Análise Ergonômica do Trabalho

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ROMILDO G. BRUSIQUESE

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

Na prática

Romildo G. Brusiquese

ANÁLISE ERGONÔMICA

DO TRABALHO

Na prática

Análise ergonômica do trabalho: na prática

© 2024 Romildo Garcia Brusiquese

Editora Edgard Blücher Ltda.

Publisher Edgard Blücher

Editores Eduardo Blücher

Pré-produção Aline Flenic

Coordenação editorial Andressa Lira

Produção editorial Leonardo de Carvalho

Preparação de texto Maurício Katayama

Diagramação Guilherme Salvador

Revisão de texto Samira Panini e Rosângela Garcia B. Martins

Capa Laércio Flenic

Imagem da capa iStockphoto

Rua Pedroso Alvarenga, 1245, 4 o andar 04531-934 – São Paulo – SP – Brasil

Tel.: 55 11 3078-5366 contato@blucher.com.br www.blucher.com.br

Segundo o Novo Acordo Ortográfico, conforme 6. ed. do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, julho de 2021.

É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios sem autorização escrita da editora.

Todos os direitos reservados pela Editora Edgard Blücher Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057

Brusiquese, Romildo Garcia

Análise ergonômica do trabalho : na prática / Romildo Garcia Brusiquese. – São Paulo : Blucher, 2024.

112 p. : il.

Bibliografia

ISBN 978-85-212-2224-8

1. Ergonomia 2. Arquitetura 3. Segurança do trabalho – Normas – Brasil I. Título

24-5040

Índices para catálogo sistemático: 1.Ergonomia

CDD 624.15

11 . O universo do contexto de trabalho

12 . Uma visão geral da AET

13 . Pessoas com limitações

Referências

Índice remissivo

CAPÍTULO 1

Introdução

Primeiramente, o que pretendo com este livro? Oferecer uma contribuição para a melhoria das condições de trabalho das pessoas por meio da evolução de aspectos, como a segurança, o conforto e a eficiência, o que levará também a avanços na produtividade. Além disso, contribuir para que o trabalho seja um momento de oportunidades de crescimento profissional das pessoas, possibilitando-lhes condições de melhoria de sua qualidade de vida, não apenas no ambiente produtivo, mas também na esfera pessoal, familiar e social. Nessa perspectiva, a análise ergonômica do trabalho (AET) se apresenta como importante ferramenta, tanto na identificação e apoio na remoção de elementos que interferem negativamente nas atividades quanto no aprimoramento do trabalho.

E a quem se destina este livro? Primeiramente, a um público específico que elabora a AET no escopo de suas atividades profissionais. Estou falando dos ergonomistas, tanto os vinculados às empresas quanto os consultores externos contratados para esse fim. Também fazem parte do público potencial desta obra estudantes, professores e pesquisadores ligados a temas relacionados à disciplina ergonomia como base para seus estudos, além de outros possíveis leitores, como trabalhadores e gestores interessados em conhecer um pouco a respeito desse tema tão importante para quem vive a rotina do trabalho. Nesse sentido, o livro se apresenta como ferramenta de apoio a ações administrativas por parte das organizações para melhoria

CAPÍTULO 2

A prática da análise ergonômica do trabalho (AET)

O PORQUÊ DA “AET PRÁTICA”

Já de antemão, antes que caia uma chuva de críticas sobre este autor, é bom deixar claro que, realmente, o título deste livro parece redundante, pois a análise ergonômica do trabalho (AET) já é, por natureza, eminentemente prática. E essa é uma boa oportunidade para relembrar que, conforme destaca Wisner (2004), a AET se caracteriza por ser um método voltado para a análise das situações de trabalho sem a orientação de um modelo prévio, focando uma determinada situação. Assim, fica claro que cada situação a ser analisada tem a sua especificidade, que somente poderá ser conhecida em profundidade com a investigação in loco, isto é, em trabalho de campo, onde realmente ocorrem as atividades dos trabalhadores. A ideia de manter a expressão “na prática” como parte do título foi no sentido de destacar o foco principal do livro em aspectos mais concretos e menos teóricos e já fornecer indicativos da disponibilização ao leitor de uma ferramenta que de fato possa auxiliá-lo na análise das situações reais de trabalho.

E esse foco no aspecto mais pragmático que pretendi ao abordar os trabalhos de condução da AET, procurei estender também à elaboração de seu produto final, expressado pelo relatório do ergonomista, que, a propósito, não tem de primar pela extensão e prolixidade; ao contrário, ele precisa ser claro e conciso. O que o cliente de uma AET menos quer é ler o documento; ele quer um resultado, algo que aponte possibilidades de intervenção nas situações de trabalho, para corrigi-las ou

CAPÍTULO 3

O documento formal da AET

Bem, já que a ideia é trabalhar a praticidade, vamos direto ao ponto, começando pelos aspectos formais do documento da análise ergonômica do trabalho (AET), o qual, de acordo com a proposta deste livro, deverá apresentar no mínimo os elementos a seguir. Evidentemente, não esgotarei as possiblidades de abordagem do tema, uma vez que especificidades de cada caso pedirão menção complementar na AET. A análise em si (etapas da AET) não será tratada neste momento, uma vez que será objeto de abordagem em todo o livro a partir do próximo capítulo.

PÁGINA DE ROSTO

É sempre recomendável incluir uma página de rosto no relatório da AET, pois, além de preservar as informações constantes da primeira página, as quais nem sempre se deseja que fiquem expostas a não destinatários de seu conteúdo, é uma maneira de tornar o relatório mais apresentável. Essa página não deve conter muitas informações; normalmente, ela traz a identificação do documento com a inscrição “Análise Ergonômica do Trabalho”, seguida do nome da empresa contratante dos serviços e seu endereço, a data do documento e a identificação da empresa/ergonomista responsável pelos trabalhos.

SUMÁRIO E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS

Em seguida, pode-se incluir um sumário no documento para informar sobre as principais seções e indicar os apêndices porventura citados, os quais deverão ser

CAPÍTULO 4

Análise da demanda

A DEMANDA

Uma análise ergonômica do trabalho (AET) geralmente se origina de uma situação de preocupação, de incômodo, que indica a necessidade de reparar (mais urgente) ou de aprimorar (postergável) algo. Esta última situação normalmente evita ou adia a primeira. Dessa necessidade, surge o pedido de socorro, isto é, a demanda.

E quem levanta a situação de incômodo? Quem grita? Pode ser o trabalhador (ou seus representantes), quando percebe que seu trabalho é muito repetitivo, monótono, desconfortável; quando o volume de serviço supera sua capacidade de produção; quando o computador é mais lento que sua própria condição operacional; quando o ambiente de trabalho é ruidoso, quente, frio, escuro, claro demais; quando percebe falta de segurança em suas atividades, entre muitas outras situações.

Mas a AET pode ser solicitada também pela própria empresa (direção, gestores, supervisores) pelos motivos que acabei de citar, relacionados às condições de trabalho dos empregados, mas também quando busca melhor produtividade e qualidade de seus produtos/serviços, assim como a redução de gastos com acidentes e com afastamentos do trabalho, para citar alguns exemplos. Há também casos em que a AET é objeto de exigência por órgãos de fiscalização do trabalho, além daqueles em que a solicitação decorre de ações judiciais, entre outros.

De qualquer forma, a apresentação da demanda deve ser formal, isto é, veiculada por meio de um documento, seja ele físico ou eletrônico, pois isso assegura o

CAPÍTULO 5

Análise da tarefa

TRABALHO PRESCRITO E TRABALHO REAL

Antes de iniciar o tema principal do capítulo, a análise da tarefa, farei uma breve abordagem de uma importante questão na ergonomia: a diferença entre o trabalho prescrito e o trabalho real. Trabalho prescrito é aquele que é projetado, idealizado; trabalho real é aquele que ocorre na prática. O trabalho prescrito se trata, na verdade, de uma expectativa da organização a respeito de um resultado a ser atingido (produto, serviço) e de meios e recursos para obtê-lo.

Ocorre que, quando se projeta um sistema produtivo, não se dispõe de conhecimento sobre todos os elementos que estarão presentes no momento do trabalho de fato. Assim, quando o trabalhador realiza sua atividade, percebe elementos não imaginados ou não considerados por quem concebeu o trabalho, tenha sido por opção ou não. E esses fatores não previstos na concepção do trabalho promovem interferências tanto no contexto produtivo (máquinas, ferramentas, processos, materiais, ambiente físico etc.) como no comportamento do trabalhador. A diferença existente então entre aquele trabalho idealizado, planejado e o que é desenvolvido na prática é o que se identifica por distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real. Christol (2004) ressalta a importância do ergonomista na melhoria da relação entre o trabalhador e a tarefa. Entretanto, a tarefa é feita para o geral, e nós somos específicos. Evidencia-se, portanto, uma das principais fontes de discrepâncias entre

CAPÍTULO 6

Análise da atividade

A ATIVIDADE

Segundo Christol (2004), Falzon (2007), Guérin et al. (2001) e Iida (2005), atividade se refere ao comportamento do trabalhador, isto é, o que ele aciona para a realização de uma tarefa visando atingir os objetivos que lhe foram atribuídos pela organização. De acordo com Christol (2004), em suas atividades, o trabalhador emprega, entre outras, as funções fisiológicas, como gestos e posturas; e cognitivas, como raciocínio, memória e percepção. Assim, evocando seu histórico profissional, o trabalhador resgata suas experiências, assim como as competências desenvolvidas nas diversas áreas em que atuou; enfim, elementos que vão contribuir para a transformação do trabalho em algo viável tanto para o seu bem-estar quanto para os objetivos da organização.

É, portanto, no âmbito da atividade que se verifica a realidade de trabalho das pessoas, isto é, a ocasião em que as tarefas se materializam em eventos reais, seguindo ou não a sua prescrição original. Segundo Guérin et al. (2001), na atividade de trabalho, buscam-se adaptações às situações reais de trabalho. E isso se deve a uma questão que tenho abordado bastante até aqui, a chamada distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real; isto é, a diferença entre o que foi concebido, idealizado e o que ocorre na realidade produtiva dos trabalhadores.

Em consonância com Christol (2004), Guérin et al. (2001) e Iida (2005), pela sua centralidade em todo o processo produtivo, cabe à atividade o papel de estruturar

CAPÍTULO 7

A visita ao local de trabalho

FORMALIZANDO A VISITA

Previamente à realização da análise da atividade, que dependerá de visitas aos locais de trabalho, é recomendável que o ergonomista solicite à gestão da empresa que efetue um comunicado geral aos trabalhadores informando sobre os trabalhos a serem iniciados. Isso evita que o ergonomista tenha de dar explicações e fazer negociações a cada novo setor ou departamento que tenha de visitar. Iniciar as atividades sem prévio aviso gera dúvidas, apreensão e comentários paralelos entre os trabalhadores, o que pode causar impactos negativos no trabalho do ergonomista. Esse comunicado também funciona como algo legitimador das atividades do ergonomista, indicando o compromisso da empresa com a análise e melhoria das condições de trabalho de seus empregados.

Nesse sentido, o ergonomista e sua equipe devem ser apresentados pela direção da empresa ou por seu representante, preferentemente em seu primeiro contato com os trabalhadores, em especial aqueles que atuam nos locais objeto da análise ergonômica do trabalho (AET). Nessa ocasião, além de informações sobre os elementos que motivaram a presença do ergonomista, a natureza dos trabalhos a serem desenvolvidos por ele e os resultados esperados, cabe à direção manifestar o compromisso e o apoio da alta administração da empresa ao projeto e solicitar a colaboração de gestores e trabalhadores no fornecimento das informações solicitadas.

CAPÍTULO 8 Diagnóstico

Após a análise da demanda e a análise da atividade, o ergonomista já terá condições de elaborar suas hipóteses sobre os problemas identificados, isto é, poderá iniciar seu trabalho de identificação dos elementos que estão na origem das inconsistências. É o momento, de acordo com Laville (1977), de objetivar as causas de mau funcionamento na relação do trabalhador com a tarefa, ocasião em que a opinião desse ator é indispensável na complementação do diagnóstico. É importante, portanto, visando dirimir dúvidas quanto à interpretação da realidade de trabalho observada, discutir o diagnóstico com os trabalhadores do local visitado e com o representante do empregador.

Em sua análise, Iida (2005) argumenta que o diagnóstico visa descobrir as causas dos problemas apresentados na demanda e, de acordo com Falzon (2007), nesta fase, busca-se avaliar uma dada situação de forma a possibilitar corrigi-la. Em outras palavras: identificar na atividade realizada os possíveis elementos desencadeadores dos problemas, sejam eles relacionados, por exemplo, à organização do trabalho (subdimensionamento de equipes, procedimentos normativos inadequados etc.), aos recursos operacionais (equipamentos danificados, ausência de dispositivos de proteção etc.) e às condições ambientais (calor excessivo, baixa iluminação etc.), com potencial para ocasionar impactos negativos na segurança e na saúde dos trabalhadores (SST), assim como na produção.

CAPÍTULO 9

Recomendações ergonômicas

É comum encontrar em livros de ergonomia e, mais especificamente, em abordagens sobre a análise ergonômica do trabalho (AET) a utilização de expressões como “prescrições”, “proposta de ações”, “indicação de soluções”, “proposição de soluções”, entre outras, em referência a encaminhamentos subsequentes às etapas de análise e diagnóstico de situações de trabalho. O termo que considero mais adequado para esse propósito e, portanto, o que adoto é “recomendações ergonômicas”.

A razão dessa opção decorre da associação que identifico entre esse termo e o ato de indicar ações que tenham como finalidade viabilizar soluções para inconsistências ou aprimoramentos no trabalho. Também vejo no termo uma maneira de transmitir de forma mais clara e direta a ideia de orientação técnica, pois a indicação de soluções no escopo de um parecer ergonômico precisa desse caráter inequívoco.

Sob essa perspectiva, destaco Wisner (1987), para quem está entre as ações a cargo dos ergonomistas a formulação de recomendações para as exigências postas aos trabalhadores; Iida (2005), que relaciona as recomendações às providências a serem tomadas para a resolução dos problemas identificados; e Falzon (2007), que salienta que, mesmo com suas limitações, cabe, realmente, ao ergonomista fazer recomendações com base em seus conhecimentos. A própria legislação, por meio da NR 17 (Brasil, 2022), prevê que as análises ergonômicas do trabalho devem contemplar, entre outras ações, recomendações ergonômicas que devem ser expressas em propostas e planos claros e objetivos.

CAPÍTULO 10

A validação da AET e o acompanhamento das ações

Seria cômodo ao ergonomista se seu trabalho terminasse com a apresentação de recomendações no seu relatório final da análise ergonômica do trabalho (AET).

Entretanto, há ainda uma parte muito importante a ser por ele conduzida, que envolve a validação da AET, o acompanhamento das ações a serem implementadas e, se necessário, a assessoria nesse processo de transformação do trabalho.

A VALIDAÇÃO DOS TRABALHOS DO ERGONOMISTA

Antes da finalização da AET, é recomendável o retorno do ergonomista aos ambientes por ele visitados para a validação de seu trabalho. Isso deve ser feito junto àqueles que tiveram suas atividades analisadas ou que forneceram informações que subsidiaram a proposição de intervenções nas situações de trabalho, sejam eles trabalhadores ou gestores. Nessa ocasião, deverão ser colhidas as impressões desses atores quando lhes for apresentada a posição do ergonomista com relação à avaliação das situações de trabalho.

Trata-se, conforme explica Dejours (2004), da confrontação das interpretações do ergonomista com os pontos de vista dos trabalhadores que participaram da ação ergonômica. É nessa oportunidade que se poderá dirimir eventuais dúvidas quanto à assimilação das informações coletadas e efetuar sua complementação ou correção.

Nessa ocasião, ajustes podem ser necessários, principalmente em registros da análise da atividade e do diagnóstico, o que pode levar a modificações nas recomendações.

CAPÍTULO 11

O universo do contexto de trabalho

Muito embora a análise da atividade deva ser norteada pela demanda, conforme destaco em outros momentos deste livro, a atenta observação do contexto produtivo é muito importante, pois possibilita a identificação de elementos até então não conhecidos e que podem interferir nas atividades dos trabalhadores. Dessa forma, é importante que, além da atenção ao que consta da demanda, o ergonomista exercite o seu olhar de especialista para outras situações das quais podem surgir elementos de interesse de suas investigações.

Para ilustrar esse quadro, apresentarei a seguir uma série de exemplos de situações que podem ser encontradas no ambiente de trabalho sob análise. Obviamente que existe uma infinidade de outras situações que se originam conforme os diferentes tipos de contextos produtivos, que, por sua vez, variam em função de fatores, como natureza econômica da empresa, sazonalidade da produção, porte da unidade produtiva, disposição geográfica da planta, nível de inserção tecnológica dos processos, terceirização de atividades etc.

Não se trata de uma lista de verificação, pois, se, por um lado, a abordagem não esgota (obviamente) o universo de situações de trabalho possíveis, por outro, contém itens não aplicáveis a diversas realidades de trabalho. Importante destacar também que os elementos que relaciono a seguir, além de outros identificáveis em cada caso, somente deverão ser levados em conta pelo ergonomista se alguma relação tiverem com a AET que está sendo elaborada; caso contrário, as situações em que eles forem

CAPÍTULO 12 Uma visão geral da AET

Muitas vezes, uma visão esquematizada pode ilustrar melhor o que queremos dizer sobre determinados assuntos de natureza técnica. Sob essa perspectiva, apresento a seguir duas representações com o objetivo de tornar mais clara a visualização do modelo de análise ergonômica do trabalho (AET) que proponho neste livro.

A primeira (Figura 12.1) descreve o fluxo de informações e insumos que ocorre entre as etapas da AET: a análise da atividade é orientada pela demanda e pela análise da tarefa; no diagnóstico, busca-se efetuar esclarecimentos sobre os problemas verificados, tendo como fontes a análise da demanda, a análise da tarefa e a análise da atividade, ao mesmo tempo que oferece insumos para a elaboração de recomendações.

Análise da demanda Análise da tarefa Análise da atividade Diagnóstico Recomendações

Figura 12 .1 O fluxo de informações e insumos entre as etapas da AET. O sentido das setas indica onde uma etapa busca recursos.

Antes de apresentar a segunda ilustração, cabe um pequeno preâmbulo. Certa vez, quando fazia uma apresentação em um evento de segurança e saúde no

CAPÍTULO 13

Pessoas com limitações

LIMITAÇÕES, QUEM NÃO AS TÊM?

Todos temos limitações – com maior ou menor intensidade, mas temos. A diversidade humana nos dá mostras, diariamente, dessa realidade. As limitações estão presentes em todos os momentos de nosso dia, mas é no trabalho que seus efeitos parecem ser mais perceptíveis. Talvez isso ocorra porque vivenciamos, nessa ocasião, a necessidade de gerar algum tipo de resultado ao mesmo tempo que algo nos dificulta a realização das ações. Ou seja, a responsabilidade pela geração de um produto ou serviço nos faz perceber de forma mais nítida o peso das limitações que sofremos. Há situações em que algumas pessoas, ao se depararem com certas dificuldades do dia a dia, sentem-se como se fossem dotadas de alguma limitação importante, como a dependência de cadeiras de rodas para sua locomoção. Isso pode ser observado no caso de falhas em projetos de edifícios, na manutenção deficiente de áreas públicas etc. Quem ainda não experimentou o inconveniente de ter de passar com uma pesada mala de viagem por uma escada após constatar que não há rampa como alternativa ao percurso? Imagine a mesma situação com uma mãe com seu carrinho de bebê (com o bebê dentro) ou um trabalhador conduzindo sua carriola de carga. Em qualquer das situações, o transtorno é certo. Imaginemo-nos, ainda, necessitando alcançar algo importante que se encontra na parte alta de um armário, sem que disponhamos de uma escada ou algo que nos possibilite acessar esse objeto. É mais ou menos nessa situação, acrescida de outras

O mundo do trabalho é complexo e, muitas vezes, para sua compreensão, uma análise técnica é necessária.

O livro Análise ergonômica do trabalho: na prática se apresenta como uma orientação para essa análise. Com linguagem simples e acessível, preenche uma importante lacuna no conjunto de ferramentas dos profissionais da ergonomia. Seu conteúdo, que mescla fundamentos teóricos e abordagem prática, é apresentado em uma sequência lógica e encadeada, possibilitando ao profissional condições de direcionar o trabalho para sua melhor dimensão: seguro, confortável e eficiente, expressando, dessa forma, o objetivo da ergonomia.

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