Contato, edição de dezembro de 2013: Natal

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MUDE SUA VIDA.

TOQUE OS SINOS É Natal!

A estrela-de-natal Um presente do coração

Um dilema muito pessoal Escolhas decisivas

MUDE O MUNDO.


Volume 14, Número 12

C O N TATO P E S S OA L Memórias de Natal O Natal é celebrado em todo mundo de maneiras muito semelhantes. Suas tradições são de tal forma universais que países como o Brasil, que celebrarem a data em pleno verão, adotam pratos e decorações típicas do inverno, acompanhando o que é feito no Hemisfério Norte. Contudo, o Natal produz em muitos experiências muito pessoais e memórias muito próprias. Conheço uma empresária do ramo de chocolates finos que no Natal oferece em sua loja maçãs recobertas com chocolate. E isso tem um motivo: quando ela e os irmãos eram pequenos, por conta da condição econômica da família, era somente nessa data que comiam maçãs, algo que consideravam muito especial. Ela transformou a lembrança de dias difíceis em uma celebração de valores aprendidos. Muitos sentem nas festas um toque de tristeza por causa da ausência de entes queridos, mas o sentimento que prevalece é o de alegria. A troca de presentes é uma oportunidade para demonstrar um ao outro carinho e apreço, os pratos especiais e as decorações criam um ambiente mais acolhedor. Sem dúvida, o aniversário de Jesus é uma data especial para praticamente todos, inclusive para os que não creem. Acho que Jesus —que quando na Terra transformou a água em vinho durante uma festa de casamento1 — quer que nos divirtamos e desfrutemos a época. E acho que, da mesma forma que Ele ignorou Seu cansaço para atender aos demais2, está sensível aos que hoje se encontram solitários, enfermos, lidam com as questões da idade avançada ou passam por alguma dificuldade. Com esses, imagino que Ele deseje que compartilhemos Sua compaixão, tanto quanto nos for possível. Se soubermos entesourar nossas lembranças, desfrutar o momento de celebração e convivência com os outros, sem nos esquecer dos que precisam de nosso apoio, acho que daremos ao aniversariante os presentes que Ele gostaria de receber. Feliz Natal para você e os seus!

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para adquirir nossos produtos, obter mais informações, ou se tornar um assinante da Revista Contato, visite nossos sites, escreva-nos ou ligue gratuitamente para nossa central de atendimento. Assinaturas, informações e produtos: www.contato.org ou www.lojacontato.com.br E-mail: revista@contato.org Endereço postal: Contato Cristão Caixa Postal 66345 São Paulo — SP CEP 05311-970

Editor Mário Sant'Ana Design Gentian Suçi Diagramação Angela Hernandez Produção Samuel Keating

© 2013 Aurora Production AG. www.auroraproduction.com Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana A menos que esteja indicado o contrário, todas as referências

Mário Sant’Ana Editor 1. Ver João 2:1–11. 2. Ver Mateus 14:13–14. 2

às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.


A estrela de Natal Susan Davis

Sempre adorei as poinsétias vermelhas e verdes. Imaginava que ganharam lugar

cativo entre as decorações típicas do Natal por suas cores vibrantes, mas descobri que embutem um significado mais profundo. Segundo a lenda mexicana, no século 16, uma jovem camponesa chamada Maria estava angustiada na véspera de Natal, pois não tinha nenhum presente para depositar diante do altar do Menino Jesus, na igreja da vila em que morava. A caminho da capela, triste por ser tão pobre a ponto de não poder oferecer sequer uma pequena prenda, foi animada pela prima que lhe disse que Jesus aceitaria com alegria aquilo que fosse dado de coração, por mais modesto que fosse, pois era uma oferta de amor. Encorajada por essas palavras, Maria correu em volta da capela colhendo plantinhas silvestres e as entrelaçando em um pequeno buquê. Não era muito, com certeza, mas ela orou que sua oferta traduzisse tudo que ela tinha no coração, por mais humilde que fosse. Ao se dirigir ao altar com seu presente, foi censurada por algumas pessoas que questionaram se seria apropriado depositar mato no altar do menino sagrado. Determinada a oferecer o pequeno arranjo que fizera, Maria avançou com ousadia até a frente da nave, ajoelhou-se e deixou seu pequeno buquê

próximo ao presépio. Então, o pequeno ramalhete se encheu de flores vermelhas e todos os membros da paróquia que ali estavam proclamaram haverem visto um milagre de Natal. Por isso e porque a planta originária do México floresce na época de Natal, a poinsétia se tornou conhecida naquele país por “flor de Noche Buena”, a “flor da véspera de Natal”. Os frades franciscanos no México passaram a incorporar a flor-de-natal, como também é conhecido o florescimento do arbusto, em suas celebrações natalinas durante o século 17. A forma das flores e das folhas remete à estrela de Belém, que guiou os três reis ao local de nascimento de Jesus. As folhas vermelhas simbolizam o sangue de Cristo e as verdes, a promessa da vida eterna. Foi renovador para mim aprender esse mais profundo significado que tem a planta, o que me faz querer saber mais sobre o sentido das outras tradições que marcam a época de Natal. E é bom jamais esquecer que Deus pode transformar até nossos mais humildes esforços em flores milagrosas que proclamam Seu amor pela humanidade. Susan Davis trabalha para organizações sem fins econômicos e é escritora freelance. ■ 3


Toque os sinos Deixe a alegria do Natal tocar sua alma pelo repicar dos sinos, pelos estribilhos das canções, ou na quietude do seu coração. Há muito a celebrar: Jesus nasceu!

O mundo está cheio dos sons de Natal. Se você escutar com os ouvidos físicos, perceberá canções, sinos e risos, ponteados aqui e ali com um toque de solidão. Se atentar com os ouvidos espirituais, ouvirá as asas dos anjos, a quietude da expectativa interior, o som sagrado do silêncio mais profundo, o sussurro vibrante do mundo eterno. O mundo está cheio de cenas de Natal. Com os olhos físicos verá árvores decoradas com luzes, estrelas de ouropel, velas acesas e um presépio. Com os olhos do espírito, verá a estrela de Belém no seu coração. —Adaptado de texto de Anna May Nielson 1. Este hino, foi adaptado de "Carol of the Bells" por Peter J. Wilhousky

Eis a soar sinos no ar para dizer Jesus é rei Estão a cantar ao bom Senhor e a Lhe render todo louvor Povos de toda terra essa grande historia devemos anunciar Eis a soar sinos no ar Jesus nasceu estão a contar Cantemos sem hesitação felizes com vigor Para relembrar que hoje nasceu o Salvador Que veio ao mundo nos livrar do mal e do pecar Trazendo a paz e prazer paz e prazer Eis a soar sinos no ar para dizer Jesus é rei Eis a soar sinos no ar para dizer Jesus é rei Cantemos sem hesitação felizes com vigor Para relembrar que hoje nasceu o Salvador. —Minna Louise Hohman 1

(1936), que foi adaptado da canção do Ano Novo ucraniano "Shchedryk", escrita por Mykola Leontovych (1916). 4

Era tarde noite e o céu, cravejado de estrelas, foi aberto pelos anjos, como

quem desembrulha um presente envolto em papel cintilante. Então, com luz e alegria vertendo do céu qual água de uma represa que se rompe, começaram a cantar e bradar a mensagem de que o Menino Jesus havia nascido. O mundo tinha um salvador! Os anjos disseram que eram “Boas Novas” e, de fato, eram. —Larry Libby Que soem as canções de Natal… As trombetas de alegria e renascimento; Que cada um tente, com uma canção no coração, Trazer paz aos homens sobre a Terra. —Mildred L. Jarrell Não basta que Cristo tenha nascido Sob a estrela brilhante E que a Terra tenha recebido Naquela noite luz radiante Ele deve nascer no coração Antes de no trono sentar E trazer o dia de amor e compaixão O reino de Cristo irmanar —Mary T. Lathrop ■


Charadas de Natal

Ch ris Hu nt

Há um tipo de jogo de charada em que a pessoa faz mímicas para que os demais adivinhem “quem” está ela está representando. Os atores do primeiro Natal poderiam ser representados com as seguintes expressões: Maria: “O anjo disse a Maria: ‘Salve, agraciada! O Senhor é contigo. Bendita és tu entre as mulheres!’ Porém ela se perturbou muito com essas palavras” (Lucas 1:28-29). O anjo Gabriel: “Disse-lhe então o anjo: ‘Maria, não temas, achaste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus’” (Lucas 1:30–31). Antes de nascer, João Batista, no ventre de Isabel, sua mãe: “Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre” (Lucas 1:41). Isabel: “Isabel foi cheia do Espírito Santo. Exclamou ela em alta voz: ‘Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre!’” (Lucas 1:41–42) José: “Subiu José de Nazaré para Belém; a fim de se alistar com Maria, sua mulher, que estava grávida” (Lucas 2:4–5). Maria: “Ela deu à luz a seu filho primogênito” (Lucas 2:7).

[Atônita e, de certa forma, preocupada.] [Temerosos]

[Calmo e tranquilizador] [Vibrantes]

[Pulando de alegria]

[Curiosos] [Feliz] [Generoso]

[Determinado]

[Aliviada e feliz]

Os pastores: “Havia naquela mesma região pastores que viviam nos campos, e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite. Apareceu-lhes um anjo do Senhor, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e foram tomados de grande temor.” (Lucas 2:8–9). Os anjos: “No mesmo instante apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: ‘Glória a Deus nas maiores alturas, paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem!’” (Lucas 2:13–14). Os pastores, após ouvirem a mensagem dos anjos: “Ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: ‘Vamos até Belém e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez saber.’ Foram apressadamente, e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura.” (Lucas 2:15–16). Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Chris Hunt vive na Grã-Bretanha e é leitor da Contato desde sua primeira edição, em 1999. ■ 5


UMA CANÇÃO DE NATAL

Natalie Anne Volpe

O que você vê quando pensa no Natal? Presentes,

pinheiros decorados, luzes, guirlandas, boa comida, o nascimento de Jesus, a chegada do novo ano, o fim do velho e, provavelmente, muitos lembram de "Uma Canção de Natal". Escrita por Charles Dickens, a bem conhecida história do mal-humorado e infeliz Scrooge foi inúmeras vezes recontada desde sua primeira publicação em 1843.1 A história se tornou um símbolo do Natal e, apesar de muitos lembrarem da dureza, avareza e ganância do principal personagem do conto, Ebenezer Scrooge, vale questionar com que frequência aplicamos suas lições às nossas vidas? A trama conduz um homem miserável por uma mudança dramática para melhor. Antes da transformação, 1. Ver http://charlesdickenspage.com/ carol.html. 2. Mateus 25:40 NVI 6

Scrooge personaliza o oposto de todas as virtudes relacionadas ao Natal: amor, caridade, boa vontade, altruísmo, sensibilidade e desvelo. Apesar de ser uma representação um tanto extrema do que seria a antítese do espírito natalino, serve como metáfora para nos alertar do avarento que reside em cada um de nós. Há um pouco de egoísmo em cada um de nós, concorda? Metas que não saíram como esperávamos, ideais elevados esquecidos? Passamos pelos outros sem lhes dar uma palavra ou um olhar de reconhecimento, por estarmos demasiadamente absortos em nosso mundo? Não temos de esperar até nos tornarmos tão extremados quanto Scrooge em nosso egoísmo, para então decidirmos mudar. Não seria maravilhoso se em cada Natal pudéssemos fazer uma avaliação sincera de nossas vidas, das coisas do passado, do que estamos fazendo no presente, de

nossas metas para o futuro, e concluir o que se tornou mais importante para nós? No maior ato de amor e altruísmo, Deus nos deu Jesus, para nos ensinar Seu amor e, depois, morrer por nós para pagar pela nossa salvação eterna. No Natal, celebramos essa dádiva maravilhosa. Jamais O compensaremos pelo que fez por nós, mas Jesus disse: “O que vocês fizeram a algum dos Meus menores irmãos, a Mim o fizeram”.2 Toda palavra e ato de bondade feito em amor —não porque é lógico ou por ser bom para nós, mas porque ajudará outra pessoa— se converterá em benefício para nós, quando menos esperarmos. Ao adotarmos Jesus como modelo, podemos esperar refletir algumas das qualidades que nos manterá felizes e nos tornará uma bênção para as pessoas à nossa volta e nos fará pessoas melhores.


Sempre pensei na época de Natal como um tempo feliz. Um tempo de bondade, perdão, caridade e alegria. É só nessa época, que eu saiba, em todo o ano, que homens e mulheres parecem abrir seus corações para pensar nos seus servos como se fossem companheiros de viagem para o túmulo, não como membros de outra espécie, em outras jornadas. —Fred, sobrinho de Scrooge, em Uma Canção de Natal, por Charles Dickens

Tenhamos a meta de não apenas no Natal, mas no dia-a-dia, afastar-nos um pouco das atividades e do corre-corre para reavaliar nossas vidas, valores e discernir que forças nos estão motivando em nossas ações e atitudes. Vamos fazer cada momento valer e aproveitar toda oportunidade de ajudar a outro ser humano, porque, no final, é só isso que tem valor. Natalie (1991–2011) passou boa parte de sua breve existência na África, onde seus pais coordenam vários projetos humanitários, e se envolveu em ajudar os outros desde muito cedo na infância. Esse artigo, escrito em 2006, foi enviado por seus pais, Gino e Clotilde, que continuam seu trabalho na República Democrática do Congo. Descubra mais a esse respeito em www.familycare.org/network/ espoir-congo. ■

ALGUNS PRESENTES ESPECIAIS Um aperto de mão firme para uma alma incerta, Uma palavra de ternura para o solitário, Um sorriso caloroso para o desesperançado, Interesse sincero pelo aflito, Compaixão para com o desamparado, Uma palavra de conforto para o que chora uma perda, Respeito pela dignidade alheia, Defesa dos direitos dos indivíduos, Uma palavra de testemunho para ajudar a buscar uma alma, Um Feliz Natal para todos. —Autor anônimo

UMA LISTA DE NATAL Tema menos, espere mais; Coma menos, mastigue mais; Choramingue menos, respire mais; Fale menos, diga mais; Odeie menos, ame mais; E todas as coisas boas serão suas. —Provérbio sueco

Não quero pegar o Natal e o embrulhar, empilhar, empacotar, amarrar e etiquetar. O Natal guardado tende a mofar. Vou distribuir o Natal, desembrulhado, às braçadas. Quero compartilhar, dançar e viver o Natal. Sem pretensões, feliz, retribuir com mãos transbordantes, pernas incansáveis e olhos brilhantes. O Natal distribuído permanecerá jovem e fresco —até que chegue outra vez. —Linda Felver 7


Peter Amsterdam, adaptação

UM DILEMA MUITO PESSOAL O mundo em que José e Maria, pais terrenos de Jesus,

cresceram era muito diferente do que conhecemos hoje. Provavelmente, eram ainda jovens quando foram prometidos em casamento, o que no antigo Israel, acontecia quando o homem dava à mulher uma carta ou um valor em dinheiro, por menor que fosse, diretamente ou por um mensageiro. Também era exigido que ele declarasse diante de testemunhas sua intenção de se casar com ela. No momento em que se fazia a promessa, o contrato nupcial era escrito e concordado. Uma vez prometida, a mulher era considerada, do ponto de vista legal, mulher daquele homem. Foi entre a promessa de casamento e o casamento propriamente dito, ou seja, após o contrato ter sido celebrado com José, que Maria foi visitada pelo anjo Gabriel, que 1. Ver Lucas 1:35. 2. Lucas 1:38 NVI 3. Mateus 1:20 NVI 4. Lucas 9:35 NVI 5. Ver Mateus 1:1. 6. Ver Marcos 1:1. 7. Ver Tito 2:13–14. 8

lhe disse que ela havia obtido o favor de Deus e conceberia um filho, que seria o Filho do Altíssimo. Ela perguntou como isso seria possível, pois era virgem. O enviado angélico explicou para a jovem que o Espírito Santo lhe sobreviria e que o poder do Altíssimo a cobriria com Sua sombra. Gabriel estava revelando para Maria que sua gravidez seria causada por Deus e não teria nada a ver com o homem.1 Maria deveria decidir se engravidaria no período de noivado, antes de estar vivendo com seu marido. Se consentisse com o que o anjo estava dizendo, iria, pelo menos, magoar muito seu marido, prejudicar seriamente sua reputação, envergonhar terrivelmente seus pais, familiares e arruinar o relacionamento com sua comunidade. Contudo, escolheu arcar com as consequências ao dizer: “Eu sou a serva do Senhor. Cumpra-se em mim segundo a tua palavra.”2 Sem dúvida, foi um grande salto de fé que ela deu. E as repercussões vieram. José ficou arrasado ao descobrir da gravidez. As Escrituras relatam que ele “ponderava nestas coisas”,3 ou seja, ficou pensando em tudo aquilo. A palavra grega traduzida para “ponderar” nesse versículo, significa “paixão, raiva, ferver por dentro.” Ele não tinha motivo para imaginar outra coisa senão que Maria fora infiel. Na sua maneira de ver, estava claro que ela havia violado os votos matrimoniais e cometido adultério. José era como qualquer outro homem e, portanto, ficou zangado e magoado. Mas a Bíblia diz que ele era um homem justo. Não queria trazer tudo a público e destruir a vida de Maria. Por isso, decidiu divorciar-se dela discretamente. Foi


depois de ele ter tomado essa decisão que um anjo lhe contou que a criança era do Espírito Santo e que ele não deveria temer receber Maria como esposa. Aquele foi um ponto de decisão para José. Deveria acreditar no sonho? Como Maria, teria de dar um passo de fé. Deus lhe mostrara o que fazer e ele tinha de escolher entre acreditar e confiar em Deus, ou não. Felizmente, José teve a fé e a coragem para crer e agir segundo Deus lhe havia mostrado. José e Maria estavam diante de um dilema tremendo. Ambos tinham grande fé e coragem. Escolheram seguir Deus apesar dos riscos e, ao assim fazer, tornaram possível Deus os usar para cumprir Sua promessa de abençoar o mundo. Obviamente, ninguém sabe exatamente como Maria concebeu Jesus, tanto quanto não sabemos exatamente como Deus criou o Universo. Sabemos, contudo que criou um ser com duas naturezas: divina e humana. Ele era completamente Deus e completamente homem. Isso não havia acontecido até então nem voltou a acontecer. Lucas apenas diz que o Espírito Santo, o poder de Deus,

desceu sobre Maria e a cobriu com Sua sombra. Ele usa a mesma palavra para narrar a transfiguração de Cristo, quando diz que uma nuvem O cobriu com a sua sombra e que da nuvem saiu uma voz, que dizia: “Este é o Meu Filho, o Escolhido; ouçam-nO.”4 O Espírito de Deus cobriu Maria com Sua sombra e deu origem ao escolhido, o Deus-homem, Jesus Cristo. Foi porque José aceitou seguir o que Deus lhe havia mostrado que o filho de Maria nasceu filho de Davi.5 Foi porque Maria aceitou atender ao que Deus lhe estava pedindo que ela dela nasceu o Filho de Deus.6 E Jesus, o Filho de Deus, submeteu-se ao que o Pai Lhe pediu e tornou possível que a humanidade fosse remida.7 Às vezes, é difícil reagir positivamente a alguns pedidos de Deus. Quando isso acontecer, lembre-se de Maria e José. Deus, às vezes, nos chama para dar passos de fé e seguir Seu Espírito. Você nunca sabe que resultado isso pode trazer. Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■ 9


Todas as obras de Jesus na Terra tinham de ser extremamente importantes, pois o Filho de Deus veio aqui para as realizar. Mas ao examiná-las,

vemos que nem todas foram o que a maioria consideraria “espetaculares” em seus aspectos físicos. Muitos de seus atos —as transformações espirituais— eram pouco ou quase nada notados. Várias não tinham nenhuma característica física marcante, como quando Ele testemunhou para Nicodemos,1 perdoou os pecados da mulher imoral,2 ou Seu encontro com a mulher à beira do poço3. As oportunidades mais visíveis em que Ele ensinou e curou grandes multidões tinham seu valor, como quando alimentou cinco mil pessoas.4 Mas Ele 1. Ver João 3:1–21. 2. Ver Lucas 7:37–38, 48. 3. Ver João 4:1–29. 4. Ver Mateus 14:21. 10

também dedicou tempo e atenção àqueles momentos quando fez contato com o coração de alguém, com uma pessoa ou um pequeno grupo de pessoas. A Bíblia relata vários milagres transformadores de vidas que Jesus realizou nos espíritos das pessoas, os quais não demandaram um tremendo investimento de tempo, recursos ou esforços. Ele simplesmente estava no lugar certo na hora certa e lhes deu a verdade, o amor, a misericórdia e o perdão que curaram o coração partido, iluminaram a mente confusa ou resgataram o espírito perdido. Sua dádiva era Seu amor incondicional que transmitia esperança, luz e verdade. Se seguirmos Seu exemplo oferecendo apoio aos que dele precisam da maneira como Ele nos mostrar, este Natal pode ser tudo que Ele quer que seja. Quanto mais seguirmos Seu exemplo, mais nossas vidas serão enriquecidas espiritualmente. Conforme fizermos o que estiver ao nosso alcance para amar os outros, Ele

nos ajudará a entender melhor Seu plano para nossas próprias vidas. Tornar-se instrumento para compartilhar Seu amor é o presente que Ele mais deseja pelo Seu aniversário e algo que você pode Lhe dar, independentemente de suas habilidades, situações financeiras ou do que estiver fazendo. É algo que só você pode dar a Ele, pois é um presente que vem do próprio coração. Maria Fontaine e seu marido, Peter Amsterdam, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■

MINHA ORAÇÃO DE N ATA L Neste Natal, quero Lhe dar de presente meu coração, Jesus. Por favor, entre e encha-me com Seu amor incondicional que suporta a prova do tempo.


Memórias de Natal Iris Richard

Nasci em 1955, apenas dez anos

após a Segunda Guerra Mundial, quando as dificuldades dos anos de conflito ainda eram frescas na memória das pessoas. Meu avô costumava nos contar da fome e exaustão extremas daqueles dias, da luta que era necessária para simplesmente continuar vivo durante os longos meses de inverno. Nossa cidade ficava no centro industrial da Alemanha e parecia que tudo estava sempre coberto da poeira marrom-acinzentada das usinas de aço. Na primavera, a grama e os rebentos verdes das árvores rapidamente ficavam marrons e o mesmo acontecia com a neve: caía fresca pela manhã, mas no fim do dia já ficava com uma aparência desgastada. No primeiro domingo de dezembro, nossa família sempre se reunia ao redor da mesa da minúscula cozinha de nosso apartamento. Minha mãe, minha irmã, Petra, e eu acendemos a primeira vela de nossa coroa de advento e cantávamos

canções de Natal, enquanto nossos pensamentos viajavam bem longe daquela cidade poeirenta para encontrar os reis magos montados em camelos em sua peregrinação. Acendíamos uma vela por semana, e isso enchia nossos corações de paz e alegria, conforme a história da manjedoura que esperava o nascimento de nosso Salvador ganhava vida para nós. Então chegava o tão aguardado dia em que assávamos os quitutes especiais de Natal. E eram especiais mesmo, pois não despúnhamos de manteiga, nozes, ovos eram poucos e chocolate uma raridade. Com o cheiro de biscoitos recém-assados ainda permeando o ar, cuidadosamente os guardávamos em latas grandes. Na manhã de Natal, íamos ver a árvore preparada na noite anterior pelos nossos pais. Entrávamos escondidos na sala enquanto Papai ainda acendia as velas, uma a uma, com um longo palito. Que alegria era encontrar nossas

meias cheias de biscoitos caseiros, nozes, chocolate, laranjas, maçãs e vestidos novos tricotados para nossas bonecas. Havia também lápis-cera, livros de colorir, chapéus, luvas e cachecóis. Eram dias de alegrias simples e brinquedos feitos em casa. As memórias me mantêm atenta na busca por valor verdadeiro, pelo toque humano, pelas coisas que perduram —especialmente nos tempos de grandes mudanças em que vivemos hoje, cheios de engenhocas tecnológicas e atividades virtuais. São lembretes constantes para eu estar alerta também às necessidades dos outros, para amar e compartilhar. É o que faz esta época tão inesquecível para mim e quero deixar belas marcas nas memórias de nossos filhos e daqueles a quem conhecemos. Iris Richard é conselheira no Quênia, onde tem sido ativa em trabalhos comunitários e voluntários desde 1995. ■ 11


Por que o Natal? Recontado por Keith Phillips

Certo homem não cria em Deus e não titubeava externar seu

ponto de vista a respeito de feriados religiosos como o Natal. Sua mulher, por outro lado, acreditava no Senhor e incutia nos filhos a fé em Deus e em Jesus, a despeito dos comentários depreciativos do esposo. Numa fria noite de Natal, ela se preparava para levar as crianças para o culto da comunidade rural onde viviam e convidou o marido a acompanhá-los, mas ele se recusou: “Essa história não faz sentido. Por que Deus Se rebaixaria e viria à Terra como um homem? Isso é ridículo!” A mulher então foi com os filhos e ele ficou em casa Em pouco tempo, os ventos ficaram mais impetuosos trazendo uma nevasca. O homem olhou pela janela,

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mas só podia ver uma massa branca que tudo cobria. Sentou-se à frente da lareira para relaxar, mas, em seguida, ouviu um barulho. Algo havia batido na janela. Não demorou, o ruído se repetiu. Tentou ver o que poderia ter sido, mas a visibilidade era quase nula. Quando a tempestade amainou um pouco, aventurou-se lá fora para ver o que poderia ter se chocado contra sua janela. No campo próximo à casa, viu uma revoada de gansos selvagens. Aparentemente, migravam para o Sul por ocasião do inverno, quando foram apanhados pela nevasca e impedidos de continuar. Voavam ali, perdidos, desnorteados, sem comida nem abrigo a traçar círculos rasantes. Provavelmente dois deles se haviam investido contra a janela.

Penalizado, sentiu vontade de ajudar as aves. O celeiro seria excelente para passarem a noite, pensou. É seguro e quente. Podem ficar aí até amanhã e esperar que a tempestade passe. Com isso, escancarou a porta do celeiro e ficou à espreita, torcendo que os gansos notassem o abrigo aberto e entrassem. Mas eles apenas voavam sem rumo, não notaram o refúgio que lhes era oferecido, nem entenderam a importância daquela oportunidade. O homem tentou lhes atrair a atenção, mas isso só os afugentou ainda mais. Foi até a cozinha e trouxe consigo pão, com o qual, depois de o esmigalhar, fez uma trilha até o celeiro. O esforço foi em vão, pois os migrantes não perceberam o chamariz.


Foi assim que Deus mostrou o seu amor por nós: Ele mandou o Seu único Filho ao mundo para que pudéssemos ter vida por meio dele. E o amor é isto: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e mandou o seu Filho para que, por meio dele, os nossos pecados fossem perdoados. —1 João 4:9–10 NTLH Eu os remirei da violência do inferno, e os resgatarei da morte. —Oséias 13:14

O fazendeiro começava a ceder à frustração. Tomou uma posição posterior a dos gansos e tentou tangê-los para dentro do celeiro, mas só ficaram mais amedrontados, pelo que passaram a voar em todas as direções, exceto na desejada. Nada parecia capaz de os guiar para aquele abrigo quente e seguro. “Por que vocês não me seguem?!” — exclamou. “Não veem que é a única chance de sobreviverem ao mau tempo?” De repente, entendeu que não seguiriam um humano. “Se eu fosse um ganso, poderia salvá-los” — falou em voz alta Foi então que teve uma ideia. De dentro do celeiro, trouxe um de seus gansos nos braços até um ponto em que o bando ficasse entre ele e o

refúgio. Então, soltou a ave que voou direto pelo meio do círculo formado pelas outras, em direção ao local de onde havia sido tirada, seguida pelos gansos selvagens, que encontraram, por fim, a salvação. Imóvel e calado, aquele homem ouviu em sua memória as próprias palavras: Se eu fosse um ganso, poderia salvá-los! E se lembrou também do que naquele mesmo dia dissera a sua esposa. “Por que haveria Deus de querer ser como nós? Isso é ridículo!” De um momento para o outro, tudo passou a fazer sentido. Foi exatamente o que Deus havia feito. Éramos como os gansos selvagens, cegos, perdidos, confusos e à morte. Então Deus enviou Seu Filho, tornando-Se como nós, para nos mostrar o caminho e nos salvar. E foi dessa

forma que aquele até então descrente percebeu o significado do Natal. Os ventos e a neve furiosa se acalmaram, tal como aconteceu à alma daquele homem, enquanto refletia naquele princípio maravilhoso. Entendeu o Natal e o porquê da vinda de Cristo. Os anos de dúvida e incredulidade passaram, como aquela tempestade que deixara a neve sobre a qual ele se ajoelhou e fez sua primeira oração: “Obrigado, Deus, por vir em forma humana para me tirar da tempestade!" Keith Phillips foi editorchefe da Contato por 14 anos, de 1999 a 2013. Atualmente, ele e sua esposa, Caryn, trabalham com pessoas sem-teto nos Estados Unidos. ■ 13


SEJA UM

ANJO Não há maior alegria nem melhor recompensa do que o que colhemos quando fazem uma diferença fundamental na vida de alguém. —Irmã Mary Rose McGeady (1928–2012) Faça da época de Natal uma ocasião para não apenas dar coisas materiais, mas para fazer o que conta infinitamente mais… dar de si. —J. C. Penney (1875–1971) Com certeza, é uma época para estarmos felizes, mas também para pensar naqueles que não o estão. —Helen Valentine O espírito do Natal —o amor— muda corações e vidas. —Pat Boone (nascido em 1934) Nada que eu possa fazer mudará a estrutura do Universo. Contudo, posso erguer minha voz para ajudar a maior causa de todas —boa vontade para com os homens e paz na Terra. —Albert Einstein (1879–1955) 14

Não existe Natal ideal, apenas o Natal em que você decide refletir sobre seus valores, desejos, afeições e tradições. — Bill McKibben (nascido em 1960) É o Natal no coração que põe o Natal no ar. —W. T. Ellis (1845–1925) Faça duas perguntas aos seus filhos neste Natal. Primeiro: “O que você quer dar aos outros no Natal?” Segunda: “O que você quer de Natal?” A primeira promove a generosidade e um olhar para as necessidades dos outros. A segunda pode produzir egoísmo se não for moderada pela primeira. —Anônimo O Natal não está nos enfeites, nas luzes ou no espetáculo externo. O segredo está no brilho interior É preciso acender o fogo no coração. Boa vontade e alegria são essenciais para a vida É pensar mais alto e planejar maior É o sonho glorioso na alma do homem. — Wilfred A. Peterson (1900–1995)

O Natal acontece toda vez que você deixa Deus amar os outros por seu intermédio … Sim, é Natal toda vez que você sorri para seu irmão e lhe oferece a mão. —Madre Teresa (1910–1997) Sempre que puder, seja um anjo para alguém. É uma forma de agradecer a Deus pela ajuda que outro anjo lhe deu. —Eileen Elias Freeman É possível pagar um empréstimo feito em ouro, mas ninguém está para sempre livre de uma dívida que se adquire com a gentileza recebida. —Provérbio malaio A melhor doação é aquela que quem a faz não percebe. —Max Beerbohm (1872–1956) O Natal é mais verdadeiramente cristão quando celebrado pela doação da luz do amor aos que mais precisam. —Ruth Carter Stapleton (1929–1983)■


luz de vela Momentos de quietude Abi May

A lembrança, como uma vela, queima com mais brilho no Natal. —Charles Dickens (1812–1870)

Acendo esta vela com EXPECTATIVA… O fato de não sabermos a data exata do nascimento de Jesus não importa. O que conta é que Ele nasceu. Em meio às nossas atividades, vamos parar para pensar sobre o Salvador que viveu, morreu e ressurgiu por nós.1 Vá devagar, tranquilize-se e desperte para o Mistério Divino que aparentemente comum é maravilhosamente presente. —Edward Hays (nascido em 1932), Almanaque de um Peregrino Acendo esta vela com GRATIDÃO... As alegrias e tristezas, os sucessos e os fracassos, as realizações e as decepções do ano que termina estão no passado agora. Vamos dar graças por elas agora, reconhecendo que Deus “Deus o tornou em bem.”2 1. Ver Romanos 14:9. 2. Ver Gênesis 50:20.

3. Ver Salmo 16:11.

Cultive uma atitude de gratidão e dê graças por tudo que acontece a você, sabendo que cada passo para frente é um avanço para alcançar algo maior e melhor que sua atual situação. —Brian Tracy (nascido em 1944) Acendo esta vela em MEMÓRIA… É costume realizar cultos em memória dos demais. Quer você esteja sozinho ou tenha companhia, lembre-se daqueles que partiram antes de nós. Eles não envelhecerão, como nós: A idade não as desgastará nem os anos as condenarão. Ao pôr-do-sol e pela manhã Deles nos lembraremos. —Laurence Binyon (1869–1943) Acendo esta vela em SOLIDARIEDADE… Nem todos têm a bênção de uma família feliz, um teto sobre a cabeça, ou mesmo o suficiente para comer. Vamos orar pelos enfermos, pelos que estão em luto, ou empobrecidos e vamos demonstrar nossa

solidariedade oferecendo a mão em assistência e companheirismo, tanto quando nos for possível. A essência do Natal é um coração generoso, um coração aberto que pensa primeiro nos outros. —George Matthew Adams (1878–1962) Acendo esta vela em ORAÇÃO… Um novo ano está prestes a nascer. Levemos nossas esperanças e expectativas a Deus na confiança de que Ele caminhará conosco na vereda que está diante de nós.3 Caminhe comigo, ó, meu Senhor, Tanto na noite mais escura quanto no dia mais brilhante; Esteja ao meu lado, Ó Senhor, Toma minha mão e guia meus passos —Estelle White (1925–2011)

Abi May é escritora freelance e educadora na Grã Bretanha. ■ 15


Com Amor, Jesus

MEU PRESENTE DE NATAL

Qual foi meu presente para o mundo no Natal? Minha vida para o perdão de seus pecados, para que de Mim e por Mim e em Mim você pudesse ter vida.1 Tudo começou quando criei o belo e maravilhoso mundo no qual você vive e lhe dei vida. Então lhe dei Minha vida, ofereço a você o acesso para a vida eterna. Eu lhe dou esperança pelo conhecimento de que sou eterno, imutável e que jamais me distanciarei. Prometo-lhe coisas boas agora e no porvir. Sei que nesta vida você encontrará dificuldades 1. Ver Romanos 11:36. 2. Ver João 16:33. 3. Ver 1 João 4:4. 4. Hebreus 13:5, João 14:18

e problemas, mas lhe prometo estar ao seu lado quando os enfrentar.2 Tenha a certeza de que com Minha força, você poderá superar as dificuldades em vez de ser vencido por elas.3 Prometo-lhe que você jamais ficará sozinho. “Nunca o deixarei nem o abandonarei. Não o deixarei sem consolo.”4 Eu lhe dei a promessa da vida eterna há muito tempo, quando vim para a Terra. Nasci, vivi e morri porque eu o amei e sempre o amarei. Sou seu presente de Natal.


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