Samuel Pessôa: “Crescimento econômico pode não ser o principal objetivo da sociedade”
edição
88 set
O que vem por aí?
Acrefi reúne os melhores nomes da economia nacional e internacional para analisar o Brasil e o mundo em 2015
Palestrantes:
Alexandre Schwartsman
Barry Naughton
William R. Rhodes
Antonio Delfim Netto
Luiz Carlos M. de Barros
conteúdofinanceiro
8 12
18
30 Executivo:
8 9º SIAC
30
Sérgio Darcy
Acrefi reúne grandes nomes da economia para analisar o Brasil e o mundo
36 Painel Cetip 38 Mercedes Benz 11 Crédito com Garantia 42 Teatro Cetip de Imóvel (CGI) 44 Biblioteca Mário de Andrade 12 Páginas Azuis O economista Samuel Pêssoa 46 Hotel Unique avalia os erros na condução 50 Fundação Cafu da economia e seus 53 Projeto Viver efeitos perversos 18 Economista do Ano Gustavo Loyola é eleito pela Ordem dos Economistas do Brasil
20 Voz do BC:
Alexandre Tombini
53
22 Seminário Educação Financeira
24 Seminário 2
Crédito e Cobrança em Transformação
26 Seminário 3
Crescimento e Superação em Época de Incerteza
Voluntárias: Gisele Andrade e Cintia Falcão
55 INEPAD Artigos 10 William Rhodes
(Rhodes Global Advisors)
29 Rosi Vuolo (Itaú Unibanco) 32 Bruno Salama e Vicente Braga (Direito GV/SP)
35 Henrique Alves (AMC Brasil) 66 Nicolas Tingas (Acrefi) setembro 2014 financeiro
3
editorial
O Brasil dos sonhos A
s eleições estão aí e, independentemen-
que apresentarão e debaterão com os presentes
te do resultado, devem ser comemora-
ao seminário o cenário atual e, principalmente, as
das. Será a sétima eleição presidencial
perspectivas da economia para 2015 – mais um ano
seguida, uma sequência rara em nossa história,
repleto de desafios.
ainda mais porque o processo aconteceu sem
E, desta vez, além das apresentações e debates,
intervenções nem interrupções, e vem se repetin-
a Acrefi apresentará durante o 9º SIAC os resulta-
do há 25 anos. Goste-se ou não do que dizem as
dos de uma pesquisa que vai captar as expectativas
urnas, o fato é que as instituições brasileiras estão
de executivos e empresários em relação ao futuro,
cada vez mais fortes e a democracia consolida-se
já levando em conta o resultado final das eleições.
como um dos valores máximos de nossa socieda-
O 9º SIAC será, portanto, uma oportunidade
de. Desta vez, como já aconteceu anteriormente,
única de ampliar o leque de informações e, assim,
o período que antecedeu o pleito foi impactado
municiar-se para gerenciar o novo período que se
pelo imponderável. O acidente de avião em que
avizinha, em que o quadro econômico oferecerá
faleceu o candidato do PSB, Eduardo Campos,
novidades mesmo em caso de manutenção do atual
provocou reviravolta a menos de dois meses das
governo no poder.
eleições. Mas todo o processo que vai desembocar
Como se vê, novidade é o que não falta nos pró-
na abertura das urnas no dia 5 de outubro correu
ximos meses. O mais importante é que, por mais
dentro da normalidade, de acordo com as regras
diferente que seja o cenário, a sociedade demons-
do jogo. Assim, a sociedade brasileira deu mais
tra ter abraçado para valer conceitos básicos para a
uma demonstração de maturidade e de que man-
construção de um país melhor. Essa postura autori-
tém seu firme propósito de construir um país cada
za otimismo em relação ao futuro, numa caminhada
vez mais sólido e alinhado com o que há de mais
que nos leve até o Brasil com que todos nós sonha-
moderno no mundo, em termos políticos.
mos, há tanto tempo.
Evidente que, logo após o resultado das elei-
Foto: Flávio Roberto Guarnieri
ções, surgirá a pergunta: como será o País a partir de 2015? As respostas a essa dúvida certamente não são fáceis de encontrar e, por isso, ganha especial importância o 9º SIAC (Seminário Internacional Acrefi), que nossa entidade vai realizar no dia 6 de novembro, no Renaissance Hotel, em São Paulo. Com o tema “Crescer e Desenvolver”, o 9º SIAC manterá a tradição desses encontros de contar com palestrantes de alto nível, brasileiros e do exterior,
Érico Sodré Quirino Ferreira: Presidente da Acrefi
setembro 2014 financeiro
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expediente ISSN 1809-8843 Publicação da acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 – 28°andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107-7177 fax: (11) 3106-6082 – www.acrefi.org.br Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-presidentes Aquiles Leonardo Diniz, Décio Carbonari de Almeida, Felicitas Renner, José Luiz Acar Pedro, Leonardo Marcondes Dadauto, Luís Fernando Staub, Mauro Roberto Vasconcellos Gouvêa e Rubens Buttion Diretor Tesoureiro José Garcia Neto Diretor Secretário Renato Oliva Diretores regionais Carlos Alberto Samogim, Edmar Casalatina, Eliseu Colman, Leonardo Bortolini, Luis Eduardo da Costa Carvalho, Marcos Rosa, Paulo Dalla Nora, Paulo Henrique P. Guimarães e Sebastião Geraldo Toledo Cunha Diretores executivos Alexandre Teixeira, Deo Rozindo Filho, Gabriel José Gama Ferreira, Hilgo Gonçalves, João dos Santos Caritá Júnior e Ronaldo Rondinelli Montadoras Edson Fróes Castilho, Edson Tadashi Ueda, Eduardo Tavares Nobre Varella, Gunnar Alejo Ramos Murillo, Joelcyr Carmello Filho e Nelson Dias de Aguiar Diretores conselheiros José Carlos Alves, Ricardo Janini e Roberto Jabali Conselho consultivo Alkindar de Toledo, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon (membros natos); Décio Carbonari de Almeida, Flávio Antonio Meneghetti, Ilídio Gonçalves dos Santos, Miguel José Ribeiro de Oliveira, Ricardo Loureiro e Rogério Pinto Coelho Amato (membros) Conselho fiscal Domingos Spina e Sérgio Darcy (efetivos), Geraldo Lima Wandalsen e Marcus André de Oliveira (suplentes) Diretor superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Consultora Jurídica Lívia Esteves Economista-chefe Nicola Tingas Assessoria contábil AG Silveira Contabilidade Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial
Av. Brigadeiro Faria Lima, 1912, cj. 12b - Jardim Paulistano - São Paulo - SP Tel.: (55.11) 3031.2388 - CEP: 01451-000 – www.tamer.com.br Publisher Sergio Tamer Redação Editores Theo Carnier e Gilberto de Almeida Editor assistente Gustavo Girotto Repórteres Eliane Santos, Evandro Ribeiro e Patrícia Marques Fotografia Sonia Tamer, Régis Filho e Gabriel Kosman Arte Moacyr MW e Rafael Pascoal Revisor Vicente dos Anjos Impressão Eskenazi Gráfica
6 financeiro setembro 2014
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setembro 2014 financeiro
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Qualidade, respeito e Os mais renomados especialistas em economia brasileira e internacional vão se encontrar no 9º SIAC, evento internacional da Acrefi, que acontece dia 6 de novembro, em São Paulo
O
William Rhodes e Barry Naughton, vão apresentar e debater o novo cenário brasileiro e global, proporcionando uma oportunidade excepcional para quem se prepara para encarar os desafios que 2015 nos reserva”. A qualidade dos palestrantes mantém a tradição do SIAC, que ao longo dos anos firmou-se como um dos principais foros de conhecimento e debate sobre o quadro político-econômico do Brasil e do mundo. De acordo com levantamentos realizados com participantes das versões anteriores do Seminário Internacional Acrefi, as análises e os debates realizados durante o encontro se transformaram em ferramentas importantes como apoio à tomada de decisão. Nesta 9ª edição do SIAC, os participantes poderão conhecer a visão arguta e abalizada da economia e da política do Brasil este ano e as perspectivas para 2015, com os renomados economistas Delfim Netto, Alexandre Schwartsman e Luiz Carlos Mendonça de Barros. São nomes de reconhecido prestígio que, ao longo do tempo, se tornaram referências no debate da economia e suas tendências. Delfim Netto é professor emérito da Universidade de
Foto: Divulgação
s empresários e executivos do setor financeiro terão a oportunidade única de obter informações importantes para entender como estará a economia do Brasil e das principais regiões do mundo a partir de 2015. A Acrefi vai realizar no dia 6 de novembro, no Hotel Renaissance, em São Paulo, o 9º SIAC (Seminário Internacional Acrefi), com a presença de especialistas de renome para falar sobre o cenário no Brasil pós-eleição. Além disso, palestrantes internacionais analisarão o quadro atual e as perspectivas da economia mundial, com ênfase à China e aos Estados Unidos. Além das palestras e do debate, o 9º SIAC terá um atrativo extra este ano – será apresentado, durante o evento, o resultado de uma pesquisa com o setor financeiro, que mostrará como os principais executivos da área estão enxergando os rumos do Brasil depois das eleições. “O 9º SIAC acontecerá em um momento particularmente importante, logo após o primeiro turno das eleições”, recorda Érico Ferreira, presidente da Acrefi. “Especialistas de porte, como Delfim Netto, Alexandre Schwartsman, Luiz Carlos Mendonça de Barros,
Alexandre Schwartsman 8 financeiro setembro 2014
William R. Rhodes
Barry Naughton
credibilidade São Paulo (USP) e foi ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura. É considerado um dos mais preparados analistas da economia e da política do País. Já Alexandre Schwartsman foi diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e é doutor em economia pela Universidade da Califórnia, Bentley. E Luiz Carlos Mendonça de Barros é economista, ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações. Além disso, em relação à parte internacional, quem for ao 9º SIAC terá a oportunidade de ouvir William “Bill” Rhodes, professor da Brown University e ex-vice-chairman do Citigroup – cargo no qual conheceu a fundo a realidade brasileira, principalmente na época de renegociação da dívida externa do País, nos anos 1980. Além disso, os presentes poderão participar de palestra de Barry Naughton, professor da Universidade da Califórnia e um dos maiores especialistas do mundo em economia da China. Esses especialistas participarão de debate após as apresentações, sob a coordenação de Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi. O evento será apresentado pela jornalista Christiane Pelajo. Inscrições: www.acrefi.org.br/eventos/evento.asp?ID=113
Programação: Abertura – Agenda Brasil 2015–2018. Desafios do Novo Governo: Sociedade, Política e Economia CHINA – Mudança de Modelo Econômico na China: Reformas Econômicas e Fim do “Hipercrescimento”. Consequências para comércio global, investimento e crescimento ESTADOS UNIDOS – Tendências Econômicas Globais e Perspectivas para Mercado de Capitais. O impacto das crescentes taxas de juros norte-americanas nos mercados financeiros. BRASIL – Cenário Econômico e Resultados Possíveis no Futuro Próximo. Quais são os cenários alternativos para o período do novo mandato presidencial (2015–2018)? BRASIL – Economia Política e a Avanços na “Agenda Brasil 2015–2018”. Como construir uma “Agenda Social e Política” que permitirá criar condições para crescer e desenvolver? DEBATE – Visão dos palestrantes sobre riscos, desafios e oportunidades da “Agenda Brasil 2015–2018”.
Antonio Delfim Netto
Luiz Carlos Mendonça de Barros setembro 2014 financeiro
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artigoWilliam R. Rhodes
Riscos para a Estabilidade Financeira e a Necessidade Extrema de Liderança William R. Rhodes
V
astas somas de caixa de curto prazo estão agora fluindo para dentro e para fora dos mercados em busca de retorno financeiro. Temos observado crescente evidência de tomadas de risco imprudentes, o que é motivo para preocupação. Enquanto isso, para muitos mercados emergentes, a volatilidade dos fluxos de capital tem provocado mudanças substanciais na política monetária, especialmente para assegurar crescimento econômico não inflacionário. A busca generalizada por retornos é consequência da extraordinária quantidade de recursos criados pela Reserva Federal dos Estados Unidos, pelo Banco do Japão, pelo Banco da Inglaterra e pelo Banco Central Europeu. E também pelas políticas de baixíssimas taxas de juros perseguidas por essas instituições e suas garantias de continuidade de políticas monetárias frouxas. Na primavera de 1997, fiz uma apresentação em uma conferência do William R. Rhodes: Encontro Anual do Banco Interamepresidente e CEO da William ricano de Desenvolvimento, em que R. Rhodes Global Advisors, alertei dos iminentes riscos da crise LLC. Foi senior vice-chairman financeira asiática. Então, na véspera do Citigroup. da Grande Recessão, em março de 2007, e novamente em março de 2008, escrevi artigos para o Financial Times que evidenciaram minha visão dos cumulativos riscos para a estabilidade do sistema financeiro internacional. Em cada vez minha avaliação foi amplamente ignorada. Agora, eu acredito que uma vez mais estamos diante de crescentes riscos para a estabilidade do sistema financeiro global. Agora, na medida em que nós percebemos a erosão da prudência dos padrões de gestão de risco, devemos estar alertas de que a principal causa das crises financeiras passadas tem sido esquecida por muitas
10 financeiro setembro 2014
instituições financeiras. Eu acredito ser importante que os executivos das principais instituições financeiras e seus conselhos de administração, como também as agências reguladoras e de supervisão, persistam em ações que possam assegurar um comportamento prudente nas decisões de tomadas de risco e uma cultura que construa credibilidade pública e contribua para a solidez do sistema financeiro. Enquanto isso, que direção devem tomar um governo dos mercados emergentes e os bancos centrais nessas circunstâncias? Eu escrevi sobre essa questão central em meu livro Banqueiro do Mundo – Lições de Liderança da Linha de Frente das Finanças Globais. Lá, assinalei que governos e bancos centrais devem reconhecer a extrema velocidade das transações nos mercados financeiros, os riscos de contágio quando a crise se inicia, e a necessidade de garantir políticas de reforma orientadas para o crescimento que tenham apoio da população. Liderança é a chave. Eu relembro quando no final dos anos 80, eu e outros trabalhamos com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Nicolas Brady, para formular o que ficou conhecido como o “Plano Brady” para solucionar a crise da dívida da América Latina. O sucesso dependeu da habilidade e da determinação dos líderes da região. No início dos anos 1990, identificamos o ministro da Fazenda do Brasil, depois presidente, Fernando Henrique Cardoso, como um líder crucial nessa ocasião. Finalizamos uma reestruturação “Brady” e foi anunciado o “Plano Real”. Foi um sólido programa anti-inflacionário e pró-crescimento que convenceu os brasileiros de que havia condições para o crescimento interno; ele obteve amplo apoio popular; e colocou em prática os fundamentos para uma era dinâmica de desenvolvimento econômico brasileiro. Ele estabeleceu um exemplo que muitos deveriam seguir nesses tempos difíceis. f
comissãoACREFI
CGI
Acrefi cria comissãoCGI CGI CGI CGI CGI CG CGI CGCGI CGI CGI CG para CGI CI CGI CGI CGI CGI discutir oCGI CGI CGI CGI CGI C Crédito com Garantia de Imóvel, em breve, pode se tornar tão conhecido quanto o Crédito Consignado
E
m reunião no dia 8 de setembro, a Acrefi criou uma comissão para discutir questões relacionadas ao CGI (Crédito com Garantia de Imóvel). O presidente do novo colegiado é Laercio Souza, gestor de Crédito com Garantia de Imóvel do Banco Daycoval. O CGI é um produto que já existe no mercado, mas ainda é relativamente pouco conhecido pelo cliente pessoa física. Ele pode ser uma opção de crédito para quem tem um patrimônio imobilizado e quer dar esse bem como garantia para financiar um sonho ou um projeto de vida – reformar a casa, viajar, custear o estudo dos filhos no exterior, reorganizar as finanças e até mesmo empreender. Imagina-se que em pouco tempo o CGI pode se tornar uma alternativa financeira tão conhecida como é atualmente o Crédito Consignado. O CGI permite crédito de até 60% do valor do imóvel dado em garantia. Cada instituição terá suas características, como, por exemplo, valores de R$ 50 mil até R$ 1 milhão, prazos de quitação de até 15 ou 20 anos e taxas de juros diferenciadas. Embora não seja uma novidade no mercado de crédito, o CGI ainda é um produto que precisa que sua regulamentação, metodologia e mecanismos passem a ser mais difundidos no mercado e mais conhecidos pelo cliente pessoa física. É importante atentar que, sendo uma operação de crédito e com a garantia em alienação
fiduciária, em caso de não pagamento, o bem responde pela liquidação da dívida. No entanto, o objetivo das instituições de crédito é oferecer mais uma opção que possa ajudar os clientes a realizarem seus sonhos ou projetos por meio de crédito com taxas competitivas. f
Laercio Souza: presidente da Comissão do CGI da Acrefi setembro 2014 financeiro
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entrevistadomês
“Nas eleições, ganhe quem g as expectativas vão melho Ex-petista militante nos anos 1980, o economista e físico Samuel Pessôa tornou-se, nos últimos anos, uma das principais vozes do PSDB quando se fala em economia. “Deixei o PT na virada dos anos 1990 porque passei a discordar de várias posturas do partido”, conta. Essa postura crítica acentuou-se durante o governo Dilma, principalmente quando se optou pela “nova matriz econômica” que, na avaliação de Pessôa, “foi um desastre”.
A
Por Theo Carnier e Gustavo Girotto Fotos: Régis Filho
pesar de muitas restrições, ele elogia algumas (poucas) medidas adotadas por Dilma Rousseff, como a regulação para o fundo de pensão de funcionários públicos. Mas, no geral, avalia que os erros na condução da economia foram muitos e com efeitos perversos provocando, entre outros malefícios, a volta da inflação e a perda de confiança que inibe o consumo e adia os investimentos. Samuel Pessôa contesta a tese de que o atual quadro econômico seja consequência do cenário externo. “Como defender essa tese, se somos uma das economias mais fechadas do mundo?”, pergunta. Ele prevê mudanças para evitar uma piora e considera que a guinada deverá acontecer mesmo no caso de reeleição da Presidente Dilma. Leia, a seguir, a entrevista. Revista Financeiro: Qual a sua avaliação sobre o baixo crescimento? Samuel Pessôa: O assunto merece ser analisado com cuidado. Não acho que o Presidente da República tenha obrigação de entregar crescimento.
que o Fernando Henrique Cardoso foi o melhor Presidente da República da História do Brasil. Então, crescimento é um dos ingredientes, mas não é o único nem necessariamente o mais importante. O fato de o crescimento ter uma queda no período da Presidente Dilma, em princípio, é ruim, porque o País precisa crescer, mas é preciso verificar bem as circunstâncias e a partir daí fazer uma avaliação.
RF – Por quê? Pessôa – Veja o governo FHC. Ele entregou o
RF – Antes de falar sobre as agendas, não seria importante verificar também o peso do cenário externo?
Brasil com um crescimento, em média, baixo. Acho
12 financeiro setembro 2014
RF – Mas o crescimento tem grande importância, não?
Pessôa – Do ponto de vista estrutural, crescimento pode não ser o principal objetivo da sociedade. Estamos em uma democracia, governos são eleitos porque eles fazem o que a média da sociedade quer. E é possível que a média da sociedade não queira, muitas vezes, crescer. Existem hoje na formulação da política econômica brasileira duas agendas, muito diferentes. E para entender a desaceleração da economia, que vem ocorrendo de 2009 para cá, temos que entender essas duas agendas.
ganhar, orar”
Pessôa – Acho importante lembrar a discussão sobre o papel da desaceleração mundial na nossa economia. Existem duas posições extremadas em relação a esse impacto: uma delas atribui a retração do crescimento à desaceleração da economia mundial; mas há outro grupo, no qual me incluo, que avalia que a desaceleração recente no Brasil é fruto mais dos impactos ruins da alteração do regime de política econômica, que começou de forma muito intensa em 2009. RF – Como foi essa mudança? Pessôa – O ministro Guido Mantega demonstrou, na forma como ele foi colocando a sua agenda de política econômica, muito senso de oportunidade. Sem nenhuma conotação pejorativa. Acho que quando se é um formulador de política econômica é preciso ter sensibilidade política, não é só uma questão técnica. E o ministro Mantega mostrou essa habilidade. Quando ele entrou, em 2006, encontrou uma política econômica que não era a dele, tocou o barco com competência, e esperou o momento oportuno para alterar a política econômica na direção que ele avalia que seja a mais adequada.
RF – Quer dizer, não trouxe mudanças imediatas. Pessôa – Houve uma defasagem temporal. Uma ou outra mudança ocorreu logo no início, mas o pacote completo, que o Mantega viria a chamar de nova matriz econômica, começou em 2009. Esse pacote passou a ser uma política institucionalizada, nomeada, apenas em 2011.
RF – E impactou o crescimento. Pessôa – Minha explicação para uma redução tão profunda do crescimento no período Dilma é que os impactos ruins da nova matriz econômica sobre a eficiência da economia se materializaram. Mas aí temos o debate: “Será que não foi a situação internacional? Será que foi apenas a nova matriz econômica? Ou foram as duas coisas ao mesmo tempo?”
RF – Qual a sua opinião em relação a esse debate? Pessôa – Acho que não se pode atribuir a retração ao cenário externo. Por dois motivos: o primeiro é que a economia brasileira é das mais fechadas do mundo, sob qualquer critério. Então, como é que justamente uma economia tão fechada teria sido tão sensível ao quadro internacional? O segundo motivo é que o boom no preço de commodities está acontecendo agora.
RF – Esse boom no preço das commodities não aconteceu antes? Pessôa – Não. Os termos de troca hoje estão em valores muito mais elevados do que nos tempos dos governos Lula e FHC. É um fenômeno pós-crise de 2008. As commodities estavam aumentando, mas tudo em dólar estava em alta. Existia a inflação em dólar, porque a moeda norte-americana estava se desvalosetembro 2014 financeiro 13
entrevistadomês rizando em consequência do déficit de transações correntes nos Estados Unidos. Com desvalorização do dólar acontece inflação no mundo.
RF – Esse cenário cria mesmo uma alta geral dos preços. Pessôa – Quando consideramos os termos de troca, que é a relação entre a pauta exportadora e a pauta importadora, houve um aumento no período pré-crise, mas não foi um boom.
RF – Esses dois fatores derrubam a tese de que a cena externa está travando o crescimento? Pessôa – Sim. O Brasil, com uma economia tão fechada e hoje com termos de troca os mais elevados dos últimos 50 anos, teria parado de crescer por causa do resto do mundo? Não faz sentido. Na minha avaliação, a retração no Brasil é por efeitos ruins da nova matriz econômica. RF – Formou-se um quadro que é o oposto do que ocorria no governo Lula. Pessôa – No governo FHC crescemos em média 2,3% ou 2,4% e com Lula o crescimento foi de 4%. Por quê? No meu entender, o crescimento obtido pelo Lula é efeito das reformas institucionais feitas por Fernando Henrique Cardoso. Foi um longo processo de construção institucional que talvez tenha começado com o fim da conta-movimento no governo Sarney, a criação da Secretaria do Tesouro e de vários passos importantes na administração do ministro Antonio Palocci na área de crédito.
RF – Esse ciclo virtuoso foi interrompido no governo Dilma? Pessôa – Acho que o governo Dilma fez também coisas importantes. Recapitulando, considero que o primeiro governo Lula foi muito bom. Mas que a partir de 2009, na formulação da política econômica, houve um pequeno desastre, que é essa nova matriz econômica.
RF –Mesmo assim o senhor considera que houve progressos no governo Dilma? Pessôa – Na linha das mudanças institucionais que melhoram a eficiência da economia, a Dilma fez algumas coisas. Duas medidas dela são importantes, de alcance de longo prazo: a regulamentação do fundo de pensão do funcionário público e a mudança na forma de remuneração da caderneta de poupança.
RF – Apesar desses pontos, o senhor é crítico da política econômica? Pessôa – Muitos consideram que sou injusto ao atribuir os problemas atuais da economia a mudanças na matriz econômica. E também consideram injusto que eu atribua a fase positiva do governo Lula à colheita de frutos das medidas no governo FHC. Essas pessoas consideram que essa postura é falha porque há um problema de assimetria, já que o ganho de eficiência demorou muito para ser colhido, enquanto as consequências da ineficiência fizeram-se sentir de maneira muito mais rápida.
RF – Como o senhor se contrapõe a essa postura? Pessôa – Essa relação é assimétrica mesmo. É como acontece com a reputação, que é superassimétrica: demora para se construir, mas é destruída muito facilmente. Acho que efeitos das instituições sobre a economia são assim também – é fácil de destruir e difícil de construir.
RF – O senhor poderia detalhar como a nova matriz econômica causou tantos prejuízos? Pessôa – Boas instituições têm dois componentes. O primeiro é que elas 14 financeiro setembro 2014
“Destruíram-se as finanças públicas – o superávit primário este ano, se bem medido, deve ficar próximo de zero – e se impossibilitou a capacidade dos empresários de projetar o futuro” têm que fazer o que os economistas chamam de alinhamento de incentivos. Em outras palavras, elas têm que fazer com que o retorno privado que resulta das ações dos indivíduos seja parecido, alinhado, com o retorno para a sociedade que resulta dessas mesmas ações. O segundo ponto é que marco institucional regulatório que gere eficiência da economia tem que dar horizonte, tem que facilitar que a sociedade faça trocas intertemporais. Quase tudo o que se faz na vida envolve trocar o presente pelo futuro de alguma forma. Portanto, se você tem uma institucionalidade que potencializa a incerteza natural do ambiente econômico, dificulta-se muito o funcionamento da economia. A nova matriz econômica teve efeito particularmente ruim em dificultar as trocas intertemporais. Principalmente no que ela destruiu do regime de política macroeconômica.
RF – Com a nova matriz a mudança foi muito profunda?
Pessôa – Até a nova matriz vínhamos em um processo de liberalização da economia. Desde o governo Collor, embora de forma atabalhoada, essa agenda de liberação vinha melhorando as instituições nos dois componentes que citei anteriormente. Em particular, quando você tem um regime macroeconômico balizado por metas de inflação, com mecanismo de fixação de juros para garantir que a inflação fique dentro na meta, além da fixação de superávit primário suficientemente elevado para garantir que a dívida pública reduza e o câmbio se mantenha flutuante. RF – Tudo isso, no entanto, mudou no governo Dilma. Pessôa – De repente vem uma agenda que diz: ”Eu quero baixar os juros na marra”. Por quê? Por conta de alguma leitura heterodoxa da formação da taxa de juros no Brasil. Conheço duas dessas teorias, mas pode haver mais por conta da criatividade da heterodoxia: uma é de equilíbrios múltiplos, segundo a qual você poderia ter um mesmo conjunto
mais dinheiro ainda para o BNDES para emprestar baratinho para a Petrobras. Quebra o setor sucroalcooleiro. E é preciso dar mais dinheiro para o BNDES para que o banco tente resgatar as usinas.
RF – Criou-se um círculo vicioso. Pessôa – A lógica de funcionamento do sistema deixa de funcionar e começa a gerar problemas em cascata. Cada problema em cascata vai exigir um esparadrapo e, para piorar, cada esparadrapo que se coloca vai gerar, um ano à frente, problemas que vão exigir três esparadrapos, e por aí vai. Acontece uma progressão geométrica dos problemas. Você tinha um sistema em que se interferiu de forma discricionária. Com isso, destruíram-se as finanças públicas – o superávit primário este ano, se bem medido, deve ficar próximo de zero – e se impossibilitou a capacidade dos empresários de projetar o futuro.
RF – Fica muito difícil sem ter essa projeção do futuro. Pessôa – O futuro é sempre incerto. Mas os sistemas estabelecem regras de resposta das diversas variáveis econômicas a diferentes cenários. Se o sistema estiver funcionando bem, você consegue pelo menos isso, construir cenários. Se não existe sistema, se tudo é discricionário, é impossível tomar uma decisão de investimento. Então as expectativas ficam péssimas, o horizonte encurta e o investimento despenca.
de fundamentos macroeconômicos produzindo em equilíbrio diferentes taxas reais de juros. Se estiver num equilíbrio considerado “ruim”, ou seja, em que com esses fundamentos o juro é alto, forçando-se um pouco a mão seria possível chegar ao equilíbrio “bom”, em que com os mesmos fundamentos eu teria um juro baixo.
RF – É muita criatividade. Pessôa – Folha branca de papel aceita tudo. É fácil escrever modelinhos que geram equilíbrios múltiplos. A outra teoria heterodoxa diz: o importante não é o nível do juro real, mas sim a variação do juro real. Então, a economia sentiria nesse caso quando o juro cai ou quando o juro sobe. Assim, por essa teoria, havendo uma oportunidade deve-se baixar bastante a taxa de juro porque, quando a gente quiser subir, não será preciso subir tanto.
RF – Essa visão parece ter prevalecido. Pessôa – Essa agenda em relação à formação da taxa de juros acabou vindo, e se forçou uma queda da taxa. Evidentemente, a inflação começou a fugir do controle, mas em vez de reconhecer o erro preferiu-se persistir nele. Começou-se a se controlar preços de utilidades públicas e de tarifas importantes. Mas o sistema tem uma lógica, que foi quebrada. Ao quebrar a lógica com a entrada da agenda heterodoxa, problemas começam a aparecer. Mas o governo preferiu persistir no erro. Aí, começou a controlar tarifas e com isso passou a gerar problemas na Petrobras. Em consequência, tem que dar
RF – Qual seria a fórmula recomendável para reduzir a carga tributária? Pessôa – Há duas agendas nessa direção. A primeira é o ensaio do nacional desenvolvimentismo ou a nova matriz econômica, que acho que deu com os burros n’água. Aliás, eu li outro dia uma entrevista da professora Maria da Conceição Tavares, em que ela desembarca do nacional desenvolvimentismo, fato que achei superinteressante.
RF – Surpreendente? Pessôa – Isso, surpreendente! Achei uma enorme demonstração de inteligência da Conceição Tavares. Eu discordo dela em várias coisas. Porém ela é obviamente uma mulher muito inteligente.
RF – O senhor já foi do PT? Pessôa – O Bernard Appy – que é meu amigo e foi um técnico muito bom no ministério da Fazenda no governo Lula, somos amigos de infância – fala “Samuel, você é maluco. Você era petista e quando fomos para o governo você deixou de ser petista!”
RF – Por que você deixou de ser petista? Pessôa – Deixei de ser na virada dos anos 1990 porque algumas coisas me incomodaram, como quando o PT deixou de assinar a Constituição de 1988; incomodou quando o PT não aceitou participar do governo Itamar Franco; e, mais, quando expulsou Luiza Erundina, Aírton Soares e a Bete Mendes. Aí quando veio o Plano Real e o PT foi contra, ficou impossível permanecer. O plano é algo belíssimo, uma matriz teórica feita por economistas brasileiros brilhantes, como André Lara Resende e Pérsio Arida, iria funcionar, estávamos numa crise hiperinflacionária que trazia um mal imenso para a sociedade e acho que o PT foi mesquinho ao não dar seu peso político no momento em que o País precisava. Foram pobres de espírito. Acho que o PT, de fato, no governo FHC, fez uma oposição destrutiva, postura que o PSDB nunca teve com o governo do PT.
RF – O senhor chegou a ser filiado ao PT? Pessôa – Fui, eu era filiado! setembro 2014 financeiro 15
entrevistadomês RF – Então é um dissidente (risos)? Pessôa – Eu era do diretório do bairro de Perdizes. O Rui Falcão (atu-
RF – E os juros? Pessôa – A questão dos juros terem ido para
al presidente nacional do PT) fazia parte desse diretório. Fui me tornando economista e conforme o PT foi se aprofundando em uma oposição muito destrutiva, em um momento de hiperinflação do País, eu fui me afastando. Aproximei-me de novo no primeiro governo Lula, quando eu assessorava o Tasso Jereissati. Foi um período de muita colaboração entre a bancada tucana e iniciativas do governo Lula. A bancada tucana foi muito colaborativa, pois votamos a favor do Prouni, da minirreforma tributária, da Previdência, apoiamos todas as iniciativas. O primeiro momento em que fomos contra foi na votação da CPMF.
30%, 40% é uma enorme desonestidade intelectual que os petistas têm com a gente. Acho que os petistas fazem o debate político no limite do que é aceitável, levam a disputa política de forma muita violenta, não é simétrico. Tem gente que diz que é ‘igualzinho’ ao que fez o PSDB, mas não acho que é igual. Quando o PSDB é oposição, e isso ficou claro no primeiro governo Lula, tem outro procedimento, outra forma de levar a disputa política que não é na violência nem tratando o oponente como inimigo. Não queremos destruir os petistas.
RF – O PT faz muitas críticas à gestão FHC. Uma delas é que o Armínio Fraga, quando assumiu o BC, elevou a Selic de 25% para 45%, diante da crise da Ásia. Outra crítica sobre a privatização. Pessôa – Privatização é governar de frente para o povo, porque ela melhorou diversos serviços que todos nós usamos e o povo mais pobre usa. Eu não vejo nenhum conflito entre privatização, concessão de serviços de utilidade pública, parcerias público-privadas e o bem-estar da população. Acho que esse é um ponto que ninguém reparou. É inegável que houve uma reação da população a algumas privatizações, e os governos petistas e as campanhas usaram isso. Ninguém reparou que isso pode estar associado a um fenômeno que é o aumento da carga tributária. RF – Qual a relação entre as duas coisas? Pessôa – O País saiu da redemocratização destruído, tivemos o fim do regime militar que se alongou muito. Note-se que a gente teve um ciclo de liberalização com FHC, depois a colheita do crescimento com Lula, crise externa, estatização e perda de eficiência com Dilma, e no regime militar tivemos o mesmo ciclo: liberalização com Castello Branco, colheita do crescimento com Médici, crise internacional com a triplicação do petróleo em 1973, estatização com Geisel e a estagnação da economia. Talvez o governo João Figueiredo seja uma boa previsão do que seria um segundo governo da Dilma.
RF – E a privatização? Pessôa – Saímos do governo Sarney com o País destruído e quando fomos para a privatização, tivemos que privatizar e recompor todas as tarifas e as finanças públicas. Tivemos que organizar as finanças estaduais, os Estados tinham quebrado, bancos estaduais também, e qual foi a forma que os políticos e a sociedade encontraram? Aumentar muito os impostos sobre alguns setores de utilidade pública em que a tributação é fácil, então passamos a tributar muito a energia elétrica, a telefonia e esses serviços que são fáceis de ser tributados. Então a gente privatizou e aumentou a carga tributária, não é que a tarifa ficou cara porque privatizou, a tarifa líquida do imposto caiu, inclusive porque a eficiência do serviço explodiu em relação ao que era antes.
RF – É difícil a população entender esse processo. Pessôa – É difícil você querer que a sociedade entenda isso: que a conta de luz está cara não porque a empresa privatizada está ficando rica, mas sim porque você teve que pegar uma parte grande do ajuste fiscal dos Estados e jogar em cima da conta de luz. Esse é um problema que a gente tem porque criou-se esse estigma para a privatização por conta desses fenômenos.
16 financeiro setembro 2014
RF – O PSDB poupou o Lula naquele momento crítico do mensalão. Pessôa – A gente nunca jogou pesado com isso. Temos aquele episódio superesquisito, dos jovens promotores do Ministério Público, em cima de gestores do governo FHC. Eles nunca acharam nada. O caso do Eduardo Jorge é impressionante. No PT você nem procura um pouquinho e já começa a achar prova material. Os promotores jovens ficaram em cima do Eduardo Jorge. Essa indústria de dossiê que o PT teve com os “aloprados”. Eu me lembro de um tempo em que eles intermediaram um dossiê que era para destruir o Mário Covas. A gente nunca fez isso. Os “aloprados” eram coisa que não existia, o dossiê do Mário Covas era uma coisa que não existia, o do Eduardo Jorge não existia, foram procurar onde quiseram e não acharam nada. RF – A atitude do PT, então, é bem diferente? Pessôa – Acho que o PT leva a disputa política em um nível de violência, agressividade, dizendo que o mundo os persegue e por isso têm que se defender, Acho que isso é ruim para a democracia brasileira. E faz parte dessa enorme desonestidade intelectual que o PT tem com quem pensa diferente deles. Esse discurso que chamei de a numerologia dos governos: a inflação média do governo FHC é possível que tenha sido menor que a do governo Lula; agora a inflação média do governo FHC compara com o período anterior. A gente tem que lembrar que governar é um processo, na sociedade é um processo histórico, a nossa sociedade graças a Deus evolui e acho que o primeiro governo Lula é um enorme degrau no processo de evolução da nossa sociedade – como um governo de esquerda, fiscalmente responsável, que vai fazer sua política social sem destruir as contas públicas, e eu acho um enorme progresso.
RF – A estabilidade agora está sob risco? Pessôa – Isso eles começaram a colocar em xeque a partir de 2009, quando entrou essa agenda
lhorando, no final começou a piorar e pioramos muito nesses últimos anos de governo Dilma. Apesar de haver uma ou outra área em que tivemos progresso.
“Fui me tornando economista e conforme o PT foi se aprofundando em uma oposição muito destrutiva e de um momento de hiperinflação do País, eu fui me afastando” da nova matriz econômica. O fato de os números do governo Lula, em comparação a diversos indicadores da gestão FHC, eu acho normal, não fazem mais que a obrigação. O País estava melhorando, é claro que os números do governo Lula são superiores. A pergunta que a gente tem que fazer é: os números do governo Lula, dadas às condições que ele enfrentou, melhoraram o que podia melhorar? Os números do governo FHC, dadas às condições que ele tinha, melhoraram o que podia melhorar? Os números do governo Dilma melhoraram o que podiam melhorar?
RF – Nessa linha, é possível fazer comparações mais corretas? Pessôa – Quando falo as condições que enfrentaram, são duas coisas: a primeira é de onde você parte e qual é o legado que você tem. E a segunda, qual é o ambiente internacional com que você se defrontou. Se nós nos debruçarmos honestamente sobre o governo FHC, pelo legado dele, de onde partiu e as condições internacionais que ele enfrentou, e o legado que ele passou para o Lula, é uma herança bendita, com todos os problemas. Para dar um número importante, o superávit primário que o FHC legou ao Lula foi de 2,85% do PIB, sem receita extraordinária. A Dilma vai legar para ela, ou para quem ganhar a eleição depois dela, alguma coisa perto da casa de 0,3% do PIB. RF – Um dado comparativo relevante. Pessôa – No governo Lula continuamos me-
RF – Em caso de reeleição da Dilma, o senhor acha que teremos uma manutenção do atual modelo econômico? Pessôa – Acho que a Presidente Dilma deu demonstração de capacidade de aprendizado em algumas áreas. Deu mais autonomia para o Banco Central para fazer a política de juros, e aprendeu muito na questão regulatória das concessões. São duas boas notícias que temos, acho que houve aprendizado. Eu não sei o quanto ela tem consciência da dificuldade da situação fiscal que temos hoje, isso não está claro. RF – Como se arrumaria a questão fiscal? Pessôa – É bem simples (risos...). Brincadeira, é hipercomplicado, mas o conceito dá para entender: a gente vai ter este ano um superávit primário, vai ter 0,6% de descontos para obras do PAC e desonerações, vai fazer 1% e 3% – 0,3%, 0,4% de primário “limpo” e 0,9% de receitas extraordinárias. O que são receitas extraordinárias? Refis, outorgas e antecipação de dividendo. Essas três rubricas vão dar alguma coisa este ano próxima de 0,9 ponto percentual do PIB. A gente tem que construir um superávit primário de 2,5% no horizonte de dois ou três anos, sem receitas extraordinárias. Eu não sei em que medida a Dilma tem consciência da dramaticidade dessa situação. Ao ganhar a eleição, ela vai sinalizar de forma muita clara como deve fazer isso. Ela tem que sinalizar e já ir fazendo alguma coisa. Se ela não fizer isso, mesmo que ela execute tudo certo, tem o risco de o País ter a sua nota de crédito rebaixada dentro de um ano.
RF – Que efeito essa situação teria? Pessôa – Como estamos no limite de deixar de ser grau de investimento, o rebaixamento agora tem uma implicação qualitativa, não só quantitativa. Vamos mudar de qualidade e, ao mudar, uma série de investidores institucionais vai ser obrigada a tirar seu dinheiro daqui por questões contratuais, de governança de seus fundos. Isso vai gerar uma corrida no câmbio, processo inflacionário e muitos problemas. Se a Presidente for reconduzida, ela precisa atuar com clareza no front fiscal, senão vamos para um downgrade.
RF – Temos ainda a variável dos juros. Pessôa – A dúvida que todo mundo tem é: quando vai começar um novo ciclo da Selic? Ele será para cima ou para baixo? Isso vai depender da extensão dessa desinflação que a gente vai ter daqui ao final do ano. Acho que fecha em 6,5%, se a Dilma ganhar. Porque se vencer, qualquer espaço que tiver para dar aumento de preço para Petrobras, ela vai dar. Então vejo até o fim do ano um processo mais benigno. Meu número, sem aumento de gasolina, é algo entre 6,3% e 6,4%.
RF – E para 2015? Pessôa – No ano que vem, ganhe quem ganhar, as expectativas vão melhorar. Caso a Dilma seja reeleita, espero que ela faça uma programação fiscal rígida. Espero que ela convença o mercado de que em dois ou três anos caminhemos para um superávit limpo, de receitas extraordinárias na casa de 2% ou 2,5% do PIB, que não sejamos rebaixados, que a coisa melhore e a economia se recupere. Se isso acontecer, a Selic no próximo ciclo talvez vá para cima, pois o investimento vem forte. Essa queda na atividade ainda não é uma redução de consumo, que vai bem, obrigado. A economia este ano deve crescer 0,5% e o consumo, 2%. f setembro 2014 financeiro 17
prêmio
Gustavo Loyola: Economista do Ano Ex-presidente do Banco Central e atual sócio-diretor da Tendências Consultoria é eleito pela Ordem dos Economistas do Brasil
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conomista e sócio da Tendências, Gustavo Loyola foi eleito, com 47,15% dos votos válidos, “Economista do Ano de 2014”, premiação da Ordem dos Economistas do Brasil, em votação direta. A cerimônia de entrega do prêmio aconteceu no dia 11 de agosto, em São Paulo. Segundo o presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia, “os economistas reconheceram o trabalho que Loyola vem desenvolvendo ao longo desses anos”. Gustavo Loyola é doutor em Economia pela Escola de Pós-Graduação da Fundação Getúlio Vargas, onde também cursou mestrado. Ele exerceu a presidência do Banco Central por duas vezes (entre 1992 e 1993 e de 1995 a 1997) e foi diretor de Normas do Mercado Financeiro do BC. Atualmente, além das atividades na consultoria (é sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada), participa de conselhos de administração de empresas brasileiras. Entre suas várias atividades, Loyola ficou conhecido como um dos mentores do Programa de
18 financeiro setembro 2014
Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), que recuperou bancos com problemas de caixa. Participou de várias reuniões e seminários internacionais na área de regulação financeira representando o Brasil, promovidos por entidades como FMI (Fundo Monetário Internacional) e BIS (Banco Internacional de Compensações Financeiras), em Basileia, Suíça. Na área acadêmica, Gustavo Loyola foi professor de Teoria Monetária e Macroeconômica da FGV, em São Paulo, em 1988 e 1989. Escreveu também o livro Preços Relativos em um Processo Inflacionário, em 1991, pela Editora da FGV. Atualmente é também colunista de publicações, como o jornal Valor Econômico. Loyola tem se mostrado cético em relação à política econômica do governo Dilma. Ele acredita que a tendência no mercado internacional é de que haja liquidez mais restrita, com aversão ao
risco, principalmente com as mudanças na estratégia econômica dos Estados Unidos. Nessa situação, Gustavo Loyola enxerga problemas para países “que não estejam fazendo a lição de casa na macroeconomia, como o Brasil”. Na avaliação de Loyola, a economia brasileira vem perdendo dinamismo, com mercado de trabalho menos aquecido, crescimento mais lento do crédito, confiança em queda, que fazem consumo e investimento perder força, inflação acima da meta de maneira recorrente e riscos setoriais em alta em áreas como energia elétrica e petróleo. As eleições de outubro podem trazer mudanças importantes, na análise do Economista do Ano 2014, desde que o(a) Presidente eleito(a) consiga mostrar aos investidores que a política econômica vai mudar para ser mais sustentável nos próximos anos. Para ele, existem convergências entre o pensamento econômico de Eduardo Giannetti
Gustavo Loyola: ex-presidente do Banco Central e atual sócio-diretor da Tendências Consultoria
da Fonseca, apontado como principal assessor de Marina Silva em relação à economia, e Armínio Fraga, que comanda a equipe econômica que apoia o candidato Aécio Neves, do PSDB. Quanto a Dilma, a dúvida seria sobre uma possível mudança da atual política, com redução do in-
“A economia brasileira vem perdendo dinamismo, com mercado de trabalho menos aquecido, crescimento mais lento do crédito, confiança em queda, que fazem consumo e investimento perderem força” tervencionismo e solução para a questão fiscal. Gustavo Loyola prevê que o PIB vá fechar o ano com alta de 0,6% e que em 2015 o índice será de 1,5%. Para a inflação medida pelo IPCA a estimativa é que a alta seja de 6,3% neste e no próximo ano. Suas previsões são mais pessimistas em relações a outros índices importantes, como desemprego (4,8% em 2014 e 5,0% em 2015); taxa de juros Selic (11,0% e 12,25%); taxa de câmbio (R$ 2,45 por dólar e R$ 2,60); e déficit em conta-corrente (US$90,0 bilhões e US$ 93,40). Essas estimativas seriam válidas principalmente no caso de reeleição da Presidente Dilma. O Prêmio Economista do Ano também homenageou José Francisco de Lima Gonçalves, na categoria Economista-Chefe; Monica Baumgarten de Bolle, como Economista Homenageada; David Kupfer, com Menção Honrosa; e Mara Luquet, como Jornalista Econômico. A Comissão de Apuração foi composta pelos economistas Juarez A. B. Rizzieri, presidente, e Modesto Stama, secretário executivo. f setembro 2014 financeiro 19
vozdoBC
15 anos do SCR É
com grande satisfação que participo do evento em comemoração aos 15 anos do Sistema de Informações de Créditos do Banco Central (SCR). Nesses últimos 15 anos, o Brasil passou por importantes transformações econômicas e sociais, com a consolidação da estabilidade macroeconômica, a ampliação do emprego e da renda e a redução da desigualdade social. Ao mesmo tempo, adotamos importantes reformas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional, incluindo o aprimoramento regulatório em linha com a evolução do arcabouço prudencial global, a criação de novos instrumentos de captação e crédito, a redução dos riscos legais e adotamos políticas para a promoção da inclusão financeira. Tudo isso contribuiu para o aprofundamento do mercado de crédito no País, que se expandiu nesse período de pouco mais de um quarto para os atuais 56% do PIB, com reflexos positivos para a economia. SCR cumpriu um importante papel nesse processo, ao contribuir para assegurar o desenvolvimento sustentável do mercado de crédito e a solidez do Sistema Financeiro Nacional. O SCR é uma das mais importantes ferramentas de trabalho do Banco Central do Brasil. A sua adoção há quinze anos permitiu um acompanhamento muito mais abrangente e tempestivo das operações de crédito realizadas pelas instituições financeiras e, com isso, contribuiu para uma profunda transformação na supervisão prudencial do Sistema Financeiro Nacional. O foco mudou; passou a ser o risco incorrido pelos bancos e os potenciais impactos à estabilidade financeira, e não mais apenas o mero cumprimento de normas e regulamentos. A supervisão ficou mais abrangente, eficiente e eficaz. A partir desse banco de dados, aperfeiçoamos os nossos trabalhos de inteligência, fortalecendo a integração das atividades de monitoramento e de supervisão. O monitoramento amplo, contínuo e analítico das operações de crédito, capaz de identificar com maior precisão potenciais fontes de vulnerabilidades ou mesmo irregularidades, contribuiu para aumentar o foco e reduzir o tempo de execução dos trabalhos em campo. O sistema trouxe também inúmeros benefícios para o monitoramento da estabilidade financeira. Permitiu, por exemplo, a realização de testes de estresse abrangentes, de estudos sobre o comprometimento de renda das famílias e das empresas, e a análise da qualidade do crédito por safras de empréstimos. Esse rol de informações disponíveis possibilitou a realização de diagnósticos mais rápidos e precisos, o que contribuiu para ações corretivas tempestivas, seja no âmbito exclusivo de uma instituição financeira, de um
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nicho de mercado ou mesmo de todo o sistema. Essa riqueza de informações é de fundamental importância para a definição e o ajuste de decisões e políticas envolvendo o SFN e em especial o mercado de crédito. Foi fundamental, por exemplo, na crise, na implementação de ajustes macroprudenciais em 2010, e, hoje, já nos permite observar, na margem, após as medidas prudenciais recentemente adotadas, aumento no volume de concessão de crédito, em especial, em linhas como financiamento de veículos e capital de giro. O SCR foi uma iniciativa pioneira. Hoje, é uma referência internacional, que contribui para reforçar a qualidade da nossa supervisão e a solidez do nosso sistema financeiro. Por isso, recebemos com frequência visitas e pedidos de assistência técnica de supervisores financeiros de outras jurisdições – que querem conhecer em detalhes essa ferramenta. O SCR nasceu como uma ferramenta de supervisão bancária. No entanto, ao longo do tempo, passou a ser utilizado também por outras áreas do Banco Central, e pelas próprias instituições financeiras. A área de regulação prudencial talvez seja um dos melhores exemplos. Ao permitir enxergar com riqueza de detalhes a evolução e a composição do crédito e seus riscos, o sistema favorece a definição de regras mais precisas, adequadas ao perfil de negócios dos nossos bancos. A área de pesquisa econômica e financeira também tem sido bastante beneficiada, usufruindo do amplo rol de informações disponíveis para realizar estudos de cunho macro e microeconômicos, que servem de subsídio às decisões e à adoção de ações nas mais diferentes áreas do Banco Central. Ao progressivamente passar a registrar operações de menor valor, o SCR tem também contri-
Discurso apresentado em 10/9/2014
Pronunciamento de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, na abertura do evento comemorativo do Sistema de Informações de Créditos
Alexandre Tombini: presidente do Banco Central
buído na promoção da inclusão financeira. O SCR passou a ser fonte de informação essencial também para a área de estatísticas econômico-financeiras do Banco Central. Ao longo desses últimos quinzes anos, houve um processo gradual de convergência entre as estatísticas econômico-financeiras e as estatísticas de supervisão bancária. Começou com a unificação de conceitos e da plataforma tecnológica das duas áreas; as estatísticas de crédito passaram paulatinamente a incorporar base de dados do SCR, o que permitiu a consolidação e a redução do número de documentos remetidos ao Banco Central pelas instituições reguladas.
volvidas pelo Banco Central. Nesse contexto, aproveito a oportunidade para anunciar três importantes iniciativas, que só foram possíveis graças ao desenvolvimento do SCR. Duas delas, inclusive, inserem-se também no âmbito do Otimiza BC, programa instituído pelo Banco Central que busca reduzir custos de observância e custos operacionais. Uma das linhas de ação desse programa é a racionalização do fluxo de informações, com objetivo de eliminar redundâncias de pedidos e duplicação de dados, com benefício indireto para o usuário final dos serviços financeiros. E é nessa dimensão que o SCR e o Otimiza BC interagem, tornando os processos mais eficientes e menos onerosos, sem que haja perda de qualquer informação relevante. A primeira iniciativa que gostaria de anunciar é o fim da obrigatoriedade de elaboração e remessa do documento “Estatística Econômico-Financeira”, com informações de direcionamento do crédito por faixa de risco, bem como natureza e classificação econômica dos tomadores. Tais informações passarão a ser captadas diretamente no SCR, resultando na eliminação de aproximadamente 3.700 documentos por ano, atendendo plenamente aos objetivos do Otimiza BC. A segunda iniciativa é a disponibilização, na internet, de uma nova ferramenta de informações sobre o sistema financeiro: são os “Dados Selecionados de Entidades Supervisionadas – IF.Data”, sistema que será alimentado pelo SCR e por outros bancos de dados administrados pelo BC. Trata-se de um aperfeiçoamento da ferramenta “50 maiores”, mais versátil e com muito mais funcionalidades. Com ela, qualquer cidadão poderá facilmente enxergar a participação de cada instituição financeira no crédito por modalidade, região geográfica ou porte do tomador. Com isso, foi possível pôr fim à obrigatoriedade de elaboração e remessa do documento “Informações Financeiras Trimestrais – IFT”, eliminando mais de 25.000 documentos por ano, inserindo-se, também, no âmbito do Otimiza BC. A terceira iniciativa é a disponibilização de informações sobre a distribuição do crédito por sub-região, por modalidade e por classificação de risco das operações. Tais informações estarão acessíveis no âmbito das “séries temporais”, coletânea de estatísticas econômico-financeiras disponíveis ao público no site do Banco Central. São informações que podem auxiliar na formulação de políticas públicas, ajudar a fomentar a competição entre instituições financeiras e servir como insumo para a realização de estudos e pesquisas. O SCR, no estágio atual, já é uma ferramenta ímpar no âmbito dos supervisores bancários. Mas o compromisso do Banco Central é de assegurar que o SCR continue acompanhando a evolução do crédito no País e provendo informações abrangentes, tempestivas e precisas para a Supervisão e para toda a comunidade de usuários do Sistema. Finalizo o meu pronunciamento parabenizando o diretor da Área de Fiscalização, Anthero de Moraes Meirelles, e todos os servidores do Banco Central que ajudaram a construir e aprimorar o SCR nesses últimos 15 anos. f
“O SCR foi uma iniciativa pioneira. Hoje, é uma referência internacional, que contribui para reforçar a qualidade da nossa supervisão e a solidez do nosso sistema financeiro” Apesar de ter sido concebido para fins de supervisão, o BCB, resguardado o sigilo bancário, disponibiliza informações do SCR para as próprias instituições financeiras, que as utilizam para fins de análise de risco dos potenciais tomadores de crédito. Isto favorece a concessão eficiente e saudável de crédito, contribuindo para a sua expansão principalmente em segmentos antes muito pouco atendidos, como os cidadãos de mais baixa renda e as micro e pequenas empresas. Por fim, mas não menos importante, as informações do SCR também são utilizadas para orientar as ações de educação financeira desen-
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Fotos: Sonia Tamer
seminário
Nosso rico dinheirinho Seminário da Acrefi reúne entidades, bancos e empresas para falar sobre os benefícios da educação financeira para as pessoas e para a sociedade
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á cinco anos, falar em educação financeira era quase uma indelicadeza social. Esse tabu começou a ser desfeito a partir de algumas iniciativas de instituições públicas e privadas atentas ao bem-estar e ao equilíbrio financeiro das pessoas. O assunto ainda não é frequente nas rodas sociais, mas já se tornou bem mais comum na mesa de jantar das famílias. Em contribuição a essa desmistificação, a Acrefi realizou, dia 18 de setembro, no hotel Renaissance, em São Paulo, o seminário “Educação Financeira – O Desafio Atual”, com patrocínio da Cetip e apoio da Febraban. Depois dar as boas-vindas aos convidados, Antonio Augusto de Almeida Leite, o Pancho, falou sobre a importância de a população brasileira estar cada vez mais informada e atenta à estabilização do seu orçamento doméstico. Em seguida, Fabio de Almeida Lopes Araújo, da diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central, abriu sua apresentação lembrando um dado do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que mostra que em 75% das famílias brasi-
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leiras o salário acaba bem antes do fim do mês. Para atenuar essa dificuldade, o governo federal criou, em 2010, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), que reúne uma série de ações que ajudam a população a tomar decisões financeiras de forma mais consciente. Entre as iniciativas monitoradas pelo BC está o programa piloto Educação Financeira nas Escolas (Ensino Médio), que já foi implantado em 891 escolas voluntárias, atingindo 26 mil estudantes, de 14 a 17 anos. “Por meio das diversas disciplinas do currículo escolar, o programa procura informar os estudantes para que tomem, desde já, decisões financeiras mais conscientes”, disse Araújo. Na palestra seguinte, Maria Eugênia Sosa Taborda, gerente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco, falou que o Programa de Sustentabilidade do Itaú tem a preocupação de entender as necessidades das pessoas para oferecer conhecimento e soluções financeiras adequadas, contribuindo para que os indivíduos e as empresas tenham uma relação saudável com o dinheiro. “Como as pessoas
Fabio de Almeida Araújo: da diretoria de Relacionamento Institucional do BC
Maria Eugênia Taborda: gerente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco
hoje vivem mais do que no passado, é importante, por exemplo, informá-las sobre a importância de fazer uma reserva para sua aposentadoria”, ponderou Maria Eugênia. Para o Itaú, educação financeira é a combinação de três fatores: competências pessoais, conhecimento e comportamento em relação ao dinheiro. “A preocupação não é gastar menos, é gastar melhor o dinheiro. Quem lida melhor com os seus recursos tem menos estresse, interage melhor com a família e fica mais perto de algumas conquistas pessoais, como a casa própria, viagens ou a aposentadoria.” Já Nayra Baptistelli, do núcleo de comunicação do INFI (Instituto Febraban de Educação), falou sobre os avanços conquistados pelo programa Meu Bolso em Dia, projeto criado em 2010, que oferece ao público informações gratuitas sobre como adaptar a educação financeira ao seu dia a dia. O portal já registrou até hoje 11 milhões de acessos, com 200 mil visitas mensais. Entre as ferramentas compartilhadas pelo INFI, o Jimbo é um software gratuito, que pode ser baixado no computador ou no celular. Como mais de 7 mil downloads por mês, ele ajuda as pessoas a lembrarem de todas as despesas fixas, apresenta uma projeção das despesas para os próximos meses e ainda mostra o comportamento financeiro do consumidor, se está endividado ou se pode fazer uma poupança. Para mostrar a eficiência do serviço, Nayra revelou que 52% dos usuários, ouvidos pelo instituto Data Popular, se tornaram heavy user do benefício. Pelo lado das empresas, Marcos Etchegoyen,
Nayra Baptistelli: do INFI / Febraban
Marcos Etchegoyen: presidente da Zuum
Hilgo Gonçalves: presidente da Losango
presidente da Zuum, joint venture da Telefónica com a MasterCard, trouxe para o seminário da Acrefi as soluções de pagamentos móveis que oferece ao público não bancarizado. Serviço que se torna importante, por exemplo, para 55% dos brasileiros que ainda recebem salário em dinheiro, segundo levantamento do Banco Central. Ele também beneficia aqueles que antes tinham que ficar nas filas dos bancos, em vez de usar os caixas eletrônicos, para sacar a totalidade do salário no início do mês. “Essas pessoas não podem dispensar os trocados que o caixa eletrônico não está preparado para entregar”, conta Etchegoyen. “Para eles, os R$ 4,70 que ficam retidos na conta podem ser revertidos em uma passagem e meia de ônibus. O orçamento deles é curto e diário”, ponderou o executivo. Para finalizar o evento da Acrefi voltado para educação financeira, Hilgo Gonçalves, presidente da Losango Promoções e Venda, falou sobre a importância dos vendedores em auxiliar as pessoas a se tornarem consumidores mais conscientes. “Se um casal recém-casado chega à loja disposto a comprar um fogão de seis bocas, é obrigação do vendedor alertar sobre o eventual desperdício gerado por essa escolha, sendo que um fogão de quatro bocas pode perfeitamente atender às necessidades desse casal”, diz Gonçalves. “Hoje em dia, o vendedor deve atuar como um consultor do cliente”, afirma o executivo. “Se o lojista orientar os seus vendedores de acordo com esse novo tipo de postura, as vendas no futuro serão ainda melhores”, garante o presidente da Losango. f setembro 2014 financeiro 23
seminário2
Mercado em transformação
Evento realizado pela Acrefi aponta que o consumo terá expansão semelhante à do PIB nos próximos anos e que haverá queda da demanda, fatores que deverão reduzir o volume de empréstimos
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mercado de crédito deverá ter crescimento mais contido nos próximos anos e esse quadro, ao lado das incertezas na economia em geral, exige atenção dos agentes que atuam no setor, segundo especialistas que trataram do assunto no evento “Crédito e Cobrança em Transformação”, realizado pela Acrefi dia 28 de agosto, em São Paulo. Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e atual sócio-diretor da Tendências Consultoria, disse em sua palestra que o consumo terá expansão semelhante à do PIB nos próximos anos e que
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haverá queda da demanda, fatores que deverão reduzir o volume de empréstimos. Ele lembrou que o governo tomou medidas em agosto deste ano na tentativa de incentivar o crédito “que poderão dar resultado, mas terão mais impacto nos bancos públicos”. Na avaliação de Loyola, o crédito não cresce com a economia em recessão: “Crédito é pró-ciclo e não adianta tentar turbiná-lo na marra, até porque os empréstimos podem ser de má qualidade”. Por isso, ele acredita que o panorama não é animador para
Fotos: Sonia Tamer
Gustavo Loyola: ex-presidente do BC e sóciodiretor da Tendências Consultoria
2015, embora possa haver reação em linhas específicas para pessoas físicas, com ligeira retomada do financiamento de veículos, e para empresas, com mais recursos para capital de giro. Para o fechamento de 2014, Gustavo Loyola estima que o saldo total de crédito deverá ter crescimento real de 4,6%, impulsionado pelos empréstimos direcionados, e que o nível deverá ser semelhante no próximo ano. Por sua vez, Eduardo Falsarella Júnior, CEO do Inepad Consulting, recordou durante o evento da Acrefi que o cenário econômico é de retração, o que resultou em menor expansão do comércio varejista em 2014. O especialista acredita que o consumo crescerá a taxas menores a partir de 2015: “Quem faz gestão de crédito sabe da importância do consumo e da renda para o setor e por isso é preciso estar atento à realidade que se desenha já em 2015”. Falsarella mostrou também que o crédito entre empresas está se expandindo em relação aos empréstimos concedidos por instituições financeiras e recordou que a inadimplência está em queda, tanto em pessoas físicas quanto em empresas, “o que também precisa ser visto com atenção pelo setor de crédito”.
Já Tiago Zequi, gerente comercial da Unidade de Financiamentos da Cetip, disse durante o evento que as medidas voltadas ao crédito anunciadas pelo governo em agosto representam “sinais importantes” para o setor. Na avaliação dele, o crédito tem passado por transformações, como a mudança conceitual “de que os empréstimos agora são baseados no bem-estar, não são encarados apenas como dívidas, o que é importante para os concedentes”. Também palestrante no evento da Acrefi, Ricardo Kalichsztein, CEO da Bom Pra Crédito, mostrou a importância do internet bank no Brasil, que já soma 41 milhões de contas, e falou também que a empresa que comanda é um indicativo da relevância desse segmento no setor de crédito. Tiago Zequi: gerente comercial da Unidade de Financiamentos da Cetip Ricardo Kalichsztein: CEO da Bom Pra Crédito
“Somos uma loja virtual de produtos financeiros que permite de forma ágil e segura que os clientes comparem, simulem, contratem e adquiram o melhor produto para suas necessidades financeiras e econômicas”, afirmou. “Já temos mais de 30 mil cadastrados com solicitações de crédito e isso é mais uma mostra da importância do mundo virtual para o setor”. Kalichsztein informou também que o perfil dos solicitantes de crédito via Bom Pra Crédito é o consumidor da Região Sudeste, jovens entre 20 e 30 anos, que pedem crédito até de madrugada: “Esse público tende a se expandir”, garantiu. “O tomador busca hoje praticidade e quer comprar, dentro do perfil geral dos consumidores do País. E há ferramentas que podem tornar a busca de informações pela internet ainda melhor, como o Cadastro Positivo”. f
Eduardo Falsarella Júnior: CEO do Inepad Consulting
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Superar sempre, esmorecer jamais Em seminário promovido pela Acrefi e pela Serasa Experian, especialistas apontam que o atual momento do País demanda novas atitudes por parte das empresas
O Fotos: Sonia Tamer
atual momento do Brasil, que transita por indefinições no seu quadro político e econômico, impõe desafios ao sistema financeiro. De olho nessa nova agenda, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) reuniu um time de especialistas no Hotel Renaissance, em São Paulo, para discutir o tema “Crescimento e superação em épocas de incerteza”. Para o presidente da instituição, Érico Ferreira,
Fábio Barbosa: presidente da Abril Mídia
26 financeiro setembro 2014
o Brasil vivencia há mais de 60 anos cenários de incerteza que, diretamente, impõem superação em todos os setores da sociedade. “Para melhorar o País, em suas mais diversas áreas, é preciso investir no esclarecimento permanente do povo. Por melhor que seja nosso cenário, sempre teremos dificuldades para combater”, ponderou. O diretor de segmentos da Serasa Experian, Danilo Nascimento, lem brou que no começo de 2014 a projeção do PIB estava em torno de 2,5% e com o tempo ficou abaixo de 0,8%. “Esse quadro está alinhado com o nosso dever de superação, que é crescer em um cenário de Danilo Nascimento: incertezas e adversidadiretor da Serasa des. O setor financeiro Experian lida com escalas, o que
é um indicador fundamental que precisamos melhorar para ter crescimento e aumento na gestão de expectativas”, enfatizou Nascimento. Geovane Zanetti, gerente de produtos da Serasa Experian, fez uso de uma ferramenta de votação interativa para avaliar que fatores estão influenciando o crescimento do crédito. “A alta do endividamento da população (35,6%) liderou a pesquisa de opinião. Em seguida, o baixo crescimento do PIB (24,4%), inflação (17,8%), mudanças no comportamento do consumidor (13,3%), eleições (4,4%), incertezas no cenário mundial e Selic empataram (2,2%). Os números nos permitem aferir as preocupações do setor”, frisou Zanetti. Gustavo Andres, executivo de credit risk do Santander, relatou que mesmo diante das dificuldades econômicas vividas pelo Brasil o banco registra história de sucesso há mais de 51 anos, tendo 133 filiais e 1.900 funcionários diretos. “O Santander tem alcançado liderança de market share na área de produção de veículos, em que 2011 tínhamos 15% do consolidado e, no primeiro semestre de 2014, passamos para 18%. Em usados, em 2011, nossa carteira girava em 17% e, no primeiro semestre de 2014, passamos para 21%.
Isso mostra que reagimos à concentração em operações sem entrada na aquisição em veículos, em que alocamos nossa estratégia de aprovação com pelo menos 20% de entrada”, disse Andres. “Em momentos de incerteza, o sucesso do passado não implica resultados de futuro. É preciso se superar, aprender com os erros, evoluir nos modelos e ter decisão com foco em rentabilidade”, alertou o executivo. Com expectativa de estabilidade da inadimplência nos próximos trimestres, o Santander acredita que o Brasil ainda tem muito a fazer para reduzir os níveis atuais do saldo de devedores. Gustavo Andres: Diego Bodner, conexecutivo de credit risk sultor da Serasa Expedo Santander rian Argentina, falou
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Fotos: Sonia Tamer
seminário3
“O Brasil investe somente 2% do PIB em infraestrutura, um terço do que é gasto na China” Fábio Barbosa Geovane Zanetti: gerente de produtos da Serasa Experian
sobre inovação em Ele citou dois momentos antagônicos da reestratégias de ne- vista britânica The Economist, que em uma primeigócios com foco em ra capa mostrou o Cristo Redentor como foguete otimização no cenário internacional. “Os desafios para dizer que o “Brasil decolava”. Pouco tempo estão no controle ideal da inadimplência, olhando depois, a mesma publicação voltou a estampar o para uma demanda de soluções de cobrança e novas País na capa de sua edição para a América Latina oportunidades para acelerar o consumo. Em termos e a Ásia com uma manipulação digital da mesma de otimização, a escolha objetiva e matemática da imagem – só que agora mostrando o Cristo afuninteração necessária para cada cliente transita para dando após um voo, com o questionamento: “Será resultados mais precisos. E saber decidir, diante de que o Brasil estragou tudo?”. Diante do exposto, o um cenário de arrefecimento e aumento de risco, é presidente da Abril Mídia respondeu: “Ainda não, fundamental para a melhoria dos negócios.” mas precisamos melhorar sempre em todos os Fábio Barbosa, presidente da campos. O mercado atual deAbril Mídia, deu ênfase em sua manda novas atitudes por parfala no evento da Acrefi em valote das empresas, que envolvem res, tendo como foco empresas, impactos ambientais e novos pessoas e a sociedade. “Até poumodelos de negócio, ou seja, co tempo tínhamos um cenário a sociedade mudou e isso veio otimista, mas hoje o momento é para ficar”, alertou. outro. Poderíamos estar melhor, Por fim, Barbosa citou que o uma vez que temos potencial de hashtag ‘#vemprarua’ deve se crescimento e expansão, mas o transformar em ‘#vempraurna’. custo de oportunidade em promo“Precisamos é de uma reforma ver melhorias na infraestrutura e de valores, que passa pela meestimular o setor produtivo ainda lhoria individual de cada um. não é o ideal. O Brasil investe soO Brasil será o que dele nós mente 2% do PIB em infraestrufizermos, cada um de nós, petura, um terço do que é gasto na las nossas ações e omissões. A Diego Bodner: consultor China”, lembrou Barbosa. hora é agora.” f da Serasa Experian Argentina
28 financeiro setembro 2014
“Lei Anticorrupção” em compasso de espera Por Rosi Vuolo
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Artigo enviado em 2/09/2014
m 2 de agosto de 2013, foi publicada a Lei Federal nº 12.846, que trata da responsabilidade administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos à administração pública nacional e estrangeira, texto normativo conhecido como “Lei Anticorrupção”. Mencionados esforços de globalização do combate à corrupção estão presentes em diversas ações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, que culminaram na edição da Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, assinada em 1997 e ratificada e promulgada em 2000. Apesar da ratificação da convenção em 2000, apenas em 2010 foi proposto pela Presidência da República o Projeto de Lei 6.286/2010, que culminaria na Lei Anticorrupção. Um ano depois de sancionada, e meses após entrar em vigor, a Lei Anticorrupção ainda aguarda regulamentação pelo Palácio do Planalto e não serviu de base para a abertura de nenhum processo administrativo em nível federal, de acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU). O atraso na edição do decreto que vai regulamentar a nova legislação provavelmente está atravancando sua aplicação. A Lei Anticorrupção prevê uma série de sanções aplicáveis às pessoas jurídicas, entre as quais se destaca a pena de multa que pode variar de 0,1% a 20% do faturamento bruto da empresa, não podendo jamais ser fixada em valor inferior à vantagem auferida. No caso da impossibilidade da utilização do critério do valor do faturamento bruto, a multa será de R$ 6 mil a R$ 60 milhões. Para fixação do valor da multa serão considerados os seguintes critérios: • Gravidade da infração; • A vantagem auferida ou pretendida; • A consumação ou não da infração; • O grau de lesão ou perigo de lesão; • O efeito negativo produzido pela infração; • A situação econômica do infrator; • A cooperação da pessoa jurídica para apuração das infrações; • O valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com a administração pública; • O grau de eventual contribuição da conduta de servidor público para a ocorrência de ato lesivo; • A existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica.
Além disso, a lei inova com a sanção de publicação extraordinária da decisão condenatória, em meios de comunicação de grande circulação, bem como no local de exercício de atividade da empresa e em site na internet. Ainda, com a implantação da lei, será criado no âmbito do Poder Executivo Federal o Cadastro Nacional de Empresas Punidas – Rosi Vuolo: CNEP, cuja função será a de reunir especialista em Controles Internos e Compliance do e tornar pública as sanções aplicaItaú Unibanco das pela administração pública com base na Lei Anticorrupção. Acredito que um dos principais fatores para o sucesso dessa lei não reside na aplicação das sanções, mas no poder inibitório da simples existência da previsão de multas pesadas, mostrando ao empresário que vale a pena ele se prevenir. Os dirigentes de empresa vão ser os maiores vigilantes interessados em cuidar para que não aconteça a prática de nenhum dos atos previstos na lei. As empresas que demonstrarem políticas efetivas de prevenção à corrupção terão tratamento diferenciado da Justiça e terão condições de comprovar sua idoneidade perante situações de penalidade. Esse cenário coloca a compliance como uma das pautas das atividades empresariais e corporativas e a existência de uma estrutura de compliance já foi sinalizada pelo poder executivo como um possível critério a ser considerado para a redução das sanções, no decreto que está em elaboração. Vale comentar que a vantagem de se ter uma estrutura de compliance em funcionamento não se resumirá a redução do risco de responsabilização. É certo que empresas que se relacionam comercialmente busquem parceiros que também reduzam sua exposição, que possíveis investidores enxerguem essas empresas como investimentos mais seguros, que essas empresas sejam favorecidas em detrimento de concorrentes em relações comerciais com multinacionais. Uma análise de custo/benefício ao se implementar uma estrutura de compliance, com a entrada em vigor da lei anticorrupção, tornou o investimento ainda mais favorável, que pode não apenas evitar o que pode vir a se tornar o fim de uma empresa, como também, aumentar oportunidades comerciais e de investimento, trazendo como premissa que a ética de um possível parceiro ou investidor é um fator importante de decisão para a concretização de transações. f setembro 2014 financeiro 29
Foto: Gabriel Kosman
artigorosivuolo
executivo
“Nunca senti o trabalho Dono de uma carreira construída ao longo de 40 anos no Banco Central, Sérgio Darcy hoje atua na iniciativa privada com a mesma correção e competência que tantos benefícios já trouxeram para o setor financeiro
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Foto: Divulgação
érgio Darcy aposenMário Henrique Simonsen tou-se do Banco Cene tornou-se um marco. Os tral em 2006, depois elogios ao trabalho do grude desenvolver uma das po acontecem até hoje, mas mais bem-sucedidas carreia vida continua e Sérgio ras da história da instituição, Darcy permaneceu no seu e passou para o outro lado trabalho no Banco Central do balcão – desde então até 1985, quando o banco atua na iniciativa privacriou a área de normas. da, em que pouco tempo Ele foi indicado para trabatornou-se uma referência lhar como chefe-adjunto do para as instituições finannovo departamento, reporceiras, que requisitam sem tando-se a ninguém menos parar seus pareceres. Foi que Gustavo Loyola, que deum salto e tanto, mas quanpois seria presidente do BC. Sérgio Darcy: entre outras do lhe perguntam quais as Mais uma missão bem-suresponsabilidades, é consultor principais mudanças descedida e Darcy tornou-se um de compliance da Acrefi sa mudança, ele responde ativo interlocutor dos vários com seu estilo simples e direto: “Na essência, nada segmentos do mercado financeiro. “Ao longo do tempo, mudou. Como sempre, minha vida é ler”. conseguimos elaborar normativos mais próximos No mercado financeiro, no entanto, todos sabem da realidade”, conta. “Só é possível chegar a esse que Sérgio Darcy foi (e ainda é) figura de destaque ponto com o diálogo, com o debate.” no desenvolvimento do setor. Ele lembra que enEm 1991, ele passou a ser chefe do departatrou no Banco Central no primeiro concurso reali- mento de normas e seis anos depois tornou-se dizado pela instituição, em 1966, vindo da Faculdade retor da área. Sua marca, nessa trajetória, sempre Nacional de Ciência Econômica, do Rio de Janeiro. foi o diálogo com o mercado. Como diretor, conviveu “Entrei para atuar na área de mercado de capitais, com presidentes do BC de estilos diferentes como que era nova no BC”, recorda. “Comecei estudando Gustavo Franco, Chico Lopes, Armínio Fraga e Henprocessos na área de autorizações. No desenvolvi- rique Meirelles. Atravessou também vários períomento desse trabalho passei a fazer parte do grupo dos de turbulência da economia e conviveu com os que debatia normas para o mercado de capitais, que planos econômicos, que muitas vezes o obrigavam incluía também representantes da CVM e das Bol- a passar noites em claro. sas de São Paulo e do Rio.” Permaneceu como diretor de normas até a apoO resultado dos debates desse grupo culmi- sentadoria, em 2006. Guarda ótimas recordações naram na Resolução 932, que Darcy considera de suas quatro décadas no BC e reconhece: “No go“histórica, pela sua importância para o mercado”. verno, há muita pressão e não temos lá muito hoO texto foi entregue ao então ministro da Fazenda rário definido. E mais: quando se é correto, não há
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como um fardo” como sair rico do governo. Mas não posso me queixar, já que fizemos, juntos com o mercado, várias inovações, como os correspondentes bancários, que aumentaram muito a inclusão bancária, entre tantas outras novidades”. Quando chegou a hora de se aposentar, depois de ter sido o diretor que mais ficou no cargo na história do BC, Darcy passou pela quarentena (quatro meses) e começou a ser convidado por instituições financeiras, principalmente em comitês de auditoria. Tornou-se requisitado consultor e nessa atividade atua, entre vários outros segmentos, na área de compliance da Acrefi. E passou também a fazer parte do conselho de administração de empresas. “O trabalho na iniciativa privada também é muito intenso, mas consegui me ‘encaixar’”, comemora Darcy. “Faço o que gosto. Quando pergunto sobre a intensa atividade mesmo depois de sair do BC, respondo: faço o que gosto. Nunca senti o trabalho como um fardo.”
Ele continua a privilegiar contatos com jovens em suas andanças profissionais e participa também de uma ONG ligada ao microcrédito, a PlaNet Finance Brazil, em que preside o conselho de administração. Em todas essas atividades Darcy mantém sua linha de atuação, que vem desde o Banco Central. “Tenho o cuidado extremo de só fazer pareceres quando há base, quando concordo com a proposta”, garante. Assim, deixa cada vez mais distantes as preocupações que tinha quando estava para se aposentar do BC. “Achei que ao deixar o Banco Central não teria mais valor”, recorda. “Eu dizia ao Armínio Fraga: ‘Não sei o que vou fazer lá fora’.” A resposta a essa dúvida veio logo: apesar das diferenças entre uma atividade e outra, Sérgio Darcy é, no BC ou na iniciativa privada, sinônimo de correção, competência e de trabalho sempre direcionado ao desenvolvimento do setor financeiro. f
notas BRAiN promove mercado brasileiro na Ásia
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BRAiN – Brasil Investimentos & Negócios - deverá realizar em novembro deste ano, na Ásia, mais uma edição do road show BEST – Brazil (Excellence In Securities Transactions), que tem como objetivo divulgar nas principais praças financeiras globais os mercados brasileiros financeiro e de capitais. A iniciativa tem o apoio da Febraban, Anbima, BM&FBovespa e Cetip e vem contando com a participação do Banco Central, da CVM, da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda e da Secretaria do Tesouro Nacional. f
Banco Mundial recebe comitiva brasileira para tratar de ambiente de negócios
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epresentantes do Instituto BRAiN estiveram, no início de agosto na sede do Banco Mundial para discutir assuntos relativos ao relatório Doing Business, pesquisa da instituição que avalia o ambiente de negócios em 189 países e no qual o Brasil ocupa a 116ª posição. O convite para a reunião partiu da Prefeitura Municipal de São Paulo e da São Paulo Negócios. O relatório avalia dez sub indicadores: Abertura de Empresas, Pagamento de Impostos, Registro de Propriedades, Obtenção de Alvarás de Construção,
Obtenção de Crédito, Proteção de Investidores, Execução de Contratos, Resolução de Insolvência, Comércio entre Fronteiras e Obtenção de Eletricidade. Na pauta do encontro, os participantes trataram das recentes mudanças anunciadas pelo Banco Mundial sobre a metodologia do Doing Business, que passará a incluir mais de uma cidade em suas avaliações. No ano passado, o trabalho coordenado do Instituto BRAiN permitiu que o Brasil avançasse 14 posições na pesquisa. f setembro 2014 financeiro 31
artigosalamaepiccoli
Dois equívocos Por Bruno Salama e Vicente Braga
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Artigo enviado em 22/08/2014
O
Fundo Garantidor de Créditos, ou FGC, é de resguardar a confiança no sistema financeiro um ex-desconhecido do grande público através da proteção das partes “informacionalque recentemente migrou das notas de mente” vulneráveis. Um pequeno poupador não rodapé para a primeira página dos noticiários. Em tem condições práticas de se informar sobre a parte, isso tem ocorrido por conta de pendengas real situação do banco em que guarda seus recurjurídicas. A mais importante diz respeito a algu- sos: não consulta economistas, não lê balanços, mas tentativas de fazer o FGC pagar por aquilo não acompanha o noticiário econômico, não tem amigos influentes. Logo, esse pequeno poupador que não deve. O FGC oferece uma cobertura de até precisa de uma cobertura de depósito porque não tem como avaliar a saúde finanR$ 250.000 para o titular de créceira do banco na hora de decidir dito frente a uma instituição fionde aportar seus recursos. Bruno Salama: nanceira insolvente. Beneficiamprofessor associado da Mas, o pequeno investidor -se da cobertura pessoas físicas Direito GV/SP e membro com ativos em um fundo de e jurídicas. A cobertura é indivititular do Conselho de pensão não é “informacionaldual. Mas, recentemente, alguns Recursos do Sistema mente” vulnerável. Não é que fundos de pensão com créditos Financeiro Nacional esse pequeno investidor seja contra bancos quebrados têm necessariamente conhecedor pleiteado judicialmente que a codas complicadas dinâmicas dos bertura para seus créditos seja mercados financeiros; isso genão de R$ 250.000 para o fundo, ralmente não acontece. Mas é como estabelece o regulamento que seus ativos são administrado FGC, mas de R$ 250.000 para dos por entidades profissionais cada uma das pessoas físicas do mundo das finanças que poscom investimentos no fundo. Ou suem a capacidade de monitorar seja: a tese é a de que a cobertuas instituições financeiras que ra deveria valer não apenas para custodiam seus recursos. Funos credores diretos do banco quebrado (inclusive o fundo de pensão), mas tam- dos de pensão conhecem o mercado financeiro e bém para cada um dos credores indiretos (bene- jogam o jogo das finanças modernas. Tanto assim que recebem um tratamento menos protetivo em ficiários do respectivo fundo). À primeira vista, estender a cobertura dessa diversos dispositivos da CVM, pois são vistos de forma pode parecer uma medida de equidade. modo geral como agentes capazes de compreenAfinal, o FGC é uma entidade rica, e, logo, uns der os riscos envolvidos em suas escolhas e estostões a mais ou a menos talvez não lhe façam tratégias. Tudo isso quer dizer que estender aos falta. Soa bonito, mas não tem sentido prático, e fundos de pensão uma proteção adicional vai na contramão da lógica da regulação financeira moisso por pelo menos dois motivos. Primeiro, porque a razão de ser do FGC é a derna, pois ajuda a blindá-los de riscos conscien-
sobre o FGC temente assumidos e os desestimula de serem ciante, então, poderia ser responsabilizado por cuidadosos e diligentes nas suas atividades de uma dívida de qualquer outro mercador. Daí a investimento. Um problema sério, portanto. mutualidade. Há um segundo equívoco nas decisões judiA dinâmica moderna do FGC é análoga. Os ciais que buscam expandir a cobertura do FGC bancos contribuem para o FGC com um percenpara os investidores indiretos. O equívoco de tual dos seus depósitos – não em contrapartida imaginar que a cobertura do FGC tenha propria- a uma garantia fornecida, mas pelo privilégio de mente uma natureza de seguro. Nas teses defen- fazerem parte do sistema bancário, que o FGC didas em juízo por fundos de pensão, o fato de a ajuda a proteger com a sua atuação. O business contribuição ao FGC ser calculado FGC não é oferecer seguro: é da em um percentual fixo sobre fomentar a confiança. Se fosse qualquer valor depositado seria puro seguro, por que o Banco do incongruente com a limitação da Brasil e a Caixa Econômica Fedecobertura. Afinal, por que pagar ral precisariam contribuir? Aficontribuição ao FGC sobre valonal, legalmente são impedidos res que não estão garantidos? de quebrar, e sabem de antemão Essa circunstância reforçaria a que jamais terão um centavo sepossibilidade de que cada invesquer coberto pelo FGC. tidor indireto poderia se aproveiO mesmo questionamento tar individualmente do valor mápoderia ser aplicado em relação Vicente Piccoli ximo da cobertura. aos maiores bancos privados, Medeiros Braga: Ocorre que a natureza da cocuja eventual quebra o FGC não advogado e mestre bertura do FGC é a mutualidade, teria recursos para amparar. pela Direito GV/SP não o seguro. Voltemos na históAssim, o único fato que explica ria. O primeiro garantidor de deque esses bancos grandes conpósitos, instituído em 1829, em tribuam para o FGC é que o faNova York, teve sua proposta de zem não para ter seus depósitos criação expressamente justificada com base nas garantidos, mas para fortalecerem a confiança no regras aplicáveis aos mercadores “hong”, do sis- sistema bancário do qual fazem parte e da qual tema de comércio do Cantão (atual Guangzhou, se beneficiam. China), que vigorou entre 1757 e 1842. Tais merAs finanças modernas são mesmo complicadores eram os únicos chineses da região auto- cadas. Entender tudo isso faz parte do percurso rizados a comercializar bens com os estrangei- intelectual que pode evitar os equívocos de bemros, e, em razão de partilharem esse privilégio -intencionadas decisões voltadas a expandir a cocomum, a regulação imposta a eles determinava bertura do FGC, mas, ao fim e ao cabo, só fazem que pudessem ser exigidos reciprocamente, uns contribuir para a redução da confiança pública no pelas obrigações dos outros. Qualquer comer- nosso sistema financeiro. f
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artigohenriquealves
Securitização de Créditos Vencidos:
Artigo enviado em 10/09/2014
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os últimos anos, a visão da área de cobrança dentro das instituições financeiras consolidou-se como sendo uma unidade de negócios responsável por maximizar resultados na gestão da PDD, despesas de cobrança e receita de mora e multa. Dentro desse contexto, a venda de créditos vencidos pode vir a se tornar uma importante alavanca para melhorar o resultado das organizações. O mercado de Securitização de Créditos Vencidos começou a apresentar transações mais expressivas no início da década passada. Apesar de ser uma operação já tradicional nos Estados Unidos e nos principais países da Europa e da Ásia, o mercado de NPLs só ganhou corpo no Brasil após a estabilização da economia, com o Plano Real. No Brasil, para avaliarmos o crescimento ocorrido nos últimos anos, basta observar o avanço da relação “volume concedido de crédito x PIB”. Dados do Banco Central mostram que essa relação parte de 22% (R$ 200 bilhões) em 2002, e atinge 56% (R$ 2,7 trilhões) em 2013. Estimativas do mercado revelam que potencial brasileiro para fins de negociação atingiu R$ 500 bilhões de créditos vencidos em 2013. E quais as vantagens de vender? Como cri ar valor numa venda? Quem vende está focado somente no resultado financeiro obtido na venda? Em alguns casos sim, mas na maior parte das vezes a decisão vem acompanhada de uma combinação de fatores que tornam a operação mais atrativa e defensável perante os acionistas. Valor de venda - A proposta de venda deve ser compreendida pela instituição originadora como uma antecipação dos recebimentos futuros dos créditos inadimplidos, “desagiados” por uma taxa interna de retorno buscada pelo investidor. É importante também no processo de negociação que o originador dos créditos contribua com informações que possam ajudar o interessado na compra a estimar a recupe-
ração bruta da forma mais realista possível. Aspectos fiscais - Aqui devem ser avaliadas as vantagens e as desvantagens: • Antecipar ou não, o resultado da dedutibilidade fiscal por conta da venda de créditos vencidos antes de transcorrer o prazo mínimo de dois anos de atraso para utilização do crédito fiscal; • Vender os créditos cuja dedutibilidade fiscal já foi utilizada; • Vender os créditos vencidos que, mesmo já tendo decorrido o prazo mínimo de dois anos de atraso, ainda não podem ter a dedutibilidade fiscal por não se enquadrarem nas exigências da Receita Federal. Gestão da PDD - Na gestão da PDD devem ser observadas a exigência de capital adicional (Banco Central) e a provisão a ser constituída por conta das operações que estejam apresentando evidente tendência de deterioração e, portanto, consumindo recursos. Também avaliar se os recursos a serem dispendidos na recuperação de determinados ativos dentro da carteira geral não serão superiores ao retorno esperado. Aspectos operacionais - Nos aspectos operacionais considera-se a economia a ser realizada pela desmobilização de recursos produzidos com a venda de ativos. Típica situação é aquela relacionada a ativos non-core. Conclusão - Os executivos de cobrança dentro das instituições financeiras têm papel importante na medida em que podem identificar oportunidades de venda de créditos não performados, contribuindo com a melhoria do resultado da organização. O desafio nos próximos anos está no aumento da quantidade de instituições que vierem a se utilizar desse canal. Nesse sentido, os investidores podem contribuir, desenvolvendo novos modelos de negócios que atendam às necessidades das instituições financeiras no momento da venda, mitigando riscos e otimizando recursos. f
Foto: Divulgação
oportunidade que não deve adormecer na sua mesa
Henrique Alves: executivo-chefe da área de Novos Negócios da AMC do Brasil
setembro 2014 financeiro 35
painelcetip
Vendas a crédito voltam a recuar em agosto e somam 514 mil unidades
Fonte: Inteligência de Mercado Cetip
O
s financiamentos de veículos no Brasil voltaram a recuar no mês de agosto, tanto na comparação anual quanto na mensal, após o fim da Copa do Mundo. Segundo Marcus Lavorato, gerente de Relações Institucionais da Unidade de Financiamento da Cetip, no acumulado deste ano já foram financiados 4,085 milhões de veículos, entre automóveis leves, motocicletas, pesados e outros. Somente em agosto, foram financiados 513.948 unidades, uma queda de 4% em relação ao último mês de julho e de 12% na comparação com agosto de 2013.
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“A expectativa de recuperação do ritmo de vendas financiadas de veículos após a Copa do Mundo acabou não se confirmando em agosto”, afirmou Marcus Lavorato. “A estagnação da renda e o baixo nível de confiança do consumidor parecem ditar o rumo do mercado este ano”. Os dados de agosto mostram ainda que os financiamentos de automóveis leves novos apresentaram uma queda de 9%, em relação a julho, enquanto os usados recuaram 0,2%. Porém, segundo Marcus Lavorato, é preciso destacar que agosto
teve dois dias úteis a menos, em comparação ao mês anterior. “Se considerarmos os valores médios por dia útil, as vendas a prazo de autos leves novos diminuíram 0,4%, na comparação mensal, enquanto os usados cresceram 9,3%.” Os números sobre financiamentos de veículos são da Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base integrada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o processo de financiamento de veículos seja suscetível a fraudes sistêmicas. f
A partir de out/13 a Cetip adotou nova metodologia para calcular os recursos liberados para financiamentos de veículos. São consideradas apenas inclusões de gravames de automóveis leves, com financiamento de até R$ 200 mil, e cujos prazos não sejam superiores a 120 meses; para motocicletas, o montante limite é de R$ 50 mil, com prazo de 90 meses. A metodologia também limita em R$ 500 mil e prazo de até 150 meses as inclusões de gravames de pesados. Dessa forma, a Cetip desconsidera operações com valores e prazos destoantes com as práticas do mercado.
Fonte: Inteligência de Mercado Cetip
Fonte: Inteligência de Mercado Cetip
Fonte: Inteligência de Mercado Cetip
Fonte: Inteligência de Mercado Cetip
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estilo
Mercedes-Benz com DNA esportivo
No modelo CLA 45 AMG, a esportividade está presente no design, no desempenho do motor e nos acabamentos
Por Evandro Ribeiro 38 financeiro setembro 2014
U
m Mercedes-Benz sempre foi reconhecido pelos brasileiros como um carro nobre, confiável, elegante, tradicional e, de certa forma, conservador. Quem relaciona a marca a conservadorismo certamente ainda não conheceu o CLA 45 AMG, a aposta superesportiva da Mercedes-Benz que veio para quebrar paradigmas e atrair os consumidores brasileiros sedentos por adrenalina. Equipado com o mesmo motor 2.0 turbo usado pelo A45 AMG e com os seus 360 cv de potência, o cupê esportivo vai de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos. A velocidade máxima do carro é de 250 km/h,
Fotos: Divulgação
controlada eletronicamente. Adrenalina que chega ao Brasil a partir de R$ 289.900. Dirigir o CLA 45 AMG reforça a proposta da AMG, marca de performance da Mercedes-Benz, de “um homem, um motor”. O conjunto formado pelo motor de quatro cilindros de série mais potente do mundo, tração integral permanente, transmissão esportiva SpeedShift DCT de sete velocidades e suspensão especial garantem uma fantástica experiência de condução para os amantes de velocidade. Evandro Bastos, gerente de Marketing da Mercedes-Benz do Brasil, enfatiza que “é um autosetembro 2014 financeiro 39
CLA 45 AMG Cilindrada
1.991 cm³
Potência
265 kW (360 cv) a 6.000 rpm
Torque máximo
450 Nm entre 2.250 - 5.000 rpm
Peso
1.585 kg
Altura
1.416 mm
Largura
2.032 mm
Comprimento
4.691 mm
Capacidade do porta-malas
470 L
Capacidade do tanque 56/8 L do combustível
móvel compacto e muito esportivo, dirigibilidade com as respostas do carro muito rápidas, principalmente na troca de marchas, devido à transmissão 7G DCT (Dual Clutch Transmission)”, afirma. Ah, e o som? O escapamento com saída dupla muda o som de acordo com a direção. Nas ruas da cidade o som é mais tranquilo. Já ao momento em que o motorista acelera e ativa a opção de condução esportiva, geralmente em estradas, o fluxo de saída aumenta, com o barulho ficando mais alto, estralando em mudanças de marchas. É tanta adrenalina que a impressão é de quem está guiando um carro de corrida. Além disso, o programa eletrônico de estabilidade (ESP) e o assistente de curva tornam o carro extremamente estável e seguro. Uma delícia ao volante. Certamente isso se deve ao DNA, herança do automobilismo. O investimento nos superesportivos ficou ainda mais sólido com o Mercedes-Benz Challenge: importante categoria nacional, disputada desde 2011 no Brasil com a versão C 250 Sport. “O Brasil foi o primeiro mercado escolhido pela Mercedes-Benz para a estreia do CLA 45 AMG Racing Series, versão de corrida do CLA 45 AMG. Este automóvel criou uma nova categoria no campeonato. Atualmente são cerca de 40 automóveis no grid, entre C 250 e CLA 45 AMG Racing Series”, conta Evandro Bastos. O cupê compacto de quatro portas surpreende também pelo layout inovador. A linguagem de design foi enriquecida pela AMG dando um toque todo especial ao modelo. As proporções esportivas são enfatizadas ainda mais pela grade do radiador AMG, ambas pintadas de cinza titânio fosco. Os faróis bi-xenônio são
40 financeiro setembro 2014
Pneus
235/35 R19
Aceleração 0-100 km/h
4,6 s
Velocidade máxima
250 km/h*
equipamentos de série. A versão comercializada no Brasil é também equipada com o exclusivo Pacote AMG Night, que inclui vidros escurecidos, faixa da linha de cintura em preto anodizado, ponteiras de escapamento pretas com detalhes cromados, divisor aerodinâmico dianteiro, espelhos externos e friso traseiro pintados de preto. O acabamento interno do veículo reforça a esportividade, com bancos de couro preto e vermelho, além de portas e painel de couro. O teto solar panorâmico é outro toque de extrema esportividade. Além disso, o CLA 45 AMG importado para o Brasil vem de série com rodas de liga leve AMG de 19 polegadas. Até o fechamento desta edição, a marca já havia vendido 17 unidades do CLA 45 AMG. A Mercedes-Benz fechou o ano de 2013 com 9.421 carros vendidos no Brasil. De acordo com Evandro Bastos, “a previsão para 2014 é alcançar a marca de 11 mil automóveis Mercedes-Benz comercializados no País”, afirma. f
Fotos: Divulgação
estilo
marketing
Holofote cultural Cetip fecha parceria com a Time for Fun e passa a dar o seu nome à sala de espetáculos do Complexo Cultural do Instituto Tomie Ohtake
O
naming rights, ação de marketing que consiste em dar o nome de um produto ou de empresa para uma casa de espetáculo ou para estádio de futebol, tem se mostrado uma forma eficiente de conquistar clientes e atrair novos negócios. A partir dessa estratégia e na tentativa de tornar a sua marca mais próxima da pessoa física, a Cetip fechou parceria com a Time for Fun e dá seu nome à sala de espetáculos do Complexo Cultural do Instituto Tomie Ohtake, que passa a se chamar Teatro Cetip. “A nossa empresa está inserida no dia a dia
42 financeiro setembro 2014
do brasileiro e poucos sabem disso. Provê a infraestrutura para que as instituições do mercado financeiro realizem as suas operações habituais, como aplicações financeiras e financiamentos de veículos. Além disso, estamos investindo na cultura do País, associando a imagem da companhia a um centro cultural de destaque de São Paulo”, afirma Gilson Finkelsztain, diretor-presidente da Cetip. Para Fernando Altério, presidente da Time for Fun, a iniciativa da Cetip favorece a posição de liderança da sua empresa no segmento do entretenimento. “Muito nos honra a Cetip apostar nesse mercado de produções de alta qualidade, em São Paulo”, exalta Altério. Localizado entre as Avenidas Faria Lima e Pedroso de Morais, na região de Pinheiros, o Teatro Cetip tem capacidade para 627 espectadores e sua estrutura inclui, além da sala de espetáculos, um espaço multiuso reservado para shows, apresentações, ensaios e eventos fechados. Em sua nova fase, a sala recebe o musical “Se Eu Fosse Você”, baseado em um dos maiores sucesso do cinema nacional, que reúne mais de 30 canções de Rita Lee, 30 atores e músicos em cena e a supervisão artística de Daniel Filho. f
cultura
Morada das letras Com mais de 320 mil títulos, 51 mil deles classificados como raros, a Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, recebe diariamente a visita de 1,2 mil pessoas
N
ão são poucas as pessoas que circulam diariamente pelo centro de São Paulo e não têm ideia do que funciona no prédio estilo art déco que fica bem no cruzamento da Rua da Consolação com a Avenida São Luís. Trata-se da Biblioteca Mário de Andrade (BMA), o segundo maior acervo público de livros do País, com 7 milhões de itens – mais de 320 mil títulos, 51 mil deles classificados como raros –, superado apenas pela Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Em média, o local recebe 1,2 mil pessoas por dia. Só a área dos exemplares circulantes atende mais de 700 usuários. Fundada em 1925 como Biblioteca Municipal de São Paulo, a BMA passou a ocupar seu atual espaço em 1942, quando o prefeito Prestes Maia inaugurou o edifício projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon. De lá para cá, o prédio passou por inúmeros reparos e melhorias. Uma das significativas aconteceu entre 2007 e 2011, período que, além da recuperação do edifício principal e do anexo, os departamentos foram redistribuídos, o
44 financeiro setembro 2014
Fotos: Divulgação
Recuperação da BMA: investimento de R$ 23 milhões mobiliário passou por restauro e parte do acervo dos livros foi higienizada. Foram investidos cerca de R$ 23 milhões, R$ 13 milhões de reais no prédio principal e outros R$ 10 milhões para o anexo. Com a reabertura, o público voltou a explorar as coleções fixas (artes, coleção geral, mapoteca e raros e especiais), trazendo para o dia a dia da biblioteca pesquisadores, artistas e intelectuais que ficaram afastados durante a revitalização do patrimônio. Só a coleção de obras raras abriga 51 mil livros, 20 mil volumes de periódicos e outros 10 mil documentos, incluindo manuscritos, álbuns de fotografias originais, gravuras, desenhos, cartões-postais, moedas, além de publicações impressas antes de 1500, como a Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino. Entre as relíquias estão obras do frade franciscano André Thévet, cosmógrafo de Henrique II, rei da França; do missionário Jean de Léry, que retratou a tentativa da colonização francesa na Baía de Guanabara, e do padre português Manuel da Nóbrega, responsável pela primeira missão jesuítica à América. f
Foto: Divulgação
Fotos: Divulgação
negócio&lazer
“Nossos hóspedes têm ‘cabeça aberta’, são viajados e estão na faixa entre os 35 e 50 anos” Melissa Fernandes Oliveira, gerente geral 46 financeiro
Puro bom gosto Referência arquitetônica de São Paulo, o Hotel Unique oferece ambiente elegante, atendimento personalizado e alta gastronomia – assinada pelo chef Emmanuel Bassoleil, além de ser um dos melhores lugares para avistar a cidade de cima
I
números empreendimentos são construídos em São Paulo, mas muito poucos se tornam referência arquitetônica da cidade. Uma dessas raridades é o Hotel Unique. Projeto arrojado do arquiteto Ruy Ohtake, o edifício foi inaugurado há 12 anos, quando começava a surgir por aqui o conceito do hotel butique, com poucos quartos, ambiente elegante, atendimento personalizado e alta gastronomia – assinada pelo premiado chef Emmanuel Bassoleil. Na bastasse tudo isso, o restaurante
Conheça o Hotel Unique em números: Apartamentos
85
Suítes
10
Pavimentos de apartamentos
6
Restaurante Skye
70 lugares
Bar Skye
120 lugares
Bar The Wall
50 pessoas
Piscina
25 x 4 metros
Comprimento do prédio
100 metros
Largura do prédio
15 metros
Altura do prédio
25 metros
Área de eventos
2 mil m²
Subsolos
3
Estacionamento
600 vagas
Funcionários
380
Seus apartamentos, com metragens que variam de 36 m² a 250 m², Chef Emmanuel Bassoleil: seu cardápio atrai diariamente receberam projeto de inmais de 600 clientes terior do arquiteto João Armentano. Os quartos das pontas do prédio, aliás, têm um atrativo a mais: o piso chega a encostar no teto, acompanhando o desenho curvo da fachada. Já o paisagismo simétrico do térreo e da cobertura foi idealizado por Gilberto Elkis, que também é responsável pelo projeto singular da piscina vermelha (lembra vinho rosé), de 25 metros de comprimento, localizada na cobertura ao lado do bar e do restaurante do hotel. Bastante conhecido no exterior, vide a lista de personalidades que já se hospedaram por lá, o Unique faz parte do roteiro de muitos brasileiros que buscam na capital paulista um fim de semana que mistura programação cultural, compras e boa gastronomia. Aliás, o criativo cardápio do chef francês Emmanuel Bassoleil, do Skye, costuma encantar tanto os paulistanos como os hóspedes estrangeiros. Entre suas especialidades, o ceviche de bloody mary, preparado com robalo, camarão, alga, cebola-roxa, milho e erva-doce no suco de tomate com vodca; o canelone de pato, acompanhado de uma minicoxinha de foie gras cremoso e um toque de trufa negra; ou a blanquete de vitela, levemente cozida com creme de leite e cogumelos, mais purê de batata. Se ficar com peso na consciência e quiser gastar algumas calorias, o hóspede tem a opção de cair de cabeça no U-Bike, programa de mobilidade sustentável da capital paulista, que estimula as pessoas a conhecer os principais pontos turísticos de São Paulo, pedalando por rotas ciclísticas alternativas. A atmosfera moderna do Unique atrai também diversos hóspedes que vêm para são Paulo para participar de eventos da área de moda e do universo artístico, como o SP Fashion Week ou a SP-Arte, mostra que reúne aproximadamente 30 galerias nacionais e internacionais. Outra atração da cidade, que acontece há oito anos nos salões do hotel, é o concorrido baile de gala da Vogue, festa pré-carnavalesca que concentra centenas de celebridades, como Gianne Albertoni, Shirley Mallmann, Heleninha Bordon, Marina Ruy Barbosa, Adriane Galisteu, entre outras. Se passou pela sua cabeça se casar em lugar que reúne tanta diversidade e elegância, é bom se apressar. A concorrência por uma brecha na programação do Unique não é menos disputada do que um espaço na agenda da Igreja Nossa Senhora do Brasil. Se ainda continuar interessado, só há reservas para 2015. f Serviço: Hotel Unique, Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 4.700, São Paulo - SP, Tel. (11) 3055-4710, www.hotelunique.com.br
48 financeiro setembro 2014
Fotos: Divulgação
Skye, localizado na cobertura do hotel, em pouco tempo, passou a ser considerado um dos dez lugares mais incríveis para se ver São Paulo de cima. Também pudera, de lá é possível avistar o Parque do Ibirapuera, os espigões da Avenida Paulista e as mansões dos Jardins. “A combinação de cardápio atraente com a beleza do cenário leva Bassoleil a atender por dia cerca de 600 clientes”, conta Melissa Fernandes Oliveira, gerente geral do Unique. Além daqueles que vão ao hotel apenas para almoçar ou jantar e descansar o olhar no horizonte paulistano, o Unique tem clientes cativos, que mantêm quase sempre lotados seus 85 apartamentos e dez suítes. Segundo Melissa, são hóspedes de “cabeça aberta”, viajados e que têm entre 35 e 50 anos. A maioria é formada por executivos de negócios, profissionais da moda ou do entretenimento e artistas. Por isso, faça cara de paisagem se encontrar por lá Christian Louboutin, Carolina Herrera, Harrison Ford, Kevin Costner ou o príncipe Harry. Embora o arquiteto Ruy Ohtake prefira definir o seu projeto como um arco invertido, com 100 metros de cumprimento, que parece estar suspenso no ar, não são poucos aqueles que enxergam na obra semelhança com um barco ou até mesmo com uma fatia de melancia. Não importa, o Unique se tornou um marco urbano de São Paulo.
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1 2 3
Concertos didáticos para mais de 110 mil crianças e jovens e 1.154 vagas ao ano para professores multiplicadores da apreciação musical; Aperfeiçoamento de jovens músicos de elevado potencial para ingresso no mercado profissional; Visitas educativas à Sala São Paulo para mais de 120 mil pessoas.
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terceirosetor
Sonho de campeão Por Patrícia Marques
Após 12 anos da conquista do penta no Japão, o ex-jogador Cafu continua levando esperança aos jovens do Jardim Irene, em São Paulo
50 financeiro setembro 2014
Ilustração: Rafael Pascoal
M
arcos Evangelista de Morais, o Cafu, ao comemorar a conquista do penta na Copa do Japão, em 2002, trouxe notoriedade mundial para um bairro pobre da zona sul da capital paulista: o Jardim Irene. Ao erguer a taça Fifa, o capitão da seleção trazia rascunhado na camiseta a frase: “100% Jardim Irene”. A homenagem, no entanto, não refletia a dura realidade de uma desconhecida região da periferia paulistana, próxima ao Capão Redondo, conhecida apenas pelos altos índices de violência e de exclusão social. Foi então que o sonho de Cafu começou a tomar forma. Criada em 2001, antes mesmo do mundial, a Fundação Cafu nasceu do desejo do ex-jogador de levar oportunidade aos jovens da região, onde passou a infância e a adolescência, para diminuir a exclusão social por meio de programas e projetos que estimulam a educação, a cultura e o esporte. Em novembro de 2002, já consagrado com
as cinco estrelas no peito, Cafu inaugurou a sede da fundação e comemorou as primeiras parcerias com as empresas. De lá para cá, a entidade só conquistou êxitos. Atualmente a instituição atende mais de 750 crianças e jovens, entre 3 e 18 anos, que para participar das atividades da fundação precisam ser moradores do Jardim Irene, devem frequentar escola pública e ter renda familiar de até três salários mínimos. Para 500 adultos, entre 18 e 60 anos, a organização oferece cursos profissionalizantes. Para aqueles que desejam mergulhar no universo das artes, a fundação promove oficinas de teatro, instrumentos musicais, canto, iniciação ao hip hop, aulas de desenho, grafite e capoeira, prática de basquete, além do projeto voluntário Brincando de Bola, que trabalha o futsal masculino e feminino, promovendo a interação dos alunos mais velhos com os menores. ”Nós utilizamos o futebol como ferramenta de inclusão social. Não estamos interessados na profissionalização do esporte. Aqui estamos focados na ética, no respeito, na humildade e na esperança”, explica Silvia Abranches, diretora-superintendente da Fundação Cafu. f
Como ajudar A fundação é uma entidade sem fins lucrativos, criadora de oportunidades de desenvolvimento, que ajuda a combater a desigualdade social, é mantida com recursos do ex-jogador e recebe doações por meio de parcerias com empresas – Ambev, Danone, Adidas, Consigaz, entre outras – e de pessoas físicas. As crianças e os adolescentes são atendidos de forma gratuita.
Serviço: Rua Alves de Souza, 65 Tel. (011) 5824-0422 Jardim Irene – São Paulo, SP
setembro 2014 financeiro 51
terceirosetor2
Um futuro melhor Projeto Viver, na Comunidade do Jardim Colombo, em São Paulo, oferece apoio educacional para 300 crianças e orientação para que jovens ingressem no mercado de trabalho
N
aos jovens da comunidade, que em todos imaginam o têm entre 15 a 18 anos, o Prograprazer que é esquecer ma Caminhando. São duas turpor um dia a rotina de mas anuais, com 70 participantrabalho no mercado financeiro tes cada, que recebem durante para pintar o rosto da garotada seis meses orientação e formaou se envolver na organização de ção para que ingressem com o pé uma festa beneficente do Dia das direito no mercado de trabalho. Crianças. Essa é uma alegria que Eles são capacitados em inforGisele Andrade e Cintia Falcão, mática, aprendem a organizar e respectivamente, consultora de Gisele Andrade e montar o seu currículo, além de investimentos e gerente jurídica Cintia Falcão: noções de como se apresentar do Banco Votorantim, não abrem voluntárias do Projeto em uma seleção ou entrevista de mão. Elas e outros 200 voluntáViver e executivas do trabalho. “Muito deles chegam à rios da Votorantim Finanças arBanco Votorantim formatura do curso já empregaregaçam as mangas para levar mais qualidade de vida para cerca de 900 pessoas dos. Outros se preparam para ingressar na faculque participam do Projeto Viver, na Comunidade dade. É um salto muito grande para eles e para suas famílias”, comenta Gisele. do Jardim Colombo, zona sul da capital paulista. Mesmo quem não faz parte da Votorantim Embora ofereça atividades complementares para outras faixas etárias, a prioridade do Pro- Finanças pode ajudar e contribuir com o Projeto jeto Viver é a educação de crianças de 6 a 14 Viver. Para a festa do Dia das Crianças, agora em anos. Para que elas fiquem longe das ruas, 30 outubro, por exemplo, Gisele e Cintia criaram um funcionários contratados da Associação Viver site de crowdfunding para arrecadar recursos: em Família, direta ou indiretamente, atuam para www.catarse.me/diadascriancas2014. Outra forma de colaborar é com a compra de que 300 crianças passem as tardes no projeto, recebendo alimentação, reforço escolar, aulas de kits lanches preparados pela comunidade. Atualinformática, incentivo à leitura, participem de ati- mente eles atendem empresas, com 1.000 pedividade esportiva, oficina de teatro, etc. “O nosso dos diários, mas têm disponibilidade para mais objetivo é proporcionar um mundo melhor para 2.000 kits. Os lanches são montados sob orientação de nutricionistas, em uma cozinha semi-inessas crianças”, diz Cintia. Passada a fase da infância, o projeto oferece dustrial e de acordo com as normas da Anvisa. f setembro 2014 financeiro 53
bancodedadosinepad
Estratégias para uma agenda
econômica eficiente E
m ano de eleição, como 2014, debates sobre as consequências, os acertos e os erros da política econômica adotada nos últimos anos mostram-se recorrentes, seja na grande mídia ou em conversas informais no dia a dia das pessoas. Debates sobre a melhor direção a ser trilhada pela economia do País tornam-se mais frequentes pela possibilidade de mudança ou de manutenção do rumo das decisões tomadas pelo Poder Executivo, a partir do processo eleitoral. Nesses debates, logicamente, há divergência de ideologias e de opiniões, contudo alguns pontos a melhorar são consensos nos argumentos e algumas estratégias básicas podem ser importantes para a construção de políticas econômicas eficientes. Começamos pela Educação. A Educação é fundamental para o desenvolvimento econômico de um país. Com um melhor ensino, aumentamos a oferta de profissionais capacitados, ou seja, aumentamos a produtividade por trabalhador e, consequentemente, a produtividade das empresas e de toda a economia. Além disso, profissionais bem formados possuem maior capacidade para adaptar e criar métodos otimizadores de recursos, bem como contribuem no desenvolvi-
Tabela 1 – Ranking de Carga Tributária/PIB em 2013
Colocação no Ranking
País
Carga Tributária/ PIB
1º
Dinamarca
48,1%
2º
Suécia
44,5%
3º
França
44,2%
4º
Bélgica
44,0%
5º
Finlândia
43,4%
6º
Noruega
43,2%
7º
Itália
42,9%
13º
Alemanha
37,1%
19º
Reino Unido
35,5%
22º
Brasil
34,8%
23º
Argentina
34,6%
33º
Espanha
31,6%
34º
Portugal
31,3%
39º
Rússia
29,5%
58º
Estados Unidos
25,1%
91º
China
19,0%
Fonte: INEPAD e OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
setembro 2014 financeiro 55
bancodedadosinepad
mento e na implementação de novos processos e novas formas de organização. Entretanto, aumentar os investimentos em educação destinando uma parcela maior da arrecadação do governo ou então aumentando a carga tributária não são as únicas e nem deveriam ser as principais ações. O ideal seria o aumento da eficiência na gestão dos recursos públicos, ou seja, o foco não deve ser apenas no aumento do gasto, mas na qualidade do gasto despendido. A gestão do gasto público possui relação direta com aquilo que ele arrecada. A relação carga tributária/PIB brasileira é de 34,8%. Esse valor é comparável ao de países desenvolvidos, como mostra a Tabela 1. O Brasil está na 22ª colocação dos países com maior carga tributária/PIB, sendo o primeiro entre os países latino-americanos (seguido de perto pela Argentina) e o primeiro entre os BRICS. Ocorre que, apesar de possuir uma carga próxima a tais países, quando analisamos o retorno desse dinheiro à sociedade, em forma de serviços públicos, a comparação é desfavorável para o Brasil. O Governo Brasileiro não consegue atender de maneira mínima os serviços públicos básicos como educação, saúde, segurança pública, além disso, o investimento em infraestrutura (produção de energia, portos, aeroportos, rodovias, ferrovias) é baixo. Quanto ao ambiente macroeconômico brasilei-
Gráfico 1 – Taxa de Investimento/PIB do Brasil
ro, um dos principais desafios do próximo representante eleito será aumentar a relação taxa de investimento/PIB. Essa relação reflete qual parcela do PIB é representada por investimento em capital fixo, ou seja, qual parcela do PIB foi investida visando ao aumento da capacidade produtiva do País. Como mostra o Gráfico 1, a taxa de investimento do Brasil desde de 1995 oscila entre 16% e 20% do PIB, saindo desse intervalo apenas uma vez, em 2008, quando alcançou 20,71%. A Tabela 3 expõe uma comparação da taxa de investimento brasileira com a de outros países, é possível ver que a taxa brasileira, além de estar abaixo da média mundial, é a menor entre os BRICS, e, dos demais, está acima somente da Alemanha, país que já é desenvolvido e justifica a taxa em nível menor, e da Argentina, que vivencia um cenário de crise nos últimos anos.
Tabela 3 – Taxa de Investimento/ PIB em 2013
País
Taxa de Investimento/PIB
Argentina
16,88%
Brasil
18,17%
Chile
23,99%
China
46,54%
Alemanha
17,65%
Índia
30,37%
Rússia
21,47%
Estados Unidos
18,64%
Mundo
21,25% Fonte: INEPAD e World Bank
Outras mudanças importantes a serem feitas referem-se ao Sistema Tributário Nacional e ao desenvolvimento do Mercado de Crédito Brasileiro. Quanto à estrutura tributária é interessante simplificá-la e deixá-la mais transparente, para assim, aumentar a competitividade do setor produtivo nacional. E o Mercado de Crédito do Brasil, como exposto na Tabela 4 em que mostra a proporção crédito ao setor privado/PIB, possui gran-
56 financeiro setembro 2014
Fonte: INEPAD e World Bank
Elaborado pelo Centro de Pesquisas do INEPAD Núcleo CEPEFIN
de potencial para crescer e facilitar a concessão de crédito para projetos de investimento produtivo por parte das empresas. Enquanto a relação crédito ao setor privado/PIB dos países desenvolvidos está acima de 100%, com alguns acima de 150%, o Brasil está em 68,37%. Dos BRICS, China e África do Sul estão à frente.
Elaboração:
Iago Henrique Rodrigues Monteiro – Pesquisador do Centro de Pesquisas do INEPAD – Núcleo CEPEFIN. Graduando em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto.
Foto: Divulgação
Orientador:
Alberto Borges Matias – Fundador do INEPAD e orientador do CEPEFIN. Professor titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto. Livre docente em Finanças, atuando nos programas de graduação, pós-graduação e MBAs da Universidade.
Tabela 4 – Crédito ao Setor Privado/ PIB em 2012
País
Crédito ao Setor Privado/PIB
Estados Unidos
183,79%
Reino Unido
176,07%
Japão
176,72%
África do Sul
151,07%
China
133,70%
França
115,96%
Alemanha
101,09%
Chile
73,25%
Brasil
68,37%
Índia
51,49%
Turquia
54,40%
Rússia
48,79%
México
27,74%
Argentina
18,54% Fonte: INEPAD e World Bank
O Brasil é um país com enormes oportunidades de crescimento, entretanto é necessário mudanças para aumentar a produtividade e a competitividade dos produtos nacionais no mercado internacional. Com foco em educação, é necessário aumentar a eficiência dos gastos e investimentos do governo nos serviços públicos e em infraestrutura geral. Além disso, uma reforma tributária e facilitar, sustentavelmente, a concessão de crédito no país, são, também, importantes passos e refletem os desafios do Presidente eleito ou reeleito que conduzirá o país nos próximos quatro anos. setembro 2014 financeiro 57
bancodedadosinepad Taxas Médias: geral DATA
Aplicações
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p.
jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14
19,1 19,3 19,5 19,8 20,0 19,7 20,7 21,0 21,1 21,1 21,4 21,1 21,4
0,6 0,2 0,2 0,3 0,2 -0,3 1,0 0,3 0,1 0,0 0,3 -0,3 0,3
7,7 8,0 8,2 8,2 8,5 8,6 8,9 8,7 8,8 8,6 8,6 8,4 8,3
0,1 0,3 0,2 0,0 0,3 0,1 0,3 -0,2 0,1 -0,2 0,0 -0,2 -0,1
11,4 11,3 11,3 11,6 11,5 11,1 11,8 12,3 12,3 12,5 12,8 12,7 13,1
0,5 -0,1 0,0 0,3 -0,1 -0,4 0,7 0,5 0,0 0,2 0,3 -0,1 0,4
Variação jul-jul
2,3
0,6
1,7 Fonte: BC / INEPAD
Taxas Médias: Pessoa física DATA jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14 Variação jul-jul
Aplicações
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p.
25,1 25,2 25,6 26,2 26,1 25,6 26,8 27,4 27,7 27,7 27,9 27,9 28,2
0,9 0,1 0,4 0,6 -0,1 -0,5 1,2 0,6 0,3 0,0 0,2 0,0 0,3
8,6 8,8 8,8 9,1 9,2 9,5 9,2 9,4 9,1 9,1 8,8 8,8
0,4 0,2 0,0 0,3 0,1 0,3 -0,3 0,2 -0,3 0,0 -0,3 0,0 0,6
16,6 16,8 17,4 17,0 16,4 17,3 18,2 18,3 18,6 18,8 19,1 19,4
-0,3 0,2 0,6 -0,4 -0,6 0,9 0,9 0,1 0,3 0,2 0,3 0,3 2,5
3,1
0,6
2,5 Fonte: BC / INEPAD
Taxas Médias: Pessoa física DATA jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14 Variação jul-jul
Aplicações
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p.
14,4 14,7 14,7 14,8 15,2 15,1 15,9 16,0 16,0 16,0 16,3 15,7 16,0
0,3 0,3 0,0 0,1 0,4 -0,1 0,8 0,1 0,0 0,0 0,3 -0,6 0,3
7,3 7,5 7,7 7,8 8,1 8,2 8,3 8,3 8,3 8,2 8,2 8,0 7,9
0,0 0,2 0,2 0,1 0,3 0,1 0,1 0,0 0,0 -0,1 0,0 -0,2 -0,1
7,1 7,2 7,0 7,0 7,1 6,9 7,6 7,7 7,7 7,8 8,1 7,7 8,1
0,3 0,1 -0,2 0,0 0,1 -0,2 0,7 0,1 0,0 0,1 0,3 -0,4 0,4
1,6
0,6
1 Fonte: BC / INEPAD
58 financeiro setembro 2014
Consignados: saldo de operações de crédito crédito consignado (R$ milhões) Crédito pessoal Mês/Ano
Não consignado
jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14
95.736 96.486 97.579 98.605 99.423 97.767 98.921 99.503 100.269 101.020 102.162 102 148 101 983
Fonte: BC / INEPAD
Taxa de Juros %a.a. Total
Consignado 130.421 132.123 133.439 134.936 136.391 137.169 138.420 140.063 141.516 143.218 145.134 147 033 148 840
17.504 17.727 17.860 17.950 18.008 17.953 18.050 18.175 18.280 18.522 18.733 18 752 18 906
64.181 65.102 65.536 65.893 66.356 66.755 67.672 69.344 69.795 70.466 71.249 72 220 73 058
212.106 214.952 216.835 218.779 220.628 221.841 224.142 227.582 229.591 232.206 235.116 238 005 240 804
307.842 311.438 314.414 317.384 320.178 319.644 323.063 327.085 329.860 333.226 337.278 340 153 342 787
Consignado 24,4 24,5 24,3 24,6 24,5 24,4 24,9 25,1 25,3 25,3 25,5 25,6 25,9
Crédito Diferença Pessoal 39,8 39,7 40,3 42,2 41,7 41,3 43,0 44,1 43,9 45,2 44,9 45,5 45,8
15,4 15,2 16,0 17,6 17,2 16,9 18,1 19,0 18,6 19,9 19,4 19,9 19,9
setembro 2014 financeiro 59
bancodedadosinepad Saldo da carteira de crédito - pessoa física
20.962 21.086 22.025 22.058 21.247 20.219 21.742 21.926 23.129 23.587 23.350 23.960 23.201
2,36 0,59 4,45 0,15 -3,68 -4,84 7,53 0,85 5,49 1,98 -1,00 2,61 -3,17
129.369 130.019 131.437 133.682 135.236 144.589 143.914 139.697 141.616 141.324 143.585 144.212 145.045
CRÉDITO PESSOAL NÃO CONSIGNADO VINCULADO À DÍVIDA
3,19 0,50 1,09 1,71 1,16 6,92 -0,47 -2,93 1,37 -0,21 1,60 0,44 0,58
21.721 21.739 21.558 21.500 21.416 21.195 21.058 20.887 20.719 20.598 20.629 20.430 20.424
CRÉDITO PESSOAL VARIAÇÃO Crédito Variação Crédito pessoTOTAL EM % pessoal não al consignado Variação em % em % total consignado -0,20 0,08 -0,83 -0,27 -0,39 -1,03 -0,65 -0,81 -0,80 -0,58 0,15 -0,96 -0,03
95.736 96.787 97.579 98.605 99.423 97.767 98.921 99.503 100.269 101.020 102.162 102.148 101.983
0,08 1,10 0,82 1,05 0,83 -1,67 1,18 0,59 0,77 0,75 1,13 -0,01 -0,16
212.106 214.728 216.835 218.779 220.754 221.878 224.143 227.581 229.591 232.206 235.116 238.005 240.803
1,34 1,24 0,98 0,90 0,90 0,51 1,02 1,53 0,88 1,14 1,25 1,23 1,18
307.842 0,94 311.515 1,19 314.414 0,93 317.384 0,94 320.177 0,88 319.645 -0,17 323.063 1,07 327.085 1,24 329.859 0,85 333.226 1,02 337.279 1,22 340.153 0,85 342.786 0,77
Fonte: BC / INEPAD
jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14
CHEQUE VARIAÇÃO CARTÃO DE VARIAÇÃO CRÉDITO EM % EM % ESPECIAL
VARIAÇÃO EM %
MÊS / ANO
recursos livres - (R$ milhões)
Saldo da carteira de crédito - pessoa física Outros bens Variação em %
jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14
193.946 194.008 193.106 193.026 193.082 192.797 193.006 191.845 189.952 188.987 188.048 186.422 185.204
1,02 0,03 -0,46 -0,04 0,03 -0,15 0,11 -0,60 -0,99 -0,51 -0,50 -0,86 -0,65
10.879 11.070 10.923 11.107 11.191 11.373 11.460 12.106 12.005 11.957 11.958 11.913 11.879
ARRENDAMENTO MERCANTIL
VARIAÇÃO EM %
DESCONTO DE CHEQUES
0,69 1,76 -1,33 1,68 0,76 1,63 0,76 5,64 -0,83 -0,40 0,01 -0,38 -0,29
204.825 205.078 204.029 204.133 204.273 204.170 204.466 203.951 201.957 200.944 200.006 198.335 197.083
1,01 0,12 -0,51 0,05 0,07 -0,05 0,14 -0,25 -0,98 -0,50 -0,47 -0,84 -0,63
11.167 10.410 9.724 9.064 8.498 7.906 7.368 6.854 6.315 5.883 5.481 5.088 4.694
-7,25 -6,78 -6,59 -6,79 -6,24 -6,97 -6,80 -6,98 -7,86 -6,84 -6,83 -7,17 -7,74
1.525 1.553 1.538 1.524 1.578 1.564 1.534 1.574 1.528 1.517 1.541 1.582 1.537
OUTROS CRÉDITOS LIVRES
-3,91 1,84 -0,97 -0,91 3,54 -0,89 -1,92 2,61 -2,92 -0,72 1,58 2,66 -2,84
26.279 26.417 25.700 25.167 25.723 25.930 26.354 25.397 24.909 25.091 24.861 24.515 25.060
0,93 0,53 -2,71 -2,07 2,21 0,80 1,64 -3,63 -1,92 0,73 -0,92 -1,39 2,22
Fonte: BC / INEPAD
Variação em %
VARIAÇÃO EM %
VARIAÇÃO EM %
Veículos
TOTAL
AQUISIÇÃO
VARIAÇÃO EM %
MÊS / ANO
recursos livres - (R$ milhões)
recursos direcionados - (R$ milhões) VARIAÇÃO - FINANC. IMOBILIVARIAÇÃO MÊS / CRÉDITO RURECURSOS LIVRES (R$ Milhões) ANO
RAL TOTAL
EM %
ÁRIO TOTAL
EM %
FINANC. RECURSOS DO BNDES
VARIAÇÃO EM %
MICROCRÉDITO TOTAL
VARIAÇÃO EM %
OUTROS CRÉDITOS DIRECIONADOS
VARIAÇÃO EM %
jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14
99.448 103.181 105.950 108.036 110.969 115.287 116.353 117.794 119.943 122.988 126.201 129.093 127.643
-2,25 3,75 2,68 1,97 2,71 3,89 0,92 1,24 1,82 2,54 2,61 2,29 -1,12
306.493 314.896 319.441 326.403 333.878 341.465 347.709 354.600 360.784 367.637 376.530 384.522 392.977
2,71 2,74 1,44 2,18 2,29 2,27 1,83 1,98 1,74 1,90 2,42 2,12 2,20
33.527 34.086 34.504 35.026 35.688 37.067 38.608 39.102 39.328 39.564 39.180 39.289 39.643
1,23 1,67 1,23 1,51 1,89 3,86 4,16 1,28 0,58 0,60 -0,97 0,28 0,90
4.116 4.158 4.188 4.423 4.873 5.392 5.450 5.415 5.261 5.172 5.301 5.458 5.512
-1,29 1,02 0,72 5,61 10,17 10,65 1,08 -0,64 -2,84 -1,69 2,49 2,96 0,99
5.109 5.314 6.074 6.169 6.343 6.745 6.865 6.968 6.807 7.030 7.277 7.334 5.531
7,44 4,01 14,30 1,56 2,82 6,34 1,78 1,50 -2,31 3,28 3,51 0,78 -24,58
Fonte: BC / INEPAD
60 financeiro setembro 2014
Fonte: BC / INEPAD
Saldo da carteira de crédito - pessoa física
Data jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09
Saldo 96.426 100.256 102.555 104.222 106.498 107.293 108.041 110.428 112.303 115.578 118.248 120.720 121.211 123.198 125.550 127.281 129.704 130.039 129.741 131.707 130.219 133.330 137.539 139.997 142.569 145.446 148.622 151.359 154.386
Taxa de Juros 51,06 50,61 49,89 49,43 48,88 46,75 45,80 53,08 52,59 50,48 50,60 48,39 51,39 53,59 54,49 56,31 57,42 59,88 60,44 56,51 54,49 50,84 48,78 46,62 45,64 44,78 44,29 44,71 45,74
Data nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 dez/11 jan/12 fev/12 mar/12
Saldo 156.259 159.692 162.446 165.543 170.393 174.442 178.844 181.458 184.359 188.779 191.969 195.497 198.633 201.611 205.727 209.255 210.445 213.685 216.864 220.666 224.603 229.192 232.172 235.202 238.570 238.854 242.445 246.608 250.527
Taxa de Juros 43,64 44,35 44,83 43,81 42,69 42,87 43,04 41,97 42,21 41,96 41,63 43,55 41,99 44,11 48,32 47,96 43,01 44,34 44,56 44,52 45,01 44,52 44,64 45,34 43,64 42,40 44,80 45,20 43,90
Fonte: BC / INEPAD
Gráfico do crédito pessoal Data abr/12 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12 out/12 nov/12 dez/12 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14
Saldo 254.431 259.656 263.702 266.503 270.538 271.628 275.565 278.776 279.104 283.245 287.061 291.741 296.412 301.254 304.967 307.842 311.515 314.414 317.384 320.177 319.645 323.063 327.085 329.859 333.226 337.279 340.153 342.786
Taxa de Juros 41,40 39,30 38,20 38,60 38,00 37,70 37,80 37,10 36,90 37,30 37,90 37,17 36,83 36,74 38,02 39,75 39,71 40,34 42,23 41,72 41,32 43,00 44,10 43,90 45,20 44,90 45,50 45,80
Fonte: BC / INEPAD
Saldo da carteira de crédito - pessoa física MÊS / ANO
Saldo (R$ milhões) e percentual (%) da carteira de crédito com recursos livres PF Total e com atraso entre 15 e 90 dias
Saldo total
jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14
307.842 311.515 314.414 317.384 320.177 319.645 323.063 327.085 329.859 333.226 337.279 340.153 342.786
CRÉDITO PESSOAL
AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS
Com atraso de % sobre saldo da carteira 15 a 90 dias 12.252 12.118 13.048 12.759 12.199 13.265 14.344 14.032 14.745 15.395 14.739 15.035 13.746
3,98% 3,89% 4,15% 4,02% 3,81% 4,15% 4,44% 4,29% 4,47% 4,62% 4,37% 4,42% 4,01%
Saldo total 193.946 194.008 193.106 193.026 193.082 192.797 193.006 191.845 189.952 188.987 188.048 186.422 185.204
AQUISIÇÃO DE OUTROS BENSSOAL
Com atraso de % sobre saldo da carteira 15 a 90 dias 15.826 15.152 15.796 15.693 15.350 14.922 14.939 14.408 16.051 15.818 15.307 15.175 14.224
8,16% 7,81% 8,18% 8,13% 7,95% 7,74% 7,74% 7,51% 8,45% 8,37% 8,14% 8,14% 7,68%
Saldo total 10.879 11.070 10.923 11.107 11.191 11.373 11.460 12.106 12.005 11.957 11.958 11.913 11.879
Com atraso de % sobre saldo da carteira 15 a 90 dias 814 794 765 796 789 753 842 856 970 988 935 929 861
7,48% 7,17% 7,00% 7,17% 7,05% 6,62% 7,35% 7,07% 8,08% 8,26% 7,82% 7,80% 7,25%
setembro 2014 financeiro 61
bancodedadosinepad
Fonte: BC / INEPAD
Juros Taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres - Pessoa Física AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS
MÊS / ANO
CRÉDITO PESSOAL
R$ Milhões
jul/13
307.842
2,83
0,11
39,75
1,73
193.946
1,55
0,06
20,28
0,81
10.879
4,39
0,06
67,49
1,09
ago/13
311.515
2,83
0,00
39,71
-0,04
194.008
1,60
0,04
20,92
0,64
11.070
4,39
0,00
67,55
0,06
set/13
314.414
2,86
0,04
40,34
0,63
193.106
1,64
0,05
21,60
0,68
10.923
4,43
0,03
68,17
0,62
out/13
317.384
2,98
0,11
42,23
1,89
193.026
1,59
-0,05
20,83
-0,77
11.107
4,58
0,16
71,19
3,02
nov/13
320.177
2,95
-0,03
41,72
-0,51
193.082
1,62
0,03
21,28
0,45
11.191
4,65
0,07
72,57
1,38
dez/13
319.645
2,92
-0,02
41,32
-0,40
192.797
1,62
0,00
21,29
0,01
11.373
4,93
0,28
78,13
5,56
jan/14
323.063
3,03
0,10
43,00
1,68
193.006
1,72
0,10
22,74
1,45
11.460
4,73
-0,20
74,16
-3,97
Saldo total
Saldo total
Taxa de juros % am
Varição p.p
% aa
Varição p.p
R$ Milhões
Saldo total
Taxa de juros % am
Varição p.p
% aa
Varição p.p
R$ Milhões
Taxa de juros % am
Varição p.p
% aa
Varição p.p
fev/14
327.085
3,09
0,07
44,10
1,10
191.845
1,80
0,08
23,85
1,11
12.106
4,79
0,06
75,36
1,20
mar/14
329.859
3,08
-0,01
43,90
-0,20
189.952
1,78
-0,02
23,54
-0,31
12.005
4,84
0,05
76,43
1,07
abr/14
333.226
3,16
0,08
45,20
1,30
188.987
1,71
-0,06
22,62
-0,92
11.957
4,89
0,04
77,34
0,91
mai/14
337.279
3,14
-0,02
44,90
-0,30
188.048
1,74
0,03
22,99
0,37
11.958
4,93
0,04
78,19
0,85
jun/14
340.153
3,17
0,04
45,50
0,60
186.422
1,74
0,00
23,02
0,03
11.913
4,91
-0,02
77,75
-0,44
jul/14
342.786
3,19
0,02
45,80
0,30
185.204
1,75
0,01
23,14
0,12
11.879
4,95
0,04
78,55
0,80
Fonte: BC / INEPAD
Atividade Econômica DATA
"Taxa da Utilização da Capacidade Instalada"
Var. p.p.
DATA
"Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral"
Var. %
jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14
82,4 82,2 82,0 82,2 81,9 81,6 82,2 82,0 81,1 81,0 80,8 80,4 81
-0,30 -0,20 -0,20 0,20 -0,30 -0,30 0,60 -0,20 -0,90 -0,10 -0,20 -0,40 0,60
jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14
101,60 102,60 104,20 102,10 102,10 98,40 100,90 100,80 100,2 99,7 98,8 97,4 98,10
-3,61% 0,98% 1,56% -2,02% 0,00% -3,62% 2,54% -0,10% -0,60% -0,50% -0,90% -1,42% 0,72%
-1,4
Variação jul-jul
Variação jul-jul
62 financeiro setembro 2014
-3,44%
Taxa de Desemprego
Rendimento
Inepad & IBGE
Taxa de Desemprego (%) DATA abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14
10% 1,0 9% 0,8 8% Brasil Var. p.p. SP Var. p.p. 0,6 7% Taxa de Desemprego 0,4 6% 5,80% 0,1 6,7% 0,400 Inepad & IBGE 0,2 Brasil 5,80% 0,0 6,3% -0,400 5% 10% São Paulo 6,00% 0,2 6,6% 0,300 0,0 9% 4% Var. p.p. 5,60% -0,4 5,80% -0,800 8% -0,2 3% 5,3% -0,3 5,40% -0,400 7% 5,40% 0,1 5,80% 0,400 -0,4 6% 2% 5,20% -0,2 5,60% -0,200 5% -0,6 1% 4% 4,60% -0,6 4,70% -0,900 3% 0% -0,8 4,30% -0,3 4,40% -0,300 4,0 4,80% jan/13 fev/13 0,5 mar/13 abr/13 5,00% mai/13 jun/13 0,600 jul/132%ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 1% 5,10% 0,3 5,50% 0,500 0% 5,00% -0,1 5,70% 0,2 3,5 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 4,90% -0,1 5,20% -0,5
Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido - B SP - (mil R$) In IBGE
3,0
2,5 Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido (R$) 2,0 DATA abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14
Brasil 1974,1 1967,5 1964,5 1947,6 1981,3 2001,8 1999,1 2038,3 2023,7 2031,7 2047,0 2040,3 2028
Var. p.p.
1,5
-0,18%
1,0 -0,34% -0,15%
-0,86% 0,5 1,73% 1,03%
-0,13% 0,0 1,96% -0,72% 0,40% 0,75% -0,33% -0,60%
SP 2104,6 2090,7 2078,9 2049,9 2083,3 2105,0 2127,6 2159,9 2136,2 2136,9 2145,2 2144,7 2139,30
Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido - Brasil e Inepad & SP - (mil R$)
Var. p.p. -0,49% -0,66% -0,57% -1,39% 1,63% 1,04% 1,07% 1,52% -1,10% 0,03% 0,39% -0,02% -0,25%
IBGE
4,0 3,5 3,0
2,5 2,0 1,5 1,0
0,5 0,0
SP
SP
Brasil
Brasil
Anfavea Produção - Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais, Leves e Pesados (em unidades) Produção
Média Trim.
Var. Mensal
ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14 ago/14 Variação Ago-Ago
342.757 322.350 322.514 293.189 230.892 237.186 281.452 271.217 277.091 281.355 215.934 252.635 265.910
328.164 327.654 329.207 312.684 282.198 253.756 249.843 263.285 276.587 276.554 258.127 249.975 244.826
24.902 -20.407 164 -29.325 -62.297 6.294 44.266 -10.235 5.874 4.264 -65.421 36.701 13.275
Var. Mensal (%) 7,8% -6,0% 0,1% -9,1% -21,2% 2,7% 18,7% -3,6% 2,2% 1,5% -23,3% 17,0% 5,3% -22,42%
Produção - Automóveis Leves e Pesados Inepad & Anfavea 400.000 350.000 300.000 Unidades
Data
250.000 200.000 150.000 100.000 50.000
0 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14
jul/14 ago/14
setembro 2014 financeiro 63
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
Brasil
0,0
São Pa
-0,2
Var. p
-0,4 -0,6 -0,8
bancodedadosinepad Exportação de Autoveículos montados (em unidades) Data
Exportações
Média Trim.
Var. Mensal
ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14 ago/14 Variação Ago-Ago
64.071 45.441 51.819 45.234 43.298 22.797 28.844 23.408 35.637 35.194 24.425 34.235 31.651
55.870 54.536 53.777 47.498 46.784 37.110 31.646 25.016 29.296 31.413 31.752 31.285 30.104
9.975 -18.630 6.378 -6.585 -1.936 -20.501 6.047 -5.436 12.229 -443 -10.769 9.810 -2.584
Var. Mensal (%) 18,44% -29,08% 14,04% -12,71% -4,28% -47,35% 26,53% -18,85% 52,24% -1,24% -30,60% 40,16% -7,55% -50,60%
Exportação de Autoveículos Montados Fonte: Inepad & Anfavea 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000
20.000 10.000 0
Exportações
Média Trimestral
Fonte: Anfavea / INEPAD
Licenciamento por Categoria Automóveis Fonte: Inepad & Anfavea
Licenciamento de Automóveis Nacionais e180.000 Importados - (em unidades) 160.000
Licenciamento por Categoria Automóveis
140.000
Data
Total
1000cc
% no Total
+1000cc a 2000cc
% no total
% no +2000cc 120.000 total
jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14
231.343 172.080 209.797 246.379 232.974 233.277 250.685 242.479 222.155 239.590 223.748 259.211 228.670
97.475 68.814 85.683 98.563 93.970 96.715 99.838 94.689 85.937 89.442 88.745 101.512 86.481
42,1% 40,0% 40,8% 40,0% 40,3% 41,5% 39,8% 39,1% 38,7% 37,3% 39,7% 39,2% 37,8%
132.707 102.250 122.993 146.066 137.426 135.298 149.235 146.205 134.794 148.753 133.291 155.889 140.452
57,4% 59,4% 58,6% 59,3% 59,0% 58,0% 59,5% 60,3% 60,7% 62,1% 59,6% 60,1% 61,42%
1.161 80.000 0,5% 1.016 0,6% 1.121 60.000 0,5% 1.750 40.000 0,7% 1.578 0,7% 1.264 20.000 0,5% 1.612 0,6% 0 1.585 0,7% 1.424 0,6% 1.395 0,6% 1.712 0,8% 1.810 0,7% 1.737 0,76%
100.000
Fonte: Inepad & Anfavea 160.000 140.000
120.000 100.000 80.000 60.000 40.000
20.000 0
1000cc
1000cc
+1000cc a 2000cc
+2000cc
+1000cc a 2000cc
+2000cc
Fonte: Anfavea / INEPAD
Macro
64 financeiro setembro 2014
Previsões Econômicas Ano de 2014
"PIB Total % a.a."
"PIB Agropecuário % a.a."
"PIB Indústria % a.a."
"PIB Serviço % a.a."
"Produção Industrial % a.a."
Previsão 29/08/2014 (2014/2014)
0,54
2,16
-1,09
1,35
-1,70
1 semana antes 22/08
0,72
2,47
-0,60
1,49
-1,80
1 mês antes 29/07/2014
0,9
2,65
-0,44
1,5
-1,22
Ano de 2014
"Selic Taxa anual"
"IGP-DI % a.a."
"IPCA % a.a."
"Taxa de Cãmbio R$ / US$"
"Saldo Comercial US$ bilhões"
Previsão 29/08/2014 (2014/2014)
11,01
3,67
6,25
2,34
242,81
1 semana antes 22/08
11,01
3,61
6,25
2,35
243,63
1 mês antes 29/07/2014
11,04
4,47
6,38
2,35
243,35
setembro 2014 financeiro 65
artigopalavrafinal
Crescer e desenvolver Por Nicola Tingas
66 financeiro setembro 2014
Artigo enviado em 8/09/2014
C
rescer e desenvolver, no conda e estímulo privado empreendetexto econômico de uma nação, dor, além da participação de cada tem diversa interpretação, decidadão no sentido de promover Por Nicola Tingas: finição ou representação, dependendo esforços coerentes, firmes e coneconomista-chefe do autor. Creio que consiste, sintetisistentes. Desenvolver é um desejo da Acrefi camente, em um processo de escolha e objetivo do conjunto da sociedade nicolatingas@acrefi.org.br de prioridades, metas e objetivos para e para tal prescinde de lideranças o desempenho presente e futuro de públicas e privadas imbuídas do uma nação, de forma a atender demandas econô- “espírito de construção” da nação. micas, políticas e sociais do conjunto da sociedade, Como resgatar objetiva e assertivamente o e em particular, da promoção do bem-estar e do binômio crescer e desenvolver será a proposiprogresso familiar e individual do cidadão. ção central do 9º SIAC – Seminário Internacional De outra forma, crescer e desenvolver não ACREFI do dia 6 de novembro de 2014. O evense limita apenas a ter o produto interno bruto (o to anual tratará de aspectos importantes na de“PIB”) crescendo a taxas elevadas; pois o produ- finição e nas escolhas da agenda econômica do to poderá ser mal distribuído ou obtido de forma governo eleito para o mandato representativo inadequada para promover ampla inserção so- 2015–2018. Serão verificados aspectos do cenácial, produtividade e progresso para o todo da rio internacional, do cenário nacional, e as escoeconomia. Mais do que isso, é necessário também lhas prováveis da “economia política” do próximo haver foco de longo prazo, no sentido de perse- ciclo econômico brasileiro. guir permanentemente o objetivo de desenvolver. Diversos palestrantes, nacionais e internaPortanto, é importante não somente crescer cionais, farão apresentações individuais e depois em termos de riqueza; como também, obter sig- debaterão conjuntamente as tendências e possinificativos avanços qualitativos em termos de bilidades de avanços durante os próximos anos saúde, educação, moradia, mobilidade, cultura, da economia nacional. A programação preliminar, qualidade de vida para a sociedade como um a seguir, indica esse contexto de busca de um detodo. Isso é algo que só se obtém ao longo do bate equilibrado e produtivo sobre a Agenda Bratempo, desde que haja política pública adequa- sil 2015–2018. f