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Treinamento de Combate Contraincêndio - PAME/RJ
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Índice
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Reportagem Sistema de Gestão da Qualidade
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Reportagem Especial DECEA comemora 10 anos
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Reportagem Nossa meta é você!
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Reportagem NEXO A implantação do novo sistema no SISCEAB
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Nossa capa A foto de capa desta edição é de Fábio Maciel e retrata o Treinamento de Combate Contraincêndio, realizado no PAME-RJ. Este é um dos projetos coordenados pela Subdivisão de Fatores Humanos do DECEA. Leia mais na reportagem “Nossa Meta é Você!”
Artigo Fraseologia: um bem necessário à língua de especialidade
Artigo Doutrina para as Telecomunicações Aeronáuticas
Expediente Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA Diretor-Geral: Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Coronel-Aviador R1 Coordenação de pauta e edição: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Redação: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Telma Penteado (RJ 22794 JP) Gisele Bastos (MTB 3833 PR) Denise Fontes (RJ 25254 JP) Diagramação/Projeto Gráfico: Filipe Bastos (MTB 26888-DRT/RJ)
Fotos: Luiz Eduardo Perez (RJ 201930-RF) e Fábio Ribeiro Maciel Contatos: Home page: www.decea.gov.br Intraer: www.decea.intraer contato@decea.gov.br Endereço: Av. General Justo, 160 Centro - CEP 20021-130 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2123-6404 Fax: (21) 2262-1691 Editado em dezembro/2011 Fotolitos & Impressão: Ingrafoto
Editorial O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) completou dez anos de força de trabalho, elevando a reputação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) no cenário mundial. Comemoramos esse tempo com muito entusiasmo, principalmente porque estamos sendo reconhecidos não só pela Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), mas também pelo efetivo e pela sociedade em geral. Temos priorizado a qualidade em nossas atividades, incorporando novas tecnologias e sempre em busca contínua pela segurança do efetivo. Em Reportagem Especial, falamos desse tempo em que crescemos, produzimos e fixamos nosso nome na História do Brasil e da Força Aérea Brasileira. Nesta edição, última de 2011, ressaltamos em nossas reportagens e artigos o investimento em prol da qualidade no SISCEAB. Muitos são os exemplos citados e que poderão ser reconhecidos por vocês e pela sociedade em geral, que faz uso dos nossos serviços. Na reportagem sobre o Sistema de Gestão da Qualidade, destacamos os frutos desse investimento, a otimização dos serviços e as conquistas adquiridas. Citamos o prêmio do CINDACTA III, a proatividade e a inovação da CISCEA nessa questão, assim como a implantação da Qualidade no DECEA. No artigo do Suboficial Rezende, inserido nas páginas 25 e 26, o autor cita a fraseologia como um dos assuntos abordados na instrução
continuada (reciclagem) para controladores de tráfego aéreo. Este é um dos investimentos que o DECEA tem se comprometido, dando a devida importância à fraseologia, que é uma preciosidade à comunicação em nosso ambiente de trabalho. Outro exemplo é a implantação do Sistema Nexo, que revela a incorporação de novas tecnologias em busca da otimização de processos, economia de recursos e maior fuidez do trâmite de informações. A interação do DECEA com suas Organizações subordinadas e apoiadas se constitui no fator primordial para a consolidação de um planejamento eficiente. A implantação de um sistema de contraincêndio também é outra ação do DECEA, através da Subdivisão de Fatores Humanos (SFHU), que vem como matéria de capa. A nossa preocupação com a segurança do efetivo é um assunto muito importante. Por isso, estamos promovendo a motivação e o melhor relacionamento interpesssoal no SISCEAB. Assim, o SFHU vem assumindo a responsabilidade de realizar eventos ligados à segurança e à qualidade de trabalho, como prevenção de acidentes do trabalho, combate e prevenção contraincêndio, cursos de primeirossocorros e treinamentos. Daqui para frente, mais dez, mais 20 anos, continuaremos lutando para sermos reconhecidos por nossa qualidade em segurança do controle de tráfego aéreo.
Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso Diretor-Geral do DECEA
Sistema de Gestão da Qualidade
Reportagem
DECEA e organizações militares subordinadas estão investindo na melhoria dos serviços Reportagem: Gisele Bastos Fotos: Fábio Maciel, Luiz Eduardo Perez e Cabo Evandro Francisco Ferreira
Pensar a qualidade se tornou condição obrigatória para a administração moderna. Com acesso fácil a informação e grande oferta por serviços, o cliente, principal personagem dos programas de Qualidade, tem a seu favor o poder de escolha, determinante para o sucesso ou o fracasso das organizações. Mais do que ensinar boas maneiras, o programa de qualidade propõe mudança de cultura. Os cinco sensos da qualidade, ou 5S, são um conjunto de conceitos que, se aplicados, podem mudar o ambiente de trabalho e a forma como são conduzidas as atividades do dia-a-dia, assim como os relacionamentos interpessoais, o que traz influências positivas para quem o pratica. Esta busca pela excelência, seja na fabricação de produtos ou na prestação de serviços, pode ser mensurada. O Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) – acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) – atua há mais de 20 anos certificando organizações que investem em qualidade. 4 AEROESPAÇO
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) não está fora deste movimento. Não poderia ser diferente dada a natureza de sua missão: garantir a segurança e a soberania no espaço aéreo brasileiro. A otimização de recursos, processos e pessoas tem sido um foco de trabalho do Subdepartamento de Administração (SDAD), que já iniciou a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Durante todo o ano de 2011, militares do DECEA fizeram cursos específicos na área da qualidade e foi constituída uma comissão intersetorial para implantação do SGQ. Outra ação importante foi a reedição da Diretriz do Comando da Aeronáutica DCA 800-1: “Política da Qualidade do Departamento de Controle do Espaço Aéreo”. Um avanço significativo foi a fixação de um cronograma de atividades de implantação nas áreas de Informações Aeronáuticas (AIS) e Meteorologia (MET), priorizando os aeroportos internacionais para a Copa do Mundo de 2014. Também foi criado o blog da qualidade (http://www.decea.intraer/qualidade/) com a proposta de receber sugestões, artigos e notas sobre qualidade, que podem ser enviados por militares e civis do DECEA.
Coronel Xavier e equipe recebem o Prêmio da Qualidade e Gestão Pernambuco
O Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) terá papel fundamental neste processo. Foi criado um grupo de trabalho para elaboração de um plano de capacitação e, já em 2012, será ministrada uma palestra de sensibilização para a qualidade a todos os inscritos em cursos do ICEA, em torno de 2500 alunos. Para o efetivo que irá atuar na área, está prevista a realização de um curso, dividido em duas fases. A primeira, com previsão de ensino à distância, irá fornecer conhecimentos básicos em qualidade, com ênfase na norma NBR ISO 9001:2008. A segunda fase será presencial e tem o objetivo de capacitar os recursos humanos para a implantação do sistema de gestão da qualidade. O curso será realizado em caráter experimental, mas, se aprovado, passará a fazer parte do Plano de Atividades de Ensino e Atualização Técnica (PAEAT). Algumas organizações subordinadas ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo já possuem certificação de acordo com a norma internacional NBR ISO 9001:2008 - que fornece requisitos para o Sistema de Gestão da Qualidade das organizações - e a ISO 17025:2005 – que provê requisitos gerais para competência de laboratórios de ensaio e calibração.
Frutos de investimento O Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III) hoje colhe os frutos do investimento feito desde 1998, quando começaram os primeiros passos da implantação do programa de qualidade nas salas AIS. Passados quase 15 anos, todos os Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) subordinados ao CINDACTA III estão certificados de acordo com a norma NBR ISO 9001:2008. Este ano, o Centro foi ainda mais longe. Participou do Programa Pernambuco da Qualidade (PROPEQ) e recebeu o Prêmio da Qualidade e Gestão Pernambuco – PQGP 2011 – na categoria prata, do Rumo a Excelência. O PQGP é o maior reconhecimento estadual conferido a organizações públicas e privadas, que se destacam na adoção de práticas de gestão alinhadas ao Modelo de Excelência da Gestão (MEG), conforme parâmetros da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e padrões praticados por organizações de nível mundial. Na solenidade de premiação, que aconteceu no dia 1º de dezembro, o Comandante do CINDACTA III, Coronel-Aviador João Batista Oliveira Xavier, recebeu o troféu do Secretário de Educação, Anderson Stevens Leônidas Gomes, que representou o gover-
nador de Pernambuco. “O prêmio é de todos os integrantes da organização e materializa o reconhecimento da sociedade pernambucana ao trabalho realizado na busca pela excelência no serviço prestado. Com certeza estamos no caminho certo para atingir nossa visão de futuro, que é a de ser reconhecido nacionalmente como organização de excelência na atividade de controle do espaço aéreo”, afirmou o Coronel Xavier.
Otimização dos serviços Esta é a meta da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA). Com foco na melhoria da qualidade dos serviços, a CISCEA vem desde 2007 investindo na área. Foi criada a Assessoria de Gestão de Qualidade (AGQL), dirigida pelo engenheiro Paulo Agostinho de Carvalho, com o objetivo de implantar a NBR ISO 9001-2008 em todas as seções da Comissão. Três Centros já receberam a certificação: o Centro de Documentação (VDC), o Centro de Apoio (VAP) e o Centro de Tecnologia da Informação (VTI). A melhoria nos serviços prestados abriu caminho para a informatização de dados. O Sistema de Gestão da Qualidade criou, em 2008, o Service Desk, AEROESPAÇO
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do Sistema de Gestão da Qualidade uma ferramenta online que passou a que detecto alguma incompatibilidaestá delineado no Programa Plurianucentralizar as solicitações de serviço. de no processo de nomenclatura do al da Qualidade da CISCEA para o pe“Além do conhecimento, pude monidocumento no SGED, alerto ao VDC, ríodo de 2012 a 2015. Com o objetivo torar a quantidade de serviços e verique imediatamente corrige a falha”, a longo prazo de certificar todas as seficar as principais demandas, avaliar o elogia. ções da Comissão, será implantado o que estava sendo feito e como”, desAumento do escopo sistema de gestão de qualidade para creveu Paulo Carvalho. a Divisão de Infraestrutura no ano de Hoje é possível obter o gráfico de Em 2010 foi contratada uma empre2013, a Divisão Técnica em 2014, a Disatisfação do cliente na Intranet, com sa de consultoria da área de gestão da visão de Logística em 2015 e a Divisão posição mensal e anual. Com relatóqualidade com o objetivo de realizar Operacional em 2016. rios regulares, a AGQL passou a atuar a diagnose da Divisão Administrativa nas áreas consideradas deficientes (DA) e elaborar os fluxos dos procesConquistas adquiridas pelos usuários e tratar as causas raiz sos e os respectivos procedimentos. das não-conformidades. Os ganhos com qualidade são visí“Finalizamos as normas e o treinaNa prática, o usuário do serviço está veis, tanto nas áreas onde o Sistema mento na área da qualidade com o mais atento. “Sem dúvida é possível da Qualidade foi executado quanto na workshop sobre a norma ISO 9001verificar o aumento na qualidade do própria visão do usuário, que passou a 2008”, descreveu Carvalho. O resulatendimento, tanto nos contatos pesser mais exigente e mais observador tado deste trabalho rendeu mais um soais a cada solicitação de um deternas rotinas de trabalho. “Há quatro certificado à CISCEA, o da Divisão Adminado serviço, quanto pelas estatísanos tínhamos uma visão que refinaministrativa. ticas que estão disponíveis no Service mos a cada dia, é a ordem natural das No ano passado, durante a auditoria Desk, mensalmente mensuradas e coisas. O importante é que o sistema de recertificação dos setores já avatratadas, quando o solicitante informa não tem mais como voltar. Estamos, liados, não foi encontrada nenhuma que não foi bem atendido”, afirmou inclusive, fazendo auditorias online”, não-conformidade. “Passamos com Paulo Fernando Oggi de Oliveira, da contou o assessor Paulo Carvalho. louvor. Em 2011 tenho a manutenção Divisão de Logística. Neste quesito, a ajuda dos auditores do que já foi conquistado e o aumenA usuária Cintia Fonseca da Silveira, internos têm sido fundamental. O auto do escopo, que vai ser progressivo secretária da Diretoria Operacional da ditor, ao abrir uma ocorrência no sisteao longo dos anos” – conta confiante CISCEA, também percebeu melhoria ma, na presença do responsável pelo o engenheiro. nos serviços prestados pelos setores setor, registra as evidências da nãoA meta para o ano de 2012 será certificados. “Percebo uma preocua certificação da Gerência de Proconformidade encontrada e negocia pação na execução de um trabalho gramas de Implantação (GCEA) e o prazo para resolução do problema, melhor, principalmente na eficácia e no rastreamento dos serviços solicitaparalelamente a manutenção das tudo isso sendo comunicado diretados”, revelou. demais áreas. mente por e-mail a chefia imediata. A Já o engenheiro Jorge Kushikawa, O próximo passo para implantação AGQL acompanha eletronicamente a da Divisão Técnica, evolução da auditoria Gerente de Projetos até que a não-conforde Auxílios à Navegamidade apontada seja ção Aérea, usuário do corrigida. “Durante o Centro de Documenperíodo de correções, tação, destacou que o prazo ajustado no o processamento do sistema pode ser recontrole e distribuinegociado e ao final ção de documentos do trabalho é gerado melhorou em relação um relatório de ação aos procedimentos corretiva com todas anteriores. “O pessoal as informações da audo VDC sempre teve ditoria interna. É bem um atendimento rádinâmico”, explica. pido com relação às O sistema de auditominhas necessidades. O Engenheiro Paulo Carvalho em reunião de abertura para certificação da Divisão Administrativa ria online foi desenvolNas raras vezes em 6 AEROESPAÇO
vido pela área de VTI da CISCEA e é baseado no procedimento de auditoria, documento obrigatório do Sistema de Gestão da Qualidade da CISCEA. “O sistema que criamos facilitou o auditor, o Sistema de Gestão da Qualidade e ainda, a vida do próprio usuário com relação ao preenFuncionários do VTI da CISCEA responsáveis pelo Service Desk chimento dos formulários. Também ficou mais transparente, o setor passa lidade de ações de não-conformidade a ter ciência do acontecimento, já que e ações preventivas. suas informações serão disponibilizaDesde que o Sistema de Qualidadas a todos”. O sistema manterá um de foi implantado também houve histórico da ocorrência para que, no aumento na produtividade, melhor futuro, aquela não-conformidade não escalonamento de prioridades e dimivolte a acontecer. nuição do desperdício. A AGQL conA ideia é que este programa seja ta com cinco auditores líderes com aperfeiçoado com a criação de subcertificado aceito pelo RABQSA – orrotinas como planejamento, prograganização que atua na certificação mação de auditoria, agenda da reude pessoas e de provedores de treinião de abertura e relatórios da quanamento –, atuando no sistema de
gestão eletrônico e fazendo auditoria interna. Para o próximo ano serão preparados mais auditores, que acompanharão como trainee os auditores certificados. Paulo Carvalho reconhece que há muito trabalho para ser feito, mas a objetivo é incluir na certificação da CISCEA as normas de meio ambiente, da área social e até mesmo o plano geral da qualidade no Estado e depois no País. “Hoje posso dizer que todos os colaboradores da Divisão Administrativa, do VAP, VDC e VTI conhecem, pensam e agem nos moldes do sistema de gestão, disseminando os conceitos e fundamentos, bem como sua experiência nesse processo. O futuro é que a área da qualidade seja composta por todos os funcionários da CISCEA”, finalizou.
Organizações certificadas no SISCEAB CINDACTA III DTCEA-RF - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Recife DTCEA-NT - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Natal DTCEA-AR - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Aracaju DTCEA-MO - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Maceió DTCEA-SV - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Salvador DTCEA-FZ - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Fortaleza DTCEA-FN - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Fernando de Noronha DTCEA-PS - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Porto Seguro DTCEA-PL - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Petrolina DTCEA-LP - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Bom Jesus da Lapa Escopo: executar atividades de controle do espaço aéreo na área de sua jurisdição, assim como realizar as atividades técnico e administrativa a cargo da divisão técnica, da divisão administrativa e da divisão de operações. CISCEA - Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Escopo: concepção Inicial dos Projetos do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). CINDACTA IV DTCEA-BE - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Belém Escopo: prestação de serviços de informações aeronáuticas e meteorológicas.
DTCEA-EG -Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Eduardo Gomes Escopo: prestação de serviços de informações aeronáuticas e meteorológicas pela sala AIS. CINDACTA I DTCEA-BR - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Brasília Escopo: prestação de serviços de controle de tráfego aéreo pela torre Brasília e veiculação de informações aeronáuticas e meteorológicas pela sala AIS Brasília. DTCEA-CY - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Cuiabá Escopo: serviços de controle de tráfego aéreo e veiculação de informações aeronáuticas e meteorológicas. ICA - Instituto de Cartografia Aeronáutica Escopo: publicação de informações aeronáuticas, levantamento topográfico e carta para voo visual. PAME-RJ - Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro Escopo: Certificação em metrologia. 3º/1º GCC - Terceiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle Escopo: prestação de serviços de controle de tráfego aéreo de controle terminal (TMA) com auxílio de radares. Fonte: Instituto de Fomento de Coordenação Industrial (IFI) e Seção de Qualidade do DECEA
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Reportagem Especial
DECEA
comemora 10 anos Por: Gisele Bastos Fotos: Fábio Maciel e Luiz Eduardo Perez
A força de trabalho eleva a reputação do SISCEAB no cenário mundial Há quem diga que para participar de uma maratona é preciso estar habituado à prática da corrida. Por conta disso, um iniciante precisa estar melhor preparado, porque a competição sempre exige mais do atleta. Outro conselho importante para o futuro maratonista é que tenha consciência de que ter disciplina é fundamental. Estas e muitas outras características são colocadas à prova no dia da competição, principalmente para se evitar um resultado desastroso. Atributos que o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) possui desde seu início, com a criação do Serviço Regional de Proteção ao Voo de Belém (SRPV-BE), em 1942. Não foi apenas o aprendizado ao longo de mais de 60 anos que trouxe experiência e maturidade. Foi o senso de responsabilidade, seriedade e compromisso de quem tem uma missão fundamental para a soberania do Brasil. O DECEA tornou-se um especialista respeitado no cenário mundial. O ano de 2011 marca os dez anos desta nova configuração, que traz muito mais do que simples conquistas, traz a certeza de que voar no Brasil é seguro. Criado no dia 5 de outubro, no Rio de Janeiro, o Departamento assumiu as atividades da Diretoria de Eletrônica e 8 AEROESPAÇO
Proteção ao Voo (DEPV) e fixou definitivamente seu nome na história do Brasil e da Força Aérea Brasileira. Muito foi acrescentado ao controle do tráfego aéreo, mas sem dúvida, os últimos dez anos foram extremamente significativos. Investimento, planejamento, segurança operacional e qualidade tecnológica são marcas indeléveis que espelham características do DECEA. A auditoria realizada no primeiro semestre de 2009, pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) conferiu 95% de aprovação aos Serviços de Navegação Aérea (ANS) do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). A avaliação segue as normas da Convenção de Chicago, que define as regras da malha aeroviária mundial. Ao fazer uma retrospectiva dos últimos anos, é possível encontrar mudanças e melhorias propostas e aplicadas pelo DECEA, que vem cumprindo com excelência sua missão de planejamento, gerenciamento e controle das atividades relacionadas à segurança da navegação aérea, ao controle do espaço aéreo, às telecomunicações aeronáuticas e à tecnologia da informação. No segundo semestre de 2010, teve início a implantação do Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações
de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional (Sagitario) no Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II), em Curitiba, em substituição ao Sistema X-4000. Desenvolvido pela Atech - Negócios em Tecnologias S/A, o Sagitario é capaz de processar informações de diversas fontes, como diferentes radares e satélites, e sintetizá-las em uma única tela. Sua utilização torna possível a visualização de informações de forma estratificada, selecionada de acordo com a necessidade da operação. Outra característica é o alerta de conflito de rota, que no novo sistema é acionado com mais antecedência. Também houve a troca da cor da tela do software, que é cinza na nova configuração. A segunda fase de implantação do Sagitario aconteceu no início deste ano, no Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), em Recife. Os demais Centros, CINDACTA I (Brasília) e CINDACTA IV (Manaus), também terão seus sistemas atualizados para o novo software.
Agilidade na comunicação
ponsáveis por 78% do movimento de aeronaves no Brasil – perceberão aumento em sua capacidade em cerca de 47,77% e 39%, respectivamente. A aplicação deste conceito nas Terminais do Rio e São Paulo está programada para abril de 2013, mas já em março de 2012 entra em vigor a nova estrutura de rotas para a região Centro-Sul, que trará um aumento do fluxo de tráfego aéreo no Brasil. Estas ações fazem parte da modernização do controle do espaço aéreo brasileiro com vistas à projeção do aumento do fluxo de tráfego aéreo. Batizado de CNS/ATM, o modelo foi oficializado pela OACI na 10ª Conferência de Navegação Aérea, em 1991, quando se propôs a implementação do padrão e de seus novos meios e procedimentos. No Brasil, foi criada pelo DECEA a “Concepção Operacional ATM Nacional” (DCA-351-2), documento que norteia todas as definições básicas e orientações referentes à implementação dos sistemas CNS/ATM no País. A proposta consiste na aplicação em grande escala de tecnologia satelital, comunicação digital e gestão estratégica das operações, a partir da integração de tecnologias, processos e recursos humanos, destinados a suportar a evolução do transporte aéreo.
No CINDACTA III, esta mudança é acrescentada a outro avanço que facilitou a comunicação entre controlador e piloto, através da utilização das ferramentas ADS-C (VigiTendências mundiais lância Dependente Automática por Contrato) e CPDLC (Comunicação Controlador-Piloto através de Enlace de Dados) Mantendo a posição de vanguarda, o DECEA tornou-se no Centro de Controle de Área Atlântico (ACC-AO). Estes membro da Organização dos Prestadores de Serviço da sistemas permitem a monitoração de aeronaves por satéNavegação Aérea Civil (Canso, do inglês Civil Air Navigation lites e a comunicação por dados através de palavras-chave Services Organization), em setembro de 2011. Em busca entre piloto e controlador. do aprimoramento contínuo e segurança da navegação A mesma proposta, de adoção e utilização de novos aérea, a Canso representa os mais importantes provedosistemas foi uma das alterações sugeridas também para res de serviços de navegação aérea da comunidade aeroa melhoria do desempenho de navegação de aeronaves, náutica internacional. Seus grupos de trabalho constituem atendendo aos requisitos da Navegação Baseada em Perimportante espaço para o desenvolvimento de novas poformance (PBN) – conceito associado à navegação aérea líticas para o setor. por satélite, para o aumento de capacidade das operações aéreas. O PBN especifica os requisitos de desempenho necessários aos sistemas de navegação de área (RNAV) das aeronaves considerando exatidão, integridade, disponibilidade e continuidade para a operação em um determinado espaço aéreo. A Navegação Baseada em Performance representa uma mudança de paradigma, ao redesenhar e otimizar a estrutura dos trajetos de navegação, o que viabilizará uma rota menor e melhor controlada, além de aproximações mais precisas, utilizando satélites e sistemas avançados de gestão de voo e de bordo inercial. As Regiões de Informação de Voo (FIR, do inglês Flight Information RePainel de Comunicação Controlador-Piloto através de Enlace de Dados (CPDLC) gion) destas duas localidades – res-
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Organização reconhecida e respeitada, o DECEA apresentou, no mês de outubro, na sede da OACI em Montreal, no Canadá, projetos de Gerenciamento de Tráfego Aéreo e participou de debates sobre o Simpósio da Indústria da Navegação Aérea Global (Air Navigation Industry Symposium - GANIS). Durante a preleção, a comitiva, representada pelo Brigadeiro-Engenheiro Luiz Antônio Freitas de Castro e pelo Brigadeiro-do-Ar Luiz Cláudio Ribeiro da Silva, destacou para mais de 500 representantes de setores da aviação civil internacional os principais projetos em desenvolvimento no SISCEAB e o planejamento estratégico em face do crescimento de tráfego no País, esperado para os próximos anos.
Novas organizações militares Nos últimos anos, além de mudanças de paradigma, foram criadas organizações militares para atuar com eficiência e eficácia ao lado do DECEA na prestação de serviços de navegação aérea. Em 2005, nasceu o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) que, entre suas atribuições, fornece um brifim internacional com as principais informações meteorológicas das Américas, além de relatório de situação operacional, boletim de tráfego aéreo, com as restrições de tráfego vigentes, boletim meteorológico, com a previsão de impactos meteorológicos. No CGNA também é possível conhecer os planos de voos repetitivos programados para o Brasil e o Movimento Estatístico de Tráfego Aéreo (Mestra). Um ano depois da criação do CGNA, em 2006, entrava em operação o CINDACTA IV, cobrindo assim toda a área territorial do Brasil. Outra organização criada para atuar em conjunto com a missão do DECEA foi a Junta de Julgamento da Aeronáutica (JJAer). À nova instituição cabe o julgamento, a aplicação das penalidades e as providências administrativas pre-
Salão operacional do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA)
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vistas no “Código Brasileiro de Aeronáutica” (Lei nº. 7.565, de 19 de dezembro de 1986) – e legislação complementar – por condutas que configurem Infrações de Tráfego Aéreo ou descumprimento das normas que regulam o SISCEAB.
Data para comemorar Estes são apenas alguns exemplos concretos das aquisições obtidas ao longo destes 10 anos de Departamento, comemorado em cerimônia militar realizada no dia 7 de outubro, no hangar do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV). As autoridades mais importantes do setor aéreo estiveram presentes na solenidade, o Ministro-Chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Wagner Bittencourt de Oliveira, o Presidente da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), Antonio Gustavo Matos do Vale, e o Diretor-Presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Marcelo Pacheco dos Guaranys. Na data, foi lançado e colocado oficialmente em circulação, o selo personalizado, além do carimbo comemorativo. A primeira e a segunda obliteração foram feitas pelo Ministro da SAC e pelo Diretor-Geral do DECEA, respectivamente. O selo personalizado é composto de duas partes: na primeira, a base apresenta o pavilhão nacional, tremulando ao vento. Compõe a imagem o mapa do Brasil, preenchido pelas flores do ipê-bandeira, árvore símbolo nacional. A segunda parte retrata a logomarca de comemoração do DECEA, onde aviões e caças aparecem no controle do espaço aéreo, cortando o número dez, que simboliza os 10 anos da organização. A peça obliterada faz parte do acervo dos Correios e servirá de fonte de pesquisa e registro no contexto histórico e sociocultural do País. Como parte das comemorações dos dez anos do DECEA, também foi lançado o Projeto "Conhecendo o CNS/ATM", que aborda - de modo didático - os elementos relacionados à implementação de procedimentos e dispositivos relativos ao conceito CNS/ATM. Foi produzida uma série de quatro vídeo-aulas: Comunicação Aeronáutica, Navegação Aérea, Vigilância Aérea e Gerenciamento de Tráfego Aéreo. De acordo com o Diretor-Geral do DECEA, os filmes que tratam do CNS/ATM fornecem uma visão do futuro do controle do tráfego aéreo, mostrando que o País está na vanguarda de sua implementação e que a tecnologia empregada está no melhor estado da arte. "Conhecendo o CNS/ATM" também ganhou uma revista especial e um site.
Reinauguração da exposição "O Controle do Espaço Aéreo" no MUSAL
Memória preservada Mais uma celebração marcou a data. A reinauguração da exposição “O Controle do Espaço Aéreo Brasileiro”, no Museu Aeroespacial (MUSAL), no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, realizada no dia 30 de novembro de 2011. A exposição reúne um acervo inédito, que conta a história do controle do tráfego aéreo no Brasil. “Penso que haverá um atrativo a mais para os visitantes do MUSAL, que poderão ver belíssimas aeronaves que contam a história da aviação, e juntamente com elas um setor que está envolvido diretamente na garantia da segurança e da fluidez do tráfego aéreo. Assim, há uma simbiose entre os conceitos de voar e controlar, permitindo que os visitantes possam entender e, quem sabe, se interessar pelos dois lados: o voo e o controle, escolhendo um deles como futura profissão”, descreveu o Diretor-Geral do DECEA. No dia da reinauguração, também foi lançado o livro “A História do Controle de Espaço Aéreo no Brasil”. A iniciativa é um complemento da edição especial sobre “A História da Defesa Aérea no Brasil”, lançado em 2010, e visa celebrar, ao mesmo tempo, as datas marcantes de 2011: 80 anos do Correio Aéreo Nacional, 70 anos da Força Aérea Brasileira e 10 anos do DECEA. Em uma edição de capa dura, a história é contada através de uma viagem pelo tempo que evidencia as evoluções no País no que tange o controle do espaço aéreo sob responsabilidade do Brasil com um olhar para o futuro. Nesta perspectiva, pensando sempre a longo prazo, o DECEA está preparado para enfrentar os desafios e as evoluções dos próximos anos que estão por vir.
Peças de comunicação comemorativas aos dez anos do DECEA
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Entrevista
Uma história de conquistas Tenente-Coronel Mônica: “Sou grata pela carreira que escolhi, realizada e reconhecida” Entrevista por Denise Fontes Fotos: Luiz Eduardo Perez e arquivo pessoal da entrevistada
As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço na Força Aérea Brasileira (FAB) em atividades até então consideradas exclusivas dos homens. Em um universo predominantemente masculino, sério e repleto de regras, as militares femininas não decepcionam nos quesitos responsabilidade, competência e profissionalismo. E conseguem, aos poucos, ocupar patentes mais altas, como é o caso da Chefe da Divisão de Administração e da Seção de Comunicação Social do Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), Tenente-Coronel QFO ANS Mônica Saraiva Sá Couto. 12 AEROESPAÇO
Integrante da quarta turma do quadro feminino de oficiais da FAB, a Tenente-Coronel Mônica completou 27 anos de carreira e acredita que sempre esteve no lugar certo e na hora certa. Nascida no Rio de Janeiro, Tenente-Coronel Mônica não esconde a felicidade quando fala de sua profissão. É formada desde 1984 pela Universidade Federal Fluminense (UFRJ) em Matemática, com especialização em Informática. A chance de servir as Forças Armadas era um desafio. Uma história que começou em 1984, a partir de um anúncio no jornal O Globo, falando sobre a convocação para a Aeronáutica. Inscreveu-se e participou do concurso. Em fevereiro de 1985, recebeu a boa notícia: havia passado! Realizou estágio no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), unidade que à época formava graduados e oficiais do corpo feminino. Depois foi convocada para trabalhar no ICA, onde chefiou a Subseção de Perfuração da Seção de Processamento de Dados – uma novidade em sua carreira. “A Subseção de Perfuração recebia formulários com as informações a serem processadas. Em uma espécie de máquina de escrever chamada de perfuradora, os profissionais passavam esses dados para cartões semelhantes aos de concursos que depois eram lidos por uma leitora que os enviava para o computador”, explica a militar. No período de 1985 a 2001, ela era a única mulher militar no ICA. Sua presença no Instituto representou uma mudança de paradigma. “Foi uma fase que ficou marcada em minha vida, em função dos grandes obstáculos superados”, conta com grande emoção.
Seus esforços, evidentemente, não foram em vão e talvez tenham gerado frutos por gerações que nem ela mesma poderia supor, abrindo um longo caminho para que outras mulheres pudessem trilhar. Em 1989, outra experiência que marcou a sua trajetória no ICA foi a implantação do Sistema de Automatização da Produção de Cartas Aeronáuticas. Durante sete anos, período da implantação, permaneceu na função de Gerente de Suporte. Porém, em 1993 - na gestão do Coronel-Engenheiro Osmar Koehler Meggetto - passou a exercer a função de Chefe da Seção de Informática, em razão da chegada dos primeiros microcomputadores, que apoiariam as atividades administrativas. Mas o destino ainda lhe reservava outra surpresa. Em agosto de 2003, foi convidada pelo então Coronel-Engenheiro Danilo Groch, à época Diretor do ICA, a chefiar a Divisão de Administração. Diante do novo desafio quis aprimorar seus estudos, capacitandose na nova área de atuação.“Procurei estudar muito e fiz alguns cursos de carreira, que me deram conhecimento na área de planejamento, gestão orçamentária e jurídica”, declara. Pouco tempo depois, foi designada para chefiar a Seção de Comunicação Social, assumindo uma nova etapa em sua carreira militar. “As duas áreas se completam, pois a Comunicação Social precisa do apoio da Divisão Administrativa para realização de eventos", esclarece. A importância do seu trabalho vem sendo reconhecido pelo Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Ela foi agraciada com a Medalha do Mérito Cartográfico, pelas atividades desenvolvidas na área de Cartografia. Recebeu, também, a Medalha Santos Dumont e Ordem do Mérito Aeronáutico (OMA), em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à FAB. A propósito, a qualidade de seu trabalho é atestada por aqueles que a conhecem. É o que relata o atual Diretor do ICA, Coronel-Aviador Cláudio Luiz Rocha Carneiro: “Fui testemunha do incansável empenho com que a Tenente-Coronel Mônica sempre conduziu seus afazeres, numa busca tenaz pela consecução de suas metas e responsabilidades. Seu cuidado no trato com as pessoas possibilitou estabelecer uma liderança consolidada em relacionamentos de amizades duradouros, dentro e fora de seu ambiente de trabalho”. Assim também destaca o ex-Diretor do ICA e atual Vice-Presidente da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), Coronel-Aviador Eric de Azevedo Bastos: “Pude contar com a eficiente participação da então Major Mônica à frente da Divisão de Administração, o que me trouxe muita tranqüilidade. Além de demonstrar um profundo comprometimento com a instituição, ela possui uma conduta inatacável e correta, servindo sempre de referência para todos os militares e civis da organização”. Determinação e força de vontade são características marcantes de sua personalidade, mas sem dúvida a gratidão é a que mais se destaca. “Consegui a estabilidade em minha vida. Devo muito à FAB e só tenho a agradecer as portas que se abriram e pelas condições que me foram dadas para eu crescer. Sou grata pela carreira que escolhi, realizada e reconhecida”. Após 27 anos de serviços prestados à FAB, em janeiro de 2012 a Tenente-Coronel Mônica deixará o serviço ativo, passando para a Reserva Remunerada. O mesmo entusiasmo da militar, demonstrado como Tenente no início de sua carreira, pode ser observado ainda hoje. Assim, sua história confunde-se com a própria história do Instituto de Cartografia Aeronáutica.
Formatura de Segundo-Tenente na CIAAR Julho de 1985
(Acima) Atuação, à época como Primeiro-Tenente, na implantação do Sistema de Automatização da Produção de Cartas Aeronáuticas
(Ao lado) Major Mônica, Comandante da Tropa no 25º aniversário do ICA
Recebimento da Ordem do Mérito Aeronáutico em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à FAB
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Seção
QUEM É? Competência emocional para grandes desafios do SISCEAB José William Ferreira Lima Tenente-Coronel Especialista em Controle de Tráfego Aéreo da Reserva Remunerada Entrevista por Telma Penteado Fotos: Luiz Eduardo Perez e arquivo pessoal do entrevistado
"No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos" - M. Luther King. Assim estava escrito ao final do e-mail que recebi do Tenente-Coronel Especialista em Controle de Tráfego Aéreo (CTA) R1 José William Ferreira Lima, no qual ele confirmava carinhosamente sua participação nesta seção da Revista Aeroespaço. Nada mais apropriado não só para quem deseja compartilhar histórias, como também para quem é uma pessoa de ação. Agir e comunicar – ações que andam mesmo de mãos dadas. Ainda mais quando envolve a segurança de milhares de vidas, como é o caso de quem trabalha com controle de tráfego aéreo. 14 AEROESPAÇO
O Tenente-Coronel William é natural de Cascavel (CE) e entrou para a Força Aérea Brasileira (FAB) em 1º de agosto de 1972, quando ingressou na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR). Casado com a assistente social Maria Clara, é pai de quatro filhos – Cassandra (odontóloga), Germana (advogada) e dos gêmeos Luiz Jaime Netto e José William Júnior (ambos médicos). Chegou pela primeira vez à cidade do Recife (PE) em 12 de agosto de 1974, vindo a mudar-se definitivamente para esta cidade em 5 de março de 1999, data em que começou a prestar serviços, no posto de Major, no Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), ao assumir a Chefia da Subdivisão de Tráfego Aéreo e as funções de Adjunto do Centro Operacional Integrado (COI). Em 1974, no início de sua carreira na FAB, William foi Operador do Centro de Controle de Aérea de Recife (ACC-RE). De lá, ele foi designado para o Controle de Aproximação (APP) de Teresina (PI), retornando para o ACC-RE em 1977.
Neste final da década de 70, William foi para Escola de Oficiais Especialistas da Aeronáutica (EOEAR), em Curitiba (PR), onde concluiu o curso de Oficial Especialista, em 1981. Por sua escolha, foi comandar o então Destacamento de Proteção ao Voo de São Luís (DPV-SL), onde permaneceu por 14 anos. Nesta função, como único Oficial do Destacamento, era Chefe de todos os órgãos operacionais. Neste mesmo período, já pertencendo ao efetivo do Serviço Regional de Proteção ao Voo de Belém (SRPV-BE), era constantemente designado para assumir os órgãos operacionais do Destacamento de Proteção do Voo de Belém (DPV-BE) na ausência de seus titulaVista aérea do Destacamento de Proteção ao Voo de São Luiz (MA) res, bem como a Subdivisão de Tráfego Aéreo do SRPV. “Eram funções que me deram uma bagagem muito o DPV-SL era subordinado ao SRPV de Recife e, somente grande, tanto operacional, quanto sistêmica”, explica em 30 de julho de 1983, com o redimensionamento do William. Comando Aéreo Regional (COMAR), passamos para o Em 1996, ele solicitou transferência para o Serviço ReSRPV-BE, o que nos aproximou do centro das decisões”, gional de Proteção ao Voo de Manaus (SRPV-MN), onde comenta. assumiu a Chefia de várias Seções: Tráfego Aéreo, NavePara se ter ideia da importância do DPV-SL, à época, gação e Operações Militares; Telecomunicações; Inforele era a única representação da FAB no Estado do Mamações Aeronáuticas; Busca e Salvamento. ranhão. E, nesta condição, participava ativamente de toDepois de três anos de trabalhos prestados ao SRPVdos os eventos que envolvessem o então Ministério da MN, William retornou a Recife. Aeronáutica (atual Comando da Aeronáutica). Estudos, aprimoramento e formação são fundamen“Assim, prestamos grande apoio à implantação do tais para a sua carreira profissional. Ele é Coordenador Centro de Lançamento da Alcântara (CLA) e tivemos um SAR (Busca e Salvamento); AIS (profissional de Navegaperíodo de extrema atividade ao longo Governo do Preção Aérea) - formado pelo Instituto de Controle do Essidente Sarney, em função de constantes eventos que paço Aéreo (ICEA); Auditor de Qualidade - certificado eram direcionados para São Luís. Esta fase muito me pelo Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI); marcou, principalmente pelas amizades que deixei na Oficial de Segurança do Controle do Espaço Aéreo do cidade e que mantenho até hoje”, explica William. Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes AeOutro grande desafio que ele nos elenca é o de Maronáuticos (CENIPA) e, fora do ambiente militar, possui, naus, para onde foi transferido em 1996. Mais precisaainda, formação em Engenharia Civil e em Engenharia mente, dentre todos os óbices existentes, como a carênde Segurança do Trabalho. cia de pessoal, por exemplo, o evento mais marcante foi Atualmente na Reserva Remunerada, William a implantação da Missão Parintins. exerce o cargo de Adjunto do Chefe da Divisão de Já no ano de 1996, o XXX Festival de Parintins tinha Operações do CINDACTA III. uma demanda muito grande de Ao longo destes anos de muito transporte aéreo. No ano anterior, trabalho e dedicação, certamenum enorme movimento aéreo te não faltaram desafios a serem naquele aeródromo fez com que vencidos. E para um profissional se estabelecesse um órgão de comprometido como William, os “Houve uma quebra Controle de Tráfego Aéreo. impactos contribuíram para sua de paradigma por eu “Assim sem parâmetros para formação ser ainda mais sólida e nortear as ações, fui chefiando ser o primeiro Oficial suas escolhas mais conscientes. uma equipe composta de seis “Meu primeiro grande desafio Especialista a assumir Controladores de Tráfego Aéreo foi comandar o DPV-SL, à época a Chefia de Divisão (ATCO) e quatro Meteorologistas, praticamente isolado. Era um pede Operações de um que também exerciam as funções ríodo onde os recursos eram esde AIS. Montamos um Sistema cassos, os meios de comunicações CINDACTA” Visual Abreviado Indicador de incipientes. Tive que tomar alguRampa de Aproximação (AVASIS), mas decisões solitariamente, pois AEROESPAÇO 15
William recebendo o título de “Amigo do 24º Batalhão de Caçadores”, unidade do Exército sediada em São Luiz (MA)
um Auxílio à Navegação Aérea NDB (Farol Rádio Não Direcional - Non Directional Radio Beacon) de campanha, que era usado em missões presidenciais e um APP/AFIS (Serviço de Informação de Voo de Aeródromo)”, relata William. No dia 27 de junho de 1996, Parintins foi considerado o terceiro aeródromo em movimento no País, sendo que era composto basicamente de aeronaves Bandeirante e aviões de pequeno porte! Em 1997, foi construída uma Torre de Controle provisória e a aviação comercial iniciou seus voos na região, aprimorando sobremaneira a infraestrutura à disposição. William ficaria na Chefia da Missão Parintins por mais três anos. “Ainda em Manaus, participei como representante do SRPV-MN da Comissão de Registro e Homologação de Aeródromo (COREHA), instituída pelo Sétimo Comando Aéreo Regional (COMAR VII), função que me levou a ter muito conhecimento sobre as condições, dificuldades e contrastes da Amazônia”, ressalta. Foi em 9 de janeiro de 2002, que William assumiu, por convite do então Comandante do CINDACTA III, CoronelAviador Walter Dias Fernandes Filho, a Chefia da Divisão de Operações. E este momento foi para ele um grande marco em sua carreira. A este ponto ele já prestava serviço no CINDACTA III desde 1999, quando chefiava a Subdivisão de Tráfego Aéreo, que incluía Informações Aeronáuticas, e acumulava a função de Adjunto COI. "Eu fui o primeiro Oficial Especialista, oriundo da EOEAR, a assumir uma chefia de Divisão de Operações de um CINDACTA”, orgulha-se William. E quem corrobora esta mudança de paradigma, esta quebra de convenções, é o próprio Coronel Dias - hoje na Reserva Remunerada, Assessor da Vice-Presidência 16 AEROESPAÇO
da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) – que elogiou e reconheceu os valores do Tenente-Coronel William. “É com muita satisfação que tenho a oportunidade para manifestar-me sobre um período em comum da carreira de um oficial com tantos predicados. Durante o meu comando, ao indicar o então Major William para o cargo de Chefe da Divisão Operacional do CINDACTA III, senti-me muito seguro em quebrar o paradigma desta colocação, pois até aquela data, só foi exercida por Oficial do quadro de Aviadores. Seus atributos técnicos, tais como conhecimento de Gerenciamento de Tráfego Aéreo (ATM) e até mesmo de Engenharia, excediam as necessidades da função” – relata Dias. Ele justifica que a principal razão para o convite foi a competência emocional de William, balizada por uma elevada experiência no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), que gerava uma liderança naturalmente positiva e eficaz, características fundamentais para um oficial de escol deste Sistema. “Considerei também o seu caráter, evidenciado pelo ótimo convívio com os amigos de caserna, e no amor aos seus familiares. Tenho plena certeza que durante o embate com as dificuldades naturais de uma atividade tão crítica, como a de Gerenciamento Operacional da área de responsabilidade do CINDACTA III, todos esses atributos permitiram o seu sucesso na carreira", complementa Dias. Dentre os grandes desafios enfrentados, William ressalta a reestruturação enorme nos órgãos operacionais, com a implementação de novos conceitos no Controle de Tráfego Aéreo; a modernização de equipamentos; o redimensionamento da Região de Informação de Voo de Recife (FIR-RE); informatização; a certificação ISO dos órgãos de tráfego aéreo (tendo sido a Torre Recife o primeiro órgão do Brasil a receber tal certificação, o que de-
“Era uma época heroica, que requeria um grande empenho e um devotamento pela atividade”
pois foi estendido a todo o CINDACTA III); e muitas outras frentes, próprias de uma atividade dinâmica como a do Controle do Espaço Aéreo. Quando perguntei sobre sua avaliação do Controle de Tráfego Aéreo ao comparar o cenário que encontrou assim que entrou na FAB com os dias de hoje, sua pronta resposta foi: “a diferença é abissal!” “Na década de 70, no ACC-RE, dispúnhamos de um VHF-ER (128.3 MHz), instalado em Recife, e de quatro frequências em SSB, que eram utilizadas de acordo com o horário, em função da propagação, para toda aérea de responsabilidade. A FIR era dividida em Espaço Aéreo Superior e Inferior e estes seriam os nossos setores”, conta William. O ruído na sala, principalmente no período da tarde, era ensurdecedor, o que levava muitos de seus colegas à deficiência auditiva, o que requeria, consequentemente, um aumento de volume, que gerava ainda mais ruído. As mensagens ATS eram encaminhadas via telegrafia e o Boletim de NOTAM era gerado em um mimeógrafo e encaminhado pelas aeronaves comerciais, muitas vezes, por obséquio das tripulações. Enfim, era uma época heroica, que requeria um grande empenho e um devotamento pela atividade. Quando vê as atuais condições de trabalho dos órgãos operacionais, William fica estarrecido com as ferramentas disponibilizadas para o cumprimento das missões. “A tecnologia à disposição do ATCO é de ultima geração. Os radares, consoles, softwares e meios de comunicações fazem com que o mesmo se preocupe apenas com sua atividade fim, tendo, por trás, toda uma estrutura de suporte. É outro mundo! Isto nos coloca par e passo com as nações mais desenvolvidas, o que, por sinal,
William celebra a formatura dos filhos gêmeos em Medicina, em 2010
William recebendo das mãos do então Comandante do CiNDACTA III, CORONel-AvIADOR Dias, a certificação ISO do primeiro órgão de tráfego aéreo da América Latina (TWR Recife)
corrobora com nossa posição entre os dez melhores do mundo no tocante ao tráfego aéreo”, conclui nosso entrevistado. Toda a preparação para esta nova fase de comunicações por dados digitais (Projeto AIM-BR - de Gerenciamento da Informação Aeronáutica no Brasil) - utilização do Sistema Sagitario (que substitui o software de gerenciamento de tráfego aéreo X-4000) e demais modernizações preconizadas pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) através do Conceito Operacional do CNS-ATM (Sistemas de Comunicação, Navegação, Vigilância e Gerenciamento de Tráfego Aéreo) - faz parte do dia-a-dia do Tenente-Coronel William. E como sua formação já comprova, ele não poderia estar à parte deste passo de gigante que a Aeronáutica Brasileira está dando. Homens de fibra, comprometidos com o trabalho e que vão além do que lhes é solicitado são extremamente valorosos em qualquer instituição. Aqui, no Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), não é diferente. Profissionais como José William Ferreira Lima inspiram a todos nós com seu exemplo, porque pessoas como ele fazem a diferença. AEROESPAÇO 17
Artigo
Fraseologia:
um bem necessário
A LÍNGUA DE ESPECIALIDADE Por SO BCT Francisco José Rezende DTCEA-SP – APP-SP
Trabalho há mais de 20 anos no Controle de Aproximação de São Paulo (APP-SP), no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de São Paulo (DTCEA-SP), e foi aqui que conheci meus amigos, conheci o Controle de Tráfego Aéreo e a Cidade de São Paulo, que é tão movimentada como seu Espaço Aéreo. A fraseologia de Controle de Tráfego Aéreo sempre foi uma curiosidade para mim e, sendo assim, resolvi estudá-la com apoio de docentes de universidades renomadas em nosso País. Leciono Fraseologia de Controle de Tráfego Aéreo aos nossos estagiários. Além de outros assuntos, nossa fraseologia é abordada em nossa Instrução Continuada (reciclagem) que realizamos anualmente. Então vamos começar.
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As profissões utilizam termos para se expressar, gerando uma língua de especialidade. É como se os profissionais usassem línguas diferentes e, dessa forma, precisamos moldar as nossas instruções para a finalização de nosso trabalho. É por isso que existe um conjunto de termos para cada especialidade. Cada especialidade fala uma língua diferente, o que chamamos de língua de especialidade, que é um subsistema da língua geral, usada para os discursos técnicos, para usos científicos e precisamente especializados. Se juntarmos profissionais de diferentes especialidades para uma conversa de trabalho, teremos uma possível “Torre de Babel”. Os termos podem ser iguais em algumas especialidades, mas com significados diferentes. Ex.: O tráfego está no circuito sem contato com o órgão de controle. Reparamos, com facilidade, que os termos usados nesta frase podem ser de outras especialidades e com significados
diferentes. Assim, sempre se recomenda utilizar dicionários específicos. A fraseologia é um procedimento estabelecido com o objetivo de assegurar a uniformidade das comunicações radiotelefônicas, reduzir, ao mínimo, o tempo de transmissão das mensagens e proporcionar autorizações claras e concisas. (ICA100-12, 2009, p.175)
A fraseologia é preciosa à comunicação em nossos ambientes de trabalho ou em situações particulares. Apresenta-se como recorte de um conjunto de termos da aviação e devemos atribuir certo cuidado ao pronunciá-la. O Falso Cognato Este é um tipo de problema que enfrentamos devido à semelhança entre termos na sua forma e sentido, mas com significados diferentes. A palavra “Condition” corresponde ao cognato Condição. Mas, para nosso universo fraseológico, seu significado é estado, posição, situação. Vamos então a um exemplo clássico de nosso dia a dia: “PT BCT, DO YOU HAVE CONDITIONS TO LAND ON RUNWAY 09R?”
Caso o nosso “cliente” seja de língua portuguesa, ele certamente vai entender e responder: “ROGER. I HAVE CONDITIONS.”
A forma correta neste caso é: ARE YOU ABLE TO LAND ON RUNWAY 09R?
Able traduz-se por Capaz, Apto, que tem condições; que está livre de imposições ou restrições. Este é o uso correto para o termo em questão. O Termo OK OK em inglês: uma das vertentes da palavra é ZERO KILLED, nenhum morto, o que fazia os solda-
dos comemorarem durante a Guerra da Secessão nos EUA. Com o tempo, a sigla virou palavra e se transformou em termo. Em controle de tráfego aéreo, jamais poderemos utilizar este termo, devido à extensividade que há na língua inglesa. Exemplo:
guísticos, ele quis dizer: ESTOU CIENTE. AGUARDE.
Para o falante da língua inglesa, o entendimento poderá ser: SEM PROBLEMAS, AUTORIZADO E MANTENHA A ESCUTA.
Se possível não use mais o termo OK, nem mesmo na fraseologia em Português. Ainda que oportuno, este termo não está previsto em nosso ordenamento. O correto para este caso é: Roger. Expect further instructions. ou Roger. Expect further clearence.
“GO AHEAD” ACABOU! PROSSIGA APÓS A MINHA MENSAGEM
Não está mais previsto na nossa fraseologia porque os países de línguas latinas confundiam com PROCEED (pode prosseguir) e, no Brasil, esse termo confundia os veículos de aeroporto para cruzamento de pista e, algumas vezes, causaram Incursão de Pista, pois há essa variante nas duas “sociedades”. Nosso Prossiga era para comunicações e a “sociedade vizinha” entendia como uma autorização para se locomover. Isso ocorre devido a uma variante de termo da nossa terminologia com a usada entre outras especialidades. Portanto, procure não usar; PROSSIGA ou GO AHEAD. Em Torres de Controle pode causar incursões de pista e em APP e em Centros de Controle de Área (ACC) pode causar outros entendimentos, como autorizações de solicitações etc. A Fraseologia é parte de nossa profissão, faz parte de um idioma estabelecido em nossas especialidades. É uma caixa de ferramentas que carregamos para concluir nossa tarefa diária. Não podemos carregar ferramentas que não nos sirvam, para cada lida existe uma ferramenta apropriada. Continuem lendo nossa fraseologia. Muito obrigado e muitas felicidades em suas lidas.
CENTER, MAY WE CLIMB TO FLIGHT LEVEL 330? -OK. STANDBY.
Nós sabemos que devido aos fenômenos lin-
SO Rezende é Mestre em Linguística.
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Reportagem
Nossa meta é
você!
“É melhor prevenir do que remediar”. Este talvez seja o ditado que melhor resume o espírito do trabalho desenvolvido pela Subdivisão de Fatores Humanos (SFTH), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Por Telma Penteado - Fotos: Fabio Maciel
À frente da SFTH desde 1º de abril de 2011, o Major-Aviador Marco Aurélio Lima Moraes, lembra que, em 1998, a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) publicou o DOC 9683, intitulado “Manual de Instrução sobre Fatores Humanos”, ressaltando que, apesar da dificuldade conceitual, o referido documento entende que os “Fatores Humanos” referem-se às pessoas em situação de vida e de trabalho, em interação com máquinas, procedimentos, pessoas e ambientes. “Com o objetivo de promover a motivação e o melhor relacionamento interpessoal no Sistema de Con-
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trole do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), a Subdivisão de Fatores Humanos do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, assume a responsabilidade de realizar ações capazes de atender a esse propósito, envidando esforços para que o DECEA possa atingir sua missão de prover a segurança do espaço aéreo brasileiro”, comenta o Major Marco. A conclusão a que chega o Chefe da SFTH é que esta Subdivisão, juntamente com as seções de fatores humanos das unidades subordinadas, “deve dar a devida importância aos homens e mulheres, membros do SISCEAB, pois esses são
Grupo participa de Treinamento de Combate a Incêndio nas dependências do COMAR III
as peças principais que fazem essa complexa engrenagem funcionar”. Ao longo do ano de 2011 não faltaram eventos ligados à segurança e à qualidade de trabalho do nosso efetivo. Prevenção de Acidentes do Trabalho, Combate e Prevenção Contraincêndio, cursos de primeiros-socorros e treinamentos são a força motriz do efetivo da SFTH. Basicamente, as atividades se dividem em três grandes áreas: Planejamento e Serviço Social (FTH-1) Programa de Planejamento do Orçamento Familiar; pesquisas de infraestrutura de apoio, Programa de Preparação para a Reserva e Aposentadoria; Programa de Qualidade de Vida no Trabalho; e revisão de ICA (Instrução do Comando da Aeronáutica). Medicina Aplicada e Segurança do Trabalho (FTH-2) Orientação aos médicos do COMAER sobre a profissão do Controlador de Tráfego Aéreo; Curso de Capacitação em Socorro Pré-Hospitalar Militar; Projeto DECEA Saudável; projetos de melhoria na rede de assistência médicohospitalar; apoio na confecção da ICA 63-15 (Inspeção de Saúde nos ATCO/OEA civis) e auxílio na reedição da ICA 160-6 (Instruções Técnicas das Inspeções de Saúde na Aeronáutica) assistindo a Diretoria de Saúde da Aeronáutica (DIRSA); Vistorias de Contraincêndio nas OM subordinadas do DECEA; auxílio na confecção do Plano de Ações Corretivas (PCA 63-X); Curso Básico de Prevenção de Acidentes do Trabalho; e realização da Semana Inter-
na de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT). Psicologia (FTH-3) Análise do perfil do Controlador de Tráfego Aéreo (considerando a implantação de novas tecnologias); participação nas Comissões de Investigação de Acidentes Aeronáuticos e Incidentes de Tráfego Aéreo; elaboração do Plano de Implantação do Programa de Suporte Psicológico no Pós-Acidente Aeronáutico (GEPT) no âmbito do DECEA e OM subordinadas, em parceria com a ASEGCEA; Coordenação dos cursos ASE001 e APH004 – TRM; Instrução de disciplinas afetas aos Fatores Humanos; elaboração do relatório referente ao diagnóstico organizacional realizado no salão operacional do CGNA; revisão da Legislação (ICA 164-1/ ICA 164-2/ ICA 164-3); Programa de Qualidade de Vida e Gerenciamento do Estresse no SISCEAB; e aplicação de questionário para avaliação e pesquisa de satisfação para os servidores da carreira DACTA, oriundos do concurso de 2009. Grande parte dos trabalhos desenvolvidos faz parte da rotina desta Subdivisão. São atividades contínuas que se aplicam a todas as organizações do SISCEAB, permitindo que seu órgão central – o DECEA – possa acompanhar de perto o dia-a-dia do seu efetivo, prestando ao mesmo todo o suporte necessário para o cumprimento de suas missões. Uma vez que o nosso Sistema é dinâmico e os desafios estão sempre surgindo, além dos projetos que a SFTH gerencia e executa há anos, sempre são estruturadas novas atividades. Como exemplo o Major Marco Aurélio cita a análise do AEROESPAÇO 21
Tenente-Médico Estevão Thiesen ministra treinamento de primeiros-socorros
Sob a coordenação da SFTH, o grupo de alunos visita a Usina Nuclear de Angra dos Reis (RJ) 22 AEROESPAÇO
perfil do Controlador, o gerenciamento do estresse pós-traumático e o diagnóstico do salão operacional do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA). O trabalho da SFTH se faz mesmo em campo. É colocando a mão na massa e fazendo acontecer. Grande parte das atividades se traduz em palestras, cursos e treinamentos que preparam o efetivo tanto para um ambiente seguro e de qualidade (ações preventivas; pró-ação), quanto para gerenciar situações de risco (primeiros-socorros, combate a incêndio etc.). E o mais interessante é ver que tal preparação é voltada para o indivíduo, não só para o profissional. Tudo que é transmitido, ensinado, é para ser aplicado dentro e fora do ambiente de trabalho.
Fala-se do planejamento do orçamento familiar, fala-se dos cuidados com o gás do botijão em casa, de como cuidar da parte elétrica, de como proceder em caso de acidentes e queimaduras... enfim, assuntos não faltam e orientação também não. A equipe multidisciplinar da Subdivisão de Fatores Humanos tem esse olhar holístico para seu público. E o retorno é positivo. São muitas as histórias de sucesso, de gente que pôde aproveitar o que foi ensinado. “Temos um retorno do público que assiste às palestras, relatando que as ferramentas apresentadas contribuíram para a melhoria da saúde financeira. Quanto às SIPAT, as avaliações dos participantes apontam para o grau de satisfação máxima”, exemplifica o Major Marco.
A importância do trabalho realizado pode ser mensurada, também, pelas parcerias estabelecidas. Ainda no segundo semestre deste ano os alunos do Curso APH001, sobre segurança do trabalho, realizaram uma visita à Usina Nuclear de Angra. “A visita propiciou aos alunos a verificação da aplicação prática dos conceitos de Gestão de Segurança do Trabalho em uma instituição pública considerada de Segurança Nacional”. Essa troca renova o olhar, aprofunda os conhecimentos e aprimora significativamente o aprendizado. Por esta razão a SFTH busca constantemente a parceria com profissionais de diversas áreas que complementam o trabalho uns dos outros. Como diz o Major Marco, “para atender plena e satisfatoriamente ao que se propõem os Fatores Humanos, as atuações devem ser, necessariamente, interdisciplinares e conjuntas. Sua construção deve utilizar conceitos e buscar as melhores práticas de diver-
sas disciplinas, dentre as quais se destacam a Psicologia, Medicina, Serviço Social, Fisiologia Humana, Biologia, Antropometria, Sociologia, Engenharia e Estatística”. “A multidisciplinaridade”, prossegue o Major, “é de total importância, pois o termo humano diz respeito ao homem em suas diversas interfaces, na sua interação com o meio, com a máquina, e com os membros de sua equipe. A interdisciplinaridade é, de fato, imprescindível”. 2012 já chegou. Ano novo, vida nova, projetos novos e energia renovada. Dentre as principais atividades programadas estão: a Customização do Treinamento em Gerenciamento de Equipe (TRM - da sigla em inglês “Team Resource Management”); o Programa do gerenciamento do estresse e qualidade de vida no trabalho; a avaliação quantitativa ambiental nos postos de trabalho do DECEA e
de suas Organizações subordinadas; a implantação das ações pertinentes aos fatores humanos contidas na nova Diretriz de Contraincêndio; e a atuação efetiva da Psicologia na área de Ergonomia. O desempenho de cada profissional é influenciado positiva ou negativamente pelo ambiente físico, pelo local de trabalho, pelo ambiente psicológico (clima organizacional), pelos recursos disponíveis para a execução das tarefas (máquinas, equipamentos, tecnologia), pela competência e motivação do fator humano e, pela atuação positiva das lideranças e chefias. Desta forma, como bem ressalta o Major Marco, “o sucesso do DECEA, passa pela competente arquitetura do sistema, pelo comprometimento da direção, chefias e colaboradores, pelas tecnologias e principalmente por cada indivíduo participante de todo esse processo”. A meta é uma só e a ação é de todos nós.
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O que é o fogo? “É uma reação química de combustão que se processa em alta velocidade, com desprendimento de energia sob a forma de luz, calor e fumaça” - Antoine Laurent de Lavoisier. Triângulo do Fogo Combustível (material inflamável) – Calor (fogo) Comburente (oxigênio). CALOR : forma de energia que inicia a combustão e mantém e incentiva a sua propagação. COMBUSTÍVEL: todo material encontrado na natureza, menos a água. Serve de campo de propagação do fogo e alimenta a combustão. No estado sólido: madeira, tecido, papel. No estado líquido: voláteis – éter, gasolina, álcool; e não-voláteis – óleo. No estado gasoso: bujão de gás. COMBURENTE : é o elemento que associado quimicamente ao combustível, em quantidade e proporções adequadas, possibilita a combustão. Classes de Incêndio A Compreende os materiais fibrosos Deixam como resíduos cinzas ou brasas Ex: madeira, papel, tecido, plástico, borracha Combate-se com: água (fazendo o resfriamento) B Ocorre nos combustíveis líquidos, graxosos ou nos gases inflamáveis Queima unicamente em superfície (não deixa resíduo) Ex: derivados do petróleo (álcool, gasolina, cera), querosene Combate-se com: espuma mecânica (fazendo abafamento) Obs.: no caso de gás inflamável, usa-se apenas o extintor de pó químico C Ocorre em equipamentos elétricos energizados (força viva) Ex: aparelhos eletrodomésticos em funcionamento Combate-se com: extintor de CO2 (pois não conduz eletricidade e não deixa resíduos) Neste caso, NUNCA USE ÁGUA, pois ela é condutora de eletricidade e pode colocar a sua vida em risco D Ocorre em metais combustíveis Ex: magnésio, zircônio, alumínio em pó, titânio (metais que não podem sofrer resfriamento) Combate-se com pó químico 24 AEROESPAÇO
Como usar o Exti
- Retire o extin tor do seu suporte; - Leve -o próxim o ao local do inc êndio, conduzindo-o alça, mantendo pela -o ao lado do corpo; - Com o extin to chão, retire a r no trave do gatilho pu xa uma argola ou bo ndo conforme o extin tão, remova a mang tor e ueira do seu suporte; - Segurando o ex tintor,
ntor
aproxime-se do fogo, ficando sempre a favor do vento; - Aponte a mang ue para a base do ira e acione o gatilh fogo o, fazendo um movim de varredura. ento Se a superfície for ve rti comece por baixo cal, - Avance vaga . ro mente, à medid saa as chamas se que forem extinguindo.
Reportagem
NEXO
A implantação do novo Sistema no SISCEAB Por: Denise Fontes Fotos: Luiz Eduardo Perez e Fábio Maciel
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), através de sua Assessoria de Planejamento, Orçamento e Gestão (APLOG), tem incorporado novas tecnologias na busca contínua da otimização de processos, economia de recursos e maior fluidez do trâmite de informações. Uma recente ação de grande destaque neste sentido foi a implantação do Sistema Nexo.
Desenvolvido pela Fundação de Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (COPPETEC) para apoiar a gestão física e financeira dos projetos a cargo da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), o Sistema Nexo tem sido usado com sucesso desde a sua implantação em serviço na Organização em 2008. Dividido em dois grandes módulos (Gestão Administrativa e Gestão de Projetos), voltados para o acompanhamento físico e financeiro da execução das ações planejadas, o Nexo teve grande aceitação e, em decorrência dos bons resultados alcançados, sua implantação foi autorizada no âmbito do DECEA. O software foi adotado pelo Departamento em outubro de 2010, para prover suporte à gestão física e financeira dos projetos e ativida-
des constantes do Plano Setorial (PLANSET). Segundo o Assessor da APLOG, Engenheiro Roberto Vitiello, o Nexo permite fazer o acompanhamento e o controle de todos os projetos a cargo da organização, o registro e a atualização de informações gerenciais, além de disponibilizar alertas automáticos para as tarefas que se encontram defasadas em relação à programação vigente, na forma de mensagens eletrônicas enviadas pela rede local aos usuários do sistema, desde os responsáveis diretos pela execução até os gerentes e os gestores das organizações envolvidas. Vale ressaltar que a interação entre o DECEA e as suas Organizações apoiadas e subordinadas se constitui no fator primordial para a consolidação de um planejamento integrado e eficiente. AEROESPAÇO 25
O cronograma De acordo com a APLOG, o cronograma de implantação do software nas demais Organizações subordinadas ao DECEA foi dividido em três fases: Fase 1 (curto prazo – outubro de 2010 até julho de 2011) - familiarização de usuários do DECEA e organizações apoiadas com os recursos de gerenciamento da execução física oferecida pelo sistema. Fase 2 (médio prazo – agosto de 2011 até março de 2012) - desenvolvimento da versão “multiorganizações” do sistema (versão que atenderá a utilização do programa através das Organizações apoiadas e subordinadas), modernização das interfaces de usuários, aquisição de servidores, implantação do sistema e treinamento. Fase 3 (longo prazo - abril de 2012 até dezembro de 2014) - integração das ferramentas de planejamento e controle usadas pela APLOG e aperfeiçoamento do sistema. Em dezembro de 2011, a Seção de Análise e Desenvolvimento da APLOG implantou o Sistema Nexo no DECEA e em suas Organizações subordinadas. Um trabalho realizado em conjunto com profissionais da CISCEA, da Divisão de Apoio da Seção de Rede Local (DAPO/SRL) e do Subdepartamento Técnico (SDTE). O sistema funcionará em rede, com um banco de dados central instalado na sala-cofre do DECEA e nove servidores de aplicativo distribuídos pela sede e outras Organizações selecionadas, possibilitando um grande trâmite de dados com mínima ocupação da rede. Atualmente, estão em desenvolvimento processos de aquisição dos servidores e de contratação da COPPETEC para prover a integração e melhoria do sistema Nexo, meta a ser cumprida pela terceira fase do projeto. Dentre os benefícios da implantação do programa destacam-se a otimização do fluxo e a qualidade das informações, a padronização de procedimentos de gestão, o acompanhamento do Plano Setorial e avaliação dos resultados obtidos na execução dos projetos e atividades priorizados, além da redução do tempo dos processos gerenciais. Outra vantagem é que o sistema permite realizar intervenções oportunas para a correção de possíveis desvios. O módulo de Gestão de Projetos já foi implantado em todos os Subdepartamentos do DECEA, no Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), no Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) e na Comissão de Estudos Relativos à Navegação Aérea (CERNAI). Até 2012 está pre26 AEROESPAÇO
vista a instalação do módulo de Gestão AdministrativoFinanceira nestas Unidades. De acordo com Vitiello, a partir de 2012 será utilizada uma versão melhorada do Sistema Nexo, composta de novas funcionalidades, trazendo mais visibilidade. “A grande vantagem é que teremos um nivelamento de conhecimento em termo de ferramenta para gestão física dos programas. Com isso, as atualizações de todos os projetos serão padronizadas através de um único sistema”, justificou. Como se vê, as mudanças são sempre necessárias e constantes. Com o Nexo não é diferente. O sistema vem sendo progressivamente aperfeiçoado, incorporando sugestões e atendendo solicitações dos usuários. Os treinamentos A APLOG promoveu, nos dias 25 e 27 de outubro, o treinamento inicial do Sistema Nexo, para profissionais dos setores de planejamento e controle do DECEA e de suas Organizações subordinadas. No encontro, que buscou padronizar conhecimentos relativos à gerência de projetos, a meta foi familiarizar a audiência com o histórico e a estrutura do programa, o plano de implantação, além do funcionamento do sistema. A evolução do Sistema Nexo de Gestão foi apresentada pelo Chefe da Seção de Análise e Desenvolvimento da APLOG, Coronel-Aviador da Reserva Remunerada Jurandyr de Souza Fonseca. Dentre as principais mudanças dessa nova versão, destaca-se a evolução do software e demais ferramentas de planejamento e controle atuais para o Sistema Integrado de Planejamento, Orçamento e Gestão (SISPLOG). Segundo o Coronel Jurandyr, o sistema disponibiliza informações atuais, abrangentes e detalhadas que permitem identificar, em prazo hábil, problemas atuais ou potenciais na execução do Plano Setorial do DECEA, além de orientar medidas corretivas e preventivas para os mesmos.
Engenheiro Vitiello ministra treinamento sobre o Sistema NEXO
Diagrama da arquitetura física do NEXO
A estrutura da implantação do Sistema Nexo nos Regionais foi um dos assuntos abordados durante a apresentação do Analista da CISCEA, Marco Aurélio de Souza Cabral. Com o objetivo de capacitar os profissionais que trabalham na área de planejamento e controle, o treinamento buscou dotá-los com informações específicas sobre as principais funcionalidades do módulo de gestão física do sistema, visando o acompanhamento e o controle das atividades do PLANSET. O Suboficial Especialista em Serviço de Informação Aeronáutica Claudio Sany Soares Cardoso ratificou a importância do software como uma ferramenta de referência para os profissionais de informações aeronáuticas (AIS): “O sistema poderá ser utilizado pelo projeto de Gerenciamento de Informação Aeronáutica no Brasil (AIM-BR). As autoridades poderão acompanhar com a antecedência devida todo o andamento do projeto AIM-BR”. O próximo treinamento tem data prevista para o primeiro semestre de 2012 e deverá ser efetuado nas localidades onde o programa está sendo implantado, visando apoiar a OM durante a operação do programa. Através de palestras e treinamentos, a APLOG está levando adiante todos os preceitos que nortearão a implantação do Sistema Nexo no SISCEAB.
Os próximos passos Futuramente, o Nexo e as demais ferramentas informatizadas da APLOG serão reunidas no SISPLOG, que apoiará os processos de planejamento e controle do DECEA e de suas Organizações subordinadas, assim como coletando e registrando as necessidades das OM. O software deverá ser implantado progressivamente ao longo dos próximos três anos, substituindo o Nexo. O programa está baseado em quatro pilares: confiabilidade, visibilidade, acessibilidade e velocidade de atualização de dados de planejamento e controle. O sistema possui dados adequados para apoiar a adoção de medidas para prevenir a ocorrência de problemas ou limitar seus efeitos. Como se vê, a APLOG desenvolve um trabalho pautado na busca da qualidade e da eficiência dos serviços prestados, que vai desde a elaboração do PLANSET até a produção de relatórios diários. Cada seção, fazendo a sua parte, contribui para a excelência dos resultados. AEROESPAÇO 27
Artigo
Doutrina para as
Telecomunicações
Militares
Por Tenente-Coronel Especialista em Comunicações da Reserva Remunerada José Francisco de CAMPOS Filho campos@icea.gov.br
A recente decisão sobre a desativação das Estações de Telecomunicações merece uma reflexão. Afinal, quais serviços estão sendo afetados? A desativação das ETM A Estação de Telecomunicações Militares (ETM) é o local provido de meios destinado a executar atividades de apoio às operações militares e administrativas de uma Base Aérea e que também atua como Estação Tática das Unidades Aéreas sediadas naquela Base Aérea. Afinal, quais são os meios que devem prover uma Estação de Telecomunicações Militares? Na Circular de Telecomunicações (CIRTEL) 102-7, aprovada pela Portaria 28/SDOP, de 28 de julho de 2008, ficou estabelecido que as ETM possuíssem, 28 AEROESPAÇO
dentro das possibilidades e de acordo com normas em vigor, os seguintes equipamentos: • ramal TF-2; • ramal TF-3; • telefone da rede pública com acesso a DDD; • telefone interno; • terminal da Racam; • terminal da Rede AFTN (CCAM ou AMHS); • radiotelefonia do serviço móvel em VHF, UHF e HF; • radiotelefonia do serviço fixo em VHF, UHF e HF; • computador conectado com a Intraer.
[ [ O que não pode se perder é a doutrina direcionada para as telecomunicações, sempre ativa na mente dos profissionais responsáveis pelo seu processamento
Reflexões necessárias A recente decisão sobre a desativação das Estações de Telecomunicações - estabelecida no Plano do Comando da Aeronáutica - PCA 102-1 e aprovada pela Portaria 250/DGCEA, de 19 de novembro de 2009 - merece algumas reflexões. Que tipo de Estação está sendo desativada (administrativa ou militar)? Quais serviços estão sendo afetados? A finalidade deste PCA visa desativar as Estações de Telecomunicações, as quais operam Terminais, ligados à Rede Administrativa de Comutação Automática de Mensagens (Racam) e, em sendo assim,
acredita-se que a implantação da nova Racam, citada no prefácio do PCA 102-1, não mais necessite dos profissionais formados na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) na especialidade de Comunicações (BCO). No entanto, as atividades de transmissão, recepção, encaminhamento e arquivamento de mensagens, inerentes ao processo de comunicação entre os diversos Órgãos do Comando da Aeronáutica, estabelecendo uma Doutrina de Telecomunicações, permanecerão ativas e necessárias. Assim, a nova Racam, que já se encontra em atividade no Sistema, diminui a necessidade de uma grande quantidade de profissionais trabalhando, como outrora. A realocação do Terminal Racam em outro setor que não a Estação de Telecomunicações (administrativa, militar ou aeronáutica) redundará na possibilidade de sua operação ser executada por profissionais que não sejam da especialidade de Comunicações, como, por exemplo, uma secretária ou algum integrante do setor de Protocolo de uma Organização. Considerando-se a evolução tecnológica, a nova Racam poderá se tornar ultrapassada e substituída por outro Sistema, como por exemplo, o SIGADAER (Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos da Aeronáutica) ou qualquer outro que seja adotado. O que não pode se perder é a doutrina direcionada para as telecomunicações, sempre ativa na mente dos profissionais responsáveis pelo seu processamento. A desativação das Estações de Telecomunicações, na minha visão, não objetiva apenas disponibilizar profissionais para outras atividades, uma vez que as atividades de Telecomunicações estão quase que automatizadas. Como dito, há que se ter Doutrina e, no âmbito do Comando da Aeronáutica (COMAER), o profissional com formação adequada para manter essa Doutrina presente nas diversas atividades de TelecomunicaAEROESPAÇO 29
ções é o Graduado BCO formado na EEAR, dentre os vários profissionais que, anualmente, aquela Escola entrega às diversas Organizações do COMAER. O perfil do profissional BCO Sempre atento pelo entrosamento entre as inúmeras ações necessárias ao trâmite das mensagens e dos documentos dentro e fora de uma organização militar (OM), o profissional BCO prima para que as mensagens sejam direcionadas corretamente. Com certeza, a automatização facilita o trâmite de tais mensagens, sem dúvida. Mas não se pode esquecer que limitar a um simples apertar de teclas, acreditando que todo o processo será plenamente realizado, pode ser um equívoco, pois aquela máquina não pensa e, portanto, não sabe a Doutrina de Comunicações dentro de uma OM ainda, na minha opinião, é claro. As Estações de Telecomunicações, antigas ZW, deixam de existir, mudam-se seus terminais Racam para outros locais que, pretensamente, serão operadas por profissionais que não conheceram a Doutrina de Telecomunicações. Vai levar tempo, mas todos os profissionais que atuarão nesta atividade deverão se conscientizar e se preparar para a correta operação, baseada na Doutrina de Telecomunicações. Afinal, seja uma mensagem telegráfica, um fax, ou outro tipo de documento que por eles passarem, terão que sofrer uma ação completa de trâmite, caso contrário, o administrador - ao pesquisar no arquivo uma mensagem que foi expedida - correrá o risco de ter muita dificuldade para encontrá-la. Estações de Telecomunicações Militares Discorri, até o momento, sobre a Doutrina afeta ao trâmite de men30 AEROESPAÇO
sagens administrativas. Não é objetivo deste artigo, entrar no mérito das Estações Aeronáuticas, o que está sendo perfeitamente resolvida com profissionais de Informações Aeronáuticas e de Meteorologia. Até agora, os comentários anteriores se referiram às Estações de Telecomunicações, Administrativas ou Militares. No entanto, não devemos esquecer das Estações de Telecomunicações Militares (ETM), as quais são responsáveis pelas comunicações referentes às operações militares de nossas Bases Aéreas. Reportando-se à CIRTEL 102-7, onde apresentam os equipamentos de uma ETM, o único que é redundante com uma Estação de Telecomunicações Administrativas é o Terminal da Racam. Na mesma CIRTEL, encontra-se estabelecido que as ETM sejam responsáveis pelas duas funções: telecomunicações administrativas e telecomunicações militares. Estejamos conscientes de que as atividades nesta área requerem um profissional com vasto conhecimento, ou seja, não somente o de apertar uma tecla de um computador para considerar que uma mensagem, no seu verdadeiro significado, cumpra o seu papel completamente. Devemos, também, entender que as atividades inerentes a uma ETM não se limitam somente a processar mensagens administrativas, conforme verificamos na variedade de equipamentos, citados no início deste artigo e, por conseguinte, das responsabilidades inerentes a cada um deles. Este artigo apresenta uma variedade de atividades na área de Telecomunicações, que somente o especialista em Comunicações (BCO) poderá operar uma Estação de Telecomunicações Militares. Assim, mesmo que somente o
[ [ As atividades de telecomunicações necessitam de profissionais com vasto conhecimento, para que a mensagem cumpra o seu papel completamente
terminal Racam seja deslocado das Estações de Telecomunicações Militares, as quais estão situadas, ainda conforme a CIRTEL 102-7, nas Seções de Controle de Operações Aéreas (SCOAM) e – lembrando - segundo o PCA 102-1, as Estações de Telecomunicações Administrativas serão desativadas, haverá, ainda assim, a necessidade de novos profissionais capacitados conscientizados e doutrinados para operar o Terminal Racam. Essa é a nobre missão de fazer com que os administradores de uma OM do COMAER possam ter certeza de que a mensagem foi enviada, recebida e se está arquivada adequadamente para, quando necessário, serem realizadas as consultas, sem atropelos nem preocupações. A contribuição do BCO Observando a previsão de desativação de Estações de Telecomunicações prevista no PCA 102-1, alerto aos que trabalham na área de Telecomunicações Militares a importância de se mantê-las com profissionais adequados e treinados, quais sejam, os graduados especialistas em Comunicações (BCO), contribuindo sobremaneira para a manutenção da Doutrina de Telecomunicações no âmbito do COMAER.
Seção
Terceiro Sargento BET Maurício dos Santos PEDROSA Divisão Técnica do CINDACTA III
Poesia do CINDACTA III Cidade brejeira, da zona costeira Isso me faz pensar, refletir Nordeste de encantos, beleza inteira De praias, lagoas, sertão Alcançam, então, o horizonte sem fim Controle aéreo do imenso oceano Terras, também, e tudo que vai e vem Ar, tu és passarela de toda passarola Ignição, propulsão, decolar o avião Ir até o destino para ver a aurora Inesquecível visão!
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