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Incentivos ao sistema de inovação em Portugal precisam-se!

Por Célia Esteves*

OEuropean innovation Scoreboard (EiS), publicado anualmente, fornece uma avaliação comparativa do desempenho dos Estadosmembros da uE e de alguns países terceiros relevantes, em matéria de investigação e de inovação. Apresenta também os pontos fortes e fracos dos respetivos sistemas de investigação e de inovação, permitindo aos países determinarem os domínios em que devem concentrar os seus esforços para melhorarem o seu desempenho em termos de inovação.

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Em 2021 verificaram-se alterações nos indicadores considerados para efeito do índice, tendo sido acrescentados os âmbitos da digitalização e da inovação sustentável para aumentar a abrangência e a coerência com as preocupações atuais. de notar que a maior parte dos dados utilizados nesta edição não são suficientemente recentes para captar o impacto da pandemia da covid-19. depois de, em 2020, Portugal ter sido noticiado por ótimas razões, já que pertencia, pela primeira vez, ao grupo dos países fortemente inovadores, é importante saber o que aconteceu na avaliação mais recente.

Será que o Sistema de inovação Português se manteve no segundo grupo mais inovador?

O índice de inovação é composto por 32 indicadores agrupados em 12 âmbitos. Os Estados-membros são classificados num de quatro grupos conforme a pontuação média obtida nesses indicadores. Em 2021 obteve-se a seguinte distribuição: - líderes de inovação – inclui quatro países com desempenho acima de 125% da média Europeia: Bélgica, dinamarca, Finlândia e Suécia; - Fortemente inovadores – inclui sete países com desempenho entre 100% e 125% da média europeia: Áustria,

Estónia, França, Alemanha, irlanda, luxemburgo e Países Baixos; - inovadores moderados – inclui nove países com desempenho entre 70 e 100% da média europeia: chipre,

República checa, Grécia, itália, lituânia, Malta, Portugal, Eslovénia e Espanha; - inovadores emergentes – inclui sete países com desempenho abaixo de 70% da média europeia: Bulgária, croácia, Hungria, letónia, Polónia,

Roménia e Eslováquia. de forma mais concreta, o índice de inovação europeu cresceu 12,5 pontos percentuais (p.p.) em relação a 2014, em particular como consequência do aumento significativo dos indicadores: penetração de banda larga, investimento por capital de risco e co-publicações científicas internacionais.

Verificou-se uma melhoria de todos os Estados-Membros entre 2014 e 2021, sendo que Portugal cresceu menos (oito p.p.) do que a média (12,5 p.p.). Este aumento inferior à média europeia deveu-se bastante à redução de 8,2 p.p. de 2020 para 2021. torna-se, então relevante analisar em que indicadores o desempenho de Portugal contribuiu negativamente para este resultado, com a correspondente consequência de passagem para o terceiro grupo mais inovador.

Em que âmbitos o Sistema de inovação Português tem provas dadas?

O EiS de 2021 mostra Portugal acima do índice europeu nos âmbitos: atratividade dos sistemas de investigação, digitalização, uso de tecnologias de informação e capacidade de colaboração.

Nestes âmbitos é de relevar indicadores específicos que contribuem para o reforço dos valores. Portugal tem elevada capacidade de atração de estudantes de doutoramento; elevada penetração de tecnologias de banda larga; e elevada mobilidade de recursos humanos nas áreas de ciências e tecnologia. Por outro lado, e ainda nos âmbitos identificados, é necessário tomar ações para melhorar a capacidade de colaboração entre PME, já que este indicador apresenta valores mais baixos do que em 2014 e muito abaixo dos da média europeia.

E em que âmbitos é necessário intervir de forma mais determinada?

Os responsáveis políticos portugueses precisam de tomar ações para inverter significativamente os resultados do EiS nos seguintes âmbitos: sustentabilidade ambiental; investimento empresarial em investigação, desenvolvimento e inovação; emprego em empresas inovadoras ou em atividades intensivas em conhecimento;

capacidade de introdução de inovações no mercado.

A sustentabilidade ambiental está na ordem do dia, mas as ações para a redução dos impactos negativos no ambiente ainda não estão nas prioridades portuguesas. Este é um âmbito de análise novo no EiS e os indicadores portugueses mostram insuficiente preocupação em aspetos como a utilização dos recursos materiais e as emissões de partículas.

É determinante a definição e implementação de políticas que incentivem o investimento das empresas em investigação e desenvolvimento e outras atividades de inovação. conjugando este parâmetro com a análise ao emprego, verifica-se que Portugal reduziu substancialmente, na comparação com a média europeia, os postos de trabalho em empresas inovadoras, mas, por outro lado, também reduziu o investimento per capita em atividades de inovação. Ou seja, há uma evidente falta de pessoas em atividades com impacto na capacidade de inovar.

Esta análise é corroborada pelos indicadores relacionados com a proporção de PME com capacidade de introduzir inovações de produto e de processo no mercado. Portugal retrocedeu substancialmente nestes indicadores, principalmente no que mede as empresas que introduzem inovações de processo. O impacto deste ponto fraco é mais profundo, já que empresas com processos pouco eficientes serão, consequentemente, pouco produtivas. Aliás, todos estes indicadores com classificação menos positiva no EiS contribuem negativamente para a produtividade da economia portuguesa.

E como dar a volta?

Os resultados de 2021 mostram redução de investimento em relação ao ano anterior, em alguns âmbitos, e ainda sem o impacto da pandemia. Assim, faz sentido começar por recuperar o investimento de 2020. As políticas podem passar por atribuir mais benefícios fiscais ou incentivos financeiros ao investimento em i&d e inovação, vinculados a estes indicadores de resultados. Para começar, as agendas mobilizadoras do PRR podem ter um contributo para estes pontos fracos do Sistema de inovação português já que proporcionarão incentivos financeiros a projetos que terão com resultado inovações de produto ou processo, a introduzir no mercado em três anos, suportadas em atividades de i&d. Os indicadores de resultados destes projetos têm em conta, por exemplo, o emprego tecnológico, e as inovações tecnológicas introduzidas no mercado, parecendo dar uma resposta direta aos pontos fracos identificados no EiS. 

* Diretora de Sistemas e Processos da Yunit Consulting E-mail: celia.esteves@yunit.pt

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EdP garante 1.250 milhões de euros com a colocação das duas tranches de dívida “verde”

A EDP fez uma emissão, no passado dia 6 de setembro, de duas tranches de dívida verde altamente subordinada. A colocação das duas tranches foi feita abaixo de 2% e trata-se da yield mais baixa de sempre numa emissão da energética portuguesa. A EDP colocou 1.250 milhões de euros de obrigações híbridas de elevada subordinação. Tal como já tinha sido noticiado, a dívida verde tem maturidade de 60,5 anos e é feita em duas tranches com opções de reembolso antecipado ao fim de 5,25 anos e de 7,75 anos. Na tranche que permite o reembolso antecipado ao fim de 5,25 anos, o valor da emissão é de 750 milhões de euros e a taxa de juro é de 1,6%. Já na tranche que permite o reembolso antecipado ao fim de 7,75 anos a emissão é de 500 milhões de euros e taxa de juro é de 1,95%. Em ambos os casos abaixo dos 2%, tal como já era conhecido, adianta o “O Jornal Económico”. Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a EDP confirmou a emissão e revelou que “fixou hoje [6 de setembro] o preço para duas emissões de instrumentos representativos de dívida green subordinada fixed to reset rate: uma no montante total de 750 milhões de euros, com uma opção de reembolso antecipado 5,25 anos após a data de emissão, data de vencimento em março de 2082 e uma yield de 1,6% aplicável até à primeira data de reset, a ocorrer cinco anos e seis meses após a emissão (as NC5.5 Notes) e outra no montante total de 500 milhões de euros, com uma opção de reembolso antecipado 7,75 anos após a data de emissão, data de vencimento em março de 2082 e uma yield de 1,95% aplicável até à primeira data de reset a ocorrer oito anos após a emissão (as NC8 Notes e juntamente com as NC5.5 Notes, as Notes)”. Trata-se da yield mais baixa de sempre numa emissão da EDP. À semelhança das emissões realizadas em janeiro deste ano, janeiro de 2020 e janeiro de 2019, os instrumentos representativos de dívida não são garantidos (unsecured), são sénior apenas relativamente às ações ordinárias da EDP e subordinados às suas obrigações de dívida sénior, explica a elétrica. “De entre as suas características chave destaca-se a opção de diferimento de juros, que é cash-cumulative e compounding, e estão sujeitos a eventos que despoletam o pagamento obrigatório. O cupão está sujeito a resets em datas pré-definidas e de acordo com mecânicas pré-definidas e melhor descritas nos termos das emissões”, diz a EDP em comunicado. O produto líquido das obrigações será utilizado para financiar ou refinanciar, no todo ou em parte, a carteira de Projetos Verdes Elegíveis da EDP.

galp compra mobiletric e adiciona 280 pontos de carregamento elétrico à sua rede

A Galp comprou a Mobiletric, expandindo a sua rede de carregamento elétrico em 280 pontos, adiantou a petrolífera, em comunicado. “A Galp chegou a acordo para a compra da totalidade do capital da Mobiletric, um dos principais operadores do setor da mobilidade elétrica em Portugal, em particular na área do carregamento elétrico rápido e ultrarrápido”, lê-se na mesma nota, na qual a empresa não indica o valor da operação. O grupo liderado por Andy Brown avançou ainda que, “com esta aquisição, a Galp adiciona à sua rede no curto prazo 280 pontos de carregamento, a maioria dos quais já em operação” além de “uma sólida carteira de pontos de carregamento projetados que assegura perspetivas de crescimento imediatas”. Por outro lado, a transação “combinada com o forte crescimento orgânico da rede da Galp” irá permitir “que a rede de pontos de carregamento geridos pela empresa em Portugal duplique até ao final de 2021 para mais de mil pontos, face aos 513 pontos que operava no final do ano passado”, lê-se no mesmo comunicado. A Galp garantiu ainda que, “no âmbito do seu plano de crescimento alinhado com a transição para um modelo energético mais sustentável, a aquisição da Mobiletric constitui assim um passo relevante na prossecução da meta da Galp de 10 mil pontos de carregamento na Península Ibérica até ao final de 2025”. De acordo com a empresa, a “conclusão do acordo está sujeita às autorizações administrativas normalmente aplicáveis”. A Mobiletric é uma empresa com sede em Lisboa, que fornece soluções de carregamento para carros elétricos e outras soluções de energia.

dPd entra no capital da PUdo, a maior rede de lockers em Portugal

A DPD chegou a um acordo com a PUDO em Portugal, a rede de lockers (cacifos eletrónicos para entregas de encomendas) pertencente ao grupo suíço Kern, para entrar no seu capital com 25%. “Com esta aliança, a DPD reforça o seu compromisso de continuar a desenvolver soluções para as entregas online, nomeadamente, desenvolvendo a sua rede de pontos para entregas fora de casa (out of home)”, afirma o grupo de entregas. “Os lockers são uma opção que se torna cada vez mais relevante. De acordo com o E-shopper Barometer de 2019, um estudo que o DPDgroup prepara todos os anos, 10% dos compradores europeus escolhem lockers para receber as suas encomendas. Rapidez, conforto e privacidade são alguns dos seus principais atributos, mas também se destacam como uma solução mais sustentável. Na verdade, cada encomenda entregue num locker reduz as emissões de CO2 associadas ao transporte em 63%”, adianta a DPD. Para Olivier Establet, CEO da DPD, “vivemos um momento em que os consumidores exigem cada vez mais opções de entrega que se adaptem ao seu estilo de vida e a nossa empresa deve estar preparada para oferecer soluções que vão ao encontro das suas preferências. Esta aliança com a PUDO reforça o nosso compromisso em responder às necessidades dos nossos clientes e em desenvolver soluções out of home, cujo objetivo é oferecer entregas e devoluções mais flexíveis e sustentáveis para o consumidor final”. “A DPD Portugal, empresa líder no mercado doméstico do transporte expresso, detém 15 estações (Vila Real, Porto, Maia, Guarda, Viseu, Coimbra, Leiria, Torres Novas, Póvoa de Santa Iria, Lisboa, Corroios, Sintra, Évora, Faro e Funchal) e uma frota de mais de 700 viaturas de distribuição”. A empresa “combina tecnologia inovadora e conhecimento local para fornecer um serviço flexível e fácil de usar para expedidores e compradores”, onde se pode destacar o serviço Predict e uma rede de mais de 750 pontos Pickup.

El Corte Inglés e aICEP firmam acordo para promover marcas portuguesas através dos canais online

O El Corte Inglés e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) assinaram dia 22 de setembro um acordo de cooperação na área do retalho online, que vai permitir às empresas portuguesas comercializar os seus produtos no marketplace dos Grandes Armazéns. Através desta parceria, empresas portuguesas de diferentes setores, nomeadamente moda, casa e tecnologia, poderão vender os seus produtos na plataforma de e-commerce do El Corte Inglés. O objetivo primordial é aumentar o número de empresas e produtos portugueses que integram a cadeia de fornecimento online do retalhista em Portugal e Espanha, indo ao encontro do objetivo da AICEP de contribuir para a internacionalização da economia portuguesa, no âmbito da ação “Rede de Fornecedores”. Este acordo é assinado numa altura em que o El Corte Inglés lança o e-marketplace em Portugal, onde pretende promover marcas portuguesas, abrir portas para a internacionalização e fomentar o acesso das empresas portuguesas ao marketplace em Espanha, de forma a poderem internacionalizar os seus produtos, que, desta forma, adquirem uma plataforma acessível a muitos milhões de consumidores de todo o mundo.

Breves

Fusões e aquisições de empresas somam 6.700 milhões de euros até julho

Os negócios de capital de risco destacaram-se, uma vez que foram realizadas 53 operações de venture capital, o que representou um crescimento exponencial de 60%. O valor fixou-se nos mil milhões de euros, segundo o site “Transactional Track Record (TTR)”. Nos primeiros sete meses do ano, o mercado transacional português contabilizou – entre os dados que são conhecidos – um total de 267 transações, o que corresponde a um crescimento homólogo de 31% no número destes negócios do país. As operações divulgadas movimentaram 6.700 milhões de euros, menos 38% de capital mobilizado quando comparado com o mesmo período de 2020. Ainda assim, menos de metade (46%) das transações tiveram os seus valores revelados, de acordo com o mais recente relatório do “TTR”. Ainda de acordo com os dados recolhidos pelo diretório internacional e pela Datasite, os setores tecnológico e imobiliário renovaram o pódio dos mais atrativos. “Em relação ao mercado cross-border, até julho de 2021, as empresas norte-americanas aumentaram em 120% suas aquisições no mercado português, mobilizando um capital de 857,94 milhões de euros. Quanto à número de transações, a Espanha foi o país que mais investiu em Portugal, contabilizando 38 operações. Os Estados Unidos em segundo lugar, com 22 transações e o Reino Unido, com 16 transações”, lê-se no relatório. Em termos acumulados, o capital de risco destacou-se, uma vez que foram realizadas 53 operações de venture capital, o que representou um disparo de 60%. O valor fixou-se nos mil milhões de euros.

Coviran inaugura o segundo supermercado Coviran Plus em Portugal

A Coviran inaugurou o segundo supermercado em Portugal com a denominação Coviran Plus, no Monte Redondo,

em Leiria. Com um investimento superior a dois milhões de euros, este novo ponto de venda reflete a evolução do supermercado tradicional com um novo modelo de gestão e imagem, pensado para responder às necessidades e desafios futuros, já que integra os últimos elementos

Breves

tecnológicos, e oferecer ao sócio da Coviran ferramentas de competitividade e satisfazer as necessidades de um cliente cada vez mais exigente. Conta com uma área de venda de mil metros quadrados e uma imagem moderna que se projeta desde o exterior, convidando o cliente a entrar e a desfrutar de uma renovada experiência de compra, num espaço mais acessível e confortável. Uma das suas características passa por colocar a fruta no final da loja e os grandes artigos no início para que o cliente, no momento de compra, possa organizar o carrinho de compras da melhor forma.

Volume de negócios da fileira da carne de porco atinge os 911 milhões de euros no primeiro semestre

A Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS) revela que a suinicultura portuguesa registou um volume de negócios de cerca de 911 milhões de euros, num acumulado de produção e indústria. Este foi também o semestre com o melhor desempenho das exportações de sempre, de carne de porco e seus derivados. Este é já considerado como o melhor período de sempre em termos de desempenho das exportações nacionais suinícolas. Embora as cotações agrícolas do SIMA apenas tenham a indicação do valor das exportações desde 2015, é possível concluir, por extrapolação com os volumes exportados, que o primeiro semestre de 2021 foi a altura em que mais se exportou porco, carne e seus derivados. Em termos relativos, Portugal foi o 12º país que mais exportou carne de porco para países terceiros no contexto da União Europeia no primeiro semestre, sendo assim o segundo melhor semestre de sempre, apenas superado pelo segundo semestre de 2020, no conjunto dos últimos seis anos.

Repsol dá novo impulso ao negócio de lubrificantes

A Repsol lançou uma nova gama de lubrificantes, dando um novo impulso a este negócio, o mais internacional do grupo. As novas embalagens, mais sustentáveis e ergonómicas, incorporarão um material feito de resíduos plásticos que é incorporado em resinas virgens e mantém a mesma qualidade, assegurando a consistência do material e a sua funcionalidade. Com esta nova embalagem e a incorporação de 10% menos plástico, a Repsol confirma o seu compromisso com a economia circular, comercializando soluções inovadoras que são mais sustentáveis para a sociedade. Graças ao crescimento internacional deste negócio, as novas embalagens serão expedidas das fábricas de produção da empresa multienergética em Espanha (Puertollano), México, Singapura e Indonésia. A Repsol lidera as vendas de lubrificantes na Península Ibérica, com uma quota de 26% em Espanha e 19% em Portugal, de acordo com os dados de 2020.

millennium bcp é o principal banco das empresas em Portugal, de acordo com a data E

O Millennium bcp acaba de ser nomeado, pelo quarto ano consecutivo, como o “Banco Principal das Empresas em Portugal”, de acordo com o estudo “BFIN 2021”, realizado pela Data E, onde lidera com uma quota de 19,6% nas várias dimensões de empresas (microempresas, PME e grandes empresas). Enquanto “Banco principal”, o Millennium bcp lidera nos setores da indústria, construção e comércio, encabeçando ainda os índices de satisfação e liderança como principal banco das empresas que recorreram e ou se candidataram às linhas de apoio covid (financiamento e moratórias). Relativamente à imagem que transmite, o Millennium bcp é eleito como o banco com os “produtos mais adequados às empresas”, “globalmente mais eficiente”, “globalmente melhor para as empresas” e o “mais próximo dos seus clientes”. “Os dados revelados pela Data E traduzem em indicadores muito positivos o empenho e a dedicação que os profissionais do Millennium bcp colocam diariamente ao serviço dos clientes. É com satisfação que recebemos estes resultados, os quais reforçam ainda mais a confiança na qualidade do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas equipas do banco, quer nas áreas comerciais quer nas áreas de suporte, trabalho esse que nos orgulha por evidenciar a capacidade do banco se afirmar como criador de valor para o tecido empresarial nacional, mesmo em contextos muito desafiantes como o que estamos a viver nestes tempos de pandemia”, afirmou Miguel Maya, presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp. O “BFIN 2021 - Barómetro Serviços Financeiros Empresas, da Data E, tem como principal objetivo caracterizar o setor bancário português na ótica das empresas, relativamente aos produtos e serviços que os bancos disponibilizam. Os resultados são baseados numa amostra de 1.569 empresas de um universo de 316.861 empresas e extrapolados para o universo empresarial Português (sociedades). A informação foi recolhida entre fevereiro e maio de 2021.

mercadona abre o seu segundo centro de coinovação em Portugal

A Mercadona dá continuidade ao seu projeto de expansão em Portugal e conta, desde o mês passado, com um Centro de Coinovação em Lisboa (na foto). Com uma área total de cerca de 2.400 metros quadrados, distribuídos por dois andares, compostos por várias zonas de trabalho, incluindo espaço para cozinhar, área de provas-cegas, zonas para recriar a exposição dos produtos nos lineares, auditório e salas de reuniões, este centro representou um investimento de 2,2 milhões de euros. Os centros de coinovação da Mercadona são “macrolaboratórios” de ideias, onde os especialistas desenvolvem, em conjunto com os chefes, produtos que correspondam aos seus gostos e detetam as suas necessidades quanto às escolhas que compõem o seu cabaz de compras habitual, podendo, desta forma, introduzir melhorias e lançar inovações nos cinco negócios que englobam todos os produtos comercializados pela empresa: comida, bebida, higiene pessoal, limpeza do lar e cuidado dos animais de estimação. Antes de chegarem às prateleiras dos supermercados, os produtos passam por uma fase de testes com os clientes, realizadas nestes centros.

glovo compra portuguesa mercadão e espanhola Lola market

A Glovo comprou duas companhias de entregas de compras de supermercado– a portuguesa Mercadão (que trabalha com o Pingo Doce) e a espanhola Lola Market. Os valores dos negócios não foram divulgados, mas surgem depois de a Glovo ter concluído uma ronda de financiamento de 450 milhões de euros no início do ano. Como outras empresas do setor, também a Glovo tem procurado acelerar o crescimento das suas operações através de aquisições de outras companhias. No início deste ano, anunciou a aquisição das operações da Delivery Hero, no leste europeu, por 170 milhões de euros. Os catalães adiantam que as duas marcas, com um portefólio de mais de 30 parceiros em Portugal e Espanha, vão manter as respetivas identidades, operando de forma independente da Glovo. Após a aquisição, o objetivo passa agora por replicar o modelo de negócio das duas companhias nos países onde a Glovo já tem operações e já estão definidos os dois primeiros mercados: Polónia e Itália. A Glovo indica que as duas aquisições irão fortalecer a posição competitiva na Europa nos principais mercados, e diz que a divisão Q-Commerce (quick commerce) está a caminho de atingir um valor bruto de faturação anual de 300 milhões de euros este ano, montante que deverá mais do que triplicar até final do próximo ano– acima dos mil milhões de euros. Gonçalo Soares da Costa permanecerá como CEO da Mercadão, que ajudou a fundar, e assumirá o cargo de CEO da Lola. “Acreditamos que a experiência e o talento combinados das equipes da Mercadão e da Lola Market, juntamente com o alcance internacional da Glovo, nos permitirão oferecer um serviço de entrega verdadeiramente incomparável aos clientes”, afirma o gestor português no comunicado divulgado pela empresa catalã.

BPI lança serviço de TPa para comerciantes mais simples e competitivo

O BPI lançou uma nova oferta de aceitação de transações com cartões das marcas Visa e Mastercard nos seus terminais de pagamento automático (TPA/ POS), dirigida a pequenos comerciantes e negócios. Os comerciantes com terminal BPI poderão, num único contrato (sem necessidade de acordos com terceiros), aceitar um vasto leque de cartões bancários, especialmente cartões estrangeiros e cartões de crédito, bem como pagamentos sem contacto (contactless) por simples aproximação de cartão ou telemóvel. O novo serviço resulta da relação comercial entre o BPI e a Comercia Global Payments, empresa participada pelo CaixaBank, líder no mercado de pagamentos na Península Ibérica, e visa incentivar os comerciantes a aceitarem mais transações com cartões, assegurando que as vendas são realizadas no momento de forma simples, rápida e segura, eliminando os riscos associados aos pagamentos em dinheiro físico ou cheques. Além da simplificação do processo de aceitação de cartões bancários, o BPI e a Comercia disponibilizam a nova oferta MyCommerce que apresenta um preçário inovador, por escalão de faturação, com o valor base mais competitivo do mercado (desde 15 euros/ mês, terminal e faturação incluída). No âmbito da referida parceria, o Banco BPI prevê também disponibilizar um conjunto de serviços adicionais, tais como informação de gestão detalhada e a possibilidade de utilizar o terminal de pagamento para suporte à atividade do cliente.

Gestores

em Foco

Inês Santos (na foto) é a nova diretora de Relações Externas no Distrito de Lisboa e de Relações Empresariais da Mercadona. Anteriormente, Inês Santos integrou o Departamento de Relações Externas da Mercadona, em 2018, como responsável de Imprensa, tendo sido promovida a diretora regional de Relações Externas em 2019. Natural de Coimbra, licenciou-se em Comunicação Social e Cultural, pela Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, e tem uma pós-graduação em Comunicação Estratégica, pela Universidade Nova de Lisboa, tendo anteriormente trabalhado em assessoria de comunicação.

A DB Schenker, empresa líder na gestão e logística da cadeia de abastecimento, anunciou a nomeação de António Paulo como o novo managing director de Portugal e Iberia West Area Manager. António Paulo também passa a ser membro do comité de Direção da Ibéria. Substitui, assim, Luís Marques, que passou a ocupar a posição de CEO do Brasil, Região Américas do transportador. O responsável é formado em HR Management & Strategic Organization, pelo ISLA – Instituto Superior de Línguas e Administração, e estudou na Universidade Europeia, da Laureate International Universities. Conta com 21 anos de experiência em gestão de cadeias de abastecimento e 15 anos em posições de gestão.

A Engexpor reforçou o seu leque de serviços, com a criação das áreas de Technical & Urban Advisory Services e Sustainability & Environmental Advisory Services. A empresa especializada na gestão de projetos e na gestão da construção inaugurou as duas novas áreas de negócio de Technical & Urban Advisory Services e Sustainability & Environmental Advisory Services, lideradas por Nuno Marques e Ana Luísa Cabrita (na foto), respetivamente, e surgem como uma autonomização dos serviços que a Engexpor já desenvolve, mas que pretende agora intensificar e expandir. A primeira área estará focada em serviços de auditorias técnicas, licenciamento, planeamento e estratégia para o desenvolvimento de projetos imobiliários. Já no âmbito de Sustainability & Environmental Advisory Services, as soluções disponíveis incluem processos de certificação de construção sustentável, estudos de impacte ambiental, desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental, bem como a análise de risco ambiental e de solos contaminados.

Breves

Amazon duplicará su plantilla en España para 2025 alcanzando los 25.000 empleos fijos

Amazon se ha comprometido a crear 25.000 empleos fijos en España y a formar a 50 mil pymes y emprendedores para vender online antes de finales de 2025. La cifra de empleos desvelada por la multinacional supone doblar su plantilla actual, pues el gigante del comercio electrónico ya emplea a más de 12 mil personas en España y prevé cerrar este año con 15 mil trabajadores fijos. Una cifra que también implica duplicar su fuerza laboral en el país en dos años, ya que a finales de 2019 tenía siete mil empleados en España, y elevarla un 25% en solo un año, pues tras crear cinco mil empleos indefinidos en 2020, concluyó ese año con una plantilla fija de 12 mil trabajadores. La vicepresidenta y directora general de Amazon en España, Mariangela Marseglia, ha explicado que planean elevar su número de centros logísticos en España hasta finales de 2021, frente a los 31 que tiene hoy operativos.

CaixaBank lanza una división especializada en farmacias

CaixaBank redobla su apuesta por la creación de divisiones especializadas en sectores empresariales para impulsar su negocio dirigido a empresas. La entidad catalana ha lanzado CaixaBank Pharma, una división que pretende fortalecer el sector de las farmacias a través de una oferta de productos y servicios específicos y adaptados a este tipo de negocio y de profesionales del sector. De esta forma, ofrecerá desde soluciones tecnológicas de cobro hasta financiación adaptada a los proyectos y necesidades de este tipo de negocios. También contará con seguros especializados, renting de equipos específicos y ofertas de ahorro e inversión. La entidad también ofrecerá asesoramiento especializado a aquellos profesionales que deseen abrir una nueva farmacia, adquirir una licencia o comprar un local para desarrollar su actividad y requieran de una financiación a medida. Igualmente, pondrá a disposición de los clientes herramientas específicas de gestión enfocadas sobre todo a la digitalización y que les permita simplificar su día a día en cuestiones como la gestión del establecimiento, el comercio online y el análisis de ventas.

ACS y Acciona se adjudican obras para el nuevo aeropuerto australiano por 164 millones de euros

ACS, en consorcio con Acciona, ha ganado un contrato para construir la zona de operaciones del Aeropuerto Internacional de Western Sydney (Nancy-Bird Walton) y llevar a cabo trabajos de pavimentación, lo que supondrá para su filial australiana CIMIC 164 millones de euros. Este es el tercer proyecto adjudicado por Western

abanca y Endesa firman un acuerdo de suministro de energía eólica de origen gallego a largo plazo

Abanca y Endesa han suscrito un acuerdo de colaboración en energía renovable para cubrir con energía de origen gallego la mayor parte de la demanda de electricidad de la entidad financiera los próximos diez años. El contrato garantiza a Abanca el suministro de energía renovable en condiciones de estabilidad de precios y supondrá la construcción en Galicia de un nuevo parque eólico de Endesa. “Este acuerdo nos permite promover la sostenibilidad en nuestro funcionamiento como organización garantizando el origen local y renovable de la energía que consumimos. Además supone la posibilidad de desarrollar en Galicia nuevos proyectos en un sector altamente tecnológico y estratégico”, valoró el consejero delegado de abanca, Francisco Botas. El acuerdo entra en vigor el uno enero de 2022 y tiene una vigencia de diez años. Durante ese periodo, Endesa suministrará a Abanca energía de origen eólico para cubrir el 70% de la demanda de electricidad de sus oficinas y sedes de España y Portugal.

grifols compra por 1.100 millones de euros la farmacéutica Tiancheng

Grifols ha alcanzado un acuerdo para la adquisición por 1.100 millones de euros del capital social de Tiancheng Pharmaceutical Holding, propietaria del 90% de las acciones ordinarias y del 1% de los títulos preferentes de la compañía alemana Biotest. En concreto, la operación valora el capital de Biotest en aproximadamente 1.600 millones de euros y en 2.000 millones de euros su valor de mercado, según ha informado la compañía a la Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV). Una vez completada la transacción, Grifols poseerá indirectamente 17.783.776 acciones ordinarias de Biotest, representativas del 89,88% del capital con derecho de voto y del 44,94% del capital total, y 214.581 acciones preferentes de Biotest, representativas del 0,54% del capital total. Paralelamente a la transacción, Grifols lanza una oferta pública de adquisición (OPA) a todos los accionistas para adquirir en efectivo el resto de las acciones ordinarias y preferentes de Biotest.

EdP pone en funcionamiento la primera instalación fotovoltaica para autoconsumo en España de Exide

EDP ha instalado y puesto en marcha la primera planta fotovoltaica para Exide Technologies, ubicada en San Esteban de Gormaz, en Soria. La planta autoconsumirá el 100% de la energía que genera, 1.500 MWh, el equivalente al consumo medio de más de 360 hogares. La planta fotovoltaica tiene una potencia de 990 kWp y está formada por unos 2.000 paneles solares. Con una superficie de algo más de 15.000 m2, superior a la de dos campos de fútbol, supondrá una importante reducción de las emisiones de CO2 y una mejora de la huella medioambiental de la compañía. Con esta instalación, gran parte del consumo total de la fábrica provendrá de fuentes renovables. Soria, con más de 2.500 horas de sol al año, es una de las zonas con mayor potencial de generación de energía solar en España.

El proyecto HIBa impulsará la digitalización del sector agroalimentario hispano-luso

Un total de 19 entidades relacionadas con el emprendimiento y la innovación digital en el sector agroalimentario participan en el proyecto del programa Interreg VA España-Portugal (POCTEP) “Hub Iberia Agrotech” (HIBA), cuyo objetivo es la creación de un ecosistema plurirregional dirigido a la digitalización del sector agroalimentario a través de los Digital Innovation Hubs (DIH). El proyecto HIBA, que cuenta con un presupuesto de 5,3 millones de euros, cofinanciado al 75%, está liderado por la Consejería de Agricultura, Ganadería, Pesca y Desarrollo Sostenible de la Junta de Andalucía a través de Andalucía Agrotech DIH y Cooperativas Agroalimentarias de Andalucía es una de las entidades participantes. HIBA vinculará a distintos actores, incluidos varios DIH de España y Portugal, fortaleciendo la conexión de los ecosistemas locales de innovación agroalimentaria. Los 19 socios beneficiarios trabajarán hasta el 31 de diciembre de 2022 en la creación de una red ibérica de DIH en Agrotech para fomentar el emprendimiento y mejorar la competitividad empresarial a partir de la innovación digital.

Breves

Sydney Airport a la empresa conjunta después de ser seleccionada para llevar a cabo trabajos de movimiento de tierras. El alcance de las obras incluye la pavimentación de la pistas y calles de rodaje, la plataforma de aislamiento de aeronaves, carreteras laterales, paisajismo, el sistema de iluminación aeronáutica, los edificios asociados de la subestación eléctrica, así como otros sistemas especializados.

IBM realiza su mayor inversión en España con tres centros de datos

IBM ha anunciado la instalación de su primera Región Cloud Multizona (MZR) en España, que se compondrá de tres centros de procesamiento de datos. Está previsto que entren en funcionamiento durante el 2023 y tendrán a CaixaBank como primer cliente. Estos centros, que implicarán “cientos” de empleos en los próximos años y se instalarán en la Comunidad de Madrid, suponen una apuesta firme por el estratégico mercado español, según ha informado IBM en una nota de prensa. Para ayudar a escalar la adopción de la nube híbrida, este MZR de IBM estará diseñado para permitir a sus clientes europeos implementar sus cargas de trabajo de misión crítica con altos estándares de seguridad y dar respuesta a los requisitos normativos y de soberanía del dato. La compañía ha desvelado su primer acuerdo relativo a esta infraestructura, que tendrá a CaixaBank como protagonista y que servirá para que la entidad lance su proyecto “CloudNow”, que tiene como objetivo evolucionar sus aplicaciones de negocio.

Diamond Foundry elige España para su proyecto de factoría de diamantes

La empresa norteamericana Diamond Foundry ha elegido la localidad española de Trujillo para instalar una planta dedicada a la fabricación de diamantes, mediante reactores de plasma, para utilizar principalmente como semiconductores en el ámbito de alta tecnología. La empresa, que tendrá una superficie de 30.000 metros cuadrados y generará alrededor de 300 empleos directos y 700 indirectos, supondrá una inversión de 670 millones de euros y su construcción se prolongará durante dos años. “Tenemos terreno, agua, sol, seguridad política y ciudadana, gente preparada para trabajar y leyes medioambientales y urbanísticas y simplificación administrativa. Tenemos mejores cartas que hace 50 años, ahora depende de nosotros, de nuestra capacidad para hacerlo posible”, afirmó el presidente de la Junta de Extremadura, Fernández Vara, durante la firma de un convenio con la empresa americana y el ministerio de Industria.

Para as marcas portuguesas, o grande desafio é “não abdicar de ser marca”

Em alturas de crise, impõe-se muitas vezes às empresas o dilema de canalizar a energia para a subsistência ou para nutrir o conceito, os valores e a patine que definem a identidade das suas marcas. Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca, associação que representa cerca de 80% das marcas de grande consumo, considera que esse é o desafio dos próximos tempos. A associação presta sobretudo serviços de assessoria jurídica, intermediando a relação entre os fabricantes dessas marcas e as empresas que as comercializam. O gestor apontou algumas das fragilidades relacionadas com o comércio online, nomeadamente ao nível do transporte e da logística.

Texto Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR

Quem são os associados da Centromarca? A centromarca tem 55 associados, que detêm quase mil marcas e geram um volume de vendas anual no mercado nacional perto dos sete mil milhões de euros. Estes números vão flutuando. temos empresas associadas que têm uma marca e outras com 50. um pequeno conjunto de associados são apenas distribuidores de marcas acionais e internacionais, mas não produzem. No entanto, mais de 90% dos nossos associados são produtores e comercializam os seus produtos, que podem ou não ser produzidos em Portugal. Se pensarmos num supermercado, onde há habitualmente marcas de fabricantes e marcas brancas, a centromarca representa seguramente mais de 80% das marcas dos fabricantes. Penso que este número exemplifica melhor do que qualquer outro quem são os nossos associados. São, sobretudo, marcas de grande consumo e que faturam significativamente. Os nossos associados de menor dimensão faturam na ordem dos 30 milhões de euros, o que à escala portuguesa é significativo.

O que leva os associados a procurar os vossos serviços? A centromarca é diferente das restantes associações empresariais, que habitualmente se organizam em torno de um setor ou de uma geografia. dedicamo-nos a tudo que tem a ver com a marca e com os direitos sobre a marca – questões como a contrafação, as falsificações, ou os chamados copycats, as cópias parasitárias de produtos que se confundem com outros, porque foram intencionalmente criados para isso, e que constituem um problema sério para as marcas. dedicamo-nos, igualmente, aos temas

Pedro Pimentel Diretor-geral da Centromarca

associados à relação comercial entre fornecedores e distribuidores. importa contextualizar que a centromarca nasceu em 1994 e o primeiro hipermercado em Portugal abriu em Matosinhos, em 1985. Nesses primeiros anos, houve uma espécie de lua de mel, as pessoas viajavam de outros pontos do país para visitarem os hipermercados, os clientes ficavam admirados, porque à escala nacional era gigante, e houve também uma grande revolução ao nível da logística. introduziu-se uma disciplina diferente na forma de trabalhar, mas que não é isenta de problemas. Mesmo as grandes empresas com quem trabalhamos têm dificuldade em contestar algumas práticas. É aí que nós entramos. digamos que a centromarca, como todas as associações tem dois propósitos: o sonho e a dor de dentes. A componente de sonho prende-se com ajudar a elevar o valor das marcas porque comprar uma marca não é a mesma coisa que comprar um produto. uma marca reúne vários conceitos: definição, inovação, comunicação, responsabilidade, história, etc. uma coisa é pedir um produto, outra é pedir um produto pelo nome da sua marca. Este trabalho é a parte do sonho. A componente de dor de dentes é a que ocupa a maior parte do nosso tempo e a que leva os associados a pagar uma quota. Essa componente consiste no trabalho duro de tentar equilibrar o terreno das marcas com o das grandes empresas que as comercializam. Ao longo dos anos a terraplanagem do terreno foi-se inclinando a favor dos grupos de distribuição e o nosso trabalho é colocar mais terra do outro lado. Vamos conseguindo isso, passo a passo, mas num processo em que há sempre fricção. Atuamos sobretudo a nível jurídico. temos uma assessoria jurídica muito forte, das melhores do mercado, que presta serviço às nossas associadas. isso é muito valioso. Para alguns somos o “primeiro médico” e para outros, que têm o seu próprio departamento jurídico, somos o “segundo médico”. Somos também intermediários na medida em que ajudamos a traduzir a linguagem jurídica numa linguagem mais prática e acessível para as empresas. Procuramos trabalhar sempre com boa informação. A centromarca produz muita informação de qualidade, com o apoio de empresas especializadas, e também compra e divulga muita informação. Somos um banco de três pernas: a mais forte é a jurídica, que dá segurança, e as outras duas, a da informação e da comunicação, que dão estabilidade ao banco e que fazem com que sejamos uma entidade de lobbying ou de advocacy. temos uma visão geral e como tal comunicamos em nome dos nossos associados com os decisores políticos e económicos.

De que forma a pandemia afetou os associados da Centromarca? Qual foi a atuação da associação neste período? O grande consumo não se saiu mal. A evolução das vendas no supermercado foi positiva. Mas se pensarmos na nossa vida pessoal, há vários momentos de consumo que caíram porque saímos menos de casa e isso reflete-se em vários setores. O que se ganhou no consumo dentro de casa nem sempre compensou o que se perdeu fora de casa. Basta pensar no drama que a restauração e a hotelaria viveram e vivem ainda. Há

hotéis que ainda não abriram, outros abriram parcialmente... A restauração em Matosinhos talvez não tenha sido tão penalizada como foi a da Baixa ou da Ribeira no Porto, porque estavam mais dependentes do turismo. Acresce que estar fechado é mau, mas o custo de abrir é enorme, sobretudo se quinze dias depois se tiver que fechar. Esta lógica de “eletrocardiograma” que vigorou foi péssima para estes negócios. Em 2019, tivemos 29 milhões de turistas e desses, 19 milhões eram estrangeiros. Esses números caíram drasticamente e com eles o consumo relacionado com o setor do turismo. Este verão já se compôs um bocadinho, sobretudo em zonas como o interior norte e centro, a região que mais cresceu comparativamente com anos anteriores… O turismo vai ser fundamental na recuperação da economia. Na primeira fase da pandemia, foi possível não chegar ao caos porque muitas pessoas se sacrificaram neste setor do grande consumo, muitas pessoas trabalharam para que não faltassem estes produtos, enfrentando os riscos de ameaça latente de um encerramento de fábrica em caso de alguma contaminação com covid 19… Houve produtos que até aumentaram as vendas no primeiro momento, mas depois estabilizaram ou quebraram. Se hoje compramos 50 latas de atum, se calhar nos próximos meses não compraremos… Outros produtos viram as suas vendas a crescer progressivamente, já que não eram a primeira necessidade, mas depois foram sendo mais requisitados, à medida que as pessoas se habituaram a estar em casa, como aconteceu com as bebidas alcoólicas, por exemplo. Houve também um grupo de produtos que sofreram imenso com a pandemia, por exemplo os cosméticos e outros produtos mais relacionados com a nossa vida fora de casa.

Que expectativas têm face ao pacote de ajudas às empresas e à forma como ele será distribuído? Enquanto associação não temos uma posição formal sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Entendemos que deve haver uma gestão o mais correta e eficiente possível, que acima de tudo seja reprodutiva e promova a multiplicação de riqueza. As crises têm muitas coisas más, mas também desnudam os cadáveres que andavam a circular aí há muito tempo e que tinham que ser arrumados. No entanto, há que encarar o drama social. Fala-se muito do desemprego jovem, mas há muitas pessoas acima dos 45 anos que ficaram desempregados e que dificilmente irão conseguir novo emprego. também considero que quem vai sofrer mais com a crise são os que já antes tinham dificuldades, os que já estão a levar a segunda pancada em menos de 10 anos e isto é muito complicado. Quando somamos o desaparecimento das moratórias com as pessoas que estão desempregadas, percebemos que teremos uma crise social – que já se sente – e isso vai refletir-se no consumo. O nosso consumo deriva do nosso rendimento disponível. Por outro lado, é verdade que uma quantidade significativa de pessoas teve aumentos salariais encapotados, relacionados com as moratórias, e os depósitos bancários até aumentaram, para níveis recorde. discute-se muito se a parcela de ajudas destinada ao setor público deveria ser maior ou menor. Não me zangava nada se o PRR destinado ao setor público fosse maior, desde que esse dinheiro fosse usado para remover custos de contexto que geram fortes encargos na atividade normal das pessoas e das empresas, como, por exemplo, para baixar o preço

da energia, para ter um tratamento de lixos mais eficiente e mais barato. Se uma empresa conseguir gastar menos nessas coisas consegue investir noutras como a inovação, etc. O Governo quer remover a ideia de austeridade, mas está-se sempre a falar de novas taxas e impostos. tudo somado são valores significativos e que implicam recursos e burocracia. Penso que os fundos devem também ser usados com esta lógica de simplificação. As coisas são mais simples do que eram, mas esta é uma oportunidade para intervir de maneira a melhorar de forma transversal. considero também que muitas vezes os investimentos são canalizados para onde estão as pessoas e os votantes, mas há outro Portugal que precisa de ser visto com atenção e há muita coisa que o Estado poderia e deveria canalizar para outras regiões, com impacto local significativo. temos ótimas estradas e o país é pequeno, a comunicação entre as diferentes regiões é fácil.

No âmbito legislativo, quais são as principais reivindicações da Centromarca e dos seus associados? temos feito um bom trabalho a esse nível com os últimos governos, independentemente das maiorias partidárias que têm estado no poder. Neste momento o maior problema não é a legislação, mas sim a sua aplicação. O nosso sistema do iVA por exemplo é algo caótico. um produto novo recebe sempre a taxa máxima. Há produtos semelhantes com taxas diferentes, o que levanta problemas de concorrência. A legislação feita na área em que atuamos não é autista e resulta de diálogo de todas as partes, pelo que estamos satisfeitos. Este é um setor muito importante com vendas diretas de 16 mil milhões de euros e que mexe com a nossa vida diária. Os cidadãos não têm a noção que por detrás do produto que compram no supermercado há todo um ciclo de implicações e de negociação, desde a origem até à prateleira. como dizia, o problema maior reside na aplicação da legislação. Por exemplo, o Estado despeja para a ASAE muita responsabilidade em relação a diversas áreas. Nós temos uma excelente relação de trabalho com a ASAE e considero que a equipa está bem preparada, mas é muito pequena. Faltam recursos à ASAE para estar no terreno e dissuadir. A ASAE não tem recursos para ir a todas e assegurar que as coisas correm bem. A interiorização das regras está a ser feita, mas penso que prevalece a necessidade de uma autoridade mais atuante. Nós alertamos para estas questões também. Precisamos de leis claras e bem escritas e de autoridades que as façam cumprir. Não podemos apontar um dedo genérico. Quem faz bem não tem culpa de quem faz mal e até preferirá, por certo, que quem faz mal seja penalizado.

Quais são atualmente os principais desafios que se colocam às marcas portuguesas? Quais são ainda as principais fragilidades? O desafio mais determinante é não abdicar de ser marca. uma marca assenta em três pernas: a inovação, a responsabilidade e a comunicação. Se abdica de qualquer uma delas deixa de ser marca. Nestas fases há sempre este desafio porque o dinheiro não chega para tudo e a preocupação é amanhã estar vivo e por vezes isso tolda a necessidade de atender a esses três pilares. Se investir numa equipa para não descer de divisão, não vou ser campeão! As empresas têm que perceber isto para depois não terem que correr atrás do prejuízo.

Como estão as marcas portuguesas a responder aos desafios da digitalização e da sustentabilidade? O tamanho excessivo de algumas embalagens, face ao conteúdo, prevalece porquê? Na parte ambiental há muita coisa a fazer e na área da embalagem as melhorias nunca podem cessar. claro que se deve minimizar tudo o que é supérfluo em produtos que tem embalagens e mais embalagens. Há um trabalho que está a ser feito de melhoria, mas muitas vezes os processos produtivos integrados não o permitem e não é tão linear que se façam alterações desse tipo. No entanto, por vezes recorre-se a isso para não aumentar o preço do produto (o chamado fenómeno shrinking: diminuir a quantidade vendida na mesma embalagem). É uma questão de perceção. Mas nada disto impede de realçar um esforço muito grande e permanente das marcas, em torno da sustentabilidade. Relativamente à dimensão das embalagens, é de referir que os consumidores têm necessidades diferentes. Nos últimos 30 a 40 anos, as famílias diminuíram de tamanho e isto leva a uma tendência de mercado que tanto aponta para a minidose, como para as doses familiares. Sociedades mais exigentes têm empresas mais exigentes e responsáveis. Acho que todos os setores evoluem em função da evolução de todas as partes envolventes. Se o público o exigir, cada vez mais isso vai acontecer. As indignações são muito efémeras e nem sempre racionais. O plástico, por exemplo, que tem sido alvo de uma guerra, ajudou e ajuda a salvar muitas vidas, do ponto de vista da segurança alimentar. A compra a granel, que tem muitos defensores, é mais vulnerável e no caso de um problema levanta questões de rastreabilidade e de responsabilidade. um produto que tem uma marca e identidade permite, para o bem e para o mal, saber com o que contamos e quem podemos contactar se houver um qualquer problema. Por outro lado, a maior parte das pessoas reivindica mudanças, mas não está disponível para pagar o preço que custam. também é preciso clarificar que no que se refere à sustentabilidade, o cidadão é intocável e as empresas têm as costas largas. Quando se diz que as praias estão cheias de latas e de sacos, é mais tentador culpar as marcas do que penalizar quem deixou lá o lixo. O mesmo se passa com o desperdício alimentar. Há muito desperdício alimentar em casa das pessoas, mas é mais fácil falar apenas das empresas ou dos restaurantes. uma empresa só tem desperdício se não o puder evitar, porque, em última análise, desperdício é sempre custo.

A comunicação das marcas com os seus clientes também está em constante mudança... Que leitura faz desse processo no contexto português? uma marca só é marca se comunicar. Se deixar de comunicar deixa de ser marca. A marca tem uma história, uma estruturação, uma patine e a esse nível a comunicação é muito importante. importa referir ainda que a marca só é marca se contribuir para a qualidade de vida das pessoas. E foi isso que as marcas fizeram na pandemia ao dizer “estamos aqui e pelo menos com este produto não têm que se preocupar”. Por outro lado, houve menos dinheiro para o fazer e muitas marcas não estarão a aproveitar todas as oportunidades de comunicação. do ponto de vista de quem coloca produtos no mercado, há várias questões a ter em conta, como a demografia por exemplo. São muitas vezes os mais velhos que compram para os mais novos e a forma de comunicar com eles é diferente. Além de perceber como comunicar, um dos grandes dilemas das empresas é onde comunicar. No digital? Na televisão...? A questão da digitalização é transversal: ela está bem presente, desde há anos em vários contextos de compra, como no segmento das viagens por exemplo. No caso dos supermercados, antes da pandemia, o comércio online representava cerca de 1%. Por várias razões. as pessoas têm alguma dificuldade em comprar produtos frescos online e há supermercados em todo o lado. A pandemia, inicialmente, fez com que se recorresse ao online. A pressão chegou a ser brutal e com impacto na experiência de compra. Houve um pico, mas passámos de 1,4% para cerca de 4%. triplicámos, mas ainda assim estamos a falar de menos de 5% do total de compras. Há uma parte dos compradores que aderiu e se manteve. Há consumidores que já eram fiéis ao online, outros que perceberam as vantagens, mas utilizam-no parcialmente e outros que deixaram de o fazer. Há faixas etárias que não faziam compras online, mas despertaram para essa realidade, para a realidade dos smartphones e das conversas online. Por outro lado, a logística é muito complicada para assegurar o processo de compras online e entregas em casa. Há produtos congelados, outros frescos e outros à temperatura ambiente e isso exige muito ao nível do transporte. A digitalização é um passo que não tem retorno, mas não se resume à encomenda ou compra. A digitalização no processo de venda no retalho é brutal, desde a gestão de stock à forma como se paga. Vamos seguramente assistir a muita evolução nos próximos tempos, inclusive na atitude do consumidor. A questão logística também vai ter que evoluir, mesmo em termos de gestão autárquica porque vivemos em cidades muito complexas do ponto de vista do trânsito, onde abastecer o comércio local e realizar as entregas nas casas dos consumidores é muito difícil. Por outro lado, se vou a um centro comercial, posso comprar 50 produtos numa única visita, mas se eu comprar online 50 vezes, 50 carrinhas vão a minha casa, o que também é pesado em termos económicos e ambientais.

No domínio do grande consumo, que impacto está a ter a entrada de novos players? A entrada de novos operadores é sempre favorável porque mais concorrência no mercado é muito positiva. O relacionamento comercial desses operadores com os seus fornecedores não tem sido, pelo menos até agora, muito problemático. É positivo haver mais concorrência e haver mais operadores. No entanto, os vários operadores têm distintos modelos de negócio, em termos de sortido, por exemplo. Há operadores em que 75% das vendas são marcas de distribuidor, as geralmente chamadas marcas brancas, enquanto noutros essa fasquia ronda os 35%-40%. do ponto de vista dos fabricantes isto não é indiferente porque há maior ou menor disponibilidade para colocar os seus produtos. Quando a opção de negócio de um operador é maioritariamente pelas suas próprias marcas isto afeta as marcas dos fabricantes e afeta também os consumidores. As marcas próprias são produzidas, na sua quase totalidade, por fabricantes e estes investiram muito em investigação e inovação, no fundo fizeram o trabalho de casa que permite aos retalhistas colocar no mercado as sua próprias marcas. Mas o que está em verdadeiramente causa é que o trabalho de inovação e de desenvolvimento de produtos é feito pelos fabricantes e se reduzirmos substancialmente a presença de produtos das marcas dos fabricantes nas prateleiras, há menor disponibilidade para investir em novos produtos. A liberdade de escolha também no consumo é um valor, que tende a ser esquecido. No limite, é a primeiro sinal de uma democracia. A questão da liberdade de escolha coloca-se quando se pensa no espaço reservado aos produtos dos fabricantes nas prateleiras. O preço não é tudo porque às vezes um produto mais barato não é exatamente o mesmo produto que o produto mais caro. Se houver menos diversidade de marcas, para determinado produto, a liberdade de escolha é lesada.

Como prevê que possa ser a recuperação da economia portuguesa? Acho que vamos ter uma recuperação a duas velocidades, o tal crescimento em K apontado por alguns especialistas tem alguma lógica. Há uma parte da economia, ligada ao setor dos serviços, que conseguiu reagir muito bem. A área da saúde vai crescer, a área relacionada com o digital vai crescer, mas teremos outras áreas que vão sofrer, as mais tradicionais, como o comércio de rua, a restauração. A área dos eventos sofreu um impacto gigante, que parou durante dois anos, empresas que faturaram zero. A cultura sofreu brutalmente. Haverá uma grande assimetria, com uma parte da sociedade a passar dificuldades e isso é muito relevante para o consumo. O mercado vai acusar este problema social. Penso que chegaremos a um ponto em que Portugal estará melhor, mas uma franja significativa de portugueses nem por isso. 

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