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RepoRtagem projeto LaNDeLL obtém excelentes resultados em testes técnicos de performance da CpDLC Continental
by DECEA
Projeto LANDELL obtém excelentes resultados em testes técnicos de performance da CPDLC Continental
por telma penteado Fotos de Luiz eduardo perez Batista Ilustração: © freepik
Não é mais novidade alguma a compreensão de que o sucesso de um empreendimento tem relação direta com planejamento. Ter metas claras e prazos definidos, dispor de recursos, estabelecer métricas e indicadores de performance e distribuir responsabilidades aos envolvidos são muitos dos diversos elementos que constituem este caminho a ser trilhado até à concretização de um projeto.
E, quando o projeto em questão envolve números impressionantes, toda esta estrutura se potencializa em termos de impactos, responsabilidades e multidisciplinaridade.
Nascido de um conceito muito bem executado e bem-sucedido, o uso da ferramenta CPDLC (Comunicação piloto-controlador por enlace de dados) – realidade desde 2009 na área de responsabilidade de controle de tráfego aéreo brasileiro sobre a porção do oceano Atlântico até próximo às costas da África – se estende agora para a porção continental do País, mais precisamente nas regiões Nordeste e Norte, através da implementação do Projeto LANDELL, com características técnicas e operacionais diferentes, especialmente relacionadas ao espaço aéreo e ao tráfego aéreo.
É justamente neste movimento de implantação de um projeto da mais alta complexidade que o fator humano faz toda a diferença e o que não falta para a equipe de gestão e execução da CPDLC Continental é o reconhecimento da qualidade de cada profissional envolvido.
Com previsão de entrada em operação em junho de 2021, muitas têm sido as entregas do Projeto já no início deste ano. Publicação de Norma de Procedimentos Operacionais para o Uso de Comunicação por Enlace de Dados Controlador-Piloto (MCA 100-23); treinamento de controladores de tráfego aéreo em cenário operacional (ATM042); e conclusão do Documento de Gerenciamento de Risco à Segurança Operacional (DGRSO) são algumas delas.
Os trabalhos prosseguem e os resultados já aparecem, confirmando que estamos no caminho certo.
Militares e civis do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), dos Terceiro e Quarto Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III e IV) e do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) se empenharam para tornar realidade esse grandioso projeto.
Desde 2020, testes de performance do enlace de dados nacional em espaço aéreo continental estão sendo realizados no Centro de Controle de Área de Recife (ACC-RE) com a participação de uma equipe multidisciplinar envolvendo integrantes do Projeto LANDELL, técnicos da Seção de Informática Operacional (TIOP) do CINDACTA III, controladores de tráfego aéreo do referido ACC e pilotos do GEIV. Ao término do mês de janeiro de 2021, os resultados levantados comprovam o sucesso da missão.
O planejamento dos testes foi desenvolvido pelo Capitão Engenheiro Celdo Souza da Silveira, chefe da TIOP, e pelo Capitão Bruno Pacheco Santos Azevedo Costa, da Divisão de Tecnologia e Segurança da Informação (D-TSI) do DECEA. A infraestrutura de rede, configuração do Sistema de Tratamento e Visualização da Dados (STVD), assim como as análises desenvolvidas com base nos dados obtidos dos voos, foram realizadas pela TIOP. A Divisão de Operações do CINDACTA III foi responsável pelas avaliações de risco e aprovação dos procedimentos operacionais. Conforme explicado pelo Capitão Celdo, os testes partiram de uma demanda planejada no Projeto LANDELL e direcionada ao subgrupo técnico. O relatório com os resultados dos referidos testes contém as análises estatísticas efetuadas com base nos dados coletados nos diversos sistemas utilizados na comunicação, previstas desde o planejamento dos voos realizados pelo GEIV. "Quando fizemos o documento de planejamento do voo, já elencamos o que seria extraído de informações, como tempo de latência das comunicações (que é o período de espera do controlador e do piloto para receber as mensagens), cobertura das estações, quantidade de mensagens tramitadas, tempo de resposta do piloto, dentre outros dados de datalink, em concordância com o estudo desenvolvido pelo Subgrupo Técnico do Projeto LANDELL”, explicou o chefe da TIOP.
Para o gerente-geral do Projeto LANDELL, Capitão Marcelo Mello Fagundes, o trabalho que vem
sendo realizado é um exemplo de coordenação entre os Subdepartamentos Técnico (SDTE) e de Operações (SDOP) do DECEA, o CINDACTA III - especialmente a Divisão de Operacões (DO - DOATM e TIOP) - e o GEIV, que teve valiosa contribuição nos trabalhos.
Os testes já utilizaram a nova versão do SAGITARIO, com requisitos para melhorias de interface homem máquina (IHM) desenvolvidos no âmbito do projeto, especialmente para o emprego da CPDLC em espaço aéreo continental.
“Como a versão 2.6 do SAGITARIO, que é a versão para a CPDLC Continental, não entrou ainda em operação, nós precisávamos de alguma forma disponibilizá-la em ambiente operacional para realizar os testes em voo. Partindo do princípio de que não poderíamos atualizar todas as consoles, foi necessário montar uma estrutura reduzida que, futuramente, será replicada para todo o Centro”, explicou o Capitão Celdo.
Segundo Sérgio Gomes, analista da TIOP, estes dados levantados pelos testes embasarão não só as ações dos outros subgrupos do Projeto (Normas, Doutrina de Emprego, entre outros), como, também, permitirão melhorias a serem realizadas pela própria Atech.
“Nesta ocasião fizemos também a validação do software. Até então, tínhamos a validação de simulação. Com a análise de comportamento do sis-
Pilotos do GEIV são recepcionados no CINDACTA III, em missão para o Projeto LANDELL tema, pudemos validar esta versão do SAGITARIO com voos reais”, explicou Sérgio, que também realizou a validação de algoritmos para análise da capacidade do enlace de dados desenvolvidos pela TIOP. Trata-se de mais um produto entregue pelo Projeto LANDELL.
Para Laércio Dalmolin Filho, Gerente de Projeto Atech – Implantação do SAGITARIO, esta parceria com o DECEA é muito importante. “A Atech sente-se honrada em fazer parte da implantação da CPDLC Continental no Brasil, trabalhando em conjunto com o DECEA, como seu braço tecnológico, reforçando ainda mais a segurança do tráfego aéreo brasileiro, com o que há de mais moderno, em termos de tecnologia, no cenário mundial. O desenvolvimento desta funcionalidade no SAGITARIO foi fundamental para atender à esta demanda e garantir o sucesso desta iniciativa", complementou Laércio.
Os testemunhos de dois controladores de tráfego aéreo, a seguir, comprovam as melhorias de IHM planejadas e desenvolvidas para este contexto.
Para o 2º Sargento Bruno Bringel, do ACC-RE, “a CPDLC Continental vai contribuir muito para o nosso trabalho, já que vamos ter uma capacidade de absorver mais tráfegos, aumentando a fluidez. Vamos também ter mais facilidade para superar os ruídos que temos hoje ao utilizar as frequências, sendo uma forma mais objetiva de nos comunicarmos com as aeronaves”.
A avaliação de desempenho do datalink nacional já foi ampliada e agora conta com a participação das companhias aéreas nacionais e internacionais, se estendendo até março e, dessa forma, possibilitará a identificação de outras adequações.
De acordo com o Suboficial Darlan Sobreira Guedes, que presta serviço no Centro de Controle de Área Atlântico (ACC-AO) desde 2007, não demorou muito para que grande parte da aviação percebesse os benefícios da ferramenta e de suas funcionalidades.
“No que diz respeito ao LANDELL, os benefícios são igualmente muitos, como praticidade de controle, facilidade de plotação de voos, rotas mais diretas, economia de combustível, sustentabilidade. Temos mais aeronaves em mais voos e níveis ótimos. Para a CPDLC Continental, a parte de comunicação, como complemento ou como meio principal de trabalho no continente será de grande valor para toda a aviação”, comentou o Suboficial Guedes.
De acordo com os dados levantados, os testes realizados com apoio do GEIV permitiram validar os principais parâmetros técnicos e operacionais com vistas a entrada em operação da primeira fase do Projeto LANDELL na FIR-RE.
Foram mais de 6.700 milhas náuticas (12.408 km) voadas, distribuídas em três dias de testes, dentro de cenários específicos, com objetivo de buscar a maior quantidade de dados possível.
“Pode-se confirmar o ganho operacional da comunicação VDL modo 2 (versão principal do VHF DataLink) em relação ao POA (do inglês Plain Old ACARS), onde a latência foi três vezes menor. Nos locais onde a cobertura VHF não era completa devido ao relevo, foi possível observar a comutação do serviço para satélite e obter os valores relativos a tempo de resposta”, observou o Capitão Celdo.
“O fruto desse trabalho permitiu consolidar a entrada em operação do serviço de enlace de dados conforme preconizado, uma vez que todos os parâmetros atenderam aos requisitos do projeto. Além disso, gerou subsídios técnicos e operacionais para que alguns ajustes sejam realizados, com vistas a garantir a maior disponibilidade possível do serviço datalink continental nas próximas fases do Projeto”, concluiu o chefe da TIOP.
“O mundo aguarda ansioso os resultados desses testes para evolução global em trabalhos desenvolvidos pelo Brasil no Painel DataLink Operacional da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). O Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) projeta hoje mais um largo passo rumo às comunicações do futuro”, finaliza o Capitão Fagundes.