A trampa que iludiu os maiores gênios e pensadores da humanidade Gentil, o iconoclasta Professor do Departamento de Matemática da UFRR (gentil.iconoclasta@gmail.com ◮ https://goo.gl/DVWQxz) 24 de agosto de 2019 Tudo o que apreendemos, seja perceptiva ou conceitualmente, é desprovido de natureza inerente própria, ou identidade, independentemente dos meios pelos quais seja conhecido. Objetos percebidos, ou entidades observáveis, existem em relação às faculdades sensoriais ou sistemas de medição pelos quais são detectados − não de modo independente no mundo objetivo. (Alan B. Wallace/Dimensões escondidas)
Resumo Veja bem, não estamos falando do comum dos mortais, também não estamos falando de gênios e pensadores quaisquer, estamos nos referindo aos maiores gênios e pensadores que a humanidade já produziu. Em resumo, o erro (cegueira) de todos eles foi não terem entendido a citação na epı́grafe deste artigo. O próprio Einstein não compreendeu, como atesta um diálogo seu com o poeta indiano Rabindranath Tagore.
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Introdução
Tudo isso, que à primeira vista parece excesso de irrazão, na verdade é o efeito da finura e da extensão do espı́rito humano e o método para encontrar verdades até então desconhecidas. (Voltaire) Se há algo que o homem deve aprender de uma vez por todas é que para a Natureza não existe lógica não existe ética, não existe certo não existe errado, não existe direita não existe esquerda, não existe mal não existe bem, não existe pobre não existe rico, não existe santo não existe pecador . . . Enfim, a Natureza não consulta o homem para saber a sua opinião! O conteúdo do presente artigo é o que podemos denominar de uma obra de engenharia teológica. 1
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Os truques na Natureza são abundantes
Apenas para situar o leitor, a seguir ilustramos alguns truques utilizados pela Natureza:
A propósito, nota-se que o embuste (truque, trampa) encontra-se disseminado por toda a Natureza não apenas entre os animais (incluindo o homem) como até mesmo no reino vegetal. Existe uma planta carnı́vora que simula o odor de carne putrefata para atrair moscas a uma armadilha. A Natureza não obedece à lógica ou ética humanas. Afirmamos que a trampa que iludiu os maiores gênios e pensadores da humanidade se esconde atrás de um destes truques. O truque é tão engenhoso e sofisticado − mega, giga, tera sofisticado − que não teria mesmo como os pobres gênios perceberem a trampa. Ademais, em toda a história da humanidade o número de homens que perceberam o engodo conta-se “nos dedos de uma só mão!” . . . Pasmém! Vamos apresentar-lhes apenas dois destes homens que se deram conta da trampa, ou melhor, três deles − não podemos apresentar muitos, como dissemos o número destes homens conta-se “nos dedos de uma só mão”. Após o que revelaremos o truque, a trampa, a prestidigitação que iludiu quase toda a humanidade durante todos estes séculos e milênios! 2
1 ◦ ) Buda Quando Buda atingiu, alguém lhe perguntou: “O que você atingiu?” Ele riu e disse: “Não atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo. Pelo contrário, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensamentos, minha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possuı́a; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa é a minha aquisição.” (Buda/Osho)
2 ◦ ) Sri Nisargadatta Maharaj Esse mundo de vocês, que tanto precisa ser cuidado, vive e se move na mente. Mergulhem nela, lá, e apenas lá, vocês encontrarão respostas. De onde mais vocês imaginam que o mundo venha? Fora de sua consciência, algo existe? (Sri Nisargadatta Maharaj/“Eu Sou Aquilo”)
3 ◦ ) Papaji Perguntaram a Papaji: P: Quem é Deus?. R: Quando você projeta um mundo de sonhos para si mesmo e vive nele, você também projeta um Deus que olhe por ele. Quando você para sua projeção, ambos o mundo e Deus desaparecem.
2.1
Papaji
O truque − engodo, trampa, prestidigitação!
O truque de que temos falado é este: a ilusão do ego, da identidade. De modo mais enfático e objetivo: A ilusão de que nós existimos! Aqui está a ilusão − trampa, engodo − frente à qual quase toda a humanidade sucumbiu! Ora, reconhecemos que é necessário alguns esclarecimentos para que esse truque possa de fato ser reconhecido como uma ilusão. Primeiramente observe o que Buda afirmou: Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa é a minha aquisição. Quando Buda afirma: perdi meu ego, meus pensamentos, minha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possuı́a; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. é porque ele se deu conta do truque, da trampa.
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Quando Maharaj afirma: Esse mundo de vocês, que tanto precisa ser cuidado, vive e se move na mente. é porque ele se deu conta do truque, da trampa. Quando Papaji afirma: Quando você projeta um mundo de sonhos para si mesmo e vive nele, você também projeta um Deus que olhe por ele. Quando você para sua projeção, ambos o mundo e Deus desaparecem. é porque ele se deu conta do truque, da trampa. Mas como grandes mı́sticos via de regra não são levados a sério por arrogantes cientistas − eles próprios vı́timas do engodo − vamos apelar para a prória ciência: 1 ◦ ) Na edição da Revista Veja de 4 de julho de 2012, o cientista Francis Crick − o mesmo que descobriu a forma de hélice dupla da mólecula da vida, o DNA − proferiu: Você, suas alegrias e tristezas, suas memórias e ambições, sua noção de identidade e seu livre-arbı́trio nada mais são do que a interação de um vasto conjunto de células nervosas . . . (Francis Crick) Ou seja, nós somos produtos de interconexões cerebrais, aqui está o truque! Mais uma confirmação: Tal como todas as células do corpo se inter-relacionam para produzir um organismo funcional, também as redes neurais se associam para produzir aquela entidade que pensamos ser nossa personalidade. Todas as emoções, lembranças, conceitos e atitudes estão neurologicamente codificados e interconectados, resultando no que se chama ego, filho do homem, eu inferior, o humano, a personalidade (Do livro Quem somo nós? − A descoberta das infinitas possibilidades de alterar a realidade diária) Nossa “existência” é apenas virtual e não real. Oportunamente veremos as drásticas consequências disto, isto é, de se tomar o virtual pelo real! As consequências são deveras dramáticas, tanto a nı́vel pessoal quanto coletivo. Por ora é suficiente dizer que não se dar conta de uma ilusão, ou tomar o falso por verdadeiro (real), pode conduzir a desvios e patologias de toda ordem, é o que se ver no mundo, a nı́vel coletivo e individual, reiteramos. Nota: Quando afirmamos que o número de homens que se deram conta de que a identidade é um truque conta-se “nos dedos de uma só mao!” − citamos três mı́sticos como exemplo − estamos nos referindo aos que de fato experienciaram isto, e não aos que sabem apenas de teoria, de ouvir falar. 4
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Qual a nossa verdadeira essência? A resposta ainda encontra-se na revelação do Buda, veja:
Quando Buda atingiu, alguém lhe perguntou: “O que você atingiu?” Ele riu e disse: “Não atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo. Pelo contrário, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensamentos, minha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possuı́a; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa é a minha aquisição.” (Buda/Osho) O “Puro Nada” − que podemos também denominar de Consciência Pura − é a essência do ser humano. Façamos um desenho para nos fazer melhor entender e, ademais, revelar de uma outra perspectiva onde encontra-se o truque. Normalmente o ser humano se identifica com o corpo e a mente, a mente é produto de muitos fatores, em poucas palavras é uma construção social. Vejamos uma analogia: quando chegamos ao mundo podemos nos ver como uma tela em branco, assim:
Tela em branco
− Um pássaro nascido em uma gaiola n~ ao tem a consci^ encia de que está preso.
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A tela em branco na qual o seu desenho (identidade) será pintado é o que denominaremos de Consci^ encia Pura, é o que você é em essência; a Consciência Pura não é matéria nem energia. Ao nascer embora não tenhamos uma identidade formada, no entanto, somos conscientes, temos uma Consciência. Pois bem, o seu retrato (identidade, ego) será pintado por vários “artistas”, dentre eles, seus pais, colegas de escola, religiões, internet, televisão, etc. Em nossa analogia do Prisma tudo se passa assim: Consci^ encia Pura (Nada)
Prisma (CD)
− Construç~ ao social
Voc^ e (sua ess^ encia) é isto! Luz Branca
− Mente Esta é uma das maiores descobertas do Oriente: de que o nada não é vazio; ao contrário, é simplesmente o oposto de esvaziamento. É plenitude, é transbordamento. (Osho/Morte a Maior das Ilus~ oes/p.87)
− Ego: esse desenho é um arquivo armazenado no cérebro, não é sua essência!
É precisamente nesse desenho onde reside o truque, a ilusão do ego, ou identidade. Ora, ao acreditar que esse desenho tem existencia real (que “nós realmente existimos”) todos os assim denominados gênios e pensadores caı́ram vı́timas desta cilada, deste truque da Natureza. Na seção 5 veremos algumas importantes consequências da revelação da trampa, são estas consequências que realmente nos interessa enfatizar. Na analogia a seguir a Consciência Pura é a luz branca que incide no prisma (mente), as cores na saı́da do prisma são os pensamentos produzidos pela mente. Vejamos como Buda conseguiu perceber a trampa engendrada pela Natureza. Um segundo prisma colocado após o primeiro consegue somar todas as cores obtendo a luz branca de volta. Segundo o cientista Francis Crick sua identidade encontraência onsci C se na mente, é resultado de interconexões cep e ns ame ntos → → Mente rebrais. A identidade manifesta-se através dos pensamentos. Na meditação profunda Buda deleta a mente. Buda consegue eliminar os pensamentos e volta ao estado de Consciência Pura, onde não há identidade ou ego. Podemos dizer que o ego (identidade) tem uma existência apenas virtual e não real, caso contrário ele não poderia desaparecer através da meditação.
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Acordando do sonho
Buda significa iluminado em sânscrito, mas no presente contexto vamos considerar Buda significando “O Desperto”, aquele que acordou do sonho. Os demais, isto é, aqueles que ainda acreditam na ilusão de uma identidade, na ilusão de que realmente existem ainda não despertaram do sonho, continuam dormindo. A propósito, lembrei-me de mais uma analogia. Quando você está sonhando seu cérebro cria um universo, você até “existe” dentro do universo criado no sonho. Perguntamos se você − dentro do sonho − é real. Quando você acorda percebe que aquele universo no qual você existia era um sonho engendrado pela mente. Ora, mas é precisamente isto que acontece com este universo no qual nos encontramos “acordados”, também é uma criação da mente − A bem da verdade é uma criação da Consciência Pura através da mente. Veja novamente: Esse mundo de vocês, que tanto precisa ser cuidado, vive e se move na mente. Mergulhem nela, lá, e apenas lá, vocês encontrarão respostas. De onde mais vocês imaginam que o mundo venha? Fora de sua consciência, algo existe? (Sri Nisargadatta Maharaj/“Eu Sou Aquilo”) Os que ainda não se deram conta disto é porque ainda encontram-se dormindo, sonhando − é “só” isto!
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Consequências da revelação da trampa
Pois bem, o que nos interessa aqui é colocar em destaque algumas das consequências da revelação do truque; ou ainda, algumas consequências da trampa. Eu não diria que as consequências da revelação do truque sejam tão devastadoras quanto a explosão de uma bomba atômica, não, não é . . . é muito pior! Uma bomba tem efeito local, esta revelação poderá ter efeito global, isto é, em toda a superfı́cie da Terra. Mas assim como a explosão de uma bomba não poderá ser ouvida e vista por um cego surdo tampouco as consequências desta revelação.
5.1
A primeira pedra a tombar: Deus
Estaremos derrubando a primeira pedra da série de dominós, as demais cairão como consequência.
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A primeira pedra que derrubaremos como consequência de que o ego é um truque é a de que Deus existe! Deus é uma criação deste mesmo ego, tentando se eternizar! Tudo resume-se em poucas palavras: Perguntaram a Papaji: P: Quem é Deus?. R: Quando você projeta um mundo de sonhos para si mesmo e vive nele, você também projeta um Deus que olhe por ele. Quando você para sua projeção, ambos o mundo e Deus desaparecem.
Papaji
De uma outra perspectiva: Mergulhe mais profundamente na sua consciência e, quanto mais fundo você for, mais seu eu começa a se dissolver. Talvez seja por isso que nenhuma religião exceto o Zen tentou a meditação − porque a meditação vai destruir Deus, vai destruir o ego, vai destruir o eu. Vai deixá-lo no nada absoluto. É apenas a mente que faz você ter medo do nada. (Osho/Zen, p. 133) E os Deuses das religiões como ficam? Respondemos: Os Deuses de todas as religiões foram mentiras engendradas pelos homens! por egos humanos, é simples assim! A propósito escrevi o artigo “DEUS PODE MENTIR ?” onde fiz uma acareação entre dois deuses de duas religiões atuais e provei que um dos dois é mentiroso. Mas, é claro que Deus não mente, quem mente são os seus “representantes”, os homens que engendraram estes mesmos Deuses − todos! não admitimos exceções. A propósito, você já se perguntou por que o budismo e o jainismo são duas religiões sem Deus? A resposta é simples: Por que Buda e Mahavira não foram mentirosos, é só isto! Buda ao despertar, ao acordar do sono no qual quase toda humanidade ainda encontra-se, se deu conta de que Deus é uma criação do ego, ele mesmo (ego) uma ilusão. Para você que ainda teima em permanecer ingênuo e acredita que a maldade dos homens não chegaria a tanto, repito especialmente para você:
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Colocamos em destaque Tamboril é o nome popular dos peixes lophiiformes. Eles são bastante conhecidos pela sua aparência amedrontadora, mas também contam com um ótimo trunfo para enganar suas presas. O tamboril possui uma espécie de isca sobre sua cabeça [. . . ] Pois bem, vamos raciocinar juntos, eu e você que teima em permanecer simplório − isto é, em acreditar nos Deuses engendrados pelas religiões −: se a Natureza dotou o tamboril de uma série de artifı́cios, inclusive uma falsa isca, para fisgar outros peixes desprevenidos, qual a dificuldade que esta mesma Natureza teria em dotar “tubarões” de varios artifı́cios para fisgar presas tolas como você? Veja do que estamos falando:
• Tubar~ oes dotados de uma isca falsa: “A Bı́blia Sagrada”
• Tubar~ ao dotado de uma isca falsa: “O BHAGAVAD-GITA” Algumas pessoas são como mariposas. Querem se atirar ao fogo e morrer. Preferem ser ludibriadas e enganadas pelos charlatães do que usar a inteligência que Deus lhes deu. Nenhuma palavra de advertência é capaz de dissuadi-las. Espera-se das pessoas que buscam a verdade espiritual um comportamento diferente, ou seja, que usem a razão e sejam capazes de realizar bons julgamentos. (Swami Bhaskarananda) Adendo: Consideramos “uma da maiores descobertas do Oriente” (p. 6) até mais extraordinária que a própria Teoria da Relatividade de Einstein. Com a diferença que a Teoria de Einstein é mais fácil de entender, passa pelo intelecto; ao contrário, a descoberta do Oriente agride a mente. É que o Nada (Vazio) é um Oceano de Potencialidades, de onde tudo deriva. 9
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Satanás criou Deus [. . .] Por mais intricado e difı́cil que isso pareça, a tarefa ainda maior, a de converter força satânica em poder celestial, cabe a Nós, e fomos habilitados a desempenhá-la. (Bahaullah)
Existe dentro do homem, em virtude de sua constituição, um ego, um eu inferior − um Satanás, bem como um anjo. (Bahaullah)
Estamos de acordo com a afirmação do profeta Bahaullah de que dentro do homem existe um Satanás, bem como um anjo. Apenas que interpretamos da seguinte forma:
− Consci^ encia Pura Luz Branca
7−→
− Mente − Ego: Satanás Todo Deus é uma criação do Ego, Satanás.
Voc^ e (sua ess^ encia) é isto!
Anjo
O Ego (Satanás) está na mente, ou manifesta-se pela mente. Pois bem, a teologia cristã afirma que Deus criou Satanás, desta afirmação discordamos e afirmamos o contrário: Satanás criou Deus! Não faz o menor sentido, é extremamente ilógico − pelo ao menos para quem raciocina − que Deus tenha criado Satanás, agora que Satanás tenha criado Deus, como uma de suas astúcias, faz todo sentido! E não apenas isto, desta perspectiva tudo começa a fazer sentido, a explicar-se, a se encaixar. Com efeito, os mulçumanos matam em nome de Deus, a Igreja Católica matou milhares de seres humanos − Cruzadas, Santa Inquisição, fogueiras, etc. − em nome de Deus; uma das pricipais caracterı́sticas das religiões é separar as pessoas, causar divisões em nome de Deus. Não é difı́cil aceitar a tese de que Satanás é que criou Deus. Pelo ao menos até hoje Satanás anda vencendo neste Planeta e Deus continua se escondendo, sem dar as caras! Nota: Dissemos anteriormente que a teologia cristã afirma que Deus criou Satanás; se uma ovelha ingênua perguntar a um padre ou pastor se isto é verdade ele usará de sofismas e negará, dirá algo como “Deus criou Lúcifer, um anjo muito belo e inteligente, no entanto dotou-lhe de livre arbı́trio . . . ”, e baboseiras do gênero para ludibriar as tolas ovelhas. A questão se resolve de modo bem simples: Se Deus é onipotente e onisciente então ele sabia no que o anjo Lúcifer iria se tornar, logo, de fato ele criou Satanás. 10
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O Postulado Áureo
Vimos até aqui que uma fração significativa dos nossos argumentos fundamenta-se no que os Mestres Buda, Maharaj e Papaji afirmaram, em particular na seguinte afirmação do Buda: − O estado do Buda Quando Buda atingiu, alguém lhe perguntou: “O que você atingiu?” Ele riu e disse: “Não atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo. Pelo contrário, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensamentos, minha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possuı́a; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa é a minha aquisição.” (Buda/Osho) Esta afirmação poderia não ser entendida ou aceita por alguém, reconhecemos essa possibilidade. Minha adesão ao que essses Mestres afirmam se dá antes de tudo pelo lado experimental, digo, através da prática da meditação profunda já experienciei “O estado do Buda” inúmeras vezes, essa é precisamente a razão pela qual não duvido do que Buda afirma acima. Pois bem, mas esta é a minha experiência e a do Buda, ninguém é obrigado a aceitá-la, ou aderir ao que os outros dois Mestres citados afirmam. Ora, então como poderemos conduzir a questão? Existe ainda uma outra alternativa, é o que podemos denominar de uma abordagem abstrata, esta não depende de “fé”, apenas de raciocı́nio, flexibilidade e “boa vontade”, uma alternativa que poderia ser aceita por qualquer pessoa inteligente − e livre, isso é importante! −. E no que consiste essa via abstrata? Aqui entra o que denominamos de “O Postulado Áureo”, cujo enunciado é como a seguir: Tudo o que apreendemos, seja perceptiva ou conceitualmente, é desprovido de natureza inerente própria, ou identidade, independentemente dos meios pelos quais seja conhecido. Objetos percebidos, ou entidades observáveis, existem em relação às faculdades sensoriais ou sistemas de medição pelos quais são detectados − não de modo independente no mundo objetivo. Este postulado não é meu, eu o encontrei no livro Dimensões escondidas do autor Alan B. Wallace. Minha adesão a este postulado se deve às minhas experiências em meditação profunda, relatadas − a quem interessar possa − no artigo Ayahuasca, Budismo e Meditaç~ ao. Vamos abrir um parênteses para uma outra citação do livro de Wallace que, de certa forma, podemos ver como uma primeira decorrência do Postulado Áureo, qual seja: A estrutura cognitiva de referência.
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7.1
A estrutura cognitiva de referência
Todos os fenômenos [tanto perceptı́veis quanto conceituais] podem ser postulados como existentes apenas em relação a uma (Dimensões escondidas, p. 97 ) estrutura cognitiva de referência.
Para fixar as ideias podemos entender como um exemplo de uma “estrutura cognitiva de referência” a mente humana. Doravante abreviaremos estrutura cognitiva de referência por ECR. Podemos dizer que uma ECR é uma estrutura que processa informações. Num sentido figurado, uma ECR é um referencial − é similar ao referencial da teoria da relatividade de Einstein. Apenas para exemplificar de forma concreta como funciona a estrutura cognitiva de referência consideremos a seguinte “experiência de pensamento”. Na ilustração a seguir (Caixa)
Pernilongo Pernilongo
(Gedankenexperiment) 12
Einstein e um pequeno robô (com uma lupa/zoom) observam “um mesmo pernilongo” que se encontra dentro de uma caixa de vidro. Perguntamos: quando os dois não estão mais olhando para dentro da caixa, qual o pernilongo que lá permanece? Aquele que Einstein vê ou aquele que o robô vê? Ou ainda: qual o pernilongo verdadeiro? “Em sua forma forte, essa interpretação assevera que a consciência é o estado básico fundamental, mais primário que a matéria ou energia. Essa posição concede um papel especial à observação, quando a transforma no agente ativo que provoca o colapso das possibilidades quânticas em realidades.” (Dean Radin/Mentes Interligadas, p. 221) Pois bem, aplicando o Postulado Áureo ao que nos interessa podemos afirmar que tanto o ego (identidade) quanto Deus são desprovidos de natureza inerente própria, ou ainda, existem em relação às faculdades sensoriais ou sistemas de medição pelos quais são detectados − não de modo independente no mundo objetivo. Deus não pode ser concebido fora de uma estrutura cognitiva de referência; ou ainda: Deus só existe em relação a uma ECR. Uma analogia: assim como o pernilongo que comparece na figura da página 12 é uma construção da mente de Einstein, de igual modo todo Deus é uma construção da respectiva ECR. Substitua o pernilongo por Deus, Einstein por um Hindu e o robô por um cristão, veja: (Caixa)
D eu
s
Pernilongo Pernilongo
(Gedankenexperiment)
É a mente de Einstein que cria o pernilongo que ele vê, é a mente do hindu que cria o Deus que ele vê; é a “mente” do robô que cria o pernilongo que ele vê, é a mente do cristão que cria o Deus que ele vê, é simples assim. Todas, reitero, são apenas e tão somente formas de percepção! − sem nenhuma relação com a “realidade” de Deus. 13
7.2
Provas de que esse Deus é uma mentira
Se nos ‘demonstrassem’ esse Deus dos cristãos, ainda acreditarı́amos menos nele. (Nietzsche) Um problema que desafia a todos os pusilânimes doutores teólogos cristãos há mais de 2000 anos foi colocado pelo célebre filósofo Epicuro:
Paradoxo de Epicuro (341 a.C. - 270 a.C./Grécia) Ou Deus quer suprimir o mal e não pode; ou Deus pode suprimir o mal e não quer. No primeiro caso Deus é impotente; no segundo caso Deus não é amor.
Perguntamos: Por que após mais de 2000 anos ninguém resolveu o Paradoxo de Epicuro? Respondemos: Porque esse Deus cristão − como os de todas as religiões − é simplesmente uma mentira! É esta a resposta. A propósito, veja o livro: “Doze provas da inexistência de Deus ” de Sébastien Faure. Escolha a prova de sua preferência!
Sugerimos que o sı́mbolo do peixe crist~ ao seja o tamboril. A resposta à pergunta acima é: Trouxas!
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7.3
A segunda pedra a tombar: Literaturas sobre esse Deus
O Absoluto não tem cor, nem plano, nem nome, nem forma. Todos os nomes e formas surgem na Terra e toda a imaginação e todos os escritos se devem à consciência em forma humana. O mundo está cheio de livros com os conceitos de seus autores. (Sri Nisargadatta Maharaj/nada é tudo) A segunda pedra a cair como consequência de que o ego é um truque é a de que tudo o que foi escrito sobre este Deus fictı́cio também é fictı́cio! No meu livro O Deus Qu^ antico escrevi um capı́tulo intitulado “Porque as religiões têm o incrı́vel poder de cegar até mesmo os gênios” no qual argumento na defesa da tese de que três gênios foram idiotizados pela ficção que é o Deus cristão. Os gênios foram: Leibniz, Pascal e Santo Agostinho. Aqui vamos tratar sucintamente de dois eminentes pensadores:
Em minha juventude − hoje conto com 59 anos − lia bastante Pietro Ubaldi e Huberto Rohden. Se na minha juventude eu concordava com quase tudo o que eles escreveram, hoje, discordo de quase tudo. Vou apenas exemplificar ligeiramente.
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No livro Deus E Universo Pietro Ubaldi escreve: Para quem tem olhos para enxergar, o plano de Deus é evidente. É vontade Sua que no ano dois mil deva surgir uma nova civilização do espı́rito, em que o Seu Evangelho seja vivido seriamente, a fim de que Cristo não se tenha sacrificado em vão. E esta hora chegou, já anunciada há vinte anos pelo que foi mencionada e por outras mensagens já publicadas. Mais à frente escreve: Assim, no terceiro milênio, o mundo se unificará em um só rebanho sob um só pastor: Cristo. [. . . ] Mas toda a Obra não passa de um anúncio e de uma preparação, porque na alvorada do terceiro milênio Cristo romperá a pedra do sepulcro e ressurgirá triunfante. E a humanidade ressurgirá com Ele. Estas profecias do professor Ubaldi dificilmente se cumprirão; com todo respeito ao velho mestre, as considero meros devaneios. Não pretendo aqui me estender em argumentos, apenas assinalar que trata-se disto: Perguntaram a Papaji: P: Quem é Deus?. R: Quando você projeta um mundo de sonhos para si mesmo e vive nele, você também projeta um Deus que olhe por ele. Quando você para sua projeção, ambos o mundo e Deus desaparecem.
Papaji
É o velho mestre Ubaldi “projetando um mundo de sonhos para si mesmo”, apenas isto! Ubaldi escreveu uma série de vinte e quatro livros, “projetando um Deus que olhe por seu mundo”. Particularmente levo muito a sério a observação do Maharaj: O Absoluto não tem cor, nem plano, nem nome, nem forma. Todos os nomes e formas surgem na Terra e toda a imaginação e todos os escritos se devem à consciência em forma humana. O mundo está cheio de livros com os conceitos de seus autores. Isto resume e diz tudo! Por oportuno, o professor Ubaldi considerava seus livros frutos de inspiração, mediúnicos. Apenas pontuando para efeitos de reflexão, já escrevi cerca de 15 livros, 5 deles versando sobre o tema da espiritualidade; ademais, escrevi mais de duas dezenas de artigos − como, por exemplo, esse que o leitor tem em mãos −, também me considero inspirado; a fonte de Ubaldi o inspira num sentido, a minha me inspira em sentido contrário − e até demolindo o que a fonte de Ubaldi construiu, e agora? 16
Por seu turno, no livro Deus Huberto Rohden escreve (a respeito do seu Deus): Como poderia acontecer algo que tu não previsses e quisesses? Nesse caso faço coro com o eminente lógico e matemático Bertrand Russel: O mundo, segundo nos dizem, foi criado por um Deus não só bom, como onipotente. Antes de ele haver criado o mundo, previu toda dor e toda miséria que o mesmo iria conter. É ele, pois, responsável por tudo isso. É inútil argumentar-se que o sofrimento, no mundo, é devido ao pecado. Em primeiro lugar, isso não é verdade: não é o pecado que faz com que os rios transbordem ou que os vulcões entrem em erupção. Mas, mesmo que fosse verdade, isso não faria diferença. Se eu fosse gerar uma criança sabendo que essa criança iria ser um homicida manı́aco, eu seria responsável pelos seus crimes. Se Deus sabia de antemão os pecados de que cada homem seria culpado, Ele foi claramente responsável por todas as conseqüências de tais pecados, ao resolver criar o homem. (B. R./Porque Não Sou Cristão) Ainda o velho mestre Rohden referindo-se a seu Deus: Certo é que não podes querer o mal absoluto − que nem existe −; podes, todavia, querer o mal relativo, que é fator integrante do teu plano eterno e obediente executor da tua vontade, como o próprio bem. Observe leitor, o quanto um Deus fictı́cio pode idiotizar até mesmo um homem da estatura de um Huberto Rohden! Leia novamente e atentamente o que ele escreveu acima. Observe o que Rohden chama de “mal relativo” e que é da vontade de Deus (algumas imagens da guerra na Sı́ria):
Algumas imagens dos campos de concentração nazistas:
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Tudo isto − e muito mais! − faz parte dos planos do Deus cristão . . . Pasmém! Não foi sem razão que o gênio de Nietzsche atinou: Se nos ‘demonstrassem’ esse Deus dos cristãos, ainda acreditarı́amos menos nele. (Nietzsche) Como esses teólogos poderiam resolver o Paradoxo de Epicuro? Impossı́vel! (p. 14) A mim, me parece muito mais “racional” − por ser condizente com a realidade − “O Deus de Maharaj” veja: O Absoluto não tem cor, nem plano, nem nome, nem forma. Todos os nomes e formas surgem na Terra e toda a imaginação e todos os escritos se devem à consciência em forma humana. O mundo está cheio de livros com os conceitos de seus autores. É precisamente esse “Deus” que possui minha adesão irrestrita! − por ser condizente com a realidade que meus olhos enxergam, reitero. De passagem observem que o Paradoxo de Epicuro (p. 14) se resolve facilmente dentro da nossa nova perspectiva; melhor dizendo, aqui o Paradoxo de Epicuro nem ao menos se coloca, não faz sentido. Ademais, é por isso que Sébastien Faure, não satisfeito com uma única prova, elaborou logo “Doze provas da inexistência de Deus” , com um Deus destes é fácil, é covardia. É por isto que um pensamento que não canso de repetir é este de Osho: Se você tem alguma ideologia para se definir, você não é livre. Liberdade significa nenhuma definição. Conclusão: por acreditarem na realidade do ego esposaram a ideologia cristã (ver Maharaj, p. 20), com pesar concluimos que os velhos mestres Ubaldi e Rohden não eram livres . . . e dá nisto! Por oportuno, um outro precioso pensamento que certamente Ubaldi e Rohden infelizmente olvidaram é o seguinte: Convicções são prisões, um espı́rito que queira realizar belas obras, que também queira os meios necessários, tem de ser cético. Estar livre de toda forma de crença pertence à força, ao poder de ver sem algemas. (Nietzsche)
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7.4
A terceira pedra a tombar: A própria morte
Não há somente uma forte conexão entre a meditação e a morte, mas elas são quase a mesma coisa − simplesmente duas maneiras de olhar para a mesma experiência. A morte separa-o do seu corpo, da sua mente, de tudo aquilo que não é você. [. . . ] A meditação também separa do seu ser e realidade tudo que não é você. (Osho/Morte a Maior das Ilusões) O ego primeiro criou a morte
depois criou
Como já pontuamos, na Natureza não existe “ética” e nem ela segue a lógica humana. O ego humano, ou seja, aquilo que nos dá a ilusão da separação é um truque, ou se preferirmos, uma trampa da Natureza. Defendemos Deus para o livrar da morte. a tese de que uma outra trampa da Natureza que tem confundido os maiores gênios e pensadores da humanidade é precisamente a morte! No ano de 2014 publiquei o livro “O Deus Quântico” fruto das minhas meditações auxiliadas pelo enteógeno ayahuasca∗ − (por oportuno, a motivação e inspiração para a escrita do presente artigo me veio a partir de uma destas meditações, ocorrida em um sı́tio no dia 18/08/2019 (imagem ao lado)) −, em uma destas me(Patrı́cia, Larissa, Gentil) ditações me veio a inspiração para escrever o último capı́tulo do livro por tı́tulo “VIDA APÓS A MORTE”, do qual destaquei a página a seguir
Adquiri em 26/09/2018
1a Edição − 2017
Anos depois encontrei dois outros livros, um do Osho “Morte a Maior das Ilusões” e o outro do Maharaj “O Néctar da Imortalidade” ambos confirmando em essência o que eu já havia escrito no meu livro. A quem interessar possa escrevi o artigo por tı́tulo Ayahuasca, Budismo e Meditaç~ ao. Observo que mesmo estando no estado do Buda (descrito na página 11) ainda assim converso normalmente com as pessoas à minha volta. ∗
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Conclusão
Pietro Ubaldi era cristão, Huberto Rohden era cristão; os gênios Pascal, Leibniz e Isaac Newton eram cristãos, e quantos outros o leitor possa enumerar. Isto é prova suficiente de que eles foram ludibriados pela trampa de que o ego existe.
Ver Postulado Áureo, p. 11
Ora, o ego existindo ele é célere em criar um Deus para se eternizar, foram o que fizeram Ubaldi e Rohden, e demais pensadores e gênios. Para que não paire nenhuma dúvida sobre o que estamos afirmando: grandes pensadores e gênios da humanidade caı́ram na trampa de que eles existem! É isto! Porque só quem tem esta ilusão, ou ainda, só quem nunca transcendeu a mente − o ego − é que tem a necessidade de um salvador. O que acontece? Quando você transcende a mente (onde reside o truque) veja: Consci^ encia Pura (Nada)
Prisma (CD)
− Construç~ ao social
Voc^ e (sua ess^ encia) é isto! Luz Branca
− Mente Esta é uma das maiores descobertas do Oriente: de que o nada não é vazio; ao contrário, é simplesmente o oposto de esvaziamento. É plenitude, é transbordamento. (Osho/Morte a Maior das Ilus~ oes/p.87)
− Ego: esse desenho é um arquivo armazenado no cérebro, não é sua essência!
Quando voc^ e sai daqui pra cá você perde sua identidade, o ego desaparece − prova de que sua existência era virtual, falsa −, ora não possuindo um ego (fundindo-se à Consciência Pura) não existe necessidade de um Deus e muito menos de um salvador! Pela simples razão de que não existe ninguém para necessitar de um Deus ou salvador. E a Consciência Pura seria o quê? Não é matéria e nem energia, é um estado de Vazio, de Nada. Esse é o estado que Maharaj chama de “Além da Liberdade”. Já experimentei inúmeras vezes o que Maharaj descreve a seguir, e isto só é possı́vel pelo sacrifı́cio do ego ilusório! Enquanto você estiver medindo tudo em relação a seu corpo-alimento, vai existir seu relacionamento com o mundo externo, bem como a necessidade de executar rituais ou alcançar alguma coisa. Depois que isso se vai, você não consegue mais dizer que é hindu, cristã ou budista. Essas são as tradições impostas à mente-corpo. Mas como você já não é mais a mente-corpo, elas não são mais válidas. (Maharaj/ ALÉM DA LIBERDADE, p. 117) 20