
1 minute read
Erica Modesto
from Objetos Afetivos
by Adri Vianna
Rio de Janeiro, RJ
@erica_modesto
Advertisement
Fotógrafa, diretora de audiovisual e produtora cultural carioca em atuação desde 2008. Seu trabalho artístico autoral explora temas como a memória, a efemeridade e o erotismo através de autorretratos, experimentações com técnicas botânicas e colagem.

As imagens diante da vela vieram provocadas pela falta de luz no dia de realizar o trabalho do curso, que me colocou diante do castiçal para iluminar a casa e os afazeres e que acabou por me fazer recordar a relação intensa que tenho com as velas e o fogo.
Sempre gostei de olhar velas queimando, acho lindo o fogo dançando diante de mim, e talvez por isso sempre tenha gostado de acender velas em casa como um ritual de conexão com minha espiritualidade e minha força pessoal.
O calor do fogo me faz sentir muito viva, ao mesmo tempo em que é impossível não me relacionar com o fato de que ele consome a matéria e o oxigênio ao redor, fazendo desaparecer a vela e fazendo restar apenas a fumaça.
Foi a partir da metáfora do esvair-se do fogo que criei a narrativa fotográfica enviada, na qual vou me desmaterializando diante da vela até não restar mais nada, exceto a chama, que usa meu ar, minha presença, para manter-se viva e dançante até que exista apenas a escuridão.
Sigo invisível ali, no breu, na fumaça, no cheiro da parafina derretida, no silêncio da falta de eletricidade. A luz vai retornar e vou reaver meu corpo uma vez mais, mas a sensação de não me achar no escuro faz das trevas um lugar menos desconhecido para se frequentar.
Érica Modesto








‘Libertar’ era uma palavra imensa, cheia de mistérios e dores”
Clarice Lispector