Financeiro 97 - Maio 2016

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Foco na sustentabilidade do crédito e na rentabilidade do setor

Hilgo Gonçalves

Novo presidente da ACREFI dedicará atenção redobrada à melhoria do desempenho das carteiras de veículos e do varejo, por meio de incentivo à certificação de quem atende os clientes e à disseminação da orientação financeira

edição

97 Maio

Pesquisa ACREFI / TNS: 82% dos consumidores sentem-se inseguros para contratar novos financiamentos



editorial

Muito obrigado pela confiança

Foto: Luciano Piva

N

este primeiro contato com os leitores da Financeiro, quero dizer primeiramente, que, ao receber o convite do Érico Ferreira para sucedê-lo na presidência da ACREFI, senti uma combinação de três itens que norteiam a carreira da maioria dos executivos: responsabilidade, satisfação e desafio. Mesmo com mais de 40 anos de janela no setor de crédito e sempre muito próximo das atividades promovidas pela ACREFI, esse chamado trazia um elemento novo: eu seria o primeiro a ocupar o cargo que não foi recrutado entre os associados da entidade. Mas quem conhece o Érico sabe que é praticamente impossível escapar das suas convocações. Aceitei. E a acolhida não poderia ter sido melhor por parte da assembleia, da diretoria, das associados e dos colaboradores da ACREFI. Quero deixar aqui o meu agradecimento pela confiança em mim depositada, e pela consideração. Já me sinto em casa. No dia a dia, eu desejo contribuir para um ambiente de crédito ainda mais sustentável. Quero manter a ACREFI entre os protagonistas do desenvolvimento do nosso país. Isso será feito por meio de um trabalho coletivo, amparado em muito diálogo, troca de ideias e intercâmbio de informação. Para atingir esse objetivo de maneira eficiente, a nossa gestão atuará apoiada em 10 pilares: PROXIMIDADE COM O ASSOCIADO, ouvindo as principais demandas para melhor representar o setor; SUSTENTABILIDADE DO CRÉDITO, incentivando o treinamento e a certificação dos colaboradores que atendem os clientes finais; EDUCAÇÃO FINANCEIRA e CONSUMO CONSCIENTE, apoiando e divulgando as iniciativas do BCB por meio do projeto Cidadania Financeira; CADASTRO POSITIVO, estimulando ações e debates voltados ao melhor entendimento do assunto, alinhados com as entidades do segmento financeiro e com

Passagem de faixa: Érico Sodré Quirino Ferreira e Hilgo Gonçalves

mercado; EXPERIÊNCIA DOS CLIENTES, incentivando iniciativas que visem conhecer mais os consumidores; CLIMA ORGANIZACIONAL, estimulando ações e projetos das associadas sobre o assunto; INOVAÇÃO, promovendo o debate para manter as nossas empresas conectadas às novidades geradas pela tecnologia; COMISSÕES, incentivando a participação dos associados nas diversas discussões promovidas pelos colegiados internos; COMUNICAÇÃO e TRANSPARÊNCIA, fazendo intercâmbio de informações entre os diversões canais mantidos pela entidade; e RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA, favorecendo o engajamento das associadas em projetos sociais das suas comunidades, visando consumo consciente, sustentabilidade e também educação financeira. Apresentados os pilares sugeridos para a nossa gestão, quero dizer que gosto de trabalhar em equipe. Acredito piamente que ninguém constrói nada sozinho. Para isso, estarei sempre à disposição para ouvir, contribuir e compartilhar ensinamentos que angariei ao longo da minha carreira. Serei um facilitador de processos, sem abdicar da importante tarefa de representar a ACREFI perante os órgãos reguladores e as entidades que gravitam em torno do crédito. Serei também um defensor das ações relacionadas à educação financeira, ao perfil do consumidor e ao treinamento dos colaboradores. Creio nos benefícios do conhecimento como ponto de partida para a consolidação do crédito sustentável. f maio 2016 financeiro

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3 Editorial 10 Hilgo Gonçalves

Foto capa: Luciano Piva

Novo presidente da ACREFI fala sobre seus planos à frente da entidade Escreva o seu e-mail, faça seu comentário: acrefi@acrefi.org.br

10 16 Mercado de autos

Consultora Tereza Fernandez trata das dificuldades do setor de veículos

Devagar quase

parando

19 Liderança

Antonio Megale assume a presidência da Anfavea

22 Inovação

Seminário discute como a tecnologia pode minimizar a crise

22 6 financeiro maio 2016

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conteúdofinanceiro

27 Indicadores G100 28 Segurança Digital

28

Encontro apresenta ferramentas para prevenção à fraude

34 Pesquisa ACREFI/TNS

Consumidor continua avesso a novos financiamentos

40 Painel Cetip

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42 Supermáquinas Mercedes-Benz E43 AMG 4Matic

44 Cultura

Museu do Amanhã

48 Livros

Artigos 21 Milton Luiz de Melo Santos Desenvolve SP e ABDE

26 Gustavo Loyola

Tendência Consultoria Integrada

38 Maria Cristina Pinotti A.C. Pastore & Associados

49 Emirio Yamada Fidelity Serviços

Foto: Divulgação/Bernard Lessa

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expediente ISSN 1809-8843

Publicação da acrefi - Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 - 28°andar - São Paulo - SP - Tel: (11) 3107-7177 - www.acrefi.org.br Diretoria - Biênio 2016-2018 Presidente Hilgo Gonçalves Vice-presidentes Aquiles Leonardo Diniz, Celso Luiz Rocha, Décio Carbonari de Almeida, João Carlos Gomes da Silva, José Luiz Acar Pedro e Rubens Bution Diretores Tesoureiros João dos Santos Caritá Jr. e José Garcia Netto Diretores Secretários André de Carvalho Novaes e Rodnei Bernardino Diretores executivos Álvaro Augusto Vidigal, Edmar Casalatina, José Tadeu da Silva, Marcelo de Castro Villela, Roberto Willians da Silva Azevedo e Wanderley Vettore Diretores regionais Carlos Alberto Samogim, Felicitas Renner, Leonardo Lima Bortolini, Luis Eduardo da Costa Carvalho, Marcos Teixeira da Rosa e Romeu Zema Diretores conselheiros Alexandre Teixeira, Eliseu Cézar Colman, Giorgio Rodrigo Donini, José Carlos Alves, Marcos Westphalen Etchegoyen e Ricardo Albuquerque Montadoras Alessandra Reis Rollo, Edson Fróes Castilho, Edson Tadashi Ueda, Eduardo Tavares Nobre Varella, Gunnar Alejo Ramos Murillo, Joelcyr Carmello Filho e Nelson Dias de Aguiar Conselho consultivo Membros Natos Alkindar de Toledo Ramos, Érico Sodré Quirino Ferreira, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon Membros Alarico Assumpção Júnior, Antonio Carlos Botelho Megale, Gilson de Oliveira Carvalho, Gilson Finkelsztain, Ilídio Gonçalves dos Santos e Luiz Tavares Pereira Filho Conselho fiscal Domingos Spina, Geraldo Lima Vandalsen e Cláudio Messias Ferro Diretor superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Consultora Jurídica Lívia Esteves Auditoria Megacont Auditoria e Assessoria Contábil Assessoria de imprensa

Publisher Sergio Tamer Editores Theo Carnier e Gilberto de Almeida Editor assistente Gustavo Girotto Fotografia Fernando Piva Arte Moacyr Mw Revisor Vicente dos Anjos Impressão Eskenazi Gráfica As matérias e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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nossasassociadas AGIPLAN FINANCEIRA S.A. - CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

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AGORACRED S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

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BANCO A.J. RENNER S.A.

Caixa Econômica Federal

Banco Bonsucesso S.A.

CARUANA S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. BANCO CBSS S.A. BANCO CETELEM S.A. BANCO CSF S.A. BANCO CITIBANK S.A. BANCO CNH INDUSTRIAL CAPITAL S.A. BANCO DAYCOVAL S.A. BANCO DO BRASIL S.A.

Dacasa Financeira S.A. Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento ESTRELA MINEIRA CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. FINAMAX S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO FINANCEIRA ALFA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS HS FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS

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BANCO GMAC S.A. Banco Honda S.A. BANCO INTERMEDIUM S.A. BANCO ITAÚ UNIBANCO S.A. BANCO ITAUCARD S.A. Banco Losango S.A. BANCO PAN S.A. BANCO PAULISTA S.A. BANCO PSA FINANCE BRASIL S.A. BANCO RODOBENS S.A. BANCO SAFRA S.A. BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. BANCO SEMEAR S.A. BANCO TOYOTA DO BRASIL S.A. Banco TriÂNGULO S.A. (TRIBANCO) BANCO VOLKSWAGEN S.A.

MERCANTIL DO BRASIL FINANCEIRA S.A. - Crédito, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS MIDWAY S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO OMNI S.A. CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO PORTOCRED S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO PORTOSEG S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO SANTANA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO SANTINVEST S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO SAX S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO SENFF S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO SOCINAL S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

BANCO YAMAHA MOTOR DO BRASIL S.A.

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maio 2016 financeiro

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entrevistadomês

Melhores resultados e

H

ilgo Gonçalves, novo presidente da ACREFI, traz as qualidades de um conciliador: fala serena, argumentos bem fundamentados e boa capacidade de negociação. Com mais de 40 anos de experiência no mercado financeiro – 23 deles no Unibanco, 17 no HSBC e nove na Losango, sendo os últimos sete anos como CEO – , ele assume o cargo focado, antes de tudo, na continuidade dos programas e iniciativas que recebeu do ex-presidente Érico Quirino Ferreira, seu amigo e principal avalista da sua indicação para o posto. Uma novidade nessa transição no comando da ACREFI, Hilgo será o primeiro presidente eleito estatutário da entidade, atuando de maneira voluntária. Isso não significa, porém, menor dedicação às responsabilidades. Ao contrário, ele vai manter as prioridades dos associados da ACREFI na sua alça de mira. Ou seja, continuará muito atento às movimentações que envolvem os principais produtos das associadas, entre eles: financiamentos de veículos, o CDC do varejo, o crédito pessoal e os demais produtos e serviços, estimulando ações que visem uma boa originação de novos negócios, com melhor performance das carteiras, redução de provisionamento e, consequentemente, melhor resultado para as associadas. Trabalho não falta. Além disso tudo, o novo presidente da ACREFI diz que a entidade estará atenta às discussões permanentes que envolvem as normas que regulam o setor. Por ser um profissional com grande experiência nos segmentos de crédito e de varejo, Hilgo ambiciona estimular ainda as ações que ajudem os associados a conhecer melhor o perfil dos tomadores de crédito, as iniciativas que favoreçam a educação financeira e os programas de treinamento dos colaboradores. “Acredito que o aperfeiçoamento da qualidade do serviço será revertido em melhor experiência dos clientes e na redução da inadimplência”, afirma Hilgo. A seguir, leia a integra da sua entrevista.

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Revista Financeiro – Quais são seus principais desafios à frente da presidência da ACREFI? Hilgo Gonçalves – Sem dúvida, o principal desafio que tenho é continuar o consistente trabalho que o Érico Ferreira e toda a diretoria da ACREFI vinham executando. E no apoio às seis comissões técnicas da ACREFI: Veículo, Varejo, Crédito e Cobrança, Jurídica, Fraude e Compliance. Sempre em busca da melhor solução para sustentar o foco em questões que se mostram cada vez mais prioritárias para o setor, tais como o entrave dos financiamentos de veículos, a inclusão de devedores no cadastro de crédito (envio do AR), o apoio às iniciativas para redução da inadimplência, o cuidado com a parte regulatória, etc. Com a participação e apoio de todos, seremos, seguramente, bem-sucedidos. RF – Além dessas questões centrais, quais seriam as prioridades paralelas? Hilgo – Iremos atuar focados nos 10 pilares (apresentados no editorial, pág.3). A ACREFI tem também a responsabilidade de se manter envolvida nas discussões permanentes relacionadas às normas que regulam o setor. Já que estamos muito próximos do mercado consumidor, a entidade tem à frente um outro desafio importante: a disseminação do conceito da sustentabilidade do crédito. Por meio da preparação dos colaboradores que atendem os clientes, incentivando o consumidor na tomada consciente do crédito, mostrando que o crédito é um aliado na realização dos seus sonhos. Com isso, aumentaremos a satisfação dos consumidores e reduziremos a inadimplência. As pessoas devem enxergar o crédito como uma coisa benéfica, positiva e que pode viabilizar a compra de um bem ou cumprir um compromisso, quando essas pessoas não têm todos os recursos. Basta para isso encontrar e contratar o crédito mais adequado ao seu perfil.

Fotos: Luciano Piva

menor inadimplência


Hilgo Gonรงalves Presidente da ACREFI

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entrevistadomês RF – Poderia detalhar um pouco mais a sua senhor acredita que ainda estamos longe de um padrão razoável de entendimento do cidadão? visão sobre a sustentabilidade do crédito? Hilgo – Eu chamo de sustentabilidade do crédi- Hilgo – Eu acredito que a educação financeira deu to algo que você faz agora de forma consciente, passos firmes para a frente. Tanto é que o Banco assume a responsabilidade de pagar e cumpre Central realizou há poucos dias a 3ª Semana Nao compromisso. Ao tomar esse crédito, o consu- cional de Educação Financeira. Mesmo com uma midor deve levar em conta a sua capacidade de evolução bastante significativa, necessitamos pagamento. A sustentabilidade do crédito exige, ainda de muitas coisas. As empresas precisariam em uma ponta, a oferta de programas perma- falar mais internamente sobre educação finannentes de orientação financeira, e na outra, o ceira, orientando seus colaboradores. As escolas treinamento dos profissionais que atuam na li- poderiam difundir os primeiros conceitos desde o início da educação infantil. O tema deveria estar nha de frente das financeiras. mais presente nas universidades. Nós, instituições RF – Isso, em parte, já é feito pela ACREFI. Hilgo – Sim, a ACREFI já faz um belo trabalho por financeiras, precisamos nos envolver mais em inimeio do Certicrefi, um certificado que avalia os co- ciativas como essa do BC. A ACREFI divulgará esse nhecimentos dos profissionais que atuam direta- tipo de atividade por meio do nosso site e de outras mente em correspondentes, promotoras de finan- formas de disseminação da educação financeira. RF – Os benefícios são inequíciamento e instituições financeiras. “A educação vocos. Contar com colaboradores treinaHilgo – Exatamente. A educação dos, bem preparados e certificados financeira dá gera inúmeros beneé garantia de um atendimento mais uma segurança financeira fícios, entre os quais, eu diria, qualificado dos consumidores. Eu maior para novamente, a sustentabilidachamaria esse relacionamento de de do crédito, o equilíbrio das uma abordagem consultiva. Isso quem concede finanças pessoais. Ela ajuda as porque quando um cliente vai toe para quem pessoas a se prepararem para mar um crédito, ele precisa contar toma o crédito” eventuais imprevistos – por que com informações claras e precisas não dizer? – para melhorar a antes de assumir uma responsabipoupança do País. Nós sabemos que o índice de lidade com o agente financeiro. RF – Ou seja, esse treinamento contínuo é poupadores no Brasil é muito pequeno. Apenas três em cada dez brasileiros têm alguma poupanessencial? Hilgo – A expansão dessa prática faz parte dos ça. É muito importante aumentar esse número nossos planos, além da manutenção da represen- de poupadores. Quando eu falo em poupança, tatividade da ACREFI perante as autoridades, os refiro-me a uma reserva dos seus recursos, do órgãos reguladores e as entidades afins. O incenti- seu salário. São recursos que podem ser usados vo ao programa de Cidadania Financeira, do Banco num futuro investimento, no complemento da Central, e às ações de sustentabilidade do crédito aposentadoria, para cobrir alguns imprevistos são importantes para a qualidade das carteiras de ou até para uma viagem planejada. A educação crédito das associadas. É a ACREFI exercendo seu financeira não é útil só para a tomada de crédito. papel de liderança no setor. Acredito que o aper- É importante controlar o orçamento, seu planejafeiçoamento da qualidade do serviço será reverti- mento financeiro e o seu consumo consciente. Ela do em uma melhor experiência para os clientes e dá uma segurança maior para quem concede e para quem toma o crédito. Seus benefícios contrina redução da inadimplência. RF – O senhor é reconhecido no mercado como buem para o desenvolvimento do País. As lideranum entusiasta da educação financeira. Nos últi- ças nacionais e empresariais devem dedicar mais mos anos, diversas iniciativas nesse sentido têm atenção a esse tema. Eu aproveito a oportunidade procurado conscientizar o consumidor sobre a im- para sugerir que conheçam o programa no site do portância do equilíbrio do orçamento pessoal. O BC e participem desse movimento. 12 financeiro maio 2016


RF – O senhor já fez isso? Hilgo – Sim, eu fiz o curso on-line de educação financeira oferecido pelo BC. Ele passa conhecimento importantes. São informações úteis para todos nós, não importa a classe social, não importa a sua idade. São orientações e reflexões muito importantes para todos. Acredito que a educação financeira, sem sombra de dúvida, é extremamente relevante para a melhoria da qualidade do crédito no País. Mas para isso é necessário o empenho de todas as lideranças. A educação financeira, que já era foco da ACREFI, será um dos pilares em nossa gestão. RF – Ela pode ser a principal ferramenta para minimizarmos a inadimplência? Hilgo – Seguramente, ela contribui decisivamente para a tomada do crédito consciente. Isso porque quando o consumidor contrata um crédito com planejamento, ele leva em conta a probabilidade de esse valor gerar resultados positivos, trazendo melhora à sua saúde financeira e reduzindo a inadimplência. Volto a lembrar: outra ferramenta importantíssima é a certificação Certicrefi, da ACREFI, que surgiu a partir da resolução nº 3.954, do Banco Central, que prevê, entre outras coisas, que as instituições financeiras tenham profissionais treinados e qualificados para orientar e esclarecer as dúvidas do consumidor. Não podemos esquecer que nos últimos anos cerca de 50 milhões de pessoas ingressaram no mercado consumidor e nem todos sabem como funciona a dinâmica que envolve o crédito. Precisamos levar orientação a mais de cinco mil municípios distribuídos pelo País. Então, a responsabilidade é de todos nós, temos obrigação de nos transformar em orientadores financeiros do consumidor. RF – Cada gestor tem o seu modo de atuar, qual será o seu modelo de administração à frente da ACREFI?

Hilgo – A palavra que vai nortear o meu trabalho é proximidade. Estarei muito próximo das empresas associadas para ouvir as suas necessidades. E também das entidades do setor para debatermos os temas do segmento e, principalmente, e sobre a sustentabilidade do crédito. Vou falar muito sobre alternativas para aperfeiçoar a experiência no relacionamento com os clientes, visando melhorar a satisfação e a redução das reclamações. Vou tratar muito ainda do clima organizacional das nossas empresas. Isso é importante porque quando temos um colaborador feliz, engajado com a missão da empresa, ele sente-se mais satisfeito e atende melhor o cliente. Essa atmosfera positiva transmite mais segurança para os clientes e gera resultados favoráveis. A isso se chama de círculo virtuoso. Ele traz benefício para o cliente, para o colaborador, para o acionista e para o segmento. RF – Pelo lado do associado da ACREFI, quais são os principais gargalos que precisam ser equacionados? Hilgo – O principal gargalo, que não só os associados da ACREFI enfrentam, mas todo o nosso segmento de crédito, é que ainda precisamos conhecer mais os clientes. Será que na minha empresa, na minha financeira, no meu banco, eu tenho um processo que estimula conhecer mais os clientes? É preciso ter uma equipe treinada para conhecer melhor as suas necessidades a fim de que se possa oferecer o crédito certo para o cliente certo. Quando a sua empresa estiver fazendo isso, você estará dando o devido valor ao cliente e ao crédito. Estará ajudando uma pessoa a realizar um sonho, a cumprir um compromisso. Conhecer mais o cliente significa também fazer um cadastro perfeito, coletar e passar informações corretas. O gargalo do nosso setor, efetivamente, passa pela eficiência no atendimento aos clientes. maio 2016 financeiro 13


entrevistadomês RF – O senhor destacou a importância de as internet, em seguida busca conhecê-lo melhor e empresas de crédito trabalharem com as equi- depois procura orientá-lo on-line sobre o direciopes bem treinadas, de que maneira a ACREFI namento adequado do seu investimento RF – O senhor é reconhecido no mercado por pode ajudar seus associados nessa tarefa? Hilgo – A ACREFI já tem o Certicrefi. Ele é um trei- seu otimismo. Essa percepção positiva perminamento completo, que eu recomendaria a todos. te dizer que a retomada da confiança em um Seu conteúdo traz noções importantes sobre o novo governo será fundamental para o Brasil mercado de crédito, a história do setor, orientações se reerguer? voltadas para o atendimento ao cliente, indicativos Hilgo – Primeiro, eu acredito que a confiança é a relacionados aos produtos. Essa certificação nos base de todas as relações sociais. Quando você dá segurança de bom atendimento. Assim como tem confiança na família, nos professores, em acontece quando vamos à farmácia comprar remé- marcas, em profissionais ou até mesmo que o dio, em que o farmacêutico tem condições de falar amanhã será melhor, isso o torna mais dispossobre eventuais contraindicações ou efeitos cola- to a investir, a consumir, a viajar, a se relacionar. terais provocados pelo medicamento, os colabora- O nível de confiança está intimamente ligado ao dores das financeiras e dos seus correspondentes crescimento econômico de um país, ao lucro e à deveriam ser treinados e certificados para orien- perenidade das empresas, ao sucesso das pestar os clientes sobre os direitos e as obrigações soas. Quando você confia, a entrega em uma na tomada do crédito. Nós, da ACREFI, além de en- relação fica mais forte. Eu acredito que o Brasil é pujante e capaz de concluir tregarmos essa certificação, pro“O nível de confiança essa transição. Se o povo voltar movemos ações, como palestras está ligado ao a confiar nas lideranças, o País para compartilhar conhecimentos, imediatamente retomará o ritentrevistas na revista Financeiro, crescimento mo em que ele sempre esteve. conteúdo em nosso site. Estare- econômico de um É preciso lembrar que o Brasil é mos avaliando outras iniciativas país, ao lucro e à o mesmo, pujante, com mais de para divulgar mais informações. perenidade das 5.500 municípios e mais de 200 RF – A inovação tecnológica tormilhões de habitantes. Estamos nou-se essencial no setor finanempresas” em um período do bônus democeiro. De que forma a ACREFI pode gráfico, em que a maior parte da população está auxiliar seus associados nos avanços gerados nas em faixa etária de consumo, entre os 15 e os 65 plataformas digitais? Hilgo – A ACREFI está muito atenta a esses mo- anos. O nosso país é muito forte, o povo é trabavimentos, estimulando a participação das asso- lhador e ordeiro. É preciso apenas restabelecer ciadas em seminários, trazendo o assunto para esse clima de confiança. Mas é muito importante o debate em nossas reuniões e nos meios de co- que cada um faça a sua parte. As empresas demunicação. Não há dúvida nenhuma de que cada vem resgatar a confiança dentro da própria corvez mais os clientes buscam conveniência, com poração, cada colaborador precisa engajar-se menor custo e maior rapidez no atendimento. mais na sua empresa, cada cidadão fazer o mesPortanto, é essencial estar sempre conectado às mo na sua vida particular, na sociedade. Se cada novidades. Você precisa estar onde o cliente está, um de nós extrair o melhor, consequentemente o aliás, o diferencial competitivo de hoje é entregar lugar em que vivemos estará melhor, e o nosso aos consumidores a melhor experiência em to- país também. Então, vamos criar um círculo virdos os canais, seja na loja ou na internet. Deve- tuoso de confiança para um amanhã melhor. Uma mos oferecer o serviço de acordo com o perfil do coisa puxa a outra. Eu tenho confiança, eu acredicliente. Também reconheço que a inovação reduz to no Brasil, eu acredito, sim, no mercado finana burocracia e agiliza processos. Um bom exem- ceiro. Há 40 anos tenho o prazer de fazer parte plo de aplicação eficiente da tecnologia é o Poupa da história dos avanços e das conquistas geradas Brasil, que, primeiramente, cadastra o cliente pela pelo mercado de crédito. f 14 financeiro maio 2016



autos

Devagar quase

parando

Consultora Tereza Fernandez, da MB Associados, mostra que o setor de veículos, assim como as demais áreas de produção, enfrentará muitas dificuldades para superar a crise. Ela fala também da mudança do comportamento do consumidor, que atinge o mercado global de automóveis

P

or afinidade, os setores de crédito e de veículos podem se considerar praticamente irmãos. Pela fragilidade da economia nacional, o segmento de carros, motos e caminhões, assim como outras áreas de produção, tem vivido dias sombrios, com grandes estoques parados no pátio das montadoras e concessionárias às moscas. Para entender ainda melhor o drama desse irmão, a ACREFI convidou a consultora Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, sócia da MB Associados, para fazer uma palestra exclusiva para os associados, dia 28 de abril, na sede da entidade, em São Paulo. Embora a análise da economia, normalmente, seja ancorada em números e índices, Tereza, antes de entrar no diagnóstico específico do setor de veículos, mostrou que a melhoria das condições do País passa pela capacidade do novo governo Michel Temer em aglutinar as forças políticas no Congresso para discutir as reformas fiscal e previ-

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denciária, a racionalização tarifária, a redução dos custos trabalhistas, a diminuição dos gastos da máquina pública, o reordenamento e a eficiência dos programas sociais, além de destravar processos relacionados à infraestrutura nacional. “O governo Temer deve mostrar que é capaz de fazer mais e melhor. A nossa sorte é que essas prioridades estão mapeadas. O caminho está traçado”, afirmou a consultora. “A partir do momento que o País deixar de sangrar, a confiança começará, pouco a pouco, a ser restabelecida. No entanto, o governo deve devolver às agências reguladoras condições para que trabalhem com uma legislação que garanta o desenvolvimento nos próximos três anos”, advertiu. Apresentados os ajustes que podem restaurar a moldura que sustenta a macroeconomia do País, Tereza Fernandez pintou com cores sombrias a situação que envolve o setor de veículos, que absorveu a maioria dos impactos negativos


da crise, provocando, entre outras consequências, 50% de ociosidade nas montadoras e a quase total paralisação das indústrias que gravitam em torno do universo automotivo. Dados divulgados em março pela Organização Internacional de Construtores de Automóveis (OICA) revelam que, em 2015, o Brasil caiu da quarta para a sétima posição no mercado mundial de carros. “O setor regrediu e voltou a trabalhar com números registrados em 2007”, lembrou a consultora. Alguns fatores que contribuíram para debilitar o segmento. Em automóveis e comerciais leves, os maiores impactos foram gerados pela ameaça ou pela perda do emprego, além da queda na renda. As motos sofreram com os mesmos fatores que atingiram os carros, acrescidos do desaquecimento do movimento provocado pelos consórcios. A demanda por caminhões se manteve relativamente estável, escorada em programas de incentivo e nas necessidades do agronegócio. Já a produção de ônibus lidou com a redução na comercialização de unidades direcionadas ao turismo. O setor de veículos foi atingido com mais um equívoco do governo federal – a criação do programa Inovar-Auto, que atraiu para o mercado nacional novas montadoras estrangeiras, em momento que a demanda interna já estava em queda. Percebendo que as vendas minguam cada vez mais e os pátios das indústrias estão abarrotados com novas unidades, o setor tenta minimizar a crise com os feirões promovidos pelas concessionárias e pelas fábricas.

Em automóveis, os maiores impactos foram gerados pela ameaça ou pela perda do emprego, além da queda na renda Isso, porém, não trouxe o resultado esperado. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o setor tem em estoque 259 mil veículos à espera de um comprador, reserva suficiente para 43 dias de venda, considerando o ritmo de unidades comercializadas em março. A entidade informa ainda que o País tem capacidade para produzir 5 milhões de carros, caminhões e ônibus ao ano, mas deve fechar 2016 com 2,44 milhões fabri-

Tereza Maria Fernandez Dias da Silva: sócia da MB Associados

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autos cados, ou seja, metade da capacidade. Acuado pela recessão e pela queda do poder aquisitivo, o consumidor, sem titubear, adia a troca do carro, provocando um envelhecimento natural da frota nacional, comportamento que não se observava desde o início da década de 1990. Atento à inadimplência que perdura, o mercado financeiro, por sua vez, trabalha de maneira muito criteriosa na concessão de crédito para veículos. De acordo com Tereza Fernandez, de cada dez pedidos de financiamento solicitados, apenas dois são aprovados. Essa linha dura se justifica, pois, o consumidor responsável, que se sente inseguro diante do contexto da recessão, não quer saber de assumir novas dívidas. Portanto, entre aqueles que ainda se arriscam atrás de novos créditos, sobram pessoas que não se preocupam com a reputação do seu nome, se irão ou não constar na relação de clientes inadimplentes, ou se serão obrigados a devolver o veículo por falta de pagamento.

Estudos apontam que em 2021 a opção pelo carro compartilhado pode provocar uma perda para as montadoras de € 7,4 bilhões Além desse clima de instabilidade da economia, que fragiliza o setor produtivo nacional, a sócia da MB Associados alertou, durante sua palestra na sede da ACREFI, para o momento de transformação de alcance global que vive o setor de veículos. Assim como já acontece na Europa, que concen-

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tra sua população em áreas urbanas, o sonho do jovem deixou de ser a compra do primeiro carro. Sua principal ambição é morar próximo do trabalho, locomover-se a pé, de bicicleta ou por meio de serviço alternativos (Uber e carros compartilhados), deixando o restante do dinheiro para curtir a vida. Pesquisa da Boston Consulting Group avalia que o aumento do uso do carro compartilhado, por exemplo, deve provocar impacto na venda de carros novos. Projeções do estudo apontam que em 2021 a opção pelo carro compartilhado pode provocar uma perda para as montadoras de € 7,4 bilhões, considerando os mercados da América do Norte, Europa e Ásia/Pacífico. Seriam 792 mil unidades a menos circulando. Em razão dessa e de outras mudanças em andamento, Tereza sugere que, passada a crise econômica, o mercado de veículos deve reavaliar o posicionamento das marcas, a nova demanda da população brasileira por mais qualidade e a tecnologia oferecida nos carros produzidos por aqui. Na hora da venda, a consultora da MB Associados faz uma aposta. Com o fechamento de mil concessionárias em 2015 e outro tanto este ano, em consequência da queda das vendas, ela acredita que as grandes lojas tendem a reduzir seus custos, diminuindo, por exemplo, os grandes espaços dos showrooms, ao mesmo tempo em que surgirão pequenas lojas multimarcas de carros zero. É uma alternativa que conseguiremos conferir, caso o novo governo Temer devolva a confiança ao País. f


liderança

Antonio Megale é o novo presidente da Anfavea

A

o assumir, dia 25 de abril, a presidência da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Antonio Megale estabeleceu como prioridade para a sua gestão o aumento da previsibilidade dos negócios. “Temos de ter regras claras, não podemos mudar as regras no meio do jogo”, afirmou Megale, que sucede a Luiz Moan à frente da associação. Outros pontos que ele destacou foram o maior foco nas exportações, para compensar a queda do mercado interno, e a busca por maior flexibilidade na relação com os empregados. Por sinal, o executivo defendeu que o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) deixe de ser uma medida provisória para se tornar definitiva. Em relação à crise política, Megale reforçou que o impasse deve ser solucionado o mais rápido pos-

sível para que o crescimento econômico possa ser retomado. No entanto, independentemente dos desd o b ra m e n t o s , ele espera que a recuperação do mercado de veículos seja iniciaAntonio Megale: da no fim deste presidente da Anfavea ano, assim como esperava o seu antecessor. Engenheiro mecânico, 59 anos, Megale também ocupa o cargo de diretor de Assuntos Governamentais na Volkswagen. f

Fique ligado


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artigo* Milton Luiz de Melo Santos

Crédito adequado é fundamental para o crescimento

Enviado em 2/5/2016

A

baixa produtividade da pequena empresa no Brasil, onde, junto com as microempresas, responde por mais de 52% do emprego formal, embora represente apenas 20% do Produto Interno Bruto, é resultado direto da falta de investimento na produção, como ampliações, modernizações e inovações tecnológicas. Em momentos de crise, essa constatação vira uma sentença de morte para as empresas. Olhar para o presente, mas sem perder o futuro de vista, este é hoje o grande desafio do empresário brasileiro. Enfrentar o momento ruim da economia sem deixar de planejar o crescimento e o sucesso é a chave para sair fortalecido da crise. Nada é mais perigoso para a empresa do que a falta de perspectivas, quando a maré ruim passar, o que ficará é o que está sendo construído hoje. Investir em um momento como o que atravessamos, para muitos, parece fora da realidade, mas é determinante para aumentar a competitividade das empresas e do País. O investimento na empresa é a única saída sustentável no longo prazo. Essa proeza, no entanto, depende, entre outros fatores, de uma oferta de crédito adequado, por exemplo, que não penalize o empresário disposto a investir. O empresariado brasileiro anseia por novos canais de financiamento. Apesar da grande representatividade na economia, o BNDES ainda está longe da maioria dos pequenos empreendedores, seja por excesso de burocracia ou pela falta de capilaridade. Já quem procura os bancos múltiplos, aqueles em que o empresário mantém sua conta-corrente, esbarra nas altas taxas de juros e nos prazos nada convidativos. Por outro lado, as agências de fomento, instituições financeiras reguladas pelo Banco Central e controladas por governos estaduais, aparecem como novas impulsionadoras de um sistema de

crédito há tanto tempo engessado. Criadas para funcionar como indutoras do crescimento Milton Luiz de Melo econômico nos Estados, essas Santos: economista, instituições oferecem, em sua presidente da Agência de grande maioria, linhas de créDesenvolvimento Paulista e dito especiais com taxas de juda Associação Brasileira de ros reduzidas e longos prazos Desenvolvimento para pagamento, seu grande diferencial. O País conta hoje com 16 agências de fomento espalhadas por todas as regiões. Já está na hora de o pequeno e o médio empresários brasileiros terem o apoio de que precisam para fazer a economia do Brasil voltar a crescer. Diversificar a captação de recursos de longo prazo para investir em projetos de formação bruta de capital fixo é um dos desafios a serem superados para aumentar a oferta desse tipo de financiamento. O País precisa encontrar modelos que incentivem as operações de crédito de longo prazo. Entre as medidas que podem aprimorar a atuação das agências de fomento está a possibilidade de essas instituições comprarem debêntures emitidas por pequenas e médias empresas e de poderem emitir letras financeiras de longo prazo para captação de recursos com regime tributário diferenciado para os investidores. Essas mudanças, no entanto, dependem de autorizações de órgãos reguladores, como o Banco Central. As iniciativas para a melhoria do acesso das empresas ao financiamento de longo prazo precisam partir de todos. Já está na hora de o País contar com um sistema de crédito adequado à realidade do pequeno e médio empresário. As agências de fomento precisam ser observadas como peças importantes na expansão do crédito para investimento. Elas já são uma realidade e podem se tornar o principal parceiro no crescimento das pequenas e médias empresas brasileiras. f

*Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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Inovação

Tente, invente,

seja diferente

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Evento promovido pela ACREFI mostra caminhos e exemplos que fazem da inovação uma das soluções para que as empresas superem as dificuldades provocadas pela crise econômica

T Foto: Luciano Piva

udo ao mesmo tempo agora. Gestão, engajamento, conhecimento, aprendizado, treinamento são palavras que não podem sair da cabeça do empresário que enxerga na crise a chance de crescer ou de, pelo menos, sobreviver a essa maré de incertezas que tomou conta da economia. Foi pensando em oferecer soluções àqueles que se encontram envolvidos nessa atmosfera de insegurança que a ACREFI organizou no dia 6 de abril, no Renaissance São Paulo Hotel, o evento Inovação: Tecnologia na Evolução dos Negócios. Para mostrar que nem tudo está perdido e que pode existir luz no fim do túnel, a entidade escalou os especialistas Laércio de Oliveira Pinto, sócio-diretor da Collection Hub, empresa

especializada em tecnologia para gestão de cobrança; Temístocles Mendes, diretor da área de Enterprise Security da Gemalto; e Valério Murta, vice-presidente de Produtos e Soluções da MasterCard Brasil e Cone Sul. Os patrocinadores do evento foram a Cetip, a CNSeg, a Credilink e a Saque e Pague. Ao abrir sua palestra, Laércio de Oliveira Pinto provocou a plateia com duas perguntas simples, mas que poucos sabem responder: como implantar um processo de inovação? Como gerar mais valor para o seu produto ou para o seu serviço? Para começar a trilhar esse caminho íngreme que pode levar à inovação, o especialista diz que o sucesso só será

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Inovação Laércio de Oliveira Pinto: sócio-diretor da Collection Hub

Valério Murta: vice-presidente de Produtos e Soluções da MasterCard

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“Não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo” Peter Drucker

O grande progresso no setor, no entanto, aconteceu apenas em 1946, quando um banqueiro do bairro do Brooklyn, em Nova York, passou a intermediar o pagamento de compras realizadas por seus clientes com pequenos comerciantes. Em 1951, surgiu o Diners’ Club, o primeiro cartão de crédito podia ser usado em apenas 27 restaurantes de Nova York. O banco cobrava dos estabelecimentos conveniados um percentual de 7% sobre o valor gasto, a título de taxa de serviço, e, aos usuários concedia 60 dias para o pagamento integral das faturas, median-

Fotos: Luciano Piva

alcançado se a alta direção estiver totalmente engajada, com as mangas arregaçadas para colocar a mão na massa e enfrentar os prováveis percalços. “Os erros e os tropeços fazem parte do processo. Eles não devem ser encarados com desânimo, mas como uma etapa do aprendizado” explica o sócio-diretor da Collection Hub. Quem investe em inovação deve estar ciente de que a principal autoridade no processo é o conhecimento. Essa trajetória começa por uma análise minuciosa das variáveis que permeiam o seu negócio, com atenção redobrada aos limites do ambiente regulatório, aos movimentos da concorrência, às alternativas tecnológicas, às mudanças sociais e aos indicadores que orientam a economia. Mas, quem executará as tarefas? Oliveira Pinto sugere que essa empreitada seja coordenada por um comitê de gestão de inovação, composto por comitês

integrados, com responsabilidades e afazeres específicos. “Assim como nas demais etapas do processo, a comunicação é fundamental para que o fluxo das informações chegue a todas as áreas da companhia, provocando maior engajamento das pessoas”, ensina o executivo. Para alcançar esses objetivos, as empresas devem seguir à risca alguns conceitos básicos. Segundo Oliveira Pinto, é fundamental atrair, desenvolver e reter os melhores talentos, disseminar, inteiramente, a cultura da inovação, tirar as pessoas da zona de conforto, estimular o engajamento e o trabalho em equipe, valorizar o ganho de performance e cultivar o comportamento dos quatro Is: instigador, inovador, integrador e implementador. Por fim, Oliveira Pinto recordou um dos ensinamentos do mestre Peter Drucker: “Não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo. ” Saindo das questões conceituais que abrangem a inovação e partindo para exemplos reais de avanços conquistados ao longo do tempo, Valério Murta, da MasterCard, lembrou a extraordinária revolução implantada nos meios de pagamento desde 1920, quando os compromissos de compra eram registrados e assinados em papel, até os dias de hoje, em que a portabilidade dos cartões de crédito está embarcada nos smartphones. É uma evolução que foi galgada em três importantes pilares: eficiência de custo, segurança e conveniência de uso”, lembrou Murta.


te uma taxa administrativa anual de US$ 3. Das primeiras alternativas de pagamento, ainda com baixa eficiência de custo, pouca segurança e alcance limitado, um salto bastante significativo aconteceu nos anos de 1990, com o surgimento dos cartões com tarja magnética, tecnologia desenvolvida na 2ª Guerra Mundial para gravações de áudio. “Essa inovação agregou eficiência de custo porque trouxe escala aos negócios e gerou conveniência, pois bastava passar o cartão nas lojas credenciadas. No entanto, a segurança do sistema não era total. Esse problema só foi resolvido com a adoção do chip, que, por meio do padrão global EMV implantado nos cartões de débito, crédito e pré-pagos, gera dados dinâmicos a cada transação, proporcionando um alto nível de segurança e uma experiência consistente”, explica o vice-presidente de Produtos e Soluções da MasterCard. Com a tecnologia do chip, que já é usada em

mais de 80 países, 80% dos novos cartões são emitidos com essa ferramenta de segurança, permitindo também pagamentos sem dispositivos de contato. Por meio, por exemplo, de smartphones ou em operações de e-commerce. Segundo Murta, estima-se é que em quatro anos serão realizadas no mundo cerca de 195 bilhões de transações a partir de aparelhos celulares, tablets, etc. “Ou seja, a contínua adoção de aparelhos conectados irá transformar a forma com que os consumidores irão efetuar as suas transações comerciais”, concluiu o VP da MasterCard. Diante de tantos exemplos positivos, apresentados por Valério Murta na área de cartões de crédito, e dos caminhos sugeridos por Laércio de Oliveira Pinto, para que a sua empresa ingresse, definitivamente, na trilha da inovação, será que é possível continuar a pensar na crise sem buscar soluções no futuro? f

À esq., Christiane Pelajo conduz o debate entre os palestrantes maio 2016 financeiro 25


artigo* Gustavo Loyola

C

om justa causa, os empresários, isoladamente ou por meio de suas associações, têm reclamado de maneira insistente do regime tributário brasileiro. Não apenas a carga é elevada comparativamente a paGustavo Loyola: íses de renda equivalente, como economista e sócio-diretor também a complexidade para o da Tendências Consultoria atendimento das obrigações triIntegrada. butárias pelos contribuintes ultrapassa qualquer padrão de razoabilidade. Porém, com muita frequência, tais queixas parecem ter como pressuposto único que os tributos não são diminuídos e simplificados apenas porque falta vontade em Brasília. Por esse entendimento, com um golpe de caneta, Executivo e Legislativo poderiam perfeitamente e de maneira indolor extirpar os males do nosso sistema tributário. Diga-se de passagem, é quase o mesmo tom do discurso que se ouve em relação aos juros elevados no Brasil que seriam, nessa míope visão, tão somente fruto de uma maldade inata aos dirigentes do BC ou de um conluio destes com o sistema bancário. Um exemplo acabado dessa postura é a campanha do pato amarelo patrocinada pela Fiesp. Com o lema “diga não ao aumento de impostos”, e com a ajuda da imagem do simpático personagem, a entidade conclamou os brasileiros a apoiarem o “impeachment” da Presidente Dilma Rousseff, como se a sua saída da Presidência tivesse isoladamente o condão de evitar aumentos futuros de tributos. Não se discute em absoluto a responsabilidade da Presidente em relação às “pedaladas fiscais” e ao desastre econômico que o Brasil ora enfrenta. Porém, é ingenuidade, para dizer o mínimo, acreditar que apenas um ato de vontade de um novo Presidente mudará a realidade tenebrosa das finanças públicas em nosso País. Trata-se de evidente reducionismo oportunista o isolamento da questão tributária brasileira da discussão mais ampla sobre o papel do Estado e 26 financeiro maio 2016

das expectativas que a sociedade, através de seus grupos organizados, tem a respeito da atuação estatal nas esferas social e econômica. O “diga não aos impostos” conclamado pela Fiesp torna-se vazio se não for acompanhado por vários “diga não” a uma série de obrigações do Estado, que é pura e simplesmente a contrapartida a benefícios e privilégios de variados setores da sociedade. Segundo a feliz expressão de Marcos Lisboa e Zeina Latif, trata-se da “república da meia-entrada” proclamada ao sul do Equador. O conceito de restrição orçamentária parece intuitivo a empresários e consumidores, mas, mesmo assim, amplos segmentos da sociedade brasileira não lidam bem com a ideia de que para reduzir impostos é necessário também diminuir as despesas do governo. No máximo, apontam que há desperdícios, corrupção e ineficiências que devem ser atacados, com o que seria viável diminuir o ônus tributário. Embora tudo isso seja desejável e indispensável, a realidade tributária brasileira advém em grande medida de escolhas políticas patrocinadas por grupos de interesse. A própria Constituição de 1988 é eivada de direitos onerosos que exigem do Estado recorrer aos tributos para atendê-los. Além disso, pelo menos em parte, a complexidade do sistema tributário é resultado do excesso de demandas por regimes especiais levadas a Brasília por diferentes grupos de interesse. Há no Brasil um círculo vicioso. Diante da dificuldade de se fazer uma reforma abrangente, cada um se sente liberado para reivindicar para si um tratamento que mitigue os problemas causados pelo atual regime tributário. Como vimos ocorrer com as desonerações do governo Dilma, a consequência disso é a piora ainda maior do cenário fiscal no País. No momento, o Brasil passa por gravíssima crise fiscal. Não chegamos ainda ao ponto da insolvência. Algum tempo há para resolvermos o problema sem traumas maiores. Contudo, vale lembrar que a má gestão das contas públicas dos últimos anos já nos roubou quase toda a margem para procrastinação. Chegamos ao limite para o

*Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

1ª publicação: Valor Econômico 2/5/2016

O milagre do pato amarelo


crescimento das despesas do Estado como pro- dar de eliminar as causas do crescimento desenporção do PIB. A dívida pública caminha celere- freado das despesas do governo para depois comente para atingir 80% do PIB, nível insustentá- lher uma redução sustentada da carga de tributos. vel para uma economia com as características da Por óbvio, não se deve descartar todas as ações brasileira. A carga tributária, possíveis para, no curto praA dívida pública acima de 35% do PIB, já está zo, eliminar os desperdícios, caminha para atingir em patamares intoleráveis. a corrupção e a ineficiência Assim, somente uma solução da máquina governamental. 80% do PIB, nível definitiva se afigura possível: Mas, tudo isso será pouco insustentável para reduzir de maneira sustentauma economia como a caso perdurem as causas esda a proporção da despesa do truturais do défice público. brasileira setor público no PIB ao longo Nesse sentido, a campadas próximas décadas. Tudo o mais será paliati- nha do pato amarelo pouco ajuda. Simplifica devo. Ora, em tal contexto, a derrubada da carga de mais uma situação complexa e ilude a população impostos deve ser esperada como consequência, sobre a natureza e a extensão do problema fiscal não como deflagradora da reforma fiscal. A meu do País. O pato amarelo é até simpático, mas infever, a sequência correta é em primeiro lugar cui- lizmente não é milagreiro. f

Pesquisa RGE G100

Indicadores

Reunião de Consenso Econômico

O

G100 Brasil – Núcleo de Estudos do Desenvolvimento Empresarial e Econômico, que é composto por 100 membros (acionistas/presidentes) e mais 20 participantes (economistas-chefes e especialistas financeiros) realiza, entre suas atividades, a RCE G100 Reunião de Consenso Econômico, que acontece sempre após as reuniões regulares do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). Nesses encontros, os integrantes do G100 Brasil opinam e avaliam o impacto das decisões

do Copom nos diversos segmentos que representam. A partir dessas análises, a entidade emite um documento consensual a respeito dos rumos da economia nacional. Desde agosto de 2015, o G100 Brasil passou a colher também a percepção dos seus membros sobre o comportamento do PIB, das oscilações do dólar, da taxa Selic, da performance da inflação e do Ibovespa. Os dados são colhidos em formato original, que depois são analisados e ajustados (desvio padrão e médias) pela equipe do G100, resultando na planilha abaixo. f

RGE G100 Reunião de Consenso Econômico - G100 Brasil Leituras de dados e gráficos - Perspectivas para os indicadores financeiros

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segurançadigital

Para evitar prejuízos por crimes econômicos ou digitais, a ACREFI e a Serasa Experian promovem seminário sobre os riscos e medidas de segurança que envolvem a administração das empresas

E

xistem assuntos que não se esgotam. Por mais que sejam abordados, sempre há algo novo que se deve explorar, dizer, conhecer e compartilhar. O combate à fraude é um desses temas que merecem uma agenda permanente. Isso moveu a ACREFI e a Serasa Experian a organizarem, no dia 22 de março, no Renaissance São Paulo Hotel, o seminário Desafios e Tendências no Combate à Fraude. Participaram do encontro: Victor Loyola, diretor de Business Information da Serasa Experian; João Roberto Peres, consultor e coordenador da Governança, Risco e Compliance (GRC) – FGV (SP); Odair Oregoshi, gerente de Compliance e Governança Corporativa do Banco Volkswagen; Daniel Stein, head de Produtos Antifraude da Serasa Experian; Daniel Nascimento, ex-hacker e consultor de Segurança da Informação; e Marcelo Pimenta, head de Datalab da Serasa Experian. 28 financeiro maio 2016

Em tempos de Operação Lava Jato, quando, quase diariamente, somos despertados com informações sobre novas investigações da Polícia Federal relacionadas à corrupção ou à fraude, Victor Loyola abriu o seminário de maneira bem-humorada, dizendo que os brasileiros estão se tornando também especialistas em fraude, assim como já acontece com o futebol. Essa atenção popular mostra a importância do tema para a sociedade e revelou-se também um dos fatores que motivou a Serasa Experian contribuir em mais um fórum de discussão a respeito de um assunto tão relevante. Após a saudação inicial de Loyola, o consultor João Roberto Peres começou sua apresentação afirmando que o pecado original foi a primeira fraude da humanidade, estigma que, infelizmente, permanece até hoje. De acordo com uma pesquisa global recente

Fotos: Luciano Piva

Xô, fraude!


da PwC sobre crimes econômicos, apesar de o número de empresas brasileiras que reportaram terem sido vítimas de fraudes ter caído 15 pontos percentuais nos últimos 24 meses (de 27% em 2013 para 12% em 2015), o controle de identificação desses crimes caiu de 52% para 30% na mesma base de comparação. Peres aproveitou para apontar os cinco principais atos ilícitos registrados pelo estudo:

Victor Loyola: diretor de Business Information da Serasa Experian

João Roberto Peres: consultor e coordenador da Governança, Risco e Compliance (GRC) – FGV (SP)

cybercrimes, suborno e corrupção, fraudes contábeis, apropriação de ativos e fraudes comerciais. “A fraude já é uma questão epidêmica. Seu crescimento chega a 48% no setor de varejo e a 41% no segmento financeiro”, informa o consultor. Ele diz ainda que existe uma maio 2016 financeiro 29


segurançadigital

previsão de que haja uma perda, na América Latina, de cerca de U$ 2 trilhões até 2019. Para começarmos a mudar esse cenário preocupante, o especialista sugere, entre outras iniciativas, a alteração nas estratégias de modelos internos das empresas e forte investimento em tecnologia direcionada à segurança. A partir do olhar da inciativa privada, Odair Oregoshi, do Banco Volkswagen, diz que a primeira providência para tentar minimizar as perdas é deixar de considerar o departamento de prevenção à fraude como um custo para a organização. “Nos Estados Unidos, levantamentos mostram que empresas que não têm processos estruturados contra a fraude demoram um tempo 50% maior para identificar eventuais ações criminosas”, conta Oregoshi. Um outro estudo de 2014 da ACFE, instituição global especializada em repressão à fraude, revela que as empresas perdem, em média, 5% do faturamento anual em desvio de recursos. Além disso, a pesquisa mostra que o

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Odair Oregoshi: gerente de Compliance e Governança Corporativa do Banco Volkswagen

Empresas perdem, em média, 5% do faturamento em desvio de recursos

setor da economia com maior índice de fraudes é o de serviços financeiros, Daniel com incidência de 17,8%. Stein: head de Para tentar reverter Produtos essa situação, o executivo Antifraude do Banco Volkswagen da Serasa recomenda uma gestão Experian integrada contra a fraude, dividida em quatro linhas de proteção: compliance, auditoria interna, auditoria externa e um programa de governança corporativa. Em todas elas, é preciso estimular, entre outros cuidados, discussões Daniel com a alta administração, Nascimento: ex-hacker e estabelecer focos de consultor de atuação, instituir ganhos de Segurança da produtividade e controles Informação de processos e de riscos operacionais. “A partir do monitoramento preventivo, é possível mitigar por volta de 60% dessas perdas”, garante Oregoshi. Passado o coffee break do evento, Daniel


Fotos: Luciano Piva

Nascimento, ex-hacker que atualmente atua como consultor em segurança da informação, afirmou que os maiores problemas na questão da segurança digital no Brasil são a falta de informação e a negligência dos empresários brasileiros. “A dificuldade é que os nossos empresários Marcelo não têm a percepção de Pimenta: ver a segurança como head de um investimento, mas DataLab da Serasa ainda como um custo, e Experian só procuram esse tipo de serviço quando já foi gerado um prejuízo”, sinaliza Nascimento, diretor da DN Pontocom. Segundo o consultor, as empresas são afetadas, em geral, por três tipos de

ataques: o direto, por meio de um vírus que infecta o sistema, outros dois secundários, por meio do telefone ou de um simples pendrive. “Isso pode ocorrer durante uma ingênua impressão de um arquivo em PDF ou ao se infiltrar um pendrive infectado na companhia”, alerta o exhacker. Para exemplificar o descuido das pessoas com seus dados digitais, que ecoa no cotidiano corporativo, Nascimento revelou que instalou, antes da sua palestra, uma rede wi-fi pirata no ambiente do seminário. Resultado: entre os 90 participantes do evento, 12 pessoas cederam à tentação e acessaram

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segurançadigital

Fotos: Luciano Piva

Coffee break: instantes para o network

a rede, expondo seus dados e tornando-se totalmente vulnerável. “Portanto, desconfie de tudo, evite levar o equipamento do trabalho para casa. Ao rodar um CD de rock, oferecido por uma garota na porta Rafael Calsaverini: do trabalho, você pode, integrante por exemplo, implantar do DataLab um eficiente sistema da Serasa de monitoramento Experian gerenciado por um concorrente. Prevenção e treinamento de equipe são cuidados essenciais, finalizou Nascimento. O seminário, organizado pela ACREFI e pela Serasa Experian, reforça o conceito de que investir no combate à fraude não é gasto secundário, mesmo em

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Combate à fraude não é gasto secundário

Geovane Zanetti: gerente de Segmentos e Pré-vendas da Serasa Experian

período que se recomendam cortes significativos nos orçamentos. Passado o recado dos palestrantes aos convidados do seminário, Geovane Zanetti, gerente de Segmentos e de Pré-vendas da Serasa Experian, pediu a palavra para agradecer a presença de todos e reforçar o convite para que conheçam ainda melhor as ferramentas de inovação apresentadas durante o evento. f



pesquisa

Raio-X

da incerteza

Pesquisa ACREFI/TNS revela que 82% dos consumidores sentem-se inseguros para contratar novos financiamentos. No orçamento das famílias, os cortes atingem lazer, vestuário, alimentação, transporte, saúde e educação

A

onda de insegurança que tomou conta do orçamento doméstico tornou o brasileiro ainda mais cauteloso na hora contratar crédito. Sem saber como será o dia de amanhã, ele se mantém avesso a novos financiamentos. Essa é a percepção captada na pesquisa realizada pela ACREFI em parceria com a TNS Brasil. De acordo

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Pensando na situação do Brasil em 2016 como avalia ...

Sentimento em relação ao futuro

com o último levantamento, divulgado no dia 15 de abril, 82% dos mil consumidores entrevistados disseram que não estão dispostos a tomar mais crédito em 2016. Os outros 18% manifestaram que ainda têm algum tipo de interesse em financiamento relacionado a crédito imobiliário, consignado, automotivo ou até mesmo um CDC (crédito direto ao consumidor). Ao compararmos os dados do mesmo estudo, apresentado em outubro do ano passado, o índice daqueles que pretendiam contratar crédito imobiliário registrou alta de 10 pontos percentuais, de 33% para 43%. O consignado manteve-se estável em 33%. Já o automotivo, caiu de 36% para 33%. O CDC, por sua vez, sofreu uma queda mais expressiva, de 32% para 24%. Para Érico Ferreira, que na data ainda respondia pela presidência da ACREFI, a prudência do consumidor em adiar decisões tem um lado positivo no sentido pessoal, mas ressalta que a falta de consumo gera um efeito negativo na economia. “O grande problema são o desemprego e a falta de confiança por causa do atual quadro político”, destacou Ferreira. “Mesmo que ocorra o afastamento definitivo da Presidente Dilma Rousseff, algumas dúvidas persistirão, devido aos questionamentos relacionados ao vice-presidente, Michel Temer.”

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Consumo pessoal

2014

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Abril 2015

Julho 2015

Outubro Março 2015 2016

Quando o foco vai para consumo pessoal, 86% dos entrevistados afirmam que pretendem economizar mais, 11% não vão mudar o padrão de consumo e 3% vão gastar mais. O estudo mostrou também que inflação tem impactado diretamente no padrão de consumo de 91%


Metodologia Campo on-line 1000 entrevistas 1ª onda: outubro de 2014 2ª onda: 24 de março a 2 de abril de 2015 3ª onda: 2 de julho a 13 de julho de 2015 4ª onda: 5 de outubro a 14 de outubro de 2015 5ª onda: 18 a 22 de março de 2016 Todas as regiões do Brasil Sexo 52% mulheres 48% homens Idades Entre 18 e 65 anos

Pensando em 2016, como imagina sua situação?

Realização do campo: Lightspeed Research

Confiança no Brasil O estudo da ACREFI/TNS revelou também que 46% dos pesquisados avaliam a situação do País como péssima, 37% como ruim, 13% regular, 3% boa e 1% ótima. Para 68% dos entrevistados o sentimento em relação ao futuro é de preocupação. Quando perguntados sobre a siComo você avalia a situação do Brasil hoje? Crescimento significativo frente ao período anterior Queda significativa frente ao período anterior

dos ouvidos. Os principais setores atingidos são lazer (86%), vestuário (83%), alimentação (74%), transporte (50%), saúde (43%) e educação (37%). Outro efeito inevitável é a elevação em três pontos percentuais no nível de endividamento dos consumidores, atingindo 69%, contra 66% registrados em outubro de 2015. O comprometimento com o cartão de crédito é apontado por 70% dos endividados, seguido por carnê (30%), financiamento de veículo (19%), financiamento imobiliário (15%), CDC (15%), leasing (3%) e outros (19%). Os comentários de Elizabeth Salmeirão, diretora de Desenvolvimento de Negócios da TNS, sobre os números aferidos na quinta edição da pesquisa ACREFI/TNS, seguem na mesma linha das observações de Érico Ferreira. “Uma vez que há incerteza, as decisões são postergadas. Falta à população confiança na condução da política econômica e existe temor quanto à manutenção dos empregos”, diz Elizabeth.

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Propensão a financiamento

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pesquisa Qual ou quais desses itens você financiaria ou utilizaria?

tuação do Brasil, 83% dos entrevistados classificam como ruim ou péssima. Além disso, 68% acreditam que o consumo das famílias também irá piorar, 66% ponderam que a oferta de crédito vai piorar este ano, enquanto 75% dos ouvidos enxergam maior aumento da taxa de juros. Segundo James Conrad, CEO da TNS Brasil, que também deixou sua mensagem durante a divulgação da pesquisa, os dirigentes de empresas multinacionais esperam por melhores resultados econômicos só a partir de 2018. Ele disse ainda que nos momentos de crise muitos empresários enxergam oportunidades de investimentos, como mostram exemplos de instabilidade já vividos nos Estados Unidos, no Canadá e em países europeus.

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Nesse contexto que discutimos, você se sente propenso a fazer um financiamento em 2016?

Você está seguro quanto a manter seu emprego nos próximos meses?

Você tem dívidas?

RM

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A inflação tem impactado seu padrão de consumo?

Você está disposto a tomar mais crédito?

RM

Acredita que a situação econômica do Brasil vai melhorar significativamente a partir de:

Considerações finais

Crescimento significativo frente ao período anterior Queda significativa frente ao período anterior

RU - 100%

O que é importante para uma melhora de sua situação financeira atual?

Prioridades As principais prioridades mencionadas para a Presidente em 2016 foram: reforma política, crescimento da economia que apresentaram crescimento significativo frente ao período anterior. Situação do País Para 68% dos entrevistados o sentimento em relação ao futuro é de preocupação. 83% dos entrevistados avaliaram a situação atual do Brasil como ruim ou péssima, crescimento significativo em relação a outubro de 2015 e o maior índice da série histórica. No comparativo com 2014, crescimento de 46 pontos percentuais. Situação pessoal Em 2016, os entrevistados seguirão economizando (86%) e citaram em primeiro lugar (12%) que o importante para uma melhora na situação financeira atual é reduzir despesas. A classe mais alta (A/B) está menos propensa a realizar financiamentos em 2016. O percentual de entrevistados endividados é maior entre as classes mais baixas: classe C (74%) e entre classe D/E o índice chega a 81%. Sentimento em relação ao futuro Entre os eleitores no geral, houve um aumento no índice de respostas de que o Brasil apenas irá melhorar por volta do 2º semestre de 2017, embora a grande maioria continue afirmando que o país de fato melhorará apenas em 2018. f maio 2016 financeiro 37


artigo* Maria Cristina Pinotti

Consequências econômicas

da corrupção Quanto maiores o nível de transparência na gestão do dinheiro público e o grau de escolaridade da população, menor é a corrupção

legalizou a corrupção nas duas últimas décadas. O resultado não poderia ser outro que não a volta da corrupção, cobrando um custo elevadíssimo quanto ao desempenho da economia italiana. Os exemplos são fartos e eloquentes, e vou utilizar um deles, extraído do livro “Corruzione – a norma di legge”, de Giorgio Barbieri e Francesco Giavazzi. O episódio, conhecido como “Alta velocità”, narra a primeira vez que o capital privado participou de uma obra pública na Itália. O contrato para a construção de vários trechos de linhas para trens de alta velocidade foi inicialmente firmado em 1991, entre o governo e a Tav Spa, empresa

38 financeiro maio 2016

privada formada pela Fiat, Eni, Iri, e pressupunha concorrência internacional. O trecho Milão – Turim, de 125 km, foi feito, todavia, sem tal concorrência, com a Fiat comandando a parte privada. Começou apenas em 2002 e terminou em 2009. O custo total da obra atingiu € 7,8 bilhões, ou € 62 milhões/ km. Também em 2002, teve início a construção de uma linha de trem de alta velocidade na França, ligando Paris à Alsácia Lorena. Os 300 km foram entregues em 2007, dois anos antes da finalização da linha italiana, ao custo de € 5 bilhões, ou € 16,6 milhões/km. O parceiro privado ficou com 3,6% do valor total da obra no caso italiano e com 2% no caso francês. Se a estrada italiana tivesse sido construída ao custo da francesa teria custado

1ª publicação: OESP 18/3/2016

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corrupção corrói os pilares da democracia, abala os valores éticos dos indivíduos e cobra elevado preço sobre o crescimento e a competitividade da economia. Onde impera, os mercados são dominados por distorções e ineficiências, afetando a competitividade do país frente aos demais. A experiência internacional mostra que, em países com elevado grau de corrupção, grupos de lobby se encastelam nos centros decisórios, passando a obter privilégios que não têm correspondência com a sua competência, com efeitos muito negativos sobre a produtividade. Mostra, também, que quanto maiores a transparência na gestão do dinheiro público e o grau de escolaridade da população, menores são os níveis de corrupção nos países. Se o desafio é grande, os benefícios são inequívocos. Já foi demonstrado (Pellegrini e Gerlagh, 2004) que a redução de um desvio padrão no nível de corrupção de um país aumenta o crescimento da economia em 1% ao ano e aumenta os níveis de investimento em 4,9 pontos porcentuais no longo prazo. Nesse sentido, é muito interessante olharmos para o que aconteceu com a economia italiana após as investigações do gigantesco esquema de corrupção levadas a cabo pela operação Mãos Limpas. Como é sabido, apesar de as investigações haverem obedecido os melhores padrões técnicos pelos procuradores de Milão, o sistema político italiano, fartamente comprometido com os crimes de corrupção e liderado por Berlusconi (também envolvido em inúmeros processos) conseguiu promover uma tal sequência de alterações nas leis que, praticamente,


Ilustração: Depositphotos

perto de € 2 bilhões, contra os quase € 8 bilhões efetivamente pagos. A corrupção é um dos elementos que explicam as diferenças brutais entre os custos de obras públicas na Itália, comparados com os de outros países da Europa. No agregado, a soma dessas e de outras ineficiências pode ser medida pela “Produtividade Total dos Fatores”, a PTF, que mede a eficiência com a qual a mão de obra e o capital disponíveis no país são utilizados na produção total. No gráfico acima estão as séries da PTF da Itália, dos Estados Unidos, da Alemanha e da França, no período de 1995 a 2014, e o quadro é estarrece-

parte do desempenho descrito. Estudos mostram que a corrupção é um fenômeno muito persistente, e a sua redução depende de muitos fatores. A existência de leis claras, com penas que tornem o custo da prática da corrupção mais elevado do que os ganhos dela decorrentes, aliada à eficiência do Maria Cristina Pinotti: sistema judiciário na identificação economista e sócia da A.C. e na punição desse tipo de crime Pastore & Associados são a condição necessária, sem a qual não se vai adiante nessa batalha. Uma das dificuldades para se punir a corrupção vem do seu caráter “invisível”: o sucesso da prática depende do sigilo da operação. Entre o corrupto e o corruptor existe um pacto natural de silêncio, que, se for quebrado por um, arrasta automaticamente o outro. Além disso, a parte lesada é difusa, já que normalmente o custo recai sobre a sociedade como um todo, que sofrerá com o custo de obras públicas infladas pelas propinas, baixa qualidade do serviço público, etc.

Uma das dificuldades para se punir a corrupção vem do seu caráter “invisível”: o sucesso da prática depende do sigilo da operação

dor. Observa-se que, a partir de 1995, momento em que o sistema político começou a proteger a corrupção, a produtividade na Itália começou a desacelerar e, a partir de 2001, começou a cair, ao passo que, nos outros países, exceto pelo “dente” na época da crise, a tendência de crescimento se manteve ao longo de todo o período. Se tivesse seguido a produtividade norte-americana, por exemplo, o PIB em 2014 na Itália estaria 22% acima do efetivamente observado, sem que a quantidade de mão de obra e de capital fossem alteradas. Temos de lembrar que a produtividade caiu na Itália, apesar do benefício auferido pela forte redução no custo de capital ocorrido pela entrada do país na zona do euro. A corrupção, certamente, explica boa

Em vários países tem se tornado possível identificar esquemas criminosos de corrupção e pode-se quebrar a lei do silêncio através da regulamentação de leis específicas que preveem o uso de colaboração premiada. A concessão do incentivo da redução da pena para que uma das partes colabore com o judiciário aumenta o risco (e o custo) da prática de atos corruptos. A operação Mãos Limpas ofereceu à Itália uma enorme chance de virar a página e se tornar um país moderno e eficiente. Infelizmente, Berlusconi capitaneou a defesa dos interesses corruptos e provocou um enorme retrocesso, que dura até hoje. Há, de plantão no Brasil, inúmeros candidatos ao papel exercido por Berlusconi. Cabe à sociedade civil organizada impedir que tragédia semelhante à italiana ocorra entre nós. f

*Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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painelcetip

Veículos financiados somam 1,1 milhão no primeiro trimestre

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volume de financiamento de veículos em todo o Brasil atingiu 1,1 milhão nos primeiros três meses do ano, fechando o trimestre em queda de 19,1% em relação ao mesmo período de 2015. Deste total, 892.706 unidades negociadas a crédito são autos leves, baixa de 18,5%; 188.916 de motos recuo de 23,8%; e 43.427 de pesados, decréscimo de 9,1%. No mês de março o total de financiamentos totalizou 410.271 veículos, número 17,6% menor na comparação com o mesmo período do ano anterior. Veículos novos somaram 163.725 unidades vendidas a crédito, enquanto os usados chegaram a 246.546. O levantamento é da Unidade de Financiamentos da Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base integrada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o processo de financiamento de veículos seja suscetível a fraudes sistêmicas.

Volume de financiamento de veículos por categoria Autos Leves

Motos

Volume de financiamento de veículos (1o trimestre/16)

Pesados

“Além do momento econômico do Brasil e da crise de confiança do consumidor, que não quer se endividar com o cenário atual, há outro fator relevante a ser levado em consideração na análise dos números destes primeiros três meses. Até março de 2015 ainda havia carros em estoque sendo comercializados com IPI reduzido. Isto estimulou a aquisição de veículos no primeiro

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Somente em março, número de vendas a crédito chegou a 410.271 unidades trimestre do ano passado, fato que não se repetiu em 2016”, afirma Marcus Lavorato, gerente de Relações Institucionais da Unidade de Financiamentos da Cetip. Veículos zero-quilômetro fecharam este primeiro trimestre em queda de 29,3%, com um total de 441.526 financiamentos. Os usados, com 686.298 unidades negociadas, apresentaram baixa de 10,8%. Na categoria de autos leves, houve recuo de 32,7% entre os novos, enquanto os usados caíram 10,7%. Entre as motos, houve queda de 25,3% nas unidades zero-quilômetro neste primeiro trimestre. Ao todo, foram 164.872 vendidas a crédito. Em março a baixa foi de 27%, em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Modalidades de financiamento de veículos (Março/16)

No trimestre, automóveis leves com tempo de uso entre nove e 12 anos se destacaram com crescimento de 2,4%. A faixa etária entre zero e três anos de uso apresentou queda de 15%, enquanto as unidades entre quatro e oito anos de fabricação caíram 9,3%. No mês de março, a faixa entre nove e 12 anos de uso apresentou alta de 5,8%, quando comparado com o mesmo período de 2015, totalizando 28.891 unidades financiadas. Financiamento por tempo de uso (Março)

O prazo médio de financiamento de autos leves novos caiu neste primeiro trimestre. Agora, o consumidor tem financiado, em média, em 36,5 meses, dois meses a menos do que no mesmo período do ano anterior. f Prazo médio de financiamento por tempo de uso (jan/16)

Entre as modalidades, o consórcio apresentou a menor queda no primeiro trimestre, com baixa de 10,8%, levando em consideração automóveis leves, motos e pesados. O CDC teve queda de 20,6%. Em março o consórcio de autos leves novos teve leve queda de 1%, em relação ao mesmo mês de 2015. maio 2016 financeiro 41


supermáquinas

Foto: Divulgação

Jovem

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sedutor

empre que a Mercedes-Benz lança um novo modelo o mercado fica alvoroçado. Desta vez, as atenções se voltam para o E43 AMG 4Matic, apresentado em março, durante o Salão de Nova York (EUA). Trata-se um poderoso sedã Classe E, equipado com motor 3.0 V6 biturbo de 400 cv e 53 kgfm de torque. A transmissão é automática, de nove marchas. Essa potente combinação faz com que atinja os 100km/h em 4,6 segundos. Sua velocidade máxima é limitada eletronicamente a 250 km/h. Seus amortecedores permitem três opções de dirigibilidade: Comfort, Sport e Sport Plus. Outra marca desse jovem sedutor das pistas são suas rodas de liga leve, de 19 polegadas, na cor preta. O E43 AMG chega às lojas europeias no dia 20 de junho e a partir de setembro começa a ser distribuído ao restante do mercado. Seu preço, porém, ainda é uma incógnita, detalhe que o torna mais atraente. f

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cultura

à nova era Conectado

Foto: Divulgação/Bernard Lessa

O Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, estimula a reflexão sobre o futuro e mostra o mundo que podemos ter nos próximos 50 anos

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ma experiência única. Tudo é sensorial e interativo. Essa combinação torna o Museu do Amanhã, projeto magnífico do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, erguido no píer da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, uma atração irresistível para quem gosta de ciência, arte e tecnologia. O edifício, inspirado nos contornos das bromélias cultivadas no Jardim Botânico, ocupa 15 mil m², cercados por espelhos d’água, jardim, ciclovia e área de lazer. “É um espaço de conhecimentos que oferece uma reflexão ética sobre o amanhã que queremos, uma visão dos futuros possíveis que podemos construir a partir das nossas escolhas, em uma perspectiva de convivência com o planeta e entre nós mesmos”, define o diretor geral da Fundação Roberto Marinho, Hugo Barreto.

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cultura

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envolvem as mudanças climáticas, os danos à biodiversidade, o crescimento das populações, o aumento da longevidade do homem, a integração das culturas, os avanços da tecnologia e a disseminação do conhecimento. “O museu oferece as perguntas, não as respostas. São elas que norteiam a série de experiências, de maneira a construir uma narrativa de exploração e interrogação”, explica o curador Luiz Alberto Oliveira, que também é o físico, doutor em Cosmologia e pesquisador do Instituto de Cosmologia, Relatividade e As-

Foto: Divulgação/Bernard Lessa

O espaço é um convite para examinarmos o passado, refletir sobre as atuais tendências e explorar os caminhos que trilharemos nos próximos 50 anos, sempre sob a ótica da sustentabilidade, da convivência e da convergência. Estimula o visitante a pensar a respeito das mudanças climáticas, da preservação das fontes naturais, das interferências no ecossistema, tornando-o protagonista e agente dessas transformações. Instiga para que nos questionemos sobre indagações que acompanham, desde sempre, a humanidade, mas sobre as quais nem sempre nos dedicamos a refletir. De onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos ir? Ao contrário dos museus tradicionais, o acervo do Amanhã é formado por uma profusão de criações em multimídia que levam as pessoas a explorar grandes ondas que devem mobilizar o planeta nos próximos 50 anos. São movimentos que

Foto: Divulgação/Bernard Lessa

Observatório do Amanhã Trata-se uma área que funciona como um radar do Museu do Amanhã, recebendo e repercutindo informações de centros produtores de conhecimento em ciência, cultura e tecnologia do Brasil e do mundo. O espaço também faz uma avaliação permanente do conteúdo das exposições, garantindo que as informações sejam permanentemente atualizadas.

trofísica, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Para conceber e manter atualizada e atraente essa atmosfera futurista, o museu conta com um time de mais de 30 consultores brasileiros e estrangeiros de diversas áreas. Além disso, firmou parceria com importantes instituições ligadas à ciência, que são referências no Brasil e no mundo, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Massachusetts Institute of Techonology (MIT). f


Conectar Pessoas. Para isso existe o CRM. A coisa mais importante que o seu CRM pode fazer é ajudar sua equipe a construir relacionamentos. Não deveria ser apenas um repositório de dados. Ou ficar preso em uma nuvem externa. Ou surpreender você com custos ocultos. Mas ajudá-lo a compreender as necessidades de seu cliente, melhorar a comunicação e estar presente nos momentos mais importantes – i2i. Descubra um tipo diferente de CRM.

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livros Remando contra a maré Os construtores da democracia brasileira

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construção da democracia no Brasil foi resultado da obra de pessoas que tiveram a coragem e a capacidade de enfrentar grandes adversidades para melhorar e trazer progresso ao nosso país. José Bonifácio, Joaquim Nabuco, D. Pedro II e o trio paulista Prudente de Moraes, Campos Salles e Rodrigues Alves são exemplos de homens que revelaram, por meio de suas ações e escolhas, a convicção profunda nos valores democráticos e princípios éticos que moldaram nossa política. Nesse livro, o cientista político Luiz Felipe d’Avila revela tudo o que separa essas figuras fundamentais da nossa história daquelas interessadas apenas no poder, colocando em pauta o real significado de valores, como liberdade e democracia. f Autor: Luiz Felipe d’Avila Editora: Moderna

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A cara do Rio

Rio de São Sebastião pelos acontecimentos curiosos, pelos personagens peculiares, pelos bastidores! Com humor e um texto saboroso, Ricardo Amaral, com a ajuda de Raquel Oguri, reconta o que já é conhecido e resgata pequenas grandes histórias que andavam perdidas em esquinas, ruelas e sebos. Ele constrói, assim, um inusitado painel, revelando a cara do Rio. Um olhar afetuoso, alegre e crítico e um resgate da memória, de cada carioca, que está escrita pelas ruas da cidade. f Autores: Ricardo Amaral e Raquel Oguri Editora: Sextante

Benjamin Franklin Uma vida americana

U Autor: Truman Capote Editora: Record

Primeiros contos de

O

Truman Capote

livro reúne contos inéditos da primeira fase da produção do autor Truman Capote. Esses escritos foram descobertos em Autor: Walter Isaacson 2013, na Biblioteca Pública de Nova York. São Editora: Cia. das Letras textos curtos e fortes, que já revelam seu talento para contar histórias e demonstram sua capacidade de envolver os leitores com suas tramas – qualidades que o tornaram um dos mais importantes escritores do século XX. As cenas descritas nesses contos são cotidianas e quase banais, mas provocam sensação de constante tensão. Preste atenção aos detalhes, aparentemente, sem importância, porém que podem desencadear, a qualquer instante, uma catástrofe iminente. f

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m dos chamados pais dos Estados Unidos, Benjamin Franklin está entre as figuras mais influentes de sua época, cujas descobertas científicas e ideias filosóficas e de negócios reverberam mundo afora. É também um homem de carne e osso que foi fundamental no desenvolvimento do que é hoje a nação mais poderosa do mundo. Autor também do best-seller Steve Jobs: A biografia, Isaacson narra nesse novo livro a tumultuada trajetória de Franklin, como cientista, inventor, diplomata e jornalista. Revela ainda momentos da sua vida que ultrapassam o seu próprio tempo, como a colaboração de Franklin na elaboração na Declaração de Independência dos Estados Unidos. f


artigo* Emirio Yamada

que maneira uma A solução De máquina pode substituir

digital

é a solução?

Enviado em 2/5/2016

É

difícil imaginar que um dia vivemos sem internet ou sem um aparelho de telefone que nos acompanhe em todos os lugares, sim, é isso mesmo, em todos os lugares. Falar com alguém a milhares de quilômetros de distância era uma tarefa única para a criação de Alexander Graham Bell, e passados 140 anos, nossas vidas se transformaram por completo com a evolução tecnológica. Hoje, vivemos uma realidade que comumente chamamos de mundo (ou era) digital, que trouxe uma infinidade de benefícios e facilidades para o dia a dia de todas as pessoas e também para as empresas. O mundo então tirou proveito dessa evolução e foram criadas inúmeras soluções, tanto para uso doméstico como para fins comerciais, e aqui vou me ater à minha singela experiência neste mundo chamado cobrança. A cobrança foi considerada no passado um mal necessário por muitas organizações, sejam financeiras, comerciais e industriais, pois a regra mandatória era vender mais e mais. Há aproximadamente 20 anos, o mercado financeiro disparou na frente com a evolução dos processos e ferramentas utilizadas, já que a Resolução 2682 de 21/12/1999 do Banco Central do Brasil estabeleceu regras de classificação dos níveis de riscos oriundos de operações de créditos, e dessa forma, possibilitou avaliar a qualidade do portfólio das instituições financeiras no Brasil. A necessidade de, primeiramente localizar os inadimplentes (regra básica nesta atividade), que em muitos casos esquivam-se das lembranças de sua dívida, e, posteriormente, contatá-los de maneira que, por incrível que pareça, se sintam motivados a falar sobre o fato gerador de sua inadimplência, já que são protegidos por legislação específica, o mercado, então, inteligentemente, criou uma série

o ser humano, e em que situações o atendimento humanizado melhora a recuperação do crédito de soluções que facilitaram e, acima de tudo, proporcionaram ganho de escala nos atendimentos à esses devedores. Hoje, uma operação de cobrança não se sustenta sem a incorporação de inúmeras plataformas tecnológicas e de suporte para ser eficiente e certeira nos contatos, pois os volumes envolvidos nessas operações são muito grandes. Como diz um ditado do mercado, “quem chega primeiro, cobra melhor”, e de fato sou obrigado a concordar com isso, pois a cada dia que se passa as dívidas envelhecem e consequentemente se tornam mais difíceis de solução. Some-se a isso a grande rejeição de muitas

Pesquisas recentes apontam que cerca de 35% das pessoas preferem o atendimento por e-mail pessoas em falar com um atendente humano na outra ponta da linha telefônica, e esse comportamento é cada vez mais comum. Confesso que eu engordo essa estatística. Quem não se irrita com o famoso gerundismo, como “vou estar fazendo....”, “vou estar realizando....”, “vou estar verificando...”, entre outros? Pesquisas recentes apontam que cerca de 35% das pessoas preferem o atendimento por e-mail, 23% acham que o chat é mais eficaz, 23% querem falar com um ser humano, e os outros 19% se dividem em outros canais, confirmando assim minha percepção com relação ao atendimento humanizado. Como maneira de se desvencilhar dessas situações as pessoas cada vez mais preferem o autoatendimento, ou melhor, a troca do humano

*Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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artigo Emirio Yamada*

Emirio Yamada: diretor de Cobrança da Fidelity Serviços e Contact Center S.A.

pela máquina. O mundo digital trouxe para o mercado formas de interação com os clientes através de sistemas com algoritmos complexos que tentam prever comportamentos humanos. Com isso, hoje nos deparamos com nomenclaturas como DAC (Distribuidor Automático de Chamadas), Discador Preditivo, URA (Unidade de Resposta Audível), Voice Messenger, BI (Business Intelligence), entre outras. Estamos vivendo um momento no mercado financeiro que considero uma revolução digital, em que vemos as grandes instituições financeiras se aparelhando e divulgando, cada vez mais aos seus clientes, a possibilidade de acessar seus produtos e serviços através de soluções tecnológicas, e não mais através de um simples computador, mas sim pelo aparelho de celular. Isso é tão real para nós, que já fazemos parte também desse mundo, tanto quanto a nova geração de cidadãos que já nasceram no mundo da tecnologia. Voltando então para o mundo da cobrança, e para a necessidade do autoatendimento pelos clientes, observamos o grande crescimento de sites de internet pertencentes a empresas prestadoras de serviços de cobrança, e até mesmo independentes, que desenvolveram soluções capazes de interagirem com o ser humano e simular situações de negociações de dívidas, utilizando vários parâmetros preestabelecidos, e em observância às políticas de negócios do credor. Algumas instituições financeiras estão utilizando essas soluções para processar as negociações diretamente com seus clientes, sem a intermediação do ser humano. Até recentemente, era inimaginável que um dia uma máquina concorreria com uma empresa que presta o mesmo tipo de serviço, e se vê obrigada a se deparar com um site de in50 financeiro maio 2016

Ainda que a evolução tecnológica tenha trazido muitos benefícios, nada supera o atendimento de um bom operador de cobrança ternet no ranking dos melhores prestadores de serviços. Como executivo desse mercado de cobrança, não consigo explicar o sentimento diante dessa situação, pois investimos em pessoas, tecnologias e estruturas físicas, para poder prestar os melhores serviços aos nossos clientes e, de repente, tudo isso parece ser algo do passado. Mas nem tudo está dominado pelos algoritmos. Ainda que a evolução tecnológica tenha trazido muitos benefícios, e sem sombra de dúvidas assim continuará, há que se atentar que em situações e produtos financeiros específicos, nada supera o atendimento de um bom operador de cobrança, bem capacitado e preparado para argumentar com segurança e firmeza durante as tratativas. Para tirar proveito desses recursos, o segredo é saber dosar a produtividade da tecnologia com a qualidade de negociação de pessoas bem preparadas. Portanto, ainda que corra o risco de algumas pessoas não concordarem com o meu pensamento, a máquina não vencerá a inteligência e a versatilidade do ser humano, notadamente diante de um cenário econômico sombrio como o que estamos presenciando, devastado pela crise do desemprego e perda de renda da população. Não haverá algoritmo que consiga encontrar uma solução para quem não tem de onde tirar o recurso financeiro necessário para quitar suas dívidas. No momento em que as instituições financeiras começarem a contingenciar o crédito, teremos sim, um cenário extremamente difícil para a indústria da cobrança, mas como uma pessoa que já sobreviveu a tantas crises econômicas e vivenciou tantas e tantas estratégias de recuperação de crédito, tenho a certeza de que encontraremos novas soluções, sejam digitais ou humanas. f


Ponto de Criação Fotos: Nelson Miranda, Kenneth Man/Shutterstock

cerca de 70% de cura, 87% de pacientes do sus e referência no tratamento do câncer infantil Com a ajuda de muita gente, ampliamos o nosso hospital e as ChanCes de reCuperação de Crianças e adolesCentes Com CânCer. nosso orgulho é poder mostrar a Cada doador que sua Contribuição é investida Com muita responsabilidade para ofereCer aos paCientes, Como a Karine e a lorena, um tratamento digno, humano e Comparado aos melhores do mundo. junte-se a nós! seja um doador.

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