Revista expoagro afubra 2015

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Índice 4

PALAVRA DO PRESIDENTE

60 anos da Afubra

CONSERVAÇÃO

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AVICULTURA

Fórum de Diversificação aborda tem durante a feira

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COMPROMETIMENTO

Cartilha orienta sobre área florestal da propriedade

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PRÊMIO

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Visitante poderá apreciar faisões, marrecos, gansos e galinhas Foto: Divulgação/Afubra

Foto: Maurício Dranka

VALORIZAÇÃO

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COP 6

Palestra abordará tema solo durante a feira

Foto: Divulgação/Afubra

Foto: Cristina Severgnini

PALAVRA DO COORDENADOR

15 anos de feira

Novidade no Prêmio Afubra/Nimeq

Dia do Produtor de Tabaco comemorado em SC

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VIVEIRO DE MUDAS

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Materiais genéticos de qualidade Foto: : Luciana Jost Radtke/Afubra

Foto: Cristina Severgnini

EDUCAÇÃO

Trabalhos de alunos estarão no Espaço Cultural

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RAÇA HOLANDESA

Torneio leiteiro será atração

FUMICULTURA

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O crescimento do tabaco orgânico

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Pesquisas para aumento da capacidade leiteira

Foto: Arquivo/Afubra

Propriedades rurais devem se adequar

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DIVERSIFICAÇÃO

Tabaco e ovos galados são produzidos em Rio Negro

GADO JERSEY

Foto: Cristina Severgnini

CAR AMBIENTAL

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ARROZ

Tradicional Dia do Arroz deve reunir grande público

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MAIS ÁGUA, MAIS RENDA

Programa atende fumicultores

OVINOS

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Evolução com a profissionalização dos criadores

Expediente Revista Expoagro Afubra 2015 Publicação da Associação dos Fumicultores do Brasil – Afubra Rua Júlio de Castilhos, 1031 96810-156 – Santa Cruz do Sul – RS Telefone: 51 3713-7700 – Fax: 51 3713-7715 Website: www.afubra.com.br E-mail: expoagro@afubra.com.br Expoagro Afubra BR 471 – Km 161 – Rincão Del Rey – Rio Pardo – RS

Coordenação Geral: Eng. Agr. Marco Antonio Dornelles Coordenação Editorial: Luciana Jost Radtke / Márcio Almeida Coordenação Gráfica: Cristian Bischoff Coordenação Publicitária: Sílvio Clóvis Genehr Textos: Cristina Severgnini (MTb/RS 9231) e Luciana Jost Radtke (MTb/RS 13.507) Diagramação: Cristiano Henrique Schindler Colaboração: Josiane Aline Goetze Impressão: Gráfica Pallotti Tiragem: 40 mil exemplares Distribuição gratuita


Palavra do Coordenador

Foto: Arquivo/Afubra

60 anos de Afubra 15 anos de Expoagro Afubra A 15ª edição da Expoagro Afubra foi organizada junto com os 60 anos da Afubra. A relação da feira, desde a sua primeira edição, atende ao estatuto da entidade, que é promover a diversificação aos Associados. E a feira vem cumprindo com a sua missão. No Espaço Cultural os visitantes poderão conferir um pouco da história da Afubra, assim como suas atividades. Nesta edição, como inovação, teremos a criação da categoria empresa, além da categoria inventor, no Prêmio Afubra/Nimeq, lançado na última edição, que mostra a necessidade e valoriza os inventos em máquinas e equipamentos para agricultura familiar. Também a Exposição de Aves, com a presença da Associação Brasileira de Aves que vai realizar o julgamento destas aves. Destaque também para a Embrapa e a Emater que, nesta edição, estabeleceram uma parceria da pesquisa com a extensão rural potencializando inúmeras tecnologias e produtos em exposição e lançamentos. O ano de 2015 foi escolhido pela FAO como Ano Internacional do Solo e será debatido na Reunião do Comitê de Bacia do Vale do Rio Pardo com a palestra do Dr. Ricardo Dalmolin, da UFSM. Também os momentos do Fórum, Seminários, painéis e debates sobre os temas ligados à proposta de diversificação. Estas são algumas das atrações, com as demais instituições e empresas expositoras, que integram uma grande programação a ser desenvolvida nos três dias de feira. Lembrar também que a exposição de animais e de hortaliças, lavouras demonstrativas, exposição e a dinâmica de máquinas, o Dia do Arroz, a exposição e venda das agroindústrias familiares, todos setores de grande destaque, continuam permanentes na feira Registro o agradecimento as instituições e empresas que, além de expositoras, organizam excursões de agricultores, como a Emater, as Prefeituras, os Sindicatos de Trabalhadores Rurais e Sindicatos Rurais, ao IRGA, Cooperativas e filiais da Agro-Comercial Afubra. Agradecer também aos agricultores que completam a exposição e que, anualmente, participam de um dia diferente de trabalho, mas preparado para atender as necessidades de suas propriedades. Para finalizar, agradeço a todos expositores e patrocinadores que investem em cada edição e apostam, junto com a Afubra, nesta proposta de diversificação.

Engenheiro agrônomo Marco Antonio Dornelles, coordenador da Expoagro Afubra

SERVIÇO/EXPOAGRO AFUBRA 2015 Quando: 24, 25 e 26 de março de 2015 Onde: Parque da Expoagro Afubra – BR 471, km 161, Rincão del Rey, Rio Pardo/RS Horário: 8 às 18 horas, com entrada franca Ônibus grátis: de hora em hora, a partir das 8h, fazendo o trajeto de ida e volta, da matriz da Afubra (Rua Júlio de Castilhos, 1031, Santa Cruz do Sul) até o Parque da Expoagro Afubra. De Rio Pardo, um horário na parte da manhã, com saída em frente ao escritório da Emater. Expositores: mais de 400, entre empresas, instituições e entidades. Alimentação: três restaurantes com buffet e quatro lancherias Estacionamento interno: 6 mil veículos Informações: Site: www.afubra.com.br / E-mail: expoagro@afubra.com.br Atrações: Dinâmica de Máquinas, Dia do Arroz, Piscicultura, Animais (ovinos, gado de corte e de leite, aves), Seminário de Turismo Rural, Fórum de Diversificação, palestras técnicas, avicultura colonial, Usina de Biodiesel, Microdestilaria de Álcool, Quintais Orgânicos, Agroindústrias, Espaço Cultural, Hortaliças, Área Florestal, entre outras.

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Palavra do Presidente

Congregar, para defesas de interesses comuns

Afubra completa 60 anos na defesa do fumicultor Foto: Arquivo/Afubra

Ao abrirmos a 15ª Expoagro Afubra, no dia 24 de março de 2015, a entidade que a idealizou já terá completado 60 anos de atividades. Foi em 21 de março de 1955, em Santa Cruz do Sul, com a presença de mais de 1.500 produtores, que nasceu a Associação dos Plantadores de Fumo em Fôlha do Rio Grande do Sul. Posteriormente, em 1963, passou a atuar nos três Estados do Sul, sendo então denominada Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Os fundadores, ao criar o estatuto da entidade, destacaram o fim a que veio a Afubra, cujos objetivos gostaria de compartilhar com todos que nos conhecem e acompanham nossa história: “I - congregar, para defesa de interesses comuns, as pessoas que exerçam atividade de plantação e cultivo de fumo em folha no Estado do Rio Grande do Sul; II - ser o órgão representativo da classe associada perante os poderes públicos, entidades congêneres, indústria do fumo e o público em geral; III - promover a melhoria da situação econômica e social da classe associada; IV- organizar e manter: a) Um departamento de produção para o fim de: 1º - obter o financiamento da produção de parte dos poderes públicos ou das indústrias interessadas na compra do produto; 2º - obter o fornecimento de adubos, inseticidas, fungicidas, maquinários e instrumentos agrícolas a preços considerados satisfatórios pela Associação; 3º - esclarecer e influenciar os associados no sentido de ser evitada, no máximo, a monocultura; 4º - obter a concretização do seguro agrário”. Gostaria de fazer referência, inicialmente, ao item terceiro, através do qual já estava evidenciada a preocupação com a diversificação de culturas. Esse ideal foi abraçado e levado adiante por todas as diretorias que sucederam à fundadora. Atualmente, em todos os estabelecimentos, temos engenheiros agrônomos/florestais e/ou técnicos agrícolas prestando orientação aos produtores rurais, não para o cultivo do tabaco, mas, sim, para a produção de outras culturas. Considero a Expoagro Afubra uma escola a céu aberto, voltada à agricultura familiar, a produzir culturas diversificadas, oportunizando, ao visitante, conhecer novas técnicas, culturas, máquinas e equipamentos, com vistas a levar para casa conhecimentos e aptidões para promover a sustentabilidade de sua propriedade. Ademais, realizamos atividades contínuas nas áreas socioambiental e educacional, desenvolvidas em benefício da comunidade em geral, como o projeto Verde é Vida, o Crescer Legal, o recolhimento de

Werner: Afubra já evidenciava a diversificação de culturas há 60 anos embalagens vazias de agrotóxicos, o recolhimento de óleo saturado para produção de biodiesel, a gestão do programa de agroindústrias familiares (APL), entre outras. Para o desenvolvimento dessas atividades, contamos com a parceria de entidades coirmãs e com o apoio de governos municipais, estaduais e federal. Outro item para o qual chamo atenção é o quarto. Como nenhuma seguradora quis assumir o seguro das lavouras de tabaco, por entender ser ele de altíssimo risco, em 5 de novembro de 1956 foi criado, pela Afubra, um sistema de auxílio, conhecido hoje por sistema mutualista. Em números, entre auxílios por danos em lavouras, auxílios por queima de estufas e auxílios funerais, foi paga aos associados ou a seus dependentes, nas três últimas safras, a expressiva cifra de R$ 320.229.592,14. Por fim, gostaria de, aos 60 anos de atividades da Afubra, homenagear as diretorias, os conselhos Deliberativo e Fiscal, os colaboradores e a todos os associados que deram sua parcela de contribuição para fazer desta entidade o que ela é hoje, na esperança de que, os que ainda virão e levarão adiante o nome da Afubra, levem consigo o ideal daqueles que por ela passaram e lutaram.

Benício Albano Werner,

Presidente da Afubra

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Duas novas soluções para o manejo de pragas.

Para o combate da

Helicoverpa

Indicado por todos os especialistas no manejo integrado da Helicoverpa spp e Heliothis spp Exclusivo mecanismo de ação que muda o comportamento da lagarta Maior efeito residual aliado a total seletividade para os inimigos naturais

Imbatível no controle dos percevejos da soja e arroz irrigado. Rápido efeito de choque e maior período de controle Pode ser aplicado em qualquer fase da cultura tanto via terrestre quanto aérea Excelente controle nas principais espécies de percevejo

Para mais informações contate o ATV IHARA de sua região.


Análise

Foto: Luciana Jost Radtke/Afubra

No dia 3 de dezembro de 2014 entrou em vigor no Brasil, o Decreto 8.262, que complementa a Lei 12.546, de 2011. Mais conhecida como a Lei Antifumo, aperta o cerco aos fumantes. Mas, sob a análise de Romeu Schneider, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco e secretário da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), os produtores, a área da saúde e a economia também serão afetados. Schneider destaca que a nova lei fere inclusive o que está na Constituição do Brasil, que prevê a liberdade das pessoas. “Daqui a pouco não poderemos fumar mais nem em nossa própria casa. Isto é um abuso”, diz, referindo-se ao fato da proibição dos fumódromos. “Lá, os fumantes podiam fumar sem atrapalhar ninguém”. O presidente da Câmara Setorial lembra também que o comércio ilegal de cigarros já vem aumentando há anos, sem que nenhuma ação de efeito concreto seja tomada para coibir a prática. “São cargas e cargas de cigarros que entram no país e se espalham por todos os Estados”, diz Schneider. Ele credita este aumento do contrabando à elevação dos preços dos cigarros legais e aos impostos a eles atribuídos. “Quem quer fumar vai continuar fumando. O que vai mudar é que irá procurar cigarros mais baratos, que são os contrabandeados”. E neste ponto entra a preocupação do dirigente com outro segmento, o da saúde, pois serão consumidos os cigarros ilegais, sem procedência. “A fabricação de cigarros no Brasil é toda fiscalizada. Já o cigarro que vem de contrabando não tem controle fitossanitário algum. Não se sabe o que contém. E com isso, os nossos governantes parecem que não estão preocupados”, diz Schneider. Os fumicultores também estão na lista de preocupações de Schneider. “Cada vez mais se fecha o cerco ao tabaco – não somente ao cigarro – e isto nos angustia. Se não temos mercado, não temos motivo para produzir. Se não produzirmos tabaco, do que nossos fumicultores e suas famílias irão viver?”. Sobre os trabalhos de diversificação que estão sendo promovidos via Ministérios e Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq), o presidente da Câmara Setorial destaca que é necessário um trabalho mais direto e amplo, com resultados efetivos e que levem em consideração a opinião de quem produz. “Estão jogando com as vidas dos fumicultores. Decidem por eles, sem ao menos os escutá-los”, finaliza Romeu, com a esperança que, em 2015, após as decisões da COP6, as legítimas entidades representativas dos fumicultores sejam convidadas a participar das decisões.

Romeu Schneider: “nova lei acaba com a liberdade que está na Constituição”

SAIBA MAIS: É proibido fumar em locais de uso coletivo (públicos ou privados) que não sejam completamente ao ar livre; Todos os fumódromos devem ser extintos, mesmo que não sejam completamente fechados; É proibido ter áreas para fumantes em bares e restaurantes; É proibido qualquer tipo de propaganda comercial de cigarros, mesmo cartazes nos pontos de vendas. É possível exibir os produtos, desde que acompanhados de mensagens sobre os males que causa o cigarro. Os fabricantes terão que colocar avisos sobre os danos em 100% da parte de trás da carteira de cigarros e em uma de suas laterais; A lei vale para cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos e narguilés.

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Solo

Ano para refletir sobre os cuidados com o solo

Expoagro Afubra 2015 terá atividades direcionadas à preservação dos solos e água

Como contribuição, a Expoagro Afubra 2015 direciona parte da sua programação à divulgação de atividades de preservação do solo. Um dos destaques será a palestra com o professor Ricardo Simão Diniz Dalmolin, doutor em Ciência do Solo e chefe do Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que participará da feira como palestrante da reunião do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo (Comitê Pardo). No dia 24 de março, às 13h30, ele falará sobre “Perfil, características e planejamento do uso do solo da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo”. Confira a entrevista com o professor-doutor Ricardo Dalmolin:

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Revista Expoagro: Na produção agrícola, quais os principais cuidados para a manutenção dos solos? Ricardo Dalmolin: O solo é um recurso natural muito precioso e dele depende a vida na terra. O solo armazena e disponibiliza água às plantas, fornece nutrientes, faz a ciclagem dos elementos, atua como filtro além de ser um reator de transformação sendo um filtro com ação química, física e biológica. Em condições naturais, as plantas se adaptam aos solos e também ao clima. Em condições de cultivo agrícola, quando queremos a presença de apenas uma espécie, devemos adotar práticas específicas para tal, preparando o solo para receber a cultura propiciando um ambiente favorável para o desenvolvimento das plantas. Nesse processo é vital as práticas de conservação do solo como plantio em nível, circulação mínima de máquinas e em condições de umidade adequada para evitar compactação, construção de terraços, manutenção de cobertura verde ou palha na superfície do solo além de melhorar as condições químicas do solo através de correções químicas como calagem e fornecimento de nutrientes conforme a necessidade da cultura (adubos químicos ou orgânicos). Revista Expoagro: Em que situações são recomendadas técnicas como plantio direto e adubação verde? Ricardo Dalmolin: O plantio direto é na verdade denominado semeadura direta porque se faz a semeadura sem revolvi-

Foto: Divulgação/Afubra

O solo é um recurso natural dos ecossistemas e ciclos naturais e um suporte essencial do sistema agrícola, portanto fundamental à vida no planeta. Como na natureza todos os processos são interdependentes, a degradação do solo está relacionada com outros problemas ligados aos recursos hídricos, biodiversidade e redução da qualidade de vida da população. Dada a sua importância, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) definiu o ano de 2015 como Ano Internacional dos Solos (International Year of Soils) e demarcou o dia 5 de dezembro como Dia Mundial do Solo (World Soil Day). A ação esperada é a adoção de ações em todo o mundo para promoção do uso sustentável do solo.

Dalmolin: no cultivo agrícola, é preciso adotar práticas específicas mento do solo (sem lavragem e discagem prévia) seja na palhada de lavoura anterior ou mesmo sob campo nativo. Em condições de clima com chuvas intensas em um curto período de tempo, além da questão da declividade o sistema de semeadura direta tem vantagem, pois não deixa o solo exposto, sujeito a processos erosivos. Assim, para culturas anuais como milho, soja e trigo entre outras, se realizado corretamente e dentro do conceito de sistema a semeadura direta é recomendável sendo um forte aliado na proteção do solo contra processos erosivos. Lembrando que o sistema de plantio direto envolve outras práticas além da semeadura, que


vão desde o plantio em nível, adubação verde, presença de terraços quando necessário, etc. As espécies para adubação verde, também denominadas de plantas de cobertura de solo, contribuem para manter o solo protegido da ação erosiva das chuvas, além de reciclar nutrientes no sistema. Por isso, a preferência deve ser dada para o uso de leguminosas como plantas de cobertura, já que elas possuem a capacidade de se associarem simbioticamente com bactérias fixadoras do N2 da atmosfera, melhorando o balanço de N (Nitrogênio) no solo. Diversos trabalhos de pesquisa evidenciam que o uso de leguminosas como plantas de cobertura de inverno, antecedendo a cultura do milho, resulta em uma economia significativa de N-ureia no milho, com vantagens econômicas e ambientais. Revista Expoagro: Por que a rotação de culturas é indicada? Ricardo Dalmolin: A rotação de culturas é necessária e tem várias vantagens. É comum, por exemplo, haver a rotação com gramíneas e leguminosas. As legumi-

nosas têm a capacidade de fixar o Nitrogênio da atmosfera, conforme visto anteriormente. Esse nitrogênio fica disponível para as culturas que vêm em sucessão. Existem várias espécies que podem ser usadas na rotação de culturas e é claro que deve ser observado o interesse do agricultor e o valor comercial das espécies para garantia de renda, levando em consideração todas as vantagens que esse sistema propicia nas condições químicas, físicas e biológicas do solo. Um aspecto a destacar é que num sistema adequado de rotação de culturas o uso de espécies de plantas com diferentes sistemas radiculares exploram camadas diferentes do solo, melhorando a agregação e a ciclagem de nutrientes no sistema. Revista Expoagro: Adubos químicos prejudicam o solo? Ricardo Dalmolin: Em geral, a maior parte de nossos solos apresenta deficiências de nutrientes e por isso deve ser realizada a análise de solo para saber qual ou quais nutrientes estão em deficiência para que se possa fazer a correção e propiciar condições favoráveis ao desenvolvimento das

plantas. É aí que entram os adubos que podem ser industrializados (conhecidos popularmente como adubos químicos) ou orgânicos (resíduos ou estercos, por exemplo). Acontece que para grandes áreas de cultivo, a quantidade de adubo orgânico deve ser muito grande para suprir a exigência nutricional das plantas, sendo nesse caso mais viável a utilização de adubo industrializado que apresentam nutrientes mais concentrados. Se a área plantada for pequena e houver disponibilidade de adubos orgânicos de boa qualidade, a aplicação de adubos químicos pode ser reduzida ou mesmo não ser necessária. Assim, os adubos químicos industrializados, fabricados dentro das condições estabelecidas pela legislação brasileira, têm a função de suprir as necessidades das plantas e, se aplicados de acordo com os critérios técnicos, não causam prejuízos ao solo. Revista Expoagro: Quais os adubos orgânicos mais eficazes? Ricardo Dalmolin: Os adubos orgânicos mais eficazes são aqueles que apresentam


uma maior concentração de nutrientes. Além disso, o melhor é aquele produzido na propriedade (estercos, compostos, etc) porque o custo é baixo ou mesmo não há custos aproveitando tudo que é produzido na propriedade, diminuindo a dependência de insumos externos. Mas, nem sempre isso é possível ou a quantidade de adubo orgânico produzido na propriedade não é suficiente e nesse caso deve-se buscar insumos externos, sejam orgânicos ou minerais, claro que dependendo do interesse e objetivo do agricultor levando em consideração cuidados com o ambiente e investimento financeiro. Tomando como exemplo os dejetos líquidos de suínos, cada tonelada desse material orgânico apresenta, em média, 3,5 quilos de N total, dos quais aproximadamente 60 %, já se encontram na forma de N inorgânico e, portanto, prontamente disponível para ser absorvido pelas culturas. Além do fornecimento de macro e micronutrientes, todos os tipos de adubos orgânicos, com destaque para os dejetos líquidos de suínos e de bovinos, a cama de aviário e o composto, constituem também importantes fontes de carbono (matéria orgânica) para o solo, melhorando a sua qualidade. Revista Expoagro: Quais as técnicas de manejo agrícola que são mais prejudiciais? Ricardo Dalmolin: Toda técnica de manejo que não se mostrar sustentável passa a ser prejudicial. Entende-se por sustentabilidade o sistema de produção agrícola que ao longo do tempo garanta produtividade sem que sua capacidade de se renovar ou de ser renovado seja comprometida. Assim, podemos dizer que práticas que deixam o solo exposto podem facilitar a ação da erosão sendo altamente prejudicial, ou mesmo o tráfego intensivo de máquinas, ou o pastejo sem controle, entre outras. O solo agrícola, por ser meio de crescimento das raízes das plantas necessita estar em equilíbrio para permitir um correto suprimento de nutrientes, água e ar e toda prática que venha a alterar esse equilíbrio passa a ser prejudicial.

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Revista Expoagro: O que pode levar um solo a ficar infértil? Ricardo Dalmolin: O solo deve dar suporte ao desenvolvimento das plantas. Quando submetido ao uso intensivo e sem cuidados básicos, o solo pode perder a capacidade de armazenar água e ar ou mesmo ter suas camadas superficiais removidas pela erosão com perda da matéria orgânica e perda de nutrientes. Nesse caso há intensa degradação diminuindo a produtividade além de afetar todo agroecossistema. Enfim, práticas inadequadas podem levar um solo a ficar infértil. Aração e gradagens que levam a pulverização do solo facilitam o processo de erosão; o tráfego intensivo de máquinas leva a compactação do solo diminuindo a capacidade do mesmo de infiltrar e armazenar água; remoção de terraços facilita os processos erosivos; não reposição dos nutrientes que são extraídos pelas plantas, ou a aplicação de adubos em excesso, entre outros são práticas que levam a degradação do solo diminuindo sua capacidade de suporte e desenvolvimento das culturas. Revista Expoagro: É verdade que o plantio de árvores exóticas prejudica a fertilidade do solo? Ricardo Dalmolin: Quando se fala em plantio de árvores exóticas, falamos, principalmente, de eucalipto e pinus que são as duas espécies exóticas com maior área plantada. Em relação a essas culturas há muitos Fatos e há também muitos Mitos. Em relação ao eucalipto, pergunto: qual propriedade (seja pequena ou grande) não tem uma plantação de eucalipto? Essas árvores são importantes na propriedade, pois sua madeira é utilizada tanto na produção de tábuas (para casas, estábulos, pontilhões, porteiras, palanques, etc) como para cozinhar alimentos (fogão a lenha) e na secagem de folhas (estufa de fumo) ou grãos. Até aí, nenhuma discussão sobre o plantio de eucalipto. As discussões ficam mais acaloradas com as grandes plantações e aí sim vejo determinados problemas. Primeiro porque uma grande

extensão cultivada com uma única espécie é monocultura resultando em uma modificação da paisagem e do ambiente, diminuindo a diversidade da fauna principalmente devido à restrição alimentar (as folhas do eucalipto apresentam elevada concentração de tanino). Em relação ao solo, existem sim algumas restrições, principalmente em relação ao tráfego intensivo de máquinas (na colheita) que causam compactação excessiva, assim como, a utilização posterior da área para outra cultura (anual), pois as raízes ficarão ainda por muito tempo (se não forem arrancadas) até serem decompostas pelos micro-organismos. Há ainda o consumo de água e nutrientes, pois uma cultura com esse porte necessita de grandes quantidades tanto de água como nutrientes. Entretanto, práticas de manejo adequadas e diversidade na produção podem contornar parte desses problemas. Revista Expoagro: A qualidade das águas depende dos cuidados com o solo? Quais os cuidados necessários para manter os rios e lagos? Ricardo Dalmolin: Sim, a qualidade das águas tanto superficiais como subsuperficiais depende do cuidado com o solo. Como relatado anteriormente, práticas que levam ao favorecimento da erosão afetam a qualidade da água (rios, riachos, lagos...), pois ao arrastar as partículas do solo de uma lavoura, são levados junto a matéria orgânica, parte do calcário e parte dos adubos além de resíduos de herbicidas e outros biocidas. Tudo isso vai parar nas águas afetando a sua qualidade tornando-a muitas vezes imprópria para o consumo humano. O solo tem a função de regular os fluxos de água superficiais e subterrâneos. Os solos bem manejados reduzem o escoamento superficial favorecendo a infiltração (o solo também funciona como um filtro), o que manterá os níveis de base dos rios mais altos por mais tempo e com boa qualidade. Manter a qualidade do solo (com práticas conservacionistas adequadas) é vital para manter a qualidade da água.


Programa Microbacias Hidrográficas: para proteger a água e o solo Ação visa implantação de práticas para minimizar os impactos ambientais nas propriedades rurais Foto: Cristina Severgnini

Estação de monitoramento meteorológica: coleta de dados de chuva e demais condições atmosféricas


O que é: Soluto - Substância química que pode ser dissolvida ou particulada, que é transferida pelo movimento da água e dos sedimentos. Exemplo: nitrato, fosfato, pesticidas.

Biomassa - Quantidade total de matéria viva existente em um ecossistema especialmente vegetal que pode ser adicionada no solo que comporá a matéria orgânica do solo.

Há 12 anos em Arvorezinha A primeira comunidade a ter o Programa Microbacias Hidrográficas implantado foi Cândido Brum, em Arvorezinha/RS, onde fica a Bacia Hidrográfica do Arroio Lajeado Ferreira, um afluente do Rio Guaporé. Desde 2001, a presença da equipe das universidades (UFSM e UFRGS) é constante e a convivência dos estudantes com as 16 famílias integradas às ações é de amizade de longa data. A universidade possui estações de monitoramento, com pluviômetros, pluviógrafos, estação meteorológica, turbidímetro, linígrafo, amostradores de sedimentos e muitos outros equipamentos espalhados na bacia para monitorar o clima, os escoamentos, a produção de sedimentos e a qualidade da água. Além disso, periodicamente são coletadas amostras de solo e água das propriedades dos agricultores, feitas análises e difundidas as técnicas adequadas para o manejo do solo e preservação da água. Segundo a engenheira agrônoma e doutoranda da UFSM, Claudia Barros, o extenso banco de dados já obtido em 12 anos de estudos são usados em diferentes abordagens científicas e aplicadas. Um dos bolsistas do projeto, Rafael Ramon, tem calendário fixo quinzenal para ir até Cândido Brum coletar dados, além de fazer parte da equipe que vai ao local sempre que há previsão de chuva, para a coleta de dados de vazão e concentração de sedimentos durante o evento de chuva. Através da análise dos dados as informações coletadas são transformadas em indicadores. Por exemplo, a quantidade de solo ou soluto perdido em cada evento de chuva reflexo da má conservação do solo pela erosão. Como a bacia é extremamente frágil pela alta declividade e solos rasos, a equipe do programa propõe aos extensionistas e agricultores o uso de práticas que protejam o solo contra o impacto da chuva, aumentem as taxas de infiltração, aumentem a quantidade de biomassa adicionada ao solo, e criem obstáculos ao escoamento superficial. Conforme Cláudia Barros, o principal avanço percebido com o monitoramento foi a melhoria na qualidade da água, principalmente das fontes de abastecimento das famílias. “A situação está melhor, mas é preciso maior apoio aos agricultores, pois o sistema é muito responsivo a práticas inadequadas”, explica.

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Claudia Barros: banco de dados permite pesquisas de inúmeros pesquisadores


Ângela e Orestes Civa: faixas de retenção e proteção das vertentes

O papel dos produtores rurais A família de Orestes Riccini Civa e Ângela Mulinari Civa é uma das que fazem parte do Programa Microbacias. Atualmente aposentados, eles contam que aderiram ao programa tão logo lhes foi apresentada a proposta. Com o auxílio dos instrutores da empresa Universal Leaf Tabacos, à qual eram integrados, eles aplicaram curvas de nível com cana-de-açúcar nos camalhões em todas as áreas com declive e isolaram as fontes de água. “A água já era boa e ficou melhor ainda”, conta Ângela Civa. Dois filhos do casal possuem suas propriedades ao lado da dos pais e também aplicam práticas conservacionistas, como o plantio direto. “Meu filho que mora aqui perto não tem mais nem enxada nem arado”, conta Orestes Civa, lembrando que o filho possui lavouras de tabaco, erva-mate e soja. “Não tenho mais lavoura, mas as curvas de nível com cana-de-açúcar continuam lá”, acrescenta.

Estações de monitoramento: coleta de informações para transformar em indicadores

O que é: Pluviômetro - Aparelho usado para mediar a quantidade de chuva. Pluviógrafo - Equipamento automatizado que registra, continuamente no tempo, a intensidade das chuvas. Disdrômetro - Mede a energia das gotas de chuva e serve para a análise hidrológica e erosiva na bacia. Turbidímetro - Equipamento utilizado para estimar a concentração de sedimentos em suspensão. Linígrafo e régua linimétrica - Registram a variação do nível de água


Dia do Produtor de Tabaco

Em 2014, Dia do Produtor de Tabaco foi celebrado em Canoinhas, Santa Catarina

Data para celebrar o trabalho do produtor de tabaco

28 de outubro tornou-se um marco para homenagear os pequenos agricultores familiares Além de cultivar tabaco em suas pequenas propriedades, os produtores também cultivam alimentos, preservam o meio ambiente e trabalham pela manutenção da qualidade de vida das suas famílias. As propriedades apresentam a média com 16,1 hectares, destes, apenas 16,5% são dedicados à produção de tabaco. Do restante, 34,4% é reservada para culturas alternativas e de subsistência, 19,9% para a criação de animais e pastagens, 17% para florestas nativas e 12,3% para reflorestamento.

Para respaldar e valorizar a atividade das 162 mil famílias produtoras de tabaco, em 2013 a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou o projeto do deputado Heitor Schuch, instituindo 28 de outubro como Dia do Produtor de Tabaco. Em Santa Catarina o Dia do Produtor foi proposto pelo deputado Mauro de Nadal. E no Paraná, a proposição foi do deputado Antonio Anibelli Neto. Desde então, eventos anuais celebram a data. O primeiro ocorreu em 2013, no Parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul/RS, e o segundo, em 2014, foi realizado em Canoinhas/SC. No evento em solo catarinense, um dos pontos altos foi o momento dos depoimentos dos produtores de tabaco. Oito casais foram convidados a compartilhar suas experiências com os demais produtores e com as autoridades presentes. Os primeiros a falar foram Boleslau e Bernadete Wardenski, de Salto Água Verde, em Canoinhas, que já não trabalham mais na lavoura, mas auxiliam os

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filhos. Ao casar-se Boleslau, filho de fumicultores, ficou dois anos sem plantar tabaco, mas, optou por seguir a atividades dos pais e já fez 47 safras. O casal teve sete filhos (um já falecido) e, na propriedade de 32 hectares, o tabaco é cultivado em condomínio com os filhos, totalizando 510 mil pés. A família também cultiva verduras para a merenda escolar, soja, milho e feijão. Dois netos já são fumicultores, constituindo a quarta geração da família Wardenski no trabalho com tabaco. Alairto e Maria Ivonete Constante, da localidade de Rio do Lauro, em Vidal Ramos, são casados há 29 anos, têm quatro filhos, e começaram a plantar tabaco como parceiros, pois não tinham terras próprias. Após algumas safras, compraram seis hectares do sogro e, depois, mais 13 hectares. Alairto contou que começou com o cultivo de tabaco Burley, mas não deu certo e atualmente planta 105 mil pés de Virgínia. Para rendas complementares, eles produzem leite e cebolas. Já tentaram culturas como salsa, feijão e beterraba, mas desistiram. Osvaldo e Maria Aparecida Michels, de Azeitero, município de Braço do Norte, além de fumicultores, possuem um caminhão para serviços de transporte de tabaco. Osvaldo contou que tinha seis anos quando seu pai começou a produzir fumo. Aos 21 anos, ele se casou e iniciou o plantio de tabaco na propriedade da família. Por 16 anos, o casal morou em um paiol e enfrentou dificuldades por causa dos problemas de saúde da filha. Em 1998, Osvaldo adquiriu o caminhão e, hoje, o filho José Luís, de 24 anos, toca junto a propriedade, com o processo de sucessão já consolidado. Atualmente, eles transportam 700

toneladas de tabaco por ano e cultivam 40 mil pés de tabaco. Quando ainda era solteiro, o filho de fumicultores, Oldair Cerbaro, de Getúlio Vargas, município de Bandeirante, foi tentar a vida em São Paulo. Mas os pais ficaram sozinhos e ele voltou para ajudar na propriedade. Casou-se com Andreia Zambiazi Cerbaro, com quem tem dois filhos pequenos. O casal disse que já sabe o que quer para o futuro e que este, está na fumicultura. Na propriedade de 28 hectares, o tabaco é a principal renda, com 35 mil pés de Burley. Oldair trabalha junto com o sogro, e eles têm como segunda renda a criação de porcos e a produção de leite. Celso e Nilsnei Ruchinski, da localidade de Erval Bonito, Canoinhas, casaram-se em 1976 e passaram a trabalhar na propriedade do pai de Celso. Em 1986, um tio cedeu uma área de seis hectares para trabalharem por seis anos. Eles contaram que a renda do tabaco permitiu comprarem 15 hectares (que se somaram a outros 15 hectares herdados) e ajudarem dois dos seis filhos a construírem suas casas. Atualmente, dois filhos trabalham com Celso na propriedade, onde cultivam 85 mil pés de tabaco e a família tem como segunda renda, 18 hectares de soja. Casal bastante atuante na comunidade de Bracatinga, em Imbuia, Vilson e Rosangela Cardoso são a terceira geração da família a trabalhar com tabaco. O avô materno de Vilson foi o primeiro fumicultor da região. Casados há 15 anos, eles têm dois filhos. Começaram a plantar tabaco no segundo ano de casados, com oito hectares. Hoje eles têm 22 hectares e 50% da renda da família tem origem em 50 mil


Fotos: MaurĂ­cio Dranka/Afubra

Boleslau e Bernadete Wardenski: 47 anos de trabalho com tabaco

Maria Ivonete e Alairto Constante: 105 mil pĂŠs de fumo, alĂŠm de leite e cebolas

Osvaldo e Maria Aparecida Michels: trabalho na lavoura e com transporte de tabaco

Andreia e Oldair Cerbaro: jovem casal aposta na fumicultura


Celso e Nilsnei Ruchinski: renda do tabaco permitiu adquirir terras

Vilson e Rosângela Cardoso: agrotóxico usados na lavoura de fumo equivale a 20% do que é usado na cebola

Glória Maria e Bento Alexandre: tabaco, queijo e culturas de subsistência

Irlei e Ademir Dassi: sucessão da propriedade para a filha e o genro


pés de tabaco e os outros 50% são da lavoura de cebola. Vilson disse que, nos últimos 10 anos, o trabalho no tabaco melhorou muito com a adesão ao plantio direto. Ele também ressaltou que os agrotóxicos usados na lavoura de fumo equivalem a 20% do que é usado na cebola. Bento Fogaça Alexandre, da localidade de São José, em São João do Sul, contou que é filho de fumicultores e trabalha desde cedo. Casado com Glória Maria Oliveira Alexandre, com quem tem quatro filhas, ele planta 70 mil pés de tabaco na propriedade de 18 hectares, junto com uma filha e o genro. Bento contou que tem diversas culturas de subsistência e, para renda complementar, produz queijos há 20 anos e arrenda três hectares de terras para um sobrinho. O genro tem como segunda atividade a profissão de pedreiro e o neto mais

velho estuda em um colégio agrícola. Quando se casaram, há 27 anos, Ademir e Irlei Dassi, de Linha Caçador, em Barra Bonita, começaram a ajudar os vizinhos no plantio de tabaco. Depois disso, ganharam 25 hectares de herança e adquiriram mais seis hectares, propriedade onde Ademir e o genro cultivam 25 mil pés de tabaco. Irlei e a filha, cuidam das vacas e da produção de 8 mil litros de leite por mês. A sucessão da propriedade está garantida, pois a filha e o genro fazem curso de formação e planejam dar continuidade às atividades da família. “Antes, com 300 arrobas de fumo se comprava um carro velho, hoje se compra um carro zero”, comparou Ademir. DIA DO PRODUTOR - O evento realizado em Canoinhas/SC reuniu 800 fumicultores na programação organizada pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Federação dos

Trabalhadores na Agricultura (Fetaesc), Federação da Agricultura e Pecuária (Faesc) e Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), com o apoio da Prefeitura. Entre os presentes estiveram o presidente da Afubra, Benício Albano Werner; o vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri; o presidente da Fetaesc, José Walter Dresch; o presidente do Sinditabaco, Iro Schünke, o deputado estadual do Rio Grande do Sul, Marcelo Moraes; o secretário da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Airton Spies; e o prefeito de Canoinhas, Beto Faria, entre outras autoridades. Para encerrar com chave de ouro o dia de homenagem aos fumicultores, os convidados assistiram ao show de Oswaldir e Carlos Magrão, que, pelo segundo ano consecutivo, faz parte da programação do Dia do Produtor de Tabaco.

Atividade fundamental no contexto econômico e social As lideranças reconhecem a importância dos produtores de tabaco no contexto econômico, social e cultural do Sul do Brasil. Para Luiz Sartor, vice-presidente da Fetaesc, comemorar o dia do produtor evidencia a importância da produção de tabaco. “A celebração é um ato de respeito àqueles que fazem a produção, que se dedicam ao cultivo e que geram riqueza para nosso país”, diz. “Precisamos aprender a comemorar com aqueles que produzem, pois é uma forma justa e de motivação para quem desempenha atividades na terra”, acrescenta. Sobre o perfil dos produtores, o vice-presidente da Fetaesc lembra ainda que, em geral, têm pouca área de terra e gostam do que fazem. “Realiza o trabalho praticamente com a família, cuida do meio ambiente, preserva a natureza e faz diversificação de atividades visando a sustentabilidade da propriedade”, relata. “O produtor de tabaco concilia atividades da agricultura e de produção de animais em grande parte das propriedades de Santa Catarina”, relata. Segundo Marcílio Laurindo Drescher, tesoureiro da Afubra, celebrar o Dia do Produtor de Tabaco é, acima de tudo, o reconhecimento da importância da cultura na renda na pequena propriedade rural, que dá sustentabilidade econômica a estas famílias. “Geralmente é a renda principal, mas complementada de outras para subsistência”, diz. Para o governo, conforme Drescher, o tabaco é uma importante fonte de

tributos nos municípios, além de toda a economia gerada pelos recursos oriundos do tabaco. “O produtor de tabaco, é aquele que efetivamente cultiva. Por ter pequena área de terras e a cultura gerar renda maior que outras em pequenas áreas, usam mão de obra predominantemente familiar”, acrescenta. “Produzem além do tabaco, no mínimo, culturas e criações para a subsistência da família, resultando em uma propriedade diversificada e, não raras vezes, comercializam gerando renda complementar”, diz o tesoureiro. Os ganhos para o meio ambiente são lembrados por Drescher. “Por obter renda numa pequena área, são os produtores que mais preservam tendo em média mais de 27% de suas propriedades em florestas nativas e reflorestadas”, finaliza. O representante da Faesc, Francisco Eraldo Konkol, diz que a comemoração do Dia do Produtor de Tabaco dá visibilidade para a cadeia produtiva, para a sociedade, para as autoridades políticas e sociais. “Temos muitas famílias que já estão na terceira e quarta geração produzindo tabaco, temos uma cultura enraizada nesta atividade em muitas regiões de nosso Estado e País, sendo que aqueles que acompanharam as novas tecnologias têm conseguido altas produtividades e boa renda, melhorando consideravelmente sua qualidade de vida no campo”, lembra. Além disso, o representante da Faesc lembra que os produtores em geral são grandes

preservadores do meio ambiente, pois a terra e a natureza lhes garantem o sustento. A respeito da produção de tabaco, Konkol comenta que a pressão contrária é muito grande, dificultando a divulgação da importância da cultura. “Não apresentam uma alternativa que substitua esta atividade, que tem uma organização invejável, dando segurança para o produtor. Esquecem também que esta cadeia que defendemos produz tabaco legal, com controle de qualidade, fiscalizado por todos os órgãos oficiais, tanto na produção como na arrecadação de impostos”, lembra. “Se proibissem hoje a produção de tabaco, com certeza o cigarro se tornaria um produto de contravenção, sem controle de qualidade, sem arrecadação de impostos, e o mais grave, fazendo muito mal aos consumidores, que dariam muitos gastos ao governo”, acrescenta. Já o presidente de Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Iro Schünke, salienta que os produtores devem se sentir orgulhosos por fazer parte de uma cadeia produtiva tão importante quanto a do tabaco. “Temos muitos motivos para nos orgulharmos desta atividade, instituída legalmente no Brasil”, diz. “A posição do Brasil como segundo maior produtor e maior exportador mundial por mais de 20 anos está alicerçada na produção de 162 mil produtores, sendo a mola propulsora da economia de 651 municípios da Região Sul do País”, acrescenta o presidente do Sinditabaco.

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Fumicultura

Tabaco orgânico, opção rentável para diversificar

Com lucro maior do que o obtido na produção convencional, produtores se mostram satisfeitos Foto: Cristina Severgnini

O tabaco orgânico deixou de ser apenas objeto de pesquisa de viabilidade em lavouras experimentais e, nos últimos anos, se tornou uma opção com ótimos resultados econômicos para os pequenos produtores rurais. O preço elevado e a venda garantida são as vantagens que levam os produtores a adequarem suas propriedades e apostarem no cultivo do produto sem agroquímicos. A produção é feita em parceria com as empresas de tabaco, que pagam percentuais elevados sobre o valor da tabela de classificação. Antonio Valdir do Carmo Nunes, do município de Lagoão/RS, é um destes produtores que apostou na nova opção e comemora os resultados. Junto com a esposa Zanete, o filho André Leandro e a nora Bruna, ele produz 53 mil pés de Virgínia orgânico e ganha 60% sobre o preço recebido em relação à mesma quantidade de tabaco cultivado no sistema tradicional. Orientados pela equipe técnica da empresa Japan Tobacco International (JTI), eles migraram do cultivo tradicional para o orgânico em um trabalho gradativo durante os últimos sete anos. Hoje, os agroquímicos foram praticamente eliminados da propriedade e todas as demais culturas são cultivadas com opções alternativas para a fertilização da terra e o controle de pragas. Verduras, frutas, legumes e grãos fornecidos para a merenda escolar e comercializados na feira da cidade de Lagoão são todos livres de defensivos. “Temos apenas uma lavoura de nove hectares de milho onde ainda usamos adubo químico e defensivos. No mais, é tudo orgânico”, conta Valdir Nunes. Eles iniciaram o cultivo orgânico em 2007, com uma lavoura experimental de 13 mil pés e estufas e galpões separados do restante da produção. Desde então, a lavoura de tabaco orgânico foi crescendo a cada safra e a convencional foi diminuindo. Desde 2010, só cultivam orgânico. Para eles, o rendimento da safra justifica o aumento na mão de obra, já que o controle de ervas daninhas é feito por meio de capinas. Para corrigir e fertilizar a terra, é usada a cama de aviários, um composto de esterco e

Família de Antonio Valdir Nunes, de Lagoão/RS: praticamente sem agroquímicos na propriedade demais materiais orgânicos retirados de criadouros de aves. Para o controle de pragas são usados repelentes orgânicos e, como antibrotante, óleo mineral. Outra família que aposta na produção de tabaco orgânico é a de Albino Tavares Freire e Delci Pereira Freire, de Linha Carvalho, Sinimbu/RS. Sob orientação de especialistas da Universal Leaf Tabacos (ULT), em 2010 o casal plantou 13 mil pés de tabaco Virgínia no sistema orgânico, sem deixar de lado a produção convencional, com a qual ambos tinham bastante experiência. Na propriedade, houve divisão de galpões, materiais e áreas e uma das estufas foi destinada exclusivamente para o cultivo alternativo. Depois de dois anos de adaptação e da comprovação das vantagens de não usar agroquímicos, eles optaram por cultivar somente tabaco orgânico. Na safra 2014/2015, plantaram 45 mil pés de tabaco, na propriedade de 21 hectares, onde 50% da área são de mata nativa e o restante é usado também para criação de bovinos e aves e plantio de culturas de subsistência. Albino diz que, além dos ótimos rendimentos financeiros, outros fatores relacionados à qualidade de vida foram determinantes para a mudança. Ele aponta as vantagens: “além da preservação da saúde por não expor a família aos agrotóxicos, o lucro é maior”. O casal explica que nem o aumento na mão de obra, tido por alguns como

desvantagem da produção alternativa, é percebido por eles. O processo de comercialização é simplificado, pois o tabaco não precisa ser manocado. O que demanda trabalho mais pesado é para adubar a terra e manter a lavoura livre de ervas daninhas. Mas, eles solucionam parte do problema, fazendo rodízio com área de potreiros, sem inços. “Quando uma terra está inçada, mudamos para outra de gramado, onde não tinha lavoura”, conta Albino Freire. “Fazendo a conta, as horas a mais na capina são menos do que as horas que se ganha na classificação”, lembra. O rendimento 20% menor na quantidade produzida é compensado pela bonificação. “Além do bônus de 60% sobre a produção, a classificação fica acima do que se conseguia no tabaco convencional”, conta Delci Freire. Na safra 2013/2014, o casal recebeu a média de R$ 192,00 por arroba. O técnico agrícola Cristiano Scota, da equipe da ULT que acompanha a produção de Albino Freire, explica que o tabaco passa por diversas análises visando certificar se realmente é orgânico. Os substratos, fertilizantes, repelentes e o óleo mineral aplicado após o desponte são fornecidos pela empresa. “Todos os produtos são certificados como livres de agroquímicos”, lembra Scota. Os irmãos Lori Fernando, Leri Angelo e Luni Luiz Mainardi e suas famílias iniciaram o cultivo de tabaco orgânico Burley em 2013. Integrados com a empresa Souza Cruz, eles

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decidiram inserir a nova modalidade de cultivo na propriedade de 180 hectares, em Arroio do Tigre/RS, onde já plantavam 100 mil pés de tabaco Amarelinho, 100 mil pés de Virgínia, milho, soja, trigo e legumes, além de criarem ovelhas, porcos, bovinos e aves. Eles plantaram 22 mil pés de tabaco Burley na safra 2013/2014 e, mesmo com as intempéries que atingiram a região, verificaram que a produção era vantajosa. Por isso, voltaram a plantar 25 mil pés na atual safra. Segundo Lori Mainardi, na primeira safra, um vendaval derrubou toda a lavoura quando o tabaco estava com cerca de 17 a 18 folhas. “Mas, as plantas cresceram de novo e se refizeram”, conta. Além do vendaval, Lori relata ainda que houve duas granizadas. Os produtores tiveram que aprender a aplicar o óleo mineral como antibrotante e a cura do tabaco não foi nas melhores condições em função da época de colheita. Todos estes fatos fizeram com que sua produtividade ficasse bem abaixo do esperado. Mas, mesmo com tantos contratempos, o rendimento financeiro foi bom e eles optaram por continuar o plantio de orgânico. Em função da mão de obra e do preço do fertilizante orgânico, o custo de produção é um pouco mais elevado, mas a valorização de forma diferenciada da safra compensa estes custos adicionais. Uma descoberta de Mainardi foi a eficiência dos repelentes orgânicos. “Usei o repelente em outras lavouras e se mostrou melhor do que os químicos”, conta. É possível também haver redução no uso da cama de aviário, pois o fertilizante orgânico fica na terra e, ao longo dos anos, a quantidade necessária vai sendo reduzida.

Albino e Delci Freire, de Sinimbu/RS: rendimento maior, sem aumento na mão de obra

Lori Fernando Mainardi, de Arroio do Tigre/RS: mesmo com diversos imprevistos, opção se mostrou rentável

Demanda crescente

Depois de um período em caráter experimental no Brasil, que foi de 2004 a 2010, a empresa Universal Leaf Tabacos (ULT) iniciou a produção de tabaco orgânico de forma mais abrangente junto a seus produtores integrados. Segundo o diretor de Produção de Tabaco, Aldemir Paulo Faqui, atualmente a produção é feita em escala comercial e a demanda é crescente. “O cultivo orgânico é uma forma de promover o desenvolvimento sustentável da agricultura”, explica. “Este sistema objetiva a manutenção e melhoria da estrutura dos solos, sem alterar suas propriedades por meio de uso de produtos químicos e sintéticos”, acrescenta. Para garantir os bons resultados da nova modalidade produtiva, as equipes técnicas da empresa acompanham todo o processo nas propriedades, contribuindo para o manejo adequado e correto uso dos materiais e insumos. “Temos por princípio

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o uso de insumos e técnicas naturais no processo produtivo, tais como esterco de animais compostados, rotação de culturas, adubação verde e controle biológico de pragas e doenças”, explica o diretor de Produção de Tabaco. Conforme Aldemir Faqui, a produção de tabaco orgânico é um processo que engloba todas as etapas de produção, cura, armazenamento, transporte do tabaco até a fábrica, comercialização, processamento e exportação. “Existem normas e regras específicas para a produção orgânica que devem ser seguidas pelos produtores e pela empresa e que são auditadas pela entidade certificadora”, explica Faqui. “Todas as etapas da produção devem ser registradas em uma caderneta de campo e os registros são monitorados pela equipe do Serviço de Controle Interno da empresa e auditados pela entidade certificadora”, acrescenta.

Do experimento à safra comercial Há mais de 10 anos, a Souza Cruz iniciou pesquisas e produção experimental de tabaco orgânico. A iniciativa deu-se através da área de Pesquisa e Tecnologia de Tabaco, com a visão de estar preparada para demandas futuras. Em 2011, a empresa iniciou a produção em nível semicomercial do tabaco orgânico na Serra Gaúcha e, durante três safras consecutivas, foi conduzido pela equipe de pesquisa e certificado por uma consultoria independente. Através dos conhecimentos foi criado um modelo de lavoura orgânica e um pacote tecnológico de insumos e recomendações, que proporcionassem iguais condições de produtividade e qualidade aos produtores integrados de tabaco convencional. Além disso, foi criada uma equipe com técnicos capacitados e dedicados exclusivamente para atender a produção de tabaco orgânico nos três estados do sul. Todas as pesquisas desenvolvidas para a elaboração do pacote tecnológico foram conduzidas pela área de Pesquisa e Tecnologia de Tabaco da Souza Cruz. Em 2014 foi realizada a primeira safra comercial, cuja produção foi certificada de acordo com as normas técnicas para produtos orgânicos do Brasil, da Europa e dos Estados Unidos. O planejamento da produção orgânica é elaborado conforme demanda, assim como é feito para o tabaco convencional, e atualmente a Souza Cruz dispõe de um modelo de produção orgânica que pode ser aplicado para escalas maiores.


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Pesquisas desde o ano 2000 A JTI - que iniciou os investimentos na produção de tabaco orgânico no ano 2000, quando ainda era denominada de Kannenberg & Cia Ltda -, segue com as pesquisas agronômicas focadas nas técnicas de manejo, produtos e fertilizantes destinados ao cultivo. Desde 2011, estas pesquisas são desenvolvidas junto ao Centro Mundial de Desenvolvimento Agronômico, Extensão e Treinamento, instalado em Cerro Alegre, interior de Santa Cruz do Sul (RS). “Além de fins comerciais, estas lavouras são referência, para o desenvolvimento de técnicas agronômicas mais susten-

táveis”, destaca o gerente de Agronomia da JTI, Rogério da Costa. A produção, hoje destinada à fabricação de uma marca de cigarro da empresa, comercializada no Reino Unido, observa todas as etapas de controle e registros de campo, desde o plantio, colheita, comercialização, armazenagem, transporte, beneficiamento e exportação. “Todas as operações são rigorosamente inspecionadas para que não haja nenhum tipo de contato ou contaminação por produtos não orgânicos”, completa o gerente. Do total produzido pela empresa,

40% está no Rio Grande do Sul e 60% no Paraná e Santa Catarina. A empresa segue buscando parceiros agrícolas que desejam se dedicar à produção orgânica, e isto exige uma visão diferenciada da atividade. “Estamos falando de um cultivo que é mais intenso em termos de mão de obra e que exige mais entendimento com relação aos sistemas de produção, e mais habilidade na realização das práticas agronômicas”, frisa Costa. No entanto, o esforço é recompensado pelo retorno de uma produção orgânica bem conduzida e certificada.

Caminho para a sustentabilidade da propriedade Para o engenheiro agrônomo e gerente de Assuntos Corporativos da Afubra, Marco Antonio Dornelles, o sistema de produção orgânico promove a sustentabilidade e a diversificação nas propriedades familiares. “Por exemplo, para ter esterco para fertilizar a terra, o produtor deve ter produção animal”, lembra. “Sustentabilidade é usar menos insumos de fora, causar menos impacto no meio ambiente e ter bons resultados econômicos”, explica, lembrando que o sistema atende esses requisitos, com destaque

para a utilização de recursos da propriedade. Outros aspectos positivos destacados por Dornelles são a questão ambiental, pelo uso de materiais naturais, e os benefícios relacionados à saúde das famílias dos produtores, que não correm riscos de exposição a produtos químicos. Dornelles ressalta ainda que a produção orgânica é um processo gradativo e não pode ser definida em apenas uma safra. “A base desse sistema é o equilíbrio do solo, promovido por rotação de culturas, plantas de cobertura,

História Em 1998, a Afubra toma a iniciativa de fazer experiências para produzir tabaco sem agroquímicos. Na época, havia uma discussão na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul por causa das intoxicações de produtores na região. A primeira lavoura foi um laboratório, onde foi feito um misto de adubação química e orgânica. O aparecimento de pragas e doenças deram início aos desafios e a Afubra buscou a consultoria da Fundação Gaia e, posteriormente, houve a adesão da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e do SindiTabaco, até a safra 2004/2005, com lavouras em diversas propriedades. A parceria entre estas entidades foi realizada durante três safras e os resultados obtidos foram promissores, com o cumprimento dos objetivos estabelecidos. Foram identificadas potenciais fontes de adubação orgânica e formas de cultivo e manejo das lavouras, mas, para a utilização em escala, ainda era necessário um aperfeiçoamento. “A Afubra realizou mais alguns anos de experiência, mas hoje, percebemos que várias companhias de tabaco deram sequência a este sistema de produção. Embora não se saiba a dimensão do mercado, mas que cresce lentamente, e isso é bom para o produtor e para o meio ambiente”, destaca Dornelles.

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adubação verde e tendo como aporte de nutrientes o esterco de animais”, explica. “As melhorias do solo darão resultado a partir do segundo ou terceiro ano, quando a terra entra em um equilíbrio que facilita o trabalho e pode reduzir as quantidades de adubação feitas”, acrescenta. Além disso, o engenheiro agrônomo revela que as pesquisas apontam para a possibilidade de redução na mão de obra, que é um dos principais problemas da produção orgânica por elevar o custo de produção.

Saiba mais Para a produção orgânica, as indústrias oferecem assistência técnica especializada com recomendação de um pacote tecnológico específico, além de aplicar um rígido controle de qualidade, de acordo com as normas brasileiras e internacionais. Os materiais usados na produção orgânica e o tabaco produzido desta forma não podem entrar em contato com a produção convencional, as estufas e galpões devem ser de uso específico para a produção orgânica e o solo deve estar há três anos sem receber fertilizantes químicos.


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COP6

Representações dos fumicultores devem ser incluídas no debate pela diversificação Assunto será abordado durante o Fórum de Diversificação da Expoagro Afubra 2015 Foto: Luciana Jost Ratdtke/Afubra

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O documento final da 6ª Conferência das Partes (COP 6), ocorrida em outubro de 2014, na Rússia, indica que deve haver a inclusão dos fumicultores no diálogo com as instituições públicas sobre a busca de soluções para o aumento da diversificação nas áreas produtoras de tabaco. O relatório conclusivo do evento diz que os produtores e os trabalhadores devem estar envolvidos no desenvolvimento de políticas referentes aos Artigos 17 (diversificação) e 18 (proteção à saúde e ao meio ambiente) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT). “O envolvimento dos agricultores nos processos de tomada de decisão, concernentes aos Artigos 17 e 18, deve ser encorajado, e canais apropriados devem ser providos para que eles possam expressar suas necessidades e preocupações”, diz o texto oficial.

Benício Werner: busca de credenciamento junto ao MDA

Segundo o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, o documento mostra que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não só admite como quer a participação de entidades representativas dos produtores. “E agora as entidades, como federações da agricultura e dos trabalhadores na agricultura e Afubra, devem se articular para que sejam credenciadas pelo Governo Federal”, diz. A primeira medida foi o envio da solicitação de credenciamento ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Porém, Werner acredita que a participação, embora aproxime das discussões sobre os Artigos 17 e 18, não irá garantir uma inserção mais efetiva dentro da COP 7, prevista para ser realizada em 2017, na Índia. Para Werner, parte dessa abertura conquistada se deve à participação da comitiva dos representantes dos fumicultores na COP 6, que, mesmo não tendo acesso às plenárias oficiais, mostrou sua força em reuniões com representantes do governo brasileiro. Formada por Werner e Romeu Schneider, da Afubra; Mauro Flores, da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul); Carlos Joel da Silva, vice-presidente da Federação dos

Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Airton Artus, prefeito de Venâncio Aires/RS e representante da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp); Irineu Berezanski, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina; Luiz Alberto Rincoski Faria, prefeito de Canoinhas/SC; Marcelo Distéfano, prefeito de São João do Triunfo/PR; Iro Schünke, presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), e pelos deputados estaduais gaúchos Adolfo Brito, Marcelo Moraes e Pedro Pereira, a comitiva foi incansável nas tentativas de mostrar a importância social e econômica das lavouras de tabaco. “Na primeira reunião que tivemos, após as discussões do primeiro dia, as entidades entregaram um documento para o embaixador brasileiro Antonio José Vallim Guerreiro, explicando o quanto é significativa a atividade tabaqueira, a importância econômica e social para os produtores e para os trabalhadores das indústrias de processamento e das fabricantes de cigarros”, explica o presidente da Afubra. “Mostramos também a importância para os municípios produtores de tabaco pelo retorno que eles têm no Imposto sobre Circulação de

Schneider: entidades participantes devem ter conhecimento técnico Mercadorias e Serviços (ICMS), pois temos municípios em que 62% da receita tem origem no tabaco”, salienta. Nos dias subsequentes, ao final das sessões, a comitiva dos fumicultores se reunia com membros da delegação brasileira para exposição de informações sobre a importância da fumicultura. “Esses encontros tiveram repercussão em Brasília, com manifestações de apoio de parlamentares do Congresso Nacional”, lembra Werner. “A partir dessas reuniões diárias, a nossa comitiva sentiu que a proposta com referência aos artigos 17 e 18 teria um fechamento dentro daquilo que as entidades representativas dos produtores esperavam”, conta. “Para nós produtores brasileiros, estes dois artigos não vão alterar as atividades nem as questões de diversificação que já estamos implementando”, diz. “E o artigo 18, que fala da questão ambiental e de segurança, vem sendo implementado há alguns anos na nossa atividade”, acrescenta. Segundo o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco e secretário da Afubra, Romeu Schneider, existe uma nova preocupação relacionada à quais entidades serão aceitas nas discussões. “Se elas


têm efetivamente conhecimento técnico, se lhes será permitido terem voz ativa e se os objetivos são realmente encontrar soluções para os produtores e não apenas tirá-los do plantio de tabaco”, questiona. Ele comentou que, como não houve manifestação por parte do governo, a Câmara Setorial do Tabaco elaborou correspondência para alguns ministérios para indicar as entidades que possuem conhecimentos adequados e, principalmente, confiabilidade perante os produtores para opinar sobre o assunto. Na opinião de Schneider, é preciso ter em mente que a diversificação inclui a produção de tabaco e que a pequena propriedade, com seus problemas de relevo e localização afastada dos centros consumidores, precisa ter mercado que pague um valor que cubra os custos e dê lucratividade. “Devemos estar presentes nas discussões para evitar que tentem só fazer reuniões sem ações práticas e, depois, dizer que foram inseridos na diversificação milhares de produtores de tabaco”, alerta. “Inclusive, esta história da monocultura do tabaco que os antitabagistas gostam de usar, representa uma ofensa para o produtor, principalmente, porque é difícil encontrar um produtor que somente plante tabaco”, conclui.

Fórum de Diversificação Como as expectativas são de real participação na elaboração das políticas públicas, o VII Fórum de Diversificação de Culturas e Atividades Rurais da Expoagro Afubra 2015 irá reunir representantes das entidades ligadas aos produtores de tabaco e dos órgãos e poderes públicos para analisar alternativas e se preparar para as discussões. O Fórum é parte integrante da programação da Expoagro Afubra desde 2009 e surgiu para promover discussões sobre a implementação de ações de diversificação rural.

Outras preocupações Com os assuntos referente aos Artigos 17 e 18 apontando para soluções menos radicais, de agora em diante, a dor de cabeça maior será das empresas fabricantes, principalmente por causa dos Artigos 9 e 10 da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, que falam dos ingredientes dos cigarros. Outra questão é a possibilidade de que não seja mais permitido incluir o tabaco nos acordos internacionais de comércio. Aspecto preocupante para o setor é também a insistência das delegações em aumentar ainda mais os impostos. A sugestão da COP 6 é que o imposto deveria ser, no mínimo, de 70% sobre o preço do tabaco. “Seria um prejuízo grande para o próprio governo porque isso é um incentivo maior para o contrabando, que já está incontrolável”, comenta Benício Albano Werner. “Hoje, com 61% de impostos sobre os cigarros, já temos muito contrabando e sonegação”, lembra. “O governo brasileiro já perde R$ 3,6 bilhões que ganharia a mais em tributos e, se aceitar essa proposição para aumentar para 70%, certamente perderá muito mais, pois cairá drasticamente o consumo de cigarros legais, abrindo caminho para o consumo de produtos ilegais”, constata.


Diversificação

Ovos galados e tabaco garantem renda de nove famílias Família investe na fumicultura e na avicultura há 25 anos Fotos: Luciana Jost Radtke/Afubra

Quem conhece o casal Eliseu e Maria Jacira Schelbauer, do interior do Rio Negro/PR, sabe da história de lutas de uma família unida. Casados há 43 anos, eles tem nove filhos (um falecido) e todos – já com suas famílias – trabalham juntos na propriedade e lá – cada um com sua própria casa – fixaram residência. Decisões em conjunto e carteira assinada são alguns pontos que são levados com seriedade e dão sucesso ao empreendimento familiar. Fumicultores desde sempre, Eliseu lembra que, ao casar, trabalhou um ano com o sogro e depois, mais um ano com o irmão. Com a herança de 16 hectares de terra, vindas do pai, ele e a esposa começaram a vida sozinhos. Os primeiros anos foram dedicados à fumicultura e a agricultura de subsistência. Com a vinda dos filhos, o casal sentiu a necessidade de diversificar a renda da propriedade. E foi aí – em 1996 - que construíram o primeiro aviário, de 60 x 12 metros. “Financiamos e pagamos. Sempre pé no chão, sem dever nada. Pagava um e construía outro”, diz Eliseu. “Com os filhos pequenos, era muito trabalho”, lembra Maria Jacira. E foram trabalhando e crescendo. Com o empenho e dedicação à avicultura, em 2007 trocaram os frangos de corte e viraram matrizeiros, fornecendo os ovos galados. Com alto investimento – estruturas tiveram que ser completamente remodeladas, de acordo com

Maria Jacira e Eliseu Schelbauer as normas e técnicas de criação – a decisão não foi fácil. “O começo foi difícil. Migrar de um negócio para o outro não foi bem assim”, recorda Eliseu. Mas, com o envolvimento da família, o negócio tem crescido a cada ano. Atualmente, a família Schelbauer conta com 45 mil galinhas e 4.500 galos e a produção fica em torno de 30.000 ovos, em média, por dia. O trabalho é todo realizado pela família – todos com carteira assinada – com o auxílio de quatro funcionários. Cada um tem a sua função e atividade dentro do empreendimento, mas as decisões são tomadas em conjunto, tanto na avicultura quanto na fumicultura, que continua sendo produzida. “Nossa primeira renda, hoje,

é a granja, mas, o tabaco continua nas nossas atividades. Não esquecemos quando, na época dos frangos, ficamos um ano sem receber e o que nos garantiu o pagamento de dívidas e a sobrevivência foi o tabaco”, destaca Eliseu. E os planos da família são o de continuar os trabalhos com empenho e dedicação e aumentar o negócio, sempre com os pés no chão. Orientações técnicas, reuniões e palestras fazem parte da rotina da família, cujos integrantes são todos capacitados para exercerem suas funções. No tabaco, plantam 180 mil pés de Virgínia, em terras arrendadas, pois os 16 hectares próprios são para as casas, granja, reflorestamento e mata.

Produção fica em torno de 30.000 ovos, em média, por dia

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A Família A enorme cozinha/sala de jantar da casa de Maria Jacira revela a quantidade de pessoas que por lá passam na hora do almoço (café da manhã e jantar é cada um por sua conta). O transporte escolar entra no pátio (quase um condomínio) para levar as crianças para a escola. Bicicletas, triciclos, goleiras, redes de vôlei e outros brinquedos podem ser vistos em todos os lugares. Emocionada, a dona do lar dos Schelbauer diz que a algazarra é grande e deixa todos, muito felizes. “Somos todos unidos. Somos uma família”, finaliza. Por lá moram: - Osnildo, casado com Cristiane, e os filhos Eloísa (15) e Aline (9); - Osmar, casado com Eliani, e os filhos Lucas (13), Letícia (9) e Felipe (2); - Elisabete, casada com Cláudio, e os filhos Amanda (14) e Paulo Henrique (5); - Osvaldo, casado com Arlete, e os filhos Bruno (13) e Bianca (11); - Eliane com os filhos Ketlin (17) e Leandro (11); - Oscar, casado com Daniele, e a filha Emily (5); - Osnei, casado com Rafaela, com as gêmeas Larissa e Paôla (4); - Eliseu Júnior, casado com Andressa, e o filho Vinícius (6); - e os netos Gustavo (14) e Gabrieli (8).

Os Schelbauer: negócio em família

A propriedade da família

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Florestal

Hora de fazer o Cadastro Ambiental Rural

CAR é exigência do novo Código Florestal e necessário para acesso a programas e financiamentos governamentais Fotos: Cristina Severgnini

Com a intenção de traçar um mapa digital de interesse social e utilidade pública, o Ministério do Meio Ambiente estabeleceu que todos os proprietários de terras devem fazer o Cadastro Ambiental Rural (CAR). A intenção é que seja criado um grande banco de informações georreferenciadas, com delimitação das Áreas de Proteção Permanente (APP), Reserva Legal, vegetação nativa, áreas rurais, Áreas de Uso Restrito e áreas consolidadas das posses rurais. O prazo dado pelo governo para que os proprietários façam seu cadastro encerra em maio de 2015, podendo ser prorrogado por mais 12 meses. Mas, os produtores enfrentam problemas para fazerem o cadastro, inclusive pela ausência de acesso à internet, condição de grande parte das pequenas propriedades rurais. Proprietários devem inscrever seus imóveis rurais por meio do Sistema de Cadastro Ambiental Rural Segundo o Decreto 8.235, publicado em maio de 2014, os proprietários devem inscrever seus imóveis rurais por meio do Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar). Com base nos dados recebidos, o próprio sistema vai apontar se há ou não necessidade de recuperação de APP e reserva legal. O gerente do Departamento Agroflorestal da Afubra, engenheiro florestal Juarez Iensen Pedroso Filho, explica que o cadastro é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais e tem por finalidade integrar as informações ambientais. Criado pela Lei 12.651/2012 no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima), o CAR se constitui em base de dados estratégica para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa do Brasil. “Será uma das exigências para acesso a programas e financiamentos direcionados ao setor rural”, explica. Além de possibilitar o planejamento ambiental e econômico do uso e ocupação do imóvel rural, a inscrição no CAR é pré-requisito para acesso à emissão das Cotas

de Reserva Ambiental e aos benefícios previstos nos Programas de Regularização Ambiental (PRA) e de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente, ambos definidos pela Lei 12.651/12. Entre os benefícios anunciados pelo governo para quem fizer a declaração está a possibilidade de regularização das APPs ou reserva legal sem autuação por infração administrativa ou crime ambiental e a suspensão de sanções em função de infrações administrativas por supressão irregular de vegetação cometidas até 22 de julho de 2008. Também é promessa do governo a facilidade na obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com juros menores e prazos maiores do que os praticados no mercado, a contratação do seguro agrícola em condições melhores e a dedução das áreas de vegetação nativa na base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). Outras vantagens anunciadas são as linhas de financiamento para atender iniciativas de preservação voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa

ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sustentável, ou recuperação de áreas degradadas; e a isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos utilizados para os processos de recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal e de uso restrito. NA INTERNET – O site www.car.gov.br é o instrumento usado para fazer o cadastro pela internet. Os proprietários rurais devem baixar o aplicativo para declaração e informar os dados com veracidade. A inscrição é obrigatória para todos os imóveis rurais, inclusive os públicos e áreas de povos e comunidades tradicionais que façam uso coletivo do território. O próprio sistema emite o recibo de inscrição, semelhante ao que ocorre nas declarações de Imposto de Renda (IR). Depois da realização dos Cadastros Ambientais Rurais nos mais de 5 milhões de imóveis rurais em todo o Brasil, será instituído o Plano de Regularização Ambiental (PRA), que deve ter mecanismos para correção do que permanecer inadequado.

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Os primeiros a ter o CAR O casal Alceu Conrad e Maria Rosane Fátima Fritsch Conrad, de Linha Bela Vista, em Sinimbu/RS, estão entre os primeiros da sua comunidade a ter seu documento de CAR em mãos. Com auxílio de técnicos que foram capacitados para fazer o CAR, eles puderam acessar o site do Ministério do Meio Ambiente (www.car.com.br) e declarar os dados solicitados. Eles nunca haviam ouvido falar do Cadastro Ambiental Rural até que o órgão ambiental municipal apontou uma irregularidade na propriedade e exigiu a apresentação de alguns documentos, inclusive o CAR. Conrad buscou auxílio, onde os técnicos ajudaram a reunir a documentação, preencher o cadastro e enviar para o Ministério do Meio Ambiente. Sem internet na propriedade e com sinal de celular escasso, ele diz que seria impossível fazer o cadastro sozinho. E ficou surpreso ao descobrir que até maio deste ano, todos os proprietários rurais deverão apresentar o CAR. “Acho difícil todo mundo conseguir cumprir esta exigência em tão pouco tempo”, comenta. O produtor também descobriu que a área de terras adquirida há 14 anos é maior do que ele julgava. Na escritura constam 25,75 hectares e á área delimitada tem, na verdade, 36,27 hectares. Conforme o gerente do Departamento Agroflorestal da Afubra, Juarez Iensen Pedroso Filho, poderão ocorrer diferenças entre a área declarada com a superfície escriturada. Porém, deve-se ter o cuidado para não sobrepor uma propriedade sobre outra sem a sua posse. Isso constará como irregular e possivelmente será necessária retificação perante a autoridade ambiental. De qualquer forma, os proprietários optaram por indicar a superfície que julgam serem proprietários.

Maria Rosane e Alceu Conrad: grande área de vegetação preservada

O engenheiro florestal Juarez com a família Conrad Na propriedade da família Conrad, trabalha o casal e o filho Angelo, e se levar em conta a área delimitada, são 24,54 hectares de vegetação nativa e 10,7 hectares de área consolidada (agricultável), mais 0,57 hectare de área de servidão administrativa (estrada).

Ao fazer o CAR, os Conrad descobriram que, da área com vegetação, 5,2 hectares são de Área de Reserva Legal e 2,55 hectares de área de Preservação Permanente. Ou seja, a propriedade apresenta bem mais vegetação preservada do que o mínimo exigido.

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Comprometimento

Cartilha leva informações aos produtores rurais do Sul do Brasil Monitoramento ambiental continua na parceria do setor tabaco com o Ibama Uma cartilha que contenha informações sobre o uso adequado da propriedade rural, que traga renda ao produtor, mas dentro do que determinam as leis. Este é o objetivo da publicação Manejo Sustentável das Propriedades Rurais e o Respeito ao Meio Ambiente, elaborada em conjunto pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama). A cartilha é o último item a ser cumprido de uma lista de compromissos assumidos pelo setor tabaco, na ocasião da assinatura do Termo de Compromisso – em 22 de agosto de 2011 - entre Afubra, SindiTabaco e Ibama. Ela está sendo distribuída para os produtores de tabaco da Região Sul do Brasil, às escolas parceiras do Projeto Verde é Vida,

Monitoramento O SindiTabaco e o Ibama também assinaram um acordo para a continuidade do monitoramento por satélite de fragmentos florestais da Mata Atlântica. A pesquisa, a cargo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), será desenvolvida em dois blocos geográficos no interior do Rio Grande do Sul e totalizará uma área de 2.737,65 km², que ocupam o território de 21 municípios. O relatório final será apresentado em 2018.

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sindicatos rurais e entidades representativas da cadeia produtiva. Dividida em quatro blocos, abrange os conceitos de bioma e ecossistemas, biodiversidade, sustentabilidade e manejo sustentável; tópicos da Legislação Ambiental Federal, com base no Código Florestal, de maio de 2012, a Lei de Crimes Ambientais e o Cadastro Ambiental Rural (CAR); o uso e a conservação dos recursos do solo e das águas; a silvicultura e a recuperação ambiental. Para o gerente de Assuntos Corporativos da Afubra, engenheiro agrônomo Marco Antonio Dornelles, “a cartilha é uma ferramenta para as empresas fumageiras e entidades desenvolverem um trabalho educativo de conscientização dos agricultores sobre a importância do que as atividades agropecuárias representam não somente para o abastecimento das cidades, mas também para a continuidade das famílias rurais, com responsabilidade em conservação e qualidade do solo e da água como bem comum da sociedade”.

Saiba Mais:

A assinatura do Termo de Compromisso surgiu após autuações realizadas no município de Segredo/RS, por destruição de mata nativa em propriedades rurais. O superintendente do Ibama, João Pessoa Riograndense Moreira Júnior, lembra que, na ocasião, Afubra e SindiTabaco foram chamados para uma ação em conjunto que levasse esclarecimento e orientação aos produtores. “Serve de exemplo não só para as outras cadeias produtivas, mas também internacionalmente, pois integra um segmento produtivo e os organismos públicos”, destaca João Pessoa. Para o presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior, atitudes com as da Afubra e do SindiTabaco são exemplos de um trabalho que pode dar certo. “Queremos, cada vez mais, outras cadeias produtivas adotando o mesmo procedimento”, diz o presidente, ao lembrar que problemas relacionados ao meio ambiente podem implicar em restrições no acesso ao crédito.


Meio Ambiente

Para reduzir o impacto sobre a natureza

Plano do Centro de Pesquisa da Afubra visa diminuir a produção de descartes Fotos: Nataniél Sampaio

Com o objetivo de identificar, medir e reduzir o impacto das atividades do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Diversificação da Agricultura Familiar da Afubra, em 2014 foi implantado o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) na área de 92,5 hectares, em Rincão Del Rey, Rio Pardo/RS. O plano prevê uma série de ações que visam à organização dos resíduos sólidos em todas as atividades desde sua geração até a destinação final. São estabelecidas e descritas as ações relativas ao manejo dos resíduos gerados nos processos das atividades desenvolvidas no local, que são agrosilvopastoris, produção de biocombustíveis e eventos agropecuários. Segundo o responsável técnico pelo Plano de Gerenciamento de Resíduos, Nataniél Sampaio, a iniciativa visa promover a gestão adequada dos resíduos dentro dos princípios de não agressão do meio ambiente, do cumprimento da legislação, da economia de matéria-prima e de evitar desperdícios. Após a realização do diagnóstico para verificar os tipos de descartes produzidos e a estimativa de resíduos gerados, foi elaborado o plano. Algumas ações já eram realizadas, como a compostagem de resíduos orgânicos. E outras foram implementadas. “Estimulamos a reutilização de materiais como sacarias, tubetes, baldes e tambores e implantamos medidas de controle que proporcionam um acompanhamento mensal da geração de resíduos com vistas à determinação de medidas de minimização na geração dos resíduos”, explica Nataniél Sampaio. Um dos pontos importantes para o sucesso do PGRS foi a implantação da sistemática de coleta seletiva e acondicionamento dos resíduos gerados. “A segregação dos resíduos na fonte é determinante para a implantação da coleta seletiva”, explica Sampaio. Por isso, em todos os setores, foram colocadas lixeiras padronizadas, conforme estabelece a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama 275/2001) quanto à codificação das cores para os diferentes tipos de materiais. Faz parte do Plano também a classificação dos resíduos conforme os riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, de acordo com a norma NBR 10.004 (Classe I: perigosos, Classe II A: não inertes e Classe II B: inertes). A implantação da medição de quantidade foi imprescindível para determinar técnicas de manejo, acondicionamento e transporte dos

Sistema de compostagem de resíduos orgânicos resíduos. “A quantificação se dá através de planilha de anotação em todos os setores”, explica Sampaio. E o acondicionamento dos materiais é feito em recipientes definidos pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), como tambores de 200 litros, sacos plásticos e caixas, entre outros. Quanto aos resíduos com potencial para reciclagem, depois da coleta interna e armazenamento feito por colaboradores capacitados, são

enviados à Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Rio Pardo. Já os resíduos orgânicos compostados na propriedade servem para adubação das lavouras, estufas e horta do Centro de Pesquisa. As lâmpadas são encaminhadas para uma empresa licenciada para coleta deste tipo de material e as embalagens de agroquímicos, após tríplice-lavadas, vão para a FUPASC (Fundação para Proteção Ambiental de Santa Cfruz do Sul)

Tratamento dos dejetos de animais: transformação em biogás e biofertilizantes

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Um PGRS tem que conter o seguinte conteúdo mínimo: Descrição do empreendimento ou atividade. Diagnóstico dos resíduos gerados, contendo origem, volume e caracterização dos mesmos. Observar as normas estabelecidas pelos órgãos ambientais. Relacionar os responsáveis por cada etapa do gerenciamento. Definição dos procedimentos operacionais relativo às etapas do gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador.

Resíduos do Centro de Pesquisa Viveiro Florestal – Local de cultivo de mudas de eucalipto, espécies nativas e batata-doce. No processo produtivo são gerados, em maior quantidade, resíduos orgânicos compostáveis como descarte de mudas e substratos usados. Também gera plástico, papel e metal. Produção agrícola – São lavouras de soja, milho, feijão, fruticultura e pastagens, que geram como resíduos, embalagens de agrotóxicos e fertilizantes. Restos culturais são incorporados ao solo. Produção pecuária – A bovinocultura leiteira e a avicultura produzem dejetos.

Sistema de filtragem de óleo

O que é: Resíduos sólidos – Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água ou líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água. Resíduos de Classe I – Perigosos, são os resíduos que requerem a maior atenção, pois são os causadores dos acidentes mais graves e de maior impacto ambiental. Podem ser armazenados temporariamente, incinerados, ou dispostos em aterros sanitários especialmente desenhados para receber resíduos perigosos. Resíduos de Classe II-A – Não inertes, podem ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados, entretanto, devem ser observados os componentes destes resíduos (matérias orgânicas, papéis, vidros e metais), a fim de que seja avaliado o potencial de reciclagem. Resíduos de Classe II-B – Inertes, podem ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados. Coleta seletiva - Coleta dos materiais recicláveis previamente separados na fonte geradora. É uma etapa importante para a reciclagem, uma vez que a seleção prévia dos recicláveis evita sua contaminação por outros componentes do lixo. Reciclagem – Processo de transformação dos resíduos que utiliza técnicas de beneficiamento para o reprocessamento, ou obtenção de matéria-prima para fabricação de novos produtos. Gerenciamento de resíduos sólidos – De acordo com a Lei 12.305/2010 é o conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição ambientalmente adequado dos rejeitos. Compostagem – Processo de decomposição biológica de fração orgânica biodegradável de resíduos sólidos, efetuado por uma população diversificada de organismos e desenvolvido em duas etapas: uma de degradação ativa e outra de maturação.

Unidade de bioenergia – Produz biodiesel a partir de óleos residuais de fritura e biogás a partir de dejetos animais provenientes de ovinocultura leiteira. Expoagro – As atividades relacionadas à feira ocorrem durante seis meses. Os dejetos são orgânicos, plásticos, papel, resíduos de restaurantes, metal, madeira, vidro e plástico, entre outros. Lixeiras com cores e etiquetas padronizadas para coleta seletiva

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Centro de Pesquisa

Mudas de qualidade para a produção render mais Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Agricultura Familiar oferece materiais genéticos de qualidade Foto: Luciana Jost Radtke/Afubra

A qualidade das sementes e mudas é fundamental para a implantação de qualquer cultura, e quanto mais investimentos em tecnologia no aprimoramento do material genético, mais garantia de sucesso da lavoura. Por isso, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Diversificação da Agricultura Familiar mantido pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), busca ofertar mudas com ótimo desempenho agronômico. Por meio de convênios com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a tecnologia é colocada a serviço dos produtores rurais. Segundo o gerente de Produção Agroflorestal da Afubra, Juarez Iensen Pedroso Filho, as ações da entidade convergem para as demandas da agricultura familiar, em especial, para a diversificação de culturas. “A Afubra busca facilitar e promover a diversificação de forma ativa do processo”, explica. Por isso, desde 2011, a Agro-Comercial Afubra está credenciada para produção e comercialização de mudas de batata-doce das variedades BRS-Amélia, a BRS-Cuia e a BRS-Rubissol, desenvolvidas pela Embrapa para proporcionar mais rendimento, sabor e valores nutricionais. E, mais recentemente, o Centro de Pesquisa passou a produzir também mudas do capim-elefante anão BRS Kurumi, também desenvolvido pela Embrapa com o objetivo de tornar a forrageira mais folhosa, de melhor manuseio e com colmos mais finos, folhas macias e altos teores de proteína. Outras espécies de mudas produzidas pela equipe da Afubra e que podem tornar a propriedade rural mais produtiva são as de diversos tipos de árvores nativas, mudas de diferentes espécies de eucaliptos, mudas de banana (BRS Platina), de abacaxi (BRS Ajubá) e de plantas medicinais. Os interessados em adquirir mudas que resultam da aplicação de pesquisas e alta tecnologia podem buscar informações em qualquer filial da Afubra, principalmente na loja Matriz, em Santa Cruz do Sul/RS. O gerente de Produção Agroflorestal da entidade alerta que a produção é anual e limitada e obedece a critérios técnicos para a produção. “Isto é uma maneira para garantir qualidade na muda produzida”, explica. Portanto, é importante que o produtor rural planeje a implantação da sua lavoura, pastagem ou área florestal com antecedência através de reserva de mudas. “Desta forma poderemos atender aos pedidos da melhor forma possível” explica.

Mudas de batata-doce com qualidade genética

Na Expoagro Afubra – Durante a feira 2015, os visitantes podem conhecer as três cultivares de batata-doce ou o capim kurumi nas lavouras demonstrativas no estande da Embrapa. Também serão distribuídos materiais informativos e os pesquisadores da instituição estarão presentes para prestar informações. E a aquisição de mudas pode ser feita no estande do viveiro da Afubra.

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São conhecidas as vantagens nutricionais da batata-doce na culinária. E a Embrapa desenvolveu cultivares para dar maior opção de plantio aos produtores, com mudas de características diferenciadas, de melhor qualidade e mais produtivas. Três dessas variedades são a BRS-Amélia, a BRS-Cuia e a BRS-Rubissol, lançadas em 2011 pela Embrapa Clima Temperado. O engenheiro agrônomo e pesquisador Luis Antonio Suita de Castro explica que a principal vantagem é a alta produção, rendendo de 30 a 60 toneladas por hectare (t/ha), enquanto a média nacional é 11 t/ha. “Estas variedades estão sendo plantadas em todo o Brasil, mas a recomendação é de cultivo na Região Sul”, explica. Conforme Luis Suita, a cultivar de batata-doce BRS-Amélia foi selecionada a partir de plantas provenientes da região de São Lourenço do Sul/RS. Os ensaios de pesquisa na Embrapa Clima Temperado iniciaram em 1992, com seleção e limpeza clonal, e seguiram com avaliação anual em competições de campo, tanto nas áreas experimentais da Embrapa Clima Temperado como em propriedades de produtores regionais. O resultado foi batatas com formato elíptico longo, de cor rosa claro e polpa alaranjada. A colheita inicia entre 120 a 140 dias após plantio e a produtividade média é de 32 t/ha. Quanto às características nutricionais, constitui-se em fonte de energia devido ao alto teor de amido (27,09 %) e de glicose (30,10 %). Fornece também proteínas (0,130 mg/100g) e antocianinas (0,70 mg/100g). Quando cozida ou assada, a textura é úmida e melada, macia e extremamente doce e a casca se solta com facilidade. Constitui-se em importante fonte de carotenoides (pró-vitamina A) componente nutricional essencial para a população, principalmente infantil. A cultivar de batata-doce BRS-Cuia foi selecionada a partir de plantas da região de Pelotas (RS). De 1999 e 2007 foram selecionadas plantas com raízes mais homogêneas e melhor produtividade. Como principais características, apresenta plantas vigorosas, ramos de cor vermelho-púrpura, folhas são verdes, com bordos de coloração levemente púrpura, em formato triangular e sem lóbulos. As batatas apresentam forma redondo-alongada com dimensões aproximadas de 15 por 20 centímetros. Tanto a casca como a polpa apresentam cor creme, mas em tonalidades diferentes. Muito produtiva, supera em muito as médias de produção nacional e do Rio Grande do Sul (8 e 11 t/ha, respectivamente). Em ensaios experimentais, produziu em média 40 t/ha, entretanto pode chegar a 60 t/ha. Embora excelente para consumo doméstico, mostra boa adequação ao processo industrial. Apresenta 0,63 miligramas de antocianinas e 0,121 mg de proteína em cada 100 gramas de polpa cozida. Constitui-se em fonte de energia devido ao alto teor de amido (26,28 %) e de glicose (29,20 %). A cultivar de batata-doce BRS-Rubissol também foi selecionada a partir de plantas provenientes da região de Pelotas, com ensaios de campo e laboratório a partir de 1994. Apresenta plantas muito vigorosas com pigmentação púrpura nas ramas e ciclo de cultivo entre 120 a 140 dias. As batatas apresentam forma redondo-elíptica com dimensões de aproximadamente 10 por 18 centímetros. A casca apresenta cor púrpura

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Batata Amélia: textura úmida e melada, macia e muito doce Fotos: Divulgação/Afubra

Batata-doce com características diferenciadas

Batata Cuia: alta produção, de 40 a 60 toneladas por hectare

Batata Rubissol: casca púrpura e textura farinhenta após cozida ou assada intensa com leve aspereza ao tato e a polpa é de cor creme. Em ensaios experimentais, produziu em média 40 t/ha. Possui excelentes características para consumo de mesa e também pode ser utilizada no processamento industrial. A concentração média de antocianinas é de 0,81 mg/100g, de proteína é de 0,131 mg/100g) e de amido, 20,62 g/100g. É muito doce e com textura farinhenta após cozida ou assada. Saiba mais - Existem poucas cultivares de batata-doce registradas para consumo de mesa no Brasil. São nove, todas da Embrapa, mas apenas quatro estão atualmente disponíveis aos produtores. três da Embrapa Clima Temperado (Amélia, Cuia e Rubissol) e uma da Embrapa Hortaliças (Beuregard).


Capim-elefante BRS Kurumi com excelente qualidade nutricional Com o objetivo de proporcionar excelência na nutrição dos animais, a Embrapa desenvolveu o capim-elefante anão BRS Kurumi. Lançada na Expoagro Afubra de 2013, a variedade se mostra uma ótima opção para os criadores de animais, especialmente por suas vantagens de ser perene e oferecer excelente qualidade nutricional. Segundo a pesquisadora em Melhoramento de Forrageiras da Embrapa Gado de Leite e Embrapa Clima Temperado, Andréa Mittelmann, o capim-elefante de porte anão difere dos de porte alto por ter entrenós mais curtos. Porém o número de nós e, consequentemente, a quantidade de folhas não é alterado. “Isso confere maior qualidade da forragem e facilidade de manejo”, explica a pesquisadora. Assim, as principais características do BRS Kurumi são porte baixo, crescimento vigoroso e grande capacidade de rebrote, com grande número de perfilhos aéreos. A variedade também apresenta alta produtividade, alta proporção de folhas em relação a colmos, colmos mais finos, folhas macias e com poucos pelos e altos teores de proteína, atingindo 20% da matéria seca e digestibilidade em torno de 70%. O capim-elefante anão é bastante adaptado ao clima do Sul do Brasil, produzindo de outubro a maio e rebrotando rapidamente após o inverno. “Em um ano de inverno pouco rigoroso como foi 2014, em vários locais do Rio Grande do Sul já havia condições de pastejo no final de setembro”, explica Andréa Mittelmann. Além da região Sul do Brasil, a variedade é recomendada também para a região Norte e o Cerrado. O

Capim-elefante anão: colmos finos, folhas macias, poucos pelos e altos teores de proteína desenvolvimento da forrageira reuniu pesquisadores da Embrapa Gado de Leite, Embrapa Clima Temperado, Embrapa Acre, Embrapa Cerrados, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta/SP), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/SC) e Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf/RJ).


Dinâmica de Máquinas

Prêmio de inovações tecnológicas para a agricultura familiar abrange empresas Prêmio Afubra/Nimeq vai premiar também empresas que apresentarem inovações tecnológicas O PrêmioAfubra/Nimeq de Inovação Tecnológica em Máquinas Agrícolas para Agricultura Familiar tem novidades na edição de 2015. Além da categoria Inventor, lançada em 2014, agora tem também a categoria Empresa, que vai premiar máquinas e equipamentos dos expositores da Expoagro Afubra. Podem concorrer máquinas, equipamentos ou componentes agrícolas, inclusive sistemas informatizados para uso no meio rural, produzidos e fabricados no Brasil, voltados à agricultura familiar e passíveis de financiamento pelos programas oficiais de apoio à agricultura familiar. Os equipamentos devem ficar expostos no estande da empresa expositora durante todo o período da feira e a cerimônia de premiação será no último dia do evento. Segundo um dos organizadores do Prêmio, professor-doutor Roberto Lilles Tavares Machado, do Núcleo de Inovação em Máquinas e Equipamentos Agrícolas da Universidade de Pelotas (Nimeq/Ufpel), o objetivo da premiação é contribuir para a melhoria da produção e produtividade agrícola, qualidade de vida e preservação do meio ambiente. Devem ser inventos acessíveis, que facilitem a vida dos produtores rurais. “Como objetivos específicos, na categoria Empresa, o Prêmio incentiva, junto à indústria de máquinas e equipamentos agrícolas do Brasil, a qualificação, o aprimoramento e o desenvolvimento de novas tecnolo-

gias e produtos voltados à agricultura familiar”, explica Lilles. As máquinas inscritas na categoria Empresa serão avaliadas por uma comissão composta por representantes do Nimeq/Ufpel, do Curso de Engenharia Agrícola da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), das secretarias municipais de Agricultura de Santa Cruz do Sul e Rio Pardo, da Emater e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Conforme Roberto Lilles, a comissão julgadora avaliará as máquinas em obediência ao estabelecido no regulamento do Prêmio, considerando as seguintes características: máquinas que constituam-se como novidade na fabricação pela indústria brasileira ou, constituam-se como inovação tecnológica ou aperfeiçoamento devidamente caracterizados. “Também devem ser potencialmente capazes de contribuir, de forma efetiva, para a produção e para a produtividade agrícola, para a qualidade de vida das populações e para a preservação do meio ambiente voltados para agricultura de base familiar”, diz o professor. A premiação será concedida até o terceiro lugar, com a entrega de troféus alusivos ao evento. As empresas cujos equipamentos ou componentes e sistemas informatizados de uso agrícola tenham sido laureados, ficam autorizadas a utilizar, nestes produtos e nos respectivos materiais de divulgação, o selo promocional da premiação.

Agricultores inventores

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Fotos: Arquivo/Afubra

Na segunda edição da categoria Inventor podem participar máquinas agrícolas desenvolvidas fora das instituições de ensino, pesquisa e extensão, por agricultores, inventores ou pequenas oficinas que não se caracterizam como fábricas ou empresas e que sejam empregados na agricultura familiar. O equipamento deverá ser original, resultado da criação do inventor. Como ocorreu na primeira edição, uma comissão julgadora de campo escolhe três entre todos os inscritos para ficarem expostos no estande do Prêmio Afubra/Nimeq durante a Expoagro Afubra, dos quais a comissão julgadora classificará o primeiro, segundo e terceiro lugares. Na avaliação do professor Roberto Lilles, em 2014, com a categoria Inventor, o prêmio mostrou a capacidade criativa e inventiva do agricultor, através de soluções de baixo custo para auxiliar ou realizar atividades do dia a dia, contribuindo para a melhoria da produção e produtividade agrícola, qualidade de vida e preservação do meio ambiente. “Mostrou também para as empresas do ramo as necessidades que os agricultores têm em relação a máquinas e equipamentos e permitiu aos inventores o contato com um público de agricultores de diversas regiões, possibilitando a troca de informações e abrindo a perspectiva de colocação da sua invenção em outras regiões”, explica. Em 2014 - As inovações desenvolvidas pelos produtores Fábio Ferreira Faleiro (de Venâncio Aires/RS), Mauro Gilberto Soares (de Cruzeiro do Sul/RS) e Norberto Guilherme Bock (de Paraíso do Sul/RS) para facilitar a lida em suas propriedades foram premiadas. Norberto Bock ficou em primeiro lugar com o seu descascador de amendoim,

Norberto Bock ficou em primeiro lugar em 2014, com o descascador de amendoim formado por um sistema de peneiras e elevador de retrilha. Fábio Faleiro ficou em segundo lugar com sua máquina para auxiliar no cultivo do tabaco, que permite fazer o serviço na lavoura com mais rapidez e tranquilidade. E o terceiro colocado foi Mauro Soares, que inventou um laminador de cana que apresenta vantagens em relação ao triturador por fazer fatias da cana de açúcar em vez de amassar.



Para o público conferir o desempenho das máquinas Tradicional área da Dinâmica de Máquinas terá espaço ampliado e pórtico de acesso Antes de adquirir uma máquina ou implemento agrícola, os produtores querem saber sobre o desempenho na lavoura. Na Expoagro Afubra, os agricultores podem conferir bem de perto como é o funcionamento, fazer comparações e avaliar as vantagens e desvantagens. A tradicional Dinâmica de Máquinas, realizada há 12 anos, dá essa oportunidade aos visitantes. E, na edição de 2015, a área de demonstrações será ampliada para proporcionar maior comodidade ao público. Também terá uma entrada principal com um pórtico que será visto de todo o parque. Em preparação para as demonstrações, são cultivadas lavouras de milho, para demonstrações de ensiladeiras, e palhada de culturas de inverno para simular o plantio direto e permitir outras demonstrações. A realização é do Curso de Engenharia Agrícola da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), e a Dinâmica de Máquinas envolve cerca de 35 alunos e alguns pesquisadores e professores. Conforme o coordenador do curso, o engenheiro agrícola Maurício Henrique Lenz, com o espaço aumentado, os expositores de máquinas poderão demonstrar um maior número de equipamentos. Com demonstrações pela manhã e à tarde nos três dias do evento, a equipe da

Para o público ver: máquinas em uso no parque Unisc organiza uma agenda de demonstrações entre os expositores. “O proprietário rural, bem como o público em geral, gosta de ver o funcionamento das máquinas, assim pode comparar marcas e modelos através do desempenho apresentado durante as demonstrações”, comenta Lenz. “E os exposi-

tores podem demonstrar na prática o maquinário que está em exposição nos estandes”, completa. “Temos exemplos de anos anteriores onde muitos negócios foram concretizados após os agricultores e proprietários rurais observarem o funcionamento das máquinas durante a dinâmica”, acrescenta.

Demonstrações abrangem diversos tipos e tamanhos de implementos

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Agroindústrias

Produtos coloniais das agroindústrias gaúchas são atração Expoagro Afubra terá mais de 140 expositores à disposição do público Fotos: Arquivo/Afubra

Nos últimos anos, o pavilhão das agroindústrias tem sido um dos espaços mais visitados da Expoagro Afubra. Queijos, embutidos, massas, pães, cucas, bolachas, salgadinhos, geleias, mel, alimentos orgânicos, sucos, vinhos e cachaças são alguns dos itens com o diferencial do sabor rural que podem ser adquiridos durante a feira. Além de uma grande quantidade de produtos alimentícios, artesanatos, plantas, flores e mudas fazem parte do espaço de 1,8 mil metros quadrados, com 146 espaços destinados às agroindústrias familiares gaúchas. A Expoagro Afubra de 2015 será a oitava edição com a presença dos produtos agroindustriais, todos certificados por sua origem e com selo de qualidade. Em 2007, na primeira vez que a feira abriu espaço para a comercialização de produtos coloniais, foram 25 empreendimentos. Desde então, o número de produtos e empreendedores cresce a cada ano. Em 2008 foram 40 estandes; em 2009, 60 espaços; e em 2010 o número aumentou para 65 agroindústrias. Em 2011 o número de empreendedores agroindustriais subiu para 95 e a movimentação financeira foi de R$ 200,00 mil. Em 2012, com 105 estandes, a comercialização das agroindústrias e artesanatos rendeu R$ 250 mil. Em 2013, o número de empreendimentos presentes foi de 120 e o volume total de vendas foi de R$ 420. E em 2014, foram 146 espaços e uma infinidade de produtos, com movimentação comercial de R$ 500 mil nos três dias do evento, número que deverá ser repetido ou ultrapassado em 2015. Segundo o assessor de Eventos Agropecuários da Afubra, Márcio Fernando de Almeida, o pavilhão é todo montado com estruturas de pirâmides e tablado, com parte do custo coberto pela Afubra e parte por órgãos públicos, empresas privadas e entidades parceiras que apoiam o setor. “A estrutura dos estandes não tem custo para as agroindústrias e os empreendedores gastam apenas com o deslocamento, hospedagem e refeição”, lembra.

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Alimentos de origem vegetal e animal, artesanato e plantas fazem parte do espaço destinado às agroindústrias O apoio dado para as agroindústrias faz parte de um dos objetivos da Expoagro Afubra, que é a promoção da diversificação de atividades rurais. A transformação da produção na propriedade é uma forma de agregar valor aos produtos dos agricultores familiares e isso tem significado melhorarias de renda, das condições de vida das famílias do meio rural, além de promover o desenvolvimento local e regional. O Pavilhão das Agroindústrias é organizado por uma comissão formada pela Afubra, Fetag, Emater e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural. As inscrições podem ser feitas nos escritórios municipais da Emater ou dos Sindicados dos Trabalhadores Rurais.

Arranjos Produtivos Locais (APLs) A Expoagro Afubra 2015 sediará o 5º Encontro Estadual dos APLs de Agroindústrias Familiares e Alimentos, no dia 25 de março, a partir das 13h30min, no Auditório do Parque.


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Educação

Espaço Cultural terá exposição sobre os 60 anos da Afubra Trajetória da entidade se confunde com a história do tabaco Fotos: Arquivo/Afubra

A cultura do tabaco e a trajetória da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) serão mostradas no Espaço Cultural da Expoagro Afubra 2015: “Afubra 60 anos a serviço do fumicultor”. A entidade surgiu em 21 de março de 1955 para buscar alternativas a dois problemas enfrentados na época: a instabilidade do mercado e de preços do tabaco e a inexistência de auxílio econômico contra danos por granizo nas lavouras. Segundo o coordenador pedagógico do Projeto Verde é Vida, professor José Leon Macedo Fernandes, o espaço de aproximadamente 600 metros quadrados terá painéis fotográficos mostrando a história da Afubra e a sua relação com o setor tabaco. Também haverá um local para o público saber mais sobre os principais departamentos da entidade, como Mutualidade, Agro Comercial, Verde é Vida, Expoagro, Agroflorestal e Coral. Completará a exposição do Espaço Cultural ainda uma seleção de objetos de várias épocas, capazes de mostrar a evolução da Afubra nos seus 60 anos, como premiações, publicações e demais materiais. Conforme José Leon, nos últimos anos houve um grande avanço no que diz respeito à participação de filhos de agricultores na Expoagro Afubra. “Organizamos a Visita Dirigida para as escolas e atendemos seis mil alunos em 2014. O Espaço Cultural passou a ser uma atração

Espaço Cultural é atração na feira do evento, pois, traz, a cada ano, novidades que acabam contribuindo com o sucesso da feira”, explica. “Temos as apresentações artísticas no palco principal onde escolas e artistas podem mostrar o seu trabalho”, lembra. Nos últimos anos, os temas foram as principais etnias que formaram e contribuíram com o crescimento do Rio Grande do Sul. “A partir da edição de 2015, estaremos trabalhando as culturas que movimentam o Estado e, Altas_Anuncio_¼_Expoagro_final(1).ai 2 01/12/2014 17:19:50 claro, começaremos com a cultura do tabaco que está ligado direto ao tema Afubra 60 anos, finaliza.

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Mostra Científica Outro destaque do Espaço Cultural será a VI Mostra Científica Sul-Brasileira Verde é Vida Vida, com 14 trabalhos sobre o tema “Desenvolvimento Local”, já apresentados e selecionados em mostras regionais. Durante o ano escolar, os professores e estudantes são estimulados a realizar trabalhos para apresentação nas mostras das 14 Regiões de Atuação (RAs) do projeto, nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em cada mostra regional são selecionados quatro trabalhos para serem reapresentados e, entre estes, um é escolhido para a mostra na Expoagro Afubra. Nesta edição, são trabalhos voltados para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da propriedade rural e das comunidades onde as escolas estão inseridas.

Trabalhos para ver na Expoagro Afubra: RA Araranguá Mel: incentivar a produção e verificar a qualidade do mel, dos alunos Maria Dennize dos Santos Rabello e Rian Nicoletti Panhan, da escola Prefeito Luiz de Pelegrini, de Meleiro, orientados pela professora Franciele Consenso Tonetto. RA Cachoeira do Sul e Candelária Pesquisa Assoreamento dos Rios, dos alunos Jaqueline Steindorff e Everton Pfeiffer, da escola Professor Fábio Nackpar dos Santos, de Candelária, sob a orientação da professora Josiane Pereira Paranhos. RA Camaquã Pesquisa Plantio direto é melhor e correto, dos alunos Daniel Finkenauer e Patrícia Peter, da escola Santa Luzia, de Chuvisca, orientados pela professora Jaiane Ostemberg Dummer. RA Herval d’Oeste Pesquisa Produção de leite: uma alternativa de renda sustentável, das alunas Júlia Boareto e Vitória Manoela Dambrós, da escola Viver e Conhecer, de Capinzal, sob a orientação da professora Adriana Surdi Martinelli. RA Imbituva Pesquisa A produção de leite no meio rural, dos alunos Mateus Wiliam Gelinski e Maria Cláudia Kutz Farago, da escola Mato Branco de Baixo, de Imbituva, sob a orientação da professora Marinalda Lemes Galvão. RA Irati Pesquisa Agricultura familiar, dos alunos Raicon França Borges e Tiago Mateus Ferreira, da escola Professora Anair de Oliveira Lima, de Rio Azul, sob a orientação da professora Laís Valenga Stankiewski. RA Rio do Sul e Ituporanga Pesquisa Propriedade rural, organizar para ficar legal, dos alunos Sirlei Voss e Hiuri Stain Nheiser, da escola Ribeirão Matilde, de

Atalanta, sob a coordenação da professora Rosane Jochem Herdst. RA Rio Negro e Mafra Pesquisa Horta Ornamental, das alunas Larissa Lick Pscheidt e Júlia Valéria Malon, da escola Augusta Vitória, de Mafra, sob a orientação da professora Gesiane Koene Worell. RA Santa Cruz do Sul Pesquisa Horta Ecológica Suspensa, do aluno Lucas Giehl, da escola Monte Alverne, de Santa Cruz do Sul, sob a orientação da professora Ivani Teresinha Schuler. RA São Lourenço do Sul e Canguçu Pesquisa Parceria na escola: educação e sustentabilidade, dos alunos Tailane Hübner Peter e Caio Luiz Peglow, da escola Germano Hübner, de São Lourenço do Sul. RA São Miguel d’Oeste Pesquisa Mão na Terra, dos alunos Diego Lenhardt e Fernanda Preuss, da escola Antenor Nascentes, de Princesa. RA Sobradinho e Arroio do Tigre Pesquisa Arquitetura Sustentável, do aluno Henrique Zuchetto, da escola Arroio do Tigre, de Arroio do Tigre, sob a orientação do professor Fabrício Daniel Pap. RA Tubarão e Braço do Norte Horta: um prato cheio de saúde, dos alunos Marlon Inácio Torres e Vitória de Souza André, da escola José Cardoso de Aguiar, de Gravatal, sob a orientação da professora Indianara Laureth Zanelato Wensing. RA Venâncio Aires Pesquisa Mato Leitão, cidade das orquídeas, das alunas Tainá Eduarda Lermen e Tainara Jordana de Borba, da escola Santo Antônio de Pádua, de Mato Leitão, sob a orientação da professora Simone Maria Schwendler.


Avicultura

Aves de raça terão julgamento e premiação Faisões, marrecos, gansos e galinhas são algumas das espécies que farão parte da mostra Fotos: Divulgação/Afubra

A Exposição de Aves da Expoagro Afubra 2015, além de espécies comuns e exóticas para apreciação, terá também julgamento e premiação das melhores representantes de suas raças. Na mostra, estarão marrecos, gansos, faisões e galinhas, entre outros, de criadores da cidade de Passo de Torres/SC e dos municípios gaúchos de Arroio do Sal, Torres, Viamão, Porto Alegre, Esteio, Sapucaia do Sul, Charqueadas, Venâncio Aires, Gravataí, Teutônia, Turuçu e São Sebastião do Caí. Com organização da Associação Brasileira de Criadores Preservadores de Aves de Raça Pura (APCA), o julgamento das melhores aves da exposição será composto por categorias e classes, sendo divididas em Galinhas Ornamentais, Galinhas de Produção, Bantan e Miniaturas e Aves Primitivas. Na categoria Galinhas Ornamentais, estarão concorrendo exemplares das raças Appenzeller, Phoenix, Sumatra, Músico e Topetudas. As Galinhas de Produção englobam raças como Orpington, Sussex e Plymouth, além de outras galinhas standard aptas a produção de ovos e/ou carne. Na categoria Bantan e Miniaturas, estão as raças Rosecomb, Sebryght, Barbuda Belga, Nagazaki e Mini Cochinchina, entre outras. E as Primitivas são Faisões, Pavões e Bankiva. A presidente da APCA no Rio Grande do Sul, Maria Helena Noschang, explica que serão escolhidos os campeões de cada raça (adultos e jovens), bem como grandes campeões das origens (americanas, asiáticas, inglesas, mediterrâneas). Ela lembra que a ave, para participar de uma exposição, além de satisfazer todas as exigências de ordem sanitária e legal, deve apresentar características coincidentes com o padrão da raça, tais como forma, tamanho, peso, cor de bico, patas, olhos e plumagem, forma de crista e da cauda. “De tal forma que qualquer pessoa com conhecimento, ao visualizar a ave, possa dizer qual sua raça”, diz. “Evidentemente, também deve também estar devidamente preparada, limpa, sem manchas ou sujidades”, acrescenta. Como criadora, Maria Helena Noschang possui uma propriedade em São Sebastião do Caí, onde cria diversas espécies de aves, algumas muito raras. Declaradamente uma apaixonada por animais e, em especial, por aves em miniaturas e ornamentais, ela diz que, no seu sítio as galinhas

Phoenix Moderno Alemão: aves raras de porte pequeno e com penas muito compridas na cauda

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Maria Helena Noschang, criadora e presidente da Associação Brasileira de Criadores Preservadores de Aves de Raça Pura morrem de velhas, pois nenhuma vai para a panela. Suas aves já foram premiadas várias vezes como Grandes Campeãs, em feiras como a Rolantchê, em Rolante/RS, Fenasul e Expointer. Conforme Maria Helena, a criação de aves de raça pura tem uma importância estratégica para o país, pois a partir das aves puras são feitas as linhagens industriais. Um exemplo é o chester, obtido do cruzamento das raças Plymouth Rock Branco e Cornish Branco. “O cornish para proporcionar coxa e peito e o plymouth para proporcionar tamanho e desenvolvimento, ambos brancos porque aves de pena branca ficam melhor apresentadas para o consumo, pois se alguns canudos das penas escaparem da depena, não ficarão com aparência desagradável, como seria a de uma plumagem escura”, explica. Segundo ela, a maioria das raças, hoje consideradas ornamentais, eram aves de produção nos primórdios da criação organizada de aves. A primeira entidade a registrar aves de forma organizada é a American Poultry Club (APC) que iniciou suas atividades em 1873 com o objetivo de melhorar a produção avícola e organizar os criadores quanto a registro genealógico e aspectos produtivos de cada raça. “Com esse movimento, as raças, muitas já existentes em várias partes do mundo, foram selecionadas para produção de ovos ou carne dentro de suas características originais e regionais”, conta a presidente da APCA. “Em 1952 nos Estados Unidos, as empresas produtoras de carne e ovos basearam-se na criação de híbridos, deixando de lado a criação de animais puros devido à descoberta da maior produtividade dos cruzamentos industriais”, diz. “A partir daí a criação de aves se dividiu em duas

Ganso Sinaleiro Chinês: aves ornamentais de origem asiática e adaptado ao clima do Brasil


correntes, uma dos preservadores e melhorados de aves de raça pura e outra das indústrias produtoras de carne e ovos. Com esta divisão as empresas avícolas não selecionaram mais as aves puras deixando isso para os criadores puristas e se abastecendo delas para fazer novos híbridos quando necessário”, completa. No Brasil esta divisão tomou força em 1960 e, com isso, a avicultura industrial no país dava seus primeiros passos. Essas mudanças fizeram com que a maior parte das aves de raça pura fosse considerada ornamental e a sua criação reduzida numericamente. “Juntamente com esse movimento foram importadas diversas raças com propósito exclusivamente ornamental”, conta Maria Helena. “Desta forma existe hoje na criação de aves de raças puras duas divisões bem claras, as aves exclusivamente ornamentais e as aves de produção, que apesar de receberem esse adjetivo são também muito bonitas”, explica. Atualmente, as aves ornamentais têm importância como banco genético para a produção de aves industriais e como hobby. “Alguns produtores rurais e sitiantes utilizam raças puras para o melhoramento genético das aves comuns que abastecem as suas famílias”, conclui. New Hampshire - Uma curiosidade lembrada por Maria Helena Noschang é sobre as galinhas New Hampshire, bastante comuns no Sul do Brasil por apresentarem postura abundante de grandes ovos vermelhos e precocidade na produção de carne. A raça foi introduzida maciçamente no Brasil quando do programa Aliança para o Progresso, do Presidente Kenne-

Galináceos Modern Game farão parte da exposição dy, que previa ajuda aos países da América Latina. “Juntamente com o peito duplo foi um grande modismo, ocasionando a quase extinção da criação de aves de raça pura tradicionais”, explica a criadora. A New Hampshire é resultado de um grande trabalho de seleção em meados de l915, a partir de matrizes da região norte-americana de Rhode Island e Massachussets. “O trabalho frutificou, de forma que já em l935 foi admitida como raça pura pelo standard americano, da American Poultry Association”, conclui.

O que é: Standard – Padrão, relacionado com formato. Por exemplo, quando a ave tem as formas e dimensões exatas, atribuídas à raça. Híbridos – Cruzamentos de mais de uma raça.


Ovinos

Ovinocultores se unem para ter mais competitividade Associação de Produtores de Ovinos busca equilibrar a oferta para atender demandas Com pastagens que conferem qualidade especial à carne ovina, Encruzilhada do Sul/RS tem na criação de ovelhas um dos ícones da sua tradição e cultura. Os campos são aptos à pecuária por serem mais altos e compostos por vegetação rasteira nativa, o que interfere positivamente e contribui para a aceitação na comercialização. A médica veterinária da prefeitura de Encruzilhada do Sul, Márcia Louzada, explica que a ovinocultura voltou a ser foco de atenção e o rebanho, que vinha em decréscimo até 2012, voltou a crescer numericamente. “Isto, devido à valorização da carne, principalmente de cordeiro”, salienta. Segundo dados do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), em 2013 foram movimentados R$ 1.373.000,06 em negócios com ovinos no município. A evolução da ovinocultura se deve, em parte, à profissionalização dos criadores, que passaram a buscar novidades para promover a competitividade dos seus produtos. Além disso, conscientes de que, agindo coletivamente, teriam mais força em seus negócios, foi criada a Associação de Produtores de Ovinos de Encruzilhada do Sul (Aproes). Formalizada em 2010, a agremiação conta com 25 produtores de pequeno e médio porte que, juntos, têm buscado organizar a produção e comercialização de carne, pele e artesanato em lã, e contribuir para o desenvolvimento da ovinocultura. Conforme Márcia Louzada, a associação permite uma melhor organização na escala de comercialização e possibilita o apoio do município e Estado. “Como Encruzilhada do Sul conta com frigorífico com inspeção estadual, os animais são abatidos aqui e comercializados na região metropolitana de Porto Alegre”, lembra a veterinária.

Conforme o presidente da Aproes, Marco Antônio Lopes, um dos maiores problemas enfrentados pelos criadores de ovinos é a comercialização, pois, agindo individualmente, os produtores não conseguiam manter a oferta regular durante todo o ano. Por isso, os produtores associados passaram a trocar informações e se organizam para poder fornecer cordeiros com peso de abate durante o ano todo. Além disso, a associação de Encruzilhada se juntou à Rede do Alto Camaquã, entidade que congrega oito municípios e possui uma comissão de comercialização para atender o mercado e adequar a oferta. E os projetos futuros são de adequação ainda maior às demandas. “Nem toda dona de casa quer comprar um pernil inteiro”, lembra Lopes. Por isso, a ideia é separar cortes especiais e embalar por partes como filé e picanha, entre outros, para exposição e vendas nas casas de carnes e mercados. Para os associados, isto é uma possibilidade de receber preços maiores pelas carnes nobres, o que não ocorre com a venda de carcaças. A manutenção da qualidade da carne da região é outra estratégia que colocou o grupo de Encruzilhada do Sul em evidência. “Sabemos que a pastagem da região dos campos da Serra do Sudeste dão mais sabor à carne. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) fez estudos e afirmou que a nossa carne está entre as melhores do mundo e, por isso, priorizamos a alimentação com o pasto nativo”, salienta o presidente da Aproes. “Estamos em cima de uma grande pedra, área com muitas nascentes, mas com um bom escoamento, ideal para a ovinocultura”, acrescenta. Na sua organização, a Aproes conta com o apoio de programas governamentais e de instituições, como o Programa Juntos para Competir, da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Fotos: Cristina Severgnini

Marco Antônio Lopes: criador e presidente da Aproes

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do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS). São organizados dias de campo, seminários e discussões sobre os entraves do setor. Também via governo do Rio Grande do Sul, através do programa de incentivo à ovinocultura com contrapartida da Prefeitura, os ovinocultores passaram a contar com um veículo para assistência técnica e um equipamento ultrassom para verificação de prenhez das ovelhas. Rebanho - Na propriedade de Marco Antônio Lopes, o rebanho é de cerca de 160 ovinos em vários estágios de desenvolvimento

e criados em sistema semi-intensivo com pastagem nativa. São cruzamentos entre as raças Ideal (com dupla aptidão, fornecendo carne e lã) e Ile de France e Texel (ambas de carne). Uma das recentes inovações da propriedade de Lopes foi a construção de um galpão para abrigo dos ovinos, o que reduziu a quase zero a mortalidade de crias recém-nascidas. Olhamos o rebanho três vezes por dia e as matrizes recebem suplementação alimentar antes e após a cria. Com mais de 30 anos de experiência na criação de ovelhas, Lopes tem suas próprias técnicas. Ele cria bovinos no mesmo espaço, pois o gado elimina alguns tipos de vermes prejudiciais à ovinocultura.

Lã vira peças únicas de vestuário e decoração Antes um subproduto da ovinocultura, a lã agora é a matéria-prima de peças exclusivas. São palas, mantas, xales, cobre-leitos, boinas, cachecóis, pelegos, almofadas, e até arranjos de Natal e bijuterias. Isso se tornou possível porque um grupo de senhoras de Encruzilhada do Sul resolveu aproveitar a lã produzida pelas ovelhas das propriedades das suas famílias e criou o Grupo Tece Artes, ligado à Associação de Produtores de Ovinos de Encruzilhada do Sul (Aproes). Constituído há seis anos, o grupo já montou uma sala de artes, como roca e demais equipamentos para a confecção das peças artesanais, e tem seus produtos colocados à venda no show room de uma agropecuária no centro da cidade, além de participar de feiras regionais. Conforme a coordenadora do Tece Artes, Eva Carvalho Franco, atualmente são oito senhoras, mas o grupo já foi maior. “Nosso objetivo era agregar valor à lã, pois valia muito pouco”, explica. A maioria das mulheres já havia aprendido a trabalhar a lã com as mães e avós. Mas, após constituído o grupo, elas passaram a participar de cursos e a receber especialistas para aprender novas técnicas, especialmente tingimentos e formação dos tecidos. Fazendo desde a lavagem e cardamento, até a fiação na roca e o tingimento, o resultado é a elaboração de peças únicas. “O trabalho é todo manual e nossos tingimentos são todos com tintas naturais”, explica. Como as peças em lã são mais apropriadas para o inverno, o grupo está produzindo artigos para vender quando o frio de 2015 chegar. Porém, a criatividade das artesãs vai longe, com a confecção de bijuterias com pedras brasileiras e bolas coloridas de lã. Entre os apoiadores do Tece Artes estão o Sindicato Rural de Encruzilhada, a Emater e o Senar, especialmente com a oferta de cursos com especialistas em artesanato com lã. “A formação do grupo deu mais força para a estruturação do nosso trabalho”, explica Eva Carvalho Franco.

O que é: Cardamento – Processo de desembaraçamento da lã. Roca – Aparelho para enrolar a rama da lã, no processo da fiação.

Eva Carvalho Franco: peças exclusivas são resultado da arte com lã

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Juntos para Competir apoia ovinocultura Demanda por carne de cordeiro não está sendo atendida por causa da falta de animais

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Fotos: Divulgação/Afubra

O crescimento e a profissionalização da ovinocultura no Rio Grande do Sul é uma das metas do Juntos para Competir, programa da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS), criado para a promoção de diversas cadeias produtivas. O engenheiro agrônomo Antonio José Aguinaga, gestor do Juntos para Competir no Senar-RS, explica que, no segmento da ovinocultura, são desenvolvidas diversas ações de tecnologia, gestão e mercado. As ações de tecnologia se constituem em cursos e consultorias do Senar e do Sebrae para auxiliar no aumento da eficiência produtiva dos rebanhos. São trabalhadas técnicas de produção, tratando questões alimentares, sanitárias e de reprodução. As ações de gestão têm foco na organização gerencial das propriedades e na tomada de decisão por parte do produtor. E as ações de mercado buscam organizar as relações entre os elos da cadeia, de forma a garantir a competividade e rentabilidade do segmento ovino, buscando o fortalecimento dos canais de comercialização. “Temos trabalhado muito forte na prospecção de novos grupos, tanto de ovinocultores quanto de outros segmentos, pois fortaleceremos ainda mais o programa em 2015”, revela. Aguinaga lembra que há grande potencial de crescimento para a ovinocultura. “O cordeiro produzido no Rio Grande do Sul é hoje reconhecido como um produto diferenciado e cada vez mais valorizado”, conta. “Vemos oportunidades interessantes na produção destes animais, desde que estejam inseridas em um contexto organizado tanto de produção, quanto de comercialização”, diz. “Há grande demanda pelo produto que não está sendo possível atender dada a falta de animais e, em negócios bem planejados e gerenciados, temos conseguido excelentes resultados financeiros”, acrescenta. Conforme o engenheiro agrônomo, a ovinocultura é apta a propriedades com diferentes portes e características. Independente do tamanho da propriedade, Aguinaga defende que o mais importante é a capacitação técnica e gerencial. “Uma das premissas do programa é a busca pela eficiência produtiva e a organização do setor”, salienta. Sobre a ovinocultura no Sul do Brasil, Aguinaga lembra que há boas condições de pastagens, com excelente qualidade, o que confere um diferencial competitivo, dado o ambiente diferenciado que existe no Rio Grande do Sul. “O clima e as raças que produzimos aqui nos proporcionam ótimas características ao produto final”, explica. A atuação do Juntos para Competir visa interagir com todos os elos da cadeia, onde cada elo se comprometa a fazer a sua parte. “Há necessidade de valorizar mais nosso produto, pois ele é de excelente qualidade, mas há também a necessidade de aumentar a produção para termos oferta padronizada e constante ao longo do ano”, diz. “A relação entre produtor, indústria e varejo tem que ser sólida, para podermos avançar e todos têm que trabalhar pela valorização do produto”, acrescenta. “Quanto ao consumo, temos trabalhado algumas ações de apresentação

Aguinaga: independente do tamanho da propriedade, o mais importante é a capacitação técnica e gerencial do produto, através de cortes de carne menores, mais adequados à atual realidade das famílias, o que pode proporcionar importantes ganhos de mercado para a carne ovina.” O programa – O Juntos para Competir objetiva criar condições de desenvolvimento dos empreendimentos rurais por meio da formação e acompanhamento de grupos de produtores, melhora da integração nas diferentes cadeias produtivas e a promoção, organização e profissionalização dos segmentos produtivos gaúchos. “Trabalhamos atualmente com 21 projetos de desenvolvimento, em todas as regiões do Estado, que contam com participação ativa de aproximadamente 3 mil produtores, organizados em 152 grupos”, explica o gestor do programa Antonio José Aguinaga. Cada projeto conta ainda com consultor setorial, técnico responsável pelo andamento dos trabalhos de cada grupo, programação e organização de atividades, de forma a mobilizar e garantir que todas as ações previstas nos planos de trabalho realmente aconteçam no tempo programado.


Fotos: Arquivo/Afubra

Raça Holandesa

Vacas Holandesas em exposição, julgamento e torneio leiteiro Programação na Expoagro Afubra prevê cinco ordenhas para pontuação no Circuito Exceleite A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) proporcionará novamente presença da raça na Expoagro Afubra. Esta será a V Exposição da Raça Holandesa realizada dentro da feira em Rincão Del Rey, Rio Pardo/RS, e a programação inclui concurso leiteiro e julgamento dos animais presentes no Parque. O júri premiará os exemplares que estiverem mais perto do ideal desejado para os bovinos leiteiros da raça Holandesa. Será também na Expoagro Afubra a primeira etapa de 2015 do Circuito Exceleite cuja final acontece tradicionalmente na Expointer, em Esteio/RS, no segundo semestre. Criado pela Gadolando, o Exceleite visa contribuir na identificação de animais superiores que aliem excelência fenotípica e expressiva produção de leite. Os animais precisam concorrer em, no mínimo, três diferentes locais, situações e épocas do ano demonstrando a longevidade e adaptabilidade da raça Holandesa. Com o Exceleite, a Gadolando incentiva os criadores a participarem de exposições, que continuam sendo importantes momentos de comparação, aprendizado, estreitamento de relacionamentos e intercâmbio de experiência entre os criadores de bovinos. Na Expoagro 2015, a Afubra premiará com vale compras as melhores posições do concurso leiteiro e do julgamento. Serão 51 prêmios, com valores que irão de R$ 50,00 a R$ 500,00, totalizando R$ 6 mil em prêmios, sendo R$ 4,4 mil para o julgamento e R$ 1,6 mil para o torneio leiteiro. Segundo o assessor de Eventos Agropecuários da Afubra, Marcio Fernando de Almeida, a premiação visa, além do incentivo à participação, também valorizar o trabalho realizado pelos criadores, que passam vários meses do ano se dedicando a preparação dos animais para que possam participar dos concursos mostrando toda a potencialidade da raça. “É também uma forma de amenizar os custos em decorrência não somente do preparo do animal, mas também as despesas de transporte até o evento”, explica. “A organização da Expoagro Afubra sabe da importância que o setor dos animais tem como potencial fonte de diversificação que a produção de leite tem nas propriedades familiares”, acrescenta.

Ordenhas do circuito Exceleite serão nos dois primeiros dias

Holandesas: mostra para divulgar as vantagens da raça

Programação Dia 23/03 – segunda-feira Entrada dos animais, até as 18 horas. 18h30 - Encerramento das inscrições para o torneio leiteiro. Dia 24/03 - terça-feira • 6 horas - 1ª Ordenha Concurso Leiteiro. • 14 horas - 2ª Ordenha Concurso Leiteiro. • 18 horas - Encerramento entrada dos animais. • 22 horas - 3ª Ordenha Concurso Leiteiro. Dia 25/03 - quarta-feira • 6 horas - 4ª Ordenha Concurso Leiteiro. • 14 horas - 5ª Ordenha Concurso Leiteiro. Dia 26/03 - quinta-feira • 10 horas - Julgamento de Classificação (Animais Jovens - Conjunto Jovem - Campeonato Jovem, Vacas, Conjuntos e Grande Campeonato).


Gado Jersey

Experiência bem-sucedida na seleção e recria de bovinos da raça Jersey Potencial genético cada vez mais reconhecido Fotos: Divulgação/Afubra

O Centro de Recria de Bovinos Selecionados da Raça Jersey (Certon) Embrapa Clima Temperado, foi criado em janeiro de 2008, a partir de demandas oriundas da agricultura familiar, e de assentamentos rurais, bem como, da experiência bem-sucedida realizada de 1998 a 2003 na Recria de bovinos da Raça Jersey, realizada na Estação Experimental Terras Baixas. Este Centro visa contribuir para o melhoramento genético dos rebanhos leiteiros da Raça Jersey no Rio Grande do Sul, e difundir tecnologias geradas pela pesquisa científica, capazes de aumentar a produtividade da atividade leiteira, com reflexos significativos na melhoria da renda da unidade de produção.

Vaca Embrapa 226 Julia Iara Jade, que foi campeã leiteira da Expointer

Estrutura física do Certon O elevado potencial genético do rebanho Jersey da Embrapa Clima Temperado justifica essa iniciativa, pois permite a seleção e o aproveitamento racional dos terneiros machos para touros, principalmente para os produtores que ainda utilizam a monta natural, de genética desconhecida, na reprodução de suas fêmeas. Por outro lado, a intensa participação da Embrapa Clima Temperado em feiras e exposições ranqueadas da Raça Jersey, no Estado do Rio Grande do Sul, torna imperiosa a permanente seleção de suas fêmeas para a qualificação constante de seu rebanho geral, e efetiva contribuição no melhoramento genético da Raça no RS.

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A estrutura operacional do Certon é formada por dois prédios estrategicamente localizados no centro de uma área de 18,6 hectares. No prédio principal está a base operacional do Certon, com uma sala para palestras, sala do coordenador e mais três espaços destinados ao apoio logístico do setor. No outro prédio localiza-se a Cabanha com acomodação para 15 animais e um espaço reservado para depósito de feno e ração concentrada. Existe ainda uma área coberta para abrigar terneiros na primeira fase da recria. A área de campo está dividida em 33 potreiros, 10 deles somam juntos uma área útil de 11,6 hectares, destinados à produção de alimentos: pastagens de inverno e verão, feno, silagem e grãos. Nos demais 23 potreiros, que ocupam uma área total de 7 hectares é feito o manejo dos animais a partir da segunda fase da recria. Existe um sistema de abastecimento de água no Certon que tem como base a captação de água da chuva e de nascentes próximas ao setor. Hoje, no Certon é utilizado um conjunto de reservatórios com capacidade de 70 mil litros de água, o que permite abastecer todos os potreiros da recria e molhar as pastagens em períodos prolongados de estresses hídricos, através de um sistema denominado “molhação”.


Processo de recria de bovinos Jersey A partir de 2011, o Certon passou a recriar todos os bovinos nascidos no Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento em Pecuária Leiteira da Embrapa Clima Temperado (Sispel). Machos e fêmeas, ao serem desaleitados, com 60 dias, são enviados ao Certon para serem recriados e selecionados mediante os pré-requisitos contidos em um sistema previamente estabelecido.

A recria de fêmeas é composta de cinco fases: 1ª fase: dos 60 aos 150 dias: As terneiras recebidas do Sispel são estabuladas por um período de 90 dias, tendo sua alimentação focada no fornecimento de concentrado com 18% a 20% de proteínas e feno, necessário na fase de adaptação ruminal dos terneiros e desenvolvimento da capacidade digestiva. 2ª fase: dos 150 dias aos 360 dias: Nesse período, as terneiras são levadas ao campo, em potreiros específicos para a categoria. Recebem alimentação à base de silagem de milho ou sorgo e/ou pastagem de milheto, com suplementação de concentrado com 18% a 20% de proteína. O feno é disponibilizado diariamente. 3ª fase: dos 360 dias aos 420 dias: Nessa fase os animais são avaliados quanto ao desenvolvimento corporal e características da Raça Jersey, selecionando-se os animais destinados a exposições oficiais no RS e liberando-se os demais para se integrarem ao rebanho geral do Sispel. Os bovinos selecionados que obtiveram o desenvolvimento padrão recomendados para Raça Jersey, devem ser inseminados entre 12 e 14 meses e ter um acompanhamento sistemático durante o período de gestação, mantendo-se a alimentação semelhante à da fase anterior. 4ª fase: dos 420 dias aos 720 dias: Nessa fase os animais em gestação e são mantidos de acordo com o manejo alimentar anterior, com exceção da fase de pré-parto. Sessenta dias (60 dias) antes da data prevista para o nascimento do terneiro, fase do pré-parto, as novilhas são separadas e passam a receber além da pastagem nativa, silagem de milho ou sorgo e suplementação concentrada com 20% a 24% de proteína. 5ª fase: a partir de 720 dias de idade: Os animais em lactação recebem uma alimentação à base de milheto, azevém, aveia, alfafa, silagem de sorgo e/ou milho e uma suplementação de 22% a 24% de proteína. Nesse período os animais são estimulados a produzirem mais mediante o fornecimento de maior quantidade diária de concentrado. Fase em que as vacas são preparadas para participarem de concursos leiteiros e competições nas pistas de julgamento em exposições oficiais da Raça.

A recria de machos é composta de três fases: Darcy Bitencourt, economista, M.Sc., pesquisador da Embrapa Clima Temperado

1ª fase: dos 60 aos 150 dias: Os terneiros recebidos do Sispel são estabulados por um período de 90 dias, tendo alimentação focada em silagem, feno de alfafa e suplementação concentrada a 18% de proteína. 2ª fase: dos 150 dias aos 360 dias: Os animais começam a ser adaptados a campo, iniciando-se de forma gradativa sua inserção no novo sistema. Continuam a receber silagem e suplementação concentrada a 18% de proteína. Durante essa fase se procede à seleção e os machos selecionados são separados recebem um acompanhamento especial. Os terneiros não selecionados são descartados. 3ª fase: dos 360 dias aos 540 dias: Os animais recebem uma preparação diferenciada para participarem em exposições ranqueadas da raça e venda em leilões públicos.

Processo seleção de bovinos Jersey

Roberta Ferreira Simon, acadêmica de Agronomia, FAEM - Universidade Federal de Pelotas

A seleção dos machos é realizada a partir do décimo quinto mês de idade, levando-se em consideração os seguintes requisitos: características fenotípicas da Raça Jersey, produção leiteira da mãe através de controle leiteiro oficial, genética do pai, rusticidade e desenvolvimento corporal. Os bovinos machos selecionados são vendidos em condições e preços competitivos aos produtores, propiciando fácil acesso a uma genética diferenciada. As fêmeas são selecionadas a partir do décimo segundo mês de idade, levando-se em consideração a genética e as características específicas do pai e da mãe, para atender a dois aspectos: animais destinados à produção de leite e animais destinados a concursos morfológicos em exposições oficiais da Raça Jersey.

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Arroz

Irga divulga cultivares com melhoramento genético Alta produtividade, resistência ao acamamento e a herbicidas de controle do arroz vermelho Fotos: Arquivo/Afubra

A programação do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) na Expoagro Afubra novamente proporcionará diversas atrações aos visitantes. Nos três dias de feira, de 24 a 26 de março, os técnicos e especialistas recepcionarão o público e, no Dia do Arroz, a programação será ampliada, com palestras para grupos e a recepção de excursões de arrozeiros. Como destaques, o instituto vai apresentar as últimas cultivares desenvolvidas pela equipe de Melhoramento Genético do Irga com vistas a tornar a cultura rizícola mais produtiva, resistente e de fácil cultivo. Os visitantes poderão obter informações sobre cultivares para convencional, pré-germinado e clearfield, além de manejo de milho e soja em várzea. Segundo o engenheiro agrônomo e coordenador da Regional da Depressão Central do Irga, Jaceguáy Barros, a grande novidade será a cultivar IRGA 424 RI, que apresenta resistência aos herbicidas Only e Kifix, pertencentes ao grupo químico das imidazolinonas, e por isso é alternativa para o controle do arroz vermelho. De ciclo médio, a variedade possui alto potencial de produtividade, é resistente à brusone na folha e na panícula e uma excelente alternativa de cultivo em áreas com histórico de ocorrência de arroz vermelho. Além disso, é resistente à toxidez por excesso de ferro no solo. Na categoria Cultivares para Convencional, haverá explanações sobre a IRGA 425 (caracterizado pela resistência ao acamamento do arroz irrigado), IRGA 426 (boa tolerância ao frio), IRGA 427 (produz até 12 mil k/ha e grãos de ótima qualidade) e IRGA 430 (ampla adaptação a regiões e sistemas de preparo do solo). Entre as Cultivares para Pré-Germinado estão a IRGA 425 (resistente ao acamamento) e IRGA 429 (versátil, se adapta também aos demais sistemas de preparo de solo). As Cultivares Clearfiled apresentadas são a IRGA 428 (resistente a herbicidas) e a IRGA 424 RI. A exposição na Expoagro Afubra 2015 abrangerá também a opção de manejo de soja em várzea com a Cultivar TEC IRGA 6070 RR, cultivar de alta produtividade e adaptada ao sistema de cultivo em terras baixas com maior tolerância ao excesso hídrico. Conforme Jaceguáy Barros, o cultivo de soja e milho em várzeas tem se tornado alternativa técnica e economicamente viável para o controle de arroz vermelho na rotação com o cultivo de arroz irrigado. O coordenador da Regional da Depressão Central explica que outro tema da mostra do Irga na Expoagro Afubra será a extensão rural e o desenvolvimento da lavoura arrozeira. “Faremos uma apresentação

Jaceguáy Barros: extensão rural e o desenvolvimento da lavoura arrozeira sobre as perspectivas do trabalho de extensão rural e de assistência técnica do Irga no sentido do desenvolvimento e sustentabilidade econômica e ambiental da lavoura de arroz no Rio Grande do Sul”, revela. Além disso, outras atrações estão relacionadas com a promoção da cultura e estímulo de consumo culinário do arroz, tanto em produtos convencionais como em formas alternativas diversas. Divulgação – Antecedendo a realização da Expoagro Afubra, o Irga auxilia na divulgação e organização das excursões de produtores de arroz para a visita à feira. “Esta programação preliminar consiste em uma das atividades anuais de parceria com a Afubra e outras instituições para capacitação e informação de produtores, indústrias, comerciantes e comunidades em geral”, explica o engenheiro agrônomo Jaceguáy Barros.

O que é: Arroz clearfield – Tecnologia para controlar o arroz vermelho. Arroz vermelho – Planta daninha invasora das lavouras de arroz. A semelhança com o arroz cultivado torna o controle bastante difícil. Acamamento – Arroz fica deitado e propício à umidade, acarretando perda da qualidade. Imidazolinonas – Produtos que inibem o crescimento celular e a fotossíntese das folhas verdes. Brusone – Doença do arroz, que pode ocorrer em todas as partes aéreas da planta, desde os estádios iniciais de desenvolvimento até a fase final de produção de grãos. Nas folhas, os sintomas típicos iniciam-se por pequenos pontos de coloração castanha, que evoluem para manchas elípticas.

Dia do arroz é uma das atrações da Expoagro Afubra

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Embrapa apresenta arroz gigante Cultivar apropriada para alimentação animal e produção de etanol Fotos: Divulgação/Afubra

O destaque principal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na Expoagro Afubra 2015 é o arroz BRS AG (Arroz Gigante), a primeira cultivar de arroz irrigado para outros usos que não o consumo humano. Foi desenvolvida para servir como matéria prima para produção de etanol e também para alimentação animal. Os pesquisadores da Embrapa Clima Temperado, vão ministrar palestras para os visitantes informando sobre as características, utilização, plantio, manejo e demais dúvidas. Haverá também uma lavoura demonstrativa da cultivar BRS AG e exposição de sementes da cultivar. Conforme o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, Ariano Martins de Magalhães Júnior, a cultivar BRS AG apresenta grãos muito grandes e tem uma relação amilose-amilopectina que resulta em uma qualidade inferior no cozimento, portanto, sem adequação de uso na culinária. “São grãos grandes, de alta capacidade produtiva e denominados como DCH (desqualificado para consumo humano)”, esclarece. Ele explica que as plantas possuem ciclo biológico de aproximadamente 126 dias, da emergência à maturação, e chega a 52 gramas de peso médio de mil sementes enquanto que a maioria das cultivares de arroz irrigado apresenta peso médio de 25 gramas. A altura média das plantas é de 110 centímetros, com espessura do colmo de 5,5 milímetros o que lhe confere colmos fortes e resistentes ao acamamento. “Apresenta resistência ao degrane (debulha natural), portanto não se enquadra com risco de tornar-se uma planta infestante da lavoura orizícola”, salienta. Demais cultivares – Durante a Expoagro Afubra, a Embrapa apresentará também exposição de sementes de arroz irrigado das cultivares BRS Querência, BRS Sinuelo CL e BRS Pampa. Haverá distribuição de material informativo sobre todas as cultivares expostas e os pesquisadores da equipe do arroz irrigado estarão à disposição em atendimento ao público.

Ariano de Magalhães Júnior: grãos grandes, de alta capacidade produtiva

Arroz gigante para uso na produção de etanol ou alimentação animal


Benefícios

Com mais água, produtor tem mais renda Fumicultores de São Lourenço do Sul/RS, apostam na irrigação para aumentar produtividade Através de convênios assinados em 2013, os programas Mais Água Mais Renda e RS Mais Grãos passaram a beneficiar produtores de tabaco do Rio Grande do Sul. Firmado por representantes da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) e Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), o Termo de Cooperação Técnica uniu esforços para a divulgação e implantação do programa junto aos associados da Afubra e aos produtores integrados às indústrias de tabaco. A expectativa é de que a medida permita agregar renda aos produtores de tabaco com o aumento da produtividade e da qualidade de suas lavouras. Um desses fumicultores que apostam nos bons resultados é Jader Henrique Heller, de Picada Esperança, em São Lourenço do Sul/RS. Junto com sua esposa Marcieli Heller, e seu pai, Arnildo Heller, Jader decidiu implantar a irrigação por gotejamento na lavoura de 70 mil pés de tabaco Virgínia. Para a implantação do sistema, a família abriu dois açudes, com recursos próprios, e pegou R$ 45 mil do programa para as despesas com a colocação de rede de energia elétrica na lavoura, aquisição de motores, bombas, filtros, canos e uma construção de alvenaria para abrigar os equipamentos. Na lavoura dos Heller, foi necessário a instalação de duas bombas para puxar água, 35 mil metros de canos fita (para gotejamento) e cerca de 1,5 mil metros de canos grossos. Conforme Jader Heller, o empréstimo através do Mais Água Mais Renda é vantajoso porque os juro são baixos e ele conseguiu 10 anos para pagar, além de um desconto de cerca de R$ 14 mil. O produtor conta que as secas resultavam em quebras na produção e prejuízos para a propriedade. “Na safra de 2004/2005 colhemos cinco arrobas por mil pés, enquanto que o normal da propriedade seria 12,3 arrobas por mil pés”, lamenta.

Pai e filho apostam na irrigação para garantir a safra e aumentar a produtividade

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“Hoje não dá mais para esperar pela chuva. Temos que ter certeza de que se vai colher”, salienta. Mas agora, com água na quantidade ideal, a expectativa é aumentar significativamente o rendimento. Eles iniciaram a irrigação no final de novembro, com o tabaco já em crescimento e Jader Heller pretende colher 18 arrobas por mil pés. Ele já visitou outras propriedades com tabaco irrigado e viu os resultados positivos. Com 70 mil pés sem irrigação e sem seca severa, ele colheria 850 arrobas. Com a irrigação, pretende chegar a 1.350 arrobas na safra 2014/2015. “Se economiza em insumos e em mão de obra, pois a lavoura de tabaco é a mesma, com a mesma quantidade de adubo e o mesmo trabalho no preparo da terra”, ressalta. Inclusive, Heller reduziu a quantia plantada com a expectativa de colher o mesmo montante. Na safra 1013/2014 a família plantou 100 mil pés e, neste ano, com 30% a menos no número de plantas, quer ter produção semelhante. O gotejamento é um sistema conhecido pela economia de água, pois o líquido é colocado diretamente na raiz das plantas. “Vamos ligar a água de dois em dois dias e, quando chover, não precisamos ligar”, conta Jader. Outra facilidade é a de colocar o salitre diluído junto com a irrigação. Além do financiamento governamental, os Heller contaram com o apoio das equipes das empresas Souza Cruz, Plantagro e Kubuak para a obtenção de licenças ambientais e para a implantação do sistema. A família, sempre atenta às tecnologias para melhorar a produção, planeja implantar o plantio direto na lavoura de tabaco a partir da safra 2015/2016, pois o milho já é cultivado no sistema direto e eles percebem vantagens. Na propriedade de 48 hectares, Arnildo e Jader Heller cultivam também milho, fazem silagem e criam gado de corte, de forma que têm três fontes de renda, sendo o tabaco a principal. Eles produziam leite, mas pararam por falta de mão de obra e pela baixa rentabilidade.


Fotos: Cristina Severgnini

O Programa O Mais Água Mais Renda foi criado pela Seapa com o objetivo de incentivar e facilitar a expansão da irrigação no Estado. Entre os principais benefícios estão a agilidade no Licenciamento Ambiental e Outorga Prévia do uso da água para açudes até 10 hectares e áreas irrigadas até 100 hectares e o incentivo financeiro para os sistemas de irrigação (açudes e equipamentos para aspersão, sulcos e gotejamento). Para participar do programa os produtores rurais interessados devem procurar técnicos habilitados para a elaboração de projeto, preencher a ficha de adesão ao programa que está disponibilizada no site da Seapa e fazer os demais encaminhamentos. No caso dos produtores de tabaco, podem solicitar auxílio dos técnicos das empresas às quais são integrados.

Jader e Arnildo Heller: sistema pronto para entrar em funcionamento

Sistema por gotejamento na lavoura de tabaco


Informe Especial - Ouro Fino

Uso de inseticidas é fundamental para controle de lagartas Ferramentas no manejo da soja que garantem eficiência e rentabilidade para o produto

Na dessecação, é importante fazer o monitoramento de pragas e a utilização de inseticidas com o objetivo de reduzir a população de insetos no início do ciclo de cultivo da soja, principalmente lagartas. Desta forma, é possível diminuir os danos provocados pelas pragas na fase de estabelecimento da cultura. Com o aumento do plantio da soja intacta, é fundamental a aplicação de inseticida, principalmente para lagartas como as do gênero

Spodoptera. Ela sobrevive na palha e provoca danos no início do desenvolvimento da cultura. Recém-emergida, esse gênero de lagarta não é controlado pela tecnologia intacta. Outra preocupação é a Helicoverpa. Essa praga causou prejuízo considerável na safra passada e exige muita atenção. Por ser uma praga que empupa no solo e seu ciclo de vida é muito curto o que aumenta pressão da praga na cultura. Ela possui mais de 150 hospedeiros, sua mariposa se alimenta do néctar das plantas daninhas e então faz sua postura nas mesmas. Quando identificada a praga, recomenda-se o uso de inseticida na fase inicial do inseto. Para o controle dessas lagartas, a Ourofino Agrociência possui dois inseticidas: o BrilhanteBR, a base de metomil, inseticida seletivo aos inimigos naturais que controla ovo, lagarta e mariposa, reduzindo a infestação na área; e o CapatazBR, a base de clorpirifós. Essas são excelentes ferramentas no manejo da cultura da soja que garantem eficiência e rentabilidade para o produtor.

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Fotos: Divulgação/Afubra

O início das chuvas traz também o começo do plantio da soja, o que pede cuidados por parte dos sojicultores. Todo o trabalho inclui a escolha de uma semente de qualidade para o vigor da cultura e garantia do número adequado de plantas por metro, o uso dos inseticida e fungicida no tratamento de semente e ainda a dessecação antes do plantio. Esses são cuidados adotados para se obter o máximo da produtividade e consequentemente maior rentabilidade.

Lavoura de Soja Por Antônio Nucci, engenheiro agrônomo e gerente técnico da Ourofino Agrociência


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Informe Especial - EMATER

Projeto motiva agricultores a produzirem hortaliças Casal de agricultores apostou na produção de hortaliças para garantir o sustento da família A produção de hortaliças é a principal fonte de renda para os agricultores Oneide e Eloir de Souza. O casal que reside na localidade de Rodeio Bonito, distante quatro quilômetros da sede do município de Barros Cassal/RS, cultivou o tabaco por muitos anos. Contudo, devido à falta de mão de obra para o cultivo da principal atividade e a procura pelas poucas hortaliças que já comercializavam na cidade, a cerca de quatro anos decidiram investir exclusivamente na atividade. “No começo foi difícil. Alguns conhecidos diziam que não ia dar certo, que verduras não dariam dinheiro suficiente”, lembra Oneide. A propriedade possui um relevo muito íngreme o que reduz a área propícia para o cultivo, porém o casal decidiu aumentar a produção e foi uma das sete famílias do municí-

pio a ser beneficiada pelo projeto de Produção Agroecológica, Integrada e Sustentável (PAIS). “O trabalho é realizado pela minha esposa e eu e, quando apareceu esse projeto, não pensamos duas vezes. Era uma boa oportunidade”, relata Oneide. De acordo com a extensionista social da Emater/RS-Ascar, Graziela Cornelli Nava, a seleção das famílias foi realizada pelos extensionistas da Emater/RS-Ascar, pelo Comitê Gestor e pelo Conselho Agropecuário do município. A escolha levou em consideração os nomes das famílias que já realizavam o cultivo de hortaliças no município e que haviam demonstrado interesse em aumentar a produção. “Nós acreditamos que com a vinda do PAIS o seu Oneide e a dona Eloir, assim como as outras famílias, poderiam incrementar a produção e se inserir em outros mercados. E foi o que aconteceu. Hoje, eles são fornecedores do Programa

de Aquisição de Alimentos, o PAA, do município vizinho e também começaram a vender na feira do produtor do município”, expôs Graziela. O projeto PAIS obtém recursos da Fundação Banco do Brasil e visa garantir a segurança e soberania alimentar das famílias beneficiadas e, posteriormente, possibilita a geração de renda para as propriedades por meio da comercialização da produção excedente. O projeto inclui um galinheiro com 60 aves para a produção de ovos e carne para cada família e uma horta com sistema de irrigação. O Projeto PAIS beneficia ao todo 135 famílias no Rio Grande do Sul. O casal Souza relata que a opção pelas hortaliças se deu não apenas pela grande demanda do comércio e pelas famílias da cidade por produtos locais que já gerava renda extra para a família, mas também pela possibilidade, além do consumo, da utilização para a alimenta-


Assessoria de Imprensa Emater/RS-Ascar – Regional de Soledade Jornalista Carina Venzo Cavalheiro

Foto: Carina Venzo Cavalheiro

ção dos animais que eles criam na propriedade. “Com as hortaliças nada se perde, se não vender na cidade, sempre tem uma utilidade na propriedade”, conta Eloir. O plantio e a comercialização das hortaliças superaram as expectativas dos agricultores e a grande procura pelos produtos motiva o casal a permanecer na atividade. “Cultivamos hortaliças como alface, couve, cenoura, beterraba, repolho e essa produção está sendo pouca. Se o produto é bom sempre tem bastante procura e já notamos que poderíamos ampliar ainda mais”, relata Oneide. A entrega da produção ao comércio da cidade é realizada três vezes por semana. Uma das clientes das hortaliças produzidas pelo seu Oneide e pela dona Eloir é a comerciante Maria Ledi Padilha. “Compro deles desde o começo, quando ele vinha de bicicleta entregar. Optamos por comprar deles, pois é uma verdura mais gostosa, sem agrotóxico. Sempre vou comprar”, expõe a comerciante. Com a adesão ao PAIS agricultores aumentaram qualificaram a produção de hortaliças na propriedade.


Informe Especial - EMATER

Agricultor investe em pastagens para qualificar a produção leiteira A produção de pastagens é uma boa alternativa para quem decide investir na produção leiteira Valdomiro. Quando o filho Maurício, então estudante da Escola Família Agrícola (EFA) do município de Santa Cruz do Sul/RS, trouxe a ideia de diversificar a produção na propriedade rural localizada na comunidade de Faxinal de Dentro, município de Vale do Sol/RS e viabilizar outra forma de geração de renda para a família o casal de agricultores Valdomiro e Solange de Carvalho decidiram apostar na produção leiteira. Para isso a família investiu não só na compra de matrizes leiteiras, mas também no plantio e cultivo de pastagens para a alimentação dos animais. “O leite é uma atividade muito rentável. No começo foi um estudo que o Mauricio trouxe da escola para modificar e diversificar as atividades e veio com essa ideia. Aí começamos a produzir e sempre vendíamos o leite que sobrava, era um dinheiro certo”, lembra

Para garantir uma boa produção leiteira a família investiu na melhoria e qualificação das pastagens. “Eu ganhei bastante ajuda de fora e fomos adaptando e aumentando as espécies melhoradas. Acho que uma das melhores coisas que aconteceram foram essas diferentes pastagens que incluímos”, expõe Valdomiro. Para a nova atividade, além das experiências trazidas pelo filho, os agricultores contaram com o auxílio da Emater/RS-Ascar e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Na propriedade são cerca de seis hectares de pastagens divididos em 28 piquetes para o rodízio dos animais. De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Benhur Farias Martins, a produção de pastagens é a melhor alternativa para quem decide investir na atividade. “A utilização da pastagem reduz os custos de produção e o leite apresenta melhor

qualidade. Nessa região espécies de tifton e o trevo se adaptam bem ao clima local. E, depois de plantadas as espécies e piqueteados os espaços, é importante investir no melhoramento dessas pastagens”, expõe Martins. Com os resultados surgindo, a cerca de um ano a família decidiu investir em um sistema de irrigação para as áreas de pastagens com vistas a garantir a produção uniforme das espécies. “Por enquanto a irrigação é apenas para uma parte dos piquetes, mas já estamos com o projeto para implantar o sistema em todas as áreas de pastagens”, lembra o agricultor. Ainda segundo o engenheiro agrônomo também é necessário o planejamento para garantir a produção. “É preciso ter cuidado nos períodos em que a produção de pastagem é reduzida. É importante que o agricultor se planeje para esses momentos para não ter uma perda significativa na produção”, frisa Martins.


Assessoria de Imprensa Emater/RS-Ascar – Regional de Soledade Jornalista Carina Venzo Cavalheiro

Foto: Carina Venzo Cavalheiro

Entre as pastagens cultivadas na propriedade estão espécies de trevo, tifton, aveia, azevém e trigo duplo propósito. “Aqui a pastagem era restrita a aveia e azevém sem conhecermos as variedades. E essas espécies melhoradas deram um rendimento de 70% a mais na produção”, finaliza o Valdomiro. Atualmente a família possui 18 vacas, sendo que destas 12 estão em lactação. Além disso, existem seis novilhas e seis terneiras. Ao todo são produzidos 240 litros de leite por dia, uma média de 20 litros de leite por animal em lactação. O médico veterinário da Emater/RS-Ascar, André Macke Franck, também ressalta a importância do cuidado com o bem-estar animal. “Outro cuidado que o produtor deve ter, além da qualidade das pastagens, é com as áreas de sombra e a disponibilidade de água para os animais, fatores que influenciam diretamente na produção leiteira. A vaca nasceu para pastar e ela pastando tem mais saúde e evita muitos problemas como, por exemplo, os digestivos”, ressalta Franck. Investimento na qualidade da pastagem oferecida as matrizes foi uma das prioridades da família Carvalho ao iniciar a nova atividade


Informe Especial - TMF

TMF, destaque no segmento de fertilizantes inteligentes Produtos com a máxima eficiência na correção e produtividade Com o crescimento na demanda por alimentos, estima-se que até 2050 seremos 10 bilhões de habitantes, e o Brasil com seu enorme potencial produtivo, precisa cada vez mais, investir em novas tecnologias e produtos relacionados ao meio agrícola. Neste contexto, a necessidade por fertilizantes cada vez mais eficientes, é primordial para o contínuo desenvolvimento da agricultura brasileira gerando aumento da competitividade do agronegócio.

Com o foco no desenvolvimento de novos produtos para o agronegócio, a TMF Fertilizantes Inteligentes, referência nesse segmento há mais de 10 anos, realizou durante

este período, um grande investimento no desenvolvimento de produtos que tivessem a máxima eficiência na correção e produtividade em qualquer tipo de solo ou cultura. Localizada na cidade de Pains (MG), a TMF destaca-se por seus produtos inovadores e de alto padrão de qualidade, com propriedades e ações únicas sobre solos e culturas.Um destes produtos é o Calsite, que possui ação multifuncional, corrigindo, fertilizando e condicionando o solo, deixando-o em perfeitas condições para o plantio, além de favorecer a nutrição das plantas durante todas as etapas de crescimento. Após aplicado, o Calsite ajuda na liberação de nutrientes e micronutrientes do solo, como Fósforo, Enxofre e Potássio, e fornece alta concentração de Cálcio e Silício, elementos essenciais para as plantas. O resultado é um crescimento da

fertilidade do solo, aliado à produtividade e qualidade no produto final. Através de análises, é possível realizar o mapeamento das necessidades de cada solo que será aplicado o Calsite, otimizando os resultados no balanceamento e na aplicação do produto, na correção, na fertilização e no desenvolvimento de matéria orgânica.Os resultados são nítidos no crescimento do volume da produção e na qualidade das sementes e das plantas finais. O produto possui ação imediata e é aplicado em menor dosagem do que corretivos e fertilizantes tradicionais. Além de todas as vantagens já comprovadas, o Calsite possui outro benefício; ele pode ser usado em qualquer tipo de cultura e pode ser aplicado antes ou durante o plantio sem a necessidade de incorporar.

PRODUTIVIDADE EM QUALQUER TIPO DE SOLO E CULTURA. CALSITE ATUA DE DIVERSAS FORMAS, TRAZENDO BENEFÍCIOS ÚNICOS: • Ação imediata

• Diminui a toxidez causada por Alumínio

• Baixa dosagem

• Auxilia o crescimento do sistema radicular

• Maior residual e alta solubilidade

• Aumenta a produtividade

• Não precisa incorporar

• Melhora a atividade microbiológica

• Libera diversos elementos e nutrientes para a planta

• Melhora a CTC e o V%

• Corrige o solo rapidamente

• Melhora a fertilidade e a estrutura física e química do solo

• Faz a manutenção do pH do solo

PRODUTO BIODISPONÍVEL E COM AÇÃO MULTIFUNCIONAL

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Informe Especial - EMBRAPA

Soluções para diversificação da produção familiar demonstradas a campo

Expoagro Afubra contará com diversas tecnologias desenvolvidas Foto: Divulgação/Afubra

Pesquisa agropecuária oferece um cardápio tecnológico que vai da produção de leite ao cultivo de pimentas. A meta é motivar o agricultor familiar a aproveitar o uso da terra, agregar valor e renda, ter autonomia e garantir sustentabilidade ambiental e segurança alimentar. Os agricultores estarão mais uma vez próximos das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa nesta edição da Expoagro Afubra. Todas as novidades estarão demonstradas no campo e no estande da Empresa. Em um bom espaço agrícola, dezenas de tecnologias foram cultivadas ou desenvolvidas dentro do parque para oferecer alternativas para diversificação da agricultura familiar. As áreas agrícolas irão demonstrar soluções tecnológicas para produção de leite e forrageiras, agrobiodiversidade e recursos genéticos, agroenergia, fruticultura, hortaliças e avicultura colonial. Dentre os materiais que serão apresentados, destacam-se o conjunto de cereais de duplo propósito, o cultivo de uvas para processamento e de mesa, cultivares de pêssego, amora e batatas-doce e, ainda, a apresentação dos lançamentos da Embrapa em 2015, a cultivar de arroz para agroenergia, a BRS AG (o arroz gigante), a cultivar de batata BRS Camila e as cultivares de pimentas comestíveis e doces BRS Coral e BRS Ouro e pimentas ornamentais e ardidas BRS Manoela, BRS Itamira (vaso) e BRS Vilma. As caravanas de visitantes à Exposição poderão verificar, em áreas cultivadas em parceria com a Emater/RS-Ascar, os milhos crioulos farináceo branco, farináceo amarelo, brasino e dente de ouro amarelo; as batatas-doce de alta produtividade e indicadas à culinária BRS Cuia, BRS Amelia e BRS Rubissol; as batatas para processamento industrial BRSIPR Bel e para mesa do consumidor BRS Clara e BRS Ana e as abóboras direcionadas à culinária especializada, tanto para pratos salgados e doces, com porções

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Cultivares de uva para mesa BRS Vitória vai chamar a atenção em um parreiral demonstrativo adequadas à vida moderna, com a produção das BRS Estrela, BRS Tortéi e BRS Linda. A área demonstrativa da Embrapa oferece um conjunto de forrageiras como o capim-elefante anão BRS Kurumi e BRS Resteveiro, o azevém BRS Ponteio, os feijões miúdos como plantas de cobertura e novilhas Jersey, que comprovam seu desempenho para a produção de leite. Também neste espaço será possível identificar nove cultivares de cana-de-açúcar adaptadas à região Sul para produção de etanol e aves poedeiras BRS 051 para agregação

de valor ao empreendimento familiar. O projeto Quintais Orgânicos, uma parceria com a Eletrobras, tem o objetivo de promover o cultivo de frutas, incluindo as nativas, e incorpora hortaliças para manutenção da autonomia do agricultor e sua segurança alimentar, estará com seus exemplares em exposição e resultados à disposição do público. Livros sobre a cultura do pessegueiro e publicações que tratam sobre o uso de caldas na produção orgânica de frutas estarão na casa institucional da Embrapa como contribuição à produção agrícola.


As cultivares de uva para suco BRS Magna, BRS Violeta, BRS Carmem e Isabel Precoce como para mesa, BRS Núbia e BRS Vitória, vão chamar a atenção em um parreiral demonstrativo, que está com dois anos e foi enxertado no final de 2014. Ali, serão dadas orientações sobre a implantação, qualidade das mudas, plantio e manejo, além de detalhes sobre cada uma das cultivares. As variedades Itália, Benitaka e Niágara Rosada estarão também presentes como as principais uvas de mesa utilizadas pela agricultura familiar. Outro ponto em destaque são os cereais de duplo propósito, que podem ser usados para forrageamento animal e produção de grãos. A técnica já era utilizada pelo produtor de carne e leite da região Sul, mas sem conhecimento da tecnologia de manejo mais adequada ao sistema. Novas cultivares de leguminosas forrageiras que servirão para o incremento da qualidade e sustentabilidade de pastagens também serão lançadas durante o evento. As cultivares BRSURS Entrevero, URSBRS Posteiro e BRS Piquete são adaptadas à região Sul do país e recomendadas para compor consórcios com gramíneas forrageiras de inverno. Dentre os lançamentos, também está a cultivar de Capim- Sudão BRS Estribo, desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sul, em parceria com a Associação Sul-Brasileira para o Fomento de Pesquisas em Forrageiras (Sulpasto). Destaca-se também o lançamento de novas cultivares de hortaliças, da Embrapa Hortaliças. A variedade de cenoura Planalto é resistente à queima-das-folhas, a nematóides e ainda possui tolerância ao florescimento, o que permite maior período de plantio. Duas variedades de tomate também serão lançadas. O BRS Sena, apresentado como o primeiro híbrido nacional rasteiro com tolerância ao geminivírus; o BRS Nagai, um híbrido com hábito de crescimento indeterminado e excelente cobertura foliar, que reduz a incidência de escaldadura solar dos frutos; e o BRS Iracema, tomate rústico, de

Foto: Divulgação/Afubra

Os destaques da edição

Lançamento da Embrapa em 2015 a cultivar de batata BRS Camila crescimento indeterminado e com frutos que atendem às demandas do segmento cereja. Desenvolvida com o objetivo de disponibilizar um produto diferenciado devido ao aspecto ornamental, a abóbora Brasileirinha é um dos pontos altos por unir a peculiaridade de suas cores com a sua rica composição nutricional. E ainda serão demonstrados, o insetário com as principais pragas das hortaliças e seus inimigos naturais e o Irrigas, sistema desenvolvido para economizar água e garantir o crescimento pleno das plantas. Durante a Exposição, o visitante vai ter acesso aos estudos aprimorados para definir desde o desenvolvimento de cultivares de ciclo mais longo até o melhor manejo dos cereais, o momento certo de entrada e saída

de animais, o planejamento forrageiro mais adequado a cada realidade e a possibilidade de colheita em forma de feno, silagem e grãos. As cultivares dos trigos BRS Tarumã e RS Parrudo, de centeio BRS Serrano e das aveias BRS Centauro e BRS Madrugada, compõem esse conjunto de opções ao agricultor que busca alta produtividade, condições facilitadas de manejo e boa adaptação a região Sul. Participarão da Expoagro Afubra 2015 as Unidades da Embrapa: Clima Temperado, Uva e Vinho, Pecuária Sul, Trigo, Milho e Sorgo, Hortaliças e Produtos e Mercado: Escritórios Capão do Leão e Passo Fundo. Assessoria de Imprensa Emater/RS-Ascar – Regional de Soledade Jornalista Carina Venzo Cavalheiro

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Informe Especial - FETAG

Família Macedo aposta na agroindústria Merenda escolar e participação em feiras movimentam o empreendimento Foto: Divulgação/Afubra

Em março deste ano, a Agroindústria Familiar Luiz Hernani Macedo (57), da localidade de Faxinal da Guardinha, em Cachoeira do Sul, está completando três anos de criação. Uma decisão arrojada, mas bem embasada, motivou Luiz e a esposa Iara Teresinha de Azeredo Macedo (50), a trocarem os 35 mil pés de fumo por uma agroindústria de produtos embalados a vácuo, tais como aipim descascado, seleta de legumes, moranga cabotiá processada e schimiers de vários sabores. Macedo conta que trabalham com mercados de pequeno porte e 80% da produção é destinada à merenda escolar: 42 escolas municipais e 12 estaduais via Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Somente de aipim são vendidos mais de 10 mil quilos/ano e cerca de 2 mil quilos de schimier. Iara é funcionária pública e trabalha na Escola Imperatriz Leopoldina. Ela fez cursos de boas práticas de aproveitamento de frutas e hortaliças, além de participar do Programa Líder Cidadão, que ensina a atuar em grupo e exercer liderança. A prima de Luiz, Ana Lúcia Macedo (45), ajuda na agroindústria. Os três filhos do casal - duas professoras e o outro na Faculdade de Engenharia de Produção (Unisc) - não quiseram continuar na agricultura. A área total da propriedade é de 3,3ha. Desde 1999, lembra Macedo, a dedicação era total e exclusiva à lavoura fumageira com o plantio de 35.000 pés comercializados junto à Brasfumo, indústria de Venâncio Aires. Com o passar dos anos e os filhos encaminhados, ele passou a buscar saídas para substituir a fumicultura. Por sinal, essa é a grande incógnita de quem planta fumo, já que as áreas são pequenas e dificilmente uma nova cultura ou mesmo atividade apresenta o rendimento do tabaco e viabiliza o sustento da família com uma certa margem de lucratividade. Enxergou na agroindústria uma saída. Em 2011, com o fumo colhido, passou a investir nas culturas de mandioca, milho e moranga. Mas a intenção era beneficiar de alguma forma, pois vender in natura, nas condições dele, seria trocar seis por meia dúzia. Ao colher a mandioca, lavou e descascou. Como se trata de uma raiz de difícil lida na cozinha, pensou em qual dona de casa não prefere gastar um pouquinho a mais e ter a

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Família Macedo participa de feiras para comercializar a produção mandioca limpinha, descascada e pronta para ir ao fogo, perguntava a sua esposa. Tal pensamento começou a dar certo, já que negociava toda a produção. Em seguida, decidiu plantar moranga cabotiá. Se a mandioca era “chata” para descascar, pior ainda a moranga. Fez o mesmo processo e o resultado novamente foi positivo. Mesmo com os números favoráveis, precisava de mais certeza, já que estava praticamente decidido em largar o certo pelo duvidoso. A partir dessa constatação, Macedo conta que terminaram as dúvidas e foi em busca de orientação junto à Emater, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Vigilância Sanitária e Secretarias da Agricultura e do Meio Ambiente. “Aproveitei o galpão onde estocava o fumo seco e o transformei na primeira agroindústria minimamente processada com produtos embalados a vácuo. Obtivemos uma linha de crédito no Badesul de R$ 7,2 mil para comprar a máquina de embalar e vamos

pagar apenas 20% em cinco anos, com desconto de 80% se os pagamentos forem mantidos em dia”, observou. Em agosto de 2013 plantou mandioca, abóbora e moranga. Segue colhendo à medida das necessidades. A produção de mandioca vai atingir 40 toneladas. Deste total, ele trabalha com uma quebra de 40% entre classificação, lavagem e descascamento. O mesmo índice pode ser considerado para a abóbora, enquanto que para a moranga cabotiá é de apenas 20%. “É por isso que a lucratividade dela é sempre maior em relação às outras”, justifica. Em 2014, expuseram pela primeira vez no Pavilhão da Agricultura Familiar, na Expointer, em Esteio. Ao longo dos nove dias de feira, arrecadaram R$ 5 mil, além de vários contatos e negócios que foram encaminhados. Quando não estão nas feiras organizadas pela Fetag – Expoagro Afubra, Fenarroz, Expointer e outras – entregam a produção nas escolas


Expoagro Afubra A Agroindústria Familiar Luiz Hernani Macedo participará pela segunda vez da Expoagro Afubra, cuja 15ª edição ocorrerá durante os dias 24, 25 e 26 de março de 2015, na localidade de Rincão del Rey, em Rio Pardo. Ao contrário de 2014, quando não conseguiu vender tudo que levou para a feira, desta vez a família pretende comercializar 500kg de mandioca, 200kg de moranga cabotiá e 200 vidros de compotas. “Agora estamos mais conhecidos”, acredita. A Fetag sempre esteve presente na Expoagro Afubra e, a exemplo de anos anteriores, deve organizar cerca de 150 estandes nesta que é identificada como a maior feira do Brasil voltada à agricultura familiar. O presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, conta que as exposições representam para o conjunto dos agricultores familiares um importante espaço de divulgação e de aperfeiçoamento dos produtos das agroindústrias. Já o assessor de Política Agrícola e Agroindústrias, Jocimar Rabaioli, explica que a Federação tem como bandeira de luta a

Pavilhão das Agroindústrias na Expoagro Afubra é muito procurado

permanência do agricultor no campo com qualidade de vida e geração de renda. “Fomentamos a iniciativa agroindustrial e as formas associativas para comercialização

sem a figura do atravessador”, completa. Luiz Fernando Boaz Assessoria de Imprensa


Informe Especial - IRGA

Arroz é tema de Conferência Internacional em Porto Alegre Evento será em fevereiro e reunirá representantes do setor Os principais temas relacionados com pesquisa e produção de arroz no continente americano serão discutidos na 12ª Conferência Internacional de Arroz para a América Latina e Caribe, entre os dias 23 e 26 de fevereiro de 2015. O encontro, que ocorrerá na Pontifícia Universidade Católica – PUC, em Porto Alegre (RS), é organizado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (FLAR), Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e Aliança Global para a Pesquisa do Arroz (GRISP). O tema central escolhido para esta conferência é “Horizontes para a Competitividade”. Entre os assuntos a serem abordados constam: Visão Global para pesquisa de arroz em 2035; Tecnologias do futuro para uma agricultura mais competitiva; Visão de futuro na genética e melhoramento de arroz para maior competitividade; Contribuições do melhoramento de plantas para competitividade na agricultura; Manejo da cultura e desenvolvimento tecnológico para a competitividade; Manejo agronômico para o futuro da produção de arroz; Desafios da mudança climática para a competitividade do setor arrozeiro; Monitoramento do clima para a melhoria da competitividade da agricultura; Valor agregado e novas oportunidades de mercado; Novas oportunidades de mercado para o arroz; Parcerias para melhorar o impacto e a competitividade do setor do arroz; Contribuição do setor agrícola no desenvolvimento da América Latina. Já estão confirmados para esta edição os nomes de Robert Zeigler, diretor-geral do IRRI (Filipinas); Joseph Tohme, CIAT (Colômbia); Edgar Torres, CIAT (Colômbia); Susan McCouch, Universidade de Cornell (EUA); Flavio Breseghello, Embrapa (Brasil); Sergio Gindri Lopes , IRGA (Brasil); Eero Nissila, IRRI (Filipinas); Federico Cuevas (República Dominicana); Noel Magor, IRRI (Filipinas); Achim Dobermann, GRISP/IRRI (Filipinas); Luciano Carmona, FLAR (Brasil); Felipe Gutheil Ferreira, IRGA (Brasil); Fernando Correa, Rice Tec (EUA); Mo Way, Texas A&M (EUA); Silvio Steinmetz, Embrapa (Brasil); Andy Nelson, IRRI (Filipinas); Daniel Jimenez, CIAT (Colômbia); Camila Rebolledo, CIAT (Colômbia); Santiago Cuadra, Embrapa (Brasil); Raul Uraga, Saman (Uruguai); Ming-Hsien Cheng, Departamento

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Conferência Internacional do Arroz para América Latina e Caribe

de Agricultura – USDA (EUA); Nesse Sreenivasulu, IRRI (Filipinas); Edna Amante, UFSC (Brasil); Gonzalo Rovira, COOPAR (Uruguai); Álvaro Durant, PROARROZ (Argentina); Gonzalo Zorrilla, INIA (Uruguai); Juan Camilo Restrepo, ex-ministro da Agricultura (Colômbia); Bas Bouman, IRRI (Filipinas); Marco Wopereis, Centro Africano de Arroz (Benin); Eduardo Graterol, FLAR (Colômbia); Juan Manuel Dominguez, INIAP (Equador); e Henrique Dornelles, Federarroz (Brasil). DIA DE CAMPO - A Conferência Internacional do Arroz é realizada desde 1976, com os objetivos de discutir o desenvolvimento tecnológico e identificar novos desafios e oportunidades neste segmento. É também um encontro para compartilhar conhecimento e experiência em torno do cultivo do cereal. A edição anterior, realizada em 2010, aconteceu

em Cali, na Colômbia. As inscrições para a conferência de 2015 podem ser efetivadas diretamente no site do IRGA (http://www.conferenciaarroz2015.com.br/ind ex.php?pagina=4). Para o último dia do evento, 26 de fevereiro, está programada a realização de um Dia de Campo Internacional na Estação Experimental do Arroz (EEA) do Instituto Rio Grandense do Arroz, que fica em Cachoeirinha (RS), a apenas 15 minutos de Porto Alegre. Os visitantes conhecerão os trabalhos em pesquisa do IRGA para a safra 2014/2015. Sete experimentos estão sendo preparados na EEA. São esperados mais de 1.500 visitantes, entre profissionais, estudantes e lideranças ligadas à cadeia produtiva do arroz. Sérgio Pereira - Jornalista - MTE 6929 IRGA - Assessoria de Comunicação




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