Revista Além Muros - DEZ 2016

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ANO 07 . EDIÇÃO ESPECIAL SET / DEZ . 2016

W

60.

Assembleia Legislativa aprova projeto do governo que reestrutura o sistema penal 10.

Cão “herói” reforça segurança em presídio no Pará e ajuda a evitar fuga de presos

54.

Susipe realiza ação em escolas públicas do Pará e alerta jovens

60.

Governo investe R$ 1,4 milhão na modernização da frota de veículos

10. Entre Aspas Ministro Gilmar Mendes fala sobre a crise no Sistema Prisional


ANO 06 . ED. ESPECIAL SET / DEZ . 2016

Editorial Assessoria de Comunicação da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará Editor de conteúdo Timóteo Lopes Editora responsável Walena Lopes Reportagem Aline Saavedra, Laís Menezes, Guillianne Dias Diagramação & arte Adelmo Neto Revisão Walena Lopes Fotografia Thiago Gomes, Anderson Silva Distribuição Eletrônica, Periodicidade biMestral Imagens e ícones por freepik.com Assessoria de Comunicação Social - SUSIPE Rua Tamoios, 1592 – Batista Campos CEP 66010 - 105 – Belém, PA Fone:. (91) 3239 4229 / 3239 4230

Olá, caros leitores! Nesta edição preparamos uma seleção especial com os principais assuntos que envolveram a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará no ano de 2016. Você vai conferir ações desenvolvidas que beneficiaram e expandiram projetos voltados à ressocialização e capacitação dos internos custodiados pelo sistema penal. Em Abaetetuba, os detentos participaram de um curso de formação e capacitação para esculpir brinquedos de Miriti. No Centro de Recuperação Feminina as internas também tiveram acesso a cursos de capacitação, entre eles, o curso para a formação de pedreiro de alvenaria, oferecido pelo Pronatec. Além dos cursos, as internas que fazem parte da Coostafe, primeira Cooperativa de trabalho arte feminina empreendedora, formada por internas do sistema penitenciário, expandiram os negócios em parceria com a Organização Não Governamental, no Olhar e tiveram seus produtos comercializados em lojas e shopping da cidade de Belém. Veja também, o trabalho realizado por detentos na limpeza e manutenção das centrais de abastecimento da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa). Outra parceria que deu frutos positivos no ano de 2016 foi com o Museu Emilio Goeldi, onde os internos participaram da pintura e revitalização dos muros, em comemoração aos 150 anos do museu. A parceria com o museu se estendeu também na realização da primeira feira de produtos naturais com produtos cultivados na Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel, por meio do Projeto Nascente. Destacamos ainda, a aprovação do Projeto de Lei na Assembleia Legislativa do Estado, que reestrutura o sistema penal. Entre as mudanças que o projeto implementa, destacamos a criação do Fundo Penitenciário do Estado, que tem por finalidade proporcionar recursos e meios para financiar e apoiar as atividades e programas de modernização e aprimoramento da Superintendência do Sistema Penal. Agradecemos a todos os nossos leitores e contamos com você em 2017!

André Almeida Cunha

SUPERINTENDENTE DA SUSIPE


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54.

SEGURANÇA

Cão “herói” reforç em presídio no Pa a evitar fuga de pr

68. CAPA

Assembleia Legislativa aprova projeto do governo que reestrutura o sistema penal

06. Ministro Gilmar Mendes fala sobre a crise no Sistema Prisional

78.

Susipe realiza ação em escolas públicas do P alerta jovens sobre o c


32. DESTAQUE Servidor da Susipe recebe homenagem no 9 Prêmio Servidor Nota 10 34. TRABALHO Museu Emílio Goeldi comemora 150 anos e ganha revitalização feita por detentos 38. CAPACITAÇÃO Unidade móvel do Senai leva capacitação em curso de informática para detentos 40. EDUCAÇÃO Professores ajudam na construção de novas vidas em presídios do Pará. 45. CAPACITAÇÃO Pronatec capacita detentas em curso de pedreiro de alvenaria 46. SAÚDE Projeto odontológico devolve autoestima a detentas com próteses dentárias

ça segurança ará e ajuda resos

m Pará e crime

48. CAPACITAÇÃO Susipe inaugura centros de panificação para capacitação de presos no Pará 50. SAÚDE Susipe faz combate e prevenção à tuberculose nos presídios do Estado

Sumário.

58. TRABALHO Detentos da Susipe atuam na limpeza e manutenção das centrais da Cosanpa

13. EDUCAÇÃO Mais de mil detentos devem fazer provas do Enem no Pará.

60. TRABALHO Susipe e Museu Goeldi promovem feira de orgânicos produzidos por detentos

16. CÍRIO 2016 Coral formado por detentos faz apresentação com Fafá de Belém no Círio 2016.

62. CÍRIO 2016 Susipe realiza Feirão do Pato com produtos orgânicos do Projeto Nascente

19. CAPACITAÇÃO Susipe e Senai discutem parceria para capacitação profissional de detentos

66. TRABALHO Produtos fabricados por detentos são destaque na Pará Negócios 2016

20. ELEIÇÕES Mais de 100 presos votam em quatro unidades prisionais do Estado

70. TRABALHO Cooperativa de detentas expande negócios em parceria com a ONG No Olhar

25. CAPACITAÇÃO Brinquedos de miriti ganham forma pelas mãos de detentos em Abaetetuba

74. AUTO-ESTIMA Detentas participam de primeiro concurso de beleza em presídio do Pará

28. SAÚDE Presídios em Marabá terão unidades básicas de saúde para detentos

82. INVESTIMENTO Governo investe R$ 1,4 milhão na modernização da frota de veículos da Susipe

30. OPORTUNIDADE Credcidadão ajuda a fomentar negócios com ampliação de crédito a egressos

84. TRABALHO Detentas produzem bonecas que serão doadas a crianças carentes no Natal


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ENTRE ASPAS

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F el i pe S ou z a D a

BBC Brasil em são paulo

Gilmar Mendes. A

p ó s três dias de silêncio, o presidente Michel Temer e o ministro da Justiça, Alexandre de

Moraes, anunciaram uma série de medidas para tentar amenizar a crise causada após a morte de 56 presos durante rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. A principal medida é o gasto de R$ 430 milhões para construir mais presídios e melhorar a segurança dos já existentes.


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A questão não se resolve com construção de presídios”

Horas após o anúncio oficial do governo, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse em entrevista exclusiva à BBC Brasil que construir presídios não é a solução para a crise carcerária. “Até porque um presídio para ser construído vai levar três, quatro anos, com todos os incidentes que ocorrem, licitações e tudo o mais”, afirmou Mendes. Entre as medidas apontadas por ele para reduzir a população carcerária, está a promoção de mutirões judiciais nos presídios para julgar os detentos em regime provisório (32% do total) o quanto antes e descriminalizar o uso de drogas. Leia a entrevista completa à BBC Brasil:

BBC Brasil - Qual o diagnóstico do senhor sobre o sistema prisional brasileiro? Mendes - Eu tenho a impressão de que o que ocorreu agora em Manaus ocorreu em outros presídios. Há algum tempo, a gente teve uma rebelião durante as eleições em São Luís e isso se repete. É uma crônica de mortes anunciadas, de crises anunciadas. Nós temos 360 mil vagas e quase 700 mil presos, uma superlotação. As condições dos presídios são péssimas. E a tendência, em função da legislação e a questão do tráfico de drogas, é a intensificação das prisões, principalmente as preventivas.

Quase a metade desses presos é de presos provisórios e esse número vai aumentando. A Justiça em geral não tem tempo de julgar. Se você tem um fluxo de entrada enorme e não tem a saída, a tendência é a superlotação. E pouco se fez em termos globais para dar uma racionalidade ao sistema. Há muitos anos não se constrói presídios. São poucos inaugurados. Há uma verba de R$ 2 bilhões que vem das loterias, o Funpen que ficou por anos contingenciado. Recentemente, o Supremo determinou que houvesse o descontingenciamento e agora o governo Temer reconheceu. Na minha gestão (como presidente) no CNJ (de 2008 a 2010), nós lançamos mutirões carcerários. Em seguida, eles não prosseguiram. Nós fazíamos uma verificação


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em torno desse tema. Não se trata apenas de direitos humanos, mas também se segurança pública, que vem sendo negligenciado. BBC Brasil - Quais medidas deveriam ser implantadas? Mendes - Mutirões carcerários para verificar excessos, apressar julgamentos, liberar aqueles que precisam ser liberados, mudar de regime. Fazer uma verificação in loco com equipe de juízes. Já se provou que é possível fazer isso. Na minha gestão, em 1 ano e 6 meses, nós liberamos 22 mil presos, então é possível fazer isso. Esse número é quase 10% da população de presos provisórios no Brasil. BBC Brasil - Por que esse projeto foi interrompido?

dentro dos presídios, com os juízes dentro deles, se estava havendo excesso de prazo. Isso não era uma solução, claro, mas atenuava os problemas. No CNJ, nós tentamos nacionalizar um projeto chamado Começar de Novo. Até hoje, eu tenho quatro ex-presidiários que trabalham no programa do Supremo. BBC Brasil - Estamos indo em direção a um mundo sem direitos humanos? Em suma, o grande problema do Brasil é que não é um país pobre. Nós temos recursos mal alocados. Nós temos um grave problema de gestão e é isso que se revela nesse sistema prisional caótico. Eu acho que é hora de resgatar a função do CNJ e CNMP para fazer com que juízes e promotores atuem nesse sistema. Eu acho que tem que fazer um grande pacto

Mendes - É a nossa proibição da descontinuidade administrativa. Sempre há essa coisa da autonomia administrativa dos tribunais. Os novos presidentes do CNJ não deram a ênfase ao trabalho. Nós até deixamos isso institucionalizado. Hoje, funciona no CNJ um departamento de monitoramento do sistema prisional, mas esse sistema praticamente saiu da agenda e agora a ministra Cármen Lúcia recolocou. BBC Brasil - Por que é tão demorado o julgamento dos presos provisórios e como resolver? Mendes - Durante os mutirões no Espírito Santo, encontramos alguém preso há 11 anos sem julgamento. E pensávamos que essa era a última escala das degradações. Mas no Ceará encontramos um sujeito preso há 14 anos sem julgamento. Isso é uma casa de horrores. Certamente que o sistema melhorou. Agora, precisa melhorar muito.


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BBC Brasil - Ministro, 28% dos presos estão enquadrados na Lei de Drogas. O senhor votou pela descriminalização do consumo de todas as drogas. Esse é um passo para solucionar a superlotação?

BBC Brasil - Se a atuação do governo se basear na construção de novos presídios e não promover outras políticas como mutirões, qual a previsão para os próximos anos?

Mendes - Acho que em parte sim. Se a gente for olhar, uma boa desse recrudescimento das prisões está associado ao tráfico de drogas. E aí vem aquela situação do usuário que também trafica para suprir o vício. E a Justiça não consegue distingui-lo. O aparato judicial não é treinado para fazer a distinção e todos viram a mesma coisa. Se joga o traficante com esse que chamam de avião (que transporta a droga para suprir o próprio vício).

Mendes - Sem dúvida nenhuma, nós vamos ter o aumento da criminalidade como um todo. Nós temos as coisas mais bárbaras acontecendo. Operações comandadas de dentro dos presídios. Um dos crimes mais comuns é o tráfico de celulares para que as organizações criminosas continuem se comunicando. A grande corrupção. Nós vimos nesse caso [Manaus], celas privilegiadas para determinados líderes e coisas do tipo.

Ao mesmo tempo não se preparou. Eu até falei muito no voto do modelo português, mas o modelo português criou clínicas para tratar dessas pessoas. No nosso caso, vamos mandá-los para onde? Também precisaria dotar o SUS de alguma competência para isso. É um desafio.

Então, nós vamos ter que conviver com uma situação muito grave. Eu acho que já passa hora da gente tomar consciência de que esse tema tem que entrar na agenda. Eu não vejo nenhum partido político do Brasil colocando esse tema na agenda e fico extremamente preocupado. BBC Brasil - O ideal seria mobilizar também a sociedade e os partidos políticos? Mendes - Mobilizar a sociedade. É interessante quando a gente traduz porque os programas do CNJ tiveram muito apoio da sociedade, inclusive o Começar de Novo. As pessoas começaram a apoiar. Empresas começaram a abrir vagas. Mas é preciso que o governo cumpra o papel de coordenador desse processo.


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cidadania

educação

Mais de mil detentos devem fazer provas do Enem no Pará Laís Menezes / Thiago Gomes

Detentos custodiados nas unidades

treineiro. “Quando fiz o Enem no último

prisionais do Pará iniciaram esta semana

ano ainda estava completando o ensino

uma preparação intensiva voltada ao

fundamental aqui na unidade e não tinha

Exame Nacional de Ensino Médio (Enem)

condições de passar, só queria entend-

para Pessoas Privadas de Liberdade

er como era a prova, mas agora que já

(PPL) 2016. As aulas do Pro Enem,

estou no ensino médio estou confiante

realizadas em parceria entre a Superin-

na minha aprovação”, afirmou o detento,

tendência do Sistema Penitenciário do

que espera fazer faculdade de pedagogia

Estado (Susipe) e a Secretaria de Estado

ou direito.

de Educação (Seduc), ocorrem em 20 municípios e focam no conteúdo específico da prova organizado pelas áreas de conhecimento. Em 2016, mais de mil presos no Pará devem fazer as provas do

Jorge tem duas filhas, que também vão prestar o Enem, e contou que ganhou o incentivo da família para aproveitar a oportunidade de voltar a estudar. “Eu

exame.

acredito que nunca é tarde para retomar

Jorge Furtado, de 38 anos, custodiado

poderia aproveitar meu tempo ocioso em

no Centro de Recuperação do Coqueiro

meu benefício. A minha família também

(CRC), vai participar pela segunda vez do

apoiou e hoje em dia até disputamos

exame. A primeira prova, ele fez como

para ver quem vai tirar a melhor nota.

os estudos e aqui me mostraram que eu

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Quando fiz o Enem no último ano ainda estava completando o ensino fundamental aqui na unidade e não tinha condições de passar, só queria entender como era a prova, mas agora que já estou no ensino médio estou confiante na minha aprovação Sônia Cardoso, servidora Jorge Furtado, detento No ano passado, quando fizemos os três para treinar, eu tirei a maior nota na redação. Mesmo com as dificuldades de estudar dentro de um presídio percebi que essa oportunidade eu não teria lá fora, já que eu não tinha condições financeiras para pagar um cursinho como esse”, avaliou. Atualmente, a Susipe conta com cerca de dois mil internos envolvidos em atividades educacionais regulares. De acordo com dados do Infopen (Sistema Integrado de Informações Penitenciárias), 12,9% da população carcerária está na sala de aula; do total, 1.263 detentos estão matriculados na educação formal, 622 na educação não-formal e 110 em cursos profissionalizantes. Mais de 47,85% da população carcerária feminina do Estado desenvolvem atividades educacionais. Das 45 unidades prisionais paraenses, 33

têm salas de aula. As aulas do ProEnem ocorrem uma vez por semana e seguem até a véspera da prova, no mês de dezembro. “O Enem PLL é mais uma oportunidade que hoje podemos levar enquanto educação formal para dentro dos presídios. E para garantir uma participação mais efetiva da pessoa privada de liberdade no Enem, fazemos ações como esses aulões, revisão de conteúdo, para que eles participem em condição de igualdade com as outras pessoas. Não queremos apenas elevar o número de inscrições, queremos resultados de qualidade”, explicou a coordenadora da Educação de Jovens e Adultos da Seduc, Núcia Azevedo.


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Para Margarete da Silva (foto), que foi tirar a segunda via da carteira para visitar o filho custodiado pela Susipe, a nova Central tornou o processo de cadastramento mais prático

Para a professora de Física do CRC, Semile Melo, que leciona no Pro Enem, as expectativas para a prova são as melhores. Segundo levantamentos da unidade prisional, 101 detentos estão matriculados na educação regular e 57 internos foram inscritos para o Enem PLL. “Durante as aulas iremos tirar dúvidas, resolver questões de provas anteriores e trabalhar os conceitos. Essas oficinas são muito importantes para levantarmos os índices de aprovação, e esse ano esperamos ótimos resultados, pois os alunos estão muito interessados e dedicados”, afirmou.

Enem Prisional Para Margarete da Silva (foto), que foi tirar a segunda via da carteira para visitar o filho custodiado pela Susipe.

Neste ano a Susipe inscreveu um total de 1.041 detentos para participar do Enem PLL, o que representa um aumento de cerca de 30% em relação ao ano passado. As provas serão realizadas em 41 casas penais, sendo cinco delas centrais de triagem, as quais registraram 85 inscritos, um recorde em se tratando de casas de passagem, segundo a Coordenadoria de Educação Prisional (CEP) da Susipe. As inscrições para o exame foram realizadas de 3 a 21 de outubro. As provas do Enem PPL serão nos dias 06 e 07 de dezembro.

Na foto, o superintendente do Senar, Walter Cardoso.


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círio 2016

Coral formado por detentos faz apresentação com Fafá de Belém no Círio 2016 Laís Menezes / Anderson Silva

A

o som de “Ave Maria” o Coral Timbres, formado por detentos do Centro de Recuperação do Coqueiro

(CRC) e do Centro de Recuperação Feminino (CRF), emocionou os fiéis ao lado da cantora Fafá de Belém durante o 224º Círio. Depois de dois anos se apresentando na Trasladação, essa é a primeira vez que o grupo canta na maior festa religiosa do Brasil. Os 16 integrantes do coral se prepararam durante cinco meses com a maestrina Vera Santos. No repertório, 15 músicas que falam sobre fé e esperança como “Maria de Nazaré”, “Lírio Mimoso”, “Senhora da Berlinda”, “Isso é Amor” e “Tente Outra Vez”. Há um ano no grupo, a interna Carmem Ribeiro falou sobre a felicidade de poder fazer parte de um momento tão importante da fé paraense. “Fico muito agradecida e feliz por poder participar de um momento tão especial como esse. Para nós que estamos dentro de um presídio

essa oportunidade significa muito. Sentir essa energia que vem da fé de quem passa caminhando é algo até difícil de explicar”, contou. A cantora Fafá de Belém que fez o convite pelo segundo ano consecutivo para que o coral se apresentasse com ela, explicou a importância do projeto. “Trazer o lado social para dentro da varanda é muito importante, para esses homens e mulheres essa apresentação é muito mais do que cantar, é uma oportunidade, um resgate social”, garantiu. Quem não segurou a emoção foi a detenta Silvana Sales, que quando estava em liberdade participou de várias procissões como romeira. “Eu nunca imaginei que um dia estaria aqui fazendo essa homenagem para


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Nossa Senhora, cantando para ela. Não é a melhor condição, eu sei, mas é muito, muito emocionante para mim e para a minha caminhada de vida estar aqui hoje”, avaliou. A cantora lírica Patrícia Oliveira já fez várias apresentações com o Timbres e também esteve presente na homenagem à padroeira dos paraenses. “Nós já cantamos algumas vezes juntos em ‘Um Canto Para Maria’ e para mim é uma honra poder contribuir de alguma forma com o trabalho deles, poder passar um pouco das técnicas que aprendi e poder fazer da homenagem algo mais especial”. O grupo Timbres é um projeto social da Susipe, que

conta com o apoio do Núcleo Articulação e Cidadania, da Casa Civil da Governadoria do Estado, e consiste na reinserção de internos através do canto e da música. O projeto tem como objetivo a capacitação técnica na música, com aulas de canto.


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C APA C I T AÇÃO

Susipe e Senai discutem parceria para capacitação profissional de detentos WALENA LOPES / ANDERSON SILVA

O

diretor regional do Serviço Nacional de

ra (MEC). Os projetos serão desenvolvidos em parcerias

Aprendizagem Industrial (Senai), Dário Le-

com a equipe técnica de pedagogos da Susipe e do

mos, fez uma visita técnica à Colônia Penal

Senai para apresentação de um termo de cooperação

Agrícola de Santa Isabel (Cpasi). O objetivo da visita foi firmar futuras parcerias para a oferta de cursos de capacitação e treinamento técnico aos internos custodiados pela Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) na unidade prisional, a fim de gerar oportuni-

técnica. Para a coordenadora de Educação Prisional da Susipe, Aline Mesquita, a qualificação e certificação dos presos são fundamentais no processo de reinserção social.

dade de trabalho e renda para a população carcerária.

“Sabemos de toda a qualidade e credibilidade dos cur-

Na visita técnica, o diretor do Senai conheceu os

erencial na educação dos detentos para o mercado de

projetos de horticultura, fruticultura, apicultura (mel de

trabalho com garantia maior de qualificação”, ressaltou.

abelha), criação de palmípedes (patos), suinocultura

“Para nós a profissionalização dos internos, especial-

(porcos) e o viveiro de mudas, entre outros, que fazem

mente os que estão no semiaberto, é fundamental.

parte do Nascente - Polo Agroindustrial. Para ele, a par-

Com a volta ao convívio social é importante que todos

ceria vai possibilitar a profissionalização dos detentos

estejam devidamente capacitados e com uma profis-

que já estão em fase final do cumprimento da pena

são em vista”, destacou a coordenadora de Trabalho e

para que possam retornar qualificados ao mercado de

Produção da Susipe, Izabel Ponçadilha.

trabalho. “Temos interesse em trazer cursos para essas pessoas que estão perto da liberdade, oferecendo oportunidades no mercado de trabalho, além de renda para o sustento das famílias, de uma forma digna e que

sos oferecidos pelo Senai e de como eles serão um dif-

O Projeto Nascente Polo Agroindustrial surgiu na reestruturação da Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (unidade que custodia presos do regime semiaberto

possibilite melhor inserção junto à sociedade”, afirmou.

da Susipe) e visa aumentar a oportunidade de trabalho

Uma das propostas discutidas para a parceria foi o uso

atividades laborais no campo da agropecuária. Os

de unidades móveis do Senai – ônibus equipados com

internos trabalham no cultivo de plantas ornamentais,

laboratórios de informática e padaria, entre outros – e

tubérculos, frutas e plantas tropicais, além da criação

a continuidade dos cursos do Programa Nacional de

de palmípedes, compostagem (produção de adubo

Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que já

orgânico), meliponicultura (criação de abelhas sem

foram autorizados pelo Ministério da Educação e Cultu-

ferrão) e olericultura (produção de hortaliças).

para os internos, por meio de capacitação técnica em


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ELEIÇOES

Mais de 100 presos votam em quatro unidades prisionais do Estado Wallena Lopes | Anderson Silva


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U

nidades prisionais de quatro

Já para o preso Rafael Cunha, 23, esse momento foi

municipios do Estado rece-

muito significativo, pois ter a garantia da sua cidadania

beram secções eleitorais este

exercida fez ele vislumbrar a vida fora do cárcere com

ano, garantindo aos presos provisóri-

mais oportunidades. “Quando eu retornar vou poder ter

os o direito ao voto e à cidadania. A

um emprego e estudar para um concurso, agora que já

votação foi possível graças a um termo

tenho meus documentos completos e pude pela primeira

de cooperação técnico assinado entre

vez votar“, afirmou.

a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) e o Tribunal

Para o juiz titular da comarca de Tomé-Açu, Jonas da

Regional Eleitoral do Pará (TRE/PA).

Conceição Silva, que acompanhou a votação, esse

Presos provisórios das unidades de

ganho para todos, pois é um direito a cidadania. “Ter

Breves, Paragominas, Redenção e

seções eleitorais dentro de unidades prisionais é uma

Tomé-Açu participaram do pleito mu-

conquista muito importante, especialmente para estes

nicipal. O voto é assegurado a detentos

presos, sendo que muitos deles nem documentos reg-

que cumprem pena em situação de

ularizados possuíam, além de garantir o direito político

provisório, isto é, não possuem con-

exercendo a sua cidadania é um dever que devemos

denação criminal, além de presos que

cumprir”, afirmou o juiz.

já saíram das unidades prisionais por meio de alvarás da Justiça. Ao todo, 110 presos votaram para vereador e prefeito, em seções eleitorais instaladas dentro

direito político garantido aos internos provisórios é um

“Pela primeira vez conseguimos trazer uma seção eleitoral para dentro da unidade de Tomé-Açu. Para nós é um momento muito gratificante garantir o voto para

das quatros unidades prisionais.

os presos que ainda não foram sentenciados e que

Um dos procedimentos necessários

possibilitá-los a ter seus documentos regularizados,

para que a votação ocorresse nas uni-

oportunizando um retorno à sociedade, habilitados para

dades penais, além do número mínimo

uma chance no mercado de trabalho”, disse a diretora do

de pessoas para a votação nas seções,

CRRTA, Selma do Nascimento.

foi a regularização dos documentos dos internos, pois muitas vezes, o encarcerado não possui documentação regularizada, sendo que, alguns deles não possuíam nem certidão de nascimento

estejam em condições de exercer a cidadania, além de

Em Tomé-Açu, 32 presos estavam aptos a votar; no balanço final, 24 compareceram a votação. Já em Paragominas, 45 detentos foram esperados para o

e nem identidade, antes de serem presos.

pleito, mas apenas 33 votaram. Em Breves, 44 detentos

É o caso do interno Clebeomar Reis, 30, custodiado no

No municipio de Redenção, 23 presos foram esperados

Centro de Recuperação Regional de Tomé-Açu (CRRTA).

para a votação; 18 votaram. A votação transcorreu nor-

Antes de ser preso, ele não possuía identidade e nem

malmente, sem nenhum problema, em todas as quatro

título de eleitor. Com a realização da votação na unidade

seções instaladas nas unidades prisionais do Estado.

penal foi possível regularizar sua situação. “Eu nunca tive uma identidade e nem o título de eleitor, por isso nunca havia votado. Com essa oportunidade pude virar um cidadão e votar para a melhoria da minha cidade”, afirmou.

tinham o direito ao voto; 35 compareceram ao pleito.


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// justiça

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capacitação

Brinquedos de miriti ganham forma pelas mãos de detentos em Abaetetuba WALENA SILVA

Anderson Silva

A

cidade de Abaetetuba, no nordeste paraense, tradicionalmente é conhecida pela produção dos brinquedos de miriti – a fibra do buriti-

zeiro, uma palmeira típica da Amazônia. A confecção ganha força no período que antecede a festa do Círio de Nazaré. Detentos custodiados no Centro de Recuperação Regional de Abaetetuba concluíram o curso para a fabricação dos tradicionais brinquedos, promovido pela Associação dos Artesãos de Brinquedos e Artesanatos de Miriti de Abaetetuba (Asamab), em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Durante o curso, dez detentos tiveram aula teórica e de técnicas de acabamento, selagem e pintura, ministrada por artesãos que fazem parte da associação. Inicialmente, os internos começaram a produzir os brinquedos mais tradicionais, como o barco e a cobra, fazendo a montagem e pintura dos objetos.


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Neste ano, a magia dos brinquedos e outros objetos produzidos com o miriti terá a destreza de detentos custodiados no Centro de Recuperação Regional de Abaetetuba (CRRAB). Na foto, um grupo de detentos participa do curso de fabricação dos tradicionais brinquedos.

O presidente da Asamab, Rivaildo Peixoto, 41 anos, destacou a importância do curso. “Nossa intenção junto a esses presos não é apenas mostrar as técnicas de fabricação dos brinquedos, mas também a importância econômica e cultural que ele tem para o nosso município e do quanto ele pode contribuir para o desenvolvimento de renda, além da ocupação para cada um. Acreditamos que o miriti possa ser um agente transformador ajudando estes internos a voltarem para a sociedade”, disse. Quando soube que haveria o curso na unidade prisional, o interno Jailton Araujo, 34, quis participar das oficinas. “Nasci em meio a artesãos. Minha família trabalha com a confecção de miritis. Quando era adolescente cheguei, a ter alguma experiência, mas não encarava como um trabalho, e sim como diversão. Com o tempo fui me afastando da prática e até mesmo da minha família. Fiz questão de participar do curso, não apenas por curiosidade, mas principalmente para adquirir técnica e um dia


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ter meu próprio atelier e dar continuidade na minha vida de forma honesta”. Para Rafael da Silva, 42, que já tinha experiência com artesanato antes de ser preso, o curso é uma oportunidade para ajudar no sustento da família fora do cárcere. “Trabalhava com artesanato antes de entrar no mundo do crime, porém é a primeira vez que manuseio o miriti. Trabalho pensando na minha família, em levar para eles um sustento, pouco, mas digno, algo que deixe minha esposa e meus filhos orgulhosos”, relatou o detento. Para o diretor do centro de detenção, Antônio Reis, o curso possibilita geração de emprego e renda para os detentos. “Abaetetuba é conhecida coma a terra do brinquedo de miriti e tem experiência em feiras nacionais e internacionais. Com a associação dos artesãos, buscamos uma parceria para ministrar o curso junto aos presos, pois na maioria das vezes eles estão ociosos, e assim dar-lhes uma alternativa, até mesmo, de gerar renda para ajudar a família. Sabíamos que haveria boa aceitação por parte deles, pois alguns dos internos já tinham experiência com artesanato e outros com o próprio miriti”, explicou. O curso de fabricação de brinquedos de miriti teve duração de dois dias. A produção feita pelos internos será vendida na Feira do Artesanato do Círio 2016 e também no atelier dos próprios artesãos de Abaetetuba.

Aprendizado “Passar meu conhecimento para estes internos me deixa entusiasmado, pois a importância desse curso para eles vai além da geração de renda, serve também como uma terapia, fazendo com que eles foquem a mente na criação de arte e de novas peças”, afirmou Nildo Farias (foto), um dos artesãos que ministraram o curso.


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Saúde

Presídios em Marabá terão unidades básicas de saúde para detentos Giullianne Dias

Os internos da Central de Triagem Masculina (CTMM) e do Centro de Reeducação Feminino (CRF) de Marabá serão contemplados com atendimento integral em saúde por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), que serão habilitadas dentro dos centros de detenção do município, em atendimento à Política de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). A assinatura do termo de adesão de Marabá à PNAISP, no âmbito do Sistema Úni-

co de saúde (SUS), marcou o início do processo para a efetivação da política. O plano de ação municipal da PNAISP e o termo de adesão serão enviados nesta semana ao Ministério da Saúde, para posterior publicação da portaria aprovando a adesão do município à política. “O atendimento de saúde já existe nessas casas penais e, neste momento, estamos organizando o fluxo juntamente com a Diretoria de Ações Básicas do Município para que esse


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serviço seja equivalente ao de uma Unidade Básica

A partir da assinatura do Termo de Adesão à PNAISP,

de Saúde. Tivemos muitos parceiros nesse período

pelo gestor de saúde municipal, a unidade prisional ha-

em que a adesão à politica estava sendo discutida,

bilitada pelo Ministério da Saúde presta cuidados bási-

como os representantes da 11ª Central Regional de

cos com encaminhamentos hospitalares e consultas

Saúde (Sespa), Secretaria de Saúde de Marabá e a

especializadas para a rede de referência, dependendo

4º Promotoria Criminal de Justiça de Marabá. Todos

da avaliação do médico da casa penal. As equipes das

fizeram parte dessa conquista”, destacou Michelle

UBS´s são formadas por profissionais contratados pela

Costa de Holanda, diretora em exercício de Assistência

Susipe: médico, enfermeiro, técnico em enfermagem,

Biopsicossocial da Superintendência do Sistema Peni-

cirurgião-dentista, técnico em higiene bucal, psicólogo

tenciário do Estado (Susipe).

e assistente social.

Com a PNAISP, as ações de saúde dentro dos presídios

Avanços

vão seguir os mesmos procedimentos adotados pelo Sistema Único de Saúde nas duas UBS’s, com atendimentos da atenção básica através de programas de hanseníase, tuberculose, saúde mental, saúde da mulher, controle e acompanhamento da hipertensão e

Dados da Diretoria de Assistência Biopsicossocial (DAB) da Susipe apontam que em 2015 foram prestados cerca de 243 mil atendimentos em saúde aos custodiados no Pará. Em 2016, eles já somam 253 mil

diabetes, DST’s e HIV e imunização.

até o momento. No total, 12 das 44 unidades prisionais

Para a promotora de Justiça de Execuções Penais, Dan-

Recuperação do Coqueiro (CRC); Centro de Detenção

iella Dias, que participou do processo de formalização

Provisória de Icoaraci (CDPI), Presídio Estadual Metro-

do termo de adesão do município de Marabá à PNAISP,

politano II (PEM II), Centro de Recuperação Sílvio Hall

o direito a saúde é para todos. “Essa discussão iniciou

de Moura (CRASHM) e outras seis unidades prisionais

há um ano e avançou nos últimos meses devido ao em-

do Complexo de Penitenciário de Santa Izabel (CTM

penho de várias pessoas, com o interesse em resolver

I, CRPP I, CRPP II, CRPP III, CPASI e HGP), além das

logo a questão. Foi um processo célere. As pessoas

duas unidades de Marabá. A previsão de destinação

privadas de liberdade também tem o direito ao aten-

de recursos do Ministério da Saúde para cada uma das

dimento básico de saúde, como qualquer cidadão, e

unidades prisionais é no valor de R$ 23.605,73, exceto

esse ajuste com a Susipe só vem garantir esse serviço”,

o Hospital Geral Penitenciário (HGP) cujo valor é de R$

analisou a promotora.

35.218,97, e o CRF de Marabá, que terá um valor inferi-

PNAISP Em janeiro de 2014 foi homologada e publicada no Diário Oficial da União a Portaria Interministerial nº 01/ MS/MJ, que instituiu a PNAISP, no âmbito do Sistema Único de Saúde. O Pará foi um dos primeiros estados a aderir à nova política. Os recursos disponibilizados através do PNAISP serão utilizados para adequação dos ambulatórios nas unidades penitenciárias, além do pagamento dos profissionais que irão compor a equipe mínima.

do Pará já estão cadastradas no PNAISP: Centro de

or por se tratar de unidade prisional com menos de 100 presos custodiados. O Ministério da Saúde já repassou ao Pará através da PNAISP mais de R$ 2 milhões para investimentos em estrutura física, equipamentos e contratação de profissionais para o atendimento nas unidades básicas de saúde instaladas nos presídios do estado


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OPORTUNIDADE

Credcidadão ajuda a fomentar negócios com ampliação de crédito a egressos Laís Menezes | Anderson Silva

O

CredCidadão fez a entrega de 38 créditos, totalizando R$ 194 mil de investimento, que atenderam dez famílias do Pro Paz e cinco egressos da Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe). Estiveram presentes na cerimônia a titular pela Secretaria Extraordinária de Integração de Políticas Sociais (Seips), Isabela Jatene, o presidente do Pro Paz, Jorge Bittencourt, e o superintendente da Susipe, André Cunha. Abrir ou melhorar o próprio negócio é o sonho de milhares de microempreendedores em todo Brasil. No Pará, esta oportunidade surge com o programa CredCidadão, do Governo do Estado, que estabelece linhas de microcrédito com baixo custo para quem tem pouco ou nenhum recurso para investir. Em 2015, o programa atendeu 2.108 famílias em 71 municípios, com um investimento de mais de R$ 6 milhões. Neste ano, o programa chegou a 66 municípios e atendeu 1.753 famílias, com

um investimento de quase R$ 4,5 milhões. Para quem vai iniciar o negócio o crédito pode variar entre R$ 100 a R$ 2 mil; para investimento em negócios já existentes, o valor pode chegar a R$ 5 mil. A oportunidade de começar o próprio negócio surgiu para Sandra Souza quando ela deixava o cárcere. Iniciou um pequeno serviço de lavar uniformes das pessoas que trabalhavam na casa penal e o trabalho gerou bons resultados.Hoje (31), a pequena empresa de Sandra deu mais um passo para se tornar um negócio de sucesso, ao ser contemplada pelo programa Credcidadão, que assegura recursos financeiros para o fomento de micro e pequenos empreendimentos. Estendido a egressos do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) desde julho deste ano, essa é a segunda vez que o benefício é concedido. Desta vez, cinco egressos foram contemplados, totalizando investimentos em oito


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oportunidade de retomar a vida através de um negócio próprio, fazendo com que ele se integre à família novamente e também gere renda melhorando a sua condição financeira. Tem sido uma parceria muito boa entre o Credcidadão e a Susipe por isso queremos estender a outros municípios”, avaliou Tetê Santos. A Coordenadora de Assistência ao Egresso e Família (CAEF) da Susipe, Neide Azevedo, que faz o cadastro dos internos e famílias para os programas de apoio ao egresso, explicou que o benefício representa uma verdadeira mudança de vida. “Esse crédito não representa apenas um valor financeiro a mais na conta dessas pessoas, mas sim melhoria de vida, a valorização, a possibilidade de elas poderem sustentar a família e voltar ao mercado de trabalho”, garantiu. Durante a cerimônia de entrega do Credcidadão, o superintendente da Susipe, Cel. André Cunha, falou sobre a importância do pequeno empreendedor para a economia local. “Sabemos que em meio a crise é difícil de empreender, mas se empenhem e aproveitem essa oportunidade que o Governo do Estado está proporcionando, pois são esses pequenos negócios que fazem circular a economia”, explicou.

empreendimentos. Para Sandra Souza, que irá investir na sua lavanderia, o crédito pode ser o caminho para a independência financeira.

Na ocasião, a secretária extraordinária de Estado de Integração de Políticas Sociais, Izabela Jatene, que representou o governador do Estado no evento, destacou alguns métodos para a prosperidade das empresas.

“Esse crédito será o ponta pé para ampliar o meu negócio. Hoje, ainda lavo roupas em um tanquinho e tenho poucos recursos. Com esse dinheiro pretendo comprar máquinas melhores e ajeitar o meu quintal, onde vou montar minha lavanderia. Vai me ajudar muito, porque tenho um filho de nove anos que crio sozinha e trabalhando em casa posso cuidar dele e ao mesmo tempo ter a minha renda. Será a minha liberdade financeira. Sem essa ajuda não ia conseguir”, contou a egressa.

“Todos nós temos o sonho de ter uma vida melhor e esse sonho é muito legítimo, independente de ser rico, pobre, nós queremos dias melhores. A partir desse crédito vocês poderão alavancar a empresa de vocês, então saibam aproveitar e a minha dica é: sejam zelosos, cativem e fidelizem cliente, deem o melhor atendimento que puderem, que tenho certeza que o sucesso virá”, alertou a secretária.

De acordo com a diretora do Credcidadão, Tetê Santos, dar acesso à pessoas em situação de risco é um trabalho de resgate social. “É muito importante que os egressos também tenham acesso ao crédito, pois é uma

Em 2016, mais de R$ 4 milhões de reais em investimentos já foram disponibilizados pelo programa Credicidadão para empréstimos a micro e pequenas empresas. Mais de 1700 empreendedores já foram beneficiados em 75 municípios.

Investimentos


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DESTAQUE

Servidora da Susipe recebe homenagem no 9º Prêmio Servidor Nota 10 WALENA SILVA

/

Anderson Silva

O

Governo do Pará. por meio da Escola de Governança Pública do Estado do Pará (EGPA), realizou no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, a cerimônia de premiação do 9º Prêmio Servidor Nota 10, que homenageou 60 servidores do funcionalismo público do Estado. Assiduidade, disciplina, iniciativa, produtividade e responsabilidade foram os critérios adotados para a seleção dos premiados pelo trabalho desempenhado nos órgãos da administração direta e indireta do Estado, como forma de valorização e reconhecimento.


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O servidor público de carreira João Bosco Nascimento, que há 25 anos trabalha na Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), foi um dos homenageados. “É muito gratificante ter sido indicado ao prêmio, dentre tantos outros servidores da Susipe, ter sido escolhido pra representar o órgão é um reconhecimento pra mim. Já trabalho no sistema penitenciário há 25 anos. Comecei como servidor temporário e agora sou concursado. Eu acredito que a dedicação pelo que eu faço me trouxe até aqui. Pra vencer, você tem que seguir em frente e ser o melhor naquilo que você acha que é o melhor pra você”, afirmou o servidor. O superintendente da Susipe, Cel André Cunha, e a diretora da Escola de Administração Penitenciária (EAP) também estiveram presentes na cerimônia de premiação e destacaram a importância do reconhecimento ao servidor penitenciário. “São desafios constantes no dia-a-dia de qualquer servidor público. É importante reconhecermos o funcionário que se empenha e valoriza a instituição que trabalha, e sem dúvidas é um reconhecimento devido. O Bosco realmente é um grande exemplo para o sistema penitenciário”, disse Soliane Guimarães, diretora da EAP. “O Bosco faz parte da história da Susipe. Ele trabalhou no presídio São José Liberto e inclusive foi um dos

reféns da rebelião de 1998, mas não desistiu de ser um servidor penitenciário. Em 2007, ele fez o concurso e hoje é servidor de carreira do órgão. É um reconhecimento muito justo e merecido por sua história ao longo de sua jornada no órgão. A homenagem não poderia estar em melhores mãos. Ser servidor público é um grande desafio. É uma escolha de vida trabalhar com o serviço público”, destacou o superintendente da Susipe, Cel André Cunha. Os 60 servidores de cada órgão do Governo indicados ao prêmio receberam um certificado assinado pelo governador Simão Jatene e um cheque simbólico no valor de R$ 500,00 reais. “Esta premiação faz parte da política de valorização do servidor do Estado, e o importante é que estes servidores foram escolhidos pelos gestores. Isso serve não apenas como reconhecimento, mas estímulo para estas pessoas”, disse o diretor da EGPA, Ruy Martini. Adair Sarjes de Melo, 61 anos, foi a grande vencedora do 9º Prêmio Servidor Nota 10 e ganhou um cheque no valor de R$ 5 mil reais. Após 38 anos de serviços prestados à Junta Comercial do Pará (Jucep), como técnica de registro de comércio, para ela o momento foi de comemoração. “Este é um reconhecimento muito grandioso. Eu já havia sido reconhecida perante o órgão que trabalho pelos 35 anos de serviço, e agora aos 38 recebo esta premiação. Ser servidor público é sempre tratar bem, de maneira a estar à disposição para atender o cidadão”, disse emocionada a servidora. O vice-governador do Estado, Zequinha Marinho, destacou a importância do servidor como representante direto do governo no atendimento ao público. “Ele representa o governo no atendimento ao cidadão. Por isso acredito que se estiver bem, motivado e reconhecido no trabalho, o funcionário terá condições de fazer um excelente atendimento. O que ocorre aqui hoje é um justo reconhecimento”, finalizou o vice-governador.


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TRABALHO

Museu Emílio Goeldi comemora 150 anos e ganha revitalização feita por detentos Laís Menezes | Anderson Silva

N

ovidades e espaços revitalizados do Parque

Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado

Zoobotânico do Museu Paraense Emílio

(Susipe).

Goeldi foram apresentados ao público du-

rante a comemoração dos 150 anos da instituição. As melhorias foram feitas a partir de termo de cooperação assinado pelo Governo do Estado e o Goeldi, por meio do Instituto Peabiru, garantindo também a geração de emprego e renda para internos custodiados pela

Iniciada em junho, a parceira conta, atualmente, com a mão de obra de oito detentos que fazem a limpeza, reparos e pintura de mais de um quilômetro de muros e prédios de visitação e administrativos. A data de aniversário do Museu foi escolhida para a entrega de


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da primeira etapa de revitalizações. Além da Susipe,

para os grandes planejamentos da Amazônia, porque

também aderiram ao projeto Pro Goeldi o Pro Paz e a

temos a capacidade de suprir conhecimentos sobre a

empresa de tintas Coral.

região. Crescemos com um bom parceiro e o parceiro

No evento de comemoração, o centenário prédio da Ro-

cresce com a gente”, afirmou.

cinha, o principal do parque, recebeu nova pintura, para

O interno Osiel Gonsalves participou da revitalização

marcar a revitalização dos monumentos. A secretária

como pintor e contou como foi o trabalho. “Para mim é

de Integração de Políticas Sociais do Estado, Izabela

muito prazeroso saber que estou em algo que faz parte

Jatene, falou sobre a relação afetiva que tem com o es-

da história da minha cidade, onde eu cresci também.

paço. “Já trabalhei aqui como estagiária e tenho ótimas

Hoje poder vir aqui como profissional, deixar o meu

recordações. Precisamos preservar esse lugar, e as

trabalho e ser reconhecido é uma satisfação muito

parceiras são muito importantes, por isso agradeço à

grande, uma sensação legal. Espero poder continuar

Susipe, porque não foi uma simples pintura, foi cuida-

muito tempo ainda nesse projeto e trazer meus filhos

do. Precisamos nos unir sempre e trazer alternativas

para ver o meu trabalho”, disse.

criativas quando o momento não é bom”.

O titular da Susipe, André Cunha, informou que a em-

O diretor do Museu Emílio Goeldi, Nilson Garbas Júnior,

presa SMP Projetos executou o projeto gratuitamente

falou durante a solenidade sobre as dificuldades

para o museu. Estiveram presentes ainda no evento o

financeiras que a instituição enfrentou e a importância

presidente do Pro Paz, Jorge Bittencourt, o diretor do

das parcerias. “Daqui para frente nossa missão vai ser

Instituto Peabiru, João Meireles, e o coordenador da

outra. Superar a crise e, com parcerias, buscar novas

Pro Goeldi, Oswaldo Braglia.

soluções e solidificar essa instituição como referência


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CAPACITAÇÃO

Unidade móvel do Senai leva capacitação em curso de informática para detentos Giullianne Dias | Anderson Silva

E

m uma era digital onde basicamente a comunicação é feita por meio de dispositivos eletrônicos, saber operar esses equipamentos é um dos principais requisitos exigidos pelas empresas. Pensando nisso, 22 detentos da Colônia Agrícola de Santa Izabel (CPASI) começaram esta semana o curso de operador de computador, promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). O curso terá 160 horas de duração, com aulas diárias, dentro da unidade móvel do Senai, estruturada com 22 notebooks, mesas, cadeiras, quadro magnético e data show. O Senai trabalha com três tipos de uni-

dades móveis: o barco-escola (que atua exclusivamente no Amapá e no Amazonas), as unidades kits didáticas e ainda os semirreboques, que é a unidade que está funcionando na Colônia Agrícola de Santa Izabel. As semirreboques são uma espécie de carreta sobre rodas que levam os cursos por temporada. “Essa é uma parceria inédita para capacitar os detentos através da unidade semirreboque do Senai”, destacou o diretor de Reinserção Social da Susipe, Ivaldo Capeloni. A ideia do Senai com as unidades móveis é levar educação para locais distantes ou que normalmente não possuem demanda para justificar a implantação de uma unidade fixa com salas de aula e laboratórios. “O curso é básico, mas


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computador, utilizando as funções de seu sistema operacional, assim como também a formatar e editar textos, construir planilhas e montar apresentações, além de utilizar a internet. “Com esse curso a gente pode visualizar muitas áreas de emprego. Eu já tinha uma noção de informática, mas nada comparado a estrutura que está tendo aqui”, disse o detento Zelito Ferreira, de 21 anos.

nós focamos muito na parte prática, para que essas pessoas saiam daqui prontas para o mercado de trabalho”, destacou Ederson Medeiros, instrutor do Senai. Para o detento Cristiano Martins, de 32 anos, o curso vai possibilitar novas oportunidades já que ele nunca tinha operado um computador. “Eu não sabia nem ligar a máquina, não tinha nem noção de como ela funciona e agora com esse curso eu espero aprender e sair daqui sabendo fazer pelo menos o meu currículo. Vai ser algo muito importante para a minha vida e que vai me ajudar no mercado de trabalho”, disse o detento. Durante o curso os detentos irão aprender os primeiros passos para operar um

Para Anne de Souza, educadora pedagógica da CPASI, o curso é o primeiro passo para a ressocialização dos internos. “Antes do curso começar foi feita uma seleção para saber quem iria participar e só entraram os que têm bom comportamento, estão estudando e possuem boas médias. São pessoas dedicadas e com vontade de aprender e mudar de vida”, analisou a pedagoga. Em 2016, a Susipe aumentou o número de cursos para iniciação profissional voltados para internos em todo o Estado. Em 2015, foram ofertadas 770 vagas, que resultaram em 648 certificações. Já neste ano, a Susipe ampliou as vagas ofertadas para 1038, certificando quase 800 pessoas até o momento.


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EDUCAÇÃO

Professores ajudam na construção de novas vidas em presídios do Pará. Giullianne Dias / Anderson Silva

O

ferecer escolarização e qualificação profissional a cidadãos privados de liberdade são os desafios diários de vários

professores que dão aula nas unidades prisionais da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Por meio de uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), 55 educadores saem de suas casas todos os dias com a esperança de que a educação seja para o interno, o primeiro passo para o retorno à sociedade.


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No Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC), um

e o contato do dia a dia nos permite descobrir a história

corredor no meio do bloco carcerário leva a uma sala de

de vida dessas pessoas, o que elas passaram lá fora e o

aula. É lá que a professora Flor de Lis Brito passa boa

que hoje vivem aqui dentro. Lembro que no meu primeiro

parte do dia. São 10 anos lecionando dentro de unidades

dia foi muito difícil porque eu vim com a pior impressão

prisionais e para ela as dificuldades com o espaço físico

possível. Aqui dentro, vamos percebendo que essas

vão além do desafio como educador.

pessoas cometeram erros, como qualquer outra também

“A gente dá aula em um local com as condições mínimas para acolher um aluno. O local é quente e abafado, mas

pode cometer, e estão aqui para consertá-los. O nosso papel é ajudar através da educação”, disse Vandro.

o meu papel é passar conhecimento, independente de quem seja o aluno, independente do local que ele está”, disse a professora. Adepta da concepção “freireana” de educação, ela diz ficar também feliz ao passar aos alunos que “o caminho da educação é o único que o homem percorre dignamente diante da sociedade”, como diz o educador Paulo Freire. “O meu objetivo é manter os alunos na sala de aula, criar estratégias para que eles se sintam atraídos e queiram sempre retornar. A gente faz eles entenderem que não é só a remição de pena que está em jogo, mas sim o

Oferecer escolarização e qualificação profissional a cidadãos privados de liberdade são os desafios diários de vários professores que dão aula nas unidades prisionais da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe).


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aprendizado. Eles precisam ter conhecimento de que só educação que vai mudar a vida deles. Eu escuto todo dia relatos, sonhos e acredito que nada é impossível”, revela a professora. Segundo Flor de Lis, os alunos do presídio, assim como os que estão fora dele, veem no professor um exemplo. “Passamos muitas horas do dia com eles, ouvimos muitos relatos, é uma troca, uma confiança que um vai adquirindo no outro. É um trabalho muito prazeroso. É um desafio? É, porque ninguém acredita que a educação dentro do cárcere venha tirar o homem daquela condição. Mas nós acreditamos neles”, destacou a professora. Ela afirma que ser educador é um ofício que se faz por amor, por isso trabalha há 32 anos na profissão e hoje já poderia estar aposentada, mas a vontade de fazer algo que transforme a vida de alguém é maior. “Quando um aluno vem me dizer que eu consegui alguma mudança na vida dele, eu agradeço a Deus. Eu sou educadora e sei das dificuldades do meu trabalho, mas faço da melhor maneira que eu posso. Eu já tive alunos que ficavam paralisados em frente de uma folha em branco e no final do ano já sabiam escrever, já sabiam ler. É tão gratificante que nós acabamos esquecendo as dificuldades”, revelou Flor de Lis.

Avanços Os avanços na educação prisional fizeram do Pará uma referência em gestão penitenciária. A média nacional de presos estudando em todo o país é de 10%. Nesse ranking, o Pará está à frente de Minas Gerais (11,1%), Santa Catarina (7,8%), Rio de Janeiro (7,5%), São Paulo (5,7%) e Rio Grande do Sul (7,8%), de acordo com o último levantamento sobre educação prisional no Brasil, realizado pelo Ministério da Justiça, em 2013. A professora Flor de Lis Brito (foto) passa boa parte do dia. São 10 anos lecionando dentro de unidades prisionais e para ela as dificuldades com o espaço físico vão além do desafio como educador.

O professor Vandro Souza trabalha há sete anos no sistema penitenciário e já passou por cinco casas penais da capital. Atualmente, ele está lotado no Centro de Reeducação Feminino (CRF), em Ananindeua, onde dá aula de geografia para as internas. “A primeira imagem que eu tive dos alunos antes de chegar a uma unidade prisional foi muito distorcida. A realidade é bem diferente e o primeiro desafio é tentar desconstruir essa imagem”, destacou o professor. Para ele, o convívio diário com as internas contribui para que alguns mitos sejam desconstruídos. “São pessoas

Mesmo com uma infraestrutura que não é a adequada para uma sala de aula, o professor acredita que se pode fazer um bom trabalho. “Os presídios não são construídos para ser escolas, então existem espaços adaptados à educação e com isso podemos dizer que a qualidade do nosso trabalho fica prejudicada, mas não desistimos. O desejo delas de mudar de vida nos impulsiona. É uma oportunidade que elas não tiveram lá fora”, disse o professor.


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C APA C I T AÇÃO

Pronatec capacita detentas em curso de pedreiro de alvenaria Laís Menezes | Anderson Silva

Um grupo de 18 mulheres presas no Centro de Reeducação Feminino (CRF), em Ananindeua, participa de uma capacitação profissionalizante em pedreiro de alvenaria estrutural promovida pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Em 2016, mais de 1.000 vagas em cursos profissionalizantes foram ofertadas para detentos no Pará. O curso de pedreiro em alvenaria estrutural tem duração de dois meses e é dividido em aulas teóricas (já em andamento) e aulas práticas, que devem iniciar no próximo mês. Durante as aulas, as internas aprendem sobre tipos de fundação, tipos de alvenaria, orçamento, acabamento, revestimento cerâmico, conhecimentos de segurança e saúde no trabalho e importância do relacionamento profissional no local de trabalho. O professor de construção civil do Senai, Reinivaldo Malcher, contou que a turma é dedicada e assídua nas aulas. “Elas surpreendem, e cada vez mais as mulheres estão procurando diversificar suas qualificações. Percebemos que elas estão empenhadas a aprender não só a parte teórica como a prática. Hoje em dia a construção civil é uma área mais aberta para a mão de obra feminina” avaliou. A interna Roberta Rolin, de 33 anos, pretende dar continuidade no trabalho de construção civil depois que ganhar a liberdade. “Não existe mais esse negócio de trabalho para mulher ou para homem, a mulher pode

tudo, basta querer e eu quero. Vou continuar nessa área, e quem sabe melhorar a minha casa, se surgir uma oferta de emprego eu também encaro”, afirmou a detenta que completou o ensino fundamental e médio na unidade e já participou de várias capacitações profissionais. Interessada nas aulas a detenta Sandra Souza, de 40 anos, busca no curso qualificação para o mercado de trabalho. “Eu não tinha nenhuma profissão por isso decidi participar do curso. Vi uma oportunidade que lá fora eu não teria, porque cursos como esses são caros e eu não tenho condições de pagar. Gosto muito das aulas e acredito que se eu me esforçar tenho capacidade para ir longe”, disse. Todo o material para a realização das aulas é fornecido pelo Pronatec. Durante as aulas práticas, a unidade prisional também será beneficiada, pois as internas irão aproveitar o aprendizado para construir uma nova sala onde irá funcionar a prefeitura da casa penal.


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s a ú de

Projeto odontológico devolve autoestima a detentas com próteses dentárias

Laís Menezes Anderson Silva

U

ma iniciativa desenvolvida pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) em parceria com o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), ligado à Prefeitura de Ananindeua, está beneficiando internas do Centro de Recuperação Feminino (CRF) com atendimento odontológico e cessão de próteses dentárias. Por meio do projeto “Voltando a Sorrir”, as detentas vêm recuperando a confiança e a autoestima afetadas por conta de problemas bucais decorrentes do descuido ou da falta de acesso a serviços odontológicos. O material e as consultas prévias, para a limpeza ou extração de dentes,

antes da colocação das próteses, são realizadas na própria Unidade Básica de Saúde do CRF. Ao todo, seis odontólogos disponibilizados pelo CEO fazem os atendimentos, que iniciaram em julho deste ano e devem permanecer de forma contínua, conforme a demanda. Uma das beneficiadas com o projeto foi a interna Rosângela Souza, de 48 anos, que literalmente encontrou um novo motivo para sorrir. Tímida até para falar, pela ausência de alguns dentes na arcada superior, ela agora se sente mais segura. “Eu já usava prótese


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dentária, mas assim que entrei aqui deixei cair, por descuido, e quebrou. Nesse tempo foi bem difícil fazer algumas coisas do dia a dia, como mastigar e até falar. Tinha muita vergonha que as pessoas vissem que faltavam alguns dentes, então eu não sorria e falava pouco, sempre com a mão cobrindo a boca. Mas, agora que ganhei dentes novos eu estou sorrindo até para o vento”, diverte-se Rosângela. “Já temos uma parceria há algum tempo com o CRF, mas identificamos esse problema e então decidimos colocar em prática esse novo projeto. Algumas mulheres aqui simplesmente não sorriam mais por uma questão meramente estética, então pensamos em uma forma de devolver esse sorriso para elas. É uma ação que melhora a autoestima dessas mulheres e contribui até mesmo para que, ao sair daqui, elas tenham melhores condições, por exemplo, de conquistar um emprego“, avalia a diretora do CEO, Diana Martins. O trabalho é realizado em três etapas: no primeiro atendimento os profissionais fazem a modelagem da prótese, em seguida as detentas são submetidas à prova da mordida, que verifica o encaixe das peças e faz os ajustes necessários. Por fim, a prótese passa por um processo de acrilização, que é a finalização do material, garantindo o ideal formato e

cor natural de dentes e gengiva.] De acordo com Diana, além da questão estética, entre os benefícios da utilização da prótese pelas detentas estão a melhora da mastigação, da digestão e da fala. O procedimento restaura e mantém a forma, função, aparência e saúde bucal. Ao todo, nove detentas já foram beneficiadas e outras 30 já estão em atendimento para receber o novo sorriso. Aos 41 anos, interna Maria Eliete, natural de Ponta de Pedras, conta que há algum tempo vinha pensando em cuidar dos dentes, mas por falta de condições financeiras não conseguiu ir ao dentista. “Estou muito feliz em participar desse projeto, porque aqui tive a oportunidade de conseguir esse tratamento de graça, e lá fora eu nunca tive essa chance. Como minha condição financeira não permitia, o jeito ficar como estava. Agora é outra coisa, eu sorrio mais, falo mais e não tenho mais vergonha”, conta a detenta.


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EDUCAÇÃO (CAPA)

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Capacitação

Susipe inaugura centros de panificação para capacitação de presos no Pará Giullianne Dias

A

Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) inaugurou nesta quinta-feira (22), dois centros de panificação para capacitação profissional de internos custodiados no regime fechado e semiaberto na Colônia Penal Agrícola de Santa Isabel (CPASI), em Santa Izabel, e no Centro de Reeducação Feminino (CRF), em Ananindeua. A iniciativa faz parte do Projeto de Capacitação Profissional e Implantação de Oficinas Permanentes (Procap) do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que em convênio com a Susipe investiu mais de R$ 300 mil reais, com contrapartida do Estado de quase R$ 200 mil. O projeto visa a implantação de oficinas permanentes em estabelecimentos penais e oferta de cursos contínuos para pessoas em cumprimento de pena. “É um prazer para o Depen estar aqui hoje participando desse momento. São três anos de um convênio muito

burocrático e desgastante para colocar uma oficina em funcionamento, e isso acontece em todos os 27 Estados do país. É uma tarefa muito difícil, mas temos nos dedicado para que esses projetos aconteçam cada vez mais. Esse é o resultado do trabalho de uma equipe que se envolveu, se dedicou e superou diversos obstáculos”, afirmou a coordenadora de Educação, Cultura e Esporte do Depen, Letícia Maranhão. A qualificação, que deve iniciar já no dia 4 de janeiro de 2017, irá beneficiar 80 internos, nesta primeira etapa, sendo 40 do CRF e a outra metade da CPASI. Divididos em duas turmas de 20 detentos cada uma, as aulas vão ocorrer nos turnos da manhã e da tarde. Com conteúdos teóricos e práticos, a capacitação terá duração média de dois meses e conta com módulo de empreendedorismo, para que os internos aprendam a gerir o próprio negócio. “Parabenizo a Susipe e toda a equipe que se envolveu neste projeto. Fiquei muito feliz em ser convidado para


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Para o superintendente da Susipe, Cel. André Cunha, o sucesso da capacitação depende do empenho de cada um dos iternos participantes. “É nossa obrigação, como administração pública, oportunizar para os senhores e senhoras essa chance de poder fazer uma escolha de vida. Mas essa decisão de mudança só depende de vocês mesmos, porque nós podemos proporcionar tudo a vocês e ainda assim vocês decidirem voltar para o mundo do crime. Então meu conselho é, aproveitem, se dediquem e pensem em suas famílias”, disse o superintendente. O interno Adriano José Araújo, que fará parte da primeira turma de qualificação estimulou os companheiros de curso. “Eu agradeço muito essa oportunidade em meu nome e em nome dos colegas que serão beneficiados. Nós sabemos o quanto somos julgados pela sociedade e esta é uma oportunidade de mostrarmos a nossa transformação. Vamos aproveitar, meus amigos, porque é através do estudo e qualificação que conseguiremos chegar alto”, afirmou o detento. Profissionalização

participar dessa inauguração. Vemos o sistema penal brasileiro cada dia mais problemático e ver que no estado do Pará existem essas iniciativas, esse crescimento, a preocupação de promover esse tipo de trabalho, é muito gratificante. Nessa época de natal digo que esse é um presente para a sociedade paraense, pois através desse projeto todos ganham. É um trabalho que de fato garante um espaço no mercado profissional aos presos quando egressos”, avaliou o defensor público e presidente do Conselho Estadual de Política Criminal e Penitenciária, José Adaumir Arruda Os centros de panificação contam com equipamentos industriais como masseira, forno, cilindro (para a mistura da massa), depósito e estufa, além de utensílios de cozinha industrial. Para garantir a capacitação, a empresa CP Informar (Consultoria Projetos e Informação) foi contratada, através de licitação, para a realização do curso. Durante o evento de inauguração, a CP Informar entregou aos alunos um kit didático com apostila, caderno e material escolar.

Atualmente, a Susipe conta com cerca de 3 mil internos envolvidos em atividades educativas, o que representa um aumento de 50% em relação ao ano de 2015. Com isso, quase 20% da população carcerária está em sala de aula. A Susipe, por meio do Procap, irá implementar cursos contínuos de capacitação profissional em 19 unidades prisionais do Estado, a partir de 2017. Entre eles estão os cursos de marcenaria, corte e costura industrial, manutenção de microcomputadores e fábrica de fraldas. Na inauguração dos centros de panificação participaram ainda a conselheira de Política Criminal e Penitenciária, Eva Rocha, a coordenadora de educação de Jovens e Adultos da Secretaria Estadual de Educação do Pará (Seduc), Núcia Azevedo, o diretor de Reinserção Social (DRS), Ivaldo Capeloni, além da coordenadora de educação prisional, Aline Mesquita e da coordenadora de trabalho e produção, Izabel Ponçadilha, que atuaram diretamente para a implantação dos centros.


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SAÚ D E

Susipe faz combate e prevenção à tuberculose nos presídios do Estado Laís Menezes

A

Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) institucionalizou uma data estadual para o combate e prevenção da tuberlucose nos presídios do Estado. Em 2016, 212 casos da doença foram confirmados nas 45 unidades prisionais do Pará; em 2015, foram 131 diagnósticos positivos para a doença. Em decorrência do aumento no número de casos, a Susipe decidiu intensificar o combate e prevenção à tuberculose nos presídios paraenses. “Esse aumento que identificamos se dá pela busca maior que as equipes de saúde dos centros de detenção têm feito. Hoje se alguém entra no sistema penitenciário já sabemos na triagem se


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aquele interno tem ou não a doença. Além disso, o crescimento também se dá por conta do aumento da população carcerária”, avalia a diretora de Assistência Biopsicossocial em exercício da Susipe, Michelle Caroline Holanda. Há seis anos, a Susipe conta com um Laboratório para Análise de Tuberculose instalado no Presídio Estadual Metropolitano II (PEM II), em Marituba. No local, são feitos diagnósticos de presos do Complexo Penitenciário de Santa Isabel e das unidades prisionais da Região Metropolitana de Belém. Cerca de 110 exames são feitos por mês somente no PEM II. O laboratório é fundamental para a o diagnóstico precoce e tratamento. Os centros de detenção localizados nos demais municípios do Estado fazem encaminhamento para laboratórios credenciados pelas secretarias municipais de saúde. O interno Edinaldo dos Santos da Cunha, custodiado no Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC), foi diagnosticado com a doença quando já estava no cárcere. “Eu já tinhas os sintomas, mas não achava que fosse nada sério. Depois que recebi o diagnóstico fiquei com medo no inicio, porque a gente só sabe da doença o que ouve falar, mas aqui me explicaram tudo e fiz todo o tratamento até o fim. Hoje estou curado”, contou o detento. Quanto mais cedo a doença for identificada, menor é o período de tratamento, que tem duração de no mínimo seis meses. Os principais sintomas são tosse por mais de duas semanas, produção de catarro, febre, sudorese, cansaço, dor no peito, falta de apetite e emagrecimento. Os detentos com suspeita da doença fazem a coleta da

secreção nas próprias unidades prisionais da Susipe, onde estão custodiados. As amostras são encaminhadas para o laboratório, onde é feita a baciloscopia (exame que identifica a presença da doença no escarro do paciente). O exame é considerado 100% eficaz e também o método de diagnóstico mais rápido, pois fica pronto em até 48 horas. “Mesmo com toda essa mobilização dos profissionais e aparato que a Susipe oferece, a doença ainda permanece em um índice alto para o que gostaríamos, por conta de uma outra dificuldade, que é o abandono do tratamento por parte do interno. Isso acontece, pois logo nos primeiros meses de medicamento eles já têm uma melhora considerável e mesmo que a gente explique, alguns detentos acham que não precisam mais continuar o tratamento”, afirmou a coordenadora de saúde da DAB, Adriana Diniz. O dia 15 de dezembro foi instituído, por portaria institucional, para o combate à tuberculose nos presídios do Estado. A data foi criada pela Diretoria de Assistência Biopsicossocial da Susipe com o objetivo de realizar ações simultâneas nas casas penais do Pará para prevenir a doença entre a população carcerária. A programação de prevenção seguirá ao longo de todo esse mês. “Tivemos a necessidade de criar um dia específico para alertar e instituir um combate de todas as unidades prisionais juntas. Na programação contamos com palestras e oficinas para os internos e a coleta da secreção para o exame”, explica Adriana Diniz.


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SEGURANÇA

Cão “herói” reforça segurança em presídio no Pará e ajuda a evitar fuga de presos Giullianne Dias | Anderson Silva

A vigilância dentro das unidades prisionais da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) é feita por agentes penitenciários, que se dividem em turnos e estão sempre alertas à movimentação dos detentos. Essa segurança conta com um reforço especial, no Centro de Detenção Provisório de Icoaraci (CDPI), quando um cão pitbull conhecido como “Conan”, ajudou um agente a impedir a fuga de pelo menos cinco detentos da unidade prisional.


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De acordo com o diretor do CDPI, Moacir Freitas, os detentos cavaram um túnel dentro da unidade prisional e quando o primeiro tentou fugir, se deparou com um sargento da PM que estava de plantão. “Ao encontrar o policial, o detento correu e conseguiu subir no telhado da unidade, mas foi capturado por um outro agente, que travou luta corporal com o interno e teve o auxílio do pitbull, que o ajudou a recapturar o detento, imobilizando o mesmo”, contou o diretor. Com nome de super-herói, “Conan” chegou ao CDPI em 2012, com três anos. Ele foi doado por um amigo do atual diretor do Centro de Recuperação Penitenciário Pará III (CRPP III), que na época

Vigilância canina Com 14 animais, o Centro de Recuperação Penitenciário do Pará III (CRPP III) também já usa há alguns anos o suporte canino. Na unidade, os cachorros trabalham em dupla, espalhados em cinco áreas cercadas, entre o bloco carcerário


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Nas fotos, a agente prisional Rosanira Siqueira com o Conan.

estava à frente da unidade prisional e

e a muralha do presídio. A vigilância é

hoje divide junto com outro cão da raça

feita 24 horas por dia e os cães revezam

fila, a responsabilidade da vigilância cani-

o monitoramento por turno: enquanto um

na no presídio. Duas agentes prisionais

grupo trabalha, os demais descansam

são responsáveis pelos cuidados desti-

no canil. O espaço é mantido sempre

nados aos animais e dizem não ter medo

limpo para garantir a saúde da equipe de

de lidar com os cães.

segurança.

“Todo dia temos um cuidado especial

Para o diretor do CRPP III, Major Paulo

com eles, limpamos a casa, trocamos

Amarantes, que foi quem levou o pitbull

a água e cuidamos da alimentação. A

Conan para o CDPI, a utilização de cães

gente passeia com eles e fazemos com

é de extrema importância para o sistema

que sintam confiança na gente, assim

penitenciário. “Nas casas penais que

como a gente confia neles também.

têm capacidade superior a 120 presos

Quando entrei aqui em 2014, no primeiro

é de extrema relevância a ajuda desses

contato que eu tive com o Conan, ele me

animais, porque eles conseguem coibir

olhava com desconfiança e aos poucos

de forma preventiva as articulações de

fui conquistando ele. O problema de

tentativa de fuga, além disso os cães

agressividade não está no animal, mas

conseguem interceptar qualquer tipo de

sim em quem lida com ele. Aqui eles são

material ilícito que venha a ser arremes-

muito bem tratados e só nos ajudam a

sado para dentro da unidade. Se algo for

melhorar a segurança”, informou a agen-

jogado, cai na área de contenção onde

te prisional Núbia Pinheiro.

eles ficam e eles bloqueiam imediata-

O parceiro de Conan também tem nome de super-herói e reforça a equipe de

mente, como por exemplo os aparelhos celulares”, destacou o diretor.

segurança canina na unidade prisional.

O treinamento dos cães é feito por poli-

“Desde que eu cheguei aqui, há seis

ciais militares e também com a ajuda de

anos, o meu envolvimento foi muito

um agente prisional, que adquiriu os con-

grande com o Conan e com o Thor, da

hecimentos sobre treinamento quando

raça fila. Os dois são de grande porte e

trabalhou no canil da Polícia Militar. “To-

força, mas são tratados como se fossem

dos os animais recebem um treinamento

da família. São cachorros enormes e que

básico para que fiquem preparados para

muitas pessoas achavam que uma mul-

diversas situações e nos ajudem quando

her não ia conseguir cuidar deles, ainda

for necessário. O cão é uma das coisas

mais dentro de um presídio. Mas eles

que o preso teme quando vai fugir e ele

são muito dóceis com a gente e fazem

é muito fiel ao trabalho dele, não se cor-

o trabalho deles com perfeição”, expli-

rompe nunca”, completou o major.

cou Rosanira Siqueira, também agente penitenciária.


// produção

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v

TRABALHO

Detentos da Susipe atuam na limpeza e manutenção das centrais da Cosanpa Giullianne Dias | Anderson Silva

D

etentos do Centro de Progressão Penitenciária de Belém (CPPB) e do Centro de Recuperação de Mosqueiro (CRMO) realizam os trabalhos de manutenção, limpeza e roçagem nas 6 centrais de abastecimento da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), que distribuem água para a Região Metropolitana de Belém. Com esse convênio, já chegam a cerca de 500, o número de detentos que tem contratos de trabalho formal com instituições e empresas da iniciativa pública e privada no Estado. Os internos começam a trabalhar às 8h da manhã e vão até 18h, com um intervalo para o almoço. Eles são remunerados com ¾ do salário mínimo, como previsto na Lei de Execuções Penais (LEP), além de auxilio-transporte e alimentação. Para cada três dias de trabalho, os detentos têm garantido um dia de remissão na pena. Para


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“Eu me sinto muito feliz de estar trabalhando aqui, pois é uma nova oportunidade que eu tenho de mostrar que eu posso mudar, que eu quero fazer algo diferente da minha vida. Eu acho que qualquer tipo de trabalho dignifica o homem e no nosso caso ainda mais, pois é através disso que nós mostramos que a gente errou, mas que agora vamos seguir em frente fazendo o que é certo”, disse o detento Antônio Trindade, custodiado no CPPB. O projeto ganhou o nome de “Acuaré”, uma variação da palavra aquarela, que através da mistura da água e cores, geram outras possibilidades de tons, em representação as possibilidades de oportunidade que a parceria oferece ao preso, em busca de uma nova perspectiva de vida, por meio do trabalho e renda. “Eu sou de Santa Isabel do Pará e dificilmente eu conseguiria um emprego aqui por Belém, então eu acho que essa é uma grande oportunidade pra mim. Agora vou mostrar que sou do interior, mas também dou conta do recado. Eu preciso principalmente mostrar para a minha família que eu mudei, que eu posso voltar a viver em sociedade sem fazer mal a ninguém”, disse Pedro dos Santos, custodiado no CRMO.

Idevaldo Araújo Xavier, gerente de serviços gerais da Cosanpa, a parceria com a Susipe tem tudo para dar certo. “Pra gente esse projeto é uma novidade e nós ficamos felizes de ajudar essas pessoas a ter um novo caminho na vida, desta vez o caminho certo. Nós estamos dando todo o suporte que eles precisam para desenvolver as atividades e já percebemos que são pessoas comprometidas com o trabalho que fazem”, explicou. O trabalho vai garantir não apenas renda e remissão de pena aos internos, mas também a volta ao mercado de trabalho, e até mesmo a primeira oportunidade de emprego para muitos deles. A Cosanpa fornece todo o Equipamento de Proteção Individual (EPI), necessário para realizar as atividades, assim como os materiais de limpeza.

Para a coordenadora de Trabalho e Produção da Susipe, Izabel Ponçadilha, parcerias como essa são de extrema importância para o processo de reinserção. “Todos os nossos projetos tem o objetivo de reintegrar o preso à sociedade e sabemos que convênios como este, são uma porta de entrada para o preso voltar a viver em sociedade com dignidade”, afirmou. “Esse é 29º convênio que assinamos para oferta de trabalho à população privada de liberdade. Com as 23 vagas ofertadas pela Cosanpa nós vamos chegar a marca de 500 vagas, somente nos convênios entre instituições públicas e privadas. Somados aos demais postos de trabalho, já são cerca de 2.000 presos trabalhando em todo sistema penitenciário”, concluiu o superintendente da Susipe, coronel André Cunha.


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Trabalho

Susipe e Museu Goeldi promovem feira de orgânicos produzidos por detentos Walena Lopes | Anderson Silva

A

primeira edição da Feira Livre no Museu Emílio Goeldi, com produtos orgânicos produzidos por detentos da Colônia Agrícola de Santa Isabel, no Projeto Nascente, ocorreu através de uma perceria entre a Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) o Pro Goeldi. Foram comercializados hortaliças, frutas, farinha, tucupi e plantas ornamentais, medicinais e aromáticas, além de utensílios de madeira e artesanatos – tudo produzido pelos presos. Todos os produtos são livres de agrotóxicos. O Projeto Nascente capacita os internos da Colônia Agrícola de Santa Isabel para o trabalho com agricultura familiar. Além de alimentos mais


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saudáveis, a feira também ofereceu produtos em média 20% mais baratos em relação a feiras e supermercados da cidade. O consumidor encontrou produtos como coentro, alface, couve, abóbora, chicória, melancia, banana e mais de 80 mudas. A feira também comercializou artigos de marcenaria produzidos por internos do Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC) e artesanatos feitos pelas detentas da Cooperativa de Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), do Centro de Reeducação Feminino (CRF). Para quem pratica atividades físicas em torno do museu, a feira foi uma oportunidade para comprar alimentos saudáveis. “Caminho todos os dias aqui. Achei ótimo encontrar produtos orgânicos produzidos por presos. Muitas vezes consumimos os produtos e não sabemos, ao certo, a procedência. Desta forma, sabemos de onde eles vêm e de que forma são produzidos. Também ajudamos um projeto social dessa relevância”, afirmou Denise Farah. A farmacêutica Carla Rodrigues mora nas proximidades do museu. Ela aguardava por uma iniciativa dessas há bastante tempo. “Essa feira tem tudo a ver com a história do museu, e ele merecia um espaço como esse. Os produtos oferecidos aqui são bonitos e de ótima qualidade. Gostei muito de conhecer os projetos em que os presos são inseridos. Fico muito feliz em contribuir de alguma forma para o incentivo ao trabalho e à produção deles”, afirmou. A coordenadora de Comunicação e Extensão do Museu Emílio Goeldi, Maria Emília Sales, avaliou de forma positiva

a primeira edição da feira de orgânicos. “Nossa expectativa foi superada pela grande presença do público. Percebemos que as pessoas gostaram bastante dos produtos oferecidos. Estamos muito satisfeitos com a parceria da Susipe, pois entendemos a necessidade de reeducação e ressocialização da pessoa presa. Com essa feira, estamos contribuindo para que essas pessoas possam voltar de forma melhor ao convívio em sociedade”, destacou. “Mas uma meta cumprida, dentro dessa programação, em comemoração aos 150 anos de fundação do Museu Emílio Goeldi. Como esperávamos, o público em volta do museu compareceu, prestigiou os produtos oferecidos e conheceu os projetos que executamos. Estamos muito felizes com o resultado desta primeira edição e temos certeza que as próximas feiras serão um sucesso ainda maior”, afirmou o superintendente da Susipe, André Cunha. O Nascente Polo agroindustrial surgiu da reestruturação da Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel – unidade que custodia presos do regime semiaberto da Susipe –, e visa aumentar a oportunidade de trabalho para os internos, por meio de capacitação técnica em atividades laborais no campo da agropecuária. Os internos também cultivam plantas ornamentais, tubérculos, frutas e plantas tropicais. Trabalham ainda com criação de patos, compostagem (produção de adubo orgânico), meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) e olericultura (produção de hortaliças).


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CÍRIO 2016

Susipe realiza Feirão do Pato com produtos orgânicos do Projeto Nascente Timóteo Lopes / Anderson Silva

A

menos de uma semana para o Círio, a procura pelos ingredientes para o tradicional almoço

do Natal dos paraenses já é grande, mas feiras livres e mercado de Belém. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), o pato é vendido vivo por preços que variam entre R$ 50 a R$ 65. Já preço do quilo da ave congelada é comercializado nos supermercados, em média, a R$ 16,50. Com preços mais atrativos e populares, a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) realizou, o 4º Feirão do Pato, com aves vivas e produtos orgânicos cultivados por detentos do Projeto Nascente, na Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (CPASI).


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“Estamos muito felizes de ver o trabalho de toda a equipe sendo reconhecido na Feira. fosse um sucesso, mas o resultado nos surpreendeu positivamente, porque envolveu todos os colaboradores do Projeto Nascente. Nosso objetivo é mostrar que esse trabalho de reinserção social desenvolvido pela Susipe é real. Estamos aqui ofertando pros detentos

Além dos ingredientes para o tradicional almoço do Círio, o Feirão ofertou ainda outros hortifrutigranjeiros como alface, coentro, pimentinha, mel, ovos de galinha caipirinha e mamão.

uma oportunidade de mudança de vida,

“A 4ª edição do Feirão

com o trabalho, para que quando eles

superou todas as

deixarem a prisão tenham como susten-

nossas expectativas.

tar suas famílias e não queiram voltar pro

Conseguimos fazer

mundo do crime. É pra isso que a gente

uma feira espetacular,

trabalha”, afirmou Ivaldo Capeloni, diretor

o público veio comprar

de Reinserção Social da Susipe.

e conhecer um pouco

Uma novidade da 4ª edição do Feirão do Pato da Susipe foi a comercialização de produtos orgânicos como farinha, tucupi e jambu. Quem veio ao Feirão aprovou os preços e a qualidade dos produtos. “Eu sempre participo da Feira da Susipe. Todo ano eu procuro no jornal onde vai acontecer pra comprar os patos. Os preços são bons e os animais são de ótima qualidade. É importante a gente também colaborar com este trabalho do Projeto Nascente. É uma bela iniciativa”, ressaltou a dona de casa, Noêmia Siqueira. “Na minha casa o pato do almoço do Círio é o criado no projeto da Susipe. Essa é a primeira vez que eu venho, pessoalmente, ao Feirão. Está muito bonito, com produtos fresquinhos e ainda tem o diferencial de sem orgânicos, sem agrotóxicos”, destacou a consumidora, Suely Catete.

mais do nosso trabalho na Colônia e isso é muito gratificante pra todos nós. Foi bom demais”, disse Reinaldo Oliveira, coordenador de campo do Projeto Nascente. Além da criação de palmípedes, o Projeto Nascente desenvolve outras atividades da agricultura familiar como o cultivo de plantas ornamentais, olericultura (exploração de hortaliças), fruticultura, meliponicultura (criação de abelhas), tubérculos (vegetal cultivado embaixo da terra), suinocultura (criação de porcos) e compostagem (adubo orgânico). Todo o dinheiro arrecado no Feirão do Pato da Susipe será revertido em prol do projeto.


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Na foto, produtos orgânicos cultivados por detentos do Projeto Nascente, na Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel.

“A cada ano, o Feirão vem se aper-

“A Feira orgânica que vem ai em parceria

feiçoando. Esse ano, nós trouxemos

com o Museu Emílio Goeldi, com certeza

além do pato, o tucupi, o jambu a farinha

também será um sucesso. Isso possibili-

e as hortaliças produzidas de forma

ta a ampliação do projeto, e isso significa

orgânica na Colônia. A Diretoria de

mais detentos participando, aumentando

Reinserção Social está de parabéns pela

a capacitação e com isso exercendo o

organização, a equipe do Nascente, os

nosso papel fundamental que é a rein-

nossos colaboradores e, claro, os inter-

serção social”, concluiu André Cunha.

nos que trabalham no projeto. Foi também uma oportunidade para os nossos próprios servidores terem acesso aos produtos produzidos na Colônia”, afirmou o superintendente da Susipe, coronel André Cunha, que destacou também uma parceria com o Museu Emílio Goeldi pra uma feira semanal de orgânicos.


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TRABALHO

Produtos fabricados por detentos são destaque na Pará Negócios 2016 Giullianne Dias / Anderson Silva

E

ntre as muitas iniciativas expostas na 5ª edição

nas casas penais como instrumento de ressocialização e

da Feira Pará Negócios, promovida pela As-

resgate da cidadania.

sociação Comercial do Pará (ACP) no Hangar,

em Belém, estão os trabalhos produzidos por homens e mulheres privados de liberdade, custodiados pela pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). São peças de artesanato e marcenaria e tam-

bém objetos de decoração que obedecem ao princípio da sustentabilidade e atestam a qualificação ofertada

No estande do Núcleo de Articulação e Cidadania (NAC) os visitantes podem encontrar uma variedade de objetos de decoração produzidos pelas detentas que fazem parte da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), a primeira do Brasil formada por mulheres presas, que tem como foco a economia


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detentas. “Mais de 200 internas já passaram pela cooperativa, desde que os trabalhos iniciaram, em 2013. Em três anos, nenhuma das mulheres que participaram do projeto voltou para a cadeia. Aqui é um local onde eles podem ter muito mais visibilidade e podem alcançar outro tipo de público. Isso tudo só faz com que elas tenham mais vontade de trabalhar, de mostrar que são capazes e esta é a oportunidade que elas tem de se reinserir na sociedade”, destacou a diretora. Além dos produtos da Coostafe, quem visita a Pará Negócios 2016 também pode conhecer um pouco do trabalho feito por detentos nas marcenarias que funcionam dentro dos presídios do Estado. As adegas em MDF são uma das novidades da linha de produção dos detentos. “Participar da Pará Negócios é uma oportunidade única que a Susipe tem de expor o material produzido pela mão-de-obra carcerária. Hoje, temos 11 detentos trabalhando nas duas marcenarias que funcionam no PEM I e no CRC. É uma excelente vitrine pro nosso trabalho”, atesta Izabel Poçadilha, coordenadora de Trabalho e solidária. Maria Juceli, de 26 anos, é uma das integrantes da Coostafe e já pensa em montar o próprio negócio. “Eu nunca imaginei na minha vida que eu pudesse estar em uma feira tão importante como essa. É uma oportunidade de divulgar o que a gente faz. Quem sabe um dia não me torno uma empresária de sucesso? Temos recebido muitos elogios aqui, dizem que o trabalho ficou muito bonito”, diz a detenta. Quem visitou a Feira ficou encantado com a qualidade dos produtos. “Eu não conhecia o trabalho delas e estou impressionada. Já são empreendedoras, profissionais com um talento incrível. Eu fico feliz de saber que são pessoas que decidiram mudar, decidiram aperfeiçoar o dom que tem”, avalia a administradora Elisangela Leal. Para a diretora do Centro de Reeducação Feminino (CRF), Carmem Gomes, o trabalho desenvolvido na Coostafe tem papel significativo na reinserção das

Produção da Susipe. Pará Negócios - Promovida pela Associação Comercial do Pará (ACP), a quinta edição da Pará Negócios tem como tema “Superação e Otimismo”. A proposta é reunir empresas de diversos segmentos econômicos, promovendo a capacitação de seus gestores e colaboradores por meio de uma programação diversificada que inclui rodadas de negócios, debates e novidades do mercado, além de propiciar um ambiente favorável à divulgação de produtos e serviços. Com 185 expositores e uma programação que concentra 70 palestras e cursos, a Feira estará aberta para visitação até domingo (4), das 16h às 22h. A meta da organização é superar os números da edição anterior, que recebeu mais de 32 mil visitantes e gerou cerca de R$ 8 milhões em negócios.


W 68

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POLÍTICA

Assembleia Legislativa aprova projeto do governo que reestrutura o sistema penal Silvia de Souza Leão Timóteo Lopes Thiago Gomes


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O

Projeto de Lei nº 272/ 2015, que dispõe sobre

O deputado Raimundo Santos, presidente da Comissão

a reestruturação da Superintendência do

de Constituição e Justiça, concordou com o veto. “Uma

Sistema Penitenciário do Estado (Susipe),

coisa é o projeto do próprio governador que a Assem-

foi aprovado na Assembleia Legislativa. A aprovação,

bleia aprova criando despesa. Nesse caso, que é o

em turno único, com votação secreta e veto parcial

projeto em tela, a constituição veda, proíbe que esta

do governador do Estado, teve 28 votos favoráveis na

Casa faça ou aprove alguma emenda criando despesa

sessão ordinária. Com parecer favorável da Comissão

quando o projeto é originário do Executivo. Outra coisa é

de Constituição e Justiça, o veto diz respeito a emendas,

um projeto originário da Assembleia, quando um par-

apresentadas pelos deputados, que traziam acréscimo

lamentar tem a iniciativa, e que cria uma despesa para

de despesas ao projeto do Executivo.

o Executivo. Nesse segundo caso, ao contrário do que

“A lei anterior só trazia previsão de 32 unidades prisionais. Hoje, com 44 unidades em funcionamento (além do Núcleo de Monitoramento Eletrônico) e com expectativa

possa parecer, a Assembleia tem sim legitimidade para fazer, para aumentar despesa, desde que o projeto não seja originário do Executivo”, analisou.

de chegar a 60 centros de detenção, até 2018, existe a

O projeto prevê ainda concurso para ingresso de pessoal

necessidade de atualização da estrutura administrativa.

nos cargos de provimento efetivo do quadro pessoal da

Outro ponto que motivou o desenvolvimento da lei foi

Susipe. “Para haver o concurso público eram necessárias

a reorganização do quadro de servidores. Era preciso

essas modificações, em especial na descrição e requi-

mexer em toda a configuração da descrição dos cargos

sitos para ingresso nos cargos. Os agentes prisionais

e da forma de ingresso para poder evoluir, em relação

concursados terão porte de arma de fogo funcional e

ao concurso público, e garantir mão de obra qualificada.

serão formados para assumir a segurança das unidades

Essa aprovação representa um grande passo na mod-

prisionais, liberando cerca de 550 policiais militares que

ernização do sistema penitenciário do Pará”, disse o

hoje atuam na guarda externa e no transporte do preso

superintendente da Susipe, André Cunha.

em todo o Estado. Com isso aumentará o efetivo de poli-

Entre as mudanças que o projeto implanta, destaque

ciais nas ruas”, reforça o superintendente da Susipe.

para a criação do Fundo Penitenciário do Estado, que

A Susipe foi criada pela Lei nº 4.713, de 26 de maio de

tem a finalidade de proporcionar recursos e meios

1977, e transformada em autarquia em setembro de

para financiar e apoiar as atividades e programas de

2004. É vinculada à Secretaria de Estado de Segurança

modernização e aprimoramento da Susipe. As verbas

Pública e Defesa Social (Segup) e tem por missão

serão aplicadas em reforma, ampliação e construção de

institucional planejar, coordenar, implementar, fiscalizar

unidades prisionais do Estado; renovação e ampliação da

e executar a custódia, reeducação e reintegração social

frota de veículos da Susipe; aquisição de material perma-

das pessoas presas, internadas e egressos, cumprindo o

nente, equipamentos e ativos de segurança destinados

disposto na Lei Federal nº 7.210, de 11 de julho de 1984

ao funcionamento da Susipe e das unidades prisionais;

– Lei de Execução Penal. (Colaborou Timóteo Lopes, da

manutenção das unidades; incentivo a programas de

Ascom Susipe)

ensino e atividades profissionalizantes da pessoa presa, internada ou egresso; formação, aperfeiçoamento e especialização de servidores; publicação e fomento de pesquisas científicas em matéria de execução penal, criminológica ou gestão prisional, e participação em eventos científicos na área.


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CONQUISTANDO A LIBERDADE

O Complexo Penitenciário de Vitória do Xingu deve ser entregue em setembro deste ano. As obras entram na fase de conclusão já nos próximos meses.

Laís Menezes | Anderson Silva


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Trabalho

Cooperativa de detentas expande negócios em parceria com a ONG No Olhar Giullianne Dias / Anderson Silva

A

Cooperativa Social de Trabalho

desenvolvimento sustentável e a conser-

Arte Feminina Empreendedora

vação do meio ambiente. As peças estão

(Coostafe), formada por mul-

sendo vendidas em uma pop up store

heres custodiadas pela Superintendência

(loja temporária), tendência que vem

do Sistema Penitenciário (Susipe) no

ganhando força no varejo brasileiro e que

Centro de Recuperação Feminino (CRF),

já é bem popular no exterior. Esse tipo de

expandiu os negócios em parceria com

espaço abre por curtos períodos; muitos

a organização não governamental No

até se tornam itinerantes, reabrindo em

Olhar. As peças produzidas pela Coostafe

diferentes locais.

agora também estão disponível para venda em um shopping no centro de Belém.

Eu estou há um ano e quatro meses na

A coordenadora da No Olhar, Patrícia Gonçalves, já prevê a assinatura um termo de cooperação com a Susipe e uma coleção exclusiva de peças feita pelas

cooperativa, e desde então só vejo a nossa

detentas. “Temos um projeto maior, no

produção crescer. As pessoas procuram

qual estamos trabalhando. Já começa-

bastante pelas nossas peças. Patrícia de Oliveira, detenta.

mos inclusive um curso de capacitação. Um oficineiro nosso vai até o presídio e ensina as técnicas de produção usando materiais sustentáveis. Com isso, pretendemos criar uma coleção exclusiva

A comercialização dos produtos fora do

do trabalho produzido pelas detentas”,

ambiente carcerário se tornou possível

revela.

graças à parceria colaborativa da Susipe com a ONG, que apoia projetos sociais e de economia criativa voltados para a educação, inclusão da cidadania,

A detenta Maria Juceli, 26, nunca imaginou que chegaria tão longe com a produção das peças. “Estou na cooper-


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As detentas que fazem parte da cooperativa já participando da primeira oficina da ONG No Olhar dentro da unidade prisional. Na foto, o oficineiro da “No Olhar”, Afonso Campos.

ativa há um ano, e nunca imaginei que uma peça feita por mim fosse chegar até um shopping. Estou muito feliz com o resultado. Todos os nossos produtos são muito bem aceitos, as pessoas sempre elogiam e também temos muitas encomendas todo mês. Trabalho com bordado em ponto cruz e fita e procuro sempre melhorar”, disse. Capacitação As detentas que fazem parte da cooperativa já participaram, nesta semana, da primeira oficina da ONG No Olhar dentro da unidade prisional. “Começamos a fazer a oficina de aproveitamento de jornal, que é uma novidade para elas. Primeiramente cortamos o jornal e transforma-


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Patrícia de Oliveira, 45 anos. A Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora é a primeira formada exclusivamente por mulheres presas no Brasil. Em quase dois anos de existência, as atividades já atenderam mais de 100 mulheres. Além do shopping, as peças produzidas pelas detentas também estão disponíveis para venda na internet. Os consumidores podem acessar o perfil @coostafe no Instragam. O envio é feito para todo o Brasil, via Correios. O custo da remessa é acrescido ao valor final do produto. mos em canudinho; a partir disso surge a matéria-prima para fazer uma infinidade de formatos, como rodinhas ou sousplat. Em seguida elas vão aprender a montar alguma peça. Estamos trabalhando por partes para que o trabalho seja feito com excelência e perfeição”, disse o oficineiro da No Olhar Afonso Campos. Para a diretora do CRF, Carmem Gomes, o trabalho desenvolvido na Coostafe tem papel significativo na reinserção das detentas. “Essa é uma parceria muito importante, tanto pela visibilidade que dá aos produtos, quanto pelo aprendizado que traz para as internas. Participam da cooperativa não somente as detentas já sentenciadas, mas também as provisórias. Com a economia criativa, elas conhecem uma atividade rentável e profissionalizante”, destacou. “Eu estou há um ano e quatro meses na cooperativa, e desde então só vejo a nossa produção crescer. As pessoas procuram bastante pelas nossas peças. Há meses a gente quase não consegue atender a demanda.” disse a detenta

Todo sábado e domingo, as internas da Coostafe também comercializam os produtos na Praça da Bíblia, em Ananindeua, e também na Praça da República, em Belém. Quem tiver interesse nas peças pode entrar em contato pelos telefones (91) 98030-4370 e 98842 3479.


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AUTO-ESTIMA

Detentas participam de primeiro concurso de beleza em presídio do Pará Laís Menezes / Anderson Silva

M

ais de 40 internas do Centro

traz melhorias de comportamento na

de Reeducação Feminino

casa penal”, avaliou a assistente social

(CRF), em Ananindeua,

do CRF, Cynthia Vasconcelos.

passaram por um dia de beleza promovido em parceria entre a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) e a Associação Beneficente de Capelania Social (Abecas). O evento tem como objetivo elevar a autoestima das detentas e promover uma ação terapêutica.

Todas as participantes do 1º Liberty Beleza Pará, como foi nomeada a ação, já realizam algum tipo de atividade educacional ou trabalho na unidade prisional. Durante o dia de cuidados elas puderam fazer massoterapia, corte de cabelo e escova, unhas, sobrancelha e maquiagem. Seis internas que foram selecionadas pelas próprias detentas

É muito bom ter um dia só para

participaram de um desfile para concor-

nós, porque é muito difícil estar presa,

rer a kits de beleza e higiene.

é muita tristeza, e isso melhora

A faixa de “miss liberty” foi entregue para

a nossa autoestima

a detenta Diana Kelly Santos, de 30 anos, que depois de passar por um período de

Kelly Silva, detenta.

depressão contou que se sentiu renovada ao ganhar o concurso. “Eu estou me sentindo muito feliz hoje, depois de

“A maioria dessas internas não recebem visita, então elas ficam estressadas, desmotivadas. Essas atividades refletem na melhora emocional, elas ganham mais confiança e autoestima e isso também

passar por diversos problemas. Não é fácil estar presa, mas sinto que hoje é um recomeço. Essa faixa representa superação”, afirmou a interna. Presa há quatro anos, a detenta Kelly


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Silva, 25, vê o evento como um momento para descontrair e esquecer a prisão. “É muito bom ter um dia só para nós, porque é muito difícil estar presa, é muita tristeza, e isso melhora a nossa autoestima”, contou. Para a capelã da Abecas, Elizete Leal, a programação é fundamental para que as presas se sintam valorizadas. “Nós já fazemos um trabalho no CRF de cunho religioso, e detectamos que algumas

Mais de 40 internas do Centro de Reeducação Feminino (CRF), em Ananindeua, passaram por um dia de beleza promovido em parceria entre a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) e a Associação Beneficente de Capelania Social (Abecas).

mulheres estavam em estado de depressão ou com baixa autoestima e por isso resolvemos fazer esse momento, para que elas se sintam bem com elas mesmas e valorizadas como mulheres”, assegurou. Através da Abecas, outros parceiros também deram apoio no evento como a Talentos Mundial, escola de formação de profissionais da área de estética e beleza, e as Igrejas Assembléia de Deus e Quadrangular.


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CONQUISTANDO A LIBERDADE

Susipe realiza ação em escolas públicas do Pará e alerta jovens sobre o crime Aline Saavedra

D

etentos custodiados pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) estiveram na Escola Estadual Maria Amélia

de Vasconcelos, no município de Capanema, localizado na região Bragantina, nordeste do Pará, para participar do projeto “Papo di Rocha”, que é uma roda de conversa metodologicamente feita entre alunos e internos do regime fechado, semiaberto ou domiciliar, além de uma psicóloga para mediar o bate papo. Na ocasião, cerca de 300 alunos do ensino fundamental e médio participaram do projeto, que tem o objetivo de conscientizar os jovens de que viver no mundo do crime e das drogas não traz benefícios. O diálogo é feito pelos internos, que contam as histórias de vida deles, antes e depois de entrar na prisão.


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“Eu sempre fui um homem trabalhador e íntegro, mas

busquem novas perspectivas longe do

aos 39 anos de idade optei por uma decisão errada que

cárcere. É o momento também para que

vem mudando a minha vida há sete meses. Hoje estou

os internos encontrem as suas famílias

muito feliz, porque entre tantos presos eu fui o escolhido

em um ambiente diferente da prisão,

para estar aqui sendo ouvido e me sentindo importante

contribuindo desta forma para o bom

e útil para sociedade. Quando eles pensarem em fazer

comportamento do preso aqui dentro e

qualquer coisa de errado, vão lembrar de mim, do que eu

quando ele vier a sair”, informou.

estou contando ”, disse o detento Silvano de Souza, de 40 anos.

Para a vice-diretora da escola que

O estudante Douglas Monteiro, de 17 anos, disse que o

realização do projeto foi muito produti-

depoimento dos detentos o fez refletir. “Às vezes a gente

va. “Estou muito feliz porque os alunos

anda com certas pessoas que a gente sabe que fazem

que realmente precisavam escutar esse

coisas erradas, mas outras a gente nem desconfia. Não

relato participaram até o fim da roda de

vou negar que já passou pela minha cabeça aceitar cer-

conversa, e isso é fundamental para que

tos convites que eu sei que não era certo fazer, e hoje eu

possamos mudar a realidade da escola”,

sei que fiz bem em dizer não”, afirmou o estudante.

afirmou. Ainda no mês de setembro

Para o assessor de Projetos Especiais da Susipe e coordenador da ação, Ércio Teixeira, o alerta dos detentos é

recebeu a ação, Solange Santos, a

mais uma edição deve ser realizada pela unidade prisional de Capanema.

importante para conscientizar jovens sobre as relações

Belém – Na capital, o projeto aconteceu

de amizade. “Se algum de vocês estiver andando na rua

na Escola Estadual Dr.Paulo Fontel-

com uma pessoa que for presa com porte de drogas,

les de Lima, no bairro da Pratinha II e

por exemplo, mesmo que você não saiba, você poderá

contou com a participação de aproxima-

também ser preso junto com ela. Então, avaliar com

damente 100 alunos do ensino médio.

quem se anda é muito importante”, alertou Ércio aos

Antônio Gleidson Silva, que é interno do regime semia-

estudantes, que ainda ressaltou ser indispensável que os

berto contou a rotina dentro da cadeia. “Lá dentro você

pais e responsáveis estejam sempre atentos as condu-

está sozinho, divide um espaço com várias pessoas que

tas e comportamentos dos filhos, observando sempre as

você não sabe o que passa na cabeça delas. Lá dentro

atitudes e as amizades.

você vai sentir falta da tua casa e em qualquer situação

O município de Capanema foi um dos que mais realizou edições do projeto ao longo desse ano. De acordo com a diretora do Centro de Recuperação Prisional de Capanema (CRRCAP), Patrícia Dias, as ações do projeto também refletem no bom comportamento dos internos dentro da unidade prisional e expõe para a população que o trabalho da unidade vai muito além da administração da cadeia. “A gente mostra como é a realidade dentro da prisão e principalmente, que nós não apenas abrimos e fechamos cadeados, e sim contribuímos para a educação de muitos jovens, para que eles possam refletir sobre o futuro e

a primeira pessoa que vem na sua cabeça é a mãe. Aqui fora, muitos dizem que os pais são chatos e enjoados, quando na verdade só estão querendo o bem do filho. Lá dentro o arrependimento bate, mas aí não tem mais jeito, você tem de aguentar as consequências. Hoje reflito e penso que não desejo jamais que o meu filho que está prestes a nascer passe por tudo que passei”, relatou o interno. Estudante e morador do bairro, Daniel Vitor da Silva, de 16 anos, afirmou que muitas vezes falta diálogo no ambiente familiar. “Eu conheço muitas pessoas que escolheram esses caminhos. Hoje, a gente teve a opor-


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tunidade de saber como é estar dentro de uma prisão, de saber que a amizade pode levar uma pessoa a cometer certas atitudes erradas. Todos nós precisamos escutar, porque muitas vezes nossos pais não conversam sobre isso em casa e quando se dão conta, o pior já aconteceu”, refletiu o aluno. A coordenadora pedagógica da escola, Amazilda Mota, diz que a iniciativa faz a diferença na vida de muitos jovens. “O projeto é muito importante e pode mudar o futuro de muitos alunos da escola, pois eles estão inseridos em uma comunidade carente e o que não presta é oferecido muito facilmente, então conhecer o que está por trás do que vem fácil é de fundamental importância”, avaliou a administradora escolar.

Na foto, estudantes ouvem experiências de internos do regime fechado.


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82 INVESTIMENTO

Governo investe R$ 1,4 milhão na modernização da frota de veículos da Susipe Laís Menezes / Anderson Silva

A

Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) adquiriu neste mês uma frota de 20 novos

carros para o transporte de detentos. Com sistema eletrônico e de codificação de dados, os novos carros-cela trazem mais tecnologia e segurança à condução de presos em todo o Estado. Totalizando um investimento de mais de R$ 1,4 milhão, os veículos são locados, por meio de licitação, junto à empresa Premium Serviços e Locações de Veículos Ltda-ME. Equipadas com rádio e giroflex, as novas viaturas operacionais contam com um moderno sistema

de codificação na bateria e nos pneus, garantindo que em um eventual problema, o motorista receba um aviso no painel do carro. “Essa nova frota traz uma tecnologia que dá um melhor suporte ao motorista e mais segurança no traslado de presos, porque no próprio painel do veículo o condutor terá o conhecimento de todo o sistema do carro durante o trajeto. Se, por exemplo, houver um dano no pneu, mesmo que pequeno, um sensor é acionado no painel, e isso permite que o motorista tome as providências necessárias ou peça apoio o mais breve possível”,


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explicou coordenadora de Transporte da Susipe, Arilda

mente a nossa produtividade. É um salto para todo o

Ferreira.

sistema penitenciário do Estado, tanto para custódia de

Além da tecnologia, os novos carros-cela também

presos na capital quanto no interior”, afirma.

contam com atendimento 24 horas em caso de sinistro.

Atualmente, a Susipe conta com uma frota de 155

Outra melhoria que a nova frota recebeu foi no exaustor

veículos entre viaturas operacionais (para transporte

que fica conectado na parte cela do veículo, melhoran-

de presos) e administrativas. De acordo com o superin-

do a ventilação para os detentos; agora o aparelho tem

tendente do sistema penitenciário do Estado, Cel André

funcionamento independente e permanece em funcio-

Cunha, a nova frota de veículos irá otimizar em cerca

namento mesmo com o carro desligado. Com motor

de 60% os gastos do Estado com a manutenção dos

2.8, os carros-cela têm mais potência e desenvolvi-

carros. “Tínhamos viaturas antigas com quase 10 anos

mento nas viagens, garantindo segurança e um melhor

de uso que precisavam de um maior e mais frequente

conforto no deslocamento para os detentos.

número de revisões programadas, em decorrência

Para o diretor de Administração Penitenciária da Susipe, Williams Chagas, o investimento na nova frota representa um ganho para os próprios presos. “Com a nova frota de carros-celas, os presos passam a ter garantidas as audiências com a Justiça, consultas médicas e transferências entre unidades prisionais, já que a frota antiga invibilizava muitos desses procedimentos

do seu tempo de utilização. Com os novos veículos conseguiremos reorganizar esses gastos de forma eficiente para o errário público e com isso otimizaremos a gestão dos recursos para o sistema penitenciário, garantindo, principalmente, um maior rigor no cumprimento das audiências penais e consultas médicas aos detentos”, destaca o superintendente.

por questões de logística operacional. O investimento

Com a renovação da frota, os veículos antigos serão

em uma nova frota de viaturas melhora consideravel-

encaminhados à Secretaria de Estado de Administração (SEAD) para doação ou leilão.


// educação

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84 TRABALHO

Detentas produzem bonecas que serão doadas a crianças carentes no Natal Giullianne Dias / Anderson Silva

E

ntregar presentes no Natal não é mais uma

próximo dia 3 de dezembro, em programação natalina

exclusividade do Papai Noel. No Centro de

solidária na sede campestre da Associação dos Magis-

Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua,

trados do Estado (Amepa).

região metropolitana de Belém, detentas que fazem parte da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina

Empreendedora (Coostafe), da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), confeccionaram com exclusividade 100 bonecas de pano, que estão à venda em uma exposição do Tribunal de Justiça do Estado (TJE). Os brinquedos serão doados para crianças carentes de uma comunidade no bairro do Aurá, no

As bonecas estão sendo vendidas ao valor de custo de R$ 10. A venda também ajuda as internas do CFR a gerar renda para o sustento da família. “É uma dupla ajuda, porque além de divulgar o trabalho das detentas, ainda contemplará as crianças que estão sem brinquedos no Natal”, explica a diretora do CRF, Carmem Botelho.


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O trabalho começou em 2013. Mais de 200 detentas já

do CRF. Além das bonecas estão sendo produzidos out-

passaram pela Coostafe, o que tem ajudado a dar nova

ros produtos natalinos, também feitos pelas mãos das

perspectiva para outras internas. “Em três anos, nen-

detentas da cooperativa”, destacou. Peças artesanais,

huma das mulheres que participaram do projeto voltou

como tapetes, jogos americanos, bonecos de biscuit e

para a cadeia”, diz a diretora. A primeira cooperativa de

decoração natalina também estão à venda na exposição

mulheres presas do Brasil é formada por detentas com

do TJE, assim como 40 telas produzidas pelos detentos

bom comportamento. “Também é necessário demon-

do Projeto Libert’Art, promovido pela Arquidiocese, por

strar vontade para aprender”, destaca.

meio da Pastoral Carcerária, também em parceria com a

“A gente montou uma equipe para fazer as bonecas e

Susipe.

nos dedicamos nesse trabalho. Queríamos que tudo

“Nossa produção na Coostafe tem sido intensa para o

ficasse muito bonito, pois sabemos que essa boneca vai

Natal. Estamos desde o começo do mês trabalhando

fazer uma criança feliz. Eu me sinto muito feliz com isso.

nessas peças, mas fazemos tudo com muito carinho e

Tenho vários netos e sinto falta deles. Chega a doer a

dedicação, pois o Natal é uma época importante. Sinto

saudade, então ajudando essas crianças, é como se os

muita falta da minha família. O trabalho é uma forma de

estivesse ajudando”, disse a detenta Maria do Socorro

ocupar a cabeça e também de ajudar pessoas que pre-

Cruz, 53 anos.

cisam”, disse a detenta Rude de Souza Reis. A exposição

Para a coordenadora de Cerimonial do TJE, Nadime Dahas, a parceria com a Susipe é um convite à solidariedade. “Estamos felizes com essa iniciativa das detentas

de bonecas, artesanatos e das telas de pintura ficará no prédio sede do TJE, em Belém, até o dia 2 de dezembro. (Com informações da Ascom TJE).


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