Diagnostica o teu Futuro, Guia 2010 do Internato Médico

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Diagnostica o teu Futuro

Guia 2010

O Internato Médico

Departamento de Medicina e GTAP AEICBAS Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar


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Diagnostica o teu Futuro

Guia 2010

O Internato MĂŠdico Departamento de Medicina e GTAP AEICBAS


Guia 2010 |2 ÍNDICE PREFÁCIO | 4 O INTERNATO MÉDICO |4 ANO COMUM PRÉ-REQUISITOS | 6 CONCURSO DE INGRESSO | 7 DISTRIBUIÇÃO DOS CANDIDATOS | 7 ORGANIZAÇÃO | 8 CONTRATO DE TRABALHO | 8 DÚVIDAS MAIS FREQUENTES | 9 FORMAÇÃO ESPECÍFICA PRÉ-REQUISITOS | 10 CONCURSO DE INGRESSO | 10 COLOCAÇÃO DOS CANDIDATOS À FORMAÇÃO ESPECÍFICA | 10 DÚVIDAS MAIS FREQUENTES | 11 COLÉGIOS DE ESPECIALIDADE | 18 .ESPECIALIDADES MÉDICAS ANESTESIOLOGIA | 18 CARDIOLOGIA | 19 CARDIOLOGIA PEDIÁTRICA | 21 DOENÇAS INFECCIOSAS | 22 ENDOCRINOLOGIA E NUTRIÇÃO | 22 GENÉTICA MÉDICA | 23 HEMATOLOGIA CLÍNICA | 25 IMUNO-ALERGOLOGIA | 26 IMUNO-HEMOTERAPIA | 26 MEDICINA DESPORTIVA | 27 MEDICINA DO TRABALHO | 27 MEDICINA FÍSICA E DE REABILITAÇÃO | 29 MEDICINA GERAL E FAMILIAR | 29 MEDICINA INTERNA | 31 MEDICINA TROPICAL | 32 NEFROLOGIA | 33 NEUROLOGIA | 35 ONCOLOGIA MÉDICA | 35 PEDIATRIA | 36 PNEUMOLOGIA | 38


Guia 2010 | 3 PSIQUIATRIA | 39 PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA | 41 RADIOTERAPIA | 41 REUMATOLOGIA | 42 .ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR | 43 CIRURGIA CARDIOTORÁCICA | 44 CIRURGIA GERAL | 45 CIRURGIA MAXILO-FACIAL |47 CIRURGIA PEDIÁTRICA | 48 CIRURGIA PLÁSTICA RECONSTRUTIVA E ESTÉTICA | 49 NEUROCIRURGIA | 50 .ESPECIALIDADES MÉDICO-CIRURGICAS DERMATOVENEREOLOGIA | 51 ESTOMATOLOGIA | 52 GASTRENTEROLOGIA | 52 GINECOLOGIA/OBSTETRÍCIA | 53 OFTALMOLOGIA | 55 ORTOPEDIA | 56 OTORRINILARINGOLOGIA | 57 UROLOGIA | 58 .ESPECIALIDADES DE DIAGNÓSTICO ANATOMIA PATOLÓGICA | 59 MEDICINA NUCLEAR | 60 NEURORADIOLOGIA | 60 PATOLOGIA CLÍNICA | 61 RADIODIAGNÓSTICO | 62 .SAÚDE PÚBLICA | 63 .MEDICINA LEGAL | 66 .FARMACOLOGIA CLÍNICA | 68 .A INVESTIGAÇÃO E O ENSINO COMO OPÇÃO DE CARREIRA PARA O JOVEM MÉDICO | 69 ANEXOS TABELA REMUNERATÓRIA DA CARREIRA MÉDICA | 71 LINKS ÚTEIS | 72


Guia 2010 |4 PREFÁCIO

Caros Colegas,

A realidade da profissão médica nem sempre está devidamente esclarecida, mesmo entre os estudantes de Medicina. Aquilo que nos espera após a conclusão do Mestrado é, para muitos de nós, uma realidade desconhecida. Considerando fundamental mudar esta premissa, o Departamento de Medicina e o Grupo de Trabalho para Assuntos Pedagógicos da AEICBAS criou este documento que compila todas as questões práticas que o estudante de Medicina deve saber acerca do Internato Médico (Ano Comum + formação específica). Acreditamos que é fundamental termos acesso a informação acessível acerca de todas as etapas da nossa formação. Relativamente ao Internato do Ano Comum, damos-te a conhecer o processo de colocação, as competências que devem ser adquiridas, os períodos de estágio nas diferentes especialidades médicas e as opções de estágios noutros hospitais. Um vasto leque de opções – é o que enfrentamos na escolha da especialidade. Em breves parágrafos serão enunciadas as especialidades existentes em Portugal, assim como as competências de cada uma e a duração do internato. Incluímos ainda, neste ponto experiencias de internos ou especialistas, de modo a dar a conhecer possibilidades de estágios noutros hospitais ou noutros países e partilha de experiências enriquecedoras que ilustrem a realidade da especialidade em causa. Felicidades para as tuas escolhas enquanto Profissional!

Isabel Marques | Departamento de Medicina Isabel Gomes Abreu | Grupo de Trabalho para os Assuntos Pedagógicos


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DIAGNOSTICA O TEU FUTURO

O INTERNATO MÉDICO Procedeu-se à unificação do Internato Geral (Ano Comum) e do Internato Complementar (especialidade), criando-se um único Internato Médico que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2005. De acordo com o novo regime, o Internato Médico corresponde a um processo único de formação médica especializada, teórica e prática, tendo como objectivo habilitar o médico ao exercício tecnicamente diferenciado na respectiva área profissional de especialização, sendo composto por um período de formação inicial designado por Ano Comum e por um período subsequente de formação específica.

ANO COMUM

PRÉ-REQUISITOS Anualmente, realiza-se o concurso para o Ano Comum designado concurso Ref.ªA dirigido a licenciados, ou detentores de mestrado em Medicina, que preencham os seguintes requisitos: - Licenciatura em Medicina por universidade portuguesa, respectiva equivalência ou reconhecimento ao abrigo da legislação comunitária, de lei especial ou acordo internacional; - Inscrição na Ordem dos Médicos; - Aprovação na prova de comunicação médica: indicado para candidatos ao Internato Médico, com licenciatura/mestrado em Medicina, obtido em universidades não portuguesas. trata-se de uma avaliação sistemática da capacidade de compreensão e comunicação, no âmbito da relação médico-doente.


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CONCURSO DE INGRESSO O aviso de abertura do concurso é publicado na 2.ª série do Diário da República, sendo divulgado no site da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), no período de Agosto/Setembro de cada ano. As inscrições no concurso são efectuadas via on-line, geralmente no mês de Setembro, de acordo com o prazo estabelecido no aviso de abertura do referido concurso.

DISTRIBUIÇÃO DOS CANDIDATOS O Ano Comum realiza-se em estabelecimentos e serviços que possuam idoneidade formativa para realizar a formação inicial (estabelecimentos públicos ou privados). O mapa de vagas para o Ano Comum é elaborado pela SecretariaGeral do Ministério da Saúde, tendo em conta as idoneidades dos estabelecimentos e serviços. Os candidatos devem indicar, por ordem de preferência, as opções de colocação no Ano Comum. A distribuição dos candidatos, pelos estabelecimentos e serviços de saúde é feita por ordem decrescente da nota de classificação final do Mestrado Integrado em Medicina, de acordo com as suas opções de colocação. Em caso de igualdade da nota obtida, procede-se a um sorteio, presidido pelo Secretário-Geral do Ministério da Saúde, sendo lavrada acta para o efeito. A lista de colocação dos candidatos é homologada por despacho do Secretário-Geral e comunicada aos estabelecimentos e serviços pela SecretariaGeral do Ministério da Saúde. A data das escolhas das instituições de saúde de preferência do candidato, será divulgada no site da ACSS, na data de publicação do mapa de vagas do concurso.


Guia 2010 |8 ORGANIZAÇÃO O ingresso no Ano Comum efectua-se no dia 1 de Janeiro de cada ano, conforme previsto no regime do Internato Médico, e a duração é de 12 meses, incluindo 1 mês de férias. Abrange todos os ramos de diferenciação profissional, sendo constituído por cinco blocos, cuja sequência não tem ordem definida: A) Medicina Interna - quatro meses B) Pediatria Geral - dois meses C) Obstetrícia - um mês D) Cirurgia Geral - dois meses E) Cuidados de Saúde Primários – três meses, compreende I) Formação em Clínica Geral; Ii) Formação em Saúde Pública.

CONTRATO DE TRABALHO Os médicos internos ficam vinculados à Administração Regional de Saúde (ARS ) ou às regiões autónomas da área do estabelecimento ou serviço de saúde de colocação, mediante celebração de contrato de trabalho em funções públicas. O contrato tem a duração estabelecida para o respectivo programa de formação especializada, incluindo repetições e interrupções (doença, de maternidade e paternidade, de prestação do serviço militar ou cívico, etc) e, no caso das vagas preferenciais, até à efectiva celebração do contrato, por tempo indeterminado. O regime de trabalho, durante o Ano Comum, prevê 40 horas semanais, que incluem doze horas semanais prestadas em serviço de urgência, bem como a impossibilidade de exercício profissional fora do âmbito do programa, ou seja, os internos estão impedidos de acumular outras funções públicas, à excepção de funções de docente. A licença para férias prevista na legislação específica da função pública, define um limite máximo de cinco dias úteis de férias, por cada mês de duração da formação, em cada bloco formativo. Aos internos que tenham de frequentar parte do programa de formação


Guia 2010 | 9 noutro serviço ou estabelecimento situado a mais de 50 km do hospital de colocação e onde não possam utilizar residência própria é atribuído um subsídio mensal de deslocação correspondente a 10% do valor do índice 100 da escala salarial das carreiras médicas.

?! DÚVIDAS MAIS FREQUENTES É POSSÍVEL REALIZAR ESTÁGIOS DO ANO COMUM NO ESTRANGEIRO? O Ano Comum destina-se a conferir formação generalista e de nível básico ao médico interno, pelo que todas as instituições portuguesas onde existem internos do Ano Comum têm capacidade para cumprir integralmente (sozinhas ou com parceria com outras instituições portuguesas) a formação definida no programa do Ano Comum. Por outro lado, outro dos objectivos do Ano Comum é integrar o médico no sistema de saúde português, o que não se coaduna com a realização de estágios no estrangeiro. O Ano Comum, a ser realizado no estrangeiro, obriga à realização do restante internato no país escolhido.


G u i a 2 0 1 0 | 10 FORMAÇÃO ESPECÍFICA

O Internato Médico corresponde à formação médica específica que se segue ao Ano Comum e ao fim da qual o interno é considerado apto a exercer Medicina, recebendo o grau de assistente na sua área.

PRÉ-REQUISITOS Para poder candidatar-se ao ingresso em programas de formação médica específica concurso Ref.ª B (vulgo, especialidade) é obrigatório: - Que o interno tenha frequentado com aproveitamento os blocos formativos do Ano Comum. Entenda-se ainda que os blocos formativos do Ano Comum não substituem e não têm equivalência a eventuais estágios com o mesmo nome durante a formação específica. - Que se encontre a frequentar uma área profissional de especialização e pretenda mudar de especialidade por concurso; - Que tenha obtido o grau de especialista e pretenda frequentar uma segunda especialidade. O exercício autónomo da Medicina é reconhecido a partir de 2 anos de formação de Internato Médico, com aproveitamento.

CONCURSO DE INGRESSO As inscrições no concurso Ref.ª B são efectuadas via on-line, geralmente nos meses de Outubro/Novembro de acordo com o prazo estabelecido no respectivo aviso de abertura.

COLOCAÇÃO DOS CANDIDATOS À FORMAÇÃO ESPECÍFICA A lista de colocação dos candidatos na formação específica, organizada por estabelecimentos ou serviço de saúde, é homologada por despacho do SecretárioGeral do Ministério da Saúde.


Guia 2010 | 11 A escolha das áreas profissionais de especialização pelos médicos internos ocorre durante o último trimestre do ano, por ordem decrescente da classificação final da prova do concurso de ingresso no Internato Médico. Na fixação do número de lugares para o Internato Médico são consideradas as necessidades previsionais de médicos especializados em cada área profissional, bem como a idoneidade e capacidade formativa dos estabelecimentos e serviços de saúde, de modo a não prejudicar o seu regular funcionamento e a adequada preparação dos internos. O mapa de vagas, por área profissional de especialização e por estabelecimento e serviço de saúde, é publicado no Diário da República. Esta etapa da formação inicia-se no dia 1 de Janeiro de cada ano, podendo tal prazo ser alterado por despacho do Secretário-Geral do Ministério da Saúde.

?! DÚVIDAS MAIS FREQUENTES ?! QUEM É RESPONSÁVEL PELO INTERNATO MÉDICO? A Secretaria Geral do Ministério da Saúde é responsável pela gestão e coordenação geral do Internato Médico. Porém, existem ainda outras entidades que também têm um papel activo na estrutura e regulação do Internato Médico; são os chamados órgãos específicos do internato e incluem:    

O Conselho Nacional do Internato Médico (CNMI) As Comissões Regionais do Internato Médico As direcções do Internato Médico das áreas profissionais hospitalares As coordenações das áreas profissionais de Medicina Geral e Familiar, de Saúde Pública e de Medicina Legal

Estas entidades são responsáveis por exercer funções de estudo e de consulta nos domínios da concepção, organização e planeamento do internato, bem como de orientação, coordenação e avaliação do seu funcionamento e desenvolvimento. É a coordenação entre os órgãos específicos do internato, a Ordem dos Médicos e a Secretaria Geral do Ministério da Saúde que permite a elaboração dos programas formativos para cada especialidade, o estabelecimento do número de vagas para cada uma anualmente, entre outras competências.


G u i a 2 0 1 0 | 12 ?! OS MÉDICOS INTERNOS TÊM ALGUMA INFLUÊNCIA NAS DECISÕES TOMADAS RELATIVAMENTE AO INTERNATO? Sim, caso haja manifesto interesse, podem ser criadas Comissões de Médicos Internos ao nível dos estabelecimentos hospitalares e nas zonas de coordenação do Internato Médico. Estas comissões têm como funções principais:  Representar os internos do respectivo estabelecimento junto dos órgãos do Internato Médico;  Promover a organização de cursos, debates, sessões clínicas e debates;  Acompanhar a formação dos colegas, promovendo reuniões periódicas entre todos os médicos internos;  Comunicar ao Conselho Nacional do Médico Interno da Ordem dos Médicos (CNMI) e à Ordem dos Médicos quaisquer factos relevantes que ocorram no decurso do processo formativo.

?!

QUEM

DECIDE

QUE

ESPECIALIDADES

EXISTEM

E

A

SUA

REGULAMENTAÇÃO? A criação de áreas profissionais de especialização do Internato Médico (bem como os respectivos programas de formação) é feita por portaria do Ministro da Saúde, sendo ouvida a Ordem dos Médicos e o CNMI. As especialidades disponíveis actualmente são definidas pela Ordem dos Médicos. O programa de formação de cada uma das especialidades é aprovado por portaria e tem que conter, obrigatoriamente, informação relativa a:   

Duração total do estágio Sequência, duração e local de formação dos diversos estágios Objectivos e descrição do desempenho e conhecimentos para cada estágio  Avaliação (desempenho e conhecimentos) para cada estágio Estes programas, para além das actualizações e alterações que pontualmente possam ser introduzidas, devem ser revistos, por portaria do Ministro da Saúde, de 5 em 5 anos.


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?! É POSSÍVEL ADIAR O INÍCIO DO INTERNATO? E INTERROMPÊ-LO? Os médicos admitidos à frequência do Internato Médico podem ser autorizados pelo Secretário-Geral do Ministério da Saúde a adiar o início do internato, depois de ouvido o CNMI, desde que o motivo seja: doença, maternidade e paternidade, prestação de serviço militar ou cívico ou de força maior. A interrupção do internato também é possível, desde que autorizada pelas mesmas entidades acima referidas e com licença sem vencimento por um ano. Esta interrupção tem que ser devidamente justificada e apenas motivada por razões excepcionais, mormente:  Actividades desportivas de alta competição  Actividades de relevante natureza cultural ou humanitária  Programas de doutoramento em investigação médica Estas interrupções têm a duração máxima de metade da duração total da formação específica (que inclui o Ano Comum e os anos de especialidade). Porém, o prazo pode ser prolongado caso a suspensão se deva à frequência de programas de doutoramento em investigação médica. ?! O QUE É UM INTERNO DOUTORANDO? Essencialmente são internos que, a par com a formação médica na sua área profissional, desenvolvem programas de investigação clínica conducentes ao grau de Doutor. Algumas particularidades que valem a pena ser mencionadas são:  

Os internos podem candidatar-se em qualquer momento do seu internato a programas de doutoramento; O número de internos admitidos em programas de doutoramento é fixado pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que também fixa as áreas prioritárias de formação;


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A formação médica do interno doutorando é acrescida de um prazo suplementar no total do processo de formação, até ao máximo de 3 anos; O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior atribui (após avaliação científica da candidatura) a cada um dos internos doutorandos seleccionados, um subsídio mensal de 50% do valor de uma bolsa de doutoramento no país.

?! É POSSÍVEL REALIZAR O INTERNATO NO ESTRANGEIRO? Sim. Pode ser feito na totalidade (Ano Comum + formação médica específica) ou apenas parcialmente (alguns estágios da formação médica específica), nomeadamente em centros de formação consagrados em determinadas subespecialidades da formação específica em questão. Salienta-se, no entanto, que caso se realize o internato totalmente no estrangeiro (isto é, não efectuar a Prova Nacional de Seriação e o Ano Comum em Portugal) e se pretenda retornar a Portugal, é necessário fazer posteriormente um pedido de equivalência da formação concretizada, o que, no caso da União Europeia e Suíça é automático, enquanto que em outros países estará dependente do parecer de cada colégio da especialidade em Portugal.

?! É POSSÍVEL PEDIR A ALTERAÇÃO DA INSTITUIÇÃO EM QUE ESTÁ A SER REALIZADO O INTERNATO? Sim, desde que haja um motivo excepcional para tal (p.e. situações pessoais/familiares), devendo obter um parecer favorável da instituição que abandona e aquela que o recebe (determinada pelo próprio interno ou pelo CNMI, caso haja apenas preferência por uma zona geográfica e limitada pelas vagas disponíveis). Também é possível a mudança caso haja perda de idoneidade e/ou capacidade formativa do serviço de colocação.


Guia 2010 | 15 ?!

QUAIS

SÃO

AS

OPÇÕES

RELATIVAMENTE

A

MUDANÇA

DE

ESPECIALIZAÇÃO DURANTE O INTERNATO? Caso se pretenda mudar de área profissional, o interno tem de realizar uma nova Prova Nacional de Seriação (PNS); só podem candidatar-se a esta os internos que já tenham concluído o Ano Comum e apenas durante dois anos a partir dessa mesma data. Para aqueles que tenham já obtido o grau de assistente (especialista) ou concluído uma determinada especialização, só é permitida a entrada numa segunda especialidade, tendo que, para isso, realizar uma nova PNS. Se a mudança de área for bem sucedida, o interno pode requerer equivalência da formação anterior, sendo colocado no período de formação correspondente. Assim sendo, salienta-se que cada interno/médico só pode realizar 2 especializações. Nota: também é possível pedir a mudança de área profissional por motivos de saúde, ou seja, caso os internos fiquem incapacitados de exercer na área profissional que frequentam; nesta situação não é necessário realizar Prova Nacional de Seriação.

?! NO CONCURSO ÀS VAGAS PARA AS DIFERENTES ESPECIALIDADES MÉDICAS,

EXISTEM

AS

CHAMADAS

VAGAS

NORMAIS

E

AS

VAGAS

PREFERENCIAIS. QUAL A DIFERENÇA? As vagas preferenciais existem quando há necessidade de médicos de determinadas especialidades em alguma instituição ou região em particular. As vagas são fixadas independentemente do estabelecimento ou serviço, que carece desses especialistas, ter ou não capacidade formativa dentro das áreas em questão. Todavia, as vagas preferenciais implicam determinados direitos e obrigações por parte de quem as ocupa:  Tem direito a uma bolsa de formação no valor de 750 euros;  O médico deve cumprir um período de permanência obrigatória, no final do internato, que significa permanecer no local que deu origem à vaga por um período igual ao da formação específica (incluindo repetições);


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Se não cumprir a regra acima descrita, o médico é obrigado a devolver o montante relativo à bolsa de formação.

É fundamental salientar, ainda, que um interno que entre na área de formação pretendida por meio de uma vaga preferencial não pode mudar posteriormente para um regime de vaga normal. Pode, contudo, solicitar a sua transferência para outro local de formação mantendo-se, de qualquer das formas, o propósito estabelecido pelo conceito de vaga preferencial. ?! COMO É FEITA A AVALIAÇÃO NO DECURSO DO INTERNATO MÉDICO? A avaliação durante o internato compreende: 1.

AVALIAÇÃO CONTÍNUA

Tem como finalidade aferir os seguintes componentes: desempenho individual e nível de conhecimentos. Os resultados são registados no processo individual do interno e serão considerados na prova de discussão curricular que integra a avaliação final. Avaliação do desempenho - feita também de forma contínua ao longo de cada estágio, esta avaliação engloba os seguintes parâmetros:    

Capacidade de execução técnica; Interesse pela valorização profissional; Responsabilidade profissional; Relações humanas no trabalho.

Avaliação de conhecimentos O programa de cada área profissional fixa o tipo de prova e os períodos de avaliação. A avaliação no final de cada estágio realiza-se através de uma prova que pode consistir, designadamente, na apreciação e discussão de um relatório de actividades ou de trabalho escrito. Assim, o médico interno cuja avaliação revele aptidão em cada uma das componentes, desempenho e conhecimentos, transita para o período seguinte de um estágio ou para outro estágio.


Guia 2010 | 17 2.

AVALIAÇÃO FINAL

A avaliação final destina-se a atribuir uma classificação na escala de 0 a 20, reflectindo o resultado de todo o processo formativo; essa classificação é o resultado da média aritmética da classificação atribuída por cada um dos elementos do júri, considerando-se apto o médico interno que obtenha classificação igual ou superior a 10 valores.

Esta avaliação consta de 3 provas públicas: Discussão curricular – engloba essencialmente: Análise e discussão da evolução da formação ao longo do internato com incidência sobre os registos de avaliação contínua; Frequência e classificação de cursos com interesse para a área profissional em questão; Publicação ou apresentação pública de trabalhos; Participação, dentro da área da especialização, na formação de outros profissionais. Prova prática – observação de um doente sorteado, com elaboração da respectiva história clínica (contendo anamnese, hipóteses diagnósticas mais prováveis e a sua discussão); a discussão da história é feita, no mínimo, por 3 elementos do júri e tem a duração máxima de 90 minutos. Prova teórica – geralmente na forma oral mas podendo ser parcial ou totalmente por uma prova escrita ou por teste de escolha múltipla, conforme o estabelecido no programa de formação; a argumentação da prova teórica tem a duração máxima de 2h30min.

Assim, a aprovação na prova de avaliação final do Internato Médico confere o grau de Assistente na respectiva área profissional, comprovada por diploma emitido pelo Ministério da Saúde.


G u i a 2 0 1 0 | 18 COLÉGIOS DE ESPECIALIDADE ESPECIALIDADES MÉDICAS

ANESTESIOLOGIA Anestesiologia, fruto da diversidade e complexidade das suas competências, constitui uma especialidade fundamental na abordagem do doente urgente e emergente. São áreas de intervenção desta especialidade a Medicina Peri-Operatória, a Medicina da Dor, a Medicina de Emergência e a Medicina Intensiva. A Anestesiologia assume um papel relevante na actividade do Bloco Operatório, na Unidade de Cuidados Pós-Anestésicos (Recobro), na Sedação e Analgesia, em apoio à realização de Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, no tratamento da Dor Aguda e na Analgesia de Parto. O especialista pode ainda participar na emergência pré-hospitalar, nomeadamente na Viatura Médica de Emergência e Reanimação e no Serviço de Helicópteros de Emergência Médica. Assume ainda um papel relevante na Medicina de Catástrofe, nas vertentes pré, inter e intra-hospitalares.

Duração 4 anos (48 meses) Estágios Obrigatórios Cirurgia Geral Ginecologia Ortopedia Urologia Oftalmologia Otorrinolaringologia Cirurgia Plástica

Maxilofacial e Queimados Pediatria Neurocirurgia Cirurgia vascular Anestesia fora do Bloco Operatório

Obstetrícia Terapêutica da dor Cuidados intensivos Cirurgia cardíaca Cirurgia pulmonar Urgência

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


Guia 2010 | 19 CARDIOLOGIA A Cardiologia é uma especialidade médica com patologia clínica específica e diversificada, integrando por vezes quadros clínicos em que a componente cardiológica pode não ser a preponderante. A Cardiologia apoia-se em várias técnicas de diagnóstico que requerem aprendizagem profunda, quer na utilização, quer na interpretação dos resultados. De entre as suas características clínicas, ressalta a estreita ligação com a urgência médica. A Cardiologia tem actualmente uma componente de Cardiologia de intervenção com aplicação cada vez mais ampla, mantendo uma relação íntima com a cirurgia cardíaca.

Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Medicina interna Cardiologia clínica Ecocardiografia

Cuidados intensivos cardíacos

Hemodinâmica e Prova de esforço e angiocardiografia holter

Arritmologia e pacing

Cirurgia cardíaca

Cardiologia nuclear Cardiologia pediátrica

Estágio opcional Devem relacionar-se com a actividade que se pretende aprofundar, tem por finalidade despertar novas fontes de interesse no interno, indo ao encontro das suas qualidades. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico


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Testemunho – Prof. Doutor Henrique Cyrne Carvalho A licenciatura é apenas o primeiro grande passo na formação pessoal. A partir desse momento inicia-se uma nova fase de procura mais sistemática e mais madura de um rumo que constitua o modelo de carreira profissional. O jovem licenciado em Medicina deve, na minha perspectiva, começar desde cedo a procura desse modelo. É obvio que as oportunidades não surgem de forma simétrica, mas pareceme que a concretização de objectivos depende muito mais da vontade individual do que das condições de oportunidade. O modelo da minha formação e diferenciação profissional assentou essencialmente nestes pressupostos. Identificada a Cardiologia como especialidade de grande intercepção nas várias áreas médicas e com um elevado potencial de progressão na capacidade de intervenção diagnóstica e terapêutica, apresentou-se-me como a melhor opção na escolha da especialidade. Iniciei o Internato Complementar de Cardiologia no Hospital de Santo António em 1986. Por necessidade de criação do Laboratório de Hemodinâmica e Cardiologia de Intervenção e, por previamente ter demonstrado muito interesse nessa área que me pareceu apresentar enorme potencial, fui escolhido pelo Director de Serviço para realizar um estágio de formação profissionalizante no Hospital de S. João, sob orientação do Professor Damião Cunha. Após três anos consecutivos naquele Serviço, candidatei-me a uma bolsa de formação no estrangeiro patrocinada pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia, tendo tido o privilégio de ter sido aceite num dos mais conceituados centros de Cardiologia de Intervenção do mundo – a Clinique Pasteur em Toulouse. Realizei um estagio de diferenciação durante um ano, sob a orientação do Professor Jean Marco. Regressado de França em 1994, fui incumbido de montar o Laboratório de Hemodinâmica e Cardiologia de Intervenção dos Hospital de Santo António, que dirijo desde então e onde actualmente trabalham mais 4 Cardiologistas de Intervenção e mais de duas dezena de Enfermeiros e técnicos, alem de Médicos Anestesiologistas. Em 2000 realizei provas de Doutoramento na Universidade do Porto, com um tema de investigação clínica dentro do âmbito da Cardiologia de Intervenção. Tendo iniciado a carreira académica em 1983, como monitor de Medicina 1, mantive-me sempre ligado ao ensino, progredindo na Carreira Académica como Assistente, Professor Auxiliar e actualmente como Professor Associado. Sou actualmente o regente da Cadeira de Medicina 1 do Mestrado integrado de


Guia 2010 | 21 Medicina do ICBAS-CHP HSA.

Este é o resumo breve de uma carreira já longa que foi moldada de acordo com o que me parece ser a chave do sucesso: escolha de boas oportunidades, identificação do modelo para a sua concretização, exigência no desempenho, trabalho intenso e sistemático e permanecia do fascínio relativamente ao projecto que se idealizou. Prof. Doutor Henrique Cyrne Carvalho | Especialista em Cardiologia | Regente de Medicina I MIM ICBAS-CHP HSA

CARDIOLOGIA PEDIÁTRICA Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Formação básica Pediatria Médica Geral Formação complementar Cardiologia Pediátrica Estágios Opcionais Genética Médica Anátomo-Patologia Cardiovascular

Cirurgia Cardíaca Arritmologia

Laboratório de Exercício

Cardiologia Nuclear

Adolescente e do Adulto

Cardiopatias Congénitas do

O interno deve ter interesse na apresentação e publicação de trabalhos de carácter clínico ou de investigação, assim como na colaboração em cursos de aperfeiçoamento, inquéritos e trabalhos de campo. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


G u i a 2 0 1 0 | 22 DOENÇAS INFECCIOSAS A Infecciologia é a especialidade médica que aborda as doenças infecciosas e parasitárias, sejam estas causadas por vírus, bactérias, fungos, protozoários ou outros microorganismos. O Infecciologista actua basicamente em 4 grandes áreas clínicas: - Diagnóstico e tratamento das doenças infecciosas e parasitárias - Imunizações (Vacinação) - Aconselhamento na Prescrição de Antimicrobianos - Controlo de Infecção Hospitalar Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Medicina Interna Microbiologia

Infecciologia Medicina Intensiva

Estágios Opcionais Neurologia Dermatologia Pneumologia

Imunologia clínica Saúde Pública

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

ENDOCRINOLOGIA E NUTRIÇÃO A Endocrinologia é a especialidade médica que estuda as doenças das glândulas endócrinas, do metabolismo e nutrição.


Guia 2010 | 23 Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Medicina interna Endocrinologia, diabetes, Estágios Opcionais Endocrinologia da Reprodução

metabolismo e nutrição

Laboratório de endocrinologia

Endocrinologia pediátrica

Medicina Nuclear Anatomia patológica

Imagiologia clínica

Deverá ser elaborado, em cada um dos estágios, um trabalho de revisão bibliográfica, referente a uma entidade nosológica. À excepção dos estágios realizados em laboratório, deverá haver pelo menos oito horas de consulta por semana, devendo o restante tempo ser distribuído pela enfermaria e participação em reuniões clínico-científicas. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

GENÉTICA MÉDICA Duração: 60 meses (5 anos)

Estágios Prática laboratorial (9 a 24 meses) inclui: Citogenética Genética Bioquímica e Molecular

Fetopatologia (anatomia patológica)


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Estágio opcional Citogenética Genética bioquímica

Genética bioquímica e molecular

Treino clínico básico (12 a 15 meses) inclui: Diagnóstico pré-natal (obstetrícia)

Pediatria I e II Medicina Interna

Estágio opcional Pediatria Medicina interna

Epidemiologia

Estatística e Informática da Saúde

Treino clínico específico – 24 a 36 meses; inclui: Genética clínica (24 meses) – recomenda-se que, da totalidade deste período de formação, 3 a 6 meses sejam realizados, nos últimos 2 anos, noutro serviço ou idoneidade formativa. Estágios Opcionais Devem ser realizados durante o 5º e último ano de formação. Consistem em 2 estágios com a duração de 6 meses cada, destinados ao reforço da componente laboratorial ou componente clínica (consoante o perfil e preferência do interno). Durante este último ano, deverá ser planeado e efectuado um projecto de investigação (laboratorial, clínico ou misto) em qualquer uma das áreas da genética médica. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

Testemunho – Dr.ª Renata d’Oliveira Enquanto área da Medicina, a Genética Médica dedica-se ao estudo da Doença Genética, que passa pela avaliação da gravidade do problema na população, pela caracterização da sua etiologia (cromossómica, bioquímica, genómica) e pelo


Guia 2010 | 25 esclarecimento das respectivas vias fisiopatológicas, na tentativa de oferecer um rastreio, um diagnóstico, um prognóstico, uma orientação e uma prevenção da patologia em causa. Desde o início da década de 60 que se observa uma crescente importância da Genética nos vários domínios da Medicina, dando-se o seu reconhecimento na saúde e bem-estar das gerações presentes mas principalmente das gerações vindouras. A investigação Genética em Portugal também remonta à década de 60-70, sobretudo nos vários ramos de investigação, não com tanta importância na área da genética humana. A prática da Genética Médica remonta à década de 80, sendo a maioria dos profissionais Pediatras com a Competência em Genética Médica. Enquanto especialidade médica no nosso país, ainda é uma criança, criada em 2001. Neste momento há 4 centros com idoneidade formativa em Genética Médica (dois em Lisboa, um em Coimbra e outro no Porto). A possibilidade de algum estágio fora do País existe (principalmente nos estágios opcionais), até é recomendável, uma vez que ainda temos muito a aprender com quem está nisto há mais de 20anos. Mas isto, não só na Genética como também noutras áreas da Medicina, dependerá de ti, da vontade que terás, dos teus objectivos, do local e do tipo de estágio que escolheres. Boa sorte! E boa escolha para o teu futuro profissional! Dr.ª Renata d’Oliveira Interna Complementar em Genética Médica | Hospital Pediátrico - Centro Hospitalar de Coimbra

HEMATOLOGIA CLÍNICA Especialidade Médica que se ocupa do diagnóstico e tratamento das doenças do sangue. Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Medicina Interna Hematologia Laboratorial

Imuno-hemoterapia Hematologia Clínica Geral Pediátrica

Transplante de Medula


G u i a 2 0 1 0 | 26

Estes estágios são realizados nos serviços respectivos ou, no caso de Imunohemoterapia, no Instituto Português do Sangue. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

IMUNO-ALERGOLOGIA Especialidade médica que previne e trata as doenças que comprometem as defesas do organismo e as doenças alérgicas

Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Pediatria médica Medicina Interna

Imuno-alergologia Geral Pediátrica

Laboratório de Imunologia Pneumologia Dermatologia Otorrinolaringologia

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

IMUNO-HEMOTERAPIA Especialidade Médica que estuda e aplica teorias e técnicas relativas à colheita, classificação, conservação e administração de sangue e seus componentes. Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Imuno-hemoterapia Hematologia Clínica

Hematologia Laboratorial Transplantação e Transfusão


Guia 2010 | 27 Cuidados Intensivos Polivalentes O estágio de Imuno-hemoterapia está dividido em 3 módulos de 12 meses, nos quais variam os objectivos de desempenho: Módulo A: Colheita de sangue, processamento, análise e controlo de qualidade Módulo B: Trombose e hemostase, hemaferese e criobiologia Módulo C: Medicina transfusional Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

MEDICINA DESPORTIVA Duração 4 anos (48 meses) Estágios Obrigatórios Medicina desportiva geral Cardiologia Pneumologia Fisiologia do exercício físico Ortopedia e traumatologia Fisiatria Patologia clínica e toxicologia Prática em instituição

Estágios Opcionais Psicologia desportiva Ou Dietética e nutrição

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico. MEDICINA DO TRABALHO No âmbito de uma organização empresarial, o Especialista em Medicina do Trabalho zela pela saúde dos trabalhadores, realizando os exames necessários em função da actividade profissional, desenvolvendo estudos e acções sobre as condições de higiene, saúde e segurança do ambiente/ local de trabalho.


G u i a 2 0 1 0 | 28 Note-se que nesta especialidade não está prevista a realização de Internato de Formação Específica. Duração mínima da formação - 4 anos: |2 anos de formação teórica | 2 anos de prática profissional Serão reconhecidos como Especialistas nesta área os Médicos que cumprirem os seguintes pré-requisitos: - Curso de Medicina do Trabalho, reconhecido pela Ordem dos Médicos e que consiste num curso de formação pós-graduada dirigido a licenciados e/ou com Mestrado Integrado em Medicina, a realizar-se nas instituições abaixo mencionadas: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Escola Nacional de Saúde Pública - Ser Orientado por um Especialista de Medicina do Trabalho, num estágio a desenvolver numa empresa- Formação em Exercício, com duração de 24 meses e carga horária mínima 16h/mês Durante a formação, os formandos deverão elaborar os seguintes documentos: - Diagnóstico de Situação da empresa onde se realiza o exercício orientado, (contemplando problemas de saúde e riscos profissionais) - Plano de Intervenção (determinação dos problemas de higiene e segurança no trabalho seleccionados para resolução) - Relatórios Intercalares das actividades desenvolvidas - Relatório Final das Actividades - Monografia ou Trabalho de Investigação sobre tema da área da Medicina do Trabalho - O Exame Final de Especialidade contempla: Proa de Verificação Documental Prova de Discussão Curricular Prova de Discussão do Relatório de Actividades Prova de Dissertação Discussão


Guia 2010 | 29 Elaborado segundo o Plano Transitório de Formação redigido pela Ordem dos Médicos 2005/2006

MEDICINA FÍSICA E DE REABILITAÇÃO Esta especialidade, mais comummente designada como Fisiatria, trata da recuperação funcional de lesões de ossos, músculos, tendões, articulações e nervos. Duração 4 anos (48 meses) Estágios Obrigatórios Medicina Física e de Reabilitação (39 meses) Neurologia (3 meses) Ortopedia ou Reumatologia (3 meses) Estágio Opcional (3 meses) Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

MEDICINA GERAL E FAMILIAR Especialidade médica vocacionada para a prestação de cuidados primários e para orientar o doente nos cuidados de saúde necessários a prestar por outros especialistas.

Duração 4 anos (48 meses) Estágios Obrigatórios Medicina Geral e Familiar 1 Medicina Geral e Familiar 2 Medicina Geral e Familiar 3 Pediatria

Obstetrícia/Ginecologia Saúde Mental/Psiquiatria

|Urgência


G u i a 2 0 1 0 | 30 Medicina Geral e Familiar 4

Estágios Opcionais Cardiologia Dermatologia Endocrinologia Medicina interna

Neurologia Pneumologia Oncologia Otorrinolaringologia

Reumatologia (entre outros)

Estes estágios são realizados no Centro de Saúde ou agrupamento de Centros de Saúde de colocação; ou ainda em unidades de saúde de referência da instituição de colocação do interno.

Estágios Curtos Com uma duração total de 180 horas, destinam-se à aquisição de competências em procedimentos específicos, nomeadamente fundoscopia, colocação de implantes, colocação de dispositivo intra-uterino, entre outros. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

Testemunho – Dr.ª Ana Lúcia Afonso Soares Escolhi a Medicina Geral e Familiar como especialidade médica logo após o primeiro contacto com os Cuidados de Saúde Primários, ainda na faculdade. A Medicina centrada na pessoa, que valorizava os aspectos psico-sociais e familiares para além da componente orgânica, era o que procurava. O trabalho interventivo na comunidade, a prevenção, o rastreio e a promoção da saúde foram também muito aliciantes. Considero que a MGF é uma especialidade privilegiada na relação que se estabelece entre o médico e o doente, relação essa que se estende no tempo, e na continuidade dos cuidados que presta. O Internato é de 4 anos, que incluem estágios hospitalares – alguns deles


Guia 2010 | 31 escolhidos de acordo com as preferências do interno – e onde é possível aprofundar conhecimentos em determinadas áreas médicas. Muitos decerto, ao acabar o Curso de Medicina pensaram que “agora sim, se repetisse o estágio X, é que ia aproveitar!”, e estes estágios surgem como a oportunidade privilegiada para rever conceitos e perceber o que é fulcral no âmbito dos CSP. A Coordenação do Internato de MGF da Zona Norte proporciona a oportunidade de frequentar cursos importantes para a formação em MGF – a Comunicação na Consulta, Medicina Baseada na Evidência, etc. Este Internato não é de todo “fácil”! (Mas é, ainda assim, muito aliciante!) A componente de investigação, a oportunidade que temos de trabalhar e partilhar experiências com outros Internos em vários projectos, e de ver o nosso trabalho reconhecido pelos nossos pares, quando nos apresentamos em Jornadas, Encontros, etc, é também uma grande fonte de motivação para avançarmos na nossa aprendizagem, que na MGF será contínua!

Dr.ª Ana Lúcia Afonso Soares Interna do 1º ano de Medicina Geral e Familiar | USF Nova Via

MEDICINA INTERNA A Medicina Interna ocupa-se da prevenção, diagnóstico e orientação da terapêutica curativa não cirúrgica das doenças de órgãos e sistemas ou das afecções multi-sistémicas dos adolescentes, adultos e idosos. A sua essência é definida pela visão integradora da constelação de características fisiológicas e patológicas do doente e a articulação com as práticas de outras especialidades. Esta especialidade exerce-se em clínica de internamento, de ambulatório, clínica de urgência/emergência dos estados críticos.


G u i a 2 0 1 0 | 32 Duração 5 anos (60 meses)

Estágios Obrigatórios Medicina Interna (duração mínima de 42 meses) Medicina de Cuidados Intensivos Polivalentes (6 meses em unidade polivalente)

Estágios Opcionais – duração até 12 meses, sendo que cada estágio opcional não poderá ter duração inferior a 3 meses Cardiologia Dermatologia Doenças infecciosas Doença vascular cerebral Gastrenterologia

Endocrinologia e Metabolismo Hematologia clínica Imunologia clínica/doenças autoimunes

Nefrologia Neurologia Oncologia médica Pneumologia

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

MEDICINA TROPICAL A Medicina Tropical procura desenvolver e implementar sistemas de cuidados de saúde, instrumentos clínicos, técnicas de laboratório, metodologias de trabalho e medicamentos adequados que permitam solucionar, a nível individual e comunitário, problemas de saúde, que afligem pelo menos metade da população mundial. A especialização em Medicina Tropical, definida oficialmente, não existe, nem para médicos nem para enfermeiros. A especialidade médica foi, durante algum tempo, apenas conferida pela Ordem dos Médicos, mas o curriculum para obtenção dessa especialidade está ultrapassado, e, na prática, o colégio da Ordem


Guia 2010 | 33 apenas confere a especialidade por consenso. É importante que se criem condições para especializações (médicas e de outros profissionais de saúde) na área da Medicina Tropical, envolvendo os vários parceiros: o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), como referência na investigação, formação e cooperação nessa área, e as entidades públicas ou privadas nacionais e, sobretudo, dos países em desenvolvimento, para o estabelecimento de um programa de especialização em Medicina Tropical. Temos o apoio da Ordem dos Médicos para esta iniciativa. Prof. Doutor Paulo Ferrinho |Director do Instituto de Higiene e Medicina Tropical Ferrinho, Paulo. “Medicina Tropical pode “favorecer a conquista de um posto de trabalho” Semana Médica nº 582, Abril, 2010 Duração 5 anos (mínimo) Estágios Medicina Interna | 18 meses Doenças Infecciosas ou Serviço de Medicina em Regiões Tropicais | 6 meses Curso de Medicina Tropical Reconhecido pela Ordem dos Médicos Prática Laboratorial relevante para a Especialidade | 2 meses Estágio em Hospital | 2 anos 1 ano obrigatoriamente em Hospital nos Trópicos, considerado idóneo, em regime de tempo completo Elaborado segundo o Regimento do Colégio da Especialidade de Medicina Tropical da Ordem dos Médicos 2001

NEFROLOGIA A Nefrologia dedica-se ao diagnóstico e tratamento das doenças renais, incluindo distúrbios hidro-electrolíticos, hipertensão e acompanhamento de doentes com necessidade de suporte da função renal. Duração: 5 anos (60 meses)


G u i a 2 0 1 0 | 34

Estágios obrigatórios Medicina Interna – deverá realizar-se no 1º ano de internato (12 meses) Intensivismo (3 a 6 meses) Nefrologia (36 a 39 meses) – este estágio inclui: Nefrologia Clínica; Transplantação Renal; Hemodiálise e Diálise Peritoneal Crónica. Estágios opcionais Nefrologia (áreas já especificadas, e ainda Nefrologia Pediátrica) Áreas de Exames Complementares de Diagnóstico: Imagiologia, Radiologia de Intervenção Vascular, Medicina Nuclear, Patologia Clínica e Anatomia Patológica Áreas de clínicas não nefrológicas: Medicina Interna, Intensivismo, Infecciologia, Endocrinologia, Cardiologia, Reumatologia e Urologia Área de investigação básica NOTAS: O interno deve participar na elaboração e apresentação de trabalhos científicos. No final do internato, o interno deverá ter realizado pelo menos um trabalho como 1º autor, publicado ou apresentado em reunião científica de âmbito nacional ou internacional; No estágio de Nefrologia Clínica: entre outras exigências, o médico interno deverá ter efectuado, até ao final do internato, um número mínimo de biópsias renais percutâneas (20 em rim próprio e 5 em enxerto renal) e 80 colocações de cateteres centrais para hemodiálise; No estágio de Transplantação Renal, o interno deve seguir pelo menos 10 doentes transplantados durante um período mínimo de 6 meses, o que também se verifica no estágio de Hemodiálise (seguimento de 10 doentes crónicos) e no estágio de Diálise Peritoneal Crónica (DPN), em que deve acompanhar no mínimo 5 doentes em DPN durante 3 meses. Avaliação - de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico


Guia 2010 | 35 NEUROLOGIA Especialidade médica que se dedica ao diagnóstico e tratamento clínico dos distúrbios e patologias do sistema nervoso central e periférico.

Duração 5 anos (60 meses) Estágios obrigatórios Neurologia (36 meses) – inclui 12 meses de estágio concomitantemente em meios complementares de diagnóstico neurológico (MCDN) Neurofisiologia

Neurorradiologia

Neuropatologia

Neurocirurgia

Neuropediatria

Psiquiatria

Doenças Infecto-contagiosas

Cuidados Intensivos Polivalentes

Estágios opcionais Medicina Interna

NOTA - Os estágios opcionais têm a duração mínima de 3 meses e máxima de 15 meses; neste período de tempo, 6 meses podem ser despendidos em estágios em subespecialidades, bem como técnicas das ciências neurológicas.

Avaliação - de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

ONCOLOGIA MÉDICA A Oncologia Médica é a especialidade médica que se ocupa da prevenção, do rastreio e especialmente do diagnóstico, estadiamento, tratamento médico e seguimento dos doentes com neoplasias e suas complicações, incluindo os cuidados paliativos e de suporte.


G u i a 2 0 1 0 | 36 Duração 5 anos (60 meses) Formação básica (24 meses) Medicina Interna

Cuidados Intensivos Polivalentes

Formação complementar (36 meses) Oncologia médica

Oncologia hematológica*

Radioterapia

* pode incluir um período de formação de 2 meses em unidades de transplante de medula óssea ou células progenitoras Estágio opcional Oncologia clínica Biologia molecular Imunologia Genética e Anatomia Patológica Investigação em oncologia médica Durante o internato, o médico interno deve desenvolver um trabalho de investigação - original, em área clínica ou básica – e elaborar o respectivo relatório; Para a elaboração deste relatório será disponibilizado ao interno o tempo de 1 mês, o qual será contabilizado no estágio de oncologia médica. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

PEDIATRIA Especialidade médica que acompanha o desenvolvimento da criança e adolescente, vigia o seu estado de saúde e diagnostica e trata as suas doenças.


Guia 2010 | 37 Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Treino pediátrico básico – ocupa os 3 primeiros anos de formação 1º ano Pediatria geral I 2º e 3º anos Neonatologia/perinatalogia Cirurgia pediátrica Ortopedia pediátrica Cuidados de Saúde Primários à Criança e ao Adolescente Pediatria Geral II Treino nas áreas especializadas da pediatria – efectuado nos 2 anos seguintes 4º e 5º anos Cuidados Intensivos em Neonatalogia Estágios Opcionais Estágios Opcionais – duração compreendida entre 3 a 6 meses Cardiologia pediátrica Cuidados intensivos pediátricos Dermatologia Pediátrica Doenças do metabolismo Endocrinologia pediátrica

Gastrenterologia e Nutrição Pediátrica Hematologia pediátrica Imuno-alergologia pediátrica Medicina de adolescência Nefrologia Pediátrica Neonatalogia Neuropediatria

Oftalmologia Pediátrica Oncologia Pediátrica Otorrinolaringologia Pediátrica Pedopsiquiatria Pneumologia pediátrica Pediatria geral Genética


G u i a 2 0 1 0 | 38 Observações - Os internos de um hospital central realizarão o período de Pediatria Geral II (12 meses) em hospitais distritais com idoneidade para essa área - O estágio em cuidados de saúde primários à criança e adolescente é efectuado num Centro de Saúde, de preferência da área hospitalar a que o interno pertence - Os estágios nos países africanos de língua oficial portuguesa e na União Europeia devem ser incentivados - A formação complementar em Pediatria está actualmente de acordo com os vários padrões de prática pediátrica: Pediatria de cuidados primários – ambulatório Pediatria dos cuidados secundários – inclui pediatria hospitalar, pediatria com interesse especial num determinado campo e pediatria comunitária Pediatria com cuidados terciários – subespecialidades pediátricas - São consideradas actividades de valorização curricular: Participar em projectos de investigação Apresentar, sob a forma de publicação, pelo menos 4 artigos; o interno deverá ser o primeiro autor de, pelo menos, um desses artigos O interno deverá ser autor de pelo menos 2 comunicações/posters Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

PNEUMOLOGIA Especialidade Médica que se dedica à patologia do sistema respiratório, compreendendo as doenças obstrutivas respiratórias; a área oncológica; as doenças do interstício; a alergologia respiratória assim como a reabilitação respiratória.

Duração: 5 anos (60 meses)


Guia 2010 | 39 Estágios Obrigatórios Formação geral (24 meses) Medicina Interna Medicina Intensiva polivalente ou respiratória

Doenças respiratórias em cuidados de saúde primários

Cirurgia torácica

Formação pneumológica (36 meses) Pneumologia geral Endoscopia respiratória Fisiologia respiratória

Reabilitação respiratória

Oncologia pneumológica

Estágios Opcionais - (4 meses) privilegiam-se os estágios em: Cardiologia Imagiologia

Infecciologia Microbiologia

Pediatria

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

PSIQUIATRIA Especialidade que diagnostica e trata doenças e perturbações mentais, com base na avaliação do estado geral, neurológico e psíquico do doente.

Duração: 5 anos (60 meses) Estágios obrigatórios Neurologia Psiquiatria da Infância e da Adolescência Psiquiatria (39 meses) – composta por estágios parciais em serviços com: - Internamento masculino e feminino

- Internamento parcial (hospital de dia) - Tratamento de comportamentos aditivos - Psiquiatria comunitária - Psiquiatria de ligação em hospitais gerais


G u i a 2 0 1 0 | 40

Estágio opcional (12 meses) - recomenda-se a sua realização no 5º ano Avaliação – de acordo com o Regulamento do Internato Médico, com as seguintes especificidades: - Avaliação do desempenho: no caso particular dos estágios na área da Psiquiatria, para além da discussão das actividades realizadas em cada estágio, procede-se ainda a uma prova prática anual; - Avaliação de conhecimentos: nos estágios de Psiquiatria, para além da avaliação no final de cada estágio, procede-se ainda a uma prova teórica anual, consistindo num interrogatório sobre assuntos teóricos relacionados e adequados a cada ano de internato.

Testemunho – Dr.ª Vânia Viveiros Como Interna do Ano Comum Existe uma sensação quase geral ao iniciar o Ano Comum: o receio e o peso da responsabilidade que passa a ser exigida, embora o interno continue em regime tutorial. É de notar a diferença entre realizar este estágio num hospital central e num hospital distrital. Tendo realizado o meu Ano Comum no Hospital Distrital de Torres Vedras (CHTV), posso dar conta do ambiente de grande inter-ajuda, orientação e formação em que trabalhei. Como Interna de Psiquiatria Apesar do que está previsto no Diário da República, cada serviço adopta o seu método de avaliação. No caso do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (Hospital Júlio de Matos), é realizada uma discussão anual dos relatórios de estágio com avaliação teórica concordante com os objectivos de cada ano. É ainda expectável que o interno desenvolva trabalhos na área da investigação, bem como comunicações livres e posters. Ao longo do curso de Medicina, bem como do Ano Comum, não há contacto suficiente com esta especialidade que envolve uma linguagem de psicopatologia muito precisa. Assim, é determinante que o interno ganhe o domínio da terminologia respectiva e essa é a grande diferença em relação às restantes especialidades.


Guia 2010 | 41 A especialidade de Psiquiatria superou as minhas expectativas, tanto em termos teóricos, como práticos. O Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa proporciona uma miríade de casos que levam a um bom desenvolvimento de capacidades semiológicas e científicas. Vânia Vidinhas Viveiros | Interna de Psiquiatria - Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (Hospital Júlio de Matos)

PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Psiquiatria geral (3 meses tratamento e profilaxia de comportamento aditivo) Psiquiatria da infância e da adolescência Pediatria Estágios Opcionais Psiquiatria e saúde mental da primeira infância Psiquiatria e saúde mental da adolescência Neuropediatria

Pedopsiquiatria de ligação Pediatria de desenvolvimento Reabilitação Doenças genéticas e metabólicas

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

RADIOTERAPIA A radioterapia é uma especialidade médica que utiliza radiações ionizantes (exclusivamente ou em combinação com outras modalidades terapêuticas) no tratamento de doentes com cancro e, eventualmente, outras doenças. Como parte integrante do tratamento multidisciplinar do cancro, tem responsabilidade não só no diagnóstico e tratamento da doença como ainda no seguimento e na terapêutica de suporte


G u i a 2 0 1 0 | 42 Duração 4 anos (48 meses) Estágios obrigatórios Iniciação à investigação clínica e ciências básicas em radioterapia – oncologia

Radioterapia clínica Imagiologia Oncologia médica

Estágio opcional 4 meses em serviço de radioterapia, hematologia, laboratório de radiobiologia, anatomia patológica, ginecologia ou urologia oncológica, entre outros. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

REUMATOLOGIA Especialidade que trata as doenças articulares, musculares e de tendões. Duração 5 anos (60 meses) Estágios obrigatórios Medicina Interna Reumatologia

Ortopedia Neurologia

Fisiatria

Estágios Opcionais Radiodiagnóstico

Imunologia

Anatomia Patológica

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


Guia 2010 | 43

ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS

ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR Especialidade que efectua o tratamento médico e cirúrgico das doenças, lesões ou deformidades das artérias, veias e linfáticos, com excepção da área cardíaca.

Duração 6 anos (72 meses) Estágios Obrigatórios Cirurgia Geral Cuidados intensivos

Cirurgia Cardiotorácica Cirurgia Vascular

Estágios Opcionais Aprendizagem de técnicas endovasculares e endoscópicas, entre outras. NOTA: Currículo mínimo em cirurgia vascular: - 150 intervenções em Cirurgia arterial directa, electiva e urgente e 100 intervenções em Cirurgia venosa - Intervenções em Cirurgia neurovascular e em acessos vasculares para hemodiálise - Participações em Cirurgia endovascular - Execução de Exames complementares de diagnóstico não invasivos (Doppler,Ecodoppler) e Invasivos (angiografias) Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


G u i a 2 0 1 0 | 44 CIRURGIA CARDIOTORÁCICA Especialidade cirúrgica que se dedica ao diagnóstico e tratamento de doenças ou lesões dos órgãos ou tecidos situados entre o pescoço e o diafragma. Duração Cirurgia torácica 60 meses (5 anos) Cirurgia cardíaca 72 meses (6 anos) Estágios comuns a cirurgia torácica e cardíaca (com duração 3 anos [36 meses]) Cirurgia geral – deverá ser o 1º estágio a realizar Cirurgia torácica Cirurgia cardíaca Estágios na área de formação complementar em cirurgia Torácica (2 anos [24meses]) Pneumologia Cardiologia Cirurgia torácica Estágio opcional (3 meses) No final deste período, o médico interno deverá ter como desempenho mínimo: - Realização de 100 cirurgias major e 200 cirurgias minor, adequadamente distribuídas por todos os tipos de patologia e adequadas ao grau de diferenciação que se exige; - Participação, como ajudante, no mínimo de 2 intervenções por cada 1 das que realizou como cirurgião. Estágios na área de formação complementar em Cirurgia cardíaca (6 anos [72 meses]) Cardiologia Pneumologia


Guia 2010 | 45 Cirurgia Cardíaca Estágio opcional – 3 meses, a ser efectuado durante e incluído nos 30 meses do estágio em cirurgia cardíaca

NOTA: Recomenda-se que os estágios obrigatórios em Cardiologia e Pneumologia, bem como o estágio de opção, sejam realizados durante os 2 primeiros anos da área complementar de formação em cirurgia cardíaca. No final deste internato, o médico interno deverá ter como desempenho mínimo: - Execução de 100 cirurgias major, com e sem circulação extracorporal, em cardiopatias congénitas e adquiridas, adequadamente distribuídas por todos os tipos de patologia e adequadas ao grau de diferenciação que se exige; - Participação, como ajudante, num mínimo de 200 intervenções cirúrgicas distribuídas por todos os tipos de patologia.

Avaliação global (no final da formação em Cirurgia Torácica e Cardíaca) – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

CIRURGIA GERAL É uma especialidade médica secular que congrega vários segmentos do ramo cirúrgico. O cirurgião geral sempre actuou em diversas áreas da Medicina. Actualmente, a tendência é a de que este especialista se detenha mais nas patologias específicas do aparelho digestivo e no atendimento de urgência prestado às vítimas de traumatismo. . Duração 6 anos (72 meses) Estágios Obrigatórios 5 estágios de Cirurgia Geral (12 meses cada)


G u i a 2 0 1 0 | 46 O interno deve desenvolver capacidades em: Enfermaria, Serviço de Urgência, Consulta Externa e Bloco Operatório. Destacam-se algumas particularidades referentes aos objectivos para o desempenho no bloco operatório: 1.Estágio em Cirurgia Geral I (12 meses) - 150 intervenções, das quais 60 como cirurgião; Também será de estimular a participação em apendicectomias (12 como cirurgião) e herniorrafias (15 como cirurgião); 2.Estágio em Cirurgia Geral II (12 meses) - 200 intervenções, das quais 80 como cirurgião; 3.Estágio em Cirurgia Geral III (12 meses) - 200 intervenções, das quais 80 como cirurgião. Destas, 40 devem ser diversas das que integram o programa do 1ºano; 4.Estágio em Cirurgia Geral IV (12 meses) O interno deve dar preferência ao desenvolvimento de cirurgia biliar, do pescoço, gastroduodenal, cólica e radical da mama, bem como praticar intervenções efectuadas em anos anteriores; 5.Estágio em Cirurgia Geral V (12 meses) - 200 intervenções, das quais 80 como cirurgião. Destas, 60 devem ser diferentes das praticadas no 1ºano. Finalmente, os valores mínimos para o desempenho cirúrgico na totalidade dos estágios em Cirurgia Geral devem incluir determinadas intervenções consideradas essenciais na aprendizagem de um cirurgião geral, nomeadamente gastrectomias, apendicectomias, cirurgia radical da mama, colectomias, cirurgia de varizes, amputações major, etc. Estágios Opcionais Cada estágio opcional tem a duração de 3 meses, tendo início a partir do 2ºano de internato, de preferência em tempo que não interrompa os períodos anuais do estágio de Cirurgia geral.


Guia 2010 | 47 Os estágios opcionais podem ser escolhidos de entre os seguintes: Anatomia Patológica Cirurgia Pediátrica Cirurgia Plástica Cirurgia Cardiotorácica

Cirurgia Vascular Oncologia Cirúrgica Ortopedia Cuidados Intensivos Polivalentes

Gastrenterologia Ginecologia Imagiologia Neurocirurgia Urologia

Consoante os estágios escolhidos, estes devem ser iniciados no 2º, 3º ou 4º ano do internato. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

CIRURGIA MAXILO-FACIAL O especialista nesta área intervém no tratamento de doenças que afectam a face, boca, estruturas do pescoço e adjacentes. Implica intervenções em áreas tão diversas como: cirurgia estética; correcção de cicatrizes; traumatismos faciais; deformidades maxilo-faciais, entre outras. Duração 6 anos (72 meses) Estágios Obrigatórios Cirurgia maxilofacial

Estomatologia

Cirurgia geral

Estágios Opcionais Neurocirurgia Cirurgia oncológica da cabeça e pescoço Cirurgia plástica reconstrutiva

Otorrinolaringologia Oftalmologia Dermatologia Cirurgia Pediátrica

No final do internato, o interno deverá ter efectuado cerca de 300 intervenções cirúrgicas. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


G u i a 2 0 1 0 | 48 CIRURGIA PEDIÁTRICA Especialidade que efectua o tratamento cirúrgico de doenças, lesões ou deformidades de várias partes do corpo na criança. Aborda a maior parte da patologia cirúrgica da criança nas várias fases do seu desenvolvimento, desde o recém-nascido até ao adolescente. Duração 6 anos (72 meses) Estágios Obrigatórios Cirurgia Pediátrica I Cirurgia Geral Pediatria (3 meses obrigatórios em Neonatologia)

Cirurgia Pediátrica II Cuidados Intensivos Pediátricos. Cirurgia pediátrica III

Estágios Opcionais 9 meses de estágios opcionais, divididos em estágios de 3 meses Ortopedia Cirurgia vascular Urologia Gastrenterologia Cirurgia plástica e reconstrutiva Oncologia Neurocirurgia Anatomia patológica Cirurgia torácica Investigação experimental animal Cirurgia cardíaca No final do internato o interno deverá ter participado, no bloco operatório, num número mínimo de 200 intervenções, das quais 80 como cirurgião e, no mínimo, 10 efectuadas no período neonatal. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


Guia 2010 | 49 CIRURGIA PLÁSTICA RECONSTRUTIVA E ESTÉTICA Originalmente derivada da palavra Grega plastikos que significa moldar ou alterar a forma, a Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética é uma especialidade que adapta princípios cirúrgicos às necessidades específicas de cada doente fazendo a remodelação e a redistribuição dos tecidos. . Nesta área são utilizadas inúmeras técnicas, são tratados diversos grupos etários e verifica-se uma estreita e frequente colaboração com diferentes especialidades cirúrgicas. Duração 6 anos (72 meses) O programa adapta-se a critérios estabelecidos pelas directivas da Comunidade Europeia e definidos pela European Board of Plastic Reconstructive and Anesthetic Surgery (EBOPRAS), e portanto possibilita uma equivalência europeia. Estágios Obrigatórios Cirurgia vascular Ortopedia

Cirurgia cardiotorácica Cirurgia Pediátrica

Estágios Opcionais Cirurgia vascular Ortopedia Cirurgia Cardiotorácica Unidade de Cuidados Iintensivos Cirurgia Pediátrica Urologia Ginecologia Dermatologia Anatomia patológica

Unidade de Cuidados Intensivos

Cirurgia Oncológica da Cabeça e Pescoço Otorrinolaringologia Estomatologia e Cirurgia Maxilofacial Neurocirurgia Oftalmologia Medicina Física e Reabilitação Reumatologia

O 6.º ano da especialidade é programado pelo orientador de formação, devendo ser orientado para áreas de particular interesse para a formação do médico interno e para o serviço. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


G u i a 2 0 1 0 | 50 NEUROCIRURGIA Especialidade cirúrgica que se dedica ao tratamento de doenças e lesões do sistema nervoso central e periférico. Duração 72 meses (6 anos) Estágios Obrigatórios Neurologia Neurocirurgia Neurorradiologia Estágios Opcionais Neuropatologia Cuidados intensivos Neurofisiologia Cirurgia Geral Cirurgia Plástica Cirurgia Vascular

Oftalmologia Otorrinolaringologia Ortopedia Estágio em neurociências

NOTA: A duração total dos estágios opcionais é de 18 meses e o seu número não deverá ser superior a seis. A formação em áreas clínicas deve decorrer em serviços idóneos para o treino de internos em cada uma das áreas anteriormente referidas.

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


Guia 2010 | 51 ESPECIALIDADS MÉDICO-CIRÚRGICAS

DERMATOVENEREOLOGIA Especialidade médico-cirúrgica que contempla o diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças d apele, mucosas e anexos. Inclui também as infecções de transmissão sexual, as manifestações cutâneas de doenças sistémicas e as manifestações sistémicas de doenças cutâneas, bem como a promoção de uma boa saúde cutânea e sexual. Duração: 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Medicina Interna Cirurgia Geral Dermatologia geral Doenças transmitidas sexualmente

Alergologia cutânea e dermatoses ocupacionais Fotodermatologia Cirurgia dermatológica

Estágios Opcionais Dermatologia pediátrica Dermocosmética Flebologia Oncologia cutânea

Cirurgia plástica e reconstrutiva Doenças endócrinas e metabólicas Doenças infecciosas

Patologia vulvar Radioterapia cutânea

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


G u i a 2 0 1 0 | 52 ESTOMATOLOGIA Especialidade Médica que diagnostica e trata doenças da cavidade oral, nomeadamente cáries e malformações dos dentes. Duração 4 anos (48 meses) Estágios Obrigatórios Clínica estomatológica Estágio em áreas cirúrgicas da cabeça e pescoço Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

GASTRENTEROLOGIA Especialidade médica que se dedica ao estudo, diagnóstico e tratamento clínico das doenças do trato Gastro-intestinal e glândulas anexas. Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Formação geral (14,5 meses) Medicina Interna

Anatomia Patológica

Imagiologia

Formação gastrenterológica Gastrenterologia geral (45,5 meses) Estágios Opcionais Devem realizar-se durante o último ano de internato Endoscopia terapêutica Ecografia/ ecoendoscopia

Hepatologia Intensivismo em gastrenterologia Motilidade digestiva

Oncologia digestiva Pancreatologia Proctologia Transplante


Guia 2010 | 53 Este internato contém os chamados elementos de valorização curricular e que contemplam: A frequência mínima de dois cursos sobre endoscopia e dois cursos sobre matéria teórica da especialidade. A participação em projectos de investigação clínica e/ou básica; é necessário um mínimo de 6 comunicações apresentadas em cursos ou congressos e 2 artigos publicados, ou em forma de publicação, em revistas de reconhecido mérito. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA A especialidade de Ginecologia trata as doenças do aparelho genital feminino, ovários, trompas, útero, vagina e vulva. . A especialidade de Obstetrícia acompanha a gestante, orientando e tratando as eventuais ocorrências durante a gravidez até o nascimento do bebé. Duração 6 anos (72 meses) Estágios (por ordem recomendada) – 54 meses 1º Obstetrícia 2º Ginecologia 3º Obstetrícia e Ginecologia

4º Estágios opcionais 5º Obstetrícia 6º Ginecologia

Estágios opcionais Cirurgia Geral Medicina Materno-Fetal Medicina da Reprodução Ginecologia Oncológica e Uroginecologia Recomendações da Ordem dos Médicos para a formação médica específica em Ginecologia/Obstetrícia: como forma de garantir a formação de médicos com um bom desempenho profissional, é


G u i a 2 0 1 0 | 54 fortemente recomendado (não sendo, porém, obrigatório) que durante o internato, o médico interno realize um número mínimo de determinadas intervenções consideradas as mais importantes e frequentes nesta especialidade: Parto eutócico - 100 Parto pélvico - 5 Parto gemelar – 5 Parto instrumental - 50 Ecografia obstétrica - 100 Ecografia ginecológica - 50 Colposcopia - 50

Histeroscopia - 25 Laparoscopia - 40 Histerectomia abdominal - 25 Histerectomia vaginal - 15 Operações sobre a mama - 10 Cesariana - 50

NOTAS: Os médicos internos devem ter prática suficiente nos 2 instrumentos mais utilizados no parto instrumental: fórceps e ventosa – mínimo 10 intervenções com ventosa ou fórceps (consoante o instrumento mais usado no serviço onde ocorre a formação); Investigação e ensino: Publicação de pelo menos 2 artigos como primeiro autor; Apresentação de, pelo menos, 3 comunicações ou posters como primeiro autor (uma das quais preferencialmente num congresso internacional); Colaboração em projectos de investigação, no ensino médico pré e pós-graduado na formação de outros profissionais. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico


Guia 2010 | 55 OFTALMOLOGIA Especialidade que trata clínica e cirurgicamente as patologias dos olhos.

Duração 4 anos (48 meses) Estágios obrigatórios Consulta geral Cirurgia Serviço de urgência Enfermaria

Estágios em áreas específicas da especialidade: Contactologia Estrabismo Glaucoma

Córnea e implantorefractiva Retina médica Retina-vítreo Neuroftalmologia

Frequência em áreas de exames complementares de diagnóstico e terapêutica: Ecografia/biometria oftalmológica Campimetria

Estágios opcionais Vias lacrimais Inflamação ocular Oftalmologia pediátrica

Angiografia oftalmológica Electrofisiologia oftalmológica

Laser em Oftalmologia

Oncologia oftalmológica Subvisão e ergoftalmologia

É desejável a frequência de congressos e a apresentação de trabalhos científicos nesses fóruns, tal como a participação em rastreios de Oftalmologia e em projectos de investigação no âmbito da especialidade. A consulta geral de Oftalmologia e a cirurgia oftalmológica deverão ser realizadas, durante todo o período de formação, com uma frequência mínima semanal. A urgência de Oftalmologia é de frequência obrigatória, com uma carga horária semanal de doze horas.

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico


G u i a 2 0 1 0 | 56 ORTOPEDIA Especialidade que trata clínica e cirurgicamente as doenças dos sistema locomotor, tais como lesões ósseas, dos tendões, musculares e articulares.

Duração: 6 anos (72 meses) Estágios, por sequência preferencial: 1ºano Cirurgia Geral | Cirurgia Vascular 2º ano Ortopedia (com iniciação no bloco operatório) 3º ano Ortopedia | Cirurgia Plástica 4º ano Ortopedia | Neurocirurgia 5º ano Ortopedia | Ortopedia infantil 6º ano Ortopedia

NOTAS: O estágio em Cirurgia Geral inicia obrigatoriamente o internato; O total dos estágios de Ortopedia deve ter uma componente de 80% de traumatologia e 20% ortopedia, obedecendo a distribuição por áreas anatómicas de forma concordante com as patologias mais frequentes; O médico interno recebe créditos curriculares, caso frequente seminários e cursos (de carácter facultativo) dentro das seguintes áreas: ciências básicas da ortopedia; imagiologia; anatomia patológica; ortopedia infantil; patologias comuns na ortopedia ou curso de informática e gestão hospitalar; No final do internato, o interno deverá ter realizado pelo menos 3 trabalhos como 1ºautor, publicados ou apresentados em reuniões de âmbito nacional ou internacional.

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


Guia 2010 | 57

ORTORRINOLARINGOLOGIA Especialidade que se dedica ao diagnóstico e tratamento clínico e cirúrgico das doenças do ouvido (nomeadamente o equilíbrio/vertigem), das fossas nasais e seios perinasais, da faringe e laringe (nomeadamente a voz) e da cirurgia da cabeça e pescoço (tiróideia e tumores das fossas nasais, laringe, faringe e cirurgia plástica facial). Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios - 5 estágios, identificados como estágios ORL 1- 5, cada um com duração de 12 meses ORL 1: noções gerais sobre anatomia, fisiologia e patologia das várias áreas da otorrinolaringologia ORL 2: conhecimentos específicos de cada uma das técnicas cirúrgicas, nomeadamente de patologia rinológica e sinusal ORL 2 e ORL 3 ORL 4: duração variável de 9 ou 12 meses

Estágios opcionais – 3 estágios com duração total de 3 meses, no início ou no fim dos estágios obrigatórios: Cirurgia plástica e reconstrutiva Imunoalergologia Neurologia Neurocirurgia

Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


G u i a 2 0 1 0 | 58 UROLOGIA A Urologia é uma especialidade médico/cirúrgica que tem como objectivos a investigação científica, o estudo e o tratamento clínico das doenças que afectam o aparelho urinário (de ambos os sexos) e o aparelho genital masculino. O Urologista estuda e trata, também, as doenças do foro sexual masculino em especial a disfunção eréctil e as perturbações da ejaculação. Cabe ainda ao urologista colaborar nas equipas de estudo e tratamento da infertilidade.

Duração: 6 anos (72 meses) Estágios obrigatórios Cirurgia Geral (12 meses)

Cirurgia Vascular

Urologia (51 meses)

Cirurgia Plástica

Nefrologia

Cirurgia Pediátrica

NOTA: No final do internato o interno deverá ter realizado, no mínimo: Exames e técnicas de diagnóstico ou manobras e técnicas terapêuticas urológicas – mínimo de 500 a 550 procedimentos (como por exemplo: exames endoscópicos, urorradiológicos, uroecográficos, biopsias urológicas, litotrícia extracorporal por ondas de choque); Intervenções cirúrgicas – no mínimo 300 a 350 procedimentos (como por exemplo: cirurgia da parede abdominal, cirurgia intestinal, cirurgia ginecológica, nefrectomia, amputação do pénis, circuncisão); De salientar que existem diversas actividades que são contabilizadas na avaliação final do internato, nomeadamente a participação em reuniões, estágios no estrangeiro ou em outras unidades formativas no país, congressos e publicação de trabalhos de natureza científica. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


Guia 2010 | 59 ESPECIALIDADES DE DIAGNÓSTICO

ANATOMIA PATOLÓGICA Especialidade médica laboratorial cujo objectivo é o diagnóstico, através do estudo de células, fluidos, tecidos e órgãos corporais. A Anatomia Patológica desempenha um papel fundamental na vida de um hospital diferenciado, na medida em que participa no diagnóstico, prognóstico, orientação terapêutica e identificação de risco relativos a vários tipos de doenças (cancro e lesões pré-cancerosas, infecciosas, inflamatórias crónicas, etc.) com que lidam as especialidades médicas e cirúrgicas. Duração 5 anos (60 meses) Estágios obrigatórios Necrópsias

Histopatologia

Citopatologia

Estágios opcionais - Admite-se, com carácter facultativo e em função das características da estrutura formadora e das disponibilidades existentes para formação, que o período de formação básica comporte 54 meses e seja completado por um período de formação complementar de 6 meses numa área específica constante do Programa de Formação. - As características próprias das vertentes de formação básica e as disponibilidades das estruturas formadoras não admitem qualquer hierarquização sequencial. Todavia, a aprendizagem das autópsias deverá ocorrer, sobretudo, nos primeiros 36 meses, a da histopatologia ao longo dos 60 meses a da citologia exfoliativa nos primeiros 36 meses e a da citologia aspirativa dos 36 aos 54 meses. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


G u i a 2 0 1 0 | 60 MEDICINA NUCLEAR Especialidade médica que aplica pequenas fontes de radiação ligadas a moléculas específicas, os radiofármacos, para estudar aspectos particulares do doente e da doença, realizando assim exames auxiliares de diagnóstico. Duração 4 anos (48 meses) Estrutura e estágios - Formação básica em Medicina Nuclear (12 meses) - Medicina Nuclear Clínica (36 meses) – inclui estágios obrigatórios em Radiologia e Cardiologia, bem como estágios opcionais que sejam do interesse do médico interno. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

NEURORRADIOLOGIA A maior parte da actividade da Neurorradiologia é dedicada ao estudo diagnóstico por TC e por RM do encéfalo e do ráquis, executando os exames e elaborando posteriormente os respectivos relatórios. A Neurorradiologia de Intervenção é uma outra vertente do Serviço que consiste no tratamento percutâneo de lesões do S.N.C., na maior parte das vezes através da injecção de agentes embólicos por via endovascular em casos de doentes com malformações artério-venosas e aneurismas intra-cranianos. A especialidade trata também casos de tumores hipervascularizados e efectua biopsias ósseas. Duração - 6 anos (72 meses) Estágios Obrigatórios Neurologia Neurocirurgia Neurorradiologia


Guia 2010 | 61

Estágios Opcionais Neuropatologia Cuidados intensivos Neurofisiologia Cirurgia geral

Cirurgia plástica Cirurgia vascular Oftalmologia Otorrinolaringologia

Ortopedia Estágio em neurociências

NOTAS: Dos 6 anos de duração mínima do internato pelo menos 4 têm de ser dedicados em exclusivo à neurocirurgia; os 2 restantes devem ser utilizados na formação em áreas afins, incluindo aqui, obrigatoriamente, a neurologia e a neurorradiologia; O internato deverá iniciar-se de preferência com o estágio em Neurologia; A duração total dos estágios opcionais é de 18 meses e não deverão ser feitos mais de 6 estágios. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

PATOLOGIA CLÍNICA O Patologista clínico é o médico que, com a sua formação em Medicina laboratorial, colabora com o clínico no diagnóstico, na terapêutica e na prevenção da doença. No final do internato deverá estar apto a orientar os pedidos de exames laboratoriais, a seleccionar e aplicar os métodos e as técnicas mais adequados à avaliação de cada parâmetro laboratorial, a assegurar a qualidade dos resultados e a interpretá-los no contexto clínico e laboratorial.

Duração 4 anos (48 meses) Estágios Obrigatórios Química clínica Hematologia

Microbiologia Imunologia


G u i a 2 0 1 0 | 62

Estágios Opcionais - máximo 2 estágios opcionais com duração total de dois meses. Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.

RADIODIAGNÓSTICO Especialidade médica que se baseia na obtenção de imagens para diagnóstico e terapêutica de vários tipos de patologia, utilizando diferentes tipos de radiação como o Raio X, ultra-sons e ondas de radiofrequência.

Duração 5 anos (60 meses) Estágios Obrigatórios Radiologia Básica (48 meses) A frequência das áreas técnicas e orgânicas desta especialidade, devido às contingências da mesma, são habitualmente executadas em simultâneo, pelo que não são definidos tempos específicos para todas. Todavia, caso os estágios sejam realizados em regime exclusivo, os tempos definidos não podem ser inferiores a: Radiologia Mamárias Radiologia Pediatrica Radiologia Vascular

Tomografia Axial Computorizada Ultra-Sonografia Ressonância Magnética

Estágios Opcionais – cada estágio opcional não poderá ter duração inferior a 3 meses. Recomendam-se estágios nas seguintes áreas: Medicina Nuclear Imagiologia Endoscópica Outras Áreas não incluídas


Guia 2010 | 63 Radiologia Diferenciada – 12 meses Radiologia Pediátrica Radiologia Vascular e de Intervenção Neurroradiologia Radiologia Geral Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico. SAÚDE PÚBLICA A Saúde Pública diz respeito a toda a comunidade e depende do seu esforço organizado para alcançar o seu objectivo, que é a melhoria das condições de saúde. Cabe-nos a nós, médicos de saúde pública, organizar esse esforço. Não se pense que para fazer isto “não precisamos de ser médicos”. Na realidade, a nossa actividade tem a mesma estrutura que a dos outros ramos da Medicina: faz-se um diagnóstico, planeia-se a intervenção e avalia-se o resultado. A Saúde Pública como uma especialidade médica constitui por si um ramo das carreiras médicas, a par da área hospitalar, da Medicina geral e familiar, da Medicina legal e da Medicina do trabalho. A diferença está na perspectiva: no lugar do doente temos toda a população, em vez de tratarmos o indivíduo procuramos prevenir a doença e promover a saúde em toda a comunidade. Actualmente conceitos como “eficiência” e “ganhos em saúde” entraram definitivamente no nosso vocabulário, e os decisores dependem cada vez mais dos serviços de Saúde Pública para definir prioridades, ou seja, para compreender de que forma se podem conseguir mais ganhos em saúde utilizando a menor quantidade de recursos. Percebe-se que é na prevenção da doença e na promoção da saúde que a intervenção deve incidir, retirando algum do foco dos cuidados de saúde hospitalares, individuais e dispendiosos. A especialidade médica de Saúde Pública é muito abrangente, indo desde a Epidemiologia até ao Planeamento em Saúde. O internato está actualmente estruturado em 4 anos, sendo o primeiro dedicado à Saúde Comunitária e os últimos dois à Investigação Epidemiológica, à Intervenção em Saúde e à Audioria/Consultoria em Saúde. Pelo meio fica o segundo ano, de Especialização em Saúde Pública, que é feito na Escola Nacional de Saúde Pública, em Lisboa. Terminada a especialização, os médicos de saúde pública são muito requisitados: nas Unidades de Saúde Pública (a nível local/municipal), nos


G u i a 2 0 1 0 | 64 Departamentos de Saúde Pública (a nível regional) e na Direcção-Geral da Saúde (a nível central/nacional) existem graves carências que é necessário suprir. A formação específica dos médicos de saúde pública e os seus conhecimentos são fundamentais nas equipas que “organizam” a saúde pública, e que integram profissionais de formações muito diversas, desde os enfermeiros de saúde comunitária até aos estatistas, passando pelos técnicos de saúde ambiental. Alguns médicos de saúde pública desempenham ainda as funções de Autoridade de Saúde, representando o Estado em situações de risco para a saúde da população. As tarefas relacionadas com estas funções incluem actividades tão diversas como a realização de Juntas Médicas de Incapacidade, verificações de óbito quando estes ocorrem na via pública ou por causas não naturais, exames médicos para avaliação da aptidão para a condução, internamentos compulsivos, vistorias a estabelecimentos com serviço ao público, vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis ou a coordenação de equipas em caso de epidemias graves e outras situações semelhantes. Dr. Carlos Carvalho Médico de Saúde Pública |Unidade de Saúde Pública do ACES Tâmega II – Vale do Sousa Sul

Duração 4 anos (48meses) Estágios Unidade 1 - Comunidade e Cuidados de Saúde Estágio em Saúde Comunitária (Unidade de Saúde Pública de colocação) Unidade 2 - Fundamentos Teóricos e disciplinas de Saúde Pública Curso de Especialização em SP (Escola Nacional de Saúde Pública de Lisboa) Unidade 3 - Administração de Saúde Pública Investigação Epidemiológica em SP colocação)

(Unidade de Saúde Pública de

Estágio de Consultoria em SP (Estabelecimento, instituição ou serviço com actividade que contribua para a saúde da população)


Guia 2010 | 65 Estágio opcional (Instituição, estabelecimento ou serviço de nível local, regional, nacional ou internacional com actividade relevante para a Saúde Pública) Estágio de Intervenção em SP (Unidade de Saúde Pública de colocação) Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico. Testemunho – Dr. Carlos Carvalho Comecei o internato em Setembro 2005, no Serviço de Saúde Pública do Centro de Saúde de Paredes. Desde o início que fui muito bem recebido pela equipa, assumindo gradualmente as responsabilidades do médico de saúde pública. Uma das minhas primeiras tarefas foi a produção de um documento Diagnóstico da Situação de Saúde do Concelho, documento base para o desenho de intervenções na saúde da população. Estive durante o ano de 2007 na Escola Nacional de Saúde Pública, onde adquiri muitos conhecimentos sobre epidemiologia, estatística, planeamento e administração em saúde. A última actividade foi o desenho de um estudo epidemiológico que apresentei em Congresso Científico. No final do internato dediquei alguns meses à avaliação dos serviços de saúde, que tem sido uma das áreas em maior destaque na actual reforma dos cuidados de saúde. No meu caso, avaliei os serviços prestados e o impacto na saúde da população do Centro de Diagnóstico Pneumológico de Penafiel (onde são tratados os doentes com tuberculose). Terminei o Internato Médico em Fevereiro de 2010, passando a colaborar bissemanalmente na Unidade de Vigilância Epidemiológica – Doenças Transmissíveis do Departamento de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde do Norte e continuando a trabalhar como médico de saúde pública e autoridade de saúde. Para além disso, surgiu a oportunidade de dar aulas práticas na Faculdade de Medicina do Porto, nas cadeiras de Epidemiologia I e II e ainda no módulo opcional de Saúde Pública. A Saúde Pública, por desconhecimento ou por ignorância, tem sido considerada o “parente pobre” das especialidades médicas: é a última a ser escolhida, provavelmente por ser a mais mal paga, porque “não tem privada” e porque é aquela que tem menos a ver com o que se vai aprendendo na formação prégraduada da Medicina em Portugal. De facto, actualmente os médicos recémformados preferem optar por especialidades mais diferenciadas e mais técnicas. Quem escolhe Saúde Pública não sabe muitas vezes do que se trata, sobram sempre vagas, e mesmo assim a maioria dos internos acaba por desistir após o primeiro ano do internato (logo que tem autonomia). Esta questão é grave e levará o seu tempo


G u i a 2 0 1 0 | 66 a ser resolvida, mas é inevitável que se comece a percorrer o caminho que já foi desbravado em países como o Canadá ou os Estados Unidos, onde o médico de saúde pública é já uma das peças mais importantes do Sistema de Saúde. A Saúde Pública é a especialidade médica mais importante para a saúde e o bemestar da população. O nosso perfil permite-nos assumir um papel de destaque desde a investigação dos factores que levam à doença até à organização e avaliação dos serviços de saúde. Quem quiser desempenhar o seu papel será sempre muito bem-vindo. Dr. Carlos Carvalho Médico de Saúde Pública | Unidade de Saúde Pública do ACES Tâmega II – Vale do Sousa Sul

MEDICINA LEGAL A Medicina Legal caracteriza-se por ser um conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos que, no âmbito do Direito, concorrem para a elaboração, interpretação e execução das leis existentes e ainda permite, por meio da pesquisa científica, o seu aperfeiçoamento. É a Medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais. BENFICA, Francisco Silveira; Vaz, Márcia, Medicina Legal Aplicada a Direito, São Leopoldo, RS, Unisinos, 2003, p. 11.

Considera-se que compete à Medicina legal, como ciência social, não só o diagnóstico do caso mas, também, a contribuição, através da perícia, para a «terapêutica» das situações e, sobretudo, para a sua prevenção e reabilitação/reintegração/reinserção. De uma forma genérica, a Medicina Legal compreende as áreas diversificadas entre as quais se consideram duas fundamentais, porque estritamente médicas: a Clínica Forense (incluindo a clínica médico-legal e a psiquiatria forense) e a Patologia Forense (incluindo a tanatologia forense e a anatomia patológica forense). Mas outras áreas são fundamentais à Medicina Legal, como a Toxicologia Forense, a Genética e Biologia Forense, a Psicologia Forense, a Antropologia Forense ou a Odontologia Forense. De acordo com este critério distintivo, as perícias relativas à área da Medicina Legal designam-se perícias médico-legais por dizerem respeito a


Guia 2010 | 67 áreas disciplinares próprias do exercício da profissão médica, enquanto as perícias relativas às áreas das Ciências Forenses recebem a designação de perícias forenses.

Prof.ª Doutora Teresa Magalhães – Universidade do Porto

Duração 5 anos (60 meses) Estágios obrigatórios Tanatologia Clínica médico-legal Toxicologia Forense Biologia Forense Psiquiatria Forense

Anatomia Patológica e Histopatologia Forense Criminalística

Direito médico

Estágios opcionais Ortotraumatologia Neurologia e neurocirurgia

Medicina Física e de Reabilitação Criminologia

Outros

No final do internato o interno deve ser capaz de: - Executar autópsias médico-legais - Executar exames de clínica médico-legal de todos os tipos, - Executar todos os procedimentos necessários para a concretização de exames periciais e saber interpretar os respectivos resultados; - Conhecer as condições de segurança legais mínimas exigíveis à realização das perícias médico-legais; Avaliação – de acordo com o estabelecido no Regulamento do Internato Médico.


G u i a 2 0 1 0 | 68 FARMACOLOGIA CLÍNICA Nesta especialidade não está prevista a realização de Internato de Formação Específica. Serão admitidos como Especialistas a Famacologia Clínica: - Professores Catedráticos, associados e auxiliares de Farmacologia e/ou Terapêutica geral, doutorados em Medicina, com reconhecida actividade clínica por um período mínimo de 5 anos. - Doutorados em Farmacologia e/ou Terapêutica geral (mesmo não exercendo a actividade docente), com reconhecida actividade clínica por um período mínimo de 5 anos. - Médicos aprovados, em Concurso Hospitalar, para Chefes de Serviço ou Assistentes de “Especialidades Clínicas básicas”, consideradas de natureza multidisciplinar, que tenham desempenhado comprovada actividade de investigação em Farmacologia básica experimental. - Médicos Generalistas, com mais de 10 anos de prática clínica, que tenham desempenhado comprovada actividade de investigação em Farmacologia básica experimental.


Guia 2010 | 69 A INVESTIGAÇÃO E O ENSINO COMO OPÇÃO DE CARREIRA PARA O JOVEM MÉDICO Nos idos anos do final da década de setenta do século passado, estando eu a frequentar em Lisboa o Internato Geral no Hospital de Santa Maria, vi chegado o momento da inevitável pergunta: que fazer a seguir? Para mim a resposta a esta pergunta era fácil porque durante os três anos finais do meu curso de Medicina já tinha encontrado a minha heterodoxa vocação profissional. De facto, desde que frequentara as cadeiras de ciclo básico que ficara fascinado pela beleza conceptual da bioMedicina fundamental. Eu tinha o anseio de, no meu futuro profissional, poder vir a participar no grande movimento internacional de criação de novo conhecimento científico. Assim, quando no terceiro ano do curso, a cadeira de anatomia patológica anunciou que aceitaria alguns estudantes para participar como voluntários em projectos de investigação do serviço, naturalmente inscrevi-me. E o meu destino ficou traçado: durante os anos do ciclo clínico passei mais tempo no laboratório do que em aulas teóricas, fui monitor de histologia e de biologia celular e passei a assistente das mesmas disciplinas depois de licenciado. Estimulado por algum sucesso que tivera na minha actividade científica inicial (vira alguns artigos meus publicados internacionalmente) decidi que faria investigação em exclusividade, abdicando de uma carreira clínica. E queria fazer investigação nos EUA, razão porque concorri a uma bolsa Fogarty que me permitiu realizar o meu sonho americano durante seis anos. Para cumprir esse sonho tive que rescindir o meu contrato como docente da Faculdade de Medicina de Lisboa. Adquirido um razoável currículo científico no outro lado do Atlântico, o apelo do regresso ao país foi mais forte do que a possível expatriação. Tive então a felicidade de ter sido escolhido pelo Professor Nuno Grande para fazer parte da sua equipa na jovem Escola que era o ICBAS a meio dos anos oitenta. Não me conhecendo de nenhum lado, o Prof. Nuno Grande seleccionara-me, aplicando a sua proverbial crença no seu semelhante, para seu colaborador em concurso público, apenas com base no meu currículo. No Porto fui repartindo o meu tempo entre a investigação laboratorial, realizada sobretudo no IBMC, e o ensino das cadeiras de anatomia. Confesso que gosto cada vez mais de ensinar e que continuo fascinado pela investigação experimental em bioMedicina, actividade em que a minha participação actualmente se resume apenas a ser uma espécie de


G u i a 2 0 1 0 | 70 conselheiro científico dos meus colegas mais novos. Apesar de não fazer parte da minha actividade profissional a gratificação que advém de tratar doentes, sintome totalmente realizado como o meu dia-à-dia de académico a tempo inteiro. Sabemos que raros são os médicos que optam pela carreira académica em exclusividade, isto embora se deva recordar que o ICBAS tem entre os seus professores de disciplinas básicas vários exemplos desta opção rara entre os médicos. Mas não tem que ser necessariamente assim. Hoje em dia há um caminho intermédio que permite que a actividade clínica possa ser conjugada com a investigação científica. No caso concreto do ICBAS isso traduz-se pelo programa de doutoramento em ciências médicas, de que sou o actual director. Convido, assim, aqueles jovens médicos que estejam neste momento a considerar a possibilidade de cultivarem os dois mundos – o da clínica e o da investigação – a visitarem a informação sobre este programa doutoral que está disponível na página da nossa Escola. Prof. Doutor Artur Águas, Professor de Anatomia do ICBAS/UP


Guia 2010 | 71 ANEXOS


G u i a 2 0 1 0 | 72 LINKS ÚTEIS ORDEM DOS MÉDICOS | https://www.ordemdosmedicos.pt/ CONCELHO NACIONAL DO MÉDICO INTERNO DA ORDEM DOS MÉDICOS | http://medicointerno.com ADMINISTRAÇÃO CENTRAL DO SISTEMA DE SAÚDE | http://www.acss.min-saude.pt FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS | http://www.fnam.pt SINDICATO INDEPENDENTE DOS MÉDICOS http://www.simedicos.pt/ PERMANENT WORKING GROUP OF EUROPEAN JUNIOR DOCTORS (PWG) | http://www.juniordoctors.eu/pwg/site/


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