ENTRE

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FICHA TÉCNICA Director Luís Costa Pereira Textos Carolina Albuquerque | Joana Casimiro | Miguel Lourenço | Mafalda de Oliveira Martins | Mafalda Couto | José Carlos Dias | Mariana Freitas | Rita Martins Coordenação António Martins e Andrea Fernandes Fotografia Mariana Freitas | Filipe Dumas Concepção gráfica e paginação Filipe Dumas | Marta Frade | Mauro de Jesus | Pedro Soares | Rita Chaves | Teresa Ferreira | Sara Leal | Vasco Mendes | Coordenação Luís Costa Pereira e António Martins Propriedade OSJ | artlab | Curso de Artes Visuais Distribuição Gratuita Periodicidade Anual Formato Digital Contactos Oficinas de S.José | Associação Educativa | Praça S.João Bosco, 34 1399 - 007 Lisboa | tel 210 900 500 | artlab@salesianos.pt | www.adnart.blogspot.com

Newsletter artlab Com a finalidade de divulgar as actividades do curso de artes visuais | artlab criámos a newsletter artlab, tornando assim possível o acompanhamento da nossa actividade pelos interessados nas diversas temáticas da área artística. Para subscrever a newsletter basta aceder ao blogue www.adn-art.blogspot.com e efectuar o preenchimento da área para o efeito, colocando o seu nome e email. Não perca!

Projecto Coolmeia adn-art Recentemente, aderimos ao facebook iniciando o projecto Coolmeia. Este visa reunir alunos, ex-alunos, entidades culturais e outros profissionais da área em torno de um núcleo comum, o projecto artlab. Desta forma pretendemos criar uma rede social que possa alimentar a interacção entre cada um dos seus elementos. Já contamos com cerca de duas centenas de membros que diariamente interagem dando a conhecer os seus trabalhos e iniciativas.

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editorial eNTRE, sente-se à vontade. Caminhamos de muitos modos, em muitos ritmos… para onde vamos, não sei, mas sei que vamos. Hoje acreditamos ter dado mais um passo. Um passo já há muito premeditado e, no entanto, ainda não materializado. Finalmente! Poderíamos exclamar… mas não, é um começo apenas, eNTRE mundos. Queremos ser uma varanda aberta sobre o panorama artístico nacional. Um corredor que ligue o Escolar ao Académico. Um caminho que iremos traçando ao longo do tempo, passo a passo.

Luís da Costa Pereira luis.pereira@salesianos.pt

Sem rodeios, sem máscaras. Em suma, queremos ser um “diário gráfico”, espelho de nós, eNTRE linhas. Porque acreditamos que temos algo mais a dizer, Ideias a exprimir, Estórias para contar, momentos para viver e queremos, não só vivê-los como partilha-los e, por isso os registamos, de tantos modos, em tantos ritmos; por isso eNTRámos neste novo caminho dispostos a ir até onde ele nos levar. Obrigado a todos.


08 USK | ARTLAB

22 CONVERSAS DE ENTRE

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30 A ARTE VISTA DE FORA

E OFICINA 32 PELE


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“ Representar, registar uma cidade não é tão somente capturá-la no papel, mas sim conhecê-la, senti-la e bebê-la para que se torne nossa” Nina Johansson Correspondente do USK em Estocolmo


R E V I S T A E N T R E


USK Manifesto 1 Desenhamos no local, no interior ou ao ar livre, capturamos o que vemos através da observação directa. 2 Os nossos desenhos contam a história das nossas redondezas, os locais onde vivemos e os que visitamos. 3 Os nossos desenhos são registos no espaço e no tempo. 4 Somos verdadeiros nas cenas que testemunhamos. 5 Usamos todos os tipos de riscadores e suportes; acarinhamos os estilos pessoais. 6 Apoiamo-nos mutuamente e desenhamos em grupo. 7 Partilhamos os nossos registos “on-line”. 8 Mostramos ao mundo um registo de cada vez.

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A nossa missão O “Urban Sketchers” é uma associação com fins não lucrativos que se dedica a elevar o valor, a qualidade artística e o carácter educacional do “croquis in loco” (registo de observação), através da promoção da sua prática pelo mundo fora e da união dos seus praticantes. Temos por objectivo levar ao mundo um registo de cada vez. O nosso trabalho A associação não lucrativa Urban Sketchers mantém uma rede de “blogues” e um grupo “flickr” onde os seus membros podem partilhar as suas histórias, registos e interagir. Foi lançado em Dezembro de 2009 e está a desenvolver, presentemente, programas de angariação de fundos para patrocinar a arte do registo de observação. A nossa história O Urban Sketchers é o filho espiritual do ilustrador e jornalista Espanhol Gabriel Campanario, hoje um artista e bloguer pertencente aos quadros do “Seattle Times”. Ao observar o número crescente de pessoas que partilhavam os seus registos de observação na “blogosfera” iniciou um grupo na plataforma “flickr” em Novembro de 2007 para servir como “álbum” aos artistas. Um ano mais tarde decidiu expandir o “contentor” que criara no “flickr” e criou um “blogue por convite”, onde os convidados se comprometiam a contribuir, periodicamente, com os seus registos e a partilhar as suas histórias. A breve trecho, o blogue Urban Sketchers e o grupo irmão do “flickr” adquiriram grande popularidade na comunidade cibernauta. As visitas diárias para inspiração e observação dos trabalhos “expostos” cifravam-se aos milhares e os pedidos de adesão e contribuição gráfica foram-se multiplicando em consonância pelos seis continentes. O blogue e os seus artistas foram citados em revistas e jornais pelo mundo fora.

A partir de cidades dinâmicas tais como Londres, Barcelona, Nova Iorque, São Francisco, Lisboa, Singapura e Seul, os “sketchers” retratam a vida quotidiana – dos viajantes encaixados nos metropolitanos à hora de ponta aos clientes de um café esplanada. Abrem os seus diários gráficos e oferecem-nos paisagens urbanas vivas, arquitectura notável e rostos intrigantes, em registos rápidos, muitas vezes efectuados ao correr da caneta. Para melhor servir esta comunidade em crescimento tão acentuado, Campanario e mais alguns “bloguers” transformaram O Urban Sketchers numa associação não lucrativa a 6 Dezembro de 2009. O carácter não lucrativo desta associação visa organizar “workshops” educativos e angariar fundos para subsídios e bolsas a atribuir a artistas.


UrbanSketchers Portugal O Urban Sketchers Portugal é um colectivo de autores portugueses que desenham em diários gráficos as cidades onde vivem, os sítios por onde viajam, encontram-se para desenhar de vez em quando e respondem a desafios lançados no blogue.

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Projecto USK artlab OSJ O projecto “urbansketchers” enquadra-se no movimento internacional do mesmo nome e pretende reunir artistas de vários quadrantes e dimensões, quer sejam estudantes ou profissionais tendo como interesse comum a resposta ao desafio do desenho espontâneo. Este movimento tem vindo a crescer a nível mundial e apresenta-se já como uma estrutura de peso na comunidade digital. Conscientes de que os nossos estudantes necessitam de abraçar o desafio desde muito cedo e conquistar segurança no registo gráfico como processo de análise e de síntese, decidimos promover um projecto ambicioso que os enquadre numa dinâmica internacional e que lhes forneça uma ferramenta preciosa para a observação e registo do que os rodeia.

Parceiros e Membros USK Portugal Após o desenvolvimento deste projecto no curso de artes visuais das OSJ, nasceu a parceria com o Urban Sketchers Portugal, do qual somos membros efectivos artlab osj. Como membros, contribuimos semanalmente com o trabalho dos nossos três correspondentes artlab sketchers, alunos do curso de artes visuais, consolidando a sua experiência neste tipo de registo.


Warhol TV

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"A journey of a thousand miles begins with a single step." Chinese Proverb


No passado dia 28 de Setembro, no âmbito da disciplina de Desenho A do curso de Artes Visuais, as turmas A1 do 10º, 11º e 12º anos, desenvolveram o projecto UrbanSketchers.

Este

projecto

enquadra-se

no

movimento internacional com o mesmo nome e pretende

reunir

artistas

de

vários

quadrantes

e

dimensões, quer sejam estudantes ou profissionais, tendo como interesse comum a resposta ao desafio do desenho espontâneo. Para tal, percorreram vários locais ao longo da cidade de Lisboa com constante observação e registo do que os rodeava. Das Oficinas de S. José avançaram até ao Museu do Chiado onde visitaram a exposição “Sem Limites” sobre a vida e obra de Nadir Afonso. Seguiram até Belém para o CCB onde visitaram três exposições: “A culpa não é minha”, obras da Colecção de António Cachola seleccionadas desde os anos 80 até aos dias de hoje; “Os gémeos” da autoria de Gustavo Pandolfo e Octávio Pandolfo; “Warhol TV”, selecção de produções para a televisão realizadas por Andy Warhol. De uma forma natural e espontânea, os alunos começaram a conquistar segurança no registo gráfico do que os rodeia, conjugada com uma enorme capacidade de síntese.

R E V I S T A E N T R E


urban sketchers 1.ªEdição

Setembro 2010

Chiado 09h00

...#2

...#1

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Museu do Chiado

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...#8

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...#4

Rua Augusta


...#20

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CCB 17h30

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Central Tejo

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Comboio

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...#14

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Vasco Mendes | Como correspondente da escola no blog nacional UrbanSketchers (USK), vi a minha responsabilidade dentro da área artística a crescer. Não só por ser um aluno do 12º ano e "ter" de ser um exemplo para os anos mais novos, mas porque à responsabilidade escolar, acrescia o compromisso de, todas as semanas, enviar um desenho para o blog. Isto só seria possível graças ao artlab, que conseguiu criar uma parceria com USK, uma elite de 100 desenhadores urbanos que, diariamente, semanalmente ou mensalmente enviam desenhos seus. Esta minha atração por este desafio nasceu aquando de uma visita por Lisboa, quando o objectivo era o mesmo que no UrbanSketchers: fazer, em 30 minutos, 5 desenhos de cada espaço em que parávamos. Tive sorte, nos dois últimos desenhos, e de uma forma completamente "aleatória" sairam-me bem, e motivaram-me a querer mais como "Desenhador Urbano» Com a minha saída do país, talvez possa continuar como correspondente do outro lado do mundo, o que seria uma motivação ainda maior, para tentar mostrar por traços o que irei viver. Um obrigado especial aos Professores António Martins, Andrea Fernandes e Luis Costa Pereira.

Mariana Freitas | Talvez há algum tempo, se eu me deparasse com alguém a desenhar na rua, teria uma reacção diferente da que terei agora. Porquê? A resposta é simples: Urban Sketchers. O que surgiu como uma actividade, mais uma avaliação, foi de facto um momento para desfrutarmos de Lisboa e observarmos com atenção aquilo que até ao momento apenas passava à frente dos nossos olhos. Não apenas por passarmos um dia inteiro a desenhar compulsivamente, a saltar de um lado para o outro, mas também porque é uma actividade que nos possibilita a interacção entre as diferentes turmas de artes visuais, oportunidade sem a qual talvez não nos conhecêssemos tão bem.

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Mafalda de Oliveira Martins | No passado mês de Setembro, os professores do agrupamento de artes visuais da Oficinas de São José, resolveram apostar em mais uma jornada do Urban Sketchers. Percorremos a cidade de Lisboa de lés-a-lés( tecnicamente da baixa até a belém), sempre com o diário gráfico em punho, prontos a registar em desenho qualquer acção. Visitámos o primeiro museu e em seguida partimos para um quarto de hora trabalhoso no qual tivemos de fazer uma longa série de registos rápidos. Depois, descansá-mos um pouco no almoço e em seguida estavamos outra vez num museu e a registar desenhos. Acabámos o dia com mais uns quantos registos rápidos e demos como terminada a cansativa mas proveitosa jornada! Estas jornadas são úteis na medida em que nos dão uma maior experiência no que toca à rapidez do traço e à representação de espaços grandes e complexos, por isso demos este dia como uma oportunidade de aprendizagem tanto a nível técnico, como a nível práctico, de forma a ajudar-nos em qualquer situação do quotidiano. Temos de ter também em conta que para uma aula de desenho ter como 'modelo' toda a cidade da Lisboa, é preciso uma grande disponibilidade dos professores tanto a nível físico(pois a jornada é exaustiva) como a nível de horários (pois este projecto incluiu cerca de nove horas). O urbansketchers é um projecto inteligente que visa também a representação de várias cidades de todo o mundo e todos os meus colegas e eu, sentimo-nos orgulhosos de a representar nos nossos diários gráficos!

Andreia Silva | O projecto UrbanSketchers realiza-se uma vez em cada período e consiste em passarmos o dia inteiro a passear por várias zonas da cidade e com um limite de tempo fazermos o maior número de desenhos por cada vez que paramos numa das zonas. Chegamos ao fim do dia cansados mas de certa maneira também realizados, pois é uma experiencia inesquecível. A muitos níveis enriquece-nos, visitamos museus, vislumbramos a cidade de uma total nova perspectiva e divertimo-nos também. Espero que o projecto continue a repetir-se pois é extremamente essencial para todos os alunos.

Vera Sobral | Em relação ao Urban Sketchers, penso que é um género de actividade muito prometedora, porque nos é propocionado outro ambiente de trabalho , no qual temos x tempo para desenvolver x desenhos, e toda essa pressão que nos é feita faz com que os resultados obtidos no final sejam sempre positivos. Este exercício ajuda-nos a trabalhar o nosso traço, ajudanos a trabalhar de maneira diferente , ou seja, é um dia diferente para nós, porque é passado em locais diferentes nos quais não estamos habituados e faz com que trabalhemos em diferentes perspectivas.


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“Conversas de oficina” pretende ser um momento de encontro entre todos os apaixonados pela temática da arte e suas áreas de influência. Um painel de convidados entusiastas e uma plateia inspiradora serão os ingredientes fundamentais para alimentar estas conversas. A união entre o espaço da oficina artlab, habituado às rotinas da árdua tarefa de criar, transformam a conversa em sessões intimistas, de reflexão, análise e boa disposição entre os participantes. Pensar a Falar; Reflectir a Pensar; Concretizar e Expor; Com o Dom de Dar; A Conhecer E Partilhar A Obra

«A união entre o espaço da oficina artlab «


No passado dia 8 de Novembro abrimos com chave de ouro a nossa primeira "Conversas de Oficina". Diogo Gonçalves, Hugo Barreiros e Pedro Santos Silva, durante cerca de duas horas, proporcionaram de uma forma intimista uma conversa informal acerca das suas experiências de vida conduzindo a uma participação activa do publico que a ela assistia.

expressiva

R E V I S T A E N T R E


ENTRE Todos vocês tiveram o

no ensino secundário das oficinas de

construir aquilo que sou hoje. O

inicio da vossa carreira enquanto

São José. Repentinamente,

aspecto mais importante que adquiri

artistas aqui, nas Oficinas de S.

confrontado com uma nova escola,

enquanto pessoa ao longo de doze

José. Que aspectos adquiridos

noções estrangeiras e um mundo

anos, junto da família Salesiana foi a

durante a vossa estadia

muito maior, o percurso foi

transmissão de VALORES.

consideram terem sido essenciais

certamente algo atribulado mas

para o vosso percurso enquanto

mesmo assim foi decisivo para

artistas e pessoas fora da escola?

orientar e maturar a minha emergente pessoa, que se queria

HB A dita “carreira artística” surgiu na

DG O primeiro aspecto ou valor, e julgo que provavelmente o mais importante de todos, foi a

verdade posterior á formação escolar,

tanto a si como ao mundo. Foi através do papel paternalmente

trabalho e para com os nossos ideais.

contudo o desenho e as artes

encaminhador da escola que

Acima de tudo, o mais importante era

plásticas remetem ao primordial

chegaram finalmente determinação,

sonhar, e acreditar que podemos

recreio infantil em que eram

francos objectivos e responsabilidade.

certamente imprescindíveis e diárias e

PS Ao recordar o passado nas

alcançar tudo aquilo que sonhamos. Também o valor do trabalho e da

na verdade ainda o continuam a ser. De pouca visão e de grande

Oficinas de S. José vêm me á

imaturidade, lembro-me pára-quedista 24

memória inúmeras pessoas e inúmeros amigos que me ajudaram a

honestidade para com o nosso

dedicação foram muito importantes para o meu percurso universitário e profissional.


«honestidade para com o nosso trabalho e para com os nossos ideais.« Diogo Gonçalves | Coordenador do Musicentro

ENTRE Fizeram parte da primeira turma do agrupamento de Artes Visuais desta escola. Entretanto, o curso cresceu, maturou, e decerto tiveram oportunidade de acompanhar a sua evolução. Em que aspectos encaram a mudança e o progresso de evolução mais aparentes? PS Tomei a iniciativa de arriscar na primeira turma do agrupamento de Artes Visuais pela confiança que os professores me transmitiu. Fiz bem em apostar na turma de Artes porque experimentei muitas formas de comunicar e isso alimentou a minha forma de pensar e moldou de certa forma o meu processo criativo, ”Imagina lá….”.

Uma das mudanças mais significativas que detectei e que tem todo o meu apoio, é a expansão e divulgação dos trabalhos realizados dentro escola para o exterior. Este tipo de iniciativas permitem que os alunos encarem novos desafios e aproxima-os do mundo real e competitivo. DG Bem, não estou tão a par das mudanças quanto gostaria, mas parece-me que o curso de artes visuais “abriu o leque” para novas áreas, como a arte digital, que no nosso tempo apenas aflorámos. Julgo que a principal diferença prende-se com a estruturação e planificação do curso. Hoje em dia está mais bem estruturado, o que não quer dizer obrigatoriamente que é melhor...apenas diferente. A grande vantagem que nós tivemos foi o facto de sermos pioneiros, e de termos que construir o nosso próprio caminho; se vocês forem capazes de o fazer também, dentro desta estrutura mais definida, e de uma forma ingénua mas decidida, acho que podem beneficiar muito. R E V I S T A E N T R E


ENTRE No teu caso, já fizeste parte de uma turma mais recente do agrupamento. Pensas que houve uma grande evolução desde essa altura para a actual estrutura do curso? Em que aspectos? HB Confesso que na altura não estava informado na íntegra acerca do currículo, deduzo, contudo, que a evolução da estrutura dos cursos seja algo natural e consequência da pedagogia do ensino e do progresso dos tempos. Mesmo assim senti que tive acesso ao melhor ensino possível.

ENTRE Optaste por entrar para o agrupamento de Artes por achares que era o que mais se relacionava com a música ou a tua opção pela música foi posterior à tua entrada? DG A minha escolha pelo agrupamento de artes deveu-se ao facto de ser apaixonado por arquitectura (embora mais tarde tenha escolhido design de comunicação em vez de arquitectura). Paralelamente ao secundário, fiz também o curso complementar de música do conservatório, e por isso,

julgo que só tive a ganhar com o contacto com as artes visuais, quer pela experiência que me proporcionou, quer pelas competências criativas que desenvolveu em mim. ENTRE Qual foi a sensação de voltar para esta escola enquanto professor? DG A sensação de regressar a esta escola enquanto professor é fabulosa, porque sinto que tenho a missão de fazer com que todos os alunos com que me cruzo possam ser pelo menos tão felizes aqui quanto eu fui. ENTRE És agora responsável pelo Musicentro. Tens alguns projectos aos quais gostavas de dar início?

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DG Sim, tenho muitos projectos aos quais adoraria dar início, mas o tempo não chega para fazer tudo quanto gostaria. Para já, estou a construir aos meus alicerces neste novo cargo, para que mais tarde possa dar início a alguns deles. R E V I S T A E N T R E


ENTRE Licenciaste-te em Arquitectura. Foi a tua estada na escola que levou à tua decisão ou esta já provinha de algo anterior a isso? De que forma a tua estadia enquanto aluno de Artes influenciou e apoiou o teu percurso para te tornares arquitecto? Porquê arquitectura? PS É verdade hoje sou Arquitecto com um Mestrado e a preparar-me para uma Pós-Graduação. A Decisão de ir para a Arquitectura foi crescendo ao longo do secundário com o apoio e os conselhos dos professores de Artes. A Arquitectura foi a escolha mais ampla, com o maior campo de visão, isto porque aborda e envolve todas as outras artes.

ENTRE Enquanto artista plástico, tens oportunidade de trabalhar com um leque bastante diversificado de materiais, liberdade para te exprimires através de variadas técnicas, ao invés de te prenderes a apenas uma, como um pintor à pintura ou um fotógrafo à fotografia. Qual a forma de expressão que mais te fascina? HB O artista rotulado de “plástico” herda uma tradição de modernidade de livre experimentação e infinito uso

de materiais e veículos. Sou, portanto, fiel a essa prática, mas simultaneamente também a uma convencional gramática de técnicas, optando preferencialmente pela pintura e pelo desenho, dadas as suas inúmeras qualidades plásticas e pictóricas. ENTRE Em que arte é que te sentes mais à vontade e qual é aquela que não gostas tanto de explorar? HB Sendo arte produto do artista, ela é reflexo do seu criador, portanto evito a

hipocrisia a futilidade e a rúina. Exploro a antítese. Uma Arte sincera, útil e vital. ENTRE Se tivesses de optar por seguir alguma carreira dentro das artes plásticas, qual seria? HB Optando por uma “carreira” seria certamente a que escolhi a Pintura embora padeça de um certo preconceito relativamente ao rótulo “carreira”. visto ser algo tão contraditoriamente anti artistico.

ENTRE Finalmente, têm algum conselho a dar a novos artistas que estejam agora a iniciar o seu percurso? HB Sinceridade na criação. Trabalhar em dedicação, em concentração, em envolvimento e continuidade. Combater o cansaço, o serialismo, o facilitismo, as modas e a banalidade. Ser permanentemente contemporâneo. PS O Conhecimento e os Valores são as vossas maiores armas para enfrentarem e vencerem no futuro. DG Conselhos? Só um... sejam honestos na vossa arte, porque só assim vão ser felizes.


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Maria Cláudia Ribeiro Psicóloga

a arte vista de fora

Carla Pedroso Médica veterinária

Quando ouvimos falar de arte, achamos logo que se trata de um belíssimo quadro ou de uma estrondosa escultura que nos cativa logo no primeiro olhar. Conseguimos de imediato perceber o que ali está, o nosso cérebro descodifica perfeitamente o que está a ver e todas as sensações que dali advêm são facilmente interpretadas. Aquilo sim é arte, achamos nós, aquilo sim dizemos com a maior certeza do mundo que gostamos, aquilo sim foi feito por um artista a sério. Quem como eu, que nunca teve jeito para fazer o que quer que fosse a nível de desenho e trabalhos manuais, sempre que vê algo que retrata a realidade, acha aquilo algo de absolutamente extraordinário. E não digo “aquilo” por desrespeito aos artistas ou às suas obras, digo-o porque, como uma profissional da área das ciências, creio que vejo o mundo artístico como algo de inatingível, algo de muito distante, algo que seria incapaz de compreender na sua totalidade. Ou se calhar não... Penso que todos nós somos ensinados a ver, a sentir e a interpretar de uma determinada

maneira tudo o que nos rodeia, todas as sensações que invadem o nosso espaço e o nosso corpo. Se eu passasse os meus dias numa escola de dança, muito provavelmente teria uma maior sensibilidade para perceber e até mesmo executar (digo até mesmo porque a dança não é definitivamente o meu forte, tal como o desenho e os trabalhos manuais, entre muitas outras coisas claro) tudo o que aprendia. O mesmo acontece se passarmos o dia num laboratório - mesmo que não estejamos vocacionados para aquilo, vamos aos poucos conseguindo interiorizar o que ali se passa. O que eu quero dizer com tudo isto (e aqui o meu poder de síntese científica está a falhar por completo) é que temos de estar dispostos e predispostos a querer ver, a querer sentir e a querer palpar cores, texturas, ruídos, cheiros totalmente diferentes daqueles a que estamos habituados. É quase um aprimorar de todos os sentidos, por forma a usufruirmos cada vez mais e melhor de cada um deles. Numa só palavra - aprender! E não estou a dizer que a minha opinião acerca disto ou daquilo seja a correcta, aceito plenamente que outra pessoa ame o que eu própria detestei ou viceversa. Nada é certo e nada é errado, é somente arte. Claro que um “técnico” na área artística consegue avaliar se tecnicamente a obra foi bem executada, mas será isso o importante? Isso é apenas o lado objectivo do artista, o lado “científico” da obra. E na arte falta muito mais, senão chamarse-ia ciência. Na arte temos criatividade, imaginação, originalidade, inovação... Na arte temos o corpo e a alma do artista. Se isso faltar, e acredito que muitas vezes falte, temos apenas técnicos - de desenho, de pintura, de dança, de todas as classes da arte - e não artistas no verdadeiro conceito do termo.


Entendo por arte todas as manifestações que levam à descoberta do mundo interior, que exemplifiquem o exercício da criatividade e expressam o sentimento da individualidade sobre determinado objecto interior ou exterior ao ser humano. É uma forma de comunicação universal, quase paradisíaca, do homem entre os homens. Arte é arte quando há lugar para a criação de significados partilhados, em que o artista coloca o seu cunho numa matéria específica e espera obter reconhecimento. Qualquer manifestação artística pertence à esfera da profundidade e deve ter a capacidade de estimular uma relação empática, baseada no sentido de compreensão, para que todas as pessoas possam vivenciar a experiência emocional do artista e, sobretudo, para que cada pessoa possa ligar-se a si próprio no momento em que contempla o objecto arte. A arte permite ao homem conhecer-se a si próprio, a estabelecer um conjunto de relações, a conectar-se com a sua alma e dar espaço à necessidade interna do sentir, do desejar, do querer face às condicionantes da sua experiência e da realidade, e criar a abertura para a resolução de alguns «fantasmas» internos.

Afirmar que a arte ou as artes se reduzem à autoexpressão é um erro, a arte é uma manifestação arcaica da alma que derruba fronteiras e medos e promove o desenvolvimento do ser humano. O maior limite da arte é a sua subordinação ao contexto histórico e sociocultural que influencia a natureza, a prática e as expressões artísticas. Se antes a arte veiculava-se às temáticas religiosas, actualmente vira-se para a tecnologia, há toda uma evolução acompanhada ao ritmo dos valores e necessidades do sistema sociocultural, e esse mesmo sistema dita o que é arte ou não é arte. Todas as artes são fundamentais para a sociedade, e quando a sociedade marginaliza a expressão artística estamos perante uma sociedade vazia, que se esqueceu da alma e que negligencia a relação do «eu» profundo com o mundo dos objectos, das coisas e das pessoas. Por esta razão a educação pela arte é tão necessária para todas as crianças e jovens de forma a elaborarem um mundo muito mais criativo, para uma cidadania construtiva e pacífica, numa autêntica experiência da arte de viver, arte de ser e arte de criar.


Se eu tivesse a arte na mao, trocava-a. Evocava os caminhos onde o importante são as asas e não olhava para trás.

A cadeira ao lado do sossego

Das varias alegrias que posso respirar, a arte não e o veludo que me amacia a vida. Ser um e ser outro tira-me o sossego do vulgar. Rouba-me o sorriso que escondo guardado e que faz arrepender de tão pouco o ter usado. Destrói-me invariavelmente os terceiros versos dos meus poemas forcados e esmaga-me as certezas. As poucas. Mas não me engano quando a pele se arrepia, não me engano quando a escrita-ainda vazia- me conta os nomes todos de tudo o que amo. Não me engano, como a vida-que e refém do abismo- porque sei q a arte-que e de um azul branco infinito- me escreve que "sou um poço que olha para o céu". E ser contigo a vida inteira, numa ordem abstracta que não me esmaga, uma crença que me repousa e confunde- que seja efémera a arte, mas que dure para sempre.

«Se eu tivesse a arte na mão, trocava-a.« Andrea Fernandes | Professora do Curso de Artes Visuais

Como o que nao se adia Assim és. Qualquer coisa entre a pele e o espaço vazio que te distancia do outro que sou eu. Falta-me a palavra certa que procuro por entre o romance da vida. Algo me diz que a palavra existe. És o que resta e o que fica de fora. És, aquando a descoberta, o outro que surge devagar. És, onde o mundo começa e o tempo acaba. E querer para alem da sombra chamar-te e não parar ate que sejas - palavra -. És o meu céu a voar-me. Algo que diz que a outra palavra para arte existe. Como o que não se adia.

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Assim es. Qualquer coisa entre a pele e o espaco vazio que te distancia do outro que sou eu. Falta-me a palavra certa que procuro por entre o romance da vida. Algo me diz que a palavra existe. Es o que resta e o que fica de fora.


o mundo faz tanto silêncio que consigo ouvir o coração dos pássaros a parar. os autocarros passam por mim cheiro a tabaco. tiro uma camisola lavada da gaveta: estou farta do teu corpo. sinto o teu suor nos meus poros a tua saliva na minha boca sempre. assim. respiro-te em todos os cantos enjoo nocturno. não te quero quando estás aqui, mas sinto-me a correr para a tua mão sempre que dizes adeus. 3.10.2010

Pele Mariana Freitas | Aluna do Curso de Artes Visuais

R E V I S T A E N T R E


Pós-Utopias compreende em si uma provocação, o desafio de criar para lá do impossível. Esta exposição pretende acima de tudo reunir o que se está a desenvolver no interior da oficina numa perspectiva vanguardista. Desse ponto de vista, a criatividade é a principal inspiração para o desenvolvimento do trabalho dos nossos alunos, servindo também para estimular o imaginário de quem observa. O curso de Artes Visuais apresenta a Epiderme”. Reunindo obras de trinta artistas em debate algumas questões que ligam os contemporânea e ao fenómeno da

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exposição colectiva “Pele diferente

«o desafio de criar para lá do impossível »

evolução, a mostra pretende lançar em seus intervenientes ao panorama da arte interpretação pessoal na criação artística.


«Quantas vezes olhamos para nós próprios ... «

É o nosso escudo e está em constante renovação.

Quantas vezes olhamos para nós próprios e não nos reconhecemos na nossa própria pele? Será a nossa pele, o nosso ser? Ou será a nossa pele apenas a nossa epiderme? A pele é muito mais que um conjunto de células unidas de forma bem organizada e proporcional, é muito mais do que simples epiderme. A epiderme protege-nos, cobre cada fibra da nossa carne, não deixando que se danifique. É o nosso escudo e está em constante renovação. Já a nossa pele é bem complexa, pode ou não proteger-nos, pode ou não crescer, regenerar, pode ou não estar presente, pode ou não ser visível. Cada um de nós depara-se com inúmeras “peles” ao longo da sua vida e esperamos sempre que, pelo menos uma delas, seja a adequada para o nosso corpo, se identifique plenamente connosco e se encaixe na perfeição com a nossa epiderme. Só assim nos tornamos seres únicos naquele momento da nossa existência, sendo esse momento mais ou menos extenso, mais ou menos duradouro, mais ou menos estável, mais ou menos nosso.

R E V I S T A E N T R E



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