Gentil Lopes - LIVRO - Numeros Nao Euclidianos 2D

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Nu´meros n˜ao euclidianos (Vers˜ao 2D) Gentil, o iconoclasta

Boa Vista-RR Edi¸c˜ao do autor 2018


c 2018 Gentil Lopes da Silva Copyright

Todos os direitos reservados ao autor Site do autor → docente.ufrr.br/gentil.silva email → gentil.iconoclasta@gmail.com

Editora¸ c˜ ao eletrˆ onica e Diagrama¸ c˜ ao: Gentil Lopes da Silva Capa: Adriano J. P. Nascimento

Ficha Catalogr´ afica S586d

Silva, Gentil Lopes da N´ umeros n~ ao euclidianos:

vers~ ao 2D

Gentil Lopes da Silva.Manaus/Boa Vista: Editora Uirapuru/Autor, 2018. x, 210 p. il. 16x23 cm [e-book] [Pseud^ onimo: Gentil, o iconoclasta.] ISBN 978-85-63979-16-2 1. Computa¸ c~ ao. 2. Matem´ atica. 3. Filosofia. 4. Gentil, o iconoclasta. I. T´ ıtulo. CDU: 519.682 (Ficha catalogr´afica elaborada por Bibliotec´ aria Zina Pinheiro CRB 11/611)

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Pref´ acio “Se qualquer t´ opico ´e apresentado de tal modo que consiste de s´ımbolos e regras precisas de opera¸c˜oes sobre esses s´ımbolos, sujeitas apenas `a exigˆencia de consistˆencia interna, tal t´opico ´e parte da matem´ atica.” (Carl B. Boyer)

−→

−→

Os n´ umeros n˜ ao euclidianos (denotados por B-2D ou simplesmente B) ´e um novo sistema num´erico que construimos, dentre os n´ umeros mais conhecidos ocupam a seguinte posi¸c˜ ao B N −→ Z −→ Q −→ R C A exemplo dos complexos eles tamb´em foram construidos sobre o R2 , isto ´e, s˜ ao pares ordenados de n´ umeros reais. A seguir comparamos a multiplica¸c˜ ao (a, b) · (c, d) em ambos os sistemas num´ericos B:

(a, b) · (c, d) = ( a c ∓ b d, |a| d + b |c| )

C:

(a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c)

A nossa multiplica¸c˜ ao ´e comutativa, por´em n˜ ao associativa e nem distributiva em rela¸c˜ ao ` a adi¸c˜ ao (usual)− possui inverso multiplicativo (divis˜ao). Ademais, construimos uma extens˜ ao tanto dos Complexos quanto dos B-2D 3 ao espa¸co R (denotada por B-3D), do seguinte modo x −→ (x, 0, 0)

R:

C : (x, y) −→ (x, y, 0) B-2D : (x, y) −→ (x, 0, y) z

← B-2D

B-3D

C y

R

x

3


Atrav´es dos n´ umeros complexos sabemos qual o efeito das propriedades associativa e distributiva da multiplica¸c˜ao, uma pergunta pertinente ´e: o que aconteceria em um sistema num´erico onde estas duas propriedades n˜ ao valessem? Uma primeira aplica¸c˜ao pr´ atica dos n´ umeros n~ ao euclidianos ´e responder a esta pergunta. Para citar dois exemplos apenas, uma equa¸c˜ao do 2 o grau pode ter at´e quatro ra´ızes em B-2D, e at´e seis ra´ızes em B-3D; por exemplo, veja como fica o conjunto solu¸c˜ao da equa¸c˜ao x2 − 2x + 2 = 0 nos trˆes sistemas num´ericos (temos uma “f´ormula de Bhaskara” em B-2D) C : S = { (1, −1), (1, 1) } B-2D : S = { (1, −1), (1, 1), (−1,

√ 5 ), (−1, − 5 ) }

B-3D : S = { (1, −1, 0), (1, 1, 0), ( 1, 0, −1 ), ( 1, 0, 1 ), √ √ (−1, 0, 5), (−1, 0, − 5) } Um outro exemplo bizarro ´e que em B-2D podemos “dividir por zero”; no seguinte sentido: por exemplo a singela equa¸c˜ao

1 x −1 · x

2

= −1

n˜ ao possui solu¸c˜ ao nos Complexos, afirmamos que esta mesma equa¸c˜ao possui solu¸c˜ ao nos n´ umeros n~ ao euclidianos!. Os B-2D ´e o que poderiamos chamar de um universo paralelo, melhor dizendo, de um universo ortogonal (veja figura anterior), com leis totalmente distintas das leis conhecidas em nossos sistemas num´ericos canˆ onicos. Reiteramos, pra come¸car, eles possuem um valor de contraste, mostram o que aconteceria em um sistema num´erico onde n˜ ao valessem as propriedades associativa e distributiva da multiplica¸c˜ao. S˜ ao o que poderiamos chamar de uma “imagem especular com quebra de simetria especular”. O matem´ atico francˆes Henri Poincar´e (1854–1912), afirmava que geometria alguma, euclidiana ou n˜ ao, era verdadeira ou falsa. O espa¸co da experiˆencia emp´ırica n˜ ao tem uma estrutura geom´etrica privilegiada, podendo admitir, dependendo das circunstˆancias, at´e estruturas incompat´ıveis entre si. Parafraseando o eminente Poincar´e, dizemos que “o espa¸co da experiˆencia emp´ırica n˜ ao tem uma estrutura num´erica privilegiada, podendo admitir, dependendo das circunstˆancias, at´e estruturas incompat´ıveis entre si.”. Gentil, o iconoclasta/Boa Vista-RR, 25.12.2017. 4


Adendo: “O rei est´ a nu” Na apresenta¸c˜ ao dos sistemas num´ericos N → Z → Q → R → C constantes nos livros did´ aticos, costuma-se exibir algumas falhas de um dado sistema com o objetivo de mostrar a necessidade de se construir o sistema seguinte; por exemplo, uma falha do sistema dos n´ umeros naturais ´e que nele n˜ ao podemos resolver a simples equa¸c˜ao alg´ebrica x+2=1 esta falha ser´ a sanada no sistema seguinte, dos n´ umeros inteiros. No entanto, um defeito do sistema dos inteiros ´e que nele n˜ ao conseguimos resolver, por exemplo, a simples equa¸c˜ ao alg´ebrica 2x + 1 = 4 o que ´e poss´ıvel no sistema seguinte, e assim sucessivamente; uma falha do sistema R dos n´ umeros reais ´e que nele n˜ ao existe solu¸c˜ao para a seguinte equa¸c˜ao alg´ebrica trivial x2 + 1 = 0 o que ´e poss´ıvel no sistema seguinte dos n´ umeros Complexos. Pois bem, dentro desta linha de racioc´ınio, estamos aqui neste adendo denunciando uma falha estrutural no sistema dos n´ umeros complexos: nele n˜ ao podemos resolver simples equa¸c˜ oes alg´ebricas∗ tais como (−1 · x + x) · x = −1 ou

1 −1 · x + x

2

= −1

(dentre in´ umeras outras que poderiamos exibir). Desde j´a podemos adiantar a causa desta “falha estrutural” do sistema dos n´ umeros complexos: Este sistema n˜ ao faz distin¸c˜ ao entre duas opera¸c˜oes claramente distintas, quais ˜o bin´ aria sejam, a opera¸ca −1 · x ˜o un´ aria e a opera¸ca

(tomar o oposto)

−x Uma das poss´ıveis aplica¸c˜ oes do nosso sistema num´erico B ´e justamente corrigir esta fissura estrutural do sistema C. ∗

Defini¸ c˜ ao: Equa¸ c˜ oes alg´ ebricas s˜ ao as equa¸c˜ oes em que as inc´ ognitas s˜ ao submetidas apenas ` as chamadas opera¸c˜ oes alg´ebricas, ou seja, soma, subtra¸c˜ ao, multiplica¸c˜ ao, divis˜ ao, potencia¸c˜ ao inteira e radicia¸c˜ ao, utilizando letras e n´ umeros.

5


´ O teorema fundamental da Algebra afirma que qualquer polinˆ omio p(x) com coeficientes reais ou complexos de uma vari´ avel e de grau n ≥ 1 tem alguma raiz complexa, o que implica que C ´e algebricamente fechado e, portanto, a equa¸c˜ ao p(x) = 0 tem at´ e (no m´ aximo) n solu¸c˜oes. O sitema B-2D n˜ ao ´e algebricamente fechado, em compensa¸c˜ao esta falha ´e corrigida tendo em conta que existe uma extens˜ao natural deste sistema ao espa¸co R3 que tamb´em inclui os n´ umeros complexos: z

← B-2D

B-3D

C y

R

x

Esta extens˜ ao (p. 86) ´e denominada de n´ umeros n~ ao euclianos 3D e denotada por B-3D. Em resumo qualquer equa¸c˜ao polinomial p(x) = 0 possui ra´ızes em B-2D ou em B-3D, pela raz˜ ao de que os Complexos encontram-se mergulhados neste sitema num´erico. A vantagem, reiteramos, ´e que simples equa¸c˜ oes alg´ebricas que n˜ ao possuem solu¸c˜ao em C possuem solu¸c˜ao nestes novos sitemas; ademais, uma dada equa¸c˜ao polinomial de grau n pode ter at´e mais que n ra´ızes; por exemplo, uma equa¸c˜ao do 2 o grau pode ter at´e quatro ra´ızes em B-2D ou at´e seis ra´ızes em B-3D, como j´a mencionamos no pref´ acio. A respeito do sistema B-3D afirmamos: ´ um jogo onde nunca perdemos . . . ` E as vezes podemos ganhar! Mas existe tamb´em um lado “passivo” da misteriosa efetividade da matem´ atica e ´e t˜ ao surpreendente que o aspecto “ativo” empalidece por compara¸ca ˜o. Conceitos e rela¸co ˜es explorados por matem´ aticos apenas por raz˜ oes puras − sem absolutamente nenhuma aplica¸ca ˜o na mente − revelam-se d´ecadas (ou ` as vezes s´eculos) mais tarde solu¸co ˜es inesperadas para problemas fundamentais na realidade f´ısica! (Mario Livio/Deus ´e Matem´ atico?)

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Sum´ario

1 N´ umeros n˜ ao euclidianos 1.1 Introdu¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.1.1 Corpos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2 Defini¸c˜ ao: N´ umeros n˜ ao euclidianos . . . . . . 1.3 Calculadora HP Prime − Computa¸c˜ao alg´ebrica 1.4 Propriedades das opera¸c˜ oes . . . . . . . . . . . 1.5 Divis˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.6 Imers˜ ao de R em B-2D . . . . . . . . . . . . . . 1.7 Forma alg´ebrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.7.1 Unidade hiperimagin´aria . . . . . . . . . 1.8 Divis˜ao por zero . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.9 Forma trigonom´etrica . . . . . . . . . . . . . . 1.10 Exegese (geom´etrica) da unidade j . . . . . . . 1.11 Rota¸c˜ ao & Oscila¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . 1.12 Potencia¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.12.1 Potencia¸c˜ ao na forma trigonom´etrica . . 1.13 Radicia¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.14 Apˆendice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • Imers˜ ao de B-2D e C em B-3D . . . . . . . .

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9 9 11 14 20 23 28 37 41 41 47 51 65 67 71 77 79 86 86

2 Equa¸ co ˜es 2.1 Introdu¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 Resolu¸c˜ ao da equa¸c˜ ao ax2 + bx + c = 0 . . . . . . 2.2.1 F´ormula de Bhaskara em B-2D . . . . . . 2.2.2 Um problema cl´ assico no contexto dos nne • Apˆendice: Listagem dos programas . . . . . . . . . . 2.3 Apˆendice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • O que ´e um n´ umero? . . . . . . . . . . . . . . 2.3.1 Uma defini¸c˜ ao para n´ umeros . . . . . . .

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93 93 101 106 113 116 117 117 124

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3 Programando a HP Prime 3.1 Introdu¸c˜ ao ` a programa¸c˜ao da HP Prime 3.1.1 Programa¸c˜ao num´erica . . . . . . 3.1.2 Como executar um programa . . 3.1.3 Programa¸c˜ao alg´ebrica . . . . . . 3.2 Express˜oes e Fun¸c˜oes . . . . . . . . . . . 3.3 Listas e Matrizes . . . . . . . . . . . . . 3.3.1 Listas . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.2 O comando MAKELIST . . . . . . 3.3.3 Matrizes . . . . . . . . . . . . . . 3.3.4 O comando MAKEMAT . . . . . . . 3.4 Somat´ orios . . . . . . . . . . . . . . . . ´ 3.5 Algebra . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.6 Estruturas de Programa¸c˜ao . . . . . . . 3.6.1 Estruturas c´ıclicas . . . . . . . . 3.6.2 Estruturas condicionais . . . . . • Tra¸cando gr´ aficos . . . . . . . . 3.7 C´ alculo de combina¸c˜oes . . . . . . . . . 3.8 Desenvolvimento N -´ario . . . . . . . . . 3.9 Algumas fun¸c˜ oes especiais . . . . . . . . 3.9.1 A fun¸c˜ ao apply . . . . . . . . . . 3.9.2 A fun¸c˜ ao REPLACE . . . . . . . 3.9.3 A fun¸c˜ ao Map . . . . . . . . . . 3.9.4 A fun¸c˜ ao Zip . . . . . . . . . . . 3.9.5 A fun¸c˜ ao remove . . . . . . . . . 3.9.6 A fun¸c˜ ao solve . . . . . . . . . . • Tabela-Resumo . . . . . . . . . . . . ´ 3.10 Polinˆ omio – Algebra . . . . . . . . . . .

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133 134 136 139 144 149 151 151 153 158 161 164 167 171 172 178 181 183 186 190 190 191 195 196 197 198 199 201


Cap´ıtulo

1

Nu´ meros n˜ao euclidianos Quando o esp´ırito se apresenta `a cultura cient´ıfica, nunca ´e jovem. Ali´as ´e bem velho, porque tem a idade de seus preconceitos. Aceder `a ciˆencia ´e rejuvenescer espiritualmente, ´ e aceitar uma brusca muta¸ c˜ ao que contradiz o passado. (Gaston Bachelard/grifo nosso)

1.1

Introdu¸ c˜ ao

A estas alturas talvez o principal pr´e-requisito para o estudo dos n´ umeros n~ ao euclidianos seja a cita¸c˜ ao em ep´ıgrafe do eminente Bachelard. Engenharia Matem´ atica: Assim como um engenheiro em eletrˆ onica desenvolve e implementa seus sistemas eletrˆ onicos de igual modo um matem´ atico desenvolve e implementa seus sistemas num´ericos − alg´ebricos, geom´etricos, etc. Assim como o engenheiro sabe como cada fio se interliga ` a entrada ou sa´ıda de cada dispositivo para produzir o resultado desejado, igualmente o matem´ atico sabe como interligar seus lemas, teoremas e defini¸c˜oes para produzir o resultado desejado. umeros Neste livro estaremos projetando um novo sistema num´erico: os n´ n~ ao euclidianos. Nota: Quando conveniente abreviaremos n´ umeros n~ ao euclidianos por

nne 9


Ainda nesta introdu¸c˜ao faremos duas justificativas. Primeira quanto a escolha do nome “n´ umeros n~ ao euclidianos” para estes n´ umeros∗ . Como se sabe, as assim denominadas geometrias n˜ ao euclidianas surgiram ap´ os o o descarte do 5 postulado de Euclides, o famoso postulado das paralelas. “Surpreendentemente” nestas novas geometrias n˜ ao valem muitos dos resultados (teoremas) da geometria euclidiana; por exemplo, na geometria el´ıptica a soma dos ˆ angulos internos de um triangulo ´e maior que 180 o , enquanto na geometria hiperb´ olica esta soma ´e menor que 180 o .

Ademais, na geometria el´ıptica a circunferˆencia de um c´ırculo ´e menor do que π vezes o seu diˆ ametro, enquanto na hiperb´ olica esta circunferˆencia ´e maior que π vezes o diˆ ametro. Pois bem, de modo similar, ao abandonar“o postulado da distributividade” da multiplica¸c˜ ao num´erica, paulatinamente fomos colecionando alguns resultados esdr´ uxulos tais como o de que uma equa¸c˜ao quadr´ atica pode ter at´e quatro ra´ızes, ou o de que por exemplo as equa¸c˜oes 2 1 = −1 (−1 · x + x) · x = −1 ou −1 · x + x tˆem solu¸c˜ ao. Ademais, em nosso sistema num´erico podemos “dividir por 0”, no sentido de que, por exemplo, podemos atribuir um valor ao quociente 1 x−1·x sem incorrermos em contradi¸c˜ao. At´e aonde sabemos, estas excentricidades n˜ ao acontecem nos outros sistemas num´ericos − nos que incorporam a distributividade. A segunda justificativa ´e quanto a escolha do s´ımbolo, B, para os n´ umeros n~ ao euclidianos; trata-se meramente de uma singela homenagem que prestamos a um dos construtores de uma das geometrias n˜ ao euclidianas (geometria hiperb´ olica): J´ anos Bolyai. ∗

A bem da verdade, em uma vers˜ ao anterior deste trabalho escolhemos o nome “n´ umeros hipercomplexos 2D”, decidimos mudar; ademais, mudaremos, oportunamente, o t´ıtulo da vers˜ ao 3D a qual denominamos “n´ umeros hipercomplexos 3D”.

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1.1.1

Corpos

Um corpo K ´e um sistema alg´ebrico no qual valem as seguintes propriedades:

A1 ) (a + b) + c = a + (b + c)

K = (K, +, ·)

A2 ) ∃ 0 ∈ K : a + 0 = 0 + a = a A3 ) a + b = b + a A4 ) ∀ a ∈ K, ∃ − a ∈ K : a + (−a) = 0 M 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ K : a · 1 = 1 · a = a M3 ) a · b = b · a M 4 ) ∀ a ∈ K∗ , ∃ a−1 ∈ K : a · a−1 = 1 D) a · (b + c) = a · b + a · c

Nota: Estamos denotando por K a estrutura (ou sistema), enquanto por K o conjunto sobre o qual foram definidas duas opera¸c˜oes, uma chamada de adi¸c˜ao e a outra chamada de multiplica¸c˜ao. Na matem´ atica existem infinitos exemplos de corpos, por exemplo, nos sistemas num´ericos canˆ onicos, temos:

N → Z → Q → R → C | {z } Corpos

Devido a existˆencia do sim´etrico podemos definir a opera¸c˜ao de subtra¸ca ˜o (x, y) 7→ x − y como sendo x − y = x + (−y) Devido a existˆencia do inverso podemos definir a opera¸c˜ao de divis˜ ao (x, y) 7→ como sendo

x y

x = x · y −1 y 11


O matem´ atico irlandˆes William Rowan Hamilton (1805 - 1865) ao perceber que os n´ umeros complexos, z = a + b i, poderiam ser representados por pontos no plano, isto ´e, por pares ordenados z = (a, b) de n´ umeros reais, tentou em seguida generalizar e criar os n´ umeros na terceira dimens˜ ao, isto ´e, n´ umeros da forma w = (a, b, c) = a + b i + c j; geometricamente

???

y

z

z = (a, b)

0

w = (a, b, c)

0

x

y

x

A adi¸c˜ ao n˜ ao oferecia dificuldades, pois   (a, b, c) + (d, e, f ) = (a + d, b + e, c + f )  (a, b, c) · (d, e, f ) = ( ?, ?, ?)

o problema todo residia em como definir a multiplica¸c˜ao de ternos. Durante dez anos Hamilton tentou preencher as interroga¸c˜oes acima, sem obter sucesso . . . por fim desistiu da empreitada. O que estaria acontecendo? ´ que na suas tentativas de estabelecer a defini¸c˜ao de multiplica¸c˜ao HaE milton de in´ıcio assumiu as propriedades distributiva, associativa e comutativa, hoje sabe-se que Hamilton estava tentando o imposs´ıvel. ([5]) Todavia, o longo esfor¸co de HaA1 ) (a + b) + c = a + (b + c) K = (K, +, ·) A2 ) ∃ 0 ∈ K : a + 0 = 0 + a = a milton n˜ ao fora integralmente em v˜ao; A3 ) a + b = b + a ap´ os uns quinze anos de peleja, numa A4 ) ∀ a ∈ K, ∃ − a ∈ K : a + (−a) = 0 atitude iconoclasta (para a ´epoca) ele M 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ K : a · 1 = 1 · a = a decidiu abandonar a lei comutativa M3 ) a · b = b · a da multiplica¸c˜ ao e com isto conseguiu M4 ) ∀ a ∈ K , ∃ a ∈ K : a · a = 1 criar os n´ umeros na quarta dimens˜ao, D) a · (b + c) = a · b + a · c isto ´e, n´ umeros da forma: (a, b, c, d) = a + b i + c j + d k, com a, b, c, d ∈ R. Estes n´ umeros de Hamilton s˜ ao conhecidos como quaternios. ([4]) ∗

12

−1

−1


Em 1843, depois de dez anos de experimenta¸co ˜es e sem ter provado a impossibilidade no espa¸co de trˆes dimens˜ oes, ele descobriu os quaternios que s˜ ao de dimens˜ ao 4 sobre os reais e onde a multiplica¸ca ˜o n˜ ao ´e comutativa. ([5]) Os n´ umeros de Cayley: Ap´os A1 ) (a + b) + c = a + (b + c) K = (K, +, ·) A2 ) ∃ 0 ∈ K : a + 0 = 0 + a = a a publica¸c˜ ao do artigo de Hamilton A3 ) a + b = b + a sobre os quaternios, Arthur Cayley A4 ) ∀ a ∈ K, ∃ − a ∈ K : a + (−a) = 0 sacrificando as propriedades associaM 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ K : a · 1 = 1 · a = a tiva e comutativa da multiplica¸c˜ ao puM3 ) a · b = b · a blica (Mar¸co de 1845) uma generaliM4 ) ∀ a ∈ K , ∃ a ∈ K : a · a = 1 oza¸c˜ao dos quaternios, criando os octˆ D) a · (b + c) = a · b + a · c umeros nios em dimens˜ao 8; isto ´e, n´ w da forma: w = α0 1 + α1 e1 + α2 e2 + · · · + α7 e7 , αi ∈ R. ∗

Para construir o sistema dos n´ umeros n~ ao euclidianos tivemos que abandonar a propriedade distributiva da multiplica¸c˜ ao (e mais a associativa). Com isto obtivemos um sistema num´erico com propriedades distintas de todos os outros sistemas num´ericos na matem´ atica.

−1

−1

A1 ) (a + b) + c = a + (b + c) A2 ) ∃ 0 ∈ K : a + 0 = 0 + a = a

K = (K, +, ·)

A3 ) a + b = b + a A4 ) ∀ a ∈ K, ∃ − a ∈ K : a + (−a) = 0 M 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ K : a · 1 = 1 · a = a M3 ) a · b = b · a M 4 ) ∀ a ∈ K∗ , ∃ a−1 ∈ K : a · a−1 = 1 D) a · (b + c) = a · b + a · c

ao natural dos n´ umeros n~ ao No balan¸co final conseguimos uma extens˜ euclidianos ao espa¸co tridimensional e, como se n˜ ao bastasse, uma extens˜ ao dos pr´ oprios Complexos ao R3 . Essa extens˜ao denominamos de n´ umeros n~ ao euclidianos 3D, denotados por B-3D. Geometricamente tudo se passa assim: z

← B-2D

B-3D

C y

R

x

13


1.2

Defini¸ c˜ ao: N´ umeros n˜ ao euclidianos

Os n´ umeros n~ ao euclidianos (denotados por B) s˜ ao definidos pela seguinte estrutura num´erica (lista de especifica¸ co ˜es do projeto):

A1 ) (a + b) + c = a + (b + c)

B

A2 ) ∃ 0 ∈ B : a + 0 = 0 + a = a A3 ) a + b = b + a A4 ) ∀ a ∈ B, ∃ − a ∈ B : a + (−a) = 0 M1 ) ∃ 1 ∈ B : a · 1 = 1 · a = a M2 ) a · b = b · a M 3 ) ∀ a ∈ B∗ , ∃ a−1 ∈ B : a · a−1 = 1 HI ) ∃ a ∈ B : − 1 · a 6= −a.

Em destaque a propriedade que diferencia estes n´ umeros de todos os outros n´ umeros na matem´ atica. Nota: O “sacrif´ıcio” da distributividade da multiplica¸c˜ao − em rela¸c˜ao `a adi¸c˜ ao − ´e que torna poss´ıvel um n´ umero com tal propriedade.

A fun¸c˜ ao sinal Lembramos a fun¸ c˜ ao sinal sign : R → R que associa a cada n´ umero real x o seu sinal, assim y

sign (x) =

      

1,

se x > 0;

0,

se x = 0;

−1,

se x < 0.

1

0 −1

14

x


Vamos construir um modelo para os n´ umeros n~ ao euclidianos. Seja R o conjunto dos n´ umeros reais. Consideremos o produto cartesiano R × R = R2 : R2 = (x, y) : x, y ∈ R

Vamos tomar dois elementos neste conjunto, (a, b) e (c, d) para dar trˆes importantes defini¸c˜ oes: ( i ) Igualdade: dois pares ordenados s˜ ao iguais se, e somente se, ocorre o seguinte: (a, b) = (c, d) ⇔ a = c e b = d. ao: chama-se adi¸c˜ ao de dois pares ordenados a um novo par orde( ii ) Adi¸c˜ nado, obtido da seguinte forma: (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) ( iii ) Multiplica¸c˜ ao: chama-se multiplica¸c˜ao de dois pares ordenados a um novo par ordenado, obtido da seguinte forma:   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

Representaremos cada elemento gen´erico (x, y) ∈ B com o s´ımbolo w, portanto: w ∈ B ⇔ w = (x, y) ∈ ( R2 , +, ·) Oportunamente mostraremos como escrever a regra do produto acima em apenas “uma senten¸ca”, assim

(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) Apenas a t´ıtulo de compara¸ca˜o, a seguir exibimos a multiplica¸c˜ao nos Complexos:

(a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c) 15


Uma defini¸c˜ ao equivalente para a nossa multiplica¸c˜ao seria   (−b d, 0),        a    , |a| d , − b d   |a|   (a, b) · (c, d) = c    , b |c| , − b d   |c|        ac   , |a| d + b |c| ,  ac − bd |a c|

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

Compare

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

Observe que para x 6= 0 podemos escrever sign (x) =

x |x| = |x| x

(1.1)

Nota: A t´ıtulo de simplifica¸c˜ao de nota¸c˜ao eventualmente usaremos a seguinte nota¸c˜ ao para o sinal de um n´ umero x

sign (x) = x˙ A tabela a seguir mostra todas as combina¸c˜oes poss´ıveis entre os sinais dos n´ umeros a e c

−1

−1

−1

0

0

0

1

1

1

−1

0

1

−1

0

1

−1

0

1

O matem´ atico William Rowan Hamilton (1805-1865) ao tentar definir sua multiplica¸c˜ ao de ternos, (a + b i + c j) · (d + e i + f j), fez a exigˆencia de odulo do produto seja igual ao produto dos m´ odulos ”, e assim deve que “o m´ ser; vejamos se nossa multiplica¸c˜ao satisfaz esta exigˆencia. 16


Defini¸ c˜ ao 1 (M´odulo). Chama-se m´ odulo do nne w = (a, b) ao n´ umero real p |w| = a2 + b2 Nota: Alternativamente podemos usar a nota¸c˜ao: r, para o m´ odulo, isto ´e p r = a 2 + b2 Teorema 1. Se w1 = (a, b) e w2 = (c, d) s˜ ao dois nne quaisquer, ent˜ao: |w1 · w2 | = |w1 | · |w2 | Prova: Tendo em conta a defini¸ca˜o do produto

   (−b d, 0),       − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

Vamos demonstrar o teorema para o caso em que a 6= 0 e c 6= 0, deixando as demais possibilidades como exerc´ıcio ao leitor. Sendo assim, devemos provar que p

p |w1 · w2 | = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = a2 + b2 · c2 + d2 Ent˜ao

|w1 · w2 |2 = (a c − b d sign (a c))2 + (|a| d + b |c|)2

desenvolvendo |w1 · w2 |2 = (a c)2 − 2 (a c) b d sign (a c) + (b d)2 + a2 d2 + 2 |a| d b |c| + b2 c2

Utilizando a identidade (1.1) (p. 16), obtemos |w1 · w2 |2 = a2 c2 + b2 d2 + a2 d2 + b2 c2 = (a2 + b2 ) · (c2 + d2 ) 17


Utilizando a tabela de sinais a seguir

−1

−1

−1

0

0

0

1

1

1

−1

0

1

−1

0

1

−1

0

1

a˙ · c˙

1

0

−1

0

0

0

−1

0

1

−→

+

+

+

+

Podemos escrever a regra do produto em apenas “uma senten¸ca”, assim

(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) Escolha o sinal + ou − de acordo com a linha em destaque na tabela de sinais acima. Compare com a defini¸c˜ao:    (−b d, 0),       − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

Exemplos: a) Calcule o produto (−1, 1) · (−2, 1). Temos (a, b) · (c, d) = ( a c ∓ b d, |a| d + b |c| )

(−1, 1) · (−2, 1) = − 1 · −2 − 1 · 1, | − 1| · 1 + 1 · | − 2| = (1, 3)

b) Calcule o produto (−1, 4) · (3, 1). Temos

(a, b) · (c, d) = ( a c ∓ b d, |a| d + b |c| )

(−1, 4) · (3, 1) = − 1 · 3 + 4 · 1, | − 1| · 1 + 4 · |3| = (1, 13)

c) Calcule o produto (0, 1) · (0, 1). Temos

(a, b) · (c, d) = ( a c ∓ b d, |a| d + b |c| )

(0, 1) · (0, 1) = 0 · 0 − 1 · 1, |0| · 1 + 1 · |0| = (−1, 0) 18


Uma outra alternativa para se apresentar a regra do produto A regra do produto de dois n´ umeros n~ ao euclidianos, (a, b) e (c, d), alternativamente poderia ter sido definida pelo seguinte quadro.

a˙ −1

− 1 : (a c − b d, −a d − b c)

−1

0 : (b d, −a d)

−1

1 : (a c + b d, −a d + b c)

0 (a, b) · (c, d) :

− 1 : (b d, −b c)

0

0 : (−b d, 0)

0

1 : (−b d, b c)

1

− 1 : (a c + b d, a d − b c)

1

0 : (−b d, a d)

1

1 : (a c − b d, a d + b c)

(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) Apenas a t´ıtulo de compara¸c˜ ao, a seguir exibimos a multiplica¸c˜ao nos Complexos:

(a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c) 19


1.3

Calculadora HP Prime − Computa¸c˜ ao alg´ ebrica

A nossa regra de multiplica¸c˜ao de dois n´ umeros n~ ao euclidianos est´ a em perfeita consonˆancia com a era moderna de computadores e calculadoras program´aveis. No nosso entendimento uma das maiores conquistas da Ciˆencia da Computa¸c˜ao foi justamente a computa¸c˜ao alg´ebrica; hoje em dia uma “simples” calculadora como a HP Prime nos permite trabalhar com equa¸c˜oes, com f´ormulas. Em particular podemos programar, por exemplo, a f´ormula para multiplicar dois nne, com resultados simb´ olicos (exatos). Nota: No u ´ ltimo cap´ıtulo deste livro ensinamos a programa¸c˜ao desta calculadora. O leitor poder´ a baix´a-la (emulador) gratuitamente para seu notebook, tablet e at´e celular. Para evitar problemas procure baixar a u ´ ltima vers˜ ao, existem v´arias.

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

Nas duas primeiras telas acima temos um programa para o produto de dois n´ umeros n~ ao euclidianos. Na tela da direita calculamos − num atimo − alguns exemplos, incluindo os trˆes vistos na p. 18. ´ Nota: A calculadora entende, por exemplo, que (−1, 1) seja um n´ umero complexo, para evitar complica¸c˜oes desta natureza utilizaremos colchetes, [ −1, 1 ], para representar um nne − apenas na calculadora. Importante: Neste livro faremos muitas das nossas contas explorando o potencial da calculadora, se o leitor desejar poder´ a confirm´a-las na m˜ ao.

20


Como dissemos, o potencial da calculadora ´e n˜ ao apenas num´erico mas sobretudo alg´ebrico (CAS). Por exemplo, utilizando a tabela de sinais a seguir

−1

−1

−1

0

0

0

1

1

1

−1

0

1

−1

0

1

−1

0

1

a˙ · c˙

1

0

−1

0

0

0

−1

0

1

−→

+

+

+

+

(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) elaboramos o seguinte programa que a partir dos sinais de a e c

nos fornece a f´ormula do produto, segundo a defini¸c˜ao   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , A seguir fazemos a confirma¸c˜ ao

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0. (p. 19)

21


Exemplo: Dados w1 = (−1, 1) e w2 = (1, 2), calcule w de modo que w1 · w = w2 Nota: Certamente existe mais de uma alternativa para se resolver este problema − inclusive por programa¸c˜ao −, simplesmente escolheremos uma delas. Solu¸ c˜ ao: Tomemos w = (c, d), temos w1 · w = w2 ⇒ (−1, 1) · (c, d) = (1, 2)

como sign (a) = −1, nos situamos nas trˆes primeiras colunas da tabela de sinais

−1

−1

−1

0

0

0

1

1

1

−1

0

1

−1

0

1

−1

0

1

sendo assim temos trˆes possibilidades a considerar quanto ao sinal de c. Com o programa anterior, temos para cada uma destas colunas (tela esquerda)

Na tela do centro ressetamos (purge) as vari´ aveis c e d, em seguida atribuimos os valores de a e b, digo, a = −1 e b = 1; depois copiamos a primeira alternativa para a linha de entrada, entre as letras inserimos o sinal de multiplica¸c˜ ao, ao d´ a Enter j´a temos a conta feita. Na tela da direita temos as contas para as trˆes alternativas. Sendo assim, temos trˆes possibilidades   (−c − d, −c + d) = (1, 2)  

(d, d) = (1, 2)

  

(−c + d, c + d) = (1, 2)

Resolvendo a primeira e a terceira equa¸c˜ao obtemos 1 3 −3 1 e (c, d) = , , (c, d) = 2 2 2 2 22


O absurdo que obtivemos na segunda equa¸c˜ao do sistema significa que o problema n˜ ao tem solu¸c˜ ao na alternativa sign (c) = 0. Resumindo, a equa¸c˜ ao (−1, 1) · w = (1, 2) possui duas solu¸c˜ oes em B-2D, quais sejam

S=

n

−3 1 2 , 2

, 21 ,

3 2

C

o

Na tela da esquerda confirmamos − pelo programa que multiplica dois nne

(p. 20) − as duas solu¸c˜ oes da equa¸c˜ao. Em outras palavras, nos nne uma

equa¸c˜ao do 1 o grau pode ter duas solu¸c˜oes. Na tela da direita resolvemos a equa¸c˜ao nos complexos − onde vale a associatividade.

1.4

Propriedades das opera¸ c˜ oes

Proposi¸ c˜ ao 1. A opera¸c˜ ao de adi¸c˜ao define em B uma estrutura de grupo comutativo, isto ´e, verifica as seguintes propriedades: A1) Propriedade associativa; A2) propriedade comutativa; A3) existˆencia do elemento neutro; A4) existˆencia do elemento sim´etrico (ou oposto).

Prova: Deixamos como exerc´ıcio.

Apenas observamos que, 0 = (0, 0) ´e o elemento neutro para a adi¸c˜ao. Dado w = (x, y) temos que −w = (−x, −y) ´e o seu oposto aditivo, isto ´e, w + (−w) = 0. Subtra¸ c˜ ao Decorre da proposi¸c˜ ao anterior que, dados os nne w1 = (a, b) e w2 = (c, d) existe um u ´ nico w ∈ B tal que w1 + w = w2 . Esse n´ umero w ´e chamado diferen¸ca entre w2 e w1 e indicado por w2 − w1 .

23


Proposi¸ c˜ ao 2. A opera¸c˜ao de multiplica¸c˜ao em B verifica as seguintes propriedades: M1) Propriedade comutativa; M2) n˜ ao associativa; M3) existˆencia do elemento neutro; M4) existˆencia do elemento inverso; M5) n˜ ao distributiva em rela¸c˜ao `a adi¸c˜ao. Prova: M1) Dados w1 = (a, b) e w2 = (c, d) devemos provar que w1 · w2 = w2 · w1

(a, b) · (c, d) = (c, d) · (a, b)

Considere a defini¸c˜ ao de multiplica¸c˜ao   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0. (a ↔ c, b ↔ d)

vamos trocar os pares de posi¸c˜ao, assim   (−d b, 0),        − d b sign (c), |c| b , (c, d) · (a, b) =   − d b sign (a), d |a| ,       c a − d b sign (c a), |c| b + d |a| ,

se c = 0, a = 0; se c 6= 0, a = 0; se c = 0, a 6= 0; se c 6= 0, a 6= 0.

Vemos que o produto n˜ ao se altera.

M2) N˜ao associativa. Tomando, por exemplo w1 = (1, 1),

w2 = (−1, 1),

w3 = (1, −1)

Resulta (confira) (w1 · w2 ) · w3 = (2, 2) w1 · (w2 · w3 ) = (−2, 2) 24


M3) Existˆencia do elemento neutro. Existe 1 = (1, 0) ∈ B com a seguinte propriedade: w · 1 = w, ∀ w ∈ B. De fato, considerando w = (a, b) temos w · 1 = (a, b) · (1, 0) Prova: Pela defini¸c˜ ao de multiplica¸c˜ao   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

temos (a, b) · (1, 0) =

  − b d sign (c), b |c| ,

se a = 0, c 6= 0;

 a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , se a 6= 0, c 6= 0.

ou ainda, substituindo c = 1 e d = 0   0, b , (a, b) · (1, 0) =  a, b ,

se a = 0; se a 6= 0.

Nota: Da comutatividade da multiplica¸c˜ao decorre a unicidade do elemento neutro. Com efeito, assim: sejam u e u ˜ dois elementos neutros para a multiplica¸c˜ao. Sendo assim, ter-se-` a, por um lado, w · u = w, para todo w ∈ B; em particular u ˜·u = u ˜ (∗). Por outro lado tamb´em temos w · u˜ = w, para todo w ∈ B; em particular u · u ˜ = u. Esta u ´ ltima igualdade pode ser reescrita como u ˜ · u = u. Daqui e de (∗) concluimos que u = u ˜. M4) Existˆencia do elemento inverso. Desejamos mostrar que, ∀ w ∈ B∗ , ∃ w−1 ∈ B / w · w−1 = 1. Prova: De fato, tomando w = (a, b) 6= (0, 0), procuramos w′ = (x, y) satisfazendo w · w′ = (1, 0), isto ´e (a, b) · (x, y) = (1, 0) Temos uma equa¸c˜ ao a resolver. Poderiamos seguir alguns caminhos para a resolu¸c˜ao desta equa¸c˜ ao, vamos tentar utilizar um dos programas anteriores, para isto fa¸camos uma troca de nota¸c˜ao: 25


(

(a, b) · (x, y) (a, b) · (c, d)

Vamos salvar o programa phalg (p. 21) com outro nome e trocar c por x e d por y − mesmo porque este programa poder´ a ser u ´ til futuramente −, ∗ assim

Pois bem, considerando a tabela de sinais

−1

−1

−1

0

0

0

1

1

1

−1

0

1

−1

0

1

−1

0

1

Temos a seguir todas as possibilidades quanto ao produto (a, b) · (x, y) = (1, 0)

Cada uma destas possibilidades d´ a origem a um sistema, podemos usar a pr´ opria calculadora para resolver cada um destes sistemas: − linsolve: Dados um vetor de equa¸c˜oes lineares e um vetor de vari´ aveis correspondente, apresenta a solu¸c˜ao para o sistema de equa¸c˜oes lineares. linsolve([EqLin1, EqLin2,. . . ], [Var1, Var2,. . . ]) ∗ Nota: by ´e uma palavra reservada pela calculadora, raz˜ ao porque decidimos colocar o sinal ∗ de multiplica¸c˜ ao, ademais ser´ a melhor para o que temos em vista.

26


Vamos exemplificar, considere a tela da esquerda a seguir

na tela do centro digitamos na linha de entrada o comando linsolve() e pegamos uma c´ opia do vetor; na tela da direita montamos o sistema de acordo com a equa¸c˜ ao (a, b) · (x, y) = (1, 0) ao d´ a Enter obtemos a seguinte solu¸c˜ao

(x, y) =

a b , − a 2 + b2 a2 + b2

isto para a primeira coluna da tabela de sinais

−1

−1

−1

0

0

0

1

1

1

−1

0

1

−1

0

1

−1

0

1

Na tela a seguir temos a segunda e terceira

na tela ` a direita, temos a u ´ ltima coluna; copiamos a saida para a linha de entrada, confirmando que se trata do sinal “−” na ordenada.

27


Voltando ` a tela esquerda acima, significa que o sistema n˜ ao tem solu¸c˜ao quando sign (x) = 0, isto ´e, x = 0. Para a terceira coluna obtemos x=

a a2 + b2

e

y=

b a2 + b2

Esta solu¸c˜ ao deve ser descartada pela seguinte raz˜ ao: na terceira coluna assumimos a hip´ otese de que a e x tˆem sinais contrarios, e n˜ ao ´e o caso da solu¸c˜ ao acima, uma vez que o denominador ´e sempre positivo. Fazendo uma an´ alise das demais possibilidades chegamos `a conclus˜ao de que a (´ unica) solu¸c˜ ao v´alida da equa¸ca˜o (a, b) · (x, y) = (1, 0) ´e

−b a , a2 + b2 a2 + b2 chamado inverso ou inverso multiplicativo de w, que multiplicado por w = (a, b) d´ a como resultado 1 = (1, 0). (x, y) =

1.5

Divis˜ ao

Devido a existˆencia do inverso multiplicativo, podemos definir em B a w ao, simbolizada por 1 , estabelecendo que opera¸c˜ ao de divis˜ w2 w1 = w1 · w2′ = w1 · w2−1 w2 onde mudamos de nota¸c˜ao: w2′ = w2−1 . Exemplo: (0, 1) = (0, 1) · (1, 1)−1 (1, 1) 1 −1 , 12 + 12 12 + 12

= (0, 1) ·

= (0, 1) ·

1 −1 1 1 = , , 2 2 2 2

28


Sejam w1 = (a, b) e w2 = (c, d), com c 6= 0 ou d 6= 0, temos (a, b) w1 = = (a, b) · (c, d)−1 w2 (c, d) ou ainda c w1 (a, b) −d = = (a, b) · 2 , w2 (c, d) c + d2 c2 + d2 Utilizando a regra do produto   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

Calculamos o produto (a, b) · assim   ,0 , − b · −d  d2        −d   − b · d2 sign (a), |a| ·

c −d , c2 + d2 c2 + d2

se a = 0, c = 0; −d d2

se a 6= 0, c = 0;

,

  c  − b · c2−d  2 sign (c), b | c2 +d2 | , +d        −d c a · c2 +d 2 − b · c2 +d2 sign (a c), |a| ·

se a = 0, c 6= 0; −d

c2 +d2

29

c + b | c2 +d 2| ,

se a 6= 0, c 6= 0.


Simplificando, a divis˜ao c (a, b) −d w1 = = (a, b) · 2 , w2 (c, d) c + d2 c2 + d2 ´e dada por  b  ,0 ,    d       b   −|a|   , sign (a),   d  d

se a = 0, c = 0;

se a 6= 0, c = 0;

 bd   b |c|   sign (c), , se a = 0, c 6= 0;   c2 + d2 c2 + d2        ac  bd −|a| d b |c|   + sign (a c), + , se a 6= 0, c = 6 0. c2 + d2 c2 + d2 c2 + d2 c2 + d2 regra esta facilmente program´avel, assim:

Na tela da direita temos algumas simula¸c˜oes. M5) A multiplica¸c˜ ao ´e n˜ ao distributiva em rela¸c˜ao `a adi¸c˜ao. Tomando, por exemplo, a = (1, 1), b = (−1, −1) e c = (0, −1), obtemos

a · (b + c) = (−3, −1) a · b + a · c = (0, 4)

30


Proposi¸ c˜ ao 3. Sejam w = (a, b) e w′ = (c, d) dois nne, ent˜ao w · w′ = 0

w = 0 ou w′ = 0.

Prova: Vamos utilizar demonstra¸c˜ao por absurdo: ¯ ⇒ f H ⇒ T ⇐⇒ H ∧ T Vamos iniciar negando a tese: w = (a, b) 6= (0, 0)

w′ = (c, d) 6= (0, 0)

e

o que implica (a 6= 0 ∨ b 6= 0) ∧ (c 6= 0 ∨ d 6= 0) Temos quatro possibilidades a analisar: a 6= 0 ∧ c 6= 0,

a 6= 0 ∧ d 6= 0,

b 6= 0 ∧ c 6= 0,

b 6= 0 ∧ d 6= 0.

(i) a 6= 0 ∧ c 6= 0. Vamos considerar a defini¸c˜ao do produto   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

a hip´ otese nos fornece a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = (0, 0)

donde resulta o sistema

(

a c − b d sign (a c) = 0; |a| d + b |c| = 0

utilizando a tabela de sinais

−1

−1

−1

0

0

0

1

1

1

−1

0

1

−1

0

1

−1

0

1

desdobramos o sistema nos seguintes ( a c − b d = 0; −a d − b c = 0

31

(

a c + b d = 0; −a d + b c = 0


igualando as duas primeiras equa¸c˜oes e as duas segundas, obtemos bd = 0

e

ad = 0

como, por hip´ otese, a 6= 0, a conclus˜ao ´e que d = 0. Sendo assim, o produto (a, b) · (c, 0) = (a c, b |c|) = (0, 0) nos fornece um absurdo: c 6= 0 e c = 0. (ii) a 6= 0 ∧ d 6= 0. Da defini¸c˜ao do produto temos

(a, b) · (c, d) =

a igualdade

  − b d sign (a), |a| d ,

se a 6= 0, c = 0;

 a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , se a 6= 0, c 6= 0. − b d sign (a), |a| d = (0, 0)

nos conduz a um absurdo d 6= 0 e d = 0. Resta analisar a igualdade a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = (0, 0)

Aqui voltamos ao caso (i) e vamos concluir pelo mesmo absurdo, digo, d 6= 0 e d = 0. (iii) b 6= 0 ∧ c 6= 0. Da defini¸c˜ao do produto temos

(a, b) · (c, d) =

a igualdade

  − b d sign (c), b |c| ,

se a = 0, c 6= 0;

 a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , se a 6= 0, c 6= 0. − b d sign (c), b |c| = (0, 0)

nos conduz a um absurdo b 6= 0 e b = 0. Resta analisar a igualdade a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = (0, 0)

Aqui vamos concluir que d = 0 (a 6= 0, nesta possibilidade); substituindo d = 0 na equa¸c˜ ao acima, temos a c, b |c| = (0, 0)

o que nos conduz a um absurdo: b = 0 e b 6= 0. 32


(iv) b 6= 0 ∧ d 6= 0. Da defini¸c˜ ao do produto temos   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

vamos analisar as quatro possibilidades: (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) = (0, 0) donde b 6= 0 e b = 0, absurdo. (a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d = (0, 0)

nesta possibilidade temos a 6= 0, logo d = 0, absurdo. − b d sign (c), b |c| = (0, 0)

nesta possibilidade temos c 6= 0, logo b = 0, absurdo. a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = (0, 0)

Voltamos ao caso (i), donde d = 0, absurdo.

33


Distributividade da multiplica¸c˜ ao − casos particulares Observe a u ´ ltima linha da regra do produto no quadro a seguir

a˙ −1

c˙ − 1 : (a c − b d, −a d − b c)

−1

0 : (b d, −a d)

−1

1 : (a c + b d, −a d + b c)

0 (a, b) · (c, d) :

(p. 19)

− 1 : (b d, −b c)

0

0 : (−b d, 0)

0

1 : (−b d, b c)

1

− 1 : (a c + b d, a d − b c)

1

0 : (−b d, a d)

1

1 : (a c − b d, a d + b c)

(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) Vemos que para pontos no semiplano x > 0 (`a direita do eixo oy) a multiplica¸c˜ ao coincide com a dos Complexos.

(a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c)

34


Considere neste semiplano os trˆes seguintes nne w1 = (a, b),

w2 = (c, d),

w3 = (e, f )

a > 0, c > 0, e > 0.

neste caso vale a propriedade distributiva, isto ´e w1 · (w2 + w3 ) = w1 · w2 + w1 · w3 uma vez que o semiplano x > 0 ´e fechado para a adi¸c˜ao. Vamos considerar w1 sobre o eixo oy e vejamos se continua valendo a distributividade, isto ´e, se vale (0, b) · (c, d) + (e, f ) = (0, b) · (c, d) + (0, b) · (e, f ) para o produto da esquerda consideremos (0, b) · (c, d) + (e, f ) = (0, b) · (c + e, d + f ) | {z } | {z } (a, b)

c, d

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

O produto ´e realizado na terceira linha acima, apenas observe que c > 0, e > 0

c+e > 0

|c + e| = c + e

o produto fica (0, b) · (c + e, d + f ) = (−b (d + f ), b (c + e)) {z } | {z } | (a, b)

(1.2)

c, d

Por outro lado, temos

e

(0, b) · (c, d) = (−b d, b c) | {z } | {z }

Somando

(0, b) · (e, f ) = (−b f, b e) | {z } | {z }

(a, b)

(a, b)

(c, d)

(c, d)

(−b d, b c) + (−b f, b e) = (−b d − b f, b c + b e) = − b(d + f ), b (c + e)

que ´e o mesmo resultado em (1.2).

35


Consideremos a primeira linha da regra do produto − p´ agina 34 − e vejamos se a multiplica¸c˜ ao ´e distributiva no semiplano x < 0. Isto ´e, considere w1 = (a, b),

w2 = (c, d),

w3 = (e, f )

a < 0, c < 0, e < 0.

desejamos verificar se vale a propriedade distributiva, isto ´e w1 · (w2 + w3 ) = w1 · w2 + w1 · w3 ou ainda (a, b) · (c, d) + (e, f ) = (a, b) · (c, d) + (a, b) · (e, f )

para o produto da esquerda consideremos (a, b) · (c, d) + (e, f ) = (a, b) · (c + e, d + f ) {z } | {z } | (a, b)

c, d

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0;

se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

O produto ´e realizado na quarta linha acima, temos (a, b) · (c + e, d + f ) = a (c + e) − b (d + f ) · 1, −a (d + f ) + b − (c + e) | {z } | {z } (a, b)

c, d

isto ´e

(a, b) · (c + e, d + f ) = a (c + e) − b (d + f ), −a (d + f ) − b (c + e) | {z } | {z } (a, b)

c, d

por outro lado

e

(a, b) · (c, d) = a c − b d · 1, −a d + b (−c) = (a c − b d, −a d − b c) (a, b) · (e, f ) = (a, b) · (e, f ) = a e − b f · 1, −a f + b (−e) | {z } (c, d)

somando

(a, b) · (c, d) + (a, b) · (e, f ) = (a c − b d, −a d − b c) + a e − b f, −a f − b e isto ´e

(a, b) · (c, d) + (a, b) · (e, f ) = a (c + e) − b (d + f ), −a (d + f ) − b (c + e)

portanto, no semiplano x < 0 vale a propriedade distributiva. 36


1.6

Imers˜ ao de R em B-2D

Nosso objetivo nesta se¸c˜ ao ser´ a estabelecer o corpo R dos n´ umeros reais como um subsistema de B; ao final, identificaremos o nne (x, 0) com o n´ umero real x. Da defini¸c˜ ao de adi¸c˜ ao ´e imediato que (a, 0) + (c, 0) = (a + c, 0) Vamos provar que (a, 0) · (c, 0) = (a · c, 0)

(1.3)

Com efeito, consideremos a regra do produto   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

A igualdade (1.3) se verifica trivialmente para as trˆes primeiras possibilidades acima. Nos ocuparemos da quarta, ent˜ao (a, 0) · (c, 0) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| = a c − 0 · 0 sign (a c), |a| 0 + 0 |c| = (a c, 0) Operar com (x, 0) leva a resultados an´ alogos aos obtidos operando com x. Isto justifica a “igualdade”:

x = (x, 0), ∀ x ∈ R

Aceita esta conven¸c˜ ao, em particular resulta:

0 = (0, 0), 1 = (1, 0), −1 = (−1, 0), a = (a, 0)

37


Provaremos agora uma importante propriedade do sistema B-2D: Teorema 2 (Propriedade n˜ ao euclidiana). Para todo k ∈ R e para todo w = (a, b) em B-2D, a seguinte identidade se verifica

k · (a, b) = ( k a, |k| b ) Prova: Vamos aplicar a defini¸c˜ao   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

ao c´ alculo do produto (a, b) · (k, 0) Veja esta multiplica¸c˜ ao da seguinte forma (a, b) · (k, 0) | {z } (c, d)

Ent˜ ao, na primeira possibilidade, temos

(a, b) · (k, 0) = (0, b) · (0, 0) = (−b · 0, 0) = (0, 0) = (k a, |k| b) Na segunda possibilidade, temos (a, b) · (k, 0) = − b d sign (a), |a| d

= − b · 0 sign (a), |a| · 0 = (0, 0) = (k a, |k| b)

Na terceira possibilidade, temos

(a, b) · (k, 0) = − b d sign (c), b |c|

= − b · 0 sign (k), b · |k| = (k a, |k| b)

Na u ´ ltima possibilidade, temos

(a, b) · (k, 0) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c|

= a k − b 0 sign (a c), |a| 0 + b |k| = (k a, |k| b)

38


Resumindo:

k · (a, b) = ( k a, |k| b ) =

(

(k a, k b),

se k ≥ 0;

(k a, −k b),

se k < 0.

Este teorema nos proporciona um fenˆomeno que n˜ ao ocorre em R ou em C. Corol´ ario 1. Em B existe um n´ umero x tal que −1 · x 6= −x Prova: De fato, tomando x = (0, 1), resulta −x = −(0, 1) = (0, −1) −1 · x = (−1 · 0, | − 1| · 1) = (0, 1) Sendo assim ´e importante estar atento para o fato de que, ao contr´ ario do que ocorre em R, ou em C, em B ´e necess´ario distinguir entre −x e −1 · x.

Observe que, enquanto no primeiro caso temos o oposto aditivo de x, no segundo caso temos o produto de dois nne: −1 = (−1, 0) e x = (a, b). Podemos visualizar isto graficamente, assim:

−1 · x

x

−x

x

−x

C : −x = −1 · x

B : −x 6= −1 · x

Observe, outrossim, que em B n˜ ao vale a propriedade de cancelamento para a multiplica¸c˜ ao; para se convencer disto considere a seguinte igualdade 1 · (0, 1) = −1 · (0, 1) Isto se deve ao fato da multiplica¸c˜ao n˜ ao ser associativa. 39


A nossa adi¸c˜ ao coincide com a da HP Prime , no entanto, o mesmo n˜ ao ocorre com a multiplica¸c˜ao de um n´ umero real por um nne∗ , veja:

Na HP Prime

em B-2D

Defini¸ c˜ ao 2 (Oposto multiplicativo). Dado w ∈ B definiremos como seu oposto multiplicativo o n´ umero −1 · w.

Uma conven¸ c˜ ao necess´ aria Como vimos, em B-2D vale a desigualdade −1 · x 6= −x no lado esquerdo temos uma opera¸c˜ao bin´ aria e no lado direito uma opera¸c˜ao un´ aria (tomar o oposto). Considere a propriedade n˜ ao euclidiana k · (a, b) = ( k a, |k| b ) quando k < 0 faremos a seguinte conven¸c˜ao para indicar a opera¸c˜ao bin´ aria k · (a, b) = ( k a, |k| b ) = (k) (a, b) utilizaremos um ponto, “·”, ou um parˆenteses; enquanto que para indicar a opera¸c˜ ao un´ aria, tomar o oposto, utilizaremos k (a, b) = ( k a, k b ) (sem o ponto) Por exemplo, considere k = −2 e w = (0, 1); temos −2 · (0, 1) = ( −2 · 0, | − 2| · 1 ) = (0, 2) enquanto que, por outro lado −2 (0, 1) = − ( 2 · 0, 2 · 1 ) = − (0, 2) = (0, −2) Nota: Simplificaremos “proriedade n˜ ao euclidiana” por pne. ∗

A menos que o real seja n˜ ao negativo.

40


1.7 1.7.1

Forma alg´ ebrica Unidade hiperimagin´ aria

Chamamos unidade hiperimagin´ aria e indicamos por j o nne (0, 1). Notemos que j 2 = (0, 1) · (0, 1) = (−1, 0) isto ´e

j 2 = −1

Portanto, a unidade hiperimagin´aria possui a mesma propriedade b´ asica da unidade imagin´ aria i dos Complexos; e, o que ´e mais importante ainda: a unidade hiperimagin´aria possui uma propriedade n˜ ao partilhada por nenhum n´ umero complexo, qual seja

−1 · j 6= −j

(1.4)

´ preciOu seja, o oposto multiplicativo ´e diferente do oposto aditivo. E samente esta propriedade que vai ser respons´ avel por alguns milagres no “universo ortogonal ” dos nne, como veremos oportunamente. Forma alg´ ebrica Dado um n´ umero n~ ao euclidiano qualquer w = (x, y), temos: w = (x, y) = (x, 0) + (0, y) Temos i) (x, 0) = x. ii) Temos por outro lado

y ≥ 0 ( |y| = y ) ⇒ y j = y (0, 1) = (0, y)

y < 0 ( |y| = −y ) ⇒ −j · y = y · (−j) = y · ( 0, −1 ) = ( y · 0, |y| · (−1) ) = 0, (−y) · (−1) = (0, y)

Tendo em conta estes resultados podemos escrever ( x + y j, se y ≥ 0; w = (x, y) = x + y · (−j) se y < 0. 41


Por exemplo w = (3, 2) = 3 + j 2 = 3 + 2 j Por outro lado Observe que

w = (3, −2) = 3 + (−2) · (−j)

(1.5)

(−2) · (−j) = (−2) · (0, −1) = − 2 · 0, | − 2| · (−1) ou ainda

(−2) · (−j) = (0, −2) = − (0, 2) = − 2 j

de formas que podemos escrever (1.5) como

w = (3, −2) = 3 − 2 j Vamos provar que para y < 0 (|y| = −y), podemos sempre fazer isto y · (−j) = y · (0, −1) = y · 0, |y| · (−1) ou ainda isto ´e

y · (−j) = 0, (−y) · (−1) = (0, y)

y · (−j) = (0, −|y|) = − |y| (0, 1) = − |y| j

Vamos colocar em destaque

y · (−j) = − |y| j,

y<0

(1.6)

Portanto, em qualquer situa¸c˜ao podemos escrever

w = (x, y) = x + y j chamada forma alg´ebrica do nne w = (x, y). Por exemplo, retomando (1.5) acima w = (3, −2) = 3 + (−2) · (−j) = 3 + − | − 2| j) isto ´e w = (3, −2) = 3 + − 2 j) = 3 − 2 j

Observe que podemos adicionar dois n´ umeros na forma alg´ebrica (a + b j) + (c + d j) = (a + c) + (b + d) j no entanto, n˜ ao podemos multiplic´ a-los (a + b j) · (c + d j) aplicando a propriedade distributiva, a exemplo do que ocorre nos Complexos. 42


Um milagre aos olhos dos habitantes Complexos Se algum dia um matem´ atico do Universo complexo se defrontar com a seguinte equa¸c˜ ao alg´ebrica elementar

(−1 · x + x) · x = −1

ele ter´ a duas sa´ıdas: abandonar o “jogo” ou consultar um matem´ atico do universo B. De fato, esta ´e uma equa¸c˜ao imposs´ıvel de se resolver dentro dos universos num´ericos conhecidos dos matem´ aticos (hodiernos), em raz˜ ao de que vale: (−1 · x + x) · x = −1 ⇐⇒ 0 · x = −1 Pois bem, vamos assumir o desafio. Teorema 3 (Gentil/04.12.2008). A seguinte equa¸c˜ao tem solu¸c˜ao em B.

(−1 · x + x) · x = −1

Prova: Tomando x = (c, d ), pela pne, temos

−1 · x = −1 · (c, d ) = (−c, d ) portanto −1 · x + x = (−c, d ) + (c, d ) = (0, 2 d ) substituindo este resultado na equa¸c˜ao original, obtemos (0, 2 d ) · (c, d ) = −1 Vamos enxergar esta multiplica¸c˜ ao do seguinte modo: (0, 2 d ) · (c, d ) = −1 | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

43

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.


Sendo assim, no produto (0, 2 d ) · (c, d ) = −1 | {z } | {z } (a, b)

sobram as possibilidades

(a, b) · (c, d) =

(c, d)

  (−b d, 0),

se a = 0, c = 0;

 − b d sign (c), b |c| , se a = 0, c 6= 0;

Ent˜ ao, na primeira possibilidade (−b d, 0) = (−2 d d, 0) = −1 = (−1, 0) donde

√ 2 −2 d = −1 ⇒ d=± 2 Portanto, neste caso temos duas solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao proposta √ 2 x = (c, d) = 0, ± 2 2

Na segunda possibilidade − b d sign (c), b |c| = −1

− 2 d d sign (c), 2 d |c| = (−1, 0)

Daqui concluimos que d = 0 e chegamos a um absurdo, esta segunda possibilidade deve ser descartada. Resumindo, em B-2D temos duas solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao

estas

(−1 · x + x) · x = −1

√ 2 x = 0, 2 Ou ainda, na forma alg´ebrica √ 2 j x= 2

√ 2 0, − 2

ou

x=

ou

√ 2 x=− j 2

Observe que o n´ umero j foi o respons´ avel por este milagre!.

44


Nas telas a seguir

confirmamos as duas solu¸c˜ oes da equa¸c˜ao

(−1 · x + x) · x = −1 Nota: Na segunda linha, das telas acima, temos a conta entre parˆenteses √ (−1 · x + x) = ± [ 0, 2 ] na terceira linha multiplicamos o resultado por x. A t´ıtulo de curiosidade, observe que das duas equa¸c˜oes abaixo: x2 + 1 = 0 (−1 · x + x) · x + 1 = 0 com o n´ umero i (complexo) resolvemos apenas a primeira, ao passo que com o n´ umero j resolvemos as duas. A prop´osito, considere a equa¸c˜ ao (sem solu¸c˜ao) 0 · x = b, b 6= 0

(1.7)

nos reais, ou complexos; como nestes universos vale 0 = −1 · x + x 0 = −1 · (−x) + (−x) Segue-se que 0·x=b

⇐⇒

  ( −1 · x + x ) · x = b 

− 1 · (−x) + (−x) · x = b

(1.8)

Embora n˜ ao possamos resolver diretamente a equa¸c˜ao (1.7) em B, entretanto podemos resolver suas equivalentes, dadas acima. 45


Se b > 0, resolvemos a segunda das equa¸c˜oes em (1.8), caso contr´ ario resolvemos a primeira. Por exemplo, seja a equa¸c˜ao 0 · x = 1, ent˜ao 0 · x = 1 ⇐⇒ − 1 · (−x) + (−x) · x = 1

Tomando x = (c, d), temos, −x = (−c, −d), logo

−1 · (−x) + (−x) = −1 · (−c, −d) + (−c, −d) = (c, −d) + (−c, −d) = (0, −2d)

Ent˜ ao (−1 · (−x) + (−x)) · x = 1 ⇒ (0, −2d) · (c, d) = 1 Vejamos esta multiplica¸c˜ao da seguinte forma: (0, −2d) · (c, d) = 1 | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

Neste caso, temos as possibilidades

(a, b) · (c, d) =

  (−b d, 0),

se a = 0, c = 0;

 − b d sign (c), b |c| , se a = 0, c 6= 0;

Ent˜ ao, na primeira possibilidade

donde

(−b d, 0) = − (−2 d) d, 0 = 1 = (1, 0) √

2 2 Portanto, neste caso temos duas solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao proposta √ 2 x = (c, d) = 0, ± 2 2

2d = 1

Na segunda possibilidade − b d sign (c), b |c| = −1

d=±

− (−2d) d sign (c), −2 d |c| = (1, 0)

Daqui concluimos que d = 0 e chegamos a um absurdo, esta segunda possibilidade deve ser descartada.

46


1.8

Divis˜ ao por zero

Considere novamente as rela¸c˜ oes 0 = −1 · x + x 0 = −1 · (−x) + (−x) Por exemplo, o quociente

1 1 = 0 −1 · x + x nos reais ou complexos n˜ ao faz sentido. Nos n´ umeros n~ ao euclidianos o valor do quociente 1 −1 · x + x

faz sentido. Por exemplo, seja x = j = (0, 1), ent˜ao

−1 · x + x = −1 · (0, 1) + (0, 1) = (0, 2) portanto 1 1 1 1 = (0, −1) = = (0, 2)−1 = 0, − −1 · x + x (0, 2) 2 2 De modo geral, considere x = (a, b), com b 6= 0, temos −1 · x + x = −1 · (a, b) + (a, b) = (−a, b) + (a, b) = (0, 2b) portanto

1 1 = = (0, 2b)−1 −1 · x + x (0, 2b)

Lembrando do algoritmo para inverter o nne (a, b): w−1 = temos

Logo

−b a , a2 + b2 a2 + b2

−1 (0, 2b)−1 = 0, 2b −1 1 = 0, −1 · x + x 2b

Novamente o respons´ avel por este milagre − “divis˜ao por zero” − foi o n´ umero j. 47


A prop´osito, observe na identidade −1 −1 1 1 ⇒ = 0, = 0, −1 · x + x 2b −1 · (a, b) + (a, b) 2b 1 (chamemo-lo assim) n˜ ao depende −1 · x + x de a. Isto nos sugere definir a seguinte transforma¸c˜ao agico” que o “quociente m´

f : R2 − R → R2 x

7→

1 −1·x+x

Esta aplica¸c˜ ao tem uma propriedade interessante: “transforma o infinito em zero”; perd˜ ao, dizemos: ela colapsa uma reta infinita em um u ´nico ponto. Por exemplo, em x = (a, b) fixando b = k temos a seguinte reta Γ = { (a, b) ∈ R2 : b = k }

f

R

−1p

0

k

p

p

Γ

R

p1

−1p

R

0

p1

R

տ f (Γ) − Imagem da reta Γ

48


Exemplo: Resolva a seguinte equa¸c˜ao∗ :

1 2 0

= −1

Solu¸ c˜ ao: Consideremos a seguinte “equivalˆencia” (em C): 2 2 1 1 1 1 −1 · x + x = 0 ⇔ = = ⇔ 0 −1 · x + x 0 −1 · x + x Em B estamos aptos a resolver a seguinte equa¸c˜ao “equivalente”

1 −1·x + x

2

= −1

Com efeito, seja x = (a, b), com b 6= 0; vimos anteriormente que −1 1 = 0, −1 · x + x 2b

portanto, nosso desafio resume-se a resolver a equa¸c˜ao −1 2 = −1 0, 2b

Vejamos esta multiplica¸c˜ ao assim: −1 −1 0, · 0, = −1 | {z2b } | {z2b } (a, b)

(c, d)

Pela defini¸c˜ ao de multiplica¸c˜ ao em B, temos −1 −1 − · , 0 = (−1, 0) 2b 2b logo

donde

1 , 0 = (−1, 0) 4b2

1 1 = −1 ⇒ b = ± 4b2 2

A rigor esta equa¸c˜ ao − como se apresenta − n˜ ao faz sentido em lugar algum da matem´ atica, considere este enunciado como uma “brincadeira ” . . . por´em destinada a tornar-se s´eria.

49


Portanto, existem “duas” solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao

1 −1·x + x

2

= −1

(1.9)

quais sejam: x = (a, ± 21 ). Geometricamente o conjunto solu¸c˜ao da nossa equa¸c˜ ao constitui-se em duas retas paralelas ao eixo ox, situados a uma distˆ ancia de 21 da origem, assim:

Γ2

1 2

p1

0

x

p

−1p

p

y

Γ1

− 21

O conjunto solu¸c˜ ao da equa¸c˜ao (1.9) ´e S = Γ1 ∪ Γ2 ou ainda S=

n

(a, b) ∈ R3 : b = −

1o[n 1o (a, b) ∈ R3 : b = 2 2

Nas telas a seguir confirmamos as duas “retas solu¸c˜oes” da equa¸c˜ao (1.9)

Γ1

Γ2

50


1.9

Forma trigonom´ etrica

Defini¸ c˜ ao 3 (Conjugado). Chama-se conjugado do nne w = (a, b) ao nne w = (a, −b), isto ´e: w = (a, b) ⇔ w = (a, −b)

Defini¸ c˜ ao 4 (Norma). Chama-se norma do nne w = (a, b) ao n´ umero real N (w) = a2 + b2

Defini¸ c˜ ao 5 (M´odulo). Chama-se m´ odulo do nne w = (a, b) ao n´ umero real |w| =

p

N (w) =

p

a 2 + b2

Nota: Alternativamente podemos usar a nota¸c˜ao: r, para o m´ odulo, isto ´e p r = a 2 + b2

Proposi¸ c˜ ao 4. Seja w = (a, b) um n´ umero n~ ao euclidiano, ent˜ao w · w = |w|2 Prova: Devemos demonstrar que (a, b) · (a, −b) = a2 + b2

(1.10)

consideremos (a, b) · (a, −b) | {z } | {z } (a, b)

Ent˜ao

(c, d)

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , 51

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.


Vejamos as quatro possibilidades: 1 a ) a = 0, c = 0. (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) considerando (a, b) · (a, −b) | {z } | {z } (a, b)

temos

(c, d)

(0, b) · (0, d) = − b (−b), 0 = b2 = a2 + b2

e assim provamos (1.10).

(p. 51)

2 a ) a 6= 0, c = 0. Considerando (a, b) · (a, −b) | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

esta possibilidade n˜ ao pode ocorrer. 3 a ) a = 0, c 6= 0. Considerando

(a, b) · (a, −b) | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

esta possibilidade n˜ ao pode ocorrer. 4 a ) a 6= 0, c 6= 0.

(a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| considerando

(a, b) · (a, −b) | {z } | {z } (a, b)

temos

(c, d)

(a, b) · (c, d) = a a − b (−b) sign (a2 ), |a| (−b) + b |a| simplificando

(a, b) · (c, d) = a2 + b2 , 0 = a2 + b2

e assim provamos (1.10).

(p. 51)

52


Observe que o inverso de w = (a, b) −b a , w−1 = a2 + b2 a2 + b2 pode ser escrito como a −b w−1 = , |w|2 |w|2 Ou ainda 1 ( a, −b) w−1 = |w|2

(1.11)

Proposi¸ c˜ ao 5. Sejam w1 = (a, b) e w2 = (c, d) nne e k1 > 0, k2 > 0 n´ umeros reais, ent˜ ao (k1 a, k1 b) · (k2 c, k2 d) = k1 k2 (a, b) · (c, d) Prova:    (−b d, 0),       − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

Vamos demonstrar a u ´ ltima possibilidade acima, as demais ficam como exerc´ıcio. 4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| o produto

(k a, k b) · (k c, k d) | 1 {z 1 } | 2 {z 2 } (a, b)

fica

assim∗

(c, d)

(k1 a, k1 b) · (k2 c, k2 d) = (k1 a) (k2 c) − (k1 b) (k2 d) sign (a c), |k1 a| k2 d + k1 b |k2 c|

usando a pne (p. 38), temos

(k1 a, k1 b) · (k2 c, k2 d) = k1 k2 (a, b) · (c, d) ∗

sign (k λ) = sign (λ), se k > 0.

53


Conjugado da soma e do produto Teorema 4. Se w1 = (a, b) e w2 = (c, d) s˜ ao nne, ent˜ao (I)

w1 + w2 = w1 + w2

(II)

w1 · w2 = w1 · w2

Prova: (I) w1 + w2 = (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d), ent˜ao w1 + w2 = a + c, −(b + d)

logo

w1 + w2 = (a, −b) + (c, −d) = w1 + w2 (II) Devemos provar que (a, b) · (c, d) = (a, b) · (c, d) isto ´e (a, b) · (c, d) = (a, −b) · (c, −d) Vejamos as quatro possibilidades:   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

1 a ) a = 0, c = 0. (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) neste caso devemos provar que (0, b) · (0, d) = (0, −b) · (0, −d) temos (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) ⇒ (0, b) · (0, d) = (−b d, 0) = (0, −b) · (0, −d) Um n´ umero real ´e igual ao seu conjugado.

54


2 a ) a 6= 0, c = 0. Neste caso temos

(a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d Devemos provar que

(1.12)

(a, b) · (0, d) = (a, b) · (0, d) = (a, −b) · (0, −d)

(1.13)

Tomando o conjugado do produto (1.12)

(a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d

= − b d sign (a), −|a| d Considerando o lado direito de (1.13), temos (a, −b) · (0, −d) = − b d sign (a), |a| d | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

= − (−b) (−d) sign (a), |a| (−d) = − b d sign (a), −|a| d

o que coincide com o conjugado do produto dado em (1.12).

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

3 a ) a = 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| Devemos provar que

(a, b) · (c, d) = (0, b) · (c, d) = (0, −b) · (c, −d) Tomando o conjugado do produto (1.14) (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c|

= − b d sign (c), −b |c| 55

(1.14)

(1.15)


Considerando o lado direito de (1.15), temos (0, −b) · (c, −d) = − b d sign (c), b |c| | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

= − (−b) (−d) sign (c), −b |c| = − b d sign (c), −b |c|

o que coincide com o conjugado do produto dado em (1.14).

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos

(1.16)

(a, b) · (c, d) = (a, b) · (c, d) = (a, −b) · (c, −d)

(1.17)

(a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| Devemos provar que

Tomando o conjugado do produto (1.16) (a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c|

= a c − b d sign (a c), −|a| d − b |c| Considerando o lado direito de (1.17), temos (a, −b) · (c, −d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

= a c − (−b) (−d) sign (a c), |a| (−d) + (−b) |c| = a c − b d sign (a c), −|a| d − b |c|

o que coincide com o conjugado do produto dado em (1.16).

56


Defini¸ c˜ ao 6 (Argumento). Chama-se argumento de um nne w = (x, y), n˜ ao nulo, ao ˆ angulo θ tal que y x e sen θ = cos θ = r r Observe que existe ao menos um ˆangulo θ satisfazendo a defini¸c˜ao, pois y 2 x 2 + cos2 θ + sen 2 θ = r r

x2 + y 2 = 1. r2 Fixado o nne w 6= 0, est˜ ao fixados cos θ e sen θ, mas o ˆangulo θ pode assumir infinitos valores, congruentes dois a dois. Assim o nne w 6= 0 tem argumento θ = θ0 + 2 k π; k ∈ Z =

onde θ0 ´e chamado argumento principal de w, ´e tal que x y cos θ0 = , sen θ0 = . r r e 0 ≤ θ0 < 2π.

(1.18)

Por vezes trabalharemos com θ0 chamando-o simplesmente argumento de w. Exemplos: 1o ) Para w =

q√ √ 3 + j = ( 3, 1), temos r = ( 3)2 + 12 = 2, ent˜ao √  x 3   cos θ0 = =   r 2    sen θ0   

=

y 1 = r 2

Tendo em conta (1.18), resulta π π ⇒ θ = + 2kπ θ0 = 6 6 √ 2o ) Para w = (0, 1), temos r = 02 + 12 = 1, ent˜ao  x 0   cos θ0 = r = 1 = 0   sen θ

0

=

1 y = r 1

57


Sendo assim, temos cos θ0 = 0 ⇒

sen θ0 = 1 Temos θ=

θ0 =

π 2

π + 2kπ 2

Dado um n´ umero nne w = (x, y), n˜ ao nulo, temos w = (r cos θ0 , r sen θ0 ) Sendo r > 0, podemos reescrever w = r (cos θ0 , sen θ0 ) chamada forma trigonom´ etrica canˆ onica de w. Tendo em conta a forma alg´ebrica

(p. 42)

w = (x, y) = x + y j podemos escrever

w = (r cos θ0 , r sen θ0 ) = r (cos θ0 + sen θ0 j) y

+ 0 ≤ θ0 < 2π

+ 0

x

• sinal do seno

58


Plano de Argand-Gauss Podemos representar graficamente um nne w = (x, y), no assim chamado plano de Argand-Gauss, do seguinte modo: Y

y

P r θ0 x

O

X

Note que a distˆ ancia entre w = (x, y) e O = (0, 0) ´e o m´ odulo de w: p |w| = x2 + y 2 = r

Nomenclatura:

XOY = plano de Argand-Gauss; OX = eixo real; OY = eixo hiperimagin´ario; P = afixo de w.

Transforma¸ c˜ ao de coordenadas As calculadoras cient´ıficas trazem as transforma¸c˜oes de coordenadas retangular para polar (e vice-versa). Estas transforma¸c˜oes podem ser aplicadas ao plano dos nne:

(x, y)

p

y

0

r )θ

p

x

(r, θ) → (x, y)   x = r cos θ  y

= r sen θ

59

(x, y) → (r, θ)   −1 (x/r)  θ = cos   r

=

p

x2 + y 2


Programa para transformar coordenadas retangulares em polares Vamos escrever um programa computacional para transformar um nne das coordenadas retangulares para polares. Antes precisamos rever um pouco das fun¸c˜oes trigonom´etricas inversas. 1 ) y = arc sen x = sen −1 x. O dom´ınio e contra-dom´ınio de f = sen −1 s˜ ao dados por π π f : [ −1, 1 ] −→ − , 2 2 Temos z π π z ⇒ β = sen −1 ∴ − ≤ β≤ . sen β = r r 2 2

2 ) y = arc cos x = cos−1 x. O dom´ınio e contra-dom´ınio de f = cos−1 s˜ ao dados por f : [ −1, 1 ] −→ [ 0, π ]

π 2

−1

arc sen x

1

π arc cos x

x

−1

− π2

60

0

1

x


Nas duas primeiras telas a seguir temos um programa que converte de retangular para polar.

Na tela da direita temos algumas simula¸c˜oes do programa. Para a execu¸c˜ao deste programa a calculadora dever´ a est´ a fixada no modo radiano, o ˆangulo de saida θ tamb´em estar´ a em radiano. Caso se queira a saida em graus devemos utilizar o programa a seguir

Na tela da direita temos algumas simula¸c˜oes do programa. Os programas a seguir fazem ao contr´ ario, convertem da forma polar para a forma retangular

Utilize o programa da esquerda quando o ˆangulo estiver em radiano; utilize o programa da tela do centro quando o ˆangulo estiver em graus. Na tela da direita fazemos duas simula¸c˜ oes de cada programa.

61


Multiplica¸c˜ ao na forma trigonom´ etrica Sejam w1 = r1 (cos θ1 , sen θ1 ) e w2 = r2 (cos θ2 , sen θ2 ). Temos w1 · w2 = (r1 cos θ1 , r1 sen θ1 ) · (r2 cos θ2 , r2 sen θ2 ) Utilizando a proposi¸c˜ ao 5 (p. 53), escrevemos w1 · w2 = r1 r2 (cos θ1 , sen θ1 ) · (cos θ2 , sen θ2 ) Considere w1 · w2 = r1 r2 (cos θ1 , sen θ1 ) · (cos θ2 , sen θ2 ) {z } | {z } | (a, b)

(c, d)

Vamos utilizar a tabela de sinais

(a = cos θ1 , c = cos θ2 )

−1

−1

−1

0

0

0

1

1

1

−1

0

1

−1

0

1

−1

0

1

a˙ · c˙

1

0

−1

0

0

0

−1

0

1

−→

+

+

+

+

(a, b) · (c, d) = (a c ∓ b d, |a| d + b |c|) A f´ormula para multiplicar dois nne na forma trigonom´etrica fica assim w1 · w2 = r1 r2 (cos θ1 cos θ2 ∓ sen θ1 sen θ2 , | cos θ1 | sen θ2 + sen θ1 | cos θ2 |) F´ormula esta facilmente program´avel, como veremos. As seguintes identidades trigonom´etricas podem ser u ´ teis cos(θ1 ± θ2 ) = cos θ1 cos θ2 ∓ sen θ1 sen θ2 sen (θ1 ± θ2 ) = sen θ1 cos θ2 ± sen θ2 cos θ1

62


Utilizando a f´ormula

(a = cos θ1 , c = cos θ2 )

−1

−1

−1

0

0

0

1

1

1

−1

0

1

−1

0

1

−1

0

1

a˙ · c˙

1

0

−1

0

0

0

−1

0

1

−→

+

+

+

+

w1 · w2 = r1 r2 (cos θ1 cos θ2 ∓ sen θ1 sen θ2 , | cos θ1 | sen θ2 + sen θ1 | cos θ2 |) o programa a seguir multiplica dois nne na forma trigonom´etrica w1 = r1 (cos θ1 , sen θ1 ),

w2 = r2 (cos θ2 , sen θ2 )

63


Exemplo:

Multiplique os seguintes n´ umeros w1 = (1, 1)

na forma trigonom´etrica.

e

√ 2 3 w2 = 2, − 3

√ Solu¸ c˜ ao: Sejam w1 = (1, 1) e w2 = 2, − 2 3 3 . Temos

w1 =

w2 = 4

2 (cos 45o , sen 45o )

3 3

(cos 330o , sen 330o )

w1 =

√ 2 (cos π4 , sen π4 )

w2 = 4

3 3

(cos 116π , sen 116π )

Com a calculadora fixada no modo radiano, entramos no programa com os a ˆngulos em radianos, assim

A saida do programa estar´ a na forma cartesiana (tela esquerda); na tela do centro temos a saida na forma trigonom´etrica, em graus; na tela da direita temos a saida na forma trigonom´etrica, em radianos.

64


1.10

Exegese (geom´ etrica) da unidade j

Sabemos que dado um n´ umero complexo z, a interpreta¸c˜ao geom´etrica do produto i z ´e a de uma rota¸c˜ ao de 90o do complexo z − no sentido positivo, isto ´e anti-hor´ ario − . Pretendemos saber o que acontece, geometricamente, quando multiplicamos um nne w pela unidade hiperimagin´aria j. Inicialmente recordamos a f´ormula para rota¸c˜ao − de um ˆangulo θ − de um ponto (x, y) no plano: (x′ , y ′ ) = (x cos θ − y sen θ, x sen θ + y cos θ)

R

R

(1.19)

(x′ , y ′ ) = ?

s

(x, y)

s(x, y) θ R

0

R

0

Desta f´ormula obtemos, R ( 90o ) = (x cos 90o − y sen 90o , x sen 90o + y cos 90o ) R ( −90o ) = (x cos 90o + y sen 90o , −x sen 90o + y cos 90o isto ´e R ( 90o ) = (−y, x)

(1.20)

R ( −90o ) = (y, −x)

(1.21)

e Seja w = (x, y) ∈ B, fa¸camos a multiplica¸c˜ao j (x, y) = (0, 1) · (x, y) consideremos j (x, y) = (0, 1) · (x, y) | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

   (−b d, 0),       − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| , 65

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.


Sendo assim, temos

(a, b) · (c, d) =

  (−b d, 0),

se a = 0, c = 0;

 − b d sign (c), b |c| , se a = 0, c 6= 0. j (x, y) = (0, 1) · (x, y) | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

na primeira possibilidade acima, temos

j (x, y) = (0, 1) · (0, y) = (−1 · y, 0) = (−y, 0) logo j (0, y) = (−y, 0)

(1.22)

na segunda possibilidade, temos j (x, y) = − b d sign (c), b |c|

= − 1 · y sign (x), 1 · |x| isto ´e j (x, y) = − y sign (x), |x| Temos duas possibilidades j (x, y) = Comparando com

  (−y, x), se x > 0;  (y, −x), se x < 0.

R ( 90o ) = (−y, x),

R ( −90o ) = (y, −x)

concluimos que pontos do lado direito do eixo oy s˜ ao rotacionados de 90o no sentido anti-hor´ ario, e que pontos do lado esquerdo do eixo oy s˜ ao rotao cionados de 90 no sentido hor´ ario. Tendo em conta (1.22), pontos sobre o eixo oy s˜ ao rotacionados de 90o no sentido anti-hor´ ario. Resumindo:

j (x, y) =

  (−y, x),

se x ≥ 0;

 (y, −x), se x < 0. 66

R (90o ) = (−y, x) R (−90o ) = (y, −x)


1.11

Rota¸c˜ ao & Oscila¸c˜ ao

Considerando z = (x, y) um n´ umero complexo, vamos realizar a seguinte multiplica¸c˜ ao (x, y) · (cos θ, sen θ) (1.23) Lembramos da multiplica¸c˜ ao Complexa (a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c) Ent˜ao (x, y) · (cos θ, sen θ) = (x cos θ − y sen θ, x sen θ + y cos θ) Recordando a f´ormula da rota¸c˜ ao

(p. 65)

(x′ , y ′ ) = (x cos θ − y sen θ, x sen θ + y cos θ) vemos que a interpreta¸c˜ ao geom´etrica da multiplica¸c˜ao (1.23) ´e a de uma uma rota¸c˜ ao do ponto z de um ˆ angulo θ − sentido anti-hor´ ario. Agora consideremos o produto

(x, y) · (cos θ, sen θ) nos nne e vejamos que interpreta¸ca˜o geom´etrica podemos dar. Consideremos (x, y) · (cos θ, sen θ) | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

1 a ) a = 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) Ent˜ao (x, y) · (cos θ, sen θ) = (−y sen θ, 0) isto vale para x = 0 e cos θ = 0. Ao final faremos um resumo de tudo. 67


(x, y) · (cos θ, sen θ) {z } | {z } | (a, b)

(c, d)

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

2 a ) a 6= 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d Ent˜ ao

(x, y) · (cos θ, sen θ) = (−y sen θ sign (x), |x| sen θ)

3 a ) a = 0, c 6= 0. Neste caso temos

(a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| Ent˜ ao

(x, y) · (cos θ, sen θ) = (−y sen θ sign (cos θ), y | cos θ|)

4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos

(a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| Ent˜ ao

(x, y) · (cos θ, sen θ) = x cos θ − y sen θ sign (x cos θ), |x| sen θ + y | cos θ| Resumindo o produto (x, y) · (cos θ, sen θ), temos   (−y sen θ, 0),        (−y sen θ sign (x), |x| sen θ),

x = 0, cos θ = 0; x 6= 0, cos θ = 0;

  (−y sen θ sign (cos θ), y | cos θ|), x = 0, cos θ = 6 0;       x cos θ − y sen θ sign (x cos θ), |x| sen θ + y | cos θ| , x = 6 0, cos θ = 6 0.

Podemos simplificar o quadro acima considerando cos θ = 0

θ=

π + 2kπ 2 68

ou

θ=−

π + 2kπ 2


Temos

   (−y, 0),

(−y sen θ, 0)

  (y, 0),

e (−y sen θ sign (x), |x| sen θ)

θ=

π 2

+ 2 k π;

θ = − π2 + 2 k π

   (−y sign (x), |x|),

  (y sign (x), −|x|),

θ=

π 2

+ 2 k π;

θ = − π2 + 2 k π

Ent˜ao, para x = 0, o produto (x, y) · (cos θ, sen θ), fica  π   (−y, 0), θ = 2 + 2 k π; (0, y) · (cos θ, sen θ) =   (y, 0), θ = − π2 + 2 k π para x 6= 0, o produto (x, y) · (cos θ, sen θ), fica    (−y sign (x), |x|), (x, y) · (cos θ, sen θ) =   (y sign (x), −|x|),

θ=

π 2

+ 2 k π;

θ = − π2 + 2 k π

para os demais casos, o produto (x, y) · (cos θ, sen θ), fica   (−y sen θ sign (cos θ), y | cos θ|), x = 0, cos θ 6= 0;  x cos θ − y sen θ sign (x cos θ), |x| sen θ + y | cos θ| , x 6= 0, cos θ 6= 0. Para efeitos de simplifica¸c˜ ao da an´ alise, vamos escolher um ˆangulo de rota¸c˜ao no primeiro quadrante, 0 < θ < π2 y

− −

+ 0

x

+

• sinal do cosseno

69


Neste caso o produto (x, y) · (cos θ, sen θ), fica   (−y sen θ, y cos θ),

x = 0;

 x cos θ − y sen θ sign (x), |x| sen θ + y cos θ , x 6= 0.

Ou ainda

 (−y sen θ, y cos θ), x = 0;     x cos θ − y sen θ, x sen θ + y cos θ , x > 0;     x cos θ + y sen θ, −x sen θ + y cos θ , x < 0.

Lembramos da multiplica¸c˜ao nos complexos

(x′ , y ′ ) = (x cos θ − y sen θ, x sen θ + y cos θ) portanto, para pontos no semiplano x > 0, a multiplica¸c˜ao dos nne ´e a mesma nos complexos, ou seja, a de uma rota¸c˜ao de θ no sentido antihor´ ario. Vamos substituir na f´ormula de rota¸c˜ao acima θ por −θ, assim (x′ , y ′ ) = x cos(−θ) − y sen (−θ), x sen (−θ) + y cos(−θ)

simplificando

(x′ , y ′ ) = x cos θ + y sen θ, −x sen θ + y cos θ

comparando com a multiplica¸c˜ao dos nne, concluimos que pontos no semiplano x < 0, s˜ ao rotacionados de θ no sentido negativo (hor´ ario).

y

y (x′ , y ′ )

(x′ , y ′ )

s (x, y)

(x, y) θ 0

s θ

x

0

x

Podemos combinar as rota¸c˜oes hor´ arias e anti-hor´ arias para gerar movimentos oscilat´ orios.

70


1.12

Potencia¸ c˜ ao

Defini¸ c˜ ao 7. Sejam w um nne e n um n´ umero natural. Potˆencia de base w n e expoente n ´e o n´ umero w tal que: ( w0 = 1; wn = wn−1 · w, ∀ n, n ≥ 1.

Desta defini¸c˜ ao decorre que: w1 = w0 · w = 1 · w w2 = w1 · w = w · w w3 = w2 · w = (w · w) · w w4 = w3 · w = (w · w) · w · w

Proposi¸ c˜ ao 6. A seguinte identidade ´e v´alida  −1, se n ´e par; n j =  j, se n ´e ´ımpar.

Prova: Indu¸c˜ ao sobre n. o 1 ) n par. Para n = 2 j´a mostramos que a proposi¸c˜ao ´e verdadeira. Suponhamos a validade da mesma para n = k, isto ´e, j k = −1. Mostremos que a proposi¸c˜ ao continua v´alida para o pr´ oximo par, n = k + 2: j k+2 = (j k · j) · j = (−1 · j) · j = j · j = j 2 = −1 2 o ) n ´ımpar. An´alogo.

Na tela a seguir temos um programa para calcular a potˆencia de um nne

Na tela da direita calculamos algumas potˆencias de j = (0, 1). 71


Lema 1. Seja w = (x, y) ∈ B, ent˜ao w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y )

(1.24)

Prova: Considere w2 = (x, y) · (x, y) | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

1 a ) a = 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) logo (0, y) · (0, y) = (−y · y, 0) o que prova (1.24). 2 a ) a 6= 0, c = 0. Este caso n˜ ao pode ocorer. 3 a ) a = 0, c 6= 0. Este caso n˜ ao pode ocorer. 4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| logo

(x, y) · (x, y) = x · x − y · y sign (x2 ), |x| y + y |x| simplificando w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y )

Vamos encontrar uma f´ormula para a terceira potˆencia de w = (x, y): w3 = w2 · w = (x2 − y 2 , 2 |x| y ) · (x, y) 72


Lema 2. Seja w = (x, y) ∈ B, ent˜ao w3 =

  (−2 |x|3 sign (x), 2 x2 y),

se |x| = |y|;

 (x2 − y 2 ) x − 2 |x| y 2 sign (x2 − y 2 ) x , |x2 − y 2 | y + 2 x2 y , se |x| 6= |y|.

Prova: Considere

w3 = (x2 − y 2 , 2 |x| y ) · (x, y) | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

1 a ) a = 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) Ent˜ao, x2 − y 2 = 0 e x = 0, logo y = 0; logo w3 = (0, 0) 2 a ) a 6= 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d Ent˜ao

w3 = (−2 |x| y y sign (x2 − y 2 ), |x2 − y 2 | y)

neste caso, x2 − y 2 6= 0 e x = 0, logo y 6= 0; temos w3 = (0, y 3 ) 3 a ) a = 0, c 6= 0. Neste caso temos

(a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| Ent˜ao

w3 = (−2 |x| y y sign (x), 2 |x| y |x|)

neste caso, x2 − y 2 = 0 e x 6= 0, logo |x| = |y| = 6 0; temos w3 = (−2 |x|3 sign (x), 2 x2 y) 73


4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| Temos x2 − y 2 6= 0 e x 6= 0; ent˜ao

w3 = (x2 − y 2 ) x − 2 |x| y y sign (x2 − y 2 ) x , |x2 − y 2 | y + 2 |x| y |x|

ou ainda

w3 = (x2 − y 2 ) x − 2 |x| y 2 sign (x2 − y 2 ) x , |x2 − y 2 | y + 2 x2 y

Resumindo

w3 =

  (0, 0),        (0, y 3 ),

  (−2 |x|3 sign (x), 2 x2 y),       (x2 − y 2 ) x − 2 |x| y 2 sign (x2 − y 2 ) x , |x2 − y 2 | y + 2 x2 y ,

se x = 0,

y = 0;

se x = 0,

y 6= 0;

se |x| = |y| = 6 0; se x2 − y 2 6= 0, x 6= 0.

Acho que podemos simplificar um pouco mais, assim w3 =

  (−2 |x|3 sign (x), 2 x2 y),

se |x| = |y|;

 (x2 − y 2 ) x − 2 |x| y 2 sign (x2 − y 2 ) x , |x2 − y 2 | y + 2 x2 y ,

se |x| 6= |y|.

Observe que a ordenada de w3 acima e a de w2 a seguir w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) est˜ ao no semiplano y ≥ 0 ou y ≤ 0; vamos provar que estes semiplanos s˜ ao fechados para a opera¸c˜ ao potencia¸c˜ao, geometricamente y

y

w

wn 0

ր y≥0

x

0

wn

y≤0 ւ

x

w

De outro modo: as sucessivas potˆencias de w = (x, y) n˜ ao atravessam de uma faixa para a outra. 74


Proposi¸ c˜ ao 7. Seja w = (x, y) ∈ B e wn = (x′ , y ′ ), temos se y ≥ 0

ent˜ao

y ′ ≥ 0.

Prova: Indu¸c˜ ao sobre n. Para n = 2 a proposi¸c˜ao decorre da f´ormula w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) Suponhamos a proposi¸c˜ ao verdadeira para n = k. Isto ´e wk = (a, b), temos b ≥ 0

(hip´ otese de indu¸c˜ao)

E mostremos que vale para n = k + 1. Isto ´e, wk+1 = (e, f ) ⇒ f ≥ 0

(tese de indu¸c˜ao)

Com efeito, temos wk+1 = wk · w = (a, b) · (x, y) considere wk+1 = (a, b) · (x, y) | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

  (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

1 a ) a = 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = (−b d, 0) a tese ´e imediata. 2 a ) a 6= 0, c = 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (a), |a| d

(a, b) · (0, y) = − b y sign (a), |a| y

Temos como y ≥ 0, temos |a| y ≥ 0. 75


3 a ) a = 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c|

(0, b) · (c, d) = − b y sign (c), b |c|

Temos

como, por hip´ otese de indu¸c˜ao, b ≥ 0, resulta f = b |c| ≥ 0. 4 a ) a 6= 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| Considerando a conven¸c˜ao wk+1 = (a, b) · (x, y) = (e, f ) | {z } | {z } (a, b)

temos

(c, d)

(a, b) · (c, d) = a x − b y sign (a x), |a| y + b |x|

como, por hip´ otese, y ≥ 0 e b ≥ 0, resulta f = |a| y + b |x| ≥ 0. O caso y ≤ 0 ´e provado de modo semelhante, fica como exerc´ıcio. Na tela a seguir programamos a equa¸c˜ao w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y )

76


1.12.1

Potencia¸c˜ ao na forma trigonom´ etrica

Considere w = r (cos θ, sen θ ) e seja w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) temos w2 = r 2 (cos2 θ − sen 2 θ, 2 | cos θ| sen θ) Utilizando a identidade trigonom´etrica cos 2 θ = cos2 θ − sen 2 θ resulta w2 = r 2 (cos 2 θ, 2 | cos θ| sen θ) Sendo assim, temos w2 =

  r 2 (cos 2 θ, sen 2 θ),

 r 2 (cos 2 θ, − sen 2 θ),

se cos θ ≥ 0; se cos θ < 0.

Na p´ agina 62 utilizando a tabela de sinais

(a = cos θ1 , c = cos θ2 )

−1

−1

−1

0

0

0

1

1

1

−1

0

1

−1

0

1

−1

0

1

a˙ · c˙

1

0

−1

0

0

0

−1

0

1

−→

+

+

+

+

w1 · w2 = r1 r2 (cos θ1 cos θ2 ∓ sen θ1 sen θ2 , | cos θ1 | sen θ2 + sen θ1 | cos θ2 |) estabelecemos a f´ormula acima para a multiplica¸c˜ao dos nne w1 = r1 (cos θ1 , sen θ1 )

e

w2 = r2 (cos θ2 , sen θ2 )

Tomando w1 = w2 = w = r (cos θ, sen θ ), neste caso a = c = cos θ e a˙ = c, ˙ devemos olhar para as trˆes colunas em destaque na tabela de sinais, ent˜ao w · w = r · r (cos θ cos θ − sen θ sen θ, | cos θ| sen θ + sen θ | cos θ|) simplificando w2 = r 2 (cos2 θ − sen 2 θ, 2 | cos θ| sen θ) que ´e o mesmo resultado obtido anteriormente. 77


Exemplo: √ a) Sejam w1 = (1, 1) e w2 = 2, − 2 3 3 . Temos

w1 =

w2 = 4

2 (cos 45o , sen 45o )

3 3

(cos 330o , sen 330o )

w1 =

√ 2 (cos π4 , sen π4 )

w2 = 4

3 3

(cos 116π , sen 116π )

O programa a seguir utiliza a tabela de sinais (p. 77) para multiplicar dois nne na forma trigonom´etrica

A seguir multiplicamos os dois nne do exemplo a) dado acima

a saida estar´ a na forma cartesiana, na tela da direita convertemos para a forma trigonom´etrica. Podemos utilizar o programa anterior para o c´alculo de potˆencias na forma trigonom´etrica.

78


1.13

Radicia¸c˜ ao

Defini¸ c˜ ao 8. Dado um nne w, chama-se raiz en´esima de w, e denota-se, √ n w, a um nne wk tal que wkn = w. Temos √ n

w = wk ⇐⇒ wkn = w

Exemplos: Calcular a)

1

b)

−1

c)

j

d)

√ 1+j

e)

−1 + j

Solu¸ c˜ ao: a) Devemos resolver a seguinte equa¸c˜ao √ 1 = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = 1 Podemos nos valer do lema 1 (p. 72), assim w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = (1, 0) Temos

( x2 − y 2 2 |x| y

=1 =0

Da segunda equa¸c˜ ao inferimos que x = 0 ou y = 0, da primeira inferimos que x 6= 0, logo y = 0, no que resulta x = ± 1. Portanto, s˜ ao em n´ umero de duas as ra´ızes quadradas de 1: √ √ 1 = (1, 0) ⇒ 1 = 1. √ √ 1 = (−1, 0) ⇒ 1 = −1. b) Por defini¸c˜ ao de raiz quadrada, temos √ −1 = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = −1. Ou ainda w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = (−1, 0) Temos

  x2 − y 2 2 |x| y

79

= −1 =0


Da segunda equa¸c˜ ao inferimos que x = 0 ou y = 0, da primeira inferimos que y 6= 0, logo x = 0, no que resulta y = ± 1. Portanto, s˜ ao em n´ umero de duas as ra´ızes quadradas de -1: √ √ −1 = (0, 1) ⇒ −1 = j. √ √ −1 = (0, −1) ⇒ −1 = −j. c)

j =?. Temos p

Ou ainda,

j = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = j.

w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = (0, 1) Temos

( x2 − y 2 2 |x| y

=0 =1

Da primeira equa¸c˜ ao inferimos que |x| = |y|. Este resultado na segunda equa¸√ c˜ ao nos fornece: 2√|y| y = 1. Desta equa¸c˜ao concluimos que y > 0, logo, ao, x = ± 22 . Portanto y = 22 ; ent˜

j=

j=

2 2 ,

2 2

2 2 ,

2 2

Na tela acima confirmamos as duas ra´ızes de j = (0, 1). Nos complexos (para efeito de compara¸c˜ao) temos √ i= Em resumo

√ √

2 2 ,

j = ±1· i = ±1 ·

2 2

,

√ 2 2

2 2 ,

2 2 ,

2 2

80

i=

6= ±

2 2 ,

√ 2 2

√ √ 2 2 , 2 2 √

2 2 ,

2 2

,


d)

1 + j. Temos p

1 + j = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = 1 + j.

− A bem da verdade vamos obter uma f´ormula (algoritmo) para extra¸c˜ao de ra´ızes quadradas em B, assim: p (a, b) = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = (a, b). (1.25) Temos

( x2 − y 2 2 |x| y

=a

(1.26)

=b

Vamos resolver este sistema supondo b 6= 0 (um nne puro); sendo assim, da segunda equa¸c˜ ao concluimos que x e y s˜ ao n˜ ao nulos. Tirando |x| na segunda equa¸c˜ ao e substituindo na primeira, obtemos: b2 − y2 = a 4y 2

4y 4 + 4ay 2 − b2 = 0

Fa¸camos y 2 = z, para obter a equa¸c˜ao auxiliar 4z 2 +4az−b2 = 0. Resolvendo esta equa¸c˜ ao, obtemos:  √ √ −a + a2 +b2  (∗) 2 2 2 −a ± a + b = z= √  −a − a2 +b2 2 (∗∗) 2

A express˜ ao (∗) ´e sempre maior ou igual a zero, de sorte que: s √ −a + a2 + b2 2 y =z ⇒ y=± 2

(1.27)

Por outro lado, 2 |x| y = b

|x| =

b 2y

x=±

b 1 2y

De sorte que, para cada valor de y dado em (1.27) temos dois valores para x (opostos, sim´etricos). Invertendo y em (1.27) e racionalizando, obtemos: √ q p 1 2 =± · a 2 + b2 + a y |b| Sendo assim, as poss´ıveis ra´ızes s˜ ao dadas por: p√  √ p√ 2 b 2 + b2 + a , 2 + b2 − a  a a   2 |b|     p√ √ p√   2 b  2 + b2 + a , − 2 + b2 − a a a −   2 |b| p√ p√ √   2 b 2 + b2 + a , 2 + b2 − a  a a −  2 |b|      p √ p    2 b √a2 + b2 + a , − √a2 + b2 − a 2

|b|

81

(1.28)


Nota: Nem sempre os quatro n´ umeros acima s˜ ao ra´ızes quadradas de (a, b), precisamos substituir em (1.25) para decidir. Por exemplo √ 1 + j = ±1 ·

2 2

p√

2 + 1,

p√

2−1

6= ±

2 2

p√

2 + 1,

Para efeito de compara¸c˜ao, nos Complexos temos: √

1 + i = ±1 ·

2 2

Temos ainda

p√

2 + 1,

j = ±1 ·

p√

2−1

√ p√ p√ p√ 2 − 1 = ± 22 2 + 1, 2−1 √

2 2 ,

2 2

6= ±

Para efeito de compara¸c˜ao, temos: √ √ √ i = ±1 · 22 , 22 = ±

√ √ 2 2 , 2 2

2 2 ,

2 2

Vejamos quando a segunda equa¸c˜ao em (1.28) ´e uma raiz quadrada de (a, b). Seja: √ q 2 −b p 2 a + b2 + a x= 2 |b| √ q − 2 p 2 y= a + b2 − a 2

x e y devem satisfazer as duas equa¸c˜oes em (1.26), por exemplo

2 −b qp

−√2 qp

2 |x| y = 2

a 2 + b2 + a · a2 + b2 − a

2 |b|

2 =−

qp

a2

+

b2

+a·

qp

a2 + b2 − a = −|b|

A primeira equa¸c˜ ao, em (1.26), ´e satisfeita (exerc´ıcio); donde concluimos que a segunda equa¸c˜ ao em (1.28) ´e uma raiz quadrada de (a, b) quando |b| = −b, isto ´e, quando b < 0. Obviamente que a mesma conclus˜ao vale para a u ´ ltima equa¸c˜ao em (1.28). Uma an´ alise semelhante vale para a primeira e terceira equa¸c˜oes em (1.28), de sorte que podemos escrever:  p√ √ p√  a 2 + b2 + a , a 2 + b2 − a , se b > 0;  ± 1 · 22  p (a, b) = p√ √ p√   2 + b2 − a , 2 + b2 + a , − ± 1 · 2 a a se b < 0. 2 82


O programa a seguir (duas primeiras telas) sai com as ra´ızes quadradas de um nne w = (a, b) (b 6= 0):

Na tela da direita temos as ra´ızes quadradas de j = (0, 1) e 1 + j = (1, 1). Temos, pela calculadora p √ √ p √ √ ! p 1+ 2· 2 −1 + 2 · 2 , 1+j = 2 2

e

p

1+j =

p

1+

√ 2

2

,

p

√ √ ! −1 + 2 · 2 2

Compare com o resultado calculado a` m˜ ao: √ q q p √ √ 2 1 + j = ±1 · 2 + 1, 2−1 2

Na tela a seguir pedimos para a calculadora fatorar as ra´ızes quadradas de 1 + j = (1, 1)

obtivemos a tela da direita.

83


Ra´ızes quadradas nos Complexos Vamos deduzir uma f´ormula para extra¸c˜ao de raizes quadradas nos complexos. Temos: p (a, b) = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = (a, b). (1.29) Sendo (x, y)2 = (x2 − y 2 , 2xy), devemos resolver o seguinte sistema: ( x2 − y 2 = a (1.30) 2xy =b

Vamos resolver este sistema supondo b 6= 0 (um complexo puro); sendo assim, da segunda equa¸c˜ao concluimos que x e y s˜ ao n˜ ao nulos. Tirando x na segunda equa¸c˜ ao e substituindo na primeira, como antes, obtemos: s √ √ q −a + a2 + b2 2 p 2 a + b2 − a =± y=± (1.31) 2 2 Por outro lado, 2xy = b

x=

b 2y

x=

b 1 2y

Invertendo y em (1.31) e racionalizando, obtemos: √ q p 2 1 a 2 + b2 + a =± · y |b| Sendo assim, as duas ra´ızes s˜ ao dadas por: p√ p√ √ 2 b 2 + b2 + a , 2 + b2 − a  a a    2 |b| p√ √ p√ 2 b 2 + b2 + a , − 2 + b2 − a  a a −   |b|  2

Ou ainda:

p

(a, b) =

  ± 1 ·    ±1 ·   

2 2

2 2

p√ p√ a 2 + b2 + a , a 2 + b2 − a ,

p√

a 2 + b2 + a ,

84

p√

a 2 + b2 − a ,

se b > 0; se b < 0.


Adendo: Problemas com solu¸ c˜ ao em B e n˜ ao em C Vimos anteriormente que √ √ p√ p√ p√ p√ √ 1 + j = ±1 · 22 2 + 1, 2 − 1 6= ± 22 2 + 1, 2−1 Para efeito de compara¸c˜ ao, nos Complexos temos:

1 + i = ±1 ·

p√

2 2

ou ainda p p

e

√ √

2 + 1,

p√

2−1

p√

2 2

2 + 1,

√ q q √ √ 2 1+j = 2 + 1, 2−1 2 √ 2 1+j = 2 √

2 1+i= 2 √

2 1+i= 2

− q −

q

2 + 1,

2 + 1,

q

q

q

2−1

2−1

2 + 1, −

q √

p√

2−1

(1.32)

2−1

Observamos que a raiz dada em (1.32) s´ o comparece em B, isto nos permite elaborar uma quest˜ ao com solu¸c˜ao nos B mas n˜ ao nos complexos. De fato, tendo em conta p 1 + j = (x, y) = w ⇔ (x, y)2 = 1 + j

por exemplo, temos o seguinte desafio: Encontre o n´ umero z = (x, y) satisfazendo as condi¸c˜ oes∗ ( z2 = 1 + i sign (x) 6= sign (y)

N˜ao existe solu¸c˜ ao nos complexos. Agora, encontre o n´ umero w = (x, y) satisfazendo as condi¸c˜ oes ( w2 = 1 + j sign (x) 6= sign (y)

possui solu¸c˜ ao nos nne. As solu¸c˜ oes complexas est˜ ao no primeiro e terceiro quadrantes, as solu¸c˜oes nos nne no primeiro e segundo quadrantes. Muitos outros desafios, nesta linha, podem ser elaborados. ∗

sinal de x ´e diferente do sinal de y.

85


1.14

Apˆ endice

Imers˜ ao de B-2D e C em B-3D Seja R o sistema dos n´ umeros reais. Consideremos o produto cartesiano R × R × R = R3 : R3 = (x, y, z) : x, y, z ∈ R

Vamos tomar dois elementos, (a1 , b1 , c1 ) e (a2 , b2 , c2 ), de R3 , para dar trˆes defini¸c˜ oes: ( i ) Igualdade: dois ternos ordenados s˜ ao iguais se, e somente se, ocorre o seguinte: (a1 , b1 , c1 ) = (a2 , b2 , c2 ) ⇔ a1 = a2 , b1 = b2 , e c1 = c2 . ( ii ) Adi¸c˜ ao: chama-se adi¸c˜ao de dois ternos ordenados a um novo terno ordenado, obtido da seguinte forma: (a1 , b1 , c1 ) + (a2 , b2 , c2 ) = (a1 + a2 , b1 + b2 , c1 + c2 ) ao: chama-se multiplica¸c˜ao de dois ternos ordenados ( iii ) Multiplica¸c˜ (a1 , b1 , c1 ) · (a2 , b2 , c2 ) a um novo terno ordenado, obtido da seguinte forma:

  (−c1 · c2 , 0, 0),           − c1 · c2 · a2 , − c1 · c2 · b2 , c · r ,   1 2  r2 r2 

se r1 = 0 e r2 = 0 (D1 ) se r1 = 0 e r2 6= 0 (D2 )

 c ·c ·a   c1 · c2 · b1 1 2 1   , , − , c · r −  2 1  r1 r1         (a · a − b · b ) γ, (a · b + a · b ) γ, c · r + c · r , 1 2 1 2 1 2 2 1 1 2 2 1

Onde r1 =

q

a21 + b21 , r2 =

q

a22 + b22

e

se r1 6= 0 e r2 = 0 (D3 ) se r1 6= 0 e r2 6= 0 (D4 )

γ =1−

c1 · c2 r1 · r2

Nota: Este sistema foi desenvolvido em um outro livro nosso, ver referˆencia [1].

86


Esta defini¸c˜ ao generaliza tanto os nne quanto os n´ umeros complexos ao espa¸co R3 − al´em dos pr´ oprios reais. Do seguinte modo:

R: x −→ (x, 0, 0) C : (x, y) −→ (x, y, 0) B-2D : (x, y) −→ (x, 0, y) Geometricamente

z

← B-2D

B-3D

C y

R

x

A prova ´e dada a seguir.

87


− Imers˜ ao de C

˜ de B-3D formada pelos ternos ordenados Consideremos a subestrutura C cujo terceiro termo ´e zero: ˜= C

(a, b, c) ∈ R3 : c = 0

˜ que leva cada (x, y) ∈ C ao Consideremos agora a aplica¸c˜ao f , de C em C, ˜ tipo assim: terno (x, y, 0) ∈ C, B-3D f

C

˜ C

(a1 , b1 )

(a1 , b1 , 0)

(a2 , b2 )

(a2 , b2 , 0)

(a1 + a2 , b1 + b2 )

(a1 + a2 , b1 + b2 , 0)

(a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 )

f: C (x, y)

(a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 , 0)

˜ C (x, y, 0)

Primeiramente notemos que f ´e bijetora, porquanto: ˜ ´e o correspondente, segundo f , de (x, y) ∈ C ( i ) todo terno (x, y, 0) ∈ C (isto quer dizer que f ´e sobrejetora); ( ii ) Dados (x, y) ∈ C e (x′ , y ′ ) ∈ C, com (x, y) 6= (x′ , y ′ ) os seus correspon˜ e (x′ , y ′ , 0) ∈ C ˜ s˜ dentes (x, y, 0) ∈ C ao distintos, de acordo com a defini¸c˜ao de igualdade de ternos ordenados (isto quer dizer que f ´e injetora). Em segundo lugar, notemos que f preserva as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao e multiplica¸c˜ ao pois f (a1 , b1 ) + (a2 , b2 ) = f (a1 + a2 , b1 + b2 ) = (a1 + a2 , b1 + b2 , 0) = (a1 , b1 , 0) + (a2 , b2 , 0) = f (a1 , b1 )) + f (a2 , b2 )

No que concerne ` a multiplica¸c˜ao, temos

f (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = f (a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 ) = (a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 , 0) 88


Observe que (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) est´ a em C e como tal verifica a regra de multiplica¸c˜ ao de C, isto ´e: (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = (a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 ) Por outro lado, (a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 , 0) est´ a em B-3D, obedecendo, portanto, as regras operacionais deste sistema. Devemos mostrar que (a1 ·a2 −b1 ·b2 , a1 ·b2 +a2 ·b1 , 0) = (a1 , b1 , 0)·(a2 , b2 , 0) = f (a1 , b1 ) ·f (a2 , b2 )

Para efetuar o produto (a1 , b1 , 0) · (a2 , b2 , 0) temos que analisar quatro alternativas, em cada uma delas devemos ter: f (a1 , b1 ) · (a2 , b2 ) = f (a1 , b1 ) · f (a2 , b2 )

Vamos provar para a alternativa (D4 ) (r1 6= 0 e r2 6= 0), pois para as demais se prova de modo an´ alogo. Temos

(a1 , b1 , 0) · (a2 , b2 , 0) = (a1 · a2 − b1 · b2 ) · 1, (a1 · b2 + a2 · b1 ) · 1, 0 · r2 + 0 · r1 = (a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 , 0) Sendo assim (a1 ·a2 −b1 ·b2 , a1 ·b2 +a2 ·b1 , 0) = (a1 , b1 , 0)·(a2 , b2 , 0) = f (a1 , b1 ) ·f (a2 , b2 ) . ˜ que preserva as opeDevido ao fato de existir uma aplica¸c˜ao f : C → C ˜ s˜ ra¸c˜oes de adi¸c˜ ao e multiplica¸c˜ ao, dizemos que C e C ao isomorfos.

Devido ao isomorfismo, operar com (x, y, 0) leva a resultados an´ alogos aos obtidos operando com (x, y); em raz˜ ao disto faremos a identifica¸c˜ao (x, y) = (x, y, 0), ∀ (x, y) ∈ C Em particular, pela teoria dos n´ umeros complexos, podemos escrever ainda x = (x, 0) = (x, 0, 0), ∀ x ∈ R Aceita estas igualdades, temos em particular que 0 = (0, 0) = (0, 0, 0), 1 = (1, 0) = (1, 0, 0), a = (a, 0) = (a, 0, 0) Assim o corpo C dos n´ umeros complexos passa a ser considerado uma subestrutura do sistema B-3D dos nne tridimensionais.

89


− Imers˜ ao de B-2D

˜ de B-3D formada pelos ternos ordenados Consideremos a subestrutura B cujo segundo termo ´e zero: ˜ = (a, b, c) ∈ R3 : b = 0 B

˜ ´e fechado para as opera¸c˜oes de soma e multiplicaVamos mostrar que B ˜ ent˜ao, ¸c˜ ao. De fato, sejam (a1 , 0, c1 ) e (a2 , 0, c2 ) dois pontos em B, ˜ (a1 , 0, c1 ) + (a2 , 0, c2 ) = (a1 + a2 , 0, c1 + c2 ) ∈ B Por outro lado, calculando o produto

(p. 15)

(a1 , b1 , c1 ) · (a2 , b2 , c2 ) = a1 , 0, c1 ) · (a2 , 0, c2 em   (−c1 · c2 , 0, 0),           − c1 · c2 · a2 , − c1 · c2 · b2 , c · r ,   1 2  r2 r2 

se r1 = 0 e r2 = 0 (D1 ) se r1 = 0 e r2 6= 0 (D2 )

 c ·c ·a   c ·c ·b   − 1 2 1 , − 1 2 1 , c2 · r1 ,   r1 r1         (a · a − b · b ) γ, (a · b + a · b ) γ, c · r + c · r , 1 2 1 2 1 2 2 1 1 2 2 1

Onde

r1 =

q

2

2

a1 + b1 , r2 =

q

2

2

a 2 + b2

e

se r1 6= 0 e r2 = 0 (D3 ) se r1 6= 0 e r2 6= 0 (D4 )

γ =1−

c1 · c2 r1 · r2

Resulta    − c1 · c2 , 0, 0 ,        a    − c1 · c2 2 , 0, c1 · |a2 | ,   |a2 |

se a1 = 0 e a2 = 0 se a1 = 0 e a2 6= 0

  a   − c1 · c2 1 , 0, c2 · |a1 | ,   |a1 |      a ·a    a1 · a2 − c1 · c2 1 2 , 0, c1 · |a2 | + c2 · |a1 | , |a1 | · |a2 | Onde

r1 = |a1 | , r2 = |a2 | e γ = 1 − ˜ Portanto, (a1 , 0, c1 ) · (a2 , 0, c2 ) ∈ B. 90

se a1 6= 0 e a2 = 0 se a1 6= 0 e a2 6= 0

c1 · c2 |a1 | · |a2 |


˜ que leva cada (x, y) ∈ Consideremos agora a aplica¸c˜ ao f , de B-2D em B, ˜ B-2D ao terno (x, 0, y) ∈ B, tipo assim: B-3D f

B-2D

˜ B

(a1 , b1 )

(a1 , 0, b1 )

(a2 , b2 )

(a2 , 0, b2 )

(a1 + a2 , b1 + b2 )

(a1 + a2 , 0, b1 + b2 )

(a1 · a2 − b1 · b2 , a1 · b2 + a2 · b1 )

f : B-2D (x, y)

(a1 · a2 − b1 · b2 , 0, a1 · b2 + a2 · b1 )

˜ B (x, 0, y)

Podemos mostrar que f ´e um isomorfismo. Devido ao fato de existir ˜ que preserva as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao e multiuma aplica¸c˜ ao f : B-2D → B ˜ s˜ plica¸c˜ao, dizemos que B-2D e B ao isomorfos. Devido ao isomorfismo, operar com (x, 0, y) leva a resultados an´ alogos aos obtidos operando com (x, y); em raz˜ ao disto podemos fazer a identifica¸c˜ao que se segue: (x, y) = (x, 0, y), ∀ (x, y) ∈ B-2D Em particular, pela teoria dos nne 2D, podemos escrever ainda x = (x, 0) = (x, 0, 0), ∀ x ∈ R Aceita estas igualdades, temos em particular que 0 = (0, 0) = (0, 0, 0), 1 = (1, 0) = (1, 0, 0), (0, 1) = (0, 0, 1) = j. Assim o sistema B-2D, dos n´ umeros nne bidimensionais, passa a ser considerado um subsistema do sistema B-3D dos nne tridimensionais. Em resumo, os n´ umeros B-3D generalizam, a um s´ o tempo, os n´ umeros complexos e os nne 2D.

91


Uma f´ ormula in´ edita “Gostei da sua f´ ormula” Carlos Gustavo T. de A. Moreira (Gugu/IMPA) Durante muitos anos − possivelmente s´eculos − os matem´ aticos estiveram ` a procura de uma f´ormula para a soma de potˆencias dos n´ umeros naturais, ningu´em teve ˆexito, coube a mim materializar essa aspira¸c˜ao. Teorema 5 (Gentil/1997). Sendo m um n´ umero natural arbitrariamente fixado, ´e v´alida a seguinte identidade:

m

1

m

+2

m

+3

Onde: a(m−j) =

+ ··· + n j X

k=0

m

m X n = a(m−j) j+1 j=0

j (−1) (1 − k + j)m k k

Prova: Ver referˆencia [2].

Vejamos um exemplo de aplica¸c˜ao desta f´ormula (m = 3): 13 + 23 + 33 + · · · + n3 =

3 X n a j + 1 (3−j) j=0

n n n n = a3 + a2 + a1 + a 1 2 3 4 0 Onde: a(3−j) =

j X k=0

j 3 (−1) (1 − k + j) ; k k

( j = 0, 1, 2, 3. )

Substituindo e simplificando chegamos a 13 + 23 + 33 + · · · + n3 =

n2 (n + 1)2 4

Nota: Com o uso da HP Prime a manipula¸c˜ao − num´erica ou alg´ebrica − desta f´ormula fica extremamente simplificada.

92


Cap´ıtulo

2

Equa¸c˜oes O Absoluto cont´em todo o experienci´ avel. Mas sem o experimentador eles s˜ ao como nada. Aquilo que faz a experiˆencia poss´ıvel ´e o Absoluto. Aquilo que a faz atual ´e o Ser. (Sri Nisargadatta Maharaj)

2.1

Introdu¸ c˜ ao

Neste cap´ıtulo vamos exibir mais algumas equa¸c˜oes sem solu¸c˜ao nos complexos mas com solu¸c˜ oes nos n´ umeros n~ ao euclidianos; ademais mostraremos que uma equa¸c˜ ao quadr´ atica nos nne pode ter at´e quatro ra´ızes, estabeleceremos uma “f´ormula de Bh´ askara” para a resolu¸c˜ao de uma equa¸c˜ao quadr´ atica em B-2D.

C

B-2D

Bhaskara em C

Bhaskara em B-2D

93


Exemplo: A seguinte equa¸c˜ao n˜ ao possui solu¸c˜ao nos Complexos

x + (−1) x x2 = −1 nos n´ umeros n~ ao euclidianos sim. Solu¸ c˜ ao: Inicialmente vamos proceder a uma mudan¸ca de nota¸c˜ao, assim:

w + (−1) w w2 = −1 onde procuramos w = (x, y) satisfazendo

(x, y) + (−1) · (x, y) (x, y)2 = −1

Pela propriedade n˜ ao euclidiana temos

(x, y) + (−1) · (x, y) = (x, y) + (−x, y) = (0, 2y) Logo, a equa¸c˜ ao proposta fica (0, 2y) · (x, y)2 = −1 Ent˜ ao, pelo lema 1 (p. 72) temos w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) portanto, devemos resolver a equa¸c˜ao (0, 2y) · ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = −1 Vejamos esta multiplica¸c˜ao assim (0, 2y) · ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = −1 | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

94

(p. 38)


Lembramos do produto nos n´ umeros n~ ao euclidianos   (−b d, 0),        − b d sign (a), |a| d , (a, b) · (c, d) =   − b d sign (c), b |c| ,       a c − b d sign (a c), |a| d + b |c| ,

se a = 0, c = 0; se a 6= 0, c = 0; se a = 0, c 6= 0; se a 6= 0, c 6= 0.

Ent˜ao (0, 2y) · ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = −1 | {z } | {z } (a, b)

(c, d)

1 a ) a = 0, c = 0. Neste caso temos

(a, b) · (c, d) = (−b d, 0) Para |x| = |y|, temos (0, 2y) · ( 0, 2 |x| y ) = −1 | {z } | {z } (a, b)

Logo

(0, 2y) · ( 0, 2 |x| y ) = (−2 y · 2 |x| y, 0) = (−1, 0) | {z } | {z } (a, b)

donde

(c, d)

(c, d)

4 |x| y 2 = 1 utilizando |x| = |y|, resulta

|x|3 =

1 4

Aqui temos duas possibilidades: x3 = e

1 , 4

se

1 x3 = − , 4

Portanto x = ±

se r 3

x>0

x<0

1 1 = ±√ 3 4 4

95


Da igualdade |x| = |y| resultam as seguintes solu¸c˜oes da equa¸c˜ao proposta (x, y) =

1 1 √ √ , 3 4 34

(x, y) =

1 1 √ √ , − 3 3 4 4

(x, y) =

1 1 √ − √ , 3 4 34

(x, y) =

1 1 √ − √ , − 3 3 4 4

(2.1)

Vejamos a outra possibilidade 3 a ) a = 0, c 6= 0. Neste caso temos (a, b) · (c, d) = − b d sign (c), b |c| Ent˜ ao, a equa¸c˜ ao (0, 2y) · ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) = −1 | {z } | {z } (a, b)

fica

(c, d)

− 2 y · 2 |x| y sign (x2 − y 2 ), 2 y |x2 − y 2 | = (−1, 0)

Daqui inferimos um absurdo, 0 = −1; esta possibilidade ´e descartada. Nas trˆes telas a seguir confirmamos a solu¸c˜ao (2.1) da equa¸c˜ao

x + (−1) x x2 = −1

96


Exemplo: A seguinte equa¸c˜ ao n˜ ao possui solu¸c˜ao nos Complexos 1 1 =− 2 4 x + (−1) x x

nos nne sim. Solu¸ c˜ ao: Inicialmente vamos proceder a uma mudan¸ca de nota¸c˜ao, assim: 1 1 =− 2 4 w + (−1) w w

onde procuramos w = (x, y) satisfazendo

1 1 =− 2 4 (x, y) + (−1) · (x, y) (x, y)

o denominador da fra¸c˜ ao obtemos do exemplo anterior (p. 95), vale ( −4 |x| y 2 , 0) Sendo assim a equa¸c˜ ao proposta se torna 1 1 =− 2 ( −4 |x| y , 0) 4 Lembrando do algoritmo para inverter o hiper w = (a, b) w−1 = Temos

a −b , a2 + b2 a2 + b2

a2 + b2 = −4 |x| y 2 logo 1 = ( −4 |x| y 2 , 0)

2

+ 02 = 16 x2 y 4

−4 |x| y 2 ,0 16 x2 y 4

Devemos resolver a equa¸c˜ ao

|x| y 2 = 1 utilizando |x| = |y| (p. 95), resulta |x|3 = 1 Aqui temos duas possibilidades: x3 = 1,

se

x>0

e x3 = −1,

se 97

x<0


Portanto x = ±1 Da igualdade |x| = |y| resultam as seguintes solu¸c˜oes da equa¸c˜ao proposta (x, y) = (1, 1) (x, y) = (−1, 1) (x, y) = (1, −1) (x, y) = (−1, −1) Por exemplo: x = (1, 1) = 1 + i n˜ ao ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao

1 x+(−1) x x2

= − 14

enquanto x = (1, 1) = 1 + j ´e solu¸c˜ao desta equa¸c˜ao. Exemplo: A equa¸c˜ ao quadr´ atica x2 − 2x + 2 = 0 possui as solu¸c˜ oes x = 1 + i e x = 1 − i, nos Complexos. Vamos resolver esta mesma equa¸c˜ ao nos nne. Solu¸ c˜ ao: Seja w = (x, y) com x, y ∈ R, vamos resolver a equa¸c˜ao w2 − 2w + 2 = 0 tendo em conta que w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) resulta ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) − 2(x, y) + 2 = 0 Logo, devemos resolver ( x2 − y 2 − 2x + 2, 2 |x| y − 2y) = 0 Temos o sistema

  x2 − y 2 − 2x + 2 = 0 

2 |x| y − 2y = 0 98


da segunda equa¸c˜ ao obtemos (|x| − 1) y = 0 Temos duas alternativas: 1 a ) y = 0. Na primeira equa¸c˜ ao do sistema resulta x2 − 2x + 2 = 0 esta equa¸c˜ ao n˜ ao possui solu¸c˜ ao real. 2 a ) y 6= 0. Neste caso devemos ter x = ±1. Na primeira equa¸c˜ao do sistema, resulta − y 2 − 2 (±1) + 3 = 0 Donde obtemos as seguintes solu¸c˜ oes (1, −1) √ (−1, − 5)

(1, 1), √ (−1, 5),

ou seja, al´em das solu¸c˜ oes complexas obtivemos duas outras. Plotando as respectivas solu¸c˜ oes temos

B−2D

C

y 1

y 1

q

q

x −1q

x −1q

q1

q1 q

q

• Solu¸ co ~es da equa¸ ca ~o X 2 − 2X + 2 = 0 99


A seguir confirmamos as respectivas solu¸c˜oes em ambos os sistemas C

B−2D

B−2D

Nota: Nos exemplos em que o n´ umero de solu¸c˜oes nos nne excede o n´ umero de solu¸c˜ oes nos complexos podemos elaborar problemas que n˜ ao tˆem solu¸c˜ao nos complexos, por exemplo Desafio: Resolva a seguinte equa¸c˜ao x2 − 2x + 2 = 0 com a condi¸c˜ ao |x| > 2.

Como um outro exemplo, ver p´ agina 114.

100


2.2

Resolu¸c˜ ao da equa¸ c˜ ao ax2 + bx + c = 0

Agora vamos resolver a equa¸c˜ ao quadr´ atica (mais geral) a x2 + b x + c = 0,

onde a, b, c ∈ R ; a 6= 0.

Solu¸ c˜ ao: Seja w = (x, y), com x, y ∈ R; devemos resolver a equa¸c˜ao a w2 + b w + c = 0

(2.2)

ou ainda a (x, y)2 + b (x, y) + c = 0 Sendo w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) temos a ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) + b (x, y) + c = 0 donde resulta o seguinte sistema   a ( x2 − y 2 ) + b x + c = 0 

2 a |x| y + b y = 0

Da segunda equa¸c˜ ao obtemos (2 a |x| + b) y = 0 Temos duas alternativas: 1 a ) y = 0. Na primeira equa¸c˜ ao do sistema resulta a x2 + b x + c = 0 Se ∆ = b2 − 4 a c ≥ 0, a equa¸c˜ ao (2.2) possui solu¸c˜ao, caso contr´ ario n˜ ao (com y = 0, bem entendido). 2 a ) y 6= 0. Neste caso devemos ter |x| =

−b 2a

(2.3)

Neste caso, s´ o existe solu¸c˜ ao se sign (a) 6= sign (b). Se for este o caso, substituindo na primeira equa¸c˜ ao do sistema, resulta −b 2 −b 2 a + c=0 −y +b ± 2a 2a Daqui derivamos duas equa¸c˜ oes 101


 −b  b2  2  + c=0 − y + b a   4 a2 2a      2  b   b  2  a + c=0 − y + b  4 a2 2a

Simplificando

 2  2 = −b − 4 a c = − ∆  y    4 a2 4 a2 

   2    y2 = 3 b + 4 a c = ∇ 4 a2 4 a2 respectivamente. Resumindo at´e aqui:

a w2 + b w + c = 0,

onde a, b, c ∈ R ; a 6= 0.

w = (x, y)

y=0 ! √ −b ± ∆ ,0 2a

∆≥0

w=

∆<0

w = (x, y), x 6∈ R

y 6= 0

e

sign (a) 6= sign (b)

i) x =

−b 2a

y2 = −

ii) x =

b 2a

y2 =

b2 − 4 a c ∆ =− 2 4a2 4a

3 b2 + 4 a c ∇ = 2 4a 4 a2

102


Na tabela da esquerda a seguir temos todas as combina¸c˜oes poss´ıveis quanto aos sinais de a, b e c da equa¸c˜ao a x2 + b x + c = 0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

a −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1 −1 0 1

b −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1 −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1 −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1

c −1 −1 −1 −1 −1 −1 −1 −1 −1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1

1 3 4 6 7 9 10 12 13 15 16 18 19 21 22 24 25 27

a b −1 −1 1 −1 −1 0 1 0 −1 1 1 1 −1 −1 1 −1 −1 0 1 0 −1 1 1 1 −1 −1 1 −1 −1 0 1 0 −1 1 1 1

c −1 −1 −1 −1 −1 −1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1

3 6 9 12 15 18 21 24 27

a b 1 −1 1 0 1 1 1 −1 1 0 1 1 1 −1 1 0 1 1

c −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1

Na tabela do centro excluimos as combina¸c˜oes nas quais sign (a) = 0; na tabela da direita consideramos apenas as combina¸c˜oes nas quais sign (a) = 1; podemos fazer isto sem perda de generalidade. Nota: Lembramos da outra nota¸c˜ao para o sinal de uma vari´ avel, assim sign (a) = a˙ ou seja, encimamos a vari´ avel com um ponto. 103


Consideremos a tabela de sinais a seguir

3 6 9 12 15 18 21 24 27

a b 1 −1 1 0 1 1 1 −1 1 0 1 1 1 −1 1 0 1 1

c −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1

∆ = b2 − 4 a c ∇ = 3 b2 + 4 a c

Analisaremos linha a linha os efeitos da tabela acima, juntamente com o quadro amarelo da p´ agina 102. − linha 3: a˙ = 1, b˙ = −1, c˙ = −1.       

∆ = b2 − 4 a c > 0.

√ −b ± ∆ w = (x, 0), x = 2a

      Se ∇ > 0 ⇒

w = (x, y), x =

b ∇ , y2 = 2a 4 a2

− linha 6: a˙ = 1, b˙ = 0, c˙ = −1. ∆ = −4 a c > 0 ; ∇ = 4 a c < 0. √ −b ± ∆ ∆ > 0 ⇒ w = (x, 0), x = 2a − linha 9: a˙ = 1, b˙ = 1, c˙ = −1.

∆ = b2 − 4 a c > 0. √ −b ± ∆ ∆ > 0 ⇒ w = (x, 0), x = 2a

− linha 12: a˙ = 1, b˙ = −1, c˙ = 0. ∆ = b2 > 0 ; ∇ = 3 b2 > 0.      w = (x, 0),

    w = (x, y),

√ −b ± ∆ x= 2a x=

104

∇ b , y2 = 2a 4 a2


− linha 15: a˙ = 1, b˙ = 0, c˙ = 0. ∆ = 0 ; ∇ = 0. w = (0, 0, 0) − linha 18: a˙ = 1, b˙ = 1, c˙ = 0. ∆ = b2 > 0 ; ∇ = 3 b2 > 0. √ −b ± ∆ w = (x, 0), x = 2a − linha 21: a˙ = 1, b˙ = −1, c˙ = 1.

∇ = 3 b2 + 4 a c > 0. √ −b ± ∆ Se ∆ ≥ 0 ⇒ w = (x, 0), x = 2a Se ∆ < 0 ⇒

w = (x, y), x = −

∇ > 0 ⇒ w = (x, y), x =

−∆ b , y2 = 2a 4 a2

∇ b , y2 = 2a 4 a2

− linha 24: a˙ = 1, b˙ = 0, c˙ = 1. ∆ = −4 a c < 0 ; ∇ = 4 a c > 0.  b −∆  2    w = (x, y), x = − 2 a = 0, y = 4 a2     w = (x, y), x = b = 0, y 2 = ∇ 2a 4 a2

Nota: Aqui teremos duas ra´ızes repetidas. − linha 27: a˙ = 1, b˙ = 1, c˙ = 1.

√ −b ± ∆ Se ∆ ≥ 0 ⇒ w = (x, 0), x = 2a Se ∆ < 0 ⇒ S = ∅

Com a tabela de sinais e o aux´ılio do resumo no quadro que consta na p´ agina 102 elaboramos o seguinte programa para o c´alculo das ra´ızes da equa¸c˜ao a x2 + b x + c = 0 em B-2D.

105


2.2.1

F´ ormula de Bhaskara em B-2D

֌

(Na p´ ag. 111 outra listagem)

Nota: Na p´ agina 111 mostramos uma outra listagem para este programa.

106


Nas trˆes telas a seguir resolvemos algumas equa¸c˜oes

x2 − 1 = 0 x2 + 1 = 0

x2 + x = 0 x2 − x = 0

x2 − 2x + 2 = 0 x2 + 2x − 2 = 0

Vamos conferir as quatro ra´ızes da equa¸c˜ao √ √ o n 3 −1 3 −1 2 ˆ , ,− , x −x = 0 : S = (1, 0), (0, 0), 2 2 2 2 O programa que consta a seguir (tela esquerda) calcula o quadrado de um nne

Observe que ao resolver uma equa¸c˜ao quadr´ atica as ra´ızes ficam armaˆ zenadas na vari´ avel (lista) S, e que podemos ter acesso a qualquer uma das ra´ızes, como, por exemplo, o fizemos na tela do centro, onde tamb´em pedi√ 3 , − mos a dimens˜ao da lista. Na tela da direita comprovamos que −1 2 2 ´e de fato raiz da equa¸c˜ ao. x2 − x = 0, melhor dizendo da equa¸c˜ao w2 − w = 0

Para agilizar o processo de checagem das ra´ızes, na tela a seguir definimos a fun¸c˜ao f (w) = w2 − w

Ap´os pressionar Enter a calculadora nos devolve √ a tela do centro. Na tela −1 da direita calculamos a fun¸c˜ ao para w = 2 , − 23 , confirmando que de fato temos uma raiz. 107


Mas n˜ ao precisamos nem digitar w como argumento da fun¸c˜ao, pegamos ˆ como na tela a seguir direto da pr´ opria lista S,

As telas acima confirmam os quatro n´ umeros como ra´ızes da equa¸c˜ao em quest˜ ao. Nem toda equa¸c˜ ao quadr´ atica possui solu¸c˜ao em B-2D, por exemplo x2 + 2 x + 2 = 0 no entanto, esta mesma equa¸c˜ao possui solu¸c˜ao em B-3D (p. 87). A seguir comparamos a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao acima nos trˆes sistemas num´ericos, C, B-2D e B-3D. x2 + 2 x + 2 = 0

C:

S = { (−1, −1), (−1, 1) }

B-2D:

S=∅

B-3D:

S = { (−1, −1, 0), (−1, 1, 0) }

Condi¸ c˜ ao suficiente para quatro ra´ızes Do quadro amarelo que consta na p´ agina 102 concluimos que uma condi¸c˜ ao suficiente para que a equa¸c˜ao quadr´ atica a x2 + b x + c = 0,

onde a, b, c ∈ R ; a 6= 0.

tenha quatro ra´ızes em B-2D ´e  sign (a) 6= sign (b)        

∆ = b2 − 4 a c < 0

∇ = 3 b2 + 4 a c > 0

No entanto, esta condi¸ca˜o n˜ ao ´e necess´aria, por exemplo, x2 − x = 0. 108


A equa¸c˜ ao ax2 + bx + c = 0 nos Complexos Agora vamos resolver nos complexos − para efeito de compara¸c˜ao − a equa¸c˜ao quadr´ atica a x2 + b x + c = 0,

onde a, b, c ∈ R ; a 6= 0.

Solu¸ c˜ ao: Seja z = (x, y), devemos resolver a equa¸c˜ao a z2 + b z + c = 0

(2.4)

ou ainda a (x, y)2 + b (x, y) + c = 0 Considerando o produto complexo (a, b) · (c, d) = (a c − b d, a d + b c) (x, y) · (x, y) = (x · x − y · y, x · y + y · x) Sendo z 2 = ( x2 − y 2 , 2 x y )

temos

a ( x2 − y 2 , 2 x y ) + b (x, y) + c = 0

donde resulta o seguinte sistema   a ( x2 − y 2 ) + b x + c = 0 

2axy + by = 0

Da segunda equa¸c˜ ao obtemos (2 a x + b) y = 0 Temos duas alternativas: 1 a ) y = 0. Na primeira equa¸c˜ ao do sistema resulta a x2 + b x + c = 0 Se ∆ = b2 − 4 a c ≥ 0, a equa¸c˜ ao (2.4) possui solu¸c˜ao −b ± √∆ ,0 2a caso contr´ ario n˜ ao (com y = 0, bem entendido). 2 a ) y 6= 0. Neste caso devemos ter

−b 2a substituindo na primeira equa¸c˜ ao do sistema, resulta −b −b 2 2 + c=0 −y +b a 2a 2a x=

Daqui derivamos a equa¸c˜ ao

109

(2.5)


Simplificando ∆ b2 − 4 a c =− 2 4 a2 4a donde concluimos que se ∆ < 0 ent˜ao teremos as solu¸c˜oes y2 = −

−b 2a

1 √ −∆ 2|a|

As duas resolu¸c˜ oes diferem essencialmente nos seguintes pontos: (p. 101) |x| =

−b 2a

e

(p. 109)

x=

−b 2a

Nas telas a seguir apresentamos a solu¸c˜ao de algumas equa¸c˜oes em ambos os sistemas

C

Observe que em B n˜ ao faz sentido fatorar uma equa¸c˜ao a partir de suas ra´ızes, pela raz˜ ao de que a multiplica¸c˜ao n˜ ao ´e distributiva. No entanto, a o uma equa¸c˜ ao do 2 grau com quatro ra´ızes corresponde uma equa¸c˜ao do 4 o grau em C com “as mesmas” ra´ızes. Por exemplo, a equa¸c˜ao √ √ o n −1 3 3 −1 2 B: x − x = 0, S = (0, 0), (1, 0), , ,− , 2 2 2 2 corresponde a

√ √ −1 3 3 −1 ,− , · x− = 0 x − (0, 0) · x − (1, 0) · x − 2 2 2 2

expandindo C:

4

x − x = 0,

S=

n

(0, 0), (1, 0),

110

√ √ o −1 3 3 , ,− , 2 2 2 2

−1


F´ ormula do Iconoclasta para a resolu¸c˜ ao da equa¸c˜ ao quadr´ atica ax2 + bx + c = 0 nos B-2D #cas REQ 2D(a,b,c):= BEGIN ˆ ∆ := b ∧ 2 − 4 a ∗ c; ∇ := 3 b ∧ 2 + 4 a ∗ c; purge (S); // linha 3 IF sign (b) = = −1 and sign (c) = = −1 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ] } IF ∇ > 0 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ], √ √ [b/(2a), ∇/(2a)], [b/(2a), − ∇/(2a)] } END; END;

// linha 6 IF sign (b) = = 0 and sign (c) = = −1 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ] } END; // linha 9 IF sign (b) = = 1 and sign (c) = = −1 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ] } END; // linha 12 IF sign (b) = = −1 and sign (c) = = 0 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ], √ √ [b/(2a), ∇/(2a)], [b/(2a), − ∇/(2a)] }

END;

// linha 15 IF sign (b) = = 0 and sign (c) = = 0 THEN Sˆ = { [0, 0, 0] } END; continua ֒→ 111


// linha 18 IF sign (b) = = 1 and sign (c) = = 0 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ] } END; // linha 21 IF sign (b) = = −1 and sign (c) = = 1 THEN IF ∆ ≥ 0 THEN √ √ ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − √∆ )/(2 a), 0 ], Sˆ = { [(−b + √ [b/(2a), ∇/(2a) ], [b/(2a), − ∇/(2a) ] } ELSE p p Sˆ = { [−b/(2a), (−∆)/(2a) ], [−b/(2a), − (−∆)/(2a)], √ √ [b/(2a), ∇/(2a)], [b/(2a), − ∇/(2a)] } END END; // linha 24 IF sign (b) = = 0 and sign (c) = = 1 THEN p p Sˆ = { [0, (−∆)/(2a)], [0, − (−∆)/(2a)], √ √ [0, ∇/(2a)], [0, − ∇/(2a)] } END; // linha 27 IF sign (b) = = 1 and sign (c) = = 1 THEN IF ∆ ≥ 0 THEN √ √ Sˆ = { [(−b + ∆ )/(2 a), 0 ], [(−b − ∆ )/(2 a), 0 ] } ELSE Sˆ = ∅ END; END; Sˆ

END; #end

112


2.2.2

Um problema cl´ assico no contexto dos nne

Alguns problemas cl´ assicos que surgiram no estudo das equa¸c˜oes quadr´ aticas e c´ ubicas − ao longo da hist´ oria da ´algebra − podem ter uma reinterpreta¸c˜ ao no universo dos nne. A t´ıtulo de ilustra¸c˜ao vamos resolver o cl´assico Problema: Separar o n´ umero 10 em duas partes x e y tais que o produto destas seja 40. Solu¸ c˜ ao: Devemos resolver o seguinte sistema (

x + y = 10 x · y = 40

1 o ) Resolu¸c˜ ao no universo C. Tirando y na primeira equa¸c˜ ao e substituindo na segunda, obtemos: x · 10 + (−x) = 40

Aplicando a propriedade distributiva e associativa temos 10 x − x2 = 40, ou x2 − 10x + 40 = 0 Sendo assim, temos x=

−(−10) ±

p

√ (−10)2 − 4 · 1 · 40 = 5 ± −15 2

Portanto, em C, temos uma u ´ nica solu¸c˜ao para este problema:

Y

x= 5+i y =5−i

√ √

x=5+i

15

15

15 X

p5

y=5−i

113

15

(2.6)


A solu¸c˜ ao da equa¸c˜ ao x2 − 10x + 40 = 0 nos nne ´e dada na tela a seguir Y

x = −5 + j

115

x=5+j

15 X

p5 y=5−j

y = −5 − j

√ 15

115

Na p´ agina 100 dissemos que quando o n´ umero de solu¸c˜oes de uma equac¸˜ ao nos nne excede o n´ umero de solu¸c˜oes nos complexos podemos elaborar problemas que n˜ ao tˆem solu¸c˜ao nos complexos; como mais um exemplo Problema: Separar o n´ umero 10 em duas partes x e y tais que o produto destas seja 40. O que conduz ao seguinte sistema (

x + y = 10 x · y = 40

o qual possui solu¸c˜ ao nos complexos. Se acrescentarmos ao problema a condi¸c˜ ao: tais que √ |x| = |y| = 2 35 o problema passa a n˜ ao ter solu¸c˜ao nos complexos, apenas nos nne.

114


Um desafio para as f´erias Introdu¸ c˜ ao: Um problema cl´assico na hist´oria da matem´atica ´e o seguinte: separar o n´ umero 10 em duas partes x e y tais que o produto destas seja 40. O que conduz ao seguinte sistema:

(

x + y = 10 x · y = 40

Considere o seguinte problema similar: separar o n´ umero −10 em ′ ′ duas partes x e y tais que o produto destas seja 140. O que conduz ao seguinte sistema:

(

x′ + y ′ = −10 x′ · y ′ = 140

Desafio: O nosso desafio consta no seguinte: Obter uma u ´ nica equa¸c˜ao quadr´atica 2

ax + bx + c = 0

de tal modo que ao ser resolvida nos forne¸ca solu¸c˜oes para ambos os sistemas acima. De outro modo: no conjunto solu¸c˜ao S da equa¸c˜ao quadr´atica pedida vamos encontrar ra´ızes que satisfazem a ambos os sistemas acima. Prˆ emio: Estamos ofertando uma HP PRIME novinha na caixa. − ao primeiro que apresentar a solu¸c˜ao. Boa Vista-RR/07.12.2017 gentil.iconoclasta@gmail.com 115


Apˆ endice: Listagem dos programas 1)

pnne, p. 20

• Multiplica dois nne: w1 · w2 2) phalg, p. 21 • A partir dos sinais de a e c fornece a f´ormula do produto: (a, b) · (c, d) 3)

phalgxy, p. 26

• A partir dos sinais de a e c fornece a f´ormula do produto: (a, b) · (x, y) 4) dnne, p. 30 • Divide dois nne: w1 /w2 5)

RPP, p. 61

• Retangular para polar: (x, y) → r

θ

6) RPP G, p. 61 • Retangular para polar (com saida em graus): (x, y) → r 7)

PR R, p. 61

• Polar para retangular (ˆangulo em radiano): r 8) PR G, p. 61 • Polar para retangular (ˆangulo em grau): r 9)

θ

θ

θ

→ (x, y)

→ (x, y)

PFT, p. 63

• Multiplica dois nne na forma trigonom´etrica: w1 · w2 w1 = r1 (cos θ1 , sen θ1 ), 10)

w2 = r2 (cos θ2 , sen θ2 )

PFT, p. 78

• Multiplica dois nne na forma trigonom´etrica (utilizando a tabela de sinais) 11) potnne, p. 71 • Potˆencia de um nne: wn 12)

qnne, p. 76

• Implementa a f´ormula do quadrado: w2 = ( x2 − y 2 , 2 |x| y ) 13) RQP, p. 83 √ • Extra¸c˜ ao de ra´ızes quadradas w. 14)

REQ 2D, p. 106

• Resolu¸c˜ ao da equa¸c˜ ao a x2 + b x + c = 0 em B-2D.

116


2.3

Apˆ endice

O que ´ e um n´ umero? N˜ ao constituir´ a ent˜ ao uma vergonha para a Ciˆencia estar t˜ ao pouco elucidada acerca do seu objeto mais pr´ oximo, o qual deveria, aparentemente, ser t˜ ao simples? Menos prov´ avel ainda ´e que se seja capaz de dizer o que o n´ umero ´e. Se um conceito que est´ a na base de uma grande ciˆencia oferece dificuldades, investig´ a-lo com mais precis˜ ao com vista a ultrapassar essas dificuldades ´e bem uma tarefa inescap´ avel. (Frege/Os Fundamentos da Aritm´etica)

Friedrich Ludwig Gottlob Frege (1848-1925) foi um matem´ atico, l´ogico e fil´ osofo alem˜ ao. Trabalhando na fronteira entre a filosofia e a matem´ atica, Frege foi um dos principais criadores da l´ogica matem´ atica moderna.

Introdu¸ c˜ ao Pelo que deduzimos da cita¸c˜ ao em ep´ıgrafe, Frege considerava uma vergonha o fato dos matem´ aticos n˜ ao saberem o que ´e um n´ umero. Mas Frege faleceu em 1925, e hoje, os matem´ aticos sabem o que ´e um n´ umero? Existe um artigo recente na internet por t´ıtulo O que ´ e um n´ umero? do Professor Adonai Sant’Anna (UFPR), no qual lemos: N˜ ao existe, em matem´ atica, uma defini¸ca ˜o universalmente aceita para esclarecer o que ´e, afinal, um n´ umero. Isto implica dizer que os matem´ aticos ainda hoje n˜ ao sabem o que ´e um n´ umero. O que me deixa pasmo ´e a passividade e resigna¸c˜ao dos mesmos frente a uma quest˜ ao de tamanha relevˆancia como esta. Perguntamos: ser´ a que eles n˜ ao se d˜ ao conta de que esta quest˜ao reverbera em muitas instˆ ancias da matem´ atica? Eu, particularmente, me recuso aceitar a inexistˆencia de uma defini¸c˜ao para n´ umero. Enquanto os matem´ aticos n˜ ao me dizem o que ´e um n´ umero vou propor uma defini¸c˜ ao em car´ ater provis´orio; esta defini¸c˜ao estar´ a valendo − para mim, pelo ao menos − at´e que algum matem´ atico a substitua de modo satisfat´ orio. Isto implica em que se um aluno perguntar a um matem´ atico o que ´e um n´ umero, ele dir´ a algo como: “n´ umero ´e um conceito primitivo, n˜ ao se define”; no popular ele escapa pela tangente. Ao contr´ ario, se um aluno nos perguntar o que ´e um n´ umero daremos a resposta que aqui ser´ a construida. 117


Conjuntos × Estruturas O primeiro passo no entendimento do que seja um n´ umero inicia-se com a distin¸c˜ ao entre conjunto e estrutura. Em matem´ atica s˜ ao frequentes conjuntos munidos de uma ou mais opera¸c˜ oes, que gozam de certas propriedades. Esses conjuntos com tais opera¸c˜oes e respectivas propriedades constituem aquilo que denominamos estruturas alg´ebricas. Para nos auxiliar em nosso objetivo (deixar claro a diferen¸ca entre conjunto e estrutura) vamos recorrer a uma analogia: Suponhamos um conjunto M cujos elementos s˜ ao materiais de constru¸c˜ao, assim: M = {tijolo, cimento, seixo, pedra, areia, . . .} “sobre” este conjunto podemos construir diversas estruturas, por exemplo: − Edif´ıcio

M

− Casa − Ponte

Conjunto Estruturas

N˜ao devemos confundir o conjunto M com a “estrutura” edif´ıcio, por exemplo. Mas este tipo de confus˜ ao ´e o que comumente se faz quando se fala de conjuntos num´ericos. No nosso entendimento um “conjunto num´erico” ´e muito mais que um mero conjunto, ´ e uma estrutura. H´a tanta imprecis˜ao em considerar um “conjunto num´erico” como um conjunto, quanto confundir o edif´ıcio com o conjunto M , na analogia acima.

  

   

   

  

− Conjunto − Estrutura

118


Vejamos um atica. Considere o conjunto de exemplo retirado da matem´ pontos R2 = (x, y) : x, y ∈ R , cuja vers˜ ao geom´etrica ´e vista a seguir: R2 r (x, y) 0

sobre este conjunto podemos construir, por exemplo, trˆes estruturas, assim:

- Espa¸co vetorial : R2

q(x, y) 0

- N´ umeros C :

- N´ umeros B :

(

(

(

(a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) λ(a, b) = (λa, λb)

(a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) (a, b) · (c, d) = (ac − bd, ad + bc)

(a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) (a, b) · (c, d) = (ac ∓ bd, |a|d + b|c|)

Assim o n´ umero de estruturas que podemos construir sobre um mesmo conjunto estar´ a limitado apenas por nossa criatividade. A rec´ıproca tamb´ em vale: Um mesmo sistema num´ erico pode ser implementado em v´ arios conjuntos (hardware).

119


A Identidade de um Elemento Uma outra distin¸c˜ ao que se faz necess´aria ´e quanto a natureza (identidade) de um elemento. Perguntamos: afinal de contas o par ordenado (3, 2) ´e um vetor ou um n´ umero complexo? Respondemos: o par ordenado (3, 2), por si s´ o, n˜ ao ´e nem uma coisa nem outra, ´e apenas um elemento do conjunto R2 . Agora dependendo do contexto em que nos situamos, este elemento pode ser um vetor, um n´ umero complexo, ou ainda um n´ umero hipercomplexo. Se, por exemplo, o par ordenado (3, 2) estiver inserido na estrutura de espa¸co vetorial∗ ele ser´ a um vetor, se estiver sendo manipulado na estrutura n´ umeros complexos ele ser´ a um n´ umero complexo, e se estiver sendo manipulado dentro da estrutura “Hipercomplexa” ser´ a um n´ umero hipercomplexo. (ver fig., p. 119). Portanto, enfatizamos, ´e a estrutura que confere “dignidade” (identidade, status) a um elemento. Vejamos uma analogia. Xadrez: Suponhamos que desejamos jogar xadrez mas n˜ ao dispomos das pe¸cas, apenas do tabuleiro. N˜ao h´ a o menor problema:

feij˜ao → Rei arroz → pe˜ oes

.. .

.. .

.. .

milho → torres

podemos substituir as pe¸cas por cereais. Por exemplo, um caro¸co de feij˜ ao far´a o papel de rei, os pe˜oes ser˜ ao substituidos por gr˜ aos de arroz, as torres por caro¸cos de milho, etc.

   

B =  

,

,

, ...

   

  

A = 

   

  

   

Se estiver sendo operado segundo as regras que definem um espa¸co vetorial (p. 119).

120


Observe mais uma vez que ´e a estrutura que confere a “dignidade” (identidade) de um elemento: um mero caro¸co de feij˜ ao de repente vˆe-se promovido a “rei” ao participar da estrutura xadrez.

(equivalentes no xadrez)

− Como mais um exemplo da “metamorfose” conferida pela estrutura, o Brasil est´ a empestado de ratazanas (bandidos-assassinos da pior esp´ecie) que, ao ingressarem na estrutura pol´ıtica, tornam-se “vossa excelˆencia”:

Assim como um mero caro¸co de feij˜ ao torna-se um “rei” ao ingressar na estrutura xadrez, bandidos tornam-se “vossa excelˆencia” ao ingressar na estrutura pol´ıtica brasileira. Reiteramos: ´e a estrututa que confere a identidade (status) de um elemento. Somente uma estrutura tem o poder de conferir o t´ıtulo de “vossa excelˆencia” a um bandido-assassino.

121


Isomorfismo entre sistemas num´ ericos Isomorfismo: ´e uma palavra formada pelos radicais gregos iso, que significa “idˆentico” e morfo, que significa “forma”. Formas idˆenticas. No contexto dos isomorfismos podemos mais uma vez apreciar a diferen¸ca entre conjuntos e estruturas. Dois objetos isomorfos s˜ ao idˆenticos como estruturas, n˜ ao obstante seus conjuntos subjacentes possam ter elementos de naturezas distintas. Por exemplo, observe o conjunto das pe¸cas do xadrez,

  

   

   

A =  

e um conjunto formado por gr˜ aos de cereais (arroz, feij˜ ao, milho, etc.),

,

,

, ...

   

B = 

  

   

Como conjuntos A 6= B, j´a que tˆem elementos de naturezas distintas. No entanto, podemos jogar xadrez substituindo cada pe¸ca por gr˜ aos de cereais, como j´a assinalamos anteriormente. Portanto as duas estruturas (jogos) a seguir s˜ ao equivalentes, ou isomorfas: A = ( A, regras xadrez ) ≡ B = ( B, regras xadrez ) Ou ainda

.. .

.. .

...´ e assim mesmo que acontece com os n´ umeros na matem´ atica − Ou com os sistemas num´ericos (“conjuntos num´ericos”). 122


Um caro¸co de feij˜ ao s´ o ´e um rei se estiver inserido na estrutura xadrez:

(equivalentes no xadrez)

Enfatizamos, para afirmar que um caro¸co de feij˜ ao ´e um rei, antes devemos deixar claro qual ´e a estrutura (xadrez). De modo inteiramente an´ alogo, s´ o podemos afirmar que um objeto ´e um n´ umero se antes dissermos qual a estrutura de que ele vai participar! Se n˜ ao conhecemos a estrutura n˜ ao podemos afirmar que um certo objeto ´ e isto ou aquilo. Por oportuno, ousamos afirmar que isto vale n˜ ao apenas para n´ umeros como, ademais, para qualquer outro objeto, uma pedra, por exemplo. (Ver referˆencia [3])

Talvez aqui esteja a raz˜ ao pela qual os matem´ aticos at´e hoje n˜ ao sabem o que ´e um n´ umero (Frege, p. 117). Refor¸camos nossa posi¸c˜ao: A estrutura deve ser fixada antes e s´ o depois o objeto (n´ umero no caso) adquire identidade (legitimidade). Os matem´ aticos fazem ao contr´ ario. Estamos sugerindo: A correta defini¸c˜ ao de n´ umero dever´ a levar em conta a estrutura e n˜ ao o conjunto (subjacente ` a estrutura), o “modelo da pe¸ca” (tipo) n˜ ao ´e o mais importante, n˜ ao deveria entrar em uma defini¸c˜ao. Atrav´es dos tempos, os matem´ aticos tˆem considerado seus objetos, tais como n´ umeros, pontos, etc., como coisas substanciais em si. Uma vez que estas entidades sempre tinham desafiado tentativas de uma descri¸ca ˜o adequada, manifestou-se corretamente nos matem´ aticos do s´eculo XIX a convic¸ca ˜o de que a quest˜ ao do significado destes objetos como coisas substanciais n˜ ao fazia sentido dentro da Matem´ atica, ou mesmo em geral. (Richard Courant/O que ´e Matem´ atica?)

123


2.3.1

Uma defini¸c˜ ao para n´ umeros

H´a muito tempo tenho elucubrado sobre esta quest˜ao. Enquanto os matem´ aticos n˜ ao me dizem o que ´e um n´ umero vou propor uma defini¸c˜ao em car´ ater provis´orio; esta defini¸c˜ao estar´ a valendo − para mim, pelo ao menos − at´e que algum matem´ atico a substitua de modo satisfat´orio, reiteramos.

Uma condi¸c˜ ao necess´ aria Todos os n´ umeros canˆ onicos

N → Z → Q → R → C

e mais alguns n´ umeros por mim pesquisados na internet, tais como: − N´ umero Complexo Hiperb´ olico; − N´ umeros Surreais; − N´ umeros Bicomlexos;

− N´ umeros Hipercomplexos-2D; − N´ umeros Tessarines; − N´ umeros Perplexos; − N´ umeros Quaterni˜oes; − N´ umeros Octoni˜ oes; − N´ umeros Sedeni˜oes.

possuem um denominador comum: Duas opera¸c˜oes, uma chamada de adi¸c˜ao e outra chamada de multiplica¸c˜ao. Pois bem, este ser´ a o nosso ponto de partida para a defini¸c˜ ao de n´ umero. Para iniciar, o que chamaremos de uma estrutura num´erica ´e uma lista de propriedades envolvendo duas opera¸c˜oes, uma chamada de adi¸c˜ao e a outra de multiplica¸c˜ ao. Por exemplo, na p´ agina seguinte exibimos a estrutura num´erica para os seguintes sistemas num´ericos: − N´ umeros naturais (N), − N´ umeros complexos (C).

124


A1 ) (a + b) + c = a + (b + c) A2 ) ∃ 0 ∈ N : a + 0 = 0 + a = a A3 ) a + b = b + a M 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ N : a · 1 = 1 · a = a M3 ) a · b = b · a

N

D) a · (b + c) = a · b + a · c • Ordenado PBO) : Todo subconjunto n˜ao vazio de naturais possui um menor elemento.

A1 ) (a + b) + c = a + (b + c) A2 ) ∃ 0 ∈ C : a + 0 = 0 + a = a A3 ) a + b = b + a A4 ) ∀ a ∈ C, ∃ − a ∈ C : a + (−a) = 0 M 1 ) (a · b) · c = a · (b · c) M2 ) ∃ 1 ∈ C : a · 1 = 1 · a = a M3 ) a · b = b · a M 4 ) ∀ a ∈ C∗ , ∃ a−1 ∈ C : a · a−1 = 1 D) a · (b + c) = a · b + a · c I ) ∃ a ∈ C : a2 = a · a = −1

125

C


Uma estrutura num´erica deve ser implementada em uma lista de s´ımbolos. Um n´ umero ´e um s´ımbolo que faz parte de alguma estrutura num´erica. Isto ´e o que chamamos de uma condi¸c˜ao (apenas) necess´aria para que um s´ımbolo seja um n´ umero.

Uma condi¸c˜ ao suficiente O matem´ atico irlandˆes William Rowan Hamilton (1805-1865) ao perceber que os n´ umeros complexos poderiam ser representados por pontos no plano, isto ´e, por pares ordenados (x, y) de n´ umeros reais, teve a ideia de generaliz´ a-los para pontos no espa¸co a trˆes dimens˜oes, isto ´e, para ternos ordenados (x, y, z) de n´ umeros reais. Por nada menos que dez anos Hamilton procurou pelos n´ umeros na terceira dimens˜ao, sem lograr sucesso. Antes de conhecer esta hist´ oria eu havia definido uma multiplica¸c˜ao de ternos (x, y, z) e criei os n´ umeros que denominei de “N´ umeros hipercomplexos 3D”∗ . Muitos anos depois, me deparo com uma prova de que os n´ umeros 3D − chamemo-los assim − s˜ ao imposs´ıveis (p. [5]). Analisando esta prova me dei conta de que ela assume a hip´ otese de que a multiplica¸c˜ao deve ser associativa e distributiva. De fato, a minha multiplica¸c˜ao de ternos n˜ ao ´e nem associativa e nem distributiva. Aqui est´ a a estrutura num´erica (p. 86).

A1 ) (a + b) + c = a + (b + c)

B-3D

A2 ) ∃ 0 ∈ H : a + 0 = 0 + a = a A3 ) a + b = b + a A4 ) ∀ a ∈ H, ∃ − a ∈ H : a + (−a) = 0 M1 ) ∃ 1 ∈ H : a · 1 = 1 · a = a M2 ) a · b = b · a M 3 ) ∀ a ∈ H∗ , ∃ a−1 ∈ H : a · a−1 = 1 HI ) ∃ a ∈ H : a2 = a · a = −1

e

− 1 · a 6= −a.

´ simples: para Hamilton que exigia as duas O que estaria acontecendo? E citadas propriedades, os n´ umeros 3D n˜ ao existem; para mim, que abri m˜ ao † destas propriedades, os n´ umeros 3D s˜ ao uma realidade. ∗

Que s˜ ao os n´ umeros n~ ao euclidianos vers˜ ao 3D. Lembramos que o pr´ oprio Hamilton teve que abandonar a propriedade comutativa da multiplica¸c˜ ao para criar os n´ umeros quaterni˜ oes. †

126


Conclus˜ao: quem ´e e quem n˜ ao ´e n´ umero na matem´ atica passa a ser uma quest˜ ao subjetiva. Perceberam por onde passa o problema para se definir n´ umero? Lembramos Frege: Se um conceito que est´ a na base de uma grande ciˆencia oferece dificuldades, investig´ a-lo com mais precis˜ ao com vista a ultrapassar essas dificuldades ´e bem uma tarefa inescap´ avel. Pois bem, vimos anteriormente a subjetividade de quem ´e e de quem n˜ ao ´ ´e n´ umero. E precisamente esta subjetividade que vamos adotar como nossa condi¸c˜ao suficiente. Antes, diremos que a mente humana ´e uma estrutura cognitiva de referˆ encia (ECR). Uma estrutura cognitiva de referˆencia processa informa¸c˜ oes, infere conclus˜oes. Agora estamos aptos a elaborar uma nova defini¸c˜ao de n´ umero, ei-la: Defini¸ c˜ ao 9 (N´ umero). N´ umero ´e um objeto de uma estrutura num´erica (E, +, ·) e de uma estrutura cognitiva de referˆencia (ECR). Nesta defini¸c˜ ao destacamos duas condi¸c˜oes (crit´erios) para que um dado objeto (s´ımbolo) possa ser considerado n´ umero: − Condi¸c˜ ao necess´aria: objeto de uma estrutura num´erica (E, +, ·); − Condi¸c˜ ao suficiente: objeto de uma ECR. (Anuˆencia de uma ECR). Quanto aos “n´ umeros 3D”, vejamos o que acontece, (p. 86)  (a, b, c) + (d, e, f ) = (a + d, b + e, c + f ) “N´ umeros 3D” : (a, b, c) · (d, e, f ) = ( ✸, ♣, ♠)

Eles cumprem a condi¸c˜ ao necess´aria, pois s˜ ao objetos da estrutura num´e3 rica (R , +, ·); eles n˜ ao cumprem a condi¸c˜ao suficiente para Hamilton, para mim sim. De outro modo, para Hamilton, ternos ordenados (a, b, c) n˜ ao s˜ ao n´ umeros, no entanto, para mim sim; existem em minha ECR como n´ umeros. Em resumo: Quem ´e e quem n˜ ao ´e n´ umero pode n˜ ao ser consensual entre matem´ aticos, agora a defini¸c˜ ao 9 pode sim ser universalmente aceita. Observe que a nossa defini¸ c˜ ao de n´ umero leva em conta a “consciˆencia do observador ”, isto nos lembra da f´ısica quˆ antica.

127


Ainda com respeito a` defini¸c˜ao 9, vejamos algo similar que poderia ocorrer na Biologia. Defini¸ c˜ ao [Ser vivo] Um ser vivo ´e qualquer organismo que tem vida. Esta defini¸c˜ ao ´e “universalmente aceita”. Agora ao aplic´ a-la em “candidatos” a seres vivos, a´ı vai depender da ECR do bi´ ologo em particular. O caso dos v´ırus, por exemplo, divide os pesquisadores. Alguns os consideram vivos, j´ a que sabem se reproduzir. Outros acham que n˜ ao, pois, para come¸car, eles surgiram a partir de c´elulas, como se fossem um defeito dos organismos. “Os v´ırus s˜ ao apenas produtos da mat´eria viva, como os elementos qu´ımicos que produzem as cores de uma flor. O fato de eles terem aprendido a se multiplicar n˜ ao ´e suficiente para consider´ a-los seres vivos”, diz o virologista americano Eckard Wimmer, da Universidade de Nova York. (Publica¸ca˜o Eletrˆ onica) O que ´e ou n˜ ao um ser vivo vai depender da ECR do bi´ ologo (“a consciˆencia do observador”), mas isto n˜ ao invalida a defini¸c˜ ao de ser vivo. (ECR)

A ECR perpassa toda a matem´ atica Ademais, e n˜ ao menos importante, observe que a inclus˜ao do “observador” (ECR) na matem´ atica n˜ ao ´e nenhuma novidade, estamos apenas formalizando algo que na realidade j´a existe. Com efeito, a quest˜ao da subjetividade (ECR) transcende ` a quest˜ ao n´ umeros e perpassa toda a matem´ atica, por exemplo, numa ligeira pesquisa na filosofia da matem´ atica me deparei com muitas Escolas de pensamento, como por exemplo

Logicismo Intuicionismo, Construtivismo

Matem´atica

Conjuntista Formalismo Realismo matem´ atico .. .

128


Um matem´ atico de primeira linha, − L.E.J Brouwer (1881-1966) −, rejeitou um postulado bimilenar da l´ogica aristot´elica (Princ´ıpio do Terceiro Exclu´ıdo), inclusive contrapondo-se `a posi¸c˜ao de outros eminentes matem´ aticos, a exemplo de David Hilbert (1862-1943). ∗

O segundo argumento para a rejei¸c˜ao do TEX [Lei do Terceiro Exclu´ıdo] que ´e objeto de nosso estudo ´e a no¸c˜ao de existˆencia. As matem´ aticas construtivistas divergem da matem´ atica cl´assica principalmente no que concerne a no¸c˜ao de existˆencia, pois enquanto para esta u ´ ltima a existˆencia de um objeto matem´ atico ´e assegurada por uma realidade independente da mente, para os intuicionistas a existˆencia de um objeto matem´ atico s´ o ´e poss´ıvel quando ´e analisada em termos de constru¸c˜oes mentais, rejeitando a existˆencia transcendental dos objetos matem´ aticos. Neste sentido “existe” ´e sinˆ onimo de “pode ser constru´ıdo”, e a exigˆencia de uma constru¸c˜ao mental para a afirma¸c˜ ao da existˆencia dos objetos matem´ aticos legitimaria a rejei¸c˜ao da validade do TEX para dom´ınios infinitos de julgamento. [. . . ] Outra no¸c˜ ao matem´ atica reformulada pelo Intuicionismo, a fim de legitimar a rejei¸c˜ ao do TEX, ´e a no¸c˜ao de infinito. Para os intuicionistas, a concep¸c˜ ao cl´ assica do conceito de infinito estaria amparada na cren¸ca indubit´ avel na validade do TEX. Pois na matem´ atica Cl´ assica o infinito ´e entendido como atual. Isto significa, em poucas palavras, que o infinito pode ser concebido como uma entidade completa, acabada: todos os seus elementos podem ser pensados num ato u ´ nico, ou ainda, o infinito como objeto. A cren¸ca no infinito como totalidade acabada, como um objeto matem´ atico, legitimaria o uso do TEX. A alega¸c˜ao de Brouwer ´e que a matem´ atica cl´assica seria favor´ avel ao TEX por tratar dom´ınios infinitos usando o mesmo racioc´ınio usado em opera¸c˜ ao em dom´ınios finitos. A fim de combater esta compreens˜ ao cl´ assica, o Intuicionismo desenvolve sua no¸c˜ao matem´ atica de infinito entendendo-o como potencial, ou seja, um processo atrav´es do qual um n´ umero cresce, impossibilitando a cren¸ca indubit´avel na validade universal do TEX, uma vez que seria humanamente imposs´ıvel verificarmos caso a caso um conjunto que est´ a sempre a crescer. Desta forma, os intuicionistas afirmam a validade do TEX apenas para dom´ınios finitos, devido a nossa capacidade de verificar neste caso se (A ∨ ¬A).∗

∗ FONTE: A Rejei¸ca˜o do Princ´ıpio do Terceiro Exclu´ıdo e suas Consequˆencias na Aritm´etica de Heyting/Jackeline Nogueira Paes. (Disserta¸ca˜o)

129


Da´ı por que dizer-se que consciˆencia e objeto s˜ ao binˆ omios insepar´ aveis, correlativos e complementares do que denominamos realidade. Real ´e aquilo que existe em uma (ou para uma) consciˆencia e de acordo com a estrutura condicionada e condicionadora dessa mesma consciˆencia. Procurar saber o que seja a realidade (o objeto de investiga¸ca ˜o) independentemente da consciˆencia e de nosso aparato cognitivo-sens´ıvel n˜ ao tem sentido, pois precisamos da consciˆencia para pensar nessa suposta “realidade independente”, que ser´ a sempre, ` a propor¸ca ˜o que a pensamos, uma realidade para “uma” consciˆencia, uma realidade pensada. (Marcelo Malheiros/A Potˆencia do Nada, p. 22)

Procurar saber o que seja “o objeto de investiga¸c˜ao” − no nosso caso n´ umero − independentemente da consciˆencia e de nosso aparato cognitivosens´ıvel n˜ ao tem sentido, pois precisamos da consciˆencia para pensar nessa suposta “realidade independente”.

“Tudo o que apreendemos, seja perceptiva ou conceitualmente, ´ e desprovido de natureza inerente pr´ opria, ou identidade, independentemente dos meios pelos quais seja conhecido. Objetos percebidos, ou entidades observ´ aveis, existem em rela¸ c˜ ao ` as faculdades sensoriais ou sistemas de medi¸ c˜ ao pelos quais s˜ ao detectados − n˜ ao de modo independente no mundo objetivo.” (Wallace, B. Alan/Dimens˜ oes Escondias)

(Ver [3])

130


Adendo: Toda a matem´ atica ´ e dependente de uma ECR O leitor n˜ ao se escandalize por nossa defini¸c˜ao de n´ umero levar em conta a ECR (“consciˆencia”) do “observador”, vamos mais al´em: afirmamos que toda a matem´ atica encontra-se na dependˆencia de uma ECR. Enfatizamos: existir significa existir em rela¸c˜ ao (com respeito) a uma ECR (“consciˆencia”) − esta afirma¸c˜ ao vai al´em da matem´ atica. De momento vamos nos valer apenas de uma analogia: Suponhamos, por hip´ otese de trabalho, que um meteorito atingisse a Terra e dizimasse todos os homens da face do planeta, exceto alguns bebˆes e alguma tribo ind´ıgena. Na cena a seguir vemos, ao centro, um tabuleiro com as pe¸cas do xadrez,

`a esquerda a suposta tribo ind´ıgena, `a direita um bebˆe remanescente. Pergunto: nestas circunstˆancias o xadrez ter´ a desaparecido da face da terra? A resposta ´e um rotundo sim!, uma vez que o xadrez n˜ ao se constitui nas pe¸cas propriamente mas em suas regras. (ver p. 120) Nota: Que um ind´ıgena e um bebˆe tenham o potencial para vir a jogar xadrez, n˜ ao resta d´ uvida, mas a quest˜ao em foco n˜ ao ´e esta; a quest˜ao ´e, reitero, o xadrez ter´ a desaparecido? Lembramos, o xadrez se constitui por suas regras, n˜ ao por suas pe¸cas. De igual modo, a matem´ atica, em particular os n´ umeros, se constitue por suas regras, n˜ ao pelos s´ımbolos adotados. Tem mais: afirmamos que se, na suposta hecatombe, todos os livros de matem´ atica ficassem preservados nas bibliotecas (ou nos computadores), ainda assim a matem´ atica teria desaparecido da face do planeta. A raz˜ ao ´e que faltaria uma mente (c´erebro) para decodificar os s´ımbolos constantes nos livros de matem´ atica. Vejamos uma analogia, na figura ao lado vemos uma p´ agina de matem´ atica escrita em chinˆes. Perguntamos: isto ´e matem´ atica para o leitor? Tem algum significado? De igual modo acontece com um livro de matem´ atica (em portuguˆes) relativamente `a ECR de um ind´ıgena e um bebˆe, isto ´e, n˜ ao existe ali matem´ atica nenhuma, ´e simples assim! 131


A seguir o eminente matem´ atico G.H. Hardy coloca um problema “dif´ıcil da metaf´ısica”, para o qual propomos uma solu¸c˜ao, diz ele: Para mim, e suponho que para a maioria dos matem´ aticos, existe uma outra realidade, que chamarei “realidade matem´ atica”; e n˜ ao existe nenhuma esp´ecie de acordo sobre a natureza da realidade matem´ atica entre matem´ aticos ou fil´ osofos. Alguns defendem que ela seja “mental” e que, num certo sentido, n´ os a construimos; outros, que ´e externo e independente de n´ os. Um homem que pudesse dar uma explica¸ca ˜o convincente da realidade matem´ atica teria solucionado muit´ıssimos dos problemas mais dif´ıceis da metaf´ısica. Se pudesse incluir realidade f´ısica em sua explica¸ca ˜o, ele teria solucionado todos eles. Eu n˜ ao deveria desejar debater nenhuma destas quest˜ oes aqui, mesmo se eu fosse competente para fazˆe-lo, mas expressarei minha pr´ opria posi¸ca ˜o dogmaticamente para evitar mal-entendidos menores. Acredito que a realidade matem´ atica situa-se fora de n´ os, que nossa fun¸ca ˜o seja descobrir ou observ´ a-la e que os teoremas que demonstramos e que descrevemos com grandiloquˆencia como nossas “cria¸co ˜es” sejam simplesmente nossas anota¸co ˜es das nossas observa¸co ˜es. Esse ponto de vista foi defendido, de uma forma ou outra, por muitos fil´ osofos de grande reputa¸ca ˜o desde Plat˜ ao em diante e usarei a linguagem que ´e natural a um homem que a defende. (Grifo nosso) (G. H. Hardy/Em defesa de um matem´ atico) A nossa proposta de solu¸c˜ao − incluindo realidade f´ısica − ´e: n˜ ao existe “realidade matem´ atica”, n˜ ao existe matem´ atica “l´a fora”, n˜ ao existe matem´ atica nos livros, nas bibliotecas, na mem´ oria dos computadores. A matem´ atica, como tudo neste mundo, ´e relacional, isto ´e, surge na rela¸c˜ao com a mente do observador − do matem´ atico, daquele que pratica a matem´ atica. Tudo ´e simb´ olico, e ´e necess´ario que exista uma mente para decodificar os s´ımbolos; ademais, “mentes diferentes, decodificam um mesmo s´ımbolo de formas distintas”. Observem que os animais, compartilhando um mesmo espa¸co f´ısico que n´ os humanos, decodificam (apreendem) este mesmo espa¸co de formas distintas. Medite sobre a figura da p´ agina anterior (“matem´ atica chinesa”). A quem interessar possa, mais argumentos neste contexto est˜ ao dispon´ıveis em um livro que publiquei na internet sob t´ıtulo: ([3]) ogica e Epistemol´ ogica” “Teoria da Relatividade Ontol´ “Acreditar na existˆencia de uma verdade matem´ atica fora do esp´ırito humano exige do matem´ atico um ato de f´e do qual a maioria deles n˜ ao est´ a consciente”. (Allan Calder/matem´ atico)

132


Cap´ıtulo

3

Programando a HP Prime A despeito da cr´ıtica de Laplace, a vis˜ ao de Leibniz, pela qual o mundo ´e criado a partir dos 0’s e 1’s, recusa-se a sair de cena. De fato, ela come¸cou a inspirar alguns f´ısicos contemporˆ aneos, que provavelmente nunca ouviram falar de Leibniz. (Gregory Chaitin/Metamat!)

Introdu¸ c˜ ao: Uma diferen¸ ca (evolu¸ ca ~o) abissal! Como eu conhe¸co − apenas parcialmente, observo − o poder de c´aculo alg´ebrico e num´erico da HP Prime gostaria apenas de registrar nesta introdu¸c˜ao que fico deveras embasbacado (pasmo, estupefato) com o seguinte aspecto da evolu¸c˜ ao computacional humana:

Leibnitz (1646-1716)

Pascal (1623-1662)

133


3.1

Introdu¸ c˜ ao ` a programa¸ c˜ ao da HP Prime

A calculadora gr´ afica HP Prime ´e uma potente e sofisticada ferramenta computacional, n˜ ao apenas num´erica como, ademais, alg´ebrica − e tamb´em gr´ afica. A seguir a legenda do teclado∗

A calculadora ´e um universo praticamente inesgot´ avel, apresentaremos aqui material suficiente para iniciar o leitor no fascinante universo da programa¸c˜ ao, daremos os primeiros passos na programa¸ c~ ao num´ erica e alg´ ebrica; muitos outros programas s˜ ao apresentados no desenvolver do presente livro − do cap´ıtulo 1 em diante. A HP Prime utiliza uma linguagem de proc˜ ao da HP grama¸c˜ ao pr´ opria conhecida como “linguagem de programa¸ Prime ”: Uma potente e sofisticada linguagem de programa¸ca ˜o. A base da calculadora ´e a vista de In´ıcio ( ), aqui podemos realizar todos os c´ alculos num´ ericos. Os c´ alculos simb´ olicos (ou alg´ ebricos) ), a ser exemplificado oportunamente. s˜ ao realizados na vista do CAS ( Escrevi um livro sobre programa¸c˜ao da calculadora HP 50g no qual adotei o modo pilha (RPN− Reverse Polish Notation), na HP Prime o modo RPN foi praticamente banido, j´a que n˜ ao podemos utiliz´ a-lo em programa¸c˜ao, sendo assim adotaremos em todo este livro o modo alg´ ebrico. ∗

Retirado do manual “Guia de consulta r´ apida”.

134


Inicialmente, coloque sua calculadora no modo de entrada alg´ ebrico.

Voltando ` a vista de in´ıcio (

) destacamos

→ Linha de entrada

Linha de entrada

A linha de entrada (de dados) no modo alg´ebrico ´e “unidimensional” (em uma linha); ap´ os pressionar teremos a tela da direita.

135


3.1.1

Programa¸c˜ ao num´ erica

Programar a calculadora significa introduzir em sua mem´ oria (RAM− Random Access Memory − mem´ oria de acesso aleat´orio) uma s´erie de instru¸c˜ oes e comandos para que ela os execute sequˆencialmente, cumprindo alguma tarefa espec´ıfica. Por exemplo, resolver uma equa¸c˜ao, multiplicar ou dividir polinˆ omios, imprimir textos, elaborar um gr´ afico, construir tabelas trigonom´etricas, etc. Para tanto ´e necess´ario que as instru¸c˜oes e os comandos sejam digitados no padr˜ao sint´ atico da linguagem da calculadora e dispostos sequˆencialmente na ordem em que devem ser executados. A fim de que a execu¸c˜ao seja perfeita e apresente os resultados objetivados com precis˜ao, n˜ ao basta atender ´ preciso que o programa n˜ estes requisitos. E ao contenha erros de l´ogica, cuja detec¸c˜ ao n˜ ao ´e feita pela calculadora, que est´ a preparada para apontar somente erros de sintaxe. Os recursos de programa¸c˜ao postos `a nossa disposi¸c˜ao pela calculadora HP Prime s˜ ao excepcionalmente valiosos e variados e a melhor forma de conhecˆe-los, entender sua finalidade e alcance e fix´a-los em nossa mem´ oria ´e atrav´es da pr´ atica. Embora mencionada como uma calculadora por causa de seu formato compacto similar aos dispositivos de c´alculo manuais t´ıpicos, a HP Prime deve ser vista como um sofisticado computador program´avel/gr´ afico. Antes de se iniciar a programa¸c˜ao de determinado problema ´e importante que se tenha bem claro em mente quais s˜ ao os dados de entrada e quais s˜ ao os dados de sa´ıda; por exemplo: ao quadr´ atica ax2 + bx + c = 0. 1o ) Resolver a equa¸c˜ √ −b ± b2 − 4ac x= 2a Temos:

a b c

r1 r2

FT

Onde: − Dados de entrada: a, b e c. − Dados de sa´ıda: r1 e r2 (s˜ ao as ra´ızes).

− FT: Vari´ avel que ir´ a armazenar o programa (e que ser´ a referenciada sempre que o programa for executado). 136


Observa¸ c˜ ao: o nome FT ´e apenas um exemplo, o nome poderia ser um outro, a seu crit´erio. A bem da verdade existem algumas restri¸c˜oes na escolha do nome de uma vari´ avel. O modo mais pr´ atico ´e tentar um nome, caso a calculadora reclame (erro) mude-o. 2o ) Calcular o n−´esimo termo de uma progress˜ao aritm´etica: an = a1 + (n − 1)r Temos a1 r n

an

PA

Onde: − Dados de entrada: O primeiro termo a1 ; a raz˜ ao r da P.A. e a posi¸c˜ao n do termo que desejamos encontrar. − Dados de sa´ıda: O n−´esimo termo an . − PA: Vari´ avel que ir´ a armazenar o programa (e que ser´ a referenciada sempre que o programa for executado).

Nosso primeiro programa Inicialmente vamos fazer um programa para calcular o n-´esimo termo de uma P.A. Entre na ´ area de programa¸c˜ao digitando as teclas

A calculadora exibir´ a a seguinte tela (esquerda-Cat´alogo de programas):

↑ pressione a tecla virtual New, para um novo programa. A tela da direita ser´ a exibida. Escolha um nome para o programa e pressione OK (2×). Nota: Na programa¸c˜ ao num´erica n˜ ao marcamos a caixa CAS.

137


A tela a seguir (esquerda) ser´ a exibida, j´a com o nome escolhido para o programa.

Na tela da esquerda entre parenteses digite as vari´ aveis de entrada e, no corpo do programa, a f´ormula do termo geral da progress˜ao aritm´etica. Estrutura de comandos Na HP Prime os comandos s˜ ao separados por ponto e v´ırgula ( ; ). Nos comandos que requerem v´arios argumentos, esses argumentos s˜ ao colocados entre parˆenteses e separados por uma v´ırgula ( , ). Ao terminar de digitar um programa pressione a tecla virtual Check, para a calculadora verificar se existe algum erro de sintaxe. Se n˜ ao houver erro no programa a calculadora exibir´a a seguinte tela:

Pressione em seguida OK e para retornar ao cat´alogo de programas, onde consta o programa que acabamos de fazer − ademais, o tamanho do programa.

138


3.1.2

Como executar um programa

Temos duas alternativas para executar um programa. Vejamos as duas. 1a )

A partir do cat´ alogo de programas. Selecione o programa a ser executado, como na tela a seguir

↑ Ap´os pressione a tecla virtual Run, ser´ a exibida a tela `a direita, na qual deveremos entrar com os dados do programa. Vamos executar o programa, por exemplo, para a progress˜ ao aritm´etica a seguir 1

3

5

7

9

11

13

15

17

...

onde, a1 = 1 e r = 2. Vamos escolher, por exemplo, n = 7. Entrando com os dados na tela da esquerda a seguir e pressionando OK no final, teremos a tela da direita

Portanto, o termo de posi¸c˜ ao n = 7 ´e 13, veja 1

3

5

7

9

11

13 |{z} n=7

139

15

17

...


2a ) A partir da vista de in´ıcio. Podemos executar o programa diretamente da vista de in´ıcio

Estando na vista do CAS digite o nome do programa e, entre parˆenteses, os dados requeridos pelo programa, como na tela a seguir

→ e teremos a tela da direita, com o resultado de-

Ap´os, pressione sejado. 1

3

5

7

9

11

13 |{z}

15

17

...

n=7

Exemplo: A partir da f´ormula S n = n a1 +

n(n − 1) r 2

da soma dos n primeiros termos de uma P.A. vamos elaborar mais um programa. Entre novamente na ´area de programa¸c˜ao

Pressionando New escolhemos o nome STPA, digitamos como na tela da direita. Ap´os Check, o programa n˜ ao cont´em erros.

140


Selecione o programa a ser executado, como na tela a seguir

Ap´os pressione a tecla virtual Run, ser´ a exibida a tela `a direita, na qual deveremos entrar com os dados. Vamos execut´a-lo para a mesma progress˜ao aritm´etica do exemplo anterior, onde, a1 = 1 e r = 2. Vamos escolher, por exemplo, n = 6. Entrando com os dados como na tela da esquerda e pressionando OK no final teremos a tela da direita

Portanto, a soma dos seis primeiros termos da P.A. ´e 36, confira 1|

3

5

{z 7

9

11}

S = 36

13

Veja S n = n a1 + isto ´e S6 = 6 · 1 +

n(n − 1) r 2

6 (6 − 1) · 2 = 36 2

141

15

17

...


Editando programas Vamos editar o primeiro programa. Uma vez ele assinalado

pressione Edit e complete conforme tela `a direita. Aqui definimos uma vari´ avel local − s˜ ao as que s˜ ao v´alidas (dispon´ıveis) apenas dentro do programa em que foram definidas. O comando

:= ´e de atribui¸c˜ ao. O primeiro PRINT(), sem argumentos, ´e para limpar a tela de qualquer impress˜ ao anterior. No segundo PRINT, o que vem entre aspas duplas ´e tratado como string (ser´ a impresso tal como), o sinal + significa justaposi¸ca ˜o (concatena). Ap´os digita¸c˜ ao, pressione Check para verificar se n˜ ao existem erros no programa. Entre com os dados da tela `a esquerda

para obter a tela da direita. O termo de posi¸c˜ao n = 7 ´e 13 na P.A. 1

3

5

7

9

11

13 |{z}

15

a(7) = 13

Como mais um exemplo, vamos editar o segundo programa.

142

17

...


Uma vez ele assinalado

pressione Edit e complete conforme tela `a direita. Ap´os digita¸c˜ ao, pressione Check para verificar se n˜ ao existem erros no programa. Entrando com os dados como na tela da esquerda e pressionando OK no final, teremos a tela da direita

Portanto, a soma dos seis primeiros termos da P.A. ´e 36: 1|

3

5

{z 7

S(6) = 36

9

11}

143

13

15

17

...


3.1.3

Programa¸c˜ ao alg´ ebrica

Na programa¸c˜ ao alg´ebrica, que ser´ a bastante utilizada ao longo de todo este livro, teremos f´ormulas na sa´ıda de um programa. Estes programas ´ pertencem ` a vista do CAS − Computer Algebra System (Sistema de Algebra Computacional).

Modo CAS Aproximado e Exato No modo CAS existe uma importante configura¸c˜ao, acesse assim

Ademais, pe¸ca isto

Aqui

Se Exact estiver marcado as opera¸c˜oes simb´ olicas ser˜ ao calculadas como express˜ oes alg´ebricas, caso contr´ ario como num´ericas. Ou ainda, com Exact ativo (marcado) as constantes ser˜ ao tratadas simbolicamente, caso contr´ ario, numericamente (i.e., aproximadas por seus valores num´ericos). Por exemplo, na tela a seguir (esquerda)

entramos com as respectivas constantes com Exact ativo, na tela da direita desmarcamos Exact e entramos novamente com as mesmas constantes. Pois bem, vamos iniciar a programa¸c˜ao alg´ebrica por um programa bem simples. Antes, marque Exact.

144


Nosso primeiro programa alg´ ebrico Considere a f´ormula do termo geral de uma P.A.:

an = a1 + (n − 1) r Vamos fazer um programa onde entramos com o primeiro termo e a raz˜ ao e ele nos devolve a f´ormula do termo geral. Entre na ´ area de programa¸c˜ ao digitando as teclas

A calculadora exibir´a a seguinte tela (esquerda-Cat´alogo de programas):

↑ pressione a tecla virtual New, para um novo programa. A tela da direita ser´ a exibida. Escolha um nome para o programa (escolhemos FPA), marque a caixa CAS e pressione OK. Ser´ a exibida a tela da esquerda a seguir

(apague return 0). Digite a tela da direita. Vamos executar este programa, a partir da vista do CAS, para a P.A. 1

3

5

7

9

11

13

15

17

...

onde, a1 = 1 e r = 2. Nota: Caso sua calculadora seja virtual (i.e., baixada da internet) pode ocorrer de n˜ ao aparecer a op¸c˜ ao caixa CAS acima. Neste caso baixe uma vers˜ ao mais atualizada da calculadora. 145


Pois bem, pressione a tecla

; na linha de entrada

→ digite o nome do programa e, entre parenteses, os dados requeridos pelo programa. Ap´os, pressione e teremos a tela da direita (acima). Logo, an = 2n − 1. Observe, a partir da f´ormula do termo geral

an = a1 + (n − 1) r a calculadora nos forneceu o seguinte resultado

an = 1 + (n − 1) 2 = 2 n − 1 Nota: Caso seu programa n˜ ao tenha saido com o resultado desejado ´e poss´ıvel que tenha algum valor previamente armazenado na vari´ avel n; por exemplo, na tela a seguir armazenamos 2 na vari´ avel n

ao executar novamente o programa obtivemos um n´ umero e n˜ ao uma f´ormula. Para saber se existe um valor armazenado em uma vari´ avel basta digit´ a-la na linha de entrada e d´ a Enter, como na tela da direita (no caso da vari´ avel ser n, evidentemente). Caso exista algum n´ umero na vari´ avel este ser´ a mostrado. Na p´ agina seguinte mostramos como resolver este − eventual − problema.

146


Como resetar uma vari´ avel

Adendo: avel CAS, acesse a mem´ oria da calculadora a parPara resetar uma vari´ tir das teclas:

Em seguida selecione CAS Vars

→ ↑

pe¸ca para ver as vari´ aveis do CAS; selecione a que deseja deletar (resetar, reinicializar).

A bem da verdade, existe um m´etodo alternativo para se resetar algumas vari´ aveis: Escreva o comando purge com a vari´ avel entre parenteses, como na tela a seguir

→ Ao d´ a Enter na tela da direita a calculadora mostra o valor que se encontrava armazenado na vari´ avel n, esta encontra-se agora resetada. Podemos resetar v´arias vari´ aveis simultaneamente, separe-as por v´ırgula no comando purge.

147


Exemplo: Vamos ver mais um exemplo de programa¸c˜ao alg´ebrica. A partir da f´ormula n(n − 1) r S n = n a1 + (3.1) 2 da soma dos n primeiros termos de uma P.A. vamos elaborar mais um programa, que sair´ a com esta f´ormula para uma dada P.A.. Entre novamente na ´area de programa¸c˜ao

Pressionando New escolhemos o nome FSPA, digitamos como na tela da direita. Ap´os Check, o programa n˜ ao cont´em erros. Vamos executar este programa, a partir da vista do CAS, para a P.A. 1

3

5

7

9

11

onde, a1 = 1 e r = 2. Pressione a tecla

13

15

17

...

; na linha de entrada

→ digite o nome do programa e, entre parenteses, os dados requeridos pelo e teremos a tela da direita (acima). programa. Ap´os, pressione Da tela ` a direita temos que Sn = n2 ´e a f´ormula para a soma dos n primeiros termos da P.A. do exemplo dado. A sa´ıda do programa mostra o seguinte resultado, a partir da f´ormula (3.1) Sn = n · 1 +

n(n − 1) 2 = n2 2

148


3.2

Express˜ oes e Fun¸ c˜ oes

Na HP Prime existe uma importante distin¸c˜ao que devemos fazer: exc˜ ao. Vejamos isto atrav´es de exemplos, na tela a seguir temos press˜ ao e fun¸ uma express˜ ao e como podemos avali´a-la para um dado valor da vari´ avel

Na tela do centro temos uma express˜ ao de duas vari´ aveis e sua avalia¸c˜ao para dois valores das vari´ aveis. O comando subst substitui uma vari´ avel (ou mais) em uma express˜ ao por um dado valor. Na tela da direita mostramos outra alternativa para se avaliar uma express˜ ao: atribua antes os valores das vari´ aveis, depois entre com a express˜ ao. c˜ ao para a HP Prime possui um ou mais argumentos entre paUma fun¸ renteses, separados por v´ırgula. A tela a seguir mostra como definimos uma fun¸c˜ao

Ap´os teremos a tela do centro; `a direita avaliamos esta fun¸c˜ao para x = 1. A prop´osito, um programa ´e visto como sendo uma fun¸c˜ao. Na tela a seguir definimos uma fun¸c˜ao de duas vari´ aveis

Ap´os teremos a tela do centro; `a direita avaliamos esta fun¸c˜ao para x = 1 e y = −1. 149


Exemplo: Vamos alterar o nosso primeiro programa alg´ebrico (p. 145), repetido na tela a seguir

para sair com uma fun¸c˜ao, como na tela do centro. Na tela da direita rodamos o programa para a progress˜ao aritm´etica 1

3

5

7

9

11

13 |{z}

15

17

...

a(7)

e, a seguir, calculamos em a(n) = 2 n − 1:

a(7) = 2 · 7 − 1 = 13 Exemplo: Vamos fazer o mesmo procedimento para o programa da soma dos n primeiros termos de uma P.A. S n = n a1 +

n(n − 1) r 2

repetido na tela a seguir

para sair com uma fun¸ca˜o, como na tela da direita. Utilize a letra s min´ uscula, caso contr´ ario d´ a problema. Na tela da direita rodamos o programa para a progress˜ ao aritm´etica 1 |

3

5

{z 7

9

s(6)

e, a seguir, calculamos em s(n) = n2 :

11}

s(6) = 62 = 36 150

13

15

17

...


3.3

Listas e Matrizes

Com o objetivo de aumentar ainda mais nosso poder (potˆencia) de programa¸c˜ ao ´e que incluimos nesta sec¸c˜ao dois importantes recursos para programa¸c˜ ao: listas e matrizes.

3.3.1

Listas

Uma lista ´e constituida de objetos (n´ umeros, letras, matrizes, etc.) entre chaves e separados por v´ırgula. Uma lista ´e o que comumente conhecemos por conjunto, na matem´ atica. Exemplo de lista: { 1, 5, a, { b, c } } Lista ´e um recurso muito importante para manipula¸c˜ao de objetos. Criando listas As listas podem ser criadas a partir da linha de entrada, veja:

→ Ap´os, pressione

para obter a tela da direita.

Importante: Estamos na vista do CAS; para que a letra a, por exemplo, apare¸ca como elemento da lista nesta letra n˜ ao deve constar nenhum valor previamente armazenado, deve estar resetada. Veja adendo, p´ agina 147. A mesma observa¸c˜ ao vale para as demais letras, obviamente. As listas podem ser armazenadas (guardadas) em uma vari´ avel, assim:

Com o comando de atribui¸c˜ ao, := , L1 := { 1, 5, a, { b, c } } estamos guardando (armazenando) a lista na vari´ avel L1. 151


Acessando os elementos de uma lista Podemos ter acesso aos elementos de uma lista digitando o nome da lista e a posi¸c˜ ao do elemento entre parenteses. Por exemplo, considere a lista anterior (tela esquerda a seguir)

na tela da direita acessamos cada um dos elementos da lista.

Pedindo o comprimento e a dimens˜ ao de uma lista Existem dois comandos, size e dim, que nos d˜ ao o comprimento e a dimens˜ao de uma lista, respectivamente. Por exemplo, na tela a seguir criamos uma lista e a guardamos na vari´ avel L2

na tela do centro pedimos o comprimento da lista (n´ umero de elementos, como na matem´ atica) e na tela da direita sua dimens˜ao. Nas telas a seguir

mostramos como acessar elementos nesta lista. 152


3.3.2

O comando MAKELIST

Um importante comando em programa¸c˜ao ´e MAKELIST, cuja sintaxe ´e vista a seguir MAKELIST (express˜ ao, vari´ avel, inicio, fim, incremento) Calcula a express˜ ao no que diz respeito `a vari´ avel, `a medida que a vari´ avel assume valores do in´ıcio ao fim, tendo em conta o incremento. Exemplo: Nas telas a seguir vemos trˆes exemplos

Nota: Na vista do CAS (a que estamos trabalhando) digite o comando − na linha de entrada − em letras mai´ usculas. Parti¸ c˜ ao de um intervalo Para obter uma parti¸c˜ ao (regular) do intervalo [ a, b ] em N subintervalos de mesmo comprimento h, fazemos h = b−a N , no que resulta xn = x0 + n h,

[ a = x0

x1 h

x2

n = 0, 1, 2, . . . , N.

...

xn−1

h

] xn = b

x

h

Por exemplo, para x ∈ [ a, b ] = [ 0, 1 ] e N = 4 subintervalos, temos h=

1−0 1 b−a = = = 0. 25 N 4 4

A discretiza¸c˜ ao do intevalo fica: p

x0 = 0

p x1 =

1 4

p x2 =

(n = 0, 1, 2, 3, 4)

1 2

153

p x3 =

3 4

p

x4 = 1

x


Utilizando o comando MAKELIST vamos elaborar um programa que recebe a, b e N , e sai com uma lista contendo a parti¸c˜ao do intervalo [ a, b ]. O programa ´e como a seguir

Na tela da direita temos uma simula¸c˜ao, confira geometricamente p

p

x0 = 0

x1 =

p

1 4

x2 =

1 2

p x3 =

x

p

3 4

x4 = 1

Amostragem de uma fun¸ c˜ ao nos pontos de uma parti¸c˜ ao y

f yn

p

s

.. . y1

p

s

p

y0

0

s

p

x0 = a

p

x1

p

···

x2

p

x

xn = b

O programa a seguir usa o comando MKELIST para amostrar uma fun¸c˜ao nos pontos de uma parti¸c˜ao do intervalo [ a, b ]

154


O menu Math/List Menus Toolbox Os menus Toolbox ( ) (Caixa de ferramentas) s˜ ao uma cole¸c˜ao de menus que oferecem fun¸c˜ oes e comandos u ´ teis em matem´ atica e programa¸c˜ao. Os menus Matem´atica, CAS e Cat´ alogo (Catlg) oferecem mais de 400 fun¸c˜ oes e comandos. De momento o que nos interessa ´e o menu List, para isto prima a tecla “caixa de ferramentas”

→ em seguida a tecla virtual assinalada acima (Math). Em seguida des¸ca at´e o item 6 (List), como na tela a seguir

Selecionando este item comparecem v´arios comandos para se operar com listas, veja tela da direita.

155


Nas telas a seguir, temos algumas simula¸c˜oes

MAKELIST gera uma lista, como j´a vimos; SORT classifica os elementos de uma lista na ordem crescente; REVERSE reverte a ordem da lista; CONCAT concatena duas listas; POS nos d´ a a posi¸c˜ao de um elemento que est´ a numa lista. Nas telas a seguir

SIZE nos d´ a o comprimento de uma lista, como j´a vimos; ∆LIST cria uma nova lista composta pelas primeiras diferen¸cas de uma lista; isto ´e, as diferen¸cas entre elementos consecutivos na lista. A nova lista tem um elemento P a menos queQa lista original; LIST calcula a soma de todos os elementos numa lista; LIST calcula o produto de todos os elementos numa lista. Na tela da direita DIFFERENCE apresenta a lista de elementos n˜ ao comuns de duas listas; UNION apresenta a uni˜ ao das listas como um vetor; INTERSECT apresenta a intersec¸c˜ ao de duas listas como um vetor∗ . Observei que na ), a uni˜ ao e a intersec¸c˜ao de duas listas ´e uma lista, vista de in´ıcio, ( como deve ser.

Logo mais veremos o que ´e um vetor para a HP Prime .

156


Um Belo Desafio! − A quem interessar possa. Introdu¸ c˜ ao: 12

Considere a sequˆencia dos quadrados dos naturais

22

32

42

52

62

72

...

No diagrama a seguir 1

4

9

16

25

36

49

3

5

7

9

11

13

...

2

2

2

2

2

...

...

produzimos duas diferen¸ cas entre os termos da sequˆencia dos quadrados dos naturais. Considere a sequˆencia dos cubos dos n´ umeros naturais 13

23

33

43

53

63

73

...

No diagrama a seguir 1

8

27

64

125

216

343

7

19

37

61

91

127

...

12

18

24

30

36

...

6

6

6

6

...

...

es diferen¸ cas entre os termos da sequˆencia dos cubos dos produzimos trˆ n´ umeros naturais. A calculadora HP Prime possui uma fun¸c˜ao ∆List que produz a diferen¸ca entre os termos de uma lista

← aqui

Desafio: Considere a sequˆencia dos naturais `a m-´esima potˆencia: 1m

2m

3m

4m

5m

6m

7m

...

prove que m diferen¸cas entre os termos desta sequˆencia resulta sempre numa constante igual a m! . Gentil, o iconoclasta gentil.iconoclasta@gmail.com

Boa vista-RR/06.08.2016

157


3.3.3

Matrizes

Uma das potˆencias da HP Prime ´e o trato com matrizes, tanto num´ericas quanto simb´ olicas. Por exemplo, veja

Podemos at´e multiplicar duas matrizes simb´ olicas, como aparece na tela da direita. Reiteramos: Estamos na vista do CAS; para que a letra a, por exemplo, apare¸ca como elemento da matriz nesta letra n˜ ao deve constar nenhum valor previamente armazenado, deve estar resetada. Veja adendo, p´ agina 147. Criando matrizes As matrizes podem ser criadas a partir da linha de entrada, veja como criamos as telas anteriores, respectivamente

Em cada caso ap´ os primar expostas no in´ıcio.

teremos as (respectivas) matrizes

Nota: Para entrar com os dados no formato acima sua calculadora dever´ a est´ a fixada no modo alg´ ebrico, veja p´ agina 135.

158


Da mesma forma que fizemos com as listas, podemos guardar uma matriz em uma vari´ avel. Por exemplo, considere a matriz na tela esquerda a seguir

escreva o nome da matriz na linha de entrada e clique na matriz (tela do centro), pe¸ca uma c´ opia (Copy), ap´ os Enter teremos a tela da direita, com a matriz j´a armazenada na vari´ avel MT1.

Acessando os elementos de uma matriz Podemos ter acesso aos elementos de uma matriz digitando o nome da matriz e a posi¸c˜ ao do elemento entre parenteses − exatamente como na matem´ atica. Por exemplo, considere a matriz anterior, na tela a seguir pedimos alguns elementos

na tela do centro pedimos a soma dos elementos da segunda linha, na tela da direita pedimos o produto dos elementos da terceira coluna.

159


C´ alculo de Matrizes com Elementos Alg´ ebricos Um estudante de engenharia civil (Liercio Feital) me escreveu com a seguinte d´ uvida∗ : Como fazer um programa para gerar matrizes tipo: # " 12E/L 10E/2L 8E/L

5E

“onde eu entraria com os valores E = 10 e L = 2, o programa mostraria a matriz resultante”: # " 60 25 40 50

Antes do programa vejamos como resolver este problema diretamente na vista do CAS, na tela a seguir

→ criamos uma vari´ avel − na verdade uma fun¸c˜ao − de dois parˆ ametros (E e teremos a tela da direita. MLF pode ser vista como uma L), ap´ os fun¸c˜ ao de duas vari´ aveis. Na tela a seguir

fazemos uma simula¸c˜ ao, isto ´e, digitamos na linha de entrada MLF(10,2), teremos o resultado. Na tela da direita, temos o programa ap´ os equivalente. ∗

Ainda na HP 50g .

160


Pedindo as dimens˜ oes de uma matriz Um importante comando em programa¸c˜ao ´e DIM, que nos devolve o tamanho de uma matriz, na tela a seguir

temos uma matriz de ordem {2, 3}; na tela da direita armazenamos uma matriz em uma vari´ avel e depois pedimos a dimens˜ao da matriz.

3.3.4

O comando MAKEMAT

Um importante comando em programa¸c˜ao ´e MAKEMAT, cuja sintaxe ´e vista a seguir MAKEMAT (express˜ ao, linhas, colunas) Cria uma matriz com a dimens˜ao linhas × colunas, utilizando a express˜ ao para calcular cada elemento. Se a express˜ ao cont´em as vari´ aveis I e J, ent˜ao, o c´alculo para cada elemento substitui o n´ umero de linha atual para I e o n´ umero da coluna atual para J. A seguir vemos dois exemplos

na tela da esquerda construimos uma matriz 2 × 2 com termo geral dado por aij = j − i2 ; na tela da direita construimos uma matriz 3 × 4 com termo geral dado por aij = i − 2 j. Devemos usar letras mai´ usculas na express˜ ao da matriz, o i min´ usculo ´e reservado para a unidade complexa. Nota: Na vista do CAS (a que estamos trabalhando) digite o comando − na linha de entrada − em letras mai´ usculas: MAKEMAT.

161


A prop´osito, vejamos um exemplo um pouco mais sofisticado. A matriz a seguir

aij = ( −1 )

i−1 j−1 2

serve para o c´ alculo de combina¸c˜oes, como pode ser visto na referˆencia [2]. O s´ımbolo ⌊ x ⌋ representa a fun¸c˜ao m´ aximo inteiro (que n˜ ao supera x), ou fun¸c˜ ao piso. Na HP Prime ´e denotada por FLOOR, na tela a seguir vemos alguns exemplos

Na tela da direita construimos a matriz aij , 4 × 2, dada pela equa¸c˜ao acima. Na tela a seguir usando a equa¸c˜ao aij construimos uma fun¸c˜ao de duas vari´ aveis (programa): m, n´ umero de linhas e n, n´ umero de colunas.

Nas telas do centro e direita temos duas simula¸c˜oes. Observe que os programas na HP Prime resultam bastante compactos − simples, enxutos, est´eticos. Perguntamos se em outras linguagens de programa¸c˜ ao obter´ıamos este mesmo n´ıvel de simplifica¸c˜ao (?).

162


Vetores Vetor na HP Prime ´e uma matriz unidimensional (uma linha), por exemplo [ −1, 2, 5, 7 ]

´ importante fazer distin¸c˜ E ao entre um vetor e uma matriz de uma u ´ nica linha na hora de acessar um elemento. Na tela a seguir

criamos uma matriz unidimensional e um vetor, digitando na linha de entrada MT1:=[[−1, −1, 0, 0, 1, 1]]

e

VT1:=[−1, −1, 0, 0, 1, 1]

na tela da direita tentamos acessar o segundo elemento da matriz com apenas uma coordenada, o que redundou em erro, em seguida acessamos o segundo elemento de maneira correta no vetor e na matriz.

Adendo: H´a de se observar que um mesmo comando devolve objetos distintos, na vista de In´ıcio e na vista do CAS, exemplo: m:=SIZE([2, 1, 1, −1, 3]) ⇒ m := { 5 }, Na vista de In´ıcio. m:=SIZE([2, 1, 1, −1, 3]) ⇒ m := 5,

163

Na vista do CAS.


3.4

Somat´ orios

Um outro importante recurso para a programa¸c˜ao ´e o somat´orio. Acesse o somat´ orio primando a tecla

A sintaxe do somat´ orio ´e X (express˜ ao, vari´ avel, in´ıcio, fim)

Por exemplo, observe a equivalˆencia

X (express˜ ao, vari´ avel, in´ıcio, fim)

⇐⇒

5 X

k2

k=1

Ou ainda X (k ∧ 2, k, 1, 5) | {z } na HP Prime

⇐⇒

5 X

k2

k=1

Digitando na linha de entrada

→ pressionando

teremos o resultado na tela da direita.

164


Somat´ orio e resultados alg´ ebricos Nota: Para os exemplos que se seguem, certifique-se de que a vari´ avel n est´ a resetada − adendo, p. 147.

O somat´ orio produz at´e resultados alg´ebricos, digitando na linha de entrada k variando de 1 a n

pressionando

teremos o resultado na tela da direita. Portanto n X

k2 =

k=1

2n3 + 3n2 + n 6

Caso se queira o resultado fatorado, escreva factor() na linha de entrada, clique na express˜ ao e pe¸ca uma c´opia

pressionando

teremos o resultado na tela da direita. Portanto n X

k=1

k2 =

n (n + 1) (2 n + 1) 6

165


Podemos at´e criar fun¸c˜oes envolvendo somat´ orios; por exemplo, digitando na linha de entrada X f (m, n) := (k ∧ m, k, 1, n)

temos

1 |1

21

31 {z 41 51 6 X f (1, 6)= k1 = 21

61}

k=1

2 |1

22 f (2, 5)=

3{z2 5 X

42 k2 = 55

5}2

62

k=1

Na tela vemos duas simula¸c˜oes. Somat´ orio e s´ eries Podemos at´e somar algumas s´eries, por exemplo, considere a progress˜ao geom´etrica infinita 1 1 1 1 , , , , ... 2 4 8 16 na tela a seguir digitamos a soma dos termos desta P.G.

na tela da direita temos o resultado, portanto ∞

X 1 1 1 1 1 + + + + ... = = 1 2 4 8 16 2k k=1

166


3.5

´ Algebra

Menu CAS Nas telas a seguir mostramos como acessar alguns comandos para manipula¸c˜oes alg´ebricas.

Vejamos alguns comandos. 1) Simplificar Apresenta uma express˜ ao simplificada. simplify(Expr) 2) Colecionar Recolhe termos semelhantes numa express˜ ao polinomial (ou numa lista de express˜ oes polinomiais). Decomp˜ oe os resultados, consoante as defini¸c˜oes CAS. collect(Poly)

ou

collect({Poly1, Poly2,..., Polyn})

Exemplos:

167


3) Expandir Apresenta uma express˜ ao expandida. expand(Expr) 4) Decompor Apresenta um polinˆ omio decomposto (fatorado). factor(Poly) Exemplos:

Nota: Para estes exemplos a configura¸c˜ao CAS da sua calculadora deve ser como na tela da direita. 5) Substitue Substitui um valor por uma vari´ avel numa express˜ ao. subst(Expr,Var=valor) 6) Fra¸ c˜ ao parcial Realiza a decomposi¸c˜ ao de uma fra¸c˜ao em fra¸c˜oes parciais. partfrac(RatFrac) Exemplos:

168


Mudando a configura¸c˜ ao da Vista de In´ıcio e do CAS como nas telas a seguir

aqui

−→

na tela da direita repetimos os dois exemplos anteriores, ou seja, agora temos a decomposi¸c˜ ao sobre os Complexos.

Extra¸ c˜ ao 7) Numerador Numerador simplificado. Para os n´ umeros inteiros a e b, apresenta o numerador da fra¸c˜ ao a/b ap´ os a simplifica¸c˜ao. numer(a/b) 8) Denominador Denominador simplificado. Para os n´ umeros inteiros a e b, apresenta o denominador da fra¸c˜ ao a/b ap´ os a simplifica¸c˜ao. denom(a/b) Exemplos:

169


9) Lado esquerdo Apresenta o lado esquerdo de uma equa¸c˜ao ou a extremidade esquerda de um intervalo. left(Expr1=Expr2)

ou

left(Real1..Real2)

10) Lado direito Apresenta o lado direito de uma equa¸c˜ao ou a extremidade direita de um intervalo. right(Expr1=Expr2)

ou

right(Real1..Real2)

Exemplos:

Uma aplica¸c˜ ao interessante destes comandos ´e que podemos extrair a base e o expoente em uma potˆencia de expoente fracion´ario, como na tela da direita. Funciona at´e mesmo com potˆencias alg´ebricas, veja:

Na tela da direita mostramos como fatorar o expoente do numerador da seguinte fra¸c˜ ao 2 2x −1 x3 − 1 Ent˜ ao 2 2(x−1)(x+1) 2x −1 = x3 − 1 x3 − 1

170


3.6

Estruturas de Programa¸c˜ ao

Introdu¸ c˜ ao Uma estrutura de programa¸ c˜ ao permite a um programa tomar uma decis˜ ao sobre como ele deve ser executado, dependendo das condi¸c˜oes dadas ou dos valores de argumentos em particular. Um uso cuidadoso e inteligente destas estruturas torna poss´ıvel a cria¸c˜ao de programas com extraordin´ aria flexibilidade. Diriamos que a programa¸c˜ ao propriamente dita come¸ca aqui com estruturas de programa¸c˜ ao, pois o que fizemos anteriormente foi praticamente a programa¸c˜ ao de f´ormulas apenas. Estas estruturas que iremos estudar s˜ ao comuns a v´arias linguagens de programa¸c˜ ao, como por exemplo, PASCAL, FORTRAN, C++ , MATLAB, etc. Quero dizer: vocˆe entendendo-as neste contexto, tamb´em estar´ a apto a execut´a-las em qualquer outra linguagem em que estas se fa¸cam presentes; da´ı a importˆ ancia de entendˆe-las nesta aqui, isto ´e, na HP Prime .

Estruturas de programa¸c˜ ao As estruturas que iremos estudar s˜ ao as seguintes:

• Estruturas c´ıclicas :

• Estruturas condicionais :

  FOR   

FOR - STEP

   

WHILE - REPEAT - END

  IF - THEN - END

 IF - THEN - ELSE - END

171


3.6.1

Estruturas c´ıclicas

FOR Para exemplificar o uso desta estrutura vamos construir um programa para calcular a soma dos N primeiros n´ umeros Naturais. Isto ´e, queremos o valor de: N X i = 1 + 2 + 3 + ··· + N i=1

Devemos fornecer ao programa o valor de N (at´e onde queremos que o mesmo some) e este deve nos devolver o valor da soma correspondente. Vamos iniciar o programa de acordo com a tela a seguir

↑ Para inserir a estrutura FOR no programa pressione a tecla virtual assinalada (Tmplt); des¸ca at´e o item 3Loop; v´a para a direita. Estamos na tela da ; ap´ os, teremos a tela a seguir direita acima. Agora pressione

complete o programa conforme tela da direita. Podemos executar o programa diretamente da vista do CAS

172


Estando na vista de in´ıcio digite o nome do programa e, entre parenteses, os dados requeridos pelo programa; como, por exemplo, na tela a seguir

→ Isto significa que 5 X

I = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15

I =1

Como funciona a estrutura FOR  FOR contador FROM in´ıcio TO fim DO    cl´ ausula c´ıclica Loop    END

Esta estrutura executa uma por¸c˜ao do programa por um n´ umero definido de vezes usando o conte´ udo de uma vari´ avel local como contador, a qual pode ser usada dentro do loop para c´alculos ou outros prop´ositos. No final ao o contador ´e do loop o contador ´e testado se j´a atingiu o fim, caso n˜ incrementado de uma unidade e a cla´ usula c´ıclica ´e executada mais uma vez; este processo se repete at´e que o contador atinja o fim, quando ent˜ao o loop ´e abandonado. No programa ao lado temos: I: contador, 1: in´ıcio do contador, N: fim do contador, S:= S+I: cl´ ausula c´ıclica. Neste caso o contador est´ a sendo utilizado dentro do loop. No caso deste programa a vari´ avel S ´e inicializada com 0, e, a cada ciclo, S ´e atualizada adicionando-se o valor de I ao seu valor anterior.

173


FOR-STEP Esta estrutura funciona de modo semelhante a anterior (FOR) exceto que a vari´ avel de controle pode ser incrementada de um valor diferente da unidade.

FOR - END’s concatenados O que chamamos de concatena¸c˜ao de FOR - END’s ´e o mesmo que encaixe (ou aninhamento) de FOR - END’s que, dependendo do programa, pode tomar diversas configura¸c˜oes. Por exemplo, assim: FOR FOR

a)

b)

FOR FOR FOR

FOR FOR

c)

END END END

END END

END FOR END END

Dentre muitas outras aplica¸c˜oes a concatena¸c˜ao ´e u ´ til para se trabalhar com matrizes. Vejamos o seguinte exemplo: (U.E.LONDRINA - 84) Dada a matriz A = ( amn )2×2 onde amn = 2n−m , a soma de todos os elementos que comp˜ oe a matriz A2 ´e igual a: a ) 81/4

b ) 10

c)9

d ) 25/4

e) − 6

Motivados pelo desafio acima vamos fazer um programa para construir uma matriz (quadrada de ordem N ) e que, em particular (N = 2) tenhamos a matriz do problema anterior. O programa consta da tela a seguir

na tela da direita temos duas simula¸c˜oes. Observe que o programa foi elaborado na vista de in´ıcio − e n˜ ao na vista do CAS. Observe que temos uma concatena¸c˜ao tipo a ). O primeiro FOR (ou ainda, o primeiro la¸co) fixa a linha e o segundo varia as colunas, de modo que a matriz vai sendo construida linha a linha e de cima para baixo. Para obter a resposta da quest˜ao do vestibular, clique na primeira matriz (tela anterior), pe¸ca uma c´opia para a linha de entrada, eleve ao quadrado e some os elementos. 174


O programa anterior foi feito apenas para ilustrar a concatena¸c˜ao de FOR - END’s, no entanto, na tela da esquerda a seguir criamos − na vista do CAS − um programa equivalente

Na tela da direita temos uma simula¸c˜ao para N = 3. Digamos que vocˆe queira os elementos da matriz n˜ ao na forma de fra¸c˜ao, mas aproximados (approx) com trˆes decimais; o caminho ´e este

Aqui

Executamos novamente o programa, como na tela da direita.

175


WHILE - REPEAT - END Esta ´e uma outra estrutura c´ıclica bastante utilizada. Para exemplificar o uso desta estrutura vamos resolver o seguinte problema: (UNESP - 84) Seja Sn = 211 + 212 + · · · + 21n , n um n´ umero natural diferente de zero. O menor n´ umero n tal que Sn > 0, 99 ´e: a) 5

b) 6

c) 7

d) 8

e) 9

A ideia aqui ´e variar n (a partir de 1) e ir somando os termos o resultado da soma seja maior que 0, 99. Veja alguns exemplos, n

Sn

1

1 2

= 0, 5

2

1 2

+

1 22

= 0, 75

3

1 2

+

1 22

+

...

1 23

1 2n

at´e que

= 0, 875

........................

Vamos fazer melhor: o programa vai receber como entrada um n´ umero L que, em particular, pode ser L = 0, 99. Vamos iniciar o programa de acordo com a tela a seguir (Vista de in´ıcio)

Para inserir a estrutura WHILE, v´a para a tela da direita acima. Agora ; ap´ os, complete com a tela a seguir pressione

Na tela da direita temos duas simula¸c˜oes do programa. 176


Digitando na linha de entrada (vista do CAS) SUN(n) := criamos uma fun¸c˜ ao de n, esta Sn =

P

(1/2 ∧ k, k, 1, n)

1 1 1 + 2 + ··· + n 1 2 2 2

As telas a seguir

mostram Sn para alguns valores de n. Para os valores aparecerem como na tela acima em deve estar desmarcada (tela da direita).

a caixa Exact

Como funciona a estrutura WHILE  WHILE      cla´ usula de teste   Loop DO    comandos     END

Esta estrutura executa uma por¸c˜ao do programa (comandos) enquanto a cla´ usula de teste for verdadeira. No programa ao lado temos: cla´ usula de teste: S≤L. comandos: n:=n+1; S:=S+1/2 ∧ n. O loop s´ o ´e abandonado quando S for tal que S>L.

177


3.6.2

Estruturas condicionais

IF - THEN - END Para exemplificar o uso desta estrutura vamos construir um programa que nos diz se um dado n´ umero ´e par ou n˜ ao. Faremos este programa de dois modos distintos, para ilustrar dois comandos da HP Prime : FP e MOD. O comando FP nos devolve a parte fracion´ aria de um n´ umero, na tela a seguir temos alguns exemplos (desmarque a caixa Exact)

Na tela do centro temos o programa. Na tela da direita como acessamos a estrutura IF - THEN - END. A estrutura IF - THEN - END executa uma sequˆencia de comandos somente se o teste ´e verdadeiro. A palavra IF inicia a cl´ausula-de-teste, a qual deixa o resultado do teste (0 ou 1). THEN remove este resultado. Se o valor ´e 1, a cl´ ausula verdadeira ´e executada. Caso contr´ ario, a execu¸c˜ao do programa prossegue com a instru¸c˜ao seguinte a END. umero inteiro a O comando MOD nos devolve o resto da divis˜ao de um n´ por um n´ umero inteiro b. A seguir temos dois exemplos 5 1

2 2

20 6 2 3 տ 20 MOD 6

տ 5 MOD 2

Na tela a seguir temos os dois exemplos acima; o segundo programa consta na tela do centro a seguir

Na tela da direita temos duas simula¸c˜oes deste programa.

178


IF - THEN - ELSE - END Esta estrutura condicional ´e bem mais interessante e u ´ til que a anterior. Para exemplific´ a-la faremos um programa para sair com os N primeiros termos da sequˆencia n  se n ´e par;  ,   2 an =     n + 1 , se n ´e ´ımpar. 2 Inicie o programa como a seguir

complete-o como na tela do centro. Na tela da direita temos duas simula¸c˜oes do programa. Vejamos mais um exemplo de aplica¸c˜ao desta estrutura. (PUC- SP - 76) Se A ´e uma matriz 3 por 2 definida pela lei  1, se i = j; aij = 2 i , se i = 6 j.

Ent˜ao A se escreve:       1 1 1 1 1 1 1 4 9 1 1 9 a) b)  4 1  c)  1 4  d) e)  4 1  1 1 9 1 4 9 9 9 9 9 6 6

Vamos resolver este problema para uma matriz de dimens˜ao gen´erica M × N . O programa ´e como a seguir

na tela da direita temos trˆes simula¸c˜oes. 179


Como funciona a estrutura IF - THEN - ELSE - END  IF      cla´ usula-de-teste        THEN cla´ usula-verdadeira Estrutura    ELSE      cla´ usula-falsa     END Esta estrutura executa uma sequˆencia de comandos se o teste resultar verdadeiro e outra, caso seja falso. A palavra IF inicia a cl´ausula-de-teste, a qual sai com o resultado (0 ou 1). THEN verifica este resultado. Se o valor ´e 1, a cl´ausula-verdadeira ´e executada; caso contr´ ario, a cl´ausula-falsa ´e executada. Ap´os ter executado a cl´ ausula apropriada, o programa prossegue com a instru¸c˜ao seguinte `a END. No programa ao lado temos: cla´ usula de teste: FP(n/2)==0 cla´ usula verdadeira: TS(n):=n/2 cla´ usula falsa: TS(n):=(n+1)/2

180


Tra¸cando gr´ aficos com IF - THEN - ELSE - END Vamos exemplificar como esta estrutura pode ser utilizada para construir gr´ aficos de fun¸c˜ oes definidas por v´arias senten¸cas. Inicialmente considere a fun¸ca˜o f : R → R dada por   se x < −1;  −x, f (x) =   x2 − 1, se x ≥ −1.

Na tela a seguir programamos esta fun¸c˜ao

na tela da direita simulamos alguns exemplos. Ao atribuir o nome f ao programa caso esta vari´ avel esteja ocupada ent˜ao purge(f ) ´e uma sugest˜ao. Pois bem, nosso objetivo agora ´e plotar o gr´ afico desta fun¸c˜ao. Inicialo que vai nos levar para a seguinte tela mente prima a tecla

↑ em seguida clique no aplicativo assinalado (Function), o que nos leva para a tela da direita. Clique na tecla virtual Edit

181


escreva na linha de entrada f (X) (este X deve ser mai´ usculo); ap´ os clicar em OK estaremos na tela da direita

Agora vamos dimensionar os eixos para plotagem, para isto clique em

vamos para a seguinte tela (configura¸c˜ao na minha calculadora)

configurando como na tela do centro, ap´ os clique em teremos a tela da direita. Como mais um exemplo, para o gr´ afico da fun¸c˜ao dada por   −x − π2 , se x < − π2 ;     g(x) = | cos 2 x |, se − π2 ≤ x < π2 ;      x − π2 , se x ≥ π2 . o programa fica assim

182


3.7

C´ alculo de combina¸ c˜ oes

Introdu¸c˜ ao: A conhecida f´ormula da an´ alise combinat´ oria n n! = r (n − r)! r! nos fornece o n´ umero de combina¸c˜oes dos n elementos de um conjunto, tomados r a r. Mas esta f´ormula n˜ ao nos fornece as tais combina¸c˜oes. O nosso objetivo nesta se¸c˜ ao ´e exibir uma f´ormula que tem precisamente esta finalidade. A matriz a seguir nos fornece todas as combina¸c˜oes poss´ıveis para um conjunto com quatro elementos { a1 ,

a4 }

a2 ,

a3 ,

0

0

0

0

1

0

0

0

0

1

0

0

1

1

0

0

0

0

1

0

1

0

1

0

0

1

1

0

1

1

1

0

0

0

0

1

1

0

0

1

0

1

0

1

1

1

0

1

0

0

1

1

1

0

1

1

0

1

1

1

1

1

1

1

{

}

{ a1 }

{ a2 }

{ a1 , a2 }

{ a3 }

{ a1 , a3 }

{ a2 , a3 }

{ a1 , a2 , a3 }

{ a4 }

{ a1 , a4 }

{ a2 , a4 }

{ a1 , a2 , a4 } { a3 , a4 }

{ a1 , a3 , a4 }

{ a2 , a3 , a4 }

{ a1 , a2 , a3 , a4 }

Onde convencionamos que onde ocorre 1 o elemento entra na combina¸c˜ao, onde ocorre 0 o elemento n˜ ao entra na combina¸c˜ao. Esta matriz pode facilmente ser generalizada para um conjunto com um n´ umero arbitr´ario de elementos, digamos n. Lembramos que o s´ımbolo ⌊ x ⌋ representa a fun¸c˜ao m´ aximo inteiro (que n˜ ao supera x), ou fun¸c˜ ao piso. Na HP Prime ´e denotada por FLOOR.

183


Uma f´ ormula para a matriz de combina¸c˜ oes Em nosso livro citado na referˆencia [2] demonstramos a seguinte f´ormula para a matriz de combina¸c˜oes

aij =

   0   1

se se

j

j

i−1 j−1 2 i−1 j−1 2

k k

´e par; ´e ´ımpar.

Na tela a seguir programamos esta matriz, entramos com n e o programa sai com a respectiva matriz de combina¸c˜oes

nas duas outras telas temos duas simula¸c˜oes. Nas telas a seguir temos um (´ unico) programa que recebe um conjunto e sai com o conjunto das partes (conjunto de todos os subconjuntos)

184


Nas telas a seguir

temos duas simula¸c˜ oes do programa; na tela da esquerda entramos com o conjunto { a, b, c } e na tela da direita com o conjunto { a1 , a2 , a3 , a4 } .

Nota: N˜ao esquecer de resetar as letras (p. 147) − se necess´ario. Ademais, evite incluir a letra e em um conjunto, esta letra ´e reservada para a base do logaritmo neperiano. Nas telas a seguir

entramos com um conjunto e r, o programa sai com todas as combina¸c˜oes dos elementos do conjunto tomados r a r. Observe que o programa anterior (MTXC1) ´e utilizado. Na tela da direita vemos uma simula¸c˜ao para o conjunto { a1 , a2 , a3 , a4 } e r = 3.

185


3.8

Desenvolvimento N -´ ario

Matriz Bin´ aria Sabe-se que dados dois inteiros a e N , com a ≥ 0 e N > 1, existem (e s˜ ao u ´ nicos) inteiros c0 , c1 , . . . , cn ; de tal modo que a = c0 + c1 · N + c2 · N 2 + · · · + cn · N n com 0 ≤ ci < a (i = 0, 1, . . . , n). A express˜ ao anterior ´e chamada expans˜ ao N -´ aria do inteiro a. O sistema de numera¸c˜ao de base 2 obt´em-se escolhendo um conjunto com dois s´ımbolos: S = { 0, 1 }. Na matriz seguinte temos a expans˜ ao bin´ aria dos inteiros 0, 1, 2, . . . , 15. 20 21 22 23

=⇒

20 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1

21 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1

22 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1

23 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1

0 = 0·20 + 0·21 + 0·22 + 0·23 1 = 1·20 + 0·21 + 0·22 + 0·23 2 = 0·20 + 1·21 + 0·22 + 0·23 3 = 1·20 + 1·21 + 0·22 + 0·23 4 = 0·20 + 0·21 + 1·22 + 0·23 5 = 1·20 + 0·21 + 1·22 + 0·23 6 = 0·20 + 1·21 + 1·22 + 0·23 7 = 1·20 + 1·21 + 1·22 + 0·23 8 = 0·20 + 0·21 + 0·22 + 1·23 9 = 1·20 + 0·21 + 0·22 + 1·23 10 = 0·20 + 1·21 + 0·22 + 1·23 11 = 1·20 + 1·21 + 0·22 + 1·23 12 = 0·20 + 0·21 + 1·22 + 1·23 13 = 1·20 + 0·21 + 1·22 + 1·23 14 = 0·20 + 1·21 + 1·22 + 1·23 15 = 1·20 + 1·21 + 1·22 + 1·23

Em nosso livro [2] demonstramos a seguinte f´ormula

anj =

j n k j n k − 2 j j+1 2 2

que nos fornece o desenvolvimento bin´ ario de um inteiro positivo n.

186


Para programar a matriz bin´ aria necessitaremos da varia¸c˜ao de j. Observe que se n 1 n n · j = j+1 < 1 ⇒ anj = 0. ⇒ j < 1 2 2 2 2 Portanto, devemos considerar apenas os valores de j, satifazendo a desigualdade n j ⇐⇒ 2 ≤ n. Isto ´e, j = 0, 1, 2, . . . , ⌊log2n ⌋. j ≥ 1 2 Exemplo: Encontre a expans˜ ao bin´ aria de 20. Solu¸ c˜ ao: ⌊log20 ⌋ = 4. Para j = 0, 1, 2, 3, 4; obtemos 2 j=0

⇒ a20,0 = ⌊ 200 ⌋ − 2⌊

20 20+1

⌋ = 20 − 2 · 10 = 0

j=1

⇒ a20,1 = ⌊ 201 ⌋ − 2⌊

20 21+1

⌋ = 10 − 2 · 5

=0

j=2

⇒ a20,2 = ⌊ 202 ⌋ − 2⌊

20 22+1

⌋ = 5−2·2

=1

j=3

⇒ a20,3 = ⌊ 203 ⌋ − 2⌊

20 23+1

⌋ = 2−2·1

=0

j=4

⇒ a20,4 = ⌊ 204 ⌋ − 2⌊

20 24+1

⌋ = 1−2·0

= 1.

2

2

2

2

2

Logo, 20 = (0 0 1 0 1)2 . Ou ainda, 20 = 0 · 20 + 0 · 21 + 1 · 22 + 0 · 23 + 1 · 24 . Na tela a seguir programamos a matriz bin´ aria

na tela da direita temos algumas simula¸c˜oes.

187


Matriz Tern´ aria O sistema de numera¸c˜ao de base 3 obt´em-se escolhendo um conjunto com trˆes s´ımbolos: S = { 0, 1, 2 }. Na matriz seguinte temos a expans˜ ao dos inteiros 0, 1, 2, . . . , 26, na base 3.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

30 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2

31 0 0 0 1 1 1 2 2 2 0 0 0 1 1 1 2 2 2 0 0 0 1 1 1 2 2 2

32 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2

0 = 0 · 30 + 0 · 31 + 0 · 32

1 = 1 · 30 + 0 · 31 + 0 · 32 2 = 2 · 30 + 0 · 31 + 0 · 32 3 = 0 · 30 + 1 · 31 + 0 · 32 4 = 1 · 30 + 1 · 31 + 0 · 32 5 = 2 · 30 + 1 · 31 + 0 · 32 6 = 0 · 30 + 2 · 31 + 0 · 32 7 = 1 · 30 + 2 · 31 + 0 · 32 8 = 2 · 30 + 2 · 31 + 0 · 32 9 = 0 · 30 + 0 · 31 + 1 · 32

10 = 1 · 30 + 0 · 31 + 1 · 32 11 = 2 · 30 + 0 · 31 + 1 · 32 12 = 0 · 30 + 1 · 31 + 1 · 32 13 = 1 · 30 + 1 · 31 + 1 · 32 14 = 2 · 30 + 1 · 31 + 1 · 32 15 = 0 · 30 + 2 · 31 + 1 · 32 16 = 1 · 30 + 2 · 31 + 1 · 32 17 = 2 · 30 + 2 · 31 + 1 · 32 18 = 0 · 30 + 0 · 31 + 2 · 32 19 = 1 · 30 + 0 · 31 + 2 · 32 20 = 2 · 30 + 0 · 31 + 2 · 32 21 = 0 · 30 + 1 · 31 + 2 · 32 22 = 1 · 30 + 1 · 31 + 2 · 32 23 = 2 · 30 + 1 · 31 + 2 · 32 24 = 0 · 30 + 2 · 31 + 2 · 32 25 = 1 · 30 + 2 · 31 + 2 · 32 26 = 2 · 30 + 2 · 31 + 2 · 32

Uma f´ormula para a matriz tern´ aria ´e dada a seguir

anj =

j n k j n k − 3 3j 3j+1 188


O sistema de numera¸c˜ ao de base N > 1 obt´em-se escolhendo um conjunto com N s´ımbolos: S = { s0 , s1 , . . . , sN−1 }. No sistema de base 10 usualmente toma-se S = { 0, 1, 2, . . . , 9 }. Se N ≤ 10, utilizam-se os s´ımbolos 0, 1, 2, . . . , 9 e se N > 10 utilizam-se os s´ımbolos 0, 1, 2, . . . , 9 e se introduzem s´ımbolos adicionais para representar 10, . . . , N − 1. Por exemplo, o sistema de numera¸c˜ ao hexadecimal (base 16), largamente utilizado em eletrˆ onica digital, usa 16 s´ımbolos: S = { 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F } A f´ormula a seguir generaliza as matrizes bin´ aria e tern´ aria para uma base N qualquer j n k j n k − N anj = Nj N j+1 Onde (fixado n), j = 0, 1, 2, . . . , ⌊logNn ⌋. Exemplo: Obter o desenvolvimento de 538 na base hexadecimal. Solu¸ c˜ ao: Para N = 16, temos ⌊log16538 ⌋ = 2. Ent˜ao, j 538 k j 538 k a538, j = − 16 , j = 0, 1, 2. 16j 16j+1 Temos j = 0 ⇒ a538, 0 = ⌊ 5380 ⌋ − 16⌊

538 160+1

⌋ = 538 − 16 · 33 = 10

j = 1 ⇒ a538, 1 = ⌊ 5381 ⌋ − 16⌊

538 161+1

⌋ = 33 − 16 · 2

=1

j = 2 ⇒ a538, 2 = ⌊ 5382 ⌋ − 16⌊

538 162+1

⌋ = 2 − 16 · 0

=2

16 16 16

Como 10 ≡ A, resulta, 538 = (A 1 2)16 . Na tela a seguir programamos a matriz N -´aria

na tela da direita algumas simula¸c˜oes na base N = 3 e N = 16. Nota: Deduzi a matriz N -´ aria em abril/1999 (Ver [2]).

189


3.9

Algumas fun¸ c˜ oes especiais

Neste t´ opico vamos arrolar mais algumas fun¸c˜oes da HP Prime que julgamos relevantes no contexto da programa¸c˜ao.

3.9.1

A fun¸ c˜ ao apply

Aplica um vetor (ou lista) − do dom´ınio de uma fun¸c˜ao − no c´alculo dos valores da fun¸c˜ ao Sintaxe apply ( Var → f(Var),

vetor)

Por exemplo

Na tela da direita mostramos como acessar a setinha − encontra-se “sob” a tecla de n´ umero 9. No lugar do vetor pode ser uma lista. Nas telas a seguir utilizamos esta fun¸c˜ ao para calcular duas “tabelas trigonom´etricas”, do seno e do cosseno:

Nota: Sua calculadora deve estar fixada no modo Exact, p. 144. As tabelas trigonom´etricas constantes nos livros n˜ ao trazem alguns “arcosπ o metade”, como, por exemplo, 15 = 12 , na HP Prime ´e f´acil, veja:

190


3.9.2

A fun¸c˜ ao REPLACE

REPLACE Substitui parte de uma matriz ou vetor guardados em nome por um objeto a partir da posi¸c˜ ao in´ıcio. In´ıcio para uma matriz ´e uma lista que cont´em dois n´ umeros. Para um vetor, ´e um u ´ nico n´ umero. REPLACE tamb´em funciona com listas, gr´ aficos e strings. Sintaxe REPLACE(nome, in´ ıcio, objeto) Nas telas a seguir, vemos dois exemplos

Observe mais duas substitui¸c˜ oes

Lembrete: N˜ao esque¸ca de resetar as letras, se necess´ario.

191


Tabela trigonom´ etrica Vamos montar uma tabela trigonom´etrica do seno. Considere novamente a tela a seguir

a direita criamos uma matriz, que vai ser a tabela ao final. ` A seguir, criamos uma matriz que cont´em os valores do dom´ınio

a direita calculamos o seno para esta matriz. ` A seguir, crie uma vari´ avel VC, clique em cima do u ´ ltimo vetor (matriz) e guarde uma c´ opia nesta vari´ avel

na tela da direita substituimos a primeira coluna da matriz MTR pelo transposto do vetor VD.

192


Este u ´ ltimo resultado salvamos em MTR

na tela da direita substituimos em MTR o transposto do vetor VC. A seguir salvamos esta u ´ ltima matriz em MTR

na tela da direita colocamos uma “legenda” na tabela. Opcionalmente, podemos ver a tabela na horizontal, tomando o transposto, assim

Clique em cima da tabela e pe¸ca para ver (Show)

193


Vamos encimar a tabela com grau, no lugar de radiano. Para isto salvamos a tabela em uma nova vari´ avel. Digite na linha de entrada como a seguir

Apenas a t´ıtulo de curiosidade, veja como nos “tempos primitivos” calculavaπ . Vamos partir da f´ormula se, por exemplo, o seno de 15o = 12 sen

a 2

=

r

1 − cos a 2

Substituindo nesta f´ormula a = 30o , obtemos 30o r 1 − cos 30o = sen 2 2 Ent˜ ao

Simplificando,

sen 15o =

s

1− 2

3 2

√ 2− 3 sen 15 = 2 Na tela a seguir, pedimos para a HP Prime calcular o seno de 15o o

p

mude sua calculadora para grau (Degrees) na tela da direita pedimos para ela simplificar o resultado obtido pela f´ormula, para efeito de compara¸c˜ao. 194


3.9.3

A fun¸c˜ ao Map

Segundo o manual (da HP Prime ): Existem duas utiliza¸c˜ oes para esta fun¸c˜ao, nas quais o segundo argumento ´e sempre um mapeamento de uma vari´ avel para uma express˜ ao. Se a express˜ ao for uma fun¸c˜ ao da vari´ avel, a fun¸c˜ao ´e aplicada a cada elemento do vetor ou matriz (o primeiro argumento) e ´e apresentado o vetor ou matriz resultante. Se a express˜ ao for um teste booleano, cada elemento do vetor ou matriz ´e testado e os resultados s˜ ao apresentados como um vetor ou matriz. Cada teste apresenta 0 (falha) ou 1 (aprova¸c˜ao). Sintaxe map ( Matrix, Var → Fun¸ c~ ao) Ou map ( Matrix, Var → Teste) Em seguida o manual fornece os dois exemplos seguintes

Na tela da direita acrescentei mais um exemplo. O manual n˜ ao fornece nenhum exemplo de um caso onde o primeiro argumento da map seja uma matriz; fiz algumas tentativas, no entanto, pelas respostas, n˜ ao encontrei uma “l´ogica”, um padr˜ao. Por exemplo, na tela a seguir

apliquei a fun¸c˜ ao x → 2 x ` a matriz de entrada, o resultado foi o esperado: cada elemento da matriz ´e multiplicado por 2. Quando apliquei a fun¸c˜ao 195


x → x−1, eu esperava que cada elemento da matriz fosse subtraido de 1, isto aconteceu apenas com os elementos da terceira coluna. Na matriz da direita temos duas outras simula¸c˜oes, apenas a segunda me ´e intelig´ıvel; de formas que a explica¸c˜ ao do manual para mim ficou um tanto quanto nebulosa; cansado de tentar encontrar uma l´ogica decidi criar a minha pr´ opria fun¸c˜ao “map”, isto ´e, uma que atenda ao enunciado “Se a express˜ ao for uma fun¸ca ˜o da vari´ avel, a fun¸ca ˜o ´e aplicada a cada elemento da matriz (o primeiro argumento) e ´e apresentado a matriz resultante.” A fun¸c˜ ao que criei tem a seguinte: Sintaxe mapii ( Matrix, Var → express~ ao) ei-la:

a direita temos duas simula¸c˜oes. `

3.9.4

A fun¸ c˜ ao Zip

Aplica uma fun¸c˜ ao bivariada aos elementos de duas listas ou vetores e apresenta os resultados num vetor. Sem o valor predefinido, o comprimento do vetor ´e o m´ınimo dos comprimentos das duas listas. Com o valor predefinido, a lista mais curta ´e preenchida com o valor predefinido. Sintaxe: zip(‘function’ , List1, List2, Default)

196


3.9.5

A fun¸c˜ ao remove

Dado um vetor ou lista, remove as ocorrˆencias de Valor ou remove os valores que tornam o Teste verdadeiro e apresenta o vetor ou lista resultante. Sintaxe: remove(Value, List) ou remove(Test, List) Veja os dois exemplos seguintes

Aqui cabe uma pergunta: e se quisermos eliminar na lista do exemplo os x tais que x ≤ −2 e x ≥ 2 ?. Basta concatenar remove, assim:

197


3.9.6

A fun¸ c˜ ao solve

A fun¸c˜ ao solve − e outras que nos interessam − pode ser acessada na caixa de ferramentas, assim:

Ademais, escolha a configura¸c˜ao da tela `a direita. Solve: Apresenta uma lista das solu¸c˜oes (reais e complexas) de uma equa¸c˜ao polinomial ou de um conjunto de equa¸c˜oes polinomiais. Sintaxe: solve(Eq,[Var])

ou

solve(Eq1, Eq2,. . . , [Var])

Nas telas a seguir, temos alguns exemplos

Como um outro exemplo, na tela a seguir pedimos para resolver a equa¸c˜ ao quadr´ atica, a x2 + b x + c = 0

Na tela da direita criamos uma fun¸c˜ao (programa) para resolver uma equa¸c˜ao quadr´ atica, vemos uma simula¸c˜ao. 198


Tabela-Resumo Comando

Sintaxe

p.

MAKELIST

MAKELIST (express˜ ao, vari´ avel, inicio, fim, incremento)

153

MAKEMAT (express˜ ao, linhas, colunas) P Somat´ orio (express˜ ao, vari´ avel, in´ıcio, fim)

164

FOR

FOR contador FROM in´ıcio TO fim DO cla´ usula c´ıclica END

173

FOR-STEP

FOR variavel FROM in´ıcio TO fim STEP h DO cla´ usula c´ıclica END

174

WHILE

WHILE cla´ usula de teste

177

IF-THEN

usula de teste IF cla´

THEN comandos END

178

IF-THENELSE-END

IF cla´ usula de teste

THEN cla´ usula verdadeira ELSE cla´ usula falsa

180

MAKEMAT

DO comandos END

161

END apply

apply ( Var → f(Var),

map

map ( Matrix, Var → Fun¸ c~ ao)

195

REPLACE

REPLACE(nome, in´ ıcio, objeto)

191

Zip

zip(‘function’ , List1, List2, Default)

196

remove

remove(Test, List)

197

solve

solve(Eq, Var)

198

vetor)

199

190


Um Belo Desafio! - II − A quem interessar possa. Introdu¸ c˜ ao: 12

Considere a sequˆencia dos quadrados dos naturais

22

32

42

52

62

72

...

No diagrama a seguir 1

4

9

16

25

36

49

...

3

5

7

9

11

13

...

2

2

2

2

2

...

produzimos duas diferen¸ cas entre os termos da primeira sequˆencia. Considere a sequˆencia dos cubos dos n´ umeros naturais 13

23

33

43

53

63

73

...

No diagrama a seguir 1

8

27

64

125

216

343

7

19

37

61

91

127

...

12

18

24

30

36

...

6

6

6

6

...

...

produzimos trˆ es diferen¸ cas entre os termos da primeira sequˆencia.

Desafio: Considere a sequˆencia dos naturais `a m-´esima potˆencia: a(n) = nm , onde m ´e um natural arbitrariamente fixado. Fa¸ca um programa onde entramos com m e j e o mesmo saia com uma f´ormula para a sequˆencia que corresponde ` a diferen¸ca de ordem j da sequˆencia a(n) = nm . Nota: Resolvemos este Desafio na HP Prime . Na tela da esquerda fazemos duas simula¸c˜ oes para o primeiro diagrama acima, a(n) = n2 . Na tela do centro fazemos duas simula¸c˜oes para o segundo diagrama acima, a(n) = n3 . Na tela da direita, a partir da f´ormula dada geramos os 10 primeiros termos das respectivas sequˆencias.

Gentil, o iconoclasta gentil.iconoclasta@gmail.com

Boa vista-RR/07.08.2016

200


´ Polinˆ omio – Algebra

3.10

Quociente Apresenta um vetor que cont´em os coeficientes do quociente euclidiano de dois polin´ omios. Os polin´ omios podem ser escritos como uma lista de coeficientes ou em forma simb´ olica. Sintaxe: quo(List1, List2, [Var]) ou quo(Poli1, Poli2, [Var])

Resto. Apresenta um vetor que cont´em os coeficientes do resto do quociente euclidiano de dois polinˆ omios. Os polinˆ omios podem ser escritos como uma lista de coeficientes ou em forma simb´ olica. Sintaxe: rem(List1, List2, [Var]) ou rem(Poli1, Poli2, [Var]) Antes de exemplificar na Calculadora, vejamos um exemplo, “na m˜ ao”; vamos dividir os dois polinˆ omios a seguir, x4 + 2x3 + 3x2 + 4x

e

− x2 + 2x

Veja como fica x4 + 2x3 + 3x2 + 4x

−x2 + 2x

−x2 − 4x − 11 ← (quociente)

−x4 + 2x2 4x3 + 3x2 + 4x

+ :

−4x3 + 8x2 11x2 + 4x

+ :

−11x2 + 22x + :

26x

← (resto)

201


Na HP Prime fica assim

Na tela da direita temos um outro exemplo.

Grau. Apresenta o grau de um polinˆ omio. Sintaxe: degree(Poli) Exemplos:

Coef. MDC. Apresenta o m´ aximo divisor comum (MDC) dos coeficientes de um polin´ omio. Sintaxe: content(Poli,[Var]) Exemplos:

202


ratnormal Reescreve uma express˜ ao como uma fra¸c˜ao racional irredut´ıvel. Sintaxe: ratnormal(Expr)

Fra¸c˜ ao parcial Realiza a decomposi¸c˜ ao de uma fra¸c˜ao em fra¸c˜oes parciais. Sintaxe: partfrac(RatFrac) Exemplos:

Gentil, bom dia!

∗ (email: 11/06/2012)

Aproveitei esses feriados estendidos em SP e li bem seu livro. Pratiquei todos os exerc´ıcios propostos e pratiquei todos os programas. Foi muito bom mesmo. Aprendi muito! [. . .] N˜ ao sou matem´ atico, sou engenheiro mecˆ anico formado em 1975. Na minha ´epoca de faculdade, n˜ ao havia calculadoras ainda. Tudo era feito na r´egua de c´ alculo ou no l´ apis e borracha. A minha Aristo tenho at´e hoje. [. . .] Apesar de eu j´ a me encontrar no fim da linha (fim de carreira - 60 anos), ainda tenho disposi¸ca ˜o para aprender. Pedir ao Ariovaldo (Siqueira) para que me enviasse uma foto da sua r´egua para que eu pudesse mostr´a-la aos meus alunos. Ele respondeu: Em anexo encontra-se para sua aprecia¸ca ˜o o seu pedido. Tenho duas r´eguas de c´ alculo, a Aristo e a Sterling Slide Rule. Na ´epoca eu fazia tudo com elas em engenharia, ambas eu comprei em 1970 e as usei at´e 1978. Depois aposentei as duas e comprei minha primeira Texas. (ver foto p. 205)

203


Gentil Lopes <gentil.silva@gmail.com>

Livro HP50g 1 mensagem Cleber Pertel <cleber.pertel@uol.com.br> 9 de maio de 2013 22:11 Para: gentil.silva@gmail.com Professor Gentil, Chamo-me Cleber e sou acadˆemico do curso de Engenharia Qu´ımica da Universidade Federal do Paran´ a. Estou escrevendo para o senhor para parabeniz´ a-lo pela sua obra “Programando a HP - 50g”. Esse livro ´e fant´astico! Tem me ajudado muito. Confesso que quando necessitei comprar a referida calculadora, senti-me extremamente ignorante. Tinha a ferrari, mas me sentia andando num monociclo. O seu livro fez toda a diferen¸ca no caminho que percorri para adentrar no fant´astico mundo da programa¸c˜ao. Embora meus passos ainda sejam mod´estos, tornaram-se firmes gra¸cas `a sua preciosa ajuda. Embora n˜ ao seja seu aluno fisicamente, sinto-me tal e qual, pois o senhor, atrav´es do seu livro, tornou-se indispens´ avel em minha vida acadˆemica, da mesma forma que os mestres que possuo na universidade. Infelizmente n˜ ao estamos pr´ oximos, pois eu gostaria muito de um aut´ ografo seu, mas, de qualquer forma, receba com estas palavras meu carinho e gratid˜ ao por uma obra t˜ ao rica que, humildemente, fala aos iniciantes (categoria na qual estou inclu´ıdo) e, mais do que isso, nos abre as portas do interesse e da curiosidade para adentrar nesse mundo ´ımpar que o seu livro conduz-nos os primeiros passos, quando estes ainda s˜ ao vacilantes. Que Deus o aben¸coe! Um forte abra¸co, com votos de paz, Cleber Pertel

204


Uma diferen¸ ca (evolu¸ ca ~o) abissal!

Foto-Ariovaldo

205


206


Referˆencias Bibliogr´aficas

[1] Silva, Gentil Lopes. N´ umeros n˜ ao euclidianos (Vers˜ ao 3D), 2018. Publica¸c˜ao Eletrˆonica. [2] Silva, Gentil Lopes. Novas Sequˆencias Aritm´eticas e Geom´etricas (Com programa¸ca ˜o na HP Prime ). 2 a Edi¸c˜ao, 2016. Publica¸c˜ao Eletrˆonica. [3] Silva, Gentil Lopes. Teoria da Relatividade Ontol´ ogica e Epistemol´ ogica. Publica¸c˜ ao eletrˆ onica, 2016. [4] Boyer, Carl Benjamin. Hist´ oria da Matem´ atica. S˜ ao Paulo - Edgar Bl¨ ucher, 1974. ´ oquio Bra[5] Bernardo Felzenszwalb. Algebras de Dimens˜ ao Finitas. 12o Col´ sileiro de Matem´atica. IMPA, 1979. [6] Fundamentos de matem´ atica elementar (por) Gelson Iezzi (e outros). S˜ ao Paulo, Atual Ed., 1977. V.6. Complexos, polinˆ omios, equa¸c˜oes. [7] Garbi, Gilberto G. O romance das equa¸co ˜es alg´ebricas. S˜ ao Paulo: Editora Livraria da F´ısica, 2010.

207


´Indice Remissivo

A Identidade de um Elemento, 120 Allan Calder, f´e, 132 Bachelard, 9 Bandidos, pol´ıticos, 121 Calculadora HP Prime, 20 Chaitin, 133 Chinesa, matem´ atica, 131 Combina¸c˜ oes, 183 Computa¸c˜ ao alg´ebrica, 20 Conjuntos, Estruturas, 118 Defini¸c˜ ao de n´ umero, 127 Desafio para as f´erias, 115 Desafios Um Belo Desafio, 157 -II, 200 Desenvolvimento N -´ ario, 186 Divis˜ao por zero, 49 ECR, 127 Email Ariovaldo, 203 Email Cleber, 204 Engenharia Matem´atica, 9 Escolas Matem´aticas, 128 Escolas matem´ aticas, 128 F´ormula do Iconoclasta, 111 F´ormula in´edita, 92 Forma alg´ebrica, 42 Forma trigonom´etrica, 58 Frege, vergonha, 117 Fun¸c˜ ao sinal, 14

G. H. Hardy, Metaf´ısica, problema, 132 G. H. Hardy, Platonista, 132 Gaston Bachelard, 9, 93 Gentil F´ormula in´edita, 92 Hardy, 132 Gottlob Frege, 117 Gr´ aficos, 181 Gregory Chaitin, 133 Henri Poincar´e, 4 HP PRIME Adendo (Resetar), 147 apply, 190 FOR, 172, 173 FOR-STEP, 174 Fra¸c˜ao irredut´ıvel (limite), 203 Fra¸c˜ao parcial, 203 IF - THEN - ELSE - END, 179, 180 IF - THEN - END, 178 Listas, 151 MAKELIST, 153 MAKEMAT, 161 map, 195 mapii, 196 Matrizes, 158 Menus Toolbox, 155 Polinˆ omios, 201 remove, 197 REPLACE, 191 Resetar vari´ avel, 147 208


SIZE (distintos), 163 Solve, 198 Somat´ orios, 164 Tabela seno, 192 Tabela-Resumo, 199 Vetores, 163 WHILE, 176, 177 Zip, 196

Radicia¸c˜ao, 79 Ratazanas, 121 Richard Courant, 123 TAP, chinˆes, 131 ´ Teorema Fundamental da Agebra, 6 Transforma¸c˜ao de coordenadas, 59 Tribo ind´ıgena, 131

Isomorfismo, 122

Unidade hiperimagin´aria, 41

Joaquim Canto, 131

V´ırus, 128

Lei do Terceiro Exclu´ıdo, 129 Listagem dos programas, 116

Xadrez, 120

Maharaj, 93 Marcelo Malheiros Para uma consciˆencia, 130 Mario Livio, 6 Matem´atica chinesa, 131 Matem´atica, ECR, 131 Matriz N -´ aria, 189 Matriz Bin´ aria, 186 Matriz Tern´ aria, 188 Milagre, 43 Milagre aos olhos . . . , 43 N´ umero, defini¸c˜ ao, 127 N´ umeros de Cayley, 13 Plotando gr´ aficos, 181 Poincar´e, 4 Postulado da TROE, 130 Potencia¸c˜ ao, 71 Problema Cl´ assico, 113, 114 Programas, listagem, 116 Proposi¸c˜ ao n˜ ao euclidiana, 39 Propriedade n˜ ao euclidiana, 38 Quadro amarelo nne-2D, 14 nne-3D, 126 Quociente m´ agico, 48 R´eguas de C´ alculo, 205 209



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