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ADORO CONVIDA – Uma análise do Agronegócio

Foto: Seagri / Divulgação

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@seagri

UMA ANÁLISE DO AGRONEGÓCIO:

LEONARDO BANDEIRA FALA SOBRE CADEIA PRODUTIVA E IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO SETOR

Até ir para o prato, os alimentos percorrem um longo caminho formado pela imensa cadeia do agronegócio, responsável hoje por 27,4% do PIB brasileiro. Mas, para se chegar a uma fatia tão expressiva da economia, o segmento tem investido cada vez mais em novas tecnologias e processos que otimizam as produções e melhoram os resultados em todas as etapas da cadeia produtiva, trajetória que a maioria dos consumidores desconhece.

Para explicar melhor o assunto, a Revista Adoro convidou o Secretário Estadual da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura, Leonardo Bandeira, para uma entrevista exclusiva. Confira abaixo.

REVISTA ADORO - O CAMINHO DO ALIMENTO É UM PERCURSO LONGO QUE VAI DESDE O PRODUTOR ATÉ O CONSUMIDOR FINAL. COMO O SENHOR AVALIA ESSA TRAJETÓRIA E O QUE MUDOU AO LONGO DOS TEMPOS?

LEONARDO BANDEIRA – A humanidade avança em todos os campos e, para isso, precisa também ir além no setor da alimentação, afinal ela é essencial para a vida. O crescimento das populações nos últimos séculos impôs a necessidade de se pensar toda a cadeia de alimentação de maneira articulada, planejada, e sempre ao lado dos desenvolvimentos tecnológicos. Produzir mais e melhor em menores quantidades de terra, com gastos menores e de forma sustentável: são esses os desafios que se colocam.

O Brasil é atualmente um dos celeiros do mundo, e a Bahia, nesse contexto, ganha relevância. O agronegócio na Bahia é responsável por cerca de 1/4 do PIB, 1/3 dos empregos gerados e mais da metade de nossas exportações. Nosso grande desafio é promover o crescimento das produções somado à melhoria da qualidade de vida de quem trabalha no campo, além do desenvolvimento sustentável das várias cadeias produtivas. Precisamos perceber os avanços da tecnologia e incorporá-los ao campo, aos cultivos, às criações, sem deixar de valorizar o elemento humano, o destaque dessa engrenagem.

REVISTA ADORO - EM QUE ESSA CADEIA PRECISA MELHORAR, TENDO EM VISTA A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA?

LEONARDO BANDEIRA – Atualmente o controle de pragas é um ponto muito pesquisado. Precisamos desenvolver tecnologias de defesa das plantações que usem menos veneno e, para isso, na Seagri, temos diversos projetos em andamento, tanto incentivando o controle biológico quanto pesquisas que produzam substâncias menos tóxicas e agressivas às plantações e aos organismos vivos que venham a consumir aquele alimento. É que a tecnologia e a inovação se tornaram presentes na vida do homem do campo,

Foto: Reprodução

proporcionando desde melhoramento genético das produções até a indicação geográfica dos produtos, dentre outras iniciativas que agregam valor ao produto e geram melhores condições para o trabalhador rural.

REVISTA ADORO - HOJE O MUNDO DISCUTE E INVESTE EM SUSTENTABILIDADE. ELA TAMBÉM ESTÁ PRESENTE NESSA MELHORA DA CADEIA PRODUTIVA?

LEONARDO BANDEIRA – Sim, e este é um ponto fundamental. Não tenho dúvida de que será a sustentabilidade o objetivo a ser perseguido doravante, no tangente à agropecuária, em suas mais diferenciadas realizações. Os mercados consumidores, externo e interno, estão cada vez mais exigentes em relação aos produtos, requerendo responsabilidades diversas de quem planta e cria, que passam desde os cuidados com a empregabilidade dos funcionários, oferecendo postos de trabalho dignos, até as formas sustentáveis de cultivo e criação. A sustentabilidade é uma necessidade que chegou ao mundo da agropecuária com força e para ficar.

REVISTA ADORO - COMO O SENHOR AVALIA O ATUAL MOMENTO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO?

LEONARDO BANDEIRA – O Brasil é visto pelo mundo todo como um país capaz de se desenvolver muito na área. Já somos muito respeitados em todo o planeta nesse setor, mas nosso potencial a ser explorado ainda é imenso. Temos grande quantidade de terras agricultáveis, água e luminosidade na maior parte do ano, climas diversos e agradáveis para as mais diferentes culturas, três biomas bem definidos. Além disso, o nosso cardápio de produtos é imenso, das diversas frutas aos variados grãos, passando por criações das mais diversas.

REVISTA ADORO - COMO O SENHOR VÊ O FUTURO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO?

LEONARDO BANDEIRA – Vejo o futuro do agro com boas perspectivas de crescimento, com ações conjuntas do poder público e iniciativa privada. Com políticas de incentivo, com melhorias na infraestrutura para o escoamento das nossas produções, com melhoramentos a partir da tecnologia, como já falamos anteriormente, dentre outras iniciativas que visam, sobretudo, uma expansão com foco na sustentabilidade. No caso específico da Bahia, temos regiões bem definidas, cada uma com o seu potencial agrícola. Só para citar algumas, no Norte do estado temos o Vale do São Francisco, que está entre os maiores produtores de frutas do país, com destaque para mangas e uvas. Ainda na região temos o maior rebanho de ovinos/caprinos.

A região Oeste é o celeiro dos grãos, com destaque para a soja, além de ter o algodão, que é o segundo melhor do mundo. No Sul temos o cacau, e no Extremo Sul temos rebanhos bovinos. Isso para citar apenas algumas regiões diante da extensão do nosso estado, que ainda tem terras agricultáveis com capacidade de expansão.

@vinicolauvva

Existem alguns lugares no mundo onde a palavra riqueza está diretamente atrelada à história. Um deles contempla uma terra que já foi mar, que abriga as primeiras rochas do planeta e que já passou por tantas transformações geográficas que se tornou um verdadeiro berço sagrado da natureza: a Chapada Diamantina. ENOTURISMO: UM DIAMANTE NA CHAPADA CONHEÇA A VINÍCOLA UVVA E SEUS VINHOS FINOS, COMPLEXOS E CHEIOS DE REQUINTE Texto: Louise Calegari A região ficou conhecida pela corrida do garimpo no século XIX e hoje guarda presentes raros, como a biodiversidade única que reúne Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. Lá estão 80% das nascentes que abastecem todo o estado da Bahia e é possível encontrar praticamente todos os tipos de animais do país, com exceção do tucano e do lobo-guará. O destino que sempre foi concorrido por ter atrações naturais e históricas, como o Poço Azul - o maior sítio paleontológico submerso do Brasil - hoje reserva como surpresa um roteiro inusitado para uma localidade brasileira que não tinha tradição no assunto: virou ponto de parada obrigatório para amantes do vinho com a inauguração de uma das maiores e mais inovadoras vinícolas do país, a UVVA. Localizada em Mucugê, cidade cortada pelo Rio Paraguaçu e que fica a cerca de 450 quilômetros de Salvador, a vinícola foi lançada oficialmente em setembro de 2020, quando o mundo inteiro apertou o botão de pausa. Mas as portas só foram realmente abertas em março deste ano, fazendo com que os olhares se voltassem com mais atenção ainda para esse disputado destino turístico, fortalecendo o enoturismo brasileiro.

UMA VINÍCOLA NA TERRA DO DIAMANTE

A UVVA é resultado de mais de uma década de trabalho de três gerações de uma família, que cheia de sonhos, dedicou tempo e investimentos em tecnologia e pesquisas de ponta para entregar o que está sendo chamado de um terroir único, complexo e exclusivo – algo que era meio improvável, já que o território é totalmente fora do eixo de regiões viníferas tradicionais.

Fabiano Borré (diretor da UVVA)

O projeto audacioso leva a assinatura da família Borré, que tem o empreendedorismo em seu DNA desde que fincou raízes na cidade de Mucugê, em 1984, como conta o Diretor de Negócios Café e Vinho da Fazenda Progresso, Fabiano Borré:

Essa é uma história que nos enche de orgulho pela bravura, dedicação e amor depositados no caminho para que chegássemos até aqui. Meu pai foi o fundador da empresa junto com meu avô e tios em 1984. Acompanhamos a migração dos sulistas naquela época para as novas fronteiras do agronegócio no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil.

A Fazenda Progresso, resultado dessa investida familiar, é considerada hoje um dos maiores conglomerados do agronegócio brasileiro, responsável por importantes marcas de produtos da agricultura. O local, onde está situada a vinícola, produz além uvas viníferas, batatas, tomates, cebolas e café (a exemplo do famoso Latitude 13º) - sendo que 75% das sacas deste último são destinadas à exportação.

ENTENDER A NATUREZA PARA UMA PRODUÇÃO DIFERENCIADA

A ideia de produzir vinhos surgiu em 2011 após uma visita institucional da Secretaria da Agricultura do Estado, juntamente com um grupo de produtores franceses. Todo o processo de planejamento e execução levou quase uma década, tempo necessário para iniciar a produção de vinhos num lugar onde ninguém jamais havia feito isso – o que só foi possível com visão estratégica, determinação e muito amor para conseguir vinhos finos, sem deixar a riqueza natural e simbólica da Chapada de lado.

O microclima específico da região, que somado à altitude acima de 1.150 metros, é um potencializador de variação de temperaturas (entre 8 e 24 graus durante a colheita) – ideal para maturação. Foi nesse contexto que entrou o sistema de poda dupla, perfeito para garantir a produtividade das videiras: “Tão logo as primeiras parcelas de videiras iniciaram a produção, vinificamos muitos vinhos experimentais na unidade da Embrapa Uvas e Vinhos de Petrolina, Pernambuco. Este período serviu para atestar a viabilidade qualitativa dos produtos, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e seus profissionais tiveram um papel decisivo nesta etapa”, diz Fabiano Borré. O projeto piloto foi feito em 2015 e visava uma vinícola em miniatura, destinada a processar pequenos volumes: “Hoje essa é uma unidade de microvinificação onde elaboramos a nossa linha mais exclusiva de vinhos. Este piloto serviu para testarmos tudo, termos condições de formar uma equipe de enologia e conceber nosso próprio know-how de vinificação. Em 2018 conseguimos elaborar um vinho icônico, que foi o start para a continuidade de todo o projeto e construção da Vinícola.”

Atualmente, a UVVA trabalha com variedades francesas, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah, Petit Verdot e Malbec nos tintos, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Tudo isso num complexo moderno e grandioso que une simplicidade, design e principalmente: requinte, classe e beleza, em total harmonia com os vinhos produzidos, que levam a assinatura do enólogo Marcelo Petroli.

COMO CHEGAR

A Vinícola Uvva está localizada a apenas 20 minutos do centro de Mucugê, uma das bases turísticas da Chapada Diamantina, na Bahia. Fica próxima a um pequeno aeroporto, o que facilita o acesso aéreo. Outra opção é ir até Lençóis de ônibus ou alugar um carro em Salvador para o trajeto.

Mais informações podem ser obtidas através do site oficial:

www.vinicolauvva.com.br

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