edição
12 fevereiro março
2011 ora ag
re
d
do
ve
c ui
an
ciclá
do me
am
l
100%
bie nte
Nova Ti
os
Ne et e góci ck
io
Tradição
renovada A trajetória da rede Dona Deôla, estabelecimento familiar que se tornou referência em padaria
Estratégia Segmento de marcas próprias se consolida nas gôndolas dos supermercados
Na Ponta do Lápis Empreendedores adotam ferramentas para minimizar o desperdício
Antonio Mirandez, diretor de compras
Vera Helena Mirandez, diretora da área de eventos
Flávio Del Nero Gomes, presidente da Dona Deôla
CONSULTORIA Saiba como acelerar o seu estabelecimento com a revista Ticket e Negócios
A Ticket® e a Editora Abril oferecem a você 35% de desconto para assinar as melhores revistas do Brasil. Escolha as revistas que você quer e aproveite a oferta!
Para assinar, ligue: 0800 775 2828 Grande São Paulo: 3347-2121e mencione o código 4H37. De 2a a 6a, das 8h às 22h. Sábado, das 9h às 16h.
Se preferir, acesse: www.assineabril.com.br/ticket Para Para sabersaber mais acesse: mais, acesse: www.beneficioclub.com.br www.beneficioclub.com.br
Carta ao Leitor
Seu Recado Mande sugestões, críticas ou elogios para a redação, sempre com nome completo e endereço do autor. E-mail: redacao@ticket.com.br ou ligue: (0/xx/11) 3674-4400. Por razões de espaço ou clareza, as mensagens poderão ser editadas para publicação.
Expediente Reinaldo Borges
Profissionalizar para crescer Bom atendimento, qualidade e diversificação de produtos atraem e fidelizam consumidores. Porém, os ingredientes básicos para o êxito de um estabelecimento nem sempre estão à mostra nas gôndolas ou balcões. É o que você confere na reportagem de capa sobre a rede de padarias Dona Deôla. Fundada há 15 anos, a empresa familiar, com quatro lojas na Grande São Paulo e planos de chegar a sete até 2013, resgatou as origens da matriarca e adicionou à sua receita de sucesso um mix de inovações e, principalmente, um modelo de administração técnico e profissional, indispensável para o competitivo mercado. Agressiva política de compras, controle rigoroso de estoque e até um sistema próprio de inflação, para atualizar os preços dos itens vendidos, fazem parte do gerenciamento diário do empreendimento. O foco no controle da gestão preocupa outros empresários do ramo de alimentação. Por isso, a repórter Lígia Cruz foi atrás de negócios em diferentes Estados para mostrar como eles fazem para reduzir o desperdício e ampliar suas margens de lucro. Já na seção Estratégia, Andressa Rovani apresenta a consolidação do segmento de marcas próprias. Ainda recentes, os itens conquistaram espaço nos carrinhos dos clientes. Em 2010, as vendas cresceram 18%, unindo qualidade a preços mais acessíveis. Por falar em consumidor, a acessibilidade dos espaços aos portadores de necessidades especiais vem crescendo cada vez mais. É o que mostra a reportagem de Mônica Pestana. Unindo responsabilidade social e visão de negócios, estabelecimentos começam a adaptar sua estrutura a este importante público, que corresponde a 15% da população nacional. Prestes a comemorar 35 anos de atuação no mercado brasileiro, a Ticket aproveita esta edição da revista para iniciar a sua impressão 100% em papel reciclado. A iniciativa vai ao encontro da preocupação com a sustentabilidade do planeta que norteia o dia a dia de todos os departamentos e materiais usados pela empresa. Desejamos a você uma excelente leitura!
Uma publicação da Ticket no Brasil dirigida aos estabelecimentos credenciados ao Ticket Restaurante e Ticket Alimentação. Avenida das Nações Unidas, 7.815 – São Paulo – SP – 05425-905 www.ticket.com.br – falecom@ticket.com.br Conselho Editorial Diretor-geral: Oswaldo Melantonio Filho Diretor-geral adjunto: Alaor Barra Aguirre Diretor-adjunto de Estratégia, Marketing e Novos Negócios: Gustavo Chicarino Gerente de Marketing e Comunicação Institucional: Rodrigo Cândido Coordenadora de Marketing e Comunicação Institucional: Shirley Reis Analista de Marketing e Comunicação Institucional: Rafael Pires Colaboradores Diretora de rede de estabelecimentos: Maria Fernanda Cordeiro Gerente de vendas de rede de estabelecimentos: Alessandra Maier Gerente de operações de rede de estabelecimentos: Eliana Pereira Central de Atendimento Ticket Seg. a sex., das 8h às 18h30, tel. (0/xx/11) 4004-2233 (capitais e regiões metropolitanas. Nas demais localidades, use o código da operadora + DDD da capital do seu Estado) Criação e produção Rai Editorial Rua Cotoxó, 608, 05021-000 – São Paulo – SP (0/xx/11) 3674-4400 Editora-responsável: Jéssika Torrezan (Mtb 41.394/SP) Editor-executivo: Pedro Marcondes de Moura Repórter: Renata Cavalcante Colaboradores: Andressa Rovani Giuliana Santos Lígia Cruz Lívia Sampaio Mônica Pestana Gilberto Melo (foto) Reinaldo Borges (foto) Fotografia: Marinheiro Manso Direção de arte: Adriano Frachetta Assistente de arte: Danilo Minorello Capa: Danilo Pimentel (direção de arte), Sérgion Gordin (maquiagem), Bell Picosque (produção de moda) Atendimento: Karina Freitas Produção Gráfica: Juliana Prado e Luana Trentin Revisão: Danilo Bighi e Livia Amarante Comercial: Antônio Lamana Camargo Pré-impressão: Grupo Rai Impressão: Vox Editora Tiragem: 15 mil exemplares Publicidade Para anunciar, ligue (0/xx/11) 3674-4400
Maria Fernanda Cordeiro Diretora de rede de estabelecimentos da Ticket
Ticket, Ticket Restaurante, Ticket Alimentação, Ticket Car, Ticket Transporte, Accentiv’Mimética e Edenred são marcas registradas e/ou depositadas.
fev | mar 2011
Sumário
Consultoria
06
Ticket e Negócios ajuda empreendedores a acelerarem seus negócios
09
Ponto de Vista
10
Adapte-se à Nova Política Nacional de Resíduos Sólidos
Divulgação
Produtos de marcas próprias conquistam espaço nos carrinhos
Divulgação
Estratégia
12 Divulgação
Rede de padarias Dona Deôla se expande unindo gestão profissional, constantes inovações e trabalho em família
Marinheiro Manso
Receita de Sucesso
18
Menu Internacional Paella, a representação gastronômica do povo espanhol
22
Gilberto Melo
20
Chá das Cinco Especialista explica os hábitos de consumo da emergente classe C
Gôndola Social Empreendedores revertem parte de seu faturamento para projetos sociais
28
Fala, Sebrae Como administrar o fim de uma sociedade?
Ideias de valor Na Ponta do Lápis Amplie o lucro controlando o desperdício
Dica do Chef Conheça a lambreta tradicional, espécie de caldeirada baiana fev | mar 2011
24 26
30 32 34
Estabelecimentos se adaptam para atender portadores de necessidades especiais
Fique por Dentro Saindo do Forno
Estratégia
Marcas próprias
na gôndola Marinheiro Manso
Supermercados apostam no segmento para alavancar vendas e fidelizar clientes Por Andressa Rovani
Pedro Camargo, gerente de marcas próprias do Roldão, que conta com mais de 250 produtos do segmento
Uma gama de novos rótulos ocupa as prateleiras dos supermercados de todo o país. As marcas próprias, criadas pelas redes varejistas para gerar fontes alternativas de faturamento, crescem em ritmo forte no Brasil. Um levantamento feito pela consultoria Nielsen divulgado no final do ano passado aponta que o número de itens do gênero comercializados no país cresceu 18% no último ano. Mais de 65 mil produtos levam o nome de 330 supermercados e redes atacadistas em todo o país. Os Supermercados ABC, com 21 lojas na região de Divinópolis (MG), fazem parte das empresas que apostaram neste segmento e não se arrependeram. No começo, porém, foi preciso cálculo e sangue frio para levar o negócio adiante. “Há cinco anos, estes produtos não representavam quase nada no lucro. Tivemos que aprender com a marca”, diz o diretor de marketing da rede, Túlio Fernandes Martins, lembrando que houve festa na empresa quando a área passou a representar 1% do faturamento. “O segredo é dar identidade à marca em vez de buscar só o preço.” Atualmente, a rede conta com 200 produtos desenvolvidos para seus clientes, e as vendas representam 5% do faturamento da empresa. A marca ABC, desenvolvida para os primeiros itens, foi aposentada e deu lugar a uma gama de outros nomes, que variam de acordo com a categoria de produtos. “Já há rótulos nossos incomodando os grandes”, aponta Túlio.
fev | mar 2011
Preço e qualidade O sucesso desse tipo de item no Brasil está ligado à crescente aceitação por parte dos consumidores. No primeiro semestre do ano passado, um em cada dois brasileiros havia incluído um produto desses no carrinho e 26,7% fizeram a compra quando o artigo estava em promoção, dado que revela uma das estratégias de venda. “O setor atingiu a maturidade, investe em qualidade e dialoga com o público”, diz Neide Montesano, presidente da Abmapro (Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização). Segundo Neide, esta geração de produtos não desperta interesse apenas pelo preço – que chega a ser entre 10% e 15% mais barato que a média de seus similares, mas também pelo valor agregado, já que alguns deles chegam a superar os concorrentes tradicionais. Com investimento em qualidade, a fidelização do cliente – e não o lucro – passou a ser o grande retorno do investimento. Como só aquele estabelecimento comercializa o
Divulgação
Produtos próprios rendem lucro de cerca de 30% ao Supermercados ABC, em Minas Gerais
...além das nossas lojas, nossos clientes nos observam diariamente em seus refrigeradores ou em suas mesas. Isso não tem preço Pedro Camargo, gerente de marcas próprias do Roldão
produto, o cliente tende a voltar à loja com frequência e se torna menos sensível ao preço. “Mas há também o ganho institucional”, salienta Pedro Camargo, gerente de marcas próprias do Roldão, empresa que administra 13 lojas em São Paulo e no litoral paulista, com foco no atacado. “Distribuímos quase um milhão de embalagens no mercado por mês. Em outras palavras, além das nossas lojas, nossos clientes nos observam diariamente em seus refrigeradores ou em suas mesas. Isso não tem preço”, reforça. O resultado é tão animador que o Roldão aumentará o mix de produtos de 250 para 280 no segmento food service e incluirá, por exemplo, vegetais congelados e azeites. Para atender ao varejo, a empresa tem a marca Vale+, posicionada como primeiro preço (o item mais barato da categoria). “Isso permite a revenda com boa rentabilidade em outros estabelecimentos”, conclui o gerente.
Como começar
sua
Saber se existe realmente a necessidade de criar um produto é o primeiro fator a ser considerado Criar uma gama de produtos de marca própria exige estratégia e planejamento. Este tipo de negócio não se restringe apenas aos grandes varejistas, mas há necessidade de escala para que se possa enxugar os custos em toda a cadeia e negociar descontos com o fornecedor. “A adoção da marca própria tem de ser muito planejada, já que o varejista conhece mais que ninguém seu próprio negócio”, recomenda o especialista na área Pedro Matizonkas, do Núcleo de Estudos em Varejo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Pedro explica que o empreendedor não pode se render ao modismo nem usar a marca própria como instrumento para negociar melhores condições com os demais fornecedores. Aqui, vale a pergunta: eu preciso mesmo de marca própria? Se a resposta for positiva, o primeiro passo é entender que esse novo investimento deve fazer parte da estratégia de fidelização do cliente. “Não é canibalização de preço”, diz Neide, da associação de marcas próprias. A partir daí, é preciso escolher o fornecedor, avaliando preços, prazos, qualidade e capacidade de fornecimento. “É preciso que o varejista entenda que a marca é dele. No ponto de venda, tem de mostrar que acredita no potencial dela.” Por isso, deve apostar nas embalagens, para que elas consigam atrair os olhos do consumidor a um produto novo na gôndola. Nesse processo, o grande risco a ser evitado é a ruptura, quando o consumidor não encontra o produto desejado e leva o concorrente ou não volta mais para procurá-lo. Afinal, a credibilidade do produto está diretamente vinculada ao nome da empresa, e vice-versa.
fev | mar 2011
Divulgação
Estratégia
Supermercados ABC desenvolveram 200 produtos para seus clientes
Rendimento ou visibilidade Com estratégia, o segmento pode unir as duas coisas Apesar de não ser a principal meta na oferta de produtos de marca própria, o lucro sobre estes itens deve ser bem calculado. Com preços até 15% mais baratos que a concorrência, estes artigos embutem também nos custos o esforço de uma equipe para criá-los e mantêlos. Para os especialistas em varejo, não existe padrão a ser seguido nesse quesito. A margem de lucro pode ser mínima, por exemplo, quando o produto está sendo introduzido no mercado e é preciso valorizá-lo institucionalmente. Ou seja, a empresa está construindo uma marca, que passará a ter um valor próprio, dependendo da imagem que estiver agregada a ela – e isso muitas vezes requer concessões. Túlio Fernandes Martins, dos Supermercados ABC, explica que no começo era difícil falar em margem de lucro. Com baixa procura, os itens iam parar na cesta de descontos. Mas o esforço valeu: com o cliente fidelizado, as linhas ganharam valor. “Há dois anos, conseguimos atingir entre 28% e 30% de lucro nesses produtos. Muitas vezes a margem chega a ser o dobro da principal marca nacional.” Definitivamente, o segmento de marcas próprias provou ser um ótimo negócio e veio para ficar.
fev | mar 2011
Números do setor
18% 330
65 50% mil
cresceu o segmento no ano passado
redes têm produtos do gênero
produtos são de marcas próprias
dos brasileiros compraram algum item deste tipo em 2010
Quer mudar algo em seu estabelecimento? Precisa da nossa ajuda?
to imen d n e pre o em d o ã P) gaç divul Paulo (S a n o a or Sã Melh o Eco ç a Esp
G) ante ro orna concheg tagem (M t a r on to a a pa Ajud elecimen cinha - C o estab urante R a Rest
Escreva para a seção Consultoria. A Ticket e Negócios vai até seu estabelecimento: redacao@ticket.com.br
(SP) y r o l e u v i a l de oP ão de Zoé - Sã ç a t n a me ant Imple urante S a Rest
P) sual Paulo (S i v e o Sã idad ident o de Ló a v o N ria Pã Pada
a revista parceira do empreendedor
Nova Política Nacional de Resíduos Sólidos
Marinheiro Manso
Ponto de Vista
Por Roberto Baungartner*
A Lei n° 12.305/2010, sancionada em agosto de 2010, criou uma nova política nacional de resíduos sólidos (ou lixo), com o objetivo de não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e destinação final ambientalA conscientização mente adequada de rejeitos. Pela e a participação nova legislação, todas as esferas do dos dirigentes e Poder Executivo deverão elaborar os colaboradores dos seus respectivos Planos de Resíduos estabelecimentos Sólidos, com metas para eliminação são determinantes e recuperação de lixões e diretrizes na aplicação desta para a disposição final de rejeitos, reinovadora política ciclagem de resíduos etc. pública. As empresas Os serviços públicos de limpeza urque ainda não a bana e de manejo de resíduos sólifizeram precisarão dos poderão cobrar taxas ou tarifas reciclar a sua de acordo com o peso ou o volume cultura interna médio coletado, baseadas em categorias de usuários ou distribuídas por faixas ou quantidades crescentes de utilização. Outro fator a se destacar é que a lei estipulou a logística reversa, ou seja, o caminho de volta de embalagens e certos resíduos, envolvendo consumidores, comerciantes, distribuidores e fabricantes. No município de São Paulo, por exemplo, responsáveis por estabelecimentos públicos, institucionais, de prestação de serviços, comerciais e industriais, entre outros, geradores de resíduos sólidos (da classe II *Roberto Baungartner é doutor em direito - ABNT 10.004), em volume superior pela PUC /SP e diretor de relações a duzentos litros diários, precisam institucionais da Ticket Serviços S.A. se cadastrar na Prefeitura. Também
fev | mar 2011
devem contratar empresas ou cooperativas autorizadas a realizar a coleta, transporte, tratamento e destinação final do lixo, mantendo o contrato à disposição da fiscalização. O Decreto Paulistano (nº 51.907/2010) enquadra como infração passível de multa o descarte de resíduos pelos “grandes geradores de resíduos sólidos” nos locais de coleta domiciliar ou de saúde, como também em qualquer área pública. Resíduos de restaurantes e os restos de alimentos que os compõem são classificados como não perigosos, enquanto as substâncias tóxicas, inflamáveis ou contaminantes figuram entre as muito perigosas, segundo a Norma ABNT (10.004, classe II, Anexo H, código A 001). Portanto, estabelecimentos comerciais, como restaurantes, lanchonetes, supermercados, padarias, shopping centers e congêneres precisarão se adaptar às novas políticas públicas aplicáveis aos resíduos sólidos e semissólidos. A conscientização e a participação dos dirigentes e colaboradores dos estabelecimentos são determinantes na aplicação desta inovadora política pública. As empresas que ainda não a fizeram precisarão reciclar a sua cultura interna, traduzindo-a em boas práticas de separação prévia, acondicionamento, devolução reversa, respeito ao horário de coleta etc. Nesse sentido, o auxílio de especialistas, quando viável, poderá apoiar a concepção de uma estratégia apropriada, definindo a missão, os métodos e os objetivos a serem alcançados. No que se refere ao prazo de implementação, cada Estado e Município editará o seu Plano de Resíduos Sólidos até agosto de 2012, segundo a Lei Nacional n° 12.305/2010. Até lá valem as normas em vigor.
Divulgação
Receita de Sucesso
Inovação em família
Qualidade e gestão profissional são os principais ingredientes da rede familiar de padarias Dona Deôla, que comemora 15 anos em pleno crescimento Por Lívia Sampaio e Pedro Marcondes de Moura
fev | mar 2011
Marinheiro Manso
Da esq. para dir. Flávio Del Nero Gomes, Vera Helena Mirandez e Antonio Mirandez, sócios da Dona Deôla
O prédio de esquina na avenida Pompeia, na zona oeste de São Paulo, marca três gerações da mesma família e exemplifica a evolução do setor de panificação do país. É lá que fica a sede da rede Dona Deôla. Com quatro unidades na Grande São Paulo, a matriz localizase no mesmo imóvel onde dona Deolinda Augusta Angélico, matriarca da família e avó dos atuais sócios, fundou a padaria Do Lar. Com um negócio focado apenas em vender pães, a imigrante portuguesa, ao lado do marido Antonio Emílio Mirandez, prosperou. Começou a comprar imóveis e sentenciou ao seu filho, Armando Augusto Mirandez, um futuro diferente do que pôde ter. Queria vê-lo diplomado e longe do balcão. E conseguiu. Realizando o sonho da mãe, o jovem formou-se engenheiro, profissão que viria a ser seguida por seus filhos Antonio, Vera Helena e Armando Augusto Mirandez Júnior. Porém, por ironia do destino, os três viriam, décadas depois – precisamente em 1996 –, a enveredar pelo mesmo ramo da avó. Armando, um dos irmãos, há seis anos trabalhava no exterior e pretendia voltar. Para garantir estabilidade no retorno, pensou
em montar uma padaria no imóvel vazio da família, que antes abrigava a Do Lar, e chamou os irmãos para a empreitada. A princípio, houve resistência. “Perguntei se estava louco”, relembra Vera. Porém, pouco tempo depois eles perceberam que poderia ser um bom investimento. Assim, os irmãos Armando, Antonio, Vera e o marido dela, Flávio Del Nero Gomes – todos bem-sucedidos em suas carreiras – entraram na sociedade. Em 1996, a primeira loja foi inaugurada e recebeu o nome de Dona Deôla, apelido carinhoso dado por familiares à Deolinda em reverência à matriarca, então com 88 anos. Apesar da reticência em ver os herdeiros atrás do balcão, a avó se mostrou orgulhosa com o empreendimento. “Ela adorava vir aqui, era um dos locais em que sentia mais tranquilidade”, conta Vera.
fev | mar 2011
Divulgação
Receita de Sucesso O modelo de gestão do negócio, assim como a oferta de produtos, era bem diferente do primeiro estabelecimento familiar. “Para nós, era um embrião de negócio, não um emprego”, diz Flávio Del Nero Gomes, presidente da rede. Graças ao seu conhecimento do mercado financeiro, conseguiu elaborar um plano de negócio viável para financiar a primeira unidade. E, do mesmo jeito de Flávio, cada um dos três contribuía com seu conhecimento específico para o crescimento da empresa. Todos, com exceção de Antonio, mantiveram seus empregos. Coube a ele, junto a uma equipe de profissionais especializados, a missão de cuidar do dia a dia da loja.
Foco na administração Rede inovou no segmento com serviços como os bolosplaca, as unidades 24 horas e o bufê de sopas
De Deolinda
a Deôla
Foram criadas ferramentas de gestão sofisticadas, como o “índice de inflação Dona Deôla”, calculado por meio da soma dos aumentos dos insumos e dos gastos fixos, usado para atualizar o preço das mercadorias vendidas. O gerenciamento de estoque eficaz e a política de compra com fornecedores
1948
1950
A trajetória e as inovações que a rede implementou em seus 15 anos
1948
Dona Deolinda abre a padaria Do Lar, na avenida Pompéia, zona oeste de São Paulo
fev | mar 2011
Final da déc. de
1950 1996 1998 1999 A Do Lar é alugada para outros empresários, mas o prédio continua da família
Os netos reabrem a padaria no mesmo imóvel e homenageiam a matriarca no nome. O bufê de café da manhã faz sucesso
Morre dona Deolinda Augusta Angélico, a Dona Deôla
Segunda unidade é inaugurada, na Lapa, também na zona oeste. O local funciona 24 horas e serve sopas durante a madrugada
Divulgação
Cerca de 10 mil pessoas passam pelas lojas diariamente
1996
2005
Fotos Divulgação
são diferenciais da empresa para sobreviver em meio a milhares de concorrentes. Outro trunfo consiste em, além de oferecer uma vasta gama de serviços ao consumidor, adaptá-los ao público de cada unidade. “Aproveitamos o contato próximo aos clientes para moldarmos os produtos de cada loja à região”, explica Antonio Mirandez, sócio e diretor de compras da rede. A unidade da Granja Vianna, por exemplo, tem produtos pensados para famílias, enquanto a unidade de Higienópolis foca nas porções menores, devido ao grande número de consumidores que moram sozinhos. A opinião dos funcionários também sempre exerceu forte influência na trajetória da Dona Deôla. “As melhores ideias vêm de baixo para cima. Basta ouvi-las”, diz Gomes, que lembra da sugestão de um colaborador que trabalhava na rede hoteleira. Ele propôs que a loja oferecesse um bufê de café da manhã, similar ao dos hotéis. Era a primeira de muitas iniciativas de sucesso. “A fila ia até a rua e atraíamos gente de outros bairros”, lembra.
2006 a
2001 2002 2005 2010 2013 A rede Dona Deôla cria o departamento de eventos. A sócia Vera Helena Mirandez deixa o emprego e assume a área
Dona Deôla abre sua terceira unidade, em Higienópolis. Flávio Del Nero Gomes passa a trabalhar diariamente na gestão da empresa
A quarta loja é inaugurada na Granja Viana, em Cotia (Grande SP)
As padarias são ampliadas e reformadas, e cresce a participação da rede na área de eventos empresariais
Estão prometidas mais três lojas, duas na zona oeste e outra na zona leste da capital
fev | mar 2011
Marinheiro Manso
Receita de Sucesso
Inovar para crescer
fev | mar 2011
Aproveitamos o contato próximo aos clientes para moldarmos os produtos de cada loja à região Antonio Mirandez
As melhores ideias vêm de baixo para cima. Basta ouvi-las Flávio Del Nero Gomes
Marinheiro Manso
A rede inovou também servindo produtos até então incomuns em padarias paulistanas, como donuts, cookies e bagels, além de utilizar farinhas especiais na composição dos produtos. Pouco depois vieram os bolos-placa, as unidades 24 horas e o bufê de sopas. As primeiras novidades fizeram com que a padaria ganhasse nome, e a preocupação passou a ser preencher horários de pouco movimento. Nascia a oferta do almoço a quilo para quem trabalhava ou morava na região. “Sempre nos apoiamos no tripé qualidade, serviço e preço adequado, que mantemos até hoje como base”, diz o presidente. A preocupação com esses três preceitos pode ser observada no dia a dia. Uma equipe de nutricionistas, por exemplo, atua em tempo integral nas quatro unidades. E a técnica tem funcionado. Atualmente, cerca de 10 mil pessoas passam pelas lojas, deixando um ticket que varia entre R$ 14 e R$ 20. O sucesso levou Vera e Flávio a deixarem seus empregos em 2001 e 2002, respectivamente, para cuidar exclusivamente do grupo. Atualmente são quatro unidades (veja quadro), cerca de 500 funcionários, estrutura completa para vendas corporativas e setor especializado em eventos, como festas, formaturas, feiras e prêmios. O segmento, segundo Vera, corresponde entre 5% a 10% do faturamento. A empresa possui núcleos descentralizados de Recursos Humanos, Compras, Marketing, Tecnologia de Informação e Engenharia, além de um conselho gerido pelos quatro sócios. E tem como estratégia investir pesado no treinamento de funcionários. Tamanho profissionalismo faz com que os sócios pensem em expansão constantemente: para os próximos 15 anos, o plano é dobrar o tamanho do empreendimento.
Chá das Cinco
Além do
arroz e feijão
Com 30 milhões de novos membros, o poder de consumo da classe C desperta o interesse de empresários que buscam entender e se adaptar aos hábitos dos novos consumidores Por Lívia Sampaio
fev | mar 2011
A combinação crescimento econômico e expansão do crédito fez emergir um exército de novos clientes no país: a classe C. Cerca de 30 milhões de brasileiros, quase 16% da população, ampliaram a sua renda para um valor entre quatro e dez salários mínimos nos últimos seis anos. Por consequência, passaram a consumir mais, e isso despertou a atenção dos empreendedores. Para entender o perfil e saber como atrair estes potenciais clientes, a Ticket e Negócios entrevistou o professor Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Conselho do Provar (Programa de Administração de Varejo). O estudioso mostra que estes clientes mudaram seu padrão de compra e hoje buscam também itens mais sofisticados e que tragam praticidade. Como exemplo, mostra dados de uma pesquisa conduzida pela Felisoni Consultores e pelo Provar sobre o tema, que revela as classes C, D e E como responsáveis por mais de 77% do crescimento do total do número de lares que adquiriram bebidas à base de soja, molho de tomate pronto e iogurtes entre 2007 e 2009. O especialista alerta ainda: os empresários precisam estar atentos ao potencial e exigência deste público.
Divulgação
Hoje, as pessoas são demandantes, querem mais que o básico Claudio Felisoni de Angelo, presidente do conselho do Provar
Ticket e Negócios - Afinal, quem é a nova classe média? Claudio Felisoni de Angelo - Quando se fala de classe média, genericamente, as coisas ficam muito nebulosas. Melhor qualificar como classe C. Alguns estudos do IBGE noticiam que nada menos que 30 milhões de pessoas emergiram das classes D e E de 2004 até 2010. Isso que dizer que elas saíram da faixa abaixo de quatro salários mínimos para ocupar uma posição entre quatro e dez salários mínimos. T.N. - O que isso significa? C.F.A. - Nos últimos seis anos, houve uma importante mudança na distribuição de renda no país. Essa mudança é traduzida inclusive no que diz respeito à intensidade do consumo. Sabemos que na faixa intermediária, a propensão a consumir é mais alta, porque a tendência a poupar é mais baixa. Isso que dizer que a classe C tem um potencial de compra muito significativo. T.N. - Como esse potencial foi desenvolvido? C.F.A. - Foi muito alavancado pela expansão do crédito. A renda desse público é pequena, a despeito de ter crescido, por isso o crédito se torna essencial ao crescimento do consumo. Para se ter uma ideia, nos últimos seis anos, o
prazo médio de pagamento em número de dias praticamente dobrou, indo para 540 dias nas compras a prazo de produtos, como eletroeletrônicos, automóveis e computadores. Adicione a esse cenário a queda brutal da taxa de juros, para cerca de 42% – metade do que era há quatro anos, quando estava entre 80% e 85%. T.N. - O que mudou no perfil de consumo de alimentos? C.F.A. - Há um trabalho nosso que mostra mudança na composição dos gastos das famílias nos últimos seis anos. Elas consomem mais produtos que facilitam suas vidas: congelados, refeições prontas e itens como fraldas descartáveis e enxaguante bucal. T.N. - Como o varejista deve encarar essa mudança? C.F.A. - Na medida em que as pessoas melhoram suas condições de vida, elas têm mais acesso à informação e ficam mais exigentes em suas reivindicações. O comércio e a indústria têm de se adaptar. Um exemplo marcante ocorreu com a indústria automobilística na década de 90, quando houve a abertura comercial e a produção de carros populares. Um fusquinha já não bastava. Hoje, as pessoas são demandantes, querem mais que o básico.
fev | mar 2011
Gôndola Social Outback reverte a renda do jantar de inauguração de cada unidade a um projeto social da comunidade
Solidariedade no cardápio Empreendedores promovem eventos beneficentes e ajudam a transformar a sociedade Por Giuliana Santos
Cada um deve fazer sua parte. Com esse pensamento, muitos empreendedores procuram maneiras de contribuir com iniciativas que auxiliem a sociedade. Um jeito saboroso de fazer o bem. Na Baggio Pizzeria & Focacceria, com unidades no Paraná e em Santa Catarina, uma das especialidades da casa é captar recursos e distribuí-los a quem precisa. Anualmente, ocorrem quatro ações solidárias. A principal delas é o Baggiono Feliz, realizado desde 2006 no dia Mundial da Pizza, 10 de julho. Na data, o valor arrecadado com a venda de um dos sabores é revertido para entidades. Na última edição, foram doados R$ 14 mil para o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, e R$ 8,5 mil ao Lar Emanuel, em Joinville (SC). “Muita gente que nem gosta tanto de pizza aparece para comprar. Outros que já são clientes levam mais de uma, para ajudar. É especial para nós”, conta José Antônio Baggio, sócio da rede. Os funcionários se envolvem e sugerem novas ações. E a capacidade de mobilização ultrapassa os limites da empresa. “Normalmente, participam também colaboradores terceirizados e fornecedores”, completa. O especialista em marketing social Henrique Fortes, da HF Consultoria, avalia que ações como estas podem melhorar a imagem
fev | mar 2011
da empresa, que mostra valores como comprometimento e solidariedade. Ele ressalta, no entanto, a necessidade de se tomar cuidado com excessos. “Se parecer que o estabelecimento está mais interessado em divulgar a marca que realmente ajudar, o resultado pode ser desastroso. Atitudes como essa podem prejudicar a imagem de um negócio”, completa.
Aproximar-se da comunidade Envolver diversos setores para ajudar o próximo tornou-se um conceito presente também no Outback Steakhouse, rede de culinária australiana com 29 filiais no país. A cada loja inaugurada, há um jantar especial, no qual toda a renda é destinada a uma instituição da própria comunidade. Por conta da tragédia provocada pelas
Fotos Divulgação
Ajuda que não mexe no bolso Doação da Nota Fiscal Paulista une empresários e consumidores
Baggio Pizzeria & Focacceria arrecadou R$ 22,4 mil a entidades sociais em um único dia de evento
chuvas deste verão no Rio de Janeiro, por exemplo, as filiais daquele Estado e também do Espírito Santo recentemente promoveram uma ação especial. Em 20 de janeiro, dia de São Sebastião (padroeiro da capital fluminense), a renda obtida com a venda do “Ribs on the Barbie”, um dos principais itens do cardápio, foi integralmente doada à ONG Rio Solidário, que auxilia vítimas da tragédia. “Tentamos, dentro das nossas possibilidades, ajudar a amenizar um pouco o sofrimento dessas pessoas”, diz Christiano Londres, sócio-regional do Outback. O Le Manjue Bistrô, restaurante de São Paulo especializado em culinária orgânica, é outro exemplo de estabelecimento acostumado a fazer eventos para ajudar o próximo. No ano passado, por exemplo, integrou o movimento “Inverno sem Frio” e arrecadou agasalhos para doar à população carente.
Em São Paulo, estabelecimentos e consumidores ajudam projetos sem colocar a mão no bolso. Isso acontece graças a campanhas de doação da Nota Fiscal Paulista. O programa estadual devolve ao consumidor 30% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) efetivamente recolhido na compra. Nos supermercados da rede Pão de Açúcar, por exemplo, os clientes são incentivados a doar os créditos de suas compras ao Hospital do Câncer de Barretos. Basta depositar o cupom fiscal em uma das urnas espalhadas pelas lojas. Apenas nos dois primeiros meses do convênio (novembro e dezembro de 2009), R$ 150 mil foram entregues à instituição. Dados da secretaria estadual da Fazenda mostram que, em 2010, foram mais de 75 mil doações para entidades de saúde e quase 60 mil para assistência social. A Sipeb (Associação de Instrução Popular e Beneficência), organização que promove atividades educacionais, é uma das beneficiadas pelo programa. Diversos comerciantes do bairro de Santa Cecília, região central da capital paulista, recolhem cupons fiscais para auxiliar a associação. Cecília Mendes Barros, diretora da entidade, elogia o comportamento dos empresários. “Eles são muito interessados e comprometidos com a melhoria da sociedade.” Mais de 30 mil pessoas já foram beneficiadas direta e indiretamente na associação graças à iniciativa.
Nos dois primeiros meses de convênio, rede Pão de Açúcar reverteu R$ 150 mil por meio da Nota Fiscal Paulista ao Hospital do Câncer de Barretos
fev | mar 2011
Menu Internacional
Criatividade
Ibérica
Prato criado pelos camponeses espanhóis se popularizou pelo mundo inteiro Por Pedro Marcondes de Moura
Poucas receitas espelham tão bem a personalidade festiva e sensual dos espanhóis como a paella. Desenvolvida pelos camponeses da região de Valência, entre os séculos 15 e 16, a iguaria tinha como objetivo unir ingredientes nutritivos, práticos e facilmente encontrados no campo. O arroz, disseminado pelos mouros, combinado com óleo de oliva, sal, legumes locais e carne de coelho formam a base do prato. Já o açafrão, especiaria considerada afrodisíaca, confere a coloração amarelada e o gosto levemente picante. Segundo Sandro Dias, professor de história da gastronomia do Centro Universitário Senac, há duas versões para o nome do prato. A mais aceita atribui que a denominação vem da junção da expressão em espanhol “para ella” e se justificaria pela finalidade da receita, produzida pelos homens como uma forma de seduzir as parceiras. A segunda explicação etimológica diz que o nome paella se refere a uma bandeja usada pelos romanos para oferecer presentes a entidades em prol da fertilidade. “Em cada localidade da Espanha se faz um tipo de paella, de acordo com os ingredientes da região”, explica o estudioso. Em áreas próximas ao litoral, as receitas levam frutos do mar, modo que se popularizou no Brasil. Em comum, todas contam com o arroz e o açafrão e são servidas, principalmente, em eventos festivos no país ibérico.
fev | mar 2011
Na Ponta do Lápis
Fotos Divulgação
Com novos hábitos, restaurante Chafariz, em São João Del Rey (MG), reduziu desperdício em 60%
Diminua o desperdício,
aumente o lucro Como ampliar os ganhos adotando medidas para reduzir perdas desnecessárias Por Lígia Cruz
A empresária Olga Silva não fazia ideia de quanto alimento se desperdiçava todos os dias em seu restaurante de comida por quilo, o Chafariz, em São João Del Rey (MG). No ano passado, ela participou do programa “Cinco Menos que São Mais”, realizado pelo Sebrae-MG para ensinar empresários a combater o desperdício. Descobriu que mensalmente o estabelecimento jogava 240 quilos de comida no lixo, equivalente a uma perda de R$ 4 mil no faturamento. Para mudar a situação, Olga adquiriu novos hábitos. Trocou os recipientes de comida por versões menores e passou a repor os alimentos no expositor de forma gradativa, respeitando os horários de maior consumo. Todas as sobras começaram a ser pesadas
fev | mar 2011
e o valor anotado em uma planilha de controle. Em dez meses, as ações resultaram em uma redução de 60% no desperdício de comida. “Agora nós ficamos atentos à demanda e trabalhamos com porções menores para reduzir as perdas”, diz a empresária. Assim como nos restaurantes, outros estabelecimentos, como bares, padarias e supermercados também estão sujeitos a perder dinheiro e serem prejudicados por causa do desperdício. Anualmente, mais de 26 milhões de toneladas de alimentos são jogadas fora no Brasil, sem contar o gasto desnecessário com água, energia elétrica e suprimentos. Segundo Ana Asti, presidente da consultoria Parceria Social, especializada em comércio justo, pequenas mudanças de hábito já trazem bons resultados. “A utilização de sistemas automáticos para desligar luzes e torneiras, a reciclagem do óleo de cozinha para fazer sabão e o aproveitamento da luz solar reduzem as despesas e o impacto ambiental”, diz.
Cuidados para
reduzir os gastos
Confira algumas soluções simples que podem ser aplicadas no dia a dia
Fátima Rocha, responsável pela rede de lanchonetes
Foi o que aconteceu na rede de lanchonetes Mega Matte, que aderiu a este conceito e trouxe ao mercado uma loja sustentável no Itaim Bibi, em São Paulo. O estabelecimento foi projetado com madeira certificada, telhas ecológicas, torneiras com sensores para controle do fluxo de água, coleta de água da chuva, energia solar para o aquecimento de água e coleta seletiva de lixo. “Essas ações ainda estão em teste, mas estimamos uma redução de 5% nas contas de água e de luz”, diz a presidente da rede, Fátima Rocha. “O impacto é positivo não só no orçamento, mas também junto aos clientes.”
Outras ações Já nas padarias, o desperdício acontece principalmente na hora de preparar os alimentos. “A solução é criar fichas técnicas para padronização das receitas e calcular a quantidade dos ingredientes antes do preparo”, diz a consultora de gestão ambiental do SebraeDF Catharina Macedo. Os supermercados podem reduzir as perdas por meio do controle do estoque. “Cada setor deve fazer um controle baseado no histórico de compras para avaliar as quantidades corretas de alimento a serem adquiridas”, diz Catharina. Os congeladores e geladeiras devem receber manutenção preventiva nos motores e borrachas de vedação para evitar perdas. Uma solução para aproveitar os alimentos que não serão vendidos dentro do tempo ideal de consumo é utilizá-los no preparo de pratos quentes, que podem ser vendidos por quilo. Por último, os funcionários devem receber treinamento para entender a impor tância das ações adotadas pelo estabelecimento. “A maior dificuldade é conscientizar as pessoas, pois a redução do desperdício exige que elas mudem seus hábitos. Só quando percebem o impacto do desperdício ao longo do ano ficam sensibilizadas”, diz a consultora. E a mudança de postura se reflete diretamente no caixa dos empreendedores.
Use reguladores de pressão e vazão de água nas torneiras Aproveite a luz natural para economizar energia elétrica Faça medições periódicas dos alimentos que são jogados fora Reduza o tamanho dos recipientes do bufê e faça a reposição gradativa da comida após o período de maior demanda Dilua corretamente os produtos de limpeza concentrados e utilize borrifadores para aplicação Padronize as receitas com a criação de fichas técnicas Promova treinamentos com os funcionários para conscientizá-los da importância do combate ao desperdício Realize um controle rígido do estoque e no momento da compra, para que os alimentos não ultrapassem o prazo de validade
Ana Asti, presidente da consultoria Parceria Social
fev | mar 2011
Dica do Chef
Caldeirada baiana Iguaria típica do Estado nordestino, a lambreta ficou ainda mais saborosa com as inovações do espanhol Adolfo Ventin Por Pedro Marcondes de Moura / Fotos Gilberto Melo
A Bahia tornou-se mundialmente conhecida pelas suas festas, ritmos e invenções culinárias, como as moquecas e o acarajé. Há, no entanto, outro prato menos famoso que agrada ao paladar dos moradores do Estado nordestino: a lambreta. Parecida com a ostra, a iguaria é pouco calórica e nutritiva, ideal para repor as energias de quem vai pular o Carnaval atrás do trio elétrico. Foi na sede do bloco carnavalesco Os Internacionais (em Salvador), por coincidência, que o mais premiado realizador do prato iniciou sua carreira gastronômica. Em 1974, o espanhol Adolfo Ventin, conhecido como Papito, arrendou o espaço. Usando azeites de sua terra natal e retirando a água da tradicional caldeirada para ampliar o sabor do suco liberado pela lambreta, conquistou os consumidores. “Sou autodidata. Aprendi fazendo e inventando”, explica. A procura era tanta que, muitas vezes, as cem mesas espalhadas pelo local não davam conta de acomodar a clientela. Em 2000, o culinarista deu um passo adiante. Abriu o restaurante Don Papito e logo conquistou a crítica e o público. Confira a seguir a receita deste sucesso.
fev | mar 2011
Culinarista Adolfo Ventin, restaurante Don Papito, em Salvador
a et r b Lam Ingredientes
1 dĂşzia de lambretas
1 cebola cortada em meia-lua
4 colheres de azeite de oliva
Coloque em uma panela a dĂşzia de lambretas Em seguida, adicione a cebo la cortada em meia-lua
4 5 6
Depois coloque as quatro co lheres de azeite de oliva Cozinhe os ingredientes em
fogo brando
Quando as lambretas abrire imediatamente com o caldom, retire-as da panela Coloque em uma cumbuca manter a temperatura enqu de barro para Consuma imediatamente anto degusta.
fev | mar 2011
Divulgação
Fala, Sebrae
O que fazer quando a sociedade vai mal? Por Boris Hermanson*
O primeiro sinal de que as coisas não estão bem em uma sociedade é a falta de comunicação
fev | mar 2011
Como saber quando uma sociedade está indo mal? O que fazer, neste caso, para que o negócio não seja comprometido? Estas são perguntas cruciais para empreendedores que optam por trabalhar com sócios. Normalmente, o primeiro sinal de que as coisas não estão bem em uma sociedade é a falta de comunicação. O agravamento dessa situação gera ressentimentos e desconfianças, que acabam por comprometer a boa convivência dentro da empresa. Uma forma de evitar que esta situação se torne insustentável é o diálogo. Sentar com seus sócios, expor suas dúvidas e mesmo seus sentimentos em relação a essa situação, desde que isso seja feito dentro das regras da boa educação, costuma trazer ótimos resultados. Pode acontecer, entretanto, que um dos sócios não queira mais fazer parte da empresa, seja por desinteresse ou, ainda, por perceber que existem diferenças
inconciliáveis com os outros sócios. Neste caso, a melhor solução é negociar, amigavelmente, a saída dessa pessoa. Sua parte na sociedade pode ser comprada pelos sócios remanescentes ou vendida a terceiros – o que se mostrar mais conveniente para a manutenção da empresa. Caso a empresa possua apenas dois sócios, a legislação brasileira permite que a sociedade (Pessoa Jurídica) seja mantida por um prazo de até 180 dias com um único membro. Após este prazo, caso um novo sócio não entre na empresa, restará a dissolução da sociedade. Esta dissolução não significa, obrigatoriamente, a extinção do negócio. Em caso de sociedade empresarial, o empreendedor poderá manter a Pessoa Jurídica, desde que se inscreva como empresário individual na Junta Comercial de seu Estado. Já nas sociedades simples, que são aquelas compostas por profissionais liberais, a redução para uma única pessoa resulta, obrigatoriamente, na dissolução da sociedade. Para dar continuidade ao negócio, o empresário precisará atuar como profissional autônomo, usando seu CPF, já que seu negócio será resumido exclusivamente à prestação de seu serviço profissional. * Boris Hermanson é consultor do Sebrae-SP
Ideias de Valor
Acessível a
todos Estabelecimentos investem em acessibilidade para atender melhor e conquistar novos clientes Por Mônica Pestana / Fotos Marinheiro Manso Lanchonete Frevo, em São Paulo, oferece cardápio em Braille aos clientes antes de o item ser exigido por lei municipal
Dados do IBGE indicam que 15% dos brasileiros são portadores de algum tipo de necessidade especial. Para fazer sua parte pela cidadania e conquistar este importante público consumidor, muitos empreendedores investem no conceito de acessibilidade. Especialista no tema, a arquiteta Thaís Frota define a situação: “se um ambiente não possui estrutura para recebê-los, então o local é deficiente.” De acordo com a consultora, não há como ignorar estes clientes nos dias de hoje. “Com as mudanças estruturais, o local só tem a ganhar”, explica. Seguindo esta tendência, a padaria Villa Petra, em São Paulo, já foi construída, há quatro meses, dentro dos padrões de acessibilidade, com rampas de acesso, banheiros adaptados, vagas reservadas e mesas espaçosas. E o resultado é animador. “Esta é uma clientela que se torna fiel”, avalia o proprietário, Pedro Alves. Pensar no conforto dos clientes, independentemente das suas limitações, faz parte da filosofia do restaurante A Figueira Rubaiyat, também na capital paulista. Diariamente, o local é frequentado por cadeirantes. “É um público exigente que sugere mudanças,
fev | mar 2011
15% dos brasileiros são portadores de algum tipo de necessidade especial Dados IBGE
ajudando-nos a melhorar sempre”, explica Gerson Meneses, gerente da casa. No Rio de Janeiro, o restaurante Zabor também se adaptou para fidelizar os portadores de deficiência. Há quatro anos, projetou um bufê com altura planejada para que cadeirantes possam se servir sem constrangimento ou auxílio de funcionários. “Nossos consumidores voltam com frequência por causa desta facilidade, que não é tão comum”, diz Maria Cristina Esteves, responsável pela administração do local.
Torne-se adaptado O que estabelecimentos devem ter para receber bem os portadores de necessidades especiais
Cardápio em Braille Padaria paulistana Villa Petra foi construída contemplando o conceito de acessibilidade
Para atender os portadores de necessidades visuais
Banheiros adaptados Pelo menos um sanitário deve ser destinado aos portadores de necessidades especiais
Instalação de rampas, elevadores e plataformas Possibilitam o acesso de cadeirantes, idosos e de pessoas com bengalas e muletas
Mesas, balcões e caixas Devem ser adaptados para os cadeirantes
Cães-guia Portadores de necessidades visuais têm direito de permanecer com seu cão condutor em estabelecimentos de alimentação
Portas de entrada e outros acessos Devem ter espaço suficiente para passar a cadeira de rodas, de acordo com normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
Aberto aos consumidores Outro item que começa a fazer parte do dia a dia dos estabelecimentos é o cardápio em Braille. A lanchonete Frevo, no centro de São Paulo, possuía exemplares antes mesmo de o item se tornar obrigatório por lei nos bares e restaurantes da cidade, em 1997. “Não é sempre que temos essa demanda, mas precisamos estar preparados para receber todos”, diz o gerente Bernardino Santos. A procura dos proprietários de estabelecimentos pelo cardápio em Braille aumenta gradativamente. Edson Defendi, coordenador de projetos especiais da Fundação Dorina Norwill, conta que a entidade produz cerca de 30 materiais do gênero por mês. “Atualmente, existe um olhar mais voltado aos portadores de necessidades especiais. Além da questão de cidadania, estas pessoas também passaram a ser entendidas como consumidoras”, explica. Para Edson, outros serviços são necessários para atender portadores de necessidade visual. Entre eles, a sinalização de chão e uma equipe com preparo mínimo para recebê-los. “Os locais precisam ser acessíveis como um todo. O atendimento pode até ser feito por meio de uma breve orientação ao cliente, para que ele se sinta bem e volte”, afirma. O especialista, entretanto, ressalta: “infelizmente, ainda estamos em um estágio no qual falta muita informação.”
Sinalização tátil no piso Facilita a identificação de obstáculos e evita acidentes
Piso antiderrapante Simplifica a locomoção do cadeirante
Colaboradores treinados Para auxiliar e, principalmente, respeitar as pessoas com alguma necessidade especial Fontes: Thaís Frota e Edson Defendi
fev | mar 2011
Fique por Dentro
Feira do pão
Curso para franqueadores A Associação Brasileira de Franchising está com inscrições abertas para o curso Conhecimento Avançado de Franchising, voltado a profissionais do setor e potenciais franqueadores. As aulas começam dia 21 de março na sede da entidade, em São Paulo, e serão divididas em dez módulos teóricos e um prático. Fazem parte da programação, que vai até 25 de abril, temas como avaliação de franqueabilidade, aspectos jurídicos, plano de expansão, treinamento com a rede e responsabilidade social. Os interessados podem adquirir o pacote completo ou os módulos avulsos. Mais informações pelo site www.abf.com.br.
Segurança alimentar Estão abertas as inscrições para a pós-graduação à distância em Gestão da Segurança de Alimentos do Senac de Santa Catariana. Voltado a desenvolver profissionais do setor de gastronomia para trabalhar com sistemas de gestão e controle de perigo nos alimentos, minimizando ou eliminando os agentes responsáveis pela deterioração ou transmissão de doenças, o curso tem duração de 13 meses. Informações pelo telefone (0/xx/48) 3357-4197.
fev | mar 2011
Fotos Divulgação
Pelo 12º ano consecutivo, acontece a MinasPão, em Belo Horizonte (MG). A feira nacional, voltada ao mercado de panificação, confeitaria e sorveteria, reunirá, de 13 a 15 de abril, por volta de 25 mil pessoas, entre expositores e visitantes, no Expominas. Empresas e pessoas interessadas em participar podem se informar pelo site: www.fariavasconcelos.com.br/minaspa.
Macetes da cozinha
Para elaborar um prato é preciso saber além do que vem escrito nas receitas. O livro “Segredo do Prato Perfeito”, de Marcus Wareing, importante chef inglês, traz de maneira fácil e prática as principais regras e procedimentos para alcançar excelentes resultados na cozinha – até mesmo para os que nunca cozinharam. Editada pela Publifolha, a obra tem preço sugerido de R$ 49,90 e está à venda nas principais livrarias.
Saindo do Forno
A La Pastina, empresa especializada no mercado gourmet, apresenta uma nova linha de produtos. As Bruschettas La Pastina já vêm prontas para o consumo, basta assar no pão, e se destacam pela sofisticação e variedade de condimentos utilizados em seu preparo. Produzidas no Peru, podem ser encontradas nas redes de supermercados, empórios e delicatessen em cinco sabores: Alcachofra, Alcachofra com Pimentão, Aspargos, Pimentão e Pimentão com Jalapeño. Excelentes opções para quem procura produtos práticos e refinados.
Opção saborosa Para atender às necessidades alimentares dos portadores de intolerância à lactose, a Josapar lança a bebida em pó Soy+, à base de soja. O produto, rico em vitaminas e minerais, que auxiliam de forma eficaz o crescimento e desenvolvimento das crianças, chegará primeiro às gôndolas da região Nordeste, devendo abranger o resto do país até o final do ano. São três sabores: Banana, Morango e Maracujá.
Refrescante e light A Ajinomoto inova no mercado nacional com dois sabores para a marca FIT, sua linha de refrescos em pó com Zero Açúcar. As novas versões, Limão com Capim-Cidreira e Manga com Hortelã, são elaboradas com extratos de vegetais. Ideais para quem se preocupa com saúde e bem-estar, os refrescos têm rendimento de 1 litro e serão vendidos em sachês de 10 g para a versão Limão com Capim-Cidreira e 8 g no sabor Manga com Hortelã.
Seleção de saúde Seguindo o conceito de alimentação saudável e bem-estar, a Seven Boys inova e lança três novos pães da linha Benefice, com o que há de mais nutritivo em matéria de grãos classificados como alimentos funcionais: Amaranto, Linhaça Dourada e Linhaça Dourada Light. Os produtos chegam aos mercados de todo o Brasil a preço médio de R$ 4,30.
Onde encontrar La Pastina 0800-721-8881 www.lapastina.com.br Josapar (0/xx/53) 3284-1000 www.josapar.com.br Seven Boys 0800-727-7772 www.sevenboys.com.br Ajinomoto 0800-704-9039 www.ajinomoto.com.br
fev | mar 2011
Fotos Divulgação
Refinado e prático
*A quantidade pode variar de acordo com o padrão de produtos a serem grelhados.
BABY *50 Grelhados/h
SUPER BABY *150 Grelhados/h
SPETO´S *150 Espetos/h
JÚNIOR *100 Grelhados/h
MASTER *250 Grelhados/h
MASTER PLUS *400 Grelhados/h
A P REPAR
SUPER MASTER PLUS *700 Grelhados/h
MASTER PLUS II *800 Grelhados/h
A P REPAR
OVOS
OVOS
comte a p Chaiaderen ante vapor
KING EGG 5 ovos 60 ovos /h
(43) 3343.2700 (43) 9913.0769
KING EGG 9 ovos 108 ovos/h
www.multgrill.com.br