A mentalidade do eu primeiro tão prevalente na sociedade atual leva muitos a pensar que as boas maneiras e a gentileza estão à beira da extinção. Em tempos difíceis, é fácil cairmos no modo de sobrevivência e pensarmos apenas em nossas necessidades pessoais. Vamos considerar um pensamento contraintuitivo: é precisamente em tais circunstâncias que devemos destacar nossas habilidades socioemocionais. É principalmente nos momentos de tensão que a gentileza e a amabilidade se tornam ainda mais necessárias.
O tema desta edição da Contato é “bondade corajosa”. O que queremos dizer com isso? A expressão tem vários significados, tais como: ser gentil com os demais, mesmo com aqueles que não nos tratam bem; ajudar alguém necessitado ou ser anonimamente generoso, isto é, sem buscar o reconhecimento alheio. Às vezes, a prática da bondade nos expõe ao risco de parecermos tolos, sempre exige algum esforço e, não raramente, coragem.
Minha mãe era conhecida por ser muito generosa e até intrépida em sua hospitalidade. Quase sempre tinha alguém hospedado em sua casa, fosse um estudante de intercâmbio, um imigrante ou alguém enfrentando dificuldades econômicas. Deus honrou suas boas intenções e nunca deixou de abençoá-la e protegê-la.
Durante eventos esportivos recentes em nossa cidade, Sally e eu tivemos muitas oportunidades de encorajar os atletas e paratletas, assim como os voluntários e espectadores. Ouvíramos nas notícias que os guardas do estádio estavam trabalhando turnos longos e seus salários estavam atrasados. Empurrando minha timidez para o segundo plano, decidi abordá-los na entrada principal do evento e lhes agradecer pelo excelente trabalho para garantir uma atmosfera tranquila nos jogos. Para minha surpresa, um dos jovens guardas, visivelmente sensibilizado, me abraçou e me agradeceu profundamente. Mal sabíamos o quanto ele precisava daquele encorajamento!
Acredito que todos têm histórias semelhantes. Podemos aproveitar as muitas oportunidades que temos para demonstrar gentileza àqueles ao nosso redor se aprendermos a observar e depois darmos um passo de coragem quando vemos alguém necessitado.
Nas páginas seguintes, nossos colaboradores examinarão diferentes aspectos da gentileza e da bondade, tendo Jesus como o maior exemplo de todos. Vamos cada um tentar um pouco de bondade corajosa para tornar nossa parte do mundo um lugar melhor.
Gabriel e Sally García
Equipe Editorial da Contato
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Vivo em um bairro agradável no Rio de Janeiro, longe do centro da cidade e próximo à natureza. Minha casa fica a 1.300 metros da estrada principal, onde passam os ônibus. Como costumo dar carona às pessoas que moram na minha rua, já tive muitas oportunidades de falar com elas sobre Jesus, orar por elas e orientá-las sobre diferentes questões.
Uma dessas pessoas foi uma mãe solteira que havia acabado de se mudar da favela e tentava transferir os filhos para a escola pública no bairro. Ao nos despedirmos, dei-lhe o dinheiro para a passagem de ônibus, pois ao longo de nossa conversa, descobri que lhe faltava.
Não voltei a pensar naquela experiência, até que, algumas semanas depois, meu filho adolescente estava voltando para casa e seu cartão de ônibus apresentou um problema e ele não tinha dinheiro com ele. O motorista ia deixá-lo no meio do nada, mas a mulher que eu havia ajudado estava no mesmo ônibus e pagou-lhe a passagem para que ele pudesse chegar em casa em segurança. Foi ela própria que me contou isso, toda feliz, quando nos vimos novamente. Apesar de ser muito pobre, ajudar alguém foi uma experiência de grande importância para ela.
Um membro da minha família foi grandemente ajudado por minha mãe durante sua juventude. Tempos
depois, quando minha mãe já havia falecido e eu, viúva, criava meus filhos sozinha, aquela parente me ajudou a conseguir documentos e outras necessidades urgentes. Nos últimos anos, meus filhos crescidos e eu também pudemos ajudá-la em várias ocasiões, o que nos deixou muito felizes.
Este é o princípio da “corrente do bem”. Às vezes, um simples ato de bondade ou generosidade pode atravessar nações e gerações. Mesmo que não vejamos os resultados, cada ato de bondade tem repercussões, como uma pedra que é jogada em um lago.
A bondade também é uma expressão de gratidão e fé. Você mostra aos outros o quanto é grato pelas bênçãos de Deus, que deseja que eles participem dessas bênçãos e que acredita nas Suas promessas de provisão.
Mesmo que as pessoas nem sempre reconheçam ou compreendam seus esforços, há um grande livro no céu onde tudo está sendo registrado e, como um bumerangue, nossas boas ações sempre voltarão na nossa direção, seja nesta vida ou na vida futura.
Rosane Cordoba é escritora freelancer, tradutora e produtora de materiais infantis cristãos e para a formação de caráter. ■
A COMPAIXÃO CRISTÃ
Por Peter Amsterdam
Os relatos nos Evangelhos demonstram claramente que Jesus tinha grande compaixão pelos outros e que ensinava aos Seus discípulos fazer o mesmo. Vemos isso nas parábolas que Ele ensinou, como a história do Bom Samaritano, na qual o protagonista demonstrou compaixão quando cuidou das feridas e arcou com as despesas de hospedagem de um judeu espancado durante um assalto (Lucas 10:30–35).
Na parábola do Filho Pródigo, um jovem pede ao pai
a sua parte da herança, o que, no contexto da época, era o mesmo que dizer: “Gostaria que você estivesse morto”. Com o dinheiro em mãos, o rapaz parte para uma terra distante, desperdiça tudo que recebera e, sem alternativa, volta para a casa de seu pai. Quando este viu o rapaz arrependido, ainda a uma grande distância, “cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou” (Lucas 15:11–32).
No tempo que passou na Terra, Jesus viu pessoas pade-
cendo necessidade, compadeceu-Se e as ajudou (Mateus 14:14). O milagre da multiplicação dos pães e peixes é um exemplo emblemático disso, narrado no Evangelho segundo Mateus:
Jesus chamou Seus discípulos e disse: “Tenho compaixão desta multidão; já faz três dias que eles estão comigo e nada têm para comer. Não quero mandá-los embora com fome, porque podem desfalecer no caminho”.
Os seus discípulos responderam: “Onde poderíamos encontrar, neste lugar deserto, pão suficiente para alimentar tanta gente?”
Jesus lhes disse para usarem o que tinham: sete pães e alguns peixes pequenos. Então milagrosamente multiplicou aquele alimento, de modo que mais de quatro mil pessoas comeram e ficaram satisfeitas (Mateus 15:32–38).
Em outra passagem no Evangelho segundo Lucas, lemos sobre Jesus consolando uma viúva cujo único filho acabara de morrer e estava sendo levado para ser sepultado. Então, Jesus “aproximou-Se e tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Jesus disse: “Jovem, Eu lhe digo, levante-se!” O jovem sentou-se e começou a conversar, e Jesus o entregou à sua mãe (Lucas 7:12–15).
Durante Sua estada na Terra, Jesus foi um exemplo vivo dos atributos de Seu Pai, tais como a compaixão. Em várias passagens do Antigo Testamento, lemos sobre a compaixão de Deus: “Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem” (Salmo 103:13).
“Pois o Senhor consolou o seu povo, e terá compaixão dos seus aflitos” (Isaías 49:13 ACF).
As palavras compaixão e empatia são muito utilizadas nos dias de hoje, mas o que exatamente significa compaixão? Segundo os dicionários, é um “sentimento piedoso
de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la.”
Uma das palavras hebraicas do Antigo Testamento traduzidas como compaixão também significa “útero” e remete à compaixão protetora de um mãe por uma criança indefesa - uma emoção profunda que se traduz em serviço altruísta. O termo é geralmente usado em referência à compaixão de Deus, como no Livro do Êxodo, onde lemos: “E passou diante de Moisés, proclamando: Senhor, Senhor, Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade” (Êxodo 34:6).
No Novo Testamento, uma das expressões mais frequentemente traduzidas para compaixão está relacionada à palavra grega para “entranhas”, enquanto sede das emoções humanas. Transmite a ideia de se estar profundamente comovido, a ponto de realizar atos de bondade e misericórdia. Outra palavra, “sumpathes”, transmite o significado de “sofrer com” ou “sofrer ao lado de”.
Compaixão é ter um forte sentimento em relação à situação ou estado de outra pessoa e fazer algo para mudá-lo. Trata-se de melhorar as coisas para alguém necessitado. Não é compaixão se não produzir alguma reação, seja uma palavra amável ou ato, uma oração, apoiar alguém em seu luto e expressar sua tristeza ou preocupação.
Também pode significar tomar medidas para mudar a situação ou circunstâncias; protestar contra leis injustas e promover a justiça social. Pode significar dedicar tempo e esforço para alimentar os famintos, ajudar órfãos, visitar os doentes e os enlutados, compartilhar o Evangelho com os outros, ou de alguma forma assistir aos necessitados.
A compaixão é irmã da empatia — a capacidade de se identificar com os sentimentos alheios, a ponto de se
colocar no lugar de alguém para entender, da perspectiva da outra pessoa, o que ela está passando. Em resumo, a compaixão é parte do amor.
A Bíblia ensina: “Como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência” (Colossenses 3:12). No entanto, como cultivar esse aspecto do amor? Um bom ponto de partida é refletir sobre a instrução de Jesus: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mateus 22:39). Quando aprendemos a nos colocar no lugar dos outros, ser gentil e compassivo se torna mais fácil. É importante também ponderar sobre o ministério de Jesus. Ele viu pessoas necessitadas — os cegos, os famintos, os enlutados, os doentes, os excluídos socialmente — e, em vez de as ignorar e passar adiante, Ele as notou, parou e agiu. É fácil, em nossas vidas agitadas, não perceber que os outros que estão passando por dificuldades e precisando de ajuda. É fácil ficarmos tão absorvidos com nossos próprios problemas, necessidades e preocupações a ponto de não vermos verdadeiramente as pessoas ao nosso redor.
Reconhecer o amor do Senhor por nós pode nos ajudar a sermos mais compassivos, lembrando que, embora sejamos indignos, cheios de falhas e pecadores, Deus interviu por nós a um custo enorme. Sacrificou Seu amado Filho, Jesus, para nos resgatar em nosso momento de necessidade. Quando refletimos sobre a compaixão que nos mostra, quando o louvamos e Lhe agradecemos pelo que faz por nós, somos compelidos a reagir à dor alheia com Seu amor e compaixão (2 Coríntios 5:14–15).
Jesus tinha compaixão pelos que sofriam, pelos excluídos, pelos pobres, pelos necessitados e ensinou a Seus seguidores a fazerem o mesmo. Ensinou que sempre que alimentamos os famintos, mostramos hospitalidade a um estranho, ou visitamos os doentes ou aqueles na prisão, estamos fazendo isso a Ele (Mateus 25:37–40).
Não é difícil acharmos que nossos esforços para ajudar os outros sejam comparativamente insuficientes, já que Jesus era Deus e podia realizar poderosos milagres. No entanto, para quem precisa, a compaixão pode parecer um milagre. Um pequeno ato de bondade pode fazer
uma grande diferença em suas vidas e lhes dar a coragem para seguir adiante.
Receber Jesus em nossos corações e ser cheio do Espírito de Deus são decisões essenciais para termos esse tipo de compaixão pelos outros. Vivenciar Seu amor por meio de uma comunhão próxima, conviver com Ele, refletir sobre Sua graça e bondade para conosco em nossa vida cotidiana nos ajuda a viver na consciência de Seu amor por nós pessoalmente. Quando experimentamos Sua misericórdia, generosidade e amor incondicional, somos mais capazes de incorporar Sua compaixão e bondade e permitir que Seu amor flua através de nós para os outros.
Jesus serviu os outros com compaixão, e como Seus seguidores, somos chamados a fazer o mesmo.
Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã de fé. Adaptado do artigo original. ■
AMAR OS NECESSITADOS
Por Andrew Heart
Em Lucas 14:16–24 , Jesus contou uma parábola sobre um homem que “estava preparando um grande banquete e convidou muitas pessoas” e enviou seus servos para “sair rapidamente pelas ruas e vielas da cidade e trazer os pobres, aleijados, cegos e mancos” para participarem de seu banquete.
Em nosso trabalho missionário, minha esposa Anna e eu costumávamos procurar por pessoas a quem pudéssemos mostrar o amor de Jesus, mas nunca nos ocorrera que Deus nos chamaria para viver entre essas pessoas necessitadas. Foi exatamente o que aconteceu. Depois de ter vivido em um apartamento relativamente grande em um bairro agradável, o Senhor nos guiou a nos mudarmos para um conjunto de casas geminadas de aluguel baixo que costumavam servir de instalação para idosos, mas que agora estão sendo usadas pela cidade para abrigar os “pobres, aleijados, cegos e mancos”.
Quando conhecemos o pequeno apartamento, vimos muitos residentes da localidade usando bengalas ou andadores. Como Anna também estava tendo dificuldades para andar, foi fácil para ela se identificar com nossos novos vizinhos. Ter compaixão por suas aflições abriu a porta para compartilharmos o amor e a verdade de Jesus com eles.
Nossa nova situação é uma mina de ouro de oportunidades para compartilhar o Evangelho e “sair para evangelizar” agora significa simplesmente sair de casa! Como essas pessoas geralmente levam vidas solitárias, ficam muito agradecidas quando têm alguém para conversar. Como muitos passam o dia sentados aos portões de suas casas, é muito fácil abordá-los, puxar conversa e lhes dizer quanto Jesus as ama.
Agora entendemos mais claramente por que o homem na parábola de Jesus enviou seu servo para chamar os excluídos para o seu banquete. Pessoas em circunstâncias mais confortáveis ou bem-sucedidas tendem a pensar que não precisam de Jesus. Não é o caso de nossos vizinhos que, prontamente O recebem!
Ao longo de nossos anos de serviço a Jesus, como Paulo explicou em 1 Coríntios 9:22, temos sido dispostos a nos tornamos “tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns.” E estamos felizes que o Senhor nos conduziu a esta oportunidade especial.
Andrew Heart e sua esposa, Anna, são missionários há quase cinco décadas. Atualmente, trabalham principalmente nos Países Bálticos e na Polônia. ■
O LIVRO DA AMIZADE
Por Sally García
Comprei um livrinho usado em uma feira intitulado O Livro da Amizade. Sob o pseudônimo de Francis Gay, seu autor H.L. Gee publicou uma edição por ano desde 1939. É um livro sobre simples atos de bondade, tais como: uma senhora que registrava em um diário suas aventuras para ter histórias para compartilhar quando visitava idosos, um adulto que parava para ouvir as histórias de uma criança sobre seu dia na escola, um comerciante amável, um servidor público abnegado.
Viktor Frankl, sobrevivente do Holocausto e autor de “Em Busca de Sentido”, acreditava que nenhum ato de bondade se perde. Todos são valorizados e armazenados nos “celeiros do passado” que guardam a colheita de nossas vidas.
Acredito que não apenas a bondade nunca se perde, mas há sementes nesses “celeiros” que, quando plantadas, resultam em colheitas nas vidas dos outros. Suponha, por exemplo, que você dedique tempo para ajudar um garoto que depois se torne um homem generoso e atencioso. Mesmo que ele não se lembre de você ou da sua bondade, pode ser que a atenção que você lhe deu o impactou de tal modo que, ao se tornar adulto, foi mais gentil e atencioso às necessidades dos outros. Sua bondade não se perdeu. Ela foi plantada, cresceu e se multiplicou.
Li online uma resenha sobre “O Livro da Amizade” escrita por uma jovem que também encontrou uma edição antiga em uma pilha de livros usados. Descreveu o efeito que livro tivera sobre ela, contou que gostava de destacar trechos que lhe chamavam a atenção e compartilhar com seus amigos. Imagine! Relatos de atos de bondade de pessoas que provavelmente já não estão mais neste mundo fizeram diferença na vida de uma jovem e de seus amigos em outro século!
Quando Jesus falou sobre os sinais de Sua volta nos últimos dias, disse que “o amor de muitos esfriará” (Mateus 24:12). Parece que estamos vivendo em uma era de individualismo e indiferença. Mas a Bíblia também diz, em referência a Jesus, que “a luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotam” (João 1:5). E Jesus nos chama também a sermos a “luz do mundo” (Mateus 5:14). Ele está chamando cada um de nós para irradiar Sua luz nas trevas das vidas dos outros. E mesmo os menores atos de bondade podem ter mais impacto do que algum dia saberemos.
Sally García é educadora, escritora, tradutora, missionária e mentora. Vive no Chile com seu marido, Gabriel, e está afiliada à Família Internacional. ■
PARA PENSAR
As Maravilhas da Bondade
Com cada ato, você está plantando uma semente, embora talvez não chegue a ver a colheita.
— Ella Wheeler Wilcox
Não julgue cada dia pelo que colhe, mas pelo que semeia. — William Arthur Ward
Espalhe amor por onde você for. Que ninguém venha até você sem sair mais feliz. — Madre Teresa
Faça o bem, mesmo que algo pequeno, onde estiver; são os pequenos atos de bondade somados que vencem o mundo. — Desmond Tutu
Às vezes, basta um ato de bondade e desvelo para mudar a vida de uma pessoa. — Jackie Chan
Amor e bondade nunca são desperdiçados. Sempre fazem a diferença. — Barbara De Angelis
Seja gentil, pois todos que você encontra estão travando uma batalha difícil. — Ian MacLaren
Como mudamos o mundo? Um ato aleatório de bondade de cada vez. — Morgan Freeman
Um sorriso caloroso é a linguagem universal da bondade.
— William Arthur Ward
Ser gentil significa responder às necessidades dos outros — e todos, velhos e jovens, podemos ser gentis. — Fred Rogers
Como um dia pode ser belo quando a bondade o toca!
— George Elliston
Aquele que sabe demonstrar e aceitar a bondade será um amigo mais valioso do que qualquer posse. — Sófocles
A verdadeira beleza nasce pelas nossas ações e aspirações e na bondade que oferecemos aos outros. — Alek Wek
Aprendi que as pessoas esquecerão o que você disse e o que você fez, mas nunca como as fez sentir. — Atribuído a Maya Angelou
A bondade pode transformar um momento sombrio com uma explosão de luz. Você nunca saberá o quanto seu interesse pelo próximo importa. Faça a diferença para alguém hoje. — Amy Leigh Mercree
Pergunte a si mesmo: você foi gentil hoje? Faça da bondade seu modus operandi e mude o seu mundo.
— Annie Lennox
Se estamos pedindo para o mundo ser gentil, devemos primeiro perguntar o que estamos fazendo para acrescentar mais bondade ao mundo. Se estamos pedindo para o mundo ser mais amoroso, devemos primeiro perguntar o que estamos fazendo para acrescentar mais amor ao mundo. Somos os recipientes que guardam as coisas que buscamos. — Joél Leon
A ternura e a bondade não são sinais de fraqueza e desespero, mas manifestações de força e resolução.
— Kahlil Gibran ■
SEU ÚLTIMO DIA
Por Marie Story
O que faria se soubesse que este dia é o seu último na Terra? Essa pergunta aparece em centenas de livros motivacionais, seminários e palestras. Às vezes, é formulada de maneira diferente, mas aborda o mesmo conceito: Viva cada dia como se fosse o último. O problema com frases frequentemente repetidas é que podem perder seu significado rapidamente.
Também é uma pergunta difícil de responder, pelo menos se você não estiver realmente à beira da morte. A maioria das pessoas diz que usaria esse último dia para fazer algo bom. Muitos afirmam que buscariam se reconectar com aqueles que são importantes para eles, fariam algo para ajudar os outros, tentariam corrigir algum erro, perdoariam e pediriam perdão. Parece que muita gente vê
a necessidade de redenção, um dia para compensar tudo o que falharam em fazer ao longo de suas vidas.
O importante é viver de tal maneira que você não deixe para o último dia para acertar tudo. É verdade, mas falar é fácil. Podemos ficar tão envolvidos na agitação da vida que sequer pensamos nas coisas que farão nossas vidas valerem a pena.
Então, como viver cada dia como se fosse o seu último? Não surpreendentemente, podemos aprender com a vida de Jesus a priorizar o que realmente importa em nosso dia a dia.
Sabia que Sua missão na Terra estava terminando e que em breve seria traído e executado. E como Ele viveu Suas últimas 24 horas?
Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo. — Efésios 4:32
Foi humilde Passou tempo com Seus discípulos para compartilhar uma refeição com eles. Antes, porém, lavou-lhes os pés, um trabalho geralmente atribuído ao servo menos qualificado. Como as pessoas andavam de sandálias por estradas empoeiradas e lamacentas, os pés eram, em geral, muito sujos. Mas Jesus mostrou aos Seus discípulos grande amor e humildade ao Se curvar para lavar os pés deles. Ele se fez servo (João 13:5).
Ele foi submisso e obediente. Ciente da angústia atroz que trariam Sua iminente tortura e morte, Jesus orou tão fervorosamente que suou sangue. Contudo, confiante de que Seu Pai sabia o que era melhor, proclamou: “não seja feita a Minha vontade, mas a Tua” (Lucas 22:41–44).
Ele foi amor incondicional. Traído, não retaliou; maltratado, não perdeu a paciência. Aqueles que Lhe eram mais próximos, Lhe viraram as costas, mas Ele não reagiu com raiva. Injustamente acusado e humilhado, mediu bem Suas palavras (Lucas 22:45–71).
Ele foi sincero. Perante seus juízes — primeiro o Sinédrio e depois Pilatos — perguntaram-Lhe diretamente: “Você é o Filho de Deus?” Ele poderia ter poupado a Si mesmo muita dor e angústia simplesmente contornando a verdade. Mas sustentou a verdade, não importando o custo (Lucas 22:66–71; Lucas 23:1–3).
Ele perdoou. Depois de ser chicoteado, zombado e arrastado pelas ruas para ser pendurado em uma cruz,
Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes.” Ele poderia ter invocado fogo e relâmpagos sobre Seus atormentadores e os amaldiçoado por machucar o Filho de Deus. Mas, em vez disso, Ele os perdoou, mesmo enquanto zombavam dEle e O insultavam (Lucas 23:34).
Ele foi altruísta. Em plena a agonia da crucificação, Jesus tomou as providências necessárias para que Sua mãe permanecesse amparada e não se negou a ouvir e tranquilizar o ladrão que morria ao seu lado. Em vez de pensar em Si mesmo e na dor que sentia, ocupou-Se dos outros e do bem-estar deles (Lucas 23:39–43; João 19:25–27).
A maneira como Jesus passou Seu último dia não foi diferente de como sempre vivera, encontrando oportunidades para amar, dar, perdoar e compartilhar o amor de Seu Pai com os outros.
Jesus viveu cada dia como se fosse o último porque sinceridade, humildade, amor, perdão e bondade eram partes integrantes de Sua natureza. Viver cada dia como se fosse o último é dedicar seu tempo e energia às coisas importantes — coisas que não desvanecerão com o tempo, mas permanecerão pela eternidade.
Marie Story mora em San Antonio, EUA, onde trabalha como ilustradora freelancer e atua como conselheira voluntária em um abrigo local para pessoas sem-teto. ■
A BOA AÇÃO QUE DEU ERRADO
Por Amy Joy Mizrany
Não me lembro de um momento em que meu coração tenha se sentido tão machucado. Fizera um favor para um amigo, mas depois ouvi dizer que ele achava que eu tinha sentimentos maliciosos em relação a ele. Por razões que eu não conseguia entender, ele estava falando para pessoas próximas a mim que eu tinha dito coisas que nunca disse e insinuava que meus motivos — ou o que ele presumia serem meus motivos — eram ruins.
Minha primeira reação foi de raiva. Eu tinha feito tudo o que podia para ajudar aquele homem, de boa fé e motivada por amor. Quando notei que ele precisava de ajuda, fiquei sensibilizada e parei o que estava fazendo para socorrê-lo, mas agora eu estava sendo prejudicada.
Quando superei a raiva inicial, descobri que eu estava profundamente magoada. Eu não tinha como provar minhas intenções nem convencê-lo de que eu não lhe queria mal.
Vi-me diante de uma decisão: continuar tentando lhe mostrar seu erro, deixar minha raiva explodir sobre ele, ou removê-lo da minha vida e seguir em frente sem me deixar atormentar pelas suas desinformações deliberadas. Ou ainda... perdoá-lo.
Não era uma escolha fácil. Eu sabia que ele não estava nem aí com o meu perdão ou com a falta dele.
Convencido de que eu tinha maus intentos, já me havia cortado de suas relações. Quais seriam as consequências de perdoá-lo? Pareceria uma recompensa à sua ingratidão e eu não queria recompensá-lo de forma alguma.
Então, o Senhor falou ao meu coração: Por que você fez aquela boa ação? Foi para conquistar o amor de seu colega? Foi para que sua ação fosse considerada uma bondade? Ou foi porque você sabe que a bondade é o que quero que você demonstre o tempo todo, a qualquer pessoa. Então, decidi dedicar minha tentativa de bondade ao Senhor. Foi por Ele que a fizera e não importava mais se os outros não entendessem que foi um ato que surgiu em um coração cheio de amor. O Senhor sabia e ensinou que mesmo que as pessoas nos insultem, digam todo tipo de mal contra nós, ou nos interpretem mal e nos tratem cruelmente, devemos amá-las e mostrar bondade. (Veja Mateus 5:43–48.) Decidi que assim faria porque amo o Senhor e Ele quer que eu seja bondosa.
Amy Joy Mizrany nasceu e vive na África do Sul, onde é missionária em tempo integral com a organização Helping Hand e membro da Família Internacional. Em seu tempo livre, ela toca violino. ■
MINHA OVELHA PERDIDA
Por Marie Alvero
Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la? E quando a encontra, coloca-a alegremente nos ombros e vai para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e vizinhos e diz: “Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida!” — Lucas 15:4–6
Muitos exemplos me ocorrem quando penso na bondade de Deus para conosco. Lembro da vinda de Jesus à terra, e como Se dispôs a Se separar de Deus e da perfeição, compartilhar do sofrimento da humanidade e morrer como um pecador. Mas a história da ovelha perdida é uma das minhas favoritas porque mostra a bondade de Jesus de uma maneira tão prática.
Imagine um pastor cuidando de suas ovelhas nos campos. Ele passa o dia sozinho com seu rebanho — seu patrimônio e sua fonte de sustento. Quando uma delas desaparece, o pastor entende que aquela ovelha vale tanto que, para encontrá-la, decide deixar todas as outras.
Então me pergunto: quem é essa ovelha em meu rebanho?
Estou pensando em um colega de trabalho que leva o dobro do tempo para aprender as coisas e tem muita dificuldade de acompanhar o ritmo dos
demais. Há dias em que preciso passar mais tempo com ele do que com qualquer outra pessoa. Nesses momentos, ele é “minha ovelha perdida”.
Minha filha mais teimosa é, às vezes, “a minha ovelha perdida”.
Minha amiga cuja fé está muito abalada pode ser “minha ovelha perdida”.
Entende? É quem mais precisa de mim. Vá atrás dessa pessoa, como Jesus fez. Buscou aquele que não fez o que deveria e se perdeu, precisando, portanto, ser resgatado. Aquela única ovelha valia a pena!
Marie Alvero foi missionária na África e no México. Atualmente, vive com seu marido e filhos na região central do Texas. ■
Todos nos desviamos às vezes e nos perdemos, mas Jesus nunca Se cansa de nos resgatar. Cada um de nós tem grande importância para Ele! Se você ainda não conhece o Bom Pastor, pode recebê-lO fazendo esta simples oração:
Jesus, por favor, perdoe-me pelos meus pecados. Acredito que Você morreu por mim e quero que seja meu Pastor. Por favor, entre no meu coração, encha-me com o seu Espírito Santo e me ajude a segui-lO de perto. Amém.
CONTROLANDO UM INCÊNDIO FURIOSO
Por Chris Mizrany
Sempre tive uma mente acelerada e uma resposta na ponta da língua.
Quando era mais jovem, usava isso como um mecanismo de autopreservação para desviar a atenção das minhas próprias limitações ou falhas. Virei o “engraçadinho” no meu grupo de amigos e rapidamente isso evoluiu para ser aquele que encontrava falhas no
humor, apresentações ou ideias dos outros. Julgava que era tudo em tom de gozação porque eu estava “apenas brincando” ou porque me sentia justificado porque eu ficara irritado com algo; no entanto, em retrospectiva, tenho certeza de que frequentemente causei um mal maior do que eu percebia.
Um dia, conversava com um amigo quando o assunto se voltou para o poder das palavras, especificamente como um comentário casual pode marcar alguém por muito, muito tempo. De repente, várias lembranças inundaram minha mente —observações indelicadas feitas ao longo dos anos que ainda afetam negativamente como me vejo hoje e tornam algumas áreas da minha vida um desafio para enfrentar ou ter confiança. A maioria foi dita casualmente, ou por alguém que duvido se lembre do que disse, mas eu não esqueci e ainda dói.
Foi então que percebi (de novo) que as palavras são coisas reais e têm poder, sejam elas ditas “na brincadeira”, com maldade dissimulada ou com raiva mesmo. A Bíblia nos adverte que “a língua é um fogo” e que, mesmo sendo “um pequeno órgão do corpo, se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha!” (Tiago 3:5–6). Sinto vergonha quando vejo que muitas vezes eu poderia ter encorajado os outros, mas, em vez disso, escolhi derrubá-los com meu orgulho ou sarcasmo. Sei que minhas palavras, ainda que aparentemente inofensivas então, podem ter sido profundamente prejudiciais e gostaria de poder retirar o que eu disse.
Agora, tomo a decisão de controlar ou “levar cativas” minhas palavras e não apenas meus pensamentos (2 Coríntios 10:5). Quero ser conhecido como alguém gentil, atencioso, cuidadoso e que faz as pessoas se sentirem melhor. Quero falar palavras de vida e amor. Meu fogo ainda pode se descontrolar de vez em quando, mas com Jesus e a água de Sua Palavra diariamente ao meu lado, poderei aquecer os outros, não queimá-los.
Chris Mizrany é missionário, fotógrafo e designer de web na organização Helping Hand na Cidade do Cabo, África do Sul. ■
BUMERANGUE
Por Virginia Brandt Berg
Fui ao circo pela primeira vez quando era criança. Diante dos meus olhos maravilhados, havia três picadeiros em plena ação: animais se apresentavam em um, enquanto acrobatas saltavam e voavam no outro. O que mais me interessou, no entanto, ocorria na terceira arena: Um casal lançava objetos coloridos, que, depois de atravessarem o picadeiro, retornavam exatamente para as mãos que os lançaram. Não importava para qual direção eles fossem atirados, faziam uma curva e voltavam rapidamente para os jovens artistas, que os pegavam e novamente os arremessavam.
Eu assistia encantada. “São bumerangues,” alguém ao meu lado disse. Foi a primeira vez que ouvi a palavra que nunca mais esqueci.
Já ouvi o termo muitas vezes desde então e vi o mesmo fenômeno se manifestar na vida. Na verdade, a vida é um bumerangue. A Palavra de Deus diz: “O que o homem semear, isso também colherá” (Gálatas 6:7). Tudo que dizemos e fazemos volta algum dia. Seja boa ou má, cada ação retornará para nós e, muitas vezes, ganhará impulso ao fazer isso.
Certa manhã, visitei duas mulheres no mesmo hospital. O quarto de uma estava cheio de flores, cartões e todo tipo de presentes de amigos e conhecidos, gestos de consideração e amor, preocupação e simpatia. A cena refletia sua vida. Semeara amor e consideração ao longo dos anos, e agora tudo estava voltando para ela
em sua hora de necessidade.
Em outro quarto, no mesmo corredor, outra estava sozinha, autocêntrica, desconfiada e crítica como sempre fora. Estava deitada, voltada para a parede —como o muro duro, frio e vazio que construíra ao seu redor ao longo da vida.
Que grande diferença havia entre os dois quartos! Os bumerangues tinham voltado para ambas as mulheres, mas de maneiras muito diferentes.
“Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês” (Lucas 6:38). Qualquer pessoa que viva de maneira abnegada, buscando aliviar os fardos dos outros, amenizando a dor alheia e tentando atender às suas necessidades, verá esse bumerangue voltar na forma de bênçãos algum dia!
Virginia Brandt Berg (1886–1968) foi uma pregadora e pastora americana. ■
Com amor, Jesus
BONDADE EM AÇÃO
Eu sou o Deus do universo, o Criador de todas as coisas, tanto grandes quanto pequenas. Mesmo assim, vim para esta terra para servir a todas as pessoas — até mesmo as que parecem menos favorecidas e, aos olhos do mundo, sem valor ou dignidade. Fui enviado para elas e “Assim como o Pai Me enviou, eu os envio” (João 20:21).
No dia a dia e nas suas andanças pelo mudo, caminho com você, e Meu Espírito opera em você para alcançar os perdidos, os quebrantados, os abandonados e os marginalizados. Quando você ajuda um idoso a atravessar a rua, estou com você; quando tenta animar pessoas que estão mendigando ou em situação de rua, você é Meu mensageiro de esperança.
Quando procura incentivar seus vizinhos, compreender seus problemas e orar por eles, suas palavras e ações amáveis regam as sementes do Meu amor e verdade em seus corações. Sempre que você se aproxima de um amigo ou membro da família em aflição e ajuda a aplacar seus medos e tranquilizá-los, faz com que recebam um toque da Minha bondade amorosa.
Quando você está atento às necessidades dos outros e é movido pela compaixão a dedicar seu tempo, força e recursos para ajudá-los, você está fazendo isso para Mim (Mateus 25:40). E quando o seu tempo na terra terminar, você ouvirá Minha voz dizendo: “Muito bem, servo bom e fiel!” e partilhará da Minha alegria para sempre (Mateus 25:21).