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Carta da Diretora
Foto: Divanildo Silva @carolsouzaadoro
Muitas vezes, na correria do dia a dia, deixamos de viver bons momentos, de prestar atenção no presente e sucumbimos às cobranças, aos afazeres e ao tempo, que parece sempre ser curto demais. Bom seria se conseguíssemos aproveitar ao máximo as pessoas, os lugares e as oportunidades, deixando de lado o relógio e fazendo bater mais forte o coração. Nesta edição fazemos um chamado para pausar o tempo e apreciar momentos especiais nessa doce celebração que é a vida.
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Eu acredito que a arte dos encontros deve sempre ser festejada com boas risadas e, se for possível, um bom brinde. Eu proponho um “tim tim” com uma cerveja cheia de características próprias, pureza alemã, alma naturalmente brasileira e endereço baiano. Estamos falando da Cervejaria Rodada, cuja fábrica opera com uma estrutura de 1.000 metros quadrados no município de Luís Eduardo Magalhães, Oeste da Bahia. Além de ter tudo o que há de mais moderno em fabricação de cervejas, a empresa aposta nos processos sustentáveis, oferecendo de forma inovadora a embalagem PET para esse tipo de bebida, diminuindo assim os danos ao meio ambiente e ajudando a preservar a natureza.
A sustentabilidade não é uma pauta urgente somente na fabricação de bebidas. Na moda ela também é uma palavra de ordem e já faz parte da missão de diversas empresas que prezam pela reutilização. O conceito de Upcycling, que promove a utilização de sobras de tecidos e peças com defeitos, serve para criar coleções incríveis e cheias de criatividade, como faz a marca Aobá, grife brasileira que conquistou a Espanha.
Em outros segmentos, os processos considerados “verdes” ganham os holofotes por fazerem bem ao planeta e, de quebra, diminuírem custos, aumentando consequentemente a produtividade. Isso acontece também no agronegócio, onde ações sustentáveis já são práticas comuns entre produtores que têm como missão fazer a diferença no agronegócio, como explica o engenheiro agrônomo Thiago Guedes Viana, especialista no assunto.
Já no Sul do país, a EMBRAPA realizou uma pesquisa batizada de Prova de Emissão de Gases, capaz de mensurar de forma inédita a emissão do gás metano (CH4) em reprodutores bovinos de raças europeias. Aliás, sobre o agro, preparamos ainda uma análise aprofundada sobre o atual momento do setor na Bahia e no Brasil, através de uma entrevista exclusiva com o Secretário Estadual da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura, Leonardo Bandeira.
Os números que o segmento apresenta são cada vez mais otimistas e encorajadores, principalmente no nosso estado, que vive hoje um excelente momento econômico e de criatividade produtiva, tornando-se inclusive ponto de visita obrigatória para turistas e para fazer negócios. Um dos destinos mais disputados, que é a Chapada Diamantina, reserva agora um roteiro inusitado para uma localidade brasileira que não tinha tradição no assunto: virou ponto de parada obrigatório para amantes do vinho com a inauguração de uma das maiores e mais inovadoras vinícolas do país, a UVVA.
Esse empreendedorismo da família Borré é só um exemplo do que o nosso estado é capaz de produzir. Na região Oeste, por exemplo, temos muitos outros, como a Seven Cookies, que ganhou notoriedade através das mãos criativas e talentosas de Julival Góes Neto.
E já que estamos falando de talento, saímos dos negócios diretamente para as passarelas, onde brilha reluzente a modelo Nayara Pinho, radicada em Luís Eduardo Magalhães. O seu porte elegante e seus traços perfeitos conquistaram os jurados que a elegeram a mais nova Miss Teen Model Internacional.
Por falar em beleza, fomos buscar os destaques da CasaCor Bahia 2022, que acaba de estrear em Salvador. Com suas formas, texturas e cores, a mostra baiana é considerada hoje uma das mais importantes do país por sempre apresentar as tendências do mercado e as novas tecnologias, além de soluções para o segmento. Ainda sobre o assunto, preparamos uma reportagem especial sobre a potência que é o design brasileiro, com os principais nomes da área e as suas mais famosas coleções. Está imperdível.
Foto: Cleverton Pedro
@victorfireman_
PORTAS ABERTAS!
AGRONEGÓCIO CHEGA AO MERCADO FINANCEIRO GERANDO MAIS OPORTUNIDADES PARA INVESTIDORES E PRODUTORES RURAIS
Não é novidade que o agronegócio é um dos principais motores da economia brasileira mas, ainda assim, um dado chama atenção quando o assunto é mercado financeiro: a participação do agronegócio na B3, bolsa de valores oficial do Brasil, não chega a 5% do valor de mercado. Vale ressaltar que o agro representa mais de 25% da economia do país, mesmo assim, até pouco tempo atrás não era fácil encontrar formas acessíveis para investir no setor.
Com a criação do Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro) e a listagem de novas empresas do segmento no pregão da B3, agora existem mais opções, e o papel de coadjuvante do setor no mercado de capitais está a caminho de mudar, já que se espera um boom de IPOs (Oferta Pública Inicial) do agro nos próximos anos.
Para explicar melhor esse assunto, a Revista Adoro convidou o especialista Victor Fireman, que é atualmente assessor de investimento na mesa de renda variável no escritório da Fatto Capital junto à XP Investimentos. Veja abaixo a entrevista.
REVISTA ADORO: HOJE É POSSÍVEL PERCEBER A CHEGADA DO AGRONEGÓCIO DE UMA MANEIRA MAIS INTENSA NO MERCADO FINANCEIRO. O QUE ISSO SIGNIFICA NA PRÁTICA?
A presença do agro no mercado financeiro está em crescimento e despertando o interesse dos investidores, pois é nítida a força que o setor tem no Brasil. Só no ano passado atingiu 27,6% do PIB nacional. Mas ainda é possível crescer mais junto ao mercado financeiro. Um exemplo disso são os Fiagros, que passaram a ganhar atenção do mercado e ainda podem ser muito bem explorados, visto que o agronegócio necessita de mais fontes de financiamento. Outro ponto importante que chama atenção dos investidores é o comportamento descorrelacionado do agro em relação aos demais segmentos, pois enquanto as turbulências e as incertezas, como covid, guerra e até eleições trazem uma volatilidade para os outros segmentos, o agro parece não sentir tanto, o que traz uma estabilidade para o investidor.
REVISTA ADORO: ESSA NOVA DEMANDA TAMBÉM EXIGIU A CHEGADA DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS NESSE TIPO DE TRANSAÇÃO?
Com certeza. Quanto mais o profissional do mercado financeiro conhece o agro, mais possibilidades de criação de negócios são geradas. Como o agro está em fase de ampliação junto ao mercado financeiro, existem diversas chances que o profissional do setor precisa enxergar para trazer soluções eficientes e oportunidades para os investidores. Exemplo disso é a carência de capital, que aumentou com a alta dos juros, principalmente para o produtor de pequeno porte, e o Fiagro vem como uma alternativa de crédito. Mesmo assim, o mercado tem evoluído e traz a possibilidade de participação de novos agentes financeiros, o que gera concorrência e melhores opções financeiras ao produtor rural.
REVISTA ADORO: ESSA REALIDADE DO BRASIL, NA QUAL O AGRO SE VÊ TÃO POUCO REPRESENTADO NA BOLSA, É TAMBÉM UMA REALIDADE DO MUNDO?
O agronegócio fora do Brasil tem outra realidade, principalmente nos Estados Unidos, onde existe a Bolsa de Chicago (CBOT). A CBOT é a principal instituição financeira relacionada às commodities agrícolas e pertence ao CME Group, grupo gestor das principais bolsas americanas. São mais de 50 produtos comercializados no pregão de Chicago, sendo destaques a soja, o milho e a madeira. A CBOT é a mais antiga bolsa de opções e mercadorias futuras, iniciada em 1848. Em comparação com o Brasil, o mercado financeiro junto ao agro tem muito chão para percorrer.
REVISTA ADORO: AQUI EXISTEM ALGUMAS ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS DO AGRONEGÓCIO, COMO AS IPOS, POR EXEMPLO. QUAL O PAPEL DELAS?
No mercado financeiro, IPO significa “Oferta Pública Inicial”, e tem uma relevância importante para a empresa, pois pela primeira vez será oferecido aos investidores da Bolsa de Valores a oportunidade de se tornarem sócios por meio da compra de ações. Dessa forma, os investidores podem comprar ou vender pequenas partes da empresa e terão direitos de propriedade, como recebimento de lucros e voto em assembleias. Normalmente as empresas que estão no estágio de IPO têm potencial de crescimento e despertam o interesse dos investidores. Logo, quando se fala em IPOs do agro, trata-se de uma empresa do agronegócio que está entrando no mercado financeiro para oferecer ações aos investidores.
REVISTA ADORO: DIFERENTE DE OUTROS SETORES, O AGRONEGÓCIO TEM ALGUMAS CARACTERÍSTICAS ÚNICAS, COMO A SAZONALIDADE. HOJE O MERCADO FINANCEIRO BRASILEIRO LEVA ESSE QUESITO EM CONSIDERAÇÃO?
Sim, tanto o assessor de investimentos que atende ao produtor rural, como também o gestor de fundo, que avalia os ativos relacionados ao agro. Nas reuniões, eventos e capacitação sobre cada segmento do agro são apresentados relatórios de indicadores referentes aos dados La Niña/El Niño, características da região, estoque de passagem, além de avaliar entressafra, ou na safra de cada cultura, quais possíveis impactos podem ser gerados sobre a oferta e a demanda. Tudo isso tem importância nas avaliações, pois traz fundamento para tomada de decisão.
Foto: Reprodução