SINTONIZE Julho/Setembro 2016 | #16
“O RÁDIO FOI O NOSSO GRANDE VETOR PARA A EXPANSÃO NACIONAL” SERP | SERT-PR
+ ENTREVISTA
MERCADO
TENDÊNCIA
# 16
Gigante mundial de mídia aposta alto no rádio criativo
JUL | AGO | SET | 2016
A segmentação do Rádio garante resultados positivos?
SINTONIZE
Carlos Alberto Sardenberg fala sobre o jornalismo e a convergência de mídias
E D I T O R I A L carta ao l e i to r
carta ao
leitor A Revista Sintonize! que você conhece está completando 20 anos em 2016. E com a mesma maturidade pela qual a radiodifusão brasileira se transforma, a publicação se reinventa e mostra a seus leitores o NOVO RÁDIO: um meio em permanente atualização e que assim consegue acompanhar as mudanças de comportamentos, os desafios impostos pelos meios digitais e a evolução da sociedade brasileira. A partir de uma nova linha editorial, os conteúdos passam a ser trabalhados de forma mais aprofundada e analítica, com reforço de reportagens exclusivas e interpretativas. O objetivo é direcionar a radiodifusão para o futuro e para a construção e disseminação de conceitos mais adequados aos novos rumos da comunicação. Vamos dar vez a olhares sobre as tendências, ângulos diferenciados em assuntos que interferem no dia a dia do meio, vivências e personagens inspiradores, mercado publicitário e o mundo do marketing. Por meio de um novo projeto gráfico com influências de importantes publicações nacionais, a revista apresenta um layout arejado, com mais elementos visuais e maior impacto pela utilização das cores. As mudanças estabelecem o enriquecimento do conteúdo e a oferta de diversos níveis de leitura e compreensão dos textos. Sabemos que, em tempos de convergência das mídias, sobrevive quem consegue redescobrir sua originalidade e fazer com que seus conteúdos impactem e ofereçam boas contribuições para a vida das pessoas – seja onde e como for. É hora de ESCUTAR o que o rádio tem a oferecer. E também LER. E ASSISTIR. E ACESSAR. E SENTIR de todas as maneiras as diferentes oportunidades que só o som pode trazer para você. Reinvente-se! Núcleo Editorial SINTONIZE!
Revista da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná e do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado do Paraná. Rua Marechal Hermes, 1440 | Ahú | Curitiba-PR | 80540-290 | F: (41) 3250-1700 www.aerp.org.br | www.sertpr.org.br Conselho Editorial: Márcio Villela e Carlos Henrique Agustini Redação: Jaqueline Carrara, Karina Magolbo e Carla Gaspar. Edição: Jaqueline Carrara e Karina Magolbo. Edição de Imagem: Ana Carla Jablonski. Jornalistas Responsáveis: Jaqueline Carrara (MTB 6089/PR) e Karina Magolbo (MTB 4207/PR)
DIRETORIA AERP Presidente: CARLOS ALEXANDRE ROCHA BARROS Rádio Jornal FM Ltda Cidade: Maringá
Suplente: NELSO RODRIGUES Rádio Cultura de Foz do Iguaçu Ltda Cidade: Foz do Iguaçu
Vice-Presidente: CEZAR TELLES Rádio Stereo FM Telles Ltda Cidade: Castro
Diretor Regional Centro-Sul: IVALDIR PERACCHI Rádio Santiago FM Ltda Cidade: Laranjeiras do Sul
Diretor Administrativo: MARCIO MARTINS Rádio Lagoa Dourada Cidade: Ponta Grossa
Suplente: MELANIE LISBOA TRICHES Sociedade Emissora Vale do Mel Ltda Cidade: Irati
Diretor Financeiro: ROGÉRIO AFONSO Rádio Transamérica de Curitiba Ltda Cidade: Curitiba
Diretor Regional Norte: JOÃO MIGUEL IGNÁCIO Rádio Cultura de Apucarana Ltda Cidade: Apucarana
Diretor Comercial: CARLOS HENRIQUE AGUSTINI FM Verde Vale Ltda Cidade: União da Vitória
Suplente: ANDRÉ GUSTAVO DE SOUZA FARIA Rádio Paiquerê Ltda – EPP Cidade: Londrina
Diretor Jurídico: JOSÉ HERIBERTO MICHELETO Rádio Banda B Cidade: Curitiba
Diretor Regional Noroeste: ILÍDIO COELHO SOBRINHO Rádio FM Ilustrada Ltda Cidade: Umuarama
Diretor Técnico: ROBERTO LANG Rádio Voz do Sudoeste Ltda Cidade: Coronel Vivida
Suplente: WALBER SOUZA GUIMARÃES JUNIOR Cianorte FM Sistema de Comunicação Ltda Cidade: Cianorte
Diretor de Comunicação: LUIZ BENITE Rádio Menina do Paraná Ltda Cidade: Curitiba
Conselho Fiscal: FLÁVIO GHELLERE JUNIOR Rádio Itaipu Ltda Cidade: Foz do Iguaçu
Diretor de Televisão: MARIANO LEMANSKI Televisão: Sociedade Rádio Emissora Paranaense - GRPCOM Cidade: Curitiba
Conselho Fiscal: RENATO SILVA Rádio Colméia Ltda Cidade: Cascavel
Diretor Regional Capital-Litoral: LEONARDO PETRELLI TV Independência Ltda Cidade: Curitiba
Conselho Fiscal: JOSÉ F. SOARES LINHARES Rádio FM Ilha do Mel Ltda Cidade: Paranaguá
Suplente: AUGUSTO S GONÇALVES OLIVEIRA Rádio Caiobá FM Ltda Cidade: Curitiba
Conselho Fiscal: ALEXANDRE MARQUES GUIMARÃES Rádio FM Vale do Sol Ltda Cidade: Santo Antônio da Platina
Diretor Regional Sudoeste: ADIR SELESKI Sociedade Rádio Princesa Ltda Cidade: Francisco Beltrão
Conselho Fiscal: ROBERTO MONGRUEL Rádio Sociedade Monte Alegre Ltda Cidade: Telêmaco Borba
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Diretor Técnico: MÁRCIO LUIZ MARTINS Tropical Radiodifusão SS Ltda Cidade: Palmeiras
Vice Presidente de Radio: ILIDIO COELHO SOBRINHO Rádio FM Ilustrada Ltda Cidade: Umuarama
Conselho Fiscal: ROGÉRIO AFONSO Rádio Transamérica de Curitiba Ltda Cidade: Curitiba
Vice Presidente de Televisão: MARIANO LEMANSKI Televisão: Sociedade Rádio Emissora Paranaense - GRPCOM Cidade: Curitiba
Conselho Fiscal: IVALDIR PERACCHI Rádio Santiago FM Ltda Cidade: Laranjeiras do Sul
Diretor Administrativo: ADIR JOEL SELESKI Sociedade Rádio Princesa Ltda Cidade: Francisco Beltrão
Conselho Fiscal: JOSÉ HERIBERTO MICHELETO Rádio Banda B Cidade: Curitiba
Diretor Secretário: CÉZAR TELLES Rádio Stereo FM Telles Ltda Cidade: Castro
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Primeira Tesoureira: MARIA LÚCIA C. MAIA KOTSIFAS Rádio Maia FM SS Ltda Cidade: Maringá
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Suplente Conselho Fiscal: HELENA MIYOKO DA COSTA Rádio Vale Verde Ltda Cidade: Jesuítas
Diretor Jurídico: JOÃO MIGUEL IGNÁCIO Rádio Cultura de Apucarana Ltda Cidade: Apucarana
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SINTONIZE EXPEDIENTE | INSTITUCIONAL
Carta ao leitor Diretorias
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gente
OPINIÃO | PERFIL
Carlos Alberto Sardenberg fala sobre TV, rádio e convergência de mídias
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SINTONIZE
mercado
PESQUISAS | TENDÊNCIAS | COMPORTAMENTO
Período Eleitoral está com novidades importantes - Dr. Rodolfo Machado Moura 16 Como formular preço e se manter competitivo 22 A segmentação do Rádio garante resultados positivos? 28 A agropecuária foi a salvação da lavoura - Darci Piana 12
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especial
Victor & Leo e a grande parceria com o Rádio
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SINTONIZE
ARTISTAS | FAMOSOS | PERSONALIDADES
SINTONIZE
ideias
NOVIDADES | EM ALTA | BUZZ
Quer se tornar um profissional diferenciado no mercado? Você perdeu o dom de escutar? - Eloi Zanetti O rádio tem visto nos podcasts a oportunidade para chegar junto a novos ouvintes Gigante mundial de mídia aposta alto no rádio criativo A lua de mel do rádio, da TV e da internet A revolução da realidade virtual - Elias Augustinho
Sardenberg
Carlos Alberto
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NATHÁLIA LEINIG
O jornalista CARLOS ALBERTO SARDENBERG está na profissão há 44 anos; a maior parte deles voltados à análise da economia. Já trabalhou como repórter, redator e editor em veículos como O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Veja e IstoÉ. Na TV, foi apresentador do Jornal das Dez da Globo News, do telejornal da Gazeta Mercantil e do Roda Viva, programa de entrevistas da TV Cultura.
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JORNALISMO DE QUALIDADE É UM PRODUTO ESSENCIAL, NÃO IMPORTA POR QUAL MEIO SEJA SERVIDO
Passou a maior parte de sua carreira em São Paulo, mas trabalhou durante seis anos em Brasília. Fez inúmeras coberturas no exterior. De 1985 a 1987, foi Coordenador de Comunicação Social do Ministério do Planejamento (gestão João Sayad), ocasião em que participou do lançamento e divulgação do Plano Cruzado. De 1987 a 1988, foi assessor da Reitoria da Universidade Estadual de Campinas, quando trabalhou na definição de cursos de pós-graduação em jornalismo.
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Hoje é âncora do programa CBN Brasil e comentarista econômico no Jornal das Dez (Globo News) e no Jornal da Globo (TV Globo). Também mantém o site www.sardenberg.com.br, com informações e comentários econômicos, além de escrever coluna semanal no jornal O Globo.
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# A BASE DE SUA FORMAÇÃO PROFISSIONAL VEIO A PARTIR DO IMPRESSO; MAS HOJE TRANSITA POR TODOS OS OUTROS MEIOS. QUAIS AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS DA PRODUÇÃO JORNALÍSTICA ENTRE ELES E COMO AVALIA A CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS? Sardenberg: A apuração é a mesma. Deve ser a mesma. Muita gente acha que para a tevê e rádio a apuração pode ser mais ligeira, já que se tem menos tempo de exposição. É errado, justamente por ter pouco tempo é que se precisa apurar mais. Só assim, se pode descobrir a informação mais importante e mais relevante. Por outro lado, há uma diferença notável: na tevê e, sobretudo, no rádio e na internet, podese veicular uma notícia parcial, algo que está começando a acontecer. Por exemplo: o voo tal desapareceu dos radares; caiu um avião de pequeno porte... O jornalista constroi a notícia no momento em que os fatos se dão. Aliás, é o grande momento da mídia eletrônica. A convergência das mídias é fato, mas o modo de contar a história continua sendo diferente de uma para outra.
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conhecer o assunto. Não vale só para o jornalismo econômico. Para falar de esporte, por exemplo, também precisa ter informação e conhecimento. Se não, fica aquele jornalismo na base do “eu acho” - que é condenável. De resto, todo jornalista sabe que é mais difícil escrever curto do que longo, dar a notícia e o comentário em três minutos em vez de dez. # QUAL O MAIOR DESAFIO EM MANTER A AUDIÊNCIA NO RÁDIO? Sardenberg: Acho que o mesmo desafio das demais mídias: estamos sempre lidando com o interessante e o importante. O problema é que nem sempre o interessante é importante. E inversamente. O céu é conseguir fazer o importante, interessante. Se não der, paciência, continuamos tentando informar e explicar. Quanto à audiência do rádio - seja pelo “rádio mesmo”, seja pela internet, notamos que a audiência da CBN cresce nos momentos quentes - ou seja, nesses momentos, o público vai atrás da informação que considera mais séria e confiável. E isso se constroi não no momento quente, mas no dia a dia, paciente e cuidadosamente.
# COMO FALAR SOBRE ASSUNTOS TÃO COMPLEXOS - QUANTO A ECONOMIA - EM MÍDIAS EM QUE O TEMPO É TÃO CONTROLADO, COMO A TV E O RÁDIO? COMO NÃO CAIR NA SUPERFICIALIDADE? Sardenberg: De fato, esse é o grande risco: cair na superficialidade. A solução é apurar com todo o cuidado. E
# COMO VOCÊ CARACTERIZARIA O PERFIL ATUAL DO CONSUMIDOR BRASILEIRO? Sardenberg: Sem dúvida, mais bem informado, muito mais. Logicamente, isso exige mais dos jornalistas. Por ou10
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tro lado, esse consumidor mais informado torna-se fonte - uma fonte secundária, que pode levantar informações a serem apuradas. # QUE MUDANÇAS NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO DO BRASILEIRO ACHA POSSÍVEL OCORRER NOS PRÓXIMOS ANOS? POR QUÊ? Sardenberg: Sendo mais informado, deve ser mais seletivo, imagino. # ACREDITA QUE A CRISE ECONÔMICA TENHA AFETADO TAMBÉM OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO BRASIL? COMO? Sardenberg: Sim, afetou muito, de diversas maneiras. A receita de publicidade caiu para todos. Também caiu a receita de vendas com assinaturas de jornais, canais de tevê, sites, etc. Para alguns meios, como o jornal impresso, a crise apanhou já numa tendência histórica de queda. Mas insisto neste ponto: jornalismo de qualidade é um produto essencial, não importa por qual meio seja servido. : :
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Agradecemos à CBN Maringá, que abriu a oportunidade para a entrevista em Maringá, onde o jornalista ministrou palestra a convite da emissora. 11
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direito PERÍODO ELEITORAL ESTÁ CHEGANDO COM NOVIDADES IMPORTANTES Com o Brasil atravessando período de grandes turbulências econômicas e políticas, o fato de ocorrerem eleições municipais em outubro próximo ainda não vem recebendo as atenções necessárias.
Entretanto, é importante que as emissoras de radiodifusão comecem a se preparar, especialmente porque o período eleitoral de 2016 traz algumas importantes ino-
RODOLFO MACHADO MOURA Advogado. Assessor Jurídico da AERP e do SERT/PR. Sócio de Moura&Ribeiro Advogados Associados. Foi Assessor Jurídico e Diretor de Assuntos Legais da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão - ABERT de janeiro/2001 a outubro/2013
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vações, especialmente em decorrência da promulgação de uma série de leis recentes, incluindo a de nº 13.165, chamada de minirreforma eleitoral e promulgada em setembro último.
as 5 e as 24 horas - anteriormente a veiculação só podia começar às 8 horas. Outras novidades relevantes são referentes à entrega e à transmissão do material de propaganda eleitoral, permitindo maior segurança aos atores envolvidos, em especial as emissoras de rádio e RECENTES de televisão.
É verdade que a propaganda eleitoral paga continua proibida no rádio e na televisão, mas uma boa notícia é que o período de transmissão da propaganda AS gratuita foi reduzido dos anteriores 45 para 35 dias, ALTERAÇÕES o que certamente acarretará menores transtornos às LEGISLATIVAS emissoras nos necessários TERMINAM COM ajustes da programação. E, como neste ano ocorrerão CELEUMAS apenas eleições para os cargos de prefeito e vereaVERIFICADAS EM dor, os blocos serão de apenas 10 (dez minutos) cada. PLEITOS
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Da mesma forma, as recentes alterações legislativas terminam com celeumas verificadas em pleitos antecedentes e elucidam que é sim ANTECEDENTES De outro lado, o possível a partempo que deverá ser ticipação de destinado à veiculação de filiados a parpropaganda eleitoral no tidos políticos formato de inserções auou mesmo prémentou - passando de 30 candidatos em (trinta minutos) para 70 (setenta minuentrevistas, programas, encontros ou tos) diários! Menos grave que, agora, as debates na mídia eletrônica, inclusive inserções poderão ser veiculadas entre com a exposição de plataformas e
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pretensa candidatura ou exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos.
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sob pena da aplicação de pesadas multas, cujos valores podem alcançar a cifra de R$ 212.820,00 (duzentos e doze mil, oitocentos e vinte reais)!
Porém, uma alteração que deve preocupar os responsáveis pelas emissoras, é que, até 2014, os comunicadores com pretensões políticas só precisavam ser afastados de suas atividades após as convenções partidárias – agora, como a escolha dos candidatos foi postergada – anteriormente era de 10 a 30 de junho e passou para de 20 de julho a 5 de agosto – as emissoras deverão afastar de suas funções os comunicadores que pretendam se lançar candidatos desde 30 de junho, ou seja, antes mesmo das convenções partidárias. E eventual descumprimento pode implicar em pena de multa à emissora no valor de R$ 21.282,00 (vinte e um mil duzentos e oitenta e dois reais) a R$ 106.410,00 (cento e seis mil, quatrocentos e dez reais), duplicada em caso de reincidência, além do cancelamento do registro da candidatura do beneficiário.
E o prejuízo não cessa por aí! A Justiça Eleitoral ainda pode determinar a suspensão, por até 48 (quarenta e oito) horas, da programação normal da emissora, que terá que transmitir, a cada 15 (quinze) minutos, a informação de que se encontra fora do ar por ter desobedecido à lei eleitoral. Portanto, todo cuidado é pouco, pois a Lei nº 9.504 (que rege as eleições) veda, durante a programação normal e noticiário das emissoras, a veiculação de propaganda política e o controverso “dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação”. Como essas disposições envolvem sempre uma grande subjetividade do julgador, os responsáveis pelas emissoras devem ser muito precavidos ao tratar das eleições e de seus partícipes, até porque os interessados costumam estar sempre atentos, principalmente quando a notícia não os agrada.
Aliás, a atenção dos radiodifusores deve continuar voltada, principalmente, para a programação normal das emissoras, vez que o período eleitoral traz consigo uma série de restrições que devem ser observadas,
Assim, os fatos devem receber 14
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tratamento estritamente jornalístico. Portanto, para que as finanças Debates também podem fazer parte da emissora não sofram desfalque da programação das durante o período emissoras de rádio eleitoral, é necessário e de televisão, desque o radiodifusor de que previamente conheça e obedeça a estabelecidos, divullegislação eleitoral, gados e observadas uma vez que o TSE PARA QUE AS algumas regras, estajá calcou que “as FINANÇAS DA belecidas na normatirestrições que a liva da Justiça Eleitoral. berdade de imprenEMISSORA NÃO sa tem no período A divulgação eleitoral assentamSOFRAM DESFALde pesquisas tamse em princípios QUE DURANTE bém não pode passar outros, que busdespercebida pelas cam bem asseguO PERÍODO emissoras, pois, caso rar o processo, com não atendidas as exisuporte também na ELEITORAL, É gências legais, impliConstituição”. cam em multas que NECESSÁRIO QUE vão de R$ 53.205,00 Tudo isso sem esO RADIODIFUSOR (cinquenta e três mil quecer que as emisduzentos e cinco resoras têm um papel CONHEÇA E ais) a R$ 106.410,00 fundamental a de(cento e seis mil quasempenhar nesse OBEDEÇA A trocentos e dez reais). período, afinal são LEGISLAÇÃO Aliás, segue proibida a principal – quana realização de qualdo não única – fonte ELEITORAL quer enquete com de informação para o conteúdo eleitoral. eleitor! : :
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precificação
Ah, a questão do preço… Nunca é fácil. Você sabe que seu espaço vale cada centavo, mas nem sempre é simples acompanhar os valores cobrados e se manter competitivo. 16
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Pelo outro lado da moeda, nem sempre é possível lucrar o esperado, porque o mercado é difícil. E a dificuldade não diminui quando o seu negócio cresce. Ao contrário, quanto mais você cresce, mais complicado fica equalizar tudo.
Mesmo com tal importância, muitas empresas não lidam bem com a determinação de preços. Uma prática comum no mercado são os descontos. Algumas empresas elevam o valor do preço para trabalhar com altas porcentagens de desconto. Para Rossi Junior, o maior risco de formular preços dessa forma é perder o cliente. “O cliente pode não estar disposto a negociar descontos e recusar o serviço por achar que os valores estão fora dos praticados pelo mercado. Outro risco inerente desse tipo de raciocínio é o cliente que é melhor negociador conseguir margens de desconto maiores; e a empresa ficar com valores diferentes para um mesmo tipo de serviço prestado. Isto pode gerar problemas se um cliente souber que recebe um mesmo serviço com valor diferente do pago por outro cliente”, orienta.
As decisões de preços são importantes, pois afetam o volume de vendas de uma empresa, o quanto de recursos ela recebe. Vários fatores são importantes na hora de estabelecer o preço dos serviços, explica o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Paulo Rossi Junior. “É importante levar em conta o tempo a ser gasto na execução dos serviços (horas de trabalho), fator de dificuldade que determinado serviço pode oferecer, quantidade de profissionais envolvidos na execução do serviço e retorno para o cliente com o serviço prestado”.
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Estabelecer preços em meio a tamanha concorrência torna a missão ainda mais desafiadora.
“O cínico sabe o preço de tudo, mas não conhece o valor de nada.” A frase do escritor inglês Oscar Wilde define com precisão a diferença entre preço e valor – conceitos que, por sinal, raramente se associam nas estratégias de precificação atual.
Fazer o preço com base na concorrência traz vantagens e desvantagens, segundo o professor Rossi Junior. Para ele, a desvantagem é não cobrir as despesas envolvidas com o serviço prestado e a empresa formar preço para atender o cliente sem uma margem de lucro satisfatória para manutenção do seu negócio. “A vantagem é aumentar a sua chance de ter valores competitivos para o serviço prestado”, avalia.
“Valor” é um conceito subjetivo e determiná-lo constitui o maior obstáculo durante o desenvolvimento de uma estratégia de precificação. Se quem vende não consegue identificar o valor que o produto ou serviço proporciona ao comprador, o preço cobrado tende a ser irreal.
Segundo o palestrante de precificação, contador, empresário e consultor, Gilmar Duarte, a precificação possui três formas. É possível precificar com base nos custos, ou seja, somam-se todos os custos, aumenta-se uma margem de lucro e chega-se ao preço de venda. A segunda maneira é com base na concorrência, onde se pesquisa o que o mercado está praticando. A concorrência é preponderante neste processo, pois ela acaba ditando o quanto o mercado está disposto a pagar. E, por último, com base no valor percebido pelo cliente. “Esse não é o valor preço, mas são outros tipos de valores, como a qualidade do serviço oferecido”.
Para o professor Paulo Rossi, uma estratégia de precificação deve levar em conta os valores que a empresa possui quanto ao seu serviço prestado. “Uma estratégia de precificação baseada somente em margens de lucro e preços praticados pela concorrência, que não tenha os valores da empresa como base, não atingirá seu objetivo”. O professor reforça que a melhor estrutura de precificação para um serviço prestado como o rádio é o foco no alcance, abrangência e perfil do ouvinte. “Acredito que mídias como rádio e televisão devem se basear no público que elas
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“ESSE (VALOR PER-
conseguem alcançar para tentar vender o seu serviço. Uma boa campanha de rádio que não atinja o público alvo do cliente não atende o que a maioria das empresas necessita para divulgação de seus produtos e serviços”.
CEBIDO PELO CLIENTE) NÃO É O VALOR PREÇO, MAS SÃO OUTROS TIPOS DE VALORES, COMO A QUALIDADE DO SERVIÇO OFERECIDO ” [Gilmar Duarte]
CUSTO: energia elétrica, internet, custos trabalhistas, Ecad, Anatel, equipamentos e o valor da outorga. CONCORRÊNCIA: é necessário contrapor os preços aos da concorrência, sobretudo porque os concorrentes podem forçar a seguir o seu preço, de acordo com a dinâmica de mercado.
Acostumado a lidar diretamente com o radiodifusor e suas dificuldades para implantação e manutenção das emissoras, o engenheiro de telecomunicações da Aerp e do Sert/PR, Elias Agustinho, conta que muitas vezes os gestores não levantam seus custos na hora de formular o preço de seus espaços publicitários. “Você dificilmente vê uma emissora contrabalançando os custos. Eles tentam ‘cobrir’ as despesas sem contar com os gastos, principalmente o inicial”.
CLIENTE: é preciso levar em conta aquilo que o cliente está disposto a pagar. Faça pesquisas de mercado, avalie o cenário econômico e conheça bem o perfil do seu público, sobretudo seus hábitos de consumo, poder aquisitivo e suas necessidades reais. VALOR AGREGADO: quando um serviço atende às necessidades e desejos de um cliente, satisfazendo-o, estabelecese um elo entre o cliente e o serviço prestado, que pode e deve ser valorizado. Por meio desta ligação, o cliente percebe um mesmo preço como mais ou menos caro.
Segundo Elias, os seguintes fatores devem ser considerados na hora de estabelecer os preços:
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O mídia kit é fundamental O mídia kit é um documento dedicado a precificar os espaços de sua rádio, a fim de atrair clientes que queiram fazer anúncio dentro dele. A boa notícia é que fazê-lo não é um bicho de sete cabeças. A primeira vez pode exigir uma dedicação maior, mas depois o processo se torna prático e menos complicado. Quem se dedica consegue um documento bacana e dá o primeiro passo rumo à monetização de seus espaços de maneira muito especial.
partida e referência entre a emissora e o profissional de comunicação. “É a possibilidade de conhecer o veículo e suas opções de comercialização, além de ser um ‘guia’ no momento da elaboração de um plano de mídia”. Os mídia kits não possuem um formato específico, podem ser desenvolvidos em forma de slides, PDF ou podem ser disponibilizados na própria página da empresa como uma imagem estática. A criatividade conta muito na hora de cativar a atenção de potenciais anunciantes. Atualmente ,todos os grandes veículos possuem versões web de seus kits de mídia, por isso a popularização.
Para Priscila Leopoldino, gerente de mídia de uma agência especializada em planejamento de comunicação integrada e propaganda de Curitiba, o mídia kit é o ponto de O QUE UM MÍDIA KIT PRECISA TER?
TÓPICOS ESSENCIAIS DO MÍDIA KIT
Priscila lembra que informações básicas como perfil dos ouvintes, programas âncoras e seus perfis, valores de forma geral e abrangência geográfica não podem faltar em um mídia kit. “Atualmente, com tantas mudanças na forma de consumir os meios, seria interessante as emissoras citarem seus diferenciais, como uma maneira de mostrar até onde podem chegar. Constar no material um case de sucesso, por exemplo, mostrando o resultado atingido depois de anunciar na emissora, me parece pertinente. Isso porque o grande desafio do momento está em ‘provar’ para o cliente o quanto vale a pena investir no meio”.
– História da empresa/veículo – Justificativas do “Por que anunciar” – Diferenciais da mídia, da empresa, do atendimento – Estatísticas referentes ao alcance do veículo (como o número de ouvintes) – Perfil do público (em tabelas com indicações de faixas etárias, divisão de sexo, entre outros) – Cases de sucesso – Prêmios recebidos – Formatos de comercialização – Tabelas de veiculação com valores – Datas de fechamento – Dados de contato : : 20
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segmentação
DIVIDIR para MULTIPLICAR MULTIPLICAR KARINA MAGOLBO
Dividir o mercado em partes menores para um melhor entendimento dos consumidores é uma evolução! Mas, direcionar a programação e diminuir a dispersão junto aos anunciantes é garantia de resultados positivos?
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O processo não é fácil como parece. A empresa precisa “negligenciar” certos mercados e se dedicar àqueles mais lucrativos. Faça um teste. Vá até a loja da esquina de sua casa e pergunte ao proprietário: Quem é o seu público-alvo? A resposta que terá é que ele vende para todo mundo. Existe problema em vender para todo mundo? É claro que não.
Você não irá dizer a um ouvinte de sua rádio que a sua programação não é para ele, não é mesmo? Segmentar o mercado não é dizer que não venderá para determinados grupos de consumidores, mas sim, que os seus produtos, a sua política de preços, sua promoção e distribuição são direcionadas para determinados segmentos de mercado.
Rádio-metamorfose “Você, ouvinte, é a nossa meta, pensando em você é que procuramos fazer o melhor.” Esta frase de Waldir Amaral, radialista e locutor esportivo, representa o foco do rádio na década de 70. O importante era comunicar-se sem ruídos, de forma objetiva e com muita emoção.
de programação, através do processo de segmentação e diferenciação. Mas, por que as emissoras adotaram a segmentação de mercado? Para Marcelo Braga, diretor superintendente da rede Mix de rádio e TV, o processo de segmentação do rádio se acentuou nos últimos anos por conta da proliferação de canais de rádio, de TV (incluindo o cabo) e, obviamente, da Internet. “Como a Internet oferece quantidades ilimitadas de canais, opções de linguagem, opções de abordagem, baixo custo de produção, baixo custo de distribuição e alta capilaridade, estamos avançando para algo maior do que a “simples” segmentação. Estamos falando em especialização profunda! Atuação em nicho”.
O rádio continua como um “bom amigo” e companheiro, assim como era no principio, só que agora focado para nichos específicos. O professor e programador da rádio 98 FM/RJ, Sérgio Duarte, explica, em artigo publicado em seu blog, que o rádio, mesmo sendo um meio de comunicação de massa, sofreu a partir dos anos 80 uma forma de “rádio-morfose” em seus formatos 23
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“ ASSIM (COM PRODUTOS E SERVIÇOS MAIS SEGMENTADOS) A LINGUAGEM PUBLICITÁRIA PODE SER MAIS PERTINENTE ”
te não apenas para direcionar a programação para um nicho específico. De acordo com Antonio Rosa, presidente da Dainet Multimídia e Comunicações, (empresa com foco em produção de campanhas publicitárias, editorial, plataformas digitais de notícias e vendas) com os produtos e serviços cada vez mais segmentados, um grande diferencial competitivo do rádio é a adequação, minimizando a dispersão junto aos anunciantes. “Assim a linguagem publicitária pode ser mais pertinente”.
De acordo com Braga, o consumidor final sabe o que quer, onde quer, como quer, quando quer. Os dis[Antonio Rosa] tribuidores de conteúdo (ao final, é isso que os veículos são!) precisam atender a esta demanda específica, já que a entrega genérica ou abrangente pressupõe superficialidade. Sob esta ótica, sim! Os veículos tendem a ficar cada vez mais focados em um grupo específico de consumidores. Seu impacto como veículo de massa diminui (veja os jornais, revistas e até as rádios...), suas receitas brutas tendem a diminuir e seus custos devem se adequar à nova realidade. Isso não é ruim, é apenas a evolução!”, reforça.
Mas, Marcelo Braga faz um alerta: especialização por si só não garante resultados positivos, e diferenciais não são, necessariamente, para melhor. Para o superintendente da rede Mix, quando um veículo faz sua opção por um determinado segmento, seja baseado em pesquisa, opção ou oportunidade de mercado, imagina-se que esteja buscando diferencial competitivo. “Entregar o conteúdo definido, dentro do foco estabelecido com a maior qualidade, assertividade e eficiência possíveis, isto sim definirá se este diferencial se torna uma vantagem competitiva”, observa.
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“ O ANUNCIANTE SABE COM QUEM ELE QUER FALAR, E VAI SE UTILIZAR DO MELHOR CAMINHO PARA CHEGAR ATÉ O SEU CONSUMIDOR ”
O rádio X A rádio Segmentação estimula o mercado a anunciar mais? A expressão: “estar no lugar certo, na hora certa” explica como o mercado vê a segmentação. Marcelo Braga diz que um mercado segmentado apenas oferece uma diversidade de campos de impacto ao mercado anunciante, sem que isso signifique maiores investimentos do mercado como um todo. “O anunciante sabe com quem ele quer falar, e vai se utilizar do melhor caminho para chegar até o seu consumidor. Mas isso não provoca aumento de investimentos gerais em determinada plataforma, apenas otimiza o investimento do cliente. Ele acaba não pagando por pessoas que ele não quer impactar”.
ções e mentes das agências é proporcional à sua entrega. “Entende-se por ‘entrega’ [Marcelo Braga] os resultados de impacto da mensagem, alcance, custo e entrega de resultados para anunciantes e retorno para as próprias agências. E isso obedece a uma lógica mais ou menos p a d r ã o no mundo todo, ainda que no Brasil haja uma distorção acentuada na direção das TVs abertas. De toda forma, seriedade, profissionalismo e talento costumam ajudar. Sempre”.
Braga ressalta que está na hora de valorizar “o rádio”. “Valorizar apenas ‘a rádio’ não vai garantir a perenidade de seu projeto”. Ainda de acordo com ele, o espaço que o rádio ocupa nos cora-
“Hoje a emissora que não segmentar e não trouxer conteúdo não sobrevive” A Transamérica nasceu no dia 22 de agosto de 1973, para ser uma rádio adulta, voltada para ouvintes das classes A e B com mais de 25 anos.
Nesses 43 anos, muita coisa mudou. A emissora é um exemplo de segmentação. Ela expandiu sua atuação em três formatos diferentes de 25
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“ AS AMs TERÃO UMA CONDIÇÃO MELHOR DE COMPETITIVIDADE COM UMA QUALIDADE MELHOR DO SOM ”
programação: Light, Pop e Hits.
escolher o melhor para seu mercado”. Albuquerque explica as diferenças entre os formatos e o faturamento. “A POP é dirigida ao público jovem, das classes socioeconômicas A, B e C, de 20 a 34 anos, e está presente nas principais cidades brasileiras. A HITS, com uma programação eclética, é voltada ao segmento popular, atingindo uma faixa etária mais abrangente, dos 15 aos 39 anos. Já a programação da LIGHT é dirigida ao público adulto qualificado, com mais de 30 anos, das classes socioeconômicas A e B. Outro destaque é a programação esportiva, com um projeto audacioso e irreverente. A segmentação permite obter um faturamento maior”, detalha.
Luiz Guilherme Al[Luiz G. Albuquerque] buquerque, diretor superintendente da Rede Transamérica, diz que é extremamente importante segmentar. “Nós somos a primeira rede de rádios que permite a seus franqueados
“AM no FM. Hora de segmentar?” Para muitos especialistas, o caminho da segmentação será a trilha para a sobrevivência das AMs no mercado das FMs. Para o diretor superintendente da Rede Transamérica, a migração das AMs irá sim impactar o mercado. “As AMs terão uma condição melhor de competitividade com uma qualidade melhor do som. Outro ponto com a mudança é a divisão da fatia do bolo publicitário. Hoje ela é 70% para as FMs e 30% para as AMs”, observa.
Na opinião de Marcelo Braga, as rádios que migrarem do AM para o FM não devem reformular todo o conteúdo para entrar na concorrência, mas sim, valorizar e até aprimorar sua personalidade. “O fato de migrar de uma banda (AM) para outra (FM) não muda isso. O ambiente não molda a mensagem, mas a mensagem molda a percepção de consumidores e anunciantes sobre seu produto. Ser honesto e entregar qualidade é o nome do jogo, tanto faz se está no AM ou no FM”. : :
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insight
economia SE NÃO FOSSE A AGROPECUÁRIA... Graças ao 1,8% de crescimento no campo, a crise não foi pior Os resultados desastrosos do PIB de 2015 retratam a difícil situação por que passa a economia brasileira. Uma análise detalhada dos números mostra a recessão presente em todos os setores, exceção da agropecuária, que cresceu 1,8%. Sem trocadilho, foi a salvação da lavoura. A indústria ficou com 6,2% negativos, bem mais que os serviços, que decresceram 2,7%. Ao comércio, que é o desaguadouro de todas as demais atividades, coube a maior queda: -8,9% sobre os índices do ano anterior.
DARCI PIANA Presidente do Sistema Fecomércio, Sesc, Senac/PR
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São inúmeras as razões para a sua previsão de compras, ao mesmo derrocada do PIB. É uma bola de neve tempo em que trocou produtos de ao contrário, que começa grande e vai maior qualidade por outros de preço perdendo massa ao longo de sua trajemenor e perdeu condições de poupar. tória. Se o governo sobe os juros e O setor de autodiminui a concessão móveis 0 km, por de crédito, a economia exemplo, sofre com começa a se retrair. 40% de redução de Há uma queda inevendas. Isso impacvitável da produção NOS ÚLTIMOS ta em dois lados. No industrial, refletida de 12 MESES, PARA lado da produção, imediato no comérdiminui a compra de cio. Começa a haver CADA REVENDA insumos por conredução de empregos, ta das montadores – o consumo das famíAUTORIZADA QUE aço, ferro, autopeças. lias diminui. Por esses Na ponta comercial, motivos, a receita do ABRIU, CINCO gera a insolvência governo fica abaixo FECHARAM. que obriga concesdo planejado, o que sionárias a fechar as gera necessidade de portas. Nos últimos aumento de tributos, 12 meses, para cada que por sua vez imprirevenda autorizada me mais força ao proque abriu, cinco fecharam. cesso recessivo. Assim a roda volta a girar, cada vez mais fina. Considerando a presente afasia do O pior é que a queda no PIB governo, incapaz de propor medidas – 3,8% em 2015 – desenvolve uma que fortaleçam a economia, resta tortendência para o ano seguinte. A cer pelo imponderável. Se ficarmos só não ser que haja, ainda no pricom os elementos racionais, vamos meiro semestre, uma reviravolta na continuar cavando o próprio bucondução da política econômica, o raco, até a imensa bola de neve virar cenário no país é de aprofundamenum pequeno floco em processo de to da crise. O consumidor reduziu derretimento. : :
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O E L & R O T O N E T M A C N I O I C
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O I A D L Á E R R O M U M O M C E O I R SÉ
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JAQUELINE CARRARA : :
SAMIRA CHAMI NEVES
Nem sempre a música sertaneja e as rádios FM tiveram o status de relacionamento que hoje fazem questão de assumir. Mesmo sendo um dos primeiros - e mais significativos - meios a se render ao estilo musical, quando o sertanejo começou a despontar como sucesso nacional, na metade da década de 80, as FMs aceitavam quase qualquer outro gênero em sua programação, menos o que tivesse relação com a música rural brasileira.
A conquista foi acontecendo aos poucos. O namorico começou com programas específicos, em horários matutinos - que normalmente caracterizavam o estilo sertanejo no rádio e, até então, na própria TV. Mas a paixão foi arrebatadora e, antes mesmo de se firmar como uma das representações da identidade nacional nos anos 90, a música sertaneja já havia invadido o território das FMs em todo o país, fazendo com que muitas delas se especializassem nesse tipo de programação.
O novo relacionamento representava a superação de mais um obstáculo enfrentado pelo gênero musical até se transformar em um dos fenômenos da cultura de massa brasileira nestes últimos anos. Mas será que os sertanejos de hoje ainda reconhecem no rádio esse grande parceiro? Confira a opinião da dupla Victor e Leo, contada para você em entrevista exclusiva feita pela SINTONIZE.
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# O RÁDIO PARTICIPOU DA FORMAÇÃO DA BAGAGEM CULTURAL DE VOCÊS? COMO? Victor: Sem dúvida. Em nossa infância, o rádio nos dizia sobre as grandes canções de cada momento, dos artistas, do entretenimento imaginativo. Não havia celular, internet ou canais por assinatura e uma saudável ocupação era sintonizar em alguma rádio e aguar-
dar canções que pudéssemos gravar em fitas cassete, para as ouvirmos quando quiséssemos.
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O RÁDIO FOI
O NOSSO GRANDE VETOR PARA A EXPANSÃO NACIONAL
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[Victor Chaves]
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# ATÉ O RECONHECIMENTO NACIONAL DA DUPLA, VOCÊS PERCORRERAM UMA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL ÁRDUA, INCLUSIVE SEM ENVOLVIMENTO DE GRAVADORAS. COMO O RÁDIO RECEBEU A MÚSICA DE VOCÊS E
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COMO AVALIAM A PARTICIPAÇÃO DO MEIO NESSE INÍCIO DE CARREIRA? Victor: No tempo em que nossas canções começaram a despontar, em 2006, o rádio, principalmente o segmentado, não vivia um grande momento. Nosso som chegou como uma grande novidade que mudaria o cenário musical num todo. Os radialistas percebiam isto e nos pediam as canções em mp3, via nosso site. Mandávamos para 100 rádios em um só dia, atendendo os pedidos das mesmas. Sem dúvida, o rádio foi o nosso grande vetor para a expansão nacional.
SE DIRECIONANDO A UMA SEGMENTAÇÃO ESPECÍFICA? COMO VÊEM ISSO? Victor: Há rádios não segmentadas que nos tocam também, mas a maioria é específica, uma vez que mesmo tendo um som aberto e claramente folk, ainda existe certo bairrismo e preconceito. # A DUPLA POSSUI UM PÚBLICO INFANTIL IMPRESSIONANTE, E A INTERAÇÃO DE VOCÊS COM AS CRIANÇAS MOTIVOU INCLUSIVE A PARTICIPAÇÃO NA EDIÇÃO 2016 DO PROGRAMA THE VOICE KIDS - BRASIL. COMO FOI A CONSTRUÇÃO DA RELAÇÃO COM ESSE PÚBLICO? Leo: Como deve ser tudo que tenha relação direta com arte e emoção, essa foi uma construção muito natural!! As crianças possuem sensibilidade acima da média, olho no olho, sentem se tem ou não
# PELO ESTILO PRÓPRIO E INOVADOR DE VOCÊS, A DUPLA POSSUI UM PÚBLICO MUITO VARIADO. O PERFIL DAS EMISSORAS QUE TOCAM A MÚSICA DE VOCÊS TAMBÉM É DIVERSIFICADO OU ACABA 33
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verdade. Sempre subimos no palco com a intenção de nos doarmos, sem expectativa. Isso é fundamental. O conteúdo das mensagens nas canções também influenciou muito!
o rádio é muito útil e é ouvido nas casas, nos carros, e em vários outros ambientes pelas famílias e inclusive por crianças. Acredito que se moldar e se integrar com o digital é um ótimo caminho para continuar nesse crescimento!!! # CONSIDERADA “O FENÔMENO DA MÚSICA”, VICTOR & LEO NÃO É DUPLA DE UM HIT SÓ. POR DIVERSAS VEZES, MÚSICAS DE VOCÊS OCUPARAM, AO MESMO TEMPO, AS PRIMEIRAS POSIÇÕES EM RÁDIOS DE TODO O PAÍS. COMO VOCÊS TRABALHAM A CRIATIVIDADE ARTÍSTICA PARA MANTER A QUALIDADE DESSA PRODUÇÃO? Leo: Particularmente tenho o foco principal na emoção, no coração. Mas não dá pra fechar os olhos para o mercado. Um pouco de razão, em qualquer meio profissional, é importante! : :
# ACHAM QUE O RÁDIO AINDA É OUVIDO POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES? COMO AS EMISSORAS PODERIAM ESTAR MAIS PRÓXIMAS DESSE PÚBLICO? Leo: Certamente
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Agradecemos ao Grupo Massa, que abriu a oportunidade para a entrevista em Curitiba, onde a dupla realizou show promovido pela Massa Play.
SÃO ELES! Caso haja algum desavisado aí do outro lado, é importante contarmos que a dupla Victor&Leo
iniciou a carreira em 1992, na cidade de Abre Campo (MG). Em 1994, os artistas mudaram-se para a
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capital de Minas Gerais, onde cantaram na noite por sete anos.
Durante mais de seis anos, você poderia chegar a barzinhos e restaurantes de São Paulo e encontrar uns tais Victor&Leo arrasando em palcos quase sempre imaginários.
A partir de 2001, foi a vez da noite paulistana receber a dupla.
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avalie
VOCÊ É UM PROFISSIONAL DE
ALTA
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KARINA MAGOLBO
Para aprimorar o próprio desempenho é preciso um pouco mais que vontade. Descubra quais são os requisitos para tornar-se um profissional diferenciado no mercado. A alta performance pode ser definida como a realização de uma tarefa com habilidade, resultados ou desempenho muito acima da média. No esporte, podemos dizer que um atleta atua em alta performance quando permanece no topo do ranking. Em vendas, dizemos que um profissio-
nal tem alta performance quando vende sempre acima da meta, mesmo que esta meta seja elevada. Mas, será que em nosso dia-a-dia podemos ser indivíduos de alta performance?
“PLANEJAR É DESCOBRIR UM MODO DE TORNAR VIÁVEL TODOS OS SEUS SONHOS ” [Christian Barbosa]
O tempo na ponta do lápis Saber administrar o tempo é uma das competências mais difíceis e é uma habilidade essencial para quem quer ter alta performance. Você deseja ter uma vida mais equilibrada, com tempo para o trabalho e atividades pessoais? Então, deve aprender e criar o hábito de se planejar!
De acordo com Christian Barbosa, especialista em administração de tempo e CEO de uma c o n sultoria paulista voltada à produtividade, um processo comum em ad-
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“A VERDADE É QUE, SE VOCÊ NÃO AS-
ministração do tempo é LE DA SUA VIDA, elaborar um planejamenALGUÉM OU ALGO to semanal. VAI ASSUMIR POR “Recomendo VOCÊ ” que no domingo (bem antes da hora [Raul Candeloro] de dormir), você olhe sua agenda da semana e pense em tudo que precisa fazer. Primeiro, olhe para seu objetivo e veja que etapas você consegue alocar para fazer na semana. Pense nas suas reuniões e antecipe possíveis problemas (se você tem uma apresentação na quarta-feira,
providencie uma tarefa na segunda para evitar surpresas). Na sequência, adicione as atividades cotidianas que deve fazer.
SUMIR O CONTRO-
Pense na duração de cada atividade e não exagere, pois deve sempre sobrar tempo para eventuais urgências que possam aparecer”, orienta. Por que sempre deixamos as coisas para última hora? A procrastinação, ou seja, o hábito de deixar tudo para depois, acontece na vida de todos. Todo mundo procrastina, pelo menos uma vez na vida; é da nossa natureza. Ninguém é um robô programado para fazer tudo na hora certa. Barbosa diz que não há nada de errado em adiar uma atividade uma vez ou outra, o problema é quando isso começa a ficar crônico, quando passamos a adiar frequentemente
#FicaDica Para aprimorar o próprio desempenho é preciso um pouco mais que vontade. É importante um plano de ação, baseado em metas realistas e também uma dose generosa de esforço.
Embora com mais de 30 anos de experiência no mercado de seguros, o diretor comercial Marco Brandão sentiu que ainda precisava buscar novas ferramentas para otimizar seu desempenho. Encon-
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“BUSCAR DE FORMA INCESSANTE
coisas que não poderiam ser adiadas e tudo acaba ficando para a última hora. “Isso resulta na perda de resultados e na qualidade do trabalho realizado, pois a partir do momento que vamos deixando tudo para a última hora, surge o acúmulo de tarefas, que faz com que as pessoas fiquem estressadas, nervosas, irritadas e ansiosas. Saber que uma atividade está atrasada causa uma pré-preocupação”.
que desejamos TRANSFORMAR EM conquistar, PRÁTICA O VELHO quando cheBORDÃO DE QUE garemos lá e de que manei“HOJE, MELHOR ra. Há pessoDO QUE ONTEM ” ” as que parecem ter medo dessa palavra, [Marco Brandão] pois acham que planejamento é uma tarefa muito complicada e não sabem como realizála. Costumo aconselhar as pessoas a experimentar uma nova forma de gestão, adequada à própria maneira de agir e de se organizar, e depois ver os resultados que terão em suas vidas”, conclui Barbosa.
Para o especialista em administração do tempo, quando aprendemos a gerenciar o tempo, conseguimos nos planejar melhor, pois o foco passa a ser a redução de atividades, o aumento das tarefas importantes e a eliminação das circunstanciais. “Planejar é descobrir um modo de tornar viável todos os seus sonhos, é colocar no papel tudo aquilo
trou o caminho em um curso voltado à alta performance e passou a se direcionar ao que elege como elementos principais desse tipo de competência: foco, disciplina, produtividade e melhoria contínua.
te. Para ele, renovar sempre será fundamental. “Renovar processos, implementar ideias novas, aprender com os erros, investir nos relacionamentos. Enfim, buscar de forma incessante transformar em prática o velho bordão de que “hoje, melhor do que ontem”, dá a dica.
Entretanto, Brandão ressalta que fórmula mágica não exis-
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10 inimigos da alta performance O que NÃO deve ser feito? Conheça a lista dos ERROS mais comuns:
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Não ter metas claramente definidas
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Não planejar o dia nem a semana
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Distrair-se com facilidade
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Começar cinco coisas e não terminar nenhuma delas
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Aceitar interrupções frequentes
6
Planejar o dia e a semana, mas depois não ter disciplina para seguir o planejamento
7
Não prestar atenção à sua saúde (que é de onde sai toda a energia física) - sono, alimentação, exercício
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Foco exagerado em urgências (principalmente as pseudourgências de outros!)
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Aceitar prazos e demandas irreais, já sabendo que vai atrasar ou não vai conseguir
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Tratar todas as tarefas como se tivessem a mesma importância/ prioridade
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Como administrar seu tempo?ormance Coloque você na agenda > Crie compromissos e tarefas relacionadas a papeis e relacionamentos importantes da sua vida. > Crie o papel EU S.A. e planeje ações que possam satisfazer o seu eu, coisas que você gosta, que vão fazer você se sentir bem e mais energizado. > Comece se perguntando o que eu quero fazer de importante para mim? > Bloqueie um horário na sua agenda e faça uma reunião com você. Leve esse você S.A. para passear, ou assistir aquele filme, ouvir aquela música ou apenas escutar o que ele quer dizer de importante.
Escreva sua missão de vida > Quem tem um propósito na vida caminha com passos mais firmes, decididos, e não perde tempo. > A vida e o nosso tempo só começam a ter sentido quando temos uma direção a seguir. > Quais são os seus sonhos? Não quer começar a vivê-los? Sempre há tempo de começar, ou de recomeçar. > Escrever dá forma aos nossos sonhos e permite que reflitamos sobre o que verdadeiramente é importante em nossa vida.
Limite seu horário de trabalho > Quando realmente queremos ou precisamos fazer algo sempre conseguimos sair no horário, não é verdade? > Assuma o compromisso de ser produtivo e eficaz nas horas de trabalho normais, e para isso seja focado e organizado. > Comece compreendendo que equilíbrio entre pessoal e profissional está relacionado a viver seu tempo com sabedoria. Se ficar tempo demais em uma determinada área da vida, outras áreas ficarão deficientes. > Limite inclusive as navegações na internet, Facebook, Twitter, entre outros. > Autodisciplina é fundamental para viver bem o tempo.
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Escreva suas principais metas > Estabeleça metas claras tanto pessoais quanto profissionais. Isso ajuda a ter atividades mais pertinentes e ações mais focadas nos resultados. > Indivíduos que possuem metas são mais produtivos e diminuem as circunstâncias indesejáveis. > Mantenha suas metas escritas em algum lugar onde possa lê-las; de preferência, todos os dias. > E não basta apenas escrevê-las e lê-las. Crie ações para atingi-las e coloque em sua agenda.
Equilibre seus 4 corpos > Algumas filosofias ensinam que temos quatro corpos: o corpo físico, o mental, o emocional e o espiritual. O que você tem feito para contemplar cada um desses aspectos do ser? > Estabeleça um equilíbrio entre esses quatro corpos. Faça atividades que trarão saúde e bem-estar relacionados a cada corpo. > Dedique tempo para exercícios físicos, estar com pessoas amadas, estudar, rezar, meditar. > Pense em cada corpo e em coisas que eles precisam que sejam feitas para eles. Agende e cumpra, eles vão te recompensar com muita energia e disposição.
Primeiro você. Depois os outros > Quando você começa a realizar suas prioridades, alcançar suas metas e viver seu tempo focado no importante, é incrível como sua disposição e energia aumentam. > A verdade é que só conseguimos ajudar os outros de fato quando ajudamos primeiro a nós mesmos. > Por isso, para ter mais tempo, comece fazendo coisas que você gosta, que trazem resultado. Assim terá mais tempo para viver os relacionamentos importantes em sua vida. E sua alegria e produtividades servirão de exemplo aos outros.
Ache um hobby > Encontrar algo que gostamos muito de fazer nos dá mais disposição e energia para enfrentar o dia-a-dia. > Se conseguir, transforme seu hobby em sua profissão; ou sua profissão em seu hobby. É como o filósofo chinês Confúcio dizia: “Escolha um trabalho que você ama e nunca mais irá trabalhar na vida”. > Se você ainda não escolheu um trabalho de amor ou que ame, comece escolhendo um hobby. 42
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TESTE Você sabe organizar seu tempo? Que tal um checklist para avaliar como anda a gestão do seu tempo? Será que você é realmente tão organizado ou desorganizado como pensa? Ao responder as perguntas, atribua uma nota de 0 (mínimo) a 4 (máximo) para você mesmo. Depois, faça a somatória total. Essa soma vai dar uma boa noção de como anda a administração de seu tempo.
Estou investindo 80% do meu tempo nas tarefas críticas, diretamente relacionadas à minhas metas pessoais e profissionais, e que me fazem avançar em relação ao que defini como meu objetivo?
Peço ajuda quando preciso e delego rapidamente quando possível?
Pessoas de baixo desempenho invariavelmente dão mais foco ao que parece urgente, e não ao que é mais importante. Dedicome de verdade a fazer o que é prioridade no meu dia? Ou seja, meu foco é muito mais definido pela importância do que pela urgência? Avalio constantemente como estou usando meu tempo e como posso melhorar minha administração do tempo?
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Reuniões são fundamentais para o sucesso, mas também podem ser um grande vampiro energético e um imenso desperdiçador de tempo. Que nota você dá, em média, para suas reuniões?
Começo todos os meus dias definindo e revisando meus objetivos pessoais e profissionais para aquele dia e para aquela semana?
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Especialistas comprovam que trabalhar em blocos de tempo aumenta muito a produtividade das pessoas. O ideal é separar entre 60 e 90 minutos para dedica-se a algo 100%, fazer uma pausa rápida de 5 a 10 minutos e depois voltar a trabalhar mais 60 a 90 minutos. Você tem separado blocos de tempo para dedicar-se exclusivamente às suas atividades prioritárias?
Brian Tracy tem um livro só sobre isso, chamado Eat that frog!, ou Engula sapos! A ideia é a seguinte: se você tem algo que é difícil ou complicado de fazer, faça já cedo, logo que chegar ao trabalho, e resolva o pepino de uma vez. Você tem encarado e resolvido seus maiores desafios logo cedo, sem fugir ou procurar justificativas para jogar para depois?
Você separa um tempo para cuidar de você mesmo todos os dias? Um tempo só para você?
Você tem lidado de maneira produtiva com a quantidade cada vez maior de e-mails e mensagens que recebemos?
Você tem separado, pelo menos uma vez por semana, um bloco de tempo de 30 minutos para dedicar-se criativamente a melhorar o seu trabalho? Novas ideias, novos projetos, novas iniciativas, resolução de problemas, leitura?
Na lista de tarefas que preciso fazer no dia, separo e defino as que são prioridades?
Procrastinar significa, de maneira simples, “deixar para amanhã”. Ou seja, não tomar decisões que poderiam (e que precisam) ser tomadas. Você tem evitado procrastinar, tomando decisões de maneira mais rápida e ágil?
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Pessoas sem energia não conseguem administrar bem seu tempo! Você está cuidando bem dos seus níveis de energia durante do dia? Sono que descansa e repara, alimentação saudável e equilibrada, exercícios e alongamento, hidratação adequada?
Depois de revisar meus objetivos, começo meu dia definindo as tarefas que preciso realizar naquele dia?
Você cria rotinas produtivas e eficientes para lidar com tarefas e/ou situações repetitivas?
Você tem colocado seu foco muito mais em resultados do que em atividades? Ou seja, não confunde estar ocupado com ser produtivo?
Quando você coloca um prazo para si mesmo, ele é 100% respeitado? Ou você tem a tendência de achar que as coisas serão mais rápidas do que realmente são e, por consequência, estourar prazos ou não entregar exatamente no tempo prometido acabou virando, de certa forma, uma rotina?
Você tem sido eficiente e disciplinado ao lidar com atividades improdutivas e ladrões de tempo? Facebook em horário de trabalho, surfar pela internet, responder telefonemas pessoais não urgentes em horário comercial, paradas para fumar, etc, acabam levando mais tempo do que deveriam?
Você consegue dizer “não” de maneira firme mas educada e profissional, ou acaba dizendo “sim” a tudo que lhe pedem (e se complica por causa disso)?
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Você tem separado durante o dia dois blocos de 15 a 30 minutos só para lidar com imprevistos? Ou seja, deixa agendado um espaço em branco na sua agenda só para lidar com imprevistos?
Diversos estudos de produtividade já demonstraram que fazer várias coisas ao mesmo tempo dá às pessoas a sensação enganadora de produtividade, mas que a produtividade de verdade cai de 30 a 50% quando isso é feito. Você tem evitado fazer três ou quatro coisas ao mesmo tempo, dedicando-se a uma por vez, em sequência?
Você revisa com frequência seus objetivos diários, semanais, mensais e anuais?
resultado NOTA MENOR DO QUE 70: Você precisa rever isso urgentemente, pois deve estar começando a dar sinais de estresse, cansaço, sensação de improdutividade (faz muitas coisas, mas sem sentir que realmente avançou), ansiedade, prazos estourados, etc. O próprio teste vai lhe dar uma pista de onde precisa melhorar: basta rever os itens com notas mais baixas, escolher um ou dois prioritários para melhorar e dedicar-se a trabalhá-los pelos próximos 30 dias. NOTA ENTRE 70 E 85: Ótimo, mas pode melhorar. E você mesmo já sabe disso e sente que pode melhorar. Mais uma vez, o teste lhe dá as pistas do que precisa ser trabalhado. Agora é ter disciplina para mudar alguns hábitos e começar a colher os frutos de ser ainda mais organizado, planejado e produtivo. NOTA ACIMA DE 85: Parabéns! Você realmente é uma pessoa organizada, planejada e produtiva. Continue assim e, se notar que no teste tem algo que chamou a sua atenção e que pode ser melhorado, dedique os próximos 30 dias a isso. Escolha apenas uma prioridade para melhoria e coloque foco. Isso funciona bem melhor para quem já está em alta performance. : :
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insight
mercado GESTORES DE RÁDIOS PRECISAM APRENDER A ESCUTAR A maior necessidade das rádios é serem escutadas, por isso elas falam muito. Seus diretores e gestores, a maioria apresentadores de programas, estão tão acostumados a falar que perderam o dom de escutar. Vamos à diferença entre ouvir e escutar: ouvir é um ato da física, escutar é ouvir com atenção. Gestores podem estar ouvindo seus colaboradores, mas não necessariamente escutando-os.
ELOI ZANETTI Escritor. Palestrante. Especialista em Marketing, Comunicação e Criatividade.
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Diante da ameaça real e devasse a ele e saber tirar proveito do sistadora dos meios digitais que roubam tema. Na média, donos e gestores de o tempo do público e, em consequênrádios são pessoas com mais idade, cia, a audiência dos tradicionais veícunão nasceram na era digital, razão pela los de comunicação, as rádios preciqual têm certa dificuldade em entensam ser reinventadas. E isto se faz com der e lidar com essas ferramentas. Meu criatividade e imagiconselho é aliar-se aos nação, processo que jovens e fazê-los trase chama inovação e é balhar para descobrir realizado com a partinovos meios para unir cipação de todos, por e somar as audiências: A CRIATIVIDADE isso a necessidade rádio e meios digitais. do trabalho conjunA geração mais velha E A INOVAÇÃO to. Gestores de rásabe fazer negócios, a NASCEM SEMPRE dio precisam “calçar mais nova, lidar com a as sandálias da hutecnologia. A necessiNOS MOMENTOS mildade” e passar a dade de uma geração escutar funcionários, escutar a outra é imDE DIFICULDADE. colaboradores, clienperiosa. tes e agências. Talvez A criatividade e com alguns deles esa inovação nascem teja o pulo do gato de sempre nos momenum novo tempo para tos de dificuldade – “a guerra é a mãe sua rádio e negócio. O assunto tanto de todas as artes”, diz um ditado rovale para formatos de programas mano. São nos momentos de crise quanto para novas formas de coque as ideias, se buscadas, aparecem. mercialização e parceria. Sair da sala da diretoria e se dispor a conversar, perguntar, escutar e estiO mercado mudou tanto que mular funcionários e parceiros para alguns blogueiros já conquistam mais que tragam novas ideias de parcerias, audiência, e de forma interativa, do é a melhor maneira de sair da crise e que muitas emissoras. Não dá para figanhar com ela. : : car brigando e falando mal deste novo concorrente, portanto, é melhor aliar-
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ouvinte
PODCAST: de nerd a cool JAQUELINE CARRARA
O rรกdio tem visto no amigo descolado a oportunidade para chegar juntode novos (e mais engajados, mais fieis e mais influentes) ouvintes.
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A mídia que atrai os ouvidos de mais de 50 milhões de americanos por mês vem quebrando padrões e extrapolando fronteiras também na publicidade desenvolvida pelo Tio Sam. No Brasil, esse novo parceiro ainda não alcançou o mesmo estrelato, mas muitas rádios têm se aliado à mídia para entrar em um nicho diferenciado de audiência e o novo comportamento de consumo que ela envolve.
Em artigo destinado a mostrar para o mercado brasileiro o poder de uma tendência inevitável, Mauro é incisivo quanto ao atual momento da mídia – que já teve seus altos e baixos desde o surgimento como hoje a conhecemos, em 2004. “É natural que o consumo de podcasts seja “QUEM OUVE PODmaior pelo público mais CASTS ROTINEIjovem, que RAMENTE É UM não consoCONSUMIDOR DIme TV e rádio como as FERENCIADO, MAIS gerações mais COMPLEXO E MAIS velhas, mas BEM PREPARADO ” não se iluda: a mídia podcast está pegando [Mauro Segura] todo mundo”, enfatiza.
“Quem ouve podcasts rotineiramente é um consumidor diferenciado, mais complexo e mais bem preparado. É um indivíduo que busca informação mais dirigida e mais profunda, provavelmente um reverberador mais ativo dentro de sua rede de relacionamento e um influenciador de maior qualidade”, explica o blogueiro e executivo de marketing e comunicação, Mauro Segura.
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mais baixados por esse perfil de ouvinte. Somam 66% do total, seguidos pelos podcasts de notícias, que registram 22 % da preferência. (veja mais detalhes no quadro no final desta matéria))
A vingança dos nerds
Até pouco tempo, a cultura pop e os bate-papos direcionados a um público bastante específico, fã da tecnologia – auto-intitulado “nerds” – eram os conteúdos que dominavam os podcasts brasileiros. O Nerdcast – primeiro e até pouco tempo o único podcast a atingir a marca dos milhões de ouvintes – fez escola a partir de 2006 e foi a grande referência para os primeiros podcasters nacionais. Hoje, quase como uma das cenas do clássico da Sessão da Tarde “A Vingança dos Nerds”, a mídia discriminada ganhou respeito e autoestima, tornando-se conhecida também por novos temas e formatos.
Experiência brasileira
Seguindo – ainda que em passos mais lentos – o ritmo norte-americano, o Brasil possui atualmente cerca de 1000 podcasts (dados divulgados no portal Mundo Podcast, voltado a produção, audição e discussão da mídia podcast). De acordo com a PodPesquisa 2014 – o levantamento nacional mais conhecido (e mais recente) sobre a audiência de podcasts – as notícias também estão entre as preferências dos nossos ouvintes (21%). (Veja mais detalhes no quadro ao final da matéria)
“As pessoas não querem ouvir frases prontas. Elas estão interessadas em pessoas conversando, trocando ideias. E esta é uma mídia que deixa conteúdos e paixões fluírem, sejam eles quais forem”, diz o CMO da rede americana de rádio Westwood One, Pierre Bouvard. A opinião do executivo faz referência a uma pesquisa encomendada pela rede, em 2015, e que trouxe mais dados sobre uma das mídias menos estudadas do mercado. Segundo os números, podcasts de personalidades e talk shows são os conteúdos
De olho nesse potencial, desde o surgimento da mídia, a CBN foi uma das primeiras rádios do país a investir nos podcasts. De acordo com a diretora executiva da CBN, Mariza Tavares, as primeiras experiências começaram ainda em 2005; como ela diz, “um longo aprendizado”. “Foi uma demanda dos próprios ouvintes: eles queriam poder 53
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quentemente inserida nos Top 10 do iTunes (um dos principais rankings de downloads de podcasts, vinculado à Apple), a rede já contabilizou a marca de 10 milhões de downloads em 2016 – somando as aquisições no site, nos aplicativos e em outros agregadores. “Os podcasts são um enorme sucesso. Vão ao encontro de um desejo do público de não estar preso à grade dos veículos. Com os podcasts, cada um pode montar sua própria CBN, customizada”, ressalta Mariza Tavares.
ouvir os conteúdos em outros horários, quando tivessem mais tempo livre, agrupando os boletins dos quais mais gostavam. Começamos oferecendo ‘cardápios’ de podcast: de política, economia, saúde e um mix com os principais comentaristas. Pouco a pouco fomos estendendo essa oferta e, atualmente, praticamente todos os conteúdos da CBN estão disponíveis em podcast”, conta a diretora. As investidas da emissora vêm dando certo entre os ouvintes. Fre-
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sas de forma diferente. Muitos estão dispostos a tentar algo diferenciado ao invés de ser mais um dos 30 segundos. Mas algo tem que ser feito para isso acontecer, e os podcasters encontraram a maneira de criar anúncios publicitários tão interessantes quanto a própria programação onde são veiculados. Tudo o que o velho marketing precisa fazer é ouvir”, diz trecho do artigo.
Vai fundo Apesar do crescente interesse dos brasileiros pelos podcasts, os anunciantes ainda apostam de forma cautelosa no modelo como uma nova forma de investimento em marketing. “A percepção é que os anunciantes e as agências ainda não reconhecem o potencial dessa mídia e não sabem como inclui-la em seus planos de marketing. Mas os podcasts são uma alternativa super interessante e complementar para a estratégia de marketing das marcas.”, afirma o executivo de marketing, Mauro Segura.
No pé do ouvido
A conexão estabelecida entre ouvintes e seus podcasts preferidos é apontada por especialistas americanos como o grande pulo do gato percebido pela publicidade. Realmente, ao identificar o quanto podcasts podem se tornar uma experiência particularmente íntima, muitos produtores passaram a se dedicar à construção de relacionamentos mais próximos com seus públicos – principalmente através da oferta de uma programação de fato diferenciada e da inclusão das propagandas de forma mais “natural”, quase como parte mesmo das narrativas.
De fato, se espiarmos novamente o que vem aprontando os podcasters americanos, veremos que a mídia está transformando a publicidade por lá. De acordo com artigo publicado pelo portal AdvertisingAge – uma das maiores referências para o marketing norte-americano – produtores de podcasts tornaram-se pioneiros na criação de um modelo comercial diferente, pelo qual o público está escolhendo não pular os anúncios e, em alguns casos, chegando até a optar por ouvi-los novamente.
“A conexão que as pessoas podem sentir com seus podcasts favoritos é exatamente o tipo de relação que muitas
“Os profissionais de marketing sabem da necessidade de fazer as coi55
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marcas estão tentando construir com seus públicos. Em tempos que as pessoas podem facilmente pular os anúncios em TVs e internet, as mensagens de patrocinadores em podcasts têm uma maneira de ir além, especialmente quando lidas pelos próprios apresentadores do programa, dizem especialistas. Como consequência disso, essa segunda onda dos podcasts – diferente da primeira [nos anos 2000] – está prometendo render financeiramente muito mais”, avalia a reportagem “Pod-
casts are back — and making money”, do jornal The Washington Post. De fato, logo no início de sua história, os podcasts caíram em desuso principalmente por causa de todo o empenho que era necessário para um simples download e play. Lembre-se: em tempos de Orkut, o uso de smartphones e a conectividade de dispositivos móveis ainda engatinhavam. A introdução do iPhone em 2007 mudou essa realidade, fazendo do áudio de podcasts algo tão
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fácil e conveniente quanto um prograpodcasts são muito mais engajados ma à moda Netflix. Hoje estamos com nos conteúdos do que os consumifones de ouvido na rua, na dores tradicionais de ouacademia, lavando a louça e tras mídias. Também são mesmo durante o trabalho. mais leais, mais entusias“É PRECISO REPENSAR O mados e ficam muito graQUE É RÁDIO: A INTERA flexibilidade postos quando uma empresa NET REINVENTOU O sível nos conteúdos dos investe num podcast – ou VEÍCULO, DERRUBOU podcasts é outro diferenseja, surge um sentimencial que pode ser bem to de gratidão pela marca OS LIMITES GEOGRÁinteressante aos olhos (e por ela apoiar algo que ele FICOS, É HORA DE ouvidos) da publicidade e aprecia. Essa possibilidade ALÇAR VOOS MAIS dos produtores. Ao conde conversar diretamenALTOS ” trário das tendências dos te com grupos segmentavines e outras mídias focados, que têm grande endas na curta duração e obgajamento, pode ser uma [Mariza Tavares] jetividade dos conteúdos, oportunidade mágica para o podcast pode ser muito o marketing e comunicamais longo, oferecendo ção dos anunciantes”, mais uma boa oportunidade uma dica do executivo para discutir em profunMauro Segura. didade qualquer tema. O fato de terem vida própria Para a diretora fora das grades de prograexecutiva da CBN, embora mação permite que podainda com o grande desacasters possam romper as fio brasileiro de se buscar barreiras dos blocos mona monetização do produto tados segundo a segundo. –, o fenômeno dos podcasts não tem volta. Ela acredita que Com isso, os conteúdos – elalogo o conceito de grade nas rádios borados em narrativas bem contadeixará de ter importância e, por isso, das, envolventes – colocam o ouvinte o foco deve estar em produzir o conimerso e dedicado para aquela mídia. teúdo mais relevante possível para a Uma atenção diferenciada que ajuaudiência. “É preciso repensar o que da a entender muito da capacidade é rádio: a internet reinventou o veícude transmissão de mensagem oferelo, derrubou os limites geográficos, é cida pelos podcasts. “Os ouvintes de hora de alçar voos mais altos”. 57
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Que ouvinte é esse?
No Brasil, a PodPesquisa 2014 traz as referências mais citadas em divulgações sobre podcasts e seus ouvintes. A iniciativa é comandada pelos sites de podcasts AeroCast, Metacast, Papo de Gordo e Radiofobia. A pesquisa contou com 27 perguntas, abordando comportamento, preferências e demografia. Já nos Estados Unidos, um dos mais recentes estudos sobre o consumo de podcasts foi encomendado pela rede de rádios Westwood One. A pesquisa “State of American Podcasting” envolve estudos da Ipsos (terceira maior empresa de pesquisa e de inteligência de mercado do mundo), da Advertiser Perceptions e dos próprios focus groups da Westwood. Confira e inspire-se! : :
OUVINTE BRASILEIRO
OUVINTE AMERICANO
- 25 anos em média - 87% são homens - 71% trabalham - 70% têm nível superior - 8 horas é a média de tempo dedicado por semana aos podcasts
- 30 anos em média - 61% trabalham - 55% têm, no mínimo, ensino médio - 66% preferem conteúdos de personalidades e programas de entrevistas - 22% preferem as notícias
Acha importante: - Entretenimento (90%) - Qualidade do áudio (78%) - Utilidade do conteúdo (76%)
- 65% lembraram de um anúncio após tê-lo ouvido em um programa no dia anterior
- 51% já compraram mais de uma vez algo anunciado em podcasts
- 51% das agências consideram anunciar em podcasts - 15% atualmente já anunciam
- 40% dão mais atenção às propagandas quando têm a ver com o tema do episódio
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ESTAMOS CADA VEZ MAIS PERTO DE VOCÊ! Nosso alcance no Facebook durante um ano foi mais que
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pelo mundo
GIGANTE MUNDIAL DE MÍDIA QUER FAZER DO RÁDIO CRIATIVO O
AB
ALEXAQNDRE BRUELL : : ADVERTISING AGE TONY MENNUTO : : INSIDE RADIO JAQUELINE CARRARA
Com a abertura da Wordsworth & Booth - unidade direcionada exclusivamente ao áudio criativo - a maior agência de mídia independente do mundo aposta no rádio como o meio de maior alcance. Segundo o CEO da Horizon Media, “o rádio atinge 245 milhões de consumidores por mês e, para se comunicar de forma realmente efetiva com tamanha audiência, o talento, a criatividade e o conteúdo precisam ser cada vez mais inteligentes e impactantes“. 60
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A americana Horizon Media não está descansando sobre seus louros após provocar um divisor de águas no mercado global. No ano passado, a Horizon aliou-se a outra grande agência e formou a gigante Canvas Worldwide em uma joint venture. Em 2016, a maior empresa de mídia independente do mundo decidiu mexer com o mercado novamente e apostar suas fichas em trazer o encanto de volta para o rádio criativo. É a Wordsworth & Booth, uma nova unidade da empresa, voltada ao áudio criativo.
oferece oportunidades para uma linha direta com nossas emoções, nossos humores e nossas memórias”, explica o CEO. Tony Mennuto – que era o Vice-Presidente de Soluções de Conteúdo de Marca do CBS Altitude Group – é quem estará à frente da Wordsworth & Booth, supervisionando todos os serviços de criação e produção. A nova unidade, que reúne dois executivos exclusivos, incluindo Mennuto, trabalhará com marcas de diversos setores. Entre a cartela de clientes, está o Burger King (também cliente Horizon Media). A gigante americana do rádio, iHeartMedia (antiga Clear Channel), é outra que passará a contar com os serviços da Wordsworth & Booth, como consultoria e suporte de criação para os anunciantes com campanhas em veiculação na iHeart, podcasts, sound branding e outros formatos de áudio marketing.
“O áudio criativo muitas vezes é subestimado, mas o rádio é o meio número um em alcance”, diz o CEO da Horizon, Bill Koenigsberg. “Conforme a audiência da televisão vai caindo, o rádio torna-se ainda mais importante como meio capaz de suprir esse grande alcance de público. O rádio atinge 245 milhões de consumidores por mês e, para se comunicar de forma realmente efetiva com tamanha audiência, o talento, a criatividade e o conteúdo precisam ser cada vez mais inteligentes e impactantes. O rádio
“A área do áudio hoje está madura para inovações e mudanças”, afirma Mennuto. “Durante anos, faltou a tão necessária criatividade para 61
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o áudio. Agora, com a Wordsworth & Booth, eu tenho uma oportunidade incrível para criar algo que vá além dos tradicionais conteúdos. Estou ansioso para inventar novas e estimulantes possibilidades para as marcas”.
Estados Unidos vem trabalhando operações de anúncios em plataforma de compra programática para suas estações locais e streamings. Assim, com os dados de audiência informados por esse novo e automatizado tipo de compra, o grupo agora pode criar conteúdos ainda mais personalizados para seus CRIATIVO públicos.
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A Wordsworth & Booth – nome que associa as habilidaO RÁDIO des de escrita criativa, necessárias para MUITAS VEZES É desenvolver áudios “Durante anos, eu também criativos, ao tenho sido um defenSUBESTIMADO, conceito dos estúdios sor de que o mundo de gravação – forcriativo do rádio preMAS O ÁUDIO É O necerá serviços de cisava incrementar criação e produção seu jogo”, diz KoniMEIO NÚMERO UM de áudio, incluindo gsberg. “Agora, com trabalho com contea programática e as EM ALCANCE údos. Para a empresa, possibilidades de eno conceito de conteúgajamento através do do envolve uma vasta áudio digital, há mais [Bill Koenigsberg] gama, que vai desde oportunidades do que CEO da Horizon Media criar “conteúdos renunca para envolvilevantes e contextumento com as audiênalizados a segmentos cias, tornando a expede gênero, até o conriência ainda melhor.” teúdo para anúncios de podcasts”, explica Koenigsberg. No entanto, para Koenigsberg, ao mesmo tempo em que esta nova A movimentação provocada capacidade é mais uma tentativa de pela nova unidade ganha ainda mais pressionar a criatividade na disputa importância à medida que acompaentre as empresas, isso não quer dinha os recentes passos da iHeartRazer que as agências de mídia terão um dio. A maior empresa de rádio dos despertar para o rádio ou um desabro-
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char de criatividade de uma hora para outra. “Eu vejo a gente fazendo mais conteúdos para as redes sociais e para o digital? Sim”, diz o CEO, logo enfatizando que o mesmo talvez não aconteça tão cedo com os tradicionais spots de 30 segundos e anúncios impressos.
“O rádio criativo é trabalhado por agências tradicionais ou de forma autônoma”, afirma Koenigsberg. “Nenhum grande diretor de criação vai dizer ‘estou doido para embarcar no rádio criativo’. Eles querem TV; e a gente quer mudar isso”.
Entrevista
Tony Mennuto - presidente da Wordsworth & Booth e encarregado de criar toda essa inovação - não precisa fazer nenhum aquecimento para sua entrada no meio rádio. Antes do CBS Group, fundou a MisterFace, uma empresa nova-iorquina de criação de conteúdo, composta por especialistas de marketing e comediantes, segundo a Horizon. Já desempenhou diversas funções voltadas ao rádio criativo, trabalhou como narrador e dublador, além de possuir oito anos de experiência como escritor, produtor e ator para canais de TV, como HBO, NBC e ESPN. Conheça um pouco mais sobre as ideias do executivo nesta entrevista realizada pelo portal americano Inside Radio. 63
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#O QUE VOCÊ ACHA DIO É O TEATRO DA QUE PODE SER FEITO MENTE, ONDE O SOM O FANTÁSTICO PARA TORNAR MAIS PERMITE QUE OS OUATRAENTE O RÁDIO VINTES USEM SUA DOS PODCASTS É CRIATIVO E COMO IMAGINAÇÃO DE MACRIAR E INOVAR DE NEIRAS QUE O VÍDEO QUE VOCÊ PODE UMA FORMA QUE VÁ NÃO PROPORCIONA. ALÉM DOS TRADICIOCOMO ISSO PODE SER INTEGRAR A NAIS CONTEÚDOS DE MELHOR USADO PELO ÁUDIO? MARKETING EM UM MARCA DENTRO Uma vez eu ouvi a guru MUNDO EM QUE HÁ das agências de publiTANTOS OUTROS ESDOS CONTEÚDOS, cidade criativa, Susan TÍMULOS CONCORCredle, dizer que a puRENDO? E AÍ NÃO HÁ blicidade precisa ser A chave é parar de olhar tão divertida quanto o para esses ‘concorrenPREOCUPAÇÃO meio que a divulga. Isto tes de estímulo’ e focar COM OS é especialmente verdano poder desse grande deiro com relação ao e envolvente meio. E BLOQUEIOS DE áudio, onde a sua menisso significa ser criasagem compete com tivo do conceito à graANÚNCIOS outros conteúdos que vação. Se o conteúdo é as pessoas estão ouvinbom, as pessoas vão fado, como notícias, eslar sobre ele. Você tem portes e música. Quanque pressionar para do lancei uma agência descobrir as possibide rádio criativo, há lidades. Há muito que alguns anos, a primeira coisa que fiz foi pode ser feito com áudio hoje e estou anicontratar artistas de improvisação. Eu mado para ver até onde conseguimos ir. pensei que se alguém sabia como entreter e se conectar com uma audiência, seriam #AGORA QUE O RÁDIO VEM SENDO O os comediantes. A chave para melhores MEIO DE ALCANCE Nº 1 POR QUATRO conteúdos de áudio é ter certeza de que TRIMESTRES CONSECUTIVOS, SEGUNo seu conteúdo é tão atraente quanto o DO A NIELSEN, VOCÊ ACHA QUE OS conteúdo em que ele está inserido. ANUNCIANTES ESTÃO MAIS INTERESSADOS? EXISTE UMA FÉ RENOVADA #EM SUA MELHOR ESSÊNCIA, O RÁNAS ONDAS DE RÁDIO DENTRO DA CO-
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MUNIDADE PUBLICITÁRIA? Com certeza. Estamos vendo o budget para áudio subindo. Muitos de nossos clientes vêm aumentando seus investimentos em áudio, ano a ano, porque o áudio está funcionando muito bem para eles. A comunicação pelo áudio envolve você em um nível muito mais profundo do que outras mídias. É como seu melhor amigo falando com você... Sobre produtos para comprar e serviços para testar. Além disso, podcasts estão muito populares. O fantástico dos podcasts é que você pode integrar a marca dentro dos conteúdos, e aí não há preocupação com os bloqueios de anúncios.
a criação da produção de forma intensa. Você não pode se distrair disso ou ficar com preguiça.
#CLARAMENTE, VOCÊ E O CEO DA HORIZON, BILL KOENIGSBERG, VIRAM A NECESSIDADE QUE AS EMISSORAS E SEUS ANUNCIANTES TINHAM EM DAR UMA ANIMADA NA CRIATIVIDADE DA PUBLICIDADE VEICULADA NAS ONDAS DO RÁDIO. O QUE SERIA ENTÃO ESSE CONTEÚDO “MAIS INTELIGENTE E IMPACTANTE”, SOBRE O QUAL VOCÊ FALOU EM ENTREVISTA À ADVERTISING AGE? O mais “inteligente” leva a anúncios de rádio mais “impactantes”. A chave é dar ao áudio a atenção que você daria para as outras mídias, como a TV. Sei que já ouvimos isso antes, “ação ultrapassada ... deixa pra lá”, mas ainda é verdade. A Wordsworth & Booth está dedicada a uma coisa: áudio. Mas é muito mais que apenas fazer bons spots. É mergulhar fundo e compreender uma marca, para então aproximar
#VOCÊ JÁ TEM O BURGER KING, UM CLIENTE HORIZON MEDIA. NO CASO DE ANUNCIANTES ASSIM - GIGANTES CORPORAÇÕES TÃO BEM CONSOLIDADAS - COMO INOVAR? Eu tive sorte com clientes incríveis. Ajuda muito quando um parceiro de marca consegue rir das mesmas piadas. Trabalhamos com profissionais de marketing brilhantes, que estão sempre tentando fazer algo inovador e fresco. Eles estão muito atentos à cultura pop para tendências do humor e da música, e o frescor de suas criações reflete isso. Eu acho que nós puxamos um ao outro para inovar. É uma festa de inovações. Às vezes, isso significa ir até determinado lugar para capturar espontaneidade, reações reais. E isso pode fazer uma enorme diferença na qualidade da criação. É um fator que também
#COMO PRESIDENTE, VOCÊ VAI SUPERVISIONAR OS SERVIÇOS DE CRIAÇÃO E PRODUÇÃO. CONTE-NOS UM POUCO MAIS SOBRE O SEU PAPEL, E COMO VOCÊ E BILL ESTÃO DIVIDINDO AS RESPONSABILIDADES. Bill Koenigsberg viu o “futuro de áudio” e me pediu para fazer parte disso. Estamos em parceria para criar oportunidades e construir boas relações para a W&B... E nós já tivemos algumas reuniões fantásticas.
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vem como um prêmio; então, ter clientes que confiam em você e entendem o valor de fazer as coisas de forma diferente é primordial.
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NÃO IMPORTA REALMENTE QUAL É O MEIO,
apresentar ideias e estratégias para campanhas multiplataformas baseadas em áudio, até oferecer criação para seus clientes, e mesmo inventar novas maneiras de usar o áudio. Com o compromisso da iHeart junto ao meio e a nossa paixão por ele, o céu é o limite.
#COMO A EMPRESA O OBJETIVO É VAI SE LANÇAR PARA O ALTO - COM CAMSEMPRE TENTAR PANHAS DE ÁUDIO, PODCASTS, SOUND VER AS COISAS DE BRANDING E OUTRAS FORMAS DE ÁUDIO #VOCÊ TEVE UMA UM JEITO NOVO MARKETING - E O QUE CARREIRA LEGAL, ISSO IMPLICA? CRIATIVA, COM FUNNa Horizon, estou cerÇÕES NO CBS ALTITUcado por mentes inteDE GROUP E SENDO ressantes e inventivas. AINDA FUNDADOR DA Os corredores estão EMPRESA NOVA-IORcheios de conversas sobre algo novo que QUINA DE CRIAÇÃO DE CONTEÚDOS, eu nunca tinha ouvido antes. É um lugar MISTERFACE. VOCÊ TAMBÉM JÁ TRAperfeito para uma agência de áudio que se BALHOU COMO ATOR, NARRADOR TAesforça para crescer e inventar. Um novo LENTOSO, ESCRITOR E PRODUTOR PARA jeito de pensar é parte da cultura que Bill HBO, NBC E ESPN. O QUE FAZ - OU MANtem alimentado por lá. Então a Horizon é TÉM - O RÁDIO TÃO LEGAL E CRIATIVO o lugar perfeito para nós. PARA VOCÊ AGORA? Eu tenho pensado muito sobre isso. Não #COMO CONSULTOR, QUAIS OS TIPOS importa realmente qual é o meio, o objeDE TRABALHO QUE VOCÊ DESENVOLtivo é sempre o mesmo: tentar ver as coiVERÁ PARA A IHEARTMEDIA? sas de um jeito novo. Nunca “envie isso por Estamos entusiasmados com esta parceemail”. Conecte-se com as pessoas. Tente ria com a iHeart. A CMO Gayle Troberman fazê-las rir. Ou chorar. Divirta-se, e coma compartilha da mesma visão que Bill e eu pizza de vez em quando! : : temos sobre fazer do áudio tão grande quanto ele pode ser. Vamos trabalhar com eles de diversas formas bem legais. Desde
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A MAIOR REDE DE RÁDIOS DO PARANÁ!
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convergência
VAMOS FAZER AS PAZES
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JAQUELINE CARRARA
Rádio, TV e internet já tiveram conflitos históricos em busca da audiência. Mas um novo cenário tem colocado a relação entre os meios quase em uma lua-de-mel. Com a convergência de mídias, cada um tem revisitado suas próprias identidades e buscado, no outro, novas possibilidades para se reinventar.
Inovadora! Revolucionária! As pessoas em contato, apesar das grandes distâncias. Novo espaço para educação, informação e cultura. Democratização e inclusão social. Maravilha tecnológica! Lendo apenas essas impressões, você saberia dizer sobre qual meio de comunicação estamos falando? Quase tudo que já se disse sobre a internet foi também ouvido na empolgação de quem viu o nascer do rádio e, mais tarde, da televisão.
A partir de uma espécie de choque de realidade - com desdobramentos não só do ponto de vista tecnológico, mas também empresarial, profissional e dos conteúdos - os meios partiram para uma redescoberta de suas identidades. De acordo com o pesquisador e professor na Universidad Complutense de Madrid, Mariano Cebrián Herreros, nesse novo cenário, as tradicionais mídias não devem ter medo de sumir, devoradas pelos avanços tecnológicos; há que se pensar em transformação.
Apesar de tantas similaridades nas expectativas e nos próprios objetivos dos meios, até pouco tempo atrás grandes muros separavam as mídias e acirravam as disputas por audiência. Com o avanço da tecnologia e os novos comportamentos humanos, quem chega como a grande conciliadora da história é a tão falada convergência de mídias.
“O importante não é o desaparecimento de determinados suportes, e sim, a continuidade do que cada um traz como seu. Muda a tecnologia, se renova a sociedade, se modificam os gostos, mas prevalece a comunicação mediada pela inovação tecnológica entre os membros de uma sociedade”, explica o professor em artigo publicado na Revista Rádio Leituras. 69
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Que lindo seu formato... Me empresta? Em tempos de ouvinte que assiste, telespectador que lê, leitor que escuta e internauta que assiste, lê, escuta, joga, conversa e – pasme – estuda, cada vez mais os meios procuram novas formas de estar perto desse público.
Exemplo é a relação entre o rádio e a TV. Além de terem feito as pazes, novamente buscam um no outro alternativas para atração da audiência. De acordo com o pesquisador e professor Fernando Morgado, especializado em estudos voltados às mídias, “apesar de todas essas mudanças recentes, a influência do rádio na televisão não é nova; muito pelo contrário. Praticamente todos os gêneros de programas executados pela TV tiveram origem no rádio: dos noticiários aos programas de auditório, passando pelas novelas e debates esportivos”, ressalta. “O avanço do on-demand forçou mudanças profundas nas programações de TV, que, para manterem-se relevantes, tiveram que ampliar o tempo ao vivo, com altas doses de prestação de serviço, jornalismo, linguagem informal e sotaque local. Ou seja: a televisão tem corrido atrás dos atributos que o rádio já cultiva há décadas”, afirma o pesquisador.
Com esse novo “usuário” da comunicação – e o fim das fronteiras entre as mídias – um comportamento já bem antigo dos meios vem sendo recolocado em prática: um emprestaempresta de formatos.
Segundo Morgado, o período da manhã é o principal espaço onde ocorrem essas transformações [pesquisa encomendada pela Aerp ao Ibope ano passado, já mostrou que, pela manhã, a audiência do rádio supera a da TV, chegando a uma
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diferença de mais de 20% em horário de pico]. De fato, o que antes era reservado a desenhos animados, agora é voltado para os trabalhadores que acordam cedo e às donas de casa. “Nunca existiram tantos programas de entrevistas, debates e reportagens nessa faixa horária. Tratase de um fenômeno irreversível e já presente em várias partes do mundo, vide a longevidade e a audiência dos morning shows nos Estados
Unidos, na Europa e na América Latina”, acrescenta. Pelas análises do pesquisador, atualmente a TV Globo apresenta dez horas contínuas ao vivo, de segunda a sexta-feira. De acordo com ele, a última vez que isso aconteceu foi em 1976, quando Silvio Santos ainda apresentava sua famosa maratona dominical. Já a TV Record tem cerca de 14h diárias de telejornais e infotainment ao vivo.
Arrume as malas... Vamos visitar a TV “O ‘Hora Um’ é um bom exemplo desse processo”, explica Fernando Morgado. Há anos que a TV Globo não lançava um novo telejornal diário e isso se deu justamente às 5h da manhã, quando o público que queria a informação ao vivo só podia contar com o rádio. “No Hora Um, o conteúdo é organizado em módulos, como um ‘relógio’, repetindo as manchetes periodicamente, visando chamar a atenção de uma audiência rotativa. É exatamente como as rádios sempre fizeram”, afirma.
mais conversados e descontraídos já produzidos pela Globo – o Hora Um chegou a alcançar desempenho 12 vezes maior que três de seus maiores concorrentes. “Apesar de ter como principal objetivo informar as pessoas que acordam cedo, o Hora Um serve de lição para os concorrentes do ramo nos distintos horários. Agilidade, informalidade, inovação e utilidade, nas medidas certas, são marcas da atração global”, já publicou um dos colunistas especializados em TV, Danyllo Junior (seção Ligado na TV, Portal iG).
Partindo do princípio de um telejornal informal – talvez um dos
Quase como uma terapia de casal, ao se dedicar um pouco mais 71
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de atenção às recentes relações entre TV e rádio, outros exemplos podem ser lembrados.
– contou sobre o desafio de transpor o formato para a televisão. “Sempre trabalhamos com dificuldades. ‘Ah, eles são de rádio, daqui a pouco vai cansar’, ‘programa de humor não vende’... Mas a gente gosta do que faz, é um time que trabalha muito. É feito com prazer, alegria e é fundamental para as coisas darem certo”.
O programa humorístico Pânico é um desses casos, com o diferencial de que o pulo do rádio para a TV não significou a substituição de um produto pelo outro. Produzido pela Rádio Jovem Pan desde 1993, o Pânico começou quase por brincadeira. Segundo o site do programa, Emílio Surita e Bola atendiam aos ouvintes de forma irreverente e, “sem querer”, o estilo acabou virando formato. Em 2002, mais uma tendência lançada ao começarem a transmitir o programa de rádio em um estúdio multimídia, permitindo que os internautas assistissem à atração. No ano seguinte, o Pânico no Rádio ganhava a versão Pânico na TV, primeiramente transmitido pela Rede TV! e hoje pela Band. Nas telinhas há quase 13 anos, o apresentador e líder da trupe de humoristas, Emílio Surita, – em uma das poucas entrevistas concedidas (esta, em julho do ano passado ao Portal NaTelinha) 72
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Junto e misturado Para Morgado, ao mesmo temvadir o terreno dos demais meios, sepo que o rádio tem influenciado a TV, não de obter o máximo proveito das revelando talentos e renovando a sua possibilidades multimidiáticas que se linguagem, a TV tampode incorporar. Há bém tem influenciado pessimistas que dão o rádio. Vários propor mortos os meios gramas são transmide comunicação [tratidos simultaneamendicionais], mas se este pelas duas mídias. quecem de acrescenNÃO SE TRATA “Além disso, muitas tar massivos os outros DE INVADIR O das principais rádios elementos que lhes têm investido na propermitem transformar TERRENO DOS dução de vídeo, seja e sobreviver.” : : ao vivo, seja gravado, DEMAIS MEIOS, ampliando a experiência dos ouvinSENÃO DE OBTER tes. Todos esses movimentos sinalizam O MÁXIMO uma mesma tendência: estão caindo os PROVEITO DAS muros que separavam as mídias”, analisa. POSSIBILIDADES
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O professor espanhol Mariano Herreros compreende [Mariano Herreros] o cenário da mesma maneira e vê que essas transformações são importantes ferramentas para a evolução. Assim, ele atesta o quanto o relacionamento entre as mídias está de volta aos trilhos: “Não se trata de in-
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insight
tecnologia COMPUTADOR HOLOGRÁFICO PORTÁTIL A Microsoft desenvolveu um computador holográfico portátil, chamado de HoloLens, que gera uma imagem multidimensional visível para que o usuário possa perceber objetos holográficas no mundo físico. Os objetos holográficos observados com HoloLens podem ser posicionados em qualquer local que você escolher, se mover de acordo com suas próprias regras,
ELIAS AUGUSTINHO Engenheiro de Telecomunicações da AERP e do SERT-PR
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ou permanecer em um local específico, independentemente de onde você está ou em que direção que está olhando.
podem parecer com objetos reais, e podem mover-se, ser moldados, e mudar de acordo com a interação com os usuários ou com o ambiente físico em que eles são vistos.
Um holograma é um objeto como qualquer outro no mundo Essa tecnologia poderá revoreal, com apenas uma diferença: em lucionar o ensino, por exemplo, na vez de ser feito de matéria física, um área de medicina. As aulas podeholograma é feirão ser ministradas to inteiramente de com conteúdo virluz. Objetos holotual interativo, com gráficos podem ser demonstração da vistos de diferentes composição de cada A REALIDADE ângulos e distânórgão. Os jogos serão cias, assim como muito mais reais, MISTA PERMITE objetos físicos, mas com os aconteciQUE OS eles não oferecem mentos interagindo qualquer resistência com seu ambiente, HOLOGRAMAS física quando tocapermitindo uma exdos ou empurrados, periência de imersão POSSAM SER porque eles não têm em cada universo qualquer massa. de jogo. O ambiente VISTOS COMO Hologramas podem criado é numa rePARTE DO ser bidimensionais, alidade mista, que como um pedaço de combina conteúdo MUNDO REAL papel ou uma tela de holográfico 3D em TV, ou eles podem seu mundo físico, ser tridimensionais, dando a seus holoassim como outros gramas contexto do objetos físicos em mundo real em esseu mundo real. Os hologramas que cala, o que te permite interagir tanto você verá com o Microsoft HoloLens com o conteúdo digital como com o
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mundo ao seu redor. O HoloLens utiliza a realidade virtual e a realidade aumentada para criar uma nova realidade: a realidade mista. Na realidade virtual você mergulha em um mundo simulado. A realidade aumentada sobrepõe informação digital em cima de seu mundo real. Ao compreender o seu ambiente, a realidade mista permite que os hologramas possam ser vistos como parte do mundo real.
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terra possa ver o que um membro da tripulação vê, fornecer orientação em tempo real, e desenhar anotações no ambiente do participante da tripulação para treiná-lo em uma tarefa. Até agora, os membros da tripulação da estação espacial têm contado com instruções de voz ou escritas, para executar tarefas complexas do reparo ou experimentos. A expectativa é de que essa tecnologia inovadora realmente possa ser revolucionária no campo da criatividade, dos jogos eletrônicos, da interatividade e, principalmente, na disseminação do conhecimento. : :
Essa tecnologia poderá ser utilizada no espaço para possibilitar uma interação direta, através do Skype, para conceder que um operador em
[ Material obtido no site da Microsoft Hololens. ] 78