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Espaço de Lazer

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Hotel das Amoreiras: requinte e charme na descoberta de uma Lisboa discreta

Localizado numa das mais icónicas e culturais praças lisboetas, o Hotel das Amoreiras, na Praça com o mesmo nome, está perto de tudo na cidade, mas afastado do ruído e da confusão que têm marcado a vida da super procurada capital portuguesa, a viver uma excelente fase em termos de turismo. O projeto reflete uma forte intervenção do seu promotor, Pedro Biancard Oliveira, na escolha do estilo e decoração, que resultaram num “hotel de charme, cosmopolita e integrado com o próprio Jardim das Amoreiras”, resume.

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Texto Clementina Fonseca cfonseca@ccile.org Fotos Armando Ribeiro

Oglamour e o requinte que marcam o design do novo Hotel das Amoreiras refletem toda a envolvência deste hotel boutique lisboeta, recém-inaugurado, numa das praças com mais identidade da capital. Mas refletem, igualmente, os gostos dos seus fundadores, o empreendedor Pedro Biancard Oliveira, e a sua mulher, Alicia Valero, que desde há quatro anos começaram a idealizar e a fazer acontecer este projeto. “tem sido uma aventura enorme, colocar de pé este pequeno grande hotel”, refere Pedro Biancard Oliveira, sobre o projeto que o tem ocupado nos últimos anos, depois de uma carreira de cerca de duas décadas no mundo financeiro. “Sempre gostei de hotelaria e, recentemente, resolvi mudar de vida e estive a tirar uma pós- graduação em Gestão Hoteleira internacional na escola suíça les Roches e, agora, dediquei-me por completo a este projeto, fazendo desde a conceção e decoração do espaço, com os meus gostos e o meu fascínio pelas histórias dos grandes hotéis do mundo,

contando apenas com a ajuda da minha mulher e da minha família para conseguir implementar este resultado”, resumiu o empresário, que lançou o novo hotel no espaço de pouco mais de dois anos, abrindo portas no passado mês de outubro. O resultado tem sido muito bem acolhido pelos clientes, já que o hotel arrancou com uma taxa de ocupação “acima do esperado”, adianta Pedro Biancard Oliveira. tudo começou com a renovação do edifício centenário, situado na Praça das Amoreiras, onde se localizam igualmente alguns importantes espaços culturais e turísticos da cidade, como o Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva, ou o Reservatório da Mãe d’ Água das Amoreiras. “A conceção do hotel teve em conta a sua integração com a praça onde se encontra e para onde dá a fachada principal– a qual integra um desenho com azulejos Viúva lamego–, onde existe um dos mais bonitos jardins de lisboa, sendo transpostas para o interior as cores da natureza e esse tom bucólico do jardim”, enquadra o sócio-gerente do hotel, marcado por uma decoração entre o clássico e o moderno, onde pontuam alusões aos filmes de James Bond, de quem é fã, bem como um conjunto de quadros e peças que foi colecionando ao longo dos anos, explica ainda. “É um projeto de autor, numa praça onde existe algum turismo, mas sem ser massificado, como noutras zonas da cidade, um hotel mais exclusivo, sem a confusão do centro da cidade... Enfim, um espaço personalizado, onde os visitantes de várias partes do mundo poderão encontrar e apreciar referências” de decoração que refletem as influências dos anos que os seus fundadores viveram em inglaterra, Suíça e Espanha. deste modo, não é de admirar que a frequência dos hóspedes seja sobretudo internacional, com destaque para franceses, norte-aericanos e espanhóis. encontram 19 quartos, dois dos quais em formato de suite amansardada (foto em cima), com cerca de 30 metros quadrados cada uma.

Na zona social, no piso térreo, encontra-se um bar e um pequeno pátio com mesas, onde os clientes do hotel podem tomar também as suas refeições. O hotel apenas serve pequenos-almoços e um all-day menu, ou seja, pequenas refeições, onde é possível experimentar produtos portugueses de alta qualidade.

Além dos hóspedes, também o público de fora poderá frequentar o bar ou a esplanada do pátio do hotel para apreciar uma bebida ou uma refeição ali preparados.

O hotel também disponibiliza aos seus hóspedes sugestões de roteiros turísticos e culturais pela cidade.

Os preços da estada rondam os 250 euros por noite, com pequeno-almoço incluído. 

Hotel aberto a clientes do exterior

O hotel reparte-se por três pisos, onde se

gran tema

Foto Borja Puig de la Bellacasa

“Portugal e Espanha continuarão juntos no caminho da inovação”

A colaboração científica saiu reforçada da mais recente Cimeira Ibérica, realizada no passado dia 4 de novembro, em Viana do Castelo, entre membros dos Governos português e espanhol: Cáceres deverá alojar um centro de armazenamento ibérico de energia, Portugal e Espanha querem criar a Constelação Atlântica, com satélites feitos na Península, e vão investigar juntos na área da microeletrónica e semicondutores para atenuar a dependência de microchips. António Costa e Pedro Sánchez alinharam estratégias relativamente à transição para a energia verde, à segurança do abastecimento energético e à monitorização do caudal dos rios ibéricos, que passa de trimestral a mensal. Os dois governantes assinaram memorandos também no âmbito da Cooperação Territorial Transfronteiriça, da Cultura e da Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica. A Cimeira anunciou ainda um Guia Prático do Trabalho Fronteiriço e a criação de um prémio Luso-Espanhol “Magalhães – Elcano”. As ligações ferroviárias de alta-velocidade entre os dois países continuam, por enquanto, na fase de estudos.

As alterações climáticas e a guerra da ucrânia fundamentam muitas das preocupações e das prioridades sublinhadas na XXXiii cimeira luso-Espanhola, presidida pelo primeiro-ministro da República Portuguesa, António costa, e pelo presidente do Governo do Reino de Espanha, Pedro Sánchez, e realizada no passado dia 4 de novembro, em Viana do castelo. Assim, questões relacionadas com a transição energética e com a segurança do abastecimento energético ganharam destaque nesta cimeira, bem como a colaboração científica com o objetivo de favorecer a independência energética, impulsionar a exploração dos recursos marítimos e diminuir a dependência dos microchips.

A declaração conjunta resultante do encontro em Viana do castelo frisa que “Portugal e Espanha continuarão juntos no caminho da inovação” e enumera as áreas em que se encontraram soluções conjuntas e os compromissos acordados para concretizar a “aposta reforçada na inovação”

No documento, assinala-se que “tendo como pano de fundo o complexo contexto político, económico, social e ambiental provocado pelo regresso da guerra ao continente europeu decorrente da agressão da Rússia à ucrânia, a cimeira confirmou a excelência, profundidade e abrangência do relacionamento entre Portugal e Espanha”. Ambos os Governos “reafirmam o seu empenho em continuar a trabalhar no seio da união Europeia (uE), articulando prioridades com vista à presidência espanhola do conselho da uE no segundo semestre de 2023, como aliados na Organização do tratado do Atlântico Norte e com persistente empenho na defesa do multilateralismo nas Nações unidas”. Na declaração conjunta, faz-se referência às “oportunidades criadas pelos respetivos Planos Nacionais de Recuperação e Resiliência e as ações que vêm sendo desenvolvidas no quadro do Plano de Ação”.

Na conferência de imprensa, no final do evento, o primeiro-ministro de Portugal começou por lembrar que “este foi um ano particularmente difícil, a recuperar da pandemia e a enfrentar uma seca severa e todas as consequências geradas pela guerra da Rússia contra a ucrânia, em particular a crise energética, mas foi também um ano que demonstrou a proximidade entre Portugal e Espanha”. António costa acrescentou que “a excelente cooperação política entre os nossos dois Governos permitiu sempre encontrar respostas para problemas difíceis e abrir caminhos para boas soluções”.

Na mesma linha, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, salientou que “Portugal continua a ser o principal parceiro comercial de Espanha” e que as relações entre os dois países são cada vez mais profundas: "Hoje, Espanha olha para Portugal não só com afeto, mas também com admiração e cumplicidade. Atrevo-me a dizer que nunca houve em Espanha tanto interesse e tanta proximidade com Portugal como agora. Sinto-me profundamente orgulhoso de todas as medidas e decisões que ambos os países estão a adotar em três âmbitos: o ibérico, o europeu e o internacional".

Muito esperadas eram as decisões que poderiam sair desta cimeira no que concerne às futuras ligações ferroviárias de alta velocidade entre os dois países, mas o tema não integrou a agenda do evento, ainda que se tenha falado de mobilidade sustentável, quer a nível rodoviário, quer ferroviário.

António costa assinalou na conferência de imprensa que “a maior obra ferroviária dos últimos 100 anos em Portugal é a que está em curso no corredor entre lisboa e Madrid e entre Sines e Madrid” e que o Governo anunciou recentemente o arranque da obra “da primeira linha de alta velocidade no nosso país que ligará lisboa- Porto a Vigo e que marcará o início do nosso processo de inserção na rede de alta velocidade”.

Questionado pelos jornalistas quanto à suspensão da antiga ligação ferroviária entre as duas capitais ibéricas, António costa recordou que "a suspensão foi decidida durante a pandemia e ainda não houve condições para a retomar a ligação" e que estão mais focados em soluções de futuro, nomeadamente em "desbloquear o tema da alta-velocidade", através de "uma solução que une o país, na ligação do norte ao sul do país". Será "a partir da linha de alta velocidade lisboa-Porto-Vigo que poderemos construir as soluções de ligação a Espanha", indicou, voltando a sublinhar a importância da construção do "corredor entre lisboa e Badajoz e entre Sines e Badajoz", que deverá estar concluído "entre o final de 2023, início de 2024". O primeiro-ministro português explicou que o corredor se destina ao “transporte de mercadorias, mas está pré-preparado para suportar qualquer tipo de ligação de passageiros, inclusive em alta velocidade".

Num dos pontos da declaração final resultante da cimeira, pode ler-se que “Portugal e Espanha reiteram a importância fulcral das ligações ferroviárias entre os dois países e salientam o trabalho do grupo de coordenação permanente para o acompanhamento e promoção das ligações ferroviárias”. Os dois Governos “destacam, muito em particular, a entrada em funcionamento de 150 quilómetros da nova linha entre Badajoz e Plasencia, bem como os importantes avanços efetuados nos restantes troços da ligação lisboa-Madrid, nas ligações Porto-Vigo e Mérida-Puertollano, avanço de obras e planeamento na

Ciência alicerça prioridades da cooperação ibérica

“Juntos inovamos” foi o título escolhido para a declaração conjunta feita no final da 33.ª Cimeira Luso-Espanhola, já que a inovação era o tema central do encontro e muitos dos acordos formalizados dizem respeito à área da ciência. Além do já referido acordo para a criação do Centro Ibérico de Investigação e Armazenamento de Energia, que está a ser instalado em Cáceres, assinado entre as ministras da Ciência dos dois países, no final deste encontro bilateral foi ainda assinado entre vários reitores de universidades espanholas e portuguesas um memorando para a criação de um Laboratório Ibérico de Alimentação. As ministras da ciência Elvira Fortunato e Diana Morant assinaram também um memorando de entendimento para o Desenvolvimento de uma Constelação de Satélites de Observação da Terra, a denominada Constelação Atlântica. Trata-se de uma constelação composta por um número estimado de 12-16 satélites (6 a 8 de cada país), que “será um instrumento fundamental para disponibilizar informação, seja para o acompanhamento do que se passa em terra, seja para a disponibilização de dados essenciais para a investigação científica ou para o conjunto da atividade económica”, assinalou António Costa, na conferência de imprensa após a cimeira. Estes satélites podem “fornecer dados de observação da terra com elevada resolução espacial e temporal”, como se lê no portal do governo. Esta tecnologia “irá permitir a monitorização dos territórios para uma abordagem conjunta sobre temas críticos, como a monitorização da biomassa, ordenamento do território e cadastro dinâmico, a prevenção de fogos, monitorização da agricultura e recursos hídricos, assim como a monitorização do nosso vasto território Atlântico, no seu tráfego e nos seus recursos”. Esta iniciativa de cooperação ibérica conta com o apoio financeiro de fundos europeus, dos Plano de Recuperação e Resiliência dos dois países. As duas ministras assinaram um terceiro memorando para “reforçar a colaboração na área da estratégia conjunta da microeletrónica e semicondutores, em colaboração com os Ministério da Economia de ambos os países, tendo em conta a procura crescente de semicondutores em setores-chave como a indústria automóvel ou mesmo os eletrodomésticos e a necessidade de acelerar a autonomia no fabrico de circuitos integrados para dotar a Península Ibérica de um polo de investigação e produção de circuitos integrados”. Uma oportunidade para "juntar as capacidades comuns para contribuirmos para que a Europa recupere a sua autonomia estratégica e não dependa, como até agora, do fornecimento de países terceiros, para uma tecnologia fundamental para quase todas as atividades", salientou o primeiro-ministro português. Estes acordos são o ponto de partida para atrair investimento privado para setores fundaFoto Pool Moncloa / Fernando Calvo mentais do desenvolvimento económico dos dois países. Como destacou Pedro Sánchez, “o avanço dos investimentos em matéria científica é fundamental para o desenvolvimento e bem-estar dos nossos povos, assegurando-nos em lugar de relevo num mundo cada vez mais tecnológico e mais integrado". Elvira Fortunato frisou que estes três memorandos constituem “um marco na área da Ciência e Tecnologia entre Portugal e Espanha”, já que são fundamentais para reforçar a autonomia estratégica da Europa no que diz respeito à energia e digitalização. A mobilidade sustentável continua a ser uma prioridade, como conta da declaração conjunta entre os dois governos: “Portugal e Espanha comprometem-se a continuar a dar prioridade à mobilidade sustentável, em particular a uma infraestrutura comum de postos de carregamento. Neste âmbito, ambos os Governos estão a trabalhar com vista à coordenação das redes de carregamento de veículos elétricos e na sua universalidade de acesso, facilitando a circulação desses veículos e o crescimento da mobilidade elétrica. Reconhecem, igualmente, como prioritário, o desenvolvimento das infraestruturas de carregamento em corredores viários de uma forma coerente nos dois lados da fronteira. Estão a ser envidados esforços para concretizar a disponibilidade de um mapa integrado das infraestruturas de carregamento elétrico de acesso público na Península Ibérica, que garanta a continuidade de trajetos para os veículos elétricos e permita a sua circulação sem restri-

ções de carregamento e interoperabilidade. Saúdam a realização da primeira reunião do Grupo de Trabalho para o desenvolvimento de um cluster luso-espanhol do veículo elétrico, a 28 de outubro, em Matosinhos, com o objetivo de coordenar incentivos ao investimento, avaliar apoios a iniciativas empresariais comuns e cooperar no âmbito da regulação.” Na declaração conjunta ficou também registado que “ambos os países manifestam o seu apoio ao Centro Internacional de Investigação para o Atlântico-AIR Centre nos Açores, promovendo a prossecução da sua atividade centrada numa agenda de investigação e interações para o Atlântico, espaço cada vez mais relevante no contexto internacional. Da mesma forma, no contexto atlântico, serão reforçadas as atividades de investigação, nesta área, nas ilhas Canárias”. Portugal e Espanha “reiteram o compromisso com a transformação digital das suas administrações públicas e do seu tecido empresarial, bem como com o reforço das competências digitais dos seus cidadãos, no quadro de uma digitalização assente nas pessoas e nos seus direitos e na promoção do empreendimento empresarial”. Os dois Governos sublinham na declaração conjunta que se comprometem “em prosseguir com projetos e iniciativas no quadro dos Planos de Recuperação e Resiliência, designadamente na criação de uma rede de excelência de investigação em inteligência artificial” e “congratulam-se com a criação de um grupo de trabalho para formular um plano de ação para a criação de serviços digitais transfronteiriços”. ligação Aveiro – Salamanca e início dos estudos da conexão Faro – Huelva – Sevilha”.

O Governo português já se comprometeu em avançar com as obras da ligação lisboa-Porto-Vigo, em alta-velocidade, tendo apresentado o projeto que ligará lisboa ao Porto num percurso de uma hora e quinze minutos, mas que só ficará concluído na sua totalidade depois de 2030. do lado português estão em causa perto de 400 quilómetros de linha, aos quais se deverão somar os 40 quilómetros de Valença a Vigo, a cargo do Governo espanhol. Pedro Sánchez confirmou que está em curso a avaliação da ligação entre Vigo e o Porto, comentando aindaque os trabalhos relativos à ligação entre lisboa e Madrid, “estão em fase adiantada".

CIIAE, “o irmão gémeo” do INL

Num encontro declaradamente subordinado ao tema da inovação, os líderes políticos portugueses e espanhóis começaram o dia com uma visita ao laboratório ibérico internacional de Nanotecnologia (iNl) de Braga, onde os ministros conversaram com um grupo de 24 investigadores espanhóis, portugueses e de outras nacionalidades. O centro, referência mundial na investigação interdisciplinar baseada na nanotecnologia, espelha a cooperação dos dois países no domínio da ciência e o seu sucesso inspira “a constituição do novo centro ibérico de investigação e Armazenamento de Energia (ciiAE), em cáceres, que deverá funcionar em moldes análogos de cofinanciamento e gestão”, como anunciado em junho deste ano. O centro, que António costa apelidou de "o irmão gémeo, apesar de com alguns anos de diferença" do laboratório ibérico de Nanotecnologia de Braga, vai permitir "estar na vanguarda da informação e do conhecimento produzido nestas áreas essenciais para o futuro da humanidade", sublinhou o primeiro-ministro. Enquadrado no compromisso europeu de transição energética (Green deal), para cumprir as metas da neutralidade carbónica até 2050, o ciiAE visa não só garantir o armazenamento de energia de fonte renovável, como a sua exportação a preços mais competitivos. Em colaboração com as empresas produtoras de energia, o centro, que deverá estar a funcionar em 2024, investigará a melhor forma de guardar a energia produzida a partir do sol, do vento e do hidrogénio verde, colocando Portugal e Espanha na linha da frente da transição energética. trata-se de “uma infraestrutura pioneira para tornar as energias renováveis uma alternativa aos combustíveis fósseis”, que pretende responder “aos desafios tecnológicos e científicos em matéria de energia verde”. Aliado ao desenvolvimento dos conceitos mais inovadores em economia circular (reciclagem, reutilização, ecodesign, o armazenamento poderá ser feito através de diferentes tecnologias como explica a página web do ciiAE: li (lítio), Na (sódio), baterias de fluxo, supercondensadores, metal-ar, etc. A infraestrutura investigará também nas áreas de geração de hidrogénio, catálise para a produção de combustíveis sintéticos, captura de cO2, aplicações industriais de hidrogénio, armazenamento térmico, simulação atómica, bem como tecno-económica, análise do ciclo de vida, economia circular, análise e regulação de sistemas energéticos.

O centro será localizado em cáceres, na região da Extremadura, que reúne mais de 25% da energia fotovoltaica de Espanha. “A instalação do ciiAE em cáceres permitirá combinar os recursos e capacidades técnico-científicas do centro com a sua validação à escala real no seu meio imediato, com uma clara vocação de colaboração público-privada

para o desenvolvimento e inovação em tecnologias de armazenamento energético, capacidade de gestão e comportamento em rede”, lê-se na página do ciiAE.

Corredor de energia verde ligará a península a França

Ainda no âmbito energético, na conferência de imprensa, no final da cimeira, António costa sublinhou a capacidade que Portugal e Espanha demonstraram em encontrarem soluções conjuntas. Entre elas, o acordo que “permitiu conter o impacto da subida do preço do gás no preço da energia elétrica”, bem como a “capacidade de desbloquear o impasse em que se encontravam as interconexões elétricas e de gás entre a Península ibérica e o resto da Europa”, referindo-se à intenção de Portugal, Espanha e França apostarem na construção de interligações energéticas, como acordado no encontro de António costa, Pedro Sánchez e o Presidente da República de França, Emmanuel Macron, em outubro. Em cima da mesa está o acordo para corredor de Energia Verde, em vez do projeto Midcat, de modo a efetivar a transição, no âmbito do Green deal, e a segurança energética. Este corredor de Energia Verde “permitirá complementar as interconexões entre Portugal e Espanha, entre celorico da Beira e Zamora, e também fazer uma ligação entre Espanha e o resto da Europa, ligando Barcelona e Marselha, por via marítima”, como referiu António costa por altura da reunião com Macron e Sánchez. Os três líderes voltarão a reunir-se novamente, em Alicante, no dia 9 de dezembro, para discutir detalhes do projeto já que Portugal, França e Espanha querem trabalhar com a comissão Europeia para identificar fontes de financiamento europeu e têm de apresentar a Bruxelas um projeto comum na data limite, que é 15 de dezembro. "conseguimos que as nossas duas nações sejam referências indiscutíveis no desenvolvimento do projeto europeu num contexto de extraordinária dificuldade", comentou Pedro Sánchez, realçando a necessidade de reformar e de regular o mercado energético europeu, apontando "a solução ibérica" como uma "inspiração" para o resto da Europa.

Na declaração conjunta que saiu da cimeira, “Portugal e Espanha sublinham o seu empenho em reforçar as ligações energéticas entre si e entre a Península ibérica e o restante mercado europeu de energia”, já que “a concretização deste objetivo é essencial para a segurança europeia de abastecimento e para o cumprimento dos objetivos climáticos da uE, aumentando o acesso europeu à eletricidade e hidrogénio verdes produzidos pelos dois países”.

O corredor de Energia Verde envolverá: novas ligações prontas para o transporte de gases renováveis entre Portugal e Espanha; o desenvolvimento de uma infraestrutura marítima para hidrogénio entre Espanha (Barcelona) e França (Marselha); a capacidade destas infraestruturas transportarem hidrogénio e outros gases renováveis, bem como potencialmente gás natural de forma transitória e limitada no tempo; e o reforço das interligações elétricas entre Espanha e França, incluindo através da conclusão da nova ligação pelo Golfo da Biscaia.

Assim, “os dois Governos darão a máxima prioridade à conclusão da interligação de gás renovável ligando celorico da Beira e Zamora (celZa), uma das componentes do corredor de Energia Verde entre Portugal, Espanha e França”, lê-se na seclaração conjunta. No mesmo documento, “os dois países recordam o seu firme compromisso no desenvolvimento da produção de energia renovável, incluindo o hidrogénio verde e outros gases renováveis, como o biometano ou o biogás, como fonte de fornecimento para a mobilidade sustentável e elemento fundamental para a descarbonização da economia”.

No que se refere às interligações elétricas, os dois Governos sublinharam “os esforços desenvolvidos para concretizar a interligação elétrica Minho-Galiza” e confirmaram “a recente decisão das Entidades Ambientais de ambos os países de manter a interligação elétrica Este/ Nascente como a mais viável”.

Ainda no âmbito do hidrogénio renovável, “Portugal e Espanha comprometem-se a trabalhar conjuntamente com os seus respetivos tSO (REN e REE) na identificação das necessidades de armazenamento na Península ibérica no horizonte 2030 e no desenvolvimento de um quadro regulatório que incentive de maneira eficiente os novos investimentos, cumprindo com todos os requisitos estabelecidos pelas normas europeias e garantindo a participação de todos os agentes de ambos os lados da fronteira em condições de igualdade”. consta da declaração que “este projeto deve enquadrar-se no reforço da cooperação no domínio da inovação em matéria de armazenamento de energia e articular-se com os trabalhos do novo centro ibérico de investigação e Armazenamento de Energia, em cáceres, e do laboratório ibérico internacional de

António Costa: " A excelente cooperação política entre os nossos dois Governos permitiu sempre encontrar respostas para problemas difíceis e abrir caminhos para boas soluções”

Nanotecnologia, em Braga, este último na área das baterias”.

Ambos os países reconhecem que “a costa Atlântica de Portugal e de Espanha apresenta um grande potencial para a produção de energia a partir de fontes renováveis, de origem ou localização oceânica”, pelo que “sublinham a importância potencial das fontes de energia renovável offshore e concordam em cooperar e acelerar a sua produção até 2030”. Neste contexto, “salientam, em particular, a Zona livre tecnológica para as energias renováveis oceânicas, a localizar em Viana do castelo, como local de excelência para dinamizar essa cooperação”.

A urgência do combate à seca

A gestão da água foi também abordada na cimeira, tendo ficado acordado que “para mitigar os efeitos da seca no ano hidrológico 2021/2022, no âmbito da convenção de Albufeira, os dois países fortaleceram os mecanismos bilaterais de acompanhamento dos caudais, passando de trimestral para mensal, por parte das autoridades nacionais de recursos hídricos, Agência Portuguesa do Ambiente e direção-Geral da Água de Espanha, procedendo à articulação da gestão dos caudais nas bacias internacionais, o que tem requerido esforços redobrados por parte de todos os intervenientes”. Portugal e Espanha “trabalharão de forma conjunta para harmonizar os indicadores de seca e escassez usados por ambos os Estados e, em particular, os que caraterizam as situações de exceção previstas na convenção de Albufeira”. Os dois países acordaram “trabalhar de forma conjunta e coordenada no estudo da seca e dos problemas da escassez, procurando liderar estes temas no âmbito da uE”, impulsionando “o desenvolvimento de um Secretariado técnico Permanente da comissão para a Aplicação e desenvolvimento da convenção de Albufeira (cAdc), em linha com as melhores práticas na gestão partilhada de bacias hidrográficas internacionais, que facilite o trabalho contínuo nas matérias reguladas pela convenção de Albufeira e, em particular, no planeamento hidrológico”. Será criado “um grupo de trabalho sobre água e energia que contribua para abordar conjuntamente o papel da água como fonte de energia e explorar as oportunidades do armazenamento energético”. dias depois desta cimeira, Portugal juntava-se à Aliança internacional para a Resiliência à Seca (idRA), iniciativa liderada pela Espanha e pelo Senegal, lançada no Egito, durante a 27.ª conferência das Nações unidas sobre Alterações climáticas (cOP27), que conta com a adesão de 29 países. “todos temos de nos empenhar num esforço conjunto para ultrapassar uma das piores manifestações das alterações climáticas”, justificou costa.

Entre os memorandos assinados nesta cimeira, de assinalar ainda o que prevê a instituição do prémio luso-espanhol “Magalhães-Elcano”, que reconhecerá pessoas singulares, coletivas ou organizações que se destaquem na promoção das relações bilaterais luso-espanholas em função da proteção e promoção dos oceanos e dos ecossistemas marinhos. A declaração conjunta realça “o encerramento do ciclo comemorativo do V centenário da circum-Navegação de Fernão de Magalhães e de Juan Sebastián Elcano”, acrescentando que “Portugal e Espanha comprometem-se a continuar a promover conjuntamente a inscrição no Registo da Memória do Mundo da uNEScO deste feito de transcendência universal, que consolidou a sua vocação europeia e atlântica”. como rematou Pedro Sánchez, “há 500 anos, a partir de uma esquina do continente, Espanha e Portugal abriram a Europa ao mundo. Hoje, trabalhamos lado a lado, para fazer da nossa península uma referência global na defesa da dignidade, do bem-estar das pessoas, na criação de riqueza e na prosperidade de forma inovadora e sustentável”, concluíu. 

Pool Moncloa/Borja Puig de la Bellacasa Foto

Pedro Sánchez: "Atrevo-me a dizer que nunca houve em Espanha tanto interesse e tanta proximidade com Portugal como agora"

Regiões transfronteiriças: um guia de trabalho e uma estratégia para o turismo

Foto Pool Moncloa/Borja Puig de la Bellacasa

Portugal e Espanha querem fazer da raia “um território de oportunidades”, como frisou Pedro Sánchez. Nesse sentido, as ministras do Trabalho Ana Mendes Godinho e Yolanda Díaz lançaram o "Guia do Trabalho Transfronteiriço em Espanha e Portugal", uma ferramenta que procura elucidar sobre as dúvidas que afetam milhares de trabalhadores que cruzam a fronteira para exercer a sua profissão. A publicação surge na sequência da Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço (ECDT) de 2020 e visa contribuir para o desenvolvimento das regiões raianas e para melhorar as condições de empregabilidade das pessoas, explicando quais os serviços e direitos aos quais podem aceder, bem como facilitar a coordenação entre as autoridades laborais dos dois países. “É um passo necessário para promover a mobilidade e abordar a complexa situação enfrentada por estes trabalhadores”, referiu a vice-presidente do Governo espanhol, Yolanda Díaz. Ainda no que se refere às regiões transfronteiriças, Espanha e Portugal acordaram uma estratégia comum, alicerçada na sustentabilidade. Esta Estratégia de Turismo Transfronteiriço 2022-2024, pretende promover investimentos em destinos e experiências turísticas dos dois lados do mais antigo e extenso território fronteiriço da União Europeia, de modo a fomentar o desenvolvimento sustentável das respetivas economias locais, posicionando a Península Ibérica como um dos destinos turísticos mais competitivos e sustentáveis do mundo. O acordo assinado pela ministra da Indústria, Comércio e Turismo, Reyes Maroto, e pelo ministro português da Economia e do Mar, António Costa Silva, identifica as quatro áreas de intervenção prioritárias e as respetivas ações: Articulação de políticas bilaterais e multilaterais para promover o desenvolvimento dos instrumentos e projetos conjuntos necessários à aplicação da Estratégia; Articulação regional entre as regiões de Portugal e as Comunidades Autónomas de Espanha, com ações a realizar em ambos os lados da fronteira com impacto nos destinos, produtos, recursos humanos e promoção externa; Planos de sustentabilidade do turismo em destinos fronteiriços, nomeadamente nas seis sub-regiões da fronteira luso-espanhola: Galiza - Norte de Portugal, Castilla y León - Norte de Portugal, Castilla y León - Centro de Portugal, Extremadura - Centro de Portugal, Extremadura - Alentejo e Andaluzia – Algarve; e desenvolvimento de experiências turísticas na fronteira, nas áreas do turismo cultural, de natureza, turismo ativo (caminhadas, cicloturismo), gastronómico e enoturismo.

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