19 minute read

PAINEL

Next Article
ESTANTE

ESTANTE

FATOS

CENTRO DE REABILITAÇÃO

O AdventHealth Waterman, hospital adventista localizado em Tavares, na Flórida (EUA), inovou no atendimento a pacientes que necessitam de vá rias horas de terapia por dia e de acesso a tratamento multidisciplinar para se recuperar de lesões. Entre os diferenciais estão as acomodações que simulam o ambiente real das pessoas e as estimulam a praticar atividades cotidianas. Nos últimos anos, a instituição adventista investiu cerca de 85 milhões de dólares em 10,3 mil m² de área construída e em novos serviços.

Antes de cuidar da obra, a gente tem que cuidar do obreiro. O meu desafio pra eles hoje, não foi falar sobre trabalho, projetos e alvos. Foi falar sobre eles e sobre o quanto a Igreja quer ajudá-los a crescer pra serem os pastores que a Igreja precisa neste momento.

Erton Köhler, líder sul-americano da Igreja Adventista, no concílio que reuniu administradores e pastores da sede da denominação para o Centro-Oeste do Brasil, nos dias 26 a 29 de janeiro

RESTAURANTE VEGETARIANO

PRIMEIRA IGREJA

Em janeiro, 32 voluntários participaram de um projeto missionário em Puerto Williams, a cidade mais austral do mundo. Entre as diversas ações comunitárias realizadas no território chileno, que fica próximo da Antártica, esteve uma feira de saúde que beneficiou 70 moradores. Agora, dois membros da equipe que permaneceram no local irão conti nuar o trabalho com o objetivo de plantar lá a primeira igreja adventista.

Mais do que um empreendimento comercial, o Pulse Café, aberto por empresários adventistas em Hadley, Massachusetts (EUA), nasceu com o propósito de ser um centro de influência em uma região bastante secularizada. Eleito o melhor restau rante vegetariano da região, o espaço moderno e convidativo, que recebe, em média, entre 600 e 800 pessoas somente aos domingos, tem mostrado uma maneira melhor de viver e que brado preconceitos em relação à mensagem adventista.

OLHAR DIGITAL

NOVO DOCUMENTÁRIO

DATA

25 A 28 DE MARÇO

Data em que será realizado o 1 o Simpósio Internacio

nal do Dom de Profecia, no Unasp, campus Engenhei

ro Coelho (SP). Promovido pela sede sul-americana da igreja e o Centro de Pesquisas Ellen G. White, o evento receberá diversos palestrantes nacionais e internacio nais. Para mais informações sobre o evento, acesse: bit.ly/3826J4p.

Lançado em janeiro, Vidas Entre Páginas conta a dramática história do adventismo na Ucrânia durante o período do regime comunista. Com várias cenas e entrevistas gravadas na Europa, o documentário produzido pelo centro de mídia da sede adminis trativa da igreja para a região central do Paraná mostra que, em meio à intolerância perpetrada atrás da “cortina de ferro”, a família Samoylenko decidiu se manter fiel e pregar a mensagem adven tista mesmo sob risco de captura, prisão e morte. Dividida em três partes, totalizando 1h15 de duração, a produção audiovisual é narrada por uma ucraniana que vive no Brasil e é descendente dos pioneiros do adventisno no país. Acesse: bit.ly/36ZQLGz.

CURTA-METRAGEM PREMIADO

A produção australiana God of Hope (Deus da Esperança) levou o prêmio de “Melhor Documentário” no New York Cinematography Awards (NYCA), festival de cinema independente. Roteirizado por Mariana Venturi, brasileira que vive na Austrália, o curtametragem (28 min.) explora o conceito de esperança a partir do olhar de três fotógrafos que realizaram um ensaio para a exposi ção God of Hope no Hospital Adventista de Sydney. Para assistir ao vídeo (disponível apenas em inglês), acesse: godofhope.org.au.

A ciência tem uma versão do sentido da vida que não é interessante em termos existenciais. É se reproduzir e basta. Obviamente, o ser humano precisa de muito mais do que isso e essa busca por sentido não é necessariamente uma questão científica. [...] Cada um de nós precisa ter uma razão para acordar todos os dias e ir para o mundo.

Marcelo Gleiser, brasileiro que atua como professor e pesquisador no Dartmouth College, em entrevista ao site da revista Trip

3% foi o crescimento líquido obtido pela Igreja Adventista na América do Sul em 2019, na comparação com o ano anterior. Vale lembrar que a denominação no continente havia fechado 2017 e 2018 com um aumento do número de membros abaixo de 1%.

GENTE

NOTA DEZ PREMIADO NA HUNGRIA

Além de conseguir vaga no curso de Medicina da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), o estudante Davi Martins Cutrim também pôde testemunhar através da redação do vestibular. No texto, que recebeu nota máxima, ele usou conceitos do livro A Ciência do Bom Viver, de Ellen G. White, para desenvolver o tema propos to: “A importância do brincar e do divertir-se para o pleno desenvolvimento humano”.

BODAS DE OURO (50 ANOS)

De Francisco Borges e Enedina dos Santos Borges, em cerimônia rea lizada no dia 23 de dezembro pelo pastor Michelson Borges (filho do casal), em Criciúma (SC). Eles têm três filhos e seis netos.

BODAS DE ESMERALDA (40 ANOS)

De Otoniel Almeida Fonseca e Gilca Marques Fonseca, em cerimônia realizada em Hortolândia (SP) pelo pastor Carlos Alberto Palma, tam bém oficiante do casamento. O casal, que serviu no ministério por 40 anos, tem dois filhos.

21.000 foi o número de voluntários que trocaram as férias pela Missão Calebe na Bahia e em Sergipe.

60% foi quanto cresceu a população em situação de rua na cidade de São Paulo nos últimos quatros anos, de acordo com um levantamento inédito realizado pela prefeitura. O apoio pastoral oferecido por Jenő Szigeti a diver sos grupos minoritários ao longo de seu ministério foi reconhecido durante cerimônia organizada pela Federação das Comunidades Judaicas Húngaras no dia 16 de janeiro. Na ocasião, o atual líder da igre ja no país recebeu das mãos do vice-embaixador da Suécia e do vice-ministro do governo húngaro o prêmio concedido pela Associação Wallenberg, entidade criada em homenagem ao diploma ta sueco que salvou milhares de judeus durante a ocupação nazista.

O Criador proveu uma abundância de frutas e grãos que são adequados para manter sua pressão arterial baixa e agradável. Mas a dieta moderna é exatamente o oposto.

David R. Williams, líder do Departamento de Ciências Sociais e Comportamentais da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, em um congresso de saúde promovido pela Divisão Norte-Americana nos dias 22 a 25 de janeiro

Revista Adventista // Março 2020 Fotos: arquivo pessoal / Hungarian Union Conference

INTERNACIONAL

PROJETO NA MONGÓLIA

Líderes da igreja no país asiático lançaram a pedra fundamental do Gateway International Education Corporation, em Ulan Bator, edifício que está sendo construído para abrigar várias ati vidades ligadas à missão adventista e à comunidade. No novo complexo funcionarão uma escola internacional de ensino médio, uma escola profissionalizante, um centro de bem-estar e um cen tro agrícola.

6.000 Número de estudantes do ensino médio na rede pública que disseram não aos vícios e práticas nocivas durante passeata organizada por quase 200 estudantes da Universidade Adventista das Filipinas (AUF). O tema da manifestação foi “Simplesmente Escolho Não Usar”. O movimento Anti-Consumo do Fumo, Álcool e Drogas (SADFREE) é uma parceria entre a instituição de ensino superior da igreja, o município de Silang e os Serviços Comunitários Adventistas da Missão Adventista na província de Cavite.

80 ANOS

Foi o que celebrou a Universidade do Oriente Médio (MEU, na sigla em inglês), localizada na capital do Líbano, Beirute. O programa comemorativo, realizado nos dias 15 a 17 de novembro, foi marcado por homenagens aos visionários que investiram recursos e se sacrificaram para formar gerações de missionários para atuar no Oriente Médio e no Norte da África, regiões onde os cristãos são minoria. Também foi lem brada a dedicação daqueles que lideraram a escola durante os 15 anos da devastadora guerra civil do Líbano.

340.000 Número de ouvintes de um programa popular de rádio em Tokyo (Japão) que recentemente abriu espaço para que médicos do hospital adventista da cidade tirassem dúvidas sobre saúde. Foi a primeira vez que a emissora Nippon Broadcasting convidou representantes de uma denominação religiosa para falar no horário de maior audiência.

Depois de servir como professora por 34 anos, pensei que já tivesse concluído meu ministério, mas Deus ainda estava reservando a maior aventura missionária da minha vida.

Belinda Ennes, professora norte-americana que, depois de aposentada, se dispôs a dirigir a escola adventista da ilha de Yap, nas Ilhas Carolinas, arquipélago do Oceano Pacífico

COMO EVITAR QUE CRENÇAS DISTORCIDAS SOBRE DEUS AFASTEM AS PESSOAS DA IGREJA

GERALD A. KLINGBEIL

Aconteceu durante os momentos de oração na igreja. O pregador começou sua prece assim como a maioria das orações começa. “Nosso querido Pai celestial”, ele disse, “obrigado por seres nosso Pai.”

Foi aí que tudo em torno dela parou. Ali, sentada em um dos bancos, ela foi transportada de volta a um passado escuro e doloroso. Memórias indesejáveis inundaram sua mente. Ela se lembrou das marcas em sua pele. De novo, ouviu os gritos irracionais e, outra vez, sentiu o medo incontrolável e o hálito forte provocado pelo álcool ao ele se aproximar. O gosto das próprias lágrimas voltou à sua boca ao se lembrar das coisas horríveis e vergonhosas que lhe aconte ceram no escuro.

Pai? Uma sensação de náusea tomou conta dela. Instintivamente, a única certeza que tinha era de que ela não queria nada com um Pai celestial. Silenciosamente, ela se levantou e saiu da igreja, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

CRENÇAS NOCIVAS Recentemente, aprendi uma palavra nova: “toxidade”. O dicionário Michaelis define o termo como “qualidade ou caráter daquilo que é tóxico”. É o grau em que qualquer substância (ou mistura de substâncias) pode causar dano a um organismo. Alguns produtos químicos são bem conhecidos pelo potencial de causar intoxicação. É o caso do amianto, formaldeído, arsênico e chumbo. Ou é possível que já tenhamos ouvido falar dos efeitos do envenenamento pelo mercúrio, pelo BPA (Bisfenol A) dos plásticos ou pelo cloro. Muitos desses tóxicos estão presentes, de forma natural, em nosso ambiente. Em quantidades suficientemente pequenas, no entanto, eles não representam risco para a saúde.

Contudo, mesmo as coisas boas das quais precisamos para nossa sobrevivência diária podem se tornar venenosas quando consumidas na dose errada. Os seres humanos morrem quando não recebem hidratação suficiente. Muita água, no entanto, também pode levar à morte por um desequilíbrio eletrolítico, que faz com que as células do cérebro inchem e bloqueiem o fluxo regular de sangue.

Algumas pessoas têm um limite de resistência mais alto em relação aos tóxicos presentes no meio ambiente, enquanto outras têm um limite mais baixo. A toxicidade crônica é o desenvolvimento de efeitos adversos que resultam da exposição de longo prazo a um agente tóxico ou a outro fator de estresse. De forma lenta, o agente tóxico afeta negativamente o corpo, levando à morte.

A toxicidade não se limita ao domínio físico. Ideias, valores, relacionamentos ou emoções podem se tornar componentes de uma mistura “tóxica”, levando a más decisões ou a um comportamento destrutivo. Jonestown e Waco demonstraram que a toxicidade pode envolver ideias religiosas distorcidas e deturpadas. A imagem que temos de Deus (ou Gottesbild, conforme a expressão usada pelos teólogos) é outra arena em que ideias e noções errôneas podem levar a comportamentos tóxicos que afetam os outros. Infelizmente, não existe um dispositivo facilmente acessível que possa medir a “toxicidade da mente”. Só podemos vê-la na maneira de nos relacionarmos com nós mesmos e com os outros.

MENTALIDADE TÓXICA O livro de Jonas relata que Deus convocou o profeta para que ele levasse uma mensagem específica ao povo de Nínive (Jn 1:2; 3:2). O sermão de Jonas foi, na verdade, uma mensagem direta, sem misericórdia, sobre o juízo: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida!” (Jn 3:4). Jonas foi um dos genuínos e fidedignos profe tas de Deus do 9º século a.C., cujo ministério em Israel era bem conhecido e altamente res peitado (2Rs 14:23-25). Deus o havia usado no passado e pretendia usá-lo novamente nessa missão tão especial.

Jonas, no entanto, não queria ir. Sua tentativa de fugir “da presença do SENHOR” (Jn 1:3; o hebraico diz, literalmente, “de diante da face do Senhor”) foi malfadada desde o início e terminou num mergulho dramático nas profundezas do mar (v. 4-15). Jonas simplesmente não queria ir a Nínive. Ele não estava pronto para falar da graça de Deus para os embrutecidos assírios, mesmo que fosse na forma de um aviso quanto ao juízo iminente.

Passados os 40 dias sem que Deus destruísse a cidade – graças ao arrependimento de Nínive – testemunhamos uma discussão acalorada entre Jonas e seu Senhor. “Ah! SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha

terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-Se, e grande em benignidade, e que Te arrependes do mal” (Jn 4: 2). Traduzindo: Deus, eu sabia que Teu coração é mole e que não farias o prometido. Foi por isso que eu quis ir na direção oposta. A culpa é Tua.

Até onde uma mentalidade tóxica é necessária para que um “homem de Deus” (um dos títulos oficiais dos profetas do Antigo Testamento, cf. 1Sm 2:27; 9:6) discuta com Deus sobre o fato de Sua graça ser concedida ao inimigo, ao estrangeiro e, talvez, até ao vizinho? Até que ponto o ódio precisa ferver perversamente em nosso coração para que não possamos sequer compreender a graça de Deus para com aqueles que nos magoaram? Sabemos pelos registros históricos daquele período que os assírios eram cruéis. Eles não eram nada delicados, mas sim abusivos, brutais e desalmados – tudo o que Deus não é. No entanto, eles também foram objetos do amor e da graça de Deus.

A história de Jonas nos fornece uma visão do que vem a ser a mentalidade tóxica, que retribui o mal com o mal. Porém, Deus nunca desistiu do profeta. Seu diálogo com Jonas contém uma repreensão, ainda que suave. Suas perguntas visam a iniciar uma conversa, plantar uma semente e dar início a uma transformação. A existência do relato das tentativas equivocadas de Jonas de fugir de Deus e de sua missão bemsucedida de evangelizar Nínive sugere que o profeta finalmente entendeu tudo, e que acabou decidindo escrever sobre sua tolice para que UMA IMAGEM DISTORCIDA DE DEUS NOS LEVA A REPRESENTÁ-LO DE FORMAS QUE PODEM SER CONSTRANGEDORAS, DESENCORAJADORAS OU ATÉ PERTURBADORAS

isso servisse de lição para as gerações futuras dos filhos de Deus.

Outra narrativa do Antigo Testamento que oferece uma visão ainda mais profunda quanto às atitudes tóxicas é relatada no livro do Êxodo. Já fazia tempo que Moisés tinha partido. As pessoas ficavam olhando para o Monte Sinai e, depois, uns para os outros, imaginando se e quando o líder iria voltar. Então, um dia eles se reuniram em torno de Arão e pediram que ele fizesse algo que fosse mais visível para eles. “Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido” (Êx 32:1).

Arão cedeu prontamente, talvez por temer pela própria vida. Depois de receber joias do povo, ele fabricou um bezerro de ouro e declarou: “São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito” (v. 4).

Merece reflexão o fato de Arão ter sido tão facilmente influenciado e de Israel ter se deixado seduzir com a representação visual de um deus que se encaixava em suas necessidades e expectativas. “Poucos dias apenas se haviam passado desde que os hebreus fizeram um concerto solene com Deus, para obedecerem à Sua voz”, escreveu Ellen White. “Tinham estado a tremer de terror diante do monte, ouvindo as palavras do Senhor [...]. A glória de Deus ainda pairava sobre o Sinai à vista da congregação; mas desviaram-se e pediram outros deuses” (Patriarcas e Profetas, p. 225). Essa história também nos leva a pensar na profundidade das convicções. O que vemos não é uma confiança embasada na fé na liderança divina, mas uma profunda dúvida oculta que leva a uma gritante idolatria. Intelectual e emocionalmente, Israel ainda estava no Egito. Por terem experimentado, no passado, as emoções intoxicantes da adoração e dos rituais egípcios, os israelitas conheciam as miríades de divindades egípcias. Um bezerro de ouro significava um atalho mental e físico da volta ao Egito. A adoração pode se tornar um veículo para o que é familiar. Em vez da mudança radical da cosmovisão implícita no pacto de Deus com Seu povo, eles optaram por ficar no mesmo lugar. A maioria de nós aprecia o que é familiar. Gostamos de andar pelos caminhos conhecidos. Sentimo-nos seguros quando podemos organizar e entender nosso mundo. Os israelitas também passaram por isso e, repetidas vezes, desejaram voltar para o Egito (cf. Nm 14:4). Mas o chamado para seguir a Deus fora do Egito e o convite para seguir Jesus, pronunciado

diretamente por Ele a Seus discípulos, não são apenas chamados para se mover geograficamente; são convites para uma mudança e um discipulado radicais. Nossa mentalidade tóxica e nossos valores egocêntricos precisam desaparecer porque são diametralmente opostos aos valores e à cosmovisão de Deus. Nós tomamos; Deus dá. Nós desejamos poder; Deus oferece humildade. Nós exigimos autoridade; Deus enfatiza o serviço.

RECONCILIAÇÃO E CURA Ambas as histórias compartilham um denominador comum. Israel e Jonas lutaram com o próprio entendimento a respeito de quem Deus realmente era. Os israelitas tinham visto os poderosos sinais e maravilhas de Deus. Eles testemunharam a teofania no monte Sinai – e se encolheram de medo (Êx 19:18, 19). Para eles, YAHWEH era apenas a versão israelita de outra poderosa divindade egípcia que devia ser temida. Eles pareciam nunca ter entendido que YAHWEH não era apenas o Criador e Redentor, mas também o Sustentador, Aquele que cura (Êx 15:26), o Pai – e o Amigo (Jo 15:15). Curiosamente, foi logo após o episódio do bezerro de ouro que Deus Se revelou a Moisés como “SENHOR, SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!” (Êx 34: 6, 7).

A compreensão de Jonas sobre a bondade de Deus se limitava a Israel. Jonas não conseguia compreender a possibilidade da graça nem sequer para os inimigos do povo de Deus. Ele preferia morrer a oferecer perdão a um inimigo odiado. Sua teologia determinava seus relacionamentos e ações. É por isso que a ideia de que somos “embaixadores” de Deus (2Co 5:20) pode ser absolutamente desconcertante. Como posso representá-Lo de maneira a atrair outras pessoas a Ele, em vez de afastá-las? Paulo nos dá uma pista: “Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (v. 20). A reconciliação está bem ali, onde começa a cura. Quando nossa noção acerca de Deus está cheia de “toxinas”, abraçamos resíduos tóxicos que afetam as pessoas ao nosso redor, e O representamos de formas que podem ser constrangedoras, desencorajadoras ou até perturbadoras. De fato, os resíduos teológicos tóxicos têm sido uma das ferramentas favoritas de Satanás ao longo da história. O que a ideia de um purgatório eterno diz sobre Deus? O que a ênfase na ira divina, com escassas referências à Sua graça, tem feito para ajudar na maneira com que as pessoas se relacionam com Deus?

Ellen White compartilha algumas ideias intrigantes sobre isso: “É a obra de Satanás representar o Senhor como falto de compaixão e piedade. Deturpa a verdade a Seu respeito. Enche a imaginação de ideias errôneas relativamente a Deus e, em vez de fixarmos a mente na verdade quanto ao nosso Pai celestial, muitas vezes a demoramos nas falsidades de Satanás, e desonramos a Deus desconfiando Dele, e contra Ele murmurando” (Caminho a Cristo, p. 116). Em outra ocasião, ela escreveu: “A desumanidade do homem para com o homem, eis nosso maior pecado. Muitos pensam que estão representando a justiça de Deus, ao passo que deixam inteiramente de Lhe representar a ternura e o grande amor. Muitas vezes aqueles a quem eles tratam com severidade e rispidez se acham sob o jugo da tentação. Satanás está lutando com essas pessoas, e palavras ásperas, destituídas de simpatia, desanimam-nas, fazendo-as cair presa do poder do tentador” (A Ciência do Bom Viver, p. 163).

AUTOEXAME

Nos preocupamos em cultivar relacionamentos saudáveis na família, no trabalho ou na igreja. Mas

qual foi a última vez que você refletiu sobre sua

relação com Deus? Um relacionamento com Ele se

torna “tóxico” quando você:

1. Não O coloca em primeiro lugar. Muitos até

incluem Deus na lista do que é “mais importante”,

mas não fazem Dele o primeiro, ou seja, a prioridade na vida.

2. Não se importa com suas decisões. Com o

tempo, atitudes como deixar de frequentar a igreja, mentir ou ser desrespeitoso já não sensibilizam

mais, isto é, se tornam algo “natural”. Mesmo assim,

damos pouca importância a isso. Ao agirmos assim,

zombamos de Deus (Gl 6: 7).

3. É um “amigo” circunstancial de Deus. Ou seja,

pede que Ele entre em sua vida somente se houver

problemas e O ignora quando tudo vai bem.

4. Permite que outros se interponham entre você

e Deus. Nosso mundo está envolto em tanta tragédia

e cinismo que a crença em um Criador e Salvador todo-poderoso parece ingênua. Ser constantemente

menosprezado por acreditar em Deus pode fazer com

que alguns se afastem Dele e cedam a argumentos

persuasivos que levam à descrença. 5. Não assume a responsabilidade. Não é saudável

ter um relacionamento com alguém que, aos nossos

olhos, é a origem de todo o mal que se coloca em nosso caminho. Com essa mentalidade, negamos a

verdade fundamental: Deus não é responsável pelos

nossos problemas.

Fonte: Alma Garcia-Abascal, “Are You in a Toxic Relationship With God?”, Adventist Review, maio de 2019

Quando reconhecemos a grande responsa bilidade que é representar Cristo diante daqueles que estão ao nosso redor, nos prostramos aos pés de Jesus, compreendemos Sua graça pessoalmente, nos reconciliamos com Deus e, depois, somos transformados em reconciliadores. Concentremo-nos na bondade de Deus e deixamos que Ele efetue a transformação e a cura em nós e naqueles com quem nos relacionamos no dia a dia – e tudo no tempo Dele. Então, em vez de repulsa, perplexidade ou mágoa, talvez nossas palavras, nosso contato com as pessoas e até a menção de nossos nomes possam proporcionar um vislumbre vitorioso Daquele que é invisível. ]

This article is from: