Actualidade Economia Ibérica - nº 292

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Por Célia Esteves*

Incentivos ao Sistema de Inovação em Portugal precisam-se!

O

European Innovation Scoreboard (EIS), publicado anualmente, fornece uma avaliação comparativa do desempenho dos Estadosmembros da UE e de alguns países terceiros relevantes, em matéria de investigação e de inovação. Apresenta também os pontos fortes e fracos dos respetivos sistemas de investigação e de inovação, permitindo aos países determinarem os domínios em que devem concentrar os seus esforços para melhorarem o seu desempenho em termos de inovação. Em 2021 verificaram-se alterações nos indicadores considerados para efeito do índice, tendo sido acrescentados os âmbitos da digitalização e da inovação sustentável para aumentar a abrangência e a coerência com as preocupações atuais. De notar que a maior parte dos dados utilizados nesta edição não são suficientemente recentes para captar o impacto da pandemia da covid-19. Depois de, em 2020, Portugal ter sido noticiado por ótimas razões, já que pertencia, pela primeira vez, ao grupo dos países fortemente inovadores, é importante saber o que aconteceu na avaliação mais recente. Será que o Sistema de Inovação Português se manteve no segundo grupo mais inovador? O índice de inovação é composto por 32 indicadores agrupados em 12 âmbitos. Os Estados-membros são classificados num de quatro grupos

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OUTUBRO DE 2021

conforme a pontuação média obtida nesses indicadores. Em 2021 obteve-se a seguinte distribuição: - Líderes de inovação – inclui quatro países com desempenho acima de 125% da média Europeia: Bélgica, Dinamarca, Finlândia e Suécia; - Fortemente inovadores – inclui sete países com desempenho entre 100% e 125% da média europeia: Áustria, Estónia, França, Alemanha, Irlanda, Luxemburgo e Países Baixos; - Inovadores moderados – inclui nove países com desempenho entre 70 e 100% da média europeia: Chipre, República Checa, Grécia, Itália, Lituânia, Malta, Portugal, Eslovénia e Espanha; - Inovadores emergentes – inclui sete países com desempenho abaixo de 70% da média europeia: Bulgária, Croácia, Hungria, Letónia, Polónia, Roménia e Eslováquia. De forma mais concreta, o índice de inovação europeu cresceu 12,5 pontos percentuais (p.p.) em relação a 2014, em particular como consequência do aumento significativo dos indicadores: penetração de banda larga, investimento por capital de risco e co-publicações científicas internacionais. Verificou-se uma melhoria de todos os Estados-Membros entre 2014 e 2021, sendo que Portugal cresceu menos (oito p.p.) do que a média (12,5 p.p.). Este aumento inferior à média europeia deveu-se bastante à redução de 8,2 p.p. de 2020 para

2021. Torna-se, então relevante analisar em que indicadores o desempenho de Portugal contribuiu negativamente para este resultado, com a correspondente consequência de passagem para o terceiro grupo mais inovador. Em que âmbitos o Sistema de Inovação Português tem provas dadas? O EIS de 2021 mostra Portugal acima do índice europeu nos âmbitos: atratividade dos sistemas de investigação, digitalização, uso de tecnologias de informação e capacidade de colaboração. Nestes âmbitos é de relevar indicadores específicos que contribuem para o reforço dos valores. Portugal tem elevada capacidade de atração de estudantes de doutoramento; elevada penetração de tecnologias de banda larga; e elevada mobilidade de recursos humanos nas áreas de ciências e tecnologia. Por outro lado, e ainda nos âmbitos identificados, é necessário tomar ações para melhorar a capacidade de colaboração entre PME, já que este indicador apresenta valores mais baixos do que em 2014 e muito abaixo dos da média europeia. E em que âmbitos é necessário intervir de forma mais determinada? Os responsáveis políticos portugueses precisam de tomar ações para inverter significativamente os resultados do EIS nos seguintes âmbitos: sustentabilidade ambiental; investimento empresarial em investigação, desenvolvimento e inovação; emprego em empresas inovadoras ou em atividades intensivas em conhecimento;


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