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Um TGV para acelerar a cooperação da Eurorregião Galiza - Norte de Portugal
Aalta velocidade chegou à Galiza antes do Natal de 2021 (19 de dezembro), ligando Madrid a Ourense, numa viagem de duas horas e quinze minutos, metade do tempo que se demorava antes. um marco assinalável para a Galiza, quase 30 anos depois de Espanha estrear o seu AVE, com a ligação de Sevilha a Madrid, a 17 de abril de 1992. O relevo mais íngreme da Galiza terá dificultado a obra, que custou dez mil milhões de euros e demorou 16 anos a concretizar-se, incluindo a construção de cerca de 30 viadutos e outros tantos túneis. Em Portugal, a alta velocidade deverá avançar até 2030, a contar com as mais recentes previsões do Governo português. A prioridade passa a ser a ligação lisboa-Porto-Vigo e não lisboa-Madrid, como chegou a estar previsto. Esta estratégia assume particular importância para a Eurorregião Galiza - Norte de Portugal, que desde sempre colocou a mobilidade no topo da sua lista de prioridades, tendo elevado para cinco o número de pontes que ligam as duas margens do rio Minho, no percurso em que funciona como fronteira natural entre as duas regiões. A funcionar oficialmente desde 2010, o Agrupamento Europeu de cooperação territorial Galiza-Norte de Portugal (GNP-AEct) é o organismo que dinamiza e coordena os projetos de interconexão destas duas zonas da Península ibérica. Mais de metade da movimentação transfronteiriça de pessoas e mercadorias entre Portugal e Espanha faz-se entre estas regiões, sobretudo entre as cidades de Valença e tui. isto acontece quer por lazer, quer por trabalho, já que são muitos os chamados trabalhadores transfronteiriços (trabalham num lado da fronteira e vivem do outro). A ligação entre empresas neste pedaço da Península ibérica é notória, sobretudo em áreas como a automóvel (empresas de componentes fornecem fábricas de automóveis na Galiza) ou a têxtil (recordemo-nos que o Porto foi o primeiro destino de internacionalização da galega Zara, marca do grupo inditex, cuja sede continua a ser na corunha). O AdN industrial é um dos pontos em comum entre as duas regiões e seguramente o seu motor de crescimento, como assinala Nuno Almeida, diretor do GNP-AEct, em entrevista para o artigo que faz capa nesta edição. Neste artigo procuramos perceber de que forma esta estratégia de crescimento baseada na cooperação tem dado frutos… Há muito que cidadãos e políticos perceberam que a cooperação pode ser um dos principais ativos destas duas regiões, que juntas foram a primeira Eurorregião criada na Península ibérica e a terceira na Europa. Fruto desse entendimento, os Governos de Portugal e de Espanha, decidiram criar o laboratório ibérico de Nanotecnologia, em Braga, que atualmente emprega 420 cientistas, oriundos 40 países. O iNl foi possível precisamente porque se alicerçou desde sempre na cooperação, tendo sido apoiado por fundos do interreg (um dos principais instrumentos da coesão Económica, Social e territorial Regional da união Europeia). A Eurorregião Norte de Portugal – Galiza é a marca que os dois lados da fronteira querem projetar. O futuro passa por projetos conjuntos no domínio automóvel (como já se verifica), mas também aeroespacial, aproveitando a investigação feita em centros das duas regiões e o potencial técnico das indústrias locais. O futuro passa também inevitavelmente pelo aproveitamento dos recursos marinhos, não só nos âmbitos gastronómicos e turísticos, mas também biomédico, energético, etc. Sendo uma experiência pioneira na cooperação territorial, esta forte cooperação da Eurorregião excede as suas próprias fronteiras e assume particular relevo nas relações económicas e sociais entre os dois países da Península ibérica.
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