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BEM-ESTAR
SUPLEMENTOS ALIMENTARES
NOSSA DIETA PRECISA DE NUTRIENTES ADICIONAIS?
PETER N. LANDLESS E ZENO L. CHARLES-MARCEL
Alguém nos escreveu: “Tenho um amigo que esteve em um evento sobre saúde e voltou com muitos frascos de suplementos. Tenho 40 anos e quero desfrutar da melhor saúde possível. Devo tomar suplementos? Devo aconselhar minha mãe a começar a tomá-los também? Ela tem 70 anos e, no geral, goza de boa saúde.”
Essa é uma questão muito atual, que discutimos de vez em quando. Primeiro, é importante entender o que é um suplemento. Trata-se de uma substância consumida em adição à dieta, sendo, muitas vezes, vitamina, mineral ou aminoácido, mas que, isolada, não é considerada alimento. Essas substâncias estão normalmente presentes nos alimentos que compõem uma dieta variada, nutritiva e bem equilibrada, e são ingeridas quando adotamos uma dieta integral e saudável.
Estudos de 2010 sobre o betacaroteno, substância que se transforma em vitamina A, mostraram que o consumo de suplementos não reduz a frequência dos cânceres (como se pensava originalmente). Os suplementos de betacaroteno podem provocar o aumento do câncer de pulmão, especialmente em fumantes. Pensava-se que os suplementos de vitamina E protegiam contra o câncer de próstata, mas estudos extensivos mostraram que esse não é o caso. Foi demonstrado que os homens que usam suplementos de vitamina E apresentam um risco maior de câncer. Pesquisas sobre os resultados dos suplementos para a saúde estão tendo sequência em 2019. Em vasto estudo de análise de dados realizado pela Universidade Tufts, observa-se novamente que os melhores resultados para a saúde ocorrem nos casos de indivíduos que ingerem nutrientes adequados, como a vitamina A, vitamina K, magnésio, zinco e cobre contidos nos alimentos da sua dieta normal, e não em comprimidos de
suplementos. O estudo, conduzido por Fan Chen e outros, foi publicado em Annals of Internal Medicine (v. 170 [2019], p. 604-613).
Essas pessoas obtêm melhores resultados para a saúde (menor mortalidade por todas as causas) e menores taxas de mortalidade por doenças cardíacas e dos vasos sanguíneos (cardiovasculares). As pessoas que usaram vitamina D como suplemento sem evidências de deficiência dessa vitamina, na verdade, corriam risco maior de mortalidade por todas as causas (isso significa morte por qualquer causa, como câncer, doença cardíaca e infecções). Para mais detalhes, pode-se conferir também o estudo de Mahmoud Barbarawi e outros publicado on-line (tinyurl. com/y3h9rclw) por JAMA Cardiology em 19 de junho de 2019.
O suplemento de vitamina D tem sido recomendado por mais de uma década para a prevenção de câncer, problemas cardíacos e muitas outras doenças (em alguns casos, em doses extremamente altas). Estudos recentes, como esse de Barbarawi e outros, questionam esse estilo de tratamento “tiro de canhão” (usando terapia extensa na esperança que surta algum benefício).
Um aspecto importante desta conversa é a comunicação entre os prestadores de cuidados de saúde e os doentes/clientes. Procure o conselho do seu médico. Quando há falta de um nutriente na dieta, ele precisa ser suplementado ou substituído, como o caso da vitamina B12 na dieta vegetariana estrita, e também para a ovolactovegetariana à medida que envelhecemos. Na presença de certas doenças ósseas, como osteoporose/osteopenia, a vitamina D precisa ser suplementada, e há indicações específicas de suplementos quando necessário.
Em resumo, se não houver necessidade específica de um suplemento, adote uma nutrição saudável por meio de uma dieta equilibrada. ]
PETER LANDLESS é cardiologista e diretor do Ministério da Saúde da sede mundial adventista em Silver Spring, Maryland (EUA); ZENO CHARLES-MARCEL é clínico geral e diretor associado desse mesmo ministério