Nu´meros n˜ao euclidianos (Vers˜ao 2D) Gentil, o iconoclasta
Boa Vista-RR Edi¸c˜ao do autor 2018
c 2018 Gentil Lopes da Silva Copyright
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Editora¸ c˜ ao eletrˆ onica e Diagrama¸ c˜ ao: Gentil Lopes da Silva Capa: Adriano J. P. Nascimento
Ficha Catalogr´ afica S586d
Silva, Gentil Lopes da N´ umeros n~ ao euclidianos:
vers~ ao 2D
Gentil Lopes da Silva.Manaus/Boa Vista: Editora Uirapuru/Autor, 2018. x, 210 p. il. 16x23 cm [e-book] [Pseud^ onimo: Gentil, o iconoclasta.] ISBN 978-85-63979-16-2 1. Computa¸ c~ ao. 2. Matem´ atica. 3. Filosofia. 4. Gentil, o iconoclasta. I. T´ ıtulo. CDU: 519.682 (Ficha catalogr´afica elaborada por Bibliotec´ aria Zina Pinheiro CRB 11/611)
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Pref´ acio “Se qualquer t´ opico ´e apresentado de tal modo que consiste de s´ımbolos e regras precisas de opera¸c˜oes sobre esses s´ımbolos, sujeitas apenas `a exigˆencia de consistˆencia interna, tal t´opico ´e parte da matem´ atica.” (Carl B. Boyer)
−→
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Os n´ umeros n˜ ao euclidianos (denotados por B-2D ou simplesmente B) ´e um novo sistema num´erico que construimos, dentre os n´ umeros mais conhecidos ocupam a seguinte posi¸c˜ ao B N −→ Z −→ Q −→ R C A exemplo dos complexos eles tamb´em foram construidos sobre o R2 , isto ´e, s˜ ao pares ordenados de n´ umeros reais. A seguir comparamos a multiplica¸c˜ ao (a, b) · (c, d) em ambos os sistemas num´ericos B:
(a, b) · (c, d) = ( a c ∓ b d, |a| d + b |c| )
C:
(a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c)
A nossa multiplica¸c˜ ao ´e comutativa, por´em n˜ ao associativa e nem distributiva em rela¸c˜ ao ` a adi¸c˜ ao (usual)− possui inverso multiplicativo (divis˜ao). Ademais, construimos uma extens˜ ao tanto dos Complexos quanto dos B-2D 3 ao espa¸co R (denotada por B-3D), do seguinte modo x −→ (x, 0, 0)
R:
C : (x, y) −→ (x, y, 0) B-2D : (x, y) −→ (x, 0, y) z
← B-2D
B-3D
C y
R
x
3
Atrav´es dos n´ umeros complexos sabemos qual o efeito das propriedades associativa e distributiva da multiplica¸c˜ao, uma pergunta pertinente ´e: o que aconteceria em um sistema num´erico onde estas duas propriedades n˜ ao valessem? Uma primeira aplica¸c˜ao pr´ atica dos n´ umeros n~ ao euclidianos ´e responder a esta pergunta. Para citar dois exemplos apenas, uma equa¸c˜ao do 2 o grau pode ter at´e quatro ra´ızes em B-2D, e at´e seis ra´ızes em B-3D; por exemplo, veja como fica o conjunto solu¸c˜ao da equa¸c˜ao x2 − 2x + 2 = 0 nos trˆes sistemas num´ericos (temos uma “f´ormula de Bhaskara” em B-2D) C : S = { (1, −1), (1, 1) } B-2D : S = { (1, −1), (1, 1), (−1,
√
√ 5 ), (−1, − 5 ) }
B-3D : S = { (1, −1, 0), (1, 1, 0), ( 1, 0, −1 ), ( 1, 0, 1 ), √ √ (−1, 0, 5), (−1, 0, − 5) } Um outro exemplo bizarro ´e que em B-2D podemos “dividir por zero”; no seguinte sentido: por exemplo a singela equa¸c˜ao
1 x −1 · x
2
= −1
n˜ ao possui solu¸c˜ ao nos Complexos, afirmamos que esta mesma equa¸c˜ao possui solu¸c˜ ao nos n´ umeros n~ ao euclidianos!. Os B-2D ´e o que poderiamos chamar de um universo paralelo, melhor dizendo, de um universo ortogonal (veja figura anterior), com leis totalmente distintas das leis conhecidas em nossos sistemas num´ericos canˆ onicos. Reiteramos, pra come¸car, eles possuem um valor de contraste, mostram o que aconteceria em um sistema num´erico onde n˜ ao valessem as propriedades associativa e distributiva da multiplica¸c˜ao. S˜ ao o que poderiamos chamar de uma “imagem especular com quebra de simetria especular”. O matem´ atico francˆes Henri Poincar´e (1854–1912), afirmava que geometria alguma, euclidiana ou n˜ ao, era verdadeira ou falsa. O espa¸co da experiˆencia emp´ırica n˜ ao tem uma estrutura geom´etrica privilegiada, podendo admitir, dependendo das circunstˆancias, at´e estruturas incompat´ıveis entre si. Parafraseando o eminente Poincar´e, dizemos que “o espa¸co da experiˆencia emp´ırica n˜ ao tem uma estrutura num´erica privilegiada, podendo admitir, dependendo das circunstˆancias, at´e estruturas incompat´ıveis entre si.”. Gentil, o iconoclasta/Boa Vista-RR, 25.12.2017. 4
Adendo: “O rei est´ a nu” Na apresenta¸c˜ ao dos sistemas num´ericos N → Z → Q → R → C constantes nos livros did´ aticos, costuma-se exibir algumas falhas de um dado sistema com o objetivo de mostrar a necessidade de se construir o sistema seguinte; por exemplo, uma falha do sistema dos n´ umeros naturais ´e que nele n˜ ao podemos resolver a simples equa¸c˜ao alg´ebrica x+2=1 esta falha ser´ a sanada no sistema seguinte, dos n´ umeros inteiros. No entanto, um defeito do sistema dos inteiros ´e que nele n˜ ao conseguimos resolver, por exemplo, a simples equa¸c˜ ao alg´ebrica 2x + 1 = 4 o que ´e poss´ıvel no sistema seguinte, e assim sucessivamente; uma falha do sistema R dos n´ umeros reais ´e que nele n˜ ao existe solu¸c˜ao para a seguinte equa¸c˜ao alg´ebrica trivial x2 + 1 = 0 o que ´e poss´ıvel no sistema seguinte dos n´ umeros Complexos. Pois bem, dentro desta linha de racioc´ınio, estamos aqui neste adendo denunciando uma falha estrutural no sistema dos n´ umeros complexos: nele n˜ ao podemos resolver simples equa¸c˜ oes alg´ebricas∗ tais como (−1 · x + x) · x = −1 ou
1 −1 · x + x
2
= −1
(dentre in´ umeras outras que poderiamos exibir). Desde j´a podemos adiantar a causa desta “falha estrutural” do sistema dos n´ umeros complexos: Este sistema n˜ ao faz distin¸c˜ ao entre duas opera¸c˜oes claramente distintas, quais ˜o bin´ aria sejam, a opera¸ca −1 · x ˜o un´ aria e a opera¸ca
(tomar o oposto)
−x Uma das poss´ıveis aplica¸c˜ oes do nosso sistema num´erico B ´e justamente corrigir esta fissura estrutural do sistema C. ∗
Defini¸ c˜ ao: Equa¸ c˜ oes alg´ ebricas s˜ ao as equa¸c˜ oes em que as inc´ ognitas s˜ ao submetidas apenas ` as chamadas opera¸c˜ oes alg´ebricas, ou seja, soma, subtra¸c˜ ao, multiplica¸c˜ ao, divis˜ ao, potencia¸c˜ ao inteira e radicia¸c˜ ao, utilizando letras e n´ umeros.
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´ O teorema fundamental da Algebra afirma que qualquer polinˆ omio p(x) com coeficientes reais ou complexos de uma vari´ avel e de grau n ≥ 1 tem alguma raiz complexa, o que implica que C ´e algebricamente fechado e, portanto, a equa¸c˜ ao p(x) = 0 tem at´ e (no m´ aximo) n solu¸c˜oes. O sitema B-2D n˜ ao ´e algebricamente fechado, em compensa¸c˜ao esta falha ´e corrigida tendo em conta que existe uma extens˜ao natural deste sistema ao espa¸co R3 que tamb´em inclui os n´ umeros complexos: z
← B-2D
B-3D
C y
R
x
Esta extens˜ ao (p. 86) ´e denominada de n´ umeros n~ ao euclianos 3D e denotada por B-3D. Em resumo qualquer equa¸c˜ao polinomial p(x) = 0 possui ra´ızes em B-2D ou em B-3D, pela raz˜ ao de que os Complexos encontram-se mergulhados neste sitema num´erico. A vantagem, reiteramos, ´e que simples equa¸c˜ oes alg´ebricas que n˜ ao possuem solu¸c˜ao em C possuem solu¸c˜ao nestes novos sitemas; ademais, uma dada equa¸c˜ao polinomial de grau n pode ter at´e mais que n ra´ızes; por exemplo, uma equa¸c˜ao do 2 o grau pode ter at´e quatro ra´ızes em B-2D ou at´e seis ra´ızes em B-3D, como j´a mencionamos no pref´ acio. A respeito do sistema B-3D afirmamos: ´ um jogo onde nunca perdemos . . . ` E as vezes podemos ganhar! Mas existe tamb´em um lado “passivo” da misteriosa efetividade da matem´ atica e ´e t˜ ao surpreendente que o aspecto “ativo” empalidece por compara¸ca ˜o. Conceitos e rela¸co ˜es explorados por matem´ aticos apenas por raz˜ oes puras − sem absolutamente nenhuma aplica¸ca ˜o na mente − revelam-se d´ecadas (ou ` as vezes s´eculos) mais tarde solu¸co ˜es inesperadas para problemas fundamentais na realidade f´ısica! (Mario Livio/Deus ´e Matem´ atico?)
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Sum´ario
1 N´ umeros n˜ ao euclidianos 1.1 Introdu¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.1.1 Corpos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2 Defini¸c˜ ao: N´ umeros n˜ ao euclidianos . . . . . . 1.3 Calculadora HP Prime − Computa¸c˜ao alg´ebrica 1.4 Propriedades das opera¸c˜ oes . . . . . . . . . . . 1.5 Divis˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.6 Imers˜ ao de R em B-2D . . . . . . . . . . . . . . 1.7 Forma alg´ebrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.7.1 Unidade hiperimagin´aria . . . . . . . . . 1.8 Divis˜ao por zero . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.9 Forma trigonom´etrica . . . . . . . . . . . . . . 1.10 Exegese (geom´etrica) da unidade j . . . . . . . 1.11 Rota¸c˜ ao & Oscila¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . 1.12 Potencia¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.12.1 Potencia¸c˜ ao na forma trigonom´etrica . . 1.13 Radicia¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.14 Apˆendice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • Imers˜ ao de B-2D e C em B-3D . . . . . . . .
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9 9 11 14 20 23 28 37 41 41 47 51 65 67 71 77 79 86 86
2 Equa¸ co ˜es 2.1 Introdu¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 Resolu¸c˜ ao da equa¸c˜ ao ax2 + bx + c = 0 . . . . . . 2.2.1 F´ormula de Bhaskara em B-2D . . . . . . 2.2.2 Um problema cl´ assico no contexto dos nne • Apˆendice: Listagem dos programas . . . . . . . . . . 2.3 Apˆendice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • O que ´e um n´ umero? . . . . . . . . . . . . . . 2.3.1 Uma defini¸c˜ ao para n´ umeros . . . . . . .
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93 93 101 106 113 116 117 117 124
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3 Programando a HP Prime 3.1 Introdu¸c˜ ao ` a programa¸c˜ao da HP Prime 3.1.1 Programa¸c˜ao num´erica . . . . . . 3.1.2 Como executar um programa . . 3.1.3 Programa¸c˜ao alg´ebrica . . . . . . 3.2 Express˜oes e Fun¸c˜oes . . . . . . . . . . . 3.3 Listas e Matrizes . . . . . . . . . . . . . 3.3.1 Listas . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.2 O comando MAKELIST . . . . . . 3.3.3 Matrizes . . . . . . . . . . . . . . 3.3.4 O comando MAKEMAT . . . . . . . 3.4 Somat´ orios . . . . . . . . . . . . . . . . ´ 3.5 Algebra . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.6 Estruturas de Programa¸c˜ao . . . . . . . 3.6.1 Estruturas c´ıclicas . . . . . . . . 3.6.2 Estruturas condicionais . . . . . • Tra¸cando gr´ aficos . . . . . . . . 3.7 C´ alculo de combina¸c˜oes . . . . . . . . . 3.8 Desenvolvimento N -´ario . . . . . . . . . 3.9 Algumas fun¸c˜ oes especiais . . . . . . . . 3.9.1 A fun¸c˜ ao apply . . . . . . . . . . 3.9.2 A fun¸c˜ ao REPLACE . . . . . . . 3.9.3 A fun¸c˜ ao Map . . . . . . . . . . 3.9.4 A fun¸c˜ ao Zip . . . . . . . . . . . 3.9.5 A fun¸c˜ ao remove . . . . . . . . . 3.9.6 A fun¸c˜ ao solve . . . . . . . . . . • Tabela-Resumo . . . . . . . . . . . . ´ 3.10 Polinˆ omio – Algebra . . . . . . . . . . .
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133 134 136 139 144 149 151 151 153 158 161 164 167 171 172 178 181 183 186 190 190 191 195 196 197 198 199 201
Cap´ıtulo
1
Nu´ meros n˜ao euclidianos Quando o esp´ırito se apresenta `a cultura cient´ıfica, nunca ´e jovem. Ali´as ´e bem velho, porque tem a idade de seus preconceitos. Aceder `a ciˆencia ´e rejuvenescer espiritualmente, ´ e aceitar uma brusca muta¸ c˜ ao que contradiz o passado. (Gaston Bachelard/grifo nosso)
1.1
Introdu¸ c˜ ao
A estas alturas talvez o principal pr´e-requisito para o estudo dos n´ umeros n~ ao euclidianos seja a cita¸c˜ ao em ep´ıgrafe do eminente Bachelard. Engenharia Matem´ atica: Assim como um engenheiro em eletrˆ onica desenvolve e implementa seus sistemas eletrˆ onicos de igual modo um matem´ atico desenvolve e implementa seus sistemas num´ericos − alg´ebricos, geom´etricos, etc. Assim como o engenheiro sabe como cada fio se interliga ` a entrada ou sa´ıda de cada dispositivo para produzir o resultado desejado, igualmente o matem´ atico sabe como interligar seus lemas, teoremas e defini¸c˜oes para produzir o resultado desejado. umeros Neste livro estaremos projetando um novo sistema num´erico: os n´ n~ ao euclidianos. Nota: Quando conveniente abreviaremos n´ umeros n~ ao euclidianos por
nne 9
Ainda nesta introdu¸c˜ao faremos duas justificativas. Primeira quanto a escolha do nome “n´ umeros n~ ao euclidianos” para estes n´ umeros∗ . Como se sabe, as assim denominadas geometrias n˜ ao euclidianas surgiram ap´ os o o descarte do 5 postulado de Euclides, o famoso postulado das paralelas. “Surpreendentemente” nestas novas geometrias n˜ ao valem muitos dos resultados (teoremas) da geometria euclidiana; por exemplo, na geometria el´ıptica a soma dos ˆ angulos internos de um triangulo ´e maior que 180 o , enquanto na geometria hiperb´ olica esta soma ´e menor que 180 o .
Ademais, na geometria el´ıptica a circunferˆencia de um c´ırculo ´e menor do que π vezes o seu diˆ ametro, enquanto na hiperb´ olica esta circunferˆencia ´e maior que π vezes o diˆ ametro. Pois bem, de modo similar, ao abandonar“o postulado da distributividade” da multiplica¸c˜ ao num´erica, paulatinamente fomos colecionando alguns resultados esdr´ uxulos tais como o de que uma equa¸c˜ao quadr´ atica pode ter at´e quatro ra´ızes, ou o de que por exemplo as equa¸c˜oes 2 1 = −1 (−1 · x + x) · x = −1 ou −1 · x + x tˆem solu¸c˜ ao. Ademais, em nosso sistema num´erico podemos “dividir por 0”, no sentido de que, por exemplo, podemos atribuir um valor ao quociente 1 x−1·x sem incorrermos em contradi¸c˜ao. At´e aonde sabemos, estas excentricidades n˜ ao acontecem nos outros sistemas num´ericos − nos que incorporam a distributividade. A segunda justificativa ´e quanto a escolha do s´ımbolo, B, para os n´ umeros n~ ao euclidianos; trata-se meramente de uma singela homenagem que prestamos a um dos construtores de uma das geometrias n˜ ao euclidianas (geometria hiperb´ olica): J´ anos Bolyai. ∗
A bem da verdade, em uma vers˜ ao anterior deste trabalho escolhemos o nome “n´ umeros hipercomplexos 2D”, decidimos mudar; ademais, mudaremos, oportunamente, o t´ıtulo da vers˜ ao 3D a qual denominamos “n´ umeros hipercomplexos 3D”.
10
1.1.1
Corpos
Um corpo K ´e um sistema alg´ebrico no qual valem as seguintes propriedades:
A1 ) (a + b) + c = a + (b + c)
K = (K, +, ·)
A2 ) ∃ 0 ∈ K : a + 0 = 0 + a = a A3 ) a + b = b + a A4 ) ∀ a ∈ K, ∃ − a ∈ K : a + (−a) = 0 M 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ K : a · 1 = 1 · a = a M3 ) a · b = b · a M 4 ) ∀ a ∈ K∗ , ∃ a−1 ∈ K : a · a−1 = 1 D) a · (b + c) = a · b + a · c
Nota: Estamos denotando por K a estrutura (ou sistema), enquanto por K o conjunto sobre o qual foram definidas duas opera¸c˜oes, uma chamada de adi¸c˜ao e a outra chamada de multiplica¸c˜ao. Na matem´ atica existem infinitos exemplos de corpos, por exemplo, nos sistemas num´ericos canˆ onicos, temos:
N → Z → Q → R → C | {z } Corpos
Devido a existˆencia do sim´etrico podemos definir a opera¸c˜ao de subtra¸ca ˜o (x, y) 7→ x − y como sendo x − y = x + (−y) Devido a existˆencia do inverso podemos definir a opera¸c˜ao de divis˜ ao (x, y) 7→ como sendo
x y
x = x · y −1 y 11
O matem´ atico irlandˆes William Rowan Hamilton (1805 - 1865) ao perceber que os n´ umeros complexos, z = a + b i, poderiam ser representados por pontos no plano, isto ´e, por pares ordenados z = (a, b) de n´ umeros reais, tentou em seguida generalizar e criar os n´ umeros na terceira dimens˜ ao, isto ´e, n´ umeros da forma w = (a, b, c) = a + b i + c j; geometricamente
???
y
z
z = (a, b)
0
w = (a, b, c)
0
x
y
x
A adi¸c˜ ao n˜ ao oferecia dificuldades, pois (a, b, c) + (d, e, f ) = (a + d, b + e, c + f ) (a, b, c) · (d, e, f ) = ( ?, ?, ?)
o problema todo residia em como definir a multiplica¸c˜ao de ternos. Durante dez anos Hamilton tentou preencher as interroga¸c˜oes acima, sem obter sucesso . . . por fim desistiu da empreitada. O que estaria acontecendo? ´ que na suas tentativas de estabelecer a defini¸c˜ao de multiplica¸c˜ao HaE milton de in´ıcio assumiu as propriedades distributiva, associativa e comutativa, hoje sabe-se que Hamilton estava tentando o imposs´ıvel. ([5]) Todavia, o longo esfor¸co de HaA1 ) (a + b) + c = a + (b + c) K = (K, +, ·) A2 ) ∃ 0 ∈ K : a + 0 = 0 + a = a milton n˜ ao fora integralmente em v˜ao; A3 ) a + b = b + a ap´ os uns quinze anos de peleja, numa A4 ) ∀ a ∈ K, ∃ − a ∈ K : a + (−a) = 0 atitude iconoclasta (para a ´epoca) ele M 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ K : a · 1 = 1 · a = a decidiu abandonar a lei comutativa M3 ) a · b = b · a da multiplica¸c˜ ao e com isto conseguiu M4 ) ∀ a ∈ K , ∃ a ∈ K : a · a = 1 criar os n´ umeros na quarta dimens˜ao, D) a · (b + c) = a · b + a · c isto ´e, n´ umeros da forma: (a, b, c, d) = a + b i + c j + d k, com a, b, c, d ∈ R. Estes n´ umeros de Hamilton s˜ ao conhecidos como quaternios. ([4]) ∗
12
−1
−1
Em 1843, depois de dez anos de experimenta¸co ˜es e sem ter provado a impossibilidade no espa¸co de trˆes dimens˜ oes, ele descobriu os quaternios que s˜ ao de dimens˜ ao 4 sobre os reais e onde a multiplica¸ca ˜o n˜ ao ´e comutativa. ([5]) Os n´ umeros de Cayley: Ap´os A1 ) (a + b) + c = a + (b + c) K = (K, +, ·) A2 ) ∃ 0 ∈ K : a + 0 = 0 + a = a a publica¸c˜ ao do artigo de Hamilton A3 ) a + b = b + a sobre os quaternios, Arthur Cayley A4 ) ∀ a ∈ K, ∃ − a ∈ K : a + (−a) = 0 sacrificando as propriedades associaM 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ K : a · 1 = 1 · a = a tiva e comutativa da multiplica¸c˜ ao puM3 ) a · b = b · a blica (Mar¸co de 1845) uma generaliM4 ) ∀ a ∈ K , ∃ a ∈ K : a · a = 1 oza¸c˜ao dos quaternios, criando os octˆ D) a · (b + c) = a · b + a · c umeros nios em dimens˜ao 8; isto ´e, n´ w da forma: w = α0 1 + α1 e1 + α2 e2 + · · · + α7 e7 , αi ∈ R. ∗
Para construir o sistema dos n´ umeros n~ ao euclidianos tivemos que abandonar a propriedade distributiva da multiplica¸c˜ ao (e mais a associativa). Com isto obtivemos um sistema num´erico com propriedades distintas de todos os outros sistemas num´ericos na matem´ atica.
−1
−1
A1 ) (a + b) + c = a + (b + c) A2 ) ∃ 0 ∈ K : a + 0 = 0 + a = a
K = (K, +, ·)
A3 ) a + b = b + a A4 ) ∀ a ∈ K, ∃ − a ∈ K : a + (−a) = 0 M 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ K : a · 1 = 1 · a = a M3 ) a · b = b · a M 4 ) ∀ a ∈ K∗ , ∃ a−1 ∈ K : a · a−1 = 1 D) a · (b + c) = a · b + a · c
ao natural dos n´ umeros n~ ao No balan¸co final conseguimos uma extens˜ euclidianos ao espa¸co tridimensional e, como se n˜ ao bastasse, uma extens˜ ao dos pr´ oprios Complexos ao R3 . Essa extens˜ao denominamos de n´ umeros n~ ao euclidianos 3D, denotados por B-3D. Geometricamente tudo se passa assim: z
← B-2D
B-3D
C y
R
x
13
1.2
Defini¸ c˜ ao: N´ umeros n˜ ao euclidianos
Os n´ umeros n~ ao euclidianos (denotados por B) s˜ ao definidos pela seguinte estrutura num´erica (lista de especifica¸ co ˜es do projeto):
A1 ) (a + b) + c = a + (b + c)
B
A2 ) ∃ 0 ∈ B : a + 0 = 0 + a = a A3 ) a + b = b + a A4 ) ∀ a ∈ B, ∃ − a ∈ B : a + (−a) = 0 M1 ) ∃ 1 ∈ B : a · 1 = 1 · a = a M2 ) a · b = b · a M 3 ) ∀ a ∈ B∗ , ∃ a−1 ∈ B : a · a−1 = 1 HI ) ∃ a ∈ B : − 1 · a 6= −a.
Em destaque a propriedade que diferencia estes n´ umeros de todos os outros n´ umeros na matem´ atica. Nota: O “sacrif´ıcio” da distributividade da multiplica¸c˜ao − em rela¸c˜ao `a adi¸c˜ ao − ´e que torna poss´ıvel um n´ umero com tal propriedade.
A fun¸c˜ ao sinal Lembramos a fun¸ c˜ ao sinal sign : R → R que associa a cada n´ umero real x o seu sinal, assim y
sign (x) =
1,
se x > 0;
0,
se x = 0;
−1,
se x < 0.
1
0 −1
14
x
Vamos construir um modelo para os n´ umeros n~ ao euclidianos. Seja R o conjunto dos n´ umeros reais. Consideremos o produto cartesiano R × R = R2 : R2 = (x, y) : x, y ∈ R
Vamos tomar dois elementos neste conjunto, (a, b) e (c, d) para dar trˆes importantes defini¸c˜ oes: ( i ) Igualdade: dois pares ordenados s˜ ao iguais se, e somente se, ocorre o seguinte: (a, b) = (c, d) ⇔ a = c e b = d. ao: chama-se adi¸c˜ ao de dois pares ordenados a um novo par orde( ii ) Adi¸c˜ nado, obtido da seguinte forma: (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) ( iii ) Multiplica¸c˜ ao: chama-se multiplica¸c˜ao de dois pares ordenados a um novo par ordenado, obtido da seguinte forma: (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Representaremos cada elemento gen´erico (x, y) ∈ B com o s´ımbolo w, portanto: w ∈ B ⇔ w = (x, y) ∈ ( R2 , +, ·) Oportunamente mostraremos como escrever a regra do produto acima em apenas “uma senten¸ca”, assim
(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) Apenas a t´ıtulo de compara¸ca˜o, a seguir exibimos a multiplica¸c˜ao nos Complexos:
(a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c) 15
Uma defini¸c˜ ao equivalente para a nossa multiplica¸c˜ao seria (−b d, 0), a , |a| d , − b d |a| (a, b) · (c, d) = c , b |c| , − b d |c| ac , |a| d + b |c| , ac − bd |a c|
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Compare
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Observe que para x 6= 0 podemos escrever sign (x) =
x |x| = |x| x
(1.1)
Nota: A t´ıtulo de simplifica¸c˜ao de nota¸c˜ao eventualmente usaremos a seguinte nota¸c˜ ao para o sinal de um n´ umero x
sign (x) = x˙ A tabela a seguir mostra todas as combina¸c˜oes poss´ıveis entre os sinais dos n´ umeros a e c
a˙
−1
−1
−1
0
0
0
1
1
1
c˙
−1
0
1
−1
0
1
−1
0
1
O matem´ atico William Rowan Hamilton (1805-1865) ao tentar definir sua multiplica¸c˜ ao de ternos, (a + b i + c j) · (d + e i + f j), fez a exigˆencia de odulo do produto seja igual ao produto dos m´ odulos ”, e assim deve que “o m´ ser; vejamos se nossa multiplica¸c˜ao satisfaz esta exigˆencia. 16
Defini¸ c˜ ao 1 (M´odulo). Chama-se m´ odulo do nne w = (a, b) ao n´ umero real p |w| = a2 + b2 Nota: Alternativamente podemos usar a nota¸c˜ao: r, para o m´ odulo, isto ´e p r = a 2 + b2 Teorema 1. Se w1 = (a, b) e w2 = (c, d) s˜ ao dois nne quaisquer, ent˜ao: |w1 · w2 | = |w1 | · |w2 | Prova: Tendo em conta a defini¸ca˜o do produto
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Vamos demonstrar o teorema para o caso em que a 6= 0 e c 6= 0, deixando as demais possibilidades como exerc´ıcio ao leitor. Sendo assim, devemos provar que p
p |w1 · w2 | = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = a2 + b2 · c2 + d2 Ent˜ao
|w1 · w2 |2 = (a c − b d sign (a c))2 + (|a| d + b |c|)2
desenvolvendo |w1 · w2 |2 = (a c)2 − 2 (a c) b d sign (a c) + (b d)2 + a2 d2 + 2 |a| d b |c| + b2 c2
Utilizando a identidade (1.1) (p. 16), obtemos |w1 · w2 |2 = a2 c2 + b2 d2 + a2 d2 + b2 c2 = (a2 + b2 ) · (c2 + d2 ) 17
Utilizando a tabela de sinais a seguir
a˙
−1
−1
−1
0
0
0
1
1
1
c˙
−1
0
1
−1
0
1
−1
0
1
a˙ · c˙
1
0
−1
0
0
0
−1
0
1
−→
−
+
+
+
−
−
+
−
−
Podemos escrever a regra do produto em apenas “uma senten¸ca”, assim
(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) Escolha o sinal + ou − de acordo com a linha em destaque na tabela de sinais acima. Compare com a defini¸c˜ao: (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Exemplos: a) Calcule o produto (−1, 1) · (−2, 1). Temos (a, b) · (c, d) = ( a c ∓ b d, |a| d + b |c| )
(−1, 1) · (−2, 1) = − 1 · −2 − 1 · 1, | − 1| · 1 + 1 · | − 2| = (1, 3)
b) Calcule o produto (−1, 4) · (3, 1). Temos
(a, b) · (c, d) = ( a c ∓ b d, |a| d + b |c| )
(−1, 4) · (3, 1) = − 1 · 3 + 4 · 1, | − 1| · 1 + 4 · |3| = (1, 13)
c) Calcule o produto (0, 1) · (0, 1). Temos
(a, b) · (c, d) = ( a c ∓ b d, |a| d + b |c| )
(0, 1) · (0, 1) = 0 · 0 − 1 · 1, |0| · 1 + 1 · |0| = (−1, 0) 18
Uma outra alternativa para se apresentar a regra do produto A regra do produto de dois n´ umeros n~ ao euclidianos, (a, b) e (c, d), alternativamente poderia ter sido definida pelo seguinte quadro.
a˙ −1
− 1 : (a c − b d, −a d − b c)
−1
0 : (b d, −a d)
−1
1 : (a c + b d, −a d + b c)
0 (a, b) · (c, d) :
c˙
− 1 : (b d, −b c)
0
0 : (−b d, 0)
0
1 : (−b d, b c)
1
− 1 : (a c + b d, a d − b c)
1
0 : (−b d, a d)
1
1 : (a c − b d, a d + b c)
(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) Apenas a t´ıtulo de compara¸c˜ ao, a seguir exibimos a multiplica¸c˜ao nos Complexos:
(a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c) 19
1.3
Calculadora HP Prime − Computa¸c˜ ao alg´ ebrica
A nossa regra de multiplica¸c˜ao de dois n´ umeros n~ ao euclidianos est´ a em perfeita consonˆancia com a era moderna de computadores e calculadoras program´aveis. No nosso entendimento uma das maiores conquistas da Ciˆencia da Computa¸c˜ao foi justamente a computa¸c˜ao alg´ebrica; hoje em dia uma “simples” calculadora como a HP Prime nos permite trabalhar com equa¸c˜oes, com f´ormulas. Em particular podemos programar, por exemplo, a f´ormula para multiplicar dois nne, com resultados simb´ olicos (exatos). Nota: No u ´ ltimo cap´ıtulo deste livro ensinamos a programa¸c˜ao desta calculadora. O leitor poder´ a baix´a-la (emulador) gratuitamente para seu notebook, tablet e at´e celular. Para evitar problemas procure baixar a u ´ ltima vers˜ ao, existem v´arias.
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Nas duas primeiras telas acima temos um programa para o produto de dois n´ umeros n~ ao euclidianos. Na tela da direita calculamos − num atimo − alguns exemplos, incluindo os trˆes vistos na p. 18. ´ Nota: A calculadora entende, por exemplo, que (−1, 1) seja um n´ umero complexo, para evitar complica¸c˜oes desta natureza utilizaremos colchetes, [ −1, 1 ], para representar um nne − apenas na calculadora. Importante: Neste livro faremos muitas das nossas contas explorando o potencial da calculadora, se o leitor desejar poder´ a confirm´a-las na m˜ ao.
20
Como dissemos, o potencial da calculadora ´e n˜ ao apenas num´erico mas sobretudo alg´ebrico (CAS). Por exemplo, utilizando a tabela de sinais a seguir
a˙
−1
−1
−1
0
0
0
1
1
1
c˙
−1
0
1
−1
0
1
−1
0
1
a˙ · c˙
1
0
−1
0
0
0
−1
0
1
−→
−
+
+
+
−
−
+
−
−
(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) elaboramos o seguinte programa que a partir dos sinais de a e c
nos fornece a f´ormula do produto, segundo a defini¸c˜ao (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , A seguir fazemos a confirma¸c˜ ao
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0. (p. 19)
21
Exemplo: Dados w1 = (−1, 1) e w2 = (1, 2), calcule w de modo que w1 · w = w2 Nota: Certamente existe mais de uma alternativa para se resolver este problema − inclusive por programa¸c˜ao −, simplesmente escolheremos uma delas. Solu¸ c˜ ao: Tomemos w = (c, d), temos w1 · w = w2 ⇒ (−1, 1) · (c, d) = (1, 2)
como sign (a) = −1, nos situamos nas trˆes primeiras colunas da tabela de sinais
a˙
−1
−1
−1
0
0
0
1
1
1
c˙
−1
0
1
−1
0
1
−1
0
1
sendo assim temos trˆes possibilidades a considerar quanto ao sinal de c. Com o programa anterior, temos para cada uma destas colunas (tela esquerda)
Na tela do centro ressetamos (purge) as vari´ aveis c e d, em seguida atribuimos os valores de a e b, digo, a = −1 e b = 1; depois copiamos a primeira alternativa para a linha de entrada, entre as letras inserimos o sinal de multiplica¸c˜ ao, ao d´ a Enter j´a temos a conta feita. Na tela da direita temos as contas para as trˆes alternativas. Sendo assim, temos trˆes possibilidades (−c − d, −c + d) = (1, 2)
(d, d) = (1, 2)
(−c + d, c + d) = (1, 2)
Resolvendo a primeira e a terceira equa¸c˜ao obtemos 1 3 −3 1 e (c, d) = , , (c, d) = 2 2 2 2 22
O absurdo que obtivemos na segunda equa¸c˜ao do sistema significa que o problema n˜ ao tem solu¸c˜ ao na alternativa sign (c) = 0. Resumindo, a equa¸c˜ ao (−1, 1) · w = (1, 2) possui duas solu¸c˜ oes em B-2D, quais sejam
S=
n
−3 1 2 , 2
, 21 ,
3 2
C
o
Na tela da esquerda confirmamos − pelo programa que multiplica dois nne
(p. 20) − as duas solu¸c˜ oes da equa¸c˜ao. Em outras palavras, nos nne uma
equa¸c˜ao do 1 o grau pode ter duas solu¸c˜oes. Na tela da direita resolvemos a equa¸c˜ao nos complexos − onde vale a associatividade.
1.4
Propriedades das opera¸ c˜ oes
Proposi¸ c˜ ao 1. A opera¸c˜ ao de adi¸c˜ao define em B uma estrutura de grupo comutativo, isto ´e, verifica as seguintes propriedades: A1) Propriedade associativa; A2) propriedade comutativa; A3) existˆencia do elemento neutro; A4) existˆencia do elemento sim´etrico (ou oposto).
Prova: Deixamos como exerc´ıcio.
Apenas observamos que, 0 = (0, 0) ´e o elemento neutro para a adi¸c˜ao. Dado w = (x, y) temos que −w = (−x, −y) ´e o seu oposto aditivo, isto ´e, w + (−w) = 0. Subtra¸ c˜ ao Decorre da proposi¸c˜ ao anterior que, dados os nne w1 = (a, b) e w2 = (c, d) existe um u ´ nico w ∈ B tal que w1 + w = w2 . Esse n´ umero w ´e chamado diferen¸ca entre w2 e w1 e indicado por w2 − w1 .
23
Proposi¸ c˜ ao 2. A opera¸c˜ao de multiplica¸c˜ao em B verifica as seguintes propriedades: M1) Propriedade comutativa; M2) n˜ ao associativa; M3) existˆencia do elemento neutro; M4) existˆencia do elemento inverso; M5) n˜ ao distributiva em rela¸c˜ao `a adi¸c˜ao. Prova: M1) Dados w1 = (a, b) e w2 = (c, d) devemos provar que w1 · w2 = w2 · w1
(a, b) · (c, d) = (c, d) · (a, b)
∴
Considere a defini¸c˜ ao de multiplica¸c˜ao (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0. (a ↔ c, b ↔ d)
vamos trocar os pares de posi¸c˜ao, assim (−d b, 0), − d b sign (c), |c| b , (c, d) · (a, b) = − d b sign (a), d |a| , c a − d b sign (c a), |c| b + d |a| ,
se c = 0, a = 0; se c 6= 0, a = 0; se c = 0, a 6= 0; se c 6= 0, a 6= 0.
Vemos que o produto n˜ ao se altera.
M2) N˜ao associativa. Tomando, por exemplo w1 = (1, 1),
w2 = (−1, 1),
w3 = (1, −1)
Resulta (confira) (w1 · w2 ) · w3 = (2, 2) w1 · (w2 · w3 ) = (−2, 2) 24
M3) Existˆencia do elemento neutro. Existe 1 = (1, 0) ∈ B com a seguinte propriedade: w · 1 = w, ∀ w ∈ B. De fato, considerando w = (a, b) temos w · 1 = (a, b) · (1, 0) Prova: Pela defini¸c˜ ao de multiplica¸c˜ao (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
temos (a, b) · (1, 0) =
− b d sign (c), b |c| ,
se a = 0, c 6= 0;
a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , se a 6= 0, c 6= 0.
ou ainda, substituindo c = 1 e d = 0 0, b , (a, b) · (1, 0) = a, b ,
se a = 0; se a 6= 0.
Nota: Da comutatividade da multiplica¸c˜ao decorre a unicidade do elemento neutro. Com efeito, assim: sejam u e u ˜ dois elementos neutros para a multiplica¸c˜ao. Sendo assim, ter-se-` a, por um lado, w · u = w, para todo w ∈ B; em particular u ˜·u = u ˜ (∗). Por outro lado tamb´em temos w · u˜ = w, para todo w ∈ B; em particular u · u ˜ = u. Esta u ´ ltima igualdade pode ser reescrita como u ˜ · u = u. Daqui e de (∗) concluimos que u = u ˜. M4) Existˆencia do elemento inverso. Desejamos mostrar que, ∀ w ∈ B∗ , ∃ w−1 ∈ B / w · w−1 = 1. Prova: De fato, tomando w = (a, b) 6= (0, 0), procuramos w′ = (x, y) satisfazendo w · w′ = (1, 0), isto ´e (a, b) · (x, y) = (1, 0) Temos uma equa¸c˜ ao a resolver. Poderiamos seguir alguns caminhos para a resolu¸c˜ao desta equa¸c˜ ao, vamos tentar utilizar um dos programas anteriores, para isto fa¸camos uma troca de nota¸c˜ao: 25
(
(a, b) · (x, y) (a, b) · (c, d)
Vamos salvar o programa phalg (p. 21) com outro nome e trocar c por x e d por y − mesmo porque este programa poder´ a ser u ´ til futuramente −, ∗ assim
Pois bem, considerando a tabela de sinais
a˙
−1
−1
−1
0
0
0
1
1
1
x˙
−1
0
1
−1
0
1
−1
0
1
Temos a seguir todas as possibilidades quanto ao produto (a, b) · (x, y) = (1, 0)
Cada uma destas possibilidades d´ a origem a um sistema, podemos usar a pr´ opria calculadora para resolver cada um destes sistemas: − linsolve: Dados um vetor de equa¸c˜oes lineares e um vetor de vari´ aveis correspondente, apresenta a solu¸c˜ao para o sistema de equa¸c˜oes lineares. linsolve([EqLin1, EqLin2,. . . ], [Var1, Var2,. . . ]) ∗ Nota: by ´e uma palavra reservada pela calculadora, raz˜ ao porque decidimos colocar o sinal ∗ de multiplica¸c˜ ao, ademais ser´ a melhor para o que temos em vista.
26
Vamos exemplificar, considere a tela da esquerda a seguir
na tela do centro digitamos na linha de entrada o comando linsolve() e pegamos uma c´ opia do vetor; na tela da direita montamos o sistema de acordo com a equa¸c˜ ao (a, b) · (x, y) = (1, 0) ao d´ a Enter obtemos a seguinte solu¸c˜ao
(x, y) =
a b , − a 2 + b2 a2 + b2
isto para a primeira coluna da tabela de sinais
a˙
−1
−1
−1
0
0
0
1
1
1
x˙
−1
0
1
−1
0
1
−1
0
1
Na tela a seguir temos a segunda e terceira
na tela ` a direita, temos a u ´ ltima coluna; copiamos a saida para a linha de entrada, confirmando que se trata do sinal “−” na ordenada.
27
Voltando ` a tela esquerda acima, significa que o sistema n˜ ao tem solu¸c˜ao quando sign (x) = 0, isto ´e, x = 0. Para a terceira coluna obtemos x=
a a2 + b2
e
y=
b a2 + b2
Esta solu¸c˜ ao deve ser descartada pela seguinte raz˜ ao: na terceira coluna assumimos a hip´ otese de que a e x tˆem sinais contrarios, e n˜ ao ´e o caso da solu¸c˜ ao acima, uma vez que o denominador ´e sempre positivo. Fazendo uma an´ alise das demais possibilidades chegamos `a conclus˜ao de que a (´ unica) solu¸c˜ ao v´alida da equa¸ca˜o (a, b) · (x, y) = (1, 0) ´e
−b a , a2 + b2 a2 + b2 chamado inverso ou inverso multiplicativo de w, que multiplicado por w = (a, b) d´ a como resultado 1 = (1, 0). (x, y) =
1.5
Divis˜ ao
Devido a existˆencia do inverso multiplicativo, podemos definir em B a w ao, simbolizada por 1 , estabelecendo que opera¸c˜ ao de divis˜ w2 w1 = w1 · w2′ = w1 · w2−1 w2 onde mudamos de nota¸c˜ao: w2′ = w2−1 . Exemplo: (0, 1) = (0, 1) · (1, 1)−1 (1, 1) 1 −1 , 12 + 12 12 + 12
= (0, 1) ·
= (0, 1) ·
1 −1 1 1 = , , 2 2 2 2
28
Sejam w1 = (a, b) e w2 = (c, d), com c 6= 0 ou d 6= 0, temos (a, b) w1 = = (a, b) · (c, d)−1 w2 (c, d) ou ainda c w1 (a, b) −d = = (a, b) · 2 , w2 (c, d) c + d2 c2 + d2 Utilizando a regra do produto (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Calculamos o produto (a, b) · assim ,0 , − b · −d d2 −d − b · d2 sign (a), |a| ·
c −d , c2 + d2 c2 + d2
se a = 0, c = 0; −d d2
se a 6= 0, c = 0;
,
c − b · c2−d 2 sign (c), b | c2 +d2 | , +d −d c a · c2 +d 2 − b · c2 +d2 sign (a c), |a| ·
se a = 0, c 6= 0; −d
c2 +d2
29
c + b | c2 +d 2| ,
se a 6= 0, c 6= 0.
Simplificando, a divis˜ao c (a, b) −d w1 = = (a, b) · 2 , w2 (c, d) c + d2 c2 + d2 ´e dada por b ,0 , d b −|a| , sign (a), d d
se a = 0, c = 0;
se a 6= 0, c = 0;
bd b |c| sign (c), , se a = 0, c 6= 0; c2 + d2 c2 + d2 ac bd −|a| d b |c| + sign (a c), + , se a 6= 0, c = 6 0. c2 + d2 c2 + d2 c2 + d2 c2 + d2 regra esta facilmente program´avel, assim:
Na tela da direita temos algumas simula¸c˜oes. M5) A multiplica¸c˜ ao ´e n˜ ao distributiva em rela¸c˜ao `a adi¸c˜ao. Tomando, por exemplo, a = (1, 1), b = (−1, −1) e c = (0, −1), obtemos
a · (b + c) = (−3, −1) a · b + a · c = (0, 4)
30
Proposi¸ c˜ ao 3. Sejam w = (a, b) e w′ = (c, d) dois nne, ent˜ao w · w′ = 0
w = 0 ou w′ = 0.
⇒
Prova: Vamos utilizar demonstra¸c˜ao por absurdo: ¯ ⇒ f H ⇒ T ⇐⇒ H ∧ T Vamos iniciar negando a tese: w = (a, b) 6= (0, 0)
w′ = (c, d) 6= (0, 0)
e
o que implica (a 6= 0 ∨ b 6= 0) ∧ (c 6= 0 ∨ d 6= 0) Temos quatro possibilidades a analisar: a 6= 0 ∧ c 6= 0,
a 6= 0 ∧ d 6= 0,
b 6= 0 ∧ c 6= 0,
b 6= 0 ∧ d 6= 0.
(i) a 6= 0 ∧ c 6= 0. Vamos considerar a defini¸c˜ao do produto (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
a hip´ otese nos fornece a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = (0, 0)
donde resulta o sistema
(
a c − b d sign (a c) = 0; |a| d + b |c| = 0
utilizando a tabela de sinais
a˙
−1
−1
−1
0
0
0
1
1
1
c˙
−1
0
1
−1
0
1
−1
0
1
desdobramos o sistema nos seguintes ( a c − b d = 0; −a d − b c = 0
31
(
a c + b d = 0; −a d + b c = 0
igualando as duas primeiras equa¸c˜oes e as duas segundas, obtemos bd = 0
e
ad = 0
como, por hip´ otese, a 6= 0, a conclus˜ao ´e que d = 0. Sendo assim, o produto (a, b) · (c, 0) = (a c, b |c|) = (0, 0) nos fornece um absurdo: c 6= 0 e c = 0. (ii) a 6= 0 ∧ d 6= 0. Da defini¸c˜ao do produto temos
(a, b) · (c, d) =
a igualdade
− b d sign (a), |a| d ,
se a 6= 0, c = 0;
a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , se a 6= 0, c 6= 0. − b d sign (a), |a| d = (0, 0)
nos conduz a um absurdo d 6= 0 e d = 0. Resta analisar a igualdade a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = (0, 0)
Aqui voltamos ao caso (i) e vamos concluir pelo mesmo absurdo, digo, d 6= 0 e d = 0. (iii) b 6= 0 ∧ c 6= 0. Da defini¸c˜ao do produto temos
(a, b) · (c, d) =
a igualdade
− b d sign (c), b |c| ,
se a = 0, c 6= 0;
a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , se a 6= 0, c 6= 0. − b d sign (c), b |c| = (0, 0)
nos conduz a um absurdo b 6= 0 e b = 0. Resta analisar a igualdade a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = (0, 0)
Aqui vamos concluir que d = 0 (a 6= 0, nesta possibilidade); substituindo d = 0 na equa¸c˜ ao acima, temos a c, b |c| = (0, 0)
o que nos conduz a um absurdo: b = 0 e b 6= 0. 32
(iv) b 6= 0 ∧ d 6= 0. Da defini¸c˜ ao do produto temos (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
vamos analisar as quatro possibilidades: (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) = (0, 0) donde b 6= 0 e b = 0, absurdo. (a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d = (0, 0)
nesta possibilidade temos a 6= 0, logo d = 0, absurdo. − b d sign (c), b |c| = (0, 0)
nesta possibilidade temos c 6= 0, logo b = 0, absurdo. a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = (0, 0)
Voltamos ao caso (i), donde d = 0, absurdo.
33
Distributividade da multiplica¸c˜ ao − casos particulares Observe a u ´ ltima linha da regra do produto no quadro a seguir
a˙ −1
c˙ − 1 : (a c − b d, −a d − b c)
−1
0 : (b d, −a d)
−1
1 : (a c + b d, −a d + b c)
0 (a, b) · (c, d) :
(p. 19)
− 1 : (b d, −b c)
0
0 : (−b d, 0)
0
1 : (−b d, b c)
1
− 1 : (a c + b d, a d − b c)
1
0 : (−b d, a d)
1
1 : (a c − b d, a d + b c)
(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) Vemos que para pontos no semiplano x > 0 (`a direita do eixo oy) a multiplica¸c˜ ao coincide com a dos Complexos.
(a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c)
34
Considere neste semiplano os trˆes seguintes nne w1 = (a, b),
w2 = (c, d),
w3 = (e, f )
a > 0, c > 0, e > 0.
∴
neste caso vale a propriedade distributiva, isto ´e w1 · (w2 + w3 ) = w1 · w2 + w1 · w3 uma vez que o semiplano x > 0 ´e fechado para a adi¸c˜ao. Vamos considerar w1 sobre o eixo oy e vejamos se continua valendo a distributividade, isto ´e, se vale (0, b) · (c, d) + (e, f ) = (0, b) · (c, d) + (0, b) · (e, f ) para o produto da esquerda consideremos (0, b) · (c, d) + (e, f ) = (0, b) · (c + e, d + f ) | {z } | {z } (a, b)
c, d
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
O produto ´e realizado na terceira linha acima, apenas observe que c > 0, e > 0
⇒
c+e > 0
⇒
|c + e| = c + e
o produto fica (0, b) · (c + e, d + f ) = (−b (d + f ), b (c + e)) {z } | {z } | (a, b)
(1.2)
c, d
Por outro lado, temos
e
(0, b) · (c, d) = (−b d, b c) | {z } | {z }
Somando
(0, b) · (e, f ) = (−b f, b e) | {z } | {z }
(a, b)
(a, b)
(c, d)
(c, d)
(−b d, b c) + (−b f, b e) = (−b d − b f, b c + b e) = − b(d + f ), b (c + e)
que ´e o mesmo resultado em (1.2).
35
Consideremos a primeira linha da regra do produto − p´ agina 34 − e vejamos se a multiplica¸c˜ ao ´e distributiva no semiplano x < 0. Isto ´e, considere w1 = (a, b),
w2 = (c, d),
w3 = (e, f )
a < 0, c < 0, e < 0.
∴
desejamos verificar se vale a propriedade distributiva, isto ´e w1 · (w2 + w3 ) = w1 · w2 + w1 · w3 ou ainda (a, b) · (c, d) + (e, f ) = (a, b) · (c, d) + (a, b) · (e, f )
para o produto da esquerda consideremos (a, b) · (c, d) + (e, f ) = (a, b) · (c + e, d + f ) {z } | {z } | (a, b)
c, d
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0;
se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
O produto ´e realizado na quarta linha acima, temos (a, b) · (c + e, d + f ) = a (c + e) − b (d + f ) · 1, −a (d + f ) + b − (c + e) | {z } | {z } (a, b)
c, d
isto ´e
(a, b) · (c + e, d + f ) = a (c + e) − b (d + f ), −a (d + f ) − b (c + e) | {z } | {z } (a, b)
c, d
por outro lado
e
(a, b) · (c, d) = a c − b d · 1, −a d + b (−c) = (a c − b d, −a d − b c) (a, b) · (e, f ) = (a, b) · (e, f ) = a e − b f · 1, −a f + b (−e) | {z } (c, d)
somando
(a, b) · (c, d) + (a, b) · (e, f ) = (a c − b d, −a d − b c) + a e − b f, −a f − b e isto ´e
(a, b) · (c, d) + (a, b) · (e, f ) = a (c + e) − b (d + f ), −a (d + f ) − b (c + e)
portanto, no semiplano x < 0 vale a propriedade distributiva. 36
1.6
Imers˜ ao de R em B-2D
Nosso objetivo nesta se¸c˜ ao ser´ a estabelecer o corpo R dos n´ umeros reais como um subsistema de B; ao final, identificaremos o nne (x, 0) com o n´ umero real x. Da defini¸c˜ ao de adi¸c˜ ao ´e imediato que (a, 0) + (c, 0) = (a + c, 0) Vamos provar que (a, 0) · (c, 0) = (a · c, 0)
(1.3)
Com efeito, consideremos a regra do produto (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
A igualdade (1.3) se verifica trivialmente para as trˆes primeiras possibilidades acima. Nos ocuparemos da quarta, ent˜ao (a, 0) · (c, 0) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = a c − 0 · 0 sign (a c), |a| 0 + 0 |c| = (a c, 0) Operar com (x, 0) leva a resultados an´ alogos aos obtidos operando com x. Isto justifica a “igualdade”:
x = (x, 0), ∀ x ∈ R
Aceita esta conven¸c˜ ao, em particular resulta:
0 = (0, 0), 1 = (1, 0), −1 = (−1, 0), a = (a, 0)
37
Provaremos agora uma importante propriedade do sistema B-2D: Teorema 2 (Propriedade n˜ ao euclidiana). Para todo k ∈ R e para todo w = (a, b) em B-2D, a seguinte identidade se verifica
k · (a, b) = ( k a, |k| b ) Prova: Vamos aplicar a defini¸c˜ao (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
ao c´ alculo do produto (a, b) · (k, 0) Veja esta multiplica¸c˜ ao da seguinte forma (a, b) · (k, 0) | {z } (c, d)
Ent˜ ao, na primeira possibilidade, temos
(a, b) · (k, 0) = (0, b) · (0, 0) = (−b · 0, 0) = (0, 0) = (k a, |k| b) Na segunda possibilidade, temos (a, b) · (k, 0) = − b d sign (a), |a| d
= − b · 0 sign (a), |a| · 0 = (0, 0) = (k a, |k| b)
Na terceira possibilidade, temos
(a, b) · (k, 0) = − b d sign (c), b |c|
= − b · 0 sign (k), b · |k| = (k a, |k| b)
Na u ´ ltima possibilidade, temos
(a, b) · (k, 0) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c|
= a k − b 0 sign (a c), |a| 0 + b |k| = (k a, |k| b)
38
Resumindo:
k · (a, b) = ( k a, |k| b ) =
(
(k a, k b),
se k ≥ 0;
(k a, −k b),
se k < 0.
Este teorema nos proporciona um fenˆomeno que n˜ ao ocorre em R ou em C. Corol´ ario 1. Em B existe um n´ umero x tal que −1 · x 6= −x Prova: De fato, tomando x = (0, 1), resulta −x = −(0, 1) = (0, −1) −1 · x = (−1 · 0, | − 1| · 1) = (0, 1) Sendo assim ´e importante estar atento para o fato de que, ao contr´ ario do que ocorre em R, ou em C, em B ´e necess´ario distinguir entre −x e −1 · x.
Observe que, enquanto no primeiro caso temos o oposto aditivo de x, no segundo caso temos o produto de dois nne: −1 = (−1, 0) e x = (a, b). Podemos visualizar isto graficamente, assim:
−1 · x
x
−x
x
−x
C : −x = −1 · x
B : −x 6= −1 · x
Observe, outrossim, que em B n˜ ao vale a propriedade de cancelamento para a multiplica¸c˜ ao; para se convencer disto considere a seguinte igualdade 1 · (0, 1) = −1 · (0, 1) Isto se deve ao fato da multiplica¸c˜ao n˜ ao ser associativa. 39
A nossa adi¸c˜ ao coincide com a da HP Prime , no entanto, o mesmo n˜ ao ocorre com a multiplica¸c˜ao de um n´ umero real por um nne∗ , veja:
Na HP Prime
em B-2D
Defini¸ c˜ ao 2 (Oposto multiplicativo). Dado w ∈ B definiremos como seu oposto multiplicativo o n´ umero −1 · w.
Uma conven¸ c˜ ao necess´ aria Como vimos, em B-2D vale a desigualdade −1 · x 6= −x no lado esquerdo temos uma opera¸c˜ao bin´ aria e no lado direito uma opera¸c˜ao un´ aria (tomar o oposto). Considere a propriedade n˜ ao euclidiana k · (a, b) = ( k a, |k| b ) quando k < 0 faremos a seguinte conven¸c˜ao para indicar a opera¸c˜ao bin´ aria k · (a, b) = ( k a, |k| b ) = (k) (a, b) utilizaremos um ponto, “·”, ou um parˆenteses; enquanto que para indicar a opera¸c˜ ao un´ aria, tomar o oposto, utilizaremos k (a, b) = ( k a, k b ) (sem o ponto) Por exemplo, considere k = −2 e w = (0, 1); temos −2 · (0, 1) = ( −2 · 0, | − 2| · 1 ) = (0, 2) enquanto que, por outro lado −2 (0, 1) = − ( 2 · 0, 2 · 1 ) = − (0, 2) = (0, −2) Nota: Simplificaremos “proriedade n˜ ao euclidiana” por pne. ∗
A menos que o real seja n˜ ao negativo.
40
1.7 1.7.1
Forma alg´ ebrica Unidade hiperimagin´ aria
Chamamos unidade hiperimagin´ aria e indicamos por j o nne (0, 1). Notemos que j 2 = (0, 1) · (0, 1) = (−1, 0) isto ´e
j 2 = −1
Portanto, a unidade hiperimagin´aria possui a mesma propriedade b´ asica da unidade imagin´ aria i dos Complexos; e, o que ´e mais importante ainda: a unidade hiperimagin´aria possui uma propriedade n˜ ao partilhada por nenhum n´ umero complexo, qual seja
−1 · j 6= −j
(1.4)
´ preciOu seja, o oposto multiplicativo ´e diferente do oposto aditivo. E samente esta propriedade que vai ser respons´ avel por alguns milagres no “universo ortogonal ” dos nne, como veremos oportunamente. Forma alg´ ebrica Dado um n´ umero n~ ao euclidiano qualquer w = (x, y), temos: w = (x, y) = (x, 0) + (0, y) Temos i) (x, 0) = x. ii) Temos por outro lado
y ≥ 0 ( |y| = y ) ⇒ y j = y (0, 1) = (0, y)
y < 0 ( |y| = −y ) ⇒ −j · y = y · (−j) = y · ( 0, −1 ) = ( y · 0, |y| · (−1) ) = 0, (−y) · (−1) = (0, y)
Tendo em conta estes resultados podemos escrever ( x + y j, se y ≥ 0; w = (x, y) = x + y · (−j) se y < 0. 41
Por exemplo w = (3, 2) = 3 + j 2 = 3 + 2 j Por outro lado Observe que
w = (3, −2) = 3 + (−2) · (−j)
(1.5)
(−2) · (−j) = (−2) · (0, −1) = − 2 · 0, | − 2| · (−1) ou ainda
(−2) · (−j) = (0, −2) = − (0, 2) = − 2 j
de formas que podemos escrever (1.5) como
w = (3, −2) = 3 − 2 j Vamos provar que para y < 0 (|y| = −y), podemos sempre fazer isto y · (−j) = y · (0, −1) = y · 0, |y| · (−1) ou ainda isto ´e
y · (−j) = 0, (−y) · (−1) = (0, y)
y · (−j) = (0, −|y|) = − |y| (0, 1) = − |y| j
Vamos colocar em destaque
y · (−j) = − |y| j,
y<0
(1.6)
Portanto, em qualquer situa¸c˜ao podemos escrever
w = (x, y) = x + y j chamada forma alg´ebrica do nne w = (x, y). Por exemplo, retomando (1.5) acima w = (3, −2) = 3 + (−2) · (−j) = 3 + − | − 2| j) isto ´e w = (3, −2) = 3 + − 2 j) = 3 − 2 j
Observe que podemos adicionar dois n´ umeros na forma alg´ebrica (a + b j) + (c + d j) = (a + c) + (b + d) j no entanto, n˜ ao podemos multiplic´ a-los (a + b j) · (c + d j) aplicando a propriedade distributiva, a exemplo do que ocorre nos Complexos. 42
Um milagre aos olhos dos habitantes Complexos Se algum dia um matem´ atico do Universo complexo se defrontar com a seguinte equa¸c˜ ao alg´ebrica elementar
(−1 · x + x) · x = −1
ele ter´ a duas sa´ıdas: abandonar o “jogo” ou consultar um matem´ atico do universo B. De fato, esta ´e uma equa¸c˜ao imposs´ıvel de se resolver dentro dos universos num´ericos conhecidos dos matem´ aticos (hodiernos), em raz˜ ao de que vale: (−1 · x + x) · x = −1 ⇐⇒ 0 · x = −1 Pois bem, vamos assumir o desafio. Teorema 3 (Gentil/04.12.2008). A seguinte equa¸c˜ao tem solu¸c˜ao em B.
(−1 · x + x) · x = −1
Prova: Tomando x = (c, d ), pela pne, temos
−1 · x = −1 · (c, d ) = (−c, d ) portanto −1 · x + x = (−c, d ) + (c, d ) = (0, 2 d ) substituindo este resultado na equa¸c˜ao original, obtemos (0, 2 d ) · (c, d ) = −1 Vamos enxergar esta multiplica¸c˜ ao do seguinte modo: (0, 2 d ) · (c, d ) = −1 | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
43
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Sendo assim, no produto (0, 2 d ) · (c, d ) = −1 | {z } | {z } (a, b)
sobram as possibilidades
(a, b) · (c, d) =
(c, d)
(−b d, 0),
se a = 0, c = 0;
− b d sign (c), b |c| , se a = 0, c 6= 0;
Ent˜ ao, na primeira possibilidade (−b d, 0) = (−2 d d, 0) = −1 = (−1, 0) donde
√ 2 −2 d = −1 ⇒ d=± 2 Portanto, neste caso temos duas solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao proposta √ 2 x = (c, d) = 0, ± 2 2
Na segunda possibilidade − b d sign (c), b |c| = −1
− 2 d d sign (c), 2 d |c| = (−1, 0)
⇒
Daqui concluimos que d = 0 e chegamos a um absurdo, esta segunda possibilidade deve ser descartada. Resumindo, em B-2D temos duas solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao
estas
(−1 · x + x) · x = −1
√ 2 x = 0, 2 Ou ainda, na forma alg´ebrica √ 2 j x= 2
√ 2 0, − 2
ou
x=
ou
√ 2 x=− j 2
Observe que o n´ umero j foi o respons´ avel por este milagre!.
44
Nas telas a seguir
confirmamos as duas solu¸c˜ oes da equa¸c˜ao
(−1 · x + x) · x = −1 Nota: Na segunda linha, das telas acima, temos a conta entre parˆenteses √ (−1 · x + x) = ± [ 0, 2 ] na terceira linha multiplicamos o resultado por x. A t´ıtulo de curiosidade, observe que das duas equa¸c˜oes abaixo: x2 + 1 = 0 (−1 · x + x) · x + 1 = 0 com o n´ umero i (complexo) resolvemos apenas a primeira, ao passo que com o n´ umero j resolvemos as duas. A prop´osito, considere a equa¸c˜ ao (sem solu¸c˜ao) 0 · x = b, b 6= 0
(1.7)
nos reais, ou complexos; como nestes universos vale 0 = −1 · x + x 0 = −1 · (−x) + (−x) Segue-se que 0·x=b
⇐⇒
( −1 · x + x ) · x = b
− 1 · (−x) + (−x) · x = b
(1.8)
Embora n˜ ao possamos resolver diretamente a equa¸c˜ao (1.7) em B, entretanto podemos resolver suas equivalentes, dadas acima. 45
Se b > 0, resolvemos a segunda das equa¸c˜oes em (1.8), caso contr´ ario resolvemos a primeira. Por exemplo, seja a equa¸c˜ao 0 · x = 1, ent˜ao 0 · x = 1 ⇐⇒ − 1 · (−x) + (−x) · x = 1
Tomando x = (c, d), temos, −x = (−c, −d), logo
−1 · (−x) + (−x) = −1 · (−c, −d) + (−c, −d) = (c, −d) + (−c, −d) = (0, −2d)
Ent˜ ao (−1 · (−x) + (−x)) · x = 1 ⇒ (0, −2d) · (c, d) = 1 Vejamos esta multiplica¸c˜ao da seguinte forma: (0, −2d) · (c, d) = 1 | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
Neste caso, temos as possibilidades
(a, b) · (c, d) =
(−b d, 0),
se a = 0, c = 0;
− b d sign (c), b |c| , se a = 0, c 6= 0;
Ent˜ ao, na primeira possibilidade
donde
(−b d, 0) = − (−2 d) d, 0 = 1 = (1, 0) √
2 2 Portanto, neste caso temos duas solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao proposta √ 2 x = (c, d) = 0, ± 2 2
⇒
2d = 1
Na segunda possibilidade − b d sign (c), b |c| = −1
⇒
d=±
− (−2d) d sign (c), −2 d |c| = (1, 0)
Daqui concluimos que d = 0 e chegamos a um absurdo, esta segunda possibilidade deve ser descartada.
46
1.8
Divis˜ ao por zero
Considere novamente as rela¸c˜ oes 0 = −1 · x + x 0 = −1 · (−x) + (−x) Por exemplo, o quociente
1 1 = 0 −1 · x + x nos reais ou complexos n˜ ao faz sentido. Nos n´ umeros n~ ao euclidianos o valor do quociente 1 −1 · x + x
faz sentido. Por exemplo, seja x = j = (0, 1), ent˜ao
−1 · x + x = −1 · (0, 1) + (0, 1) = (0, 2) portanto 1 1 1 1 = (0, −1) = = (0, 2)−1 = 0, − −1 · x + x (0, 2) 2 2 De modo geral, considere x = (a, b), com b 6= 0, temos −1 · x + x = −1 · (a, b) + (a, b) = (−a, b) + (a, b) = (0, 2b) portanto
1 1 = = (0, 2b)−1 −1 · x + x (0, 2b)
Lembrando do algoritmo para inverter o nne (a, b): w−1 = temos
Logo
−b a , a2 + b2 a2 + b2
−1 (0, 2b)−1 = 0, 2b −1 1 = 0, −1 · x + x 2b
Novamente o respons´ avel por este milagre − “divis˜ao por zero” − foi o n´ umero j. 47
A prop´osito, observe na identidade −1 −1 1 1 ⇒ = 0, = 0, −1 · x + x 2b −1 · (a, b) + (a, b) 2b 1 (chamemo-lo assim) n˜ ao depende −1 · x + x de a. Isto nos sugere definir a seguinte transforma¸c˜ao agico” que o “quociente m´
f : R2 − R → R2 x
7→
1 −1·x+x
Esta aplica¸c˜ ao tem uma propriedade interessante: “transforma o infinito em zero”; perd˜ ao, dizemos: ela colapsa uma reta infinita em um u ´nico ponto. Por exemplo, em x = (a, b) fixando b = k temos a seguinte reta Γ = { (a, b) ∈ R2 : b = k }
f
R
−1p
0
k
p
p
Γ
R
p1
−1p
R
0
p1
R
տ f (Γ) − Imagem da reta Γ
48
Exemplo: Resolva a seguinte equa¸c˜ao∗ :
1 2 0
= −1
Solu¸ c˜ ao: Consideremos a seguinte “equivalˆencia” (em C): 2 2 1 1 1 1 −1 · x + x = 0 ⇔ = = ⇔ 0 −1 · x + x 0 −1 · x + x Em B estamos aptos a resolver a seguinte equa¸c˜ao “equivalente”
1 −1·x + x
2
= −1
Com efeito, seja x = (a, b), com b 6= 0; vimos anteriormente que −1 1 = 0, −1 · x + x 2b
portanto, nosso desafio resume-se a resolver a equa¸c˜ao −1 2 = −1 0, 2b
Vejamos esta multiplica¸c˜ ao assim: −1 −1 0, · 0, = −1 | {z2b } | {z2b } (a, b)
(c, d)
Pela defini¸c˜ ao de multiplica¸c˜ ao em B, temos −1 −1 − · , 0 = (−1, 0) 2b 2b logo
donde
−
−
1 , 0 = (−1, 0) 4b2
1 1 = −1 ⇒ b = ± 4b2 2
∗
A rigor esta equa¸c˜ ao − como se apresenta − n˜ ao faz sentido em lugar algum da matem´ atica, considere este enunciado como uma “brincadeira ” . . . por´em destinada a tornar-se s´eria.
49
Portanto, existem “duas” solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao
1 −1·x + x
2
= −1
(1.9)
quais sejam: x = (a, ± 21 ). Geometricamente o conjunto solu¸c˜ao da nossa equa¸c˜ ao constitui-se em duas retas paralelas ao eixo ox, situados a uma distˆ ancia de 21 da origem, assim:
Γ2
1 2
p1
0
x
p
−1p
p
y
Γ1
− 21
O conjunto solu¸c˜ ao da equa¸c˜ao (1.9) ´e S = Γ1 ∪ Γ2 ou ainda S=
n
(a, b) ∈ R3 : b = −
1o[n 1o (a, b) ∈ R3 : b = 2 2
Nas telas a seguir confirmamos as duas “retas solu¸c˜oes” da equa¸c˜ao (1.9)
Γ1
Γ2
50
1.9
Forma trigonom´ etrica
Defini¸ c˜ ao 3 (Conjugado). Chama-se conjugado do nne w = (a, b) ao nne w = (a, −b), isto ´e: w = (a, b) ⇔ w = (a, −b)
Defini¸ c˜ ao 4 (Norma). Chama-se norma do nne w = (a, b) ao n´ umero real N (w) = a2 + b2
Defini¸ c˜ ao 5 (M´odulo). Chama-se m´ odulo do nne w = (a, b) ao n´ umero real |w| =
p
N (w) =
p
a 2 + b2
Nota: Alternativamente podemos usar a nota¸c˜ao: r, para o m´ odulo, isto ´e p r = a 2 + b2
Proposi¸ c˜ ao 4. Seja w = (a, b) um n´ umero n~ ao euclidiano, ent˜ao w · w = |w|2 Prova: Devemos demonstrar que (a, b) · (a, −b) = a2 + b2
(1.10)
consideremos (a, b) · (a, −b) | {z } | {z } (a, b)
Ent˜ao
(c, d)
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , 51
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Vejamos as quatro possibilidades: 1 a ) a = 0, c = 0. (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) considerando (a, b) · (a, −b) | {z } | {z } (a, b)
temos
(c, d)
(0, b) · (0, d) = − b (−b), 0 = b2 = a2 + b2
e assim provamos (1.10).
(p. 51)
2 a ) a 6= 0, c = 0. Considerando (a, b) · (a, −b) | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
esta possibilidade n˜ ao pode ocorrer. 3 a ) a = 0, c 6= 0. Considerando
(a, b) · (a, −b) | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
esta possibilidade n˜ ao pode ocorrer. 4 a ) a 6= 0, c 6= 0.
(a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| considerando
(a, b) · (a, −b) | {z } | {z } (a, b)
temos
(c, d)
(a, b) · (c, d) = a a − b (−b) sign (a2 ), |a| (−b) + b |a| simplificando
(a, b) · (c, d) = a2 + b2 , 0 = a2 + b2
e assim provamos (1.10).
(p. 51)
52
Observe que o inverso de w = (a, b) −b a , w−1 = a2 + b2 a2 + b2 pode ser escrito como a −b w−1 = , |w|2 |w|2 Ou ainda 1 ( a, −b) w−1 = |w|2
(1.11)
Proposi¸ c˜ ao 5. Sejam w1 = (a, b) e w2 = (c, d) nne e k1 > 0, k2 > 0 n´ umeros reais, ent˜ ao (k1 a, k1 b) · (k2 c, k2 d) = k1 k2 (a, b) · (c, d) Prova: (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Vamos demonstrar a u ´ ltima possibilidade acima, as demais ficam como exerc´ıcio. 4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| o produto
(k a, k b) · (k c, k d) | 1 {z 1 } | 2 {z 2 } (a, b)
fica
assim∗
(c, d)
(k1 a, k1 b) · (k2 c, k2 d) = (k1 a) (k2 c) − (k1 b) (k2 d) sign (a c), |k1 a| k2 d + k1 b |k2 c|
usando a pne (p. 38), temos
(k1 a, k1 b) · (k2 c, k2 d) = k1 k2 (a, b) · (c, d) ∗
sign (k λ) = sign (λ), se k > 0.
53
Conjugado da soma e do produto Teorema 4. Se w1 = (a, b) e w2 = (c, d) s˜ ao nne, ent˜ao (I)
w1 + w2 = w1 + w2
(II)
w1 · w2 = w1 · w2
Prova: (I) w1 + w2 = (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d), ent˜ao w1 + w2 = a + c, −(b + d)
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w1 + w2 = (a, −b) + (c, −d) = w1 + w2 (II) Devemos provar que (a, b) · (c, d) = (a, b) · (c, d) isto ´e (a, b) · (c, d) = (a, −b) · (c, −d) Vejamos as quatro possibilidades: (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
1 a ) a = 0, c = 0. (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) neste caso devemos provar que (0, b) · (0, d) = (0, −b) · (0, −d) temos (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) ⇒ (0, b) · (0, d) = (−b d, 0) = (0, −b) · (0, −d) Um n´ umero real ´e igual ao seu conjugado.
54
2 a ) a 6= 0, c = 0. Neste caso temos
(a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d Devemos provar que
(1.12)
(a, b) · (0, d) = (a, b) · (0, d) = (a, −b) · (0, −d)
(1.13)
Tomando o conjugado do produto (1.12)
(a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d
= − b d sign (a), −|a| d Considerando o lado direito de (1.13), temos (a, −b) · (0, −d) = − b d sign (a), |a| d | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
= − (−b) (−d) sign (a), |a| (−d) = − b d sign (a), −|a| d
o que coincide com o conjugado do produto dado em (1.12).
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
3 a ) a = 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| Devemos provar que
(a, b) · (c, d) = (0, b) · (c, d) = (0, −b) · (c, −d) Tomando o conjugado do produto (1.14) (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c|
= − b d sign (c), −b |c| 55
(1.14)
(1.15)
Considerando o lado direito de (1.15), temos (0, −b) · (c, −d) = − b d sign (c), b |c| | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
= − (−b) (−d) sign (c), −b |c| = − b d sign (c), −b |c|
o que coincide com o conjugado do produto dado em (1.14).
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos
(1.16)
(a, b) · (c, d) = (a, b) · (c, d) = (a, −b) · (c, −d)
(1.17)
(a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| Devemos provar que
Tomando o conjugado do produto (1.16) (a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c|
= a c − b d sign (a c), −|a| d − b |c| Considerando o lado direito de (1.17), temos (a, −b) · (c, −d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
= a c − (−b) (−d) sign (a c), |a| (−d) + (−b) |c| = a c − b d sign (a c), −|a| d − b |c|
o que coincide com o conjugado do produto dado em (1.16).
56
Defini¸ c˜ ao 6 (Argumento). Chama-se argumento de um nne w = (x, y), n˜ ao nulo, ao ˆ angulo θ tal que y x e sen θ = cos θ = r r Observe que existe ao menos um ˆangulo θ satisfazendo a defini¸c˜ao, pois y 2 x 2 + cos2 θ + sen 2 θ = r r
x2 + y 2 = 1. r2 Fixado o nne w 6= 0, est˜ ao fixados cos θ e sen θ, mas o ˆangulo θ pode assumir infinitos valores, congruentes dois a dois. Assim o nne w 6= 0 tem argumento θ = θ0 + 2 k π; k ∈ Z =
onde θ0 ´e chamado argumento principal de w, ´e tal que x y cos θ0 = , sen θ0 = . r r e 0 ≤ θ0 < 2π.
(1.18)
Por vezes trabalharemos com θ0 chamando-o simplesmente argumento de w. Exemplos: 1o ) Para w =
√
q√ √ 3 + j = ( 3, 1), temos r = ( 3)2 + 12 = 2, ent˜ao √ x 3 cos θ0 = = r 2 sen θ0
=
y 1 = r 2
Tendo em conta (1.18), resulta π π ⇒ θ = + 2kπ θ0 = 6 6 √ 2o ) Para w = (0, 1), temos r = 02 + 12 = 1, ent˜ao x 0 cos θ0 = r = 1 = 0 sen θ
0
=
1 y = r 1
57
Sendo assim, temos cos θ0 = 0 ⇒
sen θ0 = 1 Temos θ=
θ0 =
π 2
π + 2kπ 2
Dado um n´ umero nne w = (x, y), n˜ ao nulo, temos w = (r cos θ0 , r sen θ0 ) Sendo r > 0, podemos reescrever w = r (cos θ0 , sen θ0 ) chamada forma trigonom´ etrica canˆ onica de w. Tendo em conta a forma alg´ebrica
(p. 42)
w = (x, y) = x + y j podemos escrever
w = (r cos θ0 , r sen θ0 ) = r (cos θ0 + sen θ0 j) y
+ 0 ≤ θ0 < 2π
−
+ 0
x
−
• sinal do seno
58
Plano de Argand-Gauss Podemos representar graficamente um nne w = (x, y), no assim chamado plano de Argand-Gauss, do seguinte modo: Y
y
P r θ0 x
O
X
Note que a distˆ ancia entre w = (x, y) e O = (0, 0) ´e o m´ odulo de w: p |w| = x2 + y 2 = r
Nomenclatura:
XOY = plano de Argand-Gauss; OX = eixo real; OY = eixo hiperimagin´ario; P = afixo de w.
Transforma¸ c˜ ao de coordenadas As calculadoras cient´ıficas trazem as transforma¸c˜oes de coordenadas retangular para polar (e vice-versa). Estas transforma¸c˜oes podem ser aplicadas ao plano dos nne:
(x, y)
p
y
0
r )θ
p
x
(r, θ) → (x, y) x = r cos θ y
= r sen θ
59
(x, y) → (r, θ) −1 (x/r) θ = cos r
=
p
x2 + y 2
Programa para transformar coordenadas retangulares em polares Vamos escrever um programa computacional para transformar um nne das coordenadas retangulares para polares. Antes precisamos rever um pouco das fun¸c˜oes trigonom´etricas inversas. 1 ) y = arc sen x = sen −1 x. O dom´ınio e contra-dom´ınio de f = sen −1 s˜ ao dados por π π f : [ −1, 1 ] −→ − , 2 2 Temos z π π z ⇒ β = sen −1 ∴ − ≤ β≤ . sen β = r r 2 2
2 ) y = arc cos x = cos−1 x. O dom´ınio e contra-dom´ınio de f = cos−1 s˜ ao dados por f : [ −1, 1 ] −→ [ 0, π ]
π 2
−1
arc sen x
1
π arc cos x
x
−1
− π2
60
0
1
x
Nas duas primeiras telas a seguir temos um programa que converte de retangular para polar.
Na tela da direita temos algumas simula¸c˜oes do programa. Para a execu¸c˜ao deste programa a calculadora dever´ a est´ a fixada no modo radiano, o ˆangulo de saida θ tamb´em estar´ a em radiano. Caso se queira a saida em graus devemos utilizar o programa a seguir
Na tela da direita temos algumas simula¸c˜oes do programa. Os programas a seguir fazem ao contr´ ario, convertem da forma polar para a forma retangular
Utilize o programa da esquerda quando o ˆangulo estiver em radiano; utilize o programa da tela do centro quando o ˆangulo estiver em graus. Na tela da direita fazemos duas simula¸c˜ oes de cada programa.
61
Multiplica¸c˜ ao na forma trigonom´ etrica Sejam w1 = r1 (cos θ1 , sen θ1 ) e w2 = r2 (cos θ2 , sen θ2 ). Temos w1 · w2 = (r1 cos θ1 , r1 sen θ1 ) · (r2 cos θ2 , r2 sen θ2 ) Utilizando a proposi¸c˜ ao 5 (p. 53), escrevemos w1 · w2 = r1 r2 (cos θ1 , sen θ1 ) · (cos θ2 , sen θ2 ) Considere w1 · w2 = r1 r2 (cos θ1 , sen θ1 ) · (cos θ2 , sen θ2 ) {z } | {z } | (a, b)
(c, d)
Vamos utilizar a tabela de sinais
(a = cos θ1 , c = cos θ2 )
a˙
−1
−1
−1
0
0
0
1
1
1
c˙
−1
0
1
−1
0
1
−1
0
1
a˙ · c˙
1
0
−1
0
0
0
−1
0
1
−→
−
+
+
+
−
−
+
−
−
(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) A f´ormula para multiplicar dois nne na forma trigonom´etrica fica assim w1 · w2 = r1 r2 (cos θ1 cos θ2 ∓ sen θ1 sen θ2 , | cos θ1 | sen θ2 + sen θ1 | cos θ2 |) F´ormula esta facilmente program´avel, como veremos. As seguintes identidades trigonom´etricas podem ser u ´ teis cos(θ1 ± θ2 ) = cos θ1 cos θ2 ∓ sen θ1 sen θ2 sen (θ1 ± θ2 ) = sen θ1 cos θ2 ± sen θ2 cos θ1
62
Utilizando a f´ormula
(a = cos θ1 , c = cos θ2 )
a˙
−1
−1
−1
0
0
0
1
1
1
c˙
−1
0
1
−1
0
1
−1
0
1
a˙ · c˙
1
0
−1
0
0
0
−1
0
1
−→
−
+
+
+
−
−
+
−
−
w1 · w2 = r1 r2 (cos θ1 cos θ2 ∓ sen θ1 sen θ2 , | cos θ1 | sen θ2 + sen θ1 | cos θ2 |) o programa a seguir multiplica dois nne na forma trigonom´etrica w1 = r1 (cos θ1 , sen θ1 ),
w2 = r2 (cos θ2 , sen θ2 )
63
Exemplo:
Multiplique os seguintes n´ umeros w1 = (1, 1)
na forma trigonom´etrica.
e
√ 2 3 w2 = 2, − 3
√ Solu¸ c˜ ao: Sejam w1 = (1, 1) e w2 = 2, − 2 3 3 . Temos
w1 =
√
w2 = 4
2 (cos 45o , sen 45o )
√
3 3
(cos 330o , sen 330o )
w1 =
√ 2 (cos π4 , sen π4 )
w2 = 4
√
3 3
(cos 116π , sen 116π )
Com a calculadora fixada no modo radiano, entramos no programa com os a ˆngulos em radianos, assim
A saida do programa estar´ a na forma cartesiana (tela esquerda); na tela do centro temos a saida na forma trigonom´etrica, em graus; na tela da direita temos a saida na forma trigonom´etrica, em radianos.
64
1.10
Exegese (geom´ etrica) da unidade j
Sabemos que dado um n´ umero complexo z, a interpreta¸c˜ao geom´etrica do produto i z ´e a de uma rota¸c˜ ao de 90o do complexo z − no sentido positivo, isto ´e anti-hor´ ario − . Pretendemos saber o que acontece, geometricamente, quando multiplicamos um nne w pela unidade hiperimagin´aria j. Inicialmente recordamos a f´ormula para rota¸c˜ao − de um ˆangulo θ − de um ponto (x, y) no plano: (x′ , y ′ ) = (x cos θ − y sen θ, x sen θ + y cos θ)
R
R
(1.19)
(x′ , y ′ ) = ?
Rθ
s
(x, y)
s(x, y) θ R
0
R
0
Desta f´ormula obtemos, R ( 90o ) = (x cos 90o − y sen 90o , x sen 90o + y cos 90o ) R ( −90o ) = (x cos 90o + y sen 90o , −x sen 90o + y cos 90o isto ´e R ( 90o ) = (−y, x)
(1.20)
R ( −90o ) = (y, −x)
(1.21)
e Seja w = (x, y) ∈ B, fa¸camos a multiplica¸c˜ao j (x, y) = (0, 1) · (x, y) consideremos j (x, y) = (0, 1) · (x, y) | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , 65
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Sendo assim, temos
(a, b) · (c, d) =
(−b d, 0),
se a = 0, c = 0;
− b d sign (c), b |c| , se a = 0, c 6= 0. j (x, y) = (0, 1) · (x, y) | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
na primeira possibilidade acima, temos
j (x, y) = (0, 1) · (0, y) = (−1 · y, 0) = (−y, 0) logo j (0, y) = (−y, 0)
(1.22)
na segunda possibilidade, temos j (x, y) = − b d sign (c), b |c|
= − 1 · y sign (x), 1 · |x| isto ´e j (x, y) = − y sign (x), |x| Temos duas possibilidades j (x, y) = Comparando com
(−y, x), se x > 0; (y, −x), se x < 0.
R ( 90o ) = (−y, x),
R ( −90o ) = (y, −x)
concluimos que pontos do lado direito do eixo oy s˜ ao rotacionados de 90o no sentido anti-hor´ ario, e que pontos do lado esquerdo do eixo oy s˜ ao rotao cionados de 90 no sentido hor´ ario. Tendo em conta (1.22), pontos sobre o eixo oy s˜ ao rotacionados de 90o no sentido anti-hor´ ario. Resumindo:
j (x, y) =
(−y, x),
se x ≥ 0;
(y, −x), se x < 0. 66
∴
R (90o ) = (−y, x) R (−90o ) = (y, −x)
1.11
Rota¸c˜ ao & Oscila¸c˜ ao
Considerando z = (x, y) um n´ umero complexo, vamos realizar a seguinte multiplica¸c˜ ao (x, y) · (cos θ, sen θ) (1.23) Lembramos da multiplica¸c˜ ao Complexa (a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c) Ent˜ao (x, y) · (cos θ, sen θ) = (x cos θ − y sen θ, x sen θ + y cos θ) Recordando a f´ormula da rota¸c˜ ao
(p. 65)
(x′ , y ′ ) = (x cos θ − y sen θ, x sen θ + y cos θ) vemos que a interpreta¸c˜ ao geom´etrica da multiplica¸c˜ao (1.23) ´e a de uma uma rota¸c˜ ao do ponto z de um ˆ angulo θ − sentido anti-hor´ ario. Agora consideremos o produto
(x, y) · (cos θ, sen θ) nos nne e vejamos que interpreta¸ca˜o geom´etrica podemos dar. Consideremos (x, y) · (cos θ, sen θ) | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
1 a ) a = 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) Ent˜ao (x, y) · (cos θ, sen θ) = (−y sen θ, 0) isto vale para x = 0 e cos θ = 0. Ao final faremos um resumo de tudo. 67
(x, y) · (cos θ, sen θ) {z } | {z } | (a, b)
(c, d)
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
2 a ) a 6= 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d Ent˜ ao
(x, y) · (cos θ, sen θ) = (−y sen θ sign (x), |x| sen θ)
3 a ) a = 0, c 6= 0. Neste caso temos
(a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| Ent˜ ao
(x, y) · (cos θ, sen θ) = (−y sen θ sign (cos θ), y | cos θ|)
4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos
(a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| Ent˜ ao
(x, y) · (cos θ, sen θ) = x cos θ − y sen θ sign (x cos θ), |x| sen θ + y | cos θ| Resumindo o produto (x, y) · (cos θ, sen θ), temos (−y sen θ, 0), (−y sen θ sign (x), |x| sen θ),
x = 0, cos θ = 0; x 6= 0, cos θ = 0;
(−y sen θ sign (cos θ), y | cos θ|), x = 0, cos θ = 6 0; x cos θ − y sen θ sign (x cos θ), |x| sen θ + y | cos θ| , x = 6 0, cos θ = 6 0.
Podemos simplificar o quadro acima considerando cos θ = 0
⇒
θ=
π + 2kπ 2 68
ou
θ=−
π + 2kπ 2
Temos
(−y, 0),
⇒
(−y sen θ, 0)
(y, 0),
e (−y sen θ sign (x), |x| sen θ)
θ=
π 2
+ 2 k π;
θ = − π2 + 2 k π
(−y sign (x), |x|),
⇒
(y sign (x), −|x|),
θ=
π 2
+ 2 k π;
θ = − π2 + 2 k π
Ent˜ao, para x = 0, o produto (x, y) · (cos θ, sen θ), fica π (−y, 0), θ = 2 + 2 k π; (0, y) · (cos θ, sen θ) = (y, 0), θ = − π2 + 2 k π para x 6= 0, o produto (x, y) · (cos θ, sen θ), fica (−y sign (x), |x|), (x, y) · (cos θ, sen θ) = (y sign (x), −|x|),
θ=
π 2
+ 2 k π;
θ = − π2 + 2 k π
para os demais casos, o produto (x, y) · (cos θ, sen θ), fica (−y sen θ sign (cos θ), y | cos θ|), x = 0, cos θ 6= 0; x cos θ − y sen θ sign (x cos θ), |x| sen θ + y | cos θ| , x 6= 0, cos θ 6= 0. Para efeitos de simplifica¸c˜ ao da an´ alise, vamos escolher um ˆangulo de rota¸c˜ao no primeiro quadrante, 0 < θ < π2 y
− −
+ 0
x
+
• sinal do cosseno
69
Neste caso o produto (x, y) · (cos θ, sen θ), fica (−y sen θ, y cos θ),
x = 0;
x cos θ − y sen θ sign (x), |x| sen θ + y cos θ , x 6= 0.
Ou ainda
(−y sen θ, y cos θ), x = 0; x cos θ − y sen θ, x sen θ + y cos θ , x > 0; x cos θ + y sen θ, −x sen θ + y cos θ , x < 0.
Lembramos da multiplica¸c˜ao nos complexos
(x′ , y ′ ) = (x cos θ − y sen θ, x sen θ + y cos θ) portanto, para pontos no semiplano x > 0, a multiplica¸c˜ao dos nne ´e a mesma nos complexos, ou seja, a de uma rota¸c˜ao de θ no sentido antihor´ ario. Vamos substituir na f´ormula de rota¸c˜ao acima θ por −θ, assim (x′ , y ′ ) = x cos(−θ) − y sen (−θ), x sen (−θ) + y cos(−θ)
simplificando
(x′ , y ′ ) = x cos θ + y sen θ, −x sen θ + y cos θ
comparando com a multiplica¸c˜ao dos nne, concluimos que pontos no semiplano x < 0, s˜ ao rotacionados de θ no sentido negativo (hor´ ario).
y
y (x′ , y ′ )
(x′ , y ′ )
s (x, y)
(x, y) θ 0
s θ
x
0
x
Podemos combinar as rota¸c˜oes hor´ arias e anti-hor´ arias para gerar movimentos oscilat´ orios.
70
1.12
Potencia¸ c˜ ao
Defini¸ c˜ ao 7. Sejam w um nne e n um n´ umero natural. Potˆencia de base w n e expoente n ´e o n´ umero w tal que: ( w0 = 1; wn = wn−1 · w, ∀ n, n ≥ 1.
Desta defini¸c˜ ao decorre que: w1 = w0 · w = 1 · w w2 = w1 · w = w · w w3 = w2 · w = (w · w) · w w4 = w3 · w = (w · w) · w · w
Proposi¸ c˜ ao 6. A seguinte identidade ´e v´alida −1, se n ´e par; n j = j, se n ´e ´ımpar.
Prova: Indu¸c˜ ao sobre n. o 1 ) n par. Para n = 2 j´a mostramos que a proposi¸c˜ao ´e verdadeira. Suponhamos a validade da mesma para n = k, isto ´e, j k = −1. Mostremos que a proposi¸c˜ ao continua v´alida para o pr´ oximo par, n = k + 2: j k+2 = (j k · j) · j = (−1 · j) · j = j · j = j 2 = −1 2 o ) n ´ımpar. An´alogo.
Na tela a seguir temos um programa para calcular a potˆencia de um nne
Na tela da direita calculamos algumas potˆencias de j = (0, 1). 71
Lema 1. Seja w = (x, y) ∈ B, ent˜ao w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y )
(1.24)
Prova: Considere w2 = (x, y) · (x, y) | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
1 a ) a = 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) logo (0, y) · (0, y) = (−y · y, 0) o que prova (1.24). 2 a ) a 6= 0, c = 0. Este caso n˜ ao pode ocorer. 3 a ) a = 0, c 6= 0. Este caso n˜ ao pode ocorer. 4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| logo
(x, y) · (x, y) = x · x − y · y sign (x2 ), |x| y + y |x| simplificando w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y )
Vamos encontrar uma f´ormula para a terceira potˆencia de w = (x, y): w3 = w2 · w = (x2 − y 2 , 2 |x| y ) · (x, y) 72
Lema 2. Seja w = (x, y) ∈ B, ent˜ao w3 =
(−2 |x|3 sign (x), 2 x2 y),
se |x| = |y|;
(x2 − y 2 ) x − 2 |x| y 2 sign (x2 − y 2 ) x , |x2 − y 2 | y + 2 x2 y , se |x| 6= |y|.
Prova: Considere
w3 = (x2 − y 2 , 2 |x| y ) · (x, y) | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
1 a ) a = 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) Ent˜ao, x2 − y 2 = 0 e x = 0, logo y = 0; logo w3 = (0, 0) 2 a ) a 6= 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d Ent˜ao
w3 = (−2 |x| y y sign (x2 − y 2 ), |x2 − y 2 | y)
neste caso, x2 − y 2 6= 0 e x = 0, logo y 6= 0; temos w3 = (0, y 3 ) 3 a ) a = 0, c 6= 0. Neste caso temos
(a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| Ent˜ao
w3 = (−2 |x| y y sign (x), 2 |x| y |x|)
neste caso, x2 − y 2 = 0 e x 6= 0, logo |x| = |y| = 6 0; temos w3 = (−2 |x|3 sign (x), 2 x2 y) 73
4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| Temos x2 − y 2 6= 0 e x 6= 0; ent˜ao
w3 = (x2 − y 2 ) x − 2 |x| y y sign (x2 − y 2 ) x , |x2 − y 2 | y + 2 |x| y |x|
ou ainda
w3 = (x2 − y 2 ) x − 2 |x| y 2 sign (x2 − y 2 ) x , |x2 − y 2 | y + 2 x2 y
Resumindo
w3 =
(0, 0), (0, y 3 ),
(−2 |x|3 sign (x), 2 x2 y), (x2 − y 2 ) x − 2 |x| y 2 sign (x2 − y 2 ) x , |x2 − y 2 | y + 2 x2 y ,
se x = 0,
y = 0;
se x = 0,
y 6= 0;
se |x| = |y| = 6 0; se x2 − y 2 6= 0, x 6= 0.
Acho que podemos simplificar um pouco mais, assim w3 =
(−2 |x|3 sign (x), 2 x2 y),
se |x| = |y|;
(x2 − y 2 ) x − 2 |x| y 2 sign (x2 − y 2 ) x , |x2 − y 2 | y + 2 x2 y ,
se |x| 6= |y|.
Observe que a ordenada de w3 acima e a de w2 a seguir w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) est˜ ao no semiplano y ≥ 0 ou y ≤ 0; vamos provar que estes semiplanos s˜ ao fechados para a opera¸c˜ ao potencia¸c˜ao, geometricamente y
y
w
wn 0
ր y≥0
x
0
wn
y≤0 ւ
x
w
De outro modo: as sucessivas potˆencias de w = (x, y) n˜ ao atravessam de uma faixa para a outra. 74
Proposi¸ c˜ ao 7. Seja w = (x, y) ∈ B e wn = (x′ , y ′ ), temos se y ≥ 0
ent˜ao
y ′ ≥ 0.
Prova: Indu¸c˜ ao sobre n. Para n = 2 a proposi¸c˜ao decorre da f´ormula w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) Suponhamos a proposi¸c˜ ao verdadeira para n = k. Isto ´e wk = (a, b), temos b ≥ 0
(hip´ otese de indu¸c˜ao)
E mostremos que vale para n = k + 1. Isto ´e, wk+1 = (e, f ) ⇒ f ≥ 0
(tese de indu¸c˜ao)
Com efeito, temos wk+1 = wk · w = (a, b) · (x, y) considere wk+1 = (a, b) · (x, y) | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
(−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
1 a ) a = 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) a tese ´e imediata. 2 a ) a 6= 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d
(a, b) · (0, y) = − b y sign (a), |a| y
Temos como y ≥ 0, temos |a| y ≥ 0. 75
3 a ) a = 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c|
(0, b) · (c, d) = − b y sign (c), b |c|
Temos
como, por hip´ otese de indu¸c˜ao, b ≥ 0, resulta f = b |c| ≥ 0. 4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| Considerando a conven¸c˜ao wk+1 = (a, b) · (x, y) = (e, f ) | {z } | {z } (a, b)
temos
(c, d)
(a, b) · (c, d) = a x − b y sign (a x), |a| y + b |x|
como, por hip´ otese, y ≥ 0 e b ≥ 0, resulta f = |a| y + b |x| ≥ 0. O caso y ≤ 0 ´e provado de modo semelhante, fica como exerc´ıcio. Na tela a seguir programamos a equa¸c˜ao w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y )
76
1.12.1
Potencia¸c˜ ao na forma trigonom´ etrica
Considere w = r (cos θ, sen θ ) e seja w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) temos w2 = r 2 (cos2 θ − sen 2 θ, 2 | cos θ| sen θ) Utilizando a identidade trigonom´etrica cos 2 θ = cos2 θ − sen 2 θ resulta w2 = r 2 (cos 2 θ, 2 | cos θ| sen θ) Sendo assim, temos w2 =
r 2 (cos 2 θ, sen 2 θ),
r 2 (cos 2 θ, − sen 2 θ),
se cos θ ≥ 0; se cos θ < 0.
Na p´ agina 62 utilizando a tabela de sinais
(a = cos θ1 , c = cos θ2 )
a˙
−1
−1
−1
0
0
0
1
1
1
c˙
−1
0
1
−1
0
1
−1
0
1
a˙ · c˙
1
0
−1
0
0
0
−1
0
1
−→
−
+
+
+
−
−
+
−
−
w1 · w2 = r1 r2 (cos θ1 cos θ2 ∓ sen θ1 sen θ2 , | cos θ1 | sen θ2 + sen θ1 | cos θ2 |) estabelecemos a f´ormula acima para a multiplica¸c˜ao dos nne w1 = r1 (cos θ1 , sen θ1 )
e
w2 = r2 (cos θ2 , sen θ2 )
Tomando w1 = w2 = w = r (cos θ, sen θ ), neste caso a = c = cos θ e a˙ = c, ˙ devemos olhar para as trˆes colunas em destaque na tabela de sinais, ent˜ao w · w = r · r (cos θ cos θ − sen θ sen θ, | cos θ| sen θ + sen θ | cos θ|) simplificando w2 = r 2 (cos2 θ − sen 2 θ, 2 | cos θ| sen θ) que ´e o mesmo resultado obtido anteriormente. 77
Exemplo: √ a) Sejam w1 = (1, 1) e w2 = 2, − 2 3 3 . Temos
w1 =
√
w2 = 4
2 (cos 45o , sen 45o )
√
3 3
(cos 330o , sen 330o )
w1 =
√ 2 (cos π4 , sen π4 )
w2 = 4
√
3 3
(cos 116π , sen 116π )
O programa a seguir utiliza a tabela de sinais (p. 77) para multiplicar dois nne na forma trigonom´etrica
A seguir multiplicamos os dois nne do exemplo a) dado acima
a saida estar´ a na forma cartesiana, na tela da direita convertemos para a forma trigonom´etrica. Podemos utilizar o programa anterior para o c´alculo de potˆencias na forma trigonom´etrica.
78
1.13
Radicia¸c˜ ao
Defini¸ c˜ ao 8. Dado um nne w, chama-se raiz en´esima de w, e denota-se, √ n w, a um nne wk tal que wkn = w. Temos √ n
w = wk ⇐⇒ wkn = w
Exemplos: Calcular a)
√
1
b)
√
−1
c)
√
j
d)
√ 1+j
e)
√
−1 + j
Solu¸ c˜ ao: a) Devemos resolver a seguinte equa¸c˜ao √ 1 = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = 1 Podemos nos valer do lema 1 (p. 72), assim w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = (1, 0) Temos
( x2 − y 2 2 |x| y
=1 =0
Da segunda equa¸c˜ ao inferimos que x = 0 ou y = 0, da primeira inferimos que x 6= 0, logo y = 0, no que resulta x = ± 1. Portanto, s˜ ao em n´ umero de duas as ra´ızes quadradas de 1: √ √ 1 = (1, 0) ⇒ 1 = 1. √ √ 1 = (−1, 0) ⇒ 1 = −1. b) Por defini¸c˜ ao de raiz quadrada, temos √ −1 = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = −1. Ou ainda w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = (−1, 0) Temos
x2 − y 2 2 |x| y
79
= −1 =0
Da segunda equa¸c˜ ao inferimos que x = 0 ou y = 0, da primeira inferimos que y 6= 0, logo x = 0, no que resulta y = ± 1. Portanto, s˜ ao em n´ umero de duas as ra´ızes quadradas de -1: √ √ −1 = (0, 1) ⇒ −1 = j. √ √ −1 = (0, −1) ⇒ −1 = −j. c)
√
j =?. Temos p
Ou ainda,
j = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = j.
w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = (0, 1) Temos
( x2 − y 2 2 |x| y
=0 =1
Da primeira equa¸c˜ ao inferimos que |x| = |y|. Este resultado na segunda equa¸√ c˜ ao nos fornece: 2√|y| y = 1. Desta equa¸c˜ao concluimos que y > 0, logo, ao, x = ± 22 . Portanto y = 22 ; ent˜
√
j=
√
j=
√
2 2 ,
−
√
2 2
√
2 2 ,
√
2 2
Na tela acima confirmamos as duas ra´ızes de j = (0, 1). Nos complexos (para efeito de compara¸c˜ao) temos √ i= Em resumo
√ √
√
2 2 ,
j = ±1· i = ±1 ·
√
2 2
,
√
√
√
√
√ 2 2
2 2 ,
2 2 ,
2 2
80
i=
−
6= ±
=±
√
2 2 ,
−
√ 2 2
√ √ 2 2 , 2 2 √
2 2 ,
√
2 2
,
d)
√
1 + j. Temos p
1 + j = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = 1 + j.
− A bem da verdade vamos obter uma f´ormula (algoritmo) para extra¸c˜ao de ra´ızes quadradas em B, assim: p (a, b) = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = (a, b). (1.25) Temos
( x2 − y 2 2 |x| y
=a
(1.26)
=b
Vamos resolver este sistema supondo b 6= 0 (um nne puro); sendo assim, da segunda equa¸c˜ ao concluimos que x e y s˜ ao n˜ ao nulos. Tirando |x| na segunda equa¸c˜ ao e substituindo na primeira, obtemos: b2 − y2 = a 4y 2
4y 4 + 4ay 2 − b2 = 0
⇒
Fa¸camos y 2 = z, para obter a equa¸c˜ao auxiliar 4z 2 +4az−b2 = 0. Resolvendo esta equa¸c˜ ao, obtemos: √ √ −a + a2 +b2 (∗) 2 2 2 −a ± a + b = z= √ −a − a2 +b2 2 (∗∗) 2
A express˜ ao (∗) ´e sempre maior ou igual a zero, de sorte que: s √ −a + a2 + b2 2 y =z ⇒ y=± 2
(1.27)
Por outro lado, 2 |x| y = b
⇒
|x| =
b 2y
⇒
x=±
b 1 2y
De sorte que, para cada valor de y dado em (1.27) temos dois valores para x (opostos, sim´etricos). Invertendo y em (1.27) e racionalizando, obtemos: √ q p 1 2 =± · a 2 + b2 + a y |b| Sendo assim, as poss´ıveis ra´ızes s˜ ao dadas por: p√ √ p√ 2 b 2 + b2 + a , 2 + b2 − a a a 2 |b| p√ √ p√ 2 b 2 + b2 + a , − 2 + b2 − a a a − 2 |b| p√ p√ √ 2 b 2 + b2 + a , 2 + b2 − a a a − 2 |b| p √ p 2 b √a2 + b2 + a , − √a2 + b2 − a 2
|b|
81
(1.28)
Nota: Nem sempre os quatro n´ umeros acima s˜ ao ra´ızes quadradas de (a, b), precisamos substituir em (1.25) para decidir. Por exemplo √ 1 + j = ±1 ·
√
2 2
p√
2 + 1,
p√
2−1
6= ±
√
2 2
p√
2 + 1,
Para efeito de compara¸c˜ao, nos Complexos temos: √
1 + i = ±1 ·
√
2 2
Temos ainda
p√
√
2 + 1,
j = ±1 ·
p√
2−1
√ p√ p√ p√ 2 − 1 = ± 22 2 + 1, 2−1 √
2 2 ,
√
2 2
6= ±
Para efeito de compara¸c˜ao, temos: √ √ √ i = ±1 · 22 , 22 = ±
√ √ 2 2 , 2 2
√
2 2 ,
√
2 2
Vejamos quando a segunda equa¸c˜ao em (1.28) ´e uma raiz quadrada de (a, b). Seja: √ q 2 −b p 2 a + b2 + a x= 2 |b| √ q − 2 p 2 y= a + b2 − a 2
x e y devem satisfazer as duas equa¸c˜oes em (1.26), por exemplo
√
2 −b qp
−√2 qp
2 |x| y = 2
a 2 + b2 + a · a2 + b2 − a
2 |b|
2 =−
qp
a2
+
b2
+a·
qp
a2 + b2 − a = −|b|
A primeira equa¸c˜ ao, em (1.26), ´e satisfeita (exerc´ıcio); donde concluimos que a segunda equa¸c˜ ao em (1.28) ´e uma raiz quadrada de (a, b) quando |b| = −b, isto ´e, quando b < 0. Obviamente que a mesma conclus˜ao vale para a u ´ ltima equa¸c˜ao em (1.28). Uma an´ alise semelhante vale para a primeira e terceira equa¸c˜oes em (1.28), de sorte que podemos escrever: p√ √ p√ a 2 + b2 + a , a 2 + b2 − a , se b > 0; ± 1 · 22 p (a, b) = p√ √ p√ 2 + b2 − a , 2 + b2 + a , − ± 1 · 2 a a se b < 0. 2 82
O programa a seguir (duas primeiras telas) sai com as ra´ızes quadradas de um nne w = (a, b) (b 6= 0):
Na tela da direita temos as ra´ızes quadradas de j = (0, 1) e 1 + j = (1, 1). Temos, pela calculadora p √ √ p √ √ ! p 1+ 2· 2 −1 + 2 · 2 , 1+j = 2 2
e
p
1+j =
−
p
1+
√ 2
2·
√
2
,
p
√ √ ! −1 + 2 · 2 2
Compare com o resultado calculado a` m˜ ao: √ q q p √ √ 2 1 + j = ±1 · 2 + 1, 2−1 2
Na tela a seguir pedimos para a calculadora fatorar as ra´ızes quadradas de 1 + j = (1, 1)
obtivemos a tela da direita.
83
Ra´ızes quadradas nos Complexos Vamos deduzir uma f´ormula para extra¸c˜ao de raizes quadradas nos complexos. Temos: p (a, b) = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = (a, b). (1.29) Sendo (x, y)2 = (x2 − y 2 , 2xy), devemos resolver o seguinte sistema: ( x2 − y 2 = a (1.30) 2xy =b
Vamos resolver este sistema supondo b 6= 0 (um complexo puro); sendo assim, da segunda equa¸c˜ao concluimos que x e y s˜ ao n˜ ao nulos. Tirando x na segunda equa¸c˜ ao e substituindo na primeira, como antes, obtemos: s √ √ q −a + a2 + b2 2 p 2 a + b2 − a =± y=± (1.31) 2 2 Por outro lado, 2xy = b
⇒
x=
b 2y
∴
x=
b 1 2y
Invertendo y em (1.31) e racionalizando, obtemos: √ q p 2 1 a 2 + b2 + a =± · y |b| Sendo assim, as duas ra´ızes s˜ ao dadas por: p√ p√ √ 2 b 2 + b2 + a , 2 + b2 − a a a 2 |b| p√ √ p√ 2 b 2 + b2 + a , − 2 + b2 − a a a − |b| 2
Ou ainda:
p
(a, b) =
± 1 · ±1 ·
√
2 2
√
2 2
p√ p√ a 2 + b2 + a , a 2 + b2 − a ,
−
p√
a 2 + b2 + a ,
84
p√
a 2 + b2 − a ,
se b > 0; se b < 0.
Adendo: Problemas com solu¸ c˜ ao em B e n˜ ao em C Vimos anteriormente que √ √ p√ p√ p√ p√ √ 1 + j = ±1 · 22 2 + 1, 2 − 1 6= ± 22 2 + 1, 2−1 Para efeito de compara¸c˜ ao, nos Complexos temos:
√
1 + i = ±1 ·
p√
√
2 2
ou ainda p p
e
√ √
2 + 1,
p√
2−1
=±
p√
√
2 2
2 + 1,
√ q q √ √ 2 1+j = 2 + 1, 2−1 2 √ 2 1+j = 2 √
2 1+i= 2 √
2 1+i= 2
− q −
q
√
√
2 + 1,
2 + 1,
q
√
q
q
√
√
2−1
2−1
2 + 1, −
q √
p√
2−1
(1.32)
2−1
Observamos que a raiz dada em (1.32) s´ o comparece em B, isto nos permite elaborar uma quest˜ ao com solu¸c˜ao nos B mas n˜ ao nos complexos. De fato, tendo em conta p 1 + j = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = 1 + j
por exemplo, temos o seguinte desafio: Encontre o n´ umero z = (x, y) satisfazendo as condi¸c˜ oes∗ ( z2 = 1 + i sign (x) 6= sign (y)
N˜ao existe solu¸c˜ ao nos complexos. Agora, encontre o n´ umero w = (x, y) satisfazendo as condi¸c˜ oes ( w2 = 1 + j sign (x) 6= sign (y)
possui solu¸c˜ ao nos nne. As solu¸c˜ oes complexas est˜ ao no primeiro e terceiro quadrantes, as solu¸c˜oes nos nne no primeiro e segundo quadrantes. Muitos outros desafios, nesta linha, podem ser elaborados. ∗
sinal de x ´e diferente do sinal de y.
85
1.14
Apˆ endice
Imers˜ ao de B-2D e C em B-3D Seja R o sistema dos n´ umeros reais. Consideremos o produto cartesiano R × R × R = R3 : R3 = (x, y, z) : x, y, z ∈ R
Vamos tomar dois elementos, (a1 , b1 , c1 ) e (a2 , b2 , c2 ), de R3 , para dar trˆes defini¸c˜ oes: ( i ) Igualdade: dois ternos ordenados s˜ ao iguais se, e somente se, ocorre o seguinte: (a1 , b1 , c1 ) = (a2 , b2 , c2 ) ⇔ a1 = a2 , b1 = b2 , e c1 = c2 . ( ii ) Adi¸c˜ ao: chama-se adi¸c˜ao de dois ternos ordenados a um novo terno ordenado, obtido da seguinte forma: (a1 , b1 , c1 ) + (a2 , b2 , c2 ) = (a1 + a2 , b1 + b2 , c1 + c2 ) ao: chama-se multiplica¸c˜ao de dois ternos ordenados ( iii ) Multiplica¸c˜ (a1 , b1 , c1 ) · (a2 , b2 , c2 ) a um novo terno ordenado, obtido da seguinte forma:
(−c1 · c2 , 0, 0), − c1 · c2 · a2 , − c1 · c2 · b2 , c · r , 1 2 r2 r2
se r1 = 0 e r2 = 0 (D1 ) se r1 = 0 e r2 6= 0 (D2 )
c ·c ·a c1 · c2 · b1 1 2 1 , , − , c · r − 2 1 r1 r1 (a · a − b · b ) γ, (a · b + a · b ) γ, c · r + c · r , 1 2 1 2 1 2 2 1 1 2 2 1
Onde r1 =
q
a21 + b21 , r2 =
q
a22 + b22
e
se r1 6= 0 e r2 = 0 (D3 ) se r1 6= 0 e r2 6= 0 (D4 )
γ =1−
c1 · c2 r1 · r2
Nota: Este sistema foi desenvolvido em um outro livro nosso, ver referˆencia [1].
86
Esta defini¸c˜ ao generaliza tanto os nne quanto os n´ umeros complexos ao espa¸co R3 − al´em dos pr´ oprios reais. Do seguinte modo:
R: x −→ (x, 0, 0) C : (x, y) −→ (x, y, 0) B-2D : (x, y) −→ (x, 0, y) Geometricamente
z
← B-2D
B-3D
C y
R
x
A prova ´e dada a seguir.
87
− Imers˜ ao de C
˜ de B-3D formada pelos ternos ordenados Consideremos a subestrutura C cujo terceiro termo ´e zero: ˜= C
(a, b, c) ∈ R3 : c = 0
˜ que leva cada (x, y) ∈ C ao Consideremos agora a aplica¸c˜ao f , de C em C, ˜ tipo assim: terno (x, y, 0) ∈ C, B-3D f
C
˜ C
(a1 , b1 )
(a1 , b1 , 0)
(a2 , b2 )
(a2 , b2 , 0)
(a1 + a2 , b1 + b2 )
(a1 + a2 , b1 + b2 , 0)
(a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 )
f: C (x, y)
(a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 , 0)
˜ C (x, y, 0)
Primeiramente notemos que f ´e bijetora, porquanto: ˜ ´e o correspondente, segundo f , de (x, y) ∈ C ( i ) todo terno (x, y, 0) ∈ C (isto quer dizer que f ´e sobrejetora); ( ii ) Dados (x, y) ∈ C e (x′ , y ′ ) ∈ C, com (x, y) 6= (x′ , y ′ ) os seus correspon˜ e (x′ , y ′ , 0) ∈ C ˜ s˜ dentes (x, y, 0) ∈ C ao distintos, de acordo com a defini¸c˜ao de igualdade de ternos ordenados (isto quer dizer que f ´e injetora). Em segundo lugar, notemos que f preserva as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao e multiplica¸c˜ ao pois f (a1 , b1 ) + (a2 , b2 ) = f (a1 + a2 , b1 + b2 ) = (a1 + a2 , b1 + b2 , 0) = (a1 , b1 , 0) + (a2 , b2 , 0) = f (a1 , b1 )) + f (a2 , b2 )
No que concerne ` a multiplica¸c˜ao, temos
f (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = f (a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 ) = (a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 , 0) 88
Observe que (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) est´ a em C e como tal verifica a regra de multiplica¸c˜ ao de C, isto ´e: (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = (a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 ) Por outro lado, (a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 , 0) est´ a em B-3D, obedecendo, portanto, as regras operacionais deste sistema. Devemos mostrar que (a1 ·a2 −b1 ·b2 , a1 ·b2 +a2 ·b1 , 0) = (a1 , b1 , 0)·(a2 , b2 , 0) = f (a1 , b1 ) ·f (a2 , b2 )
Para efetuar o produto (a1 , b1 , 0) · (a2 , b2 , 0) temos que analisar quatro alternativas, em cada uma delas devemos ter: f (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = f (a1 , b1 ) · f (a2 , b2 )
Vamos provar para a alternativa (D4 ) (r1 6= 0 e r2 6= 0), pois para as demais se prova de modo an´ alogo. Temos
(a1 , b1 , 0) · (a2 , b2 , 0) = (a1 · a2 − b1 · b2 ) · 1, (a1 · b2 + a2 · b1 ) · 1, 0 · r2 + 0 · r1 = (a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 , 0) Sendo assim (a1 ·a2 −b1 ·b2 , a1 ·b2 +a2 ·b1 , 0) = (a1 , b1 , 0)·(a2 , b2 , 0) = f (a1 , b1 ) ·f (a2 , b2 ) . ˜ que preserva as opeDevido ao fato de existir uma aplica¸c˜ao f : C → C ˜ s˜ ra¸c˜oes de adi¸c˜ ao e multiplica¸c˜ ao, dizemos que C e C ao isomorfos.
Devido ao isomorfismo, operar com (x, y, 0) leva a resultados an´ alogos aos obtidos operando com (x, y); em raz˜ ao disto faremos a identifica¸c˜ao (x, y) = (x, y, 0), ∀ (x, y) ∈ C Em particular, pela teoria dos n´ umeros complexos, podemos escrever ainda x = (x, 0) = (x, 0, 0), ∀ x ∈ R Aceita estas igualdades, temos em particular que 0 = (0, 0) = (0, 0, 0), 1 = (1, 0) = (1, 0, 0), a = (a, 0) = (a, 0, 0) Assim o corpo C dos n´ umeros complexos passa a ser considerado uma subestrutura do sistema B-3D dos nne tridimensionais.
89
− Imers˜ ao de B-2D
˜ de B-3D formada pelos ternos ordenados Consideremos a subestrutura B cujo segundo termo ´e zero: ˜ = (a, b, c) ∈ R3 : b = 0 B
˜ ´e fechado para as opera¸c˜oes de soma e multiplicaVamos mostrar que B ˜ ent˜ao, ¸c˜ ao. De fato, sejam (a1 , 0, c1 ) e (a2 , 0, c2 ) dois pontos em B, ˜ (a1 , 0, c1 ) + (a2 , 0, c2 ) = (a1 + a2 , 0, c1 + c2 ) ∈ B Por outro lado, calculando o produto
(p. 15)
(a1 , b1 , c1 ) · (a2 , b2 , c2 ) = a1 , 0, c1 ) · (a2 , 0, c2 em (−c1 · c2 , 0, 0), − c1 · c2 · a2 , − c1 · c2 · b2 , c · r , 1 2 r2 r2
se r1 = 0 e r2 = 0 (D1 ) se r1 = 0 e r2 6= 0 (D2 )
c ·c ·a c ·c ·b − 1 2 1 , − 1 2 1 , c2 · r1 , r1 r1 (a · a − b · b ) γ, (a · b + a · b ) γ, c · r + c · r , 1 2 1 2 1 2 2 1 1 2 2 1
Onde
r1 =
q
2
2
a1 + b1 , r2 =
q
2
2
a 2 + b2
e
se r1 6= 0 e r2 = 0 (D3 ) se r1 6= 0 e r2 6= 0 (D4 )
γ =1−
c1 · c2 r1 · r2
Resulta − c1 · c2 , 0, 0 , a − c1 · c2 2 , 0, c1 · |a2 | , |a2 |
se a1 = 0 e a2 = 0 se a1 = 0 e a2 6= 0
a − c1 · c2 1 , 0, c2 · |a1 | , |a1 | a ·a a1 · a2 − c1 · c2 1 2 , 0, c1 · |a2 | + c2 · |a1 | , |a1 | · |a2 | Onde
r1 = |a1 | , r2 = |a2 | e γ = 1 − ˜ Portanto, (a1 , 0, c1 ) · (a2 , 0, c2 ) ∈ B. 90
se a1 6= 0 e a2 = 0 se a1 6= 0 e a2 6= 0
c1 · c2 |a1 | · |a2 |
˜ que leva cada (x, y) ∈ Consideremos agora a aplica¸c˜ ao f , de B-2D em B, ˜ B-2D ao terno (x, 0, y) ∈ B, tipo assim: B-3D f
B-2D
˜ B
(a1 , b1 )
(a1 , 0, b1 )
(a2 , b2 )
(a2 , 0, b2 )
(a1 + a2 , b1 + b2 )
(a1 + a2 , 0, b1 + b2 )
(a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 )
f : B-2D (x, y)
(a1 · a2 − b1 · b2 , 0, a1 · b2 + a2 · b1 )
˜ B (x, 0, y)
Podemos mostrar que f ´e um isomorfismo. Devido ao fato de existir ˜ que preserva as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao e multiuma aplica¸c˜ ao f : B-2D → B ˜ s˜ plica¸c˜ao, dizemos que B-2D e B ao isomorfos. Devido ao isomorfismo, operar com (x, 0, y) leva a resultados an´ alogos aos obtidos operando com (x, y); em raz˜ ao disto podemos fazer a identifica¸c˜ao que se segue: (x, y) = (x, 0, y), ∀ (x, y) ∈ B-2D Em particular, pela teoria dos nne 2D, podemos escrever ainda x = (x, 0) = (x, 0, 0), ∀ x ∈ R Aceita estas igualdades, temos em particular que 0 = (0, 0) = (0, 0, 0), 1 = (1, 0) = (1, 0, 0), (0, 1) = (0, 0, 1) = j. Assim o sistema B-2D, dos n´ umeros nne bidimensionais, passa a ser considerado um subsistema do sistema B-3D dos nne tridimensionais. Em resumo, os n´ umeros B-3D generalizam, a um s´ o tempo, os n´ umeros complexos e os nne 2D.
91
Uma f´ ormula in´ edita “Gostei da sua f´ ormula” Carlos Gustavo T. de A. Moreira (Gugu/IMPA) Durante muitos anos − possivelmente s´eculos − os matem´ aticos estiveram ` a procura de uma f´ormula para a soma de potˆencias dos n´ umeros naturais, ningu´em teve ˆexito, coube a mim materializar essa aspira¸c˜ao. Teorema 5 (Gentil/1997). Sendo m um n´ umero natural arbitrariamente fixado, ´e v´alida a seguinte identidade:
m
1
m
+2
m
+3
Onde: a(m−j) =
+ ··· + n j X
k=0
m
m X n = a(m−j) j+1 j=0
j (−1) (1 − k + j)m k k
Prova: Ver referˆencia [2].
Vejamos um exemplo de aplica¸c˜ao desta f´ormula (m = 3): 13 + 23 + 33 + · · · + n3 =
3 X n a j + 1 (3−j) j=0
n n n n = a3 + a2 + a1 + a 1 2 3 4 0 Onde: a(3−j) =
j X k=0
j 3 (−1) (1 − k + j) ; k k
( j = 0, 1, 2, 3. )
Substituindo e simplificando chegamos a 13 + 23 + 33 + · · · + n3 =
n2 (n + 1)2 4
Nota: Com o uso da HP Prime a manipula¸c˜ao − num´erica ou alg´ebrica − desta f´ormula fica extremamente simplificada.
92
Cap´ıtulo
2
Equa¸c˜oes O Absoluto cont´em todo o experienci´ avel. Mas sem o experimentador eles s˜ ao como nada. Aquilo que faz a experiˆencia poss´ıvel ´e o Absoluto. Aquilo que a faz atual ´e o Ser. (Sri Nisargadatta Maharaj)
2.1
Introdu¸ c˜ ao
Neste cap´ıtulo vamos exibir mais algumas equa¸c˜oes sem solu¸c˜ao nos complexos mas com solu¸c˜ oes nos n´ umeros n~ ao euclidianos; ademais mostraremos que uma equa¸c˜ ao quadr´ atica nos nne pode ter at´e quatro ra´ızes, estabeleceremos uma “f´ormula de Bh´ askara” para a resolu¸c˜ao de uma equa¸c˜ao quadr´ atica em B-2D.
C
B-2D
Bhaskara em C
Bhaskara em B-2D
93
Exemplo: A seguinte equa¸c˜ao n˜ ao possui solu¸c˜ao nos Complexos
x + (−1) x x2 = −1 nos n´ umeros n~ ao euclidianos sim. Solu¸ c˜ ao: Inicialmente vamos proceder a uma mudan¸ca de nota¸c˜ao, assim:
w + (−1) w w2 = −1 onde procuramos w = (x, y) satisfazendo
(x, y) + (−1) · (x, y) (x, y)2 = −1
Pela propriedade n˜ ao euclidiana temos
(x, y) + (−1) · (x, y) = (x, y) + (−x, y) = (0, 2y) Logo, a equa¸c˜ ao proposta fica (0, 2y) · (x, y)2 = −1 Ent˜ ao, pelo lema 1 (p. 72) temos w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) portanto, devemos resolver a equa¸c˜ao (0, 2y) · ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = −1 Vejamos esta multiplica¸c˜ao assim (0, 2y) · ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = −1 | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
94
(p. 38)
Lembramos do produto nos n´ umeros n~ ao euclidianos (−b d, 0), − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| , a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,
se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.
Ent˜ao (0, 2y) · ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = −1 | {z } | {z } (a, b)
(c, d)
1 a ) a = 0, c = 0. Neste caso temos
(a, b) · (c, d) = (−b d, 0) Para |x| = |y|, temos (0, 2y) · ( 0, 2 |x| y ) = −1 | {z } | {z } (a, b)
Logo
(0, 2y) · ( 0, 2 |x| y ) = (−2 y · 2 |x| y, 0) = (−1, 0) | {z } | {z } (a, b)
donde
(c, d)
(c, d)
4 |x| y 2 = 1 utilizando |x| = |y|, resulta
|x|3 =
1 4
Aqui temos duas possibilidades: x3 = e
1 , 4
se
1 x3 = − , 4
Portanto x = ±
se r 3
x>0
x<0
1 1 = ±√ 3 4 4
95
Da igualdade |x| = |y| resultam as seguintes solu¸c˜oes da equa¸c˜ao proposta (x, y) =
1 1 √ √ , 3 4 34
(x, y) =
1 1 √ √ , − 3 3 4 4
(x, y) =
1 1 √ − √ , 3 4 34
(x, y) =
1 1 √ − √ , − 3 3 4 4
(2.1)
Vejamos a outra possibilidade 3 a ) a = 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| Ent˜ ao, a equa¸c˜ ao (0, 2y) · ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = −1 | {z } | {z } (a, b)
fica
(c, d)
− 2 y · 2 |x| y sign (x2 − y 2 ), 2 y |x2 − y 2 | = (−1, 0)
Daqui inferimos um absurdo, 0 = −1; esta possibilidade ´e descartada. Nas trˆes telas a seguir confirmamos a solu¸c˜ao (2.1) da equa¸c˜ao
x + (−1) x x2 = −1
96
Exemplo: A seguinte equa¸c˜ ao n˜ ao possui solu¸c˜ao nos Complexos 1 1 =− 2 4 x + (−1) x x
nos nne sim. Solu¸ c˜ ao: Inicialmente vamos proceder a uma mudan¸ca de nota¸c˜ao, assim: 1 1 =− 2 4 w + (−1) w w
onde procuramos w = (x, y) satisfazendo
1 1 =− 2 4 (x, y) + (−1) · (x, y) (x, y)
o denominador da fra¸c˜ ao obtemos do exemplo anterior (p. 95), vale ( −4 |x| y 2 , 0) Sendo assim a equa¸c˜ ao proposta se torna 1 1 =− 2 ( −4 |x| y , 0) 4 Lembrando do algoritmo para inverter o hiper w = (a, b) w−1 = Temos
a −b , a2 + b2 a2 + b2
a2 + b2 = −4 |x| y 2 logo 1 = ( −4 |x| y 2 , 0)
2
+ 02 = 16 x2 y 4
−4 |x| y 2 ,0 16 x2 y 4
Devemos resolver a equa¸c˜ ao
|x| y 2 = 1 utilizando |x| = |y| (p. 95), resulta |x|3 = 1 Aqui temos duas possibilidades: x3 = 1,
se
x>0
e x3 = −1,
se 97
x<0
Portanto x = ±1 Da igualdade |x| = |y| resultam as seguintes solu¸c˜oes da equa¸c˜ao proposta (x, y) = (1, 1) (x, y) = (−1, 1) (x, y) = (1, −1) (x, y) = (−1, −1) Por exemplo: x = (1, 1) = 1 + i n˜ ao ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao
1 x+(−1) x x2
= − 14
enquanto x = (1, 1) = 1 + j ´e solu¸c˜ao desta equa¸c˜ao. Exemplo: A equa¸c˜ ao quadr´ atica x2 − 2x + 2 = 0 possui as solu¸c˜ oes x = 1 + i e x = 1 − i, nos Complexos. Vamos resolver esta mesma equa¸c˜ ao nos nne. Solu¸ c˜ ao: Seja w = (x, y) com x, y ∈ R, vamos resolver a equa¸c˜ao w2 − 2w + 2 = 0 tendo em conta que w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) resulta ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) − 2(x, y) + 2 = 0 Logo, devemos resolver ( x2 − y 2 − 2x + 2, 2 |x| y − 2y) = 0 Temos o sistema
x2 − y 2 − 2x + 2 = 0
2 |x| y − 2y = 0 98
da segunda equa¸c˜ ao obtemos (|x| − 1) y = 0 Temos duas alternativas: 1 a ) y = 0. Na primeira equa¸c˜ ao do sistema resulta x2 − 2x + 2 = 0 esta equa¸c˜ ao n˜ ao possui solu¸c˜ ao real. 2 a ) y 6= 0. Neste caso devemos ter x = ±1. Na primeira equa¸c˜ao do sistema, resulta − y 2 − 2 (±1) + 3 = 0 Donde obtemos as seguintes solu¸c˜ oes (1, −1) √ (−1, − 5)
(1, 1), √ (−1, 5),
ou seja, al´em das solu¸c˜ oes complexas obtivemos duas outras. Plotando as respectivas solu¸c˜ oes temos
B−2D
C
y 1
y 1
q
q
x −1q
x −1q
q1
q1 q
q
• Solu¸ co ~es da equa¸ ca ~o X 2 − 2X + 2 = 0 99
A seguir confirmamos as respectivas solu¸c˜oes em ambos os sistemas C
B−2D
B−2D
Nota: Nos exemplos em que o n´ umero de solu¸c˜oes nos nne excede o n´ umero de solu¸c˜ oes nos complexos podemos elaborar problemas que n˜ ao tˆem solu¸c˜ao nos complexos, por exemplo Desafio: Resolva a seguinte equa¸c˜ao x2 − 2x + 2 = 0 com a condi¸c˜ ao |x| > 2.
Como um outro exemplo, ver p´ agina 114.
100
2.2
Resolu¸c˜ ao da equa¸ c˜ ao ax2 + bx + c = 0
Agora vamos resolver a equa¸c˜ ao quadr´ atica (mais geral) a x2 + b x + c = 0,
onde a, b, c ∈ R ; a 6= 0.
Solu¸ c˜ ao: Seja w = (x, y), com x, y ∈ R; devemos resolver a equa¸c˜ao a w2 + b w + c = 0
(2.2)
ou ainda a (x, y)2 + b (x, y) + c = 0 Sendo w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) temos a ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) + b (x, y) + c = 0 donde resulta o seguinte sistema a ( x2 − y 2 ) + b x + c = 0
2 a |x| y + b y = 0
Da segunda equa¸c˜ ao obtemos (2 a |x| + b) y = 0 Temos duas alternativas: 1 a ) y = 0. Na primeira equa¸c˜ ao do sistema resulta a x2 + b x + c = 0 Se ∆ = b2 − 4 a c ≥ 0, a equa¸c˜ ao (2.2) possui solu¸c˜ao, caso contr´ ario n˜ ao (com y = 0, bem entendido). 2 a ) y 6= 0. Neste caso devemos ter |x| =
−b 2a
(2.3)
Neste caso, s´ o existe solu¸c˜ ao se sign (a) 6= sign (b). Se for este o caso, substituindo na primeira equa¸c˜ ao do sistema, resulta −b 2 −b 2 a + c=0 −y +b ± 2a 2a Daqui derivamos duas equa¸c˜ oes 101
−b b2 2 + c=0 − y + b a 4 a2 2a 2 b b 2 a + c=0 − y + b 4 a2 2a
Simplificando
2 2 = −b − 4 a c = − ∆ y 4 a2 4 a2
2 y2 = 3 b + 4 a c = ∇ 4 a2 4 a2 respectivamente. Resumindo at´e aqui:
a w2 + b w + c = 0,
onde a, b, c ∈ R ; a 6= 0.
w = (x, y)
y=0 ! √ −b ± ∆ ,0 2a
∆≥0
⇒
w=
∆<0
⇒
w = (x, y), x 6∈ R
y 6= 0
e
sign (a) 6= sign (b)
i) x =
−b 2a
⇒
y2 = −
ii) x =
b 2a
⇒
y2 =
b2 − 4 a c ∆ =− 2 4a2 4a
3 b2 + 4 a c ∇ = 2 4a 4 a2
102
Na tabela da esquerda a seguir temos todas as combina¸c˜oes poss´ıveis quanto aos sinais de a, b e c da equa¸c˜ao a x2 + b x + c = 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
a −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1
b −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1 −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1 −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1
c −1 −1 −1 −1 −1 −1 −1 −1 −1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 3 4 6 7 9 10 12 13 15 16 18 19 21 22 24 25 27
a b −1 −1 1 −1 −1 0 1 0 −1 1 1 1 −1 −1 1 −1 −1 0 1 0 −1 1 1 1 −1 −1 1 −1 −1 0 1 0 −1 1 1 1
c −1 −1 −1 −1 −1 −1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1
3 6 9 12 15 18 21 24 27
a b 1 −1 1 0 1 1 1 −1 1 0 1 1 1 −1 1 0 1 1
c −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1
Na tabela do centro excluimos as combina¸c˜oes nas quais sign (a) = 0; na tabela da direita consideramos apenas as combina¸c˜oes nas quais sign (a) = 1; podemos fazer isto sem perda de generalidade. Nota: Lembramos da outra nota¸c˜ao para o sinal de uma vari´ avel, assim sign (a) = a˙ ou seja, encimamos a vari´ avel com um ponto. 103
Consideremos a tabela de sinais a seguir
3 6 9 12 15 18 21 24 27
a b 1 −1 1 0 1 1 1 −1 1 0 1 1 1 −1 1 0 1 1
c −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1
∆ = b2 − 4 a c ∇ = 3 b2 + 4 a c
Analisaremos linha a linha os efeitos da tabela acima, juntamente com o quadro amarelo da p´ agina 102. − linha 3: a˙ = 1, b˙ = −1, c˙ = −1.
∆ = b2 − 4 a c > 0.
√ −b ± ∆ w = (x, 0), x = 2a
Se ∇ > 0 ⇒
w = (x, y), x =
b ∇ , y2 = 2a 4 a2
− linha 6: a˙ = 1, b˙ = 0, c˙ = −1. ∆ = −4 a c > 0 ; ∇ = 4 a c < 0. √ −b ± ∆ ∆ > 0 ⇒ w = (x, 0), x = 2a − linha 9: a˙ = 1, b˙ = 1, c˙ = −1.
∆ = b2 − 4 a c > 0. √ −b ± ∆ ∆ > 0 ⇒ w = (x, 0), x = 2a
− linha 12: a˙ = 1, b˙ = −1, c˙ = 0. ∆ = b2 > 0 ; ∇ = 3 b2 > 0. w = (x, 0),
w = (x, y),
√ −b ± ∆ x= 2a x=
104
∇ b , y2 = 2a 4 a2
− linha 15: a˙ = 1, b˙ = 0, c˙ = 0. ∆ = 0 ; ∇ = 0. w = (0, 0, 0) − linha 18: a˙ = 1, b˙ = 1, c˙ = 0. ∆ = b2 > 0 ; ∇ = 3 b2 > 0. √ −b ± ∆ w = (x, 0), x = 2a − linha 21: a˙ = 1, b˙ = −1, c˙ = 1.
∇ = 3 b2 + 4 a c > 0. √ −b ± ∆ Se ∆ ≥ 0 ⇒ w = (x, 0), x = 2a Se ∆ < 0 ⇒
w = (x, y), x = −
∇ > 0 ⇒ w = (x, y), x =
−∆ b , y2 = 2a 4 a2
∇ b , y2 = 2a 4 a2
− linha 24: a˙ = 1, b˙ = 0, c˙ = 1. ∆ = −4 a c < 0 ; ∇ = 4 a c > 0. b −∆ 2 w = (x, y), x = − 2 a = 0, y = 4 a2 w = (x, y), x = b = 0, y 2 = ∇ 2a 4 a2
Nota: Aqui teremos duas ra´ızes repetidas. − linha 27: a˙ = 1, b˙ = 1, c˙ = 1.
√ −b ± ∆ Se ∆ ≥ 0 ⇒ w = (x, 0), x = 2a Se ∆ < 0 ⇒ S = ∅
Com a tabela de sinais e o aux´ılio do resumo no quadro que consta na p´ agina 102 elaboramos o seguinte programa para o c´alculo das ra´ızes da equa¸c˜ao a x2 + b x + c = 0 em B-2D.
105
2.2.1
F´ ormula de Bhaskara em B-2D
(Na p´ ag. 111 outra listagem)
Nota: Na p´ agina 111 mostramos uma outra listagem para este programa.
106
Nas trˆes telas a seguir resolvemos algumas equa¸c˜oes
x2 − 1 = 0 x2 + 1 = 0
x2 + x = 0 x2 − x = 0
x2 − 2x + 2 = 0 x2 + 2x − 2 = 0
Vamos conferir as quatro ra´ızes da equa¸c˜ao √ √ o n 3 −1 3 −1 2 ˆ , ,− , x −x = 0 : S = (1, 0), (0, 0), 2 2 2 2 O programa que consta a seguir (tela esquerda) calcula o quadrado de um nne
Observe que ao resolver uma equa¸c˜ao quadr´ atica as ra´ızes ficam armaˆ zenadas na vari´ avel (lista) S, e que podemos ter acesso a qualquer uma das ra´ızes, como, por exemplo, o fizemos na tela do centro, onde tamb´em pedi√ 3 , − mos a dimens˜ao da lista. Na tela da direita comprovamos que −1 2 2 ´e de fato raiz da equa¸c˜ ao. x2 − x = 0, melhor dizendo da equa¸c˜ao w2 − w = 0
Para agilizar o processo de checagem das ra´ızes, na tela a seguir definimos a fun¸c˜ao f (w) = w2 − w
Ap´os pressionar Enter a calculadora nos devolve √ a tela do centro. Na tela −1 da direita calculamos a fun¸c˜ ao para w = 2 , − 23 , confirmando que de fato temos uma raiz. 107
Mas n˜ ao precisamos nem digitar w como argumento da fun¸c˜ao, pegamos ˆ como na tela a seguir direto da pr´ opria lista S,
As telas acima confirmam os quatro n´ umeros como ra´ızes da equa¸c˜ao em quest˜ ao. Nem toda equa¸c˜ ao quadr´ atica possui solu¸c˜ao em B-2D, por exemplo x2 + 2 x + 2 = 0 no entanto, esta mesma equa¸c˜ao possui solu¸c˜ao em B-3D (p. 87). A seguir comparamos a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao acima nos trˆes sistemas num´ericos, C, B-2D e B-3D. x2 + 2 x + 2 = 0
C:
S = { (−1, −1), (−1, 1) }
B-2D:
S=∅
B-3D:
S = { (−1, −1, 0), (−1, 1, 0) }
Condi¸ c˜ ao suficiente para quatro ra´ızes Do quadro amarelo que consta na p´ agina 102 concluimos que uma condi¸c˜ ao suficiente para que a equa¸c˜ao quadr´ atica a x2 + b x + c = 0,
onde a, b, c ∈ R ; a 6= 0.
tenha quatro ra´ızes em B-2D ´e sign (a) 6= sign (b)
∆ = b2 − 4 a c < 0
∇ = 3 b2 + 4 a c > 0
No entanto, esta condi¸ca˜o n˜ ao ´e necess´aria, por exemplo, x2 − x = 0. 108
A equa¸c˜ ao ax2 + bx + c = 0 nos Complexos Agora vamos resolver nos complexos − para efeito de compara¸c˜ao − a equa¸c˜ao quadr´ atica a x2 + b x + c = 0,
onde a, b, c ∈ R ; a 6= 0.
Solu¸ c˜ ao: Seja z = (x, y), devemos resolver a equa¸c˜ao a z2 + b z + c = 0
(2.4)
ou ainda a (x, y)2 + b (x, y) + c = 0 Considerando o produto complexo (a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c) (x, y) · (x, y) = (x · x − y · y, x · y + y · x) Sendo z 2 = ( x2 − y 2 , 2 x y )
temos
a ( x2 − y 2 , 2 x y ) + b (x, y) + c = 0
donde resulta o seguinte sistema a ( x2 − y 2 ) + b x + c = 0
2axy + by = 0
Da segunda equa¸c˜ ao obtemos (2 a x + b) y = 0 Temos duas alternativas: 1 a ) y = 0. Na primeira equa¸c˜ ao do sistema resulta a x2 + b x + c = 0 Se ∆ = b2 − 4 a c ≥ 0, a equa¸c˜ ao (2.4) possui solu¸c˜ao −b ± √∆ ,0 2a caso contr´ ario n˜ ao (com y = 0, bem entendido). 2 a ) y 6= 0. Neste caso devemos ter
−b 2a substituindo na primeira equa¸c˜ ao do sistema, resulta −b −b 2 2 + c=0 −y +b a 2a 2a x=
Daqui derivamos a equa¸c˜ ao
109
(2.5)
Simplificando ∆ b2 − 4 a c =− 2 4 a2 4a donde concluimos que se ∆ < 0 ent˜ao teremos as solu¸c˜oes y2 = −
−b 2a
,±
1 √ −∆ 2|a|
As duas resolu¸c˜ oes diferem essencialmente nos seguintes pontos: (p. 101) |x| =
−b 2a
e
(p. 109)
x=
−b 2a
Nas telas a seguir apresentamos a solu¸c˜ao de algumas equa¸c˜oes em ambos os sistemas
C
Observe que em B n˜ ao faz sentido fatorar uma equa¸c˜ao a partir de suas ra´ızes, pela raz˜ ao de que a multiplica¸c˜ao n˜ ao ´e distributiva. No entanto, a o uma equa¸c˜ ao do 2 grau com quatro ra´ızes corresponde uma equa¸c˜ao do 4 o grau em C com “as mesmas” ra´ızes. Por exemplo, a equa¸c˜ao √ √ o n −1 3 3 −1 2 B: x − x = 0, S = (0, 0), (1, 0), , ,− , 2 2 2 2 corresponde a
√ √ −1 3 3 −1 ,− , · x− = 0 x − (0, 0) · x − (1, 0) · x − 2 2 2 2
expandindo C:
4
x − x = 0,
S=
n
(0, 0), (1, 0),
110
√ √ o −1 3 3 , ,− , 2 2 2 2
−1
F´ ormula do Iconoclasta para a resolu¸c˜ ao da equa¸c˜ ao quadr´ atica ax2 + bx + c = 0 nos B-2D #cas REQ 2D(a,b,c):= BEGIN ˆ ∆ := b ∧ 2 − 4 a ∗ c; ∇ := 3 b ∧ 2 + 4 a ∗ c; purge (S); // linha 3 IF sign (b) = = −1 and sign (c) = = −1 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ] } IF ∇ > 0 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ], √ √ [b/(2a), ∇/(2a)], [b/(2a), − ∇/(2a)] } END; END;
// linha 6 IF sign (b) = = 0 and sign (c) = = −1 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ] } END; // linha 9 IF sign (b) = = 1 and sign (c) = = −1 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ] } END; // linha 12 IF sign (b) = = −1 and sign (c) = = 0 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ], √ √ [b/(2a), ∇/(2a)], [b/(2a), − ∇/(2a)] }
END;
// linha 15 IF sign (b) = = 0 and sign (c) = = 0 THEN Sˆ = { [0, 0, 0] } END; continua ֒→ 111
// linha 18 IF sign (b) = = 1 and sign (c) = = 0 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ] } END; // linha 21 IF sign (b) = = −1 and sign (c) = = 1 THEN IF ∆ ≥ 0 THEN √ √ ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − √∆ )/(2 a), 0 ], Sˆ = { [(−b + √ [b/(2a), ∇/(2a) ], [b/(2a), − ∇/(2a) ] } ELSE p p Sˆ = { [−b/(2a), (−∆)/(2a) ], [−b/(2a), − (−∆)/(2a)], √ √ [b/(2a), ∇/(2a)], [b/(2a), − ∇/(2a)] } END END; // linha 24 IF sign (b) = = 0 and sign (c) = = 1 THEN p p Sˆ = { [0, (−∆)/(2a)], [0, − (−∆)/(2a)], √ √ [0, ∇/(2a)], [0, − ∇/(2a)] } END; // linha 27 IF sign (b) = = 1 and sign (c) = = 1 THEN IF ∆ ≥ 0 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ] } ELSE Sˆ = ∅ END; END; Sˆ
END; #end
112
2.2.2
Um problema cl´ assico no contexto dos nne
Alguns problemas cl´ assicos que surgiram no estudo das equa¸c˜oes quadr´ aticas e c´ ubicas − ao longo da hist´ oria da ´algebra − podem ter uma reinterpreta¸c˜ ao no universo dos nne. A t´ıtulo de ilustra¸c˜ao vamos resolver o cl´assico Problema: Separar o n´ umero 10 em duas partes x e y tais que o produto destas seja 40. Solu¸ c˜ ao: Devemos resolver o seguinte sistema (
x + y = 10 x · y = 40
1 o ) Resolu¸c˜ ao no universo C. Tirando y na primeira equa¸c˜ ao e substituindo na segunda, obtemos: x · 10 + (−x) = 40
Aplicando a propriedade distributiva e associativa temos 10 x − x2 = 40, ou x2 − 10x + 40 = 0 Sendo assim, temos x=
−(−10) ±
p
√ (−10)2 − 4 · 1 · 40 = 5 ± −15 2
Portanto, em C, temos uma u ´ nica solu¸c˜ao para este problema:
Y
x= 5+i y =5−i
√ √
x=5+i
√
15
15
15 X
p5
y=5−i
√
113
15
(2.6)
A solu¸c˜ ao da equa¸c˜ ao x2 − 10x + 40 = 0 nos nne ´e dada na tela a seguir Y
x = −5 + j
√
115
x=5+j
√
15 X
p5 y=5−j
y = −5 − j
√
√ 15
115
Na p´ agina 100 dissemos que quando o n´ umero de solu¸c˜oes de uma equac¸˜ ao nos nne excede o n´ umero de solu¸c˜oes nos complexos podemos elaborar problemas que n˜ ao tˆem solu¸c˜ao nos complexos; como mais um exemplo Problema: Separar o n´ umero 10 em duas partes x e y tais que o produto destas seja 40. O que conduz ao seguinte sistema (
x + y = 10 x · y = 40
o qual possui solu¸c˜ ao nos complexos. Se acrescentarmos ao problema a condi¸c˜ ao: tais que √ |x| = |y| = 2 35 o problema passa a n˜ ao ter solu¸c˜ao nos complexos, apenas nos nne.
114
Um desafio para as f´erias Introdu¸ c˜ ao: Um problema cl´assico na hist´oria da matem´atica ´e o seguinte: separar o n´ umero 10 em duas partes x e y tais que o produto destas seja 40. O que conduz ao seguinte sistema:
(
x + y = 10 x · y = 40
Considere o seguinte problema similar: separar o n´ umero −10 em ′ ′ duas partes x e y tais que o produto destas seja 140. O que conduz ao seguinte sistema:
(
x′ + y ′ = −10 x′ · y ′ = 140
Desafio: O nosso desafio consta no seguinte: Obter uma u ´ nica equa¸c˜ao quadr´atica 2
ax + bx + c = 0
de tal modo que ao ser resolvida nos forne¸ca solu¸c˜oes para ambos os sistemas acima. De outro modo: no conjunto solu¸c˜ao S da equa¸c˜ao quadr´atica pedida vamos encontrar ra´ızes que satisfazem a ambos os sistemas acima. Prˆ emio: Estamos ofertando uma HP PRIME novinha na caixa. − ao primeiro que apresentar a solu¸c˜ao. Boa Vista-RR/07.12.2017 gentil.iconoclasta@gmail.com 115
Apˆ endice: Listagem dos programas 1)
pnne, p. 20
• Multiplica dois nne: w1 · w2 2) phalg, p. 21 • A partir dos sinais de a e c fornece a f´ormula do produto: (a, b) · (c, d) 3)
phalgxy, p. 26
• A partir dos sinais de a e c fornece a f´ormula do produto: (a, b) · (x, y) 4) dnne, p. 30 • Divide dois nne: w1 /w2 5)
RPP, p. 61
• Retangular para polar: (x, y) → r
θ
6) RPP G, p. 61 • Retangular para polar (com saida em graus): (x, y) → r 7)
PR R, p. 61
• Polar para retangular (ˆangulo em radiano): r 8) PR G, p. 61 • Polar para retangular (ˆangulo em grau): r 9)
θ
θ
θ
→ (x, y)
→ (x, y)
PFT, p. 63
• Multiplica dois nne na forma trigonom´etrica: w1 · w2 w1 = r1 (cos θ1 , sen θ1 ), 10)
w2 = r2 (cos θ2 , sen θ2 )
PFT, p. 78
• Multiplica dois nne na forma trigonom´etrica (utilizando a tabela de sinais) 11) potnne, p. 71 • Potˆencia de um nne: wn 12)
qnne, p. 76
• Implementa a f´ormula do quadrado: w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) 13) RQP, p. 83 √ • Extra¸c˜ ao de ra´ızes quadradas w. 14)
REQ 2D, p. 106
• Resolu¸c˜ ao da equa¸c˜ ao a x2 + b x + c = 0 em B-2D.
116
2.3
Apˆ endice
O que ´ e um n´ umero? N˜ ao constituir´ a ent˜ ao uma vergonha para a Ciˆencia estar t˜ ao pouco elucidada acerca do seu objeto mais pr´ oximo, o qual deveria, aparentemente, ser t˜ ao simples? Menos prov´ avel ainda ´e que se seja capaz de dizer o que o n´ umero ´e. Se um conceito que est´ a na base de uma grande ciˆencia oferece dificuldades, investig´ a-lo com mais precis˜ ao com vista a ultrapassar essas dificuldades ´e bem uma tarefa inescap´ avel. (Frege/Os Fundamentos da Aritm´etica)
Friedrich Ludwig Gottlob Frege (1848-1925) foi um matem´ atico, l´ogico e fil´ osofo alem˜ ao. Trabalhando na fronteira entre a filosofia e a matem´ atica, Frege foi um dos principais criadores da l´ogica matem´ atica moderna.
Introdu¸ c˜ ao Pelo que deduzimos da cita¸c˜ ao em ep´ıgrafe, Frege considerava uma vergonha o fato dos matem´ aticos n˜ ao saberem o que ´e um n´ umero. Mas Frege faleceu em 1925, e hoje, os matem´ aticos sabem o que ´e um n´ umero? Existe um artigo recente na internet por t´ıtulo O que ´ e um n´ umero? do Professor Adonai Sant’Anna (UFPR), no qual lemos: N˜ ao existe, em matem´ atica, uma defini¸ca ˜o universalmente aceita para esclarecer o que ´e, afinal, um n´ umero. Isto implica dizer que os matem´ aticos ainda hoje n˜ ao sabem o que ´e um n´ umero. O que me deixa pasmo ´e a passividade e resigna¸c˜ao dos mesmos frente a uma quest˜ ao de tamanha relevˆancia como esta. Perguntamos: ser´ a que eles n˜ ao se d˜ ao conta de que esta quest˜ao reverbera em muitas instˆ ancias da matem´ atica? Eu, particularmente, me recuso aceitar a inexistˆencia de uma defini¸c˜ao para n´ umero. Enquanto os matem´ aticos n˜ ao me dizem o que ´e um n´ umero vou propor uma defini¸c˜ ao em car´ ater provis´orio; esta defini¸c˜ao estar´ a valendo − para mim, pelo ao menos − at´e que algum matem´ atico a substitua de modo satisfat´ orio. Isto implica em que se um aluno perguntar a um matem´ atico o que ´e um n´ umero, ele dir´ a algo como: “n´ umero ´e um conceito primitivo, n˜ ao se define”; no popular ele escapa pela tangente. Ao contr´ ario, se um aluno nos perguntar o que ´e um n´ umero daremos a resposta que aqui ser´ a construida. 117
Conjuntos × Estruturas O primeiro passo no entendimento do que seja um n´ umero inicia-se com a distin¸c˜ ao entre conjunto e estrutura. Em matem´ atica s˜ ao frequentes conjuntos munidos de uma ou mais opera¸c˜ oes, que gozam de certas propriedades. Esses conjuntos com tais opera¸c˜oes e respectivas propriedades constituem aquilo que denominamos estruturas alg´ebricas. Para nos auxiliar em nosso objetivo (deixar claro a diferen¸ca entre conjunto e estrutura) vamos recorrer a uma analogia: Suponhamos um conjunto M cujos elementos s˜ ao materiais de constru¸c˜ao, assim: M = {tijolo, cimento, seixo, pedra, areia, . . .} “sobre” este conjunto podemos construir diversas estruturas, por exemplo: − Edif´ıcio
M
− Casa − Ponte
Conjunto Estruturas
N˜ao devemos confundir o conjunto M com a “estrutura” edif´ıcio, por exemplo. Mas este tipo de confus˜ ao ´e o que comumente se faz quando se fala de conjuntos num´ericos. No nosso entendimento um “conjunto num´erico” ´e muito mais que um mero conjunto, ´ e uma estrutura. H´a tanta imprecis˜ao em considerar um “conjunto num´erico” como um conjunto, quanto confundir o edif´ıcio com o conjunto M , na analogia acima.
− Conjunto − Estrutura
118
Vejamos um atica. Considere o conjunto de exemplo retirado da matem´ pontos R2 = (x, y) : x, y ∈ R , cuja vers˜ ao geom´etrica ´e vista a seguir: R2 r (x, y) 0
sobre este conjunto podemos construir, por exemplo, trˆes estruturas, assim:
- Espa¸co vetorial : R2
q(x, y) 0
- N´ umeros C :
- N´ umeros B :
(
(
(
(a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) λ(a, b) = (λa, λb)
(a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) (a, b) · (c, d) = (ac − bd, ad + bc)
(a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) (a, b) · (c, d) = (ac ∓ bd, |a|d + b|c|)
Assim o n´ umero de estruturas que podemos construir sobre um mesmo conjunto estar´ a limitado apenas por nossa criatividade. A rec´ıproca tamb´ em vale: Um mesmo sistema num´ erico pode ser implementado em v´ arios conjuntos (hardware).
119
A Identidade de um Elemento Uma outra distin¸c˜ ao que se faz necess´aria ´e quanto a natureza (identidade) de um elemento. Perguntamos: afinal de contas o par ordenado (3, 2) ´e um vetor ou um n´ umero complexo? Respondemos: o par ordenado (3, 2), por si s´ o, n˜ ao ´e nem uma coisa nem outra, ´e apenas um elemento do conjunto R2 . Agora dependendo do contexto em que nos situamos, este elemento pode ser um vetor, um n´ umero complexo, ou ainda um n´ umero hipercomplexo. Se, por exemplo, o par ordenado (3, 2) estiver inserido na estrutura de espa¸co vetorial∗ ele ser´ a um vetor, se estiver sendo manipulado na estrutura n´ umeros complexos ele ser´ a um n´ umero complexo, e se estiver sendo manipulado dentro da estrutura “Hipercomplexa” ser´ a um n´ umero hipercomplexo. (ver fig., p. 119). Portanto, enfatizamos, ´e a estrutura que confere “dignidade” (identidade, status) a um elemento. Vejamos uma analogia. Xadrez: Suponhamos que desejamos jogar xadrez mas n˜ ao dispomos das pe¸cas, apenas do tabuleiro. N˜ao h´ a o menor problema:
feij˜ao → Rei arroz → pe˜ oes
.. .
.. .
.. .
milho → torres
podemos substituir as pe¸cas por cereais. Por exemplo, um caro¸co de feij˜ ao far´a o papel de rei, os pe˜oes ser˜ ao substituidos por gr˜ aos de arroz, as torres por caro¸cos de milho, etc.
∗
B =
,
,
, ...
A =
Se estiver sendo operado segundo as regras que definem um espa¸co vetorial (p. 119).
120
Observe mais uma vez que ´e a estrutura que confere a “dignidade” (identidade) de um elemento: um mero caro¸co de feij˜ ao de repente vˆe-se promovido a “rei” ao participar da estrutura xadrez.
≡
(equivalentes no xadrez)
− Como mais um exemplo da “metamorfose” conferida pela estrutura, o Brasil est´ a empestado de ratazanas (bandidos-assassinos da pior esp´ecie) que, ao ingressarem na estrutura pol´ıtica, tornam-se “vossa excelˆencia”:
Assim como um mero caro¸co de feij˜ ao torna-se um “rei” ao ingressar na estrutura xadrez, bandidos tornam-se “vossa excelˆencia” ao ingressar na estrutura pol´ıtica brasileira. Reiteramos: ´e a estrututa que confere a identidade (status) de um elemento. Somente uma estrutura tem o poder de conferir o t´ıtulo de “vossa excelˆencia” a um bandido-assassino.
121
Isomorfismo entre sistemas num´ ericos Isomorfismo: ´e uma palavra formada pelos radicais gregos iso, que significa “idˆentico” e morfo, que significa “forma”. Formas idˆenticas. No contexto dos isomorfismos podemos mais uma vez apreciar a diferen¸ca entre conjuntos e estruturas. Dois objetos isomorfos s˜ ao idˆenticos como estruturas, n˜ ao obstante seus conjuntos subjacentes possam ter elementos de naturezas distintas. Por exemplo, observe o conjunto das pe¸cas do xadrez,
A =
e um conjunto formado por gr˜ aos de cereais (arroz, feij˜ ao, milho, etc.),
,
,
, ...
B =
Como conjuntos A 6= B, j´a que tˆem elementos de naturezas distintas. No entanto, podemos jogar xadrez substituindo cada pe¸ca por gr˜ aos de cereais, como j´a assinalamos anteriormente. Portanto as duas estruturas (jogos) a seguir s˜ ao equivalentes, ou isomorfas: A = ( A, regras xadrez ) ≡ B = ( B, regras xadrez ) Ou ainda
.. .
≡
.. .
...´ e assim mesmo que acontece com os n´ umeros na matem´ atica − Ou com os sistemas num´ericos (“conjuntos num´ericos”). 122
Um caro¸co de feij˜ ao s´ o ´e um rei se estiver inserido na estrutura xadrez:
≡
(equivalentes no xadrez)
Enfatizamos, para afirmar que um caro¸co de feij˜ ao ´e um rei, antes devemos deixar claro qual ´e a estrutura (xadrez). De modo inteiramente an´ alogo, s´ o podemos afirmar que um objeto ´e um n´ umero se antes dissermos qual a estrutura de que ele vai participar! Se n˜ ao conhecemos a estrutura n˜ ao podemos afirmar que um certo objeto ´ e isto ou aquilo. Por oportuno, ousamos afirmar que isto vale n˜ ao apenas para n´ umeros como, ademais, para qualquer outro objeto, uma pedra, por exemplo. (Ver referˆencia [3])
Talvez aqui esteja a raz˜ ao pela qual os matem´ aticos at´e hoje n˜ ao sabem o que ´e um n´ umero (Frege, p. 117). Refor¸camos nossa posi¸c˜ao: A estrutura deve ser fixada antes e s´ o depois o objeto (n´ umero no caso) adquire identidade (legitimidade). Os matem´ aticos fazem ao contr´ ario. Estamos sugerindo: A correta defini¸c˜ ao de n´ umero dever´ a levar em conta a estrutura e n˜ ao o conjunto (subjacente ` a estrutura), o “modelo da pe¸ca” (tipo) n˜ ao ´e o mais importante, n˜ ao deveria entrar em uma defini¸c˜ao. Atrav´es dos tempos, os matem´ aticos tˆem considerado seus objetos, tais como n´ umeros, pontos, etc., como coisas substanciais em si. Uma vez que estas entidades sempre tinham desafiado tentativas de uma descri¸ca ˜o adequada, manifestou-se corretamente nos matem´ aticos do s´eculo XIX a convic¸ca ˜o de que a quest˜ ao do significado destes objetos como coisas substanciais n˜ ao fazia sentido dentro da Matem´ atica, ou mesmo em geral. (Richard Courant/O que ´e Matem´ atica?)
123
2.3.1
Uma defini¸c˜ ao para n´ umeros
H´a muito tempo tenho elucubrado sobre esta quest˜ao. Enquanto os matem´ aticos n˜ ao me dizem o que ´e um n´ umero vou propor uma defini¸c˜ao em car´ ater provis´orio; esta defini¸c˜ao estar´ a valendo − para mim, pelo ao menos − at´e que algum matem´ atico a substitua de modo satisfat´orio, reiteramos.
Uma condi¸c˜ ao necess´ aria Todos os n´ umeros canˆ onicos
N → Z → Q → R → C
e mais alguns n´ umeros por mim pesquisados na internet, tais como: − N´ umero Complexo Hiperb´ olico; − N´ umeros Surreais; − N´ umeros Bicomlexos;
− N´ umeros Hipercomplexos-2D; − N´ umeros Tessarines; − N´ umeros Perplexos; − N´ umeros Quaterni˜oes; − N´ umeros Octoni˜ oes; − N´ umeros Sedeni˜oes.
possuem um denominador comum: Duas opera¸c˜oes, uma chamada de adi¸c˜ao e outra chamada de multiplica¸c˜ao. Pois bem, este ser´ a o nosso ponto de partida para a defini¸c˜ ao de n´ umero. Para iniciar, o que chamaremos de uma estrutura num´erica ´e uma lista de propriedades envolvendo duas opera¸c˜oes, uma chamada de adi¸c˜ao e a outra de multiplica¸c˜ ao. Por exemplo, na p´ agina seguinte exibimos a estrutura num´erica para os seguintes sistemas num´ericos: − N´ umeros naturais (N), − N´ umeros complexos (C).
124
A1 ) (a + b) + c = a + (b + c) A2 ) ∃ 0 ∈ N : a + 0 = 0 + a = a A3 ) a + b = b + a M 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ N : a · 1 = 1 · a = a M3 ) a · b = b · a
N
D) a · (b + c) = a · b + a · c • Ordenado PBO) : Todo subconjunto n˜ao vazio de naturais possui um menor elemento.
A1 ) (a + b) + c = a + (b + c) A2 ) ∃ 0 ∈ C : a + 0 = 0 + a = a A3 ) a + b = b + a A4 ) ∀ a ∈ C, ∃ − a ∈ C : a + (−a) = 0 M 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ C : a · 1 = 1 · a = a M3 ) a · b = b · a M 4 ) ∀ a ∈ C∗ , ∃ a−1 ∈ C : a · a−1 = 1 D) a · (b + c) = a · b + a · c I ) ∃ a ∈ C : a2 = a · a = −1
125
C
Uma estrutura num´erica deve ser implementada em uma lista de s´ımbolos. Um n´ umero ´e um s´ımbolo que faz parte de alguma estrutura num´erica. Isto ´e o que chamamos de uma condi¸c˜ao (apenas) necess´aria para que um s´ımbolo seja um n´ umero.
Uma condi¸c˜ ao suficiente O matem´ atico irlandˆes William Rowan Hamilton (1805-1865) ao perceber que os n´ umeros complexos poderiam ser representados por pontos no plano, isto ´e, por pares ordenados (x, y) de n´ umeros reais, teve a ideia de generaliz´ a-los para pontos no espa¸co a trˆes dimens˜oes, isto ´e, para ternos ordenados (x, y, z) de n´ umeros reais. Por nada menos que dez anos Hamilton procurou pelos n´ umeros na terceira dimens˜ao, sem lograr sucesso. Antes de conhecer esta hist´ oria eu havia definido uma multiplica¸c˜ao de ternos (x, y, z) e criei os n´ umeros que denominei de “N´ umeros hipercomplexos 3D”∗ . Muitos anos depois, me deparo com uma prova de que os n´ umeros 3D − chamemo-los assim − s˜ ao imposs´ıveis (p. [5]). Analisando esta prova me dei conta de que ela assume a hip´ otese de que a multiplica¸c˜ao deve ser associativa e distributiva. De fato, a minha multiplica¸c˜ao de ternos n˜ ao ´e nem associativa e nem distributiva. Aqui est´ a a estrutura num´erica (p. 86).
A1 ) (a + b) + c = a + (b + c)
B-3D
A2 ) ∃ 0 ∈ H : a + 0 = 0 + a = a A3 ) a + b = b + a A4 ) ∀ a ∈ H, ∃ − a ∈ H : a + (−a) = 0 M1 ) ∃ 1 ∈ H : a · 1 = 1 · a = a M2 ) a · b = b · a M 3 ) ∀ a ∈ H∗ , ∃ a−1 ∈ H : a · a−1 = 1 HI ) ∃ a ∈ H : a2 = a · a = −1
e
− 1 · a 6= −a.
´ simples: para Hamilton que exigia as duas O que estaria acontecendo? E citadas propriedades, os n´ umeros 3D n˜ ao existem; para mim, que abri m˜ ao † destas propriedades, os n´ umeros 3D s˜ ao uma realidade. ∗
Que s˜ ao os n´ umeros n~ ao euclidianos vers˜ ao 3D. Lembramos que o pr´ oprio Hamilton teve que abandonar a propriedade comutativa da multiplica¸c˜ ao para criar os n´ umeros quaterni˜ oes. †
126
Conclus˜ao: quem ´e e quem n˜ ao ´e n´ umero na matem´ atica passa a ser uma quest˜ ao subjetiva. Perceberam por onde passa o problema para se definir n´ umero? Lembramos Frege: Se um conceito que est´ a na base de uma grande ciˆencia oferece dificuldades, investig´ a-lo com mais precis˜ ao com vista a ultrapassar essas dificuldades ´e bem uma tarefa inescap´ avel. Pois bem, vimos anteriormente a subjetividade de quem ´e e de quem n˜ ao ´ ´e n´ umero. E precisamente esta subjetividade que vamos adotar como nossa condi¸c˜ao suficiente. Antes, diremos que a mente humana ´e uma estrutura cognitiva de referˆ encia (ECR). Uma estrutura cognitiva de referˆencia processa informa¸c˜ oes, infere conclus˜oes. Agora estamos aptos a elaborar uma nova defini¸c˜ao de n´ umero, ei-la: Defini¸ c˜ ao 9 (N´ umero). N´ umero ´e um objeto de uma estrutura num´erica (E, +, ·) e de uma estrutura cognitiva de referˆencia (ECR). Nesta defini¸c˜ ao destacamos duas condi¸c˜oes (crit´erios) para que um dado objeto (s´ımbolo) possa ser considerado n´ umero: − Condi¸c˜ ao necess´aria: objeto de uma estrutura num´erica (E, +, ·); − Condi¸c˜ ao suficiente: objeto de uma ECR. (Anuˆencia de uma ECR). Quanto aos “n´ umeros 3D”, vejamos o que acontece, (p. 86) (a, b, c) + (d, e, f ) = (a + d, b + e, c + f ) “N´ umeros 3D” : (a, b, c) · (d, e, f ) = ( ✸, ♣, ♠)
Eles cumprem a condi¸c˜ ao necess´aria, pois s˜ ao objetos da estrutura num´e3 rica (R , +, ·); eles n˜ ao cumprem a condi¸c˜ao suficiente para Hamilton, para mim sim. De outro modo, para Hamilton, ternos ordenados (a, b, c) n˜ ao s˜ ao n´ umeros, no entanto, para mim sim; existem em minha ECR como n´ umeros. Em resumo: Quem ´e e quem n˜ ao ´e n´ umero pode n˜ ao ser consensual entre matem´ aticos, agora a defini¸c˜ ao 9 pode sim ser universalmente aceita. Observe que a nossa defini¸ c˜ ao de n´ umero leva em conta a “consciˆencia do observador ”, isto nos lembra da f´ısica quˆ antica.
127
Ainda com respeito a` defini¸c˜ao 9, vejamos algo similar que poderia ocorrer na Biologia. Defini¸ c˜ ao [Ser vivo] Um ser vivo ´e qualquer organismo que tem vida. Esta defini¸c˜ ao ´e “universalmente aceita”. Agora ao aplic´ a-la em “candidatos” a seres vivos, a´ı vai depender da ECR do bi´ ologo em particular. O caso dos v´ırus, por exemplo, divide os pesquisadores. Alguns os consideram vivos, j´ a que sabem se reproduzir. Outros acham que n˜ ao, pois, para come¸car, eles surgiram a partir de c´elulas, como se fossem um defeito dos organismos. “Os v´ırus s˜ ao apenas produtos da mat´eria viva, como os elementos qu´ımicos que produzem as cores de uma flor. O fato de eles terem aprendido a se multiplicar n˜ ao ´e suficiente para consider´ a-los seres vivos”, diz o virologista americano Eckard Wimmer, da Universidade de Nova York. (Publica¸ca˜o Eletrˆ onica) O que ´e ou n˜ ao um ser vivo vai depender da ECR do bi´ ologo (“a consciˆencia do observador”), mas isto n˜ ao invalida a defini¸c˜ ao de ser vivo. (ECR)
A ECR perpassa toda a matem´ atica Ademais, e n˜ ao menos importante, observe que a inclus˜ao do “observador” (ECR) na matem´ atica n˜ ao ´e nenhuma novidade, estamos apenas formalizando algo que na realidade j´a existe. Com efeito, a quest˜ao da subjetividade (ECR) transcende ` a quest˜ ao n´ umeros e perpassa toda a matem´ atica, por exemplo, numa ligeira pesquisa na filosofia da matem´ atica me deparei com muitas Escolas de pensamento, como por exemplo
Logicismo Intuicionismo, Construtivismo
Matem´atica
Conjuntista Formalismo Realismo matem´ atico .. .
128
Um matem´ atico de primeira linha, − L.E.J Brouwer (1881-1966) −, rejeitou um postulado bimilenar da l´ogica aristot´elica (Princ´ıpio do Terceiro Exclu´ıdo), inclusive contrapondo-se `a posi¸c˜ao de outros eminentes matem´ aticos, a exemplo de David Hilbert (1862-1943). ∗
∗
∗
O segundo argumento para a rejei¸c˜ao do TEX [Lei do Terceiro Exclu´ıdo] que ´e objeto de nosso estudo ´e a no¸c˜ao de existˆencia. As matem´ aticas construtivistas divergem da matem´ atica cl´assica principalmente no que concerne a no¸c˜ao de existˆencia, pois enquanto para esta u ´ ltima a existˆencia de um objeto matem´ atico ´e assegurada por uma realidade independente da mente, para os intuicionistas a existˆencia de um objeto matem´ atico s´ o ´e poss´ıvel quando ´e analisada em termos de constru¸c˜oes mentais, rejeitando a existˆencia transcendental dos objetos matem´ aticos. Neste sentido “existe” ´e sinˆ onimo de “pode ser constru´ıdo”, e a exigˆencia de uma constru¸c˜ao mental para a afirma¸c˜ ao da existˆencia dos objetos matem´ aticos legitimaria a rejei¸c˜ao da validade do TEX para dom´ınios infinitos de julgamento. [. . . ] Outra no¸c˜ ao matem´ atica reformulada pelo Intuicionismo, a fim de legitimar a rejei¸c˜ ao do TEX, ´e a no¸c˜ao de infinito. Para os intuicionistas, a concep¸c˜ ao cl´ assica do conceito de infinito estaria amparada na cren¸ca indubit´ avel na validade do TEX. Pois na matem´ atica Cl´ assica o infinito ´e entendido como atual. Isto significa, em poucas palavras, que o infinito pode ser concebido como uma entidade completa, acabada: todos os seus elementos podem ser pensados num ato u ´ nico, ou ainda, o infinito como objeto. A cren¸ca no infinito como totalidade acabada, como um objeto matem´ atico, legitimaria o uso do TEX. A alega¸c˜ao de Brouwer ´e que a matem´ atica cl´assica seria favor´ avel ao TEX por tratar dom´ınios infinitos usando o mesmo racioc´ınio usado em opera¸c˜ ao em dom´ınios finitos. A fim de combater esta compreens˜ ao cl´ assica, o Intuicionismo desenvolve sua no¸c˜ao matem´ atica de infinito entendendo-o como potencial, ou seja, um processo atrav´es do qual um n´ umero cresce, impossibilitando a cren¸ca indubit´avel na validade universal do TEX, uma vez que seria humanamente imposs´ıvel verificarmos caso a caso um conjunto que est´ a sempre a crescer. Desta forma, os intuicionistas afirmam a validade do TEX apenas para dom´ınios finitos, devido a nossa capacidade de verificar neste caso se (A ∨ ¬A).∗
∗ FONTE: A Rejei¸ca˜o do Princ´ıpio do Terceiro Exclu´ıdo e suas Consequˆencias na Aritm´etica de Heyting/Jackeline Nogueira Paes. (Disserta¸ca˜o)
129
Da´ı por que dizer-se que consciˆencia e objeto s˜ ao binˆ omios insepar´ aveis, correlativos e complementares do que denominamos realidade. Real ´e aquilo que existe em uma (ou para uma) consciˆencia e de acordo com a estrutura condicionada e condicionadora dessa mesma consciˆencia. Procurar saber o que seja a realidade (o objeto de investiga¸ca ˜o) independentemente da consciˆencia e de nosso aparato cognitivo-sens´ıvel n˜ ao tem sentido, pois precisamos da consciˆencia para pensar nessa suposta “realidade independente”, que ser´ a sempre, ` a propor¸ca ˜o que a pensamos, uma realidade para “uma” consciˆencia, uma realidade pensada. (Marcelo Malheiros/A Potˆencia do Nada, p. 22)
Procurar saber o que seja “o objeto de investiga¸c˜ao” − no nosso caso n´ umero − independentemente da consciˆencia e de nosso aparato cognitivosens´ıvel n˜ ao tem sentido, pois precisamos da consciˆencia para pensar nessa suposta “realidade independente”.
“Tudo o que apreendemos, seja perceptiva ou conceitualmente, ´ e desprovido de natureza inerente pr´ opria, ou identidade, independentemente dos meios pelos quais seja conhecido. Objetos percebidos, ou entidades observ´ aveis, existem em rela¸ c˜ ao ` as faculdades sensoriais ou sistemas de medi¸ c˜ ao pelos quais s˜ ao detectados − n˜ ao de modo independente no mundo objetivo.” (Wallace, B. Alan/Dimens˜ oes Escondias)
(Ver [3])
130
Adendo: Toda a matem´ atica ´ e dependente de uma ECR O leitor n˜ ao se escandalize por nossa defini¸c˜ao de n´ umero levar em conta a ECR (“consciˆencia”) do “observador”, vamos mais al´em: afirmamos que toda a matem´ atica encontra-se na dependˆencia de uma ECR. Enfatizamos: existir significa existir em rela¸c˜ ao (com respeito) a uma ECR (“consciˆencia”) − esta afirma¸c˜ ao vai al´em da matem´ atica. De momento vamos nos valer apenas de uma analogia: Suponhamos, por hip´ otese de trabalho, que um meteorito atingisse a Terra e dizimasse todos os homens da face do planeta, exceto alguns bebˆes e alguma tribo ind´ıgena. Na cena a seguir vemos, ao centro, um tabuleiro com as pe¸cas do xadrez,
`a esquerda a suposta tribo ind´ıgena, `a direita um bebˆe remanescente. Pergunto: nestas circunstˆancias o xadrez ter´ a desaparecido da face da terra? A resposta ´e um rotundo sim!, uma vez que o xadrez n˜ ao se constitui nas pe¸cas propriamente mas em suas regras. (ver p. 120) Nota: Que um ind´ıgena e um bebˆe tenham o potencial para vir a jogar xadrez, n˜ ao resta d´ uvida, mas a quest˜ao em foco n˜ ao ´e esta; a quest˜ao ´e, reitero, o xadrez ter´ a desaparecido? Lembramos, o xadrez se constitui por suas regras, n˜ ao por suas pe¸cas. De igual modo, a matem´ atica, em particular os n´ umeros, se constitue por suas regras, n˜ ao pelos s´ımbolos adotados. Tem mais: afirmamos que se, na suposta hecatombe, todos os livros de matem´ atica ficassem preservados nas bibliotecas (ou nos computadores), ainda assim a matem´ atica teria desaparecido da face do planeta. A raz˜ ao ´e que faltaria uma mente (c´erebro) para decodificar os s´ımbolos constantes nos livros de matem´ atica. Vejamos uma analogia, na figura ao lado vemos uma p´ agina de matem´ atica escrita em chinˆes. Perguntamos: isto ´e matem´ atica para o leitor? Tem algum significado? De igual modo acontece com um livro de matem´ atica (em portuguˆes) relativamente `a ECR de um ind´ıgena e um bebˆe, isto ´e, n˜ ao existe ali matem´ atica nenhuma, ´e simples assim! 131
A seguir o eminente matem´ atico G.H. Hardy coloca um problema “dif´ıcil da metaf´ısica”, para o qual propomos uma solu¸c˜ao, diz ele: Para mim, e suponho que para a maioria dos matem´ aticos, existe uma outra realidade, que chamarei “realidade matem´ atica”; e n˜ ao existe nenhuma esp´ecie de acordo sobre a natureza da realidade matem´ atica entre matem´ aticos ou fil´ osofos. Alguns defendem que ela seja “mental” e que, num certo sentido, n´ os a construimos; outros, que ´e externo e independente de n´ os. Um homem que pudesse dar uma explica¸ca ˜o convincente da realidade matem´ atica teria solucionado muit´ıssimos dos problemas mais dif´ıceis da metaf´ısica. Se pudesse incluir realidade f´ısica em sua explica¸ca ˜o, ele teria solucionado todos eles. Eu n˜ ao deveria desejar debater nenhuma destas quest˜ oes aqui, mesmo se eu fosse competente para fazˆe-lo, mas expressarei minha pr´ opria posi¸ca ˜o dogmaticamente para evitar mal-entendidos menores. Acredito que a realidade matem´ atica situa-se fora de n´ os, que nossa fun¸ca ˜o seja descobrir ou observ´ a-la e que os teoremas que demonstramos e que descrevemos com grandiloquˆencia como nossas “cria¸co ˜es” sejam simplesmente nossas anota¸co ˜es das nossas observa¸co ˜es. Esse ponto de vista foi defendido, de uma forma ou outra, por muitos fil´ osofos de grande reputa¸ca ˜o desde Plat˜ ao em diante e usarei a linguagem que ´e natural a um homem que a defende. (Grifo nosso) (G. H. Hardy/Em defesa de um matem´ atico) A nossa proposta de solu¸c˜ao − incluindo realidade f´ısica − ´e: n˜ ao existe “realidade matem´ atica”, n˜ ao existe matem´ atica “l´a fora”, n˜ ao existe matem´ atica nos livros, nas bibliotecas, na mem´ oria dos computadores. A matem´ atica, como tudo neste mundo, ´e relacional, isto ´e, surge na rela¸c˜ao com a mente do observador − do matem´ atico, daquele que pratica a matem´ atica. Tudo ´e simb´ olico, e ´e necess´ario que exista uma mente para decodificar os s´ımbolos; ademais, “mentes diferentes, decodificam um mesmo s´ımbolo de formas distintas”. Observem que os animais, compartilhando um mesmo espa¸co f´ısico que n´ os humanos, decodificam (apreendem) este mesmo espa¸co de formas distintas. Medite sobre a figura da p´ agina anterior (“matem´ atica chinesa”). A quem interessar possa, mais argumentos neste contexto est˜ ao dispon´ıveis em um livro que publiquei na internet sob t´ıtulo: ([3]) ogica e Epistemol´ ogica” “Teoria da Relatividade Ontol´ “Acreditar na existˆencia de uma verdade matem´ atica fora do esp´ırito humano exige do matem´ atico um ato de f´e do qual a maioria deles n˜ ao est´ a consciente”. (Allan Calder/matem´ atico)
132
Cap´ıtulo
3
Programando a HP Prime A despeito da cr´ıtica de Laplace, a vis˜ ao de Leibniz, pela qual o mundo ´e criado a partir dos 0’s e 1’s, recusa-se a sair de cena. De fato, ela come¸cou a inspirar alguns f´ısicos contemporˆ aneos, que provavelmente nunca ouviram falar de Leibniz. (Gregory Chaitin/Metamat!)
Introdu¸ c˜ ao: Uma diferen¸ ca (evolu¸ ca ~o) abissal! Como eu conhe¸co − apenas parcialmente, observo − o poder de c´aculo alg´ebrico e num´erico da HP Prime gostaria apenas de registrar nesta introdu¸c˜ao que fico deveras embasbacado (pasmo, estupefato) com o seguinte aspecto da evolu¸c˜ ao computacional humana:
Leibnitz (1646-1716)
Pascal (1623-1662)
133
3.1
Introdu¸ c˜ ao ` a programa¸ c˜ ao da HP Prime
A calculadora gr´ afica HP Prime ´e uma potente e sofisticada ferramenta computacional, n˜ ao apenas num´erica como, ademais, alg´ebrica − e tamb´em gr´ afica. A seguir a legenda do teclado∗
→
→
A calculadora ´e um universo praticamente inesgot´ avel, apresentaremos aqui material suficiente para iniciar o leitor no fascinante universo da programa¸c˜ ao, daremos os primeiros passos na programa¸ c~ ao num´ erica e alg´ ebrica; muitos outros programas s˜ ao apresentados no desenvolver do presente livro − do cap´ıtulo 1 em diante. A HP Prime utiliza uma linguagem de proc˜ ao da HP grama¸c˜ ao pr´ opria conhecida como “linguagem de programa¸ Prime ”: Uma potente e sofisticada linguagem de programa¸ca ˜o. A base da calculadora ´e a vista de In´ıcio ( ), aqui podemos realizar todos os c´ alculos num´ ericos. Os c´ alculos simb´ olicos (ou alg´ ebricos) ), a ser exemplificado oportunamente. s˜ ao realizados na vista do CAS ( Escrevi um livro sobre programa¸c˜ao da calculadora HP 50g no qual adotei o modo pilha (RPN− Reverse Polish Notation), na HP Prime o modo RPN foi praticamente banido, j´a que n˜ ao podemos utiliz´ a-lo em programa¸c˜ao, sendo assim adotaremos em todo este livro o modo alg´ ebrico. ∗
Retirado do manual “Guia de consulta r´ apida”.
134
Inicialmente, coloque sua calculadora no modo de entrada alg´ ebrico.
←
Voltando ` a vista de in´ıcio (
) destacamos
→ Linha de entrada
Linha de entrada
A linha de entrada (de dados) no modo alg´ebrico ´e “unidimensional” (em uma linha); ap´ os pressionar teremos a tela da direita.
135
3.1.1
Programa¸c˜ ao num´ erica
Programar a calculadora significa introduzir em sua mem´ oria (RAM− Random Access Memory − mem´ oria de acesso aleat´orio) uma s´erie de instru¸c˜ oes e comandos para que ela os execute sequˆencialmente, cumprindo alguma tarefa espec´ıfica. Por exemplo, resolver uma equa¸c˜ao, multiplicar ou dividir polinˆ omios, imprimir textos, elaborar um gr´ afico, construir tabelas trigonom´etricas, etc. Para tanto ´e necess´ario que as instru¸c˜oes e os comandos sejam digitados no padr˜ao sint´ atico da linguagem da calculadora e dispostos sequˆencialmente na ordem em que devem ser executados. A fim de que a execu¸c˜ao seja perfeita e apresente os resultados objetivados com precis˜ao, n˜ ao basta atender ´ preciso que o programa n˜ estes requisitos. E ao contenha erros de l´ogica, cuja detec¸c˜ ao n˜ ao ´e feita pela calculadora, que est´ a preparada para apontar somente erros de sintaxe. Os recursos de programa¸c˜ao postos `a nossa disposi¸c˜ao pela calculadora HP Prime s˜ ao excepcionalmente valiosos e variados e a melhor forma de conhecˆe-los, entender sua finalidade e alcance e fix´a-los em nossa mem´ oria ´e atrav´es da pr´ atica. Embora mencionada como uma calculadora por causa de seu formato compacto similar aos dispositivos de c´alculo manuais t´ıpicos, a HP Prime deve ser vista como um sofisticado computador program´avel/gr´ afico. Antes de se iniciar a programa¸c˜ao de determinado problema ´e importante que se tenha bem claro em mente quais s˜ ao os dados de entrada e quais s˜ ao os dados de sa´ıda; por exemplo: ao quadr´ atica ax2 + bx + c = 0. 1o ) Resolver a equa¸c˜ √ −b ± b2 − 4ac x= 2a Temos:
a b c
r1 r2
FT
Onde: − Dados de entrada: a, b e c. − Dados de sa´ıda: r1 e r2 (s˜ ao as ra´ızes).
− FT: Vari´ avel que ir´ a armazenar o programa (e que ser´ a referenciada sempre que o programa for executado). 136
Observa¸ c˜ ao: o nome FT ´e apenas um exemplo, o nome poderia ser um outro, a seu crit´erio. A bem da verdade existem algumas restri¸c˜oes na escolha do nome de uma vari´ avel. O modo mais pr´ atico ´e tentar um nome, caso a calculadora reclame (erro) mude-o. 2o ) Calcular o n−´esimo termo de uma progress˜ao aritm´etica: an = a1 + (n − 1)r Temos a1 r n
an
PA
Onde: − Dados de entrada: O primeiro termo a1 ; a raz˜ ao r da P.A. e a posi¸c˜ao n do termo que desejamos encontrar. − Dados de sa´ıda: O n−´esimo termo an . − PA: Vari´ avel que ir´ a armazenar o programa (e que ser´ a referenciada sempre que o programa for executado).
Nosso primeiro programa Inicialmente vamos fazer um programa para calcular o n-´esimo termo de uma P.A. Entre na ´ area de programa¸c˜ao digitando as teclas
A calculadora exibir´ a a seguinte tela (esquerda-Cat´alogo de programas):
↑ pressione a tecla virtual New, para um novo programa. A tela da direita ser´ a exibida. Escolha um nome para o programa e pressione OK (2×). Nota: Na programa¸c˜ ao num´erica n˜ ao marcamos a caixa CAS.
137
A tela a seguir (esquerda) ser´ a exibida, j´a com o nome escolhido para o programa.
Na tela da esquerda entre parenteses digite as vari´ aveis de entrada e, no corpo do programa, a f´ormula do termo geral da progress˜ao aritm´etica. Estrutura de comandos Na HP Prime os comandos s˜ ao separados por ponto e v´ırgula ( ; ). Nos comandos que requerem v´arios argumentos, esses argumentos s˜ ao colocados entre parˆenteses e separados por uma v´ırgula ( , ). Ao terminar de digitar um programa pressione a tecla virtual Check, para a calculadora verificar se existe algum erro de sintaxe. Se n˜ ao houver erro no programa a calculadora exibir´a a seguinte tela:
Pressione em seguida OK e para retornar ao cat´alogo de programas, onde consta o programa que acabamos de fazer − ademais, o tamanho do programa.
138
3.1.2
Como executar um programa
Temos duas alternativas para executar um programa. Vejamos as duas. 1a )
A partir do cat´ alogo de programas. Selecione o programa a ser executado, como na tela a seguir
↑ Ap´os pressione a tecla virtual Run, ser´ a exibida a tela `a direita, na qual deveremos entrar com os dados do programa. Vamos executar o programa, por exemplo, para a progress˜ ao aritm´etica a seguir 1
3
5
7
9
11
13
15
17
...
onde, a1 = 1 e r = 2. Vamos escolher, por exemplo, n = 7. Entrando com os dados na tela da esquerda a seguir e pressionando OK no final, teremos a tela da direita
Portanto, o termo de posi¸c˜ ao n = 7 ´e 13, veja 1
3
5
7
9
11
13 |{z} n=7
139
15
17
...
2a ) A partir da vista de in´ıcio. Podemos executar o programa diretamente da vista de in´ıcio
Estando na vista do CAS digite o nome do programa e, entre parˆenteses, os dados requeridos pelo programa, como na tela a seguir
→ e teremos a tela da direita, com o resultado de-
Ap´os, pressione sejado. 1
3
5
7
9
11
13 |{z}
15
17
...
n=7
Exemplo: A partir da f´ormula S n = n a1 +
n(n − 1) r 2
da soma dos n primeiros termos de uma P.A. vamos elaborar mais um programa. Entre novamente na ´area de programa¸c˜ao
Pressionando New escolhemos o nome STPA, digitamos como na tela da direita. Ap´os Check, o programa n˜ ao cont´em erros.
140
Selecione o programa a ser executado, como na tela a seguir
Ap´os pressione a tecla virtual Run, ser´ a exibida a tela `a direita, na qual deveremos entrar com os dados. Vamos execut´a-lo para a mesma progress˜ao aritm´etica do exemplo anterior, onde, a1 = 1 e r = 2. Vamos escolher, por exemplo, n = 6. Entrando com os dados como na tela da esquerda e pressionando OK no final teremos a tela da direita
Portanto, a soma dos seis primeiros termos da P.A. ´e 36, confira 1|
3
5
{z 7
9
11}
S = 36
13
Veja S n = n a1 + isto ´e S6 = 6 · 1 +
n(n − 1) r 2
6 (6 − 1) · 2 = 36 2
141
15
17
...
Editando programas Vamos editar o primeiro programa. Uma vez ele assinalado
pressione Edit e complete conforme tela `a direita. Aqui definimos uma vari´ avel local − s˜ ao as que s˜ ao v´alidas (dispon´ıveis) apenas dentro do programa em que foram definidas. O comando
:= ´e de atribui¸c˜ ao. O primeiro PRINT(), sem argumentos, ´e para limpar a tela de qualquer impress˜ ao anterior. No segundo PRINT, o que vem entre aspas duplas ´e tratado como string (ser´ a impresso tal como), o sinal + significa justaposi¸ca ˜o (concatena). Ap´os digita¸c˜ ao, pressione Check para verificar se n˜ ao existem erros no programa. Entre com os dados da tela `a esquerda
para obter a tela da direita. O termo de posi¸c˜ao n = 7 ´e 13 na P.A. 1
3
5
7
9
11
13 |{z}
15
a(7) = 13
Como mais um exemplo, vamos editar o segundo programa.
142
17
...
Uma vez ele assinalado
pressione Edit e complete conforme tela `a direita. Ap´os digita¸c˜ ao, pressione Check para verificar se n˜ ao existem erros no programa. Entrando com os dados como na tela da esquerda e pressionando OK no final, teremos a tela da direita
Portanto, a soma dos seis primeiros termos da P.A. ´e 36: 1|
3
5
{z 7
S(6) = 36
9
11}
143
13
15
17
...
3.1.3
Programa¸c˜ ao alg´ ebrica
Na programa¸c˜ ao alg´ebrica, que ser´ a bastante utilizada ao longo de todo este livro, teremos f´ormulas na sa´ıda de um programa. Estes programas ´ pertencem ` a vista do CAS − Computer Algebra System (Sistema de Algebra Computacional).
Modo CAS Aproximado e Exato No modo CAS existe uma importante configura¸c˜ao, acesse assim
←
Ademais, pe¸ca isto
Aqui
Se Exact estiver marcado as opera¸c˜oes simb´ olicas ser˜ ao calculadas como express˜ oes alg´ebricas, caso contr´ ario como num´ericas. Ou ainda, com Exact ativo (marcado) as constantes ser˜ ao tratadas simbolicamente, caso contr´ ario, numericamente (i.e., aproximadas por seus valores num´ericos). Por exemplo, na tela a seguir (esquerda)
entramos com as respectivas constantes com Exact ativo, na tela da direita desmarcamos Exact e entramos novamente com as mesmas constantes. Pois bem, vamos iniciar a programa¸c˜ao alg´ebrica por um programa bem simples. Antes, marque Exact.
144
Nosso primeiro programa alg´ ebrico Considere a f´ormula do termo geral de uma P.A.:
an = a1 + (n − 1) r Vamos fazer um programa onde entramos com o primeiro termo e a raz˜ ao e ele nos devolve a f´ormula do termo geral. Entre na ´ area de programa¸c˜ ao digitando as teclas
A calculadora exibir´a a seguinte tela (esquerda-Cat´alogo de programas):
↑ pressione a tecla virtual New, para um novo programa. A tela da direita ser´ a exibida. Escolha um nome para o programa (escolhemos FPA), marque a caixa CAS e pressione OK. Ser´ a exibida a tela da esquerda a seguir
(apague return 0). Digite a tela da direita. Vamos executar este programa, a partir da vista do CAS, para a P.A. 1
3
5
7
9
11
13
15
17
...
onde, a1 = 1 e r = 2. Nota: Caso sua calculadora seja virtual (i.e., baixada da internet) pode ocorrer de n˜ ao aparecer a op¸c˜ ao caixa CAS acima. Neste caso baixe uma vers˜ ao mais atualizada da calculadora. 145
Pois bem, pressione a tecla
; na linha de entrada
→ digite o nome do programa e, entre parenteses, os dados requeridos pelo programa. Ap´os, pressione e teremos a tela da direita (acima). Logo, an = 2n − 1. Observe, a partir da f´ormula do termo geral
an = a1 + (n − 1) r a calculadora nos forneceu o seguinte resultado
an = 1 + (n − 1) 2 = 2 n − 1 Nota: Caso seu programa n˜ ao tenha saido com o resultado desejado ´e poss´ıvel que tenha algum valor previamente armazenado na vari´ avel n; por exemplo, na tela a seguir armazenamos 2 na vari´ avel n
→
→
ao executar novamente o programa obtivemos um n´ umero e n˜ ao uma f´ormula. Para saber se existe um valor armazenado em uma vari´ avel basta digit´ a-la na linha de entrada e d´ a Enter, como na tela da direita (no caso da vari´ avel ser n, evidentemente). Caso exista algum n´ umero na vari´ avel este ser´ a mostrado. Na p´ agina seguinte mostramos como resolver este − eventual − problema.
146
Como resetar uma vari´ avel
Adendo: avel CAS, acesse a mem´ oria da calculadora a parPara resetar uma vari´ tir das teclas:
Em seguida selecione CAS Vars
→ ↑
↑
pe¸ca para ver as vari´ aveis do CAS; selecione a que deseja deletar (resetar, reinicializar).
A bem da verdade, existe um m´etodo alternativo para se resetar algumas vari´ aveis: Escreva o comando purge com a vari´ avel entre parenteses, como na tela a seguir
→ Ao d´ a Enter na tela da direita a calculadora mostra o valor que se encontrava armazenado na vari´ avel n, esta encontra-se agora resetada. Podemos resetar v´arias vari´ aveis simultaneamente, separe-as por v´ırgula no comando purge.
147
Exemplo: Vamos ver mais um exemplo de programa¸c˜ao alg´ebrica. A partir da f´ormula n(n − 1) r S n = n a1 + (3.1) 2 da soma dos n primeiros termos de uma P.A. vamos elaborar mais um programa, que sair´ a com esta f´ormula para uma dada P.A.. Entre novamente na ´area de programa¸c˜ao
Pressionando New escolhemos o nome FSPA, digitamos como na tela da direita. Ap´os Check, o programa n˜ ao cont´em erros. Vamos executar este programa, a partir da vista do CAS, para a P.A. 1
3
5
7
9
11
onde, a1 = 1 e r = 2. Pressione a tecla
13
15
17
...
; na linha de entrada
→ digite o nome do programa e, entre parenteses, os dados requeridos pelo e teremos a tela da direita (acima). programa. Ap´os, pressione Da tela ` a direita temos que Sn = n2 ´e a f´ormula para a soma dos n primeiros termos da P.A. do exemplo dado. A sa´ıda do programa mostra o seguinte resultado, a partir da f´ormula (3.1) Sn = n · 1 +
n(n − 1) 2 = n2 2
148
3.2
Express˜ oes e Fun¸ c˜ oes
Na HP Prime existe uma importante distin¸c˜ao que devemos fazer: exc˜ ao. Vejamos isto atrav´es de exemplos, na tela a seguir temos press˜ ao e fun¸ uma express˜ ao e como podemos avali´a-la para um dado valor da vari´ avel
Na tela do centro temos uma express˜ ao de duas vari´ aveis e sua avalia¸c˜ao para dois valores das vari´ aveis. O comando subst substitui uma vari´ avel (ou mais) em uma express˜ ao por um dado valor. Na tela da direita mostramos outra alternativa para se avaliar uma express˜ ao: atribua antes os valores das vari´ aveis, depois entre com a express˜ ao. c˜ ao para a HP Prime possui um ou mais argumentos entre paUma fun¸ renteses, separados por v´ırgula. A tela a seguir mostra como definimos uma fun¸c˜ao
Ap´os teremos a tela do centro; `a direita avaliamos esta fun¸c˜ao para x = 1. A prop´osito, um programa ´e visto como sendo uma fun¸c˜ao. Na tela a seguir definimos uma fun¸c˜ao de duas vari´ aveis
Ap´os teremos a tela do centro; `a direita avaliamos esta fun¸c˜ao para x = 1 e y = −1. 149
Exemplo: Vamos alterar o nosso primeiro programa alg´ebrico (p. 145), repetido na tela a seguir
para sair com uma fun¸c˜ao, como na tela do centro. Na tela da direita rodamos o programa para a progress˜ao aritm´etica 1
3
5
7
9
11
13 |{z}
15
17
...
a(7)
e, a seguir, calculamos em a(n) = 2 n − 1:
a(7) = 2 · 7 − 1 = 13 Exemplo: Vamos fazer o mesmo procedimento para o programa da soma dos n primeiros termos de uma P.A. S n = n a1 +
n(n − 1) r 2
repetido na tela a seguir
para sair com uma fun¸ca˜o, como na tela da direita. Utilize a letra s min´ uscula, caso contr´ ario d´ a problema. Na tela da direita rodamos o programa para a progress˜ ao aritm´etica 1 |
3
5
{z 7
9
s(6)
e, a seguir, calculamos em s(n) = n2 :
11}
s(6) = 62 = 36 150
13
15
17
...
3.3
Listas e Matrizes
Com o objetivo de aumentar ainda mais nosso poder (potˆencia) de programa¸c˜ ao ´e que incluimos nesta sec¸c˜ao dois importantes recursos para programa¸c˜ ao: listas e matrizes.
3.3.1
Listas
Uma lista ´e constituida de objetos (n´ umeros, letras, matrizes, etc.) entre chaves e separados por v´ırgula. Uma lista ´e o que comumente conhecemos por conjunto, na matem´ atica. Exemplo de lista: { 1, 5, a, { b, c } } Lista ´e um recurso muito importante para manipula¸c˜ao de objetos. Criando listas As listas podem ser criadas a partir da linha de entrada, veja:
→ Ap´os, pressione
para obter a tela da direita.
Importante: Estamos na vista do CAS; para que a letra a, por exemplo, apare¸ca como elemento da lista nesta letra n˜ ao deve constar nenhum valor previamente armazenado, deve estar resetada. Veja adendo, p´ agina 147. A mesma observa¸c˜ ao vale para as demais letras, obviamente. As listas podem ser armazenadas (guardadas) em uma vari´ avel, assim:
Com o comando de atribui¸c˜ ao, := , L1 := { 1, 5, a, { b, c } } estamos guardando (armazenando) a lista na vari´ avel L1. 151
Acessando os elementos de uma lista Podemos ter acesso aos elementos de uma lista digitando o nome da lista e a posi¸c˜ ao do elemento entre parenteses. Por exemplo, considere a lista anterior (tela esquerda a seguir)
na tela da direita acessamos cada um dos elementos da lista.
Pedindo o comprimento e a dimens˜ ao de uma lista Existem dois comandos, size e dim, que nos d˜ ao o comprimento e a dimens˜ao de uma lista, respectivamente. Por exemplo, na tela a seguir criamos uma lista e a guardamos na vari´ avel L2
na tela do centro pedimos o comprimento da lista (n´ umero de elementos, como na matem´ atica) e na tela da direita sua dimens˜ao. Nas telas a seguir
mostramos como acessar elementos nesta lista. 152
3.3.2
O comando MAKELIST
Um importante comando em programa¸c˜ao ´e MAKELIST, cuja sintaxe ´e vista a seguir MAKELIST (express˜ ao, vari´ avel, inicio, fim, incremento) Calcula a express˜ ao no que diz respeito `a vari´ avel, `a medida que a vari´ avel assume valores do in´ıcio ao fim, tendo em conta o incremento. Exemplo: Nas telas a seguir vemos trˆes exemplos
Nota: Na vista do CAS (a que estamos trabalhando) digite o comando − na linha de entrada − em letras mai´ usculas. Parti¸ c˜ ao de um intervalo Para obter uma parti¸c˜ ao (regular) do intervalo [ a, b ] em N subintervalos de mesmo comprimento h, fazemos h = b−a N , no que resulta xn = x0 + n h,
[ a = x0
x1 h
x2
n = 0, 1, 2, . . . , N.
...
xn−1
h
] xn = b
x
h
Por exemplo, para x ∈ [ a, b ] = [ 0, 1 ] e N = 4 subintervalos, temos h=
1−0 1 b−a = = = 0. 25 N 4 4
A discretiza¸c˜ ao do intevalo fica: p
x0 = 0
p x1 =
1 4
p x2 =
(n = 0, 1, 2, 3, 4)
1 2
153
p x3 =
3 4
p
x4 = 1
x
Utilizando o comando MAKELIST vamos elaborar um programa que recebe a, b e N , e sai com uma lista contendo a parti¸c˜ao do intervalo [ a, b ]. O programa ´e como a seguir
Na tela da direita temos uma simula¸c˜ao, confira geometricamente p
p
x0 = 0
x1 =
p
1 4
x2 =
1 2
p x3 =
x
p
3 4
x4 = 1
Amostragem de uma fun¸ c˜ ao nos pontos de uma parti¸c˜ ao y
f yn
p
s
.. . y1
p
s
p
y0
0
s
p
x0 = a
p
x1
p
···
x2
p
x
xn = b
O programa a seguir usa o comando MKELIST para amostrar uma fun¸c˜ao nos pontos de uma parti¸c˜ao do intervalo [ a, b ]
154
O menu Math/List Menus Toolbox Os menus Toolbox ( ) (Caixa de ferramentas) s˜ ao uma cole¸c˜ao de menus que oferecem fun¸c˜ oes e comandos u ´ teis em matem´ atica e programa¸c˜ao. Os menus Matem´atica, CAS e Cat´ alogo (Catlg) oferecem mais de 400 fun¸c˜ oes e comandos. De momento o que nos interessa ´e o menu List, para isto prima a tecla “caixa de ferramentas”
→ em seguida a tecla virtual assinalada acima (Math). Em seguida des¸ca at´e o item 6 (List), como na tela a seguir
→
Selecionando este item comparecem v´arios comandos para se operar com listas, veja tela da direita.
155
Nas telas a seguir, temos algumas simula¸c˜oes
MAKELIST gera uma lista, como j´a vimos; SORT classifica os elementos de uma lista na ordem crescente; REVERSE reverte a ordem da lista; CONCAT concatena duas listas; POS nos d´ a a posi¸c˜ao de um elemento que est´ a numa lista. Nas telas a seguir
SIZE nos d´ a o comprimento de uma lista, como j´a vimos; ∆LIST cria uma nova lista composta pelas primeiras diferen¸cas de uma lista; isto ´e, as diferen¸cas entre elementos consecutivos na lista. A nova lista tem um elemento P a menos queQa lista original; LIST calcula a soma de todos os elementos numa lista; LIST calcula o produto de todos os elementos numa lista. Na tela da direita DIFFERENCE apresenta a lista de elementos n˜ ao comuns de duas listas; UNION apresenta a uni˜ ao das listas como um vetor; INTERSECT apresenta a intersec¸c˜ ao de duas listas como um vetor∗ . Observei que na ), a uni˜ ao e a intersec¸c˜ao de duas listas ´e uma lista, vista de in´ıcio, ( como deve ser.
∗
Logo mais veremos o que ´e um vetor para a HP Prime .
156
Um Belo Desafio! − A quem interessar possa. Introdu¸ c˜ ao: 12
Considere a sequˆencia dos quadrados dos naturais
22
32
42
52
62
72
...
No diagrama a seguir 1
4
9
16
25
36
49
3
5
7
9
11
13
...
2
2
2
2
2
...
...
produzimos duas diferen¸ cas entre os termos da sequˆencia dos quadrados dos naturais. Considere a sequˆencia dos cubos dos n´ umeros naturais 13
23
33
43
53
63
73
...
No diagrama a seguir 1
8
27
64
125
216
343
7
19
37
61
91
127
...
12
18
24
30
36
...
6
6
6
6
...
...
es diferen¸ cas entre os termos da sequˆencia dos cubos dos produzimos trˆ n´ umeros naturais. A calculadora HP Prime possui uma fun¸c˜ao ∆List que produz a diferen¸ca entre os termos de uma lista
← aqui
Desafio: Considere a sequˆencia dos naturais `a m-´esima potˆencia: 1m
2m
3m
4m
5m
6m
7m
...
prove que m diferen¸cas entre os termos desta sequˆencia resulta sempre numa constante igual a m! . Gentil, o iconoclasta gentil.iconoclasta@gmail.com
Boa vista-RR/06.08.2016
157
3.3.3
Matrizes
Uma das potˆencias da HP Prime ´e o trato com matrizes, tanto num´ericas quanto simb´ olicas. Por exemplo, veja
Podemos at´e multiplicar duas matrizes simb´ olicas, como aparece na tela da direita. Reiteramos: Estamos na vista do CAS; para que a letra a, por exemplo, apare¸ca como elemento da matriz nesta letra n˜ ao deve constar nenhum valor previamente armazenado, deve estar resetada. Veja adendo, p´ agina 147. Criando matrizes As matrizes podem ser criadas a partir da linha de entrada, veja como criamos as telas anteriores, respectivamente
Em cada caso ap´ os primar expostas no in´ıcio.
teremos as (respectivas) matrizes
Nota: Para entrar com os dados no formato acima sua calculadora dever´ a est´ a fixada no modo alg´ ebrico, veja p´ agina 135.
158
Da mesma forma que fizemos com as listas, podemos guardar uma matriz em uma vari´ avel. Por exemplo, considere a matriz na tela esquerda a seguir
escreva o nome da matriz na linha de entrada e clique na matriz (tela do centro), pe¸ca uma c´ opia (Copy), ap´ os Enter teremos a tela da direita, com a matriz j´a armazenada na vari´ avel MT1.
Acessando os elementos de uma matriz Podemos ter acesso aos elementos de uma matriz digitando o nome da matriz e a posi¸c˜ ao do elemento entre parenteses − exatamente como na matem´ atica. Por exemplo, considere a matriz anterior, na tela a seguir pedimos alguns elementos
na tela do centro pedimos a soma dos elementos da segunda linha, na tela da direita pedimos o produto dos elementos da terceira coluna.
159
C´ alculo de Matrizes com Elementos Alg´ ebricos Um estudante de engenharia civil (Liercio Feital) me escreveu com a seguinte d´ uvida∗ : Como fazer um programa para gerar matrizes tipo: # " 12E/L 10E/2L 8E/L
5E
“onde eu entraria com os valores E = 10 e L = 2, o programa mostraria a matriz resultante”: # " 60 25 40 50
Antes do programa vejamos como resolver este problema diretamente na vista do CAS, na tela a seguir
→ criamos uma vari´ avel − na verdade uma fun¸c˜ao − de dois parˆ ametros (E e teremos a tela da direita. MLF pode ser vista como uma L), ap´ os fun¸c˜ ao de duas vari´ aveis. Na tela a seguir
fazemos uma simula¸c˜ ao, isto ´e, digitamos na linha de entrada MLF(10,2), teremos o resultado. Na tela da direita, temos o programa ap´ os equivalente. ∗
Ainda na HP 50g .
160
Pedindo as dimens˜ oes de uma matriz Um importante comando em programa¸c˜ao ´e DIM, que nos devolve o tamanho de uma matriz, na tela a seguir
temos uma matriz de ordem {2, 3}; na tela da direita armazenamos uma matriz em uma vari´ avel e depois pedimos a dimens˜ao da matriz.
3.3.4
O comando MAKEMAT
Um importante comando em programa¸c˜ao ´e MAKEMAT, cuja sintaxe ´e vista a seguir MAKEMAT (express˜ ao, linhas, colunas) Cria uma matriz com a dimens˜ao linhas × colunas, utilizando a express˜ ao para calcular cada elemento. Se a express˜ ao cont´em as vari´ aveis I e J, ent˜ao, o c´alculo para cada elemento substitui o n´ umero de linha atual para I e o n´ umero da coluna atual para J. A seguir vemos dois exemplos
na tela da esquerda construimos uma matriz 2 × 2 com termo geral dado por aij = j − i2 ; na tela da direita construimos uma matriz 3 × 4 com termo geral dado por aij = i − 2 j. Devemos usar letras mai´ usculas na express˜ ao da matriz, o i min´ usculo ´e reservado para a unidade complexa. Nota: Na vista do CAS (a que estamos trabalhando) digite o comando − na linha de entrada − em letras mai´ usculas: MAKEMAT.
161
A prop´osito, vejamos um exemplo um pouco mais sofisticado. A matriz a seguir
aij = ( −1 )
i−1 j−1 2
serve para o c´ alculo de combina¸c˜oes, como pode ser visto na referˆencia [2]. O s´ımbolo ⌊ x ⌋ representa a fun¸c˜ao m´ aximo inteiro (que n˜ ao supera x), ou fun¸c˜ ao piso. Na HP Prime ´e denotada por FLOOR, na tela a seguir vemos alguns exemplos
Na tela da direita construimos a matriz aij , 4 × 2, dada pela equa¸c˜ao acima. Na tela a seguir usando a equa¸c˜ao aij construimos uma fun¸c˜ao de duas vari´ aveis (programa): m, n´ umero de linhas e n, n´ umero de colunas.
Nas telas do centro e direita temos duas simula¸c˜oes. Observe que os programas na HP Prime resultam bastante compactos − simples, enxutos, est´eticos. Perguntamos se em outras linguagens de programa¸c˜ ao obter´ıamos este mesmo n´ıvel de simplifica¸c˜ao (?).
162
Vetores Vetor na HP Prime ´e uma matriz unidimensional (uma linha), por exemplo [ −1, 2, 5, 7 ]
´ importante fazer distin¸c˜ E ao entre um vetor e uma matriz de uma u ´ nica linha na hora de acessar um elemento. Na tela a seguir
criamos uma matriz unidimensional e um vetor, digitando na linha de entrada MT1:=[[−1, −1, 0, 0, 1, 1]]
e
VT1:=[−1, −1, 0, 0, 1, 1]
na tela da direita tentamos acessar o segundo elemento da matriz com apenas uma coordenada, o que redundou em erro, em seguida acessamos o segundo elemento de maneira correta no vetor e na matriz.
∗
∗
∗
Adendo: H´a de se observar que um mesmo comando devolve objetos distintos, na vista de In´ıcio e na vista do CAS, exemplo: m:=SIZE([2, 1, 1, −1, 3]) ⇒ m := { 5 }, Na vista de In´ıcio. m:=SIZE([2, 1, 1, −1, 3]) ⇒ m := 5,
163
Na vista do CAS.
3.4
Somat´ orios
Um outro importante recurso para a programa¸c˜ao ´e o somat´orio. Acesse o somat´ orio primando a tecla
A sintaxe do somat´ orio ´e X (express˜ ao, vari´ avel, in´ıcio, fim)
Por exemplo, observe a equivalˆencia
X (express˜ ao, vari´ avel, in´ıcio, fim)
⇐⇒
5 X
k2
k=1
Ou ainda X (k ∧ 2, k, 1, 5) | {z } na HP Prime
⇐⇒
5 X
k2
k=1
Digitando na linha de entrada
→ pressionando
teremos o resultado na tela da direita.
164
Somat´ orio e resultados alg´ ebricos Nota: Para os exemplos que se seguem, certifique-se de que a vari´ avel n est´ a resetada − adendo, p. 147.
O somat´ orio produz at´e resultados alg´ebricos, digitando na linha de entrada k variando de 1 a n
pressionando
teremos o resultado na tela da direita. Portanto n X
k2 =
k=1
2n3 + 3n2 + n 6
Caso se queira o resultado fatorado, escreva factor() na linha de entrada, clique na express˜ ao e pe¸ca uma c´opia
pressionando
teremos o resultado na tela da direita. Portanto n X
k=1
k2 =
n (n + 1) (2 n + 1) 6
165
Podemos at´e criar fun¸c˜oes envolvendo somat´ orios; por exemplo, digitando na linha de entrada X f (m, n) := (k ∧ m, k, 1, n)
temos
1 |1
21
31 {z 41 51 6 X f (1, 6)= k1 = 21
61}
k=1
2 |1
22 f (2, 5)=
3{z2 5 X
42 k2 = 55
5}2
62
k=1
Na tela vemos duas simula¸c˜oes. Somat´ orio e s´ eries Podemos at´e somar algumas s´eries, por exemplo, considere a progress˜ao geom´etrica infinita 1 1 1 1 , , , , ... 2 4 8 16 na tela a seguir digitamos a soma dos termos desta P.G.
na tela da direita temos o resultado, portanto ∞
X 1 1 1 1 1 + + + + ... = = 1 2 4 8 16 2k k=1
166
3.5
´ Algebra
Menu CAS Nas telas a seguir mostramos como acessar alguns comandos para manipula¸c˜oes alg´ebricas.
Vejamos alguns comandos. 1) Simplificar Apresenta uma express˜ ao simplificada. simplify(Expr) 2) Colecionar Recolhe termos semelhantes numa express˜ ao polinomial (ou numa lista de express˜ oes polinomiais). Decomp˜ oe os resultados, consoante as defini¸c˜oes CAS. collect(Poly)
ou
collect({Poly1, Poly2,..., Polyn})
Exemplos:
167
3) Expandir Apresenta uma express˜ ao expandida. expand(Expr) 4) Decompor Apresenta um polinˆ omio decomposto (fatorado). factor(Poly) Exemplos:
Nota: Para estes exemplos a configura¸c˜ao CAS da sua calculadora deve ser como na tela da direita. 5) Substitue Substitui um valor por uma vari´ avel numa express˜ ao. subst(Expr,Var=valor) 6) Fra¸ c˜ ao parcial Realiza a decomposi¸c˜ ao de uma fra¸c˜ao em fra¸c˜oes parciais. partfrac(RatFrac) Exemplos:
168
Mudando a configura¸c˜ ao da Vista de In´ıcio e do CAS como nas telas a seguir
aqui
−→
na tela da direita repetimos os dois exemplos anteriores, ou seja, agora temos a decomposi¸c˜ ao sobre os Complexos.
Extra¸ c˜ ao 7) Numerador Numerador simplificado. Para os n´ umeros inteiros a e b, apresenta o numerador da fra¸c˜ ao a/b ap´ os a simplifica¸c˜ao. numer(a/b) 8) Denominador Denominador simplificado. Para os n´ umeros inteiros a e b, apresenta o denominador da fra¸c˜ ao a/b ap´ os a simplifica¸c˜ao. denom(a/b) Exemplos:
169
9) Lado esquerdo Apresenta o lado esquerdo de uma equa¸c˜ao ou a extremidade esquerda de um intervalo. left(Expr1=Expr2)
ou
left(Real1..Real2)
10) Lado direito Apresenta o lado direito de uma equa¸c˜ao ou a extremidade direita de um intervalo. right(Expr1=Expr2)
ou
right(Real1..Real2)
Exemplos:
Uma aplica¸c˜ ao interessante destes comandos ´e que podemos extrair a base e o expoente em uma potˆencia de expoente fracion´ario, como na tela da direita. Funciona at´e mesmo com potˆencias alg´ebricas, veja:
Na tela da direita mostramos como fatorar o expoente do numerador da seguinte fra¸c˜ ao 2 2x −1 x3 − 1 Ent˜ ao 2 2(x−1)(x+1) 2x −1 = x3 − 1 x3 − 1
170
3.6
Estruturas de Programa¸c˜ ao
Introdu¸ c˜ ao Uma estrutura de programa¸ c˜ ao permite a um programa tomar uma decis˜ ao sobre como ele deve ser executado, dependendo das condi¸c˜oes dadas ou dos valores de argumentos em particular. Um uso cuidadoso e inteligente destas estruturas torna poss´ıvel a cria¸c˜ao de programas com extraordin´ aria flexibilidade. Diriamos que a programa¸c˜ ao propriamente dita come¸ca aqui com estruturas de programa¸c˜ ao, pois o que fizemos anteriormente foi praticamente a programa¸c˜ ao de f´ormulas apenas. Estas estruturas que iremos estudar s˜ ao comuns a v´arias linguagens de programa¸c˜ ao, como por exemplo, PASCAL, FORTRAN, C++ , MATLAB, etc. Quero dizer: vocˆe entendendo-as neste contexto, tamb´em estar´ a apto a execut´a-las em qualquer outra linguagem em que estas se fa¸cam presentes; da´ı a importˆ ancia de entendˆe-las nesta aqui, isto ´e, na HP Prime .
Estruturas de programa¸c˜ ao As estruturas que iremos estudar s˜ ao as seguintes:
• Estruturas c´ıclicas :
• Estruturas condicionais :
FOR
FOR - STEP
WHILE - REPEAT - END
IF - THEN - END
IF - THEN - ELSE - END
171
3.6.1
Estruturas c´ıclicas
FOR Para exemplificar o uso desta estrutura vamos construir um programa para calcular a soma dos N primeiros n´ umeros Naturais. Isto ´e, queremos o valor de: N X i = 1 + 2 + 3 + ··· + N i=1
Devemos fornecer ao programa o valor de N (at´e onde queremos que o mesmo some) e este deve nos devolver o valor da soma correspondente. Vamos iniciar o programa de acordo com a tela a seguir
↑ Para inserir a estrutura FOR no programa pressione a tecla virtual assinalada (Tmplt); des¸ca at´e o item 3Loop; v´a para a direita. Estamos na tela da ; ap´ os, teremos a tela a seguir direita acima. Agora pressione
complete o programa conforme tela da direita. Podemos executar o programa diretamente da vista do CAS
172
Estando na vista de in´ıcio digite o nome do programa e, entre parenteses, os dados requeridos pelo programa; como, por exemplo, na tela a seguir
→ Isto significa que 5 X
I = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15
I =1
Como funciona a estrutura FOR FOR contador FROM in´ıcio TO fim DO cl´ ausula c´ıclica Loop END
Esta estrutura executa uma por¸c˜ao do programa por um n´ umero definido de vezes usando o conte´ udo de uma vari´ avel local como contador, a qual pode ser usada dentro do loop para c´alculos ou outros prop´ositos. No final ao o contador ´e do loop o contador ´e testado se j´a atingiu o fim, caso n˜ incrementado de uma unidade e a cla´ usula c´ıclica ´e executada mais uma vez; este processo se repete at´e que o contador atinja o fim, quando ent˜ao o loop ´e abandonado. No programa ao lado temos: I: contador, 1: in´ıcio do contador, N: fim do contador, S:= S+I: cl´ ausula c´ıclica. Neste caso o contador est´ a sendo utilizado dentro do loop. No caso deste programa a vari´ avel S ´e inicializada com 0, e, a cada ciclo, S ´e atualizada adicionando-se o valor de I ao seu valor anterior.
173
FOR-STEP Esta estrutura funciona de modo semelhante a anterior (FOR) exceto que a vari´ avel de controle pode ser incrementada de um valor diferente da unidade.
FOR - END’s concatenados O que chamamos de concatena¸c˜ao de FOR - END’s ´e o mesmo que encaixe (ou aninhamento) de FOR - END’s que, dependendo do programa, pode tomar diversas configura¸c˜oes. Por exemplo, assim: FOR FOR
a)
b)
FOR FOR FOR
FOR FOR
c)
END END END
END END
END FOR END END
Dentre muitas outras aplica¸c˜oes a concatena¸c˜ao ´e u ´ til para se trabalhar com matrizes. Vejamos o seguinte exemplo: (U.E.LONDRINA - 84) Dada a matriz A = ( amn )2×2 onde amn = 2n−m , a soma de todos os elementos que comp˜ oe a matriz A2 ´e igual a: a ) 81/4
b ) 10
c)9
d ) 25/4
e) − 6
Motivados pelo desafio acima vamos fazer um programa para construir uma matriz (quadrada de ordem N ) e que, em particular (N = 2) tenhamos a matriz do problema anterior. O programa consta da tela a seguir
na tela da direita temos duas simula¸c˜oes. Observe que o programa foi elaborado na vista de in´ıcio − e n˜ ao na vista do CAS. Observe que temos uma concatena¸c˜ao tipo a ). O primeiro FOR (ou ainda, o primeiro la¸co) fixa a linha e o segundo varia as colunas, de modo que a matriz vai sendo construida linha a linha e de cima para baixo. Para obter a resposta da quest˜ao do vestibular, clique na primeira matriz (tela anterior), pe¸ca uma c´opia para a linha de entrada, eleve ao quadrado e some os elementos. 174
O programa anterior foi feito apenas para ilustrar a concatena¸c˜ao de FOR - END’s, no entanto, na tela da esquerda a seguir criamos − na vista do CAS − um programa equivalente
Na tela da direita temos uma simula¸c˜ao para N = 3. Digamos que vocˆe queira os elementos da matriz n˜ ao na forma de fra¸c˜ao, mas aproximados (approx) com trˆes decimais; o caminho ´e este
Aqui
Executamos novamente o programa, como na tela da direita.
175
WHILE - REPEAT - END Esta ´e uma outra estrutura c´ıclica bastante utilizada. Para exemplificar o uso desta estrutura vamos resolver o seguinte problema: (UNESP - 84) Seja Sn = 211 + 212 + · · · + 21n , n um n´ umero natural diferente de zero. O menor n´ umero n tal que Sn > 0, 99 ´e: a) 5
b) 6
c) 7
d) 8
e) 9
A ideia aqui ´e variar n (a partir de 1) e ir somando os termos o resultado da soma seja maior que 0, 99. Veja alguns exemplos, n
Sn
1
1 2
= 0, 5
2
1 2
+
1 22
= 0, 75
3
1 2
+
1 22
+
...
1 23
1 2n
at´e que
= 0, 875
........................
Vamos fazer melhor: o programa vai receber como entrada um n´ umero L que, em particular, pode ser L = 0, 99. Vamos iniciar o programa de acordo com a tela a seguir (Vista de in´ıcio)
Para inserir a estrutura WHILE, v´a para a tela da direita acima. Agora ; ap´ os, complete com a tela a seguir pressione
Na tela da direita temos duas simula¸c˜oes do programa. 176
Digitando na linha de entrada (vista do CAS) SUN(n) := criamos uma fun¸c˜ ao de n, esta Sn =
P
(1/2 ∧ k, k, 1, n)
1 1 1 + 2 + ··· + n 1 2 2 2
As telas a seguir
mostram Sn para alguns valores de n. Para os valores aparecerem como na tela acima em deve estar desmarcada (tela da direita).
a caixa Exact
Como funciona a estrutura WHILE WHILE cla´ usula de teste Loop DO comandos END
Esta estrutura executa uma por¸c˜ao do programa (comandos) enquanto a cla´ usula de teste for verdadeira. No programa ao lado temos: cla´ usula de teste: S≤L. comandos: n:=n+1; S:=S+1/2 ∧ n. O loop s´ o ´e abandonado quando S for tal que S>L.
177
3.6.2
Estruturas condicionais
IF - THEN - END Para exemplificar o uso desta estrutura vamos construir um programa que nos diz se um dado n´ umero ´e par ou n˜ ao. Faremos este programa de dois modos distintos, para ilustrar dois comandos da HP Prime : FP e MOD. O comando FP nos devolve a parte fracion´ aria de um n´ umero, na tela a seguir temos alguns exemplos (desmarque a caixa Exact)
Na tela do centro temos o programa. Na tela da direita como acessamos a estrutura IF - THEN - END. A estrutura IF - THEN - END executa uma sequˆencia de comandos somente se o teste ´e verdadeiro. A palavra IF inicia a cl´ausula-de-teste, a qual deixa o resultado do teste (0 ou 1). THEN remove este resultado. Se o valor ´e 1, a cl´ ausula verdadeira ´e executada. Caso contr´ ario, a execu¸c˜ao do programa prossegue com a instru¸c˜ao seguinte a END. umero inteiro a O comando MOD nos devolve o resto da divis˜ao de um n´ por um n´ umero inteiro b. A seguir temos dois exemplos 5 1
2 2
20 6 2 3 տ 20 MOD 6
տ 5 MOD 2
Na tela a seguir temos os dois exemplos acima; o segundo programa consta na tela do centro a seguir
Na tela da direita temos duas simula¸c˜oes deste programa.
178
IF - THEN - ELSE - END Esta estrutura condicional ´e bem mais interessante e u ´ til que a anterior. Para exemplific´ a-la faremos um programa para sair com os N primeiros termos da sequˆencia n se n ´e par; , 2 an = n + 1 , se n ´e ´ımpar. 2 Inicie o programa como a seguir
complete-o como na tela do centro. Na tela da direita temos duas simula¸c˜oes do programa. Vejamos mais um exemplo de aplica¸c˜ao desta estrutura. (PUC- SP - 76) Se A ´e uma matriz 3 por 2 definida pela lei 1, se i = j; aij = 2 i , se i = 6 j.
Ent˜ao A se escreve: 1 1 1 1 1 1 1 4 9 1 1 9 a) b) 4 1 c) 1 4 d) e) 4 1 1 1 9 1 4 9 9 9 9 9 6 6
Vamos resolver este problema para uma matriz de dimens˜ao gen´erica M × N . O programa ´e como a seguir
na tela da direita temos trˆes simula¸c˜oes. 179
Como funciona a estrutura IF - THEN - ELSE - END IF cla´ usula-de-teste THEN cla´ usula-verdadeira Estrutura ELSE cla´ usula-falsa END Esta estrutura executa uma sequˆencia de comandos se o teste resultar verdadeiro e outra, caso seja falso. A palavra IF inicia a cl´ausula-de-teste, a qual sai com o resultado (0 ou 1). THEN verifica este resultado. Se o valor ´e 1, a cl´ausula-verdadeira ´e executada; caso contr´ ario, a cl´ausula-falsa ´e executada. Ap´os ter executado a cl´ ausula apropriada, o programa prossegue com a instru¸c˜ao seguinte `a END. No programa ao lado temos: cla´ usula de teste: FP(n/2)==0 cla´ usula verdadeira: TS(n):=n/2 cla´ usula falsa: TS(n):=(n+1)/2
180
Tra¸cando gr´ aficos com IF - THEN - ELSE - END Vamos exemplificar como esta estrutura pode ser utilizada para construir gr´ aficos de fun¸c˜ oes definidas por v´arias senten¸cas. Inicialmente considere a fun¸ca˜o f : R → R dada por se x < −1; −x, f (x) = x2 − 1, se x ≥ −1.
Na tela a seguir programamos esta fun¸c˜ao
na tela da direita simulamos alguns exemplos. Ao atribuir o nome f ao programa caso esta vari´ avel esteja ocupada ent˜ao purge(f ) ´e uma sugest˜ao. Pois bem, nosso objetivo agora ´e plotar o gr´ afico desta fun¸c˜ao. Inicialo que vai nos levar para a seguinte tela mente prima a tecla
→
↑ em seguida clique no aplicativo assinalado (Function), o que nos leva para a tela da direita. Clique na tecla virtual Edit
181
escreva na linha de entrada f (X) (este X deve ser mai´ usculo); ap´ os clicar em OK estaremos na tela da direita
→
↑
Agora vamos dimensionar os eixos para plotagem, para isto clique em
vamos para a seguinte tela (configura¸c˜ao na minha calculadora)
configurando como na tela do centro, ap´ os clique em teremos a tela da direita. Como mais um exemplo, para o gr´ afico da fun¸c˜ao dada por −x − π2 , se x < − π2 ; g(x) = | cos 2 x |, se − π2 ≤ x < π2 ; x − π2 , se x ≥ π2 . o programa fica assim
182
3.7
C´ alculo de combina¸ c˜ oes
Introdu¸c˜ ao: A conhecida f´ormula da an´ alise combinat´ oria n n! = r (n − r)! r! nos fornece o n´ umero de combina¸c˜oes dos n elementos de um conjunto, tomados r a r. Mas esta f´ormula n˜ ao nos fornece as tais combina¸c˜oes. O nosso objetivo nesta se¸c˜ ao ´e exibir uma f´ormula que tem precisamente esta finalidade. A matriz a seguir nos fornece todas as combina¸c˜oes poss´ıveis para um conjunto com quatro elementos { a1 ,
a4 }
a2 ,
a3 ,
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
0
1
1
0
0
0
0
1
0
1
0
1
0
0
1
1
0
1
1
1
0
0
0
0
1
1
0
0
1
0
1
0
1
1
1
0
1
0
0
1
1
1
0
1
1
0
1
1
1
1
1
1
1
{
}
{ a1 }
{ a2 }
{ a1 , a2 }
{ a3 }
{ a1 , a3 }
{ a2 , a3 }
{ a1 , a2 , a3 }
{ a4 }
{ a1 , a4 }
{ a2 , a4 }
{ a1 , a2 , a4 } { a3 , a4 }
{ a1 , a3 , a4 }
{ a2 , a3 , a4 }
{ a1 , a2 , a3 , a4 }
Onde convencionamos que onde ocorre 1 o elemento entra na combina¸c˜ao, onde ocorre 0 o elemento n˜ ao entra na combina¸c˜ao. Esta matriz pode facilmente ser generalizada para um conjunto com um n´ umero arbitr´ario de elementos, digamos n. Lembramos que o s´ımbolo ⌊ x ⌋ representa a fun¸c˜ao m´ aximo inteiro (que n˜ ao supera x), ou fun¸c˜ ao piso. Na HP Prime ´e denotada por FLOOR.
183
Uma f´ ormula para a matriz de combina¸c˜ oes Em nosso livro citado na referˆencia [2] demonstramos a seguinte f´ormula para a matriz de combina¸c˜oes
aij =
0 1
se se
j
j
i−1 j−1 2 i−1 j−1 2
k k
´e par; ´e ´ımpar.
Na tela a seguir programamos esta matriz, entramos com n e o programa sai com a respectiva matriz de combina¸c˜oes
nas duas outras telas temos duas simula¸c˜oes. Nas telas a seguir temos um (´ unico) programa que recebe um conjunto e sai com o conjunto das partes (conjunto de todos os subconjuntos)
184
Nas telas a seguir
temos duas simula¸c˜ oes do programa; na tela da esquerda entramos com o conjunto { a, b, c } e na tela da direita com o conjunto { a1 , a2 , a3 , a4 } .
Nota: N˜ao esquecer de resetar as letras (p. 147) − se necess´ario. Ademais, evite incluir a letra e em um conjunto, esta letra ´e reservada para a base do logaritmo neperiano. Nas telas a seguir
entramos com um conjunto e r, o programa sai com todas as combina¸c˜oes dos elementos do conjunto tomados r a r. Observe que o programa anterior (MTXC1) ´e utilizado. Na tela da direita vemos uma simula¸c˜ao para o conjunto { a1 , a2 , a3 , a4 } e r = 3.
185
3.8
Desenvolvimento N -´ ario
Matriz Bin´ aria Sabe-se que dados dois inteiros a e N , com a ≥ 0 e N > 1, existem (e s˜ ao u ´ nicos) inteiros c0 , c1 , . . . , cn ; de tal modo que a = c0 + c1 · N + c2 · N 2 + · · · + cn · N n com 0 ≤ ci < a (i = 0, 1, . . . , n). A express˜ ao anterior ´e chamada expans˜ ao N -´ aria do inteiro a. O sistema de numera¸c˜ao de base 2 obt´em-se escolhendo um conjunto com dois s´ımbolos: S = { 0, 1 }. Na matriz seguinte temos a expans˜ ao bin´ aria dos inteiros 0, 1, 2, . . . , 15. 20 21 22 23
=⇒
20 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1
21 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1
22 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1
23 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1
0 = 0·20 + 0·21 + 0·22 + 0·23 1 = 1·20 + 0·21 + 0·22 + 0·23 2 = 0·20 + 1·21 + 0·22 + 0·23 3 = 1·20 + 1·21 + 0·22 + 0·23 4 = 0·20 + 0·21 + 1·22 + 0·23 5 = 1·20 + 0·21 + 1·22 + 0·23 6 = 0·20 + 1·21 + 1·22 + 0·23 7 = 1·20 + 1·21 + 1·22 + 0·23 8 = 0·20 + 0·21 + 0·22 + 1·23 9 = 1·20 + 0·21 + 0·22 + 1·23 10 = 0·20 + 1·21 + 0·22 + 1·23 11 = 1·20 + 1·21 + 0·22 + 1·23 12 = 0·20 + 0·21 + 1·22 + 1·23 13 = 1·20 + 0·21 + 1·22 + 1·23 14 = 0·20 + 1·21 + 1·22 + 1·23 15 = 1·20 + 1·21 + 1·22 + 1·23
Em nosso livro [2] demonstramos a seguinte f´ormula
anj =
j n k j n k − 2 j j+1 2 2
que nos fornece o desenvolvimento bin´ ario de um inteiro positivo n.
186
Para programar a matriz bin´ aria necessitaremos da varia¸c˜ao de j. Observe que se n 1 n n · j = j+1 < 1 ⇒ anj = 0. ⇒ j < 1 2 2 2 2 Portanto, devemos considerar apenas os valores de j, satifazendo a desigualdade n j ⇐⇒ 2 ≤ n. Isto ´e, j = 0, 1, 2, . . . , ⌊log2n ⌋. j ≥ 1 2 Exemplo: Encontre a expans˜ ao bin´ aria de 20. Solu¸ c˜ ao: ⌊log20 ⌋ = 4. Para j = 0, 1, 2, 3, 4; obtemos 2 j=0
⇒ a20,0 = ⌊ 200 ⌋ − 2⌊
20 20+1
⌋ = 20 − 2 · 10 = 0
j=1
⇒ a20,1 = ⌊ 201 ⌋ − 2⌊
20 21+1
⌋ = 10 − 2 · 5
=0
j=2
⇒ a20,2 = ⌊ 202 ⌋ − 2⌊
20 22+1
⌋ = 5−2·2
=1
j=3
⇒ a20,3 = ⌊ 203 ⌋ − 2⌊
20 23+1
⌋ = 2−2·1
=0
j=4
⇒ a20,4 = ⌊ 204 ⌋ − 2⌊
20 24+1
⌋ = 1−2·0
= 1.
2
2
2
2
2
Logo, 20 = (0 0 1 0 1)2 . Ou ainda, 20 = 0 · 20 + 0 · 21 + 1 · 22 + 0 · 23 + 1 · 24 . Na tela a seguir programamos a matriz bin´ aria
na tela da direita temos algumas simula¸c˜oes.
187
Matriz Tern´ aria O sistema de numera¸c˜ao de base 3 obt´em-se escolhendo um conjunto com trˆes s´ımbolos: S = { 0, 1, 2 }. Na matriz seguinte temos a expans˜ ao dos inteiros 0, 1, 2, . . . , 26, na base 3.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
30 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2
31 0 0 0 1 1 1 2 2 2 0 0 0 1 1 1 2 2 2 0 0 0 1 1 1 2 2 2
32 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2
0 = 0 · 30 + 0 · 31 + 0 · 32
1 = 1 · 30 + 0 · 31 + 0 · 32 2 = 2 · 30 + 0 · 31 + 0 · 32 3 = 0 · 30 + 1 · 31 + 0 · 32 4 = 1 · 30 + 1 · 31 + 0 · 32 5 = 2 · 30 + 1 · 31 + 0 · 32 6 = 0 · 30 + 2 · 31 + 0 · 32 7 = 1 · 30 + 2 · 31 + 0 · 32 8 = 2 · 30 + 2 · 31 + 0 · 32 9 = 0 · 30 + 0 · 31 + 1 · 32
10 = 1 · 30 + 0 · 31 + 1 · 32 11 = 2 · 30 + 0 · 31 + 1 · 32 12 = 0 · 30 + 1 · 31 + 1 · 32 13 = 1 · 30 + 1 · 31 + 1 · 32 14 = 2 · 30 + 1 · 31 + 1 · 32 15 = 0 · 30 + 2 · 31 + 1 · 32 16 = 1 · 30 + 2 · 31 + 1 · 32 17 = 2 · 30 + 2 · 31 + 1 · 32 18 = 0 · 30 + 0 · 31 + 2 · 32 19 = 1 · 30 + 0 · 31 + 2 · 32 20 = 2 · 30 + 0 · 31 + 2 · 32 21 = 0 · 30 + 1 · 31 + 2 · 32 22 = 1 · 30 + 1 · 31 + 2 · 32 23 = 2 · 30 + 1 · 31 + 2 · 32 24 = 0 · 30 + 2 · 31 + 2 · 32 25 = 1 · 30 + 2 · 31 + 2 · 32 26 = 2 · 30 + 2 · 31 + 2 · 32
Uma f´ormula para a matriz tern´ aria ´e dada a seguir
anj =
j n k j n k − 3 3j 3j+1 188
O sistema de numera¸c˜ ao de base N > 1 obt´em-se escolhendo um conjunto com N s´ımbolos: S = { s0 , s1 , . . . , sN−1 }. No sistema de base 10 usualmente toma-se S = { 0, 1, 2, . . . , 9 }. Se N ≤ 10, utilizam-se os s´ımbolos 0, 1, 2, . . . , 9 e se N > 10 utilizam-se os s´ımbolos 0, 1, 2, . . . , 9 e se introduzem s´ımbolos adicionais para representar 10, . . . , N − 1. Por exemplo, o sistema de numera¸c˜ ao hexadecimal (base 16), largamente utilizado em eletrˆ onica digital, usa 16 s´ımbolos: S = { 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F } A f´ormula a seguir generaliza as matrizes bin´ aria e tern´ aria para uma base N qualquer j n k j n k − N anj = Nj N j+1 Onde (fixado n), j = 0, 1, 2, . . . , ⌊logNn ⌋. Exemplo: Obter o desenvolvimento de 538 na base hexadecimal. Solu¸ c˜ ao: Para N = 16, temos ⌊log16538 ⌋ = 2. Ent˜ao, j 538 k j 538 k a538, j = − 16 , j = 0, 1, 2. 16j 16j+1 Temos j = 0 ⇒ a538, 0 = ⌊ 5380 ⌋ − 16⌊
538 160+1
⌋ = 538 − 16 · 33 = 10
j = 1 ⇒ a538, 1 = ⌊ 5381 ⌋ − 16⌊
538 161+1
⌋ = 33 − 16 · 2
=1
j = 2 ⇒ a538, 2 = ⌊ 5382 ⌋ − 16⌊
538 162+1
⌋ = 2 − 16 · 0
=2
16 16 16
Como 10 ≡ A, resulta, 538 = (A 1 2)16 . Na tela a seguir programamos a matriz N -´aria
na tela da direita algumas simula¸c˜oes na base N = 3 e N = 16. Nota: Deduzi a matriz N -´ aria em abril/1999 (Ver [2]).
189
3.9
Algumas fun¸ c˜ oes especiais
Neste t´ opico vamos arrolar mais algumas fun¸c˜oes da HP Prime que julgamos relevantes no contexto da programa¸c˜ao.
3.9.1
A fun¸ c˜ ao apply
Aplica um vetor (ou lista) − do dom´ınio de uma fun¸c˜ao − no c´alculo dos valores da fun¸c˜ ao Sintaxe apply ( Var → f(Var),
vetor)
Por exemplo
Na tela da direita mostramos como acessar a setinha − encontra-se “sob” a tecla de n´ umero 9. No lugar do vetor pode ser uma lista. Nas telas a seguir utilizamos esta fun¸c˜ ao para calcular duas “tabelas trigonom´etricas”, do seno e do cosseno:
Nota: Sua calculadora deve estar fixada no modo Exact, p. 144. As tabelas trigonom´etricas constantes nos livros n˜ ao trazem alguns “arcosπ o metade”, como, por exemplo, 15 = 12 , na HP Prime ´e f´acil, veja:
190
3.9.2
A fun¸c˜ ao REPLACE
REPLACE Substitui parte de uma matriz ou vetor guardados em nome por um objeto a partir da posi¸c˜ ao in´ıcio. In´ıcio para uma matriz ´e uma lista que cont´em dois n´ umeros. Para um vetor, ´e um u ´ nico n´ umero. REPLACE tamb´em funciona com listas, gr´ aficos e strings. Sintaxe REPLACE(nome, in´ ıcio, objeto) Nas telas a seguir, vemos dois exemplos
Observe mais duas substitui¸c˜ oes
Lembrete: N˜ao esque¸ca de resetar as letras, se necess´ario.
191
Tabela trigonom´ etrica Vamos montar uma tabela trigonom´etrica do seno. Considere novamente a tela a seguir
a direita criamos uma matriz, que vai ser a tabela ao final. ` A seguir, criamos uma matriz que cont´em os valores do dom´ınio
a direita calculamos o seno para esta matriz. ` A seguir, crie uma vari´ avel VC, clique em cima do u ´ ltimo vetor (matriz) e guarde uma c´ opia nesta vari´ avel
na tela da direita substituimos a primeira coluna da matriz MTR pelo transposto do vetor VD.
192
Este u ´ ltimo resultado salvamos em MTR
na tela da direita substituimos em MTR o transposto do vetor VC. A seguir salvamos esta u ´ ltima matriz em MTR
na tela da direita colocamos uma “legenda” na tabela. Opcionalmente, podemos ver a tabela na horizontal, tomando o transposto, assim
Clique em cima da tabela e pe¸ca para ver (Show)
193
Vamos encimar a tabela com grau, no lugar de radiano. Para isto salvamos a tabela em uma nova vari´ avel. Digite na linha de entrada como a seguir
Apenas a t´ıtulo de curiosidade, veja como nos “tempos primitivos” calculavaπ . Vamos partir da f´ormula se, por exemplo, o seno de 15o = 12 sen
a 2
=
r
1 − cos a 2
Substituindo nesta f´ormula a = 30o , obtemos 30o r 1 − cos 30o = sen 2 2 Ent˜ ao
Simplificando,
sen 15o =
s
1− 2
√
3 2
√ 2− 3 sen 15 = 2 Na tela a seguir, pedimos para a HP Prime calcular o seno de 15o o
p
mude sua calculadora para grau (Degrees) na tela da direita pedimos para ela simplificar o resultado obtido pela f´ormula, para efeito de compara¸c˜ao. 194
3.9.3
A fun¸c˜ ao Map
Segundo o manual (da HP Prime ): Existem duas utiliza¸c˜ oes para esta fun¸c˜ao, nas quais o segundo argumento ´e sempre um mapeamento de uma vari´ avel para uma express˜ ao. Se a express˜ ao for uma fun¸c˜ ao da vari´ avel, a fun¸c˜ao ´e aplicada a cada elemento do vetor ou matriz (o primeiro argumento) e ´e apresentado o vetor ou matriz resultante. Se a express˜ ao for um teste booleano, cada elemento do vetor ou matriz ´e testado e os resultados s˜ ao apresentados como um vetor ou matriz. Cada teste apresenta 0 (falha) ou 1 (aprova¸c˜ao). Sintaxe map ( Matrix, Var → Fun¸ c~ ao) Ou map ( Matrix, Var → Teste) Em seguida o manual fornece os dois exemplos seguintes
Na tela da direita acrescentei mais um exemplo. O manual n˜ ao fornece nenhum exemplo de um caso onde o primeiro argumento da map seja uma matriz; fiz algumas tentativas, no entanto, pelas respostas, n˜ ao encontrei uma “l´ogica”, um padr˜ao. Por exemplo, na tela a seguir
apliquei a fun¸c˜ ao x → 2 x ` a matriz de entrada, o resultado foi o esperado: cada elemento da matriz ´e multiplicado por 2. Quando apliquei a fun¸c˜ao 195
x → x−1, eu esperava que cada elemento da matriz fosse subtraido de 1, isto aconteceu apenas com os elementos da terceira coluna. Na matriz da direita temos duas outras simula¸c˜oes, apenas a segunda me ´e intelig´ıvel; de formas que a explica¸c˜ ao do manual para mim ficou um tanto quanto nebulosa; cansado de tentar encontrar uma l´ogica decidi criar a minha pr´ opria fun¸c˜ao “map”, isto ´e, uma que atenda ao enunciado “Se a express˜ ao for uma fun¸ca ˜o da vari´ avel, a fun¸ca ˜o ´e aplicada a cada elemento da matriz (o primeiro argumento) e ´e apresentado a matriz resultante.” A fun¸c˜ ao que criei tem a seguinte: Sintaxe mapii ( Matrix, Var → express~ ao) ei-la:
a direita temos duas simula¸c˜oes. `
3.9.4
A fun¸ c˜ ao Zip
Aplica uma fun¸c˜ ao bivariada aos elementos de duas listas ou vetores e apresenta os resultados num vetor. Sem o valor predefinido, o comprimento do vetor ´e o m´ınimo dos comprimentos das duas listas. Com o valor predefinido, a lista mais curta ´e preenchida com o valor predefinido. Sintaxe: zip(‘function’ , List1, List2, Default)
196
3.9.5
A fun¸c˜ ao remove
Dado um vetor ou lista, remove as ocorrˆencias de Valor ou remove os valores que tornam o Teste verdadeiro e apresenta o vetor ou lista resultante. Sintaxe: remove(Value, List) ou remove(Test, List) Veja os dois exemplos seguintes
Aqui cabe uma pergunta: e se quisermos eliminar na lista do exemplo os x tais que x ≤ −2 e x ≥ 2 ?. Basta concatenar remove, assim:
197
3.9.6
A fun¸ c˜ ao solve
A fun¸c˜ ao solve − e outras que nos interessam − pode ser acessada na caixa de ferramentas, assim:
Ademais, escolha a configura¸c˜ao da tela `a direita. Solve: Apresenta uma lista das solu¸c˜oes (reais e complexas) de uma equa¸c˜ao polinomial ou de um conjunto de equa¸c˜oes polinomiais. Sintaxe: solve(Eq,[Var])
ou
solve(Eq1, Eq2,. . . , [Var])
Nas telas a seguir, temos alguns exemplos
Como um outro exemplo, na tela a seguir pedimos para resolver a equa¸c˜ ao quadr´ atica, a x2 + b x + c = 0
Na tela da direita criamos uma fun¸c˜ao (programa) para resolver uma equa¸c˜ao quadr´ atica, vemos uma simula¸c˜ao. 198
Tabela-Resumo Comando
Sintaxe
p.
MAKELIST
MAKELIST (express˜ ao, vari´ avel, inicio, fim, incremento)
153
MAKEMAT (express˜ ao, linhas, colunas) P Somat´ orio (express˜ ao, vari´ avel, in´ıcio, fim)
164
FOR
FOR contador FROM in´ıcio TO fim DO cla´ usula c´ıclica END
173
FOR-STEP
FOR variavel FROM in´ıcio TO fim STEP h DO cla´ usula c´ıclica END
174
WHILE
WHILE cla´ usula de teste
177
IF-THEN
usula de teste IF cla´
THEN comandos END
178
IF-THENELSE-END
IF cla´ usula de teste
THEN cla´ usula verdadeira ELSE cla´ usula falsa
180
MAKEMAT
DO comandos END
161
END apply
apply ( Var → f(Var),
map
map ( Matrix, Var → Fun¸ c~ ao)
195
REPLACE
REPLACE(nome, in´ ıcio, objeto)
191
Zip
zip(‘function’ , List1, List2, Default)
196
remove
remove(Test, List)
197
solve
solve(Eq, Var)
198
vetor)
199
190
Um Belo Desafio! - II − A quem interessar possa. Introdu¸ c˜ ao: 12
Considere a sequˆencia dos quadrados dos naturais
22
32
42
52
62
72
...
No diagrama a seguir 1
4
9
16
25
36
49
...
3
5
7
9
11
13
...
2
2
2
2
2
...
produzimos duas diferen¸ cas entre os termos da primeira sequˆencia. Considere a sequˆencia dos cubos dos n´ umeros naturais 13
23
33
43
53
63
73
...
No diagrama a seguir 1
8
27
64
125
216
343
7
19
37
61
91
127
...
12
18
24
30
36
...
6
6
6
6
...
...
produzimos trˆ es diferen¸ cas entre os termos da primeira sequˆencia.
Desafio: Considere a sequˆencia dos naturais `a m-´esima potˆencia: a(n) = nm , onde m ´e um natural arbitrariamente fixado. Fa¸ca um programa onde entramos com m e j e o mesmo saia com uma f´ormula para a sequˆencia que corresponde ` a diferen¸ca de ordem j da sequˆencia a(n) = nm . Nota: Resolvemos este Desafio na HP Prime . Na tela da esquerda fazemos duas simula¸c˜ oes para o primeiro diagrama acima, a(n) = n2 . Na tela do centro fazemos duas simula¸c˜oes para o segundo diagrama acima, a(n) = n3 . Na tela da direita, a partir da f´ormula dada geramos os 10 primeiros termos das respectivas sequˆencias.
Gentil, o iconoclasta gentil.iconoclasta@gmail.com
Boa vista-RR/07.08.2016
200
´ Polinˆ omio – Algebra
3.10
Quociente Apresenta um vetor que cont´em os coeficientes do quociente euclidiano de dois polin´ omios. Os polin´ omios podem ser escritos como uma lista de coeficientes ou em forma simb´ olica. Sintaxe: quo(List1, List2, [Var]) ou quo(Poli1, Poli2, [Var])
Resto. Apresenta um vetor que cont´em os coeficientes do resto do quociente euclidiano de dois polinˆ omios. Os polinˆ omios podem ser escritos como uma lista de coeficientes ou em forma simb´ olica. Sintaxe: rem(List1, List2, [Var]) ou rem(Poli1, Poli2, [Var]) Antes de exemplificar na Calculadora, vejamos um exemplo, “na m˜ ao”; vamos dividir os dois polinˆ omios a seguir, x4 + 2x3 + 3x2 + 4x
e
− x2 + 2x
Veja como fica x4 + 2x3 + 3x2 + 4x
−x2 + 2x
−x2 − 4x − 11 ← (quociente)
−x4 + 2x2 4x3 + 3x2 + 4x
+ :
−4x3 + 8x2 11x2 + 4x
+ :
−11x2 + 22x + :
26x
← (resto)
201
Na HP Prime fica assim
Na tela da direita temos um outro exemplo.
Grau. Apresenta o grau de um polinˆ omio. Sintaxe: degree(Poli) Exemplos:
Coef. MDC. Apresenta o m´ aximo divisor comum (MDC) dos coeficientes de um polin´ omio. Sintaxe: content(Poli,[Var]) Exemplos:
202
ratnormal Reescreve uma express˜ ao como uma fra¸c˜ao racional irredut´ıvel. Sintaxe: ratnormal(Expr)
Fra¸c˜ ao parcial Realiza a decomposi¸c˜ ao de uma fra¸c˜ao em fra¸c˜oes parciais. Sintaxe: partfrac(RatFrac) Exemplos:
∗
∗
Gentil, bom dia!
∗ (email: 11/06/2012)
Aproveitei esses feriados estendidos em SP e li bem seu livro. Pratiquei todos os exerc´ıcios propostos e pratiquei todos os programas. Foi muito bom mesmo. Aprendi muito! [. . .] N˜ ao sou matem´ atico, sou engenheiro mecˆ anico formado em 1975. Na minha ´epoca de faculdade, n˜ ao havia calculadoras ainda. Tudo era feito na r´egua de c´ alculo ou no l´ apis e borracha. A minha Aristo tenho at´e hoje. [. . .] Apesar de eu j´ a me encontrar no fim da linha (fim de carreira - 60 anos), ainda tenho disposi¸ca ˜o para aprender. Pedir ao Ariovaldo (Siqueira) para que me enviasse uma foto da sua r´egua para que eu pudesse mostr´a-la aos meus alunos. Ele respondeu: Em anexo encontra-se para sua aprecia¸ca ˜o o seu pedido. Tenho duas r´eguas de c´ alculo, a Aristo e a Sterling Slide Rule. Na ´epoca eu fazia tudo com elas em engenharia, ambas eu comprei em 1970 e as usei at´e 1978. Depois aposentei as duas e comprei minha primeira Texas. (ver foto p. 205)
203
Gentil Lopes <gentil.silva@gmail.com>
Livro HP50g 1 mensagem Cleber Pertel <cleber.pertel@uol.com.br> 9 de maio de 2013 22:11 Para: gentil.silva@gmail.com Professor Gentil, Chamo-me Cleber e sou acadˆemico do curso de Engenharia Qu´ımica da Universidade Federal do Paran´ a. Estou escrevendo para o senhor para parabeniz´ a-lo pela sua obra “Programando a HP - 50g”. Esse livro ´e fant´astico! Tem me ajudado muito. Confesso que quando necessitei comprar a referida calculadora, senti-me extremamente ignorante. Tinha a ferrari, mas me sentia andando num monociclo. O seu livro fez toda a diferen¸ca no caminho que percorri para adentrar no fant´astico mundo da programa¸c˜ao. Embora meus passos ainda sejam mod´estos, tornaram-se firmes gra¸cas `a sua preciosa ajuda. Embora n˜ ao seja seu aluno fisicamente, sinto-me tal e qual, pois o senhor, atrav´es do seu livro, tornou-se indispens´ avel em minha vida acadˆemica, da mesma forma que os mestres que possuo na universidade. Infelizmente n˜ ao estamos pr´ oximos, pois eu gostaria muito de um aut´ ografo seu, mas, de qualquer forma, receba com estas palavras meu carinho e gratid˜ ao por uma obra t˜ ao rica que, humildemente, fala aos iniciantes (categoria na qual estou inclu´ıdo) e, mais do que isso, nos abre as portas do interesse e da curiosidade para adentrar nesse mundo ´ımpar que o seu livro conduz-nos os primeiros passos, quando estes ainda s˜ ao vacilantes. Que Deus o aben¸coe! Um forte abra¸co, com votos de paz, Cleber Pertel
204
Uma diferen¸ ca (evolu¸ ca ~o) abissal!
Foto-Ariovaldo
205
206
Referˆencias Bibliogr´aficas
[1] Silva, Gentil Lopes. N´ umeros n˜ ao euclidianos (Vers˜ ao 3D), 2018. Publica¸c˜ao Eletrˆonica. [2] Silva, Gentil Lopes. Novas Sequˆencias Aritm´eticas e Geom´etricas (Com programa¸ca ˜o na HP Prime ). 2 a Edi¸c˜ao, 2016. Publica¸c˜ao Eletrˆonica. [3] Silva, Gentil Lopes. Teoria da Relatividade Ontol´ ogica e Epistemol´ ogica. Publica¸c˜ ao eletrˆ onica, 2016. [4] Boyer, Carl Benjamin. Hist´ oria da Matem´ atica. S˜ ao Paulo - Edgar Bl¨ ucher, 1974. ´ oquio Bra[5] Bernardo Felzenszwalb. Algebras de Dimens˜ ao Finitas. 12o Col´ sileiro de Matem´atica. IMPA, 1979. [6] Fundamentos de matem´ atica elementar (por) Gelson Iezzi (e outros). S˜ ao Paulo, Atual Ed., 1977. V.6. Complexos, polinˆ omios, equa¸c˜oes. [7] Garbi, Gilberto G. O romance das equa¸co ˜es alg´ebricas. S˜ ao Paulo: Editora Livraria da F´ısica, 2010.
207
´Indice Remissivo
A Identidade de um Elemento, 120 Allan Calder, f´e, 132 Bachelard, 9 Bandidos, pol´ıticos, 121 Calculadora HP Prime, 20 Chaitin, 133 Chinesa, matem´ atica, 131 Combina¸c˜ oes, 183 Computa¸c˜ ao alg´ebrica, 20 Conjuntos, Estruturas, 118 Defini¸c˜ ao de n´ umero, 127 Desafio para as f´erias, 115 Desafios Um Belo Desafio, 157 -II, 200 Desenvolvimento N -´ ario, 186 Divis˜ao por zero, 49 ECR, 127 Email Ariovaldo, 203 Email Cleber, 204 Engenharia Matem´atica, 9 Escolas Matem´aticas, 128 Escolas matem´ aticas, 128 F´ormula do Iconoclasta, 111 F´ormula in´edita, 92 Forma alg´ebrica, 42 Forma trigonom´etrica, 58 Frege, vergonha, 117 Fun¸c˜ ao sinal, 14
G. H. Hardy, Metaf´ısica, problema, 132 G. H. Hardy, Platonista, 132 Gaston Bachelard, 9, 93 Gentil F´ormula in´edita, 92 Hardy, 132 Gottlob Frege, 117 Gr´ aficos, 181 Gregory Chaitin, 133 Henri Poincar´e, 4 HP PRIME Adendo (Resetar), 147 apply, 190 FOR, 172, 173 FOR-STEP, 174 Fra¸c˜ao irredut´ıvel (limite), 203 Fra¸c˜ao parcial, 203 IF - THEN - ELSE - END, 179, 180 IF - THEN - END, 178 Listas, 151 MAKELIST, 153 MAKEMAT, 161 map, 195 mapii, 196 Matrizes, 158 Menus Toolbox, 155 Polinˆ omios, 201 remove, 197 REPLACE, 191 Resetar vari´ avel, 147 208
SIZE (distintos), 163 Solve, 198 Somat´ orios, 164 Tabela seno, 192 Tabela-Resumo, 199 Vetores, 163 WHILE, 176, 177 Zip, 196
Radicia¸c˜ao, 79 Ratazanas, 121 Richard Courant, 123 TAP, chinˆes, 131 ´ Teorema Fundamental da Agebra, 6 Transforma¸c˜ao de coordenadas, 59 Tribo ind´ıgena, 131
Isomorfismo, 122
Unidade hiperimagin´aria, 41
Joaquim Canto, 131
V´ırus, 128
Lei do Terceiro Exclu´ıdo, 129 Listagem dos programas, 116
Xadrez, 120
Maharaj, 93 Marcelo Malheiros Para uma consciˆencia, 130 Mario Livio, 6 Matem´atica chinesa, 131 Matem´atica, ECR, 131 Matriz N -´ aria, 189 Matriz Bin´ aria, 186 Matriz Tern´ aria, 188 Milagre, 43 Milagre aos olhos . . . , 43 N´ umero, defini¸c˜ ao, 127 N´ umeros de Cayley, 13 Plotando gr´ aficos, 181 Poincar´e, 4 Postulado da TROE, 130 Potencia¸c˜ ao, 71 Problema Cl´ assico, 113, 114 Programas, listagem, 116 Proposi¸c˜ ao n˜ ao euclidiana, 39 Propriedade n˜ ao euclidiana, 38 Quadro amarelo nne-2D, 14 nne-3D, 126 Quociente m´ agico, 48 R´eguas de C´ alculo, 205 209