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PAINEL
FATOS
HOSPITAL DE REFERÊNCIA
O centro médico da Universidade de Loma Linda, nos Estados Unidos, foi classificado mais uma vez como um dos melhores da região metropolitana de Riverside e San Bernardino, na Califórnia, além de ser considerado referência nacional em várias especialidades. A revista U.S. News & World Report, responsável pela divulgação do ranking, avaliou mais de 4,5 mil hospitais de todo o país.
INAUGURAÇÃO
Além dos cursos de Farmácia e Psicologia, abertos neste ano, o Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP), vai oferecer graduação em Medicina Veterinária e Odontologia a par tir de 2020. Os laboratórios e salas de aula multidisciplinares que atenderão a nova demanda na área da saúde foram inaugurados no dia 21 de agosto com a presença do vicepresidente da República, general Hamilton Mourão, que também palestrou numa aula magna.
RASTRO DE DINOSSAUROS
Centenas de pegadas de dinossauros foram encontradas perto da cidade de Torotoro (Bolívia). Esses rastros estão sendo estuda dos atualmente por uma equipe do Geoscience Research Institute (GRI) e da Universidade Ad ventista da Bolívia, localizada em Cochabamba.
170.000 é o número estimado de pessoas que a ADRA da República Democrática do Congo já beneficiou por meio de campanhas para conter a epidemia de ebola, que voltou com força em 2018.
Quando as pessoas julgam os outros e são muito duras com eles, eu me pergunto o que elas estão escondendo ou do que estão fugindo.
Torben Bergland, psiquiatra adventista, em uma palestra sobre o fanatismo realizada no 3 o
Congresso Mundial de Saúde e Estilo de Vida, realizado no início de julho na Universidade de Loma Linda (EUA)
DATAS
11 A 14 DE SETEMBRO
Nessa data, a Universidad Peruana Unión (UPeU), em Lima, receberá cerca de 3 mil participantes do congresso internacional I Will Go. Além de incentivar ministérios criativos, o evento buscará colocar os participantes em contato com os projetos missionários da igreja. Acesse: iwillgo.upeu.edu.pe.
20 DE SETEMBRO
Nesse dia serão comemorados os 125 anos da igreja no continente com um culto de gratidão realiza do na comunidade adventista de Crespo Campo (Argentina), local em que foi estabelecida a primei ra congregação abaixo da linha do Equador. Na semana seguinte, a Argentina se tornará palco da cam panha evangelística “A Maior Esperança”, que tem como palestrantes os líderes das sedes administrati vas e instituições sul-americanas.
EVENTOS
CONGRESSO PARA SURDOS E INTÉRPRETES
O evento reuniu 150 integrantes de ministérios do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais nos dias 2 a 4 de agosto em Guarapari (ES). O objetivo do congresso foi apresentar métodos de evangelização que utilizem a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
ENCONTRO UNIVERSITÁRIO
Jovens que estudam ou trabalham em universidades públicas e privadas no território da América Central participaram do maior Congresso de Ministérios do Campus Público (PCM, na sigla em inglês), realizado nos dias 18 a 21 de julho na capital do Panamá. O objetivo do encontro, que envolveu mais de 1,4 mil universitários, foi oferecer apoio e capacitação para o trabalho evangelístico em ambientes secularizados.
Nunca soubemos tanto sobre o impacto do sono e, no entanto, nunca dormimos tão pouco. Estamos permanentemente entretidos. O cansaço é agora a nova norma.
GENTE
RECORDE DE LONGEVIDADE
Moacir de Jesus, considerado o mais idoso do Brasil pelo Insti tuto Nacional do Seguro Social (INSS), morreu no dia 16 de ju lho aos 118 anos, de causa natural. O baiano, que nasceu em 9 de março de 1901, foi con temporâneo de personalidades como Ellen G. White e Albert Einstein, e viu duas guerras mundiais. Ele foi batizado em outubro de 2015 aos 114 anos depois de ter co nhecido a mensagem adventista através da neta. Deixa quatro filhos, 23 netos e 28 bisnetos.
BODAS DE OURO (50 ANOS)
Do pastor Oder e Ghisleine Mello, em uma celebração que contou com a partici pação dos pastores Albino Marks e Davi Marski no Clube Adventista dos Ju bilados Lagoa Bonita, em Engenheiro Coelho (SP). O casal tem três filhos e três netas.
3 mil garrafões de água potável, de 20 litros cada, foram distribuídos pela ADRA para famílias dos municípios baianos afetados pelo transbordamento da barragem de Quati, em julho.
Guy Meadows, especialista em sono, em uma conferência para empresários em Londres (Inglaterra), falando sobre as consequências da insônia e o surgimento de um novo mercado com base nessa necessidade humana
EDITAIS
Convocação da 2 a Assembleia Ordinária da Missão Alagoas da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Fica convocada a 2 a Assembleia Ordinária da Missão Alagoas da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ n o 01.104.932/0049-91, a ser realizada nos dias 6 e 7 de novembro de 2019, tendo início às 9h do dia 6, nas dependências da Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada na rua Dom Vital, n o 86, Farol, Maceió (AL), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas durante o quadriênio anterior; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO e dos secretários dos departamentos e serviços; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os secretários dos departamentos e serviços e os membros da Comissão Diretiva da Missão; 4) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Maceió (AL), 2 de julho de 2019 José Soares da Silva Junior, presidente Marcos Militão dos Santos, secretário executivo
Convocação da 5 a Assembleia Ordinária da Missão Nordeste da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Fica convocada a 5 a Assembleia Ordinária da Missão Nordeste da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ n o 01.104.932/0027-86, para ser realizada nos dias 4 e 5 de novembro de 2019, tendo início as 9h do dia 4, nas dependências da Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada na rua Soledade, n o 36, no bairro Cidade da Esperança, em Natal (RN), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas durante o quadriênio anterior; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO e dos secretários dos departamentos e serviços; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os secretários dos departamentos e serviços e os membros da Comissão Diretiva da Missão; (4) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Parnamirim (RN), 2 de julho de 2019 Geison Arley Pinto Florêncio, presidente Cleber Veras Aragão, secretário executivo
Convocação da 2 a Assembleia Ordinária da Missão Sergipe da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Fica convocada a 2 a Assembleia Ordinária da Missão Sergipe da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ n o 17.261.509/0005-14, para ser realizada nos dias 3 e 4 de novembro de 2019, tendo início às 8h do dia 3, nas dependências da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Siqueira Campos, localizada na rua Distrito Federal, n o 600, no bairro Siqueira Campos, em Aracaju (SE), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas durante o quadriênio anterior; 2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Missão; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os secretários dos departamentos e serviços e os membros da Comissão Diretiva da Missão; (4) aprovar planos para a automanutenção da Missão, os quais devem ser específicos e detalhados para alcançar o status de Associação; (5) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Aracaju (SE), 2 de maio de 2019 Jairo Emerick Torres, presidente Reginaldo Carmos Pereira, secretário executivo
Convocação da 1 a Assembleia Ordinária da Associação NorteSul-Rio-Grandense da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Fica convocada a 1 a Assembleia Ordinária da Associação Norte–Sul-RioGrandense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ n o 79.080.602/ 0018-02, para ser realizada no dia 24 de novembro de 2019, tendo início às 8h30, nas dependências do Instituto Adventista Cruzeiro do Sul, localizado na Avenida Sebastião Amoretti, n o 2130 A, no bairro Cruzeiro do Sul, em Taquara (RS), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas durante o quadriênio anterior mais o período adicional de um ano gerado pelo adiamento da assembleia; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Associação; (3) aprovar a alteração do status de Missão para Associação; 4) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços e os membros da Comissão Diretiva da Associação; (5) aprovar o Ato Constitutivo e alterações no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (6) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da obra, em harmonia com os regulamentos e deliberações da União e Divisão; (7) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Novo Hamburgo (RS), 3 de julho de 2019 Elieser Canto Vargas, presidente Walter Teixeira de Lima, secretário executivo
Convocação da 15 a Assembleia Geral da União Norte Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Fica convocada a 15 a Assembleia Ordinária da União Norte Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ n o 04.930.244/0001-24, para ser realizada nos dias 27 e 28 de novembro de 2019, tendo início às 19h do dia 27, nas dependências do Hotel Grand Mercure Belém, localizado na Avenida Nazaré, n o 375, no bairro Nazaré, em Belém (PA), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas Associações e Missões organizadas durante o quinquênio anterior; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das Missões e das instituições da União; (3) eleger, para um mandato de cinco anos, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da União; (4) eleger os administradores das missões, para um mandato de dois anos e seis meses; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da Divisão; (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Ananindeua (PA), 25 de junho de 2019 Leonino Barbosa Santiago, presidente Ozeias de Souza Costa, secretário executivo
Convocação da 2 a Assembleia Ordinária da Associação Norte Catarinense da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Fica convocada a 2 a Assembleia Ordinária da Associação Norte Catarinense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ n o 79080602-0040/62, para ser realizada no dia 17 de novembro de 2019, tendo início às 9h do dia 17, nas dependências do Instituto Adventista de Ensino de Santa Catarina (IAESC), localizado na Rodovia BR-101, Km 64, s/n, bairro Corveta, em Araquari (SC), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas anteriormente à sua realização; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/ CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Associação; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo aprovado pela Divisão; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e Divisão; (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva.
Joinville (SC), 2 de julho de 2019 Pastor Ronaldo Bertazzo, presidente Harry James Streithorst, secretário executivo
INTERNACIONAL
CASA DE APOIO
Uma comunidade adventista da Papua-Nova Guiné deu um passo a mais no atendimento às vítimas de violência doméstica. A ideia foi estabelecer um local de refúgio para quem foi alvo de violência ou abuso sexual dentro de casa. O espaço também funciona como centro de conscientização e educação. O projeto da Igreja Adventista Memorial Silva foi possível graças ao apoio da ADRA Austrália e Papua-Nova Guiné, bem como do Avondale College.
2.541.903 Número de membros da Divisão Sul-Americana até 30 de junho de 2019.
23 milhões de exemplares do livro missionário foram impressos em 2019 pela igreja no continente.
DECLARAÇÃO DA IGREJA
A Igreja Adventista do Sétimo Dia apelou ao Congresso norteamericano para que aprove legislação que proteja os direitos civis de todos os cidadãos, salvaguardando o direito das comunidades religiosas de viver, adorar e testemunhar de acordo com as suas convicções. A declaração da igreja foi divulgada em razão da chamada Lei da Igualdade, legislação proposta no Congresso dos Estados Unidos que pretende expandir a proteção a homossexuais, lésbicas e transexuais por meio de um amplo espectro de leis de direitos civis no país. No entanto, o projeto de lei não prevê que comunidades ou indivíduos religiosos tenham a visão tradicional de casamento e gênero.
Frequência com que os adventistas atendem às necessidades dos membros da comunidade que não são adventistas:
10% 10%
11%
24% 14% 14%
17%
Mais de uma vez por semana Toda semana
Quase toda semana Uma vez por mês Pelo menos uma vez por trimestre Apenas uma ou duas vezes por ano Nunca
Esta declaração não é uma posição rígida para restringir os membros da igreja, mas para orientá-los, permitindo que tenham liberdade para avaliar a situação por si mesmos.
Mário Ceballos, diretor do Ministério de Capelania da Igreja Adventista, comentando a declaração e posição da igreja em favor da não combatência durante discussões realizadas no Concílio da Primavera
Colaboradores: Adventiste Magazine, Andréia Kals, Costin Jordache, Emilly Martins, Geoscience Research Institute, Heron Santana, Jarrod Stackelroth, Júlia Bianco, Kimi-Roux James, Libna Stevens, Luciana Garbelini, Mairon Hothon, Márcio Basso Gomes, Márcio Tonetti, Marcos Paseggi, Maryellen Fairfax, Priscila Baracho Sigolin, Sanitarium Health Food Company, Sheann Brandon, Tracey Bridcutt, Wendel Lima
RETRATO DA IGREJA
AMPLA PESQUISA REALIZADA NA AMÉRICA DO SUL REVELA PERFIL DE UM POVO QUE ESPERA JESUS VOLTAR
Thadeu J. Silva Filho
Amaior contribuição de uma pesquisa é revelar o que não se sabe. Em segundo lugar, é derrubar mitos estabelecidos como “verdades” e, em seguida, confirmar percepções até então não comprovadas. Essas coisas são ainda mais importantes quando se trata de preparar um povo para se encontrar com Cristo. Afinal, os resultados mostram os pontos em que o trabalho da igreja e a vida de cada pessoa devem ser reajustados para prosseguir fazendo a vontade de Deus.
Foi para avaliar esses aspectos que, no dia 27 de outubro de 2018, a Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul realizou uma ampla pesquisa sobre os hábitos espirituais de seus membros de idade igual ou superior a 14 anos. Eles responderam um questionário de 95 perguntas sobre comunhão com Deus, relacionamento com o próximo e compromisso com a missão que Cristo nos deu em Mateus 28:18-20.
O objetivo principal da pesquisa não foi saber sobre opinião, por mudar muito facilmente. O foco foi constatar as práticas dos membros, por variarem menos e mostrarem quanto a Bíblia comanda sua vida diária. Ao todo, 316.105 pessoas responderam à pesquisa, em português ou em espanhol, a depender do país em que vivem. Dessa quantidade, 14.301 formulários foram descartados devido a inconsistências nas respostas, totalizando 301.804 válidos. Trata-se da maior pesquisa já realizada pela igreja em sua história no mundo inteiro, e uma amostra desse tamanho e de tal abrangência permite que os resultados encon trados sejam válidos para a igreja toda, não só para os entrevistados.
CARACTERÍSTICAS DOS RESPONDENTES
Do total, 6,6% dos respondentes têm entre 14 e 16 anos; 27,3%, entre 17 e 30 anos; 56,9%, entre 31 e 59 anos; e 9,2%, 60 anos ou mais. E este foi o primeiro grande ganho da pesquisa: conhecer melhor os membros de faixa etária superior a 30 anos, tanto por se tratar do maior grupo da igreja (mais de 56% dos membros) como por serem pessoas sobre quem conhecemos pouco. Do total de respondentes, 62,6% são casados; 28,5%, solteiros; 6,3%, divorciados; e 2,6%, viúvos. A escolaridade de 67,4% é de até o ensino médio completo (incluindo cursos técnicos) e os demais 32,6% têm curso superior. A grande maioria dos entrevistados (76,5%) frequenta igrejas ou grupos de até 200 membros.
COMUNHÃO COM DEUS
O estudo da Bíblia está no núcleo da comunhão com Deus. Quase metade (48,7%) dos membros da igreja na América do Sul a estuda todos os dias. É possível afirmar com clareza que a frequência do estudo aumenta com a idade: entre
as pessoas de 14 a 16 anos, somente 28,2% estudam a Bíblia todos os dias; o número aumenta para 34,2% no grupo etário de 17 a 30 anos, para 54,4% entre as pessoas de 31 a 59 anos e para 79,2% entre os adventistas a partir de 60 anos de idade. E quem mais a estuda são os que frequentam igrejas ou grupos (congregações) com menos membros: 52,5% de quem estuda a Bíblia todos os dias estão em congregações de até 50 pessoas; 49,8%, em congregações de 51 a 100 pessoas; 48,5%, de 101 a 200 pessoas; 46% estão em congre gações de 201 a 500 pessoas, mesmo percentual de estudo diário da Bíblia de quem frequenta igrejas de 501 a 1.000 membros; e a porcentagem cai para 43,8% entre os que frequentam igrejas com mais de 1.000 membros.
Exatamente o mesmo cenário se verifica no estudo da Lição da Escola Sabatina: o percentual cresce com o aumento da idade (26,6%, 27,9%, 47,7% e 74,7% nas faixas etárias acima) e diminui nas igrejas com mais gente (de 46,1% a 33%).
A maior parte dos membros (56,6%) diz não ter dúvidas sobre a Bíblia. Entre os que têm dúvidas, 9,2% não têm certeza sobre o dom profético concedido a Ellen G. White, 8,7% sobre o uso de joias, 7,4% acerca da predestinação, 5,1% sobre o santuário e 4,5% acerca do divórcio.
Outro elemento que compõe o núcleo da comunhão é a oração. E o mesmo padrão encontrado no estudo da Bíblia e no estudo da Lição da Escola Sabatina também foi verificado aqui: a quantidade de pessoas que oram profundamente todos os dias aumenta com o passar da idade e diminui com o aumento do número de membros.
Ainda a respeito da oração, cerca de 19,7% participaram dos 10 Dias de Oração, que é a primeira celebração da igreja no ano e acontece somente em fevereiro, enquanto 39,7% admitem não ter participado e os restantes 40,6% dizem ter participado em outros meses.
Perguntados sobre a frequência com que fazem o culto familiar, os resultados foram: 21,6% fazem culto familiar todos os dias; 16,1%, quase todos os dias; 26,9%, de vez em quando; 15,2% só fazem o culto de pôr do sol para receber o sábado; 1,3% só quando estão agradecidos por alguma bênção; Até 50 51-100 e 18,9% nunca fazem. membros membros
A leitura dos livros de Ellen White foi também um dos temas Sim 46,1% 43,7% levantados pelo estudo. PerguntaNão 53,9% 56,2% dos sobre quantos livros haviam lido do início ao fim, 15,7% dos membros nunca leram nenhum completamente; 17,9% leram um; AO TODO, 316.105 PESSOAS 18,7%, dois; 14,5%, três; 7,9%, quatro; e 25,3% leram cinco ou mais. RESPONDERAM À PESQUISA, Esses resultados variam com o TOTALIZANDO 301.804 tamanho da congregação: a leitura aumenta conforme aumenta FORMULÁRIOS VÁLIDOS, o tamanho das congregações. Outra questão relacionada à O QUE REPRESENTA A MAIOR comunhão com Deus é sobre o PESQUISA JÁ REALIZADA PELA momento mais adequado para Jesus voltar. Havia várias opções IGREJA EM SUA HISTÓRIA NO de respostas, dentre elas: “em qualquer momento, já estou preparado”, MUNDO INTEIRO “quando eu colocar a minha vida espiritual em dia”, “quando meus filhos estiverem criados” e “quando eu já estiver casado”. De modo claro, as respostas variaram com a faixa etária: dentre os membros de 14 a 16 anos, 27% disseram estar preparados; a quantidade aumentou para um pouco mais de um terço (35,3%) no grupo de 17 a 30 anos, pulou para 53,7% no grupo de 31 a 59 anos e foi para pouco mais de dois terços (67,6%) no grupo de 60 anos ou mais. Não coincidentemente, os que dizem estar preparados para a volta de Jesus são os que estudam diariamente a Bíblia (60,3%) e a lição (60,9%).
RELACIONAMENTO
A primeira pergunta sobre relacionamento mostrou que o/a melhor amigo/a de 62,9% dos membros da igreja é adventista. E, tal qual ocorreu em várias outras questões, verificou-se que a idade é fator determinante aqui também: 51,7% dos melhores amigos dos membros entre 14 e 16 anos de idade são adventistas; o número cresce para 59,4% na faixa etária dos 17 a 30 anos, sobe para 64,9% entre os de 31 a 59 e chega a 71,7% entre os de 60 anos ou mais.
Curiosamente, 57,4% dos membros da igreja já namoraram pessoas não adventistas, 58,5% dos solteiros admitem a possibilidade de namorar pessoas de outra fé e 43,9% do mesmo grupo admitem que se casariam com alguém que não seja adventista.
Na distribuição por tamanho de igreja, vê-se que, quanto maior é a igreja, menos os membros admitem a possibilidade de se casarem com alguém de outra religião (veja o quadro).
101-200 membros
43,4%
56,5%
201-500 membros
43%
56,9%
501-1.000 membros
42,8%
57,3%
Mais de 1.000 membros
38,8%
61,2%
Cerca de 65% da igreja participam de um pequeno grupo, bem distribuídos nas faixas etárias da pesquisa. Determinante aqui é o tamanho da igreja: quanto menor, mais gente participando de pequenos grupos; conforme aumenta, menos gente participa.
APOSTASIA
Cerca de 29% dos membros já saíram da igreja e a ela retornaram. O nível de escolaridade em nada influencia esse fato, mas o tamanho da congregação que frequentam sim: a maioria dos que saíram e retornaram pertence a congregações com até 100 membros. Quanto menor é a congregação, mais gente saiu e retornou.
A pesquisa também revelou um resultado já intuído, mas ainda não comprovado: quem mais saiu da igreja foram as pessoas cujos pais menos diziam que as amavam. Das pessoas que sempre ouviam seus pais dizerem que as amavam, somente 25,7% saíram da igreja; quando os pais falavam algumas vezes que os amavam, o número das que saíram aumenta para 28,9%; o cenário piora nos casos em que os pais raramente falavam que as amavam (deste grupo, 33,3% deixaram a igreja); e, finalmente, das pessoas que nunca ouviram de seus pais que eram amadas, 33,6% saíram da igreja.
Conforme a pesquisa, o número de pessoas que deixam a igreja é bem maior entre as vítimas de agressões físicas (15,7%), de abuso sexual (10,2%) ou de molestação (20,2%) do que os que nunca passaram por tais constrangimentos (respectivamente, 8,4%, 6% e 14,1%).
Note-se que essas pessoas que deixaram a igreja voltaram a frequentá-la em algum momento, a ponto de já estarem frequentando novamente no momento da aplicação da pesquisa. Seu retorno é motivo de louvor a Deus. Mas vale observar que sua comunhão com Deus, sua participação na igreja e sua convicção na Bíblia têm frequências menores do que quem sempre ficou. Confira:
Hábitos espirituais
Estuda a lição todos os dias Estuda a Bíblia todos os dias Exerce cargo na igreja Frequenta a classe da Escola Sabatina Vai aos cultos de sábado
Sempre ficou na IASD
45,3%
52,2%
63,1%
85,3%
93%
Já saiu da IASD
36%
42,5%
48,4%
70,9%
76,8%
Além disso, quem já saiu da igreja diz ter mais dificuldade nas doutrinas abaixo do que quem nunca saiu:
Maior dificuldade na vida cristã
Ter domínio próprio
Guardar o sábado Ter relações sexuais só depois do casamento Devolver o dízimo
Dar ofertas
Sempre ficou na IASD
48,8%
11,8%
14,2%
8,1%
2,5%
Já saiu da IASD
50,4%
19,2%
18,3%
13,6%
3,1%
Um dos assuntos mais discutidos pela igreja é o motivo que leva uma pessoa a deixar suas fileiras. Na América do Sul, as respostas tradicionalmente variaram em torno de “não ter amigos”, “ter um preparo bíblico fraco ou deficiente” e “não ser bem atendido pela igreja”. Pela sua importância, a pesquisa perguntou isso às pessoas que já tinham deixado a igreja, permitindo que marcassem até duas razões.
Motivos para sair da igreja
Ter perdido a vontade
Problemas familiares
Não mais quiseram frequentar
Problemas no relacionamento (namoro, noivado, casamento)
Achar que têm pecado demais
Não conseguem conviver com a hipocrisia dos outros membros
Dificuldades em guardar o sábado
Não tinham amigos na igreja
Não recebiam atenção
A igreja deixou de ser importante
Foram disciplinados pela comissão da igreja
Desentendimentos com pessoas da igreja
Conflitos com o pastor/líderes
Deixaram de acreditar
A igreja era motivo de briga na família
Não gostavam do tipo de culto
Passaram a discordar das doutrinas
A igreja era rígida demais
A igreja os impedia de levar uma vida normal
Mudaram de religião 26,2%
18,8%
18%
17%
15%
13,1%
12,1%
8,4%
6,8%
6,5%
6,4%
5,6%
3,4%
2,8%
2,4%
2,4%
2,2%
1,8%
1,7%
1,2%
A perda da vontade foi o fator assinalado como decisivo em 44,2% das respostas (soma do 1º motivo com o 3º). Não ter amigos aparece somente no oitavo lugar; não receber atenção da igreja, em nono; e briga com pessoas, em décimo segundo. Todas essas respostas apareceram com percentuais distantes dos primeiros. Vale a pena notar a família na decisão de sair da igreja, fator que ocupa o segundo lugar de importância. “Não gostar do tipo de culto” e “discordância das doutrinas” aparecem entre os motivos menos assinalados para ter saído da igreja.
COMPROMISSO COM A MISSÃO Voluntariado é mais um dos temas que variam com o tamanho da A pesquisa perguntou: “Você fala de Jesus para igreja: se fossem missionários, os membros de congregações de até outras pessoas?” Do total, 93,1% dos membros 50 membros escolheriam pregar o evangelho como atividade do da igreja disseram “sim”. E, novamente, a idade voluntariado. O aumento do tamanho da igreja vê o deslocamento da é fator decisivo: 82,3% dos membros de 14 a 16 pregação do evangelho para alfabetização, diminuição da pobreza, anos falam de Cristo. Essa quantidade aumenta ensino de uma profissão e projetos de saúde. O percentual de pespara 90,1% entre os de 17 a 30 anos e vai para soas que não querem ser voluntárias praticamente não é sensibili95,5% entre o grupo de 31 a 59 anos de idade, zado pelo tamanho da igreja: chegando a 97,5% entre os que têm 60 anos ou mais. Os que não falam de Cristo para outras pessoas puderam indicar mais de um motivo pelo qual não o Se você pudesse escolher o que fazer como missionário, qual desses você escolheria? Até 50 membros 51-100 membros 101-200 membros 201-500 membros 501- 1.000 membros Mais de 1.000 membros fazem. O mais indicado, com 51,8% das respostas, foi “ter medo de não Pregação do evangelho 44,70% 40,80% 37,50% 32,50% 30% 27,20% saber responder perguntas”, seguido Projetos de alfabetização 14,10% 15,70% 16,10% 16,70% 15,90% 16,60% de “ter vergonha” (43%), “não encontrar oportunidades” (25,5%), “não sou verdadeiramente convertido” (22%), Projetos para a diminuição da pobreza 13,00% 13,50% 13,90% 14,30% 14,70% 14,10% “ninguém está interessado em conEnsino de uma profissão 10,70% 12,00% 13,40% 15,50% 16% 18,40% versar sobre Deus” (17,1%), “não falo diretamente porque já testemunho com a minha vida” (15,4%), “não Projetos de saneamento e saúde 10,80% 10,90% 11,60% 13,10% 15,20% 16,80% conheço Jesus a ponto de poder falar Não quero ser missionário(a) 6,80% 7,10% 7,60% 7,80% 8,10% 6,90% Dele para alguém” (14,1%) e “ninguém me ensinou o que falar” (9,5%).
Quando a pergunta foi “você já ensinou a Bíblia FATORES DE ÊXITO DA PESQUISA para alguém não adventista?”, o número caiu para Pesquisas assim não devem ser realizadas a todo momento. A sede 76,1%, embora seja um percentual ainda bastante mundial da igreja, por exemplo, tem aplicado o “General Conference expressivo. As quantidades variam com o tamaMembership Survey” a cada cinco anos; a pesquisa mais recente nho de igreja: as igrejas menores concentram mais foi em 2016. A Divisão Sul-Americana também adotará o intervalo membros que já ensinaram a Bíblia para outras de cinco anos entre suas pesquisas, realizando a próxima em 2023. pessoas, e as maiores, menos. Uma pesquisa tão abrangente, alcançando centenas de milha
Em resposta à pergunta “por que você não res de pessoas em milhares de congregações nos oito países da fala de Jesus para outras pessoas?”, medo de sede sul-americana, só foi possível graças ao uso da tecnologia e não saber responder (57,2%) e vergonha (30,3%) à cooperação dos pesquisados e dos líderes. Por meio de um link, estão entre os maiores motivos de as pessoas não o questionário foi disponibilizado diretamente aos telefones celu ensinarem a Bíblia para outras, mas “não conheço lares, tablets ou computadores dos respondentes, evitando custos a Bíblia a ponto de ensiná-la” (43%) aparece como operacionais e poupando tempo em cada etapa do processo. Graças o segundo maior motivo. à cooperação dos envolvidos, tudo funcionou muito bem.
Perguntados sobre o que fariam se fossem misNaturalmente, uma pesquisa não muda automaticamente a consionários, homens e mulheres têm interesses difedição espiritual da igreja, pois é o Espírito Santo que efetua a transrentes, conforme a tabela a seguir: formação. Nem dispensa a oração e a reflexão dos líderes. Mas ela é uma ferramenta importante para revelar nossos hábitos espiri Interesses missionários Homens Mulheres tuais. Por meio desse tipo de estudo, que ajuda a descobrir fatos, estabelecer conexões e tirar conclusões, percebemos onde precisa
Pregação do Evangelho 46,70% 32,70% mos melhorar. Isso permite corrigir rotas e direcionar as ênfases. Diante dessa ampla pesquisa, precisamos fazer uma análise cole
Projetos de alfabetização 6,50% 22,10% tiva, mas também pessoal. Grandes personagens da Bíblia frequen
Projetos de diminuição da pobreza 12,10% 14,80% temente avaliavam sua condição espiritual. O rei Davi foi um deles. Ao constatar seu pecado, ele orou: “Cria em mim, ó Deus, um coração
Ensino de uma profissão 18% 9,40% puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” (Sl 51:10). Nós também devemos ter um espírito disposto a realizar mudanças. ]
Projetos de saneamento e saúde 9,10% 13,80%
Eu não quero ser missionário 7,70% 7,10% THADEU J. SILVA FILHO, doutor em Sociologia, é o diretor do Departamento de Arquivo, Estatística e Pesquisa da Divisão Sul-Americana
AMBIENTE SEGURO
O que pode ser f ei t o par a que nossos t emplos se t or nem mais pr o t egidos dos d i v er sos t ipos de abuso
Em muitas regiões do mundo, o abuso de vulneráveis domina as manchetes quase todos os dias. Infelizmente, tal abuso está acontecendo não apenas “lá fora”, mas dentro de lares cristãos e igrejas de todas as denominações, inclusive entre os adventistas do sétimo dia.
Recentemente, Bill Knott e Gerald Klingbeil, editores da Adventist World, iniciaram uma discussão em torno das atitudes que podem ser tomadas para garantir que a igreja se torne um ambiente mais seguro. A seguir, apresentamos uma síntese da conversa, que envolveu os seguintes líderes da sede mundial adventista: Willie e Elaine Oliver, diretores do Departamento de Lar e Família; Raquel Arrais, diretora associada do Ministério da Mulher; Karnik Doukmetzian, diretor do Departamento Jurídico; Peter Landless, diretor do Departamento de Saúde; Ella Simmons, vice-presidente; Torben Berglan, diretor associado do Departamento de Saúde; e Anthony Kent, secretário associado da Associação Ministerial.
BILL: Gostaria que cada um dissesse o que vem à sua mente quando falamos em “igreja segura”.
WILLIE: Penso em um lugar ou em um ambiente no qual tanto a liderança como os membros estejam determinados a garantir que todos vão sentir-se bem nos aspectos mental, espiritual, físico e emocional.
RAQUEL: Penso em alguém que ouve de modo terapêutico. Alguém que consegue ouvir, identificar e, talvez, intervir em algum momento.
KARNIK: Não ter que se preocupar se vou levar um tiro ou ser abusado.
ELAINE: Imagino um local em que meus filhos possam brincar e se sentirem confortáveis e confiantes de que não vão ser machucados; de que não vão ser abusados; de que não serão vítimas de algum tipo de violência.
PETER: Penso em um lugar em que não apenas se está a salvo da violência, mas que acolhe, cuida e abraça; onde a violência e o abuso são intencionalmente evitados.
ELLA: Raramente me senti completamente aceita. Então, para mim, uma igreja segura é aquela em que todas as pessoas, independentemente de sexo, origem étnica ou cultural, possam se sentir completamente aceitas quando são bem-sucedidas e quando falham.
TORBEN: Estar seguro é uma necessidade fundamental. Temos que estar seguros! Temos que nos sentir seguros! Se não estivermos seguros, não prosperamos e não nos saímos bem. Quando você combina a palavra “seguro” com a palavra “igreja”, imaginamos um lugar muito bom. Mas a igreja é feita de pessoas, e as pessoas nunca estão 100% seguras. Quando lidamos com gente, há sempre o potencial para algo que não é bom. Precisamos reconhecer isso. Não podemos tomar como certo que a igreja será um lugar perfeitamente seguro.
BILL: Todos nós assistimos às reportagens da mídia nacional e internacional que fazem referência a atos de violência e abuso registrados em santuários e outros lugares considerados seguros. Há alguma coisa que sua igreja local esteja fazendo que vai ajudar a transformá-la em um lugar em que todos se sintam protegidos?
WILLIE: Em nossa congregação, somos muito cuidadosos com o momento das ofertas. Os diáconos fazem a oração e passam as salvas. Há outros que se posicionam estrategicamente, perto da frente da igreja, e nos fundos. Todo o grupo de diáconos recebe treinamento especializado para agir como segurança da igreja durante os momentos de maior vulnerabilidade.
ELLA: O que Willie disse é muito importante. Queremos que nossas finanças estejam seguras. Mas nossos filhos precisam ter a liberdade de andar em segurança pelas dependências das nossas igrejas. Algumas delas já estão preparadas para isso. A minha igreja também tem diáconos e outras pessoas em lugares estratégicos para cuidar das crianças. No momento da Escola Sabatina, quando elas saem do auditório principal e vão para suas classes, temos um sistema de segurança que requer dos pais ou responsáveis um registro na entrada e na saída das crianças. Elas ainda ganham um crachá de identificação, e nenhuma sai da classe sem ser acompanhada pelo responsável designado oficialmente na identificação da criança.
BILL: Quantos de vocês estão cientes de que sua igreja tem algum grau de treinamento para esse tipo de assunto? [Todos levantaram a mão.] Então vocês têm o privilégio de frequentar congregações mais conscientes. Qual é a porcentagem de igrejas adventistas preparadas para esse tipo de situação?
KARNIK: Provavelmente menos de 50%. A Divisão Norte-Americana estabeleceu um sistema de verificação de antecedentes para todos os voluntários. Anciãos, diáconos, diretores de departamento... todos têm que passar por uma verificação de antecedentes. Fazemos isso para proteger não só as crianças, mas também para salvaguardar os voluntários de acusações falsas.
GERALD: Se olharmos para a igreja como um todo, temos feito o suficiente para garantir a segurança em nossos templos? Falamos sobre crianças, dinheiro, segurança física. Mas será que já fizemos o suficiente para garantir que ninguém seja vitimado?
KARNIK: Podemos dizer que já fizemos o suficiente até que haja um problema. Então voltamos, analisamos e dizemos: “Devíamos ter feito isso ou aquilo.” Podemos melhorar sempre. A questão é considerar tudo, e garantir que fizemos o nosso melhor em todos os aspectos.
RAQUEL: Como igreja mundial, desde 2001, temos dedicado um sábado especial para a conscientização sobre o potencial para a violência. É um dia dedicado à informação da nossa comunidade de fé e das comunidades vizinhas, falando sobre segurança e abuso, e oferecendo materiais e recursos que permitam que as pessoas saiam mais conscientes do problema e de como solucioná-lo.
TORBEN: É muito bom que tenhamos todas essas iniciativas e programas. No entanto, mesmo tendo potencial para melhoramentos, às vezes falta colocá-los em prática.
ANTHONY: Precisamos pensar não somente na nossa segurança, mas também na proteção da comunidade em geral. Assim, a igreja se torna um santuário, um local conhecido pela segurança e liberdade.
PETER: No entanto, é necessário haver disposição para falar sobre essas questões.
Tendemos a discutir facilmente a segurança física e a segurança do dinheiro, por exemplo, mas contornamos a questão do abuso, que assume muitas formas, entre elas a violência doméstica. Essas são áreas que frequentemente evitamos.
TORBEN: É importante instruir nossos líderes e funcionários, mas é igualmente importante instruir os membros da igreja e nossos filhos. Eles precisam ser capazes de reconhecer certas ações e comportamentos como não aceitáveis, como formas de abuso que não podem ser toleradas pela igreja. Devem aprender a falar sobre o problema quando algo acontecer.
RAQUEL: Falar sobre questões sensíveis no púlpito era tabu, mas atualmente não é mais. Em nível mundial, oferecemos vários treinamentos e materiais para as igrejas locais. Hoje, a Igreja Adventista do Sétimo Dia está falando sobre abuso, segurança e outros assuntos bem pouco discutidos abertamente no passado.
ELAINE: Concordo plenamente. Mas descobrimos que as igrejas locais nem sempre sabem da existência desses recursos. Precisamos utilizar as plataformas que as pessoas estão usando, não apenas o Facebook. A maioria dos adolescentes e estudantes universitários está no Instagram e Snapchat. Precisamos colaborar com adultos mais jovens para que eles possam compartilhar informações em suas plataformas de mídia social. Temos que começar a falar a língua que as pessoas falam hoje.
ANTHONY: Um dos nossos maiores recursos é a Bíblia, e ela não evita abordar as várias questões de vitimização, abuso e trauma pessoal. Nos sentimos desconfortáveis ao ler algumas dessas passagens em público, mas essas histórias estão lá por uma razão.
BILL: Vários de vocês mencionaram a questão da violência doméstica como a real causa de muito do que está
DEFINIÇÃO DE ABUSO
CLAUDIO E PAMELA CONSUEGRA Em termos gerais, o abuso acontece sempre que alguém prejudica de alguma forma e intencionalmente outra pessoa, muitas vezes para ter controle sobre ela ou para o benefício pessoal do abusador. Existem diferentes formas de abuso, como o estupro ou a agressão sexual, o abuso físico, psicológico, verbal, financeiro, espiritual e
emocional. Crianças e idosos são os alvos mais vulneráveis, e muitas vezes sofrem o abuso das pessoas mais próximas (membros da família, cuidadores, professores, pastores, treinadores, entre outros). O abuso não está limitado a apenas uma cultura, nível educacional e socioeconômico ou filiação religiosa. O abuso também não é
praticado apenas por homens contra mulheres. Eles também podem ser vítimas. E ainda há casos em que o abuso é praticado contra pessoas do mesmo sexo. ]
CLAUDIO e PAMELA CONSUEGRA são, respectivamente, diretor e diretora associada do Departamento de Lar e Família na Divisão Norte-Americana acontecendo na vida da congregação. Os que já estiveram envolvidos no ministério pastoral conhecem essas histórias. Avalie como a igreja está lidando com os problemas de violência doméstica.
WILLIE: Penso que estamos fazendo mais e melhor. Como a Raquel mencionou, o programa Quebrando o Silêncio (End It Now) oferece recursos para o problema. O Ministério da Família também aborda frequentemente essas questões. Produzimos programas de televisão e seminários, e agora os pastores já estão pregando e falando sobre a violência. Portanto, a conscientização já é maior, mas ainda há muito a ser feito.
ELLA: Pode e deve ser feito mais em nosso processo de educação formal, na formação e treinamento de pastores. Precisamos ser intencionais, diretos e atuais na linguagem, nas pesquisas e nos meios de comunicação. Às vezes, estamos tão fixados em quem somos e no que estamos fazendo que não vemos o que está acontecendo no mundo ao nosso redor. Devemos estar cientes de tudo o que acontece em nossas comunidades. Devemos preparar pastores para esse tipo de convivência com a comunidade.
TORBEN: A igreja tem uma grande oportunidade de se aproximar dos membros por meio da Escola Sabatina, dos Desbravadores e e das escolas. Devemos abordar essas questões de forma sistemática e estabelecer o padrão. Esses são os princípios que nós defendemos.
GERALD: Ainda bem que estamos discutindo prevenção! Mas, como igreja, o que fazemos quando enfrentamos esses problemas?
WILLIE: Infelizmente, não nos preparamos tão bem como deveríamos. Estamos enfrentando o abuso com mais frequência, mas ainda não estamos resolvendo muitas dessas situações. A igreja precisa ser responsável, primeiramente, como uma comunidade de fé. Devemos estar certos de que nossos pastores são devidamente treinados e sensíveis não só ao abuso, mas até à aparência de abuso. Eles precisam estar conscientes do fato de que usar certa linguagem verbal e certa linguagem corporal pode fazer com que as pessoas se sintam abusadas. Nossa maneira de falar, o que fazemos e como utilizamos o nosso corpo devem transmitir segurança.
BILL: Quero perguntar às mulheres: O que vocês pensam quando entram, pela primeira vez, em uma congregação? Como podem concluir que esse lugar é seguro?
ELLA: A linguagem corporal às vezes diz mais do que aquilo que alguém diz ou do que a forma com que olham para você. Em um
ambiente novo, observo como as pessoas se relacionam; como os maridos tratam as esposas; como os solteiros interagem; como as pessoas interatuam com as crianças. O modo com que sou recebida naquele ambiente, em qualquer cultura do mundo, também mostra como devo me comportar.
ELAINE: Precisamos de mudança de paradigma em nossa igreja. Sendo sinceros, ela ainda está muito centrada nos homens. Uma pergunta deve estar em nossa mente: Se tivermos problemas de abuso e violência, como as pessoas nesse contexto vão lidar com o assunto? Será que estão preparadas? Elas têm conhecimento suficiente? Serão capazes de separar suas crenças culturais e pessoais do que realmente está acontecendo e ser capazes de criar um ambiente seguro?
RAQUEL: Sabemos que há muitas mulheres sendo abusadas e, às vezes, a igreja fica completamente em silêncio. Ignoramos totalmente o problema. É aí que muitas vezes falhamos. Não sabemos o que dizer; não sabemos aonde ir; não sabemos o que fazer. Precisamos criar um sistema de colaboração entre todos os departamentos que chegue até o nível da igreja local.
KARNIK: Outro ponto a ser lembrado é que nossas igrejas têm as portas abertas. Em outras palavras, qualquer pessoa
OBSERVE E DENUNCIE
KARNIK DOUKMETZIAN Aqueles que tiram vantagem dos mais fracos, idosos e crianças muitas vezes veem nas igrejas e escolas o local ideal para encontrar suas próximas vítimas. Às vezes, pensamos que os abusadores sexuais se aproveitam somente de crianças e adultos vulneráveis, mas eles também se aproveitam dos idosos das nossas congregações, especialmente na área financeira.
Nas igrejas e escolas, as pessoas precisam viver como família, um cuidando do outro. Os líderes das igrejas locais devem ensinar os membros a reconhecer os sintomas do abuso físico, financeiro
e sexual. O alvo de toda organização deve ser um treinamento semelhante ao que é obrigatório para todos os voluntários na Divisão Norte-Americana.
O Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia declara: “A igreja deve ser um lugar seguro para nossas crianças. Todas as pessoas envolvidas no trabalho de crianças menores devem estar em harmonia com as normas e exigências legais da igreja” (p. 175).
Entre outras coisas, tais regulamentos devem incluir uma triagem e “fazer com que todos os voluntários preencham um formulário de informações de voluntário, verificar suas referências e, se for
requerido por lei, fazer uma verificação de antecedentes policiais”.
O Manual da Igreja também determina que a organização deve “proporcionar formação regular de professores e voluntários para ajudá-los a entender e proteger as crianças e como alimentar sua fé”.
Os treinamentos são importantes para que os membros não apenas saibam o que a lei requer que seja denunciado à polícia em sua jurisdição, mas também para compreender os sinais que identificam o abuso. da rua que quiser entrar é bem-vinda. Portanto, temos que ser muito cuidadosos com a proteção e segurança não apenas de nossos adultos, mas também de nossas crianças, e estarmos seguros de que dispomos de procedimentos que garantem nossa segurança.
BILL: Quero continuar com uma pergunta para Karnik sobre uma discussão que li on-line. Algumas pessoas muito bem-intencionadas sugeriram que, quando for percebido um incidente de abuso e esse chegar ao conhecimento da congregação, o fato não deve ser denunciado à polícia. Ao contrário, deve ser tratado internamente, no sistema da igreja. “Não devemos levar um irmão ao tribunal.” Essa foi a expressão que alguns usaram. O que você tem a dizer para pessoas com esse tipo de pensamento?
KARNIK: Se você é um pastor ou alguém que, pela lei, é responsável por denunciar incidentes de abuso, você tem a obrigação de denunciar ou, provavelmente, vai para a cadeia. Nosso trabalho é proteger. Quanto mais cedo as
Se algo for observado, como os membros da igreja devem agir?
Em vez de tomar o assunto em suas mãos e investigar sozinhos, devem primeiro comunicar o fato ao pastor ou ao primeiro-ancião. Estes, por sua vez, devem informar as autoridades. Os membros devem ser vigilantes e observadores, a fim de que os predadores
reconheçam que as possibilidades para o abuso são inexistentes nos ambientes em que todos os membros estão atentos.
Pode dar-se o caso de que pessoas acusadas e condenadas por tais delitos peçam para ser readmitidas como membros da igreja. Segundo o Manual da Igreja, “ao lidar com autores de abuso sexual, deve-se ter em mente que a restauração de membro não anula todas as consequências de tão séria violação. Conquanto
o desempenho de atividade na igreja possa ser permitido com regras devidamente estabelecidas, uma pessoa culpada ou disciplinada por abuso sexual não deve ser colocada em um cargo que possibilite o contato com jovens e outros indivíduos vulneráveis. Tampouco deve ser-lhe dada alguma posição que encoraje pessoas vulneráveis a confiar implicitamente nela” (p. 67).
Os membros e líderes devem proteger a igreja e todos os que entrarem por suas portas. Ao mesmo tempo, devemos ser cuidadosos e não espalhar rumores antes de as acusações serem profundamente investigadas pelas autoridades e permitir que elas realizem seu trabalho com eficiência e a tempo.
Para mais informações, leia o seguinte documento: “Sex Offenders in the Church: A Legal Guide” (Criminosos Sexuais na Igreja: Um Guia Jurídico). Acesse: bit.ly/2YP6wjF. ]
KARNIK DOUKMETZIAN é diretor do Departamento Jurídico da sede mundial adventista em Silver Spring, Maryland (EUA)
MINHA CASA NÃO ERA O CÉU
WILONA KARIMABADI Meredith, nome fictício para preservar sua identidade, diz que suas
primeiras memórias dos abusos emocionais do seu pai, eram dele junto à sua mãe destruindo-a verbalmente, enquanto ela permanecia sentada, chorando. Ela lembra de ele ter ameaçado tirar a vida da mãe por duas vezes, detalhando a maneira como planejava fazer isso sem ninguém descobrir. Embora ela afirme que ele nunca a
atacou fisicamente, suas tendências violentas e comportamento
volátil eram suficientes para aterrorizar a família inteira, o tempo
todo. Para ele, nada era bom o suficiente, e Meredith cresceu sentindo-se severamente controlada e sendo sempre o recipiente final dos seus surtos de ódio.
Por oito anos, a situação foi de mal a pior. Meredith sofreu com uma depressão profunda ao ponto de pensar em suicídio. Mas, aos olhos das pessoas de fora, sua família era perfeita, e seu pai, um homem gentil. Ninguém tinha ideia do que se passava dentro daquela casa.
Buscar a ajuda dos amigos foi inútil, pois ninguém a entendia. As pessoas aconselhavam Meredith a perdoar o pai simplesmente por ser seu pai. A terapia não curou completamente sua dor emocional, mas ofereceu um caminho para que ela começasse a se recuperar do trauma. Isso a ajudou a controlar seus sentimentos em relação ao pai, embora situações estressantes ainda geralmente resultem em fortes respostas emocionais. Ela aprendeu a ver suas percepções da realidade nesses momentos. Através disso, Meredith aprendeu a distinguir suas emoções conflitantes em direção ao pai de sua
confiança no Pai celestial. Ela reconheceu que, em meio à escuridão, Ele sempre esteve ao seu lado. ]
WILONA KARIMABADI é editora assistente da Adventist World autoridades puderem investigar a situação, melhor. Deixe que as autoridades façam seu trabalho. Investigar não é nossa função. De fato, podemos atrapalhar a investigação da polícia se tentarmos investigar por nós mesmos. Meu conselho sempre é denunciar e deixar que as autoridades lidem com o caso.
BILL: Mesmo com a possibilidade de que o fato possa criar um constrangimento para a imagem da igreja e da comunidade?
KARNIK: Absolutamente! Se não denunciarmos, estaremos correndo o risco não apenas de ir para a cadeia, mas também de a igreja, como instituição, ser responsabilizada pelo problema.
ANTHONY: O constrangimento será maior.
WILLIE: Nossa preocupação deve ser a segurança, e não se vamos constranger ou não a igreja.
KARNIK: Mas também devemos oferecer proteção para o indivíduo que é acusado, porque a investigação pode provar ter sido uma acusação mentirosa.
ELAINE: Precisamos ainda de uma identificação exata de quem está cometendo o abuso. Não é somente uma questão de estar atento aos estranhos. Caso contrário, todos vão relaxar e não verão necessidade para uma verificação de antecedentes. Devemos responsabilizar todos.
ELLA: Se pudermos adotar a postura de tolerância zero em todos os casos de abuso, então todas essas coisas se acomodarão, pois serão necessárias em um ambiente de tolerância zero. Não estou certa de que já demos esse passo.
GERALD: Vamos falar sobre a dimensão espiritual da segurança e transparência dentro da igreja, pois isso afeta não somente a congregação local, mas também as diferentes gerações. Um dia desses eu li que os millennials das várias denominações cristãs estão abandonando suas igrejas porque percebem falta de coerência entre o que os membros dizem e o que realmente está acontecendo. Então vamos falar sobre a dimensão espiritual desse assunto.
WILLIE: Quero abordar a questão pela perspectiva da abertura da igreja. As ideias dos jovens podem soar radicais para os mais antigos e, por isso, são frequentemente descartadas. Vejo isso como falta de segurança. Segurança na congregação significa termos uma abordagem aberta quando alguém tem opinião diferente da nossa, especialmente nossos jovens. Devemos incentivar um ambiente de abertura e aceitação.
RAQUEL: Posso dar um exemplo. Em certo evento do qual participei em outro país, disponibilizei o microfone para cerca de 3 mil mulheres se expressarem. Foi uma oportunidade maravilhosa porque os pastores da região estavam presentes. As informações, declarações e regulamentos da Associação Geral nem sempre chegam até elas. Nós aqui não as conhecemos. Portanto, em algumas regiões, no nível da igreja local, as mulheres consideram o abuso uma parte normal da vida e algo que elas têm que suportar. Muitas mulheres daquela região já sofreram violência doméstica e, pela primeira vez, ouviram o que diz o Manual da Igreja. Isso foi libertador para elas. Pela
O QUE VOCÊ PODE FAZER
JENNIFER JILL SCHWIRZER 1. Prepare-se e prepare sua congregação para lidar com denúncias de abuso. Mais cedo ou mais tarde poderá surgir esse tipo de problema. Vários ministérios podem ser úteis para encontrar os materiais educacionais corretos para cada situação. 2. Reporte o caso às autoridades apropriadas. Encobrir o crime irá manchar a reputação da igreja. Se o abuso não é uma questão criminal, mas uma questão moral (por exemplo, um oficial da igreja
que se envolveu em um relacionamento inadequado com um membro), deve ser informado ao pastor local, que, por sua vez, levará a situação para o nível administrativo mais próximo. Se uma pessoa foi abusada, incentivá-la a confrontar o abusador não é uma atitude sábia. Em todo caso, devemos ter muito cuidado para não aumentar o trauma das vítimas de abuso. 3. Encaminhe a vítima e o agressor para sessões de aconselhamento. ]
JENNIFER JILL SCHWIRZER é conselheira e vive em Orlando, na Flórida (EUA)
primeira vez elas foram empoderadas para dizer: “Sim, a igreja tem regulamentos para essa situação, e podemos falar com segurança.”
TORBEN: Pela perspectiva espiritual, devemos adotar uma política de tolerância zero. O abuso é o antônimo de amor. O fruto do amor não é e nunca será o abuso, em nenhuma de suas formas. Como igreja também devemos assumir uma posição clara e forte para o bem do agressor. Para ele (ou ela), essa postura pode ser redentora.
ELLA: Para uma resposta espiritual temos que ir ao livro de Gênesis. No princípio, Deus instruiu o homem e a mulher a cuidar e proteger Sua criação. Toda vida devia ser protegida e cuidada. Como cristãos, temos uma responsabilidade ainda maior do que os incrédulos, porque afirmamos aceitar a direção e instrução de Deus em nossa vida. Portanto, devemos nos esforçar para cuidar, proteger e prolongar a vida.
WILLIE: Absolutamente! A Bíblia é muito clara. Qual é a cultura das Escrituras? Em 1 Coríntios 13:4 lemos que “o amor é paciente, o amor é bondoso”. Por sua vez, Gálatas 5:22 diz que “o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência” (NVI). Essa é a cultura cristã; essa é a cultura da Bíblia e deve permear todas as nossas comunidades de fé. Portanto, precisamos deixar muito claro que não existe lugar para o abuso, para ferir alguém nem para alegar que é parte da cultura. Essa não é a cultura divina. É a cultura de Satanás!
BILL: Precisamos de vozes corajosas em nossos púlpitos, muito treinamento e informação para comunicar princípios às outras gerações que, simplesmente, não fluirão deles automaticamente e vocês demonstraram essa realidade hoje. Muito obrigado por se preocuparem tão profundamente com o assunto! ]
ENCONTRANDO MEU LUGAR SEGURO
BILL KNOTT
Existe uma conexão antiga e inabalável entre o que é “sagrado” e o que é “seguro”. Da era bíblica à era moderna, os seres humanos têm identificado os espaços que julgam carregados com a presença de Deus como lugares em que pessoas em aflição ou perigo podem buscar proteção. Com razão, a suposição é de que Deus esteja do lado da justiça quando a vingança persegue; que aqueles visados ou marginalizados pelos poderosos podem encontrar em Sua presença um “abrigo na hora da tempestade”.
Mesmo que as leis do “santuário” tenham sido desmanteladas na maioria das sociedades, há uma crença permanente de que uma igreja deve ser um lugar extraordinariamente seguro neste mundo atormentado pela violência, predação e pelo abuso.
Com a dilaceração do véu do templo na morte de Jesus, a compreensão bíblica da localização da “igreja” mudou da estrutura física em que a adoração ocorria para uma comunidade de crentes que carregam o que é sagrado com eles – e neles. O Espírito Santo residindo na vida daqueles que seguem Jesus santifica os lugares nos quais os crentes habitam, bem como suas relações de trabalho e testemunho. O santuário na Terra não mais é um prédio feito de pedra ou madeira, ou mesmo uma tenda de reuniões, mas uma comunidade de cuidado e proteção em que os fracos e os marginalizados encontram segurança e uma casa.
E assim deve continuar a ser. Podemos orar – e devemos trabalhar – para garantir que o abuso não invada mais nenhuma comunidade, especialmente a da igreja. Devemos nos comprometer a proteger aqueles que são vitimados por seu gênero e idade (crianças ou idosos), pela condição física, nacionalidade ou cor da pele. Esta é a religião bíblica: “visitar os órfaõs e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1:27). Uma conexão duradoura entre o que é “seguro” e o que é “santo”.
As pessoas mais procuradas em qualquer região devem ser aquelas que “guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” porque amam a Deus mais do que tudo e amam profundamente o próximo. Os adventistas do sétimo dia devem ser as pessoas “mais seguras” do planeta para quem quer conversar quando se sente desanimado, adorar quando está quebrantado ou para conviver enquanto aprende. Comprometa-se a tornar a comunidade da igreja um lugar de segurança e acolhimento! ]
Experimente a graça NOSSA FÉ É TRANSFORMADA QUANDO OLHAMOS PARA JESUS
GERMÁN JABLOÑSKI
Uma das questões teológicas mais difíceis, controversas e debatidas entre os cristãos é a seguinte: Tenho que fazer alguma coisa para ser salvo? Às vezes, a Bíblia parece dizer que não há nada que devamos ou possamos realizar para ser salvos, pois a salvação é um dom e não podemos atribuir nenhum mérito a nós mesmos (Rm 3:24; 9:16; Ef 2:5-9; Tt 3:5; 2Tm 1:9). Em outras passagens, a Bíblia declara que temos que fazer alguma coisa para ser salvos e até mesmo sugere que a salvação custa um grande sacrifício (Lv 18:4, 5; Js 23:6; Mt 7:13, 14; Fp 2:12; Tg 2:14-26).
Geralmente, a resposta curta e simples é que a salvação é um dom que não podemos conseguir pelas obras, mas que aceitamos por meio da fé. O problema com essa resposta é que a fé também é obra e, portanto, pode levar à vanglória. Alguns tentam sair desse dilema dizendo que a fé tam bém é um dom. Embora seja verdade que Deus é Aquele que sustém nossa fé, a única coisa que essa resposta faz é mudar o problema de lugar. Se queremos saber o que temos que fazer para ser salvos, precisamos saber como podemos aceitar o dom da fé, de modo que o problema permanece.
Outra resposta comum é que nossa contribuição para a salvação é tão pequena ou insignificante que seria ridículo a considerarmos um mérito. Isso indiscutivelmente é verdade, quando comparado ao sacrifício de Cristo. O problema com essa resposta é que, além de ser subjetiva, minimiza o intenso esforço e sacrifício que a Palavra de Deus nos incentiva a fazer, não apenas como resultado de nossa salvação, mas como um meio de obtê-la (1Pe 1:9; Fp 2:12).
Ao longo da história, muitos responderam com uma ênfase negativa à pergunta: “Preciso fazer alguma coisa para ser salvo?” Assim, adotaram a doutrina da predestinação. Outros responderam positivamente e com frequência têm caído na armadilha da salvação pelas obras. O primeiro grupo, tentando proteger a graça de Deus e a ausência do mérito humano, compromete o livre-arbítrio do ser humano; o segundo grupo, procurando salvar a livre escolha, compromete a graça de Deus e a ausência do mérito humano. O terceiro e maior grupo não responde à pergunta categoricamente com um sim ou não, mas oferece explicações que muitas vezes se contradizem ou levam a um beco sem saída, conforme descrito no parágrafo anterior.
O CENTRO DA FÉ
Como então essas duas respostas podem ser conciliadas? O ponto-chave está no objeto da nossa fé. Se aqueles que olham para Cristo como Salvador começam a pensar que estão sendo salvos pelo fato de confiar muito Nele, então sua fé não seria mais em Cristo, mas em sua própria fé. O foco deve estar em Deus, não em nós.
Os passageiros dentro de um avião em pleno voo têm a sensação de estar parados. Somente os que veem a aeronave pelo lado de fora podem perceber a grande velocidade com que ela está se movendo. Algo semelhante acontece com a fé. Um observador externo poderia inferir que os crentes estão sendo salvos pelo exercício da fé, mas os crentes nunca poderiam pensar assim, pois naquele momento Cristo não mais seria o objeto de sua fé. Seria como tentar ver nosso reflexo em um espelho com os olhos fechados: se nos vemos, nossos olhos estão abertos; se fechamos os olhos, não nos vemos. Porém, isso não significa que não devamos mais fechar os olhos, nem que, ao fazê-lo, o espelho não projete mais nosso reflexo.
SE VOCÊ PENSAR QUE ESTÁ SENDO SALVO PELO FATO DE CONFIAR MUITO EM JESUS, SUA FÉ NÃO SERIA MAIS EM CRISTO, MAS EM SUA PRÓPRIA FÉ
De maneira semelhante, confiar em Jesus como nosso Salvador não significa que Ele não seja realmente nosso Salvador nem que não deva mos fazer coisa alguma.
C. S. Lewis, escritor inglês, apresenta uma explicação útil: “Não se pode estudar o prazer no momento do abraço nupcial, nem o arrependimento no momento em que se arrepende, nem analisar a natureza do humor no auge da gargalhada. Contudo, em que outro momento podemos realmente compreender essas coisas? Se minha dor de dente passasse, eu poderia escrever outro capítulo sobre a dor. Mas, quando a dor para, o que realmente vou compreender sobre ela?” (God in the Dock [Eerdmans, 2014], p. 57)
O significado simples da fé tem sido obscurecido por meio de uma abordagem filosófica desnecessariamente complicada. Enquanto estivermos olhando para Cristo e confiando Nele, estaremos seguros. Deixar de olhar para Cristo para escrutinar a experiência da fé não tem nenhum sentido. Esta explicação da justificação pela fé não torna a graça de Deus, nosso livre-arbítrio e nosso esforço mutuamente exclusivos. Ao contrário, permite que os compreendamos em toda a sua extensão.
Este jeito de pensar não é um esquema sofisticado, mas é consistente com a Palavra de Deus (veja Ez 33:13; Jo 3:14-15; Ef 2:8). Se temos “os olhos fitos em Jesus, Autor e Consumador da nossa fé” (Hb 12:2, NVI), não há espaço para vanglória. Como Pedro, enquanto estivermos olhando para Jesus, estaremos salvos, ainda que andando sobre a água.
Ellen White enfatizou esse aspecto em Mensagens aos Jovens (p. 111): “Muitos que buscam sinceramente a santidade de coração e a pureza de vida ficam perplexos e desanimados. Estão constantemente olhando para si mesmos e lamentando sua falta de fé; e, porque não têm fé, acham que não podem rogar as bênçãos divinas. Essas pessoas confundem sentimento com fé. Olham acima da simplicidade da fé verdadeira, trazendo assim sobre a sua vida grandes trevas. Deveriam desviar o pensamento de si mesmas, deter-se na misericórdia e bondade de Deus, recordando Suas promessas, e então simplesmente crer que Ele cumprirá Sua palavra.” ]
GERMÁN JABLOÑSKI é estudante de Teologia na Universidade Adventista Del Plata, na Argentina
Avanço na missão
CONHEÇA UM DOS ÚLTIMOS LEGADOS DE JOHN NEVINS ANDREWS
GILBERT M. VALENTINE
Há exatamente 145 anos, a primeira família de missionários adventistas foi oficialmente enviada dos Estados Unidos para a Europa. Desde então, milhares deixaram o conforto e a familiaridade de sua terra natal e superaram o choque cultural para servir em todo o mundo. Os missionários continuam indo! Conheça o pioneiro deles.
Quando o estimado pioneiro John Andrews partiu de Nova York rumo à Suíça, em setembro de 1874, com seus dois filhos adolescentes, Mary e Charles, a Igreja Adventista entrou em uma nova era, a era da missão mundial. Embarcar nessa obra pioneira não foi uma decisão fácil. Os líderes da igreja não eram unânimes sobre a necessidade da presença de missionários em outros países, decisão que levou mais de um ano para ser tomada.
Andrews havia sido tão valioso para Tiago White quanto Philip Melanchthon fora para Martinho Lutero. Ele era o estudioso “sistematizador” da teologia adventista. Não poderia ter sido poupado? Por outro lado, o debilitado Tiago White, às vezes, via Andrews como um desafio para sua liderança. Seria o viúvo Andrews a melhor pessoa a ser enviada, mesmo sendo capaz de ler o francês?
George Butler, presidente da Associação Geral, ajudou a cristalizar a decisão e a partida de Andrews inaugurou uma nova e brilhante era para a igreja, embora, na manhã daquele dia, o brilho do sol tenha sido bloqueado por nuvens e neblina. Os problemas financeiros, de saúde e incompreensão cultural foram abundantes.
INOCENTES NO EXTERIOR
Andrews esperava que certas coisas iriam se acomodar quando chegasse a Neuchâtel, na Suíça, uma cidade charmosa à beira do lago e que deveria ser o local em que iniciaria sua nova vida como missionário. O plano era que os guardadores do sábado espalhados na região e convertidos uma década antes pelo pregador independente Michael Czechowski conseguissem ajudantes para o evangelismo e financiassem a operação.
O próprio Andrews não recebia salário da Associação Geral; esperava-se que ele conseguisse novos conversos rapidamente e que eles pagassem seu salário. O objetivo imediato era tornar-se autossustentável.
Battle Creek pagou sua passagem de navio, mas Andrews teve que pagar as passagens para seus filhos Mary, 13, e Charles, 16, e pelo transporte de seus livros e itens pessoais. Os regulamentos sobre envio de missionários ainda não existiam. Para sobreviver, Andrews teve que utilizar boa parte dos seus recursos pessoais.
Quando chegou, Andrews descobriu que as coisas eram bem diferentes das suas expectativas. Logo nos primeiros dias, as rajadas geladas do choque cultural quase
o derrubaram. Os obreiros locais, com quem estava contando, não estavam disponíveis, e as famílias de guardadores do sábado enfrentavam profunda dificuldade financeira. Não seria fácil proverem seu salário.
Muitas outras coisas eram diferentes também: a comida, os banheiros, os utensílios domésticos e os costumes locais. Sua opinião, nem sempre só para si, era que os Estados Unidos eram muito “melhores” do que a Europa, muito mais avançados. É claro que naquele tempo ele não chamava sua reação de “choque cultural”, mas, desde 1874, esse é o primeiro desafio enfrentado por todos os missionários depois dele. Foram meses para Andrews reconhecer que eram apenas diferenças; não se tratava de melhor ou pior.
LINGUAGEM CLARA
Um dos primeiros e principais ajustes que Andrews teve que fazer foi relacionado à sua “linguagem clara”. Costume profundamente enraizado da Nova Inglaterra e incentivado pelos seus mentores Tiago e Ellen White, esse estilo de comunicação valorizava a honestidade e franqueza acima das gentilezas diplomáticas. Porém, os crentes suíços não aceitaram bem esse tipo de comunicação. Seus ouvintes o achavam duro, insensível e antagônico. Foi necessário certo tempo para que Andrews se adaptasse e para que os crentes suíços apreciassem os encontros sociais adventistas no estilo de reavivamento, com sua abordagem emocional distinta à experiência religiosa.
Aprender o idioma local tornou-se uma prioridade para Andrews. Ele conseguia ler o francês razoavelmente bem, embora lentamente. Falar com fluência era outra coisa. Ele precisava aprender a falar. Os guardadores do sábado falavam francês muito rápido, emendando as palavras em “um tom grave e incompreensível”. Sem compreender, Andrews sentia-se isolado. Sentia uma exasperação agonizante enquanto lutava para aprender. Aos 45 anos de idade, sua língua e seu palato simplesmente não davam forma aos sons pretendidos pelo seu cérebro.
Felizmente, seus filhos adolescentes, com estruturas cerebrais muito mais flexíveis, aprenderam muito mais facilmente a língua. Foram necessários três anos de determinação obstinada para Andrews conseguir o domínio suficiente do francês para pregar publicamente, sem constrangimento. Ele aprendeu a conversar em um alemão desajeitado, mas sempre precisou de tradutor para pregar nessa língua. Pietro Copiz, especialista em idiomas, destacou
ENCONTRAR NOVOS CAMINHOS PARA A MISSÃO FOI UMA DAS CONTRIBUIÇÕES DE ANDREWS À IGREJA
que as habilidades linguísticas de Andrews acumularam alguns mitos ao longo dos anos. Ele realmente não era um grande linguista. Mas era totalmente comprometido em aprender o necessário para ser bem-sucedido na missão.
Com esforço e determinação, Andrews acabou dominando as complexidades do francês escrito a tal ponto que foi capaz de lançar uma revista evangelística mensal de qualidade que chamou de Les Signes des Temps (Sinais dos Tempos). O sistema postal cultu ralmente diferente e complicado acabou por revelar os seus segredos através de tentativas e erros, e a revista logo atravessou fronteiras e barreiras culturais e chegou às casas em que o francês era falado, em toda a Europa e em partes do mundo onde os evangelistas não podiam se aventurar.
Andrews descobriu que o evangelismo no estilo americano simplesmente não funcionava na Europa. Os pregadores precisavam de uma licença do Estado específica para cada local. As tendas não eram seguras nem apropriadas. Os auditórios eram dispendiosos e as cidades presas pelos fortes laços das ligações Igreja-Estado e culturalmente resistentes a religiões oriundas dos Estados Unidos.
Levou algum tempo para que os líderes em Battle Creek reconhecessem que as coisas podiam ser diferentes. No processo, Andrews foi mal compreendido e enfrentou suspeitas e falta de confiança dos seus companheiros crentes. Só depois que alguns líderes de Battle Creek foram à Europa e viram por eles mesmos as dificuldades reconheceram por que o crescimento era lento e como os métodos da missão tinham de ser adaptados às circunstâncias e à cultura local.
O MAIOR LEGADO
John Andrews tinha o dom da erudição. Sua defesa efetiva do sábado do sétimo dia em seu livro clássico História do Sábado (1861) era muito respeitada pelos pastores e evangelistas, bem como seus escritos sobre outras doutrinas especificamente adventistas.
O papel de Andrews como presidente da Associação Geral quando Tiago White estava doente e seu trabalho como editor da Adventist Review and Sabbath Herald em tempos difíceis também foram contribuições duradouras.
Entretanto, sua contribuição mais notável foi feita no crisol da primeira aventura da igreja no exterior. Andrews aprendeu a ter sucesso na missão por meio de erro e acerto, buscando adaptar-se a novas culturas. Enquanto aprendia, ajudou a igreja a aprender.
Com o tempo, regulamentos mais adequados facilitaram financeiramente o processo. Encontrar novos caminhos para a missão foi uma contribuição pela qual a igreja sempre estará em dívida com Andrews, seu primeiro evangelista oficial no exterior. ]
GILBERT M. VALENTINE, doutor em Educação Religiosa e especialista em história da igreja, é professor na Universidade de La Sierra, na Califórnia (EUA); sua biografia sobre John Nevins Andrews, recentemente publicada pela Pacific Press, lança nova luz sobre esse importante pioneiro da igreja