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15. Sugestões para a escola de direito e aedum
from Relatório de Análise do Questionário Pedagógico - "Inquérito COVID-19"
by AEDUM - Associação de Estudantes de Direito da Universidade do Minho
Muitos alunos referiram
problemas relativamente à qualidade de estudo. Muitos carecem material de estudo suficiente. A falta de acesso a uma biblioteca contribui
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para o problema, assim como a
dificuldade de concentração nas aulas e incerteza relativamente aos métodos de avaliação. Existem casos de indisponibilidade horária e de falta de ligação à internet.
“Na questão de estudos, o maior problema é não possuir muitos livros em casa, somado ao facto de não ter acesso a biblioteca. Friso que, em que pese a biblioteca tenha aberto acesso para pedidos de empréstimos, aqueles que são emprestados não têm data prevista de devolução e a biblioteca também não tem muitas obras de uma mesma edição para que mais de um aluno precise consultar ao mesmo tempo neste período excecional.” “Conciliar a minha vida familiar à vida estudantil (estou sozinha com meu filho em Portugal, ele tem 9 anos. Não consigo fazer vídeo conferências com os professores. Uma vista de teste foi assim, e foi impossível realizar) ” “Não me agradam as aulas virtuais, sinto enormes perdas na qualidade da aprendizagem. O fato de não poder sair de casa, de não ter acesso ao material bibliográfico da universidade, a incerteza com o futuro, questões financeiras e preocupação com a saúde dos meus familiares no Brasil acarreta enormes problemas de concentração, impactando a elaboração dos trabalhos solicitados pelos professores.”
Finalmente, no caso dos alunos internacionais que nesta conjuntura voltaram a casa, alguns enfrentam problemas relativamente ao horário das aulas, mais importantemente de testes. No geral, a situação dos alunos internacionais parece estar bastante debilitada, sendo este um ponto em que maiores esforços deveriam ser encetados pelas autoridades competentes.
15. Sugestões para a escola de direito e aedum
Através da questão “Como aluno da Escola de Direito, como consideras que a
AEDUM ou a Escola de Direito da Universidade do Minho te poderão ajudar
perante as tuas dificuldades?” foi questionado aos alunos de que forma, não só a Associação de Estudantes da Universidade do Minho - AEDUM, como também a Escola
de Direito da Universidade do Minho os poderiam auxiliar
tendo em conta as
dificuldades que estão a enfrentar neste momento. Esta questão, assim como a questão seguinte, serve como que de conclusão geral sobre o restante inquérito. Sendo esta uma questão opcional, foram obtidas 166 respostas, sendo que os temas mais abordados pelos alunos podem ser já adiantados. Assim, pôde-se concluir que
quase metade das respostas obtidas a esta questão se relacionam com a falta de
materiais de estudo, nomeadamente da bibliografia recomendada pelos docentes e das sebentas da AEDUM que servem de apoio ao estudo dos alunos para as diversas unidades curriculares, assim como de teses e dissertações para os alunos de Mestrado. Outra preocupação prende-se com a incerteza quanto aos métodos de avaliação que serão adotados pelos diversos docentes nas suas unidades curriculares. Na sua generalidade, os estudantes pretendem que alguma coisa seja feita no que toca à disponibilização de ferramentas para que possam estudar de modo a que possam ter um aproveitamento positivo às unidades curriculares em que estão inscritos. Fizeram menção não só às sebentas que, em condições normais, poderiam adquirir na sede da AEDUM, na Escola de Direito, como também à bibliografia recomendada pelos próprios docentes. Para além disso, pediram que alguma coisa fosse feita no que toca também à disponibilização de materiais de estudo complementares que, numa situação normal, poderiam ser substituídos pelos vulgarmente denominados apontamentos das aulas. Ora, acontece que, em muitos dos casos, estes pedidos surgem, uma vez que, os alunos têm algumas dificuldades em acompanhar algumas aulas que são lecionadas através de plataformas online, seja pela falha da internet durante as aulas, ou mesmo pela falta dela, seja pela falta de material informático para ter acesso àquelas, seja pela necessidade de terem de partilhar com mais membros da família o material informático, o que os impede de assistir a todas as aulas. Ora, no que concerne à disponibilização online de materiais, pode-se concluir que o que foi requerido em maior número e pela generalidade dos estudantes foi bibliografia recomendada pelos docentes, sebentas da AEDUM, material de apoio a ser fornecido pelos docentes. Ainda no âmbito do tema abordado anteriormente, é de notar que alguns alunos de mestrado pediram que fosse assegurada a cedência de teses/dissertações, monografias, livros e artigos científicos de forma a poderem continuar os seus estudos e a elaborar, também eles, as suas teses. Sendo que se poderá associar a esta problemática de falta de materiais o pedido de prorrogação do prazo de entrega das teses. Outra temática abordada pelos alunos diz respeito aos métodos de avaliação que serão adotados pelos docentes das diversas unidades curriculares, sendo que através das
respostas ao inquérito se consegue perceber que o clima de incerteza quanto aos métodos de avaliação gera alguma preocupação e insegurança, já que os alunos têm receio que não sejam adotados os métodos mais justos e adequados, podendo em alguns casos, levar à fraude académica e imparcialidade. Isto deve-se ao facto de os alunos
considerarem que a lecionação das aulas através de plataformas online não produz o mesmo efeito que as aulas presenciais, acrescendo o facto de que muitos alunos não têm acesso à internet ou a material informático, o que os impede de assistir às aulas e de colocar dúvidas aos docentes. No fundo, os alunos pedem que a Escola de Direito tenha em consideração as condições excecionais que estão a decorrer e, tendo em conta isso, adote medidas, também elas excecionais, ou seja, consideram que, e passo a citar “a
Escola de Direito deve fazer um esforço de compatibilizar os métodos de avaliação com
a situação atual […]”. Por conseguinte, entendem que, dentro do possível, estas medidas devem ser tomadas em tempo célere de modo a que consigam organizar o seu estudo sem necessitarem de estar sempre na expectativa de que o método de avaliação ou a data da realização/entrega dos testes e trabalhos seja alterada constantemente. Os estudantes referiram ainda que deveria haver uma maior intermediação entre os alunos (através da Associação de Estudantes de Direito da Universidade do Minho) e os docentes no que concerne aos métodos de avaliação que serão adotados nas diversas unidades curriculares, já que os alunos não deverão sair prejudicados devido a esta situação pandémica. Relativamente à lecionação das aulas virtuais, alguns alunos também
consideram que
não reúnem as condições necessárias para poderem assistir às
mesmas, referindo que ou não têm material informático (computadores/tablets) para o fazer, ou tendo-o, têm de o partilhar com irmãos (que também estão a ter aulas à distância), o que impossibilita o acompanhamento normal das aulas. Acrescentam ainda que esta solução do “ensino à distância” tem também o inconveniente da falha da internet/rede que quebra o bom funcionamento da aula, sendo que alguns estudantes sugeriram que os professores deveriam gravar as aulas para colmatar estas falhas
constantes, solução já adotada por alguns docentes neste momento. Consideram, também, que os docentes deveriam ter uma melhor formação nas plataformas que utilizam, de forma a proporcionar aos alunos uma aula o mais parecida possível a uma aula presencial. Também foi pedido que, tendo em conta a situação, que em nada é favorável para os alunos, fosse equacionada a possibilidade de todos os alunos terem acesso à época
especial, argumentando que, e passo a citar, “se poderá revelar fundamental para o
sucesso académico, uma vez que vivemos numa situação atípica”.
Outro facto abordado por muitos alunos nesta questão do inquérito em análise prende-se com a redução do valor das propinas, na medida em que consideram que a Universidade do Minho tem despesas menos avultadas ao proporcionar aos alunos um “ensino à distância”. Outros sugerem que, em alternativa, o prazo para o pagamento das mesmas seja prorrogado, tendo em conta a situação financeira e familiar em que se encontram nesta altura. Ainda que a Associação de Estudantes de Direito da Universidade do Minho não represente diretamente os alunos da Licenciatura em Criminologia e Justiça Criminal, houve pedidos de alunos para que seja tomado algum procedimento célere relativamente à
iniciação de aulas via online para todas as unidades
curriculares, já que os docentes desta Licenciatura demoraram imenso tempo a criar alternativas após o encerramento do campus da Universidade do Minho e consequente fim das aulas presenciais. Por fim, os alunos de Mestrado também apresentaram alguns pedidos no sentido de pedir que seja
encontrada alguma solução no que toca ao cumprimento do
calendário escolar, uma vez que as aulas estão constantemente a sofrer alterações de horários, nomeadamente no Mestrado de Direito e Informática. Pedem também que lhes sejam divulgados os métodos de avaliação adotados, já que aquando do preenchimento do inquérito, muitas turmas de mestrado ainda não tinham nenhuma informação relativamente a este assunto. Para além disso, consideram que a realização de testes no Mestrado não é o método mais adequado para avaliar os alunos. Em suma, com esta questão, pôde-se concluir que este momento atípico de incerteza gera nos alunos uma preocupação no que toca ao seu futuro, uma vez que, na sua generalidade, consideram que, ou não estão a ser devidamente informados sobre o futuro do segundo semestre e do início do próximo ano letivo, ou não estão a ser ouvidos devidamente ou ainda que há problemas que deveriam ser resolvidos e não estão a ser. Ora, preocupa-os principalmente a falta de material de estudo, que poderá ser suprida quer pela AEDUM e pelos professores, assim como pela Biblioteca de Direito; a forma como serão avaliados às diversas unidades curriculares; a falta/insuficiência e, em alguns casos, a ineficácia das aulas lecionadas online; e, por último, a dificuldade que terão em pagar atempadamente as mensalidades das propinas enquanto dure este clima de pandemia.