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EM FAMÍLIA
SOB O MESMO TETO
AS NOVAS CONFIGURAÇÕES DE RELAÇÕES AFETIVAS DESAFIAM O CONCEITO TRADICIONAL DE FAMÍLIA
TALITA CASTELÃO
as que bagunça é essa? O mundo M está de cabeça virada! Talvez você já tenha ouvido ou falado isso. Às vezes, confesso, penso assim também. E tenho boas razões para me questionar. Depois de um dia inteiro de atendimentos ouvindo sobre virgindade sendo leiloada, solidão no casamento, divórcio litigioso, filhos que abandonam os pais, depresFAMÍLIA PODE SER são pós-parto, agressão física entre cônjuges e negligência emocional de crianças, eu realDEFINIDA COMO mente me pergunto se há esperança para a instituição família. UM GRUPO DE Como projeto original, família é uma perfeição, mas, na prática, dá bastante trabalho. ANCESTRALIDADE Antigamente somente um tipo de família era COMUM OU aceito e ninguém pensava muito em qualquer forma de variação. A “família margarina”, como QUE VIVE SOB O conhecida nos comerciais de TV, tinha um pai, uma mãe, um filho e uma filha – unidos, MESMO TETO felizes, bem alimentados e bonitos. O ponto é que nem nas propagandas esse ideal de famí lia está aparecendo mais. A razão é simples: ela não existe.
As famílias reais, por mais estruturadas que sejam, vivenciam diversos e complexos problemas. E nem sempre encontram a melhor saída. Sentem-se impotentes diante da avalanche de desafios que a vida lhes impõe. É importante falar sobre isso, porque muita gente se sente frus trada achando que só na sua casa as coisas não dão certo. Outra coisa que machuca as pessoas é acreditar que, se não tiverem uma família tradicional, não são uma família. Isso também não é verdade. O que acontece é que a sociedade muda constantemente e, sendo a família uma das instituições mais importantes do tecido social, ela também sofre transformações com o tempo.
Do ponto de vista formal, família pode ser definida como um grupo de pessoas com ancestralidade comum ou um grupo de pessoas que vive sob o mesmo teto. Porém, quando se fala de família, é comum pensar na estrutura que surge a partir do casamento entre um homem e uma mulher, com os filhos gerados dessa união. Contudo, desde a Constituição Federal de 1988, outras formas de família passaram a ser reconhecidas. Por exemplo: monoparental (qualquer um dos pais e seus filhos), anaparental (apenas os irmãos), unipessoal (pessoa só), mosaico (casal num novo relacionamento com filhos de relacionamentos anteriores) e eudemonista (organizada pelo afeto, uma parentalidade socioafetiva).
Não importa o tipo, o fato é que existe família para todos. Porém, a maioria dos cristãos, com base na interpretação da bíblia, entende que há um ideal de família e que esse modelo permanece inalterado apesar das mudanças pelas quais o mundo passa. ]
TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências