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ENFIM
MISSIONÁRIOS DIGITAIS
AS POSSIBILIDADES OFERECIDAS PELAS NOVAS TECNOLOGIAS PODEM AJUDAR CRISTÃOS ATÉ AQUI ACOMODADOS A SE TORNAREM TESTEMUNHAS COMPROMETIDAS
CARLOS MAGALHÃES
Atecnologia digital redesenhou o mapa-múndi. Os limites geográficos entre as nações desapareceram e os oceanos já não dividem os continentes. Hoje, os cidadãos globais estão conectados, independentemente de sua classe social, gênero, religião ou idioma. Essa nova realidade criou oportunidades nunca antes imaginadas para a pregação do evangelho. Passaporte e vistos não mais são necessários e as barreiras da chamada Janela 10/40 apresentam agora algumas fissuras, pelas quais é possível passar usando apenas o celular.
Estima-se que a internet já conecte 57% da população mundial e que 42% utilizem mídias sociais, segundo o site internetworldstats.com. Nessas plataformas, o idioma deixou de ser um empecilho, pois centenas de sites e apps traduzem de tudo, gratuitamente.
Para exemplificar como estamos diante de novas oportunidades de missão no contexto digital, algum tempo atrás iniciei uma experiência com um aplicativo para celular que tem a finalidade de reunir pessoas, de várias par tes do mundo, que desejam aprender outro idioma. Funciona assim: você escolhe o idioma que quer praticar, localiza pessoas fluentes nessa língua e, em contrapartida, também se oferece para auxiliar quem deseja aprender seu idioma materno.
O resultado da experiência tem sido o surgimento de algumas amizades interessantes. Uma delas com um mulçumano que tem conversado comigo em inglês a respeito das diferenças e similaridades entre islamismo e cristianismo. Também conheci alguém da China que trabalha na produção de uma grande rede de comunicação em Pequim. Nosso interesse em comum é por filmes e tenho compartilhado o que a Igreja Adventista tem feito na área audiovisual.
Vale lembrar que a missão no contexto digital não exclui a forma tradicional, apenas abre novas possibilidades. Através desses novos recursos, podemos testemunhar por meio de áudio e vídeo, para quem está perto ou longe, para brasileiros e estrangeiros. É possível também personalizar as mensagens de acordo com o interesse e a necessidade de cada pessoa. Tudo isso com um simples clique ou toque. Porém, o maior poder da missão digital, assim como ocorre na missão presencial, está no relacionamento.
Recentemente conheci a história de um adventista do México que começou a enviar despretensiosamente mensagens bíblicas em áudio para seus amigos via WhatsApp. O que ele não imaginava é que esse conteúdo seria largamente distribuído também em países da América Central, a ponto de ser ouvido pelo líder de uma guerrilha que depois ligou para ele pedindo uma visita. Cerca de 50 mil pessoas recebem diariamente essas mensagens e esse adventista tem sido convidado para pregar presencialmente em gabinetes de governos.
Entre o missionário digital e o tradicional existem diferenças e semelhanças, mas ambos são chamados a praticar o que Ellen White chamou de o “método de Cristo” (A Ciência do Bom Viver, p. 143). O missionário digital é um missionário real. Seja compartilhando e-books, realizando uma visita presencial ou aconselhando por meio de um bate-papo virtual, toda palavra que ele profere ou digita pode ser um “cheiro de vida para vida” para alguém (2Co 2:16). ]
CARLOS MAGALHÃES, publicitário e mestre em Administração pela FGV, é gerente de estratégias digitais da sede sul-americana da Igreja Adventista