
2 minute read
EM FAMÍLIA
MATERNIDADE MADURA MUITAS MULHERES ESTÃO ENGRAVIDANDO MAIS TARDE E TENDO FILHOS APÓS OS 40 ANOS. QUE VANTAGENS E DESVANTAGENS EXISTEM NESSA ESCOLHA?
TALITA CASTELÃO
Odesejo de ser mãe está presente na maioria das mulheres. Se no passado nossa função era basicamente ter filhos e cuidar deles, hoje as demandas da vida feminina mudaram completamente. Carreira, estudo, mudanças físicas e companheiro são levados em consideração quando a decisão é engravidar. Mas o relógio biológico pressiona, e muitas mulheres vivem um conflito sobre o momento de ter um filho. Foi na década de 1990 que o IBGE constatou o primeiro aumento na participação de mulheres de 40 a 49 anos de idade sendo mães pela primeira vez. De lá para cá, a maternidade nesse extremo do período reprodutivo tem sido uma prática cada vez mais comum. Isso é bom ou ruim?
Em termos biológicos, consideramos que gestações até os 35 anos de idade são mais
INDEPENDENTEMENTE DA IDADE, SE UMA MULHER DECIDE SER MÃE, PRECISA ESTAR DISPOSTA A VIVENCIAR A MATERNIDADE E A MATERNAGEM COM RESPONSABILIDADE E AMOR
viáveis no sentido de a mulher possuir maior reserva de óvulos e também pelo menor risco de o bebê apresentar algum problema genético. Diabetes e hipertensão também são mais comuns nas gestantes com mais idade, e isso pode predispor ao parto prematuro. Os níveis de TSH (hormônio estimulante da tireoide que é produzido na hipófise) devem ser acompanhados porque o envelhecimento aumenta o risco de hipotireoidismo (baixa produção dos hormônios da tireoide, responsáveis pelo metabolismo) na mãe, fazendo com que ela ganhe muito peso e até sofra um aborto.
Apesar dos cuidados que uma gestação em idade avançada requer, os benefícios emocionais podem ser grandes. A mulher mais madura tende a estar profissionalmente mais estabilizada e num núcleo familiar mais sólido. Isso permite um olhar diferenciado para o filho, sem as preocupações que a mãe mais jovem normalmente apresenta. Além disso, mães jovens costumam ser mais inseguras e instáveis quando submetidas a grande pressão de lidar com um recém-nascido. Um estudo na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, aponta inclusive que mães com mais idade educam sem tanto castigo e com menos violência verbal. Tudo isso favorece a saúde emocional e o vínculo da criança com a mãe.
O estudo mais curioso, contudo, foi realizado na Universidade de Boston (EUA). Contrariando a crença de que “mães mais idosas não verão os filhos crescerem”, a investigação concluiu que mulheres que engravidam tardiamente têm até o dobro de chance de chegar aos 95 anos de idade, quando comparadas às que têm o último filho antes dos 30 anos.
Independentemente da idade, a relação mãe-filho é um tema que requer afeto. Não há problema em não ter filhos, mas, se uma mulher decide ser mãe, precisa realmente estar disposta a vivenciar a maternidade e a maternagem com responsabilidade e amor. ]
TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências