira linha, como têm que ser as publicações de uma entidade da importância da Acrefi”
Érico Sodré Quirino Ferreira, presidente
edição
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“É muito importante trabalhar e divulgar as informações relevantes ao mercado. Sempre recebo e leio a Financeiro”
Elias de Souza, diretor da Bradesco Financiamentos
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80 edições “A Financeiro é mais um ‘braço’ da Acrefi de muita importância, pois presta esclarecimento a milhares de leitores, cumprindo um papel informativo, oriundo de dados e fatos atuais que bem retratam o dia a dia do mercado de crédito no Brasil. A participação de seus associados e convidados ajuda a transmitir ideias inovadoras e atuais, tornando sua leitura fácil e objetiva para todos os seus leitores”
edição
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Aquiles Diniz, diretor-executivo do banco Intermedium e vice-presidente da Acrefi
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“A Financeiro se tornou uma importante vitrine de informações e novidades para os diversos stakeholders do mercado de financiamentos. A revista, adotando linguagem universal, tem fomentado o diálogo entre as diferentes partes interessadas no segmento de financiamentos, o que possibilita o crescimento e desenvolvimento do setor, com melhores práticas e direcionamento dos esforços”
Roberto Dagnoni, diretor-executivo de novos negócios e da Unidade de Financiamentos da Cetip
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55 anos
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Por um mercado de crédito mais forte
Reformas necessárias
ESPECIAL OS DESAFIOS DOS BANCOS E DO GOVERNO COM A QUEDA DOS JUROS
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junho/julho 2012 edição 75
EM EVENTO REALIZADO PELA ACREFI, ESPECIALISTAS ABORDAM O CENÁRIO ECONÔMICO BRASILEIRO E OS OBSTÁCULOS DO JUDICIÁRIO
NOS 55 ANOS DA ACREFI, A ENTREVISTA ESPECIAL DESTACA ÉRICO SODRÉ QUIRINO FERREIRA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO. O EXECUTIVO TEM COMO META FORTALECER AS PEQUENAS E MÉDIAS INSTITUIÇÕES QUE ATUAM NO SETOR
3º SEMINÁRIO JURÍDICO ACREFI DISCUTE IMPACTOS NO MERCADO FINANCEIRO
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“Vivenciamos um momento muito importante na sociedade brasileira em que de fato o mercado de consumo está se consolidando. É fundamental a questão da comunicação, de divulgar boas práticas, fazer com que o conhecimento flua e amadureça o mercado. Eu acredito que esse é o papel da revista. A publicação contribui para que, principalmente o segmento financeiro, tenha acesso a essas informações e cumpra seu papel na sociedade. Além disso, mostra o papel que as financeiras têm na sociedade, de financiar a produção e o consumo. É uma postura muito positiva e favorável na revista da Acrefi, sempre se renovar. Eu diria que se há alguma recomendação que eu pudesse fazer neste momento é que esse espírito de inovação prevaleça nos próximos anos”
Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian e Experian América Latina maio 2013 FINANCEIRO 17
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A casa
do crédito
55 anos constituição de instituições financeiras múltiplas. Atualmente, a Acrefi conta com mais de 60 associadas, incluindo instituições que se mantêm como financeiras atuantes exclusivamente na área de crédito ao consumidor e aquelas que se transformaram em bancos múltiplos, mantendo a carteira de Crédito Direto ao Consumidor (CDC). Ao longo dos anos, a associação continua sendo a Casa do Crédito ao Consumidor, em que essa atividade é sempre prioritária apesar das transformações e diversificações constantes pelas quais sofrem a economia e o mercado financeiro. Para saber o que pensam associados e parceiros, a Financeiro traz, a seguir, depoimentos de membros das associadas, como Elias de Souza, diretor da Bradesco Financiamentos, e Julio Avellar, superintendente-geral da Central de Serviços da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg) e vice-presidente da Acrefi. E representantes das empresas parceiras, como Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian e Experian América Latina; Roberto Dagnoni, diretor-executivo de novos negócios e da Unidade de Financiamentos da Cetip, e Aquiles Leonardo Diniz, diretor-executivo do Banco Intermedium e vice-presidente da Acrefi.
Fotos: Douglas Luccena/Divulgação
F
undada em 1958, com o objetivo de congregar as empresas do setor, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) tem como objetivo congregar as Representantes empresas do setor, defender seus indas associadas teresses, fortalecer as relações entre os associados e promover o desenvolvie empresas mento de suas atividades. parceiras Ao longo de sua história, a abordam a Acrefi se manteve fiel a seus objetivos, importância procurando adaptá-los às constantes da associação mudanças da economia em geral e para o mercado nas atividades de financiamentos em de crédito particular. Em 29 de abril de 1993, transformou-se em entidade nacioPor Gisele Donato nal, com a participação em sua direColaborou Juliana Jadon toria de empresários dirigentes das entidades regionais de todo o País. A partir da década de 1990, o quadro de associados sofreu diversas alterações como consequência da
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Roberto Dagnoni, da Cetip
Foto: Carol Carquejeiro
“A associação se tornou importante porta-voz do mercado de financiamentos no Brasil, representando integralmente os interesses deste segmento junto a clientes, fornecedores e governo. Por meio de workshops e palestras, que realiza ao longo do ano, muitos dos quais apoiados pela Cetip, a associação tem ajudado a enriquecer o debate para a construção de melhores práticas nas operações de financiamento e, assim, colaborado para fortalecer os mercados em que seus associados atuam”
“Eu acredito que a Acrefi tem desempenhado um papel fundamental para a consolidação do mercado financeiro no Brasil há muitos anos. Tenho acompanhado esse trabalho de perto, principalmente desde que estou na Serasa, há cerca de 15 anos. Testemunhei pessoalmente a importância que a associação dava às melhores práticas, buscando desenvolver as questões de crédito, criando condições para que as empresas creditícias pudessem ter acesso a melhores práticas creditícias. Nós tivemos envolvidos em várias atividades, fizemos muitas intervenções junto com o grupo da Acrefi, desenvolvemos projetos em conjunto e o que me vem à cabeça é esse papel aglutinador que a Acrefi desempenha ao longo desses anos”
Ricardo Loureiro, da Serasa Experian
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especial55anosAcrefi
“É uma importante entidade que, de forma dinâmica, transparente e atuante, defende os legítimos interesses do setor, contribuindo para o fortalecimento e o desenvolvimento dos negócios dos associados” Elias de Souza, da Bradesco Financiamentos
“A Acrefi é uma entidade que congrega e lidera o mercado de crédito. Do ponto de vista da Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização), é uma excelente parceira e temos construído muitas coisas juntos ao longo de um grande período”, Julio Avellar, da Fenaseg “São 55 anos de serviços prestados ao povo brasileiro e a seus associados. Nestes anos, a associação participou, trabalhou, direcionou e contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento do crédito neste país, tanto no campo regulatório quanto no campo de práticas financeiras. Suas diretorias, aliadas aos ótimos colaboradores diretos e indiretos, realizaram um trabalho de muita competência e dedicação, sem o qual a história do crédito no Brasil não teria atingido os patamares atuais. Esta associação ainda tem muito a contribuir para as instituições financeiras, para a sociedade brasileira e para o futuro do Brasil”,
Aquiles Leonardo Diniz, do Banco Intermedium 20 FINANCEIRO maio 2013
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RoadShowAcrefi
Brasil afora Levar e debater com as associadas os principais assuntos que envolvem o mercado de crédito é uma das metas da Acrefi ao longo deste ano. Para essa empreitada, a associação iniciou em março o Road Show, um programa que têm como premissa principal visitar cada um dos associados em todo o País. A equipe da Acrefi, Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), diretor-superintendente, e Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, vai pessoalmente às instituições financeiras, junto a representantes de parceiros institucionais da associação como Cetip, Serasa Experian e Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O economista faz uma apresentação sobre a atual conjuntura econômica nacional, as perspectivas e aborda os trabalhos feitos pela Acrefi nas comissões de trabalho. Temas como Cadastro Positivo, base de inconsistência, mercado de veículos, entre outros, são colocados em pauta durante as reuniões. Já os executivos das empresas parceiras explicam índices, serviços e abordam informações relevantes ao setor. “Essa é uma maneira de levar a Acrefi até a casa do associado e criar uma sinergia de conversas e interesses”, discorre Tingas. Os diálogos são produtivos, de acordo com Tingas. Por meio das visitas, há uma boa interação individualizada de cada associado, com foco na realidade de cada um. As reuniões criam uma dinâmica que facilita a eles e seus colaboradores a abordarem os assuntos que possuem interesse e tirarem dúvidas. Representando a Acrefi no Road Show, Tingas já visitou dois Estados brasileiros e a estrada a ser percorrida por ele em 2013 ainda será longa. Quanto mais proximidade entre a Acrefi, os parceiros e os associados, é criada uma relação mais unida e de confiança entre todo o mercado. f maio 2013 FINANCEIRO 21
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artigocenárioglobal
Por Carlos Thadeu de Freitas Gomes e Marianne Lorena Hanson
Como costuma acontecer em todo início de ano, 2013 começou com otimismo renovado, não só no que diz respeito à economia brasileira, mas também em relação à economia internacional. Apesar da fragilidade da atividade econômica na maior parte dos países, as políticas monetárias expansionistas promovidas pelos países centrais deram fôlego aos mercados financeiros pelo mundo. No Brasil, o fim do ciclo de estoques na indústria, boas notícias da agricultura, perspectivas de recuperação dos investimentos e sustentação do consumo das famílias formaram um cenário positivo para um maior crescimento econômico. Contudo, ao aproximarmos do fim do primeiro trimestre, as expectativas são revistas e os velhos problemas trazem novos riscos. Mais um país periférico da Zona do Euro chamou atenção com o risco de default. Mais uma vez, a falta de coordenação política da União Monetária aumentou o risco de uma ruptura de consequências desconhecidas. Nos demais países, ambas as políticas monetárias e fiscais parecem chegar cada vez mais próximas do limite de expansão. Com taxas básicas praticamente nulas e expansão do programa de compra de ativos em diversas modalidades, os bancos centrais concentram esforços, sobretudo o Federal Reserve, no “forward guidance”, tentando ancorar as expectativas em um comprometimento maior com o crescimento econômico, de maneira a atuar sobre as taxas de juros de longo prazo. Já a política fiscal, que tem potência máxima no caso clássico de taxas de ju-
ros muito baixas – a tal da armadilha da liquidez –, está limitada ao nível de endividamento muito alto e que tem se agravado pelo baixo crescimento econômico e, em alguns países, pelo aumento dos juros incidentes sobre os títulos soberanos. O processo de desalavancagem continua nos países desenvolvidos, assim como prossegue a crise de confiança na habilidade de resolver questões estruturais, limitando os efeitos das políticas expansionistas. Sem a confiança, o crédito se recupera lentamente, os investimentos patinam e as famílias, afligidas pelo desemprego, não expandem seu consumo. Com a demanda global como um todo crescendo mais devagar, até mesmo na China, as exportações líquidas também não ajudam tanto. No caso da Zona do Euro, a falta de autonomia dos países da periferia sobre suas políticas monetária e cambial, também limita a capacidade de ajuste por meio do setor externo. Os países emergentes se encontram em situação mais confortável e, ao contrário dos países avançados, têm um pouco mais de folga fiscal e monetária para efetuar políticas de estímulos. Mesmo assim, também enfrentam desafios trazidos por grandes desequilíbrios produzidos pela liquidez em abundância e por uma demanda global fraca. A China, em particular, continua concentrando esforços para o grande desafio de manter a sustentabilidade do crescimento econômico no longo prazo, aumentando gradualmente a importância do consumo das famílias.
Artigo enviado em março de 2013
A persistência da crise
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No Brasil, vários fatores limitam o crescimento econômico. Apesar da continuidade das medidas de estímulo fiscal e monetário, a atividade demora a responder. Os cortes nas taxas de juros, a redução do superávit primário e diversas medidas pontuais oportunas exerceram efeitos positivos sobre o consumo das famílias. Essas medidas, entretanto, não conseguiram promover uma recuperação dos investimentos e expuseram, além dos velhos problemas estruturais conhecidos, as limitações do mercado de trabalho brasileiro. O setor industrial é prejudicado com a perda de competitividade – somada à demanda global fraca – e o aumento do custo do trabalho ameaçam também o setor de serviços. A inflação torna-se cada vez mais uma fonte de preocupação e o crescente déficit em transações correntes é sintomático dos desequilíbrios entre oferta e demanda. Alguns choques negativos, que reduziram a atividade agrícola e os investimentos, não devem se repetir este ano, e as perspectivas para o crescimento são melhores, mas são necessários ajustes que ancorem novamente as expectativas de inflação e retomem a confiança na capacidade de crescimento da economia brasileira no longo prazo. Com a deterioração em curso das expectativas inflacionárias, acentuam-se os prêmios sobre as curvas de juros futuros, sinalizando um processo de ajuste. Enquanto não se definir a estratégia de política monetária, incertezas deverão continuar pairando sobre o mercado de crédito no Brasil. f
Os países emergentes se encontram em situação mais confortável e, ao contrário dos países avançados, têm um pouco mais de folga fiscal e monetária para efetuar políticas de estímulos Carlos Thadeu de Freitas Gomes é economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Marianne Lorena Hanson é economista da CNC
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2014
garantido! Por Erica Martin
Manaus
Fortaleza Natal Recife Salvador
Cuiabá Brasília Rio de Janeiro São Paulo Curitiba Belo Horizonte
A PARTIR DESTA EDIÇÃO, VOCÊ VAI ACOMPANHAR NA SEÇÃO “NEGÓCIOS E LAZER” COMO OS HOTÉIS ESTÃO SE PREPARANDO PARA RECEPCIONAR OS TURISTAS DURANTE OS JOGOS DA COPA DO MUNDO, EM 2014. MODERNIZAÇÃO DE QUARTOS, INSTALAÇÃO DE BICICLETÁRIO E REVITALIZAÇÃO DE RESTAURANTES SÃO ALGUMAS DAS NOVIDADES. SAIBA TAMBÉM COMO AS REDES PRETENDEM APROVEITAR O EVENTO PARA GANHAR VISIBILIDADE E ENCANTAR NOVOS CLIENTES
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Fotos: Shutterstock/Divulgação
Em um piscar de olhos, as vuvuzelas, as camisetas, os broches, as canetas e os chaveiros revestidos de verde e amarelo vão começar a circular por todos os cantos do País. A expectativa é que 600 mil turistas estrangeiros e três milhões de brasileiros apreciem os jogos da Copa do Mundo, em 2014, que vão acontecer em 12 cidades diferentes. Todos os setores da economia estão envolvidos na grande festa e a corrida contra o tempo, para que a infraestrutura local dê conta do recado, já começou (ou pelo menos deveria). O ramo hoteleiro é um dos que se preparam para receber o público, mas é o que menos enfrenta barreiras para recepcionar (com um mínimo de organização) o evento mundial. “Em relação à oferta de quartos disponíveis aos turistas, nós não temos mais gargalos”, comenta Flávia Matos, diretora-executiva do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb). Enrico Fermi Torquato, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih Nacional), acrescenta que a taxa de ocupação – que é o equilíbrio entre demanda dos clientes e a oferta de quartos – é de 85% em cidades como Rio de Janeiro. Significa que as regiões-sede terão acomodação suficiente para receber os hóspedes. “É uma taxa excelente e que deve permanecer na Copa”, diz Torquato. O índice deve ficar estável, porque além da construção de novos hotéis, é provável que menos viajantes procurem acomodações para outros fins como, por exemplo, negócios. Claudio Gonçalves, professor do MBA gestão de riscos da Trevisan Escola de Negócios, em São Paulo, reitera que os flats (e outras moda-
A localização, o preço, a qualidade da cama, do chuveiro e da conexão de internet estão entre os cinco itens mais importantes para os jovens na hora de escolher um hotel
Fonte: Mapie
lidades de instalações) também vão ajudar a suprir a demanda. “Tem o turista que vai exigir o hotel cinco estrelas e que simplesmente não vai assistir ao jogo se não tiver quarto disponível na cidade. Haverá também aquele que não vai se importar tanto com a acomodação e que buscará locais mais simples, como as pousadas, apenas para passar a noite”, esclarece Gonçalves. Em São Paulo, a taxa de ocupação é de 72% (bem menor que os índices carioca e pernambucano). Segundo Torquato, portanto, ainda há caminhos a percorrer na capital paulista. “É preciso atrair mais turistas. O índice pode ficar ainda menor na Copa, porque São Paulo é movida por negócios, o que não vai ser tão predominante no
250 mil
é a quantidade de suítes, apartamentos, quartos e chalés localizados em motéis, pousadas, flats, pensões e albergues turísticos no Brasil Fonte: Pesquisa de Serviços e Hospedagem 2011 realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério do Turismo
período dos jogos”. O maior desequilíbrio entre demanda e oferta (em São Paulo) está entre os hotéis de três e quatro estrelas que, geralmente, são escolhidos para acomodações de turistas que participam de eventos pontuais, como Carnaval e, até mesmo, a Copa do Mundo. “É preciso adotar estratégias e incentivar quem vem para o turismo de negócio a ficar mais um ou dias em São Paulo e apreciar, por exemplo, o lado gastronômico da cidade”, acrescenta Gonçalves. Nas grandes capitais como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Fortaleza estão as redes de hotéis mais sofisticadas e que seguem padrões internacionais. O hóspede que maio 2013 FINANCEIRO 25
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busca alta qualidade quer conforto e mimos que vão desde serviço de lavanderia à piscina aquecida. Mas não é uma realidade comum ao Brasil, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 23,6% de toda a rede de hospedagem brasileira apresenta padrão inferior de conforto e qualidade dos serviços. “Geralmente, são pousadas que têm uma administração simplória com conceito de hotel como lugar para dormir com cama, banheiro e ar-condicionado, quando muito”, explica Gonçalves. Atualmente, apenas 3,5% são luxuosos.
Apenas os hotéis A quinta edição do Placar da Hotelaria 2015 apresenta o cenário atual dos quartos nas cidades que serão sede da Copa do Mundo e os projetos previstos para ficarem prontos até o ano de 2015. Estão excluídos motéis, pensões, albergues, residenciais com serviço onde predominam contratos mensais e outros meios de hospedagem de porte muito reduzido ou padrão baixo
CENÁRIO ATUAL
PROJEÇÕES PARA 2015*
Oferta atual de quartos
Oferta adicional de quartos
Curitiba
7.381
872
Porto Alegre
5.039
2082
Belo Horizonte
6.377
6.544
Rio de Janeiro
18.957
5.686
São Paulo
35.869
463
Brasília
7.579
3.264
Cuiabá
1.707
1.075
Natal
6.092
1.201
Recife
3.939
1.557
Salvador
7.383
2.412
Fortaleza
6.609
150
Manaus
3.235
1.375
TOTAL
110.167
16.681
O futuro do turismo
O Programa BNDES de Turismo para a Copa do Mundo de 2014 (BNDES ProCopa Turismo) tem como objetivo financiar a construção, reforma, ampliação e modernização de hotéis para aumentar a capacidade de hospedagem durante os jogos. “Entretanto o empresário investe na construção de um hotel para ver o resultado em 25 e 30 anos, o retorno não é imediato”, comenta Torquato, da Abih Nacional. Apesar do incentivo pontual do governo, a ampliação das redes de hospedagem não está focada somente no suporte que será oferecido aos viajantes apreciadores das partidas de futebol. “A perspectiva é que, a partir da realização da Copa do Mundo e Olimpíada (em 2016), o País tenha mais visibilidade”, explica Flávia.
“Tem o turista que vai exigir o hotel cinco estrelas e que simplesmente não vai assistir ao jogo se não tiver quarto disponível no local desejado. Haverá também aquele que não vai se importar tanto com a acomodação e que buscará locais mais simples” Claudio Gonçalves, da Trevisan Escola de Negócios
Cidades
(Total de unidades em três segmentos: econômico, midscale e upscale)
A demanda atual, que é a média de pernoites vendida por dia, é de 5.187. A projeção é que haja uma demanda adicional de 741 pernoites, em 2015.
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conforto em baixa
em baixa Os mais conforto procurados
As instalações mais predominantes
Conforto em baixa Representatividade dos estabelecimentos brasileiros conforto emLuxo baixa 3,5%
Flats 4,2%
Superior ou muito confortável 11%
Campings, Albergues dormitórios e turísticos hospedarias 1% Pensões 1,9% 3,1% as instalacoes
Pousadas 14,2%
Econômico 37,6%
as instalacoes
Simples 23,2%
Hotéis 52,1% Motéis 23,5%
Médio conforto 24,7% as instalacoes
onde está concentrada
Onde está concentrada a maioria dos estabelecimentos
Saindo do papel
Recife Manaus 2,81% onde está concentrada 3,2%
Natal 4,20% Cuiabá 1,86% Porto Alegre 3,77% Brasília 4,4% onde está concentrada Curitiba 4,8% Florianópolis 5% Fortaleza 5,6%
Fonte: Pesquisa de Serviços e Hospedagem 2011 realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério do Turismo
Belo Horizonte 5,8%
Conheça alguns hotéis projetados para a Copa
São Paulo 19,3%
Cidades
Natal Ibis Natal (R$ 20 milhões)
Rio de Janeiro 8,5% Salvador 7,1%
Recife Modernização dos empreendimentos Mar Hotel, Atlante Plaza e Summerville (R$ 32 milhões)
Fonte: Placar da Hotelaria – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil
Rio de Janeiro Ibis Copacabana (R$ 11,6 milhões) Salvador Hotel Sotero Salvador (R$ 15,1 milhões) Todos os empreendimentos citados são financiados por meio do BNDES ProCopa
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49,7 milhões
é a quantidade de turistas brasileiros que fez ao menos uma viagem doméstica em 2007
58,9 milhões
é para quanto saltou o número de turistas domésticos em 2011 Fonte: Ministério do Turismo
É fato, todos nós torcemos para que mais gente venha para cá gastar e movimentar a economia local. Porém nem todas as nações que sediaram a Copa tiveram sucesso nos anos posteriores ao evento. A África do Sul, que protagonizou os jogos mundiais em 2010, registrou crescimento de 4% no número de turistas estrangeiros no ano seguinte. Entretanto a média de crescimento no mundo, no mesmo período, foi até mais significativa: 4,5%. A quinta edição do Placar da Hotelaria 2015, feita pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), divulgada em dezembro, contabiliza 110 mil quartos apenas na modalidade hotel (veja tabela). Além disso, até 2015, serão adicionados 26 mil novos
O que falta melhorar A noticia é boa: os turistas brasileiros e estrangeiros vão ter onde se hospedar na Copa, mas ainda é preciso treinar a mão de obra que irá recepcionar o público. “Capacitação e qualificação profissional é o principal gargalo hoje”, explica Flávia Matos, diretora-executiva do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb). De acordo com a especialista, o brasileiro tem uma característica essencial para recepcionar nativos e estrangeiros que é a cordialidade e a hospitalidade, mas é preciso profissionalizar o serviço. “Muitas vezes a informalidade no tratamento torna o atendimento mais demorado e precisamos ser mais eficazes, por conta da demanda”, acrescenta Flávia.
apartamentos – só no Rio de Janeiro serão 6.544 – o montante representa 23,6% das suítes que já funcionam no País. A preocupação do setor é que haja superoferta de apartamentos depois da Copa, ou seja, que a quantidade de quartos seja significativamente superior à demanda do público. Se acontecer como na África, os empreendimentos serão prejudicados com a forte competição, guerra de preços e até fechamento de estabelecimentos antigos. Mas se depender do turismo interno, a perspectiva é que o caminho não seja tão espinhoso. “Desde 2005, o turismo interno vem crescendo bastante, principalmente por conta do aumento da renda do brasileiro. A Copa é só uma parte do processo de aquecimento”, sinaliza Gonçalves. De acordo com o Ministério do Turismo, as viagens domésticas cresceram 18,5% entre 2007 e 2011 – saltaram de 161 milhões para 191 milhões. Além disso, há mais brasileiros interessados em passear pelo Brasil do que para o exterior. De acordo com a pesquisa Sondagem do Consumidor- Intenção de Viagem, do Ministério do Turismo, 68% preferem conhecer destinos nacionais e 23% o exterior. A largada para a Copa do Mundo já foi dada, resta aos estabelecimentos aproveitarem o evento para incrementar sua imagem e atrair público para aproveitar suas acomodações em outras festas – não apenas a do futebol.
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Modernização para encantar O Hotel Renaissance, localizado na Alameda Santos – a 700 metros da Avenida Paulista – já recepcionou muita gente importante. Os políticos Bill Clinton e Tony Blair, o cantor Ben Harper, embaixadores, presidentes, atletas, reis e rainhas se acomodaram algum dia no luxuoso empreendimento, que pertence à rede americana Marriot Internacional. Os preparativos do hotel cinco estrelas para recepcionar turistas que virão assistir aos jogos mundiais já começaram – o Renaissance foi selecionado pela FIFA como uma das acomodações oficiais da Copa. Para dar conta do recado, a previsão é que até o início do próximo ano sejam investidos cerca de R$ 22 milhões, prioritariamente em mudanças decorativas e modernização de espaços. “Iniciamos os investimentos, em 2009, junto com a renovação global da marca. A Copa do Mundo fez com que acelerássemos o processo de modernização. Seguramente, no máximo até janeiro estará tudo finalizado”, explica Nina Mazziotti, diretora de vendas e marketing do hotel. A redecoração dos quartos, a colocação de novos equipamentos na academia, a entrega de mapas informativos aos hóspedes, eventos musicais, novas opções gastronômicas são algumas das novidades que o Renaissance está preparando ao público.
Público
Dentre os frequentadores do hotel, os executivos são maioria. A maior parte (60%) é de estrangeiros pertencentes à classe AB. O público não deve mudar durante o evento, com a diferença de que o foco dos viajantes abonados será a diversão e não o trabalho. “Será excelente para São Paulo. O turista que vier assistir aos jogos, irá perceber também todos os pontos bacanas que a cidade oferece. Não são apenas negócios,
existem muitas atrações por aqui”, comenta Nina. Ainda não está prevista a contratação de funcionários para a festa do futebol – atualmente são mais de 400 profissionais. Acomodações convencionais
O hotel tem atualmente 444 apartamentos, a média de ocupação anual do empreendimento é de 78%, ou seja, há equilíbrio entre oferta e demanda. Os 343 quartos Deluxe
(que são os mais tradicionais) foram reformados no fim de 2012 – a mudança que custou R$ 12,8 milhões deixou o espaço mais aconchegante. Os móveis trabalhados em marfim e madeira, as obras de arte nas paredes do quarto e do banheiro, a cortina automática, a mistura do vinho e branco nos lençóis e almofadas, além da iluminação com lâmpadas de LED deram mais suavidade e jovialidade ao ambiente. Quartos de luxo
Os cem apartamentos denominados de Club e Suítes – enquadrados em uma categoria superior, com sala de estar – terão a decoração reformulada ao longo de 2013. Na maio 2013 FINANCEIRO 29
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Requintado As unidades carregam um estilo clássico com móveis escuros e amadeirados
reforma serão desembolsados R$ 6,5 milhões. Por enquanto as unidades carregam um estilo mais clássico com móveis mais escuros e amadeirados. A suíte presidencial também terá a decoração modificada. O espaço de 309 metros quadrados – o equivalente a seis apartamentos residenciais de tamanho convencional – tem até uma minicozinha para as ilustres visitas que não viajam sem a companhia de seu cozinheiro. Sala de jantar, sala com televisão, escritório, quarto com dois closets e uma varanda com jacuzzi deixam o ambiente mais completo.
Serviços
O aperfeiçoamento de serviços é um dos objetivos do Renaissance para recepcionar o público da Copa. Reforçar o uso de bicicletas é uma das programações, o hotel já disponibiliza o estacionamento, mas estuda oferecer estrutura mais ampla para estimular o passeio sob duas rodas. “Enquanto não estiver assistindo ao jogo, o turista vai circular ao redor do hotel para conhecer a cidade”, comenta Mazziotti. A rede também está preparando mapas impressos com as atrações que podem ser visitadas na capital,
“para que o turista tenha mais mobilidade para conseguir explorar São Paulo. Um exemplo é a gastronomia”, reitera Nina. O objetivo também é reforçar os serviços já oferecidos pelo empreendimento: como transmissão de campeonatos de futebol americano, DJ e música ao vivo, atividades que normalmente acontecem esporadicamente, mas que em junho vão ocorrer com mais frequência. Gastronomia
Haverá comidas e drinques especiais durante as partidas e todos os jogos serão transmitidos em um
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Academia
Novidades A Renaissance Fitness também receberá novos equipamentos até janeiro do ano que vem
mídia-wall (uma espécie de telão) que já está colocado no lobby do hotel. A recepção e o bar receberam um novo layout em 2011; para realizar a mudança foram gastos R$ 2,9 milhões. Quem quiser curtir um pouco de pratos mais apreciados por paulistanos – a comida japonesa – poderá apreciar o sushi bar e experimentar as famosas caipirinhas. O restaurante que comporta 220 pessoas também passou por uma reforma no início do ano passado. Durante a noite, como a demanda diminui, apenas um dos ambientes é usado para que o jantar fique mais intimista. Mimos
Os hóspedes dos quartos Club e Suítes podem usufruir de um espaço privativo chamado
de Club Louge, localizado no 23º andar, que receberá em breve uma nova decoração (um toque mais moderno). No local, há duas salas de reunião, aérea com toaletes e chuveiro para atender hóspedes que chegam antes do check-in, além de uma lan house. Refrigerantes, café, pãezinhos, doces, petiscos e saladas podem ser apreciados a qualquer momento – os alimentos ficam disponíveis 24 horas em um balcão. As janelas de vidro, que envolvem todo o andar, garantem aos visitantes uma vista privilegiada para os bairros Jardins e Pacaembu. A ideia é que os turistas da Copa que desconhecem o hotel se deslumbrem com a paisagem e voltem mais vezes ao recinto.
A Renaissance Fitness também receberá novos equipamentos até janeiro do ano que vem. “Ajustes que poderiam ser feitos até o final de 2014 ou começo de 2015, mas vamos antecipar por conta dos jogos. Cada vez mais, o turista busca destinos nos quais possa cuidar bem do corpo e se exercitar“, comenta Nina. Ao lado da academia, o turista tem acesso ao Spa Louge, mas para usufruir das massagens é necessário pagar. A jacuzzi, sauna seca e a vapor podem ser usadas por qualquer hóspede sem custo. Preço
Para se hospedar na suíte presidencial, o turista precisa desembolsar a bagatela de R$ 24 mil. Para se acomodar nos apartamentos mais baratos, chamados de Deluxe, a diária fica por R$ 998. “Mas o valor pode oscilar de acordo com a demanda e ocupação do hotel, nos finais de semana normais pode cair para R$ 450”, comenta Nina. A perspectiva é de que os preços subam no mês dos jogos – mas ainda não há custos definidos. “Em um evento especial, os preços mudam, não será diferente na Copa do Mundo”, comenta Nina. f maio 2013 FINANCEIRO 31
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Por Juliana Jadon
Apesar de não muito elevadas, as perspectivas neste ano para o cenário econômico sinalizam algumas melhoras. A afirmativa é de Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central do Brasil e sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada, que ministrou a apresentação “Conjuntura Econômica e o Mercado de Veículos”, Gustavo Loyola, ex-presidente na Acrefi. O evento contou com o patrocínio da Cetip. do Banco Central do Brasil e Loyola discorreu sobre a ecosócio-diretor da Tendências Consultoria nomia de diversas regiões do gloIntegrada, analisa a economia bo, começando pela Europa. A mundial e o mercado automotivo em ação do Banco Central Europeu apresentação na Acrefi foi muito firme no ano passado,
Mundo em
destaque
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segundo ele, com medidas que geraram a redução dos custos de financiamento. Em 2012 prevaleceu ainda o projeto político de moeda única, mostrando que o euro é irreversível. Contudo a situação espanhola ainda é nebulosa. “Não se sabe se a região vai recorrer, de fato, ao mecanismo europeu e a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que a faz correr riscos econômicos, fiscais e políticos”, diz. Ao economista, parece que a solução ao problema de Chipre não foi bem encaminhada. “A tentativa em impor perdas a quem possui garantias de depósitos me pareceu loucura. Além disso, permanece as dúvidas sobre quais ações, de fato, seriam eficientes para a comunidade europeia, no caso de problemas maiores em países como Itália e Espanha”, considera. As taxas de desemprego seguem altas e preocupantes, com exceção da observada na Alemanha, e as perspectivas de investimentos, baixas. Em janeiro a taxa de desemprego subiu para 11,9%. Na Espanha chegou a 26,2%. O número de jovens sem emprego subiu para 55,5%. “É da Europa que podem aparecer surpresas ruins para a economia mundial em 2013”, considera Loyola. Já nos Estados Unidos, o horizonte visto por Loyola é positivo e a economia volta a se recuperar, mas sem muita força e a custa de muitos estímulos. Espera-se um crescimento do PIB de 2,3%. O mercado de trabalho também está melhorando. Já o imobiliário ainda está fraco, mas geralmente é o ultimo a sair de crises. Os dados da economia chinesa mostram uma acomodação do crescimento do PIB, que deve ficar entre 7,5% e 8% em 2013. Mesmo menor do que anteriormente, o percentual é elevado comparado ao crescimento observado no restante do globo. No Japão, o economista vê uma situação parecida com a Europa em termos de competitividade. A população japonesa economicamente ativa cai, o que puxa a economia para baixo. Os destaques na América Latina para o especialista são o México e o Chile, que possuem boas perspectivas de crescimento. Já a Argentina entra em parafuso do ponto de vista econômico, mas as commodities ainda lhe trazem resultados favoráveis, de acordo com Loyola.
Gustavo Loyola, da Tendências Consultoria Integrada “O juro baixo virou um tema político do governo Dilma. Dessa forma, criou-se um problema para a credibilidade da autoridade monetária”
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Solo nacional
Em uma perspectiva otimista, assume Loyola, a Tendências Consultoria Integrada prevê o crescimento do PIB do País de 3%, em média, para este e os próximos anos. A retomada dos investimentos e da indústria deverá ser menos intensa do que a estimada anteriormente. Todavia o economista ressalta que a política monetária brasileira precisa buscar o controle da inflação, que já se encontra em nível que começa a preocupar. Ele aponta que, embora haja uma meta do Banco Central de 4,5% no índice inflacionário, parece que o governo trabalha na verdade com a premissa de não ultrapassar o teto de 6,5% ao ano. O Banco Central do Brasil a partir de março deste ano, voltou a incorporar em seu discurso a possibilidade de subir os juros, percebendo que a inflação pode estar se estabilizando em um nível elevado.
O Brasil é o 4º maior mercado de veículos no mundo – com 3,7 milhões de unidades emplacas em 2012 – e o 7º maior produtor desse bem – com 3,4 milhões de veículos fabricados nacionalmente Contudo, ainda existe a dúvida se o órgão possui a liberdade de tomar essa decisão, segundo Loyola. “O juro baixo virou um tema político do governo Dilma. Dessa forma, criou-se um problema de credibilidade em relação à autonomia da autoridade monetária.” “Minha preocupação em relação ao Brasil é grande. Não tenho visto nenhum economista conceituado satisfeito com os rumos da nossa economia, o que é péssimo. O governo desonerar as empresas pontualmente não funciona”, avalia Érico Sodré Quirino Ferreira, presidente da Acrefi, que fez a abertura do encontro. Nessa linha, Loyola aponta que a política econômica adotada no Brasil não visa ao longo prazo. Foi dessa forma que o superávit primário se deteriorou em 2012, com o não cumprimento da meta. É assim também que o câmbio flutuante opera em uma “banda”. A nova matriz econômica nacional é baseada no
consumo e focada na desoneração tributária, juros baixos e câmbio desvalorizado. Embora os salários e o nível de emprego tenham crescido no País, a produtividade tem caído. A expectativa é que ainda haja aumento dos salários reais. Essa situação, de acordo com Loyola, continua a apertar as empresas do ponto de vista de custos. Mas como o emprego continua resistente em um País que passa por situação de crescimento baixo? Especulações apontam que algumas empresas preferem trabalhar com um nível de ocupação acima do ideal, para não ter que arcar com os custos de demissões. Diante desse cenário controverso, o ponto positivo para a economia brasileira é que o consumo continua a crescer e a alavancar a economia. Panorama do crédito
A Tendências Consultoria Integrada prevê um crescimento de 6,2% do crédito para pessoa física e de 6,8% para pessoa jurídica neste ano. A dúvida, segundo Loyola, é qual a qualidade da carteira que é formada. No entanto as expectativas com o Cadastro Positivo apontam que os modelos de gestão de risco e de score de clientes irão melhorar nos próximos anos. Mercado de veículos
O Brasil é o quarto maior mercado de veículos no mundo – com 3,7 milhões de unidades emplacas em 2012 – e o sétimo maior produtor desse bem – com 3,4 milhões de veículos fabricados nacionalmente. O intenso aumento da renda da população e o mercado de crédito continuam neste ano a alavancar as vendas nesse setor. “Acreditamos que esse mercado terá um crescimento da ordem de 6,5% em 2013. Temos ainda indicadores de veículos por habitantes relativamente baixos, o que demonstra o potencial dessa área”, pondera Loyola. E, ainda, com o novo regime automotivo – Inovar-Auto (leia mais em matéria nesta edição) estimula-se a produção de automóveis no Brasil. Mas há um alerta. “A vinda das novas fábricas ao País pode gerar uma certa desilusão nos próximos anos por parte das montadoras”, aponta. f
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mercadoautomotivo
Por Juliana Jadon Com maior poder de compra, consumidor aumenta exigências na aquisição de veículos. A expectativa é que as vendas de automóveis cresçam 2,6% em 2013, quando comparadas ao ano anterior
Fotos: Shutterstock/Douglas Luccena
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O mercado automotivo no mundo passa por um cenário de mudanças. No Brasil, apesar dos preços elevados dos veículos devido aos diversos encargos existentes no País, esse bem está mais acessível ao bolso do consumidor. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), no ano 2000 foram necessários 158,8 salários mínimos para comprar um carro no Brasil. Neste ano, bastam 53,6 salários mínimos. As informações foram apresentadas por Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, sócia da MB Associados, que abordou o tema “Automóveis – Impactos Econômicos e Regulatórios”, em evento na sede da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento). A ocasião foi patrocinada pela Cetip. “O mercado de veículos está em fase de transformação no mundo. No Caminhões ano 2000, a participação das quatro A venda de caminhões foi maiores montadoras no Brasil era de bem em 2011, devido ao 85%. Os grandes players estão perEuro 5, e fraquejou em dendo market share gradativamente, 2012. Esse mercado, de acordo com Tereza, deve com um consumidor mais exigente”, voltar a se aquecer neste discorre. Ela explica que projeções ano, pois a safra brasileira e a logística no mês de março apontam que dentro de 15 ou 20 tendem a melhorar. anos vão existir apenas entre oito e dez montadoras no globo. Na Europa, segundo a especialista, esse setor ainda apresenta resultados muito abaixo das expectativas. A ChiMotos na está em primeiro lugar no ranking Com receio, devido ao aumento da inadimplência, dos países que mais vendem carros o crédito liberado para (ver quadro). Já os Estados Unidos remotos não aconteceu na intensidade esperada cuperaram seu fôlego no último ano. em 2012. Segundo Foram 14,5 milhões de unidades emTereza, o mercado só placadas em 2012, deixando o País em não sofreu mais devido ao consórcio, modalidade segundo colocado. que representou 35% De acordo com Tereza, nos do total de motocicletas emplacadas. No Nordeste, últimos anos houve uma alteração o consórcio representa 50% na relação das montadoras com os do total de financiamentos consumidores. Antigamente, o conde motocicletas.
sumidor não possuía tanta força. O pós-venda passou a exercer um papel importante, principalmente no que tange a fidelização dos clientes – vista hoje como o grande desafio dessas companhias. Além disso, o brasileiro quer carros mais potentes. A compra de veículos 1.0 cai diariamente no País. Outra exigência desse consumidor é ter automóveis bem equipados tecnologicamente e com opções de uso de combustíveis. Apesar da menor utilização do álcool verificada no último ano, a participação nas vendas dos carros flex cresce constantemente. No ano passado, o consumidor que compra em parcelas escolheu mais o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), modalidade que foi campeã em financiamentos de veículos. Brasil em foco
De acordo com a especialista, o mercado de autos comerciais leves deverá crescer menos, em 2013, no País. O efeito de retirada do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) começará a atingir o setor no segundo trimestre. Do início do ano até fevereiro, o mercado de autos leves apresentou elevação de 6,2%. No entanto, ao longo do ano, deverá ocorrer uma desaceleração nas vendas, resultando em um aumento de 2,6% em 2013. O mercado deverá seguir mudando em termos de participações por marcas com a chegada de novos entrantes no Brasil. Tereza ressalta que um dos empecilhos é o custo, especialmente de mão de obra, que aumenta muito.
Expectativas para 2013 l l l l
l l
Crescimento de 3% do PIB Renda e crédito evoluindo positivamente Inflação ainda preocupante Balança comercial fraca, mas sem pressionar reservas Juros = 8,25 em dezembro Câmbio médio = 2,00 Fonte: MB Associados
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mercadoautomotivo
Novo regime automotivo
Com a meta de dar mais força para a indústria automotiva brasileira, gerando maiores investimentos, o governo criou o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto). Em vigor neste ano, a iniciativa prevê desconto de até 30 pontos porcentuais no IPI dos veículos fabricados pelas participantes. Com essa medida, o governo acredita que sejam investidos R$ 5,5 bilhões até dezembro de 2017 no mercado automotivo brasileiro, com o aumento da produção anual de
Inovar-Auto Como irá funcionar o IPI para autos e comerciais leves? l As empresas habilitadas no Inovar–Auto farão jus a crédito presumido do IPI, que poderá ser apurado desde o momento da sua habilitação. l A contagem será feita com base nos dispêndios realizados nos itens necessários à habilitação, realizados em cada mês calendário; para efeito deste cálculo serão considerados os dispêndios realizados no segundo mês do calendário anterior ao mês de apuração do crédito. l O crédito presumido relativo aos dispêndios para aquisição de insumos e ferramentas será calculado com base na multiplicação dos valores gastos pelo fator anual. l O valor do crédito presumido de IPI a ser utilizado fica limitado ao valor correspondente ao que resultaria da aplicação de 30% sobre a base de cálculo prevista na legislação do IPI. l O valor do crédito presumido que não puder ser utilizado em função dos limites estabelecidos poderá ser utilizado nos meses subsequentes, observada a data limite em 31 de dezembro de 2017.
Fonte: MB Associados
3,3 milhões de automóveis para mais de quatro milhões. “Com essa medida, o governo tenta resgatar a indústria automotiva brasileira, onde a quantidade de veículos exportados se tornou mínima nos últimos anos”, considera Tereza. Podem participar do programa as empresas que produzem veículos no Brasil e as que comercializam e que possuem projeto de investimento no setor automotivo. Mais de 30 empresas já estavam habilitadas no Inovar-Auto em fevereiro. No primeiro momento as habilitações valem por somente seis meses. As empresas que não comercializam no Brasil e querem participar do programa terão que investir em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), engenharia, cumprir o programa de etiquetagem e uma série de outras exigências. Além disso, têm o compromisso de importar veículos mais econômicos, segundo parâmetros definidos pelas indústrias locais. f
Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, sócia da MB Associados “O mercado de veículos está em fase de transformação no mundo. No ano 2000, a participação das quatro maiores montadoras no Brasil era de 85%. Os grandes players estão perdendo market share gradativamente, com um consumidor mais exigente”
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Volume de automóveis comercializados (em milhões de unidades) China 12,8
EUA 4,2
Japão
Brasil
Rússia Grã-Bretanha França
Coreia do Sul Tailândia Austrália México
5,3
3,4 2,3 2,8 3,1 2,7 2,9 2,2 2,3 2,6 2,3
Índia
Itália
14,5
3,4 3,6
Alemanha
Canadá
15,2 16,4
1,6 1,7 1,9 1,5 1,5 1,5
0,8 1,4 1,0 1,1 0,9 1,0
2011 2012 2011 2012
Mudança no cenário internacional das montadoras Fonte: MB Associados
Empresas que vão investir no Brasil Para as empresas que estão chegando ao País será oferecida uma condição especial pelo Inovar-Auto: l Nos primeiros três anos de operação as montadoras terão de cumprir apenas 60% das exigências feitas para as montadoras já instaladas para se considerarem habilitadas. l Durante a construção da fábrica, o IPI recolhido sobre os importados irá gerar crédito tributário para a utilização após o início da produção, limitado a 50% da capacidade de produção prevista no projeto. Só poderá ser concedido de acordo com os critérios de equivalência relativos aos veículos que serão produzidos no País.
Fonte: MB Associados
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macroecônomia
Lenta piora na situação As condições macroeconômicas vêm piorando lenta e firmemente no Brasil. Minha percepção é que isso vai se consolidar ainda mais ao longo do ano. Os gráficos abaixo ilustram o que foi dito. Comecemos pelo setor externo: a balança comercial vem enfraquecendo repetidamente, pois de um saldo de quase US$ 50 bilhões em 2007, atingimos US$ 14 bilhões para os 12 meses terminados em fevereiro deste ano. Na MB projetamos um número de US$ 7,5 bilhões para o ano de 2013, decorrente da ampliação do déficit do petróleo (inclusive, por conta da existência de mais de US$ 4 bilhões de compras internadas no ano passado, mas só registradas neste exercício), do contínuo enfraquecimento das exportações de manufaturados, que caíram 19% em fevereiro diante do mesmo período do ano passado e de uma expansão mais modesta da receita da Por José Roberto Mendonça de Barros venda de produtos básicos ao exterior, devido a menores cotações. O possível colapso cambial da Argentina, a difícil situação da Venezuela na área externa e a significativa piora no cenário europeu reforçam nossa percepção, inclusive, reduzindo o estímulo ao crescimento do PIB. Ao mesmo tempo, o déficit de conta corrente vem piorando significativamente como se vê no gráfico 1. Nos 12 meses terminados em fevereiro, o déficit já atingiu US$ 63,5 bilhões e o próprio Bacen projeta um número de US$ 68 bilhões para este ano. Nós, na MB, trabalhamos com um déficit de US$ 72 bilhões. Certamente, esse número ainda é financiável sem grandes dificuldades, mas, pela primeira vez, a conta corrente não será coberta pela entrada de investimento direto, que projetamos encerrar o ano com uma cifra de US$ 55 bilhões, inferior aos US$ 63,7 bilhões apurados em fevereiro. O enfraquecimento contínuo da nossa competitividade e a menor atratividade do País como o destino de investimentos são o que resulta nessa situação. A segunda área a qual a tendência de piora é evidente é a da inflação. O gráfico número 2, anexo, mostra a contínua
elevação dos preços desde meados do ano passado, tendo o IPCA15 em 12 meses, atingido 6,4% em março. Pior que isso, é a contínua elevação do índice de difusão, segundo o qual, 75% das 365 categorias de preços e serviços tiveram elevação neste mês. E não é uma elevação qualquer, pois nada menos que 30% de todas as categorias de preços subiram mais de 10% nos últimos 12 meses, ou seja, estamos falando de uma elevação generalizada de preços. Finalmente, a política fiscal é cada vez mais expansionista e mais opaca. O festival de truques contábeis já passou a muito tempo do razoável e é responsável, por exemplo, por uma ressalva no balanço no BNDES, exigido pelos auditores, como mostrou o “Estado”. Ao mesmo tempo, o verdadeiro orçamento paralelo em que se transformaram os restos a pagar do Tesouro Nacional tornam de muito pouco valor a estatística do resultado primário, como indicador válido da política fiscal. É por isso que, como muitos outros analistas, olhamos para a evolução da dívida bruta como indicador da sanidade das finanças e, nesse caso, há uma piora evidente como se vê no gráfico número 3. Não é de se surpreender que a confiança do consumidor esteja francamente em baixa há vários meses, a despeito da reduzida taxa de desemprego que temos até agora. Do lado da produção, a confiança da indústria também não decola (gráfico número 4). É por isso que a perspectiva de elevação dos investimentos é cada vez menor, exceto pela forte recuperação da demanda de caminhões em virtude da grande safra agrícola atual. O teto para o crescimento do PIB continua em 3%. A qualidade da política econômica vem caindo, assim como a da regulação. É bastante evidente que a antecipação da campanha presidencial recém-ocorrida só piora esta trajetória, uma vez que todas as ações de política econômica passarão antes pelo critério de impacto eleitoral. Dois exemplos dão abundantes evidências desta proposição, a saber, a política anti-inflacionária e a questão das tarifas de energia elétrica.
Artigo publicado originalmente em março em “O Estado de S.Paulo”
macroeconômica
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Gráfico 1 Soma dos últimos 12 meses - R$ bilhões
A administração de preços passou a ser o centro da política anti-inflacionária e, depois da cesta básica, parece que virão medidas, tentando evitar elevação das tarifas de ônibus. Ora, no ambiente de alta, mais ou menos generalizada, de preços e custos, essas medidas são claramente inócuas no que tange a redução da inflação. Os cigarros representam um caso que vale a pena observar: no IPC do IGPM de fevereiro o item despesas diversas subiu 17% (em 12 meses), resultado de uma elevação de 30% dos cigarros no período. Apenas para lembrar, essa elevação deveria ter ocorrido em dezembro de 2011, mas não ocorreu para evitar que a inflação do ano ultrapassasse os 6,5%. Mesmo no caso de reduções de impostos que sejam definitivas, a desoneração tem um efeito limitadíssimo sobre a dinâmica dos preços, pois ocorre uma vez só e em geral não é totalmente repassada ao varejo. Isso porque as empresas têm enfrentado uma elevação generalizada de custos e uma redução persistente de margens, algo que todas as análises de balanço de empresas abertas e fechadas revelam. Dessa forma, a redução de imposto é rapidamente compensada por alguma elevação de custos recentemente ocorrida. É por isso que a frenética sucessão de pacotes administrando preços não produz efeitos significativos sobre a inflação. É o fracasso de uma visão “contábil” da inflação, ilustrada num artigo recente de um entusiasmado analista que disse que não fora o choque agrícola do ano passado, a depreciação do real em relação ao dólar e os aumentos de 25% a 40% nos fretes rodoviários, a inflação de 2012 teria ficado abaixo de 4,5%! A questão dos preços de energia elétrica ilustra a perda de qualidade na política econômica, pois, para evitar o repasse dos custos decorrentes do uso das térmicas (que levaria a uma elevação de algo como 12% nas tarifas, com potenciais problemas eleitorais) as autoridades de área estão fazendo barbaridades regulatórias, tão bem ilustradas no recente artigo de Claudio Sales aqui no “Estado” (10/3). Em suma, estamos mesmo presos a uma armadilha de crescimento baixo a qual tenho me referido mais de uma vez neste espaço. f José Roberto Mendonça de Barros é sócio-fundador da MB Associados
Gráfico 2 80%
7,5%
75%
7,0% 6,5%
70%
6,0%
65%
5,5%
60%
5,0%
Difusão Total
55%
IPCA-‐15 (12 meses)
4,5% 4,0%
50%
mar/11
jul/11
nov/11
mar/12
jul/12
nov/12
mar/13
Gráfico 3 % do PIB
64,0 62,0
59,0
60,0 58,0 56,0 54,0 52,0 jan/07
jan/08
jan/09
jan/10
jan/11
jan/12
jan/13
Fonte: Banco Central. Elaboração: MB Associados.
Gráfico 4 índice de confiança da indústria
índice de confiança do consumidor
Fonte: Banco Central Elaboração: MB Associados
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Evento promovido pela Acrefi aborda os principais temas jurídicos que atualmente impactam no mercado financeiro
Regulação mais severa Por Juliana Jadon, de Porto Alegre (RS)
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Fotos: Shutterstock/Divulgação
Há muito tempo a comunidade internacional percebeu que se fala em compliance e lavagem de dinheiro, também para combater o crime organizado não se usa se aborda uma série de obrigações que foram impostas arma. Uma forma mais inteligente e eficaz é ter um sis- pelas autoridades públicas ao setor bancário. No entema organizado de informações, identificando, assim, a tanto não existem respostas muito claras sobre como origem e o principal produto dessa prática. Diante desse bancos e financeiras podem se preparar para atendêcenário, foram criadas mundo afora uma série de nor- -las e evitar uma responsabilidade civil ou criminal pelo mas de combate à lavagem de dinheiro. O impacto descumprimento dessas normas. “O motivo dessa no Brasil se deu com a elaboração do texto que altera a Lei de Lavagem de Dinheiro, aproCompliance ideal vado em julho do ano passado. A regulação exige do sistema Para o ex-secretário de Reforma do Judiciário, financeiro uma área de comPierpaolo Bottini, uma área de compliance eficaz deve: pliance rigorosa e que repasse l Criar um código de ética as informações para que esse l Ter pessoas qualificadas e de confiança l Apurar responsabilidade interna crime seja identificado. l Instituir um sistema de alarme. Assim, quando detectada O tema foi apresentado por uma situação suspeita o superior será avisado l Possuir pleno conhecimento sobre a jurisprudência Pierpaolo Bottini, ex-secretário l Conhecer o cliente e comunicar ao órgão regulador as suspeitas de Reforma do Judiciário e esde lavagem de dinheiro pecialista em direito civil, dul Ter mais cuidado com a veracidade do dado passado pelo cliente. l Deixar claras as atribuições de cada funcionário da instituição, rante o 3º Seminário Jurídico deixando suas competências bem delimitadas Acrefi, em Porto Alegre (RS). l Manter contato com as autoridades públicas De acordo com Bottini, quando maio 2013 FINANCEIRO 43
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regulação maior é o crescimento do crime organizado no mundo”, avalia. Até julho do ano passado, o crime de lavagem de dinheiro era o ato de dissimular ou ocultar bens recorrentes de uma lista fechada. Com a alteração na norma, todos os crimes e contradições penais passam a ser antecedentes de lavagem de dinheiro. “O cenário jurídico fará aumentarem as investigações sobre esse tema. Isso impacta diretamente o mercado financeiro”, considera o especialista. Na prática, se uma quantia de dinheiro irregular for colocada na conta de um laranja, todos os envolvidos serão considerados responsáveis pela lavagem de dinheiro. Com a mudança na legislação, fica claro ainda o dolo eventual. Ou seja, se alguém suspeitar da procedência de determinado dinheiro irregular e fingir que não viu, eventualmente também será partícipe do crime. “Esse é um problema grave para os que operam no sistema financeiro. A saída é ter um trabalho redobrado do compliance, para identificar a procedência do dinheiro”, aponta Bottini. Análise criteriosa Pierpaolo Bottini, exsecretário de Reforma do Judiciário “As instituições devem se prevenir contra o crime de lavagem de dinheiro por meio de uma área de compliance capacitada”
O compliance deve ser um órgão independente, com a possibilidade de fazer uma análise isenta sobre seus produtos e operações
Para uma instituição financeira ter uma área de compliance que realize um bom trabalho, atendendo de maneira eficaz as diversas regras e especificações determinadas pela legislação brasileira, é preciso valorizar esse campo e ter nele pessoas de confiança (ver quadro). Certamente, de acordo com o especialista, esses critérios irão gerar um custo e uma regulação maior por parte dos bancos e financeiras. “O compliance deve ser um órgão independente e autônomo dentro da instituição financeira, com a possibilidade de fazer uma análise isenta sobre seus produtos e operações”, considera Bottini. Todavia, essas ações podem evitar a identificação dos fatores abaixo no manejo de uma empresa: Cegueira deliberada Quando é criada uma barreira por parte da direção de uma instituição financeira, como se o responsável não soubesse da lavagem de dinheiro. Nesse caso, o
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dirigente pode ser condenado por participação no crime. Domínio do fato É autor do delito não só quem o executa, mas também aquele que sabe da sua existência. Com essas medidas, o poder público possui a meta de que as instituições financeiras mantenham o registro de todas as informações e operações. Assim, será possível identificar mais facilmente o crime de lavagem de dinheiro sem que seu o rastro seja apagado. “Criar uma situação em que o setor de compliance seja responsável por identificar uma situação atípica é importante, não só para evitar uma responsabilidade criminal, mas também para impedir o desgaste da imagem de uma instituição”, ressalta o ex-secretário de Reforma do Judiciário. De acordo com ele, uma alternativa para as instituições demonstrarem colaboração é propor ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) uma espécie de canal de comunicação. Assim, será possível saber exatamente que tipos de dados são impreteríveis de serem repassados ao poder público. Países que notoriamente possuem paraísos fiscais como a Suíça, por exemplo, começam a prestar informações aos órgãos públicos, a cooperar e a bloquear bens. “O mundo percebeu que se você, enquanto instituição financeira, não combate a lavagem de dinheiro, eventualmente está fomentando o crime organizado”, assinala. Cabe agora a bancos e financeiras se adaptarem da melhor maneira possível. “A iniciativa da Acrefi de lan-
Mariana Cunha, da Cetip “O registro de garantias tem a finalidade de gerar informações para o órgão regulador controlar e fiscalizar as operações”
çar um manual de prevenção à lavagem de dinheiro é muito importante, pois recolhe todas as experiências, identifica os problemas e apresenta soluções”, finaliza Bottini. Registro de garantias
Desde abril, os processos do financiamento de veículos foram alterados no País. A Resolução n° 4.088, do Banco Central do Brasil, determina que as instituições financeiras realizem o registro dos contratos de financiamentos de veículos e imóveis em um sistema autorizado de liquidação financeira de ativos como, por exemplo, a Cetip. Para falar sobre o tema, que ainda exige algumas especifica-
ções por parte do Bacen, Mariana Pereira Cunha, especialista em direito administrativo da Cetip, ministrou uma palestra durante o 3º Seminário Jurídico Acrefi. Ela explicou de que maneira, provavelmente, essa regulação irá impactar os processos bancários. “O registro de garantias tem a finalidade de gerar informações para o órgão regulador controlar e fiscalizar as operações”, conta. Segundo Mariana, a Cetip está apta para ajudar o mercado financeiro nesses processos. “As instituições começam a entender essa regulamentação, mas que ainda depende muito das diretrizes a serem dadas pelo Banco Central”, conclui. f maio 2013 FINANCEIRO 45
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cultura
“Escrever é contribuir para uma nova sociedade, para a renovação do mundo” Por Gisele Donato
O renomado escritor, novelista e dramaturgo, Walcyr Carrasco, conta, em entrevista exclusiva à Financeiro, a importância dos livros em sua formação e do prazer de escrever Um dos mais reconhecidos autores da atualidade, Walcyr Carrasco, nasceu em Bernardino de Campos, interior de São Paulo, viveu dos três aos 15 anos em Marília, quando se mudou para a capital. Formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), o autor trabalhou como jornalista nos principais órgãos de imprensa do País e ao mesmo tempo iniciou a carreira de escritor com obras voltadas ao público infantil. Aos 28 anos, publicou seu primeiro livro “Quando meu Irmãozinho Nasceu”. Viriam depois muitos outros, que lhe valeram diversas menções de “Altamente Recomendável” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Já para o público adulto, os destaques ficam por conta da autobiografia “Em Busca de um Sonho” – sobre como escolheu sua profissão –,
“Pequenos Delitos”, “A Senhora das Velas” e o recente “Anjo de Quatro Patas”, em que conta momentos engraçados e comoventes que dividiu com seu fiel companheiro, o cão Uno. No teatro, o primeiro texto de Carrasco a ganhar os palcos foi a comédia de costumes “O Terceiro Beijo”. Entre as peças de sua autoria estão “Até que o Sexo nos Separe” e “Êxtase”, pela qual recebeu o Prêmio Shell de Melhor Autor no Rio de Janeiro. Na televisão, os destaques ficam por conta de novelas como “Xica da Silva” (da extinta TV Manchete), “O Cravo e a Rosa”, “A Padroeira”, “Chocolate com Pimenta”, “Sete Pecados” e “Alma Gêmea” e mais recentemente “Caras & Bocas”, todas da Rede Globo. O resultado dessa produção lhe rendeu uma cadeira na Academia Paulista de Letras. Atualmente, escreve livros, Carrasco escreve uma crônica quinzenal na revista “Época”, lançou três títulos dedicados às crianças: “Meus Dois Pais”, “A Ararinha do Bico Torto” e “Pituxa, A Vira-Lata”, que integram a série “Todos Juntos” – série sugerida para leitores a partir dos quatro anos de idade – na qual são abordadas reflexões sobre sentimentos, emoções e conceitos que ajudam as crianças entenderem as questões delicadas da vida e a superarem momentos difíceis. E brevemente deve estrear um espetáculo teatral com duas peças curtas: “Desamor” e “Seios”. Revista Financeiro Como começou sua paixão pelos livros? Walcyr Carrasco Amo os livros desde criança, quando li Monteiro Lobato e me apaixonei por seus personagens. Desde então nunca mais parei de ler.
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Financeiro Qual a importância da leitura na sua formação profissional? Carrasco É fundamental. Leio o tempo inteiro e, como dizia Monteiro Lobato, para escrever bem é preciso ler muito.
Fotos: Divulgação
Financeiro No livro “Em Busca de um Sonho”, você discorre sobre suas escolhas profissionais, acredita que o fato de sonhar em seguir diferentes profissões durante a infância e a adolescência de alguma forma levou-o à literatura? Carrasco Acredito que toda criança pensa em várias profissões. Eu pessoalmente até hoje penso. E se tivesse feito isso, e se tivesse feito aquilo? Mas a literatura sempre foi minha paixão, acho que não poderia viver sem ela.
novos leitores e, consequentemente, cidadãos? Carrasco Eu acho maravilhoso. Escrever é contribuir para uma nova sociedade, para a renovação do mundo. Financeiro Você é um dos imortais da Academia Paulista de Letras; qual a importância da academia para a valorização da produção literária paulista? E como você se sentiu ao assumir uma das cadeiras? Carrasco A academia é um marco de qualidade. Eu me senti muito emocionado por participar da academia, na qual Lobato foi membro e na qual está hoje Lygia Fagundes Telles, que eu admiro pessoalmente.
Não faço questão de ser lembrado. Querer ser lembrado é uma vaidade. Eu quero simplesmente viver de maneira plena e escrever o que gosto
Financeiro O livro “Em Busca de um Sonho” recebeu classificação “Altamente Recomendável” pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil; qual a sensação de estar fazendo parte da formação de
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cultura
Financeiro Como dramaturgo, você ganhou o Prêmio Shell de Teatro pela montagem carioca de “Êxtase”; qual a importância desse prêmio? Você está com alguma ideia de peça nova? Carrasco Sempre escrevo peças novas, estou trabalhando em uma adaptação de “Aprendiz de Feiticeiro”. O Prêmio Shell é o mais importante do Brasil, foi uma satisfação ganhá-lo.
Financeiro Como você encara o mercado editorial brasileiro? Carrasco Acredito que está crescendo, em pleno desenvolvimento. É muito estimulante pertencer a esse mercado. Financeiro Já podemos dizer que o Brasil é um país de leitores ou ainda falta muito para isso virar uma realidade? Carrasco Ah! O Brasil está se transformando em um país de leitores sim. Ainda bem. Financeiro Muitos já disseram que escrever é um ato doloroso, como você o encara? Carrasco Para mim é emocionante, porque lido com minhas intuições, minha criatividade, áreas profundas do meu ser. Financeiro Como é o processo de adaptação de clássicos da literatura já que você está contando uma história de outro autor? Carrasco Eu gosto muito, é uma maneira de me aprofundar na obra de um autor que admiro, de aprender com ele.
Financeiro Atualmente você é um dos principais e mais reconhecidos autores de novela, inclusive tendo recebido o Prêmio Contigo de Melhor Autor de Novela por “Alma Gêmea”; como está seu trabalho na preparação da nova novela das nove da Rede Globo? Quais os temas que vai abordar? Como você escolhe os temas que irá abordar em cada uma das novelas? Carrasco É uma história de amor, de paixão, que me entusiasma muito. Financeiro Fale um pouco das novelas “Xica da Silva”, “O Cravo e a Rosa”, “Chocolate com Pimenta”, “Alma Gêmea” e “Caras e Bocas”? Carrasco Todas essas novelas foram importantes para mim, por terem sido grandes sucessos que consolidaram meu nome. Foi um prazer escrevê-las. E eu me divertia muito, por serem comédias, escrevia rindo. Financeiro Você sente mais prazer ao escrever um livro, uma novela ou crônica? Carrasco Eu gosto de escrever tudo, só não faço bula de remédio, gosto de escrever, simplesmente, sem preferência por este ou aquele gênero. Financeiro Você gostaria de ser lembrado como escritor, novelista ou dramaturgo? Carrasco Não faço questão de ser lembrado. Outros autores virão, melhores do que eu, inclusive. Querer ser lembrado é uma vaidade. Eu quero simplesmente viver de maneira plena e escrever o que gosto. f
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artigoquestãojurídica
Por Pierpaolo Cruz Bottini
Toda crise econômica traz a reboque medidas boas e más para evitar sua repetição. Seja qual for o tamanho e a extensão dos problemas, estão acompanhados de movimentações do poder público para prevenir ocorrências similares. Desde a célebre derrocada econômica de Portugal nos anos 20, ocasionada por fatores macroaliados aos impactos de um golpe financeiro realizado por Alves Reis, retratado magistralmente no livro “O Homem que Roubou Portugal” de Murray Bloom, até a recente crise de 2008. Por isso, é cada vez mais frequente a aprovação de leis e normas que impõe aos participantes do mercado a observância de cautelas e o desenvolvimento de mecanismos para identificar atos imprudentes ou criminosos que coloquem em risco o sistema financeiro. O conjunto de medidas incorporadas para evitar a inobservância das normas de cuidado no interior das instituições financeiras ou similares caracteriza o chamado compliance. No Brasil, as novas regras sobre compliance, especialmente no campo da prevenção à lavagem de dinheiro, merecem cuidado e atenção, uma vez que seu descumprimento pode atrair responsabilidades administrativas e criminais a diretores e gestores das empresas. A estratégia nacional e internacional de combate à lavagem de dinheiro é a implementação da atuação colaborativa. Em outras palavras, o Poder Público, ciente de sua incapacidade estrutural para fiscalizar todas as transações financeiras. Tais obrigações podem ser divididas em três grandes grupos: (i) obrigação de registro; (ii) obrigação de comunicação e (iii) obrigação de compliance.
Artigo enviado em fevereiro de 2013
A importância do compliance e a prevenção de riscos
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O primeiro grupo compreende a coleta e sistematização de dados sobre clientes – bem como de seus procuradores ou representantes em alguns casos –, forma e meio de pagamento, operações financeiras e comerciais, e beneficiários de tais operações, em regra quando o volume de recursos envolvidos ultrapassa determinado patamar. A ideia é criar um banco de dados acessível ao Poder Público em caso de necessidade, que permita identificar operadores e beneficiários de operações comerciais e financeiras. Ainda em relação às obrigações de cadastro e registro, as autoridades brasileiras têm sido rigorosas quanto á fidedignidade de seu conteúdo, exigindo em alguns atos normativos que mesmo informações existentes em “banco de dados de entidades públicas ou privadas” devem passar por filtros de validade quando sistematizadas dentro dos setores sensíveis à lavagem de dinheiro. Por fim, vale indicar que algumas resoluções do Coaf determinam aos setores sensíveis à manutenção de “correspondências impressas e eletrônicas que disponham sobre a realização” de algumas operações. Não há óbice a tal determinação, porém, o acesso a esses dados. O segundo grupo de obrigações diz respeito à comunicação às autoridades públicas de atos suspeitos de lavagem de dinheiro que cheguem ao conhecimento do profissional ou da empresa. Em regra, transações a partir de determinados valores, ou praticadas por pessoas politicamente expostas, devem ser objeto de comunicação, caso exigidas pelo Coaf ou pelo órgão regulador da atividade. Impõe-se a criação de uma política de compliance, definida em linhas gerais como a implementação
A ideia é criar um banco de dados acessível ao Poder Público em caso de necessidade, que permita identificar operadores e beneficiários de operações comerciais e financeiras de mecanismos internos de prevenção e combate à lavagem de dinheiro, que compreenda cuidados para seleção de servidores, desenvolvimento de programas contínuos de capacitação, a criação de normas de procedimento, códigos de ética, organização de cadastros e fluxos de informação, análise dos riscos de novos produtos oferecidos, bem como de regras para apuração de responsabilidades internas. A estrutura e a complexidade exigida do sistema de compliance varia de acordo com o porte e o volume de transações efetuados pela entidade. Evidente que de um corretor de imóveis – pessoa física – se espera um sistema mais simples do que aquele de um banco ou de uma corretora de valores mobiliários. O Coaf é zeloso ao exigir que, nesses últimos casos, a política de compliance seja formal e aprovada pelo detentor da autoridade máxima de gestão, a revelar a importância das atividades, para o setor público e privado. A implementação de um sistema de prevenção de lavagem de dinheiro, voltado ao cumprimento das normas, é a melhor forma de evitar riscos de responsabilização administrativa e criminal, além de proteger a imagem da instituição de desgastes desnecessários. f Pierpaolo Cruz Bottini é advogado e professor de direito penal da USP
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universofinanceiro Por Thais Moreira
Os desafios e as soluções para as instituições financeiras Especialistas falam sobre o atual cenário e trazem dicas de oportunidades para crescimento em 2013
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Fotos: Shutterstock/Divulgação
O movimento de redução dos juros, liderado pelos bancos públicos e incentivado pelo governo, resultou em um ganho considerável de participação de mercado em 2012. E trouxe às instituições privadas alguns desafios: o de manter a participação e oferecer produtos que agradem aos consumidores, sejam pessoas físicas ou jurídicas, e o de abraçar a crescente classe média brasileira, que em três anos deve chegar aos 70 milhões. Em um cenário no qual a economia brasileira entrou em 2013 no mesmo ritmo que saiu de 2012, com crescimento moderado do crédito por conta do fraco crescimento industrial e do alto grau de endividamento dos brasileiros, os especialistas não enxergam uma briga acirrada entre bancos públicos e privados. “Os bancos privados não estão em uma corrida de 400 metros com barreira contra os públicos”, afirma Luis Miguel Santacreu, analista de instituições financeiras da Austin Rating. Segundo o especialista, o grande desafio para a continuidade do desenvolvimento econômico é saber se o governo vai conseguir destravar os investimentos. Isso porque, em 2012, os bancos controlaram essa questão de crédito e inadimplência e o mesmo se aplica a este ano. Santacreu acredita que, do ponto de vista de crédito, há espaço para crescimento desde que haja um controle da inflação. “Isso é o que reproduz na reação dos bancos ante esse cenário”, complementa. Para Márcio Nakane, economista da Tendências Consultorias e professor da FEA–USP, o cenário da área de crédito é o mesmo que no ano passado, quando não foi muito favorável por conta do aumento da inadimplência do consumidor, mas, ainda assim, a perspectiva é positiva. “Para este ano vejo melhoras, mas não muito significativas por conta da inadimplência ainda estar num patamar muito alto.” A taxa de inadimplência do crédito com recursos livres para as famílias chegou a 7,7%, em fevereiro deste ano, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC). Houve redução de 0,2 ponto percentual em relação a janeiro.
Na avaliação de Celso Grisi, professor da FEA–USP, o desafio também é conseguir controlar a inflação. O salário mínimo cresceu mais que a produtividade, ou seja, houve uma pressão muito grande nos bancos por conta do mercado de trabalho. “Além disso, estamos acima do centro da meta de inflação”, diz. Outro desafio para os bancos, segundo Grisi, será o de diminuir os custos elevados. “Eles vão ter de fazer cortes e adotar uma política mais conservadora em relação à inadimplência”, afirma. Para ele, a recuperação da lucratividade dos bancos tem de passar pela redução do volume e todo o custo operacional. Boas oportunidades
O professor da FEA-USP aposta na expansão de 14% do mercado de crédito para 2013. O grande “filão”, na análise de Grisi, será a nova classe média, que, em três anos, terá uma fatia de nada menos do que 70 milhões de pessoas. A dica do especialista para o setor financeiro é optar pela oferta de produtos de menor risco. “Os bancos vão ter de aperfeiçoar o
A taxa de inadimplência do crédito para as famílias chegou a 7,7%, em fevereiro deste ano, de acordo com o BC maio 2013 FINANCEIRO 53
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universofinanceiro
Santacreu tem outras boas dicas para o crescimento do crédito. Nas vésperas dos eventos esportivos sediados pelo País, abre-se um leque de oportunidades para o mercado financeiro. Muitas obras de infraestrutura estão sendo entregues. “O governo está tentando incentivar esses investimentos em infraestrutura com taxas compatíveis. Os bancos privados vão participar disso e podem entrar nesse mercado que envolve bilhões de reais em 2013 e 2014.” Cenário internacional pode colaborar
Márcio Nakane, da Tendências Consultoria “Para este ano vejo melhoras, mas não muito significativas por conta da inadimplência ainda estar em um patamar muito alto”
cross-selling – técnica de vendas voltada aos clientes já existentes – , ou seja, ter produtos mais flexíveis.” Segundo os especialistas, na área de crédito imobiliário a alternativa é inovar na política de fidelidade e o crédito consignado também terá boas oportunidades com a aceleração da economia prevista para o final do ano. Nakane ressalta que as financeiras devem apostar no crédito imobiliário. “É uma boa oportunidade, mas isso não quer dizer que elas devam concorrer com os grandes bancos.” Além dos imóveis, a aposta de Nakane é para o crédito consignado, talvez repetir a dose de 2005 e 2006, quando os bancos deram isenção de tarifas para funcionários públicos com desconto em folha.
Mesmo que a atuação dos bancos no Brasil seja determinante, especialistas acreditam que o cenário internacional também pode ser favorável ao crescimento. “O mundo se institucionalizou e parou para pensar que sem os organismos de controle não seria possível sair da crise. Na Europa, por exemplo, o Banco Central vai ser o único órgão regulador e fiscalizador da região a controlar níveis de prudência, então os critérios agora serão moderados. Essa medida trará o controle da atividade bancária com uma segurança muito grande”, diz Celso Grisi. Um exemplo da atuação do Banco Central europeu foi o recente caso de Chipre, ilha no mar Mediterrâneo, que pediu ajuda à Rússia para tentar evitar a imposição de medidas drásticas de austeridade em troca de um pacote de € 10 bilhões da União Europeia (UE) – os credores internacionais do país exigem € 5,8 bilhões. No mês de março, o Parlamento da ilha rejeitou a cobrança de impostos sobre depósitos bancários privados, condição da UE para liberar o dinheiro. Os desafios estão lançados tanto para bancos quanto para financeiras. “Para prosperar, o Brasil deve melhorar as condições institucionais e apaziguar as relações entre governo e empresas”, conclui Grisi. f
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análiseeperspectivas
Perfil de captação das financeiras no Brasil As sociedades de crédito, financiamento e investimento (CFI), também conhecidas por financeiras, foram instituídas pelo Ministério da Fazenda em 1959. Segundo dados do Visionarium1, até o final de 2012 existiam em torno de 30 sociedades cadastradas no Brasil, tendo como objetivo básico a realização de financiamentos para aquisições de bens, serviços e capital de giro. Sendo de natureza privada, as financeiras poPor prof. dr. Alberto Borges Matias com colaboração de Renata Karoline Polo dem captar recursos de diferentes formas, dentre elas existem os depósitos interfinanceiros, as apostas cambiais, emissões de títulos e letras hipotecárias. Mesmo podendo utilizar todas essas fontes, ao analisar uma amostra de dados de CFIs constatou-se que a principal fonte utilizada é a transferência interfinanceira, que representa em média 90% das captações, ou seja, há um perfil nesse setor indicando uma dependência das instituições em captar recursos interbancários para realizar operações. Sendo assim, outras formas de captações não representam estruturalmente valores significativos no setor, sendo pouco utilizadas e variando muito entre as financeiras. Como pode ser visto no gráfico 1, de 2004 a 2008 o comportamento das captações interfinanceiras foi bastante volátil, a média do total dos depósitos, incluindo os de curto e longo prazo, é de pouco mais de R$ 713 mil. Em 2008, houve uma queda de 11% em relação a 2007 nessas captações, fato explicado pela crise americana que espalhou a incerteza pelos mercados, principalmente para o segmento financeiro, gerando uma retração das atividades.
Nos anos de 2010 a 2012, pode-se verificar um cenário econômico modificado, pois a partir de 2009 o governo brasileiro intensificou uma política de incentivos ao consumo reduzindo as taxas de juros, gerando um crescimento da demanda por crédito. De 2009 para 2010, as captações interfinanceiras cresceram 70%, de 2010 para 2011 cresceram 126%, e de 2011 para 2012 cresceram 98%. Já pelo lado das operações de crédito, conforme o gráfico 2, houve um aumento de aproximadamente 85% de 2007 para 2008, mesmo com uma queda das captações interfinanceiras. Entre os anos de 2009 e 2010 as operações ficaram quase constantes, crescendo aproximadamente 1%, de 2010 para 2011 houve um crescimento mais relevante, de 44%, quando comparado ao do ano anterior, e de 2011 para 2012 há um crescimento significativo, de 132%. Quando se divide o total das operações de crédito pelo total dos depósitos interfinanceiros é obtido um indicador que mostra a relação de R$ 1 emprestado para R$ 1 captado na referida origem pelas financeiras. Os indicadores apresentados no gráfico 3 demonstram que, no período de 2004 a 2007 as financeiras emprestaram menos do que captaram após esse período, de 2008 a 2012, elas invertem esse cenário. Como exemplo, no ano de 2007, para cada R$ 1 captado ela emprestava R$ 0, 84, já no ano de 2008 para cada R$ 1 captado ela passou a emprestar R$ 1,73. Em 26 de julho de 2012, o Bacen (Banco Central do Brasil) alterou a resolução nº 4.087, de 24 de maio de 2012, modificando e consolidando as normas que dispõem sobre a captação de recursos a prazo, fazendo com que as sociedades financeiras
1 Software de gestão e análise nas áreas financeira, macroeconômica, marketing e comercial, clientes, fornecedores e concorrentes, tecnologia e distribuição, desenvolvido pelo Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (INEPAD).
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GRÁFICO 1
EVOLUÇÃO
DAS CAPTAÇÕES INTERFINANCEIRAS
EVOLUÇÃO
DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO
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GRÁFICO 3
RELAÇÃO DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO/DEPÓSITOS INTERFINANCEIROS
possam captar esses tipos de recursos, com garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Essa nova resolução implica uma mudança na estrutura de captações, pulverizando-as e fazendo com que a dependência gerada das sociedades de CFI com os bancos diminua. A expansão das operações de crédito feitas pelas CFIs pode ser vista como positiva, uma vez que possibilita um incremento na oferta de crédito total, contribuindo para dinamizar decisões de consumo e investimento, sendo um aporte na realização da política de expansão da demanda agregada adotada pelo governo brasileiro. O método normalizado pelo Bacen é um exemplo de mecanismo que pode aumentar as fontes de recursos das financeiras e consecutivamente fazer com que o setor se torne mais autônomo, a partir de alternativas de capitalização. f ELABORAÇÃO: Alberto Borges Matias –Diretor presidente do INEPAD. Professor titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto. Livre-docente em finanças, atuando nos programas de graduação, pós-graduação e MBAs da universidade APOIO: Vinícius Medeiros Magnani – Pesquisador do Centro de Pesquisas do INEPAD – Núcleo CEPEFIN. Graduando em economia empresarial e controladoria pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no Campus de Ribeirão Preto maio 2013 FINANCEIRO 57
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bancodedadosinepad Taxas médias: geral Data
Aplicações
Var. p.p.
Captações
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Spread
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fev/12
23,8
0,1
8,2
-0,3
15,6
0,4
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23,4
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-0,1
15,3
-0,3
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22,6
-0,8
7,8
-0,3
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-0,5
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21,1
-1,5
7,4
-0,4
13,7
-1,1
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20,1
-1,0
7,3
-0,1
12,8
-0,9
jul/12
19,9
-0,2
6,9
-0,4
13,0
0,2
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19,6
-0,3
6,9
0,0
12,7
-0,3
set/12
19,4
-0,2
6,8
-0,1
12,6
-0,1
out/12
19,0
-0,4
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-0,2
12,4
-0,2
nov/12
18,9
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6,6
0,0
12,3
-0,1
dez/12
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-0,9
6,5
-0,1
11,5
-0,8
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0,6
6,4
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12,2
0,7
fev/13
18,7
0,1
6,6
0,2
12,1
-0,1 -3,5
-1,6
-5,1
Variação fev/fev Fonte: BC/INEPAD
Taxas médias: pessoa física Data
Var. p.p.
Captações
fev/12
Aplicações 31,1
0,3
8,6
-0,4
22,5
0,7
mar/12
30,6
-0,5
8,6
0,0
22,0
-0,5
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29,3
-1,3
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-0,4
21,1
-0,9
mai/12
27,6
-1,7
7,8
-0,4
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-1,3
jun/12
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-1,1
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6,8
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18,3
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-0,6
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24,7
0,4
6,7
0,1
18,0
0,3
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24,9
0,2
7,0
0,3
17,9
-0,1
Spread
Var. p.p.
-4,6
-1,6
-6,2
Variação fev/fev
Var. p.p.
Fonte: BC/INEPAD
Taxas médias: pessoa jurídica Data
Aplicações
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p.
fev/12
18,2
-0,2
7,9
-0,2
10,3
0,0
mar/12
17,8
-0,4
7,7
-0,2
10,1
-0,2
abr/12
17,4
-0,4
7,4
-0,3
10,0
-0,1
mai/12
16,2
-1,2
7,1
-0,3
9,1
-0,9
jun/12
15,4
-0,8
7,1
0,0
8,3
-0,8
jul/12
15,1
-0,3
6,7
-0,4
8,4
0,1
ago/12
14,9
-0,2
6,6
-0,1
8,3
-0,1
set/12
14,5
-0,4
6,6
0,0
7,9
-0,4
out/12
14,0
-0,5
6,5
-0,1
7,5
-0,4
nov/12
14,2
0,2
6,4
-0,1
7,8
0,3
dez/12
13,3
-0,9
6,3
-0,1
7,0
-0,8
jan/13
14,0
0,7
6,2
-0,1
7,8
0,8
fev/13
14,0
0,0
6,3
0,1
7,7
-0,1
Variação fev/fev
-4,2
-1,6
-2,6
Fonte: BC/INEPAD
58 FINANCEIRO maio 2013
Finan80 INEPAD tabelas.indd 58
4/26/13 9:23 AM
Spread financeiro
Crédito consignado
R$ Milhões 200.000
25%
30,0%
195.000
29,0%
190.000
20%
28,0%
185.000 180.000
15%
27,0%
175.000
26,0%
170.000 10%
25,0%
165.000 160.000
5%
24,0%
155.000 23,0%
150.000 145.000
Aplicações
Captações
Consignado
fev/13
jan/13
dez/12
nov/12
out/12
set/12
ago/12
jul/12
jun/12
abr/12
mai/12
mar/12
22,0%
fev/12
fev/13
jan/13
dez/12
nov/12
out/12
set/12
ago/12
jul/12
jun/12
mai/12
abr/12
mar/12
fev/12
0
Taxa de juros % a.a.
Fonte: BC/INEPAD
SALDO
PREFIXADOS – Mês/Ano
DA CARTEIRA DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
Cartão de Variação em % crédito
Cheque Variação especial em %
Crédito pessoal Variação não consignado em % vinculado à dívida
CRÉDITO PESSOAL Crédito Variação Crédito Var. pessoal não em % pessoal em % consignado consig. total
Total
Variação em %
fev/12
20.712
4,2
109.965
-2,7
15.763
1,7
81.839
1,6
164.769
1,8
246.608
1,7
mar/12
20.642
-0,3
110.353
0,4
16.323
3,6
83.178
1,6
167.349
1,6
250.527
1,6
abr/12
21.455
3,9
111.137
0,7
16.851
3,2
84.174
1,2
170.256
1,7
254.431
1,6
mai/12
20.954
-2,3
114.356
2,9
17.767
5,4
85.625
1,7
174.031
2,2
259.656
2,1
jun/12
20.272
-3,3
114.023
-0,3
18.514
4,2
86.541
1,1
177.161
1,8
263.702
1,6
jul/12
20.470
1,0
115.640
1,4
19.170
3,5
86.620
0,1
179.884
1,5
266.503
1,1
ago/12
20.235
-1,1
115.847
0,2
20.009
4,4
87.498
1,0
183.040
1,8
270.538
1,5
set/12
19.877
-1,8
114.827
-0,9
20.221
1,1
89.121
1,9
182.506
-0,3
271.628
0,4
out/12
20.516
3,2
117.185
2,1
20.670
2,2
90.131
1,1
185.434
1,6
275.565
1,4
nov/12
19.969
-2,7
119.442
1,9
20.972
1,5
91.064
1,0
187.712
1,2
278.776
1,2
dez/12
18.288
-8,4
126.614
6,0
21.063
0,4
90.225
-0,9
188.879
0,6
279.104
0,1
jan/13
20.045
9,6
126.273
-0,3
21.132
0,3
91.049
0,9
192.164
1,7
283.213
1,5
fev/13
20.790
3,7
122.114
-3,3
21.138
0,0
91.561
0,6
195.543
1,8
287.104
1,4
Fonte: BC/INEPAD
SALDO
DA CARTEIRA DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
PREFIXADOS/CONTINUAÇÃO –
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
AQUISIÇÃO Mês/Ano
Veículos
Variação em %
Outros
Variação em %
Total
Variação em %
Arrecadamento Variação mercantil em %
Desconto Variação de cheques em %
Outros créditos Variação em % livres
fev/12
181.344
0,7
9.313
-1,7
190.657
57,2
31.745
-4,7
1.515
-0,2
19.539
1,5
mar/12
182.757
0,8
9.299
-0,2
192.056
73,4
30.099
-5,2
1.550
2,3
20.098
2,9
abr/12
183.480
0,4
9.289
-0,1
192.769
37,1
28.498
-5,3
1.549
-0,1
21.158
5,3
mai/12
184.576
0,6
9.374
0,9
193.950
61,3
27.031
-5,1
1.576
1,7
22.005
4,0
jun/12
186.884
1,3
9.440
0,7
196.324
122,4
25.632
-5,2
1.660
5,3
22.879
4,0
jul/12
187.913
0,6
9.510
0,7
197.423
56,0
24.177
-5,7
1.611
-3,0
24.095
5,3
ago/12
190.876
1,6
9.654
1,5
200.530
157,4
22.816
-5,6
1.657
2,9
24.405
1,3
set/12
190.167
-0,4
9.794
1,5
199.961
-28,4
21.598
-5,3
1.674
1,0
23.648
-3,1
out/12
190.419
0,1
9.982
1,9
200.401
22,0
20.276
-6,1
1.655
-1,1
23.391
-1,1
nov/12
190.778
0,2
10.162
1,8
200.940
26,9
19.073
-5,9
1.684
1,8
23.723
1,4
dez/12
193.215
1,3
10.450
2,8
203.665
135,6
17.913
-6,1
1.673
-0,7
24.368
2,7
jan/13
193.474
0,1
10.494
0,4
203.968
14,9
16.762
-6,4
1.633
-2,4
24.554
0,8
fev/13
192.770
-0,4
10.414
-0,8
203.184
-38,4
15.738
-6,1
1.649
1,0
25.129
2,3
Fonte: BC/INEPAD
maio 2013 FINANCEIRO 59
Finan80 INEPAD tabelas.indd 59
4/26/13 9:23 AM
bancodedadosinepad SALDO
DA CARTEIRA DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
PREFIXADOS/CONTINUAÇÃO –
RECURSOS DIRECIONADOS (R$ MILHÕES)
Mês/Ano
Crédito rural total
Variação em %
fev/12
73.833
0,7
198.471
2,1
25.723
1,7
2.611
-1,0
3.290
2,1
mar/12
74.901
1,4
204.417
3,0
26.107
1,5
2.669
2,2
3.292
0,1
abr/12
75.510
0,8
209.157
2,3
26.335
0,9
2.723
2,0
3.354
1,9
mai/12
77.009
2,0
214.313
2,5
25.971
-1,4
2.845
4,5
3.418
1,9
jun/12
78.213
1,6
220.305
2,8
25.980
0,0
2.947
3,6
3.631
6,2
jul/12
76.169
-2,6
226.124
2,6
26.163
0,7
2.970
0,8
3.677
1,3
ago/12
79.240
4,0
233.154
3,1
27.284
4,3
3.061
3,1
3.696
0,5
set/12
81.538
2,9
236.413
1,4
27.247
-0,1
3.089
0,9
3.852
4,2
out/12
83.806
2,8
242.760
2,7
27.606
1,3
3.350
8,4
3.949
2,5
nov/12
86.393
3,1
248.714
2,5
28.472
3,1
3.570
6,6
3.975
0,7
dez/12
90.655
4,9
255.367
2,7
29.172
2,5
3.798
6,4
4.169
4,9
jan/13
90.459
-0,2
261.344
2,3
30.186
3,5
3.823
0,7
3.933
-5,7
fev/13
90.854
0,4
266.492
2,0
31.111
3,1
3.824
0,0
4.030
2,5
Financ. imobiliário tot.
Variação em %
Financ. Variação recursos BNDES em %
Microcrédito total
Variação em %
Outros créditos direcionados
Variação em %
Fonte: BC/INEPAD
SALDO
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO
–
CRÉDITO CONSIGNADO (R$
MILHÕES)
TAXA DE JUROS % a.a.
CONSIGNADO
Não consignado
Servidores públicos
Trabalhadores do setor privado
Beneficiários do INSS
fev/12
81.839
101.575
13.742
49.451
164.768
mar/12
83.178
102.765
14.008
50.577
167.350
abr/12
84.174
104.443
14.216
51.598
mai/12
85.625
106.700
14.588
jun/12
86.541
108.504
jul/12
86.620
ago/12
Mês/Ano
Total
Consignado
Pessoal
Diferença
246.607
28,7
45,2
16,5
250.528
28,7
43,9
15,2
170.257
254.431
27,6
41,4
13,8
52.743
174.031
259.656
26,7
39,3
12,6
14.838
53.819
177.161
263.702
25,7
38,2
12,5
110.179
15.047
54.658
179.884
266.504
25,4
38,6
13,2
87.498
112.316
15.278
55.446
183.040
270.538
24,9
38,0
13,1
set/12
89.121
111.614
15.896
54.996
182.506
271.627
25,2
37,7
12,5
out/12
90.131
113.644
16.101
55.689
185.434
275.565
24,8
37,8
13,0
nov/12
91.064
115.157
16.253
56.302
187.712
278.776
24,6
37,1
12,5
dez/12
90.225
116.039
16.244
56.595
188.878
279.103
24,5
36,9
12,4
jan/13
91.049
117.712
16.390
58.061
192.163
283.212
24,5
37,3
12,8
fev/13
91.561
119.700
16.555
59.288
195.543
287.104
24,7
37,9
13,2
Total
Fonte: BC/INEPAD
PREVISÕES
ECONÔMICAS
Ano de 2013
PIB Total % a.a.
PIB Agropecuário % a.a.
PIB Indústria % a.a.
PIB Serviço % a.a.
Produção Industrial % a.a.
3,10
4,25
2,82
3,14
3,30
1 semana antes 19/03
3,11
4,26
2,82
3,20
3,16
1 mês antes 28/02/2013
3,15
4,05
3,30
3,27
3,07
Taxa de Câmbio R$/US$
Saldo Comercial US$ bilhões
Previsão 28/03/2013 (2013/2013)
Ano de 2013
Selic Taxa anual
IGP–DI % a.a.
IPCA % a.a.
8,28
5,04
5,75
2,01
255,78
1 semana antes 19/03
8,15
5,05
5,78
2,01
257,29
1 mês antes 28/02/2013
7,71
5,33
5,75
2,02
259,82
Previsão 28/03/2013 (2013/2013)
Fonte: BC-Focus/INEPAD
60 FINANCEIRO maio 2013
Finan80 INEPAD tabelas.indd 60
4/26/13 9:24 AM
SALDO
(R$
E PORCENTUAL (%)
MILHÕES)
–
RECURSOS LIVRES PF
DA CARTEIRA DE CRÉDITO COM
TOTAL E COM ATRASO ENTRE
CRÉDITO PESSOAL
15
E
90
DIAS
AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS
AQUISIÇÃO DE OUTROS BENS
Mês/Ano
Saldo total
Com atraso de 15 a 90 dias
% sobre saldo da carteira
Saldo total
Com atraso de 15 a 90 dias
% sobre saldo da carteira
Saldo total
Com atraso de 15 a 90 dias
% sobre saldo da carteira
fev/12
246.608
10.925
4,43%
181.344
18.134
10,00%
9.313
842
9,04%
mar/12
250.527
11.174
4,46%
182.757
18.367
10,05%
9.299
877
9,43%
abr/12
254.431
12.035
4,73%
183.480
18.623
10,15%
9.289
870
9,37%
mai/12
259.656
11.217
4,32%
184.576
18.033
9,77%
9.374
820
8,75%
jun/12
263.702
10.996
4,17%
186.884
17.548
9,39%
9.440
790
8,37%
jul/12
266.503
11.460
4,30%
187.913
17.645
9,39%
9.510
774
8,14%
ago/12
270.538
11.092
4,10%
190.876
16.740
8,77%
9.654
740
7,67%
set/12
271.628
11.463
4,22%
190.167
17.039
8,96%
9.794
745
7,61%
out/12
275.565
11.684
4,24%
190.419
16.890
8,87%
9.982
745
7,46%
nov/12
278.776
11.374
4,08%
190.778
16.426
8,61%
10.162
766
7,54%
dez/12
279.104
11.108
3,98%
193.215
16.269
8,42%
10.450
717
6,86%
jan/13
283.213
12.433
4,39%
193.474
16.097
8,32%
10.494
769
7,33%
fev/13
287.104
12.518
4,36%
192.770
16.231
8,42%
10.414
822
7,89%
Fonte: BC/INEPAD
CRÉDITO PESSOAL Data
Saldo
Taxa de juros
Data
Taxa de juros
Saldo
Taxa de juros
Saldo
Taxa de juros
mar/07
88.335
53,42
set/08
127.281
56,31
abr/07
90.609
52,47
out/08
129.704
57,42
mar/10
170.393
42,69
abr/10
174.442
42,87
set/11
232172
44,64
out/11
235202
mai/07
94.094
51,66
nov/08
130.039
59,88
mai/10
178.844
45,34
43,04
nov/11
238570
jun/07
96.426
51,06
dez/08
129.741
60,44
jun/10
43,64
181.458
41,97
dez/11
238854
jul/07
100.256
50,61
jan/09
131.707
56,51
42,4
jul/10
184.359
42,21
jan/12
242445
ago/07
102.555
49,89
fev/09
130.219
44,8
54,49
ago/10
188.779
41,96
fev/12
246608
set/07
104.222
49,43
mar/09
45,2
133.330
50,84
set/10
191.969
41,63
mar/12
250527
out/07
106.498
48,88
43,9
abr/09
137.539
48,78
out/10
195.497
43,55
abr/12
254431
nov/07
107.293
41,4
46,75
mai/09
139.997
46,62
nov/10
198.633
41,99
mai/12
259656
dez/07
39,3
108.041
45,80
jun/09
142.569
45,64
dez/10
201.611
44,11
jun/12
263702
38,2
jan/08
110.428
53,08
jul/09
145.446
44,78
jan/11
205.727
48,32
jul/12
266503
38,6
fev/08
112.303
52,59
ago/09
148.622
44,29
fev/11
209255
47,96
ago/12
270538
38
mar/08
115.578
50,48
set/09
151.359
44,71
mar/11
210445
43,01
set/12
271628
37,7
abr/08
118.248
50,60
out/09
154.386
45,74
abr/11
213685
44,34
out/12
275565
37,8
mai/08
120.720
48,39
nov/09
156.259
43,64
mai/11
216864
44,56
nov/12
278776
37,1
jun/08
121.211
51,39
dez/09
159.692
44,35
jun/11
220666
44,52
dez/12
279104
36,9
jul/08
123.198
53,59
jan/10
162.446
44,83
jul/11
224603
45,01
jan/13
283213
37,3
ago/08
125.550
54,49
fev/10
165.543
43,81
ago/11
229192
44,52
fev/13
287104
37,9
Saldo
Data
Data
Saldo em milhões
Taxa de juros %
310.000
70 60
260.000 50 210.000
40 30
160.000
20 110.000
10 0
Fonte: INEPAD & BC
Taxa de juros
fev/13
nov/12
ago/12
mai/12
fev/12
nov/11
ago/11
mai/11
fev/11
nov/10
ago/10
mai/10
fev/10
nov/09
ago/09
mai/09
fev/09
nov/08
ago/08
mai/08
fev/08
60.000
Saldo
maio 2013 FINANCEIRO 61
Finan80 INEPAD tabelas.indd 61
4/26/13 10:54 AM
bancodedadosinepad DE DESEMPREGO
5,7%
0,002
6,1%
0,006
mar/12
6,2%
0,005
6,5%
0,004
abr/12
6,0%
-0,002
6,5%
0,000
mai/12
5,8%
-0,002
6,2%
-0,003
jun/12
5,9%
0,001
6,50%
0,003
0.010
9%
0.008
8% 0.006 7% 0.004
6% 5%
0.002
4%
jul/12
5,4%
-0,005
5,70%
-0,008
ago/12
5,3%
-0,001
5,80%
0,001
3%
set/12
5,4%
0,001
6,50%
0,007
2%
out/12
5,3%
-0,001
5,90%
-0,006
1%
nov/12
4,9%
-0,004
5,50%
-0,004
0
dez/12
4,6%
-0,003
5,20%
-0,003
jan/13
5,4%
0,008
6,40%
0,012
0.000 -0.002
-0.004
-0.006
jan/12
Brasil
jan/13
fev/12
10%
dez/12
0,008
nov/12
5,5%
out/12
0,008
set/12
5,5%
ago/12
jan/12
jul/12
Var. %
jun/12
SP
mai/12
Var. % – Brasil
abr/12
Brasil
mar/12
Data
fev/12
TAXA
São Paulo
Var .p.p
Fonte: IBGE/INEPAD
MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
Brasil
Var. % - Brasil
SP
Var. %
4,50%
jan/12
1,9
0,00
3,4
0,08
4,00%
fev/12
2,0
0,05
3,3
-0,03
mar/12
2,1
0,05
3,8
0,15
abr/12
2,0
-0,05
3,7
-0,03
mai/12
2,0
0,00
3,7
0,00
2,50%
jun/12
2,0
0,00
3,7
0,00
2,00%
jul/12
1,9
-0,05
3,6
-0,03
1,50%
ago/12
2,0
0,05
3,9
0,08
set/12
2,0
0,00
3,8
-0,03
out/12
2,1
0,05
4,0
0,05
0,50%
nov/12
2,0
-0,05
3,8
-0,05
0,00%
dez/12
2,0
0,00
3,6
-0,05
jan/13
1,9
-0,05
3,5
-0,03
3,50% 3,00%
SP
jan/13
dez/12
nov/12
out/12
set/12
ago/12
jul/12
jun/12
mai/12
abr/12
mar/12
1,00%
jan/12
Data
fev/12
RENDIMENTO
Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
SUPERÁVIT PRIMÁRIO - CORRIGIDO IPCA
(R$
MILHÕES)
50,000
40,000
30,000
20,000
10,000
0
-10,000
-20,000
dez/11
fev/12
abr/12
jun/12
ago/12
out/12
dez/12
Fonte: INEPAD & Tesouro
62 FINANCEIRO maio 2013
Finan80 INEPAD tabelas.indd 62
4/26/13 9:24 AM
ATIVIDADE
ECONÔMICA Taxa da Utilização da Capacidade Instalada
Var. p.p.
Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral
Var. %
jan/12
81.4
-1,00
fev/12
82.2
0,80
jan/12
126.31
-0,28%
fev/12
126.03
mar/12
82.0
-0,22%
-0,20
mar/12
125.41
abr/12
-0,49%
81.8
-0,20
abr/12
125.39
-0,02%
mai/12
81.9
0,10
mai/12
124.76
-0,50%
jun/12
81.8
-0,10
jun/12
124.29
-0,38%
jul/12
82.1
0,30
jul/12
124.37
0,06%
ago/12
82.0
-0,10
ago/12
125.5
0,91%
set/12
82.2
0,20
set/12
126.18
0,54%
out/12
82.5
0,30
out/12
126.98
0,63%
nov/12
82.7
0,20
nov/12
126.45
-0,42%
dez/12
82.9
0,20
dez/12
126.35
-0,08%
jan/13
84.0
1,10
jan/13
126.91
0,44%
2,60
Variação nov/nov
Data
Variação jan/jan
Data
Fonte: CNI/INEPAD
0,48%
Fonte: IBGE/INEPAD
PRODUÇÃO X
CAPACIDADE
Capacidade (%)
Produção (índice)
85
133
84 129
83 82
125
81 121 80 117
79 78
113
77 109 76 105
DE
JUROS
(OVER SELIC
ACUMULADA NO MÊS ANUALIZADA)
jan/13
dez/12
nov/12
out/12
set/12
ago/12
Taxa da utilização da capacidade instalada
Fonte: INEPAD/CNI/IBGE
TAXA
jul/12
jun/12
mai/12
abr/12
mar/12
fev/12
jan/12
75
Índice de produção física média móvel trimestral
% DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO / PIB
14%
40
12%
39 38
10%
37 8% 36 6% 35 4%
M.M. 12 meses
Taxa de Juros Over Selic acumulada no mês anualizada
Fonte: INEPAD & BC
M.M. 12 meses
dez/12
out/12
ago/12
jun/12
abr/12
fev/12
dez/11
out/11
dez/11
out/11
jun/11
fev/13
dez/12
out/12
ago/12
jun/12
abr/12
32
fev/12
33
0
ago/11
34
2%
Dívida Líquida do Setor Público (%PIB)
maio 2013 FINANCEIRO 63
Finan80 INEPAD tabelas.indd 63
4/26/13 9:24 AM
bancodedadosinepad IPCA MENSAL
BALANÇA
0,01
COMERCIAL (US$
MILHÕES)
25.000
0,009 0,008
20.000
0,007 0,006
15.000
0,005 10.000
0,004 0,003
5.000
0,002 0,001
IPCA
M.M 12 meses
Exportações
Fonte: INEPAD/MDIC
fev/13
dez/12
out/12
ago/12
jun/12
fev/12
fev/13
dez/12
out/12
ago/12
jun/12
abr/12
fev/12 Fonte: INEPAD/IBGE
abr/12
0
0
Importações
PRODUÇÃO – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS. MISTOS. VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
280.800
283.367
20.000
7,7%
jun/12
273.600
271.733
-7.200
-2,6%
jul/12
297.800
284.067
24.200
8,8%
ago/12
329.300
300.233
31.500
10,6%
set/12
282.540
303.213
-46.760
-14,2%
out/12
318.701
310.180
36.161
12,8%
nov/12
301.679
300.973
-17.022
-5,3%
dez/12
259.364
293.248
-42.315
-14,0%
jan/13
279.332
280.125
19.968
7,7%
fev/13
229.274
255.990
-50.058
-17,9%
300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0
5,24%
Variação fev/fev
fev/13
mai/12
350.000
jan/13
-15,5%
dez/12
41,6%
-47.700
nov/12
90.652
262.383
out/12
246.037
260.800
AUTOMÓVEIS LEVES E PESADOS
set/12
308.500
abr/12
PRODUÇÃO – Unidades
ago/12
mar/12
2,9%
6.084
jul/12
230.537
jun/12
217.848
mai/12
fev/12
Var. Mensal (%)
abr/12
Média Trim.
mar/12
Produção
fev/12
Var. Mensal
Data
Fonte: Anfavea/INEPAD
EXPORTAÇÃO
UNIDADES)
15,81%
abr/12
48.700
42.462
6.475
15,33%
mai/12
26.700
39.208
-22.000
-45,17%
jun/12
36.000
37.133
9.300
34,83%
jul/12
29.700
30.800
-6.300
-17,50%
ago/12
42.900
36.200
13.200
44,44%
set/12
27.194
33.265
-15.706
-36,61%
out/12
41.797
37.297
14.603
53,70%
nov/12
36.536
35.176
-5.261
-12,59%
dez/12
41.194
39.842
4.658
12,75%
jan/13
36.232
37.987
-4.962
-12,05%
fev/13
31.743
36.390
-4.489
-12,39% -12,94%
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
Exportações
fev/13
5.764
jan/13
37.254
dez/12
42.225
nov/12
mar/12
Unidades
out/12
10,24%
Variação fev/fev
Var. Mensal (%)
set/12
3.386
ago/12
39.313
jul/12
36.461
jun/12
fev/12
mai/12
Média Trim.
abr/12
Var. Mensal
Exportações
mar/12
Data
fev/12
DE AUTOVEÍCULOS MONTADOS (EM
Média Trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
64 FINANCEIRO maio 2013
Finan80 INEPAD tabelas.indd 64
4/26/13 9:24 AM
LICENCIAMENTO Data
DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (EM 1000cc
Total
UNIDADES)
% no total
+1000cc a 2000cc
% no total
+2000cc
% no total
fev/12
185.483
78.953
46,7%
104.784
56,5%
1.746
0,9%
mar/12
220.172
88.445
35,9%
129.404
58,8%
2.323
1,1%
abr/12
189.232
73.014
46,7%
114.158
60,3%
2.060
1,1%
mai/12
210.216
85.432
34,7%
122.532
58,3%
2.233
1,1%
jun/12
275.929
120.194
31,0%
153.905
55,8%
1.830
0,7%
jul/12
281.420
117.366
42,7%
162.179
57,6%
1.875
0,7%
ago/12
326.914
133.660
35,9%
191.167
58,5%
2.087
0,6%
set/12
214.351
90.205
62,4%
122.402
57,1%
1.744
0,8%
out/12
250.598
105.244
36,0%
143.910
57,4%
1.444
0,6%
nov/12
233.279
97.802
45,1%
134.278
57,6%
1.199
0,5%
dez/12
267.302
111.103
36,6%
155.168
58,0%
1.031
0,4%
jan/13
231.343
97.475
48,0%
132.707
57,4%
1.161
0,5%
fev/13
172.080
68.814
56,6%
102.250
59,4%
1.016
0,6%
Fonte: Anfavea/INEPAD
LICENCIAMENTO
POR CATEGORIA
–
AUTOMÓVEIS
Unidades 250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
1000cc
Fonte: Anfavea/INEPAD
TAXA
+ 1000cc a 2000cc
MÉDIA DE JUROS DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO COM RECURSOS LIVRES CRÉDITO PESSOAL
AQUISIÇÃO DE BENS – VEÍCULOS
0,53
74,95
-0,96
4,62 -0,15
72,03
-2,92
4,60 -0,02
71,63
-0,40
9.440
4,53 -0,08
70,08
-1,55
0,47
9.510
4,36 -0,17
66,81
-3,27
20,31
-0,39
9.654
4,46
0,10
68,78
1,97
0,05
21,09
0,78
9.794
4,50
0,04
69,56
0,78
-0,04
20,51
-0,58
9.982
4,47 -0,03
69,02
-0,54
1,56
0,00
20,47
-0,04
10.162
4,57
0,10
70,94
1,92
1,51
-0,05
19,75
-0,72
10.450
4,74
0,17
74,36
3,42
193.474
1,57
0,05
20,53
0,78
10.494
4,55 -0,19
70,57
-3,79
192.770
1,56
0,00
20,46
-0,07
10.414
4,48 -0,07
69,22
-1,35
183.480
1,86
184.576
1,71
-1,10
186.884
38,60
0,40
-0,04
38,00
2,70
-0,02
275.565
2,71
nov/12
278.776
dez/12
279.104
jan/13 fev/13
abr/12 mai/12
% a.m.
45,20
0,40
181.344
43,90
-1,30
182.757
-0,15
41,40
-2,50
-0,13
39,30
-2,10
2,73
-0,07
38,20
266.503
2,76
0,02
ago/12
270.538
2,72
set/12
271.628
out/12
3,16
0,02
3,08
-0,08
254.431
2,93
259.656
2,80
jun/12
263.702
jul/12
fev/13
75,91
-0,01
250.527
TAXA DE JUROS
0,03
0,01
1,90
246.608
mar/12
Saldo total R$ milhões
% a.a.
AQUISIÇÃO DE BENS – OUTROS
4,77 -0,05
1,92
fev/12
Variação p.p.
Variação p.p.
PESSOA FÍSICA
% a.a.
% a.a.
% a.m.
+ 2000cc
Variação p.p.
Variação p.p.
Saldo total R$ milhões
-
TAXA DE JUROS
TAXA DE JUROS Mês/ ano
jan/13
dez/12
nov/12
out /12
set/12
ago/12
jul/12
jun/12
mai/12
abr/12
fev/12
mar/12
0
% a.m.
Variação p.p.
Saldo total R$ milhões
25,58
0,09
9.313
4,82
25,41
-0,17
9.299
-0,04
24,75
-0,66
9.289
-0,15
22,57
-2,18
9.374
1,55
-0,16
20,23
-2,34
187.913
1,58
0,03
20,70
-0,60
190.876
1,55
-0,03
37,70
-0,30
190.167
1,61
0,01
37,80
0,10
190.419
1,57
2,66
-0,04
37,10
-0,70
190.778
2,65
-0,01
36,90
-0,20
193.215
283.213
2,68
0,02
37,30
0,40
287.104
2,71
0,04
37,90
0,60
Variação p.p.
Fonte: BC/INEPAD
maio 2013 FINANCEIRO 65
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palavrafinal
Por Nicola Tingas
O primeiro trimestre de 2013 revelou que a economia brasileira cresce moderadamente. Essa trajetória exibe ritmo oscilante e obstáculos diversos a serem superados, sendo o recrudescimento da alta de preços (inflação) um dos principais desafios. A recuperação poderá ser alcançada a partir do segundo trimestre. O “Relatório de Inflação” do Banco Central do Brasil, já indica crescimento moderado de 3,1 % em 2013, com significativa pressão de preços de bens e serviços que leva o Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), estimado em 5,7%, bem acima da meta de 4,5 % para esse ano. O Brasil adota o modelo de metas de inflação para a estabilidade do poder de compra de sua moeda. Baseado nas premissas desse modelo, o mercado tem precificado expectativa de alta da taxa básica de juros (Selic), entre 1,0 e 2,5% ao ano. Estima-se alterar o atual patamar de juros de 7,25% para no máximo 9,75% ao ano. Não se prevê busca do centro da meta de inflação em 2013; mas, uma convergência gradual em 2014. O governo receia inibir o crescimento econômico e busca meios de evitar uma alta da taxa básica de juros. Caso isso ocorra, deverá servir como ajuste de expectativas dos agentes econômicos e pressão discreta sobre o custo do dinheiro. A curva de juros futuros irá se ajustar para cima, elevando o custo de empréstimos à pessoa física e jurídica. Todo cuidado será no sentido de evitar barreiras à recuperação do crescimento econômico, cujas projeções do Banco Central indicam que será moderado. Analistas econômicos acreditam que é necessária uma contribuição da política fiscal com contração dos gastos correntes e aumento de eficiência e produtividade do gasto público. Trata-se de uma hipótese
de improvável efetivação no ambiente atual, de prematuro início de campanha política rumo à eleição presidencial de 2014. Corremos o risco de retomar maior crescimento econômico em ambiente de inflação elevada para os padrões internacionais. A inflação elevada reduz o real poder aquisitivo das famílias, desorganiza os preços da cadeia de insumo-produto, altera a base de custo de serviços e cria rodadas de busca de reposição da lucratividade perdida. Além disso, aumenta a incerteza e inibe o investimento. A estratégia ideal deve ser negligenciar o crescimento econômico e ser conservador, certamente não é a melhor alternativa. Até 2014, temos uma agenda de investimentos factíveis e mais esforços do governo buscando alcançar crescimento econômico maior que os 3,5% estimados para aquele ano pelas previsões de mercado (Focus – Banco Central); busca-se ritmo de crescimento econômico que pode chegar a 5% ao ano. Temos de encarar 2013 como um ano de transição, privilegiando maximizar nossa situação em termos de resultados microeconômicos, em que temos melhor domínio das variáveis que fazem parte de nossos negócios ou finanças pessoais, ambiente de menor dependência do “cenário externo” da gestão da macroeconomia do País. O melhor a fazer é buscar o equilíbrio microeconômico das finanças empresariais e pessoais de forma a garantir condições sustentáveis para o médio e longo prazo. f
Nicola Tingas é economista-chefe da Acrefi
Foto: Divulgação/Artigo enviado em abril de 2013
Crescimento com inflação
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